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FACULDADE TECSOMA Curso Biomedicina Amanda Silva Ramos FATORES ASSOCIADOS À OCORRÊNCIA DE ANEMIA FERROPRIVA EM CRIANÇAS Paracatu - MG 2012

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FACULDADE TECSOMA Curso Biomedicina

Amanda Silva Ramos

FATORES ASSOCIADOS À OCORRÊNCIA DE ANEMIA FERROPRIVA EM CRIANÇAS

Paracatu - MG 2012

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Amanda Silva Ramos

FATORES ASSOCIADOS À OCORRÊNCIA DE ANEMIA FERROPRIVA EM CRIANÇAS

Monografia apresentada ao Curso de Biomedicina da Faculdade TECSOMA, Paracatu, Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Biomedicina.

Orientador temático: MSc: Hélica Silva Macedo Co-orientadora temática: MSc: Cláudia Peres da Silva Orientador metodológico: Geraldo Benedito Oliveira

Paracatu - MG 2012

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Ramos, Amanda Silva R175f Fatores associados à ocorrência de anemia ferropriva em crianças. / Amanda

Silva Ramos. Paracatu, 2012. 59f.

Orientador: Hélica Silva Macedo

Monografia (Graduação) – Faculdade Tecsoma, Curso de Bacharel em Biomedicina.

1. Hematologia. 2. Anemia ferropriva. 3. Diagnóstico laboratorial. Crianças.

I. Macedo, Hélica Silva. II. Faculdade Tecsoma. III. Título.

CDU: 616.15.083.053.2

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Amanda Silva Ramos

FATORES ASSOCIADOS À OCORRÊNCIA DE ANEMIA FERROPRIVA EM CRIANÇAS

Monografia apresentada à disciplina de trabalho de Conclusão de Curso II do Curso de Biomedicina da Faculdade TECSOMA, Paracatu, Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Biomedicina.

Prof(a): MSc.Hélica Macedo Orientador(a)

Prof(a): MSc.Cláudia Peres da Silva Coordenador(a) do Curso de Biomedicina

Prof (a): Geraldo Benedito Batista de Oliveira Orientador Metodológico

Prof (a): Josimar Dornelas Moreira Professor Convidado

Prof (a): Talita Araújo Faria Professor Convidado

Paracatu, 22 de Junho

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À minha mãe Helena, pelo incentivo, apoio e

confiança a todo momento.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, que é minha força e equilíbrio, nesta fase da minha vida, onde

eu confio as minhas impossibilidades.

Agradeço a minha mãe, pelo apoio e incentivo nesses momentos

difíceis, e que não me deixa desistir diante das dificuldades.

À minha amiga Daiana, pela força pelo carinho e dedicação e

principalmente pela sua amizade, obrigada pela ajuda.

A Hélica, que me orientou deste trabalho e que me ajudou bastante,

muito obrigada pelo empenho e dedicação.

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RESUMO

Este trabalho teve como objetivo Identificar, através de uma revisão sistemática

da literatura, as principais causas e fatores envolvidos no desenvolvimento de

anemia ferropriva em crianças até os cinco anos de idade. A anemia por

deficiência de ferro atinge populações em âmbito mundial, ocorre em países

desenvolvidos, mas principalmente nos países subdesenvolvidos. Os grupos

de risco mais vulneráveis são as mulheres grávidas e as crianças até a idade

pré-escolar. Os fatores de riscos que propiciam o surgimento da anemia

ferropriva são as condições socioeconômicas e os maus hábitos alimentares

que se destacaram como as principais causas. Vários exames podem

evidenciar essa deficiência de ferro, ocorre alteração no hemograma, e são

necessários exames bioquímicos para avaliar o perfil de ferro no organismo.

Sabe-se que a prevenção é a melhor forma de evitar a doença através de

promoções de saúde, incentivando o aleitamento materno exclusivo bem como

as práticas adequadas de alimentação.

Palavras chaves: Anemia ferropriva. Fatores de risco. Crianças.

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ABSTRACT

This study aimed to identify through a systematic literature review of the main

causes and factors involved in the development of iron deficiency anemia in

children up to preschool age. The iron deficiency anemia affects populations

worldwide, occurs in developed countries, but especially in developing

countries. The most vulnerable groups at risk are pregnant women and children

to preschool. Risk factors that favor the emergence of iron deficiency anemia

are the socioeconomic conditions and poor eating habits which stood out as the

main cause. Several tests can show that iron deficiency, alteration in blood

count and biochemical tests are needed to evaluate the profile of iron in the

body. We know that prevention is the best way to prevent disease through

health promotion, encouraging exclusive breastfeeding and appropriate feeding

practices.

Keywords: Iron deficiency anemia. Risk factors. Children.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Esquema de maturação da linhagem linfoide e mieloide ............ 17

FIGURA 2 – Estrutura do heme em esquema ................................................. 19

FIGURA 3 – Molécula de hemoglobina ........................................................... 19

FIGURA 4 – Síntese da hemoglobina no citoplasma eritroblasto .................... 20

FIGURA 5 – Absorção de ferro pelo enterócito ............................................... 22

FIGURA 6 – Metabolismo do ferro ................................................................. 23

FIGURA 7 – Distribuição do ferro nos diversos tecidos e células do sangue de

uma pessoa adulta ...................................................................... 24

FIGURA 8 – Hemácias microcíticas e hipocrômicas ....................................... 26

FIGURA 9 – Microcitose e hipocromia ............................................................ 34

FIGURA 10 – Alterações hematológicas ......................................................... 34

FIGURA 11 – Reticulócito ............................................................................... 35

FIGURA 12 – Sinopse fisiopatológica ............................................................. 37

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Requerimento de ferro durante as fases da vida ........................ 22

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Principais compostos com ferro disponíveis para tratamento da

anemia ferropriva por via oral ....................................................... 39

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LISTA DE SIGLAS

CLTF – Capacidade de Ligação Total do Ferro

CHCM – Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média

Fe – Ferro

Fe+3 – Ferro Férrico

Fe+2 – Ferro Ferroso

Hb – Hemoglobina

HCM – Hemoglobina Corpuscular Média

Ht – Hematócrito

O2 - Oxigênio

OMS – Organização Mundial de Saúde

pH – potencial hidrogeniônico

RDW - Red Cell Distribution Width

SBP – Sociedade Brasileira de Pediatria

VCM – Volume Corpuscular Médio

ZPP - Zincoprotoporfirina

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 13 1.1 Justificativa ............................................................................................... 13 1.2 Objetivos .................................................................................................. 14 1.2.1Objetivos geral ....................................................................................... 14 1.2.2 Objetivos Específicos ........................................................................... 14 2 METODOLOGIA .......................................................................................... 15 2.1 Critérios de inclusão e exclusão ............................................................ 15 3 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................... 16 3.1 Hemopoese .............................................................................................. 16 3.1.1 Origem das células do sangue ............................................................ 16 3.2 Hematopoese ........................................................................................... 17 3.3 Eritropoese .............................................................................................. 17 3.4 Hemoglobina ............................................................................................ 18 3.5 Ferro ......................................................................................................... 20 3.5.1 Absorção do Ferro pelo Organismo ................................................... 21 3.5.2 Distribuição e armazenamento do ferro ............................................. 24 3.6 Anemia ..................................................................................................... 24 3.6.1 Anemia carencial por deficiência de ferro ......................................... 25 3.7 Principais causas .................................................................................... 28 3.8 Fatores de risco ....................................................................................... 29 3.9 Sintomas .................................................................................................. 32 3.10 Diagnóstico ............................................................................................ 32 3.10.1 Diagnóstico clínico ............................................................................. 32 3.10.2 Diagnóstico laboratorial .................................................................... 32 3.10.2.1 Hemograma ...................................................................................... 33 3.10.2.2 Exames específicos ........................................................................ 35 3.11 Tratamento ............................................................................................. 37 3.11.1 Tratamento com ferro por via oral .................................................... 37 3.12 Prevenção .............................................................................................. 39 4 CONCLUSÃO .............................................................................................. 41 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 42 APÊNDICES .................................................................................................... 45

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1 INTRODUÇÃO

Segundo Azevedo (2008), as anemias são definidas como uma

deficiência do suprimento de oxigênio (O2), para todos os tecidos do organismo

humano, podendo ocorrer tanto pela diminuição do número (quantidade) de

eritrócitos e/ou também pela taxa de hemoglobina. Já para Castro e outros

(2011) a anemia, de acordo com a definição da Organização Mundial da Saúde

(OMS), é um estado em que a taxa de hemoglobina (Hb) está anormalmente

baixa em consequência da deficiência de um ou vários nutrientes importantes

para o organismo humano, qualquer que seja a origem da causa.

As anemias podem ser dividas de acordo com a sua causa. São

decorrentes de perdas sanguíneas (agudas e crônicas), destruição anormal

dos glóbulos vermelhos (anemias hemolíticas) e por eritropoese ineficaz

(deficiência nutricional, requerimento aumentado e por comprometimentos na

medula óssea). (AZEVEDO, 2008). Atualmente a deficiência de ferro (Fe) é a

principal causa de anemias, sendo que a grande maioria dos casos relatados

no mundo deve-se à carência deste nutriente. Essa situação é agravada em

países em desenvolvimento, com o Brasil. (CASTRO et al., 2011).

O grupo mais vulnerável para o desenvolvimento de anemias carenciais

por deficiência de ferro é o das crianças em idade pré-escolar. Cabe ressaltar

que esta doença é um grave problema de saúde pública, logo que há um

acometimento do desenvolvimento mental, físico e de crescimento, podendo

causar até a morte desses indivíduos. (CASTRO et al., 2011).

1.1 Justificativa

A anemia ferropriva constitui um importante problema de saúde pública,

acometendo principalmente indivíduos em processo de crescimento como as

crianças e gestantes com dieta insuficiente, prejudicando o desenvolvimento

mental e psicomotor. (NEUMAN et al., 2000). Esses fatores desempenham um

papel crucial para o desenvolvimento da anemia ferropriva, pois embora o ferro

esteja presente em muitos alimentos, a maioria é composta por ferro de baixa

biodisponibilidade.

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As condições socioeconômicas, o abandono precoce do aleitamento

materno e uma dieta insuficiente de ferro podem propiciar o surgimento da

doença. (PINHEIRO et al., 2008).

O desenvolvimento desta patologia em crianças até a idade pré-escolar

é extremamente preocupante, uma vez que a mesma está associada não só a

prejuízos no desenvolvimento infantil e cognitivo como também a patologias

futuras. Estudos que associam as condições de saúde, alimentação e fatores

de risco envolvidos no desenvolvimento desta patologia são de extrema

relevância, haja vista que os mesmos fornecem tanto a profissionais da saúde

quanto para população uma fonte de dados, identificando assim os principais

fatores de risco que cursam no desenvolvimento de anemia ferropriva.

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral

Identificar através de uma revisão sistemática da literatura as principais

causas e fatores envolvidos no desenvolvimento de anemia ferropriva em

crianças até os 5 anos de idade.

1.2.2 Objetivos Específicos

Fazer uma abordagem sobre anemia ferropriva associada às condições

de saúde e alimentação de crianças recém-nascidas até a idade pré-

escolar;

Identificar os principais fatores de risco envolvidos no desenvolvimento

de anemia ferropriva em crianças com até 5 anos de idade.

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2 METODOLOGIA

Este trabalho foi realizado através de uma revisão bibliográfica da

literatura. O estudo foi realizado através de livros e pesquisas on-line em

português através da base de dados de artigos publicados nos sites Scielo

pesquisados no período de Abril a Maio de 2012. Foram utilizados 4 livros e

selecionados 35 artigos.

Os critérios para seleção foram o período de publicação, de

2000 a 2011, com abordagem sobre o tema de anemia ferropriva em

crianças. Foram utilizadas como palavras chave: anemia ferropriva, fatores de

risco, deficiência de ferro, fatores de risco e anemia, ferro e criança, ferro e

anemia ferropriva.

O sistema adotado para a escrita do texto foi o Microsoft Office Word

2007.

2.1 Critérios de inclusão e exclusão

Foram incluídos na pesquisa a abordagem sobre o tema anemia

ferropriva em crianças e artigos publicados no período de 2000 a 2011. Foram

excluídos do estudo os artigos inferiores ao ano 2000.

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3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 Hemopoese

O sangue é um tecido fluido, constituído por uma porção celular, os

glóbulos brancos e vermelhos e pelos fragmentos celulares (plaquetas) e

também por uma suspensão líquida (plasma), 45% de um determinado volume

de sangue corresponde à porção celular, e os 55% restantes ao plasma.

(AZEVEDO, 2008; LORENZI, 2006).

O volume sanguíneo pode variar conforme o sexo, a idade, a gravidez,

o peso e a altitude do local onde o indivíduo reside. Normalmente um homem

adulto com peso corpóreo de 75 kg, possui um volume sanguíneo aproximado

de 5.000mL, já uma mulher com peso médio de 55 kg possui um volume

sanguíneo total de 3.404 mL. (LORENZI, 2006).

Dentre as diversas funções realizadas pelos elementos celulares, está o

transporte dos gases, promovido pelos eritrócitos, que geralmente possuem um

tempo médio de vida de 120 dias. (AZEVEDO, 2008).

O eritrócito é um veículo para o transporte da hemoglobina, a qual é produzida nas células precursoras dos eritrócitos, os normoblastos. A função da hemoglobina consiste em transportar o oxigênio e o dióxido de carbono. O eritrócito também é metabolicamente capaz de manter a hemoglobina em um estado funcional. (HENRY, 2008, p.610).

3.1.1 Origem das células do sangue

As células sanguíneas se originam de células-tronco pluripotentes, que

se localizam na medula óssea e dão origem a duas linhagens de células; a

linfoide (linfócitos B e T) e a mieloide que também pode ser chamada de

hematopoiética. Essa linhagem é precursora dos granulócitos, monócitos,

megacariócitos e das hemácias. (HENRY, 2008; LORENZI, 2006). O esquema

de maturação dos eritrócitos pode ser observado na Figura 1.

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Figura 1 – Esquema de maturação da linhagem linfóide e mielóide

Fonte: AZEVEDO, 2008

3.2 Hematopoese

Os termos hematopoese ou hemopoese são utilizados para se referir à

formação das células do sangue, que se deve à origem, multiplicação e

maturação das células primordiais ou das células ditas precursoras das células

sanguíneas circulantes. No início da vida fetal a hematopoese é realizada por

órgãos como fígado e baço, e progressivamente após a segunda metade da

vida fetal a medula óssea vai assumindo a produção de células sanguíneas.

Logo após o nascimento a medula óssea passa a ser o único local de produção

dessas células. (HENRY, 2008; LORENZI, 2006).

3.3 Eritropoese

A eritropoese é o processo pelo qual é originado o eritrócito maduro. Até

a produção do eritrócito, uma célula jovem medular da linhagem mieloide passa

por diferentes estágios de diferenciação. Todo o processo dura cerca de 7 dias

e um único percussor (proeritroblasto) produz 16 eritrócitos maduros.

(AZEVEDO, 2008).

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A primeira célula a ser morfologicamente distinguível é o proeritroblasto,

que sofre mitose dando origem a dois eritroblastos basofílicos, que passam por

duas mitoses originando o eritroblasto policromatofílico, a principal

característica dessa célula é o inicio da síntese de hemoglobina. Essa célula

sofre uma ou duas mitoses, após a última mitose é originado o eritroblasto

ortocromático, onde a síntese de hemoglobina é intensa. Ocorre nessas células

ondulações e contrações citoplasmáticas que expulsam o núcleo e uma

pequena porção de citoplasma, formando o reticulócito. O reticulócito

permanece no estroma da medula por cerca de um a dois dias, até ser

transformado em eritrócito e liberado no sangue. (HENRY, 2008).

As hemácias possuem a forma discoide, bicôncava, com tamanho

aproximado de 7µ, com coloração alaranjada, onde é possível ver um halo

central mais claro e uma borda mais corada, devido a maior quantidade

hemoglobina nas bordas. (AZEVEDO, 2008; HENRY, 2008).

3.4 Hemoglobina

A hemoglobina é uma molécula constituída por quatro grupos heme

formada por anéis de protoporfirina, que possuem um átomo de ferro ferroso

inserido, e por uma porção proteica chamada de globina formada por dois

pares de cadeias polipeptídicas compostas por aproximadamente 140

aminoácidos. O grupamento heme pode ser visualizado na figura 2. No adulto

esta molécula é constituída por duas cadeias α e duas cadeias β que se

encontram dispostas espacialmente, formando um tetrâmero como observado

na figura 3. (AZEVEDO, 2008; HENRY, 2008; LORENZI, 2006).

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Figura 2 – Estrutura do heme em esquema

Fonte: LORENZI, 2006

Figura 3 – Molécula de hemoglobina

Fonte: HENRY, 2008

A síntese normal desta molécula depende do suprimento de ferro

presente no organismo, da síntese das protoporfirinas e da globina. O ferro é

um elemento essencial para a produção do grupamento heme e é transportado

pela transferrina até os precursores do eritrócito, onde são passados para o

interior da mitocôndria onde é acoplado ao anel da protoporfirina. A síntese da

hemoglobina pode ser observada na figura 4. (AZEVEDO, 2008; LORENZI,

2006).

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Figura 4 – Síntese da hemoglobina no citoplasma eritroblasto.

Fonte: LORENZI, 2006

Segundo Lorenzi (2006, p.56), “a principal função da hemoglobina é

promover a absorção, o transporte e a liberação do oxigênio aos tecidos.”. Esta

molécula também é responsável pela captação do CO2 dos tecidos para o

pulmão. (AZEVEDO, 2008).

3.5 Ferro

O ferro é um nutriente extremamente importante para todo o organismo

e está envolvido em processos vitais para a sobrevivência do ser humano

como: transporte de oxigênio dos pulmões para todos os tecidos, reserva

muscular de O2, no metabolismo energético, na síntese de proteínas e das

mitoses celulares. (RODRIGUES, et al., 2011; GROTTO, 2008). Este nutriente

possui um mecanismo eficiente que impede suas perdas e pode ser

reaproveitado após a destruição dos glóbulos vermelhos que foram retirados da

circulação. Vale salientar que o ferro também participa de funções metabólicas

e oxidativas, sendo armazenado como ferritina e hemossiderina no fígado,

baço e medula óssea, podendo ser encontrado sob as formas ferrosa (Fe2+) e

férrica (Fe3+), 65% do ferro encontra-se ligado à hemoglobina. (AZEVEDO,

2008).

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3.5.1 Absorção do Ferro pelo Organismo

O ferro proveniente dos alimentos é absorvido na parte superior do

intestino delgado, mais especificamente no duodeno e no jejuno proximal pelas

células da mucosa intestinal. No duodeno a absorção se dá no enterócito, por

meio de uma sucessão de eventos que se inicia com a redução do ferro férrico

a ferroso e internalização através da membrana apical. O ferro é então

transportado e liberado no plasma onde se liga à transferrina. Esta proteína é

capaz de se ligar a dois átomos de ferro, e o transporta tanto para a medula

óssea onde estão os precursores do eritrócito como também para os tecidos

onde normalmente são armazenados. (LORENZI, 2006). Estes eventos podem

ser observados na figura 5.

As quantidades absorvidas dependem da quantidade do complexo de

ferro presente no lúmen intestinal, bem como da sua utilização na medula

óssea e de suas reservas no organismo, esta absorção também está

diretamente relacionada com a faixa etária do indivíduo. Devido o intenso

crescimento durante a infância principalmente aos 12 meses as crianças nessa

faixa etária necessitam absorver quatro vezes mais ferro que as demais faixas

etárias. (AZEVEDO, 2008).

Cabe ressaltar que o ferro não possui via de excreção, ele é absorvido e

armazenado, e conforme as necessidades fisiológicas é utilizado ou reutilizado

pelo organismo. (LORENZI, 2006).

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22

Figura 5 – Absorção de ferro pelo enterócito.

Fonte: AZEVEDO, 2008

Considerando os aspectos relatados acima, pode se concluir que o

organismo necessita de uma ingestão diária de pequenas doses desse

micronutriente, sendo que ocorre uma variação da quantidade absorvida

conforme a fase da vida que se encontra o indivíduo. O requerido diário de

ferro pode ser observado na tabela 1, esse nutriente deve ser obtido através da

ingestão de alimentos rico em ferro. (AZEVEDO, 2008).

Tabela 1 – Requerimento de ferro durante as fases da vida.

Fonte: AZEVEDO, 2008

Duas vias são utilizadas para a absorção do ferro: uma heme e outra

não heme. O ferro heme é adquirido pelos seres humanos através da ingestão

de alimentos de origem animal e é conhecido como ferro ferroso (Fe+2) que se

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liga ao grupamento heme. Este ferro é rapidamente absorvido devido a sua alta

biodisponibilidade. Já o ferro não heme é conhecido como ferro férrico (Fe3+), e

é encontrado em alimentos de origem vegetal. Para facilitar sua absorção

durante a digestão este ferro é parcialmente reduzido para a forma ferrosa pela

ação do ácido clorídrico, da bile e do suco pancreático em potencial

hidrogeniônico (pH) ácido. (AZEVEDO, 2008; LORENZI, 2006).

Os potentes promotores da absorção de ferro não heme são as carnes

de diversos tecidos animais e a vitamina C, que devido sua alta

biodisponibilidade supre e aumenta a absorção do ferro não heme. Porém

outros alimentos como fitatos, taninos (polifenóis), cálcio e fosfatos têm um

efeito inibidor, que dificulta a sua absorção. (OSÓRIO, 2002).

Após o processo de digestão, a maior parte do ferro forma um depósito intraluminal sendo, portanto, sua absorção determinada por fatores facilitadores (ácido ascórbico, carnes em geral, aminoácidos como lisina, cisteína e histidina, ácidos cítricos e succínico além de frutose) ou inibidores (fitatos, presentes nos cereais; compostos fenólicos como flavonoides; ácidos fenólicos; polifenóis e taninos, encontrados nos chás preto e mate; café e certos refrigerantes; sais de cálcio e fósforo, encontrados em fontes proteicas lácteas. (AZEVEDO, 2008, p.115).

Uma certa parte do ferro que se encontra armazenado pode retornar ao

lúmen do intestino através da descamação das células do epitélio da mucosa

intestinal. Estas células são fundamentais para a regulação da quantidade de

ferro absorvido, impedido que ocorra uma sobrecarga de ferro no organismo.

(AZEVEDO, 2008). O metabolismo do ferro pode ser observado na Figura 6.

Figura 6 – Metabolismo do ferro

Fonte: AZEVEDO, 2008

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3.5.2 Distribuição e armazenamento do ferro

O ferro encontra-se distribuído pelo organismo humano, podendo ser

encontrado nas formas ferrosa, férrica, de ferritina e hemossiderina. Nessas

duas últimas formas o ferro encontra-se ligado e é depositado no fígado, baço

e medula óssea. (AZEVEDO, 2008). Segundo Lorenzi (2006,), “a maior parte

está ligada à ferritina, que é mais facilmente liberada quando aumenta a

necessidade de fornecimento aos eritroblastos.”. A distribuição do ferro pelo

organismo pode ser observada na figura 7.

A Organização Mundial da Saúde recomenda o uso universal de suplementos de ferro na dose de 2mg/kg de peso ao dia, para todas as crianças de 6 a 23 meses de idade. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda a suplementação da dose 1mg/kg/dia até dois anos de idade, para crianças que nasceram a termo e que não recebem fórmula infantil modificada. (BORTOLINI; VITOLO, 2010, p. 1059).

Figura 7 – Distribuição do ferro nos diversos tecidos e células do sangue

de uma pessoa adulta

Fonte: NAOUM, 2010

3.6 Anemia

Segundo Azevedo (2008) “a anemia pode ser definida como uma

deficiência de suprimento de oxigênio para os tecidos do organismo seja pela

diminuição do número de glóbulos vermelhos e/ou da taxa de hemoglobina.”.

Contudo para Lorenzi (2006) a anemia deve-se a uma redução na quantidade

de hemoglobina, onde esta se encontra abaixo do valor de 13-15 g/dl, isso para

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um indivíduo normal que esteja ao nível do mar e que possua volume

sanguíneo normal. Além dessas definições pode-se dizer que a anemia é um

distúrbio hematológico, no qual o sangue tem sua capacidade de transportar

oxigênio diminuído. (HENRY, 2008).

3.6.1 Anemia carencial por deficiência de ferro

A anemia carencial por deficiência de ferro é um dos grandes problemas

de saúde pública, com alta prevalência em todo o mundo, pois pode acometer

todos os níveis sociais. Este tipo de anemia corresponde a aproximadamente

95% dos casos diagnosticados. (CASTRO, et al., 2011; FERREIRA, et al.,

2002; LEAL, et al., 2011; LIMA, et al., 2004; SILVA; GIUGLIANI; AERTS, 2001;

SILVEIRA, et al., 2008). Esta patologia é decorrente da deficiência de ferro no

organismo e normalmente está relacionada à deficiência nutricional, ou seja,

baixa ingestão desse nutriente. (AZEVEDO, 2008; HENRY, 2008; NEUMAN, et

al., 2000). Segundo Assunção e outros (2007), “a deficiência de ferro é o

resultado de um balanço negativo de ferro em longo prazo, sendo a anemia o

estágio mais severo desta deficiência.”. Contudo a anemia ferropriva trata-se

de uma manifestação tardia e insidiosa decorrente da carência de ferro, que se

desenvolve quando as reservas desse mineral se esgotam em virtude do

balanço negativo, ou seja, devido uma disparidade entre a disponibilidade e o

requerimento maior desse nutriente. (SOUSA; ARAÚJO, 2004; ALMEIDA et al,

2004).

A anemia por deficiência de ferro tem início lento e progressivo, o

primeiro estágio de seu desenvolvimento deve-se a redução de ferro onde suas

reservas tendem a acabar, nota-se uma diminuição do ferro armazenado nos

macrófagos medulares e da ferritina plasmática. Para tentar reverter a situação

o organismo aumenta a absorção intestinal de ferro, onde então pode se

observar um discreto aumento da transferrina do plasma. Se a situação de

perda, de ingestão e/ou absorção ineficiente de ferro se mantém ocorre uma

queda do ferro sérico e uma diminuição da saturação da transferrina e da

ferritina e aumento da protoporfirina nos eritrócitos. (LORENZI, 2006). Todo

esse processo culmina na eritropoese deficiente, que passa a ser evidenciada

pela presença de hemácias microcíticas e hipocrômicas, devido à diminuição

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da síntese de hemoglobina, ou seja, os eritrócitos produzidos possuem menor

volume e são mais pálidos, devido a menor quantidade de hemoglobina no

interior das hemácias. Nota-se também uma variação de tamanho dessas

células o que caracteriza o quadro de anisocitose. (NAOUM, 2010; PINHEIRO,

et al., 2008). A anisocitose se dá quando há uma alteração morfológica dos

eritrócitos, que se evidenciada precocemente é tipicamente acompanhada de

ovalocitose. (GROTTO, 2010).

É característico da anemia ferropriva a presença de hemácias

microcíticas, com o predomínio de eritrócitos pequenos com pouca

hemoglobina ou hipocrômicas. (MATOS et al., 2008; NAOUM, 2010;

PINHEIRO, et al., 2008). Como pode ser observado na Figura 8.

Figura 8 – Hemácias microcíticas e hipocrômicas

Fonte: AZEVEDO, 2008

Os grupos que possuem maior risco de serem acometidos são: as

mulheres em idade fértil, gestantes, indivíduos com dieta insuficiente

quantitativa e qualitativamente e crianças. (ASSIS et al., 2004; LIMA et al.,

2004; NEUMAN et al., 2000; PINHEIRO et al., 2008).

Estima-se que cerca de 2,15 bilhões de pessoas em todo o mundo

apresente anemia por deficiência de ferro ou por concentrações baixas de

hemoglobina em países ricos e pobres, mas principalmente em países

subdesenvolvidos. (PINHEIRO et al., 2008; SILVEIRA et al., 2008, VIEIRA et

al., 2010). Segundo a OMS metade da população mundial de crianças com

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idade inferior a quatro anos é acometida em países em desenvolvimento por

esse tipo de anemia. (SILVA; GIUGLIANI; AERTS, 2001).

De acordo com Neves, Silva e Morais (2005), a maior prevalência dentre

as crianças está na faixa etária de 6 a 12 meses, e deve-se ao baixo consumo

de alimentos ricos em ferro de alta disponibilidade, como também devido ao

rápido desenvolvimento da criança durante este período, que exige maior

requerimento esse mineral.

Os primeiros meses de vida constituem um período crítico para o crescimento e desenvolvimento, sendo que, no primeiro ano, o peso triplica e a superfície corporal duplica. Portanto, para fazer face a esse crescimento intenso, as crianças nessa faixa etária têm necessidades aumentadas de ferro, que deveriam ser supridas pela alimentação. Na prática, sabe-se que essas necessidades somente são atendidas com a ingestão de quantidades substanciais de produtos animais, especialmente carnes e vísceras, ou de alimentos enriquecidos. (OLIVEIRA; OSÓRIO; RAPOSO, 2007, p. 43).

Segundo a estimativa realizada pela Organização Pan-americana de

Saúde, 35% das crianças brasileiras com idade até quatro anos eram

anêmicas. (NEUMAN et al., 2000). Os dados para a prevalência variam de 22,7

a 77% de acordo com as diferentes regiões brasileiras. (SILVEIRA et al., 2008).

Os principais efeitos causados pela anemia ferropriva envolvem retardos

no desenvolvimento mental, físico, psicomotor, como também podem dificultar

o aprendizado, deprimir o sistema imune, que pode então ficar mais propenso a

infecções, por fim pode levar o indivíduo à morte. (ASSUNÇÃO et al., 2007;

AZEVEDO, 2008; BORTOLINI; VITOLO, 2010; JORDÃO; BERNARDI;

BARROS, 2009; MATOS et al., 2002; MODESTO; DEVINCENZI; SIGULEM,

2007; NEVES; SILVA; MORAIS, 2005; PINHEIRO et al., 2008; RODRIGUES,

et al., 2011; SANTOS et al., 2005). Alguns estudos dão indícios do surgimento

de efeitos tardios referentes ao comprometimento do desempenho cognitivo,

mesmo nos casos em que a deficiência desse nutriente seja revertida.

(NEUMAN, et al., 2000). “Há de se lembrar que a anemia ferropriva evolui de

modo diferente, segundo a idade e o sexo, pois os depósitos de ferro variam

conforme essas condições.”. (LORENZI, 2006).

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3.7 Principais causas

Segundo Assunção e outros (2007) existem vários fatores que podem

favorecer a ocorrência da anemia por carência de ferro, sendo que o principal

motivo deve-se ao crescimento acelerado das crianças, aliado a uma

alimentação pobre em ferro. Contudo, a anemia ferropriva resulta da

combinação de múltiplos fatores etiológicos, biológicos e socioeconômicos.

(BRAGA; VITALLE, 2010; OSÓRIO, 2002). Na grande maioria das crianças se

dá a partir dos 6 meses de vida, ocorrendo após o esgotamento das reservas

de ferro adquiridas intraútero, este fato somado a uma alimentação com dose

diárias baixas desse nutriente culmina no desenvolvimento desta doença.

(OSÓRIO, 2002). Corroborando com estes estudos, Rodrigues e outros (2011)

também afirmaram que a principal razão da ocorrência de anemia ferropriva em

crianças nessa faixa etária deve-se ao aumento da demanda de ferro

associado à dieta insuficiente. Neuman e colaboradores (2000) relataram que

existem evidências de que os fatores responsáveis pelos níveis endêmicos da

anemia ferropriva nos primeiros anos de vida sejam decorrentes da herança

deficiente de ferro passada da mãe para a criança. Segundo Leal e outros

(2011), além dos fatores acima mencionados, o desenvolvimento desta anemia

pode estar ligada ao consumo de alimentos inibidores da absorção de ferro

pelo organismo. Cabe ressaltar, que a maior frequência desta anemia, ocorre

em crianças que fazem uso do aleitamento artificial e misto, principalmente

após os seis meses de vida. (BRAGA; VITALLE, 2010).

Outras causas devem-se à prematuridade, baixo peso ao nascimento,

introdução precoce de leite de vaca e baixa ingestão de carnes. (AZEVEDO,

2008). Pode também estar relacionada às doenças parasitárias que causam

perdas sanguíneas crônicas, normalmente estão ligadas à presença de

parasitas como Necator americanus, Ancylostoma duodenale e Trichuris

trichiura. (BRAGA; VITALLE, 2010; FERREIRA et al.,2002; RODRIGUES et al.,

2011).

3.8 Fatores de risco

Antigamente o nível socioeconômico era tido como o principal agravante

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para o desenvolvimento de anemias carenciais como a anemia por deficiência

de ferro. Por meio de estudos realizados por todo o Brasil tem-se observado

que nas últimas décadas, a prevalência de anemia por carência de ferro nos

grupos de risco, tem aumentado sem que as condições socioeconômicas

tenham piorado. Dessa forma pode-se dizer que as práticas alimentares têm

sido o principal agravante para o surgimento desta doença. (CASTRO et al.,

2011; LIMA et al., 2004; OLIVEIRA; OSÓRIO; RAPOSO, 2007). Os estudos de

Assis e outros (2010) reforçaram essa tese, ao afirmarem que a dieta alimentar

deficiente em ferro é o principal motivo do desenvolvimento da anemia

ferropriva, principalmente em regiões onde a prevalência desta anemia é alta.

Fato ao qual a Organização Mundial da Saúde cita como a causa mais comum.

(BRAGA; VITALLE, 2010). Segundo Oliveira, Osório e Raposo (2007), a baixa

ingestão de ferro, a deficiência de nutrientes como a vitamina A, alimentos

facilitadores e inibidores da absorção do ferro são os principais fatores

associados à dieta alimentar.

Os principais fatores de risco para anemia na criança são: prematuridade, baixo nível socioeconômico, baixo peso ao nascer, sangramento perinatal, baixa hemoglobina ao nascimento, hipóxia crônica, infecções frequentes, alimentação inadequada com ingestão precoce de leite de vaca e/ou alimentos sólidos, ingestão frequente e excessiva de chá, baixa ingestão de carne ou de vitamina C, aleitamento materno por mais de 6 meses sem suplementação de ferro, ingestão de formulados infantis não fortificados com ferro por mais de 4 meses sem outras comidas e práticas étnicas. (NEUMAN et al., 2000, p. 57).

Os fatores prematuridade e baixo peso ao nascer foram relatados por

Braga e Vitalle, (2010), segundo estes autores as crianças prematuras acabam

por não possuir um estoque adequado de ferro, pois o ferro começa a ser

armazenado no último trimestre da gravidez o que não acontece nessas

crianças. Já as crianças com baixo peso certamente possuem uma reserva

limitada desse nutriente devido a desnutrição intrauterina. (BRAGA; VITALLE,

2010; SILVEIRA et al., 2008). Contudo para Soares e outros (2000), “o peso ao

nascer entre os nascidos vivos tem relação direta com a qualidade de vida,

crescimento e desenvolvimento e mortalidade infantil.”. Cabe ressaltar que até

o sexto mês de vida a criança faz uso das reservas de nutrientes. Nesse

período as crianças possuem um crescimento acelerado, e suas necessidades

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nutricionais aumentam, dessa forma, suas reservas praticamente se esgotam.

Nessa fase o leite materno, não supre mais todas as necessidades nutricionais

da criança, necessitando que nutrientes como o ferro, sejam inseridos na dieta

alimentar. (MODESTO; DEVINCENZI; SIGULEM, 2007; SOUSA; ARAÚJO,

2004; OLIVEIRA, OSÓRIO; RAPOSO, 2006).

Nessa idade há necessidade de inserir na dieta alimentar, alimentos

ricos em ferro, como as carnes. Porém um dos primeiros alimentos a serem

inseridos é o leite de vaca, o que ocorre principalmente após o desmame.

(BRAGA; VITALLE, 2010; OLIVEIRA; OSÓRIO; RAPOSO, 2007; OLIVEIRA;

OSÓRIO; RAPOSO, 2006). Vale ressaltar que a ingestão de leite de vaca, tem

sido associada à prevalência de anemia em crianças de 6 a 12 meses.

Segundo Oliveira; Osório e Raposo (2006, p.2176), “o leite de vaca in natura,

pasteurizado ou em pó integral, além de ser pobre em ferro, apresenta esse

elemento sob a forma de ferro não heme e possui baixa concentração de

vitamina C.”. Além desses fatores a ingestão de leite de vaca está relacionada

com ao desenvolvimento de anemia ferropriva, pois este alimento detém um

alto valor calórico, correspondendo cerca de 45% da dieta alimentar da criança

durante essa fase da vida, isso porque geralmente ao leite são adicionadas

farinha e açúcar que proporcionam maior saciedade à criança. Sendo então

mais difícil inserir outros alimentos para suprir as necessidades de ferro, e

como este alimento possui baixa densidade de ferro propicia o

desenvolvimento da anemia ferropriva. (OLIVEIRA; OSÓRIO; RAPOSO, 2006).

A caseína e as proteínas do soro de leite de vaca podem ser responsáveis pela baixa biodisponibilidade do ferro em fórmulas infantis. O cálcio também pode inibir a absorção de ferro, e o consumo de leite ou queijo, junto às refeições fontes de ferro, reduz a absorção de ferro não heme, razão pela qual se recomenda que os mesmos não sejam consumidos regularmente nas principais refeições fontes de ferro. Também existem indícios de que o consumo de leite de vaca fresco (integral pasteurizado e homogeneizado) pode provocar microcitose, ferropenia e menor concentração de hemoglobina, além de diminuição da concentração de ferritina e perda de sangue oculto nas fezes. (OLIVEIRA; OSÓRIO; RAPOSO, 2006, p. 2175).

A inserção do leite de vaca em algumas regiões é questão cultural, como

ocorre no Nordeste brasileiro, onde alimentos ricos em ferro, como carnes,

vísceras, peixes e alimentos ricos em vitamina C, que ajudam na absorção de

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mineral como frutas e vegetais não são consumidos por crianças menores de 2

anos de idade, mesmo esses alimentos estando disponíveis para a família.

(OLIVEIRA; OSÓRIO; RAPOSO, 2007; OLIVEIRA; OSÓRIO; RAPOSO, 2006).

Segundo Sousa e Araújo (2004), “as influências culturais não são as

responsáveis pela maior parte dos casos de má nutrição, embora, contribuam

para tanto.”.

Outros fatores muito citados na literatura devem-se a baixa renda

familiar, baixa escolaridade materna, falta de acesso aos serviços de saúde,

precárias condições de saneamento básico, dieta ineficiente de alimentos rico

em ferro, infestação por parasitas intestinais como ancilostomídeos, fraco

vínculo mãe/filho, maior número de membros na família (BRAGA; VITALLE,

2010; OLIVEIRA; OSÓRIO; RAPOSO, 2007).

A quantidade de membros familiares pode influenciar no

desenvolvimento de anemia ferropriva, principalmente quando há um maior

número de crianças pequenas no domicílio, requerindo uma maior demanda de

alimentos e atenção. Nem sempre a renda e a disponibilidade dos familiares

suprem essas necessidades, refletindo consequentemente na quantidade e

qualidade dos cuidados oferecidos a elas. (BRAGA; VITALLE, 2010; LEAL et

al., 2011; OSÓRIO, 2002).

O nível de escolaridade materna está associado ao desenvolvimento de

anemia ferropriva, pois se associa que quanto maior o conhecimento sobre a

saúde, menor são as chances de seus filhos terem anemia. Isso se deve a

melhor oportunidade de emprego e de salário, a uma melhora na capacidade

racional da utilização da renda familiar, refletindo num cuidado maior com a

saúde e a alimentação dos seus filhos. (OLIVEIRA; OSÓRIO; RAPOSO, 2007;

SILVEIRA et al., 2008).

3.9 Sintomas

Os sintomas encontrados com maior frequência são: apatia, fraqueza,

palidez, cansaço, diminuição da capacidade física, desmaios, irritabilidade,

anorexia, fadiga, cefaleia, alterações gastrointestinais, redução da aptidão

física, baixo crescimento e desenvolvimento. Há também uma diminuição das

funções imunológicas e um consequente aumento das infecções. Em casos de

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acentuada deficiência de ferro, pode ocorrer estomatite angular e apetite por

sustâncias ditas não nutritivas como terra, gelo e alimentos crus. (BRAGA;

VITALLE, 2010; HENRY, 2008; NAOUM, 2010).

3.10 Diagnóstico

O diagnóstico de uma anemia é estabelecido através da realização da

anamnese, do exame físico e laboratorial. (AZEVEDO, 2008).

3.10.1 Diagnóstico clínico

Para se realizar o diagnóstico de anemia ferropriva em criança, deve ser

realizada uma completa abordagem clínica, onde o médico deverá avaliar

detalhadamente como foi o período gestacional, o parto e se houve

prematuridade da criança. Também deve ser realizada uma anamnese

minuciosa dos alimentos ingeridos pela criança, incluindo tempo de

amamentação materna, período de desmame, introdução de outros alimentos

como leite de vaca e alimentos sólidos. Além disso, o médico deve avaliar se a

criança apresenta sintomas como: perda de apetite, presença de palidez,

anorexia, irritabilidade, apatia. (BRAGA, VITALLE, 2010).

Para se confirmar a suspeita médica devem ser realizados exames

investigatórios como o hemograma. Caso haja indícios no hemograma de uma

possível anemia por deficiência de ferro a suspeita devera ser confirmada por

meio de testes bioquímicos para avaliar os níveis de ferro e ferritina.

(AZEVEDO, 2008).

3.10.2 Diagnóstico laboratorial

O diagnóstico da anemia ferropriva pode ser realizado através da análise

dos indicativos do hemograma que evidenciam uma possível alteração no

estado de ferro, através da análise dos níveis de hemoglobina e dos valores

dos índices hematimétricos que devem ser confirmados por exames

bioquímicos laboratoriais. Os exames bioquímicos refletem os diferentes

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estágios da deficiência de ferro, desde a fase subclínica até o aparecimento

dos sintomas. (AZEVEDO, 2008; GROTTO, 2010; VIEIRA et al., 2007).

3.10.2.1 Hemograma

A análise da série vermelha demonstra uma diminuição dos níveis de

hemoglobina e do hematócrito, onde a quantidade de eritrócitos pode

permanecer normal, pouco ou muito diminuída. Essas alterações podem ser

visualizadas na figura 10. (GROTTO, 2010; LORENZI, 2006). Além disso, este

exame evidencia as alterações na morfologia das hemácias, que se

apresentam menores (microcíticas), e com pouca cor (hipocrômicas), essas

alterações variam de acordo com o grau dessa anemia. Essas alterações

podem ser observadas na figura 9. (AZEVEDO, 2008; NAOUM, 2010). Outras

alterações são plaquetose discreta a moderada, anisocitose com elevação do

Red cell Distribution Width (RDW). (GROTTO, 2010; MELO et al., 2002;

NAOUM, 2010; PINHEIRO, et al., 2008).

O RDW é o melhor índice discriminador de anemia ferropriva, o que é explicado pela coexistência de eritrócitos no sangue periférico produzidos em diferentes etapas da deficiência de ferro, causando a mistura de células microcíticas e progressivamente hipocrômicas. (PINHEIRO et al., 2008, p.461).

Figura 9 – Microcitose e hipocromia

Fonte: GROTTO, 2010

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Os índices hematimétricos também se alteram, onde o Volume

Corpuscular Médio (VCM), a Hemoglobina Corpuscular Média (HCM) e a

Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média (CHCM) se apresentam

reduzidos. (AZEVEDO, 2008; HENRY, 2008; LORENZI, 2006; VICARI;

FIGUEIREDO, 2010).

Figura 10 – Alterações hematológicas

Fonte: NAOUM, 2010

Na anemia ferropriva prematura a extensão de sangue corado frequentemente revela eritrócitos normocrômicos normocíticos. Nos estágios tardios, o quadro é de microcitose, anisocitose, poiquilocitose e graus variáveis de hipocromia. O volume corpuscular médio (VCM) é baixo e a Hb e o Ht são relativamente mais baixos do que os números de eritrócitos. (HENRY, 2008, p. 632).

O hemograma também pode demonstrar alterações na contagem de

leucócitos, que pode estar normal ou ligeiramente diminuída, pode-se observar

granulocitopenia com presença de neutrófilos hipersegmentados. (GROTTO,

2010).

Outro exame hematológico realizado é a contagem de reticulócito, que

fornece informações relevantes sobre a atividade eritropoese da medula óssea.

Na anemia ferropriva a contagem dessas células estão normais ou levemente

reduzidas, porém após o tratamento nota-se um aumento dessas células no

sangue (reticulocitose). (GROTTO, 2010; HENRY, 2008). A reticulocitose pode

ser visualizada discretamente no 3° e 5 ° dia após o início do tratamento e bem

evidente entre o 8° e 10° dia. (CANÇADO; LOBO; FRIEDRICH, 2010). O

reticulócito pode ser visto na figura 11.

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Figura 11 – Reticulócito

Fonte: AZEVEDO, 2010

3.10.2.2 Exames específicos

Os exames específicos são testes bioquímicos utilizados para avaliar o

perfil de ferro no organismo, são eles: dosagem do ferro sérico, capacitação de

ligação do ferro total (CLFT), saturação de transferrina e da ferritina sérica. O

Ferro sérico encontra se diminuído e a CLFT se encontra aumentada, ambas

as determinações utilizadas como parâmetros para a realização do cálculo da

saturação da transferrina. (HENRY, 2008; NAOUM, 2010; PINHEIRO, et al.,

2008).

No entanto, a grande maioria desses indicadores não possui um adequado poder de discriminação diagnóstica, em termos de sensibilidade, especificidade e valores preditivos, uma vez que inúmeras condições clínicas podem alterar os seus resultados sem refletir, de fato, o real estado nutricional de ferro do organismo. Desse modo, têm-se recomendado a utilização de uma combinação desses indicadores disponíveis, considerando as características inerentes ao indivíduo ou grupo populacional, prevalência e severidade da deficiência, custo, complexidade metodológica e suscetibilidade a erros laboratoriais. (VIEIRA et al., 2007, p. 371).

Cabe ressaltar que níveis de ferro sérico abaixo dos valores normais não

indicam necessariamente uma carência orgânica desse mineral, níveis baixos

podem estar relacionados com doenças crônicas e parasitárias. (RODRIGUES

et al., 2011).

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A saturação da transferrina é muito útil para se estabelecer o diagnóstico

de anemia ferropriva, pois demonstra a quantidade de ferro que se encontra

ligado a essa proteína de transporte, logo a saturação de transferrina se

encontra diminuída, onde se verifica um aumento da transferrina livre em

decorrência da pouca quantidade de ferro disponível para se ligar a essa

proteína. Dessa forma este exame permite identificar uma possível deficiência

de ferro como também à sobrecarga de nutriente. (AZEVEDO, 2008; NAOUM,

2010).

A dosagem de ferritina sérica permite estipular a quantidade de ferro

armazenado dentro das células. (NAOUM, 2010). Em pacientes com anemia

ferropriva a dosagem ferritina sérica se encontra diminuída. (ALMEIDA, et al.,

2004; LORENZI, 2006). Este exame é tido como bom indicador para a

caracterização da deficiência de ferro e consequentemente da anemia

ferropriva, pois permite identificar a redução das reservas corporais de ferro.

(NEVES; SILVA; MORAIS, 2005). Segundo Azevedo (2008, p.130), “o teste

diagnóstico mais adequado é a dosagem de ferritina sérica. Pacientes com

uma concentração baixa de ferritina (<25 ng/mL) apresentam alta probabilidade

de estarem com deficiência de ferro.”. Porém, este exame pode fornecer

resultados falso-negativos diante de processos inflamatórios de fase aguda”.

(MELO, et al., 2002). Segundo Henry (2008, p. 633), “na fase de lactante e na

infância, entre as idades de seis meses e 15 anos, o intervalo de referência

para ferritina sérica é de 7 a 142 µg/L.”.

Outros exames que podem ser utilizados é dosagem da protoporfirina

eritrocitária, dosagem de ferro medular, de receptores para a transferrina

sérica, que se encontram em níveis baixos. (HENRY, 2008). Em seu estudo

Grotto (2010), cita a dosagem da Zincoprotoporfirina (ZPP) eritrocitária, onde a

falta de ferro disponível provoca excesso de protoporfirina livre, dessa forma o

zinco substitui o ferro no anel desta molécula, a ZPP permanece na hemácia e

assim pode ser dosada. Este teste é útil para avaliar a função funcional da

utilização do Fe na maturação do eritrócito, porém são poucos os laboratórios

que possuem equipamentos para a realização desse exame.

A sinopse fisiopatológica da deficiência de ferro na anemia ferropriva

pode ser observada na figura 12.

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Figura 12 – Sinopse fisiopatológica

Fonte: NAOUM, 2010

3.11 Tratamento

O tratamento da anemia ferropriva, é realizado através de orientação

nutricional, e pela administração por via oral ou parenteral de compostos a

base de ferro, e menos frequente por transfusão de hemácias. Essa conduta

deve ser tomada, pois a correção do que causou anemia junto à reposição de

ferro, no tempo e na dose certa, resultará consequentemente na correção do

problema confirmando o diagnóstico. (CANÇADO; LOBO, FRIEDRICH, 2010).

3.11.1 Tratamento com ferro por via oral

O tratamento da anemia ferropriva consiste em duas fases: a primeira

refere-se a normalização dos níveis de hemoglobina e a segunda com

corresponde a reposição das reservas de ferro do organismo. (CANÇADO;

LOBO; FRIEDRICH, 2010).

O tratamento mais preconizado e utilizado é a reposição de sais de ferro

por via oral, pois esta via oferece menor risco ao paciente e como também

possibilita uma rápida absorção de ferro pelo organismo. No Brasil os

suplementos mais utilizados para o tratamento oral de anemia ferropriva são:

os sais ferrosos, os sais férricos, o ferro aminoquelado, o complexo de ferro

polimaltosado (ferripolimaltose) e o ferro carbonila. A dose terapêutica

recomendada varia de 3 a 5 mg/kg/dia e é calculada de acordo com o sal de

ferro utilizados, e deve ser administrada até que o quadro seja revertido. A

reversão do quadro é evidenciada pela normalização dos estoques de ferro do

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organismo, pelos níveis normais de hemoglobina, e obtenção de ferritina sérica

de pelo menos 15 ng/ml na criança. O tempo deste tratamento vai depender da

intensidade da deficiência de ferro, de sua causa e a dose diária de Fe

elementar administrada. (BRAGA; VITALLE, 2010; CANÇADO; LOBO;

FRIEDRICH, 2010). Os principais compostos com ferro pode ser observado no

quadro 1.

(...) O benefício real de um suplemento de ferro está condicionado a fatores como efetividade terapêutica, tolerância gastrointestinal, incidência de eventos adversos, perfil de segurança com risco mínimo de toxicidade e número de tomadas diárias necessárias. Por outro lado, a correção da anemia ferropriva sofre influência de fatores, tais como: intensidade da anemia, capacidade de tolerância e de absorção intestinal do paciente aos suplementos com ferro e presença de doença concomitante (CANÇADO; LOBO; FRIEDRICH, 2010, p.114).

Quadro 1 – Principais compostos com ferro disponíveis para tratamento da anemia ferropriva por via oral.

Fonte: CANÇADO; LOBO; FRIEDRICH, 2010

Somente quando a suplementação por via oral é ineficaz, o tratamento

deverá ser realizado por via venosa, mais especificamente pela via parenteral.

(CANÇADO; LOBO; FRIEDRICH, 2010). Segundo Lorenzi (2008), a utilização

dessa via pode causar sintomas severos de hipersensibilidade aguda ou

crônica, deste modo só deve ser utilizada esta via em casos de extrema

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intolerância pela via oral. Porém cabe ressaltar que segundo Braga e Vitalle

(2010, p. 42), “a terapia intramuscular não é recomendada em crianças.”.

Com relação ao controle laboratorial do paciente em tratamento com ferro por via oral, preconiza-se a dosagem da hemoglobina a cada duas a quatro semanas de tratamento. Trinta a 45 dias após a correção da anemia, ou seja, após obtido o valor de Hb de, pelo menos, 12 g/dL para as mulheres, 11 g/dL para as gestantes e de 13 g/dL para os homens, recomenda-se a dosagem de ferritina sérica, que pode ser repetida a cada trinta a sessenta dias, até a obtenção de valores de ferritina de pelo menos 15 ng/mL para crianças e 30 ng/mL para adultos, o que indica a reconstituição das reservas normais de ferro e sinaliza a suspensão do tratamento. (CANÇADO; LOBO; FRIEDRICH, 2010, p.6).

3.12 Prevenção

A melhor forma de se prevenir a anemia ferropriva segundo a OMS é

promover a educação alimentar através da implantação de medidas para

aumentar o consumo de alimentos rico em ferro biodisponível, como também

por meio de controle de infestações parasitárias e de suplementação

medicamentosa, somente assim a deficiência de ferro pode ser combatida. A

educação alimentar deve ser realizada por meio de ações ou programas

educativos que visem orientar sobre a composição dietética dos alimentos e

como os mesmos podem ser consumidos, sobre os alimentos que podem ser

consumidos para facilitar a absorção de ferro pelo organismo e por fim sobre a

importância do aleitamento materno exclusivo até os seis meses de vida.

Contudo, a implantação dessas medidas sempre devem respeitar as

características de cada população de acordo com cada região. A

suplementação também é tida como uma medida de prevenção e deve ser

implantada principalmente em grupos de alto risco como prematuros e crianças

de baixo peso. (BRAGA; VITALLE, 2010).

Segundo Neuman e outros (2000) devem-se enfatizar medidas

relacionadas às gestantes, o que poderia ocorrer através de melhorias na

qualidade do pré-natal, isso poderia diminuir os riscos de nascimentos de

crianças com baixo peso e consequentemente com pequena reserva de ferro.

A melhoria nos acompanhamentos das gestantes pode ajudar na melhora de

suas reservas de ferro, como também na ampliação de seus conhecimentos

sobre os cuidados a se ter com a criança. Dessa forma esse fator de proteção

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pode contribuir para o nascimento e crescimento de crianças saudáveis. (LEAL,

et al., 2011).

A implantação de alimentação complementar também é tida como uma

eficiente medida de proteção, quando são onde inseridos na dieta alimentos

ricos em energia, proteínas, e micronutrientes como o ferro, cálcio, vitamina A e

C e ácido fólico. (MODESTO; DEVINCEZI; SIGULEM, 2007).

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4 CONCLUSÃO

O presente trabalho concluiu que a anemia ferropriva é uma patologia de

alta prevalência em crianças até a idade pré-escolar, sobretudo em lactentes,

problema de saúde pública observado em todo o mundo, principalmente em

países em desenvolvimento, porém nem sempre o desenvolvimento dessa

doença está relacionado a fatores econômicos, onde atualmente a principal

causa deve-se a maus hábitos alimentares.

Muitos exames podem evidenciar a deficiência de ferro no organismo. É

comum nos casos de anemia ferropriva que ocorra um distúrbio hematológico,

que normalmente pode ser evidenciado no hemograma, porém este exame não

serve para realizar o diagnóstico laboratorial, somente indica possíveis

alterações que podem ser decorrentes da deficiência de ferro no organismo.

A prevenção é a melhor forma de evitar a doença, através de promoção

de ações de saúde estimulando o aleitamento exclusivo ate os seis meses de

vida da criança, diminuindo as chances para o surgimento da anemia

ferropriva, oferecer suplementação adequada com ferro para os grupos de

risco, bem como incentivar uma alimentação balanceada contendo quantidades

adequadas de ferro garantindo uma melhor qualidade de vida e saúde para as

crianças.

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REFERÊNCIAS

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APÊNDICES

1. Fichamentos de 13 artigos mais relevantes usados na elaboração deste

trabalho.

1.Tema Central

Título: Avaliação da anemia em crianças da cidade de Campina Grande,

Paraíba, Brasil.

Autores: Fabíola G. M. B. Pinheiro; Silene L. D. X. Santos; Mayara P. P.

Cagliari; Adriana A. Paiva; Maria do Socorro R. Queiroz; Maria Auxiliadora L.

Cunha; Daniele I. Janebro

REFERENCIA: PINHEIRO, Fabíola G. M. B. et al. Avaliação da anemia em crianças da cidade de Campina Grande, Paraíba, Brasil. Revista Brasileira Hematologia Hemoterapia [online], 2008, vol.30, n.6, pp. 457- 462.

Resumo

Atualmente a anemia por carência de ferro é considerada a mais prevalente no

mundo, acometendo os lactentes, pré-escolares, adolescentes e gestantes.

Atinge os países subdesenvolvidos e populações de baixa renda, e se associa

com outras patologias como desnutrição, infecções, e em regiões tropicais

está associada a doenças parasitarias e hemoglobinopatias.

O abandono do aleitamento exclusivo precocemente, e dieta insuficiente após

o desmame junto com a velocidade de crescimento da criança são os fatores

determinantes para o desenvolvimento da anemia ferropriva.

A anemia ferropriva acarreta vários prejuízos à saúde da criança, no

desenvolvimento psicomotor, das funções cognitivas, maior vulnerabilidade

frente às infecções e diminuição da resistência muscular.

Este estudo teve como objetivo a avaliação das alterações hematológicas e

dos níveis de ferro sérico em crianças de 6 a 59 meses na cidade de Campina

Grande com o propósito de prevenir danos futuros, às vezes de caráter

irreversível.

A prevalência de anemia detectada neste estudo (31,73%) confirmando um

problema de saúde pública na população da cidade de Campina Grande.

Entre os pacientes com anemia diagnosticada houve predominância da forma

leve, em que 91% das crianças apresentaram concentrações de Hb < 11,0 e >

9,0 g/dl.

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2.Tema Central

Título: Anemia em menores de seis anos: estudo de base populacional em

Pelotas, RS.

Autores: Maria Cecília Formoso Assunção; Iná da Silva dos Santos; Aluísio

Jardim Dornellas de Barros; Denise Petrucci Gigante; César Gomes Victora.

REFERENCIA: ASSUNÇÃO, Maria Cecília Formoso et al. Anemia em menores de seis anos: estudo de base populacional em Pelotas , RS. Revista Saúde Pública 2007; 41(3).

Resumo:

A deficiência de ferro e anemia por deficiência de ferro é utilizada como

sinônimos porém apresentam condições diferentes, a carência de ferro resulta

de um balanço negativo, sendo a anemia o estágio mais severo desta

deficiência. A anemia ferropriva por deficiência de ferro é estimada em cerca

de 90%, trazendo prejuízos ao organismo, sendo as crianças e gestantes os

mais atingidos.São diversos os fatores que podem colaborar para o

aparecimento da anemia, como doenças genéticas, infecções e carência de

diversos nutrientes.Entretanto a maior prevalência está associada à dieta

insuficiente de ferro biodisponível e necessidades elevadas de ferro devido à

velocidade de crescimento. Afeta os países desenvolvidos e em

desenvolvimento, no Brasil a alta prevalência situa em torno de 30 e 60%.

Contudo o governo determinou a fortificação farinhas de trigo e milho,

produzidas a partir de julho de 2004 no Brasil. O presente artigo teve por

objetivo analisar a prevalência de anemia em uma amostra de crianças

menores de seis anos, em uma amostra probabilística de área urbana.O

estudo mostrou que um terço das crianças apresentava anemia, condição

inversamente associada à idade e à renda familiar, condições de saneamento,

aleitamento artificial nos primeiros meses e sexo. No estudo as maiores taxas

de insuficiente ingestão de ferro, encontram-se nas faixas etárias abaixo dos

três anos.

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3.Tema Central

Título: Fatores de risco para carência nutricional de ferro em crianças de seis

a sessenta meses na perspectiva do modelo campo de saúde.

Autores: Francisca Georgina Macedo de Sousa; Thelma Leite de Araújo.

REFERENCIA: SOUSA, Francisca Georgina Macedo de; ARAÚJO, Thelma

Leite de. Fatores de risco para carência nutricional de ferro em crianças

de seis a sessenta meses na perspectiva do modelo campo de saúde.

Texto contexto Enferm 2004 Jul – Set; 13 (3).

Resumo:

Quando a biodisponibilidade e o uso dos nutrientes não são suficientes para o

desenvolvimento do organismo, ocorrem as carências nutricionais, e a anemia

por deficiência de ferro se destaca com maior amplitude a nível mundial. A

anemia resulta da carência de ferro em virtude de um balanço negativo, onde

a demanda é maior que o disponível no organismo. É considerado como

período crítico a complementação alimentar, pois as reservas de ferro se

esgotam sendo necessário uma farta ingestão de ferro na dieta. Também são

fatores de risco as condições precárias de saúde, moradia e educação, bem

como infestações parasitárias e doenças infecciosas que afetam a

biodisponibilidade e absorção do ferro pelo organismo. Este trabalho objetivou

relacionar os valores hematológicos encontrados com as variáveis do Modelo

Campo de Saúde para identificar os fatores de risco para anemia ferropriva na

população estudada.Contudo houve associação relacionada com a idade da

criança, números de cômodos da casa e dieta, e predominou como fator de

rico para anemia ferropriva as crianças menores de dois anos de idade.

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4.Tema Central

Título: Deficiência de ferro na criança

Autores: Josefina A. P. Braga; Maria Sylvia S. Vitalle.

REFERENCIA: BRAGA, Josefina A. P.; VITALLE, Maria Sylvia S. Deficiência de ferro na criança. Revista Brasileira Hematologia Hemoterapia. 2010; 32 (2).

Resumo:

A deficiência de ferro atinge cerca de quatro bilhões de pessoas, e a anemia

ferropriva abrange mais de dois bilhões de pessoas no mundo, principalmente

em países subdesenvolvidos. Uma pesquisa feita no Brasil em 2009, dados

obtidos da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS), avaliou a

prevalência de anemia em 3.499 crianças menores de 5 anos de idade, com

valores de hemoglobina <11g/dL. A região que mais se destacou com maior

prevalência foi a região Nordeste. No entanto observou-se em estudos

realizados em todo o Brasil, houve grandes variações nas prevalências entre

faixa etária e regiões independente da situação econômica. A anemia

ferropriva resulta de vários fatores, biológicos, sociais e econômicos. O

precoce abandono do aleitamento materno, uma dieta inadequada junto com

velocidade de crescimento da criança, torna como a faixa etária de maior risco

as crianças menores de 2 anos. Outros fatores também podem agravar a

situação referente ao ferro como sangramento perinatal, infecções, infestação

de parasitas, baixa renda familiar, precariedade nos serviços de saúde bem

como saneamento básico e níveis socioeconômicos. Contudo a anemia

ferropriva apresentou uma alta prevalência em crianças. Deve-se ter como

prioridade a prevenção, por meio de promoção em ações de saúde incentivar

o aleitamento materno exclusivo nos primeiros meses, tratamento adequado e

alimentação fortificada para os grupos de risco, pois a anemia ferropriva atinge

vários órgãos.

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5.Tema Central

Título: Deficiência de ferro, prevalência de anemia e fatores associados em

crianças de creches públicas do oeste do Paraná, Brasil.

Autores: Valdete Carreira RODRIGUES; Bruna Duarte MENDES; Aline

GOZZI; Fabiano SANDRINI; Rosangela Getirana SANTANA; Graciette

MATIOLI.

REFERENCIA: RODRIGUES, Valdete Carreira et al. Deficiência de ferro, prevalência de anemia e fatores associados em crianças de creches públicas do Oeste do Paraná, Brasil. Revista Nutrição, Campinas, 24 (3), maio/jun., 2011.

Resumo:

A anemia representa umas das carências de máxima prevalência em todo o

mundo, atingindo principalmente os países em desenvolvimento. O ferro é de

extrema importância, participa de vários processos essenciais para o

organismo, à deficiência deste nutriente afeta todas as células do organismo,

manifestando de forma sistêmica com vários sintomas conforme os órgãos

afetados, sendo assim a anemia ferropriva é considerada como um estágio

final a longo prazo de um balanço negativo do ferro. Na anemia carêncial

proveniente de um ou mais nutrientes, tem como grupos de rico as mulheres

grávidas e as crianças nos primeiros anos de vida, e tem como determinantes

o baixo nível socioeconômico, doenças causadas por parasitas. Este estudo

teve como objetivo identificar o estado nutricional de ferro e estimar a

prevalência e fatores associados à anemia em crianças de 6 a 24 meses de

idade, institucionalizadas em Centros Municipais de Educação Infantil do

Município de Cascavel (PR).

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6.Tema Central

Título: Importância das práticas alimentares no primeiro ano de vida na

prevenção da deficiência de ferro.

Autores: Gisele Ane BORTOLINI; Márcia Regina VITOLO

REFERENCIA: BORTOLINI, Gisele Ane; VITOLO, Márcia Regina. Importância das praticas alimentares no primeiro ano de vida na prevenção da deficiência de ferro. Revista de Nutrição, Campinas, 23 (6): 1051 - 1062, Nov./dez., 2010.

Resumo:

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) a anemia afeta 1,62 bilhões

de pessoas no mundo, atingindo com maior prevalência as crianças em idade

pré-escolar. Vários estudos foram feitos no Brasil nos últimos 20 anos e os

dados apontaram uma prevalência na faixa etária de zero a 59 meses, porém

com maior prevalência em crianças menores de 24 meses. As reserva de ferro

da criança que recebe leite materno exclusivo até os seis meses de idade são

suficientes, não havendo necessidade de complementação alimentar, pois o

leite materno possui alta biodisponibilidade. Após os seis meses é necessário

introduzir uma alimentação complementar, e essa alimentação passa ter um

papel importante, onde o consumo de ferro tem que se adequar a demanda do

organismo para cada faixa etária da vida da criança. A Agência Nacional de

Vigilância Sanitária (ANVISA) determinou no Brasil em 18 de junho de 2004 a

fortificação de toda farinha de trigo e milho comercializada no país O presente

artigo tem por objetivo destacar a importância das práticas alimentares no

primeiro ano de vida na prevenção da deficiência de ferro, com enfoque nas

recomendações de ferro para crianças, aleitamento materno, alimentação

complementar, fortificação de alimentos, suplementação com ferro e educação

nutricional.Apesar das medidas adotadas pelo país, a anemia continua com

elevada prevalência. Portanto a alimentação nos primeiros anos de vida é

fundamental para a prevenção na deficiência de ferro, trazendo benefícios à

saúde das crianças prevenindo o surgimento da anemia por deficiência de

ferro.

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7.Tema Central

Título: Prevalência e determinantes de anemia em crianças de Porto Alegre,

RS, Brasil.

Autores: Loraine Storch Meyer da Silva; Elsa Regina Justo Giugliani e Denise

Rangel Ganzo de Castro Aerts.

REFERENCIA: SILVA, Loraine Storch Meyer; GIUGLIANI, Elsa Regina Justo; AERTS, Denise Rangel Ganzo de Castro. Prevalência e determinantes de anemia em crianças de Porto alegre, RS, Brasil. Revista Saúde Pública 2001; 35 (1).

Resumo:

A anemia por carência de ferro é responsável por 95% das anemias, atingindo

com maior prevalência os países em desenvolvimento e com menor

frequência nos países desenvolvidos. Os principais fatores determinantes para

anemia em crianças são o baixo nível socioeconômico, baixo peso ao nascer,

desmame precoce e a ingestão deficiente de ferro. O estudo foi realizado com

o objetivo de verificar a prevalência de anemia e seus possíveis determinantes

em crianças de 0 a 36 meses de idade que frequentam escolas municipais

infantis. Os resultados encontrados apontaram uma prevalência de anemia de

47,8%, representando 266 crianças com uma dosagem de hemoglobina

inferior a 11,0 g/dl. Observou-se uma maior prevalência em crianças com

menos de três anos de idade que frequentam creches municipais. Os dados

nacionais mostraram que a prevalência de anemia vem aumentando no país,

alertando uma necessidade de implantar medidas preventivas para combater a

anemia, bem como promover ações incentivando o aleitamento materno

exclusivo ate os seis meses e dieta complementar adequada.

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8.Tema Central

Título: Fatores associados a anemia por deficiência de ferro em crianças pré-

escolares brasileiras

Autores: Carlos A. N. de Almeida; Rubens G. Ricco; Luiz A. Del Ciampo; Ana

M. Souza; Adriana P. Pinho; José E. Dutra de Oliveira.

REFERENCIA: ALMEIDA, Carlos A. N. et al. Fatores associados a anemia por deficiência de ferro em crianças pré- escolares brasileiras. Jornal de Pediatria – vol.80, n° 3, 2004.

Resumo:

A deficiência de ferro acomete mais de dois bilhões de indivíduos em todo o

mundo, e a anemia relacionada por deficiência de ferro atinge crianças com

idade inferior a cinco anos de idade. A anemia por deficiência de ferro é

causada por um balanço negativo de ferro no organismo, e vários fatores

como sociais, econômicos e culturais reflete na saúde da criança. Por isso é

preciso reconhecer os fatores de risco de cada população para que se possam

implantar medidas eficazes para a prevenção e tratamento. Assim objetivo

deste estudo foi investigar os fatores determinantes da anemia e da deficiência

de ferro entre pré-escolares de baixa renda, matriculados em creches públicas

da cidade de Pontal, sudeste de Brasil. A anemia foi observada em 62,5% das

crianças, entre as determinantes encontradas somente a idade influenciou no

estado nutricional de ferro, não houve diferenças entre as creches estudadas.

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9.Tema Central

Título: Fatores determinantes dos níveis de hemoglobina em crianças aos 12

meses de vida na Zona da Mata Meridional de Pernambuco.

Autores: Ana Cláudia V. M. de S. Lima; Pedro Israel Cabral de Lira; Sylvia de

Azevedo Mello Romani; Sophie Helena Eickmann; Maria Dilma Piscoya;

Marillia de Carvalho Lima.

REFERENCIA: LIMA, Ana Cláudia V. M. de et al. Fatores determinantes dos níveis de hemoglobina em crianças aos 12 meses de vida na zona da Mata Meridional de Pernambuco. Revista Brasileira Saúde Materna. Infantil, Recife, 4 (1), jan./mar., 2004.

Resumo:

A anemia principalmente a ferropriva acomete populações em todo o mundo,

os países mais pobres são os mais atingidos, afeta principalmente os

lactentes, crianças, adolescentes e mulheres grávidas. A anemia por carência

de ferro vem crescendo no Brasil, um problema que atinge com maior

prevalência as crianças menores de cinco anos. Segundo os dados

pesquisados pelo autor a alta prevalência de anemia variava de acordo com

as diferenças das regiões do Brasil, estratos sociais e faixas etárias. Porém

nesse estudo atual foi observado um aumento da prevalência e gravidade da

anemia ferropriva em todas as regiões do país, independente de seu nível

socioeconômico. Este estudo teve como objetivo avaliar os fatores

determinantes dos níveis de hemoglobina em lactentes aos 12 meses,

residentes em quatro municípios da Zona da Mata Meridional de Pernambuco.

As determinantes encontradas neste estudo foram as condições

socioeconômicas e ambientais. Existem vários fatores que contribuem para o

surgimento da anemia ferropriva e um dos principais fatores é a alimentação

adequada. Contudo faz-se necessário adotar medidas e intervenções básicas

principalmente educação nutricional.

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10.Tema Central

Título: Prevalência e fatores de risco para anemia no Sul do Brasil

Autores: Nelson A Neuman; Oswaldo Y Tanaka; Sophia C Szarfarc; Paula RV

Guimarães e Cesar G Victora.

REFERENCIA: NEUMAM, Nelson A. et al. Prevalência e fatores de risco para anemia no Sul do Brasil. Revista de Saúde publica [online]. 2000, vol.34, n.1, pp. 56 – 63.

Resumo:

A anemia causada pela deficiência de ferro afeta populações em países

desenvolvidos e em desenvolvimento em todo o mundo, tendo como grupos

de risco as crianças e gestantes. A anemia ferropriva traz prejuízos à saúde

das crianças e alguns fatores de risco encontrados foram prematuridade, baixo

nível socioeconômico, baixo peso ao nascerem, infecções constantes, e

principalmente alimentação e absorção de ferro insuficiente, precoce ingestão

de leite de vaca e baixa ingestão de carne ou vitamina C.

O estudo realizado em 1996 abrangeu crianças na área urbana de Criciúma,

Estado de Santa Catarina, Sul do Brasil, sendo incluída a sede do município e

seu único distrito, Rio Maina.

O objetivo do presente estudo foi medir a prevalência e avaliar os fatores de

risco para anemia em uma amostra populacional representativa das crianças

menores de 3 anos de idade, com vistas a propor intervenções no controle da

anemia.

Apesar de Criciúma está entre os melhores municípios de Santa Catarina e

entre os 50 melhores do Brasil, mesmo assim muitas crianças encontram-se

anêmicas, os resultados mostraram uma prevalência de 60,4% em crianças de

0 a 35,9 meses e 54% em crianças de 6 a 35,9 meses.

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11.Tema Central

Título: Prevalência e fatores associados à deficiência de ferro em lactentes

atendidos em um centro de saúde-escola em Belém, Pará, Brasil

Autores: Márcia Bitar Portella Neves; Edina Mariko Koga da Silva e Mauro

Batista de Morais.

REFERENCIA: NEVES, Márcia Bitar; SILVA, Edina Mariko Koga da; MORAIS,

Mauro Batista de. Prevalência e fatores associados à deficiência de ferro em

lactentes atendidos em um centro de saúde – escola em Belém, Pará, Brasil.

Caderno Saúde Pública, Rio de Janeiro, 21(3): 1911 – 1918, nov – dez,

2005.

Resumo:

Estudos realizados em unidades básicas de saúde mostraram que a anemia

está com elevada prevalência em todo o Brasil onde foi pesquisada. A anemia

causada por deficiência de ferro é atualmente a deficiência de maior gravidade

para saúde publica. Os lactentes constituem o maior grupo de risco Como

pode ocorrer uma depleção das reservas de ferro sem anemia, a ferritina

sérica com sua alta especificidade comprova a etiologia ferropriva da anemia.

Os objetivos deste estudo foram verificar a ocorrência de anemia ferropriva e

de depleção das reservas corporais de ferro em lactentes com idade entre 6 e

24 meses e estudar os fatores associados com a deficiência de ferro.Contudo

os dados indicaram alta prevalência nos lactentes de 6 a 24 meses. A anemia

ferropriva foi caracterizada em 70,4% dos lactentes avaliados. A elevada

prevalência relatada neste estudo é compatível com outras pesquisas feitas

em regiões diferentes do país. Os resultados mostraram que a deficiência de

ferro se associou a complementação ou substituição do leite materno com

fórmulas não fortificadas com ferro, e famílias com renda abaixo de um salário

mínimo. Com este estudo fica claro a necessidade de promover ações

educativas, nutricionais que previnam essa deficiência.

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12.Tema Central

Título: Fatores de risco associados à anemia ferropriva em crianças de 12 a

36 meses de creches públicas em Fortaleza

Autores: Shirley Virino Silveira; Lia Cavalcanti de Albuquerque; Edmundo José

Morais Rocha e Maria Ceci do Vale Martins.

REFERENCIA: SILVEIRA, Shirley Virino. et al. Fatores de risco associados à anemia ferropriva em crianças de 12 a 36 meses de creches públicas em Fortaleza. Revista Pediatria, 9 (2): 70 – 6, jul./dez. 2008.

Resumo:

A anemia por deficiência de ferro é a mais prevalente no mundo, atingindo

países pobres e ricos. Segundo a Organização Pan-americana de Saúde

(OPAS) apontou o peru como o país de maior prevalência na America Latina e

Caribe seguido do Brasil com 35% dos casos com crianças de 1 a 5 anos de

idade. Este estudo teve como objetivo estimar a frequência de anemia em

crianças de 12 a 36 meses de idade em amostra de creches conveniadas e

municipalizadas da cidade de Fortaleza e os fatores de risco associados. Há

vários estudos e controvérsias sobre a saúde das crianças que frequentam

creches, para alguns estudos pesquisados a frequência em creches apontou

um aumento do numero de doenças infectocontagiosas associada com

desnutrição em crianças menores de 24 meses. Entretanto outros estudos

mostraram que crianças que frequentavam creches apresentavam melhor

estado nutricional do que aquelas que não frequentavam. Neste estudo, as

crianças que permaneceram por um tempo na creche não influenciaram na

ocorrência da anemia. A anemia foi observada em 29,8% das crianças com Hb

<11g/dL, sendo que 8,8% apresentavam anemia grave com Hb < 9g/dL. Os

fatores de risco associados foram a idade das crianças com 58,6% entre 25 a

36 meses e o estado nutricional, sendo que 49,2% eram eutróficas e 36,7%

apresentavam sobrepeso e / ou obesidade.

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13.Tema Central

Título: Tratamento da anemia ferropriva com ferro por via oral

Autores: Rodolfo D. Cançado; Clarisse Lobo; João Ricardo Friedrich

REFERENCIA: CANÇADO, Rodolfo D.; LOBO, Clarisse; FRIEDRICH, João R. Tratamento de anemia ferropriva em ferro por via oral. Revista Brasileira Hemoterapia 2010; 32 (2): 114 – 120.

Resumo:

O tratamento de anemia ferropriva antigamente era feito com carbonato

férrico, que foi introduzido em 1832 por Blaud. Atualmente são utilizados

novos compostos com ferro como os sais ferrosos, sais férricos, ferro

aminoquelado, complexo de ferro polimaltosado (ferripolimaltose) e ferro

carbonila.Para um bom tratamento da anemia ferropriva, deve-se associar

orientação nutricional, administração de compostos de ferro, é recomendado 3

mg a 5 mg/kg/dia,. A identificação das causas da anemia e reposição com

ferro na dose certa e no tempo apropriado procede na correção da anemia e

consequentemente confirmam o diagnostico. A via oral é a melhor alternativa

para reposição de ferro, são facilmente absorvidos e eficazes para corrigir os

níveis de hemoglobina e regularizar os estoques de ferro. Apesar da sua

eficácia esses compostos possuem alta prevalência de efeitos adversos,

dentre os mais relatados são: náusea, vômito, diarreia, pirose, epigastralgia.

Primeiramente o tratamento da anemia ferropriva consiste em normalizar os

valores de hemoglobina, são necessários um a dois meses ou mais para

correção dependendo da intensidade da anemia. E para restaurar os estoques

de ferro são necessários de dois a seis meses ou ate obter uma ferritina sérica

> 15 ng/mL para crianças. Portanto para um tratamento completo e adequado

são necessários pelo menos noventa dias de tratamento. Em alguns casos

especiais, em que a opção pela via oral não é suficiente para regularizar os

valores de hemoglobina, é utilizada a administração por via parenteral.