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FACULDADE TECSOMA Curso em Graduação em Biomedicina Maria Aparecida dos Santos Souza LEISHMANIOSES: Uma Revisão Bibliográfica Paracatu MG 2015

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FACULDADE TECSOMA

Curso em Graduação em Biomedicina

Maria Aparecida dos Santos Souza

LEISHMANIOSES:

Uma Revisão Bibliográfica

Paracatu MG

2015

Maria Aparecida dos Santos Souza

LESHMANIOSES:

Uma Revisão Bibliográfica

Monografia apresentada à disciplina

Metodologia do Trabalho Científico como

requisito para obtenção do título de

bacharel em Biomedicina.

Orientadora Temática: Msc. Cláudia Peres da

Silva

Orientador Metodológico: Esp. Geraldo

Benedito Batista de Oliveira

Paracatu MG

2015

Souza, Maria Aparecida dos Santos

Leshmanioses: Uma Revisão Bibliográfica / Maria aparecida dos Santos Souza.

Paracatu MG, 2016.

70f.

Orientadora: Msc. Cláudia Peres da Silva

Monografia (Graduação) – Faculdade Tecsoma, Curso de Bacharel em

Biomedicina.

1. Leishmaniose Canina. 2. Leishmanias Chagasi. 3. Zoonoses. 4.Calazar Flebotomíneos.

5.Leishmaniose visceral. I. Silva, Claudia Peres da. II Faculdade Tecsoma. III Biomedicina.

CDU: 616.071

Maria Aparecida dos Santos Souza

LESHMANIOSES:

Uma Revisão Bibliográfica

Monografia apresentada à disciplina

Metodologia do Trabalho Científico como

requisito para obtenção do título de

bacharel em Biomedicina.

____________________________________________________

MSc. Cláudia Peres da Silva

____________________________________________________

Prof. Esp. Geraldo Benedito Batista de Oliveira

____________________________________________________

Prof. Esp. Douglas Gabriel Pereira

Paracatu MG

2015

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por me fortalecer e me conduzir sempre nessa jornada e

minha família e amigos pelo apoio em todas as horas.

RESUMO

Leishmanioses Tegumentar Americana e Visceral Americana constituem a terceira

parasitose de maior importância médica causada por protozoários. A sua crescente

disseminação atinge principalmente regiões quentes e subdesenvolvida do velho e

novo mundo. O parasito do gênero Leishmania, cujo ciclo heteroxênico no qual

participam dois hospedeiros obrigatórios: mamíferos e inseto. A transmissão pelo

inseto é feita através do repasto sanguíneo sobre várias espécies de mamíferos entre

elas, o canino e o homem. A infecção ocorre pelo parasitismo de células do sistema

fagocitário mononuclear (SFM) do hospedeiro vertebrado. O vetor biológico mais

comum é Lutzomyia longipalpis, inseto fêmea (mosquito palha). Vários pesquisadores

demonstram que o canino infectado pode transmitir o parasito aos carrapatos, embora

ainda não tenha sido provada que Rhipicephalus sanguineus (carrapato) seja um

transmissor do parasito ao canino. No entanto, há uma crescente disseminação de

leishmaniose visceral, mesmo na ausência dos vetores flebotomíneos, o que pode

sugerir a participação do carrapato no ciclo de Leishmania (ainda em estudo). A

importância em se desenvolver pesquisas se deve a gravidade da doença: cerca de

90% dos pacientes com leishmaniose visceral não tratados vão a óbito. A profilaxia

precedida de inquérito sorológico canino é de grande valia para tomada de medidas

de tratamento ou eliminação dos caninos soropositivos. Mediante a gravidade da

doença, as populações urbanas e rurais devem ser sensibilizadas quanto a medidas

simples de controle que podem ser tomadas para impedir a infecção e, portanto,

disseminação de Leishmanioses. As medidas simples incluem uso de inseticidas para

erradicação do vetor, avaliação sorológica dos cães domésticos mesmo que

assintomáticos (incluindo cães abandonados); avaliação sorológica de pacientes

suspeitos e em caso de positividade tratamento imediato para evitar a evolução da

doença. As vacinas desenvolvidas contra LVC, até o momento proporcionam

imunidade por algum tempo (no máximo um ano). Tem sido demonstrado que a

medida mais eficaz de profilaxia, em caso de LVC é a eutanásia.

ABSTRACT

American Cutaneous Leishmaniasis and Visceral American are the third most

medically important parasitic disease caused by protozoa. Its increasing spread

primarily affects hot and underdeveloped regions of the old and new world. The

parasite of Leishmania genus, which heteroxenic cycle in has two mandatory hosts

participating: mammals and insects. The transmission is made by the insect through

the blood feeding of several species including mammals, humans and canine. Infection

occurs by parasitism cell of the mononuclear phagocyte system (MPS) of the

vertebrate host. The most common biological vector is Lutzomyia longipalpis - female

insects (mosquitoes straw). Several researchers have shown the infected canine can

transmit the parasite to ticks, but it has not yet been proven that Rhipicephalus

sanguineus (tick) is a transmitter parasite to canine. However there is a increasing

spread of visceral leishmaniasis, even in the absence of sand fly vectors, which may

suggest the involvement of the tick in the Leishmania cycle (still under study). Is

important The importance to develop research should be the severity of the disease:

90% of patients with visceral leishmaniasis untreated will die. The preceded

prophylaxis of canine serological survey is very useful for making treatment measures

or removal of seropositive canines. Urban and rural populations must be sensitized by

severity of illness, as simple control measures can be taken to prevent infection and,

therefore, the spread of Leishmaniasis. Simple measures include using insecticides to

eradicate the vector, serological evaluation of domestic dogs even if asymptomatic

(including stray dogs); serological evaluation of patients suspected and, in case of

positive, immediate treatment to prevent disease progression. The vaccines developed

against LVC, until this time, provide immunity for a while (maximum one year). It has

been shown the most effective measure for prevention, in case of LVC, is euthanasia.

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Forma Promastigota..............................................................................27

FIGURA 2 – Forma Amastigota.................................................................................28

FIGURA 3 – Ciclo Biológico do Parasito....................................................................30

FIGURA 4 – Leishmaniose Lesão em placa com cicatrização acrômica e bordas

escamo-rostosas........................................................................................................31

FIGURA 5 – Leishmaniose cutâneo-mucosa antes do tratamento............................31

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................... 19 1.1 Justificativa........................................................................................................ 21 2 OBJETIVOS........................................................................................................... 23 2.1 Objetivo geral..................................................................................................... 23 2.2 Objetivos específicos........................................................................................ 23 3 METODOLOGIA..................................................................................................... 24 3.1 Tipo De Estudo................................................................................................... 24 3.2 Local De Estudo................................................................................................. 24 3.3 Delimitações dos artigos................................................................................... 24 3.4 Instrumentos utilizados..................................................................................... 25 3.5 Desenvolvimentos do estudo........................................................................... 25 4. REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................................... 26 4.1 Leishmanoses.................................................................................................... 26 4.1.1 O Parasito........................................................................................................ 26 4.1.2 Morfologia........................................................................................................ 27 4.1.3 Ciclo Biológico e Transmissão...................................................................... 29 4.1.4 Leishmaniose Tegumentar Americana – LTA.............................................. 30 4.1.4.1 Epidemiologia.............................................................................................. 32 4.1.4.2 Diagnóstico.................................................................................................. 32 4.1.4.2.1 Diagnóstico laboratorial.............................................................................. 33 4.1.4.2.2 Pesquisa do parasito.................................................................................. 33 4.1.4.2.3 Isolamento in vitro....................................................................................... 34 4.1.4.2.4 Intradermorreação de Montenegro............................................................. 35 4.1.4.2.5 Reações imunológicas................................................................................ 35 4.1.4.2.6 Tratamento.................................................................................................. 36 4.1.5 Leishmaniose Visceral Americana – LTA..................................................... 36 4.1.5.1 Epidemiologia.............................................................................................. 36 4.1.5.2 Diagnóstico.................................................................................................. 37 4.1.5.2.1. Diagnóstico clínico..................................................................................... 37 4.1.5.2.2 Diagnóstico laboratorial............................................................................... 38 4.1.5.2.3 Pesquisa do parasito................................................................................... 38 4.1.5.2.4 Métodos imunológicos................................................................................ 39 4.1.5.2.5 Reação de Imunofluorescência Indireta...................................................... 39 4.1.5.2.6 Ensaio imunoenzimático (ELIZA)................................................................ 39 4.1.5.2.7 Reação de Fixação do Complemento......................................................... 40 4.1.5.2.8 Teste rápido Imunocromatógrafo (TRALD; RICH)...................................... 40 4.1.5.3 Tratamento................................................................................................... 40 4.1.6 Reservatórios De Leishmania........................................................................ 41 4.1.7 Controle........................................................................................................... 42 4.1.8 Profilaxia.......................................................................................................... 43 4.1.9 Vacinas Para Leishmaniose Visceral Canina................................................ 43 5 CONSIDERAÇÔES FINAIS.................................................................................... 45

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................... 46 APENDICE................................................................................................................ 49

19

1 INTRODUÇÃO

Leishmaniose consiste em doença do sistema fagocitário mononuclear

(SFM), monócitos e macrófagos, responsável por causar lesões na pele, mucosas

nasofaríngeas e lesões viscerais ou calazar. Pode ser classificada em Leishmaniose

Tegumentar Americana e Leishmaniose Visceral Americana. (NEVES, 2010).

O parasito, agente de zoonose, agrupa a espécie de protozoários de uma única

célula, heteróxenos, o gênero Leishmania, pertence à família Trypanossomatidae. Os

protozoários causadores de leishmaníases ou leishmanioses humanas apresentam

duas formas em seu ciclo vital: promastigotas e amastigotas. Na forma promastigota,

é encontrada flagelada livre ou aderida no trato digestório de hospedeiros

invertebrados. Já na forma amastigota, sem flagelo, livre, o parasito é encontrado no

interior de células de hospedeiros vertebrados. (NEVES, 2010).

As infecções causadas por esses parasitos, são mais comuns em canídeos e

roedores, no entanto, os hospedeiros vertebrados incluem uma grande variedade de

mamíferos. Os hospedeiros invertebrados são identificados principalmente por

fêmeas de insetos hematófagos denominados flebotomíneos. (NEVES, 2010).

A transmissão ocorre através da picada de insetos infectados, durante a

hematofagia, um mecanismo complexo. Atualmente, como já mencionado, Lutzomyia

longipalpis é considerado o principal transmissor de Leishmania no Brasil. No entanto,

estudos demonstram que a crescente disseminação de leishmaniose visceral, na

ausência dos vetores flebotomínios, pode estar associada com Rhipicephalus

sanguineus (carrapato), apresentar-se como um transmissor da infecção em cães,

embora, ainda não tenha sido provado. (NEVES, 2010; CAMPOS; COSTA, 2014)

A leishmaniose tegumentar é considerada um problema de saúde pública, nos

quatro continentes, Américas, Europa, Ásia e África e são registrados 1 a 1,5 milhão

de casos anualmente. (REY, 2008).

Os parasitos, agentes etiológicos de doenças do sistema fagocitário

mononuclear, eventualmente, infectam a espécie humana, nas regiões tropicais ou

subtropicais do Velho e do Novo Mundo. Essas doenças apresentam características

clínicas e epidemiológicas diversas em cada área geográfica, por esse motivo, são

consideradas entidades nasológicas distintas. (REY, 2008).

20

Classificadas em quatro grupos:

• Leishmaníase cutânea, que produzem exclusivamente lesões cutâneas

limitadas, ás vezes ulcerosas, outras vezes não. (REY, 2008).

• Leishmaníase muco-cutânea ou leishmaníase cutaneomucosa é a forma

que se complica quando aparecem as lesões destrutivas na mucosa da boca, nariz e

faringe. (REY, 2008).

• Leishmaníase cutânea difusa se apresenta na forma disseminada cutânea

em indivíduos anérgicos, ou mais tarde em indivíduos que haviam sido tratados de

calazar. (REY, 2008).

• Leishmaníase visceral ou calazar se apresenta na forma visceral, em que os

parasitos se apresentam com acentuado tropismo pelo sistema fagocitário

mononuclear (SFM) do baço, fígado, medula óssea e em tecidos linfoides. (REY,

2008).

O período de incubação varia de poucos dias até muitos meses. Os sintomas

de calazar são muito variáveis, desde casos assintomáticos até muito graves,

podendo ser fatais. (MORAES, 2008).

No Brasil, os cães em geral, são considerados importantes reservatórios de

Leishmanias, devido a evidente correlação positiva que existe entre curvas de

Infecção humana e canina. (CASTRO-JUNIOR et al, 2014).

Na região metropolitana de Vitória/ES, após ter sido relatado um caso de

leishmaniose visceral humana, uma investigação foi realizada em 201 cães com

métodos sorológicos, parasitológicos e moleculares para detecção de leishmaniose

visceral canina. Dos 201 cães investigados, dois cães tinham uma cultura positiva

para Leishmania chagasi, e quatro foram identificados por reação em cadeia

polimerase (PCR), positivo para Leishmania sp. Um desses cães com resultado

positivo, pertencia ao paciente acima mencionado. (T0NINI; et al, 2012).

E ainda de acordo com o artigo cientifico o estudo realizado em cães, no estado

da Bahia em 1984, evidenciou que 3% de 98 animais apresentaram amastigotas em

lesões de pele, não foram encontrados parasitas em pele normal da orelha. De treze

cães portadores da lesão cutânea 69,2% deles apresentaram-se infectados.

(BARRETO et al,1984).

No Paraná, em 1992 e 1993 ocorreu uma investigação em diversos cães nas

fazendas do norte do estado. Em 132 cães investigados, 24 destes apresentaram

21

títulos autos títulos de anticorpos, com utilização da técnica de Imunofluorescência

Indireta. (SILVEIRA, 1996).

As pesquisas científicas realizadas em diversas regiões do país demonstram a

importância haver medidas de controle epidemiológico de leishmanioses tegumentar

e visceral (calazar). As medidas de controle dessas doenças, incluem diagnóstico e

tratamento adequados dos casos confirmados, profilaxia mediante controles químicos

do vetor e do reservatório canino através de inquéritos sorológicos amostrais,

censitários e se for o caso, recorrer a eutanásia dos cães soropositivos.

(LARANJEIRA; et al, 2014).

As leishmanioses constituem um problema de saúde pública mundial, devido

sua crescente disseminação. Pesquisas realizadas em diversas regiões do país, como

por exemplo, em Araçatuba/SP que é uma região com alta endemicidade, cujos

estudos evidenciaram que há uma alta incidência de cães infectados e assintomáticos.

Naqueles estudos evidenciou que cerca de 134 cães estudados, 57 (42,5%) eram

assintomáticos. Os caninos infectados que são assintomáticos e não são

investigados, podem passar desapercebidos, dificultando a ação da Vigilância

Epidemiológica a adotar medidas de controle de leishmaniose visceral (LV).

(LARANJEIRA; et al, 2014).

Em locais onde há a presença de cães abandonados que estão sujeitos a

serem importantes reservatórios de Leishmania, é necessário a realização de

profilaxia.

1.1 Justificativa

As Leishmanioses, são zoonoses em expansão no Brasil e no mundo, tendo o

cão, importância na transmissão e dispersão da doença em humanos. O canino tem

um importante papel como um possível reservatório de Leishmanias, muitas vezes

passando desapercebido, quando não apresenta sintomas. (PRADO; et al, 2011;

CASTRO-JUNIOR et al, 2014).

As leishmanioses são consideradas um problema de saúde pública mundial,

devido sua crescente disseminação. (REY, 2008; LARANJEIRA et al, 2014).

A leishmaniose é terceira doença de importância médica, entre as doenças

causadas por protozoários, precedida somente por malária e amebíase. Considerada

22

forma de maior gravidade da doença, a leishmaniose visceral, pode levar a óbito cerca

90% dos pacientes não tratados. (CARLI, 2011).

Os fatores acima mencionados demonstram a importância de se elaborar

pesquisas e estabelecer uma revisão literária com intuito estimular a tomadas de

medidas de controle, como extermínio dos vetores, diagnosticar os caninos para

proteger os humanos quanto aos riscos de contaminação. A presença de cães soltos

pelas ruas das cidades, além de causar transtornos para motoristas, motociclistas,

ciclistas e pedestres, pode ser um fator de risco para a disseminação de muitas

doenças, pois, há defecação desses animais pelas ruas, parques e praças. Sendo

assim, esses animais abandonados pelas ruas das cidades, constitui uma ameaça à

saúde da população devido a sua importância a disseminação de diversas doenças

incluindo leishmanioses.

23

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Este trabalho tem como objetivo geral uma abordagem revisional literária que

evidencia a expansão, os riscos e as medidas de controle da Leishmaniose canina em

áreas endêmicas.

2.2 Objetivos específicos

Com intuito de atingir o objetivo principal, alguns objetivos específicos são

requeridos, entre eles:

• Avaliar importância da expansão da Leishmanioses em locais onde há a

presença de cães domésticos.

• Demonstrar a importância dos caninos na transmissão e dispersão da doença

em localidade, onde ocorrer diagnósticos positivos para o parasito Leishmania.

• Avaliar os principais fatores de risco identificados na ocorrência da doença.

• Evidenciar as medidas de controle epidemiológico em relação à leishmaniose

canina que devem ser postas em prática, diante da ocorrência dos diagnósticos

positivos para Leishmania.

24

3 METODOLOGIA

3.1 Tipo De Estudo

Esta monografia foi elaborada por meio de estudo de caráter analítico descritivo

com abordagem quantitativa e qualitativa, para melhor compreensão e expansão do

conhecimento sobre o tema pesquisado. (MARCONI; LAKATOS, 2010).

A demonstração da soroprevalência da doença em caninos, através de

inquéritos realizados e descritos na literatura, evidenciando as consequências nos

caninos porventura atingidos, com a finalidade de alertar sobre os riscos de

transmissão em humanos em termos qualitativos. (REY, 2008; LARANJEIRA; et al,

2014).

3.2 Local De Estudo

Esta monografia foi elaborada por meios de livros acadêmicos de profundidade

científica, disponíveis para estudo e pesquisa da biblioteca da instituição Faculdade

Tecsoma na cidade de Paracatu/MG e em ambiente da Web em sites científicos como

PubMed e SCIELO, os quais disponibilizam publicações muito consistentes e de

profundidade científica oportunas para o tema abordado como artigos científicos, de

grande relevância para o tema que foi explorado.

A definição de PubMed: consiste no primeiro sistema de pesquisa para

informação em Saúde da U.S. National Library of Medicina (NLM) por meio eletrônico.

A definição de SciELO: A Scientific Electronic Library Online - SciELO consiste

em uma biblioteca eletrônica que engloba uma coleção selecionada de periódicos

científicos na Internet. Foi desenvolvido para possibilitar a comunicação científica nos

países em desenvolvimento (América Latina e Caribe), cujo modelo assegura a

visibilidade e o acesso universal a sua literatura científica.

3.3 Delimitações dos artigos

Os artigos utilizados para elaboração desse estudo, serão aqueles de caráter

científico publicados em revistas eletrônicas: SCIELO e PUBMED. Serão utilizadas

apostilas e livros acadêmicos, os quais abordam o tema com maior profundidade

25

científica. Os artigos e livros pesquisados abrange os anos 2007 a 2014 (com exceção

de BARRETO; et al,1984 e SILVEIRA, 1996). Foram utilizados artigos em inglês e

português, os livros somente em português.

Palavras-chave: leishmaniose canina; leishmanias chagasi; zoonoses; calazar;

flebotomíneos; Leishmaniose visceral; Lutzomyia longipalpis; controle; cães,

epidemiologia, Brasil

3.4 Instrumentos utilizados

Foi elaborado um fichamento, no qual foram utilizados artigos científicos, livros

acadêmicos que se refiram ao tema com profundidade científica para elaboração

desta monografia. Para a elaboração textual da monografia foi utilizado o sistema

Microsoft Word.

3.5 Desenvolvimentos do estudo

A elaboração do estudo foi realizada em 4 etapas consecutivas: Busca dos

artigos científicos e livros acadêmicos; leitura e seleção daqueles que serão utilizados

na revisão literária de Leishmaniose canina; elaboração do fichamento referente aos

temas centrais dos artigos e livros selecionados; e elaboração textual baseando-se na

literatura aprofundando ao máximo nos dados coletados e trazendo à luz a

importância desse estudo para o ambiente de saúde pública.

26

4. REFERENCIAL TEÓRICO

As pesquisas para elaboração desta monografia foram realizadas com intuito

de evidenciar a importância das Leishmanioses, seus reservatórios, vetores e fatores

de risco na disseminação da doença em humanos.

4.1 Leishmanioses

Leishmanioses são doenças parasitárias, causadas por protozoários que

evoluem através de seus hospedeiros obrigatórios vertebrados e invertebrados para

as formas infectantes e atingem sistema fagocitário mononuclear. São capazes de

lesionar a pele, mucosas nasofaríngeas e as vísceras. Classificam-se em

Leishmaniose Tegumentar Americana Leishmaniose Visceral Americana.

(NEVES,2010).

As leishmanioses são consideradas a terceira parasitose de maior importância

médica entre as enfermidades causadas por protozoários. (CARLI, 2011).

4.1.1 O Parasito

Conforme a descrito por de Rey (2008), os agentes etiológicos de

leishmanioses em humanos são protozoários da ordem Kinetoplastida, família

Trypanossomatidae e gênero Leishmania, possuem uma rede de kDNA, flagelados,

aderidos ao corpo celular, são parasitas obrigatórios.

Os parasitos Leishmania (gênero), consiste em zoonoses que

eventulamente infectam os humanos, especialmente em regiõesconstituind tropicais

e subtropicais (regiôes do Velho e Novo Mundo). Em hospedeiros vertebrados, o

parasito ataca o SFM (Sistema Fagocitário Mononuclear). A apresentação das

manifestações clínicas e epidemiológicas são variadas, dependendo da região

geográfica, constituindo entidades nasológicas com características diferenciadas.

(REI; 2008).

27

4.1.2 Morfologia

O gênero Leishmania tem como característica apresentar-se por três formas no

decorrer de seu ciclo vital: promastigota, amastigota e paramastigota, conforme

descrito na literatura. (NEVES,2010).

Em seu ciclo vital, o agente Leishmania, quando se apresenta na forma

amastigota é encontrado no interior de macrófagos, que são células do Sistema

Fagocitário Mononuclear (SMF) dos hospedeiros vertebrados. Os parasitos atuam no

interior dos macrófagos, onde sobrevivem e se multiplicam por divisão binária, embora

a especialidade dessas células, seja de fagocitose e eliminação de agentes estranhos.

A divisão binária se inicia quando o cinetoplasto se duplica, um mantém o flagelo que

remanesceu, enquanto o outro promove a reprodução da estrutura com flagelo,

seguido de divisão nuclear, consequentemente o parasito se fende em direção-

posterior. Quando se apresentam nas formas promastigotas e paramastigotas, os

parasitos são encontrados no tubo digestivo dos flebotomínios, mesmo que estes

estejam livres ou aderidos na camada epitelial intestinal. (NEVES, 2010).

Imagens do parasito Leishmania:

FIGURA 1 – Forma Promastigota

Fonte: FLORENCIO, 2009.

28

FIGURA 2 – Forma Amastigota

Fonte: FLORENCIO, 2009.

As formas amastigotas, no interior dos macrófagos ou livres apresentam-se á

microscopia óptica quando fixadas e coradas Giemsa, Leishman ou pelo PANÓTICO

(métodos derivados do Romanovky), como uma morfologia oval, esférica ou fusiforme.

No citoplasma do macrófago, corado na cor azul claro encontram-se: núcleo

arredondado e grande, sendo ocupado a maior parte do corpo do parasito, cerca de

um terço; e o cinetoplasto em forma de um bastonete, ambos na cor vermelho-

púrpura. Algumas vezes podem ser visualizados vacúolos, outras não. Não há flagelo

livre, e quase sempre não se consegue observar a porção intracitoplasmática. Ao

serem examinadas á microscopia eletrônica de transmissão, as diversas espécies de

Leishmanias apresentam invaginação na membrana, na parte anterior ao parasito,

dando um formato de uma bolsa flagelar, onde está localizado o flagelo, mas este não

se exterioriza do corpo do parasito. (NEVES,2010).

As formas promastigotas, são flageladas, alongadas, e são encontradas no

trato digestório do hospedeiro invertebrado, o mosquito palha. O flagelo, livre e

alongado emerge a partir do corpo do parasito na sua parte anterior; o núcleo oval ou

arredondado, está situado ligeiramente na parte anterior do corpo; o cinetoplasto, com

29

morfologia de bastão, situa-se entre o núcleo e a extremidade anterior. (NEVES,

2010).

4.1.3 Ciclo Biológico e Transmissão

O ciclo do parasito é heteroxênico, em que dois hospedeiros obrigatórios

(mamíferos e insetos) participam, contribuindo para sua evolução e patogenicidades.

Os hospedeiros vertebrados agrupam várias espécies de mamíferos: roedores,

marsupiais, canídeos (raposas e especialmente cães), endentados e primatas, como

exemplo os humanos. Os hospedeiros invertebrados os mais conhecidos são os

dípteros do gênero Lutzomya, o mosquito palha, entretanto, há estudos que sugerem,

que na ausência do vetor, o popularmente conhecido carrapato (Rhipicephalus

sanguineus), pode atuar como um importante vetor biológico do parasita, infectando

principalmente os caninos durante o repasto sanguineo. (NEVES, 2010; CAMPOS;

COSTA, 2014)

Em condições naturais, a transmissão de espécies de Leishmania parasitos

dos humanos ou dos reservatórios, ocorre pela picada de invertebrados hematófagos

flebotomíneos. Esses insetos se infectam em humanos ou nos animais

(especialmente o canino ou raposas que são reservatórios de grande importância),

durante o repasto sanguíneo. As formas amastigotas se alojam no intestino médio,

onde evoluem para as formas promastigotas e se multiplicam por divisão binária.

(MORAES, 2008)

No final do terceiro dia, as formas promastigotas migram para o esôfago e

faringe do inseto, continuando o processo de reprodução, de forma a obstruir o lúmem

desses órgãos, observam-se que a partir do quinto dia poderá ocorrer a infecção no

vertebrado. A infecção no animal receptor do protozoário, ocorre pela picada do

díptero, que inocula por regurgitação as formas promastigotas. A partir da introdução

das formas infectantes no hospedeiro vertebrado humano, ocorre a invasão no

organismo e grande parte desses microrganismos são fagocitados por macrófagos

que são células do SFM. (MORAES, 2008).

No interior de macrófagos, as formas promastigotas evoluem para as formas

amastigotas, proliferam e rompem essas células. Por sua vez, as formas amastigotas

liberadas são capturadas e fagocitadas por outros macrófagos, iniciando o processo

patológico da Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA); ou migram para os órgãos

30

viscerais dando início ao processo patológico de Leishmaniose Visceral Americana

(LVA). Novamente, o inseto faz o repasto sanguíneo, infectando-se com as formas

amastigotas, que irão evoluir em seu trato digestório para as formas promastigotas,

recomeçando o novo ciclo. (MORAES, 2008; NEVES 2010; REY, 2008).

FIGURA 3 – Ciclo Biológico do Parasito

Fonte: CHUQUISENGO, 2008.

4.1.4 Leishmaniose Tegumentar Americana - LTA

Entende-se por Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA), doença que

acomete a pele e mucosas dos humanos e variadas espécies de animais silvestres e

domésticos, caracterizadas por lesões ulcerosas, causadas por variadas espécies de

protozoários da ordem Kinetoplastida, família trypanosomatidae, do gênero

Leishmania. (CIMERMAN, 2005).

A morfologia é idêntica à do parasito de L.chagassi, em seu ciclo evolutivo nos

invertebrados e vertebrados e em cultivo de culturas. O parasito apresenta-se na

derme humana, parasitando as células das mucosas e tegumento cutâneo, como

31

observa-se nas infecções por parasitos L. brasiliensis, que invadem as células das

mucosas da boca, faringe, o nariz e laringe. (MORAES, 2008; HENRY, 2008).

FIGURA 4 – Leishmaniose Lesão em placa com cicatrização acrômica e

bordas escamo-rostosas

FONTE: Centro Rodia de Doenças Tropicais

FIGURA 5 – Leishmaniose cutâneo-mucosa antes do tratamento

FONTE: Centro Rodia de Doenças Tropicais

32

4.1.4.1 Epidemiologia

De acordo com Cimerman (2005), a LTA é observada na maioria os países

americanos, (do sul dos Estados Unidos até o norte da Argentina, exceto Uruguai e

Chile).

É considerada um problema de saúde pública em 88 países, que estão

distribuídos nos quatro continentes: Américas, Europa, África e Ásia, com registro

anual de 1 a 1,5 milhões de casos segundo o MANUAL DE VIGILÂNCIA DA

LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA, (2014) do Ministério da Saúde e

sendo considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a LTA está entre as

seis mais importantes doenças infecciosas, devido ao seu alto coeficiente de

manifestação e alta capacidade de causar deformidades em seres humanos. E ainda

descreve que doença acomete ambos os sexos em todas as faixas etárias, porém,

em média, no Brasil, há predominância dos maiores de 10 anos, o que representa

90% dos casos, sendo o sexo masculino, 74%. Descreve também que o indicador da

densidade de casos da doença (LTA) por Km2, demonstrou-se no período de 2001 a

2003, cerca de 24 circuitos de produção da doença de importância epidemiológica no

Brasil, o que representa 75% (21.537) do total de casos apurados em 2004 (28.569),

com distribuição em 1.926 municípios brasileiros (35%).

No Brasil a doença apresenta amplamente distribuída em todas as regiões

geográficas com registro de 30.000 casos novos anualmente de acordo com o

Ministério da Saúde. (CIMERMAN,2005).

As espécies L. brasiliensis, e o complexo L. mexicana, são as principais

responsáveis pela ocorrência de LTA no continente americano. A LTA está entre as

mais importantes endemias parasitárias, devido sua alta prevalência e grande

incidência de acordo com Organização Mundial de Saúde, constituindo assim, um

grave problema de saúde pública. (CIMERMAN,2005).

4.1.4.2 Diagnóstico

O diagnóstico clínico é simples paras as formas mais comuns de LTA,

principalmente quando o paciente reside em áreas endêmicas ou esteve em contato

em áreas de risco, como florestas de zona de leishmaniose. No entanto o diagnóstico

deve ser confirmado por provas laboratoriais. As lesões ulcerosas cutâneas são

33

localizadas em geral na parte inferior das pernas, são extensas e de limites irregulares,

fétidas e muito supurativas e dolorosas. As lesões verrucosas não devem ser

confundias com outras lesões como as produzidas por: bolba, blastomicose,

esporotricose e outras. (REY, 2008).

4.1.4.2.1 Diagnóstico laboratorial

São três recursos laboratoriais, na prática médica para diagnóstico de LTA, em

qualquer que seja sua classificação ou etiologia. (MORAES, 2008).

4.1.4.2.2 Pesquisa do parasito

A demonstração do parasito é feita por meio de exames direto e indireto. A

demonstração direta do parasito é o procedimento preferido por ser rápido, e de menor

custo e de fácil execução. A probabilidade de encontro do parasito depende do tempo

de evolução da lesão cutânea, podendo ser rara após um ano. Devido a infecção

secundária pode haver diminuição da sensibilidade do método, portanto, deve ser

tratada previamente. Para a pesquisa direta são utilizados os procedimentos de

escarificarão, biópsia com impressão por aposição e punção aspirativa. (MORAES,

2008).

A obtenção do material para análise parasitológica pode ser através de

escarificação, punção aspirativa, biópsia cutânea e técnica de oposição em lâmina

(CIMERMAN, 2005).

Na escarificação usa-se um estilete para raspar a superfície das lesões

fechadas. Para se realizar o raspado, introduz, delicadamente, inclinado sobre a pele,

uma espátula (confeccionada em madeira estéril, com extremidade delgada) sob a

borda da lesão ulcerosa; pode-se usar também, lâmina de bisturi. (CIMERMAN, 2005).

Para se realizar a punção aspirativa, previamente injeta-se solução salina

estéril 3 ml na borda da lesão ulcerosa ou linfonodo, com uma seringa de 5 ml e agulha

25/8. Se for necessário pode-se usar um botão a anestésico de lidocaína a 1% ou 2%.

(CIMERMAN, 2005).

A biópsia cutânea pode ser feita em cunha, utilizando-se um bisturi, ou poderá

também utilizar com um punch com um diâmetro de cerca de 4 a 6 cm, em lesões

mais recentes de preferência, devido serem mais ricas em parasitos. Prepara-se o

34

local, higienizando-se a a pele com água e sabão, fazendo assepsia utilizando álcool

etílico a 70%, e anestesiando a parte afetada com lidocaína de 1% A 2%. Executa-se

o procedimento com pinça de biópsia (do tipo “saca bocado”) nas bordas infiltradas e

eritematosas, em caso de lesões ulcerosas. Logo após a incisão cirúrgica, o corte

tecidual é fragmentado para submeter a fixação com formol neutro a 10% embebido

em parafina; cora-se os fragmentos finos com Giemsa e por técnicas histopatológicas

hematoxilina e eosina (HE). (CIMERMAN, 2005).

Realiza-se a técnica de oposição em lâmina (imprint ou touch preparation)

mediante compressão delicada de corte tecidual, que foi obtido por biópsia, sobre uma

lamina de vidro bem limpa, seca e desengordurada; preferencialmente o fragmento

deve ser imerso em solução salina estéril, embebendo em gaze ou papel filtro o

excesso de líquido e sangue. (CIMERMAN, 2005).

A demonstração do parasito é realizada por pesquisa de formas amastigotas

através da observação ao microscópio ótico, em lâminas secas (secadas à

temperatura ambiente), com fixação em metanol, a coloração deve ser realizada por

Giemsa ou Leishman. As amostras utilizadas para a confecção dos esfregaços podem

ser aquelas obtidas por punção aspirativa, raspado de bordas lesão, escarificação ou

até esmo em preparados por oposição do fragmento em lamina (imprint ou touch

preparation). (CIMERMAN, 2005).

4.1.4.2.3 Isolamento in vitro

O Isolamento in vitro ou meio de cultura é necessário para caracterização

parasitária ou pode ser usado quando a pesquisa do parasito for negativa. Há

dificuldade de obtenção dessas culturas, exceto quando o material semeado for de

nódulos ou gânglios não ulcerados (lesões fechadas). Em lesões ulceradas é difícil o

isolamento do parasito, devido a contaminação bacteriana que diminui o número de

parasito no local lesionado e impede o crescimento do protozoário no meio de cultura.

(MORAES, 2008).

Habitualmente utilizam-se os meios de cultura ágar sangue difásico, tipo NNN

com uma fase sólida e uma líquida como LIT-BHI ou Schneider em geral associados

a aditivos como antibióticos. Os fragmentos de tecidos, antes de serem semeados no

meio de cultura, a epiderme deve ser retirada com auxílio de uma lamina esterilizada,

mantendo-se o material de cultivo em solução salina com antibióticos por 24 horas a

35

temperatura de 4.ºC. A amostra obtida por punção aspirativa deve ser semeada

diretamente no meio de cultura. Realizada a cultura, que deve mantida em

temperatura entre 24ºC e 26ºC, após cinco dias é possível visualizar as formas

promastigotas. (CIMERMAN, 2005).

4.1.4.2.4 Intradermorreação de Montenegro

O teste intradérmico (Intradermoreação de Montenegro), fundamenta-se na

utilização do antígeno preparado previamente com formas promastigotas de cultura

de Leishmania, preferencialmente espécies da localidade, injetando–se por via

intradérmica, cerca de 0,1ml a 0,2 ml. No Brasil é utilizado o antígeno preparado com

Leishmania brasiliensis ou Leishmania amazonenses. (MORAES, 2008).

É possível realizar a leitura após 48 horas de inoculação do antígeno. Em casos

positivos, ocorre o aparecimento de uma pápula eritematosa endurecida que persiste

por 5 dias ou mais. Caso o teste tenha sido realizado no início da infecção, pode

apresentar-se negativo, ou em casos graves com múltiplas lesões, também pode

apresentar-se negativo. Nesses casos, é necessário aguardar alguns dias para a

Intradermorreação de Montenegro (IDRM) apresentar positividade A IDRM, realizado

em casos de formas anérgicas ou difusas será sempre positiva. (MORAES, 2008).

4.1.4.2.5 Reações imunológicas

O método de imunofluorescência indireta (IFI) não é muito utilizado na rotina

laboratorial para diagnóstico de LTA, no entanto, esse teste sorológico é muito seguro

para diagnóstico da LTA, que propicia confiabilidade em cerca de 85%, sendo útil para

o monitoramento e tratamento. Este recurso imunológico provém respostas cruzadas

com Leishmaniose visceral e doença de Chagas, sobre as quais RIFI também são

utilizadas. (MORAES, 2008; CARLI, 2011).

As técnicas de imunufuorescencia indireta (IFI) e imunoenzimático (ELIZA)

podem detectar anticorpos anti-Leishmania. Em paciente de LC podem ser

observados anticorpos da classe IgM (caso com qatro meses de evolução). Os

pacientes de LM e LC que tenham lesões maiores e múltiplas habitualmente

apresentam mais positividade para anticorcorpos IgG. É possivel ocorrer reações falso

negativas para paciente com LTA, como positivas para outras doenças como Chagas

36

e LV em pacientes sadios, possivelmente devido a destruição de parasitos por

antimônios, que resultam na liberação de antígenos parasitários, explicando assim o

aumento da resposta imunecelular no decurso da terapia. (CIMERMAN, 2005).

4.1.4.2.6 Tratamento

Segundo Moraes (2008), os medicamentos que podem ser utilizados para o

tratamento de LTA, são descritos em 3 grupos:

1. Antimoniais;

2. Diamidinas aromáticas;

3. Antibióticos.

As formulações N-metil-glucamina (antimoniato de meglumina), e

estibogluconato de sódio, Anfotericina B, Pentamidicina, as sulfas, pamoato de

cicloguanil, rifampicina são autorizadas para o comércio, recomendadas pela OMS

(Organização Mundial de Saúde). Em casos confirmação diagnóstica, o tratamento

deve ser administrado e supervisionado, preferencialmente em ambiente hospitalar.

(CIMERMAN, 2005).

4.1.5 Leishmaniose Visceral Americana – LVA

A leishmaniose visceral consiste em doença generalizada, crônica que danifica

as vísceras, sendo considerada a forma mais grave de manifestação das

leishmanioses levando á óbito cerca de 90% dos casos (NEVES; 2010).

O agente etiológico da doença em humanos no Brasil em diversos países

hispânicos americanos é Leishmania infantum chagassi, podendo infectar o canino e

duas espécies de raposas (Dusicyon velutus e Cerdocyon thous), considerados

importantes reservatórios do parasito. O transmissor no Brasil é a inseto fêmea da

espécie Lutzomya Longipalpis, o mosquito palha. (MORAES, 2008; NEVES 2010).

4.1.5.1 Epidemiologia

As leishmanioses viscerais apresentam-se nos continentes europeus,

asiáticos, africano e americanos com distinção de tipos devido as variações

ecológicas, geográficas, manifestações cínicas e respostas imunológicas, além das

37

respostas a terapias antimoniais específicas a variados agentes etiológicos. As

leishmanioses variam-se em: calazar indiano, calazar mediterrâneo, calazar

neotropical (ocorre no Brasil e vários países hispânicos americanos, atacando

crianças e adultos) e calazar africano. (MORAES, 2008).

Segundo Neves (2010), a LVA é uma doença que tem maior incidência em

regiões rurais, localizadas em regiões tropicais e subtropicais dos quatro continentes

(asiático, africano, europeu e americano) sendo endêmica em cerca de 62 países.

Estima-se que nessas regiões uma população com aproximadamente 200 milhões

de pessoas estão em grande risco de se infectar, com ocorrência de 500 mil casos

novos por ano. E de ainda de acordo com o autor, a OMS informou que em 2001, a

LVA levou á óbito 59 mil pessoas em todo o planeta.

A LVA pode ser potencialmente fatal, cuja causa é o complexo Leishmania

donovani, representando um grave risco à saúde pública. A LVA é uma doença

endêmica em 88 países tendo cerca de 0,2 a 0,4 milhões de casos novos por ano nos

continentes da Europa, América do Sul, África e Ásia. A transmissão causada por L.

donovani, ocorre no continente indiano e na África Central, e a transmissão zoonótica

causada por L. infantum tem ocorrência nas Américas, bacia do Mediterrâneo, Oriente

Médio e Ásia Central, e algumas regiões da África. Entre os países americanos, o

Brasil ocupa o terceiro lugar na esfera global com maior número de casos LVA.

(CASTRO-JÚNIOR et al, 2014).

4.1.5.2 Diagnóstico

Em geral, o diagnóstico de LVA tem como base os sinais e sintomas clínicos

como febre baixa recorrente, hepatoesplenomegalia; e em dados epidemiológicos, e

na reação imunológica (grande produção de anticorpos). Mas para se obter a

confirmação do diagnóstico é necessário a evidência do parasito por avaliação da

amostra biológica tecidual do paciente. (NEVES, 2010; MORAES, 2008).

4.1.5.2.1. Diagnóstico clínico

Os sinais e sintomas que o paciente apresenta aliados história do local onde

reside em área endêmica é a base para o diagnóstico clínico. Mas é necessária

cautela, atentar para enfermidades com sinais e sintomas muito semelhantes: malária,

38

toxoplasmose, brucelose, esquistossomose e tuberculose, especialmente em áreas

onde há relatos de ocorrência de superposição na distribuição das enfermidades.

(NEVES, 2010).

Nos portadores de HIV, pacientes com AIDS, portadores de enfermidades

malignas, como lúpus eritematoso sistêmico, transplantados de órgãos, que estejam

sendo submetidos ao uso de drogas para evitar rejeição, a sintomatologia de calazar

pode ser influenciada a sofrer modificações, sendo assim suas características ficam

alteradas. (NEVES, 2010).

4.1.5.2.2 Diagnóstico laboratorial

O diagnóstico laboratorial para LVA se baseia em pesquisa do parasito e ao

microscópio diretamente sobre o material colhido dos órgãos infectados e em reações

imunológicas. (CARLI, 2011).

4.1.5.2.3 Pesquisa do parasito

A pesquisa parasitológica é baseada na avaliação direta do parasito em

amostra aspirada da medula óssea, fígado, baço e linfonodo. Esse material aspirado

e preparado, corado com Giemsa ou Panótipo é observado ao microscópio através de

esfregaços em lâmina de vidro, inoculado em hamster ou camundongos (Balb/C) de

laboratório ou em meio de cultura NNN ( Novy, Nicolle e McNeal). A amostra para

pesquisa de parasito também pode ser obtida por biópsia em cortes histológicos de

fragmento de órgãos. (NEVES, 2010; CARLI, 2011).

A demonstração do parasito (isolamento), constitui o diagnóstico mais eficaz

para detectar Leishmania, agente etiológico da doença. Em se tratando de parasitose

do SMF, a pesquisa do agente etiológico deve ser realizada em medula óssea, baço

fígado e linfonodos elevados. A técnica de maior simplicidade, devido ao pequeno

risco e grande possibilidade de êxito, é a punção da medula óssea em adultos

(esternal) e crianças (tibial ou ilíaca) devendo ser a opção de escolha. O material

coletado deve ser distribuído em esfregaços em lâminas, corados com Giemsa ou

Leishman, para análise ao microscópio e pode ser realizada semeadura em cultura

NNN, inoculação em hamster (o dourado de preferência). Deve-se fazer repique em

semeaduras durante cinco a dez dias até o termino de 30 a 40 dias. Os hamsters

39

devem ser monitorados por até um ano, este procedimento é útil para fins

epidemiológicos. (CIMERMAN, 2005).

4.1.5.2.4 Métodos imunológicos

O paciente portador de LVA tem como característica imunológica a produção

de altos níveis de anticorpos, propiciando a aplicação de várias técnicas sorológicas

para realizar o diagnóstico. Uma característica imunológica importante, é a

hipergamaglobulinemia, que decorre do aumento policlonal de linfócito B, cuja

resposta é específica com a produção de imunoglobulinas G (IgM e IgG), também

havendo produção de proteínas não especificadas. Em algumas circunstâncias, o

diagnóstico sorológico pode ser aplicado para monitoramento da resposta terapêutica,

desde que haja uma análise cuidadosa dos resultados. (NEVES,2010).

Os principais métodos imunológicos são: Reação de Imunofluorescência

Indireta (RIFI), Ensaio Imunoenzimático (ELIZA), Reação de Fixação do Complemento

(RFC), Teste Rápido Imunocromatógrafo (TRALD; RICH). (NEVES, 2010).

4.1.5.2.5 Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI)

É um método de fácil execução, de alta sensibilidade para detectar casos de

LVA, usa-se a forma promastigota como antígeno, fixada em lâmina. Esse método

fornece reações cruzadas com outros tripanossomatídeos. Mas em caso de LVA

ocorre uma produção muito superior de títulos de anticorpos. É a prova mais utilizada,

incluindo para avaliação da resposta à terapia. Usa-se a forma promastigota como

antígeno, fixada em lâmina. (NEVES, 2010).

4.1.5.2.6 Ensaio imunoenzimático (ELIZA)

Essa metodologia permite que se realize a realização de grande número de

testes em curto período. Tem alta sensibilidade para detectar a LVA, mas como é

utilizado a antígenos solúveis, lisados da forma promastigota do parasito, ocorre

reações cruzadas com tripanossomatideos diferentes. Para evitar esse problema pode

ser utilizado antígenos purificados e recombinantes. Há desenvolvimentos de outras

40

técnicas para se detectar antígenos circulantes na corrente sanguínea e na urina que

poderá ser muito importante no diagnóstico de LVA. (CARLI, 2011).

4.1.5.2.7 Reação de Fixação do Complemento (RFC)

Essa técnica foi utilizada para detecção de calazar humano e canino, o

antígeno é hierólogo, retirado de extrato alcoólico de Micobacterium (BCG). Em

comparação com outras, essa técnica tem baixa sensibilidade. São encontradas

reações cruzadas em baixíssimos títulos com tuberculose, doença de Chagas, sífilis,

blastomicose, o que vai dar maior especificidade a LVA, já que os títulos de anticorpos

nessa doença são muito superiores. Atualmente, essa técnica quase não é utilizada.

(NEVES, 2010; CARLI, 2011).

4.1.5.2.8 Teste rápido Imunocromatógrafo (TRALD; RICH)

Essa prova é rápida e sensível, baseia-se em imunocromatografia de papel,

faz a fixação no papel do r-K39 (antígeno recombinante). O antígeno r-K39 identifica

anticorpos específicos anti Leishmania do complexo danovani. (NEVES, 2010; CARLI,

2011).

4.1.5.3 Tratamento

Os pacientes instáveis ou em estado grave devem ser internados em um

hospital. Alguns casos podem ser tratados ambulatoriamente. É necessária atenção

ás infecções bacterianas e ao estado nutricional do paciente. Devem observar a

reversão mais rapidamente das curvas térmicas e ponderal, dos parâmetros

hematológicos e da hepatoesplenomegalia e o estado geral do paciente com retorno

do apetite, do que a reversão perfil da eletroforese plasmática. Quando há presença

de eusinofilia indica um bom prognóstico. Pode haver recaída após alguns meses de

tratamento (dentro de 6 meses), especialmente se o paciente for HIV positivo.

CIMERMAN, 2005).

A opção terapêutica de escolha da maioria dos países são: antimoniais

pentavalentes, antimoniato de N- metilglucamina e estibogliconato sódico. No Brasil,

41

Glucantime é a droga que tem distribuição gratuita em postos de saúde.

(NEVES,2010).

4.1.6 Reservatórios de Leishmania

As várias espécies de animais descritas como reservatórios do parasito

Leishmania, são canídeos (como cães e raposas que são reservatórios silvestres

primitivos), roedores (como ratos), marsupiais (como gambás), endentados (como

preguiça, tatu, tamanduá) e primatas (como macaco, homem), os chamados

hospedeiros vertebrados. Os hospedeiros invertebrados são insetos da ordem

díptera, cujo gênero Lutzomyia, popularmente conhecido como mosquito palha.

(CIMERMAN, 2005; NEVES, 2010).

O cão doméstico e o cão errante são importantes reservatórios de leishmaniose

visceral zoonótica, podendo ser um potencial disseminador da doença em humanos

especialmente em áreas urbanas próximas às matas e em zona rural, de acordo com

a curva de correlação de infecção entre humanos e caninos. (CIMERMAN, 2005;

NEVES, 2010; CASTRO-JUNIOR; et al, 2014; SILVA; et al, 2012).

A infecção canina pode apresentar características clínicas distintas podendo

variar de estado sadio a um estágio severo terminal. O canino abriga o parasito na

pele sadia, representando uma fonte de maior risco de infecção para Lu. Longipalps

que o próprio homem. Entretanto, cerca de apenas 40% dos caninos infectados

evidenciam sinais clínicos da doença. O quadro clínico em caninos quando aparente,

é semelhante ao da doença em humanos: palidez de mucosas ou anemia, febre

baixa recorrente, o emagrecimento é progressivo até o estágio de caquexia intensa

no período terminal. As evidencias clínicas incluem alterações de fâneros e cutâneas

(perda de pelos, descamação furfurácea e ulcerações nas extremidades), diarreia,

apatia, hemorragia intestinal, edema, vômitos e paresia do trem posterior. É uma

doença que evolui lentamente, chegando a mais de um ano, ocorrendo um

alongamento demasiado das unhas devido à pouca mobilidade do cão apático. Não

há resposta a terapia com antimonial, apresentando-se como doença de deficiência

imunológica de etiologia parasitária. Devido ao parasitismo intenso durante o longo

período de progressão da doença o cão se torna uma fonte de infecção para o

flebótotomo favorecendo a infecção entre os cães, durante coitos, brigas, e

possivelmente por ingerir carrapatos contaminados pelos cães doentes durante

42

sucção sanguínea. Estudo realizado em Teresina, Piauí, evidenciou a infecção por

Leishmania spp. em Rhipicephalus sanguineus (carrapato) de caninos infectados por

Leishmania infantum.(CIMERMAN, 2005; CAMPOS e COSTA, 2014).

De acordo com Cimerman (2005), entre os cães sorologicamente positivos,

cerca de 40% que apresentaram sintomatologia, monitorados por um ano, entre os

quais 88% evoluíram para o óbito, 8% estabilizaram. Os cães assintomáticos, cerca

de 60%, após um ano de monitoramento, 52% foram curados espontaneamente, com

IF negativa, 12% se mantiveram estáveis, 18% adoeceram e 18% evoluíram para o

óbito.

Os cães domésticos, no Brasil, são considerados o reservatório de maior

importância na epidemiologia, quanto as raposas e os outros animais da selva são

atuantes na transmissão silvestre. Devido a isso, o diagnóstico em cães domésticos e

errantes, nas zonas urbana e rural é um grande passo no controle de LVA. (CASTRO-

JÚNIOR et al, 2014).

4.1.7 Controle

O controle de leishmanioses exige um estudo preliminar de dados

epidemiológicos de cada região, para adotar um planejamento de acordo com cada

ecossistema e disponibilidade de recursos. É necessário a coleta de dados

epidemiológicos através de ações práticas como: identificação de áreas endêmicas;

inquéritos sorológicos caninos para avaliar a prevalência de calazar canino; pesquisa

da fauna de flebotômicos de cada região para evidenciar a presença do vetor;

pesquisa dos reservatórios silvestres do parasito que possam ser encontrados na

área; confecção de mapa da região com identificação geográfica do local onde vai

realizar o trabalho; e finalmente com o levantamento de todos os dados necessários

em mãos, estabelecer o planejamento com objetivos precisos, estratégias a serem

adotadas, metodologias de ação, recursos econômicos, humanos e logísticos. (REY,

2008).

Nas medidas de controle da LVA no país (Brasil) estão inclusos o diagnóstico

e tratamento dos casos em humanos; extermínios químicos do vetor e controle do

reservatório canino através de pesquisas (inquéritos) sorológicos, dados censitários

seguidos de eliminação (eutanásia) dos daqueles cães que apresentarem

soropositivos. Devido a sua grande importância, o controle do reservatório canino é

43

um dos temas mais abordados e ao mesmo tempo controversos sobre sua

contribuição na erradicação de leishmanioses. (JULIÂO et al, 2007).

4.1.8 Profilaxia

A profilaxia é realizada adoção das seguintes medidas: 1- o uso de inseticidas

(piretóides, emulsão ou suspenção aquosa a 3%) para extermínio do vetor, sendo de

grande importância para impedir o aparecimento de casos novos; 2- Aplicar uma

terapia sistemática e precoce nos pacientes atingidos pela doença; 3- eutanásias dos

cães doentes; ou estabelecer tratamento aos animais e sempre que possível

estabelecer a vacinação. (REY, 2008; LARANJEIRA; et al, 2014; FIUZA, 2013).

4.1.9 Vacinas Para leishmaniose Visceral canina

A medida de controle e profilaxia até o momento mais eficaz é eutanásia dos

cães infectados. As vacinas desenvolvidas até o momento não oferecem uma

imunidade duradoura ou permanente, além de ser de auto custo para a saúde pública.

Para ser apto a administração de algumas vacinas, é necessário que cão seja

soronegativo. (CIMERMAN, 2005).

A vacina LdCen cuja imunogenicidade e proteção que foram analisadas pela

síntese de anticorpos, multiplicação e ativação da célula, expressando receptores

TLR, produzindo citocinas no interior do plasma e secreção no sobrenadante,

parasitose em tempo real PCR. A realização da vacinação com LdCen, teve como

resultado a alta imunogenicidade e proteção, demonstrado por uma acentuada

produção de IgG total, IgG1, e IgG2, e elevada linfoproliferação respondendo a

antígenos solúveis. Os cães vacinados com LdCen apresentaram uma grande

frequência de células T CD4+ e CD8+ ativadas, alta produção de IFN-γ e baixa

produção de IL-4 pelas células, elevada secreção de TNF-α e IL-12/IL-23p40 e baixa

secreção de IL-4 no sobrenadante das culturas induzidas. Foi possível verificar uma

elevada evidenciação de receptores TLR2, 4 e 9 por células linfoides T CD4+, grande

expressão de TLR4 por linfócitos T CD8+, e reduzida parasitose nas cobaias (cães)

vacinados. (FIUZA, 2013).

44

A vacina LdCen estimula alta produção de anticorpos, polarizando a resposta

doTh1 inibe a resposta Th2 em cães, modelo de maior relevância para a enfermidade,

devido a importância desse animal como reservatório. Essa vacina é imunogênica e

protetora, não induz a efeitos secundários que permitam o desenvolvimento da

doença. Os dados apesentados demonstram que a vacinação com parasitos LdCen

etimula a produção de anticorpos, multiplicação e ativação de células, expressando

receptores Tol , com produção de citocinas. Evidenciando que essa soma de fatores

facilitou a indução de proteção contra a força de L. infantum. Com base nessas

evidências, essa vacina foi considerada de segurança e imunogênica, estabelecendo

proteção aos cães. (FIUZA, 2013).

A vacina Leishmune é a primeira vacina licenciada para o comércio, cuja

formulação demonstra segurança e imunigicidade alta. O fabricante recomenda três

doses, com intervalo de vinte e um dias e uma dose reforço após um ano, no entanto

a pesquisa demonstrou que devido a efetividade imunológica da vacina em apenas

seis meses. A vacinação com Leishmune® tem a capacidade de estimular alterações

na resposta imune através da interação de imunidades inata e adaptativa, impactando

em propriedades de função de monócitos, composta por mecanismos leishmanicidas

muito potentes, que podem auxiliar na imunidade de proteção contra LVC. Também

indicam que é necessária nova vacinação dos cães em no máximo de doze meses

após a primeira dose da vacina, de acordo com a recomendação do fabricante.

(MOREIRA,2013).

45

5 CONSIDERAÇÔES FINAIS

A leishmaniose é considerada um problema de saúde pública mundial com

grande importância na disseminação e expansão nas regiões tropicais e subtropicais.

O Brasil está entre os três primeiros países em números de casos, de incidência e

prevalência da doença. O cão doméstico tem grande importância como reservatório

de Leishmania, sendo considerado uma fonte de infecção para o vetor e consequente

disseminação da doença. A leishmaniose visceral canina é de grande importância

epidemiológica, pois precede a ocorrência de casos de leishmaniose em humanos.

As medidas de controle e profilaxia são de fundamental importância para

erradicação de leishmanioses, com o tratamento precoce dos casos positivos em

humanos com a finalidade de impedir a evolução da enfermidade, que em muitos

casos de LV, culmina com o óbito do paciente. Em casos de LTA, reverter o quadro

antes que ocorra deformidade irreversível. A profilaxia precedida de inquérito

sorológico canino é de grande valia para tomada de medidas de tratamento ou

eliminação dos caninos soropositivos.

Devido à gravidade da doença, em muitos casos chegando a ser letal, as

populações urbanas e rurais devem ser sensibilizadas quanto a medidas símples de

controle que podem ser tomadas para impedir a infecção e, portanto, disseminação

de Leishmanioses. Entre essas medidas simples incluem uso de inseticidas para

erradicação do vetor, avaliação sorológica dos cães domésticos e também aqueles

abandonados, mesmo que se apresentam assintomáticos, avaliação sorológica de

pacientes suspeitos e em caso de positividade tratamento imediato para evitar a

evolução da doença.

As vacinas disponíveis contra LVC, até o momento ainda só proporcionam

imunidade por algum tempo (no máximo um ano). As evidências demonstram que a

medida mais eficaz de profilaxia atualmente, em caso de LVC, ainda é a eliminação

dos cães, devido aos altos custos de tratamento e de vacinação, além disso, as

vacinas disponíveis até o momento, não têm eficácia duradoura, constituindo assim

impedimento para a saúde pública.

46

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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leishmaniose visceral canina na região metropolitana de Vitória, Estado do

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t=sci_arttext&pid=S0037-86822012000600019&lng=en&nrm=iso&tlng=en >. Acesso

em 24 de jan.2015.

49

APENDICE

FICHAMENTO PARA COLETA DE DADOS

Tema central:

Título do artigo:

Autor (es):

Ano de publicação:

Resumo:

50

Tema central: Fatores associados à infecção por Leishmania chagasi em

cães domiciliados de Teresina, Estado do Piauí, Brasil

Título do artigo: Fatores associados à infecção por Leishmania chagasi em

cães domiciliados de Teresina, Estado do Piauí, Brasil

Autor (es): SILVA, João Pereira da; et al

Ano de publicação: 2012

Resumo: O agente etiológico no Brasil da leishmaniose visceral é o

protozoário Leishmania infantum chagasi. O cão, por ser um animal doméstico

mais próximo ao homem pode ser um importante indicador da ocorrência da

doença em humanos, quando apresentarem a infecção por Leishmaia. Esses

animais são mais suscetíveis a serem reservatórios de Leishmania, nas

cidades. Nesse estudo, os testes de soro dos cães foram analisados com dois

antígenos distintos ( Ag-AMA e Ag-PRO), por reação de imunofluorescência

indireta (RIFI) e através da reação em cadeia da polimerase (PCR). Foi

utilizada amostra sorológica de cães adultos de ambos os sexos e variadas

raças, divididos em dois grupos cães domiciliados e cães errantes que foram

capturados por agentes de zoonose. Este estudo evidenciou que Belém não

foi considerada área não endêmica para leishmaniose visceral canina até

aquele momento e que o tipo de antígeno interfere no resultado da RIFI para

a avaliação de anticorpos anti-L. infantum chagasi nos caninos, quando a RIFI

que aborda formas promastigotas de Leishmania major-like como antígeno é

necessária cautela quando utilizada como diagnóstico confirmatório em

pesquisa epidemiológica nas localidades não endêmicas para LVC.

51

Tema central: Aspectos epidemiológicos da leishmaniose visceral humana e

canina em Montes Claros, Estado de Minas Gerais, Brasil, entre 2007 e 2009

Título do artigo: Aspectos epidemiológicos da leishmaniose visceral humana

e canina em Montes Claros, Estado de Minas Gerais, Brasil, entre 2007 e

2009

Autor (es): PRADO, Patrícia Fernandes do; et al

Ano de publicação: 2011

Resumo: As pesquisas evidenciam que leishmaniose visceral (LV) é uma

zoonose que está expandindo no Brasil e urbanizando em várias regiões do

país. Este estudo teve como objetivo evidenciar as características

epidemiológicas da doença em humanos e caninos no município de Montes

Claros/MG. Foram coletados dados sobre casos humanos e cães reativos para

VL 2.007-2.009 obtidos a partir o Sistema de Informação para a Notificação de

Doenças (SINAN) e de relatórios do local, Centro de Controle de Zoonoses

(CCZ), respectivamente. Os endereços dos casos humanos e caninos foram

localizadas em mapas temáticos, o que permitiu a sua visualização espacial,

além da identificação das áreas de risco de transmissão VL. Cerca de noventa

e cinco casos de LV humana foram evidenciados no período mencionado.

Quanto a faixa etária de 0-9 anos de idade (48,4%) foi o mais afetado, sendo

que entre estes, a maioria foi composta por pacientes do sexo masculino

(64%). Entre as amostras coletadas para o inquérito sorológico canino, 2.919

(6,3%) foram reagentes ao VL. A localização espacial desses casos mostra

que a doença se disseminou na área urbana do município. As áreas que

evidenciaram um risco maior aparição concentraram-se nas regiões central,

noroeste e sul da cidade. A Identificação das áreas de maior risco na área

urbana de Montes Claros contribuiu para orientar ações para a vigilância

epidemiológica na localidade e controle.

52

Tema central Primeira descrição de autóctone de leishmaniose visceral

canina na região metropolitana de Vitória, Estado do Espírito Santo, Brasil

Título do artigo: Primeira descrição de autóctone de leishmaniose visceral

canina na região metropolitana de Vitória, Estado do Espírito Santo, Brasil

Ano de publicação: 2012

Resumo: Os pesquisadores fizeram uma investigação sobre canino autóctone de

leishmaniose visceral (LVC), na região metropolitana de Vitória (MRV), uma

localidade em que um caso humano havia sido relatado anteriormente. A

metodologia utilizada foi a realização de testes sorológicos, parasitológicos, e

moleculares em 201 cães. Os resultados: Vinte -Seis (13%) e 12 (6%) cães

foram identificados como positivos, utilizando o ensaio in-house

imunossorvente ligado a enzima (ELISA) e testes de rK39, respectivamente.

Dois cães tinham uma cultura positiva para Leishmania chagasi, e 4 foram

reação em cadeia da polimerase (PCR) -positivo para Leishmania spp.

Importante ressaltar que um cão positivo pertencia ao paciente citado acima.

Concluiu-se que vetor responsável não foi encontrado, nossos resultados

fornecem evidências de autóctone CVL na MRV, uma área não endêmica para

LV.

53

Tema central: Primeira descrição de autóctone de leishmaniose visceral

canina na região metropolitana de Vitória, Estado do Espírito Santo, Brasil

Título do artigo: Primeira descrição de autóctone de leishmaniose visceral

canina na região metropolitana de Vitória, Estado do Espírito Santo, Brasil

Autor (es): TONINI, Marco André Loureiro; et al

Ano de publicação: 2012

Resumo: Os pesquisadores fizeram uma investigação sobre canino autóctone de

leishmaniose visceral (LVC), na região metropolitana de Vitória (MRV), uma

localidade em que um caso humano havia sido relatado anteriormente. A

metodologia utilizada foi a realização de testes sorológicos, parasitológicos, e

moleculares em 201 cães. Os resultados: Vinte -Seis (13%) e 12 (6%) cães

foram identificados como positivos, utilizando o ensaio in-house

imunossorvente ligado a enzima (ELISA) e testes de rK39, respectivamente.

Dois cães tinham uma cultura positiva para Leishmania chagasi , e 4 foram

reação em cadeia da polimerase (PCR) -positivo para Leishmania spp.

Importante ressaltar que um cão positivo pertencia ao paciente citado acima.

Concluiu-se que vetor responsável não foi encontrado, nossos resultados

fornecem evidências de autóctone CVL na MRV, uma área não endêmica para

LV.

54

Tema central: Participação de carrapatos no ciclo infeccioso de

Leishmaniose Visceral Canina, em Teresina, Piauí, BRASIL

Título do artigo: Participação de carrapatos no ciclo infeccioso DE

Leishmaniose Visceral Canina, em Teresina, Piauí, BRASIL

Autor (es): CAMPOS, Henrique Furtado; COSTA, Francisco Assis Lima

Ano de publicação: 2014

Resumo: Foi detectado, nesse estudo: Leishmania spp. infecção em R. sanguineus

coletados de cães, naturalmente infectados com L. (L.) infantum. Fizeram exames em

35 cães de ambos os sexos e idades desconhecidas. Nos animais infectados foi

apresentada sorologia positiva para o teste de imunofluorescência (IFAT), ligada ao

ensaio imunoenzimático (ELISA) e Test-DPP (Platform Path Dual) rápida, e também

para o exame parasitológico de biópsia de pele positivo ou aspiração da medula óssea

esternal. Os dez cães negativos foram usados como controle. Os carrapatos que

infestavam estes cães foram coletados em piscinas de 10 fêmeas adultas por animal.

A realização da PCR foi feita com os iniciadores específicos para Leishmania spp.,

com amplificação de um fragmento de 720-pb. Em 35 amostras analisadas, um

produto foi demonstrado em oito amostras (8/35; 22,9%). Ficou evidente que a

presença de DNA do parasita sugere que os carrapatos têm sua parcela no ciclo de

zoonose da leishmaniose visceral canina, no município de Teresina, Piauí.

55

Tema central: Estado Sorológico e de Infecção canina em área endêmica

de leishmaniose visceral

Título do artigo: Estado Sorológico e de Infecção canina em área endêmica

de leishmaniose visceral

Autor (es): LARANJEIRA, Daniela Farias, et al

Ano de publicação: 2014

Resumo: Foi realizada uma investigação o estado sorológico de cães, em

área endêmica de leishmaniose visceral e a sua correlação com a Infecção

parasitológica dos animais. A reação humoral canina foi avaliada no soro de

134 cães pelo Método ELISA e imuno-histoquímica, para parasitos. Foram

investigados os anticorpos específicos IgG, IgG1, IgG2 e IgE. A sorologia dos

cães, como determinado por qualquer classe ou subclasse de anticorpos, não

determinou com clareza cães infectados com L. (L.) infantum chagasi de

animais não infectados. O resultado sorológico impreciso pode prejudicar não

só o diagnóstico, mas também investigações epidemiológicas e estratégias

para o controle da leishmaniose visceral. Esta demonstração sorológica

complexa que ocorre em uma área endêmica de leishmaniose visceral,

evidencia os desafios associado com o diagnóstico canino, apontando as

dificuldades vivenciadas pelos médicos veterinários e coordenadores dos

programas de controle

56

Tema central: Investigação de áreas de risco como metodologia

complementar ao controle da leishmaniose visceral canina

Título do artigo: Investigação de áreas de risco como metodologia

complementar ao controle da leishmaniose visceral canina

Autor (es): JULIÃO Fred S.; et al

Ano de publicação: 2007

Resumo: No Estado da Bahia, no município de Camaçari. foram investigadas

áreas de risco de leishmaniose visceral canina. Um somatório de 278 cães

com distribuição em 141 residências, pertencentes a 20 áreas de risco

selecionadas, foi examinado sorologicamente através de ELISA. A

soroprevalência em geral foi 21,7% (56/258) após a exclusão dos 20 cães

usados inicialmente no estudo para delimitar a área. Foram abordados os

respectivos resultados das análises em diversos aspectos dos fatores

associados à infecção do cão por Leishmania chagasi, a captura e localização

do vetor e o método usado para identificar os focos caninos.

57

Tema central: Evidência de infecção por Leishmania (Leishmania) infantum

em cães de Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil, detectada pelo teste

imunocromatográfico rápido DPP e PCR

Título do artigo: Evidência de infecção por Leishmania (Leishmania)

infantum em cães de Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil, detectada pelo teste

imunocromatográfico rápido DPP e PCR

Autor (es): CASTRO-JUNIOR, josé Geraldo; et al

Ano de publicação: 2014

Resumo: Os cães domésticos em nosso país, são considerados como

importantes reservatórios da leishmaniose visceral de zoonose, devido à

evidente correlação positiva que existe entre as curvas de infecção humana e

canina. O estudo deste tema teve como objetivo a realização de um inquérito

sorológico da leishmaniose visceral canina (LVC) em cães de um canil público

de Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil. Foi realizado o teste rápido

imunocromatográfico TR DPP. A PCR em tempo real foi usada para confirmar

a infecção por L. infantum somente nos animais DPP positivos. Foram

estudados 400 cães, a maioria não apresentou sintomas para a LVC (p < 0,05)

e quinze (3,8%) foram sororreativos ao DPP. Estatisticamente, não ocorreu

diferença significativa entre os cães com DPP positivo e os sinais clínicos para

a doença (p > 0,05). A PCR em tempo real confirmou a infecção por L. infantum

em nove (75,0%) dos doze animais DPP positivos que permaneceram vivos

durante o estudo. Foi o primeiro estudo soroepidemiológico sobre LVC

realizado no município de Juiz de Fora, e os resultados evidencia que esta

doença está em processo de expansão e urbanização no Brasil.

58

Tema central: Características epidemiológicas da leishmaniose tegumentar

americana em uma região endêmica do estado da Bahia; leishmaniose

canina

Título do artigo: Características epidemiológicas da leishmaniose

tegumentar americana em uma região endêmica do estado da Bahia;

leishmaniose canina

Autor (es): BARRETO, A.C

Ano de publicação: 1984

Resumo: Foi realizado um inquérito em cães na região de Três Braços, Bahia,

evidenciou que 3,0% de 98 animais tinham amastigotas em lesões de pele.

Os parasitos não foram encontrados em pele normal da orelha. A amostra

selecionada de 13 cães, portadores de lesão cutânea ativa, 69,2% deles

estavam comprovadamente infectados. As amostras de lesão produziram

infecção em hamsters foram sete. O estudo de crescimento em meio de

cultura, evolução da lesão em hamster e desenvolvimento no tubo digestivo

de Lutzomyia longipalpis, apresentou o parasito como pertencente ao

complexo L. braziliensis. A caracterização bioquímica, ou seja, mobilidade

eletroforética de enzimas em placas de acetato de celulose, e o estudo

imunotaxonômico que é anticorpos monoclonais, identificaram as amostras

como L. braziliensis braziliensis. Foi observado que o cão como um possível

reservatório de L. b. braziliensis na região de Três Braços naquela ocasião.

59

Tema central: Investigação sorológica em cães de área endêmica de

leishmaniose tegumentar, no Estado do Paraná, Sul do Brasil

Título do artigo: Investigação sorológica em cães de área endêmica de

leishmaniose tegumentar, no Estado do Paraná, Sul do Brasil

Autor (es): SILVEIRA, Thaís Gomes V.; et al

Ano de publicação: 1996

Resumo: Há uma crescente notificação de leishmaniose tegumentar no Estado

do Paraná que requer a pesquisas em busca de explicações para o

esclarecimento da idemiologia de Leishmaniose tegumentar e assim, adotar

medidas de controle. Um inquérito sorológico foi realizado para investigar

leishmaniose tegumentar em cães de seis propriedades agrícolas da

Companhia Melhoramentos Norte do Paraná, situadas nos municípios de

Jussara e Terra Boa, no Noroeste do Estado do Paraná. A investigação em

132 cães, dos quais 24 (18,2%) apresentaram títulos significativos de

anticorpos através da técnica de Imunofluorescência Indireta (IFI). De seis

cães apresentando lesões foram feitas lâminas de esfregaço por aposição,

que se apresentaram negativas para Leishmania sp, quando avaliadas á

microscopia direta.

60

Tema central: Parasitologia

Título do livro: Parasitologia

Autor (es): REY, Luiz

Ano de publicação: 2008

Resumo: Os parasitos, agentes etiológicos de leishmaniose, do gênero

Leishmania, são de zoonoses que eventualmente infectam a espécie humana,

especialmente nas regiões tropicais e subtropicais do Velho e Novo Mundo.

As leishmanioses são doenças do sistema fagocitário mononuclear. Essas

doenças apresentam características clínicas e epidemiológicas variadas,

dependendo da região geográfica, por isso deve-se considera-las entidades

nasológicas de caracteres distintos: leishmaniose cutânea - lesões cutâneas;

leishmaniose muco-cutânea – lesões destrutivas na mucosa do nariz, boca

e faringe; leishmaniose cutâneo-difusa - formas disseminadas

apresentadas em indivíduos anérgicos ou indivíduos que foi tratado de calaza;

leishmaniose visceral ou calazr – formas viscerais com tropismo do parasito

no STM do baço, fígado medula óssea e tecidos linfoides. Considerada de

maior gravidade, se não tratada, a leishmaniose visceral pode levar a óbito,

cerca de 90% dos pacientes. As leishmanioses constituem um problema de

saúde pública nas regiões endêmicas.

61

Tema central: Parasitologia e Micologia Humana

Título do livro: Parasitologia e Micologia Humana

Autor (es): MORAES, Ruy Gomes; et al

Ano de publicação: 2008

Resumo: A forma evolutiva de Tripanossomídeos do gênero leshmanias, são

promastigotas, coanomastigas, epimastigotas, tripomastigota,e

opistomastigota. A forma evolutiva amastigota é encontrada em vertebrados,

habitualmente no interior das células do sistema monolítico fagocitário, se

multiplicando no seu citoplasma, acumulando em número variável. O estudo

do parasito pode ser em esfregaços corados com Giensa ou cortes

histológicos corados pela dupla hematoxilina eosina ou outros métodos de

coloração histológica. A forma evolutiva promastigota é encontrada no trato

digestório dos vetores naturais da espécie Leishmania, os dípteros

hematófagos flebotomíneos. As formas amastigotas, advindas dos

vertebrados, evoluem para formas promastigotas e multiplicando por divisão

binaria longitudinal. Depois invadem estômago e faringe obstruindo total ou

parcialmente. Podem estar fixadas na parede do trato digestório ou livres em

seu lúmem. A transmissão do parasito ocorre pela picada do inseto infectando

o homem ou outros animais durante o repasto sanguíneo.

62

Tema central: Parasitologia Humana

Título do livro: Parasitologia Humana

Autor (es): NEVES, David Pereira; et al

Ano de publicação: 2010

Resumo: A leishmaniose tegumentar americana constitui uma doença de

caráter zoonótico, acomete o homem e outras espécies de animais silvestres

e domésticos podendo se manifestar em variadas formas clínicas. É uma

doença polimórfica e espectral da pele e das mucosas. Seu agente etiológico

é parasito do gênero Leishmania Ross, protozoário digenético, cujo ciclo

biológico é realizado em dois hospedeiros obrigatórios o vertebrado e o

invertebrado. O diagnóstico clínico de LTA pode basear na característica da

lesão associada a anamese, onde dados epidemiológicos são muito

importantes. O diagnóstico laboratorial pode ser feito em exames de

esfregaços corados, exames histopatológicos, cultura e inoculação em

animais. A leishmaniose visceral americana é uma enfermidade infecciosa

generalizada, crônica, cujas características são febre irregular e de longa

duração, hepatoesplenomegalia, linfadenopatia, anemia com leucopenia,

hpergamaglobulenemia e hipoalbuminemia, emagrecimento, edema e

debilidade progressiva que leva a caquexia e finalmente á óbito, se o paciente

não for tratado. O agente etiológico do complexo donovani são três espécies:

leishmaniose donovani, leishmaniose infantum, leishmaniose chgasi. O

diagnóstico clínico pode ser baseado na sintomatologia como febre baixa e

recorrente, esplenomegalia e caquexia combinada com anamnese. O

diagnóstico laboratorial pode ser feito por pesquisa do parasito com material

obtido de punção da medula óssea, fígado e baço através de esfregaço corado

pelo Giemsa, semeadura em meio de cultura NNN ou inoculação em hamster.

63

Tema Central: Parasitologia Humana e Seus fundamentos

Título do livro: Parasitologia Humana e Seus Fundamentos Gerais

Autores: Benjamin Cimerman; Sérgio Cimerman

Ano de publicação: 2005

Resumo: A predominância do parasitismo pode ter a consequência o

desenvolvimento de patologias e sintomatologia que podem ser letais. Na maioria das

vezes há ocorrência de equilíbrio de forças entre hospedeiro e parasito, um permitindo

a sobrevivência do outro (portador assintomático). As leishmanioses são

evidenciadas e conhecidas mesmo antes do início do século 20, como enfermidades

da derme, muito parecidas, com apresentação clínica de lesões cutâneas na maioria

das vezes ulcerosas e algumas vezes afetava a mucosa oronasal. Em caso de LTA,

a doença tem como característica o parasitismo de células (monócitos, macrófagos,

histiócitos) do Sistema Fagocitário Mononuclear (SFM), da derme e mucosas do

hospedeiro vertebrado. A leishmaniose visceral (LVA) caracteriza-se por ser uma

infecção generalizada do SFM, por Leishmania chagassi, protozoário que pertence ao

complexo L. donovani . Apresenta elevado tropismo nas vísceras, cujo vetor e

transmissor através da picada é o flebotomínio. e variadas espécies. No passado a

LV era confundida com outras enfermidades endêmicas, devido a sua evidencia

clínica ser semelhante como a malária.

64

Tema central: Uso de Leishmania donovani geneticamente modificada (LdCen)

como modelo de vacina protetora contra a leishmaniose visceral canina .

Título do livro: Uso de Leishmania donovani geneticamente modificada (LdCen)

como modelo de vacina protetora contra a leishmaniose visceral canina

Autores: Fiuza, Jacqueline Araújo.

Ano de publicação: 2013

Resumo: A leishmaniose visceral zoonótica é uma zoonose, cuja etiologia é o

parasito intracelular Leishmania infantum, é uma patologia tropical quando

negligenciada pode ser letal, se não for tratada. Os cães são os importantes

reservatórios domésticos de L. infantum na LV, devido a presença de cães infectados

pode colocar o risco de infecção em humanos. A leishmaniose visceral canina (LVC)

é considerado um grande problema veterinário e de saúde pública na Europa (sul),

no Oriente Médio e na América do Sul. Faz-se o controle desses reservatórios

animais por meio do extermínio de cães soropositivos em áreas consideradas

endêmicas. No entanto, o tratamento de caninos infectados não se indicado no Brasil,

devido esse método pode induzir a seleção de parasitos resistentes, já que mesma

terapia é administrada em humanos infectados. Portanto, as vacinas contra a LVC

pode ser do a melhor opção no controle de parasitos. Nesse artigo, é apresentado

dados de perfil imune e protetor advindo pelo uso de parasitos vivos modificados

geneticamente (LdCen) em cobaia canina, em comparação com Leishmune®, a

primeira vacina disponível para comércio. A imunogenicidade e proteção que foram

analisadas pela síntese de anticorpos, multiplicação e ativação da célula,

expressando receptores TLR, produzindo citocinas no interior do plasma e secreção

no sobrenadante, parasitose em tempo real PCR. A realização da vacinação com

LdCen, teve como resultado a alta imunogenicidade e proteção, demonstrado por

uma acentuada produção de IgG total, IgG1, e IgG2, e elevada linfoproliferação

respondendo a antígenos solúveis. Os cães vacinados com LdCen apresentaram

uma grande frequência de células T CD4+ e CD8+ ativadas, alta produção de IFN-γ

e baixa produção de IL-4 pelas células, elevada secreção de TNF-α e IL-12/IL-23p40

e baixa secreção de IL-4 no sobrenadante das culturas induzidas. Foi possível

verificar uma elevada evidenciação de receptores TLR2, 4 e 9 por células linfoides T

CD4+, grande expressão de TLR4 por linfócitos T CD8+, e reduzida parasitose nas

cobaias (cães) vacinados.

65

Tema central: Duração da imunidade vacinal na Leishmaniose visceral canina:

Perfil fenotípico e funcional da atividade fagocítica anti-Leishmania chagasi

Título do livro: Duração da imunidade vacinal na Leishmaniose visceral canina:

Perfil fenotípico e funcional da atividade fagocítica anti-Leishmania chagasi

Autores: Moreira, Marcela de Lima

Ano de publicação: 2013

Resumo: A eliminação de cães soropositivos é indicada no Brasil como medida de

controle da doença, mas a eficácia desta medida é por muitas vezes contestada.

Portanto, a vacinação efetiva contra leishmaniose visceral canina (LVC) pode vir a

ser a uma boa alternativa de controle, com capacidade de redução do número de

cães infectados e por consequência a disseminação de parasitos, diminuindo o

número de casos da doença. Leishmune® é a primeira vacina licenciada contra a

LVC a disposição no mercado do Brasil. É uma vacina de segunda geração com

consttuição da fração fucose manose ligante (FML) de Leishmania donovani, e de

saponina. A sua formulação evidenciou segurança e elevada imunogenicidade para

caninos, embora tenha estudos insuficientes sobre o tempo de duração da

imunidade atualmente. Sendo assim, ol objetivo desta pesquisa foi averiguar, no

período de seis e doze meses após a administração da vacina com a Leishmune®,

modificações de certos eventos imunológicos associados a proteção imune tais

como: atividade fagocitária, sintetização de óxido nítrico, aspectos fenotípicos e

funcionalidade em células hematológicas periféricas dos cães. Os dados

evidenciaram que Leishmune® teve a capacidade de estimular aumento da

atividade fagocitária em monócitos, e que esta elevação demonstrou uma relação

com a expressão de óxido nítrico, chegando ao máximo de atividade de função seis

meses após administrada a vacinação. Houve também aumento da capacidade

fagocitária dos neutrófilos. A procura de fatores que poderiam estar ajudando a

elevação da atividade fagocitária estimulado pela imunização, evidenciou que os

cães vacinados demonstraram elevação dos níveis de IgG anti-promastigotas de

Leishmania chagasi em seis meses após a vacinação, elevação da expressão de

receptor de FC (CD32) por células (monócitos).