le sc 14.675 2009 - código est do meio ambiente - sc

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    LEI N 14.675, de 13 de abril de 2009

    Institui o Cdigo Estadual do Meio Ambiente e estabelece outras providncias.

    O GOVERNADOR DO ESTADO DE SANTA CATARINA, Fao saber a todos os habitantes deste Estado que a Assemblia

    Legislativa decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

    TTULO I DAS DISPOSIES GERAIS

    Art. 1 Esta Lei, ressalvada a competncia da Unio e dos Municpios, estabelece normas aplicveis ao Estado de Santa Catarina, visando proteo e melhoria da qualidade ambiental no seu territrio.

    Pargrafo nico. Ficam excludas deste Cdigo as seguintes Polticas Estaduais:

    I - de Educao Ambiental;

    II - de Recursos Hdricos; e

    III - de Saneamento.

    Art. 2 Compete ao Poder Pblico Estadual e Municipal e coletividade promover e exigir medidas que garantam a qualidade do meio ambiente, da vida e da diversidade biolgica no desenvolvimento de sua atividade, assim como corrigir ou fazer corrigir os efeitos da atividade degradadora ou poluidora.

    Pargrafo nico. dever do cidado informar ao Poder Pblico Estadual e Municipal sobre atividades poluidoras ou degradadoras de que tiver conhecimento.

    Art. 3 Os rgos dos Sistemas Estaduais de Recursos Hdricos, de Saneamento, Sade e Meio Ambiente se articularo visando compatibilizao da execuo das respectivas polticas pblicas.

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    TTULO II DA POLTICA ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE

    CAPTULO I DOS PRINCPIOS, OBJETIVOS, DIRETRIZES E INSTRUMENTOS

    Art. 4 So princpios da Poltica Estadual do Meio Ambiente:

    I - ao governamental na manuteno do equilbrio ecolgico, considerando o meio ambiente como um patrimnio pblico a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo;

    II - a compatibilizao do desenvolvimento econmico-social com a proteo e preservao da biodiversidade e melhoria da qualidade ambiental;

    III - a definio de reas prioritrias de ao governamental, relativas qualidade ambiental e ao equilibro ecolgico, especialmente quanto conservao da biodiversidade e dos recursos hdricos;

    IV - racionalizao do uso do solo, do subsolo, da gua e do ar;

    V - planejamento e fiscalizao do uso dos recursos ambientais;

    VI - controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras;

    VII - incentivos ao estudo e pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a proteo dos recursos ambientais;

    VIII - recuperao de reas degradadas;

    IX - proteo de reas ameaadas de degradao;

    X - educao ambiental em todos os nveis do ensino, inclusive a educao da comunidade, objetivando capacit-la para a participao ativa na defesa do meio ambiente;

    XI - a formao de uma conscincia pblica voltada para a necessidade da melhoria e proteo da qualidade ambiental;

    XII - a promoo de padres sustentveis de produo e consumo;

    XIII - a participao social na gesto ambiental pblica;

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    XIV - o acesso informao ambiental;

    XV - a adoo do princpio do poluidor-pagador e do usurio-pagador;

    XVI - a responsabilizao por condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente;

    XVII - a proteo dos ecossistemas, com a preservao de reas representativas;

    XVIII - o princpio do conservadorrecebedor; e

    XIX - o respeito ao sigilo industrial e profissional, sendo que a matria sob sigilo somente poder ser analisada por servidores devidamente autorizados.

    Art. 5 So objetivos da Poltica Estadual do Meio Ambiente:

    I - proteger e melhorar a qualidade do meio ambiente para as presentes e futuras geraes;

    II - remediar ou recuperar reas degradadas;

    III - assegurar a utilizao adequada e sustentvel dos recursos ambientais;

    IV - gerar benefcios sociais e econmicos;

    V - incentivar a cooperao entre Municpios e a adoo de solues conjuntas;

    VI - proteger e recuperar processos ecolgicos essenciais para a reproduo e manuteno da biodiversidade;

    VII - estabelecer critrios e padres de qualidade ambiental e de normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais; e

    VIII - desenvolver programas de difuso e capacitao para o uso e manejo dos recursos ambientais nas propriedades rurais.

    Art. 6 So diretrizes da Poltica Estadual do Meio Ambiente:

    I - a integrao das aes nas reas de saneamento, meio ambiente, sade pblica, recursos hdricos, desenvolvimento regional e ao social;

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    II - a cooperao administrativa entre os rgos integrantes do Sistema Estadual de Meio Ambiente, o Poder Judicirio e os rgos auxiliares da Justia;

    III - a cooperao entre o poder pblico, o setor produtivo e a sociedade civil;

    IV - a cooperao institucional entre os rgos do Estado e dos Municpios, estimulando a busca de solues consorciadas ou compartilhadas;

    V - o desenvolvimento de programas de capacitao tcnica na rea de meio ambiente;

    VI - a preferncia nas compras e aquisies de produtos compatveis com os princpios e diretrizes desta Lei, para os poderes pblico estadual e municipal;

    VII - a limitao pelo poder pblico das atividades poluidoras ou degradadoras, visando recuperao das reas impactadas ou a manuteno da qualidade ambiental;

    VIII - a adoo, pelas atividades de qualquer natureza, de meios e sistemas de segurana contra acidentes que acarrete risco sade pblica ou ao meio ambiente;

    IX - a criao de servios permanentes de segurana e preveno de acidentes danosos ao meio ambiente; e

    X - a instituio de programas de incentivo recuperao de vegetao nas margens dos mananciais.

    Art. 7 So instrumentos da Poltica Estadual do Meio Ambiente:

    I - licenciamento ambiental;

    II - avaliao de impactos ambientais;

    III - fiscalizao e aplicao de sanes e medidas compensatrias devidas ao no cumprimento das medidas necessrias proteo do meio ambiente ou correo da degradao ambiental;

    IV - criao de espaos territoriais especialmente protegidos pelo poder pblico estadual e municipal;

    V - estabelecimento de padres de qualidade ambiental e normas de manejo relativas ao uso dos recursos ambientais;

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    VI - educao ambiental;

    VII - sistemas estaduais e municipais de informaes sobre o meio ambiente;

    VIII - monitoramento e relatrios da qualidade ambiental;

    IX - instrumentos econmicos;

    X - o zoneamento ambiental e o zoneamento ecolgico-econmico; e

    XI - auditorias ambientais.

    Art. 8 Para garantir os princpios desta Lei ser assegurado:

    I - acesso aos bancos pblicos de informao sobre a qualidade dos ecossistemas e a disponibilidade dos recursos ambientais;

    II - acesso s informaes sobre os impactos ambientais e a situao das atividades potencialmente causadoras de degradao ambiental;

    III - acesso educao ambiental;

    IV - acesso aos monumentos naturais e s reas legalmente protegidas, de domnio pblico, guardada a consecuo do objetivo de proteo; e

    V - participar, na forma da lei, nos processos decisrios acerca de projetos e atividades potencialmente prejudiciais sade e ao meio ambiente, sobre sua localizao e padres de operao.

    Pargrafo nico. O Poder Pblico Estadual e Municipal devem dispor de bancos de dados pblicos eficientes e inteligveis, capazes de garantir o pleno exerccio dos direitos previstos neste artigo.

    Art. 9 Os rgos e entidades integrantes da administrao estadual direta e indireta, resguardadas suas atribuies especficas, colaboraro com os rgos ambientais do Estado quando da solicitao de recursos humanos, tcnicos, materiais e logsticos.

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    CAPTULO II DA ORGANIZAO ADMINISTRATIVA

    DO SISTEMA ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE

    Seo I Dos rgos do Sistema Estadual do Meio Ambiente

    Art. 10. Os rgos e entidades da administrao pblica direta e indireta do Estado e dos Municpios responsveis pela proteo e melhoria da qualidade ambiental constituem o Sistema Estadual do Meio Ambiente - SEMA, estruturado nos seguintes termos:

    I - rgo consultivo e deliberativo: Conselho Estadual do Meio Ambiente - CONSEMA;

    II - rgo central: a Secretaria de Estado responsvel pelo meio ambiente;

    III - rgos executores: a Fundao do Meio Ambiente - FATMA e a Polcia Militar Ambiental - PMA;

    IV - rgo julgador intermedirio: as Juntas Administrativas Regionais de Infraes Ambientais; e

    V - rgos locais: os rgos ou entidades municipais responsveis pela execuo de programas, projetos e pelo controle e fiscalizao de atividades capazes de provocar a degradao ambiental.

    Pargrafo nico. Os rgos do Sistema Estadual de Meio Ambiente - SEMA devem buscar a uniformidade na interpretao da legislao e a disponibilizao das informaes constantes nos respectivos bancos, visando ao funcionamento harmonioso do sistema.

    Seo II Do rgo Consultivo e Deliberativo

    Art. 11. O CONSEMA constitui instncia superior do Sistema Estadual do Meio Ambiente, integrante da estrutura organizacional da Secretaria de Estado responsvel pelo meio ambiente, de carter colegiado, consultivo, regulamentador, deliberativo e com participao social paritria.

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    Art. 12. O CONSEMA tem por finalidade orientar as diretrizes da Poltica Estadual do Meio Ambiente, competindo-lhe:

    I - assessorar a Secretaria de Estado responsvel pelo meio ambiente na formulao da Poltica Estadual do Meio Ambiente, no sentido de propor diretrizes e medidas necessrias proteo, conservao e melhoria do meio ambiente;

    II - estabelecer critrios e padres relativos ao controle e manuteno da qualidade do meio ambiente;

    III - acompanhar, examinar, avaliar o desempenho das aes ambientais relativas implementao da Poltica Estadual do Meio Ambiente;

    IV - sugerir modificaes ou adoo de diretrizes que visem harmonizar as polticas de desenvolvimento tecnolgico com as de meio ambiente;

    V - propor a criao, a modificao ou a alterao de normas jurdicas com o objetivo de respaldar as aes de governo, na promoo da melhoria da qualidade ambiental no Estado, observadas as limitaes constitucionais e legais;

    VI - sugerir medidas tcnico-administrativas direcionadas racionalizao e ao aperfeioamento na execuo das tarefas governamentais nos setores de meio ambiente;

    VII - propor diretrizes relativas sistemtica de elaborao, acompanhamento, avaliao e execuo de planos, programas, projetos e atividades relacionados rea do meio ambiente;

    VIII - propagar e divulgar medidas que facilitem e agilizem os fluxos de informaes sobre o meio ambiente;

    IX - aprovar e expedir resolues regulamentadoras e moes, observadas as limitaes constitucionais e legais;

    X - julgar os processos e recursos administrativos que lhe forem submetidos, nos limites de sua competncia;

    XI - criar e extinguir cmaras tcnicas, comisses e grupos de estudos, bem como deliberar sobre os casos omissos no seu regimento interno, observada a legislao em vigor;

    XII - elaborar o seu regimento interno, que dever ser aprovado por decreto.

    XIII - aprovar a listagem das atividades sujeitas ao licenciamento ambiental, bem como definir os estudos ambientais necessrios;

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    XIV - regulamentar os aspectos relativos interface entre o Estudo de Impacto de Vizinhana - EIV e o Estudo de Impacto Ambiental - EIA, bem como estabelecer a regulamentao mnima para o EIV, de forma a orientar os Municpios nas suas regulamentaes locais;

    XV - avaliar o ingresso no Sistema Estadual de Unidades de Conservao da Natureza - SEUC de unidades de conservao estaduais e municipais nele no contempladas; e

    XVI - regulamentar os aspectos ambientais atinentes biossegurana e aos agrotxicos, seus componentes e afins.

    Seo III Do rgo Central

    Art. 13. Secretaria de Estado responsvel pelo meio ambiente, em articulao com as demais Secretarias de Estado, sem prejuzo das atribuies definidas em lei prpria, compete:

    I - planejar, coordenar, supervisionar e controlar, de forma descentralizada e articulada, a Poltica Estadual do Meio Ambiente;

    II - formular e coordenar programas, projetos e aes relativos educao ambiental no formal, gesto ambiental e aes indutoras do desenvolvimento sustentvel;

    III - orientar as Secretarias de Estado de Desenvolvimento Regional na execuo e implementao dos programas, projetos e aes relativos Poltica Estadual do Meio Ambiente;

    IV - apoiar os programas municipais de gesto ambiental na obteno de recursos financeiros;

    V - articular recursos de fundos internacionais, federal e estadual, visando qualificao dos profissionais da rea ambiental;

    VI - elaborar e implantar, em parceria com os Municpios, as empresas privadas e as organizaes no governamentais, programa estadual de capacitao de recursos humanos na rea ambiental;

    VII - articular com os rgos federais e municipais aes de gerenciamento ambiental que sejam do interesse do Estado e dos Municpios;

    VIII - estimular a criao de rgos municipais de meio ambiente e conselhos municipais de meio ambiente, capacitados a atuar na esfera consultiva, deliberativa e normativa local;

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    IX - apoiar e orientar a fiscalizao ambiental no Estado;

    X - coordenar de forma articulada com os demais rgos envolvidos na atividade de fiscalizao ambiental:

    a) a aplicao de medidas de compensao;

    b) as autuaes por infraes legislao ambiental; e

    c) o uso econmico-sustentvel das reas de preservao permanente;

    XI - coordenar o Cadastro Tcnico Estadual de Atividades Potencialmente Poluidoras de Recursos Naturais;

    XII - coordenar a criao e regularizao de unidades de conservao estadual;

    XIII - promover a articulao e a cooperao internacional; e

    XIV - realizar o zoneamento ecolgico-econmico do territrio catarinense.

    Seo IV Dos rgos Executores

    Subseo I Da Fundao do Meio Ambiente - FATMA

    Art. 14. FATMA, sem prejuzo do estabelecido em lei prpria, compete:

    I - elaborar manuais e instrues normativas relativas s atividades de licenciamento, autorizao e fiscalizao ambientais, visando padronizao dos procedimentos administrativos e tcnicos dos seus servidores;

    II - implementar sistemas informatizados de controle ambiental, dentre os quais aqueles decorrentes do licenciamento ambiental, da gesto florestal e das autuaes ambientais;

    III - licenciar ou autorizar as atividades pblicas ou privadas consideradas potencialmente causadoras de degradao ambiental;

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    IV - fiscalizar e acompanhar o cumprimento das condicionantes determinadas no procedimento de licenciamento ambiental;

    V - elaborar, executar e controlar aes, projetos, programas e pesquisas relacionadas proteo de ecossistemas e ao uso sustentado dos recursos naturais;

    VI - desenvolver programas preventivos envolvendo transporte de produtos perigosos, em parceria com outras instituies governamentais;

    VII - propor convnios com rgos da administrao federal e municipal buscando eficincia no que se refere fiscalizao e ao licenciamento ambientais;

    VIII - supervisionar e orientar as atividades previstas em convnios;

    IX - elaborar, executar ou coexecutar e acompanhar a execuo de acordos internacionais relacionados proteo de ecossistemas ambientais;

    X - implantar o Sistema Estadual de Unidades de Conservao da Natureza - SEUC;

    XI - apoiar e executar, de forma articulada com os demais rgos, as atividades de fiscalizao ambiental de sua competncia;

    XII - articular-se com a Polcia Militar Ambiental no planejamento de aes de fiscalizao, no atendimento de denncias e na elaborao de Portarias internas conjuntas que disciplinam o rito do processo administrativo fiscalizatrio;

    XIII - fiscalizar e aplicar sanes administrativas, lavrando auto de infrao em formulrio nico do Estado, bem como inscrever em dvida ativa os autuados devedores, quando da deciso no couber mais recurso administrativo;

    XIV - promover a execuo fiscal dos crditos decorrentes das atividades de competncia dos rgos executores do sistema estadual de meio ambiente; e

    XV - ingressar em juzo para obrigar o infrator a cumprir a determinao, aps estarem esgotadas as medidas administrativas para fazer cumprir a lei.

    Pargrafo nico. O licenciamento e a fiscalizao de toda e qualquer atividade potencialmente causadora de degradao ambiental pela FATMA no exclui a responsabilidade de outros rgos pblicos, dentro de suas respectivas competncias.

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    Subseo II Da Polcia Militar Ambiental - PMA

    Art. 15. A Polcia Militar Ambiental - PMA, alm de executar as competncias estabelecidas na Constituio do Estado, tem as seguintes atribuies:

    I - exercer o policiamento do meio ambiente e atividades na rea de inteligncia ambiental, utilizando-se de armamento apenas em situaes de comprovada necessidade;

    II - estabelecer aes de policiamento ambiental nas unidades de conservao estaduais, de guarda de florestas e outros ecossistemas;

    III - lavrar auto de infrao em formulrio nico do Estado e encaminh-lo a FATMA, para a instruo do correspondente processo administrativo;

    IV - apoiar os rgos envolvidos com a defesa e preservao do meio ambiente, garantindo-lhes o exerccio do poder de polcia de que so detentores;

    V - articular-se com a FATMA no planejamento de aes de fiscalizao e no atendimento de denncias;

    VI - realizar educao ambiental no formal;

    VII - estimular condutas ambientalmente adequadas para a populao;

    VIII - estabelecer diretrizes de ao e atuao das unidades de policiamento ambiental;

    IX - estabelecer, em conjunto com os rgos de meio ambiente do Estado, os locais de atuao das unidades de policiamento ambiental;

    X - propor a criao ou a ampliao de unidades de policiamento ambiental;

    XI - estabelecer a subordinao das unidades de policiamento ambiental;

    XII - desenvolver a modernizao administrativa e operacional das unidades de policiamento ambiental; e

    XIII - viabilizar cursos de aperfeioamento tcnico, na rea de policiamento ambiental, dentro e fora da corporao.

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    Seo V Do rgo Julgador Intermedirio

    Art. 16. Compete s Juntas Administrativas Regionais de Infraes Ambientais, como instncia recursal intermediria, decidir sobre os processos administrativos infracionais, aps deciso definitiva de aplicao de penalidades pela FATMA.

    Pargrafo nico. Da deciso da Junta Administrativa Regional de Infraes Ambientais - JARIA cabe recurso ao CONSEMA.

    Art. 17. Dever ser criada uma Junta Administrativa Regional de Infraes Ambientais - JARIA para cada unidade operacional descentralizada da FATMA, com rea de atuao correspondente unidade.

    Art. 18. Compem as Juntas Administrativas Regionais de Infraes Ambientais os seguintes membros:

    I - um representante da FATMA da regio, e seu respectivo suplente;

    II - um representante da Polcia Militar Ambiental - PMA da regio, e seu respectivo suplente;

    III - um representante da Secretaria de Desenvolvimento Regional - SDR relativa unidade regional da FATMA, e seu respectivo suplente; e

    IV - trs representantes do setor produtivo do Estado de Santa Catarina, e seus respectivos suplentes.

    1 Os membros da FATMA e PMA sero indicados pelos seus respectivos representantes legais, por meio de instrumento interno prprio.

    2 O indicado pela SDR no pode ser vinculado a outros rgos e entidades que integrem o Sistema Estadual de Meio Ambiente - SEMA.

    3 Os representantes do setor produtivo devem ser escolhidos pelas entidades de classe representativas, de acordo com as atividades econmicas predominantes na regio.

    Art. 19. As Juntas Administrativas Regionais de Infraes Ambientais sero presididas pelo representante da SDR, que ter voto de desempate.

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    Art. 20. Os representantes da FATMA ou da PMA que lavrarem autos de infrao no participaro do julgamento dos respectivos recursos na Junta Administrativa Regional de Infraes Ambientais - JARIA, devendo a instituio indicar o seu substituto.

    Art. 21. O mandato dos membros das Juntas Administrativas Regionais de Infraes Ambientais de 2 (dois) anos, e os servios por eles prestados so considerados de relevante interesse pblico.

    Pargrafo nico. Nos casos em que a atuao da JARIA abranger mais de uma SDR, fica estipulada a alternncia na indicao de seus representantes, a cada 2 (dois) anos.

    Art. 22. O julgamento pelas Juntas Administrativas Regionais de Infraes Ambientais ser pblico, ressalvado aquele de processo com sigilo industrial.

    Art. 23. As Juntas Administrativas Regionais de Infraes Ambientais sero regulamentadas na forma de seu regimento interno aprovado por decreto do Poder Executivo.

    Seo VI Do Fundo Especial de Proteo ao Meio Ambiente - FEPEMA

    Art. 24. O Fundo Especial de Proteo ao Meio Ambiente - FEPEMA, criado pelo Decreto n 13.381, de 21 de janeiro de 1981, convalidado por esta Lei, vinculado Secretaria de Estado responsvel pelo meio ambiente, constitui-se no recebedor dos valores de multas aplicadas pelos rgos executores e de outras fontes previstas em decreto, com o objetivo de desenvolver os projetos que visem conservao da biodiversidade, o uso racional e sustentvel de recursos ambientais, incluindo a manuteno, a melhoria ou a recuperao da qualidade ambiental, objetivando elevar a qualidade de vida da populao e o fortalecimento dos rgos do Sistema Estadual do Meio Ambiente - SEMA, nos termos de decreto regulamentador.

    1 A Secretaria de Estado responsvel pelo meio ambiente deve apresentar, semestralmente, prestao de contas ao CONSEMA do montante de recursos depositados no Fundo Especial de Proteo ao Meio Ambiente - FEPEMA, na forma a ser regulamentada pelo CONSEMA, bem como os programas e projetos em execuo.

    2 O FEPEMA dever apoiar estudos tcnicos e cientficos visando ao conhecimento dos aspectos tcnicos relacionados s reas protegidas, com o objetivo de adequar a legislao ambiental realidade social, econmica e fundiria do Estado.

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    Seo VII Do Fundo de Compensao Ambiental e Desenvolvimento - FCAD

    Art. 25. Fica criado o Fundo de Compensao Ambiental e Desenvolvimento - FCAD com a finalidade de gerenciar os recursos provenientes de:

    I - fundos e organismos internacionais, pblicos e privados, que queiram investir no desenvolvimento sustentvel do Estado;

    II - doaes de pessoas fsicas e jurdicas, nacionais e internacionais;

    III - a compensao ambiental prevista na Subseo V, Seo VI, Captulo V, Ttulo IV desta Lei;

    IV - crditos de carbono que o Estado e suas autarquias possam requerer pela diminuio de suas emisses de gases estufa e/ou sequestro de carbono; e

    V - programas de pagamento por servios ambientais.

    Art. 26. O Fundo de Compensao Ambiental e Desenvolvimento - FCAD destina-se a:

    I - investir no Sistema Estadual de Unidades de Conservao da Natureza - SEUC, especialmente na regularizao fundiria destas unidades;

    II - remunerar os proprietrios rurais e urbanos que mantenham reas florestais nativas ou plantadas, sem fins de produo madeireira;

    III - remunerar os servios ambientais dos proprietrios rurais, nos termos da lei especfica a que se refere o art. 288 desta Lei;

    IV - financiar e subsidiar projetos produtivos que impliquem alterao do uso atual do solo e regularizem ambientalmente as propriedades rurais e urbanas;

    V - financiar e subsidiar projetos produtivos que diminuam o potencial de impacto ambiental das atividades poluidoras instaladas no Estado; e

    VI - desenvolver o turismo e a urbanizao sustentvel no Estado.

    Art. 27. A Secretaria de Estado responsvel pelo meio ambiente deve apresentar semestralmente ao CONSEMA relatrio financeiro da aplicao dos recursos do Fundo de Compensao Ambiental e Desenvolvimento - FCDA.

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    TTULO III DOS CONCEITOS

    Art. 28. Para os fins previstos nesta Lei entende-se por:

    I - agente fiscal: agente da autoridade ambiental devidamente qualificado e capacitado, assim reconhecido pela autoridade ambiental por meio de portaria publicada no Dirio Oficial do Estado, possuidor do poder de polcia, responsvel por lavrar o auto de infrao e tomar as medidas preventivas que visem cessar o dano ambiental;

    II - antenas de telecomunicaes: equipamento ou conjunto de equipamentos utilizado para fazer transmisso, emisso ou recepo, por fio, rdio eletricidade, meios pticos ou qualquer outro processo eletromagntico, de smbolos, caracteres, sinais, escritos, imagens, sons ou informaes de qualquer natureza;

    III - aqufero: formao geolgica que contm gua e permite que quantidades significativas dessa gua se movimentem no seu interior, em condies naturais;

    IV - rea contaminada: aquela onde comprovadamente exista degradao ambiental fora dos parmetros legalmente permitidos, causada por quaisquer substncias ou resduos que nela tenham sido depositados, acumulados, armazenados, enterrados ou infiltrados, causando impactos negativos sobre os bens a proteger;

    V - rea ou plancie de inundao de lagoas: constituem o leito sazonal maior do corpo hdrico, em geral com fauna e flora adaptadas ao ambiente;

    VI - pequena propriedade rural ou posse rural familiar: aquela explorada mediante o trabalho pessoal do proprietrio ou posseiro ou de sua famlia, admitida a ajuda eventual de terceiro e cuja renda bruta seja proveniente, no mnimo, em 80% (oitenta por cento), de atividade agroflorestal ou do extrativismo, cuja rea no supere 50 (cinquenta) hectares;

    VII - aude: viveiro de produo de peixe que foi construdo interceptando um curso dgua, no possui controle de entrada e sada da gua e tem um dreno ou vertedouro destinado reduo do volume de gua por ocasio das grandes precipitaes pluviomtricas;

    VIII - lagoas: reas alagadas naturalmente formadas devido topografia do terreno;

    IX - rea rural ou pesqueira consolidada: aquelas nas quais existem atividades agropecurias e pesqueiras de forma contnua, inclusive por meio da existncia de lavouras, plantaes, construes ou instalao de equipamentos ou acessrios relacionados ao seu desempenho, antes da edio desta Lei;

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    X - auditoria ambiental: realizao de avaliaes e estudos destinados a verificar:

    a) o cumprimento das normas legais ambientais;

    b) a existncia de nveis efetivos ou potenciais de degradao ambiental por atividades de pessoas fsicas ou jurdicas;

    c) as condies de operao e de manuteno dos equipamentos e sistemas de controle de poluio;

    d) a adoo de medidas necessrias destinadas a assegurar a proteo do meio ambiente, da sade humana, a minimizao dos impactos negativos e a recuperao do meio ambiente;

    e) a existncia de capacitao dos responsveis pela operao e manuteno dos sistemas, das instalaes e dos equipamentos de proteo do meio ambiente; e

    f) o controle dos fatores de risco advindos das atividades potencialmente e efetivamente poluidoras;

    XI - auditoria ambiental voluntria: realizao de avaliaes e estudos destinados a verificar:

    a) o cumprimento das normas legais ambientais em vigor;

    b) os nveis efetivos ou potenciais de degradao ambiental por atividades de pessoas fsicas ou jurdicas; e

    c) as condies de operao e de manuteno dos equipamentos e sistemas de controle de poluio;

    XII - autoridade ambiental fiscalizadora: funcionrio investido em cargo pblico, com poderes para aplicar sanes ambientais, aps transcorrido o prazo de defesa prvia;

    XIII - autoridade ambiental licenciadora: funcionrio investido em cargo pblico, com poderes para conceder licenas e autorizaes ambientais, previamente motivadas por intermdio de pareceres tcnicos e nos termos da lei;

    XIV - avaliao de impacto ambiental: procedimento de carter tcnico cientfico com o objetivo de identificar, prever e interpretar as consequncias sobre o meio ambiente de uma determinada ao humana e de propor medidas de preveno e mitigao de impactos;

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    XV - banhado de altitude: ocorrem acima de 850 (oitocentos e cinquenta) metros ao nvel do mar, constituindo-se por reas midas em sistema aberto ou em sistema fechado, com ocorrncia de solos com hidromorfismo permanente e a presena de pelo menos 25% (vinte e cinco por cento) de espcies vegetais tpicas de reas encharcadas, de acordo com estudo tcnico especfico;

    XVI - campos de altitude: ocorrem acima de 1.500 (mil e quinhentos) metros e so constitudos por vegetao com estrutura arbustiva e ou herbcea, predominando em clima subtropical ou temperado, caracterizado por uma ruptura na sequncia natural das espcies presentes e nas formaes fisionmicas, formando comunidades florsticas prprias dessa vegetao, caracterizadas por endemismos, sendo que no estado os campos de altitude esto associados Floresta Ombrfila Densa ou Floresta Ombrfila Mista.

    XVII - campo de dunas: espao necessrio movimentao sazonal das dunas mveis;

    XVIII - canal de aduo: conduto aberto artificialmente para a retirada de gua de um corpo de gua, por gravidade, a fim de promover o abastecimento de gua, irrigao, gerao de energia, entre outros usos;

    XIX - coprocessamento de resduos: tcnica de utilizao de resduos slidos industriais a partir do seu processamento como substituto parcial de matria-prima ou combustvel;

    XX - corpo de gua ou corpo hdrico: denominao genrica para qualquer massa de gua, curso de gua, trecho de rio, reservatrio artificial ou natural, lago, lagoa, aqufero ou canais de drenagem artificiais;

    XXI - corpo receptor: corpo de gua que recebe o lanamento de efluentes brutos ou tratados;

    XXII - curso de gua: fluxo de gua natural, no totalmente dependente do escoamento superficial da vizinhana imediata, com a presena de uma ou mais nascentes, correndo em leito entre margens visveis, com vazo contnua, desembocando em curso de gua maior, lago ou mar, podendo tambm desaparecer sob a superfcie do solo, sendo tambm considerados cursos de gua a corrente, o ribeiro, a ribeira, o regato, o arroio, o riacho, o crrego, o boqueiro, a sanga e o lageado;

    XXIII - disposio final de resduos slidos: procedimento de confinamento de resduos no solo, visando proteo da sade pblica e a qualidade do meio ambiente, podendo ser empregada a tcnica de engenharia denominada como aterro sanitrio, aterro industrial ou aterro de resduos da construo civil;

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    XXIV - dunas: unidade geomorfolgica de constituio predominante arenosa, com aparncia de cmoro ou colina, produzida pela ao dos ventos, situada no litoral ou no interior do continente, podendo estar recoberta ou no por vegetao, ser mvel ou no, constituindo campo de dunas o espao necessrio movimentao sazonal das dunas mveis;

    XXV - ecossistema: unidade ecolgica constituda pela reunio do meio abitico com o meio bitico, no qual ocorre intercmbio de matria e energia;

    XXVI - ecoturismo: segmento da atividade turstica que utiliza, de forma sustentvel, o patrimnio natural e cultural, incentiva sua conservao e busca a formao de uma conscincia conservacionista, por intermdio da interpretao do ambiente e da promoo do bem estar das populaes envolvidas;

    XXVII - emisso: lanamento no meio ambiente de qualquer forma de matria slida, lquida, gasosa ou de energia efetuado por uma fonte potencialmente poluidora;

    XXVIII - espcie extica: aquela que no nativa da regio considerada;

    XXIX - esturio: corpo de gua costeira semifechado que tem uma conexo com o mar aberto, influenciado pela ao das mars, sendo que no seu interior a gua do mar misturada com a gua doce proveniente de drenagem terrestre produzindo um gradiente de salinidade;

    XXX - floresta: conjunto de sinsias dominados por fanerfitos de alto porte, apresentando quatro extratos bem definidos: herbceo, arbustivo, arboreta e arbrea;

    XXXI - floresta de terras baixas: formao florestal que ocorre associada plancie costeira, em terrenos do quaternrio e na base da encosta atlntica, em altitudes inferiores 50 (cinquenta) metros, com dossel denso e homogneo em torno de 20 (vinte) a 25 (vinte e cinco) metros de altura, onde o solo profundo e rico em matria orgnica;

    XXXII - impacto ambiental: qualquer alterao das propriedades fsico qumicas e biolgicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a sade, a segurana e o bem estar da populao, as atividades sociais e econmicas, a biota, as condies estticas e sanitrias do meio ambiente;

    XXXIII - intimao: ato pelo qual a autoridade ambiental ou o agente fiscal solicita informao ou esclarecimento, impe o cumprimento de norma legal ou regulamentar e d cincia de despacho ou de deciso exarada em processo;

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    XXXIV - inventrio estadual de resduos slidos industriais: conjunto de informaes sobre a gerao, caractersticas, armazenamento, transporte, tratamento, reutilizao, reciclagem, recuperao e disposio final dos resduos slidos gerados pelas indstrias ou empreendimentos no Estado;

    XXXV - lagoas de reas midas: aquelas inseridas em zonas de transio terrestre-aquticas, peridicas ou permanentemente inundadas por reflexo lateral de rios, lagos e lagunas e/ou pela precipitao direta ou pela gua subterrnea, resultado em ambiente fsico qumico particular que leva a biota a responder com adaptaes morfolgicas, anatmicas, fisiolgicas, fenolgicas e/ou etolgicas e a produzir estruturas de comunidades caractersticas para estes sistemas;

    XXXVI - lagunas: lago de barragem ou brao de mar pouco profundo entre bancos de areia ou ilhas;

    XXXVII - licena ambiental: instrumento da Poltica Estadual do Meio Ambiente decorrente do exerccio do poder de polcia ambiental, cuja natureza jurdica autorizatria;

    XXXVIII - matria-prima: constitui material que sofrer processo de transformao e ao final resultar em produto til;

    XXXIX - minimizao de resduos: reduo dos resduos slidos, a menor volume, quantidade e periculosidade possveis, antes do tratamento e/ou disposio final adequada;

    XL - nascente: afloramento natural de gua que apresenta perenidade e d incio a um curso de gua;

    XLI - padro sustentvel de produo e consumo: consiste no fornecimento e o consumo de produtos e servios que otimizem o uso de recursos ambientais, eliminando ou reduzindo o uso de substncias nocivas, emisses de poluentes e volume de resduos durante o ciclo de vida do servio ou do produto, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida e resguardar as geraes presentes e futuras;

    XLII - padres de emisso: valores de emisso mximos permissveis;

    XLIII - plancie de inundao: reas sujeitas inundao, equivalentes s vrzeas, que vo at a cota mxima de extravasamento de um corpo de gua em ocorrncia de mxima vazo em virtude de grande pluviosidade;

    XLIV - plano de planejamento do Sistema Estadual de Unidades de Conservao da Natureza - SEUC: conceitua e planeja estrategicamente as Unidades de Conservao, bem como contm as normas de seleo, classificao e manejo das mesmas, capazes de concretizar os objetivos especficos de conservao;

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    XLV - poo profundo: aquele que tem profundidade superior a 30 (trinta) metros;

    XLVI - poo surgente: tambm conhecido como jorrante, aquele em que o nvel da gua subterrnea encontra-se acima da superfcie do terreno;

    XLVII - preveno da poluio ou reduo na fonte: constitui-se na utilizao de processos, prticas, materiais, produtos ou energia que evitam ou minimizam a gerao de resduos na fonte e reduzam os riscos para a sade humana e para o meio ambiente;

    XLVIII - promontrio ou ponto: macio costeiro individualizado, saliente e alto, florestado ou no, de natureza cristalina ou sedimentar, que compe a paisagem litornea do continente ou de ilha, em geral contido em pontas com afloramentos rochosos escarpados avanando mar adentro, cujo comprimento seja maior que a largura paralela costa;

    XLIX - Q7/10: vazo mnima mdia de 7 (sete) dias consecutivos de durao e 10 (dez) anos de recorrncia;

    L - qualidade ambiental: condies oferecidas por um ambiente e necessrias a seus componentes;

    LI - reciclagem: consiste em prtica ou tcnica na qual os resduos podem ser usados como matria-prima ou insumo dentro da mesma atividade que o gerou ou em outra atividade, incluindo a necessidade de tratamento para alterar suas propriedades fsico qumicas;

    LII - recuperao ambiental: constitui toda e qualquer ao que vise mitigar os danos ambientais causados, compreendendo, dependendo das peculiaridades do dano e do bem atingido, as seguintes modalidades:

    a) recomposio ambiental, recuperao in natura, ou restaurao: consiste na restituio do bem lesado ao estado em que se encontrava antes de sofrer uma agresso, por meio de adoo de procedimentos e tcnicas de imitao da natureza;

    b) recomposio paisagstica: conformao do relevo ou plantio de vegetao nativa, visando recomposio do ambiente, especialmente com vistas integrao com a paisagem do entorno;

    c) reabilitao: intervenes realizadas que permitem o uso futuro do bem ou do recurso degradado ante a impossibilidade de sua restaurao ou pelo seu alto custo ambiental; e

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    d) remediao: consiste na adoo de tcnica ou conjunto de tcnicas e procedimentos visando remoo ou conteno dos contaminantes presentes, de modo a assegurar uma utilizao para a rea, com limites aceitveis de riscos aos bens a proteger;

    LIII - resduos slidos: resduos nos estados slido e semisslido, que resultam de atividades de origem industrial, domstica, hospitalar, comercial, agrcola, de servios e de varrio;

    LIV - resduo slido urbano: so os provenientes de residncias ou qualquer outra atividade que gere resduos com caractersticas domiciliares, bem como os resduos de limpeza pblica urbana, ficando excludos os resduos perigosos;

    LV - reutilizao: consiste em prtica ou tcnica na qual os resduos podem ser usados repetidamente na forma em que se encontram, sem necessidade de tratamento para alterar as suas caractersticas, exceto por atividades de limpeza ou segregao;

    LVI - servios ambientais: funes imprescindveis desempenhadas pelos ecossistemas naturais e teis ao homem, tais como a proteo de solos, regulao do regime hdrico, controle de gases poluentes e/ou de efeito estufa, belezas cnicas, conservao da biodiversidade, etc.;

    LVII - talvegue: linha que segue a parte mais baixa do leito de um rio, de um canal, de um vale ou de uma calha de drenagem pluvial;

    LVIII - tratamento de resduos slidos: processos e procedimentos que alteram as caractersticas fsicas, qumicas ou biolgicas dos resduos e conduzem minimizao dos riscos sade pblica e qualidade do meio ambiente;

    LIX - usurio de recursos hdricos: toda pessoa fsica ou jurdica que realize atividades que causem alteraes quantitativas ou qualitativas em qualquer corpo de gua;

    LX - vala, canal ou galeria de drenagem: conduto aberto artificialmente para a remoo da gua pluvial, do solo ou de um aqufero, por gravidade, de terrenos urbanos ou rurais;

    LXI - valorizao de resduos: operao que permite a requalificao de resduos, notadamente por meio de reutilizao, reciclagem, valorizao energtica e tratamento para outras aplicaes;

    LXII - vazo de referncia: vazo do corpo hdrico utilizada como base para o processo de gesto;

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    LXIII - vazo ecolgica: regime de vazes necessrio para manter as funes mnimas do ecossistema;

    LXIV - vazo remanescente: vazo maior que a vazo ecolgica, que visa garantir os usos de recursos hdricos que devem ser preservados a jusante da interveno no corpo de gua; e

    LXV - topo de morro e conceitos relacionados:

    a) topo de morro e de montanha: rea compreendida pelos cumes dos morros e montanhas e pelas encostas erosionais adjacentes a estes cumes;

    b) cume: reas de maior altitude nas microbacias, representadas pelas pores superiores dos morros e montanhas, constituindo-se em divisores de gua ou separando as drenagens internas; e

    c) encostas erosionais: reas em relevo forte ondulado ou montanhoso que apresentam declividades superiores a 30% (trinta por cento) e que possuem forma convexa ou plana, no apresentando acmulo de material e sujeitas a perdas de material estrutural dos solos, provocadas principalmente por fora de eroso pluvial;

    LXVI - zoneamento ecolgico-econmico: instrumento de organizao do territrio, a ser obrigatoriamente seguido na implantao de planos, obras e atividades pblicas e privadas, que estabelece medidas e padres de proteo ambiental, dos recursos hdricos e do solo e conservao da biodiversidade, fomentando o desenvolvimento sustentvel e a melhoria das condies de vida da populao.

    1 Para os efeitos deste Cdigo e demais normas de carter ambiental, as atividades rurais de produo de gneros alimentcios, vegetal e animal, so consideradas atividades de interesse social.

    2 Nas atividades a que se refere o inciso IX, sero indicadas, em cada caso especfico, as medidas mitigadoras que permitam a continuidade das atividades nas reas consolidadas, nos termos definidos em regulamentao especfica.

    3 Quando a consolidao a que se refere o inciso IX ocorrer em pequenas propriedades rurais, nos termos definidos nesta Lei, sendo indicada a adoo de medidas tcnicas a que se refere o 2, previamente a tal exigncia, o Poder Pblico adotar instrumentos visando subsidiar os custos decorrentes de sua implantao.

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    TTULO IV DOS INSTRUMENTOS DA POLTICA ESTADUAL

    DO MEIO AMBIENTE

    CAPTULO I DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL

    Seo I Das Atividades Sujeitas ao Licenciamento Ambiental

    Art. 29. So passveis de licenciamento ambiental pelo rgo Estadual de Meio Ambiente as atividades consideradas, por meio de Resoluo do CONSEMA, potencialmente causadoras de degradao ambiental.

    Art. 30. A expanso de atividade licenciada que implicar alterao ou ampliao do seu potencial poluente tambm necessita do competente licenciamento ambiental, nos termos da Resoluo do CONSEMA.

    Art. 31. A avaliao prvia dos impactos ambientais realizada por meio do Estudo de Impacto Ambiental - EIA, do Estudo Ambiental Simplificado - EAS, do Relatrio Ambiental Prvio - RAP, os quais constituem documentos que subsidiam a emisso da Licena Ambiental Prvia - LAP e a elaborao dos programas de controle ambiental.

    1 O empreendedor deve avaliar a possibilidade de intervenes no processo produtivo, visando minimizar a gerao de efluentes lquidos, de efluentes atmosfricos, de resduos slidos, da poluio trmica e sonora, bem como a otimizao da utilizao dos recursos ambientais.

    2 O empreendedor deve promover a conscientizao, o comprometimento e o treinamento do pessoal da rea operacional, no que diz respeito s questes ambientais, com o objetivo de atingir os melhores resultados possveis com a implementao dos programas de controle ambiental.

    Art. 32. Nas atividades em operao sem a competente licena, o rgo ambiental exigir a realizao de Estudo de Conformidade Ambiental - ECA para analisar a emisso de Licena Ambiental de Operao.

    1 O nvel de abrangncia dos estudos constituintes do Estudo de Conformidade Ambiental - ECA deve guardar relao de proporcionalidade com os estudos necessrios para fins de licenciamento ambiental da atividade/empreendimento, considerando seu porte e potencial poluidor, no mbito da Licena Ambiental Prvia - LAP, na medida de sua aplicabilidade ao caso concreto.

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    2 As reformas de plantios com culturas arbreas sero licenciadas sem que seja necessria a realizao de novos estudos ambientais, desde que as atividades causadoras dos impactos sobre o meio ambiente permaneam inalteradas.

    Art. 33. A anlise do Estudo de Impacto Ambiental - EIA e do Estudo Ambiental Simplificado - EAS pelo rgo ambiental licenciador ser realizada por equipe tcnica multidisciplinar.

    Art. 34. obrigatria a elaborao de parecer tcnico embasador da concesso ou negao das licenas e autorizaes, emitido por profissional qualificado e habilitado pelo rgo competente.

    Pargrafo nico. O parecer tcnico embasador de licena ambiental ou autorizao, no mnimo, deve conter:

    I - a caracterizao de atividade/empreendimento;

    II - a indicao dos principais impactos sobre o meio ambiente local;

    III - a definio de medidas mitigadoras aos impactos indicados;

    IV - os parmetros legais ou cientficos utilizados como referncia; e

    V - a concluso, opinando sobre o deferimento ou indeferimento da licena ou autorizao requerida.

    Art. 35. Da deciso que indeferir o pedido de concesso de licena ambiental cabe recurso administrativo a FATMA no prazo de 20 (vinte) dias, a contar da data da cincia da deciso.

    Seo II Das Modalidades de Licenciamento

    Art. 36. O licenciamento ordinrio ser efetuado por meio da emisso de Licena Ambiental Prvia - LAP, Licena Ambiental de Instalao - LAI e Licena Ambiental de Operao - LAO.

    1 O rgo ambiental competente poder estabelecer prazos de anlise diferenciados para cada modalidade de licena (LAP, LAI e LAO) em funo das peculiaridades da atividade ou empreendimento, bem como para a formulao de exigncias complementares, desde que observados o seguinte:

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    I - para a concesso da Licena Ambiental Prvia - LAP, o prazo mximo de 3 (trs) meses a contar do protocolo do requerimento, ressalvados os casos em que houver EIA/RIMA e/ou audincia pblica, quando o prazo ser de at 4 (quatro) meses.

    II - para a concesso da Licena Ambiental de Instalao - LAI, o prazo mximo de 3 (trs) meses.

    III - para a concesso da Licena de Operao - LAO, o prazo mximo de 2 (dois) meses.

    2 A contagem do prazo previsto no caput deste artigo ser suspensa durante a elaborao dos estudos ambientais complementares ou preparao de esclarecimentos pelo empreendedor.

    3 A Licena Ambiental Prvia - LAP pode ser emitida com a dispensa de Licena Ambiental de Instalao - LAI, quando:

    a) para o licenciamento ambiental no seja exigido Estudo de Avaliao de Impacto Ambiental - EIA;

    b) para o licenciamento ambiental seja exigido o Relatrio Ambiental Prvio - RAP; ou

    c) os pressupostos para emisso de Licena Ambiental de Instalao - LAI estejam presentes no processo de licenciamento.

    Art. 37. Nos casos de atividades ou empreendimentos potencialmente causadores de pequeno impacto ambiental, assim definido por Resoluo do CONSEMA, ser adotado o licenciamento ambiental simplificado, por meio da emisso de Autorizao Ambiental - AuA.

    1 A Autorizao Ambiental - AuA expedida aps a avaliao acerca da viabilidade locacional e tcnica, contendo condicionantes de implantao e de operao do objeto autorizado.

    2 A Autorizao Ambiental - AuA ter prazo de validade equivalente ao de uma Licena Ambiental de Operao - LAO.

    3 O licenciamento ambiental simplificado a que se refere o caput ser realizado no prazo mximo de 60 (sessenta) dias, contados a partir da data de protocolo perante o rgo ambiental.

    Art. 38. A supresso de vegetao, nos casos legalmente admitidos, ser licenciada por meio da expedio de Autorizao de Corte de Vegetao - AuC.

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    Pargrafo nico. Nos casos em que o pedido de autorizao de corte de vegetao estiver vinculado a uma atividade licencivel, a AuC deve ser analisada com a Licena Ambiental Prvia - LAP e expedida conjuntamente com a Licena Ambiental de Instalao - LAI ou Autorizao Ambiental - AuA da atividade.

    Art. 39. Por solicitao dos responsveis de atividades ou empreendimentos licenciveis, pode ser admitido um procedimento unificado que resulte no licenciamento ambiental coletivo de empreendimentos e atividades, cuja proximidade e localizao recomendem aes coletivas integradas, voltadas mitigao de impactos ambientais, sistematizadas no formato de um plano, sujeito prvia autorizao pelo rgo ambiental, observados os requisitos de ordem legal e institucional, definida a responsabilidade legal pelo conjunto de atividades/empreendimentos e os condicionantes tcnicos indispensveis, que devem ser regulamentados pelo CONSEMA.

    Art. 40. O rgo ambiental competente estabelecer os prazos de validade de cada tipo de licena, especificando-os no respectivo documento, levando em considerao os seguintes aspectos:

    I - o prazo de validade da Licena Ambiental Prvia - LAP dever ser, no mnimo, o estabelecido pelo cronograma de elaborao dos planos, programas e projetos relativos ao empreendimento ou atividade, no podendo ser superior a 5 (cinco) anos;

    II - o prazo de validade da Licena Ambiental de Instalao - LAI dever ser, no mnimo, o estabelecido pelo cronograma de instalao do empreendimento ou atividade, no podendo ser superior a 6 (seis) anos; e

    III - o prazo de validade da Licena Ambiental de Operao - LAO dever considerar os planos de controle ambiental e ser de, no mnimo, 4 (quatro) anos e, no mximo, 10 (dez) anos.

    1 A Licena Ambiental Prvia - LAP e a Licena Ambiental de Instalao - LAI podero ter os prazos de validade prorrogados, desde que no ultrapassem os prazos mximos estabelecidos nos incisos I e II.

    2 O rgo ambiental competente poder estabelecer prazos de validade especficos para a Licena Ambiental de Operao - LAO de empreendimentos ou atividades que, por sua natureza e peculiaridades, estejam sujeitos a encerramento ou modificao em prazos inferiores.

    3 Na renovao da Licena Ambiental de Operao - LAO de uma atividade ou empreendimento, o rgo ambiental competente poder, mediante deciso motivada, aumentar ou diminuir o seu prazo de validade, aps avaliao do desempenho ambiental da atividade ou empreendimento no perodo de vigncia anterior, respeitados os limites estabelecidos no inciso III.

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    4 A renovao da Licena Ambiental de Operao - LAO de uma atividade ou empreendimento dever ser requerida com antecedncia mnima de 120 (cento e vinte) dias da expirao de seu prazo de validade, fixado na respectiva licena, ficando este automaticamente prorrogado at a manifestao definitiva do rgo ambiental competente.

    Art. 41. Excepcionalmente, a depender das peculiaridades da atividade ou empreendimento, mediante deciso motivada, o rgo licenciador pode dispensar a renovao de Licena Ambiental de Operao - LAO, nas hipteses de:

    I - encerramento da atividade;

    II - parcelamento do solo;

    III - fase final de plano de recuperao de rea degradada; e

    IV - outros casos devidamente justificados.

    Pargrafo nico. Aps a emisso da primeira Licena Ambiental de Operao - LAO para o parcelamento do solo com estao prpria de tratamento de esgoto, a renovao da Licena Ambiental de Operao - LAO incluir apenas a estao de tratamento de esgoto, se for considerada como passvel de licenciamento pelo CONSEMA.

    Art. 42. As publicaes dos pedidos e de concesso de licenas ou autorizaes ambientais de atividades licenciveis, consideradas potencial ou efetivamente causadoras de significativo impacto ambiental, devem ser feitas no Dirio Oficial do Estado e em peridico de circulao local.

    1 Nos demais casos, as publicaes devem ser feitas no site do rgo ambiental licenciador na rede mundial de computadores e tambm no mural de publicaes do rgo ambiental.

    2 Nas publicaes do Dirio Oficial e no peridico de circulao local deve constar informao sobre a realizao de auditoria ambiental, se houver, nos casos de renovao de LAO.

    Art. 43. Decorrido o prazo de validade de uma licena sem que haja solicitao de prorrogao ou renovao, e respeitados os prazos mximos a que se refere o art. 40, a continuidade das atividades depender da formulao de novo pedido de licena.

    Art. 44. A imposio de sanes administrativas a atividades ou empreendimentos no susta automaticamente a anlise tcnica dos correspondentes processos de licenciamento ambiental.

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    Art. 45. A ausncia ou inadequao de documentos necessrios anlise do processo administrativo de licenciamento ambiental no ser razo suficiente para o seu imediato indeferimento, devendo ser notificado o interessado para que apresente os documentos faltantes ou substitua os considerados inadequados em prazo razovel, nunca inferior a 20 (vinte) dias.

    Pargrafo nico. Os rgos pblicos realizaro anlise preliminar dos requerimentos formulados, a fim de identificar, de uma s vez, toda ausncia ou inadequao de documentos necessrios anlise do processo administrativo de licenciamento ambiental.

    Art. 46. O requerimento e a expedio de certides e declaraes, bem como o simples cadastramento de atividades junto FATMA sero gratuitos.

    Seo III Da Interface do Licenciamento Ambiental com a

    Outorga pelo Uso de Recursos Hdricos

    Art. 47. Nos processos de outorga e licenciamento devem ser obrigatoriamente considerados pelos rgos competentes:

    I - as prioridades de uso estabelecidas na legislao vigente;

    II - a comprovao de que a utilizao no causar alterao em nveis superiores aos padres ambientais estipulados pela legislao vigente;

    III - a manuteno de vazes remanescentes a jusante das captaes das guas superficiais; e

    IV - a manuteno de nveis adequados para a vida aqutica e o abastecimento pblico.

    Art. 48. Os procedimentos para obteno da outorga de direito de uso de recursos hdricos e de lanamento de efluentes devem estar articulados com os procedimentos de licenciamento ambiental, de acordo com as competncias dos rgos e entidades integrantes da estrutura de gerenciamento de recursos hdricos e do meio ambiente.

    Pargrafo nico. Nos processos de licenciamento ambiental para uso de recursos hdricos que no esto sujeitos outorga ou que dela independam, conforme previsto no art. 12 da Lei federal n 9.433, de 8 de janeiro de 1997, nos casos em que a sistemtica de outorga no esteja devidamente implantada, no se exige a outorga ou manifestao prvia da outorga.

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    Art. 49. A outorga preventiva, quando cabvel, deve ser solicitada pelo empreendedor ou interessado e apresentada ao rgo ambiental licenciador para a obteno da Licena Ambiental Prvia - LAP.

    Art. 50. A outorga de direito de uso de recursos hdricos deve ser apresentada ao rgo ambiental licenciador para a obteno da Licena Ambiental de Operao - LAO e sua renovao.

    Pargrafo nico. Nas atividades/empreendimentos em que os usos ou interferncias nos recursos hdricos sejam necessrios para sua implantao, a outorga de direito de uso de recursos hdricos deve ser apresentada ao rgo ambiental licenciador para obteno da Licena Ambiental de Instalao - LAI.

    Art. 51. Quando a anlise da autoridade outorgante dos recursos hdricos competente ou do rgo ambiental licenciador implicar alterao ou modificao na concepo do empreendimento, deve o requerente apresentar ao rgo correspondente o documento que registra a modificao solicitada, visando readequao da outorga ou licena concedidas.

    CAPTULO II DA FISCALIZAO E APLICAO

    DAS SANES ADMINISTRATIVAS

    Seo I Das Disposies Preliminares

    Art. 52. Quem, de qualquer forma, concorrer para a prtica das infraes administrativas previstas nesta Lei, incide nas penas a estas cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de rgo tcnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatrio de pessoa jurdica, que, sabendo da conduta ilcita de outrem, deixar de impedir a sua prtica, quando devia agir para evit-la.

    1 Sero responsabilizadas administrativamente nos termos do caput, tanto as pessoas fsicas, como as pessoas jurdicas.

    2 A responsabilidade das pessoas jurdicas no exclui a das pessoas fsicas, autoras, coautoras ou partcipes do mesmo fato.

    3 Poder ser desconsiderada a pessoas jurdica sempre que sua personalidade for obstculo ao ressarcimento de prejuzos causados qualidade do meio ambiente.

    Art. 53. Considera-se infrao administrativa ambiental toda ao ou omisso que viole as regras jurdicas de uso, gozo, promoo, proteo e recuperao do meio ambiente.

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    Art. 54. As aes e procedimentos de carter geral relacionados fiscalizao ambiental estadual devem ser uniformes e normatizados pela FATMA, em decreto do Chefe do Poder Executivo.

    Art. 55. Independentemente da lavratura de auto de infrao, nos casos de grave e iminente risco para vidas humanas e para a economia, bem como na iminncia de grandes impactos ambientais, o Chefe do Poder Executivo pode determinar medidas de emergncia, visando reduzir ou paralisar as atividades causadoras destas situaes.

    Seo II Das Sanes Administrativas

    Art. 56. As sanes administrativas constituem-se nas penalidades e medidas preventivas, previstas na legislao federal e na presente Lei, sendo aplicadas em processo administrativo infracional pela FATMA.

    Art. 57. Nos casos de risco de dano ao meio ambiente e sade pblica e de infrao continuada, pode o agente ambiental, por ocasio da lavratura do auto de infrao, adotar medidas preventivas, que prevalecem at a deciso final ou a reviso do ato pela autoridade ambiental fiscalizadora, a seguir discriminadas:

    I - suspenso ou interdio da atividade, de forma parcial ou total;

    II - embargo; e

    III - apreenso.

    1 A apreciao do pedido de reviso de medida preventiva aplicada pelo agente fiscal necessariamente deve ser motivada e fazer parte do procedimento administrativo infracional.

    2 Os custos resultantes do embargo ou da interdio, temporrio ou definitivo, de obra ou atividade, sero ressarcidos pelo infrator, aps encerrado o processo administrativo, quando comprovada a prtica da infrao.

    Art. 58. Alm das sanes administrativas previstas em norma federal, as infraes administrativas no Estado podem ser punidas com:

    I - obrigao de promover a recuperao ambiental;

    II - suspenso ou cassao da licena ou autorizao ambiental; e

    III - participao em programa de educao ambiental, limitada ao montante da multa cominada.

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    Art. 59. Independentemente de existncia de culpa, fica o infrator obrigado a recuperar o dano causado ao meio ambiente, afetado por sua atividade.

    Art. 60. A penalidade de participao em programa de educao ambiental ser aplicada sempre que a autoridade ambiental fiscalizadora julgar conveniente, ante as condies pessoais do infrator e a infrao cometida.

    1 O programa de educao ambiental ser executado pelos rgos fiscalizadores ou por pessoa credenciada na FATMA ou na PMA, voltado preveno de conduta reincidente.

    2 A participao nos cursos de educao ambiental deve ser custeada pelo prprio infrator, que demonstrar sua frequncia por meio de apresentao de certificado no rgo autuante.

    Art. 61. A multa simples, alm dos casos previstos na legislao federal, tambm deve ser aplicada quando estiverem presentes os pressupostos da medida preventiva.

    Art. 62. Sempre que de uma infrao ambiental no tenha decorrido dano ambiental relevante, sero as penas de multa convertidas em advertncia, salvo em caso de reincidncia.

    Pargrafo nico. Dano ambiental relevante aquele que causa desocupao da rea atingida pelo evento danoso, afeta a sade pblica das pessoas do local, ou causa mortandade de fauna e flora.

    Art. 63. Das penalidades aplicadas pela FATMA cabe recurso administrativo:

    I - em primeira instncia, JARIA, no prazo de 20 (vinte) dias a contar da data da cincia do despacho da FATMA ou da PMA; e

    II - em segunda instncia, ao CONSEMA, no prazo de 20 (vinte) dias, a contar da data da cincia do despacho da JARIA.

    Pargrafo nico. O pagamento de penalidade somente ser devida aps esgotado o trnsito do recurso administrativo.

    Art. 64. Por ocasio da lavratura do auto de infrao, no prazo de 20 (vinte) dias, ser permitido ao autuado pagar a multa indicada com 30% (trinta por cento) de desconto.

    Art. 65. A Fundao do Meio Ambiente - FATMA deve fazer a inscrio em dvida ativa dos autuados devedores, bem como a cobrana judicial.

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    Pargrafo nico. A inscrio em dvida ativa deve ser feita somente aps o processo transitar em julgado no mbito administrativo.

    Seo III Do Processo Administrativo Infracional

    Art. 66. Constituem princpios bsicos do processo administrativo infracional a legalidade, a finalidade, a motivao, a razoabilidade, a proporcionalidade, a moralidade, o formalismo moderado, a publicidade, o contraditrio, a ampla defesa, a segurana jurdica, o interesse pblico, a impessoalidade, a boa-f e a eficincia.

    Pargrafo nico. Nos processos administrativos ambientais sero observados, entre outros, os critrios de:

    I - atuao conforme a lei e o direito;

    II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renncia total ou parcial de poderes ou competncias, salvo autorizao em lei;

    III - objetividade no atendimento do interesse pblico, vedada a promoo pessoal de agentes ou autoridades;

    IV - atuao segundo padres ticos de probidade, decoro e boa-f;

    V - divulgao oficial dos atos administrativos, ressalvadas as hipteses de sigilo previstas na legislao vigente;

    VI - adequao entre meios e fins, vedada a imposio de obrigaes, restries e sanes em medida superior quelas estritamente necessrias ao atendimento do interesse pblico;

    VII - indicao dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a deciso;

    VIII - observncia das formalidades essenciais garantia dos direitos dos administrados;

    IX - adoo de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurana e respeito aos direitos dos administrados;

    X - garantia dos direitos comunicao, apresentao de alegaes finais, produo de provas e interposio de recursos, nos processos de que possam resultar sanes e nas situaes de litgio;

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    XI - proibio de cobrana de despesas processuais, ressalvadas as previstas em lei;

    XII - impulso, de ofcio, do processo administrativo, sem prejuzo da atuao dos interessados; e

    XIII - interpretao da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim pblico a que se dirige, vedada aplicao retroativa de nova interpretao.

    Art. 67. Antes da lavratura do auto de infrao, deve o infrator ser intimado para prestar informaes ou esclarecimentos autoridade ambiental fiscalizadora, salvo quando estiverem presentes elementos objetivos suficientes para lavratura adequada do auto de infrao, os quais devem estar identificados e descritos naquele instrumento.

    Art. 68. Os autos de infrao ambiental estadual so lavrados em formulrio nico do Estado, sendo que cada auto origina um processo administrativo infracional.

    Pargrafo nico. Nos casos de litisconsrcio de infratores, ser lavrado um auto de infrao para cada infrator, os quais sero apensados no processo administrativo infracional.

    Art. 69. Os autos de infrao formam processos administrativos prprios e independentes de processos de licenciamento e outros, iniciam-se com a primeira via do auto de infrao, devendo ser capeados e suas folhas numeradas, carimbadas e rubricadas.

    Art. 70. Toda autuao deve ser acompanhada do respectivo relatrio de fiscalizao e sempre que possvel deve incluir:

    I - croquis de localizao e coordenadas geogrficas do lugar de autuao;

    II - medies de rea;

    III - clculos de volume de madeira, fotografias e/ou imagens digitalizadas; e

    IV - demais documentos necessrios elucidao dos fatos.

    Art. 71. A numerao dos processos administrativos deve ser nica para todos os processos iniciados pela fiscalizao ambiental estadual, sendo obrigatria a utilizao de um sistema informatizado de gesto e acompanhamento de infraes ambientais, no qual so registradas todas as movimentaes processuais e os documentos internos integrantes do processo.

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    Pargrafo nico. O sistema informatizado utilizado deve ser nico para a FATMA e para a Polcia Militar Ambiental - PMA.

    Art. 72. No auto de infrao ambiental deve constar a descrio de todos os fatos que constiturem a infrao ambiental por ocasio do ato fiscalizatrio, bem como o enquadramento na norma legal transgredida e da penalidade indicada, sendo que, o equvoco no enquadramento legal no enseja a nulidade do auto de infrao, salvo se implicar em majorao da sano administrativa a ser aplicada.

    Art. 73. O prazo para apresentao da defesa prvia de 20 (vinte) dias, a contar da data da cincia da lavratura do auto de infrao, pela intimao pessoal do autuado.

    Art. 74. Lavrado o auto de infrao ambiental, a apresentao de informao ou de defesa prvia deve ser dirigida autoridade ambiental fiscalizadora, cabendo ao funcionrio que receber o documento a imediata remessa a quem compete apreci-la.

    1 O agente fiscal autuante, sempre que possvel, deve indicar os procedimentos a serem tomados pelo infrator para a cessao ou mitigao do dano ambiental, antes mesmo da apresentao da defesa prvia.

    2 Na fase da defesa prvia o autuado deve fazer as alegaes de fato e de direito, demonstrar as provas que possuir, arrolar testemunhas e indicar outros meios de prova.

    3 A defesa prvia intempestiva no deve ser apreciada, ficando facultado o direito de posterior juntada de provas pelo autuado.

    Art. 75. A anlise da defesa prvia deve ser elaborada pelo agente fiscal autuante, aps a sua juntada nos autos do processo.

    1 Na anlise de defesa prvia devem constar, no mnimo, as seguintes informaes:

    I - nome, qualificao ou razo social do autuado;

    II - local, data e horrio da autuao;

    III - nmero e srie do auto de infrao ambiental e do processo de licenciamento, se houver relevncia;

    IV - nome do agente fiscal;

    V - rol de testemunhas;

    VI - fundamento legal da autuao;

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    VII - alegaes do autuado em defesa;

    VIII - consideraes do autuante; e

    IX - concluso.

    2 Pode o agente autuante apresentar autoridade ambiental a minuta de deciso sobre penalidades, quando no houver mais questes pendentes de julgamento.

    3 Sempre que oportuno, deve ser indicada na anlise de defesa prvia a necessidade de laudo tcnico, de parecer jurdico ou de produo de outras provas, sendo que nestes casos o processo ser remetido ao superior hierrquico para deciso interlocutria.

    Art. 76. O prazo para fins de deciso de 30 (trinta) dias, a contar da apresentao da defesa prvia ou do decurso do prazo respectivo.

    Art. 77. As instncias recursais devem obedecer ordem cronolgica para julgamento dos recursos.

    Art. 78. Elaborada a manifestao sobre a defesa prvia pelo agente fiscal autuante, os autos devem ser encaminhados ao seu superior hierrquico.

    Art. 79. A autoridade ambiental fiscalizadora poder discordar da proposio do agente autuante, podendo atenuar, aumentar ou no aplicar a sano administrativa indicada, devendo, para tanto, embasar sua deciso em parecer tcnico ou jurdico, inseridos no despacho, para a compreenso da apreciao divergente.

    1 Na ocorrncia de dano ambiental, a pena de reparao ou recuperao ambiental deve sempre ser aplicada, independentemente da aplicao de sanes administrativas.

    2 O autuado notificado por escrito e arquivado o processo administrativo quando no imposta qualquer sano administrativa.

    3 Independente do oferecimento da defesa prvia, desde que transcorrido o prazo de sua apresentao, a autoridade ambiental fiscalizadora deve prolatar a deciso da qual o infrator ser intimado.

    4 A deciso sobre penalidade deve ser sempre proferida, independentemente da proposio e celebrao de termo de compromisso com o autuado.

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    Art. 80. O despacho aplicador de penalidades deve conter:

    I - o nome exato da pessoa fsica ou jurdica;

    II - a descrio sucinta do fato que a motivou;

    III - a indicao do dispositivo legal e regulamentar em que se fundamenta;

    IV - o prazo para cumprimento da exigncia;

    V - o valor da multa e o local onde deve ser efetuado o pagamento;

    VI - o local e data de expedio; e

    VII - a assinatura da autoridade administrativa.

    Art. 81. As penalidades de embargo, suspenso ou interdio e apreenso de materiais no possuem efeitos suspensivos quando da apresentao de recurso administrativo JARIA ou ao CONSEMA, tendo efeito meramente devolutivo.

    Pargrafo nico. Havendo justo receio de prejuzo de difcil ou incerta reparao decorrente da execuo das sanes administrativas aplicadas, a autoridade recorrida ou a imediatamente superior poder, de ofcio ou a pedido, dar efeito suspensivo ao recurso.

    Art. 82. Por ocasio do exerccio do direito de defesa nas esferas judicial e administrativa fica assegurado ao administrado, ao final do processo administrativo ou judicial, a mesma situao jurdica existente caso no houvesse se insurgido contra o ato administrativo em questo, resguardando-se, entretanto, a devida correo monetria referente ao perodo em que perdurar o processo, nos casos em que a deciso reconhecer a exigibilidade de valores.

    Art. 83. Compete FATMA dar cincia de suas decises ao recorrente, bem como emitir a competente guia de recolhimento no caso de aplicao da penalidade de multa.

    Pargrafo nico. As decises do CONSEMA devem ser publicadas no Dirio Oficial do Estado.

    Art. 84. Quando as medidas administrativas forem esgotadas e no restarem atendidas no processo de fiscalizao, o rgo executor deve ingressar com a competente ao judicial visando garantir o cumprimento das disposies legais.

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    Art. 85. O rgo autuante tem obrigao de prestar informaes sobre os processos administrativos infracionais.

    1 A autoridade ambiental fiscalizadora poder justificar a negativa de prestar informaes com base na alegao de preservao do sigilo industrial.

    2 A negativa de prestao de informaes no vlida quando se tratar de solicitao dos rgos pblicos.

    Art. 86. A constatao de fatos que constituem, em tese, crimes ambientais, enseja a remessa obrigatria de fotocpias de peas e informaes ao Ministrio Pblico, sem prejuzo de outras providncias cabveis.

    1 O encaminhamento de informaes de que trata o caput deve ser feito logo aps a aplicao de penalidades pelo rgo ambiental fiscalizador estadual, devendo ser efetuado antes da aplicao de penalidades, se decorrido mais de trinta dias da lavratura do auto de infrao.

    2 As fotocpias sero encaminhadas para o Ministrio Pblico Estadual ou Federal, de acordo com suas competncias.

    3 As fotocpias so dispensadas se a autoridade ambiental fiscalizadora possibilitar o acesso do Ministrio Pblico ao sistema de gesto e acompanhamento de infrao ambiental, bem como aos documentos digitalizados inerentes ao processo, cientificando-lhe, por escrito, do objeto da autuao.

    Art. 87. As multas previstas neste Cdigo podem ter a sua exigibilidade suspensa, quando o infrator, por termo de compromisso aprovado pela autoridade competente, obrigar-se adoo de medidas especficas, para fazer cessar ou corrigir a degradao ambiental.

    1 A correo do dano de que trata este artigo ser feita mediante a apresentao de projeto tcnico de reparao do dano.

    2 A autoridade competente pode dispensar o infrator de apresentao de projeto tcnico, na hiptese em que a reparao no o exigir.

    3 Cumpridas integralmente as obrigaes assumidas pelo infrator, a multa ser reduzida em 90% (noventa por cento) do valor atualizado monetariamente.

    4 Na hiptese de interrupo do cumprimento das obrigaes de cessar e corrigir a degradao ambiental, quer seja por deciso da autoridade ambiental ou por culpa do infrator, o valor da multa atualizado monetariamente ser proporcional ao dano no reparado.

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    5 Os valores apurados nos 3 e 4 sero recolhidos no prazo de 5 (cinco) dias do recebimento da notificao.

    Art. 88. No termo de compromisso devem constar:

    I - nmero do processo administrativo de autuao e de licenciamento, se houver;

    II - histrico sucinto;

    III - considerandos;

    IV - modo e cronograma de adequao legal e tcnica do infrator;

    V - fixao de multa diria pelo descumprimento;

    VI - suspenso das penalidades impostas na deciso final;

    VII - prazo de vigncia;

    VIII - data, local e assinatura do infrator; e

    IX - previso de prazo para a publicao do termo de compromisso, mediante extrato, no Dirio Oficial do Estado, s expensas do infrator, sob pena de ineficcia, sendo que nos casos de infraes de pequeno potencial ofensivo e de infratores de poucas condies econmicas, ser admissvel a publicao do extrato no mural do rgo fiscalizador e no site oficial do rgo na rede mundial de computadores.

    Art. 89. Os danos ambientais irreversveis devem ser compensados em forma a ser regulamentada pelo rgo ambiental fiscalizador.

    Art. 90. Os recursos financeiros de medidas compensatrias por danos irreversveis, decorrentes de termos de compromisso firmados em processos administrativos infracionais, devem ser depositados no Fundo Especial de Proteo ao Meio Ambiente - FEPEMA.

    Art. 91. Os processos administrativos devem ser instaurados e mantidos na unidade operativa da circunscrio do agente fiscalizador autuante.

    Art. 92. Lavrado o auto de infrao, o agente fiscal ambiental deve, com a primeira via, iniciar o processo administrativo infracional, e entregar outra via ao autuado, mediante recibo.

    1 Ocorrendo recusa do autuado em receber e passar o recibo do auto de infrao, o agente fiscal deve fazer constar esta ocorrncia e colher a assinatura de duas testemunhas, sendo que uma delas pode ser outro agente fiscal.

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    2 Quando o autuado ou seu preposto no for encontrado no local da autuao, o auto de infrao segue via correio, com aviso de recebimento.

    3 Configurando-se a impossibilidade de intimao do autuado, o rgo autuante deve fazer publicar o contedo do auto de infrao no Dirio Oficial do Estado.

    Art. 93. Ao final de cada ano, todo agente fiscal deve prestar contas, diretamente autoridade ambiental fiscalizadora, do bloco de auto de infrao, bem como apresentar o competente relatrio de atividades.

    Pargrafo nico. A FATMA e a PMA devem fazer um relatrio conjunto anual da fiscalizao ambiental, a ser apresentado ao Chefe do Poder Executivo e Assembleia Legislativa, at o final do primeiro semestre do ano subsequente.

    Art. 94. O agente fiscal, ao constatar o indcio de irregularidade na licena expedida por qualquer rgo do SISNAMA, deve enviar o competente comunicado ao representante do rgo emissor da licena para providncias ou esclarecimentos, antes da lavratura do auto de infrao.

    Art. 95. A intimao expedida em duas vias, ficando a segunda anexada aos autos.

    Art. 96. O agente fiscal da FATMA deve portar a carteira de identificao funcional concedente do poder de polcia ambiental.

    CAPTULO III DAS AUDITORIAS AMBIENTAIS

    Art. 97. O rgo ambiental licenciador pode exigir, mediante recomendao constante em parecer tcnico, a qualquer tempo, auditoria ambiental de atividades ou empreendimentos licenciveis mediante Estudo Prvio de Impacto Ambiental - EIA, sem prejuzo de outras exigncias legais.

    Art. 98. A finalidade das auditorias ambientais deve se restringir avaliao da implementao dos programas ambientais, de controle, compensao e monitoramento ambiental, bem como das condicionantes tcnicas das licenas, no substituindo a fiscalizao ambiental pelo rgo licenciador.

    Art. 99. As atividades que possuem sistema de gesto ambiental certificada por entidades credenciadas pelo Sistema Brasileiro de Certificao Ambiental, podero utilizar esta certificao para o atendimento exigncia disposta no art. 97 desta Lei, desde que o escopo da auditoria e seu relatrio incluam a avaliao dos Programas Ambientais e dos condicionantes das licenas emitidas.

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    Art. 100. No caso dos auditores ambientais constatarem uma situao de risco ambiental iminente, de dano ou de irregularidade normativa, eles devem notificar imediatamente o responsvel da atividade ou empreendimento, registrar este fato em seu relatrio e dar conhecimento ao rgo fiscalizador.

    CAPTULO IV DOS CAMPOS DE ALTITUDE

    Art. 101. Ficam estabelecidos os seguintes parmetros bsicos para anlise dos estgios sucessionais dos campos de altitude associados Floresta Ombrfila Mista e Floresta Ombrfila Densa, no Bioma Mata Atlntica em Santa Catarina:

    I - histrico de uso;

    II - presena de fitofisionomias caractersticas;

    III - diversidade e dominncia de espcies;

    IV - espcies vegetais indicadoras;

    V - presena de vegetao de afloramento rochoso;

    VI - ndice de cobertura vegetal viva do solo; e

    VII - altitude.

    Art. 102. Esto relacionados aos campos de altitude os seguintes conceitos:

    I - campo antrpico: vegetao de campo formada em reas originais de florestas, devido interveno humana, no considerada remanescente de campo de altitude;

    II - campo melhorado: campo em que foram implementadas aes para uma maior produtividade de espcies forrageiras, principalmente com a introduo de espcies exticas;

    III - campo pastoreado: campo utilizado pela pecuria extensiva localizados no planalto meridional;

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    IV - campo original: campo que, independentemente do seu uso, sempre foi vegetao campestre, caracterizada como clmax edfico sobre o planalto meridional ou sobre cumes da Serra Geral em Santa Catarina, considerados como remanescente;

    V - turfeira: fisionomia com presena predominante de musgos do gnero Sphagnum, caraterstica em reas midas, mal drenadas, contendo restos vegetais em variados graus de decomposio;

    VI - capo: pequena poro de Floresta Ombrfila Mista isolada no meio dos campos naturais do planalto catarinense;

    VII - campo litlito: so aqueles campos em que a cobertura do solo apresenta-se com afloramento rochoso, cobrindo mais de 70% (setenta por cento) da superfcie; e

    VIII - pousio: rea de terra onde inexista qualquer atividade antrpica por determinado tempo.

    Art. 103. So considerados em estgio inicial de regenerao, associados Floresta Ombrfila Mista:

    I - os campos atrpicos;

    II - os campos melhorados; e

    III - os campos pastoreados, os quais podero estar em pousio por at 2 (dois) anos, com ausncia de turfeiras e vegetao litlita.

    1 Para a caracterizao dos campos antrpicos ser tomado como parmetro inicial a cobertura aerofotogramtrica do Estado de Santa Catarina de 1957, fotondice escala aproximada de 1:1.000.000, escala mdia das fotografias 1:25.000, filme pacromtico, Cmara Zeiss RMK 15/223, distribuio focal nominal 153 mm.

    2 Para os anos subsequentes sero utilizadas outras sries fotogrficas ou imagens de satlite que indiquem a cobertura vegetacional do Estado de Santa Catarina.

    3 Para a caracterizao dos campos melhorados ser considerada a presena de espcies exticas e/ou ruderais correspondendo a 50% (cinquenta por cento) da biomassa vegetal viva.

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    4 Consideram-se espcies indicadoras do estgio inicial de regenerao da Floresta Ombrfila Mista: Coniza bonariensis (buva), Senecio brasiliensis (maria mole, flor das almas), Holcus lanatus (capim lanudo), Eleusine tristachya (capim p de galinha), Taraxacum officinale (dente de leo), Solanum sisymbrifolium (jo), Solanum americanum (erva moura), Pteridium aquillinum, Erryngium horridum (caraguat), Aristida pallens (capim barba de bode), Andropogon laterallis (capim caninha), Cenchrus echinatus (capim carapicho), e demais exticas introduzidas em campos melhorados ou naturalmente invasoras.

    Art. 104. So considerados em estgio mdio de regenerao associados Floresta Ombrfila Mista, os campos originais que estiverem em pousio por um perodo de 3 (trs) a 5 (cinco) anos, com baixa representatividade de espcies exticas e/ou ruderais e com ausncia de turfeiras e de vegetao litlita.

    Pargrafo nico: So consideradas espcies indicadoras dos campos de altitude em estgio mdio de regenerao, associados Floresta Ombrfila Mista: Agrostis montevidensis, Adesmia ciliata, Adesmia tristis, Andropogon lateralis, Andropogon macrothrix, Axonopus barretoi, Axonopus ramboi, Axonopus siccus, Baccharis nummularia, Baccharis pseudovillosa, Baccharis tridentada, Baccharis uncinella, Briza calotheca, Briza uniolae, Bulbostylis sphaerocephala, Calea phyllolepis. Danthonia secundiflora, Deschampsia caespitosa, Lupinus paranensis, Lupinus rubriflorus, Macroptilium prostratum, Paspalum maculosum, Paspalum pumilum, Piptochaetium stipoides, Schizachyrium spicatum, Schizachyrium tenerum, Sorghastrum setosum, Sporobolus camporum, Stipa sellowiana, Tephrosia adunca, Trichocline catharinensis, Trifolium riograndense.

    Art. 105. So considerados campos originais de altitude em estgio avanado de regenerao associados Floresta Ombrfila Mista, a vegetao de mxima expresso local, sendo os efeitos das aes, antrpicas moderadas, sem evidncias de que a rea tenha sido cultivada no passado, como presena de curvas de nvel e outras marcas de cultivo do solo, estando em pousio a mais de 5 (cinco) anos.

    1 Inclui-se ainda na conceituao do caput:

    I - as turfeiras;

    II - os campos litlitos; e

    III - a bordadura de no mnimo 10 (dez) metros ao redor dos capes, turfeiras e campos litlitos.

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    2 So consideradas espcies indicadoras de turfeiras: Apiaceae Hydrocotyle ranunculoides; Asteraceae: Senecio jurgensenii, Senecio bonariensis, Senecio icoglossus, Senecio pulcher; Blechnaceae: Blechnum regnellianum (samambaia), Blechnum imperiale (samambaia-dos-banhados); Cyperaceae: Eleocharis bonariensis, Eleocharis subarticulata (junquinhos), Cyperus consanguineus, Cyperus meyenianus (tiriricas); Eriocaulaceae Eriocaulon ligulatum (caraguat-manso); Lentibulariaceae: Utricularia oligosperma (boca-de-leo); Lycopodiaceae: Lycopodium alopecuroides; Poaceae: Panicum pernambucense, Eriochrysis holcoides; Polygonaceae: Polygonum sp. (erva-de-bicho); Primulaceae: Anagallis filiformis; Sphagnaceae: Sphagnum spp. (musgo); Xyridaceae: Xyris jupicai (boto-de-ouro); De Campos Rupestres: Amaryllidaceae: Haylockia pusilla; Apocynaceae: Oxypetalum kleinii; Asteraceae: Achyrocline satureioides (marcela), Trichocline catharinensis (cravo-do-campo); Bromeliaceae: Aechmea recurvata (bromlia), Dyckia reitzii, Dyckia maritima (gravats), Tillandsia montana (cravo-do-mato), Vriesea platynema (bromlia); Cactaceae: Parodia alacriportana, Parodia haselbergii, Parodia graessnerii, Parodia ottonis e Parodia linkii (tunas), Cereus hildmannianus; Cyperaceae: Bulbostylis capillaris, Bulbostylis sphaerocephala, Bulbostylis juncoides; Gesneriaceae: Hesperozygis nitida, Sinningia allagophylla, Nematanthus australis; Lamiaceae: Glechon discolor; Lycopodiaceae: Lycopodium alopecuroides, Lycopodium thyoides; Orchidaceae: Epidendrum secundum, Habenaria montevidensis (orqudeas); Oxalidaceae: Oxalis rupestris; Piperaceae: Peperomia galioides; Poaceae: Microchloa indica, Tripogon spicatus; Rubiaceae: Coccocypselum reitzii; Selaginellaceae: Selaginella microphylla; Verbenaceae: Lantana megapotamica; Solanaceae: Petnia sellowiana (petnia).

    3 So consideradas espcies endmicas: Amaranthaceae: Gomphrena schlechtendaliana (perptua); Apiaceae: Eryngium falcifolium, Eryngium floribundum, Eryngium ramboanum, Eryngium smithii, Eryngium urbanianum, Eryngium zosterifolium (caraguats/gravats); Asteraceae: Baccharis nummularia, Chaptalia mandonii (lngua-de-vaca), Dendrophorbium paranense, Holocheilos monocephalus, Hysterionica nebularis, Pamphalea araucariophila (margaridinha-dospinhais), Pamphalea ramboi (margaridinha), Pamphalea smithii (margaridinha-do-campo), Perezia catharinensis, Senecio promatensis, Senecio ramboanus, Smallanthus araucariophila, Trichocline catharinensis, Vernonia hypochlora; Cyperaceae: Eleocharis loefgreniana, Eleocharis ochrostachys, Eleocharis rabenii, Eleocharis squamigera, Machaerina austrobrasiliensis, Rhynchospora brasiliensis, Rhynchospora polyantha, Rhynchospora splendens (capim-navalha); Fabaceae: Adesmia reitziana (babosa), Lathyrus linearifolius, Lathyrus paraguariensis, Lupinus magnistipulatus, Lupinus rubriflorus, Lupinus uleanus, Tephrosia adunca, Trifolium riograndense (trevo); Juncaceae: Luzula ulei; Lamiaceae: Cunila platyphylla, Glechon discolor; Poaceae: Agrostis longiberbis, Axonopus ramboi, Briza scabra (treme-treme), Calamagrostis reitzii, Chusquea windischii (taquarinha), Paspalum barretoi, Piptochaetium alpinum, Piptochaetium palustre (capim-cabelo-de-porco), Poa bradei, Poa reitzii (capim-do-banhado), Stipa brasiliensis, Stipa planaltina, Stipa rhizomata, Stipa vallsii flechilhas); Polygalaceae: Polygala selaginoides, Polygala sp.; Rhamnaceae: Colletia spinosissima (quina); Solanaceae: Petunia altiplana (petnia).

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    Art. 106. Os campos relictuais de altitudes da Floresta Ombrfila Densa, devido as suas pequenas extenses, nveis de endemismo e riqueza de espcies, sero considerados todos como sendo estgio mdio.

    Art. 107. Sero considerados campos originais de altitude em estgio mdio de regenerao, associados Floresta Ombrfila Densa, os campos com ausncia de espcies raras e endmicas, turfeiras e vegetao litlita.

    Art. 108. So considerados campos originais de altitude em estgio avanado de regenerao, associados Floresta Ombrfila Densa, os campos originais com presena de espcies raras e endmicas, turfeiras e vegetao rupestre.

    Pargrafo nico: Consideram-se como espcies raras: Quesnelia imbricata (gravat), Dyckia reitzii, Dyckia minarum, Vriesea hoehneana, Spermacoce paranaensis (poia-do-campo).

    Art. 109. Nos campos, quer associados Floresta Ombrfila Densa ou Floresta Ombrfila Mista, localizados em altitudes superiores a 1.500 (mil e quinhentos) metros, so permitidas como atividades econmicas, a pecuria extensiva e atividades ligadas ao ecoturismo e turismo sustentvel.

    Art. 110. Os campos originais, quer associados Floresta Ombrfila Densa ou Floresta Ombrfila Mista, que estiverem em pousio por um perodo superior a 10 (dez) anos, sero considerados campos em estgio primrio.

    Art. 111. O nmero de espcies mencionados nesta Lei, indicadoras dos estgios de sucesso dos campos de altitude, podero sofrer alteraes, mediante lei, de acordo com a evoluo de estudos realizados pela EPAGRI.

    Art. 112. No caso de vegetao primria em campo de altitude, a vegetao de mxima expresso local no necessariamente est associada grande diversidade biolgica, devido s caractersticas locais de clima, relevo, solo, e vegetao adjacente.

    Art. 113. Remanescentes de campos da altitude submetidos a corte parcial e recorrente da parte area por processo de pastoreio no se enquadram como vegetao primria.

  • ESTADO DE SANTA CATARINA

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    14675

    CAPTULO V DOS ESPAOS PROTEGIDOS

    Seo I Das reas de Preservao Permanente

    Art. 114. So consideradas reas de preservao permanente, pelo simples efeito desta Lei, as florestas e demais formas