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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL LEONARDO BORGES BRAGA PROJETO PARA PRODUÇÃO DE VEDAÇÃO VERTICAL (PPVV) COM TIJOLO CERÂMICO Fortaleza - Ceará 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

LEONARDO BORGES BRAGA

PROJETO PARA PRODUÇÃO DE VEDAÇÃO VERTICAL (PPVV) COM TIJOLO CERÂMICO

Fortaleza - Ceará

2010

ii

LEONARDO BORGES BRAGA

PROJETO PARA PRODUÇÃO DE VEDAÇÃO VERTICAL (PPVV) COM TIJOLO CERÂMICO

Monografia submetida à disciplina de Projeto de Graduação como requisito obrigatório para obtenção do grau de Engenheiro Civil da Universidade Federal do Ceará. Orientador: Professor Alexandre Araújo Bertini, Dr.

FORTALEZA 2010

iii

B794p Braga, Leonardo Borges Projeto para produção de vedação vertical (PPVV) com tijolo cerâmico / Leonardo Borges Braga. – Fortaleza, 2010.

135 f. il.; color. enc.

Orientador: Prof. Dr. Alexandre Araújo Bertini Monografia (graduação) - Universidade Federal do Ceará, Centro de Tecnologia. Depto. de Engenharia Estrutural e Construção Civil, Fortaleza, 2010.

1. Vedação (Tecnologia) 2. Alvenaria 3. Tijolo cerâmico I. Bertini, Alexandre Araújo (orient.) II. Universidade Federal do Ceará – Graduação em Engenharia Civil. III.Título

CDD 620

iv

v

Dedico este trabalho aos meus pais, Braga Bastos e Maria Aldeny.

vi

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, que me concedeu graça para concluir este tão esperado trabalho, proporcionando-me saúde, força, paciência e sabedoria. A toda a minha família, em especial aos meus pais Braga Bastos e Maria Aldeny, que renunciaram seus sonhos em prol dos meus, apostando na minha vitória, ao meu avô João, que recentemente partiu, deixando muita saudade, ao meu irmão Leandro, aos meus tios Fernandes e Márcio Ary. Ao professor Bertini pelo incentivo e sugestões dadas para a realização desta monografia e ao engenheiro Romildo por toda a sua paciência e disposição em contribuir para o desenvolvimento do assunto.

À construtora GDS Empreendimentos Imobiliários Ltda. por ceder sua obra e todas as informações necessárias, assim como a arquiteta Paula Vianna por compartilhar seu conhecimento e materiais de trabalho tão importantes para realização deste estudo. A todos os meus amigos que sempre estiveram ao meu lado, enfrentando todos os obstáculos, acreditando em mim e em meus ideais.

Aos amigos que fiz nesses anos de faculdade, que compartilharam comigo as horas de estudo e os momentos de descontração.

À Potenza Construções Ltda., primeira construtora que acreditou no meu potencial oferecendo-me um estágio e, dessa forma contribuindo para o meu aprendizado e crescimento como profissional.

Aos professores e aos funcionários por todo o apoio e, por fim, a todos aqueles que participaram dessa caminhada e que mesmo sem saber me ajudaram e ensinaram a superar meus limites.

vii

Superação é ter a humildade de aprender com o passado,

não se conformar com o presente e desafiar o futuro. Hugo Bethlem

viii

LISTA DE FIGURAS Figura 1.1 - Interatividade entre os diversos subsistemas construtivos com a alvenaria por Sousa (2009 apud Correa, 2006). ............................................................................................... 2 Figura 2.1 – Fluxograma de conceitos – Subsistema vedação vertical ...................................... 8

Figura 2.2 – Representação gráfica da planta de conferência por Dueñas Peña e Franco (2006) .................................................................................................................................................. 21

Figura 2.3 – Representação gráfica da planta de marcação de 1° fiada por Dueñas Peña e Franco (2006) ........................................................................................................................... 22

Figura 2.4 – Representação gráfica da planta de passagens de hidráulica por Dueñas Peña e Franco (2006) ........................................................................................................................... 23

Figura 2.5 – Representação gráfica da planta de passagens de elétrica por Dueñas Peña e Franco (2006) ........................................................................................................................... 24

Figura 2.6 - Representação gráfica da elevação das paredes por Dueñas Peña e Franco (2006) .................................................................................................................................................. 25

Figura 3.1 – Localização do empreendimento Parc Du Soleil ................................................. 27 Figura 3.2 – Representação gráfica do empreendimento Parc Du Soleil ................................. 28

Figura 3.3 – Eletrodutos embutidos na alvenaria ..................................................................... 35 Figura 3.4 – Peças pré-moldadas .............................................................................................. 36 Figura 3.5 – Assentamento de verga e contraverga .................................................................. 37 Figura 3.6 - Marcação da alvenaria com linha de nylon ......................................................... 38 Figura 3.7 – Telas galvanizadas ............................................................................................... 39 Figura 3.8 – Fixação da tela galvanizada ................................................................................. 39 Figura 3.9 – Junta horizontal para fixação ............................................................................... 40 Figura 3.10 – Junta horizontal preenchida ............................................................................... 40

ix

LISTAS DE TABELAS

Tabela 2.1- Requisitos de desempenho e características funcionais das vedações verticais por Franco (1998a) ............................................................................................................................ 9

Tabela 2.2 – Resumo das etapas de desenvolvimento do PPVV por Dueñas Peña (2003) ...... 16

Tabela 2.3 – Levantamento preliminar de dados técnicos para o anteprojeto de produção de vedação vertical por Silva (2003) ............................................................................................. 18 Tabela 3.1 – Documento de Registro de Dados iniciais ........................................................... 30 Tabela 3.2 – Documento de Registro de Definições Técnicas ................................................. 31 Tabela 3.3 – Modificação Dimensional das Esquadrias de alumínio da Torre Felicidade ...... 33

Tabela 3.4 – Dimensões das vergas e contravergas por Sabbatini et al (1988 apud Lordsleem Jr, 2000) .................................................................................................................................... 37

x

RESUMO

O atraso nos meios de produção nas empresas construtoras de Fortaleza torna-se evidente, principalmente, em subsistemas estratégicos e de destacada importância, como o de vedação vertical, favorecendo para o elevado desperdício de recursos (materiais, humano, energéticos, financeiros, entre outros).

Observa-se que uma importante ferramenta de racionalização utilizada na região sudeste, o projeto para produção de vedação vertical, não vem sendo utilizada pelas empresas da construção civil cearense principalmente por ser desenvolvida para empreendimentos que utilizam o bloco de concreto como componente da alvenaria.

Dessa forma, verificou-se a necessidade de elaborar um PPVV em parceria com uma construtora de Fortaleza, priorizando as características do mercado local através da adoção do tijolo cerâmico convencional como componente da alvenaria, a fim de desenvolver uma importante ferramenta de redução de desperdício de recursos, de aumento da produtividade e de redução de problemas patológicos.

Palavras-chaves: Projeto para Produção de Vedação Vertical (PPVV), Alvenaria Racionalizada, Tijolo Cerâmico.

xi

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................ viii LISTAS DE TABELAS ........................................................................................................... ix 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1

1.1 OBJETIVOS ................................................................................................................ 3 1.1.1 Objetivo geral ..................................................................................................... 3 1.1.2 Objetivos específicos .......................................................................................... 3

1.2 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................................ 4

1.3 METODOLOGIA ........................................................................................................ 5 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................ 6

2.1 CONCEITOS BÁSICOS ............................................................................................. 6 2.1.1 Técnica construtiva ............................................................................................. 6 2.1.2 Método construtivo ............................................................................................. 7 2.1.3 Processo construtivo ........................................................................................... 7 2.1.4 Sistema construtivo ............................................................................................ 7 2.1.5 Subsistema vedação vertical ............................................................................... 9

2.1.5.1 Elementos .................................................................................................... 10 2.1.5.2 Vedação vertical em alvenaria .................................................................... 10

a. Alvenaria tradicional ........................................................................................ 11 b. Alvenaria racionalizada .................................................................................... 11

2.1.5.3 Componentes ............................................................................................... 12 2.2 PROJETO .................................................................................................................. 12

2.2.1 Projeto para produção de vedação vertical (PPVV) ......................................... 13

2.3 MÉTODO PARA ELABORAÇÃO DO PROJETO PARA PRODUÇÃO DE VEDAÇÃO VERTICAL (PPVV) ....................................................................................... 14

2.3.1 Etapas de desenvolvimento do PPVV .............................................................. 15

2.3.1.1 Etapa 1 – Primeiro contato com a empresa contratante .............................. 16

2.3.1.2 Etapa 2 – Estudo preliminar ........................................................................ 17

2.3.1.3 Etapa 3 – Anteprojeto .................................................................................. 18

2.3.1.4 Etapa 4 – Projeto executivo ......................................................................... 19

2.3.1.5 Etapa 5 – Detalhamento .............................................................................. 19

2.3.1.6 Etapa 6 – Implantação, acompanhamento e retroalimentação .................... 19

2.3.2 Escopo do PPVV .............................................................................................. 20 2.3.2.1 Planta de conferência .................................................................................. 20

2.3.2.2 Planta de eixos de locação da alvenaria ...................................................... 21

2.3.2.3 Planta de marcação de 1° fiada ................................................................... 22

2.3.2.4 Plantas de passagens de elétrica e hidráulica .............................................. 23

2.3.2.5 Caderno de recomendações e especificações técnicas ................................ 24

2.3.2.6 Caderno de detalhes .................................................................................... 25

2.3.2.7 Caderno de elevação das paredes ................................................................ 25

3 ESTUDO DE CASO ....................................................................................................... 27

3.1 OBRA PILOTO ......................................................................................................... 27 3.2 DESENVOLVIMENTO DO PPVV .......................................................................... 28

3.2.1 Dados iniciais e definições técnicas ................................................................. 29

3.2.2 Elaboração das plantas...................................................................................... 33

xii

3.2.3 Recomendações e especificações técnicas adotadas ........................................ 36

a. Vergas e contravergas ....................................................................................... 36 b. Marcação e elevação da alvenaria .................................................................... 37

c. Ligação tijolo e estrutura .................................................................................. 39 d. Fixação da alvenaria ......................................................................................... 40

3.2.4 Caderno de detalhes .......................................................................................... 41 4 CONCLUSÃO ................................................................................................................. 42 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 43 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ....................................................................................... 45 LISTA DE ANEXOS .............................................................................................................. 46 ANEXO A – Planta de conferência .......................................................................................... 47 ANEXO B – Planta de locação dos eixos de alvenaria ............................................................ 50 ANEXO C – Planta de marcação de 1° fiada ........................................................................... 52 ANEXO D – Planta das passagens de elétrica ......................................................................... 54 ANEXO E – Planta das passagens de hidráulica ...................................................................... 56 ANEXO F – Caderno de detalhes ............................................................................................ 58 ANEXO G – Caderno de recomendações e especificações técnicas ........................................ 88

ANEXO H – Caderno de elevações ......................................................................................... 98

1

1 INTRODUÇÃO

Na década de 80, Sabbatini (1989) afirmava que a indústria de construção de

edifícios possuía um sensível atraso tecnológico em relação a outros segmentos econômicos e,

o não desenvolvimento dos meios de produção e das técnicas de organização em uso

implicaria no aumento deste atraso.

Dessa forma, a ENCOL, uma grande construtora que atuava em nível nacional,

procurando evitar o aumento deste atraso e estando inserida em um mercado que se

apresentava em um quadro de forte retração e elevada competitividade, estabeleceu um

extenso programa de desenvolvimento tecnológico com a Escola Politécnica da USP, através

do Grupo de Tecnologia e Gestão da Produção na Construção Civil (GEPE-TGP) do

Departamento de Engenharia de Construção Civil, no ano de 1988 (BARROS, 1998).

Segundo Silva (2003), o convênio firmado visava o desenvolvimento de

metodologias e procedimentos adequados à realidade das obras que permitissem a

racionalização das atividades construtivas e a melhoria do desempenho dos edifícios

construídos pela empresa contratante. Este convênio e outros firmados posteriormente

apresentaram significativa importância para as empresas construtoras da região Sudeste,

principalmente, devido a sua contribuição para a modernização dos meios de produção,

melhorando a qualidade dos produtos, assim como para a evolução dos processos de

produção.

Observa-se que as empresas que atuam em Fortaleza não conseguiram

acompanhar a mesma evolução tecnológica e de estruturação organizacional das empresas

localizadas, na grande maioria, na cidade de São Paulo. Atualmente, observa-se um evidente

atraso nos meios de produção, principalmente em subsistemas estratégicos e de relevante

importância, em destaque para o de vedação vertical, favorecendo para o elevado desperdício

de recursos (materiais, humano, energéticos, financeiros, entre outros).

Franco (1998b) evidencia que a vedação vertical representa um dos principais

subsistemas que condicionam o desempenho do edifício, sendo a principal responsável por

características ligadas ao conforto higrotérmico e acústico, pela segurança de utilização frente

às ações excepcionais (como por exemplo, no caso de incêndios) e pelo desempenho estético

que proporciona valorização do imóvel.

Para efeito de análise, considerando-se apenas a parede de alvenaria do

subsistema de vedação vertical, o custo pode alcançar 6% do orçamento total da edificação.

No entanto, levando-se em consideração as suas interrelações com o conjunto das esquadrias,

2

das instalações elétricas e hidrosanitárias e dos revestimentos, que estão vinculados à

concepção e à execução da própria alvenaria, este conjunto pode atingir até 40% do custo

total do edifício (LORDSLEEM JR, 2000). Pode-se entender através da Figura 1.1, a

interação da alvenaria de vedação com os outros subsistemas construtivos.

Figura 1.1 - Interatividade entre os diversos subsistemas construtivos com a alvenaria por Sousa (2009 apud

Correa, 2006).

Dessa maneira, para que a indústria da construção civil possa evoluir

tecnologicamente, incrementar a produtividade operacional e reduzir o desperdício de

recursos, faz-se necessário o desenvolvimento dos meios de produção, que serão alcançados

através da criação de novos métodos, processos e sistemas construtivos, bem como o

aperfeiçoamento dos existentes (SABBATINI, 1989). Somente dessa forma, o mercado da

construção civil poderá alcançar um estágio mais elevado na qualidade dos seus produtos e de

seu processo produtivo.

Verifica-se que, em Fortaleza, a maioria das empresas utiliza o tijolo cerâmico

convencional 9x19x19 (espessura x comprimento x altura) como componente do subsistema

de vedação vertical sem preocupar-se em utilizar um projeto para produção de alvenaria,

diferentemente do que ocorre no sul do Brasil. Empresas, principalmente de São Paulo, estão

se interessando cada vez mais por projetos para produção que definem o bloco de concreto

14x39x39 como componente da alvenaria. Esse fato confirma-se quando Lordsleem Jr. (2000)

enfatiza que algumas empresas construtoras apresentam grande parte da sua produção

racionalizada, mas que a grande maioria encontra-se em estágio incipiente e muito ainda se

tem por fazer.

3

Para Barros (1998) a racionalização das alvenarias de vedação alcançada através

do projeto para produção, possibilitaria a redução de custos, o aumento da produtividade e a

própria redução de problemas patológicos. Sendo assim, observou-se a necessidade de

elaborar um projeto para produção de vedação vertical (PPVV) em uma obra piloto,

localizada na cidade de Fortaleza visando desenvolver este tipo de projeto conforme as

premissas dos produtos disponíveis no mercado de Fortaleza, ou seja, adotando o tijolo

convencional 9x19x19, como componente da alvenaria.

Para enfatizar a importância do PPVV, Franco (1998b) afirma que o projeto de

vedação vertical representa uma importante ferramenta de coordenação dos projetos, por

possuir interfaces com os mais diversos subsistemas do edifício, e de planejamento da

produção no canteiro de obra. Devido ao nível de detalhamento alcançado e a diminuição das

incertezas trazidas pela padronização na execução das técnicas e detalhes construtivos, o

projeto consegue fornecer informações necessárias para o planejamento operacional da obra,

auxiliando a atividade de suprimento de materiais e ferramentas, o controle físico e financeiro

e a gestão da mão-de-obra durante a execução do serviço.

1.1 Objetivos

1.1.1 Objetivo geral

Este trabalho tem como objetivo principal, desenvolver um projeto para produção

de vedação vertical (PPVV) conforme as premissas dos produtos disponíveis no mercado de

Fortaleza, visando contribuir para o aumento da produtividade e para a redução do

desperdício de recursos nas edificações.

1.1.2 Objetivos específicos

São objetivos específicos deste trabalho:

� Estudar na literatura o método para o desenvolvimento de PPVV;

� Aplicar na prática a metodologia estudada na elaboração do PPVV;

� Definir especificações técnicas voltadas para vedação vertical em alvenaria

com tijolo cerâmico;

� Resgatar para a fase de concepção a responsabilidade pela correção técnica e

exequibilidade das propostas enviadas aos canteiros.

4

1.2 Estrutura do trabalho

Capítulo 1

No primeiro capítulo encontra-se a introdução dando uma visão geral do assunto a

ser abordado neste trabalho, os objetivos geral e específicos a serem alcançados, assim como

a metodologia a ser seguida.

Capítulo 2

Neste capítulo, o aprofundamento do tema realiza-se através da revisão

bibliográfica. Primeiramente, serão expostos os conceitos relacionados à elaboração do

projeto para produção, sendo a definição e as características dos termos (sistema construtivo,

vedação vertical em alvenaria, alvenaria racionalizada, elementos, componentes, entre

outros), direcionados exclusivamente para os edifícios. Posteriormente, o capítulo trás a

metodologia adotada para a elaboração do projeto para produção de vedação vertical

encontrada na literatura, tendo como função principal a de direcionar e auxiliar o

desenvolvimento do PPVV a ser realizado no capítulo seguinte.

Capítulo 3

No terceiro capítulo a empresa participante do projeto, assim como o

empreendimento utilizado como objeto de estudo serão apresentados. Inicia-se neste capítulo

a elaboração do PPVV considerando as características da obra piloto definidas, assim como,

os dados e definições técnicas disponibilizados pela construtora.

Capítulo 4

Este capítulo apresenta as recomendações e as conclusões finais referentes ao

desenvolvimento do projeto para produção de vedação vertical com tijolo cerâmico realizado

no capítulo anterior visando, auxiliar as empresas que possuem o interesse em utilizar esta

ferramenta como instrumento de melhoraria do seu processo de produção de alvenaria.

5

1.3 Metodologia

O primeiro procedimento para a realização do trabalho consistiu-se no

levantamento de bases teóricas para um conhecimento mais aprofundado do tema proposto

por meio de livros, artigos, revistas, teses, Internet, dentre outras fontes auxiliares para a

correta argumentação a cerca do assunto.

Para o desenvolvimento de um projeto para produção de vedação vertical (PPVV),

fez-se necessário a realização de uma parceria com uma empresa da construção civil, a GDS

Empreendimentos Imobiliários Ltda., a qual se responsabilizou pelo o fornecimento de todos

os dados necessários, sendo o empreendimento Parc Du Soleil, o objeto de estudo deste

trabalho denominado de obra piloto.

Em contrapartida, para o desenvolvimento do projeto, realizou-se um estudo

aprofundado do método utilizado na elaboração do PPVV encontrado no trabalho de Dueñas

Peña (2003). A autora definiu e adotou um padrão para o processo de desenvolvimento de

projetos e para o escopo do projeto para produção de vedações verticais a partir de dados

obtidos nos estudos de caso realizados em empresas construtoras, equipes de produção e

empresas projetistas, bem como através de sua própria experiência profissional.

Outro trabalho que cabe destaque refere-se ao da autora Silva (2003), que propõe

em seu trabalho uma organização das práticas de projetos para a produção de alvenarias de

vedação racionalizadas resultante de sua vivência, das consultas a registros em projetos de

pesquisa e das práticas observadas durante as atividades de campo, junto a construtoras e

escritórios de projeto da cidade de São Paulo, entre 2000 e 2002.

Paralelamente aos outros trabalhos, destaca-se o projeto para produção de vedação

vertical desenvolvido pela arquiteta Paula Vianna em sua empresa, Paula Vianna Consultoria

em Projetos, localizada na cidade de São Paulo, que serviu como referência para formatação e

estruturação do projeto a ser elaborado.

Com base nesta metodologia e diretrizes, de posse de todos os projetos e

informações técnicas necessárias e com o auxílio do software AutoCAD 2007, a elaboração

do projeto para produção de vedação vertical para um apartamento modelo do

empreendimento Parc Du Soleil, pôde ser realizada.

Deve-se enfatizar que o componente utilizado no projeto corresponde ao tijolo

cerâmico convencional, diferentemente do principal componente utilizado nas empresas do

Sul e Sudeste, o bloco de concreto, fazendo-se necessário a adoção de outras técnicas

construtivas, assim como uma nova abordagem para a elaboração do PPVV.

6

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Para o desenvolvimento do trabalho, fez-se necessário reunir vários conceitos

diretamente relacionados ao tema estudado. Os principais aspectos da metodologia para

elaboração de um projeto para produção de vedação vertical (PPVV) foram tratados

baseando-se, principalmente, em trabalhos que abordam este tema, tais como: Franco (1998b),

Lordsleem Jr. (2000), Sabbatini (1989), Silva (2003), Barros (1998), Dueñas Peña (2003),

entre outros.

2.1 Conceitos básicos

De acordo com Sabbatini (1989), a análise dos conceitos indiretamente ligados à

questão central mostra-se importante para deixar claro nosso entendimento sobre eles os

mesmos, bem como sobre suas relações com o método considerado no trabalho. Este autor

também afirma que a importância de estabelecer definições precisas e particularizadas na área

da construção civil se deve a necessidade de se dispor de um vocabulário sem ambiguidades,

a fim de se criar condições que permitam uma comunicação eficiente entre os técnicos da

área.

Dessa forma, buscando adotar uma terminologia adequada para o

desenvolvimento do presente trabalho, as definições apresentadas em seguida estão

direcionadas para os edifícios.

2.1.1 Técnica construtiva

Considerando o assentamento de um contramarco, a marcação de uma parede de

alvenaria, a elevação de uma alvenaria, entre outras ações, como exemplos de técnica

construtiva, Sabbatini (1989) afirma que:

“Técnica construtiva é um conjunto de operações empregadas por um particular

ofício para produzir parte de uma construção.”

Neste sentido, de maneira simples, entende-se que técnica construtiva representa o

procedimento adotado por um operário para executar algo.

7

2.1.2 Método construtivo

Segundo Sabbatini (1989), o método construtivo relaciona-se com a construção de

partes da edificação, existindo uma relação de subordinação da técnica construtiva ao método

construtivo. Considerando essa afirmativa, o mesmo autor define método construtivo da

seguinte forma:

“Método construtivo é um conjunto de técnicas construtivas interdependentes e

adequadamente organizadas, empregado na construção de uma parte (subsistema ou

elemento) de uma edificação.”

O método construtivo utilizado para fazer uma parede de vedação serve como

exemplo para a definição proposta. De outra maneira, pode-se dizer que o método construtivo

citado refere-se a um conjunto ordenado de técnicas construtivas que reuniria, por exemplo, as

maneiras de marcar a alvenaria, de elevar a alvenaria, de assentar uma esquadria de janela,

etc.

2.1.3 Processo construtivo

Em Fortaleza, por exemplo, o processo construtivo tradicional para se construir

edifícios de múltiplos pavimentos adota estrutura de concreto armado, moldada com formas

de madeira e vedações de tijolos cerâmicos furados.

Dessa forma, considera-se que um dado processo construtivo corresponde a uma

única e específica maneira de se construir no qual é constituído por um conjunto de métodos

construtivos bem determinados (SABBATINI, 1989). Este mesmo autor adota a seguinte

definição para o termo processo construtivo:

“Processo construtivo é um organizado e bem definido modo de se construir um

edifício. Um específico processo construtivo caracteriza-se pelo seu particular

conjunto de métodos utilizado na construção da estrutura e do envelope exterior

(vedações verticais e horizontais).”

2.1.4 Sistema construtivo

De acordo com Sabbatini (1989), sistema construtivo pode ser definido da

seguinte forma:

8

“Sistema construtivo é um processo construtivo de elevados níveis de

industrialização e de organização, constituído por um conjunto de elementos e

componentes interrelacionados e completamente interligados pelo processo.”

Na visão de Manzione (2004), a alvenaria estrutural pode ser considerada um

exemplo de sistema construtivo completo, por possuir alto grau de racionalidade, que suporta

e organiza os outros subsistemas da edificação.

Analisando um edifício como um sistema, Dueñas Peña (2003) cita alguns dos

principais subsistemas que o compõe. Dentre estes estão:

� Fundações;

� Estrutura;

� Vedações verticais;

� Esquadrias;

� Instalações;

� Revestimento das vedações verticais;

� Vedações horizontais;

� Cobertura;

� Impermeabilização.

Figura 2.1 – Fluxograma de conceitos – Subsistema vedação vertical

SISTEMA CONSTRUTIVO

Subsistema construtivo (Vedação vertical)

Elemento (Parede de alvenaria)

Alvenaria tradicional

Alvenaria racionalizada

Componente (Tijolo cerâmico)

Subsistema construtivo (Outros)

Subsistema construtivo (Impermeabilização)

Subsistema construtivo (Esquadria)

Subsistema construtivo (Estrutura)

9

Observar-se na Figura 2.1 o fluxograma dos principais conceitos relacionados

com a vedação vertical e que serão expostos nos próximos tópicos.

2.1.5 Subsistema vedação vertical

Os principais estudiosos do assunto consideram a vedação vertical, como citado

na introdução, um dos principais subsistemas do edifício por englobar a alvenaria, as

esquadrias e os revestimentos, podendo representar mais de 20% do custo total dos edifícios.

Silva (2003) destaca sua importância na proteção dos ambientes contra ação de

agentes externos, bem como o de dar suporte aos componentes de outros subsistemas tais

como esquadrias, tubulações, quadros de luz, elementos decorativos, dentre outros e, em

situações específicas, ao contraventamento estrutural que resistirá a esforços em conjunto com

os componentes estruturais.

Para que essas funções possam ser cumpridas, os elementos e componentes

constituintes da vedação vertical devem possuir um conjunto de características que atendam

aos requisitos de desempenho propostos para cada situação e, dessa forma, baseando-se em

Franco (1998a), estes principais requisitos e características funcionais apresentam-se listados

na Tabela 2.1.

Tabela 2.1- Requisitos de desempenho e características funcionais das vedações verticais por Franco (1998a)

REQUISITOS DE DESEMPENHO CARACTERÍSTICAS FUNCIONAIS

Segurança estrutural Resistência mecânica

Isolação térmica Deformabilidade

Isolação acústica Estabilidade dimensional

Estanqueidade Propriedades térmicas

Segurança ao fogo Resistência à transmissão sonora

Estabilidade Resistência ao fogo

Durabilidade Resistência a penetração de água

Estética Resistência a agentes agressivos

Economia Custos adequados de produção e manutenção

De uma maneira geral, segundo Barros e Melhado (1993 apud Lordsleem Jr.,

2000), pode se definir a vedação vertical como um subsistema do edifício constituído por

elementos que compartimentam e definem os ambientes internos os quais criam as condições

de habitabilidade para o edifício.

10

2.1.5.1 Elementos

De acordo com Sabbatini et al. (2010) são considerados como alguns dos

elementos que compõem as vedações verticais as paredes de alvenaria, os painéis pré-

moldados e de gesso acartonado, paredes de concreto e as divisórias de madeira sendo,

segundo a Revista Téchne (Ed. 149, 2009), as paredes de alvenaria os elementos mais

empregados no processo construtivo tradicional brasileiro e responsáveis por uma parcela

expressiva do desperdício verificado nas obras de construção de edifícios, com perdas de

tijolos/blocos comumente entre 15% e 20%.

Baseando-se em Barros e Franco (2007) e, considerando as paredes de alvenaria

como o elemento utilizado no desenvolvimento deste trabalho, a vedação vertical pode ser

classificada da seguinte forma:

� Com relação a sua posição no edifício, caracteriza-se por ser externa (referente

à vedação envoltória do edifício) e interna (partições e compartimentos);

� Utiliza a técnica de execução por acoplamento úmido, ou seja, montagem a

seco de componentes com fixação posterior usando argamassa;

� Apresenta densidade superficial leve, pois não tem função estrutural e

apresenta baixa densidade superficial;

� Considerada autoportante, devido a alvenaria não necessitar de estrutura

complementar devido se auto-suportar;

� Definida como vedação vertical fixa, porque as paredes são irremovíveis sem

destruição.

2.1.5.2 Vedação vertical em alvenaria

O projeto para produção desenvolvido tem como definição técnica a utilização de

paredes de alvenaria como elemento da vedação vertical do edifício que, de acordo com

Azeredo (1997), pode ser entendida como toda obra constituída de pedras naturais, tijolos ou

blocos de concreto, ligados ou não por meio de argamassas, devendo satisfazer as condições

de resistência, durabilidade e impermeabilidade.

Considerando a classificação definida por Barros e Franco (2007), o elemento da

vedação vertical (paredes de alvenaria) empregado no desenvolvimento deste trabalho

caracteriza-se por:

11

� Ser de vedação, por não possuir função estrutural no edifício, sendo

dimensionada apenas para suportar o seu próprio peso e resistir às ações atuantes sobre ela;

� Possuir revestimento, por se tratar de alvenarias destinadas à aplicação de

revestimentos, os quais receberão acabamentos diversos tais como: pintura e revestimentos

cerâmicos;

� Utilizar o tijolo cerâmico como componente.

Dependendo da maneira na qual as técnicas construtivas (marcação e elevação da

alvenaria, entre outras) foram planejadas para se construir uma parede de alvenaria, a mesma

pode ser classificada em alvenaria tradicional ou alvenaria racionalizada.

a. Alvenaria tradicional

Por se tratar do elemento comumente encontrado nas obras do país, a Revista

Téchne (Ed. 112, 2006), afirma que uma das suas características relaciona-se com a falta de

investimento por parte das empresas da construção civil para o desenvolvimento de projetos

destinados à execução das paredes de alvenaria, abrindo espaço para que os funcionários

responsáveis por esse serviço acabem adotando técnicas construtivas no próprio canteiro de

obras. Outras características relacionadas com a alvenaria tradicional encontram-se listadas a

seguir:

� Devido a não capacitação da mão-de-obra, a mesma executa o serviço com

pouca qualidade;

� Os remendos são feitos com a utilização de argamassa para o preenchimento

dos vazios gerados pelo seccionamento das paredes para a passagem de instalações e

embutimento de caixas;

� Com a retirada de caçambas de entulho na obra pode-se evidenciar a quebra de

tijolos no transporte e na execução, sendo a marreta a ferramenta utilizada para os rasgos.

Lordsleem Jr. (2000) cita ainda que a ausência de fiscalização dos serviços, a

deficiente padronização do processo de produção e a ausência de planejamento prévio à

execução, são outras características da alvenaria tradicional.

b. Alvenaria racionalizada

Devido às mudanças tecnológicas ocorridas no mercado e ao consumidor que está

se tornando cada vez mais exigente, busca-se nas empresas a melhoria contínua da qualidade

12

dos seus produtos e uma maior eficiência nos seus processos de produção. Visando alcançar

esses objetivos, as empresas precisam aperfeiçoar o uso dos recursos utilizando-os de forma

mais eficiente, diferentemente de como ocorre na alvenaria tradicional.

O projeto para produção de vedação vertical é utilizado como uma das

ferramentas para a racionalização construtiva em um edifício e para deixar claro o significado

de racionalização construtiva, Sabbatini (1989) particulariza o termo para a atividade

específica de construção e propõe que:

“Racionalização construtiva é um processo composto pelo conjunto de todas as

ações que tenham por objetivo otimizar o uso dos recursos materiais, humanos,

organizacionais, energéticos, tecnológicos, temporais e financeiro disponíveis na

construção em todas as suas fases.”

Dessa forma, de acordo com Lordsleem Jr. (2000), a aplicação do conceito de

racionalização construtiva com a alvenaria, denomina-se alvenaria racionalizada.

2.1.5.3 Componentes

Para que o subsistema vedação vertical apresente características desejadas de

resistência mecânica, deformabilidade, isolamento acústico, segurança ao fogo,

impermeabilidade, durabilidade entre outras condições, deve-se levar em consideração a

escolha correta dos componentes a serem utilizados no elemento da vedação vertical.

Dentre os principais componentes que fazem parte das paredes de alvenaria e que

serão utilizados no presente trabalho estão: o tijolo cerâmico e a argamassa de assentamento.

Sendo assim, de acordo com a NBR-7171 (1992), pode-se classificar o tijolo

cerâmico como um “componente de alvenaria que possui furos prismáticos e/ou cilíndricos

perpendiculares às faces que os contém”.

2.2 Projeto

Pode-se afirmar que na construção civil os projetos possuem, na sua grande

maioria, apenas a função de ilustrar a forma final desejada do edifício, sem mesmo dar

importância ao modo de execução e às características do produto a ser construído. Dessa

forma, o projeto acaba perdendo um pouco o seu papel estratégico no processo de produção,

13

pois as definições dos processos construtivos utilizados não recebem o destaque que deveriam

ter.

Dueñas Peña (2003) revela que, devido às alterações ocorridas no mercado e a

introdução de novos conceitos como os de racionalização, produtividade, qualidade, entre

outros, novos requisitos foram atribuídos aos projetos. Segundo estes novos conceitos, os

projetos de edifícios devem conter as definições do produto, assim como as definições de seu

processo construtivo.

Neste cenário, segundo Melhado (1994), o projeto passaria a caracterizar-se

como “uma atividade de serviço integrante do processo de construção, responsável pelo

desenvolvimento, organização, registro e transmissão das características físicas e tecnológicas

especificadas para uma obra a serem consideradas na fase de execução”.

Infelizmente, no mercado da construção civil de Fortaleza, apesar da tentativa

de introdução destes novos conceitos e da ênfase dada a eles devido as solicitações do

mercado, a grande maioria dos projetos restringe-se ainda à definição do produto sem se

preocupar com o processo. Diferentemente de empresas de outras cidades mais desenvolvidas

que, observando a necessidade de relacionar o produto com o processo construtivo, estão

dando cada vez mais importância aos projetos para produção.

Segundo Sabbatini (1998) os projetos conceituais (arquitetônico, estrutural e de

instalações prediais) estabelecem apenas O QUE FAZER e O COMO FAZER refere-se

apenas ao objeto dos projetos para produção (ou também chamados projetos construtivos).

2.2.1 Projeto para produção de vedação vertical (PPVV)

Preocupando-se com O COMO FAZER, as empresas procuraram alinhar o seu

avanço tecnológico adquirido ao logo dos anos, com a melhoria contínua no gerenciamento

do processo de produção através da utilização desta ferramenta essencial, o projeto voltado

para produção.

No Brasil, especificamente no ramo da construção civil, Aquino e Melhado (2005)

afirmam que as discussões sobre a sua importância e inserção no mercado tiveram início a

partir de pesquisas e convênios realizados entre a Escola Politécnica da Universidade de São

Paulo e a Construtora ENCOL, assim como com outras empresas incorporadoras e

construtoras do setor na cidade de São Paulo a partir do final da década de 80.

14

Devido às inovações nas práticas dos projetos para produção resultantes desses

convênios, outras empresas construtoras passaram a incorporá-las, proporcionando o

desenvolvimento de um mercado para projetistas especializados nesse tipo de projeto.

Segundo Franco e Dueñas Peña (2006), dentre os projetos desenvolvidos para o

empreendimento, o projeto para produção de vedação vertical destaca-se no que diz respeito à

gestão da produção, por trazer incorporado nele um resumo dos demais projetos do

empreendimento, numa linguagem técnica voltada para a gestão racionalizada da produção,

estabelecendo uma ligação única entre todos os agentes envolvidos.

Franco (1998b) justifica a importância do PPVV através dos seus principais

objetivos, que são:

� Servir como ferramenta de coordenação do projeto;

� Servir como base para o planejamento da produção do subsistema e dos

subsistemas com os quais tem interferência;

� Detalhar tecnicamente a produção deste subsistema, estudando e definindo as

tecnologias de produção, tanto no que se refere às alternativas de materiais como de técnicas

construtivas empregadas em cada caso;

� Servir como canal de comunicação eficiente entre projeto e planejamento e a

produção e ainda, entre todos os setores envolvidos na produção;

� Servir como base para o controle da produção da execução da vedação vertical.

Considerados os objetivos, cabe destacar algumas vantagens e benefícios

observados nas construtoras que adotaram o projeto para produção segundo Barros (1998):

� Menor consumo de argamassa de assentamento;

� Considerada redução de retrabalho (menores desperdícios);

� Aumento da produtividade e da qualidade dos serviços;

� Maior limpeza na obra;

� Diminuição de patologias e custos de manutenção.

Outro fator de destaque refere-se a uma melhor quantificação dos materiais, o que

beneficia o departamento de suprimento que consegue realizar compras mais precisas e

dimensionar melhor a logística de canteiro.

2.3 Método para elaboração do projeto para produção de vedação vertical (PPVV)

Conforme o descrito na metodologia encontrada no primeiro capítulo, os

principais aspectos do método para elaboração do PPVV serão abordados baseando-se,

15

principalmente, no trabalho da autora Dueñas Peña (2003), que definiu e adotou um padrão

para o processo de desenvolvimento de projetos e para o escopo do projeto para produção de

vedações verticais a partir de dados obtidos nos estudos de caso realizados em empresas

construtoras, equipes de produção e empresas projetistas, bem como através de sua própria

experiência profissional.

Outro projeto destacado anteriormente, refere-se ao da autora Silva (2003), que

propõe em seu trabalho uma organização das práticas de projetos para a produção de

alvenarias de vedação racionalizadas resultante da vivência da própria autora, das consultas a

registros em projetos de pesquisa e das práticas observadas durante as atividades de campo,

junto a construtoras e escritórios de projeto da cidade de São Paulo, entre 2000 e 2002.

Cabe ressaltar que a método para elaboração do PPVV abordado no presente

capítulo apenas tem como função de servir como referência, não representando fielmente as

etapas de desenvolvimento utilizadas para a elaboração do projeto para produção em questão,

pois como mesmo afirma a autora Dueñas Peña (2003), o método proposto por ela apenas

“visa balizar e padronizar de forma didática o desenvolvimento do PPVV que vem sendo

desenvolvido nos últimos anos sem nenhuma metodologia consolidada”.

2.3.1 Etapas de desenvolvimento do PPVV

Para a elaboração do seu método, Dueñas Peña (2003) considerou a introdução do

PPVV na fase de estudo preliminar, sendo o desenvolvimento do projeto para PPVV

estruturado em seis etapas listadas a seguir e que terão suas principais características

resumidas posteriormente.

1) Primeiro contato com a empresa contratante;

2) Estudo preliminar;

3) Anteprojeto;

4) Projeto executivo;

5) Detalhamento;

6) Implantação, acompanhamento e retroalimentação.

Na Tabela 2.2, encontra-se apresentado um resumo dos principais itens e

atividades envolvidas no desenvolvimento de todas as etapas para a elaboração do projeto

para produção de vedação vertical.

16

Tabela 2.2 – Resumo das etapas de desenvolvimento do PPVV por Dueñas Peña (2003)

ITEM SOLICITADO ITEM ELABORADO ATIVIDADES

ET

AP

A 1

• Projetos de arquitetura e estrutura (pavimento tipo); • Experiência da empresa com projetos para produção; • Definição do coordenador; • Relação dos projetistas; • Definição do sistema e tecnologias de informação; • Definição da padronização gráfica.

• Proposta de contrato; • Definição do cronograma do PPVV relacionado à entrega de etapas dos demais projetistas.

• Contato inicial; • Reunião para esclareci-mento à respeito do PPVV quando necessário.

ET

AP

A 2

• Projetos completos de arquitetura, estrutura e instalações; • Definição do tijolo de alvenaria a ser utilizado.

• Planta de conferência; • Detalhes genéricos de modulação vertical; • Relatório de compatibilização dos projetos.

• Reunião de compatibilização; • Decisão e aprovação do estudo de modulação vertical e planta de conferência; • Definição do tijolo de alvenaria a ser utilizado;

ET

AP

A 3

• Anteprojetos completos de todos os projetistas; • Detalhes construtivos padronizados da construtora.

• Estudo de distribuição horizontal dos tijolos (planta de marcação preliminar); • Plantas de eixo de locação da alvenaria; • Início da elaboração dos procedimentos e detalhes genéricos.

• Reunião de compatibilização; • Apresentação e aprovação da planta de marcação preliminar e dos detalhes genéricos.

ET

AP

A 4

• Projetos executivos completos de todos os projetistas;

• Planta de conferência – Final; • Planta de marcação de 1° fiada – Final; • Plantas de passagens de elétrica e hidráulica.

• Reunião de entrega – 1° fase.

ET

AP

A 5

• Aprovação do material entregue na primeira fase.

• Caderno de especificações técnicas e procedimentos executivos; • Caderno de detalhes; • Caderno de elevação.

• Reunião de entrega – 2° fase. • Agendar visitas de monitoramento e retroalimentação.

2.3.1.1 Etapa 1 – Primeiro contato com a empresa contratante

De acordo com Silva (2003), existem duas possíveis fases em que os projetos para

produção de vedação vertical podem ser adotados. Na primeira fase, a solicitação do PPVV

ocorre na etapa de anteprojeto, sendo assim a mais desejável, pois possibilita a

compatibilização do projeto de alvenaria com os demais projetos. Com relação à segunda

fase, o desenvolvimento do projeto de alvenaria realiza-se após a elaboração dos demais

projetos executivos do edifício, caracterizando-se como uma condição não tão desejável.

17

Entretanto, Dueñas Peña (2003) afirma que a solicitação do projeto para produção

ocorre, na maioria das vezes, quando os demais projetos encontram-se em uma fase mais

adiantada ou concluída, o que pode acarretar em uma sensível diminuição no seu potencial de

racionalização. Neste caso, a colaboração do PPVV resume-se em identificar as

incompatibilidades entre os demais projetos e propor soluções executivas apropriadas ou

pequenas revisões quando possíveis.

Silva (2003) destaca ainda que “independente da forma e momento da contratação

dos projetos para o empreendimento – se terceirizados ou desenvolvidos na própria empresa;

contratados ainda na etapa de elaboração de anteprojetos ou após a conclusão dos projetos de

obra – a condição inicial básica é o domínio da estrutura organizacional e produtiva da

empresa, ou seja, do seu sistema de produção.”

Dessa forma, de acordo com Dueñas Peña e Franco (2006) “a primeira etapa serve

basicamente para definir o que será feito e sob que condições; ou seja, nesta etapa são

definidos: o escopo do PPVV a ser desenvolvido, as ferramentas a serem utilizadas, os

profissionais envolvidos e o cronograma dentro do qual os projetos serão desenvolvidos.”

2.3.1.2 Etapa 2 – Estudo preliminar

Para a segunda etapa, uma cópia impressa e eletrônica de todos os projetos

desenvolvidos até o presente momento deve ser solicitada para que o projetista de vedação

possa realizar uma análise e a compatibilização dos mesmos, permitindo identificar os pontos

críticos de cada projeto individualmente e principalmente se existe algum conflito decorrente

da sobreposição dos projetos. Segundo Silva (2003), a compatibilização pode ser realizada

com o auxílio de recursos da informática, com a sobreposição de camadas (layers) utilizando-

se o AutoCAD, da AutoDesk, como ferramenta de projeto e checagem de interferências.

Através dessa análise, que compreende a avaliação do futuro desempenho da

alvenaria, Dueñas Peña (2003) afirma que o projetista de vedação deve verificar:

� O projeto de estrutura: analisar o comportamento da estrutura, principalmente

no que diz respeito a possíveis deformações e avaliar o impacto na alvenaria;

� O relacionamento da estrutura com a alvenaria: tipos de ligações, juntas, etc.

� As tecnologias de produção, sequências de elaboração e procedimentos

executivos;

� A padronização modular de blocos, esquadrias, vergas e contravergas, vãos de

arquitetura e estrutura.

18

Nesta etapa, após a análise e compatibilização dos projetos, a planta de

conferência e o estudo de modulação vertical podem ser elaborados.

2.3.1.3 Etapa 3 – Anteprojeto

De acordo com Dueñas Peña e Franco (2006) a etapa de anteprojeto caracteriza-se

por uma nova análise e compatibilização dos anteprojetos, observando se todos os pontos

críticos discutidos anteriormente estão solucionados. A elaboração da planta de marcação de

1° fiada deve-se iniciar após a compatibilização dos anteprojetos dos demais projetistas e

depois da definição do tijolo a ser utilizado.

Tabela 2.3 – Levantamento preliminar de dados técnicos para o anteprojeto de produção de vedação vertical por

Silva (2003)

LEVANTAMENTO PRELIMINAR DE DADOS TÉCNICOS PARA O AN TEPROJETO DE

PRODUÇÃO DE VEDAÇÃO VERTICAL

Ant

epro

jeto

de

arqu

itetu

ra

• Espessura e localização das paredes;

• Layout das áreas molhadas;

• Tipo e espessuras de revestimentos de paredes e pisos;

• Pé-direito previsto, altura de peitoris, bancadas e forros;

• Localização e dimensões de esquadrias.

Ant

epro

jeto

de e

stru

tura

• Disposição e dimensões de pilares e vigas;

• Espessura das lajes;

• Características dos vãos estruturais;

• Características de deformabilidade da estrutura e do vínculo entre as paredes e a estrutura.

Pro

jeto

s de

inst

alaç

ões

pred

iais

• Posicionamento, diâmetro e concentração das tubulações: prumadas, ramais e subramais;

• Pontos de alimentação e esgotamento de aparelhos hidro-sanitários;

• Previsão de “shafts”, paredes hidráulicas, paredes duplas com câmaras centrais, etc.;

• Localização de quadros de distribuição de luz, equipamentos de ar condicionado, aquecedores,

incêndio, caixas e medidores de gás e outros, especificações e recomendações técnicas de

instalação de equipamentos.

Out

ras

inte

rfer

ênci

as

• Tipos de esquadria, com suas características de execução e sistema de fixação para previsão

das folgas necessárias e definição dos vãos na alvenaria;

• Tipos de revestimento e acabamentos, técnicas de execução e espessuras finais;

• Tipo e dimensões de rodapés;

• Áreas a serem impermeabilizadas, tipo e espessura total do sistema de impermeabilização ;

• Previsão de peças suspensas tais como armários, armadores para redes, corrimãos, etc.

19

Para a elaboração das plantas citadas anteriormente, necessita-se o levantamento

de algumas informações básicas que foram expostas na Tabela 2.3, tendo a mesma sido

revisada e complementada por Silva (2003) a partir da tabela proposta por Sabbatini e Silva

(1991) no relatório final do Convênio de Desenvolvimento Tecnológico EPUSP-ENCOL/7.

Dueñas Peña (2003) destaca que o projetista deve verificar previamente se a

construtora não utiliza seus próprios procedimentos e detalhes padronizados em sua produção,

pois nesta etapa inicia-se o desenvolvimento dos detalhes e dos procedimentos e

especificações técnicas que devem ser utilizados para elaboração do PPVV, sendo que os

mesmos devem ser discutidos com a equipe de produção ao longo da elaboração do PPVV.

2.3.1.4 Etapa 4 – Projeto executivo

Esta etapa refere-se à última compatibilização dos projetos visando eliminar os

possíveis pontos críticos ainda existentes para que se possa dar continuidade ao

desenvolvimento do PPVV elaborando-se as plantas preliminares de passagem de elétrica e

hidráulica (DUEÑAS PEÑA, 2006).

2.3.1.5 Etapa 5 – Detalhamento

Na penúltima etapa elabora-se o caderno de elevações e conclui-se o caderno de

detalhe dos procedimentos e especificações técnicas discutidos com a equipe de produção ao

longo das etapas.

2.3.1.6 Etapa 6 – Implantação, acompanhamento e retroalimentação

Por fim, Dueñas Peña (2003) afirma que “a entrega final do PPVV tem um caráter

explicativo, principalmente nos casos onde a equipe de produção não teve uma participação

significativa durante o processo [...]”. Para garantir o entendimento e utilização do projeto, ao

final da apresentação devem-se agendar com o engenheiro responsável visitas de

acompanhamento durante a utilização do projeto as quais auxiliarão no entendimento do

projeto, possibilitando ao projetista a retroalimentação do mesmo através da análise crítica do

impacto do PPVV na produção e na equipe de produção.

20

2.3.2 Escopo do PPVV

De acordo com Dueñas Peña (2003), o escopo do projeto para produção de

vedação vertical pode variar de acordo com o perfil do cliente (estruturas organizacionais e

patamares tecnológicos), a tipologia do empreendimento (residencial, comercial, serviços e

institucionais) e as solicitações personalizadas, sendo o escopo básico padronizado e

consolidado no mercado composto pelos seguintes elementos:

� Planta de conferência;

� Planta de locação dos eixos de alvenaria;

� Plantas de marcação de 1° fiada;

� Plantas de passagens de elétrica e hidráulica;

� Caderno de recomendações e especificações técnicas;

� Caderno de detalhes;

� Caderno de elevações.

2.3.2.1 Planta de conferência

Inicialmente, faz-se necessário o levantamento e a verificação dos projetos

existentes: arquitetura, estrutura, instalações elétricas, instalações hidrosanitárias, entre outros.

Posteriormente, realiza-se a compatibilização e análise dos projetos citados, para que os

problemas não previstos possam ser identificados como descrito na etapa de estudo

preliminar. Os pontos críticos deverão ser discutidos e, se possível, modificados para que

todos os problemas estejam solucionados antes da elaboração da planta de referência

(DUEÑAS PEÑA, 2003).

Verifica-se na Figura 2.2, segundo a mesma autora, que a planta de conferência

deve apresentar:

� Espessuras de paredes sem revestimento;

� Cotas de conferência internas e de vãos dos contramarcos e portas;

� Denominações de esquadrias e ambientes;

� Estrutura em projeção;

� Nomes: de pilares e de ambientes;

� Indicação de enchimentos.

21

Figura 2.2 – Representação gráfica da planta de conferência por Dueñas Peña e Franco (2006)

2.3.2.2 Planta de eixos de locação da alvenaria

Dueñas Peña (2003) afirma que a definição dos eixos, encontrados nesta planta,

tem como função a de servir como referência na locação dos tijolos, os pontos elétricos e

hidráulicos, os vãos, entre outras, devendo a mesma conter as seguintes informações:

� Vigas em projeção;

� Pilares;

� Cotas de conferência;

� Eixos ou pontos de referência;

� Eixos de locação da alvenaria numerados e cotados em relação aos eixos ou

pontos de referência;

� Vazios da estrutura.

Caso os eixos existentes para locação da estrutura não sejam compatíveis e

favoráveis para a locação da alvenaria, novos eixos podem ser criados para a equipe de

produção na planta de eixos de locação da alvenaria. Cabe destacar que os eixos devem ser

preferencialmente, os mesmos utilizados para locação da estrutura.

22

2.3.2.3 Planta de marcação de 1° fiada

Nas plantas de marcação os projetos de arquitetura, estrutura, instalações,

impermeabilização, esquadria, etc apresentam-se compatibilizados e, os tijolos a serem

utilizados, definidos previamente, apresentam-se distribuídos na horizontal, sendo esta

distribuição realizada posteriormente à elaboração da planta de conferência.

Pode-se observar a representação gráfica da planta de marcação de 1° fiada na

Figura 2.3.

Figura 2.3 – Representação gráfica da planta de marcação de 1° fiada por Dueñas Peña e Franco (2006)

Segundo Dueñas Peña (2003), as plantas de marcação devem conter as seguintes

informações:

� Na estrutura: indicação de vazios, pilares e vigas;

� Os eixos de locação da alvenaria;

� A marcação horizontal de 1° fiada de todas as paredes considerando a

quantidade de blocos, a junta média de distribuição e a espessura da parede;

� O tipo de amarração entre paredes e com a estrutura;

� A numeração das paredes;

� Os enchimentos totais e parciais de elétrica e hidráulica;

� As cotas de vãos de portas e bonecas: cotas de referência;

23

� As cotas acumuladas em relação aos eixos: cotas de seta;

� Reforços e detalhes específicos da alvenaria;

� Legenda da representação gráfica;

2.3.2.4 Plantas de passagens de elétrica e hidráulica

Este tipo de planta deve conter a indicação e a locação dos pontos de elétrica e

hidráulica que estão furando as lajes e vigas, bem como passagens, vazios e shafts a serem

deixados na laje. Dessa forma, com a passagem dos eletrodutos ou tubos por dentro dos furos

dos tijolos pode-se evitar quebras ou rasgos na alvenaria.

O exemplo da plantas de passagens de hidráulica e de elétrica pode ser observado

na Figura 2.4 e Figura 2.5.

Figura 2.4 – Representação gráfica da planta de passagens de hidráulica por Dueñas Peña e Franco (2006)

De acordo com Dueñas Peña (2003), são necessários nas plantas de passagens de

elétrica e hidráulica, como mostrado anteriormente na planta de passagens de hidráulica e em

seguida na planta de passagens de elétrica, os seguintes itens:

� Na estrutura: indicação dos vazios, pilares e vigas;

� Os eixos de locação da alvenaria;

� A projeção da alvenaria (marcação da 1° fiada ou paredes de arquitetura);

24

� As cotas acumuladas de todos os pontos (elétricos e hidráulicos) em relação

aos eixos: cotas de seta;

� Os pontos de elétrica e a indicação de distribuição dos eletrodutos na laje;

� Todos os pontos de hidráulica e enchimentos;

Figura 2.5 – Representação gráfica da planta de passagens de elétrica por Dueñas Peña e Franco (2006)

2.3.2.5 Caderno de recomendações e especificações técnicas

Dueñas Peña (2003) afirma que as recomendações técnicas alteram-se de acordo

com as técnicas adotadas e discutidas com os membros da equipe de produção e os materiais

escolhidos para execução da parede de alvenaria. Deve-se destacar algumas recomendações

técnicas nos PPVV, como:

� Especificações técnicas dos materiais e componentes indicados;

� Orientação quanto à execução;

� Assentamento, ligações com a estrutura, juntas, vergas e contravergas;

� Passagens de tubulação e dutos, fixação de esquadrias, interfaces com os

demais subsistemas: impermeabilização, estrutura, revestimentos, etc;

� Definição de índices de tolerância;

� Orientação quanto a suprimentos.

25

2.3.2.6 Caderno de detalhes

Segundo Dueñas Peña (2003), no caderno de detalhes serão apresentadas todas as

generalidades estabelecidas de acordo com as soluções construtivas adotadas em função das

características de produção de cada empresa e das necessidades do cliente. A seguir, estão

listados os principais detalhamentos encontrados nos PPVV responsáveis pela racionalização

da produção das alvenarias de vedação.

� Detalhe de modulação vertical em relação à estrutura e aos peitoris;

� Detalhe genérico de vãos de portas;

� Detalhe de vergas e contravergas;

� Detalhe de amarração;

� Detalhe de cotas e posições de caixas elétricas e pontos de hidráulica;

� Detalhe de enchimentos de hidráulica;

� Detalhe de cotas de acabamento de piso.

2.3.2.7 Caderno de elevação das paredes

Com todas as paredes indicadas na planta de marcação, elabora-se o caderno de

elevações contendo a elevação de cada parede com seu respectivo nome e espessura, as

dimensões dos vãos de estrutura e arquitetura, nomes das paredes com as quais faz amarração,

os enchimentos totais ou parciais de elétrica e/ou hidráulica e as juntas de dilatação e trabalho.

Figura 2.6 - Representação gráfica da elevação das paredes por Dueñas Peña e Franco (2006)

26

A Revista Téchne (Ed. 112, 2006) destaca ainda que a elevação de cada parede

deva conter os tipos de tijolos utilizados, assim como a quantidade de cada um, as dimensões

das aberturas, a posição de vergas e contravergas, o posicionamento de eletrodutos e caixas de

luz, telefone, antena, internet e outros, além dos detalhes de ligação entre paredes e entre as

paredes e a estrutura, como foi exemplificado na Figura 2.6.

27

3 ESTUDO DE CASO

Com o objetivo de elaborar um projeto para produção de vedação vertical,

realizou-se um estudo de caso juntamente com a construtora GDS Empreendimentos

Imobiliários Ltda. Procurou-se analisar e coletar, respectivamente, o que motivou a empresa a

desenvolver um projeto para produção e as principais recomendações e especificações

técnicas determinadas e utilizadas na construtora pelos membros participantes (engenheiros,

mestre-de-obras, pedreiros) no processo de produção do edifício, durante o estudo de caso.

3.1 OBRA PILOTO

A construtora GDS Empreendimento Imobiliário Ltda. se dispôs a participar do

presente trabalho visando à racionalização das suas atividades construtivas, a redução do

desperdício de recursos e por considerar que a troca de informações entre o meio acadêmico e

as empresas construtoras representa o principal caminho para o desenvolvimento dos diversos

setores da construção civil, seja no âmbito tecnológico ou da formação profissional.

Dessa forma, todos os projetos e especificações técnicas necessárias para a

elaboração do PPVV foram fornecidos pela empresa construtora, sendo escolhida como obra

piloto, uma das torres do condomínio residencial Parc Du Soleil que está localizado na Rua do

Anjo Branco n° 1131 no bairro Cambeba e encontra-se sob supervisão do engenheiro

Francisco Romildo Almeida Coelho. Observar a localização do empreendimento da

construtora GDS Empreendimentos Imobiliários Ltda. na Figura 3.1.

Figura 3.1 – Localização do empreendimento Parc Du Soleil

28

O empreendimento, Parc Du Soleil, constitui-se de quatro torres (Paz, Harmonia,

Felicidade e Alegria), sendo determinada apenas a Torre Felicidade como objeto de estudo

deste trabalho. Composta por 14 pavimentos, esta edificação possui quatro apartamentos por

andar e, ao todo, 56 apartamentos com área privativa de 73,84 m2.

No presente momento, a primeira etapa do empreendimento referente às Torres

Paz e Harmonia encontra-se na fase de revestimento tendo como previsão de entrega, maio de

2011. Paralelamente, a segunda etapa referente às Torres Felicidade e Alegria, prevista para

junho de 2012, apresenta-se na fase de execução de suas estruturas. Cabe destacar que as

Torres Paz e Felicidade são idênticas, assim como as Torres Harmonia e Alegria. Dessa

forma, pode-se identificar previamente os principais pontos críticos e incompatibilidades

durante a execução da Torres Paz visando a elaboração do PPVV da Torre Felicidade sem

erros. Observar a representação gráfica do empreendimento Parc Du Soleil na Figura 3.2.

Figura 3.2 – Representação gráfica do empreendimento Parc Du Soleil

3.2 Desenvolvimento do PPVV

Como descrito anteriormente, os trabalhos de Dueñas Peña (2003) e Silva (2003)

mostraram-se essenciais por apresentarem, correspondentemente, uma metodologia e

diretrizes balizadoras para o desenvolvimento do PPVV. Paralelamente, outro elemento de

grande destaque refere-se ao PPVV cedido pela arquiteta Paula Vianna e que através de sua

empresa, Paula Vianna Consultoria em Projetos, desenvolve projetos para produção

solicitados por médias e grandes construtoras atuantes na cidade de São Paulo.

29

Para o presente trabalho, a solicitação do PPVV realizou-se na etapa de projeto

executivo, ou seja, após a conclusão de todos os projetos (arquitetura, estrutural e de

instalações). Mesmo que a fase de solicitação do projeto não se mostre desejável, cabe

destacar que a construtora GDS Empreendimentos Imobiliários Ltda. exige a

compatibilização de todos os seus projetos durante a etapa de anteprojeto evitando, de certa

forma, a diminuição do grau de racionalização do projeto para produção.

Durante todo o processo de elaboração e compatibilização dos projetos da

construtora existe um supervisor, no caso o engenheiro da obra piloto Parc Du Soleil,

responsável por coordenar estas atividades. As incompatibilizações e os pontos críticos

identificados são discutidos em reuniões e/ou solucionadas utilizando-se o email como

ferramenta. Cabe destacar que a definição do cronograma para o desenvolvimento e entrega

dos projetos que exigem aprovação, ocorre anteriormente à elaboração dos mesmos.

Segundo o engenheiro supervisor da compatibilização dos projetos, o arquiteto

responsabiliza-se pelo primeiro lançamento dos pilares com sua respectiva dimensão evitando

o posicionamento do mesmo em locais de garagem e de possíveis shafts, sendo o projetista de

instalações responsável pelo lançamento dos shafts para, posteriormente, serem aprovados

pelo arquiteto.

Dessa forma, pode-se considerar que algumas atitudes tomadas pela construtora

na fase de anteprojeto contribuem para elevar o potencial de racionalização que o projeto para

produção de vedação vertical poderá alcançar.

Os próximos tópicos estão relacionados diretamente com o caminho traçado, bem

como as decisões tomadas para a elaboração do PPVV.

3.2.1 Dados iniciais e definições técnicas

Para que se iniciasse o desenvolvimento do PPVV alguns pontos foram definidos

entre os membros participantes e, entre eles estão: o escopo do PPVV a ser desenvolvido, as

características da obra, as definições técnicas e os profissionais envolvidos. Todas estas

informações encontram-se preenchidas em dois documentos (RG 1 – Documento de Registro

de Dados Iniciais e RG 2 – Documento de Registro de Definições Técnicas), e servirão para

balizar e controlar o desenvolvimento do PPVV.

Observar as características do empreendimento e as definições técnicas adotadas

nas Tabela 3.1 e Tabela 3.2.

30

Tabela 3.1 – Documento de Registro de Dados iniciais

RG 1 DADOS INICIAIS

1) DADOS DO EMPREENDIMENTO

Empresa construtora: GDS Empreendimentos Imobiliários Ltda.

Projetos

Nome do empreendimento: Parc Du Soleil Arquitetura: Daniel & Isidro arquitetos

Tipo de Empreendimento: Residencial Estrutura: Hepta Engenharia Estrutural Ltda.

Quantidade de pavimentos tipo: 14 pavimentos tipo Instalação: Botto Projetos e Engenharia Ltda. Kariny Cordeiro Projetos e Consultorias

2) FASE DE DESENVOLVIMENTO DOS PROJETOS

Fases Preliminar Anteprojeto Executivo Não contratado

Projeto de Arquitetura � � �

Projeto de Estrutura � � �

Projeto de instalações � � �

3) PROJETOS PARA PRODUÇÃO UTILIZADOS PELA EMPRESA

Vedações � Revestimento cerâmico �

Revestimento argamassado � Outros – Quais? �

Nunca utilizou projetos para produção ________________________________________

4) TIPO DE VEDAÇÃO ADOTADA

Tipo Bloco de concreto Tijolo cerâmico Painel pré-moldado Outro

Vedações externas � � �

Vedações internas � � �

5) ESCOPO DO PPVV

Planta de conferência Plantas de passagens de elétrica e hidráulica

Planta de locação dos eixos de alvenaria Caderno de recomendações e especificações técnicas

Plantas de marcação de 1° fiada Caderno de detalhes

� Planta de marcação de 2° fiada Caderno de elevação

6) COORDENAÇÃO DO PPVV

Responsável: Leonardo Borges Braga

Orientador pedagógico: Alexandre Araújo Bertini

Orientador profissional: Francisco Romildo Almeida Coelho

31

Tabela 3.2 – Documento de Registro de Definições Técnicas

RG 2 REGISTRO DE DEFINIÇÕES TÉCNICAS

1) TIPO DE BLOCO

Tijolo Cerâmico

5.5x20x20 (Tijolo “pastel” utilizado nas portas de correr)

7.0x19x19 (Tijolo utilizado na 1° fiada das áreas impermeabilizadas com manta)

9.0x19x19 (Tijolo utilizado nas demais áreas)

� Concreto Medidas:

� Sílico-calcário Medidas:

� Concreto celular Medidas:

Componentes especiais

(3/4 tijolo) 7.0x19x14 9.0x19x14

(1/2 tijolo) 7.0x19x7.0 9.0x19x9.0

(1/4 tijolo) 7.0x19x5.5 9.0x19x5.5

2) TIPO DE ARGAMASSA

Convencional Traço: 1 : 3 : 3 (1 saco de cimento 50kg; 3 padiolas (42 litros) de areia vermelha, 3 padiolas (42 litros) de areia grossa)

� Usinada Traço:

� Industrializada Traço:

� Aditivada Traço:

3) TIJOLO X ARGAMASSA

3.1) Espessura das juntas horizontais:

Da argamassa para assentamento da 1° fiada: 2,00 cm < x < 4,00 cm (ADOTADO: 2,00 cm)

Para assentamento das demais fiadas: 1,50 cm < x < 2,50 cm (ADOTADO: 2,00 cm)

Para fixação da última fiada com a estrutura: 2,00 cm < x < 4,00 cm (ADOTADO: 2,00 cm)

3.2) Espessura das juntas verticais:

Entre tijolos: 0,40 cm < x < 0,60 cm (ADOTADO: 0,50 cm)

Entre tijolo e estrutura: 2,00 cm < x < 3,00 cm (ADOTADO: 3,00 cm)

3.3) Preenchimento das juntas verticais:

Juntas maiores que 6,0 mm

Paredes em balanço

Paredes com instalação hidráulicas

32

4) TIJOLO X ESTRUTURA

Ligação da alvenaria com a estrutura através de tela metálica

5) ESQUADRIAS

5.1) Janelas

Alumínio � Ferro

� Madeira � PVC

Folga para instalação: 2,5 cm (cada lado)

Tipo de fixação: Argamassa de assentamento

Alinhamento na fachada: Prumos

5.2) Portas

Alumínio � Ferro

Madeira � PVC

Folga para instalação (alumínio): 2,5 cm (cada lado) Folga para instalação (madeira): 3,5 cm (cada lado)

Tipo de fixação (alumínio): Argamassa de assentamento

Tipo de fixação (madeira): Espuma de Poliuretano Expansiva

6) INSTALAÇÕES

6.1) Hidráulicas

Passagem das prumadas embutidas após a elevação da alvenaria

Execução de enchimentos

Shafts não visitável

6.2) Elétricas

Passagem dos eletrodutos embutidos durante elevação da alvenaria

7) VERGA / CONTRAVERGA

Pré-fabricada (obra) Traço: 1 : 2 : 2 (1 saco de cimento 50kg; 2 padiolas (42 litros) de areia grossa, 2 padiolas (42 litros) de brita 01)

8) TIPO DE LAJE

Maciça

Nervurada

� Treliçada

Observações: Este PPVV não contempla as paredes executadas com blocos de gessos. Por se tratar de um estudo a respeito da elaboração do PPVV, este projeto de produção restringe-se a um apartamento modelo.

33

Cabe destacar que todas as definições técnicas estarão exemplificadas e ilustradas

no caderno de recomendações e especificações técnicas exigido pela construtora, garantindo

dessa forma, o entendimento e utilização do PPVV.

3.2.2 Elaboração das plantas

Para que as plantas exigidas na definição do escopo fossem elaboradas, fez-se

necessário a solicitação de uma cópia impressa e eletrônica de todos os projetos

desenvolvidos para que se realizasse uma nova compatibilização e análise crítica. Constatou-

se que, mesmo com a compatibilização de todos os projetos pelo arquiteto na etapa de

anteprojeto, como descrito pelo engenheiro, alguns conflitos decorrentes da sobreposição dos

projetos foram identificados. Sendo assim, alguns ajustes foram discutidos e aprovados e

estarão expostos nos itens a seguir.

Planta de conferência

Observou-se durante a sobreposição dos projetos arquitetônicos e estruturais que

algumas esquadrias, de portas e janelas, não apresentavam dimensões adequadas, sendo

assim, alguns ajustes foram necessários com intuito de se obter uma apropriada modulação

vertical.

Tem-se como exemplo a esquadria de alumínio A02, posicionada na parede que

divide a cozinha da suíte 02. Devido a sua altura de 1,20 metros, a pessoa que estivesse na

cozinha poderia observar, sem dificuldades, o que estava acontecendo no interior do quarto,

comprometendo a privacidade do morador. Dessa forma, optou-se pela redução da altura da

janela como observado Tabela 3.3.

Tabela 3.3 – Modificação Dimensional das Esquadrias de alumínio da Torre Felicidade

ESQUADRIAS DE ALUMÍNIO DA TORRE FELICIDADE

Esquadria Local Dimensão original Dimensão ajustada

A01 COZINHA 1.20x1.20 1.00x1.20

A02 COZINHA / SUÍTE 02 1.20x1.20 1.00x0.40

A04 WC CASAL 1.20x0.50 1.00x0.50

A05 ESTAR JANTAR 2.40x2.10 2.15x2.20

A07 SUÍTE CASAL 1.60x2.10 1.40x2.20

A08 SUÍTE 01 1.40x1.20 1.20x1.20

34

Cabe destacar que todas as janelas e portas das varandas estão alinhadas em um

mesmo nível e para a marcação correta do posicionamento dos contramarcos de alumínio,

utiliza-se o prumo na fachada. Para uma melhor compreensão, verificar a planta de

conferência no Anexo A, composta por todas as informações necessárias de acordo com o

método estudado.

Planta de eixos de locação da alvenaria

Para a elaboração da planta de eixos de locação da alvenaria os eixos utilizados na

locação da estrutura foram analisados e considerados incompatíveis por não favorecer na

locação da alvenaria. Verificou-se que, por conter apenas um eixo na horizontal (eixo X) e um

eixo na vertical (eixo Y) para toda a laje, novos eixos deveriam ser criados por se tratar de um

pavimento composto por quatro apartamentos.

Outro fator determinante para criação de novos eixos corresponde ao fato de que o

posicionamento dos eixos de locação da estruturas mostrou-se inadequado por estarem

cortando paredes, sendo que a situação mais desejável corresponde quando os eixos

encontram-se passando por corredores e vãos de portas. Estes novos eixos criados podem ser

verificados na planta de eixos de locação da alvenaria que se encontra no Anexo B.

Planta de marcação de 1° fiada

Depois de definidos os tijolos e espessura das paredes, os eixos de locação da

alvenaria, as especificações das juntas verticais e horizontais, o tipo de amarração entre

paredes e estruturas, as dimensões e o posicionamento de prumadas, quadros, shafts,

esquadrias e portas, assim como as folgas para instalação de esquadrias e portas, elaborou-se a

planta de marcação de 1° fiada.

Para o desenvolvimento desta planta que se encontra no Anexo C, todos os pontos

críticos discutidos anteriormente foram solucionados e revisados. No caso das áreas onde

seriam impermeabilizadas com manta asfáltica, utilizou-se na primeira fiada um tijolo com

espessura inferior (7.0x19x19) ao utilizado nos demais ambientes para que a virada da manta

que possui aproximadamente 20 cm de altura possa ser executada sem a quebra do tijolo.

Com relação à parede com porta de correr, utilizou-se o “tijolo pastel” (5.5x20x20), evitando-

se assim a quebra da mesma.

35

Planta de passagens de elétrica e hidráulica

Quando se procura reduzir o desperdício de materiais em uma obra deve-se pensar

em soluções voltadas, principalmente, para as instalações elétricas e hidrosanitárias, por

serem as principais responsáveis por boa parte do entulho gerado durante a execução das

alvenarias. Dessa forma, determinou-se que as tubulações de água e esgoto localizadas abaixo

das bancadas dos banheiros e pia da cozinha, deveriam passar por fora da parede, evitando

assim a quebra da mesma e que, posteriormente, um enchimento seria executado para revestir

estas tubulações.

Para as instalações elétricas, aconselha-se que os eletrodutos sejam embutidos

durante a execução da alvenaria, pois dessa forma, os próprios pedreiros se

responsabilizariam por esta atividade paralelamente à execução do seu serviço original como

demonstrado na Figura 3.3.

Figura 3.3 – Eletrodutos embutidos na alvenaria

Deve-se chamar a atenção dos carpinteiros para que durante a montagem da fôrma

da laje, não sejam invertidos os painéis das vigas que contém as passagens referentes às

tubulações elétricas, evitando assim a mudança do posicionamento das descidas dos

eletrodutos. Caso seja necessária a inversão dos painéis para o aproveitamento de uma das

faces da madeira que se encontra em melhor estado, o carpinteiro deve avisar ao responsável

36

pela marcação das instalações para que o mesmo execute outra passagem na fôrma, no local

correto antes da concretagem da laje.

3.2.3 Recomendações e especificações técnicas adotadas

No Anexo F, encontra-se o caderno das recomendações e especificações técnicas

adotadas para a elaboração do projeto para produção de vedação vertical e, a seguir, alguns

itens abordados neste caderno serão apresentados e aprofundados.

a. Vergas e contravergas

Segundo Lordsleem Jr. (2000), as aberturas na alvenaria de janelas e portas devem

receber reforços os quais têm a função de distribuir as tensões que se concentram nos vértices

dos vãos principais para evitar o aparecimento de fissuras a 45° nesta região. Estes reforços

são caracterizados pela adoção de vergas e/ ou contravergas, que deverão ser executadas

quando o vão exceder 50 cm.

Para a execução de vergas e contravergas, utilizou-se a técnica de peças pré-

moldadas as quais são assentadas como sendo um componente da alvenaria, pois acelera a

elevação da alvenaria, permitindo uma melhor qualidade do produto e o aumento da

produtividade. Cabe destacar que devem ser tomados os mesmos cuidados com a verificação

de prumo, nível e alinhamento no assentamento das peças pré-moldadas.

Figura 3.4 – Peças pré-moldadas

Sabbatini et al (1988 apud Lordsleem Jr, 2000) define algumas medidas

recomendáveis para vergas e contravergas, de acordo com o tipo do tijolo, comprimento da

parede e tamanho do vão na Tabela 3.4.

37

Tabela 3.4 – Dimensões das vergas e contravergas por Sabbatini et al (1988 apud Lordsleem Jr, 2000)

TIJOLOS CERÂMICOS

Variáveis Verga Contraverga

Comprimento da parede (m) < 8,0 8,0 a 12,0 < 6,0 6,0 a 12,0

Vão (m) < 2,4 < 2,4 < 2,4 < 2,4

Apoio mínimo (m) 0,20 0,30 0,30 0,40

Considerou-se na obra piloto, para o comprimento da peça pré-moldada, a

extensão do vão acrescido de 15 cm a 20 cm para cada lado, sendo a sua seção de 9,0 x 10 cm

(base x altura) com duas barras de aço 5.0 mm na parte inferior da mesma, respeitando dessa

forma, as especificações técnicas vigentes na construtora.

Para os vãos maiores que 1,80 m, considerou-se a seção da verga de 9,0 x 18 cm

com armadura composta por duas barras de aço 8.0 mm na parte inferior e duas barras de aço

6.3 mm na parte superior, com estribos de aço 5.0 mm a cada 20 cm fixados com arame

recozido. No caso em que o projeto especifique que a altura da abertura atinge na sua parte

superior a laje ou a viga, este mesmo autor afirma que a verga não se faz necessária.

Figura 3.5 – Assentamento de verga e contraverga

b. Marcação e elevação da alvenaria

Para a marcação e elevação da alvenaria, considerou-se a descrição das atividades

estabelecidas pela construtora GDS Empreendimentos Imobiliários Ltda. listadas a seguir:

38

1. Fazer limpeza do piso e face dos pilares em contato com a alvenaria (remoção de pregos

da estrutura, aços de amarração do pilares e vigas, poeira e materiais soltos);

2. Transferir os eixos do edifício, conforme projeto;

3. Fazer a transferência das cotas de nível para o pilar com a mangueira de nível ou

equipamento apropriado;

4. Abastecer o pavimento e os locais onde serão executadas as alvenarias com a quantidade

e os tipos de tijolos necessários à execução do serviço;

5. Chapiscar a parte da face do pilar que terá contato com a alvenaria (chapisco industrial ou

tradicional);

6. Marcar no pilar os lugares de fixação das telas;

7. Fixar as telas galvanizadas com a utilização de um sistema de fixação à pólvora;

8. Após fixar as telas, fazer a remoção de poeira e jogar água na fiada de marcação;

9. Para a marcação da primeira fiada, utilizar argamassa de cimento com traço adequado;

10. Assentar os tijolos de extremidade e averiguar a planicidade e o nivelamento da

alvenaria;

11. Esticar as linhas de nylon na posição definida para a parede, servindo de referência para

alinhamento e nível da fiada de marcação, quando necessário;

Figura 3.6 - Marcação da alvenaria com linha de nylon

12. Assentar os tijolos intermediários entre os de extremidade, verificando a aplicação da

argamassa nas duas laterais dos tijolos, quando especificado em projeto ou orientação do

mestre ou engenheiro da obra.

39

13. Averiguar a planicidade da alvenaria e o nivelamento da fiada de marcação com auxílio

de uma régua metálica com ou sem nível de bolha acoplado.

14. Distribuir e assentar os blocos conforme o projeto, amarrando-os com o pilar através da

tela galvanizada;

15. Colocar os escantilhões no encontro das alvenarias e junto aos pilares para a orientação

do prumo, planicidade e nivelamento das paredes.

16. O restante dos tijolos deve ser assentado com argamassa de cimento e areia com traço e

consistência adequados;

17. Os vãos para a colocação das portas deverão possuir folga compatível com o projeto;

18. Para as vergas e contravergas, utilizar pré-moldadas;

19. Depois do levantamento da alvenaria, limpar as juntas de argamassa com a utilização de

uma esponja umedecida.

c. Ligação tijolo e estrutura

Considera-se que uma das causas do surgimento de fissuras verticais refere-se à

deficiência na ligação entre o pilar e a alvenaria. Dessa forma, a correta execução prevê a

limpeza da estrutura, seguida do chapiscamento na face do pilar e da aplicação da tela

galvanizada. Esta deve ser fixada com pinos a cada duas fiadas de tijolos.

Figura 3.7 – Telas galvanizadas

Figura 3.8 – Fixação da tela galvanizada

Para a ligação da alvenaria com a estrutura considerou-se o sistema de fixação à

pólvora utilizando-se a tela soldada, de malha 15x15 mm e fio 1,65 mm da empresa Walsywa

que fabrica e fornece a tela walfix cortada na largura e comprimento desejado, podendo ser a

40

espessura de 6.0, 7.5, 10.5, 12 e 17 cm como apresentado na Figura 3.7. Para os tijolos de

espessura 9,0 cm, adotou-se a tela de espessura de 7,5 cm. Observar Figura 3.8.

d. Fixação da alvenaria

De acordo com Lordsleem Jr. (2000), “nos casos em que a alvenaria não funciona

como travamento e está envolta por estrutura pouco deformável é possível a fixação com a

própria argamassa de assentamento” pode-se utilizar a sequência de fixação listada a seguir.

� Deve-se aplicar água com auxílio de uma broxa no local, para limpar e

umedecer o local;

� Usar a argamassa especificada em projeto para fixação da alvenaria;

� Nas paredes de fachada, preencher metade da junta da alvenaria pela face

interna da parede;

� Quando da realização da limpeza, taliscamento ou chapiscamento da fachada,

realizar o restante do preenchimento da junta.

� O acabamento da junta deve ser realizado com a colher de pedreiro;

� No caso do espaço deixado para a fixação ter abertura maior que 35

milímetros, a argamassa de fixação deverá ser colocada em duas camadas com intervalo

mínimo de 24 horas entre elas.

Figura 3.9 – Junta horizontal para fixação

Figura 3.10 – Junta horizontal preenchida

Nas lajes nervuradas, de acordo com as especificações técnicas da construtora, a

alvenaria deve ser executada até a parte inferior da estrutura, ou seja, a vedação vertical não

necessita alcançar o topo da laje nervurada para que ocorra a fixação da mesma. Dessa forma,

41

apenas alguns pontos que estiverem próximos do nível inferior da estrutura devem ser fixados

como exemplificado no caderno de detalhes no Anexo G.

3.2.4 Caderno de detalhes

Elaborou-se o caderno de detalhes considerando o sistema construtivo adotado, no

caso de vedação de alvenaria com tijolo cerâmico, e as necessidades do cliente. Dessa forma,

os detalhamentos foram estabelecidos respeitando os materiais definidos pela construtora, as

técnicas construtivas utilizadas, as ferramentas disponíveis, entre outros fatores.

Com o caderno de detalhes, encontrado no Anexo G, a equipe de produção pode

padronizar a forma de execução de alguns elementos que são potenciais gerados de retrabalho

e desperdício de recursos, caso não sejam executados corretamente, como: detalhes de

modulação vertical em relação à estrutura, de vergas e contravergas e detalhes de vãos de

janelas e portas.

Dueñas Peña (2003) afirme, por exemplo, que através do detalhamento da

modulação vertical pode-se observar qual tijolo melhor se ajusta aos vãos de arquitetura e

estrutura, proporcionando a redução das quebras e principalmente um melhor relacionamento

com a estrutura. Para o detalhamento com relação aos peitoris a autora afirma que alguns

pontos devem ser definidos, como:

� As folgas de instalação das esquadrias com o tijolo de fixação a ser utilizado;

� O tipo de esquadria: madeira, metálica, etc;

� As cotas acabadas de piso;

� Detalhes de soleiras, peitoris e revestimentos;

� Vãos de arquitetura e estrutura compatibilizados.

42

4 CONCLUSÃO

O presente trabalho tratou da elaboração de um projeto para produção de vedação

vertical (PPVV) para um empreendimento de uma construtora da cidade de Fortaleza,

priorizando as características do mercado local através da adoção do tijolo cerâmico

convencional como componente da alvenaria.

Para alcançar este objetivo, fez-se necessário reunir vários conceitos diretamente

relacionados ao tema tratado e um estudo bibliográfico realizado sobre os principais aspectos

da metodologia para elaboração de um projeto para produção de vedação vertical (PPVV)

foram tratados baseando-se, principalmente, em trabalhos que abordam este tema, tais como:

Franco (1998b), Lordsleem Jr. (2000), Sabbatini (1989), Silva (2003), Barros (1998), Dueñas

Peña (2003), entre outros.

Procurou-se propor algumas recomendações e especificações técnicas de acordo

com as técnicas adotadas e discutidas com os membros da equipe de produção e os materiais

escolhidos para execução da parede de alvenaria. Essas informações encontram-se no caderno

de recomendações e especificações técnicas que expõe de maneira simples a forma de

utilização das vergas e contravergas, o tipo de fixação da alvenaria, o tipo de ligação entre a

alvenaria e a estrutura, entre outras.

Observou-se que o projeto para produção de vedação vertical representa uma

importante ferramenta de racionalização, ou seja, de redução de desperdício de recursos, de

aumento da produtividade e de redução de problemas patológicos, entretanto, para que essas

vantagens e benefícios provenientes do PPVV possam vir à tona, a etapa de implantação,

acompanhamento e retroalimentação deve ser considerada uma das mais importantes. Não

adianta possuir uma ferramenta completa se os membros que a utilizarão não possuem um

perfeito entendimento sobre a utilização do projeto e se não existir a retroalimentação do que

está sendo realizado em campo através da análise crítica do impacto do PPVV na produção e

na equipe de produção.

Cabe destacar que, devido ao atraso no planejamento da obra piloto, a etapa de

implantação, acompanhamento e retroalimentação não pôde ser contemplada, pois a data de

início da execução da alvenaria e a entrega do presente trabalho mostraram-se divergentes.

43

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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45

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46

LISTA DE ANEXOS

ANEXO A – Planta de conferência.

ANEXO B – Planta de locação dos eixos de alvenaria.

ANEXO C – Planta de marcação de 1° fiada.

ANEXO D – Planta da passagem de elétrica.

ANEXO E – Planta de passagem de hidráulica.

ANEXO F – Caderno de recomendações e especificações técnicas.

ANEXO G – Caderno de detalhes.

ANEXO H – Caderno de elevações.

47

ANEXO A – Planta de conferência

48

49

50

ANEXO B – Planta de locação dos eixos de alvenaria

51

52

ANEXO C – Planta de marcação de 1° fiada

53

54

ANEXO D – Planta das passagens de elétrica

55

56

ANEXO E – Planta das passagens de hidráulica

57

58

ANEXO F – Caderno de detalhes

59

60

61

62

63

64

65

66

67

68

69

70

71

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78

79

80

81

82

83

84

85

86

87

88

ANEXO G – Caderno de recomendações e especificações técnicas

89

90

91

92

93

94

95

96

97

98

ANEXO H – Caderno de elevações

99

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101

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