lei bases educacao portugues (2008)

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    cultura nos termos da Constituio da Repblica e da lei.

    2. O direito educao concretizado atravs de uma efectivaaco formativa ao longo da vida, com vista consolidaode uma vivncia livre, responsvel e democrtica, destinadaa, no respeito pela dignidade humana, promover:

    a) O desenvolvimento da personalidade e a valorizaoindividual assente no mrito;

    b) A igualdade de oportunidades e a superao das de-sigualdades econmicas, sociais e culturais;

    c) O progresso social.

    3. O sistema de educao promove:

    a) O desenvolvimento do esprito democrtico e pluralista,respeitador dos outros, das suas personalidades, ideiase projectos individuais de vida, aberto livre troca de

    opinies e concertao;b) A formao de cidados capazes de julgarem, com esp-

    rito crtico e criativo, a sociedade em que se integram ede se empenharem activamente no seu desenvolvimen-to, em termos mais justos e sustentveis.

    4. da especial responsabilidade do Estado promover a demo-cratizao do ensino, garantindo o direito a uma justa eefectiva igualdade de oportunidades no acesso e sucessoescolares.

    5. No acesso educao e na sua prtica garantido a todosos timorenses o respeito pelo princpio da liberdade deaprender e de ensinar.

    Artigo 3.Liberdade de aprender e ensinar

    1. O sistema educativo desenvolvido por forma a garantir aliberdade de aprender e de ensinar.

    2. O Estado reconhece o valor do ensino particular e coopera-tivo, como expresso concreta da liberdade de aprender eensinar.

    3. O ensino particular e cooperativo organiza-se e funcionanos termos de estatuto prprio, competindo ao Estadoapoi-lo nas vertentes pedaggica, tcnica e financeira.

    4. Compete ao Estado licenciar, avaliar e fiscalizar o ensinoparticular e cooperativo nos termos legais.

    SECO IIOBJECTIVOS FUNDAMENTAIS

    Artigo 4.

    Poltica Educativa1. A poltica educativa prossegue objectivos nacionais per-

    manentes, pressupondo uma elaborao e uma con-cretizao transparente e consistente.

    2. A poltica educativa visa orientar o sistema de educao ede ensino por forma a responder s necessidades da socie-dade timorense, em resultado de uma anlise quantitativa equalitativa com vista ao desenvolvimento global, pleno eharmonioso da personalidade dos indivduos, incentivandoa formao de cidados livres, responsveis e autnomos.

    3. A poltica educativa da responsabilidade do Governo, norespeito pela Constituio da Repblica e da presente lei.

    4. A concretizao da poltica educativa implica a plena parti-cipao das comunidades locais, devendo valorizar o prin-cpio da subsidiariedade atravs da descentralizao decompetncias nas administraes locais e a autonomia dasescolas.

    5. A eficincia da poltica educativa e a sua eficcia esto su- jeitas a avaliao regular e pblica, nos termos da presentelei e demais legislao complementar.

    Artigo 5.Objectivos fundamentais da educao

    A educao visa, em especial, a prossecuo dos seguintesobjectivos fundamentais:

    a) Contribuir para a realizao pessoal e comunitria do indi-vduo, atravs do pleno desenvolvimento da sua per-sonalidade e da formao do seu carcter, preparando-opara uma reflexo consciente sobre os valores ticos, c-vicos, espirituais e estticos, proporcionando-lhe um desen-volvimento psquico e fsico equilibrado;

    b) Assegurar a formao, em termos culturais, ticos, cvicose vocacionais das crianas e dos jovens, preparando-ospara a reflexo crtica e reforo da cidadania, bem como pa-ra a prtica e a aprendizagem da utilizao criativa dos seustempos livres;

    c) Assegurar a igualdade de oportunidades para ambos os se-xos, nomeadamente atravs de prticas de coeducao eda orientao escolar e profissional, e sensibilizar, para oefeito, o conjunto dos intervenientes no processo edu-cativo;

    d) Contribuir para a defesa da identidade e da independncianacionais e para o reforo da identificao com a matrizhistrica de Timor-Leste, atravs da consciencializao re-lativamente ao patrimnio cultural do povo timorense, dacrescente interdependncia e solidariedade entre os povose do dever de considerao e valorizao dos diferentessaberes e culturas;

    e) Desenvolver em cada indivduo a capacidade para o trabalhoe proporcionar-lhe, com base numa slida formao geral,uma formao especfica que lhe permita, com competnciasna rea da sociedade do conhecimento e com iniciativa,ocupar um justo lugar na vida activa, prestando o seucontributo para o progresso da sociedade, em consonncia

    com os seus interesses, capacidades e vocao;f) Descentralizar, desconcentrar e diversificar as estruturas e

    aces educativas, de modo a proporcionar uma correctaadaptao s realidades locais, um elevado sentido de

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    participao das populaes, uma adequada insero nomeio comunitrio e nveis de deciso eficientes;

    g) Contribuir para a correco das assimetrias regionais e lo-cais, devendo concretizar, de forma equilibrada, em todo oterritrio nacional, a igualdade de acesso aos benefciosda educao, da cultura, da cincia e da tecnologia;

    h) Assegurar o servio pblico de educao e de ensino, atra-vs de uma rede de ofertas da administrao central e local,bem como das entidades particulares e cooperativas, quegaranta integralmente as necessidades de toda a populao;

    i) Assegurar a organizao e funcionamento das escolas, p-blicas, particulares e cooperativas, de forma a promover odesenvolvimento de projectos educativos prprios, norespeito pelas orientaes curriculares de mbito nacional,e padres crescentes de autonomia de funcionamento, me-diante a responsabilizao pela prossecuo de objectivospedaggicos e administrativos, com sujeio avaliao

    pblica dos resultados e mediante um financiamento pblicoassente em critrios objectivos, transparentes e justos queincentivem as boas prticas de funcionamento;

    j) Assegurar a liberdade de escolher a escola a frequentar;

    k) Contribuir para o desenvolvimento do esprito e prticademocrticos, adoptando processos participativos nadefinio da poltica educativa e modelos de administraoe gesto das escolas que assegurem a participao e a res-ponsabilizao adequadas da administrao central e lo-cal, das entidades titulares dos estabelecimentos de edu-cao e de ensino, dos professores, dos alunos, dos pais edas comunidades locais, com vista particularmente pro-moo dos resultados das aprendizagens;

    l) Assegurar uma escolaridade de segunda oportunidade aosque dela no usufruram na idade prpria, aos que procuramo ensino por razes de valorizao profissional ou cultural,devidas, nomeadamente, a necessidades de reconversoou aperfeioamento, decorrentes da evoluo dosconhecimentos cientficos e tecnolgicos.

    Artigo 6.Comisso Nacional da Educao

    A Comisso Nacional da Educao desempenha, nos termosda lei, funes consultivas no mbito da poltica educativa econtribui para a existncia de consensos alargados relativa-mente aos seus objectivos, mediante a participao das vriasforas sociais, culturais e econmicas representativas do Pas.

    CAPTULO IIORGANIZAO DO SISTEMA EDUCATIVO

    SECO IORGANIZAO GERAL

    Artigo 7.Organizao geral do sistema educativo

    1. O sistema educativo compreende a educao pr-escolar, a

    educao escolar, a educao extra-escolar e a formaoprofissional, organizando-se para a educao ao longo davida.

    2. A educao pr-escolar, na sua componente formativa, complementar ou supletiva da aco educativa dos paisou da famlia com os quais estabelece estreita cooperao.

    3. A educao escolar compreende o ensino bsico, o ensinosecundrio e o ensino superior, integra modalidades espe-ciais e inclui actividades de ocupao de tempos livres.

    4. A educao extra-escolar engloba actividades de alfabeti-zao e de educao de base, bem como de aperfei-oamentoe actualizao cultural e cientfica, e realiza-se num quadroaberto de iniciativas mltiplas, diversificadas e com-plementares.

    5. A formao profissional prossegue aces destinadas integrao ou ao desenvolvimento profissional dinmico,

    pela aquisio ou aprofundamento de conhecimentos e decompetncias necessrias ao desempenho profissionalespecfico.

    Artigo 8.Lnguas do sistema educativo

    As lnguas de ensino do sistema educativo timorense so ottum e o portugus.

    SECO IIEDUCAO PR-ESCOLAR

    Artigo 9.Objectivos e destinatrios da educao pr-escolar

    1. So objectivos da educao pr-escolar, em relao a cadacriana:

    a) Estimular as capacidades e favorecer a formao e odesenvolvimento equilibrado de todas as suaspotencialidades;

    b) Contribuir para a estabilidade e a segurana afectivas;

    c) Favorecer a observao e a compreenso do meio natu-ral e humano, de modo a promover uma correcta inte-grao e participao;

    d) Desenvolver a formao moral e o sentido de liberdadee de responsabilidade;

    e) Fomentar a integrao em grupos sociais diversos,complementares da famlia, de modo a promover odesenvolvimento da sociabilidade;

    f) Desenvolver as capacidades de expresso e comuni-

    cao e estimular a imaginao criativa e a actividadeldica;

    g) Incutir hbitos de higiene e de defesa da sade pessoale colectiva;

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    h) Proceder despistagem de inadaptaes, deficinciasou precocidades, promovendo a melhor orientao eencaminhamento.

    2. A prossecuo dos objectivos enunciados no nmero an-terior faz-se de acordo com contedos, mtodos e tcnicasapropriadas, tendo em conta a necessidade de articulaoestreita com o meio familiar e com a aco educativa dospais.

    3. A educao pr-escolar destina-se s crianas com idadescompreendidas entre os trs anos e a idade de ingresso noensino bsico.

    4. A frequncia da educao pr-escolar facultativa, no re-conhecimento de que cabe aos pais e famlia um papelessencial no processo de educao infantil, sem prejuzodo Estado promover essa frequncia, prioritariamente dascrianas de cinco anos de idade.

    Artigo 10.Organizao da educao pr-escolar

    1. Incumbe ao Estado assegurar a existncia de uma rede deservio pblico de educao pr-escolar.

    2. A rede de educao pr-escolar constituda pelos jardins-de-infncia das administraes locais e de outras entidadesparticulares e cooperativas, colectivas ou individuais,nomeadamente instituies particulares de solidariedadesocial, associaes de pais, associaes de moradores, or-ganizaes cvicas ou confessionais e associaes sindicaisou de empregadores.

    3. Compete ao Governo, atravs do ministrio responsvelpela poltica educativa, definir as normas gerais da educaopr-escolar, nomeadamente quanto ao seu funcionamentoe aos seus contedos educativos, apoiando, avaliando,inspeccionando e fiscalizando a sua execuo.

    SECO IIIEDUCAO ESCOLAR

    SUBSECO IENSINO BSICO

    Artigo 11.Destinatrios e gratuitidade do ensino bsico

    1. O ensino bsico universal, obrigatrio e gratuito e tem adurao de nove anos.

    2. Ingressam no ensino bsico as crianas que completem seisanos de idade at 31 de Dezembro do ano anterior ao doincio do ano escolar.

    3. As crianas que completem os seis anos de idade entre 1 de

    Janeiro e 31 de Maro podem ingressar no ensino bsico,se houver disponibilidade de vagas.

    4. As situaes no abrangidas nos nmeros 2 e 3 do presenteartigo so objecto de anlise e deciso por parte dos ser-

    vios regionais de educao competentes.

    5. A obrigatoriedade de frequncia do ensino bsico terminano final do ano lectivo em que o aluno completa dezasseteanos de idade.

    6. A gratuitidade no ensino bsico abrange propinas, taxas eemolumentos relacionados com a matrcula, frequncia ecertificao, podendo ainda os alunos dispor gratuitamentedo uso de livros e material escolar, bem como de transporte,alimentao e alojamento, quando necessrios.

    Artigo 12.Objectivos do ensino bsico

    1. So objectivos do ensino bsico:

    a) Assegurar a formao integral de todas as crianas e jovens, atravs do desenvolvimento de competnciasdo ser, do saber, do pensar, do fazer, do aprender a

    viver juntos;b) Assegurar uma formao geral de base comum a todos

    os timorenses, que lhes garanta a descoberta e o desen-volvimento dos seus interesses e aptides, da capa-cidade de raciocnio, da memria e do esprito crtico,da criatividade, do sentido moral e da sensibilidadeesttica, promovendo a realizao individual, em har-monia com os valores da solidariedade social, e inter-relacionando, de forma equilibrada o saber e o saberfazer, a teoria e a prtica, a cultura escolar e a cultura doquotidiano;

    c) Proporcionar a aquisio e o desenvolvimento de com-petncias e dos conhecimentos de base, que permitamo prosseguimento de estudos ou a insero do alunoem esquemas de formao profissional, bem comofacilitar a aquisio e o desenvolvimento de mtodos einstrumentos de trabalho pessoal e em grupo,valorizando a dimenso humana do trabalho;

    d) Garantir o domnio das lnguas portuguesa e ttum;

    e) Proporcionar a aprendizagem de uma primeira lnguaestrangeira;

    f) Proporcionar o desenvolvimento fsico e motor, valorizaras actividades manuais e a educao artstica, de modoa sensibilizar para as diversas formas de expressoesttica e a detectar e estimular aptides nestes dom-nios;

    g) Desenvolver o conhecimento e o apreo pelos valorescaractersticos da identidade, lnguas oficiais e nacio-nais, histria e cultura timorenses, numa perspectivade humanismo universalista e de solidariedade e coo-perao entre os povos;

    h) Proporcionar experincias que favoream a maturidadecvica e scio-afectiva, promovendo a criao de ati-tudes e de hbitos tendentes relao e cooperao,bem como interveno autnoma, consciente e res-

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    ponsvel, nos planos familiar, comunitrio e ambiental,visando a formao para uma cidadania plena e de-mocrtica;

    i) Assegurar s crianas com necessidades educativas es-pecficas, devidas, designadamente, a deficincias fsi-cas e mentais, condies adequadas ao seu desenvol-vimento e pleno aproveitamento das suas capacidades;

    j) Proporcionar, em liberdade de conscincia, a aquisiode noes de educao cvica, moral e religiosa.

    2. O ensino bsico deve ser organizado de modo a promovero sucesso escolar e educativo de todos os alunos, a con-cluso, por cada um deles, de uma escolaridade efectiva denove anos e a fomentar neles o interesse por uma constanteactualizao de conhecimentos, valorizando um processode informao e orientao educacionais em colaboraocom os pais.

    Artigo 13.Organizao do ensino bsico

    1. O ensino bsico compreende trs ciclos, o primeiro de quatroanos, o segundo de dois anos e o terceiro de trs anos, nostermos curriculares seguintes:

    a) No primeiro ciclo o ensino globalizante e da res-ponsabilidade de um professor nico, sem prejuzo dacoadjuvao deste em reas especializadas;

    b) No segundo ciclo, o ensino organiza-se por reas dis-ciplinares de formao de base, podendo conter reasno disciplinares, destinadas articulao dos saberes,ao desenvolvimento de mtodos de trabalho e de estu-do e obteno de formaes complementares, e desen-volve-se, predominantemente, em regime de um pro-fessor por rea;

    c) No terceiro ciclo, o ensino organiza-se segundo um pla-no curricular unificado, que integre coerentemente reasvocacionais diversificadas, podendo conter reas nodisciplinares, destinadas articulao de saberes, aodesenvolvimento de mtodos de trabalho e de estudoe obteno de formaes complementares, propor-cionando a aprendizagem de uma primeira lngua estran-geira, e desenvolve-se em regime de um professor pordisciplina ou grupo de disciplinas.

    2. A articulao entre os trs ciclos do ensino bsico obedecea uma sequencialidade progressiva, competindo a cada cicloa funo de completar, aprofundar, e alargar o ciclo ante-rior, numa perspectiva de unidade global do ensino bsico.

    3. Os objectivos especficos de cada ciclo integram-se nosobjectivos gerais do ensino bsico, nos termos dos nmerosanteriores, de acordo com o desenvolvimento etrio corres-

    pondente a cada ciclo e tendo em considerao as seguintesorientaes:

    a) Para o primeiro ciclo, o desenvolvimento da linguagemoral e a iniciao e progressivo domnio da leitura e da

    escrita, das noes essenciais da aritmtica e do clculo,do meio fsico e social e das expresses plstica, dram-tica, musical e motora;

    b) Para o segundo ciclo, a formao humanstica, artsticae desportiva, cientfica e tecnolgica e a educao moral,religiosa e cvica, visando habilitar o aluno a assimilar einterpretar, crtica e criativamente, a informao, assegu-rando a aquisio de mtodos e instrumentos detrabalho e de conhecimento que lhe permitam o pros-seguimento da sua formao e o desenvolvimento deatitudes activas e conscientes perante a comunidade eos seus problemas e desafios mais relevantes;

    c) Para o terceiro ciclo, a aquisio sistemtica e diferen-ciada da cultura moderna, nas suas dimenses, tericae prtica, humanstica, literria, cientfica e tecnolgica,artstica, fsica e desportiva, necessria ao prossegui-mento de estudos ou insero na vida activa, bem co-mo a orientao vocacional, escolar e profissional, que

    proporcione opes conscientes de formao sub-sequente e respectivos contedos, sem prejuzo da per-meabilidade da mesma, com vista ao prosseguimentode estudo ou insero na vida activa, no respeito pelarealizao autnoma da pessoa humana.

    4. Em escolas especializadas do ensino bsico podem, semprejuzo da formao de base, ser reforadas as componen-tes do ensino artstico ou de educao fsica e desportiva.

    5. A concluso com aproveitamento do ensino bsico confereo direito atribuio de um diploma, devendo igualmenteser certificado, quando solicitado, o aproveitamento obtidoem qualquer ano ou ciclo.

    6. Compete ao Governo, atravs do ministrio responsvel pe-la poltica educativa, definir as normas gerais do ensinobsico, nomeadamente quanto ao seu funcionamento e aosseus contedos educativos, apoiando, avaliando,inspeccionando e fiscalizando a sua execuo.

    SUBSECO IIENSINO SECUNDRIO

    Artigo 14.Destinatrios do ensino secundrio

    1. Tm acesso aos cursos do ensino secundrio os alunosque completarem com aproveitamento o ensino bsico,devendo o acesso ocorrer no ano lectivo imediatamenteposterior concluso do ensino bsico.

    2. A frequncia do ensino secundrio facultativa, com-petindo, no entanto, ao Governo, atravs do ministrio res-ponsvel pela poltica educativa, promover a oferta destenvel de ensino.

    Artigo 15.Objectivos do ensino secundrio

    O ensino secundrio visa dar sequncia e aprofundar a apren-dizagem adquirida no ensino bsico, completando e desen-

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    volvendo a formao, mediante a prossecuo dos seguintesobjectivos:

    a) Assegurar e aprofundar as competncias e os contedosfundamentais de uma formao e de uma cultura huma-nstica, artstica, cientfica e tcnica, como suporte cog-nitivo e metodolgico necessrio ao prosseguimentode estudos superiores ou insero na vida activa;

    b) Assegurar o desenvolvimento do raciocnio, da reflexoe da curiosidade cientfica;

    c) Desenvolver as competncias necessrias compreen-so das manifestaes culturais e estticas e possibilitaro aperfeioamento da expresso artstica;

    d) Fomentar a aquisio e aplicao de um saber cada vezmais aprofundado, assente na leitura, no estudo, nareflexo crtica, na observao e na experimentao;

    e) Fomentar, a partir da realidade, e no apreo pelos valorespermanentes da sociedade, em geral, e da cultura ti-morense, em particular, pessoas activamente empenha-das na concretizao das opes estratgicas de desen-volvimento de Timor-Leste e sensibilizadas, critica-mente, para a realidade da comunidade internacional;

    f) Assegurar a orientao e formao vocacional, atravsda preparao tcnica e tecnolgica adequada ao in-gresso no mundo do trabalho;

    g) Facultar contactos e experincias com o mundo do tra-balho, fortalecendo os mecanismos de aproximaoentre a escola, a vida activa e a comunidade e dinami-zando a funo inovadora e interventora da escola;

    h) Assegurar a existncia de hbitos de trabalho, indi-vidual e em grupo, e fomentar o desenvolvimento deatitudes de reflexo metdica, de abertura de esprito,de sensibilidade e de disponibilidade e adaptao mudana.

    Artigo 16.Organizao do ensino secundrio

    1. Os cursos do ensino secundrio tm a durao de trs anos.

    2. De acordo com a sua dimenso vocacional de orientaopara o prosseguimento de estudos ou para a insero navida activa, o ensino secundrio organiza-se segundo for-mas diferenciadas, contemplando a existncia de:

    a) Cursos gerais, de natureza humanstica e cientfica, pre-dominantemente orientados para o prosseguimento deestudos no ensino superior universitrio, permitindotambm o ingresso no ensino superior tcnico;

    b) Cursos de formao vocacional, de natureza tcnica etecnolgica ou profissionalizante ou de natureza arts-tica, predominantemente orientados para a insero navida activa, que possibilitam o acesso tanto ao ensinosuperior tcnico como ao ensino superior universitrio.

    3. Todos os cursos do ensino secundrio contm componentesde formao de sentido tcnico, tecnolgico e profissio-nalizante e de lnguas e cultura timorenses adequadas natureza dos diversos cursos.

    4. Deve garantir-se a permeabilidade adequada entre os cursospredominantemente orientados para a vida activa e os cur-sos orientados predominantemente para o prossegui-mentode estudos no ensino superior universitrio.

    5. A concluso com aproveitamento do ensino secundrioconfere o direito a um diploma que certifica a formao ad-quirida, devendo igualmente ser certificado, quando solici-tado, o aproveitamento obtido em qualquer ano, sendoque nos casos dos cursos predominantemente orientadospara a insero na vida activa, a certificao incide sobre aqualificao obtida para efeitos do exerccio de umaprofisso ou grupo de profisses.

    6. No ensino secundrio cada professor responsvel, em

    princpio, por uma disciplina.7. Podem ser criadas escolas especializadas, destinadas ao

    ensino e prtica de cursos de natureza tcnica e tecnolgicaou de ndole artstica.

    8. Compete ao Governo, atravs do ministrio responsvelpela poltica educativa, definir as normas gerais do ensinosecundrio, nomeadamente quanto ao seu funcionamentoe aos seus contedos educativos, apoiando, avaliando,inspeccionando e fiscalizando a sua execuo.

    SUBSECO IIIENSINO SUPERIOR

    Artigo 17.mbito e objectivos

    1. O ensino superior compreende o ensino universitrio e oensino tcnico.

    2. So objectivos do ensino superior:

    a) Estimular a criao cultural e o desenvolvimento doesprito cientfico e do pensamento reflexivo;

    b) Formar diplomados nas diferentes reas do conheci-mento, aptos para a insero em sectores profissionaise para a participao no desenvolvimento da sociedadetimorense, e colaborar na sua formao contnua;

    c) Incentivar o trabalho de pesquisa e investigao cien-tfica, visando o desenvolvimento da cincia e da tec-nologia, das humanidades e das artes e a criao e di-fuso da cultura e, desse modo, desenvolver o conhe-cimento e a compreenso do Homem e do meio em quese integra;

    d) Promover a divulgao de conhecimentos culturais,cientficos e tcnicos, que constituem patrimnio dahumanidade, e comunicar o saber atravs do ensino,de publicaes ou de outras formas de comunicao;

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    e) Suscitar o desejo permanente de aperfeioamento cul-tural e profissional e possibilitar a correspondente con-cretizao, integrando os conhecimentos que vo sen-do adquiridos numa estrutura intelectual sistematiza-dora do conhecimento de cada gerao, na lgica deeducao ao longo da vida e de investimento geracionale intergeracional, visando realizar a unidade do processoformativo, que inclui o apreender, o aprender e oempreender;

    f) Estimular o conhecimento dos problemas do mundo dehoje, num horizonte de globalidade, em particular osnacionais, regionais e da comunidade dos pases delngua portuguesa, prestar servios especializados comunidade e estabelecer com esta uma relao dereciprocidade;

    g) Continuar a formao cultural e profissional dos cida-dos, pela promoo de formas adequadas de extensocultural;

    h) Promover e valorizar as lnguas e a cultura timorenses.

    3. O ensino superior universitrio, orientado por uma constanteperspectiva de investigao e criao do saber, visa pro-porcionar uma ampla preparao cientfica de base, sobrea qual vai assentar uma slida formao tcnica e cultural,tendo em vista garantir elevada autonomia individual narelao com o conhecimento, incluindo a possibilidade dasua aplicao, designadamente para efeitos de inseroprofissional, e fomentar o desenvolvimento das capaci-dades de concepo, de inovao e de anlise crtica.

    4. O ensino superior tcnico, dirigido por uma constantepers-pectiva de compreenso e soluo de problemasconcretos, visa proporcionar uma preparao cientficaorientada, sobre a qual vai assentar uma slida formaotcnica e cultural, tendo em vista garantir relevanteautonomia na relao com o conhecimento aplicado aoexerccio de actividades profissionais e participao activaem aces de desenvolvimento.

    Artigo 18.Acesso

    1. Tm acesso ao ensino superior os indivduos habilitadoscom o curso do ensino secundrio ou equivalente, que fa-am prova de capacidade para a sua frequncia.

    2. Tm igualmente acesso ao ensino superior tcnico os indi-vduos que completarem cursos de formao profissionalequivalentes ao ensino secundrio.

    3. O Governo define, atravs de decreto-lei, os regimes deacesso e ingresso no ensino superior, em obedincia aosseguintes princpios:

    a) Democraticidade, equidade e igualdade de oportunida-des;

    b) Objectividade dos critrios utilizados para a seleco eseriao dos candidatos;

    c) Universalidade de regras para cada um dos subsistemasde ensino superior;

    d) Valorizao do percurso educativo do candidato no en-sino secundrio, nas suas componentes de avaliaocontnua e provas nacionais, traduzindo a relevnciapara o acesso ao ensino superior do sistema de certi-ficao nacional do ensino secundrio;

    e) Utilizao obrigatria da classificao final do ensinosecundrio no processo de seriao;

    f) Coordenao dos estabelecimentos de ensino superiorpara a realizao da avaliao, seleco e seriao porforma a evitar a proliferao de provas a que os candi-datos venham a submeter-se;

    g) Carcter nacional do processo de candidatura matrculae inscrio nos estabelecimentos de ensino superiorpblico, sem prejuzo da realizao, em casos devida-mente fundamentados, de concursos de natureza lo-cal;

    h) Realizao das operaes de candidatura pelos serviosda administrao central e regional da educao.

    4. Nos limites definidos pelo nmero anterior, o processo deavaliao da capacidade para a frequncia, bem como o deseleco e de seriao dos candidatos ao ingresso em cadacurso e estabelecimento de ensino superior, da com-petncia dos estabelecimentos de ensino superior.

    5. Tm igualmente acesso ao ensino superior, nas condiesa definir pelo Governo, atravs de decreto-lei, os maioresde 23 anos que, no sendo titulares de habilitao de acesso

    ao ensino superior, faam prova de capacidade para a suafrequncia atravs da realizao de provas especialmenteadequadas, realizadas pelos estabelecimentos de ensinosuperior.

    6. O Governo pode estabelecer restries quantitativas de ca-rcter global no acesso ao ensino superior,numerus clau-sus , por motivos de interesse pblico, de garantia da quali-dade do ensino, tanto em relao aos estabelecimentos deensino superior pblicos, como aos particulares e coo-perativos.

    7. O Estado deve criar as condies que garantam aos cidadosa possibilidade de frequentarem o ensino superior, de formaa impedir os efeitos discriminatrios decorrentes dasdesigualdades econmicas e regionais ou de desvantagenssociais prvias.

    Artigo 19.Associao de estabelecimentos de ensino superior

    Os estabelecimentos de ensino superior podem associar-secom outros estabelecimentos de ensino superior, nacionais ouestrangeiros, para conferirem os graus acadmicos e atriburemos diplomas previstos nos artigos seguintes.

    Artigo 20. Graus acadmicos e diplomas

    1. O ensino superior tcnico compreende cursos de dois ou

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    quatro semestres de durao, conferindo, respectivamente,diploma I ou II.

    2. O ensino superior universitrio compreende cursos de ba-charelato, licenciatura, mestrado e doutoramento, con-ferindo, respectivamente, os graus de bacharel, licenciado,mestre e doutor.

    3. O ensino superior universitrio compreende ainda cursosde ps-graduao, conferindo diploma de ps-graduao.

    4. Os estabelecimentos de ensino superior podem realizar cur-sos no conferentes de grau acadmico ou de diplomas re-feridos nos nmeros anteriores do presente artigo cujaconcluso com aproveitamento conduza atribuio deum diploma ou certificado.

    5. O funcionamento de cursos conferentes de grau ou de di-ploma de ps-graduao, bem como os do ensino superiortcnico, est sujeito registo nos termos legais que vierem a

    ser aprovados pelo Governo.6. So requisitos para o registo dos cursos conferentes de

    grau ou de diploma de ps-graduao, em geral, o projectoeducativo, cientfico e cultural do estabelecimento deensino, a existncia de um corpo docente adequado emnmero e em qualificao natureza do curso e grau, bemcomo a dignidade das instalaes e recursos materiais, no-meadamente quanto a espaos lectivos, equipamentos,bibliotecas e laboratrios.

    7. So requisitos especficos para o registo de cursos de mes-trado, a autonomia de uma unidade orgnica cuja vocaocientfica integre o ramo do conhecimento cientfico docurso e a existncia de docentes e investigadores douto-rados.

    8. O grau de doutor s pode ser conferido por estabelecimentosde ensino universitrio, desde que estes respeitem, paraalm dos requisitos referidos nos nmeros 5 e 6 do presenteartigo, o requisito especfico da existncia de unidades deinvestigao acreditadas ou a realizao de actividades deinvestigao de qualidade reconhecida de acordo comcritrios de avaliao de padro internacional, nomea-damente a publicao em revistas cientficas de prestgiocomprovado.

    9. O Governo regula, atravs de decreto-lei, ouvidos os esta-belecimentos de ensino superior, as condies de atribuiodos graus acadmicos, de forma a garantir o nvel cientficoda formao adquirida, a comparabilidade das formaes ea mobilidade dos estudantes.

    Artigo 21.Bacharelato

    1. O grau de bacharel comprova uma formao cultural, cien-

    tfica e tcnica de nvel superior de conhecimentos numadeterminada rea do saber e capacidade para o exerccio deuma actividade profissional adequada formao obtida.

    2. Para alm dos indivduos referidos nos nmeros 1 e 5 do

    artigo 18. da presente lei, podem aceder a um curso de ba-charelato os alunos que completem um curso do ensinosuperior tcnico, conferente de diploma II.

    3. O grau de bacharel concedido aps a concluso de umaformao superior, com durao de seis semestres.

    Artigo 22.Licenciatura

    1. O grau de licenciado comprova um nvel superior de conheci-mentos numa rea cientfica e capacidade para o exercciode uma actividade profissional qualificada.

    2. O grau de licenciado concedido aps a concluso de umaformao superior com a durao de dois semestres, nasequncia da elaborao de uma tese especialmente escritapara o efeito sujeita a discusso e aprovao.

    3. Tm acesso ao curso de licenciatura, os indivduos quetenham concludo, com aproveitamento, um curso debacharelato.

    4. Em casos excepcionais, os cursos que conferem o grau delicenciado podem ter a durao de mais um ou dois semes-tres.

    Artigo 23. Ps-graduao

    1. Tm acesso aos cursos de ps-graduao os indivduoshabilitados com o grau de bacharel ou licenciado.

    2. O diploma de ps-graduao comprova uma especializaonuma determinada rea cientfica e a capacidade para a pr-tica de investigao ou para o exerccio profissional espe-cializado.

    3. Os cursos de ps-graduao integram uma parte escolarcom a durao de dois semestres.

    4. O individuo que tenha um diploma de ps-graduao podeprosseguir para o curso de mestrado com dispensa da parteescolar, desde que o ramo do conhecimento cientfico dops-graduao coincida com o do curso de mestrado.

    Artigo 24. Mestrado

    1. O grau de mestre comprova um nvel aprofundado de conhe-cimentos numa rea cientfica especfica e a capacidadepara a prtica de investigao ou para o exerccio profissionalespecialmente qualificado.

    2. O grau de mestre concedido aps a concluso de uma for-mao superior, com durao de quatro semestres e inte-grando uma parte escolar com a durao de dois semestres.

    3. Tm acesso ao curso de mestrado, os indivduos que tenhamconcludo, com aproveitamento, um curso de licenciaturaou curso de ps-graduao.

    4. A concesso do grau de mestre pressupe a elaborao de

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    uma tese especialmente escrita para o efeito, a sua discussoe aprovao ou a realizao de um projecto profissional oude investigao e a sua apreciao e aprovao.

    Artigo 25. Doutoramento

    1. O grau de doutor comprova a realizao de uma contribuioinovadora e original para o progresso do conhecimento,um alto nvel cultural numa determinada rea do conhe-cimento e a aptido para realizar trabalho cientfico inde-pendente.

    2. O grau de doutor concedido aps a concluso de uma for-mao superior, com durao mnima de seis semestres.

    3. Tm acesso ao curso de doutoramento, os indivduos quetenham concludo, com aproveitamento, um curso demestrado.

    4. Excepcionalmente, podem ser admitidos ao doutoramento,indivduos titulares de licenciatura e detentores de umcurrculo escolar, cientfico ou profissional que seja reco-nhecido como meritrio para o efeito, pelo competente r-go cientfico do estabelecimento de ensino onde se realizao respectivo doutoramento.

    5. Os cursos conducentes ao grau de doutor podem integraruma parte escolar com a durao mxima de quatro semes-tres.

    6. A concesso do grau de doutor pressupe, ainda, a elabo-rao de uma dissertao original de investigao, a suadiscusso e aprovao.

    Artigo 26.Estabelecimentos de ensino superior

    1. O ensino superior universitrio realiza-se em universidades,institutos universitrios e em escolas universitrias nointegradas.

    2. O ensino superior tcnico realiza-se em institutos politc-nicos.

    3. As universidades podem ser constitudas por escolas, ins-titutos ou faculdades diferenciadas, ou por departamentosou outras unidades, podendo ainda integrar unidadesorgnicas do ensino superior tcnico.

    4. Os institutos politcnicos podem ser constitudos por depar-tamentos ou outras unidades.

    5. Os estabelecimentos de ensino superior podem associar-separa a organizao de cursos e atribuio de graus do ensinosuperior.

    6. Podem ser constitudos centros de estudos superiores, quecolaboram na realizao da educao ao longo da vida e navalorizao dos recursos humanos locais, cabendo aosestabelecimentos de ensino superior a certificao dasqualificaes atribudas.

    7. O Governo regula, atravs de decreto-lei, os requisitos paraa criao de estabelecimentos de ensino superior, de formaa garantir o cumprimento dos objectivos do ensino supe-rior, a qualidade do ensino ministrado e da investigaorealizada, bem como a relevncia social, cientfica e culturalda instituio.

    Artigo 27.Investigao cientfica

    1. O Estado deve assegurar as condies materiais e culturaisde criao e investigao cientficas, promovendo a ava-liao da sua qualidade.

    2. Nos estabelecimentos de ensino superior so criadas ascondies para promoo da investigao cientfica e paraa realizao de actividades de investigao e desen-volvimento.

    3. A investigao cientfica no ensino superior deve ter emconta os objectivos predominantes do estabelecimento emque se insere, sem prejuzo da sua perspectivao emfuno do progresso, do saber e da resoluo dos proble-mas postos pelo desenvolvimento social, econmico e cul-tural do Pas.

    4. Devem garantir-se as condies de publicao de trabalhoscientficos e facilitar-se a divulgao dos novos conhe-cimentos e perspectivas do pensamento cientfico, dosavanos tecnolgicos e da criao cultural.

    5. Compete ao Estado incentivar a colaborao entre as enti-dades pblicas, particulares e cooperativas, no sentido de

    fomentar o desenvolvimento da cincia, da tecnologia e dacultura, tendo particularmente em vista os interesses dacolectividade.

    SUBSECO IVMODALIDADES ESPECIAIS DE EDUCAO ESCOLAR

    Artigo 28. Identificao das modalidades especiais de educao escolar

    1. Em complemento da modalidade geral de educao escolar,existem as seguintes modalidades especiais de educaoescolar:

    a) A educao especial;

    b) O ensino artstico especializado;

    c) O ensino recorrente;

    d) A educao a distncia.

    2. Cada uma destas modalidades especiais parte integranteda educao escolar.

    3. As modalidades especiais de educao so reguladas porlegislao especial prpria.

    Artigo 29. Educao especial

    1. Os indivduos com necessidades educativas especiais, de

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    pela poltica educativa, definir as normas gerais do ensinorecorrente, nomeadamente quanto ao seu funcionamentoe aos seus aspectos pedaggicos e tcnicos, apoiando,avaliando, inspeccionando e fiscalizando a sua execuo.

    Artigo 32.Educao a distncia

    1. Devem, nos termos da lei, ser organizadas modalidades deeducao a distncia, suportadas nos multimdia e nastecnologias da informao e das comunicaes, quer comocomplemento quer como alternativa modalidade de edu-cao presencial.

    2. O ensino a distncia ter particular incidncia na educaorecorrente e na formao contnua dos professores.

    3. As entidades responsveis pela educao a distncia devemassumir uma vocao de promoo da inovao e da socie-dade da informao e do conhecimento.

    4. O Estado incentiva e reconhece a educao ao longo davida e as aprendizagens inovadoras baseadas nas novastecnologias da informao e das comunicaes.

    SECO IVEDUCAO EXTRA-ESCOLAR

    Artigo 33.Natureza e objectivos da educao extra-escolar

    1. A educao extra-escolar tem natureza formal, no formalou informal e destina-se a permitir a cada indivduo, numaperspectiva de educao ao longo da vida, aumentar osseus conhecimentos e desenvolver as suas competncias,em complemento da formao escolar ou em suprimento dasua carncia ou das suas lacunas.

    2. Compete ao Estado promover a relevncia social da edu-cao extra-escolar, em particular organizando sistemas quepermitam reconhecer, validar e certificar as competncias eos saberes adquiridos.

    3. Constituem objectivos fundamentais da educao extra-escolar:

    a) Eliminar o analfabetismo, literal e funcional;

    b) Contribuir para uma efectiva igualdade de oportunidadeseducativas e profissionais dos indivduos que, notendo frequentado a educao escolar ou tendo-aabandonado precocemente ou sem sucesso, nousufruam, por qualquer razo, da formao profissional;

    c) Promover a adaptao vida contempornea, medianteo desenvolvimento das aptides tecnolgicas e do sa-ber tcnico;

    d) Assegurar a ocupao criativa dos tempos livres comactividades de natureza cultural;

    e) Favorecer atitudes de solidariedade social e de parti-

    cipao na vida da comunidade.

    4. As aces de educao extra-escolar podem realizar-se emestruturas de extenso cultural do sistema escolar ou emsistemas abertos, com recurso, neste caso, aos meios decomunicao tpicos da educao a distncia.

    5. Incumbe ao Estado promover e apoiar a educao extra-escolar, pertencendo as iniciativas de educao extra-es-colar administrao central e local e a outras entidadesparticulares ou cooperativas, colectivas ou individuais,nomeadamente instituies particulares de solidariedadesocial, associaes de pais, associaes de estudantes eorganismos juvenis, associaes culturais e recreativas,associaes de moradores, associaes de educao popu-lar, organizaes cvicas ou confessionais e comisses detrabalhadores e associaes sindicais ou de empregadores.

    6. A poltica educativa atende dimenso formativa da pro-gramao televisiva e radiofnica, devendo o servio p-

    blico de televiso e de rdio assegurar a existncia de pro-gramao formativa, plural e diversificada.

    SECO VFORMAO PROFISSIONAL

    Artigo 34.Natureza e objectivos da formao profissional

    1. A formao profissional tem natureza extra-escolar e visa aintegrao ou o desenvolvimento profissional dinmico,pela aquisio ou aprofundamento de conhecimentos e decompetncias necessrias ao desempenho profissional es-pecfico, de forma a responder s necessidades nacionaisde desenvolvimento e evoluo tecnolgica.

    2. A formao profissional estrutura-se de forma a desenvolveraces de:

    a) Iniciao profissional;

    b) Qualificao profissional;

    c) Aperfeioamento profissional;

    d) Reconverso profissional.

    3. A formao profissional organiza-se como complementarda formao e da preparao para a vida activa iniciada naeducao escolar, mas deve igualmente contribuir para aaquisio de qualificaes profissionais iniciais por aquelesque no tenham frequentado a educao escolar ou atenham abandonado precocemente e sem sucesso.

    4. As entidades pblicas responsveis pela poltica educativae pela poltica de emprego devem articular, entre si, as in-tervenes nas reas da formao vocacional e da formao

    profissional, respectivamente, com vista plena con-cretizao dos objectivos referidos no nmero anterior.

    5. Tm acesso formao profissional, nos termos dos nme-ros anteriores:

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    a) Os que tenham concludo a escolaridade obrigatria;

    b) Os que no tenham concludo a escolaridade obrigatriaat data limite desta;

    c) Os trabalhadores que pretendam o aperfeioamento oua reconverso profissionais;

    d) As demais pessoas destinatrias das aces referidasno n. 2 desta disposio.

    6. A formao profissional estrutura-se segundo um modelopedaggico e institucional flexvel, que permita integrarpessoas com nveis de formao e caractersticas diferencia-das.

    7. A organizao das ofertas de formao profissional deveadequar-se s necessidades de emprego nacionais, regio-nais e locais.

    8. A formao profissional pode estruturar-se por mdulos,de durao varivel e combinveis entre si, com vista ob-teno de nveis profissionais sucessivamente maiselevados.

    9. O funcionamento das ofertas de formao profissional po-de ser realizado segundo formas institucionais diversifi-cadas, nomeadamente:

    a) Instituies especficas;

    b) Utilizao de escolas do ensino bsico e secundrio;

    c) Acordos com administraes locais e empresas;

    d) Apoios a instituies e iniciativas, pblicas, particularesou cooperativas;

    e) Dinamizao de aces comunitrias e de servios co-munidade.

    10. A frequncia e a concluso com aproveitamento de acoou curso, ou respectivos mdulos, de formao profissionalconferem o direito correspondente certificao.

    SECO VIPLANEAMENTO CURRICULAR

    Artigo 35.Princpios do planeamento curricular

    1. A composio curricular da educao escolar tem em consi-derao a promoo de uma equilibrada harmonia, nosplanos horizontal e vertical, entre os nveis de desenvol-vimento fsico e motor, cognitivo, afectivo, esttico, sociale moral dos educandos.

    2. Os planos curriculares do ensino bsico e secundrio in-cluem, em todos os seus ciclos, de forma adequada, umarea de formao pessoal e social, que pode ter como com-ponentes a educao para a participao cvica, a educaoecolgica, a educao do consumidor, a educao familiar,

    a educao para a sexualidade, a educao para a sade epreveno de acidentes, bem como o ensino da educaomoral e religiosa.

    3. Os planos curriculares do ensino bsico e do ensino se-cundrio devem ter uma estrutura de mbito nacional, queacolha os saberes e competncias estruturantes de cadaciclo, podendo acrescer a essa estrutura contedos fle-xveis, integrando componentes regionais e locais, e desen-volvimentos curriculares previstos em contratos previa-mente autorizados pela tutela entre a administrao esco-lar e as escolas.

    4. Os estabelecimentos do ensino particular e cooperativopodem adoptar os planos curriculares e os contedos pro-gramticos do ensino ministrados nas escolas pblicas,ou adoptar planos e programas prprios, cujo reconhe-cimento , nos termos da lei, reconhecido caso a caso, me-diante avaliao positiva dos respectivos currculos e dascondies pedaggicas da realizao do ensino.

    5. Os planos curriculares do ensino superior respeitam a cadaum dos estabelecimentos que ministram os respectivoscursos estabelecidos, ou a estabelecer, de acordo com asnecessidades nacionais e regionais e com uma perspectivade planeamento integrado na respectiva rede.

    6. O Governo pode estabelecer, a recomendao da estruturaconsultiva da avaliao do ensino superior e ouvidas asestruturas representativas dos estabelecimentos de ensinosuperior, directrizes quanto denominao e durao doscursos e as reas cientficas obrigatrias e facultativas dosrespectivos planos de estudos.

    7. A autorizao para a criao e funcionamento de instituiese cursos do ensino superior particular e cooperativo, bemcomo a aprovao dos respectivos planos de estudos e oreconhecimento dos correspondentes diplomas, obedecea princpios e regras comuns a todo o ensino superior.

    8. O ensino-aprendizagem das lnguas oficiais deve ser estru-turado, de forma que todas as outras componentes curricu-lares do ensino bsico e do ensino secundrio contribuam,sistematicamente, para o desenvolvimento das capacidadesao nvel da compreenso e produo de enunciados, oraise escritos, em portugus e ttum.

    Artigo 36.Ocupao dos tempos livres e desporto escolar

    1. As actividades curriculares dos diferentes nveis da edu-cao escolar devem ser complementadas por acesorientadas para a formao integral e a realizao pessoaldos educandos, no sentido da utilizao criativa e fomativados seus tempos livres, nomeadamente de enriquecimentocultural e cvico, de educao fsica e desportiva, de edu-cao artstica e de insero dos educandos na comu-nidade.

    2. As actividades de complemento curricular podem ter mbitonacional, regional ou local, competindo, preferencialmente,s escolas ou agrupamento de escolas organizar as dembito regional ou local.

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    3. As actividades de ocupao dos tempos livres devem va-lorizar a participao e o envolvimento dos educandos nasua organizao, desenvolvimento e avaliao.

    4. O desporto escolar visa especificamente a promoo dasade e condio fsica, a aquisio de hbitos e condutasmotoras e o entendimento do desporto como factor de cul-tura, estimulando sentimentos de solidariedade, coopera-o, autonomia e criatividade, bem como a descoberta e oincentivo de talentos desportivos, com orientao por pro-fissionais qualificados, fomentando-se a organizao e ges-to de eventos desportivos escolares pelos prprios prati-cantes.

    Artigo 37. Investigao em educao

    A investigao em educao, que o Estado fomenta e apoia,destina-se avaliao e interpretao cientfica da actividadedesenvolvida no sistema educativo.

    CAPTULO IIIAPOIOS E COMPLEMENTOS EDUCATIVOS

    Artigo 38. Promoo do sucesso escolar

    1. So proporcionados, nos termos da lei, apoios e comple-mentos educativos, visando fomentar, prioritariamente naescolaridade obrigatria, a igualdade de oportunidades noacesso e no sucesso escolares.

    2. As necessidades escolares especficas dos alunos que fre-quentam a escolaridade obrigatria so compensadas atra-vs de actividades de acompanhamento e complementopedaggicos no seio das escolas.

    3. apoiado o desenvolvimento psicolgico dos alunos e asua orientao escolar e profissional, atravs de serviosde psicologia e orientao, devidamente organizados, queassegurem igualmente apoio psicopedaggico s activida-des escolares e ao sistema de relaes da comunidade edu-cativa.

    4. realizado, atravs de servios especializados, devidamenteorganizados, o acompanhamento do crescimento e desen-

    volvimento dos alunos, de forma a promover a sade, aconsciencializao dos comportamentos sexuais e a preven-o da toxicodependncia, do alcoolismo e de outros com-portamentos sociais de risco.

    Artigo 39. Apoio de sade escolar

    Ser realizado o acompanhamento do saudvel crescimento edesenvolvimento dos alunos, o qual assegurado, em princ-pio, por servios especializados dos centros comunitrios desade em articulao com as estruturas escolares.

    Artigo 40.Aco social escolar

    1. So desenvolvidos, no mbito da educao pr-escolar e

    da educao escolar, servios de aco social escolar, desti-nados a compensar, em termos sociais e educativos, osalunos economicamente mais carenciados, mediante cri-trios objectivos e pblicos de discriminao positiva, nostermos da lei.

    2. Os servios de aco social escolar concretizam-se por umconjunto diversificado de aces, nomeadamente a com-participao em refeies, servios de cantina, transportesescolares, alojamento, manuais e material escolar, bem comoa concesso de bolsas de estudo.

    Artigo 41. Trabalhadores-estudantes

    1. proporcionado aos trabalhadores-estudantes um regimeespecial de estudos, que tenha em considerao a sua situa-o de trabalhadores e de estudantes, no sentido de, comequidade, lhes permitir a aquisio de conhecimentos e decompetncias, progredindo nos sistemas de educao es-

    colar e extra-escolar, valorizando-se pessoal e profissional-mente.

    2. Compete ao Governo aprovar o regime especial dos traba-lhadores-estudantes.

    CAPTULO IVAVALIAO E INSPECO DO SISTEMA EDUCATIVO

    Artigo 42.Avaliao do sistema educativo

    1. O sistema educativo est sujeito, na sua eficincia, eficciae qualidade, a avaliao permanente, continuada e pblica,a qual abrange, para alm, nomeadamente, das aprendi-zagens dos alunos e do desempenho dos professores, dopessoal no docente e dos estabelecimentos de educaoe de ensino, o prprio sistema na sua globalidade e a polticaeducativa, tendo em considerao os aspectos educativose pedaggicos, psicolgicos e sociolgicos, organiza-cionais, econmicos e financeiros e, ainda, os de naturezapolitico-administrativa e cultural.

    2. A avaliao do sistema educativo deve incidir sobre a edu-cao pr-escolar, sobre todos os nveis da educao es-

    colar, incluindo as modalidades especiais, e sobre a educa-o extra-escolar e a formao profissional, abrangendo osensinos pblico, particular e cooperativo.

    3. A avaliao do sistema educativo constitui um instrumentoessencial de definio da poltica educativa, de promooda qualidade do ensino e do sucesso das aprendizagens ede gesto responsvel e transparente de todos os nveisdo sistema de ensino.

    4. A avaliao do sistema educativo deve permitir uma inter-pretao integrada, contextualizada e comparada de todosos parmetros em que se baseia.

    Artigo 43.Acreditao

    A acreditao consiste no reconhecimento formal do Estado

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    da qualidade de um estabelecimento de ensino, aps umaavaliao contnua, objectiva e contextualizada a esse mesmoestabelecimento.

    Artigo 44.Estatsticas da educao

    As estatsticas da educao so instrumentos fundamentaispara a formulao da poltica educativa e para o planeamento ea avaliao do sistema educativo, e devem ser organizadas demodo a garantir a sua realizao em tempo oportuno e de formauniversal.

    Artigo 45. Inspeco da educao

    1. O sistema educativo sujeito a inspeco, nos termos dapresente lei e demais legislao complementar, com vista salvaguarda dos interesses legtimos de todos os que ointegram.

    2. A inspeco da educao goza de autonomia administrativae tcnica e desempenha funes de auditoria e de controlodo funcionamento do sistema educativo, nas vertentestcnica, pedaggica, administrativa, financeira e patrimo-nial, em termos de aferio da legalidade, de aferio daeficincia de procedimentos e da eficcia na prossecuodos objectivos e resultados fixados e na economia de utili-zao de recursos, bem como da aferio da qualidade daeducao e do ensino.

    3. A inspeco da educao deve incidir, para alm das demaisestruturas do sistema educativo que a ela a lei sujeita, sobrea educao pr-escolar, sobre todos os nveis da educaoescolar, incluindo as suas modalidades especiais, e sobre aeducao extra-escolar.

    4. A inspeco da educao abrange o ensino pblico, bemcomo o particular e cooperativo, sendo que, neste caso,exerce funes de auditoria e controlo da legalidade, salvose, em resultado de relaes contratuais com o Estado, osestabelecimentos de educao e de ensino particulares ecooperativos integrarem a rede de ofertas educativas deservio pblico.

    5. A formao profissional sujeita a inspeco, nos termoslegais que vierem a ser aprovados por decreto-lei.

    CAPTULO VADMINISTRAO DO SISTEMA EDUCATIVO

    Artigo 46.Princpios e organizao gerais

    1. A administrao e a gesto do sistema educativo devemrespeitar os princpios de democraticidade e de partici-pao, com vista prossecuo de objectivos, pedaggicos

    e educativos, de formao social e cvica, de responsa-bilidade, de transparncia e de avaliao de desempenhoindividual e colectivo.

    2. A administrao educativa desenvolve-se ao nvel central,

    regional e local, devendo valorizar o princpio da sub-sidiariedade, pela descentralizao de competncias nasadministraes locais.

    3. A administrao educativa deve assegurar a plenaparticipao das comunidades educativas locais, medianteadequados graus de participao, em especial dos profes-sores, dos alunos, dos pais e respectivas associaes edas administraes locais, bem como de instituies repre-sentativas das actividades sociais, econmicas, culturaise cientficas.

    4. A organizao e o funcionamento da administrao edu-cativa resulta da lei, no respeito pelos nmeros anteriores,que adopta as adequadas formas de desconcentrao edescentralizao administrativa, garantindo a necessriaunidade de aco e eficcia, atravs do ministrio respon-svel pela poltica educativa, ao qual compete, em espe-cial, as funes de:

    a) Concepo, planeamento e definio normativa do sis-tema educativo;

    b) Coordenao da execuo das medidas de poltica edu-cativa;

    c) Coordenao da avaliao da poltica educativa e dosistema educativo;

    d) Inspeco da educao;

    e) Coordenao do planeamento curricular e apoio ino-vao educacional, em articulao com as escolas ecom as instituies de investigao em educao e deformao de professores;

    f) Gesto superior dos recursos humanos da educao,em especial docentes, assegurando os adequados pla-neamento e polticas de desenvolvimento;

    g) Gesto superior do oramento da educao;

    h) Definio dos critrios de implantao da rede de ofertaseducativas e da tipologia das escolas e seu apetrecha-mento;

    i) Garantia da qualidade pedaggica e tcnica dos meiosdidcticos, incluindo os manuais escolares.

    5. O funcionamento de estabelecimentos de ensino, em qual-quer nvel de escolaridade, por entidades pblicas, privadasou cooperativas carece de licena adequada a emitir peloMinistrio da Educao.

    6. A concesso da licena prevista no nmero anterior assentano preenchimento das condies mnimas de funciona-mento a ser estabelecidas em diploma prprio.

    7. O funcionamento das escolas orienta-se por uma perspectivade integrao comunitria, sendo, nesse sentido, favorecidaa fixao local dos respectivos docentes.

    8. O ensino particular e cooperativo rege-se por legislao e

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    estatuto prprios, que devem subordinar-se aos princpiosda presente lei.

    Artigo 47.Administrao e gesto das escolas

    1. A administrao e a gesto dos estabelecimentos de edu-cao e de ensino deve fazer-se de forma a fomentar o de-senvolvimento de centros de excelncia e de competnciaseducativas e, assim, a qualidade das aprendizagens, bemcomo a aprofundar as condies para uma gesto eficientee eficaz dos recursos educativos disponveis.

    2. A administrao e a gesto pode fazer-se ainda na base deagrupamentos de escolas, de forma a favorecer tambm aintegrao vertical dos projectos educativos.

    3. Em cada estabelecimento de educao e de ensino, ou res-pectivos agrupamentos, a administrao e a gesto orien-tam-se por princpios de participao democrtica de quem

    integra o processo educativo, de responsabilidade, detransparncia e de avaliao do desempenho, individual ecolectivo, tendo em considerao as especificidades decada nvel de educao e de ensino.

    4. Na administrao e gesto dos estabelecimentos de edu-cao e de ensino a eficincia e eficcia na utilizao e or-ganizao dos recursos humanos, materiais e financeiros,orienta-se directamente por critrios de qualidade peda-ggica e cientfica.

    5. A direco executiva de cada agrupamento de escolas oude cada estabelecimento no agrupado do ensino bsico edo ensino secundrio assegurada, nos termos legais, porrgos prprios, singulares ou colegiais, plenamenteresponsveis, cujos titulares so escolhidos mediante umprocesso pblico que releve o mrito curricular e do pro- jecto educativo apresentado e detenham a formao ade-quada ao desempenho do cargo.

    6. A direco executiva de cada agrupamento de escolas oude cada estabelecimento no agrupado, do ensino bsicoe do ensino secundrio, apoiada, nos termos legais, porservios especializados e por rgos consultivos, de na-tureza pedaggica e disciplinar, sendo para estes democra-ticamente eleitos os representantes dos professores, dosalunos, no caso do ensino secundrio, dos pais e do pessoalno docente.

    7. Os estatutos dos estabelecimentos de ensino superior es-tabelecem rgos prprios de administrao e gesto e asregras de funcionamento interno, no respeito pela lei.

    8. Os estabelecimentos do ensino superior gozam de autono-mia cientfica, pedaggica e cultural, sem prejuzo da avalia-o da qualidade do desempenho cientfico e pedaggicodas instituies e da respectiva acreditao.

    9. As universidades e os institutos politcnicos pblicos go-zam ainda de autonomia estatutria, cientifica, pedaggica,administrativa, financeira, disciplinar e patrimonial, semprejuzo da aco fiscalizadora do Estado.

    10. A autonomia dos estabelecimentos de ensino superior de-ve orientar-se pelo desenvolvimento da regio e do Pas epela efectiva elevao do nvel educativo, cientfico e cul-tural dos timorenses.

    CAPTULO VIRECURSOS HUMANOS DA EDUCAO

    Artigo 48.Funes de educador e de professor

    1. A orientao e as actividades pedaggicas na educaopr-escolar so asseguradas por educadores de infncia ea docncia em todos os nveis e ciclos de ensino asse-gurada por professores, detentores, em ambos os casos,de diploma que certifique a formao especfica que os ha-bilita para a educao e o ensino, de acordo com as neces-sidades do desempenho profissional relativo educao ea cada nvel de ensino.

    2. Os educadores de infncia e os professores do ensino b-sico adquirem a qualificao profissional atravs de cursossuperiores, que conferem o grau de bacharel, organizadosem estabelecimentos do ensino universitrio ou equi-valente.

    3. A qualificao profissional dos professores do ensino se-cundrio adquire-se atravs de cursos superiores, que con-ferem o grau de licenciatura, organizados em estabele-cimentos do ensino universitrio.

    4. A qualificao profissional dos professores do ensino se-cundrio pode, ainda, adquirir-se atravs de cursos de licen-ciatura ministrados em estabelecimentos do ensino uni-versitrio, que assegurem a formao cientfica na rea dedocncia respectiva, complementados por formao peda-ggica adequada.

    5. A qualificao profissional dos professores de disciplinasde natureza vocacional ou artstica, do ensino bsico e doensino secundrio, pode adquirir-se, respectivamente, atra-vs de cursos de bacharelato e licenciatura, que assegurema formao na rea da disciplina respectiva, comple-mentados por formao pedaggica adequada.

    6. Constitui habilitao cientfica para a docncia no ensinosuperior o grau de doutor e o grau de mestre, no ensino su-perior universitrio, e o grau de licenciado ou o equivalente,no ensino superior tcnico, podendo ainda exercer adocncia outras individualidades reconhecidamente quali-ficadas e coadjuvar na docncia pessoas habilitadas como grau de licenciado ou equivalente, no ensino superioruniversitrio, ou ainda com o grau de bacharel, no ensinosuperior tcnico.

    Artigo 49.Princpios sobre a formao de educadores e professores

    1. A formao de educadores e professores assenta nas se-guintes modalidades principais:

    Formao inicial de nvel superior, que proporcione a infor-

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    mao, os mtodos e as tcnicas, cientficos e pedaggicos,de base, bem como a formao pessoal e social adequadas aoexerccio da funo;

    Formao contnua, que complementa e actualiza a formaoinicial, numa perspectiva de formao permamente, suficien-temente diversificada, de modo a assegurar o complemento,aprofundamento e actualizao de conhecimentos e de com-petncias profissionais relevantes e a possibilitar a mobilidadee a progresso na carreira, assim como a requalificao namesma carreira;

    a) Formao especializada, que habilita para o exerccio defunes particulares que a requeiram;

    b) Formao profissional, aps uma formao geral univer-sitria e na perspectiva da reconverso de profisso.

    2. A formao de educadores e professores assenta nos se-guintes princpios organizativos:

    a) Formao flexvel, que permita a reconverso e a mobi-lidade dos educadores e professores, nomeadamente onecessrio complemento de formao profissional;

    b) Formao integrada, quer no plano da preparao cien-tfico-pedaggica, quer no da articulao terico-pr-tica;

    c) Formao assente em prticas metodolgicas afins dasque o educador e o professor tm necessidade de utilizarna prtica pedaggica;

    d) Formao que estimule uma atitude crtica e actuanterelativamente realidade social;

    e) Formao que favorea e estimule a inovao e a inves-tigao, particularmente em relao com as actividadeseducativa e de ensino;

    f) Formao participada, que conduza a uma prtica reflexi-va e continuada de auto-informao e auto-apren-dizagem.

    3. Compete ao Governo, aprovar por decreto-lei, o regime deformao de educadores e professores, definindo, nomea-damente, os requisitos dos cursos de formao inicial deprofessores, os perfis de competncia e de formao, bemcomo as caractersticas de um perodo de induo e res-pectiva avaliao, para ingresso na carreira docente, ospadres de qualidade, as qualificaes para o exerccio deoutras funes educativas, nomeadamente educao es-pecial, administrao escolar ou educacional, organizaoe desenvolvimento curricular, superviso pedaggica e for-mao de formadores.

    4. O Estado pode apoiar a formao contnua dos docentesem exerccio de funes nos estabelecimentos de ensinoparticular e cooperativo que se integrem na rede de ofertasde educao e de ensino de servio pblico.

    Artigo 50.Princpios das carreiras do pessoal docente e do pessoalno docente

    1. Os professores, educadores, pessoal no docente das es-

    colas e outros profissionais da educao tm direito a ret-ribuio e carreira compatveis com as suas habilitaes eresponsabilidades profissionais, sociais e culturais, nostermos legais.

    2. A progresso nas carreiras est necessariamente ligada avaliao do desempenho de toda a actividade desenvol-vida, individualmente ou em grupo, na instituio educativa,

    no plano da educao e do ensino e da prestao de outrosservios comunidade, bem como s qualificaes profis-sionais, pedaggicas e cientficas.

    3. A todos os educadores, professores, pessoal no docentedas escolas e outros profissionais da educao reco-nhecido o direito e o dever formao contnua relevantepara o desempenho das respectivas funes, em comple-mento do dever permanente e continuado de auto-infor-mao e auto-aprendizagem.

    4. O pessoal no docente das escolas deve possuir como ha-bilitao mnima o ensino bsico ou equivalente, devendo-

    lhe ser proporcionada uma formao complementaradequada.

    CAPTULO VIIRECURSOS MATERIAIS E FINANCEIROS

    Artigo 51.Rede de ofertas educativas

    1. Compete ao Estado organizar uma rede de ofertas de edu-cao e de ensino, ordenada, em termos qualitativos e quan-titativos, e actualizada, que, no desempenho de um serviopblico, cubra as necessidades de toda a populao, asse-gurando a existncia de projectos educativos prprios, de-senvolvidos no mbito da autonomia das escolas pblicas,particulares e cooperativas, e, do mesmo modo, uma efectivaliberdade de opo educativa das famlias.

    2. Integram a rede de ofertas educativas os estabelecimentosde educao e de ensino particular e cooperativo que res-peitem os princpios, objectivos, a organizao e as regrasde funcionamento do sistema educativo, incluindo de qua-lificao acadmica e de formao exigidas para a docncia.

    3. No reconhecimento do valor do ensino particular e coo-perativo, o Estado tem em considerao, no ordenamentoda rede de ofertas de educao e de ensino de servio p-blico, e numa perspectiva de racionalizao de recursos ede promoo da qualidade das ofertas educativas, os esta-belecimentos de educao e de ensino particular e coope-rativo existentes ou a criar.

    4. O Estado apoia financeiramente, mediante contrato e nostermos legais, o ensino particular e cooperativo, tendo emconsiderao a escolha das famlias, quando, integrando-se os respectivos estabelecimentos na rede de ofertas deeducao e de ensino de servio pblico, prossigam osobjectivos de desenvolvimento da educao.

    Artigo 52. Planeamento da rede de ofertas educativas

    1. O ordenamento da rede de ofertas educativas constitui um

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    objectivo permanente da poltica educativa e da sua ade-quao ao territrio, no sentido de corresponder procuraeducativa, de assegurar a articulao e complementaridadedos contedos daquelas ofertas e o desenvolvimento quali-tativo das mesmas, de assegurar uma efectiva igualdadede oportunidades educativas, de compensar as assimetriasregionais e locais e de concretizar as opes estratgicasdo desenvolvimento do Pas.

    2. No planeamento e ordenamento da rede de ofertas edu-cativas deve assegurar-se, nos termos da lei, uma efectivainterveno das administraes locais e uma participao,de forma institucionalizada, das comunidades locais, comvista elaborao e actualizao de cartas escolares quese constituam como instrumento de nvel regional e localdo planeamento de ofertas educativas, reflexo do planea-mento da rede nacional de ofertas educativas.

    3. O Governo aprova anualmente a rede educativa, traduzidana configuao da organizao territorial das ofertas edu-cativas e dos edifcios escolares, afectos aos estabele-cimentos de educao pr-escolar e de educao escolar.

    Artigo 53.Edifcios escolares

    1. Os edifcios escolares devem ser construdos para acolhe-rem, para alm das actividades escolares, actividades deocupao de tempos livres e o envolvimento da escola emactividades extra-escolares e devem ser planeados na p-tica de um equipamento integrado e com flexibilidade parapermitir, sempre que possvel, a sua utilizao em diferentesactividades da comunidade e a sua adaptao em funo

    das alteraes dos diferentes nveis de ensino, dos curr-culos e dos mtodos educativos.

    2. A densidade da rede e a dimenso dos edifcios escolaresdevem ser ajustadas s caractersticas e necessidadesregionais e locais e capacidade de acolhimento de um n-mero equilibrado de alunos, de forma a garantir as condiesde uma boa prtica pedaggica e a realizao de uma verda-deira comunidade escolar e educativa.

    3. Na concepo dos edifcios escolares e na escolha dosequipamentos consideram-se as necessidades especiaisdas pessoas com deficincia.

    4. A concepo dos edifcios escolares deve orientar-se paratipologias que acolham todos os ciclos do ensino bsico etipologias que acolham todas as modalidades do ensinosecundrio, sem prejuzo de, com respeito pelas estruturasetrias correspondentes a cada ciclo do ensino bsico edas especificidades funcionais de cada um deles, seadmitirem tipologias mais abrangentes.

    5. A educao pr-escolar realiza-se em unidades distintas ouincludas em edifcios escolares onde tambm sejaministrado o ensino bsico ou, ainda, em edifcios onde serealizem outras actividades sociais, nomeadamente avalncia de creche ou a educao extra-escolar com respeitopela natureza especfica das crianas dos trs aos seis anos.

    6. A gesto dos espaos deve obedecer ao imperativo de,

    tambm por esta via, se contribuir para o sucesso educativoe escolar dos alunos.

    Artigo 54.Recursos educativos

    1. Consideram-se recursos educativos os meios materiaisutilizados para a adequada realizao da actividadeeducativa.

    2. So recursos educativos privilegiados, a exigirem especialconsiderao:

    a) Os manuais escolares e outros recursos em suportedigital;

    b) As bibliotecas e mediatecas escolares;

    c) Os equipamentos laboratoriais e oficinais;

    d) Os equipamentos para a educao fsica e desportos;e) Os equipamentos para a educao musical e plstica;

    f) Os recursos para a educao especial.

    3. Para apoio e complementaridade dos recursos educativosexistentes nas escolas e ainda com o objectivo deracionalizar o uso dos meios disponveis, devem ser criadoscentros de recursos educativos, por iniciativa das escolas,das administraes locais ou da administrao educativa.

    Artigo 55.Financiamento da educao

    1. A educao considerada, na elaborao dos planos e doOramento do Estado, como uma prioridade nacional.

    2. As verbas destinadas educao devem ser distribudasem funo das prioridades estratgicas do desenvol-vimento do sistema educativo.

    CAPTULO VIIIDISPOSIES TRANSITRIAS E FINAIS

    Artigo 56. Pessoal docente e no docente

    1. Sero tomadas medidas no sentido de dotar os ensinosbsico e secundrio com docentes habilitados profissional-mente, mediante modelos de formao inicial conformescom o disposto na presente lei, de forma a tornar desne-cessria, no mais curto prazo de tempo, a contratao, emregime permanente, de professores sem habilitaoprofissional.

    2. Ser organizado um sistema de profissionalizao em exer-

    ccio para os docentes devidamente habilitados actualmenteem exerccio ou que venham a ingressar no ensino, de modoa garantir-lhes uma formao profissional equivalente ministrada nas instituies de formao inicial para osrespectivos nveis de ensino.

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    DECRETO-LEI N. 38/2008

    de 29 de Outubro

    ESTATUTO DA DEFENSORIA PBLICA

    A Constituio garante no seu artigo 26, o acesso de todosaos tribunais para a defesa dos seus direitos e interesses le-galmente protegidos, assegurando que a Justia deve ser pro-movida independentemente dos meios econmicos dos titu-

    lares.Nesta fase de desenvolvimento do pas, mostra-se necessrioa criao de uma Defensoria Pblica que permita o amplo aces-so aos tribunais a todos os que dele caream, no exerccio dos

    3. O Governo elaborar um plano de emergncia de construoe recuperao de edifcios escolares e o seu apetrecha-mento, no sentido de serem satisfeitas as necessidades darede escolar, com prioridade para o ensino bsico.

    4. O regime de transio da estrutura actual da educao es-colar para a prevista na presente lei aprovado por decreto-lei, com acompanhamento da Comisso Nacional daEducao.

    5. A transio referida no nmero anterior no pode prejudicaros direitos adquiridos por professores, alunos e pessoalno docente das escolas.

    Artigo 57.Estabelecimentos de educao e de ensino integrados no

    sistema educativo

    1. A partir do ano lectivo 2010 apenas podero integrar osistema educativo timorense os estabelecimentos de

    educao e de ensino que utilizem como lnguas de ensinoas lnguas oficiais de Timor-Leste.

    2. Excepcionalmente, o Governo, atravs do ministrio respon-svel pela poltica educativa, poder acreditar e autorizar,em casos devidamente justificados, o funcionamento deestabelecimentos de educao e de ensino com dispensado estabelecido no nmero anterior.

    Artigo 58. Escolaridade obrigatria

    1. O regime de nove anos de escolaridade obrigatria previstona presente lei aplica-se aos alunos que se inscreverem noprimeiro ano do primeiro ciclo do ensino bsico a partir doano lectivo de 2008-2009 em diante.

    2. Ficam igualmente abrangidos pelo regime da obrigatoriedadede frequncia do ensino bsico os alunos que nocompletaram ainda dezassete anos de idade.

    Artigo 59. Apoios educativos

    1. As funes de administrao e os apoios educativos quecabem s administraes locais ser regulada por legislaoespecial.

    2. Compete ao Governo aprovar por decreto-lei, a legislaoespecial referida no nmero anterior.

    Artigo 60. Sistema de equivalncias

    Compete ao Governo definir e aprovar por decreto-lei, o sistemade equivalncia entre estudos, graus e diplomas do sistemaeducativo timorense e os de outros pases.

    Artigo 61. Integrao de crianas e jovens da dispora Timorense

    O Governo dever criar e desenvolver as necessrias con-

    dies que facilitem a integrao no sistema educativo dascrianas e dos jovens que regressem a Timor-Leste, filhos decidados timorenses.

    Artigo 62.Legislao complementar

    As bases contidas na presente lei so desenvolvidas poriniciativa do Governo, atravs da aprovao da legislaocomplementar, com acompanhamento da Comisso Nacionalda Educao.

    Artigo 63.Entrada em vigor

    A presente lei entra em vigor no dia seguinte ao da suapublicao.

    Aprovada em 9 de Outubro de 2008.

    O Presidente do Parlamento Nacional,

    _______________________Fernando La Sama de Arajo

    Promulgada em 17/10/08

    Publique-se.

    O Presidente da Repblica,

    __________________Dr. Jos Ramos Horta

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    seus direitos constitucionalmente consagrados.

    O interesse social deve nortear o exerccio da assistncia jurdica, judiciria e extra judicial, nos termos do artigo 135 daConstituio, e assim ser o princpio orientador da DefensoriaPblica, essencial boa administrao da Justia na salva-guarda dos direitos e legtimos interesses dos cidados.

    Desta forma, importa que o Estado disponha de uma instituioque prime pela qualidade tcnica e que tenha um quadro amplode competncias, garantias e prerrogativas para poder asse-gurar o patrocnio jurdico dos interesses e direitos dos cida-dos.

    Pretende-se, assim, criar um corpo de defensores pblicos parareforar os mecanismos de acesso Justia, que deve ser exer-cida de forma clere e eficaz, qualidades essenciais edificaode uma sociedade mais justa e democrtica.

    Nos termos da alnea a) do art. 15. e do n. 1 do art. 16. do

    Decreto-Lei n. 12/2008, de 30 de Abril, a Defensoria Pblica um organismo dotado de autonomia tcnica, sob tutela doMinistrio da Justia, responsvel por prestar assistncia ju-dicial e extrajudicial, integral e gratuita, aos cidados cominsuficientes recursos econmicos.,

    Assim,

    O Governo decreta, nos termos do n. 3 do artigo 115. daConstituio da Repblica, para valer como lei o seguinte :

    CAPTULO IDISPOSIES GERAIS

    Artigo 1.Estatuto

    1. A Defensoria Pblica um servio pblico, responsvelpela prestao de assistncia jurdica, judicial e extrajudi-cial, integral e gratuita, aos mais necessitados.

    2. Sem prejuzo da sua independncia tcnico-funcional, aDefensoria Pblica tutelada pelo Ministrio da Justia.

    3. A Defensoria Pblica rege-se pela presente lei e pelos re-gulamentos e regras deontolgicas que ela prpria criar nombito das suas funes e das suas competncias.

    Artigo 2.Competncia

    1. Cabe Defensoria Pblica assegurar o acesso aos tribunaise o acesso ao direito a todos que a ela recorram, nos termosdeste diploma.

    2. Compete Defensoria Pblica, exercer e prestar, nos termosdeste diploma, designadamente:

    a) O patrocnio judicirio das pessoas que a ela recorramem qualquer tribunal de Timor-Leste, qualquer que sejaa natureza do processo e qualquer que seja a posioprocessual das partes;

    b) O patrocnio dos cidados que a ela recorram, em qual-quer processo de mediao ou de arbitragem em Timor-Leste;

    c) O patrocnio dos cidados que a ela recorram em qual-quer procedimento extra-judicial tendente a compor inte-resses legtimos em litgio;

    d) O patrocnio dos cidados que a ela recorram em qual-quer procedimento judicial ou extra- judicial tendente apromover a conciliao das partes em litgio;

    e) A representao dos cidados que a ela recorram pe-rante quaisquer rgos ou servios do Estado, desig-nadamente o corpo polcial, os servios prisionais, osservios fiscais, os servios aduaneiros, os serviosde imigrao, os servios de segurana social, os servi-os de registo, os servios de notariado e os serviosde proteco do consumidor;

    f) As funes de representante do ausente, incerto ouincapaz em substituio do ministrio pblico, nos casosprevistos na lei;

    g) Servios de consulta jurdica;

    3. A Defensoria Pblica exerce as suas funes atravs dedefensores pblicos e nos termos previstos nesta lei e naregulamentao prpria da instituio.

    4. A Defensoria Pblica exerce a sua funo quaisquer quesejam as partes em litgio, mesmo que esta seja o Estado ououtra pessoa colectiva de direito pblico.

    Artigo 3.Natureza obrigatria dos servios

    A Defensoria Pblica no pode recusar-se a prestar os seusservios desde que para tal seja solicitada.

    Artigo 4.Gratuidade

    Os servios prestados pela Defensoria Pblica so gratuitos.

    Artigo 5.Beneficirios

    1. Salvo disposio legal em contrrio, tem direito assistn-cia da Defensoria Pblica, nos termos deste diploma, todoaquele que a solicitar a esta instituio e declare no possuirmeios suficientes para suportar as despesas com advogado.

    2. Podem beneficiar da assistncia da Defensoria Pblica aspessoas colectivas de direito privado sem fins lucrativos.

    3. Goza ainda do direito assistncia da Defensoria Pblica

    todo aquele que remetido pelo tribunal para fins de patro-cnio oficioso.

    4. Os beneficirios da assistncia da Defensoria Pblica gozamde iseno de custas no processo respectivo, salvo se o

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    juiz, fundadamente, decidir o contrrio.

    Artigo 6.Prova de falta de meios do utente

    1. Quando suspeite que o utente tem meios que lhe permitemsuportar as despesas com advogado, a Defensoria Pblicaconvida-o a fazer prova da sua insuficincia econmica efinanceira.

    2. Quando, em face da prova produzida, a Defensoria Pblicamantenha fundadas suspeitas sobre a insuficincia econ-mica do utente e este no se conforme, submete a questoao juz, que decidir por despacho irrecorrvel, depois deexigir outros meios complementares de prova, se o entendernecessrio.

    3. O utente pode usar quaisquer meios de prova admitidos emdireito.

    4. No caso previsto no n. 1, suspende-se a obrigao de in-terveno da Defensoria Pblica, salvo tratando-se depessoa que se encontre presa ou detida.

    5. O disposto nos nmeros anteriores no se aplica a quem otribunal remete Defensoria Pblica para patrocniooficioso.

    Artigo 7.Direito de queixa

    Qualquer utente pode apresentar queixa ao Conselho Superiorda Defensoria Pblica sobre os servios prestados pela Defen-

    soria Pblica.CAPTULO II

    ORGANIZAO

    Artigo 8.Agentes da Defensoria Pblica

    So agentes da Defensoria Pblica:

    a) O Defensor Pblico Geral;

    b) Os Defensores Pblicos Distritais;

    c) Os Defensores Pblicos;

    d) Os Defensores Pblicos Estagirios.

    Artigo 9.Gabinetes

    1. Em cada sede judicial h um Gabinete da Defensoria Pblicadirigido por um Defensor Pblico Distrital.

    2. Cada Gabinete ter o nmero de defensores que for fixado

    por lei, e, na falta de lei, pelo Conselho Superior da Defen-soria Pblica, ouvido o Defensor Pblico Geral.

    3. O Gabinete da Defensoria Pblica de Dili chefiado peloDefensor Pblico Geral.

    Artigo 10.Designao do Defensor Pblico Geral e dos Defensores

    Pblicos Distritais

    1. O Defensor Pblico Geral nomeado e exonerado pelo Mi-nistro da Justia ouvido o Conselho Superior da DefensoriaPblica.

    2. O mandato do Defensor Pblico Geral de quatro anos, re-novvel, uma s vez, por igual perodo, ouvido o ConselhoSuperior da Defensoria Pblica.

    3. Cada um dos restantes Defensores Pblicos Distritais no-meado pelo Conselho Superior da Defensoria Pblica.

    4. Os Defensores Pblicos Distritais so nomeados por umprazo de quatro anos renovvel uma s vez, por igualperodo.

    Artigo 11.

    Defensor Pblico Geral1. O Defensor Pblico Geral representa a Defensoria Pblica.

    2. Na sua falta ou impedimento substitudo pelo DefensorPblico Distrital que seja mais antigo no cargo e, em casode igualdade, pelo mais velho.

    Artigo 12.Funes do Defensor Pblico Geral

    Compete ao Defensor Pblico Geral:

    a) Dirigir a Defensoria Pblica;

    b) Representar a Defensoria Pblica nos tribunais;

    c) Responder perante o Ministro da Justia pelo funcionamen-to da Defensoria Pblica;

    d) Promover e garantir a qualidade dos servios prestadospela Defensoria Pblica;

    e) Coordenar e fiscalizar a actividade da Defensoria Pblica eemitir as directivas, ordens e instrues a que deve obe-decer a actuao dos agentes e funcionrios desta;

    f) Propor a convocao do Conselho Superior da DefensoriaPblica;

    g) Inspeccionar ou mandar inspeccionar os servios da Defen-soria Pblica e ordenar a instaurao de sindicncias eprocessos de inqurito e disciplinares aos seus funcio-nrios e agentes;

    h) Propor ao Ministro da Justia e ao Conselho Superior daDefensoria Pblica as sugestes que entender por con-

    venientes para melhorar os servios prestados pela De-fensoria Pblica;

    i) Superintender nos servios de inspeco da DefensoriaPblica;

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    j) Assegurar a gesto dos recursos humanos, administrativose financeiros da Defensoria Pblica;

    k) Exercer as demais funes que lhe sejam atribudas por lei.

    Artigo 13.Conselho Superior da Defensoria Pblica

    1. criado o Conselho Superior da Defensoria Pblica do qualfazem parte:

    a) O Ministro da Justia que preside;

    b) O Defensor Pblico Geral;

    c) Um vogal designado pelo Presidente da Repblica:

    d) Um vogal designado pelo Parlamento Nacional

    e) Um vogal eleito pelos agentes da Defensoria Pblica.

    2. Os vogais mencionados nas alneas c) e d) sero designados

    de entre pessoas que tenham notria competncia jurdicae sejam de reconhecida integridade moral e tica.

    a) O mandato dos vogais de 4 anos.

    b) Os defensores uma vez eleitos no podem recusar ocargo de membros do Conselho Superior da DefensoriaPblica.

    c) Cada uma das entidades mencionadas nas alneas c), d)e e) do n. 1 designa ainda um vogal suplente que substi-tui o efectivo nas suas ausncias ou impedimentos.

    Artigo 14.Atribuies do Conselho Superior da Defensoria Pblica

    1. Compete ao Conselho Superior da Defensoria Pblica:

    a) Nomear, colocar, transferir, promover, exonerar, apreciaro mrito profissional, exercer a aco disciplinar e, emgeral, praticar todos os actos de idntica natureza res-peitantes aos defensores pblicos e defensorespblicos distritais, com excepo do Defensor PblicoGeral;

    b) Apreciar o mrito profissional e exercer a aco discipli-nar sobre os funcionrios da Defensoria Pblica;

    c) Emitir e deliberar sobre directivas em matria de organi-zao interna, de gesto, e de quadros;

    d) Emitir directivas a que deve obedecer a actuao dosdefensores pblicos e defensores pblicos distritais;

    e) Propor ao Ministro da Justia providncias legislativascom vista eficincia da Defensoria Pblica e ao aper-feioamento das instituies judicirias;

    f) Decidir as reclamaes hierrquicas previstas nesta leie legislao complementar;

    g) Aprovar o plano anual de inspeces e determinar arealizao de inquritos e inspeces;

    h) Emitir parecer em matria de organizao judiciria e, emgeral, de administrao da justia;

    i) Exercer as demais competncias que lhe sejam atribudaspor lei.

    2. As reunies do Conselho Superior da Defensoria Pblicatm lugar sempre que convocadas pelo seu presidente, porsua iniciativa, a pedido do Defensor Pblico Geral, ou a pe-dido de trs membros.

    3. As deliberaes so tomadas por maioria dos votos dosmembros presentes, cabendo ao Defensor Pblico Geralvoto de qualidade.

    4. Das deliberaes do Conselho Superior da Defensoria P-blica, cabe recurso para o Supremo Tribunal de Justia,com efeito devolutivo.

    Artigo 15.Servios de inspeco

    1. Integrada no Conselho Superior da Defensoria Pblica

    funciona a Inspeco da Defensoria Pblica, composta porinspector ou inspectores nomeados por aquele de entreDefensores Pblicos da classe mais elevada da carreira deDefensor Pblico.

    2. Compete Inspeco da Defensoria Pblica proceder, nostermos da lei, a inspeces, inquritos e sindicncias aosservios da Defensoria Pblica e instruo de processosdisciplinares, em conformidade com as deliberaes do Con-selho Superior da Defensoria Pblica ou por iniciativa doDefensor Pblico Geral.

    3. Complementarmente, os servios de inspeco destinam-se a colher informaes sobre o servio e mrito dos defen-sores.

    4. A inspeco destinada a colher informaes sobre o servi-o e mrito dos defensores e os inquritos e processosdisciplinares no podem ser conduzidos por inspectoresde categoria ou antiguidade inferior dos defensores ins-peccionados.

    CAPTULO IIIAPOIO TCNICO E ADMINISTRATIVO DA

    DEFENSORIA PBLICA

    Artigo 16.Orgnica, quadro e estatuto

    A orgnica, o quadro e o estatuto dos servios de apoio tcnicoe administrativo da Defensoria Pblica, so fixados por di-ploma prprio, ouvido o Conselho Superior da DefensoriaPblica.

    CAPTULO IVDEFENSORIA PBLICA DISTRITAL

    Artigo 17.Estrutura

    1. A Defensoria Pblica Distrital dirigida por um DefensorPblico Distrital que responsvel pela direco, coorde-

  • 8/6/2019 Lei Bases Educacao Portugues (2008)

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    Jornal da Repblica

    Quarta-Feira, 29 de Outubro de 2008 Pgina 2662 Srie I, N. 40

    nao e fiscalizao da actividade dos defensores inscritosno respectivo gabinete distrital.

    2. O Defensor Pblico Distrital nomeado, por perodos detrs anos, pelo Conselho Superior da Defensoria Pblica,de entre os Defensores Pblicos de primeira classe, e subs-titudo, nas suas faltas e impedimentos, pelo Defensor P-blico mais antigo da classe mais elevada.

    Artigo 18.Competncia

    Compete ao Defensor Pblico Distrital:

    a) Coordenar, dirigir e fiscalizar as actividades dos DefensoresPblicos que actuem na rea da sua competncia;

    b) Emitir as ordens e instrues a que deva obedecer a actua-o dos