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1 INTRODUÇÃO
O pelo é um anexo da pele (FIG. 1), oriundo da unidade pilos sebácea, com
funções de proteção, isolamento, sensação, limpeza e até de comunicação. O
folículo piloso é composto de uma coluna sólida de células que prolifera a partir das
camadas basais da epiderme e faz proeminência para dentro da derme. À medida
que a coluna se alonga, encontra um aglomerado de células mesodérmicas, a papila
dérmica, a qual circunda por sua extremidade inferior, o bulbo. A coluna sólida
adiantese torna-se oca para criar um canal piloso. A matriz, conjunto de células
epiteliais, é responsável pela produção e pelo crescimento do pelo e está localizada
na junção do bulbo. O modelo de diferenciação do folículo piloso é conceituado
como importante no controle do crescimento folicular. É ela que vai influir todos os
outros aspectos do crescimento folicular: o ciclo, o tamanho, o encaracolamento, a
cor e a sensibilidade androgênica. (FELDNER JR et al., 2006).
Figura 1 – O pelo
Fonte: FELDNER JR et al., 2006
Os pelos apresentam hastes flexíveis, com forma filamentosa, formada por
células corneificadas; distribuem-se com características próprias, individuais, sexuais
e raciais na grande parte da superfície corpórea, desse modo há: cabelos,
supercílios, cílios, vibrissas, bigode, barba, etc. Cada pelo apresenta uma raiz,
localizada no folículo piloso e uma haste livre. Anexos a cada pelo existem uma
glândula sebácea e um músculo eretor ou horrilador. (MALTESE, 2011).
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A unidade polissebácea pode ser classificada em pelo veloso, fino, pequeno,
macio e não-pigmentado, predominando na infância e pelo terminal: grosso, longo e
pigmentado, também nomeado de pelo sexual. A transformação do pelo veloso em
terminal é um processo dependente de androgênio. A sensibilidade a esta
transformação origina de características genéticas e raciais e das regiões
acometidas. As áreas mais sensíveis do corpo são a axilar e a pubiana, seguidas,
em ordem, pelas labiais superiores, abdominal inferior, maxilar, torácica e lombar. O
hirsutismo refere-se à transformação do pelo veloso em pelo terminal com
constituição masculina. (CARDOSO; BORDALLO; AWAD, 2005).
O hirsutismo é definido, portanto como a presença de pelos terminais na
mulher, em áreas anatômicas características de distribuição masculina. Pode ser
manifestado como queixa isolada ou se acompanhar de outros sinais de
hiperandrogenismo (englobam doenças que se manifestam através de um aumento
da atividade biológica dos andrógenos como acne, seborreia e alopecia), virilização
(hipertrofia do clitóris, aumento da massa muscular e modificação do tom de voz),
distúrbios menstruais e/ou infertilidade ou ainda alterações metabólicas. A
intensidade e extensão dessas manifestações clínicas dependem de vários fatores.
(YARAK et al., 2005; MARCONDES, 2006; SPRITZER, 2009).
Dependendo do critério utilizado, o hirsutismo pode afetar de 5 a 15 % das
mulheres. Além de constituir em um problema estético, o aparecimento ou
desenvolvimento de pelos em regiões como os lábios, mento, braços, pernas, dorso
ou tórax, pode também indicar a existência de variados distúrbios médicos, incluindo
a síndrome dos ovários policísticos, síndrome de Cushing, ou câncer de ovários ou
adrenais. (FLORES et al., 2013).
A diferenciação entre hipertricose é importante, pois decorrem de etiologias
diferentes e o manejo clínico será também diferenciado. A hipertricose é a
transformação de pelos velosos de textura fina e distúrbio em todo o corpo em pelos
terminais, não é causada por aumento na produção de androgênios, podendo ser
congênita ou adquirida. Os pelos geralmente estão distribuídos em áreas não
sexuais, como a região lombar e os braços. A hipertricose generalizada pode ocorrer
na anorexia nervosa, no hipotireoidismo, na porfíria, em certas doenças do sistema
nervoso e com o uso drogas (fenobarbital). (CARDOSO; BORDALLO; AWAD, 2005).
Vale ratificar que o hirsutismo decorre de ação dos andrógenos circulantes
sobre a pele. Esta ação ocorre devido à presença e atividade de enzimas capazes
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de disponibilizar ou não metabólitos androgênicos mais ativos no interior do folículo
pilo-sebáceo. Para diferenciar hisurtismo de hipertricose, na mulher, é necessário
determinar o tipo de pelo em excesso e sua distribuição. (SPRITZER, 2006; MOURA
et al., 2011).
Com base na fisiopatologia, o hirsutismo pode estar associado a uma ou mais
das seguintes condições: excesso de androgênios produzidos pelos ovários e/ou
adrenais, aumento na sensibilidade cutânea aos androgênios circulantes e outras
situações que envolvam alterações secundárias no transporte e/ou metabolismo de
androgênios. No primeiro caso, estão agrupados a síndrome dos ovários policísticos
(SOP), hiperplasia adrenal congênita forma não clássica (HAC-NC) de início tardio, a
síndrome de Cushing e os tumores produtores de androgênios ovarianos ou
adrenais. O segundo grupo corresponde ao hirsutismo dito “idiopático”, sem causa
aparente, caracterizado por hirsutismo isolado, na presença de ciclos menstruais
regulares e ovulatórios e androgênios normais. No terceiro grupo, outras situações
como doença da tireoide, hiperprolactinemia e uso de drogas (fenotiazinas, danzol,
metirapona, ciclosporina, ácido valpróico, entre outras) podem levar
secundariamente a um quadro de hisurtismo. (SPRITZER, 2009).
O diagnóstico se baseia em identificar a fonte de produção do excesso de
androgênios. Além disso, é fundamental a correlação entre níveis circulantes de
androgênios e graus crescentes de virilização. Esta correlação é considerada uma
dosagem biológica. (MACHADO, 2006).
A análise deve ser feita segundo a avaliação adequada de anamnese, exame
físico e quando considerado necessário realizar avaliação laboratorial para
confirmação, ou seja, dosagem hormonal. (PORTO et al., 2007).
O tratamento tem como objetivo, diminuir a oferta de androgênios ao folículo
piloso bloqueando a sua produção ou diminuição da fração livre, impedir a ação dos
androgênios no folículo piloso competindo com o receptor e inibir a enzima
conversora. Podem-se usar ainda os sensibilizadores dos receptores de insulina,
como a metformina e a rozigutazona. Deve-se lembrar de que a resposta ao
tratamento é lenta, pois obedece ao ciclo de crescimento (anágena), de involução
(catágena) e de repouso (telógena). Esse ciclo tem duração média de 6 meses.
Além disso, o tratamento é considerado tempo-dependente, ou seja, quanto maior a
sua duração melhores os resultados. (FELDNER JR et al., 2006).
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Qualquer que seja o medicamento, devemos prevenir a paciente de que os
efeitos não são espetaculares, nem surgirão imediatamente. Devemos também
deixar claro que os efeitos sobre a oleosidade cutânea e a acne são mais precoces
(dois a três meses) e que somente serão percebidos sobre os pelos após quatro a
seis meses ou mais. Isto se deve ao ciclo de crescimento dos pelos, que ocorre
durante aproximadamente seis meses. A seguir, entram na fase de involução e
quiescente. (MACHADO, 2006).
1.1 Justificativa
O hirsutismo é um problema comum e que afeta negativamente a qualidade
de vida das mulheres. Apesar de não apresentar por si mesmo um risco à saúde,
pode estar associado a um amplo espectro de patologias endocrinológicas e até
neoplásicas que merecem atenção especial. Na escolha de qualquer terapia,
devemos prevenir a paciente de que os resultados do tratamento do hisurtismo não
são imediatos, levando mais de seis meses para serem observados, entretanto, os
efeitos sobre a oleosidade cutânea e a acne poderão ocorrer de forma mais precoce
entre dois e três meses do início de terapia. (FLORES et al., 2013).
Sabe-se que há uma enorme demanda por procedimentos que objetivam a
melhora da aparência física e da estética, visto que as questões visuais nos padrões
atuais influenciam na autoestima feminina. A importância deste trabalho, portanto
atribui-se à necessidade de compreender e orientar a população jovem de escolas
estaduais da cidade de Unaí – MG, bem como a adequação da avaliação clínica e
complementar para que se permita o diagnóstico etiológico para a maioria dos casos
de hirsutismo. Além disso, minimizar possíveis consequências desta doença como
bullyng, timidez e/ou problemas mais graves.
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2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Avaliar a presença de hirsutismo em jovens entre 15 e 20 anos de idade em
escolas estaduais de Unaí – MG.
2.2 Objetivos específicos
Analisar a ocorrência de casos de hirsutismo em jovens;
Realizar anamnese;
Caracterizar o perfil da população-alvo atingida pelo hirsutismo;
Identificar fatores predisponentes da patologia para a incidência nessa
população;
Sensibilizar a população, os profissionais de saúde e os gestores de saúde
pública na importância diagnóstica do hirsutismo;
Aumentar a quantidade e qualidade na informação sobre o tema;
Avaliar através de tabelas, quadros, questionários, avaliação física e por
método de pontos a presença e nível de grau de hirsutismo na população
estudada;
Realizar orientação e encaminhamento de possíveis casos para unidades de
saúde na presente cidade.
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3 METODOLOGIA
O trabalho denominado: “Avaliação de hirsutismo em jovens de escolas
estaduais residentes em Unaí - MG” no período de setembro a novembro de 2015 foi
realizado pela acadêmica do oitavo período de Biomedicina da Faculdade Tecsoma.
A seguir está descrito todos os meios e medidas utilizadas para a realização
do projeto.
3.1 Tipo de estudo
O método científico é definido por Marconi e Lakatos (2011) como sendo um
conjunto de atividades sistemáticas e racionais das quais se podem alcançar um
objetivo através do delineamento de um caminho a ser seguido, que permite a
detecção de erros e auxilia nas tomadas de decisões do pesquisador.
O presente trabalho apresenta um estudo do tipo aplicado, de caráter
descritivo, com características observacionais, embasada em método quantitativo e
qualitativo. (MARCONI; LAKATOS, 2011).
Para Castania (2009), a combinação de métodos quantitativos e qualitativos
em pesquisas, principalmente na área da saúde, são fundamentais para uma melhor
compreensão da realidade social, uma vez que, um método atua como complemento
para o outro, pois enquanto um objetiva o conhecimento da realidade através de
dados indicadores e tendências observáveis, o outro auxilia na compreensão através
da observação de funcionamento, representações e hábitos. Dessa forma, a mescla
de distintas abordagens científicas atua como complementaridade na interpretação
de dados para a melhor compreensão do que ocorre no nosso presente.
3.2 Local de estudo
O trabalho foi realizado em seis escolas de zona urbana na cidade de Unaí -
MG, sendo estas escolas estaduais, localizadas em bairros diferentes.
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3.2.1 Caracterização do município
O presente estudo foi desenvolvido no município de Unaí, localizado no
noroeste do estado de Minas Gerais (Brasil), com área de 8.464 km2, com
população estimada para 2014 em 82.298 habitantes segundo o Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE). Limita-se ao norte com os municípios de
Cabeceira Grande, Buritis e Arinos; ao sul com Paracatu e Brasilândia de Minas; a
leste com Dom Bosco, Natalândia, Bonfinópolis de Minas e Uruana de Minas, e a
oeste com Cristalina – Goiás (GO). (IBGE, 2011).
A localização de Unaí é privilegiada uma vez que o município está inserido
numa rede urbana formada por prósperas cidades, estando a 170 km de Brasília
(Capital Federal), a 609.93 de Belo Horizonte (Capital do Estado), 350 km de
Goiânia e a 100 km de Paracatu, interligadas pelas rodovias BR-040, BR-251, MG-
188, e MG-121 respectivamente. (UNAÍ, 2011).
O município é considerado o segundo maior produtor de milho do Estado,
tendo destaque na produção de soja e sorgo, liderando a produção estadual. Outro
produto com destaque nas lavouras de Unaí é o feijão. Além disso, ocupa o sexto
lugar no grupo dos cem com melhor desempenho no quadro do Produto Interno
Bruto (PIB) da agropecuária nacional. Dados da Secretaria de Agricultura, Pecuária
e Abastecimento de Minas Gerais (SEAPA) mostram por que Unaí alcançou uma
boa posição no levantamento. (UNAÍ, 2011).
Entre os principais acidentes geográficos destacam-se: Gruta do Tamboril,
Gruta do Gentio, Cachoeira da Jiboia (120m de queda livre), Cachoeira do
Queimado, Cachoeira do Rio Preto (2 km do centro da cidade), Gruta do Quilombo,
Serra Geral do Rio Preto, Serra do Pico, Serra do Jataí. (UNAÍ, 2011).
3.2.2 Caracterizações das escolas em estudo
Escola Estadual Delvito Alves da Silva localizada no bairro Divinéia; Escola
Estadual Dom Eliseu localizada no bairro Cachoeira; Escola Estadual Domingos
Pinto Brochado localizada no bairro Centro; Escola Estadual Maria Assunes
Goncalves localizada no bairro Canaã; Escola Estadual Tancredo de Almeida Neves
localizada no bairro Cachoeira e Escola Estadual Virgílio de Melo Franco localizada
no bairro Centro.
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3.3 Delimitações do público-alvo
Foram usados como critérios de inclusão jovens com idade entre 15 e 20
anos de idade, que estiverem regularmente matriculadas em escolas estaduais do 3°
ano do ensino médio, em turno matutino, localizadas em zona urbana do município
citado, que aceitaram de livre e espontânea vontade participar do projeto.
Como critérios de exclusão, foram adotados os seguintes: mulheres que
possuem idade inferior a 15 anos ou superior a 20 anos de idade, que não estão
regularmente matriculadas em uma das seis escolas estaduais alcançadas, não
estão cursando o 3° ano do ensino médio, não participaram da palestra de
orientação sobre o tema e que não assinaram o termo de consentimento.
Vale destacar que as jovens menores de 18 anos que se dispuseram a
participar do determinado projeto apresentaram termo de consentimento
devidamente assinado pelos pais ou responsáveis.
3.4 Instrumentos utilizados
Foi utilizada a coleta de dados por meio de questionário estruturado composto
de questões discursivas e de múltipla escolha, com objetivo de oferecer
esclarecimento e liberdade das respostas.
O questionário é um instrumento de coleta de dados, constituído por uma
série ordenada de perguntas respondidas pelo escritor. (MARCONI; LAKATOS,
2010).
Foi realizada também palestra explicativa a respeito do assunto em questão,
anamnese e exame físico, ou seja, o índice de massa corporal das participantes.
3.5 Aspectos éticos
Todos os passos deste estudo foram realizados aplicando a resolução
196/1996 do Conselho Nacional de Saúde, de 10 de Outubro de 1996 sobre os
aspectos éticos, a qual afirma que os quatro referenciais básicos da bioética são:
autonomia, não maleficência, beneficência e justiça, além de, garantir os direitos e
obrigações da comunidade científica, dos sujeitos da pesquisa e Estado. (BRASIL,
1996).
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A identificação das pacientes ficou em sigilo profissional, a fim de resguardar
a confidencialidade individual.
3.6 Desenvolvimento
Primeiramente foi realizada uma pesquisa bibliográfica, com o objetivo de
levantar informações sobre o assunto abordado, aumentar os conhecimentos a
respeito da patologia e o método de diagnóstico.
O projeto foi desenvolvido em Unaí – Minas Gerais (MG) no período de
setembro a novembro de 2015 com as jovens devidamente matriculadas nas
escolas estaduais.
Após a realização do ofício, foi procurado a Secretaria Estadual de Educação,
para autorização dos mesmos. Em seguida foi feito contato com os (as)
responsáveis de cada escola que fazem parte do padrão de inclusão do projeto e foi
devidamente entregue um ofício para a direção (pessoa responsável) de cada uma
das escolas, solicitando a autorização do projeto (APÊNDICE A). As jovens
receberam convite com data e horário marcados para a palestra de orientação e
esclarecimento de possíveis dúvidas do tema, sendo esta realizada nas escolas. As
participantes receberam o termo de consentimento (APÊNDICE B) e questionários
(APÊNDICE C) com a finalidade de averiguar se há e qual o nível de conhecimento
sobre o assunto em questão, proporcionando ainda, informação e explicação de
possíveis dúvidas. As jovens receberam um panfleto sobre o tema em questão com
a finalidade de gerar informação. (APÊNDICE D).
A avaliação do hirsutismo foi efetuada através de anamnese e exame físico.
Foi realizado, portanto uma investigação do escore semiquantitativo de Ferriman-
Gallwey modificado (FG), que atribui uma nota de acordo com a distribuição e a
magnitude do hirsutismo em nove regiões corporais. (FIG. 2); (SPRITZER, 2009).
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Figura 2 - Escore semiquantitativo de Ferriman e Gallwey modificado
Fonte: SPRITZER, 2009
Além disso, foi realizada a avaliação do índice de massa corporal (IMC) que é
determinado conforme a seguir:
IMC = peso
(altura)2 (2)
Tabela 1 - Valores de referência IMC
Fonte: PORTO et al., 2007
Freitas e outros (2001) também afirmam que a relação de circunferência
abdominal é um marcador de hirsutismo.
De acordo com Gusso e Lopes (2012) cintura abaixo de 80 cm é considerado
normal, já a cintura entre 80 e 88 é destacada como amentada e por fim, cintura
acima de 88 é analisada como muito aumentada.
Valores de referência
20 a 25 = normal Leve – 28 a 30
25 a 27 = peso elevado Moderada – 30 a 40
>27 = obesidade Grave - >40
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Após verificar a presença de pelos nas áreas demonstradas da figura a cima,
será feita a somatória de números de acordo com a quantidade encontrada e tendo
consequentemente um possível resultado. O ponto de corte para definir hirsutismo é
8 – apenas 5% das mulheres pré-menopáusicas apresenta escore superior a este
valor. (SPRITZER, 2006).
Portanto, foi utilizado esta forma de avaliação, sendo agendados horários
determinados para cada participante de forma individual, em local reservado,
objetivando a realização de determinação de presença ou ausência de hirsutismo,
bem como o grau do mesmo quando há presença. Vale destacar que a acadêmica
não ficou sozinha com as jovens participantes durante as anamneses.
Os dados foram tabulados e analisados objetivando melhor interpretação e
foram encaminhados para a Secretaria Municipal de Educação e Saúde com
objetivo de proporcionar orientação adequada, conduzindo para as unidades de
saúde os casos suspeitos.
3.7 Resultados e impactos esperados
Estes procedimentos, acompanhados de orientação tiveram grande relevância,
visto que foi possível auxiliar no diagnóstico das jovens que apresentaram suspeita
da patologia em questão, podendo haver sensibilização da população em geral e por
fim, promovendo medidas adequadas na análise de ocorrência de casos e
acompanhamento dessas jovens quando necessário.
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4 REFERENCIAL TEÓRICO
4.1 Fisiologia do pelo
De acordo com Margoto (2008) o pelo normal é formado por uma coluna de
melanócitos (queratinócitos) que compõem sua haste, a qual cresce anexa a bainha
extensa da raiz. Quando presentes em um padrão excedente ou masculino nas
mulheres, eles relatam o hirsutismo. Estruturalmente os pelos podem ser divididos
em três tipos:
Lanugem: pelo que reveste o feto e desaparece após o nascimento, é delgado,
macio, não pigmentado e não medulado. É gerado pelos folículos fetais e
desprendem-se comumente no útero no 7º/8º mês de gestação ou então logo
posteriormente ao nascimento.
Velus: pelo que substitui a lanugem depois do nascimento, é curto, macio, fino,
não medulado e esporadicamente pigmentado. Pode ser achado normalmente
nas faces das mulheres ou na área de calvície dos homens.
Pelo terminal: pelo que sobrepõe o velus em determinadas áreas do corpo, é
medulado, comprido, pigmentado, grosso e visível. Detectado nas axilas, regiões
pubianas, cílios, sobrancelhas, bigode, barba e couro cabeludo, variados para
determinadas partes do corpo, e também os modelos de crescimento podem
variar de um indivíduo para outro.
O pelo humano apresenta três fases cíclicas de crescimento: Anágena ou
fase de crescimento ativo, sendo caracterizada por intensa atividade mitótica da
matriz, dura 2 a 3 anos, mas no couro cabeludo pode chegar até oito anos;
Catágena ou fase de transição regressiva, nesse caso os folículos sofrem regressão
de até 1/3 de suas dimensões precedentes e possui duração de três semanas em
média; Telógena ou fase de repouso, fase de desprendimento do pelo e duração de
3 a 4 meses. (FELDNER JR et al., 2006).
Em fase normal, os cabelos do couro cabeludo encontram-se: 85% na fase de
anagenese, 14% na fase catagenese e 1% na fase de telogenese, constituindo tais
porcentagens o tricograma normal do couro cabeludo. Quando um pelo atinge um
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comprimento estável, desprende-se para ser substituído por um novo. Este longo
ciclo de crescimento esclarece o motivo pelo qual os efeitos da terapia hormonal no
hirsutismo precisam em torno de seis meses para efetuar sua ação inicial e cerca de
nove meses para alcançar sua efetivação máxima. (MARGOTO, 2008).
4.2 Conceito de Hirsutismo
É definido como o desenvolvimento excessivo de pelos terminais em locais do
corpo feminino em que normalmente não existem, ou quando presentes estão em
pequenas quantidades com padrão masculino em mulheres, consequente do
excesso de androgênios ou de uma maior sensibilidade dos receptores a esse
hormônio. (FLORES et al., 2013).
O hirsutismo pode acometer várias áreas, entre estas incluem: abdômen
(distribuição masculina dos pelos pubianos), face (regiões supralabial, mentoniana e
masseterina), tórax (regiões intermamária e periareolar), bem como a região
inguinal, perineal, sacrococcígea, nádegas, crural e a face interna das coxas.
(MARGOTO, 2008).
Sendo o aumento de pelos um dos critérios clínicos mais usados para o
diagnóstico do excesso de andrógeno, podendo ser percebido em 50-80% das
pacientes que possuem hiperandrogenismo. (FELDNER JR et al., 2006; MARGOTO,
2008).
Frequentemente é um sinal de um distúrbio de exacerbados androgênios,
englobando a síndrome do ovário policístico (SOP), a hiperplasia adrenal não
clássica, a síndrome da acantose nigricans hiperandrogênica resistente á insulina e
os tumores secretores de androgênios, ou, mais ocasionalmente, o uso abusivo de
drogas androgênicas. Apesar disso, em algumas pacientes a presença de hirsutismo
pode não reproduzir uma disfunção central na formação ou no metabolismo dos
androgênios e pode, em vez disso, originar de uma sensibilidade cutânea
aumentada aos androgênios circulantes em níveis normais, como no hirsutismo
idiopático. (MARGOTO, 2008).
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4.3 Fisiopatologia do Hirsutismo
A fisiopatologia do hirsutismo abrange, basicamente, a ação dos andrógenos
sobre a pele através de dois mecanismos: os níveis circulantes de androgênios e a
sensibilidade cutânea a estes hormônios. O hirsutismo de causas funcionais,
ovariano e adrenal, e no idiopático, faz com que os pelos surjam a partir da
puberdade. (SPRITZER, 2009; FELDNER JR et al., 2006).
A testosterona na célula-alvo é reduzida pela enzima 5 α-redutase formando a
hidrotestosterona (DHT). A DHT liga-se ao receptor de androgênios criando um
complexo receptor-androgênio (AR), o qual é transferido ao compartimento nuclear
da célula onde ocorrerá a transcrição gênica com a síntese proteica específica,
provocando a liberação de fatores de crescimento como os fatores 1 e 2 de
crescimento insulina-símile, que age estimulando o crescimento e desenvolvimento
dos pelos terminais. A DHT é metabolizada em 3 α-androstenediol que pode ser
conjugado em glucuronato. As duas isoformas da 5 α-redutase (tipo 1 e 2), são
codificadas por diferentes genes SRD5A1 e SRD5A2 localizados respectivamente
nos cromossomos 5p15 e 2p23 97. Haplótipos SRD5A1 estão associados com a
patogênese dos ovários policísticos (PCOS). (MARGOTO, 2008).
Figura 3 - Fluxograma – Origem do Hirsutismo
Fonte: Elaborado pelo autor, 2015
Origem
Ovariana
Síndrome dos ovários policísticos
Tumores
Adrenal
Sindrome de Cushing
Hiperplasia
Acromegalia
Tumores
Medicamentos
Esteróides anabolizantes
Danazol
Fenitoína
Idiopático Outras
Menopausa
Acantose nigricans
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4.3.2 Origem Ovariana
O hirsutismo pode ser provocado por origem ovariana, é o que ocorre nos
casos de síndrome dos ovários policísticos e nos tumores ovarianos. O ovário
secreta a foliculina, hormônio que age no desenvolvimento somático e sexual e o
hormônio progesterona, age sobre a mucosa uterina e sobre a secreção láctea. O
hirsutismo nesses casos pode ser evidenciado devido a uma desordem na produção
hormonal gerando tais complicações. (MALTESE, 2011).
4.3.2.1 Síndrome dos ovários policísticos
A síndrome dos ovários policísticos (PCOS) é uma condição clínica
heterogênea evidenciada por hirsutismo, irregularidade menstrual, infertilidade e
modificações endócrinas como o hiperandrogenismo e excreção inadequada de LH.
(POY; WILTGEN; SPRITZER, 2001).
Esta síndrome é conceituada como uma endocrinopatia mais recorrente na
mulher em fase reprodutiva. É conhecida também como síndrome de Stein-
Leventhal pelos dois autores que a descreveram em 1935. O quadro clínico é
modificável e a etiopatogenia ainda não foi integralmente esclarecida, mas
mecanismos neuroendócrinos vêm sendo estudados nos últimos anos. Em geral
apresenta-se com hirsutismo e/ou acne ou alopecia androgênica, anovulação
crônica associada a distúrbio menstrual do tipo oligo/amenorreia e infertilidade.
(NACUL; COMIM; SPRITZER, 2003).
É uma das doenças endócrinas mais comuns em mulheres em idade
reprodutiva (incidência de 6 a 10%), sendo também a causa mais comum de
anovulação crônica nessas mulheres. Aparece em 30 a 40% das mulheres com
infertilidade e, em torno de 90% das pacientes com ciclos menstruais anormais.
(GAMA et al., 2009).
Deve-se estar atento para o fato de que a SOP tem iniciado na adolescência,
no período da menarca, onde os níveis de LH ou o hiperinsulinismo podem estar
presentes com dificuldades de se determinar um padrão menstrual regular. A
puberdade precoce pode estar antecedendo a SOP. O Hiperandrogenismo aqui se
manifesta com hirsutismo e exteriorizações pilo-sebáceas e acne, podendo estar
associado a alterações das suprarrenais. A síndrome dos ovários policísticos é uma
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doença plural, e suas interações clínicas e bioquímicas ocasiona, no momento atual,
interesse de muitas disciplinas. O ovário, exposto como sítio originário da SOP,
permite uma diversificação de alterações hormonais. (SETIAN; NUVARTE, 2001;
GAMA et al., 2009).
4.3.2.2 Tumores virilizantes dos ovários
O aparecimento acelerado e crescente de sinais de masculinização ou
virilização associados a níveis muito elevados de testosterona plasmática sugerem
fortemente tumor ovariano. (FLORES et al., 2013).
Mesmo sendo considerados escassos (0,1% dos casos de hirsutismo e
virilismo), os tumores ovarianos devem ser sempre lembrados como causa de
hirsutismo, com início recente e progressão breve com virilização relevante. Entre as
neoplasias de ovários, devem ser destacados os arrenoblastomas, androblastomas
(tumor de células Sertoli-Leydig), tumores de células da teca-granulosa, tumores de
células hilares, disgerminomas, teratomas, gonadoblastomas, tecomas luteinizados
e luteomas. (SPRITZER MP, 2006).
4.3.3 Origem Adrenal
Os tumores virilizantes das adrenais podem aparecer desde intra-útero até a
senilidade, com mais da metade dos casos acontecendo abaixo dos dois anos de
idade. O tumor é palpável em 50% dos casos. Geralmente são cortico-
suprarrenalomas malignos. Embora sejam incomuns como geradores de hirsutismo,
os tumores das suprarrenais e ovários são as causas mais significativas que
precisam ser eliminadas. Nos tumores androgênicos das suprarrenais e dos ovários
o hirsutismo é definido por ser de início rápido e crescente levando a virilização.
(MARGOTO, 2008).
4.3.3.1 Síndrome de Cushing
Foi descrita pela primeira vez pelo grande neurocirurgião H. W. Cushing em
1912. A Síndrome de Cushing é uma condição em que os níveis plasmáticos de
cortisol estão aumentados, gerando sinais e sintomas de hipercorticolismo. Ocorre
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com frequência 10 vezes maior em mulheres que nos homens. As manifestações da
síndrome de Cushing constituem o resultado do excesso de hormônios
(glicocorticoides, mineralocorticoides e androgênios da suprarrenal). Pode ocorrer o
excesso de um hormônio ou de todos os hormônios. (NETTINA, 2008; MALTESE
2011).
Esta síndrome é uma causa rara de hirsutismo. As pacientes mostram
obesidade centrípeta, hipertensão arterial, pletora facial, atrofia muscular, estrias
purpúreas no abdome (nas mais jovens), pele fina e frágil, osteoporose, intolerância
à glicose, irregularidade menstrual, alterações psicológicas, hirsutismo e acne. O
hirsutismo frequentemente é discreto, limitado à face, mas de início abrupto e
evolução progressiva. Em criança com hirsutismo e virilização, o diagnóstico mais
provável é o de carcinoma de adrenal. (MARGOTO, 2008).
Caracteriza-se por hiperfunção das suprarrenais, com manifestações clínicas
derivadas de hipercorticolismo crônico, independentemente da causa primária.
(FLORES et al., 2013).
4.3.3.2 Hiperplasia adrenal
A hiperplasia congênita adrenal por deficiência de 21-hidroxilase é uma dos
motivos mais costumeiros de desordens adrenais hereditárias. Apresenta-se
geralmente na infância ou em mulheres jovens com manifestações de hirsutismo e
infertilidade. (BAY et al., 2010).
É o motivo mais frequente de hirsutismo de origem adrenal, com uma
prevalência entre mulheres hirsutas variando de 2 a 10%. Ocorre, basicamente, por
deficiência da enzima 21-hidroxilase. (FLORES et al., 2013).
O diagnóstico de hiperplasia adrenal congênita, forma clássica, é executado
por dosagem da 21-hidroxilase sérica; após teste de estímulo com corticotrofina, em
solução aquosa (25 mg IM); sinais e sintomas de hirsutismo; dosagem da
testosterona sérica; dosagem da 17-hidroxiprogesterona sérica basal (valores >5
ng/ml). (ASSOCIAÇÃO MÉDICA BRASILEIRA, 2010).
52
4.3.3.3 Acromegalia
Pode se dizer que a acromegalia é um estado crônico que ocorre
normalmente na média vida, devido à secreção elevada do hormônio do crescimento
do lobo anterior da hipófise. Os sintomas característicos são: desenvolvimento
exagerado dos ossos, do tecido conjuntivo, das vísceras e, aumentando do tamanho
das extremidades do corpo, como mãos, pés, face e da cabeça. (MALTESE, 2011).
Entre as variedades de sinais e sintomas estão englobados também hiper-
hidrose, bócio, osteoartrite, síndrome do túnel do carpo, fadiga, anormalidade
visuais, paralisias de nervos cranianos, cefaleia não específica, pólipos colônicos,
apneia do sono, problemas reprodutivos, diabetes melito, disfunção respiratória e
alterações cardiovasculares. (GUSSO; LOPES, 2012).
A acromegalia associa-se com pacientes hirsutas em 10-15% dos casos,
podendo haver algumas vezes ligação com PCOS. A presença de acne e pele
espessada representa a ação do IGF-1 aumetado nesta patologia sobre a pele.
(MARGOTO, 2008).
4.3.3.4 Tumores virilizantes das adrenais
Embora sejam incomuns como responsáveis por hirsutismo, os tumores das
suprarrenais e ovários são as causas mais importantes que precisam ser eliminadas.
Nos tumores androgênicos das suprarrenais e dos ovários o hirsutismo é
caracterizado por ser de início rápido e progressivo levando a virilização.
(SPRITZER MP, 2006).
4.3.4 Medicamentos
De acordo com Spritzer Mp (2006), o consumo de drogas (fenotiazinas,
danazol, metirapona, ciclosporina, entre outras), podem levar secundariamente a um
quadro de hirsutismo.
Alguns dos fármacos que podem causar hirsutismo são: testosterona, ACTH,
metirapona, danazol, fenotiazinas, acetazolamida, esteroides anabolizantes,
progesteronas androgênicas e medicações não androgênicas como a fenitoína,
diazóxido e ciclosporina. (GUSSO; LOPES, 2012).
53
Pode se afirmar, portanto, que a informação sobre o uso de drogas
associadas com hirsutismo é também primordial. (SPRITZER, 2009).
4.3.5 Idiopático
È a forma mais comum de hirsutismo, suas portadoras têm predisposição
genética que produz hipersensibilidade em níveis normais de androgênios
circulantes. (CARDOSO; BORDALLO; AWAD, 2005).
Hirsutismo isolado, desvinculado de outras manifestações clínicas ou
alterações hormonais. A situação clínica mais frequente é o conhecido como
hirsutismo periférico o idiopático. (FLORES et al., 2013).
O hirsutismo idiopático apresenta níveis normais de androgênios, ciclos
menstruais regulares e ovulatórios. Sua prevalência é estimada entre 5 a 15% das
pacientes hirsutas, com início na puberdade. Existe ligação com grupo racial,
especialmente em descendentes de populações do Mediterrâneo. Sua patogênese
(ainda não comprovada) pode ser esclarecida por elevação da atividade periférica
da 5 α- redutase no folículo piloso e certamente uma variação qualitativa na função
do receptor de androgênio. (MARGOTO, 2008).
Esse tipo de hirsutismo dito idiopático caracteriza-se por maior atividade
androgênica no folículo pilosebáceo dos hormônios circulantes em níveis normais,
sem outras manifestações clínicas ou alterações laboratoriais. (SPRITZER, 2006).
Este é estabelecido com ciclos menstruais regulares, ovulatórios, e fertilidade
preservada. Nestas pacientes, se solicitados, os níveis de androgênios circulantes
são normais. (SPRITZER, 2009).
4.3.6 Outras origens do hirsutismo
Conforme explicado, o hirsutismo pode ser gerado devido a vários fatores,
como alguma alteração ovariana ou adrenal, uso de medicamento, sem causa
aparente, ou seja, idiopática e outas questões menos comuns de se verificar, porém
não menos comuns, é o caso da menopausa e a acantose nigricans.
54
4.3.6.1 Menopausa
De acordo com Maltese (2011), a menopausa pode ser determinada pela fase
da vida feminina em que ocorre uma interrupção definitiva das menstruações.
Mulheres saudáveis, na pós-menopausa, não submetidas à terapia de
reposição hormonal apresentam hirsutismo em 70% dos casos; isto ocorre
correspondente à queda da produção de estrogênios pelos ovários, com persistência
da produção de androgênios ovarianos somados à produção adrenal, resultando em
aumento da relação androgênios/estrogênios. (MARGOTO, 2008).
4.3.6.2 Acantose nigricans
A acantose nigricans é caracterizada por placa acastanhada e aveludada com
acentuação dos sulcos da pele. Estas placas podem ser vista de forma
hiperpigmentadas e de superfície rugosa ou verrucosa. (MALTESE, 2011).
É mais comumente observada no pescoço e áreas intertriginosas como axilas,
virilhas e região infra mamaria. Apesar de ser mais associada à obesidade, SOP e
diabetes, pode estar presente em doenças genéticas, reação medicamentosa (ácido
nicotínico), malignidades e hirsutismo. (MOURA et al., 2011).
4.4 Manifestações clínicas do Hirsutismo
De acordo com a etiologia, o hirsutismo pode manifestar-se como queixa
isolada ou seguida de demais sinais de hiperandrogenismo (acne, seborreia,
alopecia), virilização (hipertrofia do clitóris, aumento da massa muscular,
modificação do tom de voz), distúrbios menstruais e/ou infertilidade ou ainda
alterações metabólicas. (SPRITZER, 2006).
Há uma relevante heterogeneidade nos achados clínicos, assim como pode
haver mudanças na mesma paciente com o tempo. Por outro lado, o
hiperandrogenismo pode não determinar manifestações periféricas como observado
especialmente nas mulheres asiáticas. (MOURA et al., 2011).
55
4.4.1 Crescimento de pelos
Os pelos crescem em fases cíclicas, com proporções diferentes para
determinadas partes do corpo, e os modelos de crescimento podem variar de um
indivíduo para outro. Quando um pelo atinge um comprimento definitivo, desprende-
se para ser substituído por um novo. (MARGOTO, 2008).
É um dos critérios clínicos mais utilizados para o diagnóstico do excesso de
andrógeno, sendo observado em 50-80% das pacientes que apresentam
hiperandrogenismo. (MOURA et al., 2011).
A papila dérmica constitui o diretor dos eventos que controlam o crescimento
do pelo. O pelo sexual pode ser definido como o pelo que corresponde aos
esteroides sexuais, uma vez que o andrógeno tenha exercido sua influência sobre
os folículos pilosos em áreas sexuais, resultando em pelos mais grossos, mais
longos e mais pigmentados, essas características se mantêm em ciclos recorrentes,
mesmo na ausência de andrógenos no futuro. O crescimento do pelo sexual e não
sexual pode ser afetado por problemas endocrinológicos. (SPEROFF; GLASS;
KASE, 1991).
4.4.2 Hiperandrogenismo
Hiperandrogenismo é o termo utilizado para especificar os sinais clínicos,
devido à elevação da ação biológica dos andrógenos. No sexo feminino o
hiperandrogenismo gera quadro clínico de gravidade variável. (YARAK; et al., 2005).
Existe notável heterogeneidade nos achados clínicos, assim como pode haver
alterações na mesma paciente com o tempo. É um dos sinais de hirsutismo, estando
presente em, cerca de, 10% dos casos. Esse hiperandrogenismo leva tanto à
diminuição dos caracteres essenciais femininos (desfeminização), quanto à
virilização. (REHME et al., 2013; POTTER; PERRY, 2008; FELDNER JR et al., 2006;
MARCONDES; BARCELLOS; ROCHA, 2011).
Segundo Margoto (2009), o hiperandrogenismo deve ser suspeito nas
seguintes situações:
Nos casos de início precoce antes da idade de 10 anos.
Em mulheres com acne de início tardio após os 25 anos.
56
Na presença de características de hiperandrogenismo, particularmente nos casos
de hirsutismo, alopecia androgenética, virilização, irregularidades menstruais e
esterilidade.
Nos casos recalcitrantes e que reincidem logo após o tratamento com
isotretinoína.
Acne localizada no pescoço ou no dorso, severo, nódulo-cístico, e de início
súbito.
Em presença de obesidade e hiperinsulinismo.
Uma categorização prática, alicerçado na clínica, subdivide as síndromes
hiperandrogênicas na mulher adulta em dois grupos, segundo a presença ou não de
sinais de virilização: síndromes virilizantes e síndromes não virilizantes. (POLISSENI
et al., 2011).
4.4.2.1 Acne
A acne é considerada como um dos sinais de hiperandrogenismo encontrado
adjunto com o hirsutismo, sendo especificado como uma dermatose frequente do
folículo pilosebáceo criado por uma desordem, de etiologia multifatorial. É a causa
mais comum para uma consulta com o (a) dermatologista. Causas endócrinas da
acne: síndrome de hiperandrogenismo cutâneo (SAHA), síndrome metabólica,
ovários policísticos, hiperplasia adrenal e congênita, manifestação tardia, puberdade
precoce, síndrome HAIR-IN, síndrome de Cushing, hipertecose ovariana, tumores
ovarianos, acromegalia, tumores adrenais, hirsutismo, hiperprolactinemia.
(CARDOSO; BORDALLO; AWAD, 2005; MARGOTO, 2009).
Considerada também como uma desordem da unidade pilo-sebácea, com
lesões na face, pescoço, dorso e região peitoral. A importância dos andrógenos na
etiopatogenia da acne é bem documentada, no entanto, como na acne vulgar os
níveis de andrógenos costumam ser normais acredita-se que a conversão local
esteja aumentada por maior sensibilidade dos receptores para andrógenos nos
pacientes com acne em relação à população normal, talvez representando o fator
mais importante no desencadeamento da doença. (MOURA et al., 2011).
57
Os andrógenos geram não apenas a elevação da glândula sebácea e da
produção de sebo, mas também descamação anormal das células do epitélio
folicular. Estes fatores determinam a elaboração dos comedões e, em combinação
com a colonização do folículo pelo Propionibacterium acnes, resultam em inflamação
e aparecimento crescente de pápulas, pústulas, nódulos, cistos e cicatrizes.
(MOURA et al., 2011).
4.4.2.2 Seborreia
Pode ser conceituada como uma hiperatividade das glândulas sebáceas
habitualmente no couro cabeludo, na pele da fonte, do nariz e do mento. Muitas
vezes é provocada por distúrbios endócrinos e considerada como uma manifestação
clínica do hirsutismo. (MALTESE, 2011).
4.4.2.3 Alopecia
A alopecia androgenética na mulher (FIG. 3) é evidenciada pela perda de
cabelo na região central do couro cabeludo, com repercussão psicossocial
significativo. As alterações podem remediar de maneira difusa, mas frequentemente
são mais evidentes nas regiões frontais e parietais. A maior parte das pacientes com
alopecia androgenética tem função endócrina normal. Desta forma, são
indispensáveis a anamnese e o exame físico na busca de outros sinais de
hiperandrogenismo. Podem ser necessários exames complementares como
densidade dos cabelos, avaliações hematológicas e bioquímicas, além de exame
histológico do couro cabeludo para evidenciar os cabelos miniaturizados. (MOURA
et al 2011).
Figura 04 – Alopecia feminina
Fonte: Gusso; Lopes, 2012
58
4.4.3 Virilismo
Virilismo é a presença de caracteres masculinos físicos e mentais na mulher.
Sinais de virilização estão presentes quando há elevação acentuada na taxa de
formação de testosterona que, em geral, mas não obrigatoriamente, é rodeada de
elevação correspondente nas concentrações séricas do hormônio, sendo uma
característica das neoplasias funcionantes do ovário e adrenal e da hipertecose de
ovário, podendo suceder também na forma clássica de hiperplasia adrenal
congênita. (MARCONDES, 2006; MALTESE, 2011).
4.4.3.1 Hipertrofia do clitóris
Para Maltese (2011), hipertrofia é um demasiado desenvolvimento de um
órgão ou de um tecido em virtude do aumento do volume da célula.
Nos casos de hirsutismo severo, deve-se constantemente fazer a pesquisa de
outras mudanças que confirmem ou não a presença de síndrome virilizante, tais
como elevação de tamanho do clitóris. (FLORES et al., 2013; SPRITZER MP, 2006).
4.4.3.2 Aumento da massa muscular
De acordo com Spritzer (2006), nos casos de hirsutismo grave é importante
realizar a pesquisa de outras alterações como elevação de massa muscular que
podem detectar a presença de síndrome virilizante. Em alguns casos esse aumento
da massa muscular pode ser elevado gerando obesidade.
A obesidade é o acúmulo excessivo de gordura corporal causada pelo
balanço energético positivo, isto é, a ingestão calórica excede o gasto calórico. Isso
acarreta repercussões à saúde com perda importante na qualidade de vida do
indivíduo. Esse acúmulo pode ser mensurado por meio do índice de massa corporal
(IMC), calculado pela divisão do peso em quilogramas pelo quadrado da altura em
metros. O IMC correlaciona-se com os fatores de risco à saúde e é utilizado para
classificar o grau de obesidade, considerado fator importante para verificar casos de
hirsutismo. (GUSSO; LOPES, 2012).
59
4.4.3.3 Modificação do tom de voz
Segundo Feldner Jr (2006), nos casos mais acentuados de hirsutismo pode
ocorrer virilismo com alterações do timbre da voz.
Spritzer MP (2006) afirma que a modificação do tom de voz faz parte dos
critérios da avaliação de exame físico sendo um dos critérios vistos em pacientes
com hirsutismo.
4.4.3.4 Distúrbios menstruais e/ou infertilidade
A infertilidade é caracterizada como a incapacidade de conceber após um ano
de relações sexuais regulares sem consumo de nenhum método anticoncepcional.
(FREITAS et al., 2001).
Um dos problemas mais comuns encontrados é a mulher hirsuta com
menstruações irregulares, com instalação do hirsutismo durante a puberdade ou no
começo da década dos 20 anos, e uma longa piora gradual da condição. Cerca de
70% das mulheres anovulatórias desenvolvem hirsutismo. O quadro é tão
característico que uma história cuidadosa pode ser suficiente para o diagnóstico.
(SPEROFF; GLASS; KASE, 1991).
4.4.3.5 Síndrome metabólica
A síndrome metabólica é um conjunto de fatores de risco, derivados de um
metabolismo anormal, associado de um risco aumentado para o desenvolvimento de
doença cardiovascular aterosclerótica e diabetes melito tipo 2. É importante realizar
exame físico, incluindo a medida da circunferência abdominal, níveis de pressão
arterial, peso e estatura incluindo o cálculo do índice de massa corporal.
(GELONEZE, 2006).
Para Yarak e outros (2005), mulheres com síndrome metabólica muito obesas
têm frações aumentadas tanto dos androgênios quanto dos estrógenos livres,
apresentando hirsutismo, ciclos irregulares e anovulatórios, oligo ou amenorreia e
infertilidade.
60
4.5 Diagnóstico
O diagnóstico se baseia em descobrir a fonte de produção do excesso de
androgênios. Além disso, é fundamental a correlação entre níveis circulantes de
androgênios e graus crescentes de virilização. Esta correlação é considerada uma
dosagem biológica. (MACHADO, 2006).
A análise deve ser feita segundo a avaliação ideal de anamnese, exame físico
e quando considerado necessário executar avaliação laboratorial para confirmação,
ou seja, dosagem hormonal. (PORTO et al., 2007).
4.5.1 Anamnese
Ao examinar uma paciente com hirsutismo, devemos procurar fatores
ambientais como uso de medicamentos: metil testosterona e agentes anabolizantes
(noretandrolona ou oxandrolona). É necessário verificar as características raciais
(mediterrânea, oriental ou nórdica) e considerar as variações do crescimento dos
pelos conforme os grupos étnicos. Assim, britânicos, alemães e escandinavos têm
menos pelos que os povos do mediterrâneo e os semitas. Indivíduos de raça branca
têm geralmente menos pelos que os indivíduos de raça negra. Estas diferenças
raciais são geneticamente determinadas. A história familiar também é importante,
pois cerca de 50% das mulheres com hirsutismo têm uma história familiar positiva
para este distúrbio. (SPRITZER, 2009).
É imprescindível pesquisar o início e evolução do hirsutismo e sintomas
associados (acne, seborreia, alopecia). Nesta fase deve-se determinar data da
menarca, padrão menstrual, etnia, paridade e antecedentes familiares,
caracterização dos ciclos menstruais; uso de medicamentos, incluindo história
familiar de diabete e principalmente hirsutismo. (SPRITZER MP, 2006; (CARDOSO;
BORDALLO; AWAD, 2005; FLORES et al., 2013).
A anamnese deve focar na identificação de pacientes com risco para doenças
virilizantes, PCOS ou outras endocrinopatias ou direcionar para a caracterização de
pacientes com hirsutismo isolado. Assim, é importante definir o padrão menstrual
(ciclos regulares ou oligo/amenorreicos); o modo de instalação do hirsutismo
(progressivo ou abrupto); sua intensidade; a presença de obesidade; hipertensão e
história familiar de diabete. Deve ser igualmente pesquisada a presença de sintomas
61
sugestivos de disfunção tireoidiana ou adrenal ou hipoestrogenismo. A informação
sobre o uso de drogas associadas com hirsutismo é também essencial. (SPRITZER,
2009).
A idade do aparecimento da manifestação e a velocidade de seu
desenvolvimento dependem da causa. A etiologia tumoral causa hirsutismo em
qualquer idade, desenvolve-se rapidamente, é intensa e apresenta outras
manifestações androgênicas. (FELDNER JR et al., 2006).
Para melhor discernir o período de surgimento destas alterações, pode-se
solicitar à paciente que traga fotos anteriores para comparação. (FLORES et al.,
2013).
Pode-se também realizar uma avaliação subjetiva feita pela própria paciente
em relação à frequência de barbear, arrancar e/ou depilar. Sendo indicado
esclarecer que o crescimento de pelos limitado aos antebraços e às regiões
inferiores das pernas não depende de andrógenos, sendo geneticamente
determinados. Ratificando que observar as características raciais e étnicas fazem a
diferença. (SPRITZER, 2009).
4.5.2 Exame Físico
No exame físico deve-se incluir: índice de massa corporal (IMC), cintura
abdominal, pressão arterial, pesquisa de acantosis nigricans, síndrome de Cushing,
disfunção tireoidiana, acromegalia e hipoestrogenismo. Massas abdominais
palpáveis em hirsutas são sugestivas de tumores virilizantes dos ovários ou
adrenais. (SPRITZER, 2009).
Em relação à medida do IMC (peso/altura²) considera-se:
Normal: < ou igual a 25 kg/m²
Sobrepeso: 25 a 30 kg/m²
Obesidade: > 30 kg/m²
Na medida da circunferência abdominal verifica-se que para valores acima da
referência de até 88 cm, considera-se a presença de obesidade visceral. (FLORES;
et al., 2013).
62
O hirsutismo de longo tempo, generalizado ou localizado no tronco e face, de
acentuação progressiva, mas com ciclos menstruais regulares e ovulatórios sugere
um hirsutismo familiar ou idiopático. Quando apresentado na puberdade
acompanhado de distúrbios menstruais do tipo oligomenorreia ou amenorreia, que
se agrava progressivamente, associado ao aumento dos ovários ao exame
ginecológico sugere ovários policísticos. Se detectado de forma recente, de
progressão rápida, anovulação e virilização, fazem-nos pensar em tumores
produtores de androgênios. E por fim, hirsutismo, acne, alopecia, amenorreia,
aumento da libido, aumento da massa muscular, voz grave, clitoromegalia
(>100mm²), infertilidade e massa palpável no abdômen sugerem tumor virilizante de
ovário ou carcinoma de adrenal. (SPRITZER, 2009).
Ainda em relação ao exame físico, a presença de hirsutismo tem sido
identificada pelo emprego da escala de Ferriman e Gallwey modificada, esta escala
é considerada semiquantitativa, podendo avaliar o grau inicial de hirsutismo
considerando nove áreas do corpo e tendo como ponto de corte o escore oito, útil no
seguimento terapêutico. (MARCONDES; BARCELLOS; ROCHA, 2011;
ASSOCIAÇÃO MÉDICA BRASILEIRA, 2010).
As pacientes hirsutas podem, portanto ser classificadas em grau leve (valores
entre 8 e 12), moderado (entre 13 e 18) e severo (acima de 19), torna-se necessário
em seguida, para casos considerados suspeitos, pesquisar sinais clínicos de
síndrome de Cushing: obesidade, estrias violáceas e hipertensão arterial e exame
ginecológico: avaliar anexos, além de morfologia e sinais de virilização da genitália
externa. (CARDOSO; BORDALLO; AWAD, 20015; MARGOTO, 2008; FELDNER JR
et al., 2006).
É considerado hirsutismo um escore de Ferriman-Gallwey modificado (FG) de
oito ou mais, mas é necessário levar em consideração que este método tem um
componente subjetivo e não pontua algumas regiões como as regiões perineal,
glútea e lateral da face. Na maioria dos casos de hirsutismo, as opções terapêuticas
se fundamentam no diagnóstico etiológico e na identificação de riscos, prevenção e
tratamento de comorbidades eventualmente associadas. (SPRITZER, 2009).
63
4.5.3 Exame laboratorial
Em termos gerais, serão solicitados: testosterona e prolactina séricas e a
determinação da 17 hidroxi progesterona basal e/ ou após o estímulo com hormônio
adrenocorticotrófico ACTH. (SPRITZER, 2006).
O principal objetivo no diagnóstico etiológico do hirsutismo é excluir as causas
orgânicas por meio de propedêutica clínica e dosagem na fase folicular precoce.
(FELDNER JR et al., 2006).
Em pacientes com hirsutismo isolado e ciclos regulares, a avaliação
laboratorial pode ser desnecessária, a não ser que haja infertilidade inexplicada
associada. Se houver suspeita de hipoestrogenismo, especialmente nos casos com
amenorreia ou sintomas menopáusicos, deve-se solicitar o hormônio folículo
estimulante (FSH). Se houver suspeita clínica para tumores secretores de
androgênios, exames de imagem serão solicitados para localização da lesão
ovariana ou adrenal. Nestes casos, a determinação de DHEA-S pode ser útil.
Exames de função tireoide – hormônio estimulador da tireoide (TSH) ou
rastreamento para Síndrome de Cushing serão solicitados apenas em casos
específicos. (SPRITZER MP, 2006).
4.6 Tratamento do Hirsutismo
O tratamento tem como objetivo diminuir a oferta de androgênios ao folículo
piloso, bloqueando a sua produção ou diminuição à fração livre, ou impedir a ação
dos androgênios no folículo piloso competindo com o receptor ou inibindo a enzima
conversora. Este tratamento também visa suprimir o excesso de androgênios,
quando houver, bloquear a ação dos androgênios no folículo pilo-sebácea, identificar
pacientes com risco para distúrbios metabólicos e/ou de neoplasias do trato
reprodutivo e proceder à prevenção primária e secundária destes. (MACHADO,
2006; SPRITZER, 2009).
O tratamento pode ser farmacológico e não farmacológico, dependendo da
gravidade e distribuição do hirsutismo, da sua etiologia, da expectativa e das prefe-
rências da paciente. (SPRITZER, 2009).
64
4.6.1 Tratamento não farmacológico
Os métodos diretos de remoção de pelos incluem o arrancamento e
depilação, com cremes e ceras. O clareamento dos pelos também pode ser
utilizado, especialmente nas pacientes com pele mais clara. Estes métodos não
reduzem o crescimento do pelo. A descoloração utiliza substâncias como água
oxigenada e compostos de amoníaco. Há várias técnicas, a preferência pessoal que
guia a escolha do método. (GUSSO; LOPES, 2012).
A utilização da eletrólise resulta em uma longa e gradual destruição do pelo,
cada folículo é tratado individualmente. É operador-dependente, devendo ser
realizada por médico treinado. Com repetidos tratamentos é possível obter 15 a 50%
de perda permanente. A depilação com laser promove a atrofia do pelo escuro
através de fototermólise. Pelos mais claros não costumam ter a mesma resposta. O
tratamento dos folículos pilosos com laser resulta em telógeno temporário, que pode
durar até dois anos após a aplicação. (SPRITZER, 2009).
4.6.2 Tratamento farmacológico
A melhora clínica pode ser evidente apenas após os primeiros seis a nove
meses de tratamento contínuo. Uma combinação de drogas pode ser mais eficaz
que a terapia com uma única droga. As pacientes devem ser alertadas quanto aos
riscos ao feto em caso de gravidez, já que a aderência ao uso de contraceptivos
orais não é satisfatória nesta faixa etária. (CARDOSO; BORDALLO; AWAD, 2005).
De acordo com Machado (2006), qualquer que seja o medicamento, devemos
prevenir a paciente de que os efeitos não são espetaculares, nem surgirão
imediatamente.
Margoto (2008) afirma que existe um longo ciclo de crescimento dos pelos,
sendo este o motivo pelo qual os efeitos da terapia hormonal no hirsutismo
necessitam em torno de seis meses para exercer sua ação inicial e cerca de nove
meses para atingirem seu efeito máximo.
O tratamento hormonal para o hirsutismo é importante, especialmente nos
casos em que há níveis séricos de androgênios aumentados, e deve ser
complementado com procedimentos cosméticos. Não deve ser aplicado a gestantes
ou a mulheres em vias de engravidar. Inclui contraceptivos orais combinados,
65
espironolactona, ciproterona e finasterida. A flutamida não deve ser recomendada.
(FELDNER JR et al., 2006).
As principais opções de tratamento do hirsutismo incluem os
anticoncepcionais orais (ACo) e os antiandrogênios. Nos casos leves, a monoterapia
com ACo pode ser suficiente. Os antiandrogênios podem ser somados ao tratamen-
to com ACo nos casos de hirsutismo moderado a grave, oferecendo um efeito
complementar, via competição com o androgênio endógeno pelo seu receptor ou
pela inibição da 5-α redutase, que converte a testosterona no seu metabólito mais
ativo, a di-hidrotestosterona. (SPRITZER, 2009).
Os contraceptivos hormonais orais reduzem o hiperandrogenismo por:
supressão da secreção de hormônio luteinizante (LH) e da secreção androgênica;
por estimulação da produção hepática da globulina transportadora de hormônio
sexual SHBG, diminuindo a testosterona livre; discreta diminuição da secreção
adrenal de androgênios e bloqueio do receptor androgênico. A espironolactona é um
antagonista estruturalmente semelhante aos progestógenos. Essa droga compete
com a di-hidrotestosterona no receptor androgênico, inibindo a 5 α-redutase, e
competindo com o androgênio na ligação ao SHBG. (FELDNER JR et al., 2006).
Referente à acne e à seborreia, podem ser usados tratamentos tópicos
dermatológicos como loções, sabonetes, pomadas, cremes ou gel, incluindo
antiandrogênios ou antibióticos como a flutamida. Nos casos de acne mais graves
ou persistentes ao tratamento convencional pode ser utilizado o ácido retinóico. O
tratamento tópico deve ser feito com o acompanhamento do dermatologista.
(FREITAS et al., 2001).
Naquelas situações relacionadas com hirsutismo por uso de drogas, o contato
com o especialista que as prescreveu é recomendado, com vistas à substituição ou
suspensão daquele medicamento. (SPRITZER, 2009).
4.1 Bullying
O conceito de beleza faz parte da vaidade humana e muitos sofrem por se
achar menos belo que outros, pela presença aumentada de pelos, ocasionando
conflitos na vaidade feminina, por vezes causando dúvidas em relação à sua
feminilidade e interferindo na sua sexualidade. O hirsutismo pode gerar a imagem
66
corporal negativa, por conferir às mulheres aparência masculina. (FELDNER JR et
al., 2006).
Vale ressaltar que o hirsutismo tem como manifestação clínica a acne e
outros fatores, mesmo que esses fatores não comprometam de forma intensa a
saúde do indivíduo, podem prejudicar o seu bem-estar e o desenvolvimento
emocional levando a baixa autoestima e ao isolamento psicossocial. (MOURA et al.,
2011).
67
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Gráfico 1 – Dados coletados em relação à etnia, através de questionário aplicado sobre a avaliação de hirsutismo em jovens de escolas estaduais –
Unaí – MG no período de setembro/novembro de 2015; (n= 162).
Fonte: Elaborado pelo autor, 2015
Foi realizado pelo IBGE um coeficiente de variação esperado da estimativa da
proporção de pessoas, sendo que se declararam como brancas 47,7%, como pretas
7,61%, pardas 43,1%, amarelas 1,14% e indígenas 0,4%, segundo o censo 2010.
Diferentes autores como, Flores, Comim (2013) e Award e outros (2005)
afirmam que verificar a etnia também faz parte dos padrões de avaliação clínica de
hirsutismo.
Segundo Margoto (2008) é necessário verificar as características raciais de
mulheres em caso de suspeita de hirsutismo. Indivíduos de raça branca têm
geralmente menos pelos que os indivíduos de raça negra. Estas diferenças raciais
são geneticamente determinadas.
Fauci e outros (2008) entra em concordância com Margoto afirmando que
indivíduos de raça branca são menos propensos a desenvolver essa patologia, de
acordo com o autor 95% das mulheres brancas apresentam um escorre abaixo de 8
na escala de FG. Os grupos raciais/étnicos menos propensos a manifestar
hirsutismo são as asiáticas.
39; 24%
19; 12%
99; 61%
5; 3%
Branco
Preto
Pardo
Não declararam
68
Já nesse estudo realizado foi possível notar que a maior parte, 68% de
pacientes se declararam pardas; 24% brancas; 12% pretas e 3% não declararam
sua etnia.
Gráfico 2 – Dados coletados de acordo com o número de pessoas que residem na moradia das entrevistadas, através de questionário aplicado, referente à
avaliação de hirsutismo em jovens de escolas estaduais – Unaí – MG no período setembro/novembro de 2015; (n= 162).
Fonte: Elaborado pelo autor, 2015
Pesquisa realizada pelo IBGE (2011) verificou que em 12,7 % das casas mora
apenas um morador, 23,9 % dois moradores, 25,7 % três moradores, 21% quatro
moradores e 9,7% cinco moradores. Sendo por tanto o maior percentual em casas
com três moradores.
No presente estudo o maior índice se encontra em casas com quatro ou mais
pessoas que residem as estudadas (46%), em segundo três pessoas moram com as
jovens (40%), em terceiro lugar as entrevistadas moram com duas pessoas (9%) e
por fim, as que residem apenas com uma pessoa (5%). Esse aspecto é importante,
pois influencia diretamente na qualidade de vida da população, principalmente
questões financeiras.
8; 5%
15; 9%
65; 40%
74; 46%
Uma
Duas
Três
Quatro ou mais
69
Gráfico 3 – Dados coletados a respeito da renda familiar das jovens entrevistadas, através de questionário aplicado, referente à avaliação de
hirsutismo em jovens de escolas estaduais – Unaí – MG no período setembro/novembro de 2015; (n= 162).
Fonte: Elaborado pelo autor, 2015
Segundo o IBGE (2011) a renda per capita das famílias brasileiras teve um
aumento de 3% ao ano, em uma década (2001 a 2011), passando de R$ 591 para
R$ 783. Para o segmento da classe média, o ritmo de crescimento superou os 4%
ao ano, com valor (R$ 576) 50% acima do registrado dez anos antes (R$ 382). Já
em outro estudo, divulgado pelo IBGE (2015) revelou que a renda domiciliar per
capita nominal do brasileiro atingiu R$ 1.052 em 2014. Neste estudo 76% das
entrevistadas afirmaram que a renda de suas famílias é mais de 2 salários mínimos,
corroborando os valores divulgados pelo IBGE em 2015, mesmo que 17% declarou
renda familiar menor que um salário e 21% um salário mínimo.
4; 2%
34; 21%
95; 59%
27; 17%
2; 1%
Menos de uma saláriomínimo
Um salário mínimo
De dois a três saláriosmínimos
Mais de três saláriosmínimos
Não declararam
70
Gráfico 4 – Dados coletados a cerca do grau de conhecimento das entrevistadas pertinente ao hirsutismo através de questionário aplicado,
referente à avaliação de hirsutismo em jovens de escolas estaduais – Unaí – MG no período setembro/novembro de 2015; (n= 162).
Fonte: Elaborado pelo autor, 2015
O hirsutismo é uma patologia difícil de ser identificada uma vez que o
diagnóstico soma vários aspectos, parte de anamnese, física e laboratorial, além
disso, pode ser confundido com outros problemas comuns e passar despercebido
quando a paciente acha que é normal.
Percebe-se que o tema abordado ainda tem sido pouco discutido, o que
justifica a dificuldade de encontrar referências, como o nível de conhecimento sobre
o hirsutismo. O gráfico acima salienta o quanto falta informação, para a população
em geral. Sendo que 73% das jovens afirmaram não conhecer a patologia e 27% já
ouviram falar.
De acordo Spritzer (2006), o hirsutismo pode apresentar os seguintes sinais
clínicos: alopecia, acne, seborreia, hipertrofia do clitóris, modificação do tom de voz,
aumento da massa muscular, distúrbios menstruais e/ou infertilidade ou ainda
alterações metabólicas.
Devido a esse desconhecimento muitas dessas jovens podem apresentar
sinais e/ou sintomas relatados acima e não procuram um tratamento adequado
44; 27%
118; 73%
Sim
Não
71
podendo gerar um agravamento do caso. É notável a necessidade de investimentos
em ações que levem a população a se conscientizar mudando assim esse quadro.
Gráfico 5 – Dados coletados mediante a fonte de informação do tema em questão, através de questionário aplicado, referente à avaliação de hirsutismo em jovens de escolas estaduais – Unaí – MG no período setembro/novembro
de 2015; (n= 162).
Fonte: Elaborado pelo autor, 2015
Neste gráfico é possível verificar que a maior parte dessas meninas não
opinou sobre a questão, totalizando 61% e 39% afirmaram ter recebido orientação
de algum profissional na área da saúde referente ao tema abordado. Apenas 1%
dessas jovens recebeu informação através de um endocrinologista e 8% por um
ginecologista, esse número é considerado abaixo do esperado.
De acordo com o Ministério da Saúde (2015) é necessário realizar ações de
promoção, proteção e reabilitação da saúde, estas não podem ser tratadas de forma
isolada, mais claramente pode-se dizer que cada indivíduo é uma parte integral,
todos devem e merecem ser tratados com integralidade e igualdade. Cabe aqui
ressaltar que muitos profissionais tratam os clientes em partes e não como um todo
da forma que é preconizado. (PORTAL EDUCAÇÃO, 2015).
2; 1%
13; 8%
49; 30%
98; 61%
Endocrinologista
Ginecologista
Outro profissional
Não declararam
72
Gráfico 6 – Dados coletados sobre a duração do ciclo menstrual das jovens entrevistadas, através de questionário aplicado, referente à avaliação de
hirsutismo em jovens de escolas estaduais – Unaí – MG no período setembro/novembro de 2015; (n= 162).
Fonte: Elaborado pelo autor, 2015
Ciclo menstrual é definido como fenômeno cíclico que ocorre na mulher
durante a fase fecunda, caracterizado por fluxos sanguíneos periódicos dos órgãos
genitais. (MALTESE 2011).
De acordo com Freitas e outros (2001), conhecer o ciclo menstrual é
imprescindível para o diagnóstico e o tratamento de seus distúrbios. O ciclo
menstrual normal varia de 21 a 35 dias, com média de 28 dias. O número de dias da
primeira fase do ciclo menstrual pode variar, entretanto a segunda fase tem
normalmente 14 dias. Na maioria das vezes quando as pacientes apresentam ciclos
menstruais irregulares, não ocorre à ovulação.
Flores e outros (2013) consideram a regularidade dos ciclos menstruais um
fator importante ao verificar a presença de hirsutismo.
Nas mulheres hirsutas, a menstruação inconstante é um dos problemas mais
normalmente relatados. Durante a puberdade se ocorrer o hirsutismo vai haver um
agravamento sucessivo da condição, sendo que em média 70% das mulheres que
não ovulam desenvolvem a enfermidade. (SPEROFF; GLASS; KASE, 1991).
93; 57%
56; 35%
12; 7%
1; 1%
Vinte e oito dias ou menos
Mais de vinte e oito dias
Meses
Nunca menstruou
73
Neste gráfico, 92% das jovens entrevistadas apresentaram ciclos menstruais
em cerca de 30 dias, sendo esse um dado considerado normal para alguns autores,
7% apresentam a menstruação desregulada com ciclo considerado de meses e 1%
nunca menstruou, devendo investigar se há correlação com alterações hormonais
como no caso de hirsutismo.
Gráfico 7 – Dados coletados no que diz respeito à intensidade do fluxo menstrual, através de questionário aplicado, referente à avaliação de hirsutismo em jovens de escolas estaduais – Unaí – MG no período
setembro/novembro de 2015; (n= 162).
Fonte: Elaborado pelo autor, 2015
Em condições fisiológicas normais a quantidade de sangue emitida
mensalmente varia entre 50 e 250 gramas. (MALTESE 2011).
Para CARDOSO; BORDALLO; AWAD (2005), a caracterização dos ciclos
menstruais é um fator importante para verificar se há presença de hirsutismo.
O gráfico acima demonstra que 71% das estudadas apresentam fluxo
menstrual normal, 2% não declararam, 21% declararam um fluxo intenso, 5%
diminuído, 1% irregular, totalizando 27% casos de fluxos fora do padrão. Esse fator
também deve ser cuidadosamente analisado, pois como afirmado por outros
autores, pode estar relacionado à presença da patologia.
8; 5%
116; 71%
34; 21%
3; 2% 1; 1%
Diminuído
Normal
Intenso
Não declararam
Irregular
74
Gráfico 8 – Dados coletados tendo em consideração o número de pessoas que já realizaram exames, através de questionário aplicado, referente
à avaliação de hirsutismo em jovens de escolas estaduais – Unaí – MG no período setembro/novembro de 2015; (n= 162).
Fonte: Elaborado pelo autor, 2015
Quando questionadas sobre a realização de algum tipo de exame, 62% das
jovens não responderam o questionário, podendo ser um fator devido à timidez ou
falta de conhecimento, porém 39% afirmaram que realizam algum tipo de exame,
considerando-se um ponto positivo para jovens nessa faixa etária. Do ponto de vista
geral, essa representatividade de 39% ainda é inexpressiva, pois evidencia um
elevado número de pessoas que não obtiveram informação de algum profissional da
área da saúde, o assunto deveria ser mais debatido, principalmente entre os pais e
escolas.
58; 36%
3; 2%
1; 0%
100; 62%
Ginecológico
Hormonal
Ginecológico e hormonal
Não declararam
75
Gráfico 9 – Dados coletados em conformidade com a periodicidade da realização de exames hormonais e ginecológicos, através de questionário
aplicado, referente à avaliação de hirsutismo em jovens de escolas estaduais – Unaí – MG no período setembro/novembro de 2015; (n= 162).
Fonte: Elaborado pelo autor, 2015
Durante a pesquisa foi possível perceber que mesmo apresentando alguns
sinais e sintomas, por serem jovens, as entrevistadas pensam que devido à fase de
puberdade essas características podem ser normais, achando desnecessário
procurar alguns desses profissionais. Neste gráfico, 64% das entrevistadas não
quiseram responder, demonstrando mais uma vez, que falta informação, levando em
consideração que os sintomas podem ser desencadeados desde a infância,
comprovando a escassez de conhecimento dos próprios pais.
Um ponto positivo é que, mesmo sendo jovens, 36% já possuem a iniciativa
ou são orientadas a fazerem visitas há algum profissional da área. Esse aspecto
facilita a detecção de qualquer tipo de doença precocemente.
49; 30%
6; 4%
3; 2%
104; 64%
Uma vez ao ano
Duas vezes ao ano
Três ou mais vezes ao ano
Não declararam
76
Gráfico 10 – Dados coletados referentes ao local em que as jovens realizam seus exames, através de questionário aplicado, referente à avaliação de
hirsutismo em jovens de escolas estaduais – Unaí – MG no período setembro/novembro de 2015; (n= 162).
Fonte: Elaborado pelo autor, 2015
Como mostrado nos gráficos anteriores, observa-se que a grande maioria das
questionadas não responderam a esta pergunta, confirmando assim que falta
orientação para este grupo e mostrando também a necessidade de uma melhor
conscientização sobre cuidados preventivos relacionados à saúde. Todavia, 40%
das participantes já demonstraram entender a importância de ações preventivas,
destas 20% procuram o ESF de seus bairros e 20% preferem o particular.
32; 20%
32; 20%
1; 0%
97; 60%
ESF
Particular
SUS
Não decalraram
77
Gráfico 11 – Dados coletados tendo em vista a quantidade de jovens que apresentam acne com frequência, através de questionário aplicado, referente à
avaliação de hirsutismo em jovens de escolas estaduais – Unaí – MG no período Março/Novembro de 2015; (n= 162).
Fonte: Elaborado pelo autor, 2015
No gráfico 11, grande percentual declarou apresentar acne com frequência.
Esta informação por si só não caracteriza o quadro de hirsurtismo. Torna-se então,
necessário verificar outros aspectos considerados determinantes no quadro desta
patologia.
Segundo Bonetto (2004), a acne é uma doença universal entre os
adolescentes e adultos jovens, chegando a uma incidência de 80 a 90%.
É possível que muitas dessas jovens não tenham respondido essa questão,
por vergonha sendo, correspondente a 8% das pesquisadas.
As análises sobre a persistência da acne variam de acordo com os critérios
usados para definir a doença. Calcula-se que, em diversos estágios, próximo de
70% a 80% dos jovens têm acne. Os estágios moderados e graves prevalecem em
20% dos adolescentes. (CARDOSO; BORDALLO; AWAD, 2005).
87; 54% 62; 38%
13; 8%
Sim
Não
Não declararam
78
Gráfico 12 – Dados coletados a cerca do tipo de timbre vocal das entrevistadas, através de questionário aplicado, referente à avaliação de
hirsutismo em jovens de escolas estaduais – Unaí – MG no período setembro/novembro de 2015; (n= 162).
Fonte: Elaborado pelo autor, 2015
A virilização representa uma forma mais severa de hiperandrogenismo, em
que o hirsutismo é encontrado junto com outros sinais como acne, calvície temporal,
engrossamento da voz, aumento da massa muscular e/ou clitoromegalia. Deve ser
avaliada rapidamente, pois pode ser um sinal de tumor ovariano ou adrenal. (Award
et al, 2005).
Spritzer MP (2006) afirma que a modificação do tom de voz faz parte dos
critérios da avaliação de exame físico sendo um dos critérios vistos em pacientes
com hirsutismo.
Na pesquisa, 57% das estudadas afirmaram ter timbre vocal agudo, 36%
grave e 7% não quiseram responder.
59; 36%
92; 57%
11; 7%
Grave
Agudo
Não declararam
79
Gráfico 13 – Dados coletados mediante a presença de pelos excessivos no corpo, através de questionário aplicado, referente à avaliação de hirsutismo em jovens de escolas estaduais– Unaí – MG no período Março/Novembro de
2015; (n= 162).
Fonte: Elaborado pelo autor, 2015
O hirsutismo é definido como crescimento excessivo de pelos terminais em
áreas particularmente masculinas, seu crescimento é manifestado na dependência
de hormônios gerados pelo organismo. Esses hormônios atuam no folículo piloso
fazendo com que eles desenvolvam. Apenas a testosterona, que se acha na forma
livre no organismo, é capaz de agir junto ao folículo piloso e favorecer o crescimento
deles. Dessa maneira, o hirsutismo pode surgir na presença elevada dos hormônios
androgênios, hormônios masculinos que também estão presentes nas mulheres,
devido ao aumento da sensibilidade dos receptores a estes hormônios ou pela
alteração no transporte deles no organismo, fazendo com que aumente a fração livre
do hormônio circulante. (ARIE et al, 2001).
Neste estudo, 25% das adolescentes disseram ter pelos excessivos no corpo,
72% afirmaram ter pelos normais e 3% não quiseram responder.
41; 25%
117; 72%
4; 3%
Sim
Não
Não declararam
80
Gráfico 14 – Dados coletados sobre as áreas de crescimento de pelos das jovens entrevistadas, através de questionário aplicado, referente à avaliação
de hirsutismo em jovens de escolas estaduais – Unaí – MG no período setembro/novembro de 2015; (n= 162).
Fonte: Elaborado pelo autor, 2015
A avaliação de uma paciente com hirsutismo requer o conhecimento da
fisiologia dos androgênios e do crescimento do pelo. (CARDOSO; BORDALLO;
AWAD, 2015).
Os pelos crescem em fases cíclicas, com proporções diferentes para
determinadas partes do corpo e os modelos de crescimento podem variar de um
indivíduo para outro. Quando um pelo atinge um comprimento definitivo, desprende-
se para ser substituído por um novo. (MARGOTO, 2008).
É um dos critérios clínicos mais utilizados para o diagnóstico do excesso de
andrógeno, sendo observado em 50-80% das pacientes que apresentam
hiperandrogenismo. (MOURA et al., 2011).
No gráfico 14, a porcentagem de jovens que afirmaram ter aumento de pelos
em regiões consideradas como indicio do hirsutismo foi expressiva, totalizando 71%.
4; 6%
1; 2%
14; 23%
25; 40%
18; 29% Lábios
Mento
Braços
Pernas
Outros
81
Gráfico 15 – Dados coletados no que diz respeito ao constrangimento social
devido ao crescimento de pelos, através de questionário aplicado,
referente à avaliação de hirsutismo em jovens de escolas estaduais – Unaí – MG no período setembro/novembro de 2015; (n= 162).
Fonte: Elaborado pelo autor, 2015
Estudos indicam que o bullying acarreta sérias consequências, desde
problemas de aprendizagem até sérios transtornos de comportamento, sendo
responsável por índices de suicídios e homicídios entre estudantes.
Levantamento feito pelo IBGE (2009) revela que quase 1/3 dos estudantes
brasileiros declaram ter sofrido bullying alguma vez na vida escolar, sendo que o
problema tem ocorrido, em maior proporção, nos colégios privados (35,9%) do que
nos públicos (29,5%).
O conceito de beleza faz parte da vaidade humana e muitos sofrem por se
achar menos belo que outros pela presença aumentada de pelos, ocasionando
conflitos na vaidade feminina, por vezes causando dúvidas em relação à sua
feminilidade e interferindo na sua sexualidade. O hirsutismo pode gerar a imagem
corporal negativa, por conferir às mulheres aparência masculina. (BARACAT et al.,
2006).
Quando questionadas se já sofreram bullying devido ao excesso de pelo, 6%
das pesquisadas responderam sim. Cabe às escolas, através de um projeto
10; 6%
142; 88%
10; 6%
Sim
Não
Não declararam
82
pedagógico, intermediar os conflitos através da conscientização dos alunos a
respeito da necessidade de aceitar as diferenças e individualidades.
Gráfico 16 – Dados coletados tendo em consideração a quantidade de entrevistadas que já fizeram hormônio terapia, através de questionário
aplicado, referente à avaliação de hirsutismo em jovens de escolas estaduais – Unaí – MG no período setembro/novembro de 2015; (n= 162).
Fonte: Elaborado pelo autor, 2015
Segundo Maltese (2011), hormonoterapia é um método terapêutico que se
utiliza de homônios.
De acordo com Spritzer (2009), as opções terapêuticas se fundamentam no
diagnóstico etiológico e na identificação de riscos, prevenção e tratamento de
comorbidades eventualmente associadas.
Neste gráfico, 6% disseram que fazem uso de algum tipo de hormônio, 88%
não utilizam e 8% não quiseram responder.
6; 4%
143; 88%
13; 8%
Sim
Não
Não declararam
83
Gráfico 17 – Dados coletados em relação aos medicamentos que as jovens utilizam para controle hormonal, através de questionário aplicado, referente à
avaliação de hirsutismo em jovens de escolas estaduais – Unaí – MG no período Março/Novembro de 2015; (n= 162).
Fonte: Elaborado pelo autor, 2015
De acordo com Arie e outros (2001), na terapêutica medicamentosa podem
ser usados muitos medicamentos, entre eles: hormônios isolados ou associados,
diuréticos, análogos do GnRH, flutamida, cimetidina, cetoconazol, indutores de
ovulação, corticoesteróides, e atualmente a finasterida. Deverá o médico escolher o
tratamento mais ajustado para o diagnóstico certo. A cliente deverá ser orientada
sobre a dificuldade de tratar o hirsutismo, além de ser necessária uma boa dose de
paciência para se conseguir o resultado desejado.
No gráfico acima, 3% afirmaram fazer uso de algum medicamento e 98% não
quiseram declararam.
1; 0% 1; 1% 1; 1%
159; 98%
Selene
Puran T4
Femina
Não declararam
84
Gráfico 18 – Dados coletados de acordo com o IMC das participantes, através de questionário, referente à avaliação de hirsutismo em jovens de escolas estaduais – Unaí – MG no período setembro/novembro de 2015; (n= 162).
Fonte: Elaborado pelo autor, 2015
Para Freitas e outros (2001) o índice de massa corporal é uma medida
antropométrica utilizada para avaliação de hirsutismo no qual se utiliza o peso da
paciente dividido pela altura, vezes a altura. A frequência da obesidade em mulheres
anovulatórias, com ovários policísticos e alterações hormonais tem sido relatada
como de 35 a 60%.
Estudo realizado por Gusso e Lopes (2012) avaliou o percentil do IMC
conforme idade e sexo para adolescentes entre 10 e 19 anos. Considerando a parte
de relevância deste trabalho foi analisado a relação entre as jovens entre 15 e 19
anos de idade do sexo feminino. Pode observar-se que na faixa etária dos 15 anos
de idade 24,29 apresentam sobre peso e 28,51 apresentam obesidade. Aos 16 anos
de idade 24,74 apresentam sobre peso e 29,10 apresentam obesidade. Aos 17 anos
de idade 25,23 apresentam sobre peso e 29,72 apresentam obesidade. Aos 18 anos
de idade 25,56 apresentam sobre peso e 30,22 apresentam obesidade. E por fim,
aos 19 anos de idade 25,85 apresentam sobre peso e 30,72 apresentam obesidade.
O sobre peso corresponde ao IMC entre 85 a 95% e a obesidade corresponde a
95%.
50; 31%
71; 44%
18; 11%
9; 5%
5; 3%
9; 6%
Abaixo do normal
Normal
Acima do normal
Obesidade leve
Obesidade moderada
Não paraticiparam
85
De acordo com Spritzer (2006), nos casos de hirsutismo grave é importante
realizar a pesquisa de outras alterações como elevação de massa muscular que
podem detectar a presença de síndrome virilizante. Em alguns casos esse aumento
da massa muscular pode ser elevado gerando obesidade.
A obesidade é o acúmulo excessivo de gordura corporal causada pelo
balanço energético positivo, isto é, a ingestão calórica excede o gasto calórico. Isso
acarreta repercussões à saúde com perda importante na qualidade de vida do
indivíduo. Esse acúmulo pode ser mensurado por meio do índice de massa corporal
(IMC), calculado pela divisão do peso em quilogramas pelo quadrado da altura em
metros. O IMC correlaciona-se com os fatores de risco à saúde e é utilizado para
classificar o grau de obesidade, considerado fator importante para verificar casos de
hirsutismo. (GUSSO; LOPES, 2012).
Nesta pesquisa, 3% apresentou obesidade moderada, 5% obesidade leve,
11% acima do normal, 31% abaixo do normal, 44% normal.
Gráfico 19 – Dados coletados referente o tamanho da cintura, através de questionário aplicado, à avaliação de hirsutismo em jovens de escolas
estaduais – Unaí – MG no período setembro/novembro de 2015; (n= 162).
Fonte: Elaborado pelo autor, 2015
Freitas e outros (2001) afirmam que, a relação de cintura/quadril (RCQ) é um
marcador de hirsutismo, neste caso pode-se dizer que cintura maior que 85 cm, ou
119; 73%
24; 15%
13; 8%
6; 4%
Normal
Aumentada
Muito aumentada
Não declararam
86
maior que 90 cm considera-se obesidade, sendo que em mulheres com cintura entre
80-88 cm, considera-se aumentada e acima de 88 muito aumentada.
Para Geloneze (2006) a síndrome metabólica pode ser um fator de risco para
o desenvolvimento do hirsutismo, e é denominado como um conjunto de fatores
derivados de um metabolismo anormal, associado de um risco aumentado para o
desenvolvimento de doença cardiovascular aterosclerótica e diabetes melito tipo 2. É
importante realizar exame físico, incluindo a medida da circunferência abdominal,
níveis de pressão arterial, peso e estatura incluindo o cálculo do índice de massa
corporal.
Para Yarak e outros (2005), mulheres com síndrome metabólica muito
obesas, têm frações aumentadas tanto dos androgênios quanto dos estrógenos
livres, apresentando hirsutismo, ciclos irregulares e anovulatórios, oligo ou
amenorreia e infertilidade.
No gráfico acima, 8% das participantes apresentaram a circunferência
cintura/abdominal muito aumentada, 15% aumentada, 73% normal e 4% recusaram
fazer a medição.
Gráfico 20 – Dados coletados através da aferição da pressão arterial, através de questionário, referente à avaliação de hirsutismo em jovens de escolas estaduais – Unaí – MG no período setembro/novembro de 2015; (n= 162).
Fonte: Elaborado pelo autor, 2015
2; 1%
157; 97%
3; 2%
Aumenta
Normal
Não aferiu
87
Como inferido por Gusso e Lopes (2012), a pressão arterial deve ser aferida a
cada quatro semanas nos primeiros meses de tratamento, podendo ocorrer
hipotensão postural com determinados medicamentos, com no caso da
espironolactona, ou pode ocorrer hipertensão causada pela patologia, mesmo essas
alterações sendo raras.
No gráfico acima, 1% das adolescentes apresentaram pressão arterial
aumentada, 97% a pressão arterial estava normal e 2% não quiseram aferir.
Gráfico 21 – Dados coletados utilizando a Escala de FG, através de questionário, referente à avaliação de hirsutismo em jovens de escolas
estaduais – Unaí – MG no período setembro/novembro de 2015; (n= 162).
Fonte: Elaborado pelo autor, 2015
Dados obtidos em estudo realizado por Souter e cols observou que, em
mulheres com um escore de 1 a 5, 55% apresentavam uma síndrome de excesso
androgênico, principalmente SOP. Das pacientes com irregularidade menstrual, 65%
apresentaram uma desordem de excesso androgênico, contra 22% das pacientes
com ciclos menstruais regulares.
E outro estudo realizado por Marcondes, Barcellos e Rocha (2011), das
pacientes pesquisadas somente 11% apresentou uma síndrome de excesso
androgênico.
105; 65%
27; 17%
15; 9%
5; 3% 10; 6%
Normal
Grau leve
Grau moderado
Grau severo
Não participaram
88
Para CARDOSO; BORDALLO; AWAD (2005), Margoto (2008), Baracat e
outros (2006), as pacientes hirsutas podem ser classificadas em grau leve (valores
entre 8 e 12), moderado (entre 13 e 18) e severo (acima de 19), é necessário, no
entanto para casos considerados suspeitos, pesquisar sinais clínicos de síndrome
de Cushing, obesidade, estrias violáceas e hipertensão arterial e exame
ginecológico, avaliar anexos, além de morfologia e sinais de virilização da genitália
externa.
Já para Spritzer, (2009) é considerado hirsutismo um escore de FG de oito ou
mais, porém é necessário considerar que este método é apenas sugestivo e não
pontua algumas regiões como: as regiões perineal, glútea e lateral da face. Na
maioria dos casos de hirsutismo.
No estudo em questão, dados obtidos através da escala de FG demonstrou
que 3% das jovens apresentaram grau severo, grau moderado 9%, grau leve 17%,
totalizando 29% com suspeita de uma síndrome de excesso androgênico e ainda 6%
não quiseram participar.
89
CONCLUSÃO
O hirsutismo é um fator relevante que deve ser levado em consideração
devido à presença de uma distribuição de pelos de características masculinas e
suas diversas manifestações clínicas. Além de ser um fator que influencia
diretamente em mudanças psicológicas e estéticas, atrapalha principalmente na
qualidade de vida. Entre os sinais e sintomas, pode-se destacar o crescimento de
pelos, irregularidade menstrual, infertilidade, alopecia, hipertrofia do clitóris, acne,
seborreia, hiperandrogenismo, modificação do tom de voz, entre outros.
A busca pelo diagnóstico é necessária para que seja possível adequar a
melhor alternativa de tratamento, sendo indispensável a anamnese e exame físico.
Em casos em que a suspeita clínica se apresenta mais evidente recomenda-se
exames laboratoriais. Para essa patologia a melhor opção é a busca por um
tratamento eficaz, ratificando que quanto antes à utilização do método, melhor será
a resposta ao tratamento. Esse tratamento pode ser feito de forma farmacológica ou
não farmacológica, em ambos os casos o considera-se como tempo dependente.
Foi possível verificar ao decorrer desse projeto que grande parte da
população desconhece o tema em questão (73% das jovens entrevistadas),
incluindo jovens que apresentam hirsutismo. Outro ponto importante verificado foi à
presença de jovens que já sofreram constrangimento social devido ao crescimento
de pelos (6% das jovens) esse é um aspecto considerado negativo. Cabe, portanto
aos profissionais da área da saúde intervir nesse processo, por busca de resultados
e melhor orientação.
É notória a necessidade da atuação do biomédico e de seu empenho,
analisando, portanto a ocorrência de casos dessas doenças e investindo em busca
por resultados e exames confiáveis, além de sensibilizar a população quanto à
importância de diagnóstico e tratamento. Sendo esse um mecanismo indispensável
para a mudança e melhoria na qualidade de vida para mulheres que sofrem com
essa doença.
90
REFERÊNCIAS
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APÊNDICE A - OFÍCIO
Unaí, 2015.
Assunto: solicitação para execução de pesquisa.
Prezada Sra.
A Faculdade TECSOMA, ciente do seu relevante trabalho para com o Município de
Unaí, vem apresentar a aluna Jussara Fernandes da Silva, acadêmica do 8º período
do Curso de Biomedicina da Instituição Faculdade Tecsoma – Paracatu - MG, e por
meio deste solicitar a Srª. Diretora a autorização para realização do Projeto de
pesquisa de Conclusão de Curso com fins científicos, intitulado “AVALIAÇÃO DE
HIRSUTISMO EM JOVENS DE ESCOLAS ESTADUAIS RESIDENTES EM UNAÍ-
MG”, através da coleta dos dados em entrevista realizada no período de setembro a
novembro de 2015.
Através deste trabalho a escola terá dados compilados referentes à incidência
de Hirsutismo, fator que interfere nas relações sociais das mulheres, o que permite
ações direcionadas no controle desta doença. Todos os dados serão coletados em
conformidade com as normas éticas, respeitando o devido sigilo referente ao nome
das participantes. Finalizando o trabalho uma cópia será entregue as escolas.
Desde já agradecemos pela atenção e contamos com sua colaboração.
Colocamo-nos totalmente à disposição para demais esclarecimentos através do
telefone (38) 33115800 ou pelo e-mail: [email protected]
Atenciosamente,
_____________________________ ________________________
Coordenadora Aluna
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APENDICE B - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO
Prezada Senhora
Vimos através deste, apresentar a proposta de Trabalho de Conclusão de
Curso que será desenvolvido pela acadêmica Jussara Fernandes da Silva,
regularmente matriculada no oitavo período de Graduação em Biomedicina, nesta
instituição de Ensino Superior, intitulada “AVALIAÇÃO DE HIRSUTISMO EM
JOVENS DE ESCOLAS ESTADUAIS RESIDENTES EM UNAÍ-MG”.
O presente estudo tem como objetivo avaliar presença ou ausência de
hirsutismo em jovens de escolas estaduais. Para concretização deste trabalho, a
acadêmica necessita de informações e anamnese das pacientes.
Este trabalho não tem intenção de denegrir valores, mas contribuir de forma
positiva na continuidade da assistência dessa clientela, também não visa lucros,
nem vai gerar encargos ao município.
Solicitamos, portanto, a colaboração e permissão de vossa senhoria para
coleta das informações necessárias ao estudo. As informações pessoais como
nome, endereço e contatos pessoais serão mantidas em sigilo e não serão
divulgadas em qualquer hipótese.
Declaro estar ciente das informações deste Termo de Consentimento e
concordo em participar desta pesquisa.
Unaí, ___/_____/______ Assinatura: ___________________________________
______________________ ________________________
Cláudia Peres da Silva Jussara Fernandes da Silva
Orientadora Acadêmica do Curso de Biomedicina
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APÊNDICE C - QUESTIONÁRIO
Coloque a primeira letra do seu nome e sobrenome: ______________________
Nome completo da escola em que estuda: _______________________________
Socioecômicas
1. Você se considera?
( ) Branco
( ) Preto
( ) Pardo
( ) Não declarado
2. Quantas pessoas moram com você?
( ) Uma
( ) Duas
( ) Três
( ) Quatro ou mais
3. Qual a sua renda familiar?
( ) Menos de 01 salário
( ) 01 salário mínimo
( ) de 02 a 03 salários
( ) Mais de 03 salários
Epidemiológicas
4. Você já recebeu algum tipo de informação sobre hirsutismo?
( ) Sim ( ) Não
5. Qual a fonte da informação?
( ) Endocrinologista ( ) Ginecologista ( ) Outro profissional
6. Qual a duração do ciclo menstrual?
( ) Menos de 28 dias ( ) Mais de 28 dias ( ) Meses
7. Qual a intensidade do fluxo?
( ) Diminuído ( ) Normal ( ) Intenso
8. Já realizou algum dos exames abaixo?
( ) Ginecológico ( ) Hormonal
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9. Se sim... Qual a periodicidade?
( ) Uma vez ao ano
( ) Duas vezes ao ano
( ) Três ou mais vezes ao ano
10. Onde realiza estes exames?
( ) ESF ( ) Particular
11. Você apresenta acne com frequência?
( ) Sim ( ) Não
12. Como considera seu timbre vocal?
( ) Grave ( ) Agudo
13. Você já notou número crescente de pelos no corpo?
( ) Sim ( ) Não
14. Se sim, quais as partes do corpo acometidas por este aumento?
( ) Lábios
( ) Mento
( ) Braços
( ) Pernas
( ) Outros
15. Observou após início do ciclo menstrual alterações estéticas referentes ao
aumento de pelos que causaram constrangimento social?
( ) Sim ( ) Não
16. Já fez hormônio terapia?
( ) Sim ( ) Não
17. Se sim, qual o medicamento utilizado? _______________________________
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APÊNDICE D – PANFLETO
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