60893348 do portugues arcaico ao portugues brasileiro

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    Universidade .ederal da Bahia

    ReitorNaomar de Almeida .ilho

    Vice Reitor.rancisco Jos Gomes Mesquita

    Editora da Universidade.ederal da Bahia

    Diretora

    .lvia M Garcia Rosa

    Conselho EditorialAngelo Szaniecki Perret Serpa

    Carmen .ontes TeixeiraDante Eustachio Lucchesi Ramacciotti

    .ernando da Rocha PeresMaria Vidal de Negreiros Camargo

    Srgio Coelho Borges .arias

    SuplentesBouzid Izerrougene

    Cleise .urtado MendesJos .ernandes Silva AndradeNancy Elizabeth Odonne

    Olival .reire JniorSlvia Lcia .erreira

    Publicado com o apoio do .INEP/CT IN.RA III/PRPPG-INMOTEC

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    Snia Bastos Borba Costa

    Amrico Venncio Lopes Machado .ilho(organizadores)

    do portugus arcaico aoportugus brasileiro

    EDU.BA2004

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    2004 by Snia Bastos Borba Costa e Amrico Venncio Lopes Machado .ilho

    Direitos para esta edio cedidos Editora da Universidade .ederal da Bahia.eito o depsito legal

    Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida, sejam quais forem os meios empregados, a no ser com apermisso escrita do autor e da editora, conforme a Lei n 9610 de 19 de fevereiro de 1998

    Projeto Grfico e EditoraoJosias Almeida Junior

    Imagens das SeparatrizesCOSTA, A. Fontoura da. A marinharia dos descobrimentos.

    4 ed. Lisboa: Ed. Cultural da Marinha, 1983.

    CapaJosias Almeida Junior

    RevisoOs autores

    EDU.BARua Baro de Geremoabo, s/n Campus de Ondina

    40170-290 Salvador BahiaTel: (71) 263-6160/6164

    edufba@ufbabr wwwedufbaufbabr

    D631 do portugus arcaico ao portugus brasileiro / Snia Bastos Borba Costa e AmricoVenncio Lopes Machado .ilho (organizadores) - Salvador : EDU.BA, 2004

    254 p : il, tabs

    ISBN 85-232-0328-1

    1 Lngua portuguesa Portugus arcaico 2 Lngua portuguesa - Portugus antigo- Sc XV-XVI 3 Lngua portuguesa Brasil Histria I Costa, Snia BastosBorba II Machado .ilho, Amrico Venncio Lopes III Ttulo

    CDU - 81-112CDD 469702

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    en hu)a obra que muytos faze) tanto deue auer oque trabalhapersa orao) come oque trabalhaPersas maa)os

    .los Sanctorum (Manuscrito Serafimda Silva Neto - sc XIV - flio 43r)

    Boa noite, home e meninoE mui deste lug!Quero que me d licenaPara uma histora contcomo matuto atrasadoEu dxo as lngua de ladoPra quem as lngua aprendeu,Eu quero a licena agoraMode eu cont minha historaCom a lngua que Deus me deu

    Patativa do Assar (A escrava do dinheiro- fragmento)

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    Os autores

    Therezinha Maria Mello BarretoProfessor Adjunto de Lngua Portuguesa da Universidade .ederal da Bahia

    Lucas Santos CamposProfessor Assistente de Lngua Portuguesa da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

    Snia Bastos Borba CostaProfessor Adjunto de Lngua Portuguesa da Universidade .ederal da Bahia

    Tnia Conceio .reire LoboProfessor Adjunto de Lngua Portuguesa da Universidade .ederal da Bahia

    Amrico Venncio Lopes Machado .ilhoProfessor Adjunto de Lngua Portuguesa da Universidade .ederal da Bahia

    Rosa Virgnia Mattos e SilvaProfessor Titular de Lngua Portuguesa da Universidade .ederal da Bahia

    Klebson OliveiraDoutorando em Letras pela Universidade .ederal da Bahia

    Mariana .agundes de OliveiraMestranda em Letras pela Universidade .ederal da Bahia

    Rosauta Maria Galvo .agundes PoggioProfessor Adjunto de Latim da Universidade .ederal da Bahia

    Ilza Maria Ribeiro

    Professor Adjunto de Lingstica da Universidade .ederal da Bahia

    Dilclia SampaioDoutoranda em Letras pela Universidade .ederal da Bahia

    Elite Oliveira SantosMestranda em Letras pela Universidade .ederal da Bahia

    Emlia Helena Portella Monteiro de SouzaProfessor Adjunto de Metodologia e Prtica de Ensino de Lngua Portuguesada Universidade .ederal da Bahia

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    Sumrio

    Prefcio11Esboo de estudo multissistmico do item conjuncional conforme

    Therezinha Maria Mello Barreto ............................................................................. 13

    O desempenho do no como prefixo no portugus brasileirocontemporneo

    Lucas Santos Campos ............................................................................................ 31

    Espao e tempo em adverbiais portugueses quinhentistasSnia Bastos Borba Costa ...................................................................................... 47

    A concordncia de nmero entre verbo e sujeito em textosescritos por negro forro na Bahia do sculo XIX

    Tnia Conceio reire LoboIlza Maria Ribeiro ................................................................................................... 67

    Endee hino perodo arcaico do portugusAmrico Venncio Lopes Machado ilho................................................................. 83

    O portugus brasileiro: sua formao na complexidade

    multilingstica do Brasil colonial e ps-colonialRosa Virgnia Mattos e Silva ..................................................................................115

    E agora, com a escrita, os escravos!Klebson Oliveira ....................................................................................................139

    A voz passiva no perodo arcaico do portugus e incios domoderno

    Mariana agundes de Oliveira ................................................................................163

    Consideraes sobre a gramaticalizao da forma verbal defuturo do latim ao portugus

    Rosauta Maria Galvo agundes Poggio .................................................................175

    A mesclise no portugus arcaicoIlza Maria Ribeiro ..................................................................................................193

    O imperativo no portugus do sculo XVIDilclia Almeida Sampaio .......................................................................................213

    Alguns provrbios no perodo arcaico da lngua portuguesaElite Oliveira Santos.............................................................................................227

    A referenciao do ondeem textos do portugus arcaico e emdados de lngua falada contempornea

    Emlia Helena Portella Monteiro de Souza ..............................................................239

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    Prefcio

    O sonho vem do futuroe voa para o passadodonde volta como nvoadonde volta reforado1

    Esta quadrinha de Agostinho, espero, far perfeito sentido com o que pretendo contar nestePrefcio Quando, no dia oito de dezembro de 1991, escrevia o texto que veio a ser informalmen-te chamado de texto programtico do futuro Grupo de PesquisaPrograma para a Histria daLngua Portuguesa (PROHPOR), pensava, enquanto ouvia, na minha sala, a msica baiana que abrisa da noite trazia da Conceio da Praia suave colina da Avenida Sete de Setembro: o queaqui e agora estou escrevendo, para ser apresentado ao grupo que ento se formava, parecepoesia; porque a poesia, quando o poeta a faz, considero eu que poder ser lida, amada, louvadaou poder perder-se entre os sonhos do poeta

    O que pretendia com aquele texto? Apenas propor uma linha de trabalho/pesquisa parauma reconstruo do passado lingstico da lngua portuguesa, com base na documentaoescrita remanescente do seu perodo arcaico, ou seja, das suas origens que hoje recuam para asegunda metade do sculo XII (embora no consensual) e, a partir do sculo XVI, a pesquisainfletiria para a scio-histria e para a histria lingstica do portugus que se foi constituindo eelaborando no territrio que veio a ser chamado de Brasil Estabelecia-se assim o arco temporalsobre o qual pesquisaria o PROHPOR

    Em um dos textos mais antigos que escrevi sobre a scio-histria do portugus brasileiroPortugus brasileiro: razes e trajetrias (para a construo de uma histria)(1993:79)2 digo, no seuincio:

    As reflexes que seguem pretendem apenas ser um convite para a construo da histria do portugus

    brasileiro, obra que no pode deixar de ser coletiva e conjuntamente sonhada E todos sabemos o PoetaPessoa nos ensinou que sem antes sonhar a obra no nasce, Deus querendo

    Sonhamos, planejamos, trabalhamos, Deus querendo, e o Grupo PROHPOR que se esbo-ava em 1991, com quatro professores do Departamento de Letras Vernculas da Universidade.ederal da Bahia, hoje constitudo de vinte e um membros: professores, doutorandos,mestrandos, graduandos

    com verdadeira alegria que vejo nosso Grupo apresentar sua terceira coletnea de estu-dos: a primeira, por mim organizada e publicada em 1996 A carta de Caminha: testemunholingstico de 15003 , fundou-se em um projeto coletivo do PROHPOR sobre a Carta do achamento

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    do Brasil; a segunda, organizada por mim e por Amrico Venncio Lopes Machado .ilho,

    publicada em 2002 O portugus quinhentista: estudos lingsticos4, fundou-se em outro projetocoletivo do Grupo, de mesmo nome E esta, organizada por Snia Bastos Borba Costa e AmricoVenncio Lopes Machado .ilho, recobre estudos que vo do portugus arcaico e avanam aoportugus brasileiro contemporneo, passando pelos sculos XVI, XVII, XVIII e XIX, recuan-do, em alguns casos, ao latim

    Dedicam-se ao perodo arcaico os trabalhos de Machado .ilho, Mariana Oliveira, IlzaRibeiro e Elite Santos; centram-se no sculo XVI os estudos de Snia Costa e Dilclia Sampaio;dos sculos XVII e XVIII, trata Therezinha Barreto; do XIX, so os estudos de Tnia Lobo eIlza Ribeiro, tambm o de Klebson Oliveira; sobre a formao scio-histrica do portugus

    brasileiro, h o estudo de Mattos e Silva; comparando o portugus arcaico ao portugus brasilei-

    ro contemporneo, apresenta-se o trabalho de Emlia Helena Souza e sobre o portugus brasilei-ro contemporneo, o de Lucas CamposEsse percurso de longa durao do sculo XIII ao XX aborda apenas aspectos lingsticos

    e/ou scio-histricos, fundados em projetos individuais ou coletivos do PROHPORSeus autores ou j so pesquisadores dos incios do Grupo, como Therezinha Barreto,

    Snia Costa, Tnia Lobo e Ilza Ribeiro; ou so doutores mais ou menos recentes, como RosautaPoggio, Emlia Helena Souza e Machado .ilho; outros so doutorandos Klebson Oliveira,Dilclia Sampaio e Lucas Campos e outras so mestrandas, Mariana Oliveira e Elite Santos

    Esses treze estudos, a meu ver, representam bem o tipo de pesquisa que vem desenvolven-do o PROHPOR, ao longo de pouco mais de uma dcada de sua existncia Seguiu-se o arcotemporal definido no chamado texto programtico do Grupo, o que justifica o ttulo escolhi-

    do para a coletnea Alm disso, vem-se obedecendo outro ponto definido no texto referido:partir sempre de uma descrio dos dados a analisar e aplicar teorias da mudana adequadas aosdados e da escolha do Autor Assim, h nos estudos desta coletnea os que seguem orientao.uncionalista, Gerativista, Variacionista e Scio-histrica, tambm discursiva

    Para finalizar, ressalto que, entre os jovens graduandos, cada vez mais h maior interessepelos estudos da lngua portuguesa numa pespectiva histrica Termino com parte da quadrinhaem epgrafe:

    O sonho vem do futuroE voa para o passado

    Rosa Virgnia Mattos e Silva

    1 Agostinho da Silva Uns poemas de Agostinho Lisboa: Ulmeiro, 1990 p 27

    2 In:Discursos: e studos de lngua e cultura portuguesa, 3:75-91, Lisboa: Univesidade Aberta

    3 Salvador: EDU.BA/UE.S/CNPq/EGBA

    4 Salvador: EDU.BA/UE.S

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    Esboo de estudomultissistmico do itemconjuncionalconforme

    Therezinha Maria Mello Barreto

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    Esboo de estudo multissistmico do item conjuncionalconforme 15

    Introduo

    Este trabalho apresenta duas partes distintas: na primeira, faz-se um confronto entre um con-junto de itens conjuncionais empregados no sc XVI e um conjunto de itens conjuncionaisempregados no sc XVIII, com o objetivo de demonstrar a contnua renovao que apresentaessa classe gramatical; na segunda, esboa-se um estudo multissistmico da conjuno conforme,com base na teoria exposta por Castilho (2003)

    1 Itens conjuncionais: sc. XVIxsc. XVIIIO estudo dos itens conjuncionais, a partir do portugus arcaico, revela a grande produtivi-

    dade dessa classe gramatical que, atravs dos sculos, vem renovando os seus elementos compo-nentes, apresentando perdas e ganhos e, sobretudo, formaes diversas, englobando itens detodas as classes gramaticais

    Observando, por exemplo, os itens conjuncionais empregados no sculo XVI, com baseem um corpusconstitudo pela obra pedaggica de Joo de Barros (Cartinha, Gramtica, Dilo-go da Viciosa Vergonha, Dilogo em louvor de nossa linguagem 1540), vinte e duas Cartas deD Joo III (1523-1557) e 173 Cartas da Corte de D Joo III (1524-1562) e comparando-os comos itens conjuncionais empregados no sculo XVIII, detectados em um corpusconstitudo por 93cartas e 14 documentos oficiais escritos por comerciantes portugueses residentes no Brasil (Riode Janeiro: 1791 a 1798), editados por Afrnio G Barbosa, na sua tese de Doutorado / U.RJ epor 126 cartas e uma devassa (1783-1796), pertencentes ao Acervo Pblico do Estado da Bahia

    APEP editadas por Permnio .erreira, Klebson Oliveira e Uilton Gonalves, sob a orienta-o de Tnia Lobo e publicadas pela ..LCH / Humanitas (2001), com o ttulo de Cartas

    Baianas Setecentistas, ver-se- que, no sc XVIII, os itens conjuncionais j apresentam umquadro diferente:

    Sculo XVIItens conjuncionais coordenativos:

    Aditivos: e ~ y ~ he, nem ~ neem ~ ne) queDisjuntivos ou adversativos: toda via ~ todavya ~ todavia, mays, porem ~ pore), per que =senam, senam ~ sen, sen ~ senom, c tudo ~ com tudo ~ contudo ~ con tudo, ante ~ antesAlternativos: ou, e = ouConclusivos: logo, por tanto ~ portamto ~ portanto, por isso ~ por isso, por conseguinte

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    Explicativos: pois ~ poys, per, per que, porem, ca, que

    Itens conjuncionais subordinativos:

    Causais: perque ~ porque ~ por que, posto que, pois ~ poys, dado que, como, que, como que, yaque ~ j que, uma vez que, por quanto, sendo queConcessivas: ainda que ~ aynda que ~ ay)da que ~ imda que ~ i)da que ~ aimda que, per que,dado que, posto que, que, mais que, c quanto ~ com quanta ~ com quanto, por quanta ~ porquantoCondicionais: se, sen ~ sen ~ sena ~ seno, caso queConformativas: segundo ~ segu) ~ segu)do, comoComparativas: como, como se ~ como que, assi comoConsecutivas: assi que

    .inais: pera que ~ para que, por que ~ porque ~ per queModais: como, assi como ~ asy como ~ asi como, de maneira que, de modo que, de feio que,queTemporais: e)quanto ~ em quanto ~ e) quto ~ em quto ~ enquanto, quando ~ qudo ~ qudo~ cando, depois que ~ depoys que ~ depois que, tanto que ~ tto que ~ tamto que, primeiro que~ prymeiro queIntegrantes: que, se

    Correlaes conjuncionais coordenativas:

    Aditivas: nam somente como ~ nam somente mas ~ n somente mas ~ nam somente mas ainda ~ nam somente mas aynda ~ nam mas ~ no mas ~ no mas antes

    Alternativas: ou ou, ora ora, quer quer, nem nem ~ ne) ne) ~ nem ne), mais que ~mais quanto maisAdversativas: n sen ~ n sen ~ n que ~ all senam

    Correlaes conjuncionais subordinativas:

    Concessivas: por mais queComparativas: mais que ~ mais que ~ mais de que ~ mais do que ~ mais que ~ mais ca,maior que ~ maior do que ~ moor que, menos que ~ menos de que ~ menos do que~ menos do que, assi como ~ assy como ~ asy como, como assi ~ bem como assi ~tanto como ~ tto como ~ tam como ~ t como, milhor que ~ melhor que ~ mylhordo que, tanto quanto, tam quto ~ quto tto, tal comoConsecutivas: tam que ~ tanto que ~ tamto que ~ tanto qua ~ t que, to que, ante que, assi que ~ assy que, mais que, tamanho que ~ tamanho que, tal que ~ (tal) que ~ tall que, melhor que, muito queModais: assi como assi ~assi assiProporcionais: quanto tanto ~ tanto quanto ~ quanto mais tanto mais ~ quto mays tanto mays ~ quto mays tto mays, quto mays tanto menos

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    Sculo XVIIIItens conjuncionais coordenativos:

    Aditivos: e, sendo que, asim tobem, nemAlternativos: ouAdversativos: mas, porem, contudo ~ com tudo, entretantoExplicativos: pois ~ poiz, queConclusivas: por conseguinte

    Itens conjuncionais subordinativos:

    Causais: pois que, j que, por que ~ porque, que, por quanto ~ porquanto, como, pois que, posto

    que, visto queConcessivas: sebem que, ainda que ~ inda queCondicionais: a no ser que, cazo ~ cazo que ~ no caso que , seno, sem que, com tanto queConformativas: segundo, comoComparativas: assim como, como que, comoConsecutivas: tal que, to que.inais: que, para queModais: como que, asim como, deforma que ~ de forma que, sem que, de modo que, de sorteque, de maneira que, tanto assim que, queTemporais: ate (que) atque, quando, primeiro que, logo que, asim que, antes que, em quanto ~emquanto ~ no emquanto, tanto que, dipois que, desde queIntegrantes: que, se

    Correlaes conjuncionais coordenativas:

    Aditivas: no s seno ~ no mas ~(no) como tambm ~ no s como tambm ~ no como tambm ~ no s mas ~ no mas sim, nem nemAlternativas: j jAdversativas: no que ~ no seno

    Correlaes conjuncionais subordinativas:

    Comparativas: tanto como, menos do que, mais que ~ mais de que ~ mais queProporcionais: tanto quanto

    Como se pode observar, no sc XVIII, diferentemente do sc XVI:

    1 so empregados os itens conjuncionais:

    coordenativos aditivos:sendo que, assim tobem;coordenativo adversativo: entretanto;subordinativo causal: visto quesubordinativos condicionais:sem quee a no ser que, cazo;

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    subordinativos modais: de sorteque, tanto assim que, como que,sem que(expressando as

    relaes de modo e de condio);2 deixa de ser empregado o itemper quee surgem dois novos itens concessivos:se bem

    que e sem embargo que;3 o item conjuncional finalpera queassume a formaparaque; o itemporque~porque~per

    quedeixa de ser empregado para expressar a relao de finalidade, e aparece o item afim de que

    No que se refere s correlaes conjuncionais, empregada a correlao alternativa:j j e a aditiva no s mas tambm apresenta duas novas variantes: no s comotambm e no como tambm

    Disso se conclui ter havido, no decorrer dos sculos, processos de lexicalizao,semanticizao, gramaticalizao e discursivizao que deram origem a novos itens conjuncionaisou a novos empregos de um mesmo item

    Deve-se ressaltar que nem todos os itens que correspondem s inovaes acima citadas sooriundos do sc XVIII; alguns j se encontram em textos do sc XVII, anteriormente analisa-dos, contudo, o que aqui se estabelece a comparao entre os scs XVI e XVIII, no que serefere aos itens conjuncionais empregados

    O confronto vlido para: 1) precisar a data de concluso do processo de gramaticalizaode alguns itens conjuncionais; 2) demonstrar que determinados itens conjuncionais, ainda nosc XVIII no haviam concludo o processo de gramaticalizao, apresentando certa instabili-dade do ponto de vista sinttico ou mesmo semntico; 3) detectar itens conjuncionais surgidos

    no decorrer do sc XVIII; 4) verificar que itens conjuncionais detectados em textos do sc XVIe no encontrados em textos do sc XVII voltam a ocorrer no sc XVIII, comprovando acontinuidade do seu emprego

    No primeiro caso est o item conjuncionalse bem que, o qual representa a associao daconjunoseao advrbio bem e conjuno que Ocorre nas Cartas de Vieira do Maranho(CVM), texto do sc XVII, com a formase bem, estabelecendo uma relao de contrajuno:

    O governo eclesistico padece a falta de prelado se bem no que pertence instruo dos nefitos econverso dos gentios se tem acrescentado muito, com as novas misses e exerccios de doutrina(CVM, CLXXXI, l 29-30)

    Nota-se que o itemse bem estabelece a relao de contrajuno, num perodo em que a

    orao precedente possui um sentido negativo, expresso pelo verbo, seguido do seu argumento:padece a falta Pode-se supor, pois, que, empregada inicialmente para indicar a elipse do verboexpresso na orao anterior, por um processo metonmico, se bem, empregada em sentenasafirmativas que se seguiam a sentenas negativas tenha adquirido o sentido de contrajunoAssim, de:

    O governo eclesistico padece a falta de prelado se bem (padece a falta de prelado) no que pertence instruo dos nefitos e converso dos gentios se tem acrescentado muito com as novas misses eexerccios de doutrina

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    Esboo de estudo multissistmico do item conjuncionalconforme 19

    passou a:

    O governo eclesistico padece a falta de prelado se bem (= entretanto) no que pertence

    Nos textos do sc XVIII, o item conjuncionalse bem ocorre acrescido do queexpressandoa relao de concesso

    Tendo em vista o contedo semntico bem prximo dos dois tipos de conjunes, uma vezque a adversativa liga palavras ou oraes que estabelecem uma oposio, e a concessiva iniciaorao que exprime uma oposio, um obstculo real ou suposto que, entretanto, no impedea realizao da ao expressa na orao principal, pode-se admitir que, por um processo meta-frico, o contedo adversativo tenha se atenuado, tornando-se concessivo, quando o itemconjuncional era empregado aps oraes afirmativas e que a associao com o quetenha se

    dado por analogia a outros itens conjuncionais da lngua portuguesa e Seos navios tiverem algum em Comveniente que Deus tal no permita nesse Cazo fica o Risco Sobremim Sebem que dizem que aPareida Vai para oPorto mas ainda emthe agora no mudou deviagem(CCP, XI, I33 - 4)1

    No exemplo acima observa-se que o verbo da sentena iniciada pelo item conjuncionalconcessivo encontra-se no modo indicativo

    Almeida (1978:566) afirma que era freqente entre os clssicos, o emprego do indicativocom itens conjuncionais concessivos e que esse tempo ainda empregado, no portugus contem-porneo, quando se quer enfatizar um fato real:

    Ainda que a noite era de junho, no fazia apetecvel a temperatura

    No portugus contemporneo, o subjuntivo o modo empregado em oraes iniciadas porconjunes concessivas na modalidade escrita; na modalidade oral, entretanto, um ou outrotempo empregado, como pode ser verificado nos exemplos a seguir, retirados de dilogos enteinformantes e documentadores (DIDs) do Projeto NURC/Brasil:

    carne ns comemos muito no sulse bem quea viagem que eu fiz ao sul foi h muitos anos (RJ, inf402,1 217-8)

    eh tem realmente sua grande beleza natural: simplesse bem quede um tempo pr c a transfor-mao tem sido grande (Re, inf 293, l 454-6)

    No segundo caso, isto , entre os itens conjuncionais que ainda no sc XVIII no haviamadquirido as caractersticas inerentes a essa classe gramatical, apresentando instabilidade doponto de vista sinttico ou semntico, podem-se citar as conjunes constitudas pela justaposi-o de preposies a pronomes indefinidos: contudo, em quanto, por quanto

    Apesar de ocorrer nos textos do sc XVII j com valor semntico adversativo, comoreforo adverbial ou encadeador da narrativa, contudoaparece tambm em textos do mesmosculo, com o significado de origem com tudo isso, como se pode verificar no exemplo abaixo:

    e posto que se puseram em campo por ns, contudo contra um povo furioso ningum prevalece(CVM, LXIV, I 424-6)2

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    No sc XVIII, a forma comtudo e a sua variante com tudocontinuam a ocorrer com o valor

    semntico explcito de com tudo ou com tudo isso, como em:

    elogo que eu no tenha chegado a fasso por no dar mayor incomodo, que medou por saptisfeitocomtudo quanto fizerem (CCP, XIV, I 09-11)3

    Devo com afidelidade que sou obrigado, expor aVossa Excelncia os motivos das minhas suspeitas, quesuposto no tenho gro de probabilidade, com tudo em materia to milindroza, no he justo deixardedizer os fundamentos do juzo que formo (CCP, CVIII, l 266-70)4

    o que parece indicar que ainda no sc XVIII a forma continuava em processo degramaticalizao, apresentando tambm oscilao quanto ao seu contedo semntico

    O mesmo se pode dizer das formas enquanto epor quanto Justaposta ao indefinido, a prepo-

    sio em deu origem conjuno temporal enquanto no momento que, empregada na lnguaportuguesa, desde o sc XIII, nas formas enquanto, em quanto, e)quto, em qutoEmbora a forma enquanto,j ocorra em textos do sc XIII, a justaposio definitiva da

    preposio ao pronome parece ter se dado muito tempo depois, j que no sc XVIII, era comumainda, a variante em que a preposio aparecia separada do pronome Quanto funo sintticae ao contedo semntico, ainda no sc XVIII, oscilava entre conjuno temporal, indicandotempo concomitante e locuo prepositiva, significando quanto a / ao ou quanto s / aos

    A conjuno em quanto coocorreu, nos scs XIII e XIV, com a conjuno mentre ~ mentreque ~ dementre ~ dementre quede idntico teor semntico, o que provavelmente contribuiu paraque uma das duas conjunes fosse eliminada e outra permanecesse na lngua

    Do mesmo modopor quanto podia representar a preposioporseguida do pronome inde-

    finido quanto por isso ou a conjuno causal

    Como representantes do terceiro caso, isto , dos itens conjuncionais surgidos no scXVIII, podem-se citar: a fim de que(final), de forma quee de modo que(modais), visto que(causal)esem embargo que(concessivo)

    O item conjuncional a fim de quecomea a aparecer nos textos do sc XVIII e resulta daassociao da conjuno que locuo prepositiva a fim de, que tambm aparece nos textos dessesculo, locuo formada, possivelmente, por um processo metafrico, tendo em vista que ocontedo semntico por ela expresso est intimamente relacionado com o contedo semnticoexpresso pelo substantivofim: objetivo, inteno, termo, remate

    interessante observar, entretanto, que, tanto nos textos do sc XVI, como nos do sc

    XVIII, as oraes finais, na maioria das vezes, so reduzidas de infinitivo, introduzidas pelapreposiopara, sendo espordicas as oraes finais iniciadas pelas conjunespara que,ouque

    Ocorrem tambm no sc XVIII, duas outras variantes de modo quee de forma que, paraexpressar a relao de modo que, no sc XIII e XIV, era expressa pelo item conjuncional de guisaque ~ em guisa que ~ per guisa quecujo ncleo era constitudo pelo substantivoguisa, provenientedo germnico ocidental wisa, modo maneira

    De curta durao, de guisa queparece ter cado em desuso no sculo XIV, sendo substitu-da, no sculo seguinte, pela conjuno de maneira que, a qual, no sc XV, apresenta ainda a formade maneiras que, no gramaticalizada:

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    Este rrei Don Pedro era muito gago; e foi sempre grande caador e monteiro, em sendo effante e depois

    que foi rrei, tragendo gram casa de caadores e moos de monte e daves e caes detodas maneiras quepera taaes jogos eram pertencentes (CDP, Cap I, l 11-4)5

    No sculo XVI, aparece a conjuno de feio que, de idntico teor semntico:

    E se sua alteza tem vtade que eu Receba delle esta merce, seja esta Resposta de feio queme parea ami que quer sua alteza concluso (CJ, LXXXIX, l 71-3) )6

    Nos textos do sc XVII, encontra-se a conjuno de sorte que, ainda empregada no portu-gus contemporneo:

    As correntes aqui so muito arrebatadas, a largura do rio, quase a mesma mais menos limpa por estartodo ele embicado de pedras, que no deixam de fazer grande estorvo grande navegao O rumo com

    que navegamos estes dias inclinado cada vez mais para leste, de sorte queao amanhecer, j o sol quasepela proa (CVM, LXV, l 705-7) )7

    Nos textos do sc XVIII, ocorrem como j foi explicitado, as formas de modo quee de formaque

    porque tratou menos de expor as circunstncias delle, doque Requerer justificar-se das queixas queentendia delleformava o ViceRey, prezistindo neste empenho de modo quefoi necessrio que oViceReylhe dicesse, que hia a sua prezensa tratar daquellas matrias (DO, XVIII, l 326-31) )8

    e Juntamente tenho ainda alguma trinta peas dedita emcaza por que amaldita fazenda embarraniou,mas sera perizo para eu concluir, mas deforma que no muleste vossa merc bem me intendo (DO,LXXXIV, l 11-4) )9

    Tem-se, pois, a seguinte escala de substituio:

    sc. XIII sc. XIV sc. XV sc. XVI sc. XVII sc. XVIII

    de guisa que

    de maneira que

    de feio que

    de sorte que

    de modo que

    de forma que

    Nota-se que todos esses itens conjuncionais so formados por um processo metafricocom substantivos pertencentes mesma rea semntica Com base nos dados, pode-se afirmarser a conjuno de maneira que, a conjuno modal por excelncia, a qual, no momento dainterao verbal tem o seu ncleo substitudo, pelo falante, por palavras mais expressivas quelhe paream mais significativas para a comunicao das idias

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    Tambm o item conjuncional causal, visto que, constitudo pelo particpio passado do

    verbo verassociado conjuno que, comea a aparecer nos textos do sc XVIII Assim como asconjunes dado que,posto queesuposto que, j encontradas em textos de sculos precedentes, vistoque fruto de uma reanlise, isto de uma nova interpretao ou reestruturao de perodos Aforma do particpio passado do verbo ver, inicialmente seguida de uma orao subordinadasubstantiva subjetiva, introduzida pela conjuno integrante que, foi reanalisada, passando aconjuno integrante a constituir, juntamente com o verbo, por um processo metonmico, umitem conjuncional causal:

    que neste cazo se devio aplicar na falta de Regimento proprio, visto queelles pertendio que emconformidade dos mesmos artigos fossem punidos aqueles Reos (CCP, XC, I 90-2) )10

    Ocorre, ainda uma nica vez, nos textos do sc XVIII, o item conjuncional concessivosem embargo queno obstante que, apesar de que:

    Meu compadre remeto 40 [SC] de Arros que leva omestre da charua Nossa Senhora da Esperana ePrincexa Realsem embargo quemeno passaro recibo nem conhecimento (CCP, XLV, I 03-5) )11

    O fato de essa carta apresentar, em dois momentos, grafias que imitam grafias galegas:princexa, dexejo, e a existncia, no galego e no castelhano, da locuo adverbialsin embargo, leva-nos a admitir a possibilidade de ter tido o seu remetente ascendncia galega ou espanhola oucontato com galegos e espanhis e assim ter empregado essa conjuno constituda pela associ-ao do quea uma locuo adverbial dessa lngua

    .inalmente no ltimo grupo, isto , entre os itens conjuncionais que ocorreram no scXVI, no foram detectados em textos do sculo XVII, e, voltam a ocorrer nos textos do scXVIII podem-se apontar:primeiro quee caso que

    Primeiro que, item conjuncional constitudo do advrbioprimeiro, proveniente do numeralordinalprimeiro, do latimprimariu, associado conjuno que, ocorreu, no corpusconsultadoanteriormente, apenas uma nica vez, noDilogo da Viciosa Vergonha, de Joo de Barros, textodo sc XVI, significando antes que

    No foi encontrado nos textos do sc XVII, j pesquisados; tambm no aparece noselencos das conjunes apresentados pelos gramticos contemporneos, nem foi documentadonos 30 dilogos do Projeto NURC/Brasil ou nos 140 extratos de entrevistas do Portugus.undamental, utilizados tambm como corpora de pesquisas anteriores, j citados

    Nos textos do sc XVIII, o item conjuncional primeiro que empregado, quer comoconjuno subordinativa temporal significando antes que, quer com valor de locuoprepositiva, significando antes de na expressoprimeiro que tudo = antes de mais nada:

    [ Po] r meperuardir esta lhe chegue amoprimeiro queeu chegue aessa; (CCP, IV, I 03-4)12

    Primeiro quetudo estimarei esteja de saude, eque Iheprezista como Ihedesejo (CCP, XC, I 28-9)13

    interessante ressaltar que, embora no conste dos elencos das conjunes citadas pelosgramticos contemporneos consultados, esse item conjuncional bastante empregado no por-tugus falado do Brasil, especialmente no registro popular, em frases do tipo:

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    Vou sair,primeiro quevoc

    Vou chegar,primeiro quevoc

    Tambm a expresso primeiro que tudo bastante usada na lngua falada, em frasescomo:

    Primeiro que tudo, deixe que lhe explique o que ocorreu

    Primeiro quetem hoje emprego restrito O fato de ter ocorrido em um texto do sc XVI eem textos do sc XVIII permite concluir no ter havido interrupo no seu emprego Comopara o sc XVII foram, anteriormente, apenas consultados textos de Vieira (4 sermes e 41cartas) pode-se supor que, sendo um item conjuncional caracterstico da lngua falada, no tenhasido empregado pelo autor, nos seus textos, por receio do mesmo, de afastar-se da tradio,

    empregando em textos escritos um item tpico do falar usualO fato de ainda ser usado apenas na lngua falada parece indicar ser um item conjuncional

    empregado exclusivamente para satisfazer necessidades comunicativas, no processo de interaoverbal

    A conjuno caso que constituda do substantivo caso associado conjuno que Casoprovm do substantivo masculino latino casu - que, como afirma Gaffiot (1934), significava:ao de cair, chegada sbita, acidente, ocasio, e caso gramatical Passou para o portugu-s significando, inicialmente, acontecimento, fato, circunstncia e assumiu, posteriormen-te, os sentidos de faculdade, aventura amorosa, importncia, desavena, passando ainda afazer parte de lexias como no fazer caso, no vir ao caso

    Caso ocorre, em um documento do sc XVI, especificamente na CT14, CXIX, associado conjuno que, constituindo a conjuno subordinativa condicional caso que, a qual, segundoSaid Ali (1921: 219), uma forma reduzida desendo caso que

    depois que entrey na ydade da Rezo, e pude conhecer quanta pera isso tynha, que he oferecer a vosaalteza, a vontade muy subjecta e obidiente a tudo o que me mdar e de my ouver seu servio E caso queestas palavras c as obras, de que outros podem dar testemunho, mostrem aver em my a obidiencia quedigo, todavia no me acabo de satisfazer, por que mayor he e muito mays conte em sy do que possoescrever (CM, CLXXI, I 10-5)

    Said Ali afirma ainda que a conjuno caso quepossua tambm um valor concessivodecorrente deposto caso que, especialmente entre os autores quinhentistas Entretanto, no corpusconsultado, essa conjuno no foi encontrada com esse especfico significado

    Como se pode observar, nem no sc XVI, nem no sc XVIII ocorre o item conjuncionalsubordinativo conformeque, nos textos dos citados sculos, aparece apenas como preposio oucomo locuo prepositiva, conforme a, vindo a ocorrer como conjuno, s em textos do sculoXX, da o interesse pela anlise dos processos de mudana por ele empreendidos na sua trajet-ria do latim ao portugus

    2 Anlise multissistmica deconformeComo explica Castilho (2003), os textos disponveis sobre gramaticalizao demonstram

    que os seus autores parecem entender a lngua como entidade heterclita, esttica, passvel derepresentao atravs de uma linha na qual se pode reconhecer pontos e estabelecer derivaes

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    entre eles O autor manifesta-se contrrio a algumas das afirmaes feitas pelos gramatica-

    lizadores, tais como, as de que:1 as lnguas naturais so constitudas por um conjunto de signos dispostos numa linha, de

    tal modo que as alteraes desses signos se do por estgios unidirecionais, obedecen-do a uma relao de seqencialidade;

    2 as categorias lexicais, depositadas sobre essa linha, do origem a categorias gramati-cais e essas a categorias ainda mais gramaticais;

    3 fenmenos diversos so concebidos em um mesmo nvel: eroso fontica,descategorizao/recategorizao morfolgica , ampliao dos empregos sintticos,perda semntica e presses do Discurso sobre o sistema

    Desse modo, apresenta uma proposta de cunho cognitivista-funcionalista que considera alngua um multissistema radial, tendo ao centro o Lxico, e em volta, a Semntica, o Discursoe a Gramtica Esses subsistemas, independentes uns dos outros, dispem cada um de categoriasprprias, o que equivale a dizer que qualquer expresso lingstica exibe simultaneamentepropriedades lexicais, discursivas, semnticas e gramaticais, salientando-se um ou outro tipo depropriedade, por razes pragmticas

    O Lxico definido como um conjunto de categorias cognitivas prvias enunciao(viso, objeto, espao, tempo, movimento, etc) que servem de base determinao de traossemnticos inerentes A cada item lexical corresponde determinado arranjo de traos, nosendo necessrio afirmar que um Nome d origem a um Advrbio e esse a uma Preposio, etc

    A Semntica a criao de significados e se baseia em estratgias cognitivas, como: o

    emolduramento da cena, a hierarquizao dos seus participantes, a metfora, a metonmia, etcO Discurso entendido como uma espcie de contrato social, baseado na localizao das

    pessoas envolvidas no Espao e no Tempo Satisfeitas essas condies prvias, d-se a interao,atravs de estratgias pragmticas como: turno conversacional, tpico, unidades discursivas, etc

    A Gramtica o conjunto de estruturas ordenadas nos subconjuntos da .onologia, Morfologiae Sintaxe e governadas por regras de determinao interna Essas estruturas se expressam por meiodas categorias gramaticais definveis em termos de classes, relaes e funes

    Castilho identifica trs mecanismos que apresenta como princpios, cujo fundamento seencontra nas estratgias de gesto dos turnos convencionais So eles: o princpio de ativao ouprincpio de projeo pragmtica, o princpio da reativao ou o princpio de correo e princ-pio de desativao ou princpio do silncio

    Tais princpios atuam sobre os diferentes sistemas: o Lxico, a Semntica, o Discurso e aGramtica, promovendo, em cada um deles, as devidas alteraes

    Com base na teoria exposta por Castilho (2003), tentar-se- apresentar um estudomultissistmico do item conjuncional conforme

    LexicalizaoLexicalizao a criao de palavras, mediante o agrupamento de propriedades cognitivas e

    a sua concentrao em uma forma O estudo da lexicalizao parte, pois, da etimologia Assim, paraanalisar a lexicalizao do item conforme, partir-se- do seu timo, ou melhor, do timo das suas partescomponentes: cum +forma#re, de onde deriva o adjetivo que lhe serviu de origem conformis, e

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    Segundo Machado (1967, s v cum) a preposio latina cum, j no latim arcaico, apresen-

    tava a variante com e indicava companhia , em sentido prprio ou figuradoGaffiot (1934, s v cum) especifica que, j no latim, a preposio cum possua as seguintes

    propriedades cognitivas de base:

    LUGAR: companhia, sociedadeHabitare cum aliquo habitar com algum (Cic Att, 14, 20, 24)

    TEMPO: acompanhamento no tempo:exit cum nuntio sair com a notcia (Caes G 5 46)

    QUALIDADE: qualificao material:magnu cum luctu et genitis totius civitates no meio da desolao e dosgemidos da cidade inteira (Cic Verr 476)

    instrumento:cum lngua lingere mexer com a lngua (Catul 98,3)conseqncia:.laminius cecidit apud Trasumennum cum magno rei publicae vulnere.lamnio sucumbiu a Tresimne, com um golpe terrvel repblica(Cic Nat, 2,8,C)

    No portugus contemporneo, como afirma Borba (1971, p 83) e Michaelis (org 1997, sv com), essa preposio amplia as possibilidades das propriedades cognitivas de base, passandoa indicar:

    LUGAR: ponto de juno:

    No cruzamento com a praia de Botafogo, o bonde teve que pararTEMPO: durao:

    A viagem ser direta, com 7 horastempo futuro:Com mais dois anos, ele no jogar maisidadeQualquer criana com trs anos poder fazer isso

    QUALIDADE: instrumento:matou com a facainterao:

    conversar com algummodo:falou-me com os olhos baixoscausa:as plantas murcham com o caloroposio:lutou com o ladroposse:rapaz com dinheirocontedocaixas com remdios

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    Justaposta ao verboforma#re, dar forma, a preposio latina cum companhia , sociedade

    deu origem ao verbo conforma#re, do qual deriva o adjetivo conformis, e exatamente , semelhan-te (Gaffiot, 1934, sv conformis, conformis,e), origem, no portugus, da locuo prepositivaconforme a, que comea a aparecer em textos do sc XVI, apresentando as variantes grficascforme a,confformea e comforme a

    No sc XVII, encontra-se a locuo prepositiva conforme a, assim como a preposioconforme: Exs:

    Torno a Lisboa, ao conde Odemira, dou-lhe a notcia da nova ordem de El-Rei, e conforme a ela semandou aos capites mores que aquela se embarcassem para dar vela pela manh, porque j no haviatempo, nem mar (CVM, LV, l 158-62)15

    Chegamos s dez horas da noite e aqui achamos o Padre Ribeiro que ia em demanda da cidade,

    conforme o aviso que recebera (CVM, LXV, l 239-41)16

    Nos documentos do sc XVIII consultados, encontra-se tambm a locuo prepositivaconformea, ao lado da preposio conforme: Exs:

    ao lastro se lhes fs de Taboado Vinhtico para ser avaliado conformeao valor (CS, XL, l 03-4)17

    o que assim se verifica com os Autos da Renuncia, e ouro aprehendidi, que ponha na Presensa deVossa Excelncia para os mandar julgar, conformeas Leis (CS, XCIV, l 07-10)18

    A locuo prepositiva apresenta a propriedade cognitiva QUALIDADE, submisso,acordo, conceito abstrato derivado metaforicamente de TEMPO

    QUALIDADE: submisso , acordo Essa propriedade se mantm tambm quando o item conforme empregado como preposi-

    o

    Muyto vos encomendo que confforme ao que se deve esperar de vossa prudentia e de quem vos soeys,asy vos ajaes no sentimento deste caso, posto que seja cousa tam difficil de fazer (CR LXV, l 08-11)19

    Mantm-se tambm quando a palavra empregada como substantivo ou adjetivo

    DiscursivizaoComo afirma Castilho (2003), a discursivizao deve incluir indagaes sobre hierarquia

    tpica, digresses, parnteses, tratamento da informao, etcNo caso do item em estudo, o fato de indicar na maior parte das vezes submisso ,

    concordncia com algo faz com que, como conjuno ou preposio, introduza, na maior partedas vezes, o tpico discursivo, tomando por escopo toda a sentena (se conjuno), itens lexicaisou sintagmas (se preposio), uma vez que fornece o quadro de referncia dentro do qual ocorrea informao que se segue

    Pode, pois, indicar determinao, como na expresso: estar tudo nos seus conformese nasentena:Este documento est conformeou indeterminao, como na expresso: Ter os seus conformesou em um dilogo do tipo:

    - Voc ir festa?

    - Conforme

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    Nesse ltimo exemplo, conformeocupa sozinho o lugar de um enunciado completo

    SemanticizaoObservando-se o contedo semntico do item conformea partir do latim, v-se que o

    sentido de exatamente, semelhante que tem a mesma forma, do adjetivo latino, mantm-seainda no adjetivo portugus conforme: Dois vasos conformes

    O adjetivo pode ainda significar com a forma devida: Esta certido est conformeEsse item, a partir do sculo XVII, passou, por um processo metafrico, a significar de

    acordo com segundo, podendo referir-se, como preposio, a:

    LUGAR: distnciaConforme o local, poderemos ir de carro ou de avio

    TEMPO: ocasioConforme o dia, vestiremos uma roupa mais leve ou mais pesada

    QUALIDADE: submisso, acordoConforme ficou combinado, sairemos juntosConforme ele disse, no deveremos fazer isto

    No sc XX passa a ser empregado como conjuno, podendo expressar relaes de:

    TEMPO: concomitnciaConforme ele entrou, o ladro pulou a janela

    PROPORO: medida queConforme os alunos iam chegando o professor os encaminhava aos luga-res j reservados

    Na lngua falada, conformeatua como substantivo, constituindo expresses do tipo: estartudo nos seus conformes, estar tudo como era esperado ter os seus conformes, ter as suas restri-es Como se pode observar, nessas expresses, o item conserva a propriedade cognitiva de

    base: QUALIDADEAlgumas palavras derivadas de conformeapresentam tambm esta propriedade cognitiva,

    como:

    Conformidade:O texto foi produzido em conformidade com o que se pediu

    Conformismo:Ele sempre est de acordo Que conformismo!

    Conformista:Esse jovem um conformista, nunca se rebela contra algum

    GramaticalizaoDo ponto de vista fonolgico, a palavra sofreu pouca alterao A preposio cum latina, j

    no latim apresentava a variante com, com a vogal alterada de vogal alta para vogal mdia, formaque conservou ao constituir o verbo conformare > conformar e conformis, e >conforme

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    Do ponto de vista morfolgico, houve apenas a justaposio da preposio latina ao verbo

    formrepassando ao portugus a forma j pronta do verbo e do adjetivo dele derivadoOperando sobre os traos lexicais, o dispositivo sociocognitivo deu origem a palavras de

    outras classes gramaticais, como j foi visto anteriormente: locuo prepositiva, substantivo e adjetivo, ativando a propriedade QUALIDADE: preposio, ativando as propriedades: LUGAR, TEMPO e QUALIDADE conjuno, ativando as propriedades TEMPO e QUALIDADE

    Do ponto de vista sinttico, conformeapresenta diversidade de propriedades funcionais,atuando:

    no sintagma nominal, como adjunto adnominal e no sintagma verbal, como predicativo

    (se adjetivo); como conector de itens lexicais sintagmas ou sentenas (se preposio, locuo prepositivaou conjuno), introduzindo, nesse caso, adjuntos adverbiais;

    como objeto direto (se substantivo), funcionando como um argumento selecionado pelopredicador

    Castilho afirma que esses subprocessos, fonologizao, moforlogizao e sintaticizao,ocorrem simultaneamente, sem que haja uma precedncia entre eles

    Como se pode observar, na viso do autor, a qual difere bastante da viso das primeiraspropostas referentes ao estudo da gramaticalizao, cada processo deve ser estudado separada-mente, pois cada um representa um diferente aspecto da mudana lingstica

    Este estudo preliminar apenas uma tentativa de aplicar a proposta apresentada por Castilho(2003) anlise dos processos de mudana empreendidos pelos itens conjuncionais portugue-ses

    1 Cartas de Comerciantes Portugueses, n XI, l 33-342 Cartas de Vieira do Maranho, n LXIV, l 424-63 Cartas de Comerciantes Portugueses, n XIV, l 09-114 Cartas de Comerciantes Portugueses, n CVIII, l 266-705 Crnica de D Pedro, (sc XV), CapI, l 11-46 Carta de Jaime, (Duque de Bragana), n LXXXIX, l 71-3 In: Cartas da Corte de D Joo III7

    Cartas de Vieira do Maranho n LXV, l 705-78 Documento Oficial, n XVIII, l 326-319 Documento Oficial, n LXXXIV, l 11-410 Cartas de Comerciantes Portugueses n XC, l 90-211 Cartas de Comerciantes Portugueses n XLV, l 03-512 Cartas de Comerciantes Portugueses n IV, l 03-413 Cartas de Comerciantes Portugueses n XC, l 28-914 Carta n 119, de Theodosius, filho do Duque de Bragana In: Cartas da Corte de D Joo III scXVI15 CVM Carta de Vieira, do Maranho n LV, l 158-62

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    16 CVM Carta de Vieira, do Maranho n LXV, l 239-241

    17 CS Cartas Setecentistas, n XL, l 03 - 418 CS Cartas Setecentistas, n XCIV, l 07 - 1019 CR Carta da Rainha n LVC, l 08-11 In: Cartas da Corte de D Joo IIII, sc XVI

    RefernciasAZEVEDO, G Lucio de Cartas de Vieira do Maranho Lisboa: Impressa Nacional, tomoprimeiro, 1970

    AZEVEDO, G Lucio de Cartas de Vieira da Bahia Lisboa: Impressa Nacional, tomosegundo, 1971

    BARBOSA, Afrnio GonalvesPara uma histria do portugus colonial: aspectos lingsticos emCartas de Comrcio Tese de Doutorado Rio de Janeiro: U.RJ, 1999

    BARRETO, Therezinha Maria Mello Gramaticalizao das Conjunes na Histria doPortugus Salvador: U.BA, Tese de Doutoramento, 1999

    BARRETO, Therezinha Maria MelloEm busca da trajetria de gramaticalizao das conjunesportuguesas: sculo XVIII Comunicao apresentada na XIX Jornada de Estudo Lingsticosdo Nordeste, .ortaleza, Universidade .ederal do Cear, 2002

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    Pessoa, Universidade .ederal da Paraba, 2003BARRETO, Therezinha Maria MelloA procura de novas pistas Comunicao apresentada noIII Congresso Internacional da Associao Brasileira de Lingstica Rio de Janeiro,Universidade .ederal do Rio de Janeiro, 2003

    BARRETO, Therezinha Maria MelloArgumentadores discursivos na prosa medievalComunicao apresentada no V Congresso Internacional da Associao Brasileira de EstudosMedievais Salvador BA, Universidade .ederal da Bahia, 2003

    BARRETO, Therezinha Maria Mello Conjunes: duas sincronias em confronto Comunicaoapresentada no VI Congresso Nacional de Estudos Lingsticos e Literrios .eira de Santana

    BA, Universidade Estadual de .eira de Santana, 2002

    BORBA, .rancisco da Silva Sistemas de preposies em portugus Tese apresentada ao Concursode Livre-Docncia do Departamento de Lingstica e Letras Orientais da .aculdade de.ilosofia, Letras e Cincias Humanas na Universidade de So Paulo So Paulo (mimeo), 1971

    BUESCU, Maria Leonor C (Ed) Gramtica da Lngua Portuguesa de Joo de Barros: a) Cartinha;b)Gramtica; c)Dialogo em louvor da nossa linguagem; d)Dialogo da viciosa vergonha Lisboa: IN/CM, 1971

    CASTILHO, Ataliba T deA gramaticalizao Estudos Lingsticos e Literrios 19 : 25-63U.BA, 1997

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    30 do portuges arcaico ao portugus brasileiro

    CASTILHO, Ataliba T deReflexes sobre a Teoria da Gramaticalizao: contribuio ao debate

    sobre a teoria da gramaticalizao no contexto do PHPB (indito), 2003

    CASTILHO, Ataliba T dePerspectivas sobre a GramaticalizaonoProjeto para a Histria doPortugus Brasileiro (indito), 2003

    CASTILHO, Ataliba T deAnlise multissistmica das preposies no eixo transversal no por tugusbrasileiro: espao anterior ~ posterior (indito), 2003

    .ORD, J D M (Ed)Letters of John III, King of Portugal Cambridge / Massachusetts:Harvard University Press, 1931

    .ORD, J D M (Ed)Letters of the court of John III, King of PortugalCambridge /Massachusetts: Harvard University Press, 1933

    GA..IOT, Albert Dictionnaire du latin Paris, Hachette, 1947

    HEINE, Bernd, CLAUDI, Ulrike e HUNNEMEYER, .riederike Grammaticalization: aconceptual frameworkChicago and London: The University of Chicago Press, 1991

    LOBO, Tnia Conceio .reire et al Cartas baianas setecentistas So Paulo: Humanitas /..LCH / USP, 2001

    MARTELOTTA, Mrio, VOTRE, Sebastio J e CEZARIO, Maria Moura (Orgs)Gramaticalizao no Portugus do Brasil: uma abordagem funcional Rio de Janeiro: TempoBrasileiro, 1996

    SOUZA, Emlia Helena Portela Monteiro deA multifuncionalidade do onde na fala de SalvadorU.BA: Tese de Doutoramento, 2003 (indita)

    TRAUGOTT, Elizabeth C, HEINE, Bernd (eds)Approaches to Grammaticaliza tionAmsterdam / Philadelphia, John Benjamins Publisheng Company, 2 vols, 1991

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    O desempenho dono comoprefixo no portugus brasileiro

    contemporneo

    Lucas Santos Campos

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    Introduo

    Este trabalho faz parte do projeto de pesquisa intitulado A trajetria de gramaticalizao dosprefixos de negao na histria da lngua portuguesa, estudo que se insere na linha de pesquisaConstituio histrica da lngua portuguesa, coordenada pela prof Dr Rosa Virgnia Mattos eSilva, no Instituto de Letras da Universidade .ederal da Bahia O projeto global visa a (i)observar historicamente os elementos hoje cristalizados como prefixos e (se possvel) determi-nar o momento em que representavam um item lexical independente; (ii) descrever a trajetriade gramaticalizao dos mesmos

    Esta etapa do projeto, que se intitula A gramaticalizao do no como prefixo no portugusbrasileiro contemporneo, teve, como ponto de partida, a observao direta do constante empregodono, antes de substantivos, adjetivos e particpios empregados como adjetivos, tendo em vistaque esse item, atuando ao lado de verbos, apresenta-se desempenhando a sua tradicional funo

    de advrbio de negao, como se pode verificar nos exemplos de 1 a 3:

    (1) Nodescuidede seu negcio (1/367)1

    (2) O preo do combustvel noo nico inimigo dos motoristas (1/371)(3) Os catadores de lixo nodiferem dos (1/385)

    Anteposto a substantivos, adjetivos e particpios, empregados como adjetivos, porm,observa-se que o no desempenha uma funo diversa daquela que lhe atribuda pela GramticaNormativa Julgou-se, a princpio, que o no estaria substituindo os prefixos tradicionais e emseguida levantou-se a hiptese de que esse advrbio poderia estar gramaticalizando-se comoprefixo, ampliando, assim, os recursos comunicativos da lngua, especialmente para expressar

    novos conceitos, surgidos a partir do desenvolvimento poltico, econmico e social, como o deorganizaes NO-GOVERNAMENTAIS

    Uma viso geral dos dados revelou que, para atender ao carter plural da ordem socialcontempornea, o no empregado como prefixo eficientemente:

    i) em situaes nas quais se necessita estabelecer uma referncia restritiva a alguns seg-mentos sociais, como nos exemplos 4 a 6 a seguir:

    (4) dio aos estrangeiros, principalmente aos NO-BRANCOS (1/168)

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    (5) Entrevistas com () e com NO-COMUNISTAS brasileiros (1/477)

    (6) no s para ndios, mas para os NO-NDIOS (2/352)

    ii) quando essa restrio refere-se a grupos que se caracterizam por alguma prtica, comono exemplo 7:

    (7) Os NO-.UMANTES no devem torcer o nariz (1/35)

    iii) E ainda para a indicao de especificidades como nos exemplos de 8 a 10:

    (8) Houve um aumento de 320% nas [tarifas] NO-RESIDENCIAIS (1/59)(9) Para agricultores () e empreendimentos NO-AGRCOLAS (1/70)

    (10) Marca de produtos NO-CIRRGICOS da clnica (1/80)

    undamentao tericaUma vez que a hiptese dessa pesquisa est ligada ao processo de gramaticalizao, torna-

    se necessrio no s conceituar esse tipo de mudana lingstica, como tambm a corrente emque se insere, o .uncionalismo

    O uncionalismo

    Caracterizar ofuncionalismo uma tarefa difcil, j que os rtulos que se conferem aos estudos ditosfuncionalistas mais representativos geralmente se ligam diretamente aos nomes dos estudiosos que os

    desenvolveram, no a caractersticas definidoras da corrente terica em que eles se colocam (Neves,1997: 01)

    Neves afirma, pois, que dentro do que vem sendo denominado ou autodenominadofunci-onalismo, existem modelos muito diferentes Contudo, entre esses modelos, podem ser destaca-das similaridades suscetveis de se constituirem num denominador comum, capaz de fornecer acaracterizao bsica do que seja uma teoria funcionalista da linguagem Martinet (1978 apudNeves,1997: 02) aponta como objeto da verdadeira lingstica, a determinao do modo comoas pessoas conseguem comunicar-se pela lngua Neves indica que:

    Qualquer abordagem funcionalista de uma lngua natural, na verdade, tem como questo bsica deinteresse a verificao de como se obtm a comunicao com essa lngua, isto , a verificao do modo

    como os usurios da lngua se comunicam eficientemente

    Assim, o que a anlise funcionalista examina a competncia comunicativa, consideran-do as estruturas das expresses lingsticas como em um quadro de funes, no qual cada funo vista como um diferente modo de significao na orao; portanto, paralelamente noo deque a linguagem um instrumento de comunicao, encontra-se, no funcionalismo, um trata-mentofuncionalda prpria organizao interna da linguagem

    Neves define a gramtica funcional, como uma teoria da organizao gramatical das ln-guas naturais que procura se integrar em uma teoria global da interao social e entende agramtica como acessvel s presses do uso

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    O desempenho dono como prefixo no portugus brasileiro contemporneo 35

    Em relao competncia comunicativa, o funcionalismo avalia a capacidade que os

    indivduos tm tanto para codificar e decodificar expresses, quanto para usar e interpretaressas expresses satisfatoriamente

    GramaticalizaoO processo degramaticalizao tem sido objeto de estudos variados e conceituao diversaLehmann (1982: VI) denominagramaticalizao, oprocesso que consiste na passagem de um

    item lexical para um item gramaticalHeine e Reh (1984 apudCastilho, 1997: 26) conceituam gramaticalizao como uma

    evoluo na qual as unidades lingsticas perdem em complexidade semntica e em substnciafontica Consideram-na um tipo especial de mudana lingstica situada no continuum que seestabelece entre unidades independentes e unidades dependentes tais como clticos, partculas

    auxiliares, construes aglutinativas e flexesHopper e Traugott (1993: 18) a definem comothe study of grammatical forms, however

    defined, viewed as entities undergoing processes rather than as static objects2

    Castilho (1997: 31) especifica que gramaticalizao :

    o trajeto empreendido por um item lexical, ao longo do qual ele muda de categoria sinttica(=recategorizao), recebe propriedades funcionais na sentena, sofre alteraes morfolgicas, fonolgicase semnticas, deixa de ser uma forma livre, estgio em que pode at mesmo desaparecer, como conseq-ncia de uma cristalizao extrema

    A preocupao com a origem e o desenvolvimento de categorias gramaticais , comoexplicam Heine, Claudi e Hnnemeyer (1991: 05-26) muito antiga e parece datar do sc X,

    quando j os chineses distinguiam smbolos lingsticos plenos de smbolos lingsticos vaziosOs autores fazem referncia ao chins Zhou Bo-qi, que, j nos sculos XIII e XIV, desenvolveuestudos relacionados a esse tipo de mudana lingstica

    A idia de que as formaes gramaticais advm de itens lexicais (lexemes) e de que afixosprovm de formas livres foi expressa na .rana, em 1746, pelo filsofo Etienne Bonnot deCondillac Mais tarde, em 1786, John Tooke declarou que os advrbios, as conjunes e aspreposies derivavam de abreviao ou mutilao das palavras necessrias: nomes ou verbosDesse modo, Tooke considerado o pai dos estudos de gramaticalizao

    No sc XIX, vrios estudiosos referiram-se ao assunto:Wllner (1831) tratou instncias do desenvolvimento de palavras independentes para

    flexes e discutiu a transio de construes perifrsticas para morfemas temporaisWhitney (1875) apresentou etimologias insustentveis, mas ofereceu importantes reflexessobre mudana semntica intra-lexical e passagem de verbos plenos a auxiliares de tempo e modo

    Wegener (1885) formulou descries de padres pragmtico-discursivos que desenvol-vem constituintes morfossintticos

    Gabelentz (1891) apresentou a proposta de que a mudana lingstica desenvolve-se emespiral; estabeleceu que os afixos de hoje foram, anteriormente palavras independentese admitiu duasforas propulsoras da mudana: indolncia ou facilitao e distintividade

    Bral (1897) aponta que itens (lexicais) de dadas categorias se afastam das mesmas e setornam os expoentes da concepo gramatical neles embutida

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    Como se pode verificar, a preocupao com esse tipo de mudana realmente antiga e vem

    se desenvolvendo atravs dos sculosNo panorama da lingstica contempornea, destacam-se os estudos de:Traugott (1980) que prope uma abordagem baseada em princpios de mudana de senti-

    do, fundamentada nas funes da linguagem deHalliday(1970b) e nos princpios de Heine e Reh(1984) que relacionam algumas observaes mais gerais que ocorrem durante o processo degramaticalizao

    Bybee e Pagliuca (1985) influenciados por Givn (1981), dedicam-se ao estudo da altafreqncia de uso do elemento em processo de gramaticalizao e do processo de bleaching(enfraquecimento semntico)

    Hnnemeyer (1985) realiza estudo detalhado, em Ewe, do continuum que parte dos verbos

    em direo s preposiesHaiman e Thompson (1988) defendem que os processos de coordenao e subordinaoemergem de estruturas discursivas que se tornam convencionais e da gramaticalizam-se; dessemodo, combinaes de oraes podem ser interpretadas como gramaticalizao da organizaoretrica do discurso

    Sweetser (1988) prope que o bleaching(desbotamento) seja analisado como processo dedisperso dos aspectos centrais do significado em direo a domnios-alvo; o nico componenteque permanece inalterado a estrutura tipolgica, imagtico-esquemtica das entidadesconcernentes Contudo, o que parece perda representa tambm ganhos, visto que o significadodo domnio-alvo adicionado ao significado da entidade transferida

    Willet (1988) apresenta hipteses sobre a generalizao semntica que pode ser observada

    nos processos de gramaticalizao, sugerindo que essa generalizao decorrente, em grandeparte, do que ele denomina hiptese de extenso metafrica, atravs da qual o significado concretode uma expresso aplicado a contextos mais abstratos

    Heine Claudi e Hnnemeyer (1991) formulam a proposta de que, no processo degramaticalizao as formas assumem significados cada vez mais abstratos a partir da noo deespao, passando (ou no) pela noo de tempo e atingindo a categoria (mais abstrata ainda) detexto

    .inalmente, a mais nova linha de pesquisa,ATeoria da cognio, representada por Sweetser(1988) e Heine et alii(1991) encara a gramaticalizao como um fenmeno externo estruturada lngua e pertencente ao domnio cognitivo

    Neste trabalho lanou-se mo tambm dos mtodos da Sociolingstica Laboviana emvirtude de a gramaticalizao do advrbio no, como prefixo, envolver fatores de ordem sociale pelo fato de essa teoria possibilitar a quantificao e anlise da variao dos dados, atravs dopacote de programas Varbrul

    Corpora.oram utilizados, como corpora, um jornal de grande circulao no estado da Bahia Jornal

    A Tardee oDicionrio da Lngua Portuguesa (1999) de Aurlio Buarque de Holanda .erreira.oram consultados 123 exemplares desse jornal, correspondentes a todos os dias dos

    meses de julho e agosto; novembro e dezembro do ano 2000

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    O levantamento das amostras nos exemplares consultados caracterizou-se como um levan-

    tamento lexical, isto , foram registrados os contextos nos quais se apresentou a primeira ocorrn-cia de um substantivo, adjetivo e/ou particpio empregado como adjetivo, portador de um dosprefixos tradicionais (a-, des-, in-) ou antecedido do no, prefixal

    Nos exemplares do jornal, foram recolhidas 898 ocorrncias de bases com prefixos tradi-cionais e 199 bases prefixadas com o no, totalizando 1097 ocorrncias de itens lexicais comprefixos negativos

    No Dicionrio da lngua portuguesa, foram recolhidos 2349 itens lexicais, portadoresdos prefixos tradicionais de negao (a-, des- e in-) e 53 entradas de itens lexicais prefixados como no

    Os itens lexicais portadores de prefixos tradicionais foram registrados em dois quadros

    distintos: o primeiro, contendo os itens lexicais cuja descrio do sentido apresenta-se de formaanaltica, isto , a partir do emprego de oraes do tipo: Que no , Que ou quem no , Que noest, etc, ou atravs de um antnimo lexicalO segundo, contendo os itens lexicais cuja descrioprincipal ou auxiliar do significado, feita de forma sinttica, isto , a partir do emprego do no,como prefixo

    Anlise dos dadosVerificou-se que os dois processos tradicionais de antonmia (prefixao e antonmia

    lexical)3 , com os quais o no prefixal tem vindo a concorrer no portugus contemporneo,ocorrem de forma varivel, consoante o item lexical que se considere

    O quadro 1 apresenta bases que, a despeito de possurem antnimos formados com um dos

    prefixos tradicionais e de disporem de um antnimo lexical, receberam o no, como prefixo

    Quadro 1: Exemplo de itens lexicais que possuem antnimos com prefixos tradicionais antnimos lexicais, masapresentam, no corpus, antnimo constitudo com o no prefixal:

    FORMA BSICA ANTONMIA POR PREFIXAO ANTONMIA LEXICAL ANTONMIA PELAPREFIXAO DO NO

    Igual desigual diferente no-igualDefinido indefinido genrico no definidoPerecvel imperecvel perdurvel, eterno no-perecvel

    O quadro 2 apresenta exemplo de palavras que no dispem de antnimos lexicais, possu-em antnimos com os prefixos tradicionais, no entanto aparecem no corpusprefixadas pelo no

    Quadro 2: Exemplo de itens lexicais que possuem antnimos formados com prefixos tradicionais, no possuemantnimos lexicais e aparecem, no corpus, prefixados pelo no:

    FORMA BSICA ANTONMIA POR PREFIXAO ANTONMIA LEXICAL ANTONMIA PELAPREFIXAO DO NO

    alfabetizado analfabeto - no-alfabetizadoExecuo inexecuo - no-execuoFormal informal - no-formalRacional irracional - no-racionalSatisfeito insatisfeito - no satisfeitoTxico atxico - no-txicoautorizado desautorizado - no autorizado

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    O quadro 3 refere-se a itens lexicais que no se submetem ao fenmeno da prefixao com

    nenhum dos prefixos tradicionais .ormam a antonmia a partir da oposio com outro itemlexical e aparecem no corpustendo o no como prefixo

    Quadro 3: Exemplo de itens que no possuem antnimos formados por prefixos tradicionais, possuemantnimos lexicais, mas ocorrem no corpustendo o no,como prefixo:

    FORMA BSICA ANTONMIA POR PREFIXAO ANTONMIA LEXICAL ANTONMIA PELAPREFIXAO DO NO

    Declarado - omitido No declaradoDescartvel - reutilizvel No-descartvelDesperdcio - economia No-desperdcioDivulgao - ocultao, omisso No divulgaoExcluso - incluso No-exclusoIncluso - excluso No incluso

    Livre - preso, dependente No livreOficial - oficioso No oficialPequena - grande No-pequenaPlural - singular No-pluralPreenchida - vaga No preenchidaProibida - permitida No proibidaRemunerada - voluntria No remuneradaVirtual - real No-virtual

    O quadro 4 mostra itens que, alm de no aceitarem qualquer um dos prefixos tradicionaispara gerar a antonmia, tambm no dispem de outro item lexical com sentido contrrio e,assim, receberam o no, como prefixo

    Quadro 4: Exemplo de itens que no possuem antnimos lexicais, nem antnimos formados com prefixos

    tradicionais e, assim, apresentam um antnimo com o no prefixal:

    Analisando-se o emprego do no como prefixo em confronto com os processos tradicio-nais de antonmia na linguagem jornalstica verificou-se que o no ocorre, mais freqentemente,antecedendo formas que no dispem de antnimo lexical nem de antnimos formados comprefixos tradicionais

    Como j foi visto, julgou-se, a princpio, que o no estaria substituindo os prefixos tradici-onais; constatou-se, contudo, que, ao invs disso, como se pode observar a partir do quadro 5, o

    FORMA BSICA ANTONMIA POR PREFIXAO ANTONMIA LEXICAL NO

    Adventista - - no adventistaAgrcola - - no-agrcolaAlimentcio - - no-alimentcioAnotada - - no-anotadaAparentado - - no-aparentadoAplicao - - no aplicaoApresentao - - no-apresentaoArgilosa - - no argilosaAssociado - - no-associadoAtendimento - - no-atendimento

    Atualizao - - no-atualizaoCadastrada - - no-cadastradaCantor - - no cantorCarlista - - no-carlistaCercado - - no-cercado

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    no est sendo mais empregado junto a formas que no possuem antnimos com prefixos tradi-

    cionais, nem dispem de antnimo lexical do que substituindo os referidos prefixos

    Quadro 5: .reqncia do emprego do no em posio prefixal conforme os processos tradicionais de antonmia

    CONTEXTOS N. DE OCORRNCIAS/TOTAL FREQNCIAFBs com antnimos lexicais eantnimos formados com PTs

    05/255 02 %

    FBs que no dispem de antnimolexical, mas possuem antnimosformados por um dos PTs

    31/675 05%

    FBs dispem de antnimo lexical,mas no possuem antnimosformados com PTs

    09/09 100%

    FBs que no dispem de antnimolexical nem de antnimos com PTs

    154/154 100%

    TOTAL 199/1.093 18%

    Quanto variao entre o uso do no e dos prefixos tradicionais, ficou comprovado que apenetrao do no prefixal, concorrendo com os mesmos, tem-se dado, com maior intensidade,com o prefixo a- Deve-se ressaltar, contudo, que, numericamente falando, o volume de ocor-rncias de substituio do a- pelo no prefixal, de apenas 2, em um total de 8 registros, comose pode verificar a partir do quadro 6:

    Quadro 6: .reqncia do emprego do no, como prefixo, substituindo os prefixos tradicionais (a-, des-, in-)Nvel de significncia: 029

    PREFIXO N de ocorrncias do no/Total Freqncia Peso relativo

    des- 11/367 3% .25In- 23/559 4% .65a- 2/8 25% .96TOTAL 36/934 4% -

    Com relao aos prefixos des- e in-, os ndices de substituio, ainda que superiores emtermos absolutos ao do a-, podem ser considerados tmidos

    .oram arrolados fatores que poderiam estar condicionando o emprego do no com valorprefixal; para isso, foram estabelecidas, previamente, as seguintes variveis lingsticasexplanatrias: (i) classe gramatical da forma base; (ii) natureza do fonema inicial da forma base;(iii) constituio morfolgica da .B; e (vii) natureza do texto

    No que diz respeito varivel classe gramatical, observou-se, a partir do quadro 7, que o

    emprego do no prefixaltem ocorrido com maior freqncia junto aos particpios, constituindoos substantivos, a classe mais refratria ao emprego do no prefixal

    Quadro 7: .reqncia da varivel classe gramatical da forma baseNvel de significncia: 020

    Classe gramatical N de ocorrncias/total Freqncia absoluta Peso relativo

    Substantivo 53/382 14% .38Adjetivo 85/491 17% .50Particpio 61/224 27% .69TOTAL 199/1097 18% --

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    Esses resultados ajustam-se, perfeitamente, concluso de que o no est gramaticalizando-

    se como prefixo Do ponto de vista da trajetria seguida pelo no, pode-se admitir que, sendoempregado como advrbio, normalmente em oraes subordinadas adjetivas desenvolvidas,como por exemplo:

    O veculo era dirigido por pessoa QUE NO ERA HABILITADA

    E, evidentemente, tambm em oraes reduzidas:

    O veculo era dirigido por pessoa NO HABILITADA (1/404)

    uma vez que o particpio empregado, em muitos casos, como adjetivo, o emprego do noestendeu-se aos adjetivos

    Nesse estgio, os limites entre a forma livre do advrbio e a forma presa do prefixo, ambosrepresentados pelo item lexical no se enfraqueceram, criando uma rea de interseco entre asduas categorias propostas O passo seguinte a extenso do uso do no com adjetivos agoraefetivamente como uma partcula anteposta:

    NO SATIS.EITOS, alguns fiscais investiram contra os estudantes (1/151)

    Assim, o no j pode ser interpretado como prefixo negativo, e se verifica a extenso do seuemprego com os substantivos, como em:

    A NO-OCORRNCIA de acidentes pode ser creditada sorte (1/22)

    Nesse momento, no se sustenta mais a anlise tradicional do no como advrbio, j que,

    normalmente, o escopo de atuao dessa categoria no inclui os substantivos Caracteriza-se,assim, a gramaticalizao do no como prefixo E o emprego do hfen nada mais do que achancela que a escrita aporta mudana em curso, na lngua oral

    O quadro 8 refere-se aos resultados da varivel fonema inicial da forma base

    Quadro 8: .reqncia da varivel fonema inicial da forma base:Nvel de significncia: 020

    Embora a freqncia absoluta, 18%, revele-se igual para as duas variveis, o peso relativo62, registrado com .Bs iniciadas por vogal parece indicarestarem essas formas favorecendo oemprego do no como prefixo

    O quadro 9 apresenta o resultado da varivel constituio morfolgica da forma base

    9DORU QGHRFRUUrQFLDVWRWDO )UHTrQFLDDEVROXWD 3HVRUHODWLYR

    9RJDO

    &RQVRDQWH

    727$/

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    Conquanto a freqncia absoluta indique um equilbrio entre as duas variveis, o pesorelativo 70, para ausncia de sufixo, indica que as palavras que no possuem sufixo favorecemo emprego do no como prefixo

    O quadro 10, revela os resultados da anlise do valor semntico do no, como prefixo

    Quadro 10: .reqncia da varivel significado do no,como prefixo:

    Quadro 9: Resultados da varivel forma base portadora de sufixo

    Nvel de significncia: 029

    Verificou-se que, em todas as 199 ocorrncias, o no, prefixal, aparece com o sentido denegao/privao ou falta de Deduz-se assim que, pelo seu valor semntico, ono, emprega-do como prefixo, acrescenta s estruturas nas quais se insere, apenas o valor de negao,privao falta de Por outro lado, observou-se uma baixa ocorrncia do emprego do no

    prefixal em substituio ao des- , como foi visto no quadro nove, o que pode ser atribudo ao fatode ser mais prprio do des- indicar ao ou processo contrrio: burocratizao xDESburocratizaoObserve-se queo no prefixal, o a- ou o in- no apresentam esse valor semntico Com isso,pode-se definir um limite para a expanso do no prefixal: o seu emprego em substituio ao des,dificilmente se dar em contextos em que o des- expresse ao ou processo contrrio

    O quadro 11 indica os resultados da varivel natureza do texto, confirmando a proposiode que nas matrias/reportagens, textos redigidos por profissionais da imprensa, houvesse umamaior freqncia absoluta e um maior peso relativo do emprego do no como prefixo do que nosoutros tipos de texto, uma vez que a linguagem jornalstica, muitas vezes, necessita lanar moda economia das palavras

    Quadro 11: .reqncia da varivel natureza do texto

    .oi feita, ainda:

    (i) uma anlise comparativa sobre a incidncia dono prefixal, entre os dois elementos docorpora, o jornal e o dicionrio; e

    6XIL[RV 1GHRFRUUrQFLDVFRPRQmRWRWDO

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    (ii) a anlise de como o Dicionrio da lngua portuguesa retrata o emprego do no como

    prefixo em sua organizao interna

    Verificou-se que o registro lexicogrfico da prefixao com o no ainda muito restrito, oque no significa que o Dicionrio da lngua portuguesa no seja sensvel ao fenmeno degramaticalizao do no como prefixo, uma vez que, comparando a edio de 1999, com umadas edies anteriores, a de 1978, observou-se que esse instrumento vem expressando, de formacrescente, o uso do no como prefixo na descrio do sentido dos itens lexicais portadores dosprefixos tradicionais e que o registro de 53 itens lexicais prefixados pelo no na edio de 1999 consideravelmente superior ao da edio de 1978 na qual encontram-se apenas duas entradasde itens lexicais dessa natureza: no-euclidiana e no-interveno

    O quadro 12 refere-se aos resultados da anlise do emprego do no, como prefixo nadescrio, pelo dicionrio, dos itens portadores de prefixo tradicional

    Quadro 12: .reqncia do emprego do no, como prefixo, na descrio do DLP (Dicionrio da LnguaPortuguesa)Nvel de significncia: 029

    Verificou-se que a descrio apresentada pelo dicionrio coincide, em linhas gerais, com o

    uso do no prefixal em substituio aos prefixos tradicionais observado na linguagem jornalstica,na qual foram registradas 36 ocorrncias de emprego do no prefixal em substituio aos PTs,num total de 934 ocorrncias, o que corresponde a 4% do total

    Na descrio do sentido de 2315 itens lexicais recolhidos do dicionrio, 1817, ou seja,78% foram descritos analiticamente, e 498 foram descritos de maneira sinttica, isto , a partirdo emprego do no como prefixo

    Esses dados podem representar um indicativo de possibilidade de substituio dos prefi-xos tradicionais pelo no prefixal nos itens lexicais descritos sinteticamente

    Para a anlise das variveis lingsticas explanatrias aplicadas ao DLP (Dicionrio daLngua Portuguesa), foram testadas as seguintes: classe gramaticale constituio morfolgica daforma base

    O quadro 13 refere-se aos resultados da varivel classe gramatical das formas base nosdados do dicionrio

    Quadro 13: .reqncia da varivel classe gramatical dos itens prefixadosNvel de significncia: 001

    'HVFULomR 1GHRFRUUrQFLDV7RWDO )UHTrQFLDDEVROXWD 3HVRUHODWLYR

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    O quadro 14 demonstra os resultados estatsticos da anlise da varivelforma baseportadora

    de sufixo:

    Quadro 14: .reqncia da varivel forma base portadora de sufixoNvel de significncia:001

    Estabelecendo-se uma comparao dos valores expressos por esse quadro 14, com os doquadro 9, que apresentam os nmeros da mesma anlise aplicada aos itens recolhidos do jornalconsultado, pode-se observar que ocorre uma coincidncia, uma vez que a oscilao numricaentre os dois resultados pode ser considerada estatisticamente irrelevante: o quadro 9 apresenta155 ocorrncias do no com bases que apresentam sufixo, 18%, num total de 882 registros, compeso relativo de 45 e apresenta 44 ocorrncias de emprego do no, com .Bs no-sufixadas(20%) em 215 registros, com peso relativo de 70

    Verificou-se, portanto, um expressivo paralelo entre a linguagem jornalstica e o registrolexicogrfico, no sentido de que ambos apontam para o emprego do no como prefixo, o quefavorece a tese de gramaticalizao do no, defendida neste trabalho

    Consideraes finaisCom base nos estudos realizados, pode-se indicar, por um lado, que o no, sem abandonar

    a sua funo de advrbio, est se recategorizando como prefixo, o que est em conformidade

    com os princpios da estratificao e da divergncia, previstos na trajetria de um item lexical emprocesso de gramaticalizao

    No campo semntico evidencia-se a generalizao do sentido do no, (antes associadoapenas aos verbos); essa generalizao avana em direo aos adjetivos e substantivos, com ovalor de privao, falta de

    Atentando-se, portanto, para a observao de Bybee e Paliuca (1985:72) de que um itemlexical em processo de gramaticalizao caracterizado pela freqncia e generalizao do seuuso, pode-se defender que a gramaticalizao do no um fato evidente

    1 O cdigo que aparece ao lado de cada exemplo retirado do corpusrefere-se ao perodo e folha dojornal do qual o mesmo foi destacado

    2 O estudo das formas gramaticais como elementos em processo, no como objetos estticos3 Alm dos dois processos acima citados, Cmara Jr (1992:53) considera tambm o processo em quepalavras com a mesma raiz opem-se por prefixos de significao contrria; ex: excluirx incluir,progredirx regredir .oram includos, contudo, esses casos, na antonmia lexical, pois no se pode depreendernesses vocbulos uma forma base que possa funcionar, na lngua, de maneira autnoma, sem oprefixoAssim, por exemplo, no existe uma forma cluir, que funcione sem os prefixos ex- ou in-

    6XIL[R 1GHRFRUUrQFLDV7RWDO )UHTrQFLD 3HVRUHODWLYR

    3UHVHQoD

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