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Módulo de Sábado – Legislação Penal Especial – Renato Brasileiro– Material digitado e elaborado pelo monitor Willian Cortez Módulo de Sábado Disciplina: Legislação Penal Especial Prof. Renato Brasileiro Data 30.06.2012 MATERIAL DE APOIO – MONITORIA Índice 1. Transcrição da Aula 2. Jurisprudência Correlata 3. Simulados 4. Lousas Legislação Penal Especial 1. TRANSCRIÇÃO DA AULA Crime Previdenciários e Tributários 1. Vigência da Lei 9.983/00 CP: Crimes contra o INSS; 1.1 Apropriação Indébita Previdenciária – CP, art. 168-A Antes da Lei 9.983/00 – já havia previsão legal no art. 95, “d” da Lei 8.212/91, com pena de 2 a 6 anos Depois da Lei 9.983/00 – Criou novos crimes e deslocou outros para dentro do CP, art. 168-A – com pena de 2 a 5 anos – novatio legis in mellius (devendo retroagir aos crimes praticados antes da Lei 9.983/00); - Não houve abolitio criminis, aplicando o princípio da Continuidade Normativo Típica. Apropriação Indébita art. 168, CP Apropriação Indébita art. 168-A, CP Conduta: apropriar-se Conduta: deixar de repassar à previdência social as contribuições descontadas Crime Material (depende da produção do resultado) Crime omissivo próprio

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  • Mdulo de Sbado Legislao Penal Especial Renato Brasileiro Material digitado e elaborado pelo monitor Willian Cortez

    Mdulo de Sbado Disciplina: Legislao Penal Especial Prof. Renato Brasileiro Data 30.06.2012

    MATERIAL DE APOIO MONITORIA ndice 1. Transcrio da Aula

    2. Jurisprudncia Correlata

    3. Simulados 4. Lousas Legislao Penal Especial 1. TRANSCRIO DA AULA

    Crime Previdencirios e Tributrios

    1. Vigncia da Lei 9.983/00

    CP: Crimes contra o INSS;

    1.1 Apropriao Indbita Previdenciria CP, art. 168-A

    Antes da Lei 9.983/00 j havia previso legal no art. 95, d da Lei 8.212/91, com pena de 2 a 6 anos

    Depois da Lei 9.983/00 Criou novos crimes e deslocou outros para dentro do CP, art. 168-A com pena

    de 2 a 5 anos novatio legis in mellius (devendo retroagir aos crimes praticados antes da Lei 9.983/00);

    - No houve abolitio criminis, aplicando o princpio da Continuidade Normativo Tpica.

    Apropriao Indbita art. 168, CP Apropriao Indbita art. 168-A, CP

    Conduta: apropriar-se Conduta: deixar de repassar previdncia social as

    contribuies descontadas

    Crime Material (depende da produo do resultado) Crime omissivo prprio

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    Tipo Incongruente: aquele tipo penal onde no h

    uma perfeita adequao entre os elementos

    objetivos e subjetivos do tipo penal, caracteriza-se

    pela presena de um especial fim de agir

    (congruente assimtrico).

    Tipo Congruente: aquele crime que h uma

    perfeita adequao entre os elementos objetivos e

    subjetivos do tipo penal.

    Animus rem sibi habendi No o dolo especfico de rem sibi habendi

    Crime de mdio potencial ofensivo admite

    suspenso condicional do processo.

    Doutrina: Crime Formal*

    *STF (Inq. 2.537) art. 168-A: Omissivo Material,

    sendo portanto indispensvel a apropriao dos

    valores e inverso da posse. Sua persecuo penal

    depende da concluso do procedimento

    administrativo referente exigibilidade do tributo.

    Bem jurdico: Patrimnio Bem jurdico: Subsistncia financeira do INSS

    1.2 Estelionato Contra o INSS

    CP, art. 171, 3.

    - Natureza do Delito e prescrio:

    Quanto ao terceiro que implementa a fraude para que outra pessoa possa receber o benefcio: Crime

    instantneo de efeitos permanentes.

    Quanto ao beneficirio da fraude: Crime permanente, que se prolonga enquanto o INSS for mantido em

    erro (STF, HC 99.112).

    1.3 Falsidade de Documentos Destinados a Previdncia Social

    Lei 9.983/00 art. 297, 3 e 4 do CP.

    - O art. 297, caput: trata de falsidade de natureza material. J os 3 e 4 so de natureza ideolgica.

    Falsidade Material Falsum Ideolgico

    Recai sobre o aspecto externo Recai sobre o contedo intelectual do documento

    Falsum perpetrado por pessoa que no tem

    legitimidade para confeccionar o documento.

    Em regra essa falsidade perpetrada por pessoa

    que tem legitimidade para confeccionar o

    documento.

    - Quando o falsum (crime meio) se exaure no estelionato (ou na apropriao indbita previdenciria ou na

    sonegao de contribuio previdenciria), sem mais potencialidade lesiva, por este absorvido.

    - Smula 62 do STJ Foi elaborada antes da Lei 9.983/00 CP: art. 297, 3 e 4

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    Obs.: Se a falsa anotao na CTPS foi produzida para gerar efeitos perante o INSS a Justia Federal

    caber o julgamento do art. 297, 3; por outro lado, se o objeto no for o de produzir prova perante o

    INSS a competncia ser da Justia Estadual (STJ, CC 58.443).

    1.4 Sonegao de Contribuio Previdenciria (art. 337-A, CP)

    Crime de Material

    Lei 8.137/90 Crimes Contra a Ordem Tributria

    Art. 1 - Crimes Materiais

    Art. 2 - Crime Formal de aplicao residual.

    2. Sujeitos dos Crimes Tributrios

    Sujeito ativo*: crimes de natureza comum

    Art. 3 da Lei 8.137/90 Crimes prprios Funcionrio Pblico.

    * Pessoa Jurdica art. 173, 5 da CF: Crimes contra a Ordem Econmico Financeira.

    Art. 225, 3 da CF: Crimes Ambientais (Lei 9.605/98);

    A CF autoriza a responsabilizao da Pessoa Jurdica.

    Apesar da autorizao do Constituinte quanto aos crimes contra a ordem Econmico Financeira, a

    legislao ordinria contemplou apenas a responsabilidade das Pessoas Fsicas.

    * Agentes Polticos: a responsabilizao criminal por delitos contra a ordem tributria plenamente

    possvel, desde que evidenciada sua culpabilidade do agente.

    Art. 11 da Lei 9.639/98

    - Concedeu anistia aos agentes polticos art. 11, caput.

    - Ao poder judicirio no dado estender a anistia a outros acusados.

    - Art. 11, pargrafo nico, 9.639/98 demais responsveis. Apesar de publicado em 26.05.1998, no

    fora aprovado pelo Congresso Nacional.

    3. Principio da Insignificncia

    - Excluso da tipicidade material

    - Requisitos:

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    a) Mnima ofensividade da conduta;

    b) Nenhuma periculosidade social da ao;

    c) Reduzido grau de responsabilidade do comportamento;

    d) Inexpressividade da leso provocada.

    - Crimes Tributrios (quantum).

    Lei 10.522/02 art. 18, 1: R$ 100,00

    Art. 20 da Lei 10.522/02 R$ 10.000,00, tambm est sendo aplicado pelos Tribunais Superiores ao

    crime de Descaminho. Sendo o valor do Tributo incidente sobre as mercadorias apreendidas.

    - Esse quantum de R$ 10.000,00 para fins de insignificncia no vem sendo aplicado pelo STF

    apropriao indbita previdenciria (STF, HC 102.550).

    * Portaria MF 75/2012 Alterou o quantum para R$ 20.000,00.

    4. Acordo de Lenincia

    - Espcie de delao premiada em crimes contra a ordem econmica.

    - Lei 8.884/94 (arts. 35-B/ 35-C) alterada pela Lei 12.529/11 art. 86 e 87 (acordo de lenincia de

    natureza penal).

    5. Deciso Final do Procedimento Administrativo de Lanamento

    Art. 83 da Lei 9.430/96

    STF (ADI 1.571) ajuizada contra o art. 83 da Lei 9.430/96:

    1) o art. 83 no criou condio especfica da ao penal em relao a crimes tributrios;

    2) o art. 83 tem co destinatrio as autoridades fazendrias, prevendo o momento em que devem

    encaminhar ao MP notitia criminis de infrao tributria;

    3) o MP no est impedido de agir se por outros meios tomar conhecimento do lanamento definitivo.

    * Natureza jurdica:

    1 Corrente: Questo prejudicial heterognea (minoritria);

    2 Corrente: Funciona como elementar dos crimes materiais contra a ordem tributria (minoritria);

    2 Corrente: Condio objetiva de punibilidade apenas contra os crimes materiais contra a ordem

    tributria. Eventual crime meio.

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    Condio da Ao Condio Objetiva de Punibilidade

    Condio de procedibilidade: uma condio

    necessria para exerccio regular do direito de

    ao.

    Conceito: cuida-se de condio fixada pela Lei para

    que o fato se torne punvel porque independe do

    dolo ou da culpa do ante. Situa-se entre o preceito

    primrio e secundrio da norma penal

    incriminadora, condicionando o exerccio da

    pretenso punitiva.

    Genricas/Especficas

    Direito Processual Penal Direito Penal

    Consequncia da ausncia:

    - incio do processo: causa de rejeio da pea

    acusatria (art. 395, II do CPP);

    - durante o processo: anulao do feito ab initio

    (art. 564, II do CPP); ou extino do processo sem

    julgamento do mrito (CPC, 267, VI).

    Coisa julgada formal.

    Consequncia da ausncia:

    - O Estado no pode dar incio a persecuo penal

    (investigao/judicial).

    - Caso seja instaurada a persecuo penal,

    cabvel a impetrao de habeas corpus buscando o

    trancamento do processo (do inqurito).

    * Nas hipteses de concurso de crimes, a persecuo penal pode ser levada adiante quanto aos outros

    delitos.

    6. Pagamento e Parcelamento do Dbito Tributrio

    - Art. 14 Lei 8.137/90 revogado pela Lei 8.383/91

    - Lei 9.249/95 art. 34 pagamento at o recebimento da denncia: extino da punibilidade; o

    Tribunais passaram a entender que o Parcelamento tambm seria uma causa extintiva da punibilidade.

    - Lei 10.684/03 art. 9, 1 e 2 - Parcelamento: Suspenso da Prescrio e do Processo.

    Art. 9, 2: Pagamento extingue a punibilidade, ainda que se ocorrer durante o curso do processo (ATJ,

    APN 367).

    - Lei 11.371/06

    - Lei 11.941/09

    - Lei 12.382/11 (novatio legis im pejus) art. 83 da Lei 9.430/96 Parcelamento suspende a pretenso

    punitiva, desde que tenha sido formalizado antes do recebimento da denncia. Consequentemente, o

    pagamento feito quanto ao objeto do parcelamento causar a extino da punibilidade.

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    2. JURISPRUDNCIA CORRELATA

    2.1 - Processo: HC 99112 AM Relator(a): Min. MARCO AURLIO Julgamento: 20/04/2010 rgo

    Julgador:Primeira Turma Publicao: DJe-120 DIVULG 30-06-2010 PUBLIC 01-07-2010 EMENT VOL-

    02408-04 PP-01244

    Parte(s):JOS BATISTA DE SOUZA

    DEFENSORIA PBLICA DA UNIO

    SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIA

    Ementa

    PRESCRIO - CRIME INSTANTNEO E CRIME PERMANENTE - PREVIDNCIA SOCIAL - BENEFCIO -

    RELAO JURDICA CONTINUADA - FRAUDE.

    Enquanto a fraude perpetrada por terceiro consubstancia crime instantneo de efeito permanente, a

    prtica delituosa por parte do beneficirio da previdncia, considerada relao jurdica continuada,

    enquadrvel como permanente, renovando-se ante a periodicidade do benefcio.

    2.2 - Processo:

    RHC 112941 DF Relator(a): Min. CRMEN LCIA Julgamento: 13/04/2012 Publicao: DJe-076 DIVULG

    18/04/2012 PUBLIC 19/04/2012

    Parte(s):

    ANSELMO BATSCHAUER

    LUIS BATSCHAUER

    REGIANE DA SILVA SOUZA

    MINISTRIO PBLICO FEDERAL

    PROCURADOR-GERAL DA REPBLICA

    Deciso

    RECURSO ORDINRIO EM HABEAS CORPUS. APROPRIAO INDBITA PREVIDENCIRIA. AUSNCIA DE

    PLAUSIBILIDADE JURDICA. MEDIDA LIMINAR INDEFERIDA. INFORMAES. VISTA AO PROCURADOR-

    GERAL DA REPBLICA.Relatrio 1. Recurso ordinrio em habeas corpus, com pedido de medida liminar,

    interposto por ANSELMO BATSCHAUER e LUIS BATSCHAUER contra acrdo da Quinta Turma do Superior

    Tribunal de Justia proferido, em 19.5.2011, no julgamento do Habeas Corpus n.197.169, Relatora a

    Ministra Laurita Vaz, compldo pelo julgamento dos embargos de declarao, rejeitados em 20.10.2011.O

    caso 2. Tem-se nos autos que, em 6.5.2008, o juzo da 1 Vara Federal da Subseo Judiciria de

    Joinville/SC condenou cada um dos Recorrentes pena de 2 anos e 11 meses de recluso, a ser cumprida

    em regime semi-aberto, sem substituio por pena restritiva de direito, e 70 dias-multa, pela prtica do

    delito previsto no art. 168-A, 1, inc. I, c/c art. 71 do Cdigo Penal. Aos Recorrentes foi assegurado o

    direito de recorrer em liberdade. 3. A defesa dos Recorrentes interps a Apelao Criminal n.

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    2003.72.01.002498-7, qual a Oitava Turma do Tribunal Regional Federal da 4 Regio deu parcial

    provimento "para determinar o cumprimento das penas em regime inicial aberto": "PENAL E PROCESSUAL

    PENAL. APROPRIAO INDBITA PREVIDENCIRIA. ARTIGO 168-A, 1, I, DO CDIGO PENAL. INPCIA

    DA DENNCIA. INOCORRNCIA. PRISO CIVIL POR DVIDA. NO CONFIGURAO. PAGAMENTO

    INTEGRAL. EXTINO DA PUNIBILIDADE. NO OCORRNCIA.MATERIALIDADE, AUTORIA E DOLO

    DEMONSTRADOS. DIFICULDADES FINANCEIRAS. EXCLUDENTE DE CULPABILIDADE NO COMPROVADA.

    LITIGNCIA DE M-F. NO CARACTERIZAO. DOSIMETRIA. PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE

    INFERIORES A QUATRO ANOS DE RECLUSO. CONDENADOS NO REINCIDENTES. REGIME INICIAL

    ABERTO. ARTIGO 33, 2, C, DO CDIGO PENAL. SUBSTITUIO. CRITRIO DA SUFICINCIA. NO

    ATENDIMENTO. ARTIGO 44, INCISO II, DO CDIGO PENAL. No est configurada a inpcia da inicial

    quando a pea acusatria, de forma clara, descreve os fatos criminosos, apresenta a qualificao dos

    denunciados e a classificao dos delitos, preenchendo, assim, os requisitos do artigo 41 do Cdigo de

    Processo Penal. A conduta incriminada no art. 168-A do Cdigo Penal no se confunde com a

    inadimplncia de natureza civil, resultando que eventual priso no decorrer de dvida, mas do

    descumprimento de uma obrigao legal - recolhimento das contribuies descontadas dos salrios dos

    empregados no prazo da lei (aplicao da Smula n. 65 deste Tribunal). A extino da punibilidade pelo

    pagamento, prevista no art. 9, 2, da Lei n. 10.684/2003, somente pode ser reconhecida quando

    adimplido o valor total do dbito, incluindo os juros e a multa. Configurada a materialidade e a autoria do

    crime previsto no artigo 168-A do Estatuto Repressivo no caso de as provas dos autos demonstrarem que

    o agente, frente do seu empreendimento, deixou de repassar ao INSS os valores relativos reteno

    das contribuio previdenciria de seus empregados. Tratando-se de delito omissivo-formal a

    caracterizao do tipo subjetivo nos crimes de omisso de recolhimento de contribuies previdencirias

    independe da inteno especfica de auferir proveito (animus rem sibi habendi), pois o que se tutela no

    a apropriao das importncias, mas o seu regular repasse ao INSS. imprescindvel, para que as

    dificuldades financeiras possam configurar inexigibilidade de conduta diversa, que a defesa apresente

    provas contundentes da insolvncia do empreendimento. A interposio de recursos ou de peties

    desprovidos de teses e contedo relevante para o deslinde do processo, bem como a reiterada no

    localizao das testemunhas, so insuficientes para a caracterizao da m-f processual quando no

    acarretam significativo prejuzo ao andamento do feito, porquanto representam o exerccio da garantia

    constitucional da ampla defesa. A reclassificao pela Corte recursal de alguns dos elementos empregados

    no juzo monocrtico para fundamentar a exacerbao da pena nas etapas do sistema trifsico no

    acarreta prejuzo algum aos demandados quando remanesce observado o limite final da reprimenda

    estabelecida a quo. Precedentes do Supremo Tribunal Federal. Os rus no reincidentes condenados a

    pena privativa de liberdade inferior a quatro anos de recluso podem cumpri-las em regime inicial aberto,

    a teor do disposto no artigo 33, 2, c, do Estatuto Repressivo. Substituio das sanes corporais

    obstadas pelo critrio da suficincia insculpido no artigo 44, inciso II, do Cdigo Penal por terem os

    corrus personalidades voltadas a prtica de delitos". 4. Contra esse acrdo foi impetrado o Habeas

    Corpus n. 197.169, Relatora a Ministra Laurita Vaz, do Superior Tribunal de Justia. Em

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    19.5.2011, a Quinta Turma concedeu parcialmente a ordem para reduzir a pena imposta a cada

    Recorrente para 2 anos,7 meses e 15 dias de recluso: "HABEAS CORPUS. CRIME DE APROPRIAO

    INDBITA DE CONTRIBUIO PREVIDENCIRIA. ART. 59 DO CDIGO PENAL. FIXAO DAS PENAS-BASE

    ACIMA DO MNIMO LEGAL. PERSONALIDADE DOS RUS. INEXISTNCIA DE MOTIVAO CONCRETA.

    ORDEM CONCEDIDA PARCIALMENTE. 1. Conforme entendimento desta Corte, inquritos policiais e aes

    penais em andamento no podem utilizados como fundamento para majorao da pena-base, a ttulo de

    maus antecedentes, m conduta social e personalidade voltada para o crime. 2. Apesar do indevido

    agravamento da pena-base pela personalidade dos rus, o acrdo impugnado reconheceu corretamente

    que as consequncias do crime so desfavorveis aos Pacientes, uma vez que os danos infligidos

    Seguridade Social foram considerveis, de forma apta a elevar a reprimenda um pouco acima do mnimo

    legal. 3. Ordem concedida parcialmente para reduzir a pena aplicada aos Pacientes [para 2 anos, 7 meses

    e 15 dias de recluso], mantido o regime aberto fixado pela acrdo. Prejudicado o pedido de

    reconsiderao da deciso que indeferiu a liminar" (grifos nossos). 5. Esse acrdo foi objeto de

    embargos de declarao, rejeitados em 20.10.2011: "EMBARGOS DE DECLARAO NO HABEAS CORPUS.

    CRIME DE APROPRIAO INDBITA DE CONTRIBUIO PREVIDENCIRIA. ART. 59 DO CDIGO PENAL.

    FIXAO DAS PENAS-BASE ACIMA DO MNIMO LEGAL. OMISSO. INEXISTNCIA. REDISCUSSO DA

    MATRIA. OPOSIO PARA FINS DE PREQUESTIONAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. 1. Os embargos de

    declarao destinam-se a suprir omisso, afastar obscuridade ou eliminar contradio existente no

    julgado. Dessa forma, a pretenso de rediscutir matria devidamente analisada e decidida,

    consubstanciada na mera insatisfao com o resultado da demanda, invivel na via dos aclaratrios. 2.

    Ademais, os prprios Embargantes admitem sustentar omisso no acrdo para fins de

    prequestionamento, com o intuito de interpor recurso ordinrio constitucional, o que no se coaduna com

    a via eleita. 3. Embargos de declarao rejeitados". 6. Os Recorrentes interpem o presente recurso

    ordinrio em habeas corpus, no qual alegam que: a) no teria sido demonstrado nas instncias

    antecedentes o prejuzo Previdncia, que seria indispensvel incidncia do tipo penal do art. 168-A,

    1, inc. I, do Cdigo Penal. Ressaltam que teria sido considerada a existncia do prejuzo pelo mero no

    recolhimento dos valores devidos, quando seria necessrio o exame da "impugnao do auto de infrao,

    recurso voluntrio, e oferta de penhora na execuo fiscal, pois, na presena destes, tais prejuzos e

    danos, tributariamente, s poderiam existir ao final do processo de execuo fiscal". Afirmam ter havido

    omisso da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justia ao no apreciar tais alegaes. b) preencheriam

    os requisitos previstos no art. 44 do Cdigo Penal para a substituio da privativa de liberdade pela

    restritiva de direitos e ter havido omisso da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justia ao no

    apreciar alegaes referentes a essa matria. c) a Quinta Turma do Superior Tribunal de Justia teria

    deixado de apreciar suposto erro material no julgado proferido pelo Tribunal Regional Federal da 4

    Regio, que assentou o no cumprimento do disposto no inc. II do art. 44 do Cdigo Penal em razo da

    personalidade dos condenados, quando esse dispositivo trata de reincidncia. d) o "agravamento da pena

    base em razo dos danos causados a Previdncia constitui indevido bis in idem por erigir o crime sob si

    prprio, como tambm pelo aspecto temporal, posteriormente utilizado para justificar o

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    aumento pela continuao delitiva". Ressalta que a Quinta Turma do Superior Tribunal de Justia no

    examinou essa alegao. e) a "5 Turma do E. STJ, ao manter a deciso da E. Corte Regional quanto ao

    regime inicial aberto com base na personalidade dos rus, incorreu em contradio, pois tal elemento j

    tinha sido rechaado em trecho anterior do decisum". f) os embargos de declarao "possuem objetivo de

    aclarar deciso, tratando-se de contradies, obscuridades e omisses e para as questes que devam ser

    melhores norteadas, aquelas mencionadas no artigo 463 do CPC". Dessa forma, afirmam que,

    por"questo de prudncia, torna-se conveniente que a parte apresente os embargos de declarao, ainda

    que o fim seja de atingir efeitos modificativos, tampouco importando que a deciso seja definitiva ou no,

    final ou interlocutria". Este o teor dos pedidos: "Presente o fumus boni iuris e o periculum in mora,

    requer-se o deferimento da medida liminar da presente ordem, mantendo a eficcia do deferimento da

    liminar at a deciso definitiva do presente writ; Pugna a defesa para que seja apreciado o presente

    Recurso Ordinrio em Habeas Corpus e ao fim concedida a ordem para: I) Determinar a devoluo dos

    autos a colenda 5 Turma do E. STJ, para que todos os mritos dos Embargos de Declarao sejam

    apreciado em sua ntegra. Caso no seja este o entendimento de Vossa Excelncia, requer-se: II) Acolher

    os argumentos da defesa, pela modificao da deciso que manteve o aumento da pena base em 3 (trs)

    meses acima do mnimo legal, por reconhecimento da inexistncia de danos infligidos a Previdncia,

    agravando a pena base pelas consequncias do crime, em razo de danos/prejuzos inexistentes a

    Previdncia, de sorte a eliminar o bis in idem, eis que a sentena e o Acordo regional erigiram o crime

    sob si prprio), por tais danos/prejuzos j fazerem parte integral da tipologia da norma contida no art.

    168-A, 1, I, do CP, para fixar a pena-base no mnimo legal de 2 (dois) anos. III) Acolher os

    argumentos lanados pela defesa, pela aplicao de penas alternativas, nos termos do art. 44 do CP, eis

    que o elemento valorativo de personalidade dos rus j tinha sido afastado anteriormente no respeitvel

    voto, assim no servindo para agravar o regime inicial de cumprimento da pena, frente ao erro material

    contido no Acordo regional eis que inexistem aes penais com trnsito em julgado final, para aplicar as

    penas alternativas, com base no inciso II do art. 44 do CP". Examinada a matria posta apreciao,

    DECIDO. 7. Neste exame preambular, a exposio dos fatos e a verificao das circunstncias presentes e

    comprovadas na ao conduzem ao indeferimento da medida liminar requerida, no se verificando, de

    plano, plausibilidade jurdica dos argumentos apresentados na inicial. 8. Quanto s alegaes referentes

    demonstrao do prejuzo Previdncia e ao no exaurimento na via administrativa da discusso dos

    valores no recolhidos, tem-se na sentena condenatria: "1.1 Alega ainda a defesa dos rus, a ausncia

    de condio de procedibilidade, consistente na prejudicialidade do procedimento administrativo-tributrio.

    No desconheo a recente deciso do STF no julgamento do HC 2537 (rel. Ministro Maro Aurlio, jul.

    10.03.2008), entendendo que o crime de apropriao indbita previdenciria no consubstancia crime

    formal, mas omissivo material, exigindo a definitiva constituio do crdito tributrio para fins de

    persecuo penal. No caso dos autos, porm, o crdito tributrio apurado na NFLD n. 35.339.733-4, que

    deu origem denncia, j restou devidamente constitudo (fl. 1092). Consta dos autos que a impugnao

    apresentada pelos acusados na esfera administrativa foi julgada improcedente, mantendo o lanamento

    fiscal (fls. 1087/1089). A deciso administrativa transitou em julgado em 04.10.2002 (fl.

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    1092), havendo, destarte,a constituio definitiva do crdito tributrio. Observo, por oportuno, que a

    denncia foi recebida em 04.08.2004 (fls. 739/745), posteriormente, portanto, constituio definitiva do

    crdito tributrio. (...) 3. Extino da punibilidade em referncia NFLD n. 35.339.733-4 com a aplicao

    do art. 34 da Lei 9.249/95 c/c Lei n. 9.964/00 e Extino pela Novao - Transao. Dispe o artigo 34 da

    Lei n. 9.249/95 que se extingue a punibilidade dos crimes definidos na Lei n. 8.137, de 27 de dezembro

    de 1990, e na Lei n. 4.729, de 14 de julho de 1965, quando agente promover o pagamento do tributo ou

    contribuio social,inclusive acessrios, antes do recebimento da denncia. Por sua vez, o artigo 15,

    pargrafo 3 da lei n. 9.964/00, estabelece que suspensa a pretenso punitiva do Estado, referente aos

    crimes previstos nos arts. 1 e 2 da Lei n. 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e no art. 95 da Lei n.

    8.212,de 24 de julho de 1991, durante o perodo em que a pessoa jurdica relacionada com o agente dos

    aludidos crimes estiver includa no Refis, desde que a incluso no referido Programa tenha ocorrido antes

    do recebimento da denncia criminal. O 3 do mesmo artigo prev que se extingue a punibilidade dos

    crimes referidos neste artigo quando a pessoa jurdica relacionada com o agente efetuar o pagamento

    integral dos dbitos oriundos de tributos e contribuies sociais, inclusive acessrios, que tiverem sido

    objeto de concesso de parcelamento antes do recebimento da denncia criminal. A causa de extino da

    punibilidade do art. 34 da Lei n. 9.249/95 o pagamento integral do dbito, o que no ocorreu no caso

    dos autos, tendo em vista que no h sequer prova nos autos de que a empresa tenha aderido a qualquer

    espcie de parcelamento. Muito pelo contrrio, a Procuradoria Federal informa fl. 1057, que no consta

    qualquer espcie de parcelamento em relao ao crdito tributrio consubstanciado na NFLD n.

    35.339.733-4. () Os rus aduzem, ainda, que foram optantes do REFIS e que desta forma os crditos

    nele includos so considerados novao de dvida, passando-se a existir novo dbito, extinto o anterior e,

    que a adeso ao parcelamento regulariza a situao do contribuinte perante o Fisco, desse modo, opera-

    se a extino da punibilidade, com a extino do crdito consolidado em nova dvida, para todos os

    contribuintes optantes desta forma de parcelamento. Em que pesem as alegaes dos rus de terem

    optado poca prpria pelo Programa de Recuperao Fiscal institudo pela Lei n. 9.964/00, vejo que os

    crditos que deram ensejo a esta ao penal (NFLD n. 35.339.733-4), no foram, em nenhum

    momento,includos em qualquer modalidade de parcelamento, como ressalta a autarquia previdenciria

    fl. 1057, restando devidamente constitudos. O REFIS foi institudo em abril de 2000 com a publicao da

    Lei n. 9.964/00, possibilitando aos contribuintes o parcelamento dos crditos tributrios devidos em prazo

    dilatado e sistema de amortizao especial. Possibilitou, inclusive, o parcelamento de crditos oriundos de

    reteno das contribuies previdencirias (art. 1, in fine), o que seria o enquadramento para os crditos

    dos autos. Entretanto, referida lei estabeleceu condies e limitaes ao alcance do parcelamento. O

    parcelamento, como favor fiscal, pode limitar seu alcance, estipular prazo para pagamento livremente e

    condies para o enquadramento do contribuinte, obedecidos os princpios que regem a administrao

    pblica. Assim, temos como limitao imposta pela prpria Lei n. 9.964/00, em seu artigo 1, que os

    crditos passveis de incluso nesta modalidade de parcelamento seriam somente aqueles com

    vencimento at 29 de fevereiro de 2000 (). A Lei n. 10.189/01 ainda estabeleceu outra forma de

    parcelamento agregado ao REFIS, cujos crditos tenham vencimento at 15 de setembro de

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    2000 (). Ocorre que os fatos geradores da NLFD n. 35.339.733-4 compreendem, respectivamente, as

    competncias agosto de 2001; outubro a dezembro de 2001, inclusive dcimo terceiro do ano de 2001,

    com seus vencimentos datados para o dia 02 do ms seguinte ocorrncia do fato gerador, conforme

    dispunha poca o art. 30, inciso I, alnea b da Lei n. 8.212/91 (alterado o prazo ali estipulado pela Lei n.

    11.488 de 15 de junho de 2007). Esto seus vencimentos, desse modo, colocados muito alm da

    abrangncia do REFIS, razo pela qual no foram, e nem poderiam ter sido, includos naquele Programa.

    Ainda, no s vedada a incluso de crditos posteriores quela data neste parcelamento, como a

    existncia para o contribuinte optante de crditos constitudos e no pagos aps a data legalmente

    estipulada, importar em sua excluso do parcelamento especial (). Entendo que ainda que o resultado

    naturalstico no seja exigido para a configurao do tipo do art. 168-A, 1, inciso I, sempre que o

    contribuinte, deliberadamente, deixa de recolher importncia retida aos cofres da autarquia

    previdenciria,configura-se dano efetivo seguridade social, pela simples ausncia da entrada daqueles

    valores. Desse modo, o resultado dano seguridade social justifica, por si s, a tutela penal estipulada

    pelo Estado, que se v obstado, pela conduta dos rus, em cumprir sua funo de guarida social, cuja

    finalidade neste caso, em ltima anlise, assegurar a existncia digna de seus cidados. Ademais, o

    bem juridicamente tutelado pelo tipo do art. 168-A e pargrafo, no se limita ao caixa da Seguridade

    Social, mas, secundariamente, tutela-se tambm a ordem tributria, vez que referidas contribuies tm

    natureza tributria e esto insertas no sistema tributrio nacional. So, ambos, bens jurdicos

    constitucionalmente assegurados merecedores da proteo penal, que abarca, cada vez mais, valores

    difusos e coletivos, como a ordem econmica, a sade e o meio ambiente. Assim, a alegao de que o

    Estado visa, pelo tipo do art. 168-A, punir o sonegador, na sua essncia, descabida, vez que o que se

    tutela diretamente a subsistncia financeira da Previdncia Social e indiretamente, a funo estatal

    compreendida na seguridade social, e a ordem tributria. () Crimes tributrios como os que se imputam

    aos acusados nestes autos lesam gravemente o patrimnio da Previdncia Social, atingindo indiretamente

    os contribuintes que tm suas contribuies recolhidas e no repassadas a quem de direito - ainda mais

    se tendo em conta o considervel valor das contribuies que deveriam ter sido repassadas Previdncia:

    aproximadamente R$ 328.411,17 (trezentos e vinte e oito mil, quatrocentos e onze reais e dezessete

    centavos), consolidado pela LDC n. 35.339.733-4,em 28.06.2002" (grifos nossos). Esses fundamentos

    foram corroborados nas instncias antecedentes. Dessa forma no h se falar, pelo menos neste exame

    inicial e precrio, em qualquer reflexo no processo penal pelo que viria a ocorrer na via administrativa,

    pois se afirmou a constituio do crdito tributrio quanto aos valores no recolhidos e o no

    parcelamento para seu pagamento. 9. Com relao necessidade de demonstrao de prejuzo,

    considerado o tipo penal do art. 168-A, 1, inc. I, do Cdigo Penal, este Supremo Tribunal assentou:

    "PENAL. HABEAS CORPUS. OMISSO NO RECOLHIMENTO DE CONTRIBUIES PREVIDENCIRIAS (ART.

    95, D, DA LEI N 8.212/91, ATUALMENTE PREVISTO NO ART. 168-A DO CDIGO PENAL). PRINCPIO DA

    INSIGNIFICNCIA. REQUISITOS AUSENTES. REPROVABILIDADE DO COMPORTAMENTO. DELITO QUE

    TUTELA A SUBSISTNCIA FINANCEIRA DA PREVIDNCIA SOCIAL, BEM JURDICO DE CARTER

    SUPRAINDIVIDUAL. ORDEM DENEGADA. 1. O princpio da insignificncia incide quando

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    presentes, cumulativamente, as seguintes condies objetivas: (a) mnima ofensividade da conduta do

    agente, (b) nenhuma periculosidade social da ao, (c) grau reduzido de reprovabilidade do

    comportamento, e (d) inexpressividade da leso jurdica provocada. Precedentes: HC 104403/SP, rel. Min.

    Crmen Lcia, 1 Turma,DJ de 1/2/2011; HC 104117/MT, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 1 Turma, DJ

    de 26/10/2010; HC 96757/RS, rel. Min. Dias Toffoli, 1 Turma, DJ de 4/12/2009; HC 97036/RS, rel. Min.

    Cezar Peluso, 2 Turma, DJ de 22/5/2009; HC 93021/PE, rel. Min. Cezar Peluso,2 Turma, DJ de

    22/5/2009; RHC 96813/RJ, rel. Min. Ellen Gracie, 2 Turma, DJ de 24/4/2009. 2. In casu, os pacientes

    foram denunciados pela prtica do crime de apropriao indbita de contribuies previdencirias no valor

    de R$ 3.110,71 (trs mil,cento e dez reais e setenta e um centavos). 3. Deveras, o bem jurdico tutelado

    pelo delito de apropriao indbita previdenciria a subsistncia financeira Previdncia Social,

    conforme assentado por esta Corte no julgamento do HC 76.978/RS, rel.Min. Maurcio Corra ou, como

    leciona Luiz Regis Prado, o patrimnio da seguridade social e, reflexamente, as prestaes pblicas no

    mbito social (Comentrios ao Cdigo Penal, 4. ed. - So Paulo: RT, 2007, p. 606). 4. Consectariamente,

    no h como afirmar-se que a reprovabilidade da conduta atribuda ao paciente de grau reduzido,

    porquanto narra a denncia que este teria descontado contribuies dos empregados e no repassado os

    valores aos cofres do INSS, em prejuzo arrecadao j deficitria da Previdncia Social, configurando

    ntida leso a bem jurdico supraindividual. O reconhecimento da atipicidade material in casu implicaria

    ignorar esse preocupante quadro. Precedente: HC 98021/SC, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 1 Turma,DJ

    de 13/8/2010. 5. Parecer do MPF pela denegao da ordem. 6. Ordem denegada" (HC 102.550, Rel. Min.

    Luiz Fux, DJe 8.11.2011 -grifos nossos). 10. Quanto substituio da pena privativa de liberdade imposta

    aos Recorrentes pela restritiva de direitos, tem-se na sentena condenatria: "A Lei n. 9.714/98 ampliou

    o rol das modalidades de penas restritivas de direito, dando nova redao ao art. 44 do CP e

    condicionando a substituio das penas privativas de liberdade por penas restritivas de direito aos

    seguintes requisitos: I - aplicada pena privativa de liberdade no superior a quatro anos e o crime no foi

    cometido com violncia ou grave ameaa pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada se o crime for

    culposo; II - o ru no for reincidente em crime doloso; III - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta

    social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstncias indicarem que essa

    substituio seja suficiente. Nota-se que as circunstncias arroladas no inciso II guardam semelhana

    com as do art. 59 do CP, utilizados na fixao da pena. Desse modo, como exposto anteriormente,

    entendo que as circunstncias no indicam que a substituio seja suficiente condenao dos rus, ante

    a alta reprovabilidade da conduta perpetrada pelos mesmos e a prtica reiterada do mesmo delito. Como

    j exposto alhures, o delito causa consequncias diretas (ordem tributria e subsistncia financeira da

    Seguridade Social) e, principalmente indiretas (prejudica a funo estatal de provimento social aos seus

    cidados). Desse modo, temos que a vtima, indireta, no individualizada, mas coletiva, vez que a

    conduta dos rus traz prejuzo sociedade, merecendo repreenso proporcional leso causada. Vale

    ressaltar que o ordenamento admite a dupla funo da pena, reprimir e prevenir, devendo, portanto, a

    pena ser fixada de forma a punir o agente pela conduta e tambm para trazer ao ncleo social a

    preveno de que o crime punido de forma proporcional e adequada. Desta forma, tenho que

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    no caso dos autos no possvel substituir-se a pena privativa de liberdade por penas restritivas de

    direito, por no preencher os requisitos do art. 44 do CP e pelas razes acima aduzidas". O Tribunal

    Regional Federal da 4 Regio assentou: "Por fim entendo incabvel a substituio da pena privativa de

    liberdade dos recorrentes por penas restritivas de direitos, porquanto, em que pese terem preenchido o

    requisito temporal previsto no artigo 44, inciso I, do Estatuto Repressivo, o critrio da suficincia,

    insculpido no inciso II do dispositivo legal em comento, no restou atendido em funo da personalidade

    dos acusados". Ao julgar os embargos de declarao opostos contra o julgamento proferido no Habeas

    Corpus n. 197.169, a Quinta Turma do Superior Tribunal de Justia decidiu: "[I]ndependentemente do

    fundamento utilizado pelo acrdo impugnado, a substituio da pena privativa de direitos na hiptese

    no se mostra possvel na espcie, tanto pelo reconhecimento de circunstncias judiciais desfavorveis

    quanto por no ser socialmente recomendvel, uma vez que os elementos instrutrios revelam que os

    Pacientes praticava habitualmente o crime de apropriao indbita de contribuies previdencirias. Com

    efeito, o reconhecimento de circunstncias judiciais desfavorveis indicam que os Condenados, ainda que

    sejam primrios, no preenchem os requisitos previstos no art. 44, inciso III, do Cdigo Penal. Por fim, o

    aumento pela continuidade delitiva foi fixado no mnimo legal, nada havendo a reparar no acrdo

    vergastado". Portanto, embora possa parecer ter havido erro material no acrdo do Tribunal Regional

    Federal da 4 Regio, ao fazer meno da personalidade e referir-se ao inciso II do art. 44 do Cdigo

    Penal, as instncias antecedentes consideraram que os Recorrentes no preenchem todos os requisitos

    para a substituio da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos. Concluir pela substituio

    somente seria possvel com a realizao de novo juzo de reprovabilidade do fato, ao que no se presta o

    procedimento sumrio e documental do habeas corpus (HC 103.742, de minha relatoria, DJe 25.11.2010;

    HC 87.684, Rel.Min. Seplveda Pertence, DJ 25.8.2006; HC 88.132, Rel. Min. Seplveda Pertence, DJ

    2.6.2006; e RHC 90.525, Rel. Min. Seplveda Pertence, DJ 25.5.2007). 11. Quanto s demais questes

    postas, ressalto que a liminar medida inicial e precria, que no completa a jurisdio antes do exame

    de todos os elementos necessrios ao convencimento do julgador e concluso do julgado. Da sobrevm

    a necessidade de anlise da questo de forma mais detida, aps a complementao da instruo do

    pedido com as informaes a serem prestadas pelo juzo da 1 Vara Federal da Subseo Judiciria de

    Joinville/SC, pelo Tribunal Regional Federal da 4 Regio e pela Ministra Laurita Vaz, do Superior Tribunal

    de Justia, Relatora do Habeas Corpus n. 197.169, e com o parecer do Procurador-Geral da Repblica. 12.

    Pelo exposto, indefiro a medida liminar requerida. Oficie-se ao juzo da 1 Vara Federal da Subseo

    Judiciria de Joinville/SC, ao Tribunal Regional Federal da 4 Regio e Ministra Laurita Vaz, do Superior

    Tribunal de Justia, Relatora do Habeas Corpus n. 197.169, para, com urgncia e por fax,prestarem

    informaes pormenorizadas quanto s alegaes apresentadas no presente recurso e fornecerem cpia

    dos documentos que considerarem pertinentes. Remeta-se, com os ofcios a serem enviados, com

    urgncia e por fax, cpia do presente recurso ordinrio em habeas corpus e da presente deciso. 13.

    Prestadas as informaes, vista ao Procurador-Geral da Repblica. Publique-se. Braslia, 13 de abril de

    2012.Ministra CRMEN LCIA Relatora.

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    3. Simulado

    3.1 - CESPE - 2012 - STJ - Analista Judicirio - rea Judiciria - No que concerne ao direito penal,

    julgue os itens que se seguem.

    Praticar crime contra a ordem tributria o gerente de empresa que elevar o valor de venda a prazo de

    determinados bens mediante cobrana de comisso considerada ilegal.

    Certo Errado

    3.2 - PC-RJ - 2008 - PC-RJ - Inspetor de Polcia - O Supremo Tribunal Federal decidiu que os crimes

    previstos no art. 1 da Lei 8.137/90 so crimes materiais. Isso significa que:

    a) preciso aguardar o trmino do procedimento administrativo-fiscal em que seja constatada a efetiva

    reduo ou supresso do tributo para ajuizar a ao penal por crime de sonegao fiscal.

    b) preciso que a denncia venha acompanhada de laudo pericial subscrito por dois peritos oficiais

    atestando a falsificao da Certido Negativa de Dbitos Fiscais.

    c) o autor do crime ter a pena aumentada em 1/3 a 2/3.

    d) no ser instaurado inqurito para apurao da conduta do funcionrio que patrocinar, direta ou

    indiretamente, interesse privado perante a administrao fazendria, valendo-se da qualidade de

    funcionrio pblico.

    e) a lei foi revogada.

    3.3 - CESPE - 2011 - TRF - 1 REGIO Juiz - Em relao ao crime de apropriao indbita

    previdenciria e ao delito de sonegao de contribuio previdenciria, assinale a opo correta.

    a) Caracteriza-se sonegao previdenciria quando o agente deixa de recolher, no prazo e na forma legal,

    contribuio ou outra importncia que, destinada previdncia social, tenha sido descontada de

    pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do pblico ou, ainda, que tenha integrado

    despesas contbeis ou custos relativos venda de produtos ou prestao de servio.

    b) Dispe o CP, de forma expressa, a possibilidade de se conceder o perdo judicial, previsto na parte

    especial do cdigo, ou somente a aplicao da pena de multa ao crime de sonegao previdenciria se o

    agente for primrio e de bons antecedentes e desde que tenha promovido, aps o incio da ao fiscal e

    antes de recebida a denncia, o pagamento integral ou parcelamento da contribuio social

    previdenciria, incluindo-se acessrios.

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    c) Nos termos do entendimento jurisprudencial estabelecido nos tribunais superiores, o crime de

    apropriao indbita previdenciria considerado delito omissivo prprio, em todas as suas modalidades,

    e consuma-se no momento em que o agente deixa de recolher as contribuies, depois de ultrapassado o

    prazo estabelecido na norma de regncia, sendo, portanto, desnecessrio o animus rem sibi habendi.

    d) Em relao aos crimes de apropriao indbita e de sonegao previdenciria, preconiza o CP que

    devem ser suspensas a pretenso punitiva e a prescrio penal, desde que haja parcelamento do dbito e

    os pedidos sejam formalizados e aceitos antes do recebimento da denncia criminal, uma vez que,

    quitados integralmente os dbitos, inclusive os acessrios, objeto de parcelamento, extingue-se a

    punibilidade.

    e) Nos crimes de apropriao indbita previdenciria, assegura a lei, de forma expressa, a incidncia da

    causa extintiva da punibilidade se o agente, espontaneamente, declarar e confessar as contribuies,

    importncias ou valores e prestar as informaes devidas previdncia social, na forma definida em lei ou

    regulamento, antes do incio da ao fiscal.

    3.4 - CESPE - 2011 - TRF - 5 REGIO - Juiz - No que concerne s leis penais especiais e aos crimes

    contra a seguridade social, assinale a opo correta.

    a) Encontra-se pacificada a jurisprudncia dos tribunais superiores no sentido de que o crime de

    estelionato contra a previdncia social de natureza permanente, de forma que o termo inicial do prazo

    prescricional ocorre com a cessao do recebimento do benefcio previdencirio.

    b) A formao de quadrilha armada para evitar invases rurais de integrantes de movimento de

    trabalhadores sem terra configura crime contra a segurana nacional e afeta diretamente interesse da

    Unio, ente responsvel por conduzir a poltica fundiria nacional.

    c) Para a configurao da conduta consistente em ocultar a natureza ou a origem de bens, direitos ou

    valores provenientes, direta ou indiretamente, de crime, exige-se prova da participao do acusado no

    delito antecedente.

    d) No se admite a aplicao do princpio da insignificncia em relao ao funcionamento de estao de

    rdio no perodo de dois meses entre o vencimento de licena ambiental e a concesso, em definitivo, de

    nova autorizao pela autoridade administrativa.

    e) O delito de apropriao indbita previdenciria, previsto no art. 168-A do CP, omissivo prprio,

    dispensando-se, para a sua caracterizao, qualquer especial fim de agir.

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    Gabarito:

    3.1 Errado 3.2 A 3.3 C 3.4 E

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    5. LOUSAS

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