jurídico - volume 2

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MANUAIS DE GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL portalamm.org.br VOLUME 2 JURÍDICO

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Manuais de gestão pública municipal

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MANUAISDE GESTÃOPÚBLICAMUNICIPAL

portalamm.org.br

VOLUME 2

JURÍDICO

2

DO

BRA

Page 2: Jurídico - Volume 2

“uai”

“sô”“nó”

“trem”

“bão”

“cê”

.

segunda CAPA

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“uai”

“sô”“nó”

“trem”

“bão”

“cê”

.

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MANUAIS DE GESTÃOPÚBLICA MUNICIPAL

volume 2

JURÍDICO

Associação Mineira de Municípios - AMM

Presidente:

Ângelo RoncalliSuperintendente Geral:

Gustavo PersichiniCoordenador Técnico:

Rogério Moreira

Conteúdo JurídicoEverton NeryThiago FerreiraRogério Moreira

Projeto gráfico e diagramação:Tamirys de Oliveira Freitas

Tiragem:2.000 exemplares

Distribuição gratuita

Para mais informações acesse

www.portalamm.org.br

EDITORIAL PALAVRA DOPRESIDENTE

ÂNGELO RONCALLIPresidente da Associação

Mineira de Municípios

"a AMM vem desenvolvendo

uma série de instrumentos

e mecanismos que

possibilitAm o cumprimento

de sua missão institucional,

dentro dos valores da

ética e da transparência,

de modo a fazer com que

possamos levar a todos as

mensagens, as bandeiras e as

contribuições do movimento

municipalista."

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A Associação Mineira de Municípios – AMM, maior associação de municípios do país, tem como missão a representação dos inter-esses e dos direitos dos 853 municípios de Minas.

Fundada em 17 de outubro de 1952, A AMM, nestes 60 anos de história, participa ativamente das lutas e movimentos munici-pal istas que garantiram a melhoria na qualidade de vida dos ci-dadãos.

Com o lema “Somos 853. Somos Minas. E, juntos, somos muito mais”, a AMM acredita que somente através da união de todos é possível mudar a realidade dos municípios. Independentemente do porte e da pujança de cada município. A entidade parte da premissa de que isolados somos frágeis. Assim, é necessário fortalecer politica-mente os municípios e apoiá-los na melhoria da gestão pública, pois é o município o principal ente transformador da real idade da sociedade, uma vez que é nele que o cidadão apresenta seus apelos e necessidades.

Neste sentido, a AMM vem desenvolvendo uma série de instrumentos e mecanismos que possibil itam o cumprimento de sua missão institucional, dentro dos valores da ética e da transparência, e isso faz com que possamos levar a todos as mensagens, as bandeiras e as contribuições do movimento municipalista.

Nesse cenário, os Manuais para Gestão Pública Municipal se consoli-dam como um instrumento de auxílio aos administradores munici-pais, na definição de programas, prioridades, metas, na execução de projetos e ações na gestão localizada.

Somando-se a essas preciosas informações, fica, desde já, o convite para que o leitor possa de fato explorar e conhecer Minas, nos-sas riquezas e, principalmente, o que temos de mais valioso: nossa gente, nossa mineiridade.

O município é a nossa causa!

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O Departamento Jurídico da AMM é constituído por profis-sionais aptos a atender os mu-nicípios afiliados, nas diversas áreas do Direito.

Tem como principal atividade a consultoria, o que se dá princi-palmente por meio da elabo-ração de pareceres sobre os questionamentos encaminhados por servidores acerca de situa-ções-problema enfrentadas no

cotidiano da administração.

Diante da demanda, o Departa-mento busca auxiliar os Municípios, dentro da legalidade, oferecendo informações para a tomada de de-cisão, conferindo maior segurança ao gestor e reduzindo a possibili-dade de erros.

Apesar de atuarmos em todos os ramos do Direito, a demanda do departamento concentra-se na

Conheça odepartamento

JURÍDICO

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7

área pública, especialmente no Direito Administrativo, sendo que os principais questionamentos versam sobre seguintes ma-térias: funcionalismo, licitações, Lei de Responsabilidade Fiscal, Gestão, Direito Tributário, Direito Eleitoral, análise de legalidade de lei, dentre outras.

Quando a demanda envolve outras áreas, o Jurídico atua em parceria com os demais depar-

tamentos técnicos da instituição, buscando assim trazer o máximo de qualidade aos pareceres a atendimentos desenvolvidos.

Além da função de orientação, o departamento também pres-ta auxílio aos municípios junto ao Poder Judiciário e ao Tribu-nal de Contas com o protocolo de petições e a retirada de có-pias processuais, não sendo ne-cessário o deslocamento de um profissional até Belo Horizonte para a prática destes atos.

Enfim, resumidamente, são estas as principais atividades ofereci-das ao município pelo Depar-tamento Jurídico, que trabalha, diariamente, para oferecer orien-tações seguras para que a sua gestão supere os problemas eventualmente encontrados.

Coordenador

EVERTON NERY(31) 2125-2420

[email protected]@amm-mg.org.br

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VOL.1Institucional AMM

VOL.9Educação

VOL.8Meio Ambiente

VOL.7Captação de Recursos Públicos

VOL.6Contábil e Tributário

VOL.5Assistência Social

VOL.4Saúde

VOL.3DesenvolvimentoEconômico

VOL.10Comunicação, Eventos e Cerimonial

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VOL.2Jurídico

Editorial pág.4PALAVRA DO PRESIDENTE pág.4DEPARTAMENTO JURÍDICO pág.61. INTRODUÇÃO pág.122. PROVIDÊNCIAS QUE DEVEM SER ADOTADAS NO

INÍCIO DE MANDATO pág.132.1. Medidas do primeiro ano de mandato pág.243. PRESTAÇÃO DE CONTAS pág.253.1. Consequências da omissão de prestar contas pág.254. LICITAÇÃO pág.274.1. Regra geral pág.274.2. Modalidades licitatórias pág.274.3. Fracionamento de licitação pág.28.

4.4. Planejamento da licitação pág.284.5. Vantagens do planejamento em licitações pág.29.

4.6. Comissão de licitação pág.304.7. Pregoeiropág.304.8. Cuidado com as contratações diretas pág.314.9. Principais equívocos na licitação pág.34

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5. GESTÃO DE PESSOAL pág.355.1. Cargos Públicos pág.355.1.1. Cargos Efetivos x Cargos Comissionados e

Funções de Confiança pág.355.2. Qual o instrumento hábil para criação de

cargos na Prefeitura e na Câmara? pág.365.3. Quais os requisitos da Lei que cria o cargo?

5.4 Limites de gastos com pessoal pág.375.4.1. Limite Prudencial pág.395.5. Revisão Geral Anual pág.405.6. Contratação temporária de pessoal pág.405.6.1. O que deve conter a lei? pág.415.6.2. Regime contratual pág.415.6.3. Algumas hipóteses de contratação

5.7 Nepotismo pág.435.7.1. Dos cargos atingidos pág.435.7.2. Secretários Municipais pág.445.7.3. Do parentesco pág.445.8. Acumulação de cargos públicos pág.456. APLICAÇÃO VINCULADA DE RECURSOS

6.1. Duodécimo câmara pág.466.2. Educação pág.476.2.1. Despesas da Educação pág.486.2.2. Remuneração dos profissionais do Magistério

6.2.2.2. Revisão anual pág.506.2.2.3. Quem recebe o piso? pág.506.2.3. Da jornada dos Profissionais do Magistério

6.3. Saúde pág.516.3.1. Despesas de Saúde pág.526.3.2. PSF pág.546.3.3. Da contratação dos agentes comunitários

de saúde e de endemias pág.567. LEI DA TRANSPARÊNCIA pág.57

pág.37

temporária pág.42

pág.49

pág.46

pág.50

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7.1 Quais informações devem ser 7.2. Quando as informações devem estar

7.3. Quais as penalidades para o descumprimento

da Lei da Transparência? pág.598. SUBVENÇÕES SOCIAIS pág.608.1. Principais equívocos em convênios de repasse. pág.619. ILUMINAÇÃO PÚBLICA pág.62

Dez Mandamentos do BomAdministrador Público (Tribunal de Contas da União)

1 – Planeje2 – Cumpra o planejado3 – Cumpra a lei4 – Seja prudente5 – Aprenda com a experiência6 – Seja transparente7 – Documente seus atos8 – Mantenha assessoria técnica competente9 – Seja eficiente e eficaz10 – Seja ético – tenha sempre em vista o interesse público; sem isso, todos os demais mandamentos não têm sentido.

disponibilizadas?pág.58 disponíveis? pág.59

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1.

INTRODUÇÃO

Passadas as eleições e declarado o resultado das urnas, surge para o candidato vencedor a sensação de que as maiores dificuldades foram superadas, de prêmio pelo sucesso da cam-panha. Porém, apesar de o momento ser festejado, ao Prefeito eleito recaem os anseios da população pela melhoria da gestão e realização de todas as promessas de campanha.

Empossados os candidatos vencedores nas eleições, tem-se um momento extremamente importante de conhecimento da administração e reanálise dos dados coletados durante a tran-sição de governos. Porém, trata-se de um período em que a tomada de decisões importantes suscita muitas dúvidas, so-bretudo em razão do pouco conhecimento ou falta de informa-ções acerca do funcionamento da máquina pública.

E justamente visando dar apoio ao Prefeito recém empossado que os departamentos técnicos da AMM, reforçando sua fun-ção principal com os Municípios Mineiros nesses mais de 60 anos de história, elaboraram esta cartilha, na qual buscou-se apresentar, com linguagem simples e acessível, as informações indispensáveis acerca de todos os setores da administração pública que todo gestor precisa conhecer, de modo a iniciar o seu governo da forma mais segura possível.

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2. PROVIDÊNCIAS

QUE DEVEM SER ADOTADAS NO

INÍCIO DE MANDATO

Nomear a Equipe de Governo

Por mais empenho e dedicação que o(a) prefeito(a) tenha, é impossível administrar o município sozinho(a). Ademais, o bom gestor sabe del-egar as funções de modo a executar todo o planejamento. Com isto é indispensável a formação de uma boa equipe de governo.O secretari-ado e as demais funções de chefia devem ser exercidos por pessoas da confiança do prefeito, além de estar alinhados com o plano de governo e, sobretudo, ter conhecimento técnico sobre as atividades que executarão.

Com isto, nem sempre as pessoas que mais contribuíram durante a cam-panha são as mais indicadas para as-sumir secretarias ou funções de confi-ança, uma vez que se trata de cargos que dependem de conhecimento téc-nico para serem exercidos.

Assim, para a formação da equi-pe de governo, é importante que o(a) prefeito(a) eleito(a) conte com técnicos de sua confiança especialmente nas áreas: con-tábil, tributária, jurídica, de re-cursos humanos, de obras, de planejamento, de comunicação social, entre outras.

E considerando que os servidores de carreira possuem formação específica, familiarizam-se com o funcionamento da máquina ad-ministrativa e também conhecem interlocutores de outras esferas, fornecedores, parceiros e repre-sentações da sociedade, é indica-do que sejam nomeados para o exercício de funções de chefia e até mesmo para composição do secretariado.

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Ademais, é indispensável verificar previamente se existe na legisla-ção do Município alguma regra que impõe alguma condição para escolha de seus dirigentes, como por exemplo, percentual reservado a ocupantes de cargos de carreira.

Lembrando que, embora só possa ser tomados após a posse, existem atos que devem ter sua prepara-ção iniciada durante a transição para serem expedidos no logo após o(a) prefeito(a) assumir o cargo. E a nomeação da equipe de governos é exemplo disso. Por isto, orienta-se a preparação dos atos de no-meação (via de Regra, Decreto ou Resolução) da equipe de governo antes mesmo da posse, de modo a permitir que a sua publicação no primeiro dia de governo.

Todo gestor, ao

iniciar o seu mandato,

pretende realizar diversas

ações nas diversas áreas

da Prefeitura. Assim, se a

estrutura administrativa

não tiver uma área

responsável pelo

planejamento municipal,

recomenda se a delegação

da função a algum

auxiliar direto. a Esta

pessoa, sob a supervisão

do Prefeito, compete,

juntamente com a equipe de

governo, elaborar de um

plano para cada um dos

setores da prefeitura, fixar

metas, prazos de execução e

acompanhar o

desenvolvimento das

atividades.

Ordenação de despesa

O Prefeito, como gestor eleito pela população, é o ordenador de despesa do município. Assim, cabe a ele assinar as notas de empenho, liquidação e pagamento.

Porém, não é obrigatório e nem aconselhável que seja assim. Por isto, é indicada a delegação desta função para os secretários.

A delegação de competência não re-tira responsabilidade do Prefeito na ocorrência de eventual ilegalidade, porém, a pessoa que assume esta função divide a responsabilidade so-bre seus atos com o Prefeito.

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Assim, por diversas razões, é indicada a delegação de competência para ordenar despesa, dentre as quais, destaca-se:

Nem o Prefeito, nem a equipe de governo, devem se impressionar com a

a) O Prefeito pode dedicar-se a atividades mais impor-tantes na administração, ao invés de assinar ordens de compra, notas de empenho ou cheques;

b) A delegação de competência divide a responsabi-lidade pelos atos praticados pelos assessores do Pre-feito;

c) Conferir maior dinamismo e desburocratização dos procedimentos internos da administração;

Ressaltamos que o Prefeito pode continuar como ordenador de despesa, bem como pode serdefinido que o procedimento de liquidação e paga-mento da despesa só tenha validade com a assinatura de dois secretários municipais, como por exemplo, pelo responsável pela pasta requerente do serviço/produto e o de finanças.

Assim, ao Prefeito, com auxílio do Controle Interno, caberá acompanhar, por amostragem, a regularidade dos atos praticados pelos secretários.

Para delegar a competência, basta ao Prefeito editar um decreto regulamentado a matéria. A AMM pode te ajudar nesta tarefa!

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Conferir as contas bancárias e bens recebidos e comparar com as informações obtidas na tran-sição de governo;

Comunicar aos bancos os

novos responsáveis pela

administração e

movimentação das contas

municipais, além do caixa

geral, atenção especial às

contas de Fundos Municipais,

ex: Assistência Social,

Infância e Juventude, Saúde.

Recolher as chaves dos locais de acesso restrito da Prefeitura;

Garantir a continuidade dos ser-viços públicos municipais e dos contratos com os fornecedores de bens e serviços essenciais (ou prov-idenciar outros rapidamente);

Realizar ou atualizar o diagnóstico do município e da administração pública municipal realizado durante a transição;

Nomear Comissão Especial para verificar a adequação das finanças

públicas à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF);

Verificar a situação das prestações de contas dos recursos de con-vênios, e prestar os esclarecimentos que se façam necessários junto aos órgãos convenentes;

Verificar a situação do julgamento das contas anteriores do município, junto aos órgãos conveniados, ao Tribunal de Contas do Estado e à Câmara Municipal e prestar os es-clarecimentos que se façam ne-cessários;

Providenciar a prestação de contas do ano imediatamente anterior até o dia 31 de março. Lembrando que o Prefeito apresenta as contas:

a) no seu primeiro ano de man-dato, referentes ao último ano do governo antecessor;

b) nos três próximos anos, referen-tes à própria gestão.

Fique atento!A inobservância do prazo acarreta na aplicação de multa pessoal ao Prefeito.

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a) Lei Orgânica Municipal;b) PPA, LDO e LOA (estes últimos do exercício financeiro vindouro).c) Lei da Estrutura Administrativa e Regimento Interno do Poder Executivo Municipal; d) Estatuto dos Servidores Públicos Municipais;e) Planos de Carreira dos Servidores;f) Lei de Contratação Temporária;g) Regimento Interno da Câmara de Vereadores;h) Lei de Parcelamento do Solo Urbano;i) Códigos de Obras e de Posturas Municipais:j) Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano;k) Código Tributário Municipal e legislação que o regulamente;l) Regulamentos de transportes, feiras, limpeza pública, ensino, saúde, bibliotecas, parques, jardins, cemitérios e outros;m) Leis Municipais de Incentivos Fiscais e outros;n) Leis Municipais que criem obrigações, cujo cumprimento precisa ser realizado mensalmente ou no primeiro trimestre do exercício;o) Legislação do Regime Próprio de Previdência e listagens da sua organização administrativa, se for o caso.

Consolidar toda a legislação, especialmente a referente a:

Obter as últimas folhas de pagamento pessoal, com o local de trabalho de cada servidor;

Analisar os resultados e as listas de aprovados nos concursos públicos que ainda estão em vigor.

Implantação do Plano Permanente de Capacitação do Funcionalismo, caso não exista;

É indicado que o Prefeito tome posse acompanhado de um advogado com conhecimentos em Direito Público e de um especialista em Finanças e Contabilidade Pública.

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arrecadação dos primeiros meses da gestão. Afinal, normalmente, ela é maior do que a dos outros me-ses do ano, especialmente em razão da arrecada-ção de IPTU e IPVA. Assim, deve haver o controle dos gastos numa análise conjunta das áreas finan-ceira, contábil e orçamentária, a fim de não enfren-tar problemas no fim do ano com despesas ines-peradas ou aumento de gastos como 13º.

Atenção aos restos a pagar

As dívidas deixadas pelo gestor anterior devem ser cuidadosamente analisadas. Na verdade, todos os empenhos abertos de 1º de maio a 31 de dezem-bro de 2012 que passaram em restos a pagar para 2013 (não foram quitados) devem ser analisados.

Além de identificar se os requisitos da LRF estão observados e também se há disponibilidade finan-ceira para fazer frente a despesa, deve-se fazer an-tes um planejamento, para só depois se fazer uma escala de pagamentos e, se preciso, uma negocia-ção com os fornecedores. Lembrando que deve ser respeitada a ordem cronológica das dívidas, bem como que o pagamento dos restos a pagar tem prioridade sobre as despesas novas.

Ademais, o Tribunal de Contas já pacificou o en-tendimento de que, em casos de restos a pagar liquidados, a obrigação pelo pagamento é do município. Por isto, o credor deve ser pago, mes-mo que o gestor anterior não tenha deixado a devida cobertura financeira.

Caso se depare com esta situação, a nova gestão deve comunicar a irregularidade aos órgãos com-

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petentes (Tribunal de Contas e Ministério Público), além de buscar o ressarci-mento do erário. Lembrando que, se o Prefeito eleito não tomar as providên-cias indicadas, poderá sofrer pessoalmente as sanções.

Em situações de restos a pagar não liquidados, ou seja, quando não houve prestação do serviço ou entrega do material e, por consequência, não há direito líquido e certo do fornecedor, não há necessidade de pagamento, podendo ser cancelado o empenho.

TAC Termo de Ajustamento de Condutas

Não é incomum que gestores que se sintam pressionados pela atuação do Ministério Púbico, sob a ameaça de ajuizamento de Ação Civil Pública, as-sinem Termos de Ajustamento de Conduta - TAC visando o cumprimento de obrigações em prazo inexequível, sem previsão nas Leis Orçamentárias ou até mesmo assumindo obrigações que não são de competência do município.

Porém, a assinatura de TACs junto ao Promotor de Justiça não é obrigatória! Por isso, Prefeito, considerando as penalidades que podem ser impostas, reflita antes de assinar um TAC. Pois, trata-se de um título executivo extrajudicial. É melhor contestar uma ação civil pública, apresentando as razões acerca da prática ou não de determinado ato administrativo, do que assinar um TAC que não poderá ser cumprido, cujo objeto não tem previsão orçamen-tária ou que colocará o município em dificuldade financeira!

Processos judiciais

Outra informação importante se refere aos processos judiciais em que figu-ram o município. Como sabido, todo município enfrenta razoável quanti-dade de processos, sejam eles ajuizados por sindicatos, servidores, contri-buintes, fornecedores, seja pelo próprio ente público.Diante disto, é importante realizar o levantamento das demandas judici-ais, especialmente no que se refere à situação em que se encontram os

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processos, cumprimento de prazos, os fundamentos apresentados por cada parte, eventual condenação do município e a existência de precatórios, etc. Com estas informações é possível que a assessoria jurídica tome frente do processo, bem como analise a possibilidade de proposição de acordo para encerrar determinadas ações, e assim reduzir o passivo judicial.

A redução do número de processos resulta em inúmeros benefícios para o mu-nicípio, seja em tempo, esforço de pessoas e também em recursos financeiros.

Lembramos que todo município deve possuir, no seu quadro de pessoal, um corpo jurídico mínimo, de acordo com a complexidade da máquina adminis-trativa, que possa exercer tarefas rotineiras e permanentes da administração.

Assim, a existência de Procuradoria Jurídica, composta por advogados sele-cionados em concurso público, contribui para reduzir a incidência de proces-sos contra o município. Ao procurador também compete a função de con-sultoria, o exame e elaboração de contratos, projetos de leis e outros atos legais. Assim, trabalha tanto no aspecto preventivo – em consonância com o Controle Interno – de modo a evitar a ocorrência de problemas, recomen-dando correções ou alterações de atos administrativos, quanto de forma repressiva, visando minorar os efeitos de uma demanda judicial.

Situação da dívida ativa

Dentre as principais obrigações constitucionais dos municípios, destaca-se a arrecadação de tributos. E não é incomum nos deparamos com situações nas quais os gestores não executam as dívidas fiscais de contribuintes inadimplentes, que acabam por pre-screver, caracterizando a chamada renúncia de receita.

Consequentemente, a análise da situação da dív-ida ativa, em cobrança administrativa ou judicial, bem como dos créditos lançados e não recebidos, merece especial atenção do eleito.

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O volume elevado de recursos inscritos em dívi-da ativa pode indicar que o município não reúne condições e meios técnicos suficientes para con-seguir o cumprimento da obrigação tributária e seja necessário o reforço dos órgãos fiscais e do corpo jurídico.

Por fim, é possível a realização de campanhas para estimular os contribuintes inadimplentes regularizarem sua situação com o município por meio do pagamento de tributos em atraso, com desconto de multas, bem como para estimular a população a pagar em dia os impostos, uma vez que se revertem em benefícios para a comunidade.

Identificada a existência de impostos lança-dos em dívida ativa e não executados, cabe ao Prefeito providenciar os preparativos para a cobrança de tributos municipais que ven-cem no início do ano (principalmente o IPTU e as taxas) – a prescrição dos tributos se dá em 5 anos. Com isto, se não forem ajuizadas as ações de execução e ocorrendo a prescrição, fica caracterizada a renúncia de receita e o gestor pode ser penalizado e responde com seu próprio patrimônio.

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Situação junto ao INSS, FGTS e PASEP

Para a assinatura de convênios com o estado e a União, é indis-pensável que o município esteja em dia com suas obrigações previdenciárias. Sem as certidões, é impossível a transferência voluntária de recursos e até mesmo o bloqueio de recursos em conta é pode ocorrer.

Assim, é imprescindível que o gestor busque informações acerca da situação do município perante o INSS, ao FGTS e o PASEP. Afinal, muitos municípios promoveram parcelamentos de seus débitos junto a estes órgãos.

Por isso, é importante verificar qual é a situação do município frente a esses credores, se há débitos, qual o seu montante, se há parcelas em atraso e quanto tempo se levará para a quitação.

Acompanhamento dos Projetos de Lei

Indica-se que o(a) novo(a) prefeito(a) solicite à Câmara a relação dos projetos de leis que o gestor anterior encaminhou, contendo o seu teor.

Além disso, é importante procurar informações também sobre a existência de projetos de iniciativa de vereadores que afetam a ação do Executivo para a eventualidade de nova providência a ser tomada no âmbito da administração.

Conhecendo quais são os projetos em tramitação, é conveniente verificar quais devem ter o seu andamento acelerado, e quais devem ser retirados para melhor estudo.

É conveniente ainda verificar quais as últimas leis sancionadas ou vetadas, e saber se o veto foi apreciado.

Outra providência indicada é a comunicação oficial da posse do(a) novo(a) Prefeito(a) aos órgãos oficiais e principais par-ceiros e fornecedores do município.

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Apresenta-se a seguir listagem exemplificativa de quem deve receber a comunicação:

a) Ministros de estado e outras autoridades federais com as quais o Município tenha relacionamento;

b) Governador do estado, Secretários de estado, Presidente da Assembléia Legislativa, Presidentes do Tribunal de Justiça e dos Tribunais de Contas da União e do estado;

c) Dirigentes dos órgãos federais e estaduais localiza-dos no município;

d) Dirigentes de outras entidades e órgãos do asta-do cuja atuação possui vínculos com o município;

e) Juiz e promotor da comarca;

f) Associações de Municípios, como a Associação Mi-neira de Municípios – AMM, Associação Brasileira de Municípios – ABM, Confederação Nacional dos Mu-nicípios – CNM, Frente Nacional de Prefeito – FNP;

g) grandes fornecedores do município;

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24

2.1

Medidas do primeiro ano de mandato

a) Elaboração da Lei de Diretrizes Orçamentárias, da Lei de Orçamen-to e do PPA – Plano Plurianual;

b) Estabelecimento de uma política de relacionamento com a Câmara Municipal, Poder Judiciário e Minis-tério Público;

c) Instituição do acompanhamento permanente das contas e convênios municipais;

d) Busca de apoio para aperfeiçoa-mento da máquina (visitas a outros municípios, parcerias, consultorias, etc).

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3 PRESTAÇÃO DE

CONTASAquele que utiliza e administra bens ou interesses públicos deve prestar contas. E no caso dos municípios, cabe ao Prefeito enviar a prestação de contas até o dia 31 de março, para que o Tribunal de Contas emita o parecer prévio para julgamento da Câmara de Vereadores.

As contas devem estar acompanhadas do relatório e do parecer conclusivo do controle interno, em conformidade com os atos normativos do Tribunal de Contas.

3.1

Consequências da omissão de prestar contas

A omissão do prefeito no dever de apresentar a prestação de con-tas anual do município pode caracterizar:

a) Crime de responsabilidade sujeito ao julgamento do Poder Judiciário, independentemente do pro-nunciamento da câmara dos vereadores, em con-formidade com o disposto no art. 1o, VI, do Decre-to-Lei nº 201/67.

b) Motivo para intervenção do estado no município, nos termos do art. 11 da Constituição do Estado.

c) Instauração do processo de Tomada de Contas

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Especial pela câmara municipal, na forma estabe-lecida na Lei Orgânica do município.

a) omissão do dever de prestar contas;

b) prática de ato ilegal, ilegítimo ou antieconômico;

c) infração grave a norma legal ou regula-mentar de natureza contábil, financeira, or-çamentária, operacional ou patrimonial;

e) dano injustificado ao erário, decorrente de ato de gestão ilegítimo ou antieconômico;

f ) desfalque ou desvio de dinheiro, bens ou valores públicos.

O julgamento de contas ocorre sempre em processos de prestação de con-tas ou em Tomada de Contas Especial e o julgamento irregular das contas pode implicar em:

a) determinação de devolução de valores ao erário, pelo respon-sável, em caso de dano;

b) imputação de multas aos responsáveis por irregularidades.

Os administradores públicos também podem sofrer sanções civis, penais e eleitorais em decorrência de processos judiciais, em ações movidas pelo Ministério Público.

As contas serão julgadas irregulares, em consonância com o art. 48 da Lei Orgânica do TCE-MG (Lei Complementar no 102/08), quando comprovada alguma destas ocorrências:

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4 LICITAÇÃO

A licitação é um procedimento que visa proporcionar à administração a possibilidade de selecionar o negócio mais vantajoso e também assegu-rar aos administrados a oportunidade de concorrerem, em igualdade de condições, à contratação pretendida.

4.1

Regra geralPara as contratações de obras e serviços, para as compras e também para a alienação e locação de bens, a regra geral é a realização de licitação, disciplinada pela Lei nº 8.666/93.

4.2

Modalidades LicitatóriasDe acordo com a Lei de Licitação, as modalidades são as seguintes:

Modalidade LicitatóriaO bjeto Licitado Valor

Convite

Tomada de Preço

Concorrência

Pregão

Leilão

Concurso

Obras e Serviços de Engenharia

Compras e outros serviços

Até R$150.000,00

Até R$80.000,00

Obras e Serviços de Engenharia

Compras e outros serviços

De R$150.000,00 a R$1.500.000,00

De R$80.000,00 a R$650.000,00

Obras e Serviços de Engenharia

Compras e outros serviços

Acima de R$1.500.000,00

Acima de R$650.000,00

Aquisição de bens e serviços comuns Não está limitado a valores

Venda de bens móveis inservíveis ou a alienação de bens imóveis

Não está limitado a valores

Escolha de trabalho técnico, científico ou artístico

Não está limitado a valores

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28

4.3

Fracionamento de LicitaçãoA correta escolha da modalidade licitatória é primordial para que não haja nenhum problema.

E de acordo com o Tribunal de Contas, para a escolha da modalidade lici-tatória deverá ser considerada a totalidade dos gastos com o objeto ao longo de todo o exercício financeiro, de modo a evitar o fracionamento de licitação.

O fracionamento de licitação se dá quando é utilizada modalidade menos rigorosa e mais célere do que a pertinente para a execução total do objeto licitatório.

Por isto, é indispensável que o gestor planeje as contratações e compras que serão realizadas pela prefeitura pensando, não na necessidade ime-diata, mas em todo o seu primeiro ano de gestão.

4.4

Planejamento da licitaçãoO planejamento é essencial para a boa gestão, regra que também vale para as contratações públicas. A licitação é instituto de observância obrigatória por parte dos municípios para as aquisições e contratações de obras e ser-viços. Como procedimento de natureza formal, o planejamento se mostra

Fique atento!Ao saber, por exemplo, que o município precisa de determinada quantidade de papel para funcionar o ano inteiro, não é indicada a realização de dispensa de licitação por valor até R$8.000,00 e de-pois providenciar o restante do material por meio da modalidade licitatória indicada para o caso.

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imprescindível, visto que a forma de contratação confere maio-res dificuldades ao gestor e o planejamento contribui decisiva-mente para que os procedimentos licitatórios sejam realizados no momento adequado, com objeto definido, facilitando, as-sim, a contratação mais vantajosa, sem prejuízo na prestação dos serviços públicos.

4.5

Vantagens do planeja-mento em licitaçõesa) A execução das ações dentro dos prazos planejados, sem prejuízo para cronogramas de obras e serviços;

b) o suprimento adequado de bens e materiais, das diversas uni-dades administrativas;

c) redução da chance de descontinuidade dos serviços públicos;

d) tendência à obtenção de melhores propostas, evitando des-perdício de recursos públicos;

e) otimização dos recursos humanos e materiais da administração, contribuindo para a gestão eficiente;

f ) redução da ocorrência de irregularidades;

g) facilitação da administração municipal, em razão do melhor di-mensionamento dos desembolsos de recursos financeiros.

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30

4.6Comissão de LicitaçãoA comissão de licitação é o órgão responsável por instaurar, for-malizar, efetivar, controlar e dar seguimento até a adjudicação dos procedimentos licitatórios, e é composta por, no mínimo, 03 mem-bros, sendo pelo menos 2 (dois) deles servidores efetivos.

De acordo com a Lei de Licitações, o mandato da comissão é de 01 ano, sendo que, após este período, é obrigatória a alteração de pelo menos um dos membros titulares.

De qualquer forma, indica-se ao Prefeito eleito que edite um ato normativo (via de Regra um Decreto ou Resolução) nomeando nova comissão de licitação que ficará responsável pelas compras e contratações no município.

4.7

PregoeiroO pregão é a modalidade licitatória da maior importância para a administração, uma vez que se apresenta como procedimento mais célere e econômico, pois, além da fase de lances, permite a negociação com o fornecedor.

Com isto, a figura do pregoeiro é de suma importância, pois é ele o responsável pelo procedimento. Ocorre que somente poderá atuar como pregoeiro o servidor que tiver realizado capacitação específica para exercer esta atribuição. Acrescente-se que o pre-goeiro, além de conhecer a legislação aplicável, deve ter como características o poder de negociação e a segurança na tomada de decisões

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31

Ressalva-se que, embora o legislador não tenha previsto o rodízio na designação dos pregoeiros, como fez no caso das Comissões de Licitação, é importante que a administração habilite outros ser-vidores para exercer a função.

4.8

Cuidado com ascontratações diretasInicialmente, ressaltamos que licitar é regra para a administração pública, quando compra ou contrata bens e serviços. Entretanto, a lei apresenta exceções a essa regra. São os casos em que a licita-ção é legalmente dispensada, dispensável ou inexigível, conforme art. 17, 24 e 25 da Lei nº 8.666/93. Tal ressalva é tratada inclusive na Constituição, em seu art. 37, XXI.

Nos ensinamentos de José dos Santos Carvalho Filho, “a dispen-sa de licitação caracteriza-se pela circunstância de que, em tese, poderia o procedimento ser realizado, mas que, pela particulari-dade do caso, decidiu o legislador não torná-lo obrigatório. Di-versamente ocorre na inexigibilidade, porque aqui sequer é viável a realização do certame”.1

O art. 24 elenca todas as hipóteses de licitações dispensáveis. Na dispensa, existe a possibilidade de competição que justifica a licitação,

cqgpA AMM oferece o Curso de Pregão - formação de pregoeiros, através do Centro de Qualificação para a Gestão Pública. Saiba mais em www.portalamm.org.br

1 In Manual de Direito Administrativo – 19ª ed. Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris, 2008. pág. 228.

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mas a lei faculta à discricionariedade da administração a dispensa de realização do procedimento.

Na inexigibilidade, as hipóteses do art. 25 da Lei nº 8.666, de 1993, autorizam o administrador público, após comprovada a inviabilidade ou desneces-sidade de licitação, contratar diretamente o fornecimento do produto ou a execução dos serviços.

A inexigibilidade de licitação é indicada para as seguintes hipóteses:

a) aquisição de materiais, equipamentos ou gêneros que só possam ser fornecidos por produtor, empre-sa ou representante comercial exclusivo, vedada a preferência de marca;

b) contratação de serviços técnicos de natureza sin-gular, com profissionais ou empresas de notória es-pecialização, vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação;

c) contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou através de empresário ex-clusivo, desde que consagrado pela crítica especial-izada ou pela opinião pública.

É importante observar que o rol descrito no art. 25 da Lei nº 8.666, de 1993, não abrange todas as hipóteses de inexigibilidade. O rol é apenas exemplificativo.

Porém, tanto a dispensa quanto a inexigibilidade devem ser formalizados em processos. Assim, de acordo com o TCU2, para a contratação direta, devem ser observados os seguintes passos:

1. solicitação do material ou serviço, com descrição clara do objeto;2. justificativa da necessidade do objeto;3. caracterização da situação emergencial ou ca-lamitosa que justifique a dispensa, se for o caso;

2 In Licitações e Contratos - Orientações e Jurisprudência do TCU – 4ª ed. Disponível em http://portal2.tcu.gov.br/portal/pls/portal/docs/2057620.PDF

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4. elaboração da especificação do objeto e, nas hipóteses de aqui-sição de material, das unidades e quantidades a serem adquiridas;5. elaboração de projetos básico e executivo para obras e serviços, no que couber;6. indicação dos recursos para a cobertura da despesa;7. razões da escolha do fornece-dor do bem, executante da obra ou prestador do serviço;8. juntada aos autos do original da(s) proposta(s);9. juntada aos autos do original ou cópia autenticada ou conferi-da com o original dos documen-tos de habilitação exigidos;

OBS.: certificado de registro cadas-tral pode substituir

• os documentos de habilitação quanto às informações disponibi-lizadas em sistema informatizado, desde que o registro tenha sido feito em obediência aodisposto na Lei nº 8.666/1993;

• nesse caso, deverá ser juntada aos autos cópia do certificado, com as informações respectivas;

10. declaração de exclusividade, quanto à inexigibilidade de lici-tação, fornecida pelo registro do comércio do local onde será realizada a contratação de bens, obras ou serviços, ou pelo Sin-

dicato, Federação ou Confed-eração Patronal, ou ainda por entidades equivalentes;11 . justificativa das situações de dispensa ou de inexigibilidade de licitação, acompanhadas dos elementos necessários que as caracterizem, conforme o caso;12. justificativa do preço;13. pareceres técnicos e/ou ju-rídicos;14. se for o caso, documento de aprovação dos projetos de pesquisa para os quais os bens serão alocados;15. inclusão de quaisquer outros documentos necessários à carac-terização da contratação direta;16. autorização do ordenador de despesa;17. comunicação à autoridade superior, no prazo de três dias, da dispensa ou da situação de inexigibilidade de licitação;18. ratificação e publicação da dispensa ou da inexigibilidade de licitação na imprensa oficial, no prazo de cinco dias, a con-tar do recebimento do processo pela autoridade superior;19. emissão da nota de empenho respectiva;20. assinatura do contrato ou re-tirada da carta-contrato, nota de empenho, autorização de com-pra ou ordem de execução do serviço, quando for o caso.

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4.9

Principais equívocosna Licitação

a) Editais com cláusulas restritivas injustificadas;

b) Objeto da licitação mal definido;

c) Expedição de convites sempre para os mesmos proponentes em caso de repetição;

d) Convites preenchidos por empresas que não atendem o objeto licitado;

e) Utilização excessiva de dispensas e inexigibilidade de licitação;

f ) Subavaliação da proposta de preços;

g) Contratação direta por emergência não caracterizada;

h) Deficiente pesquisa de preços;

i) Fracionamento licitatório;

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5 GESTÃO DE PESSOAL

Para o funcionamento dos órgãos municipais e a prestação dos serviços públicos, obviamente, é indispensável a contratação de pessoal. E as atividades-fim do município devem ser prestadas por servidores efeti-vos, ou seja, que ocupem cargo público.

5.1Cargos Públicos

Sabe-se que o cargo público é o lugar dentro do quadro funcional da Administração, ocupado por servidor, com atribuições e remu-neração específicas, fixadas em lei

5.1.1

Cargos Efetivos x Cargos Comissionados e

Funções de ConfiançaCargo efetivo, pode ser entendido como aquele de natureza per-manente nos quadros da administração, que são preenchidos, se-gundo regra geral, por meio de concurso público.

Diferentemente dos cargos providos mediante concurso público, os cargos em comissão e as funções de confiança são aqueles vocacionados para serem ocupados por pessoa de confiança da autoridade competente para preenchê-los, sendo admissíveis e exoneráveis ad nutum, ou seja, livremente segundo da discricio-nariedade do gestor.

Os cargos comissionados e funções de confiança, portanto, são aqueles de livre nomeação e exoneração, ou seja, possuem um caráter transitório, pois o vínculo com a administração pública permanece en-quanto a confiança perdurar.

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Há uma diferença entre cargo comissionado e função de confiança: en-quanto aquele pode ser preenchido por pessoa estranha à administração pública, esta somente poderá ser por servidor efetivo. Não obstante essa pequena observação quanto ao preenchimento, são semelhantes nas atri-buições e demais características peculiares.

Como dito, a criação de cargo público efetivo ou comissionado deve ser feita por meio de lei, que descreverá detalhadamente as suas atribuições, a sua remuneração, o nível de escolaridade exigido para o seu preenchimento.

Diante da sua autonomia, compete a cada um dos Poderes criar os cargos dentro de sua estrutura. Assim, em se tratando de funções pertencentes aos quadros do Poder Executivo, a iniciativa da Lei é exclusiva do Prefeito.

No que se refere à Câmara de Vereadores, há uma diferenciação. A criação de cargos pode se dar por meio de resolução, de ini-ciativa de qualquer vereador, porém a sua remuneração só pode ser fixada por meio de Lei. Nada impede, contudo, que o Poder Legislativo se valha de lei para criar cargos em sua estrutura.

Deve-se ressaltar, também, que a criação de cargos públicos de-pende de prévia dotação orçamentária e autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias.

Assim, a ocupação de qualquer cargo público depende de prévia edição de Lei que fixe as suas atribuições e remuneração, sem nor-ma anterior que crie a função, ilegal será o exercício da atividade.

5.2

Qual o instrumento hábil para criação de cargos na

Prefeitura e na Câmara

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5.3

Quais os requisitos mínimosda Lei que cria o cargo?

a) Atribuições – quais as atividades e responsabilidades a serem executa-das no exercício da função; limite da atuação do profissional;

b) Fixação da remuneração - deve refletir a complexidade das fun-ções e ser proporcional à carga horária

c) Carga horária – deve se levar em consideração a jornada ne-cessária para execução dos serviços, visando melhor atender ao interesse público.

d) Escolaridade mínima para investidura

5.4

Limites de gastos com pessoal

A Lei de Responsabilidade Fiscal impõe limites para a despesa com pessoal dos entes públicos. Na esfera municipal, o percentual desta despesa não pode exceder a 60% da receita corrente líquida.

Despesa com pessoal é, em resumo, o somatório dos gastos com remuneração e subsídio do pessoal da ativa e inativos, bem como encargos sociais e contribuições previdenciárias e engloba os se-guintes gastos:

a) Vencimentos, vantagens fixas, adicionais, grati-ficações e subsídios;b) Obrigações patronais (recolhimentos previ-denciários, FGTS, PASEP).c) Outras despesas variáveis (horas extras, substi-tuições, entre outras);

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d) Aposentadorias;e) Pensões;f ) Contratações por tempo determinado;g) Contratos de terceirização de mão-de-obra;h) Sentenças judiciais referentes a demandas trabalhistas;i) Indenizações e restituições de índole trabalhista

A verificação dos gastos com pessoal será realizada a cada quadrimestre (ou semestralmente, para os municípios com menos de 50.000 habitantes que optarem pela faculdade prevista no art. 63 da Lei Complementar no 101/00).

Para a apuração da despesa, serão considerados o período de referência e os 11 (onze) meses anteriores (art. 18, § 2o, da LC no 101/00).

Nos Municípios, a despesa total com pessoal não pode suplantar o limite de 60% da receita corrente líquida, sendo:

a) 6% para a Câmara de Vereadores;b) 54% para a Prefeitura.

E, caso estes limites sejam excedidos, a LRF obriga que o administrador público elimine o percentual excedente no prazo de dois quadrimestres, sendo pelo menos um terço no primeiro, por meio das seguintes medidas:

a) Redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em comissão e funções de confiança;

b) Exoneração dos servidores não estáveis.

c) Se as medidas adotadas não forem suficientes para assegurar o cumprimento do limite da despesa com pessoal, o servidor estável poderá perder o cargo, desde que ato normativo motivado de cada um dos Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto da redução de pessoal.

E, se mesmo depois de tomadas as medidas não seja alcançada a redução no prazo indicado, enquanto perdurar o excesso o ente não poderá:

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a) Receber transferências voluntárias;

b) Obter garantia, direta ou indireta, de outro ente;

c) Contratar operações de crédito, ressalvadas as destinadas ao refinanciamento da dívida mobiliária e as que visem à redução das despesas com pessoal.

5.4.1 Limite PrudencialSe a despesa com pessoal chegar a 51,3% para a Prefeitura ou 5,7% para a Câ-mara, o chamado “limite prudencial”, é vedado Prefeito/Presidente da Câmara:

a) conceder vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remu-neração a qualquer título, salvo os derivados de sentença judicial ou de determinação legal ou contratual, ressalvada a revisão geral prevista no inciso X do art. 37 da Constituição;

b) criar cargo, emprego ou função;

c) realizar alteração de estrutura de carreira que implique aumento de despesa;

d) prover cargo público, admitir ou contratar pessoal a qualquer tí-tulo, ressalvada a reposição decorrente de aposentadoria ou falecimento de servidores das áreas de educação, saúde e segurança;

e) contratar hora extra

Destaque-se que caso extrapole o limite prudencial, a Prefeitura ou Câmara será notificada oficialmente pelo Tribunal de Contas, e o gestor já deve to-mar medidas que visem o controle da despesa.

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5.5

Revisão Geral AnualO art. 37, X, da Constituição Federal assegura a revisão geral anual para todos os servidores públicos e também aos agentes políticos, que deve ocorrer sempre na mesma data e sem distinção de índices.

A revisão geral anual tende a assegurar aos vencimentos percebi-dos pelos servidores públicos (inclusive contratados temporariamente e aos empregados públicos) e os subsídios dos agentes políticos não se tornem defasados no tempo, é uma correção salarial em decor-rência da inflação, visa garantir a manutenção do poder aquisitivo frente à desvalorização da moeda nacional

Para a concessão de revisão geral sugere-se aos Municípios que promovam uma análise crítica de sua situação financeiro-orça-mentária, avaliando qual o melhor índice a ser adotado, conside-rando seus impactos a curto, médio e longo prazo.

A partir deste estudo, fixa-se um índice único, de preferência in-dicadores oficiais (ex.: INPC, IPCA e outros), como referência para o cálculo da revisão, evitando assim qualquer dúvida, ou que reste caracterizada a concessão de aumento nominal dos vencimentos em razão da utilização de um índice superior ao valor apresentado pela inflação.

5.6.

Contratação temporária de pessoal

De acordo com a Constituição Federal, a forma legal mais adequa-da para se contratar servidores para a administração pública é o concurso público, por ser o instrumento mais ético, moral e eficaz para se ingressar no serviço público, tornando-se o candidato no-meado, após aprovação no estágio probatório, servidor efetivo.

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Entretanto, a própria Constituição prevê exceções à obrigatoriedade do concurso para o ingresso nos cargos, funções e empregos públi-cos, como, por exemplo, a admis-são de pessoal por contrato, por tempo determinado, para atender à necessidade transitória de excep-cional interesse público.

Como cada ente federado possui au-tonomia para regulamentar o serviço público que lhe será prestado, as-sim, cada Município deve disciplinar os casos de necessidade temporária de excepcional interesse público autoriza-dores da contratação de trabalha-dores temporários, bem como deter-minar o regime jurídico do servidor e o tempo de duração do contrato administrativo. Sendo que a ausência de lei acarretará na irregularidade de qualquer contratação desta natureza.

5.6.1.

O que deve conter a lei?A lei deve regulamentar tudo o que se referir a essa forma de contrata-ção, como: hipóteses de cabimento da contratação temporária, prazo e possibilidade ou não de pror-rogação do contrato, vinculação ao Regime Geral Previdência So-cial, regime jurídico (indica-se o ad-ministrativo), direitos e deveres dos contratados e critérios de seleção.

5.6.2

RegimecontratualA relação entre o contratado temporário é administrativo, as-sim, como regra, o contrato não é regido pela CLT. Só se fala em aplicação da legislação trabalhista aos servidores temporários se a lei prevê expressamente a adoção do regime celetista

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5.6.3

Algumas hipóteses decontratação temporáriaA contratação temporária pode ser utilizada nos seguintes casos:

a) atendimento a situações de calamidade pública e combate a surtos epidêmicos que não possam ser solucionados só com a utilização do pessoal de que dispõe o município;

b) atendimento a termos de convênio, durante o período de sua vigência;

c) atendimento a situações excepcionais na área de educação, tais como abertura de novas turmas, havendo inviabilidade da realização imediata de concurso público;

d) atendimento a situações excepcionais na área de saúde, em especial nos casos de urgência nos quais seja necessária a contratação de servi-dores, havendo inviabilidade da realização imediata de concurso público;

e) atendimento a programas federais, estaduais ou municipais de du-ração temporária;

f ) Criação ou ampliação do quadro de profissionais, até o devido e regular provimento dos concursados.

g) atendimento a casos de não preenchimento de cargos para os quais tenha sido realizado concurso público;

h) atendimento a situações excepcionais para substituição de servi-dores, cujo vínculo com a administração tenha sido extinto, nos casos de aposentadoria, pedido de exoneração, demissão, morte e invalidez;

i) substituição de servidores em gozo de férias, licenças ou afasta-mentos, desde que prejudiquem sensivelmente o andamento do ser-viço municipal

Lembrando que a lista acima é apenas exemplificativa, cabendo à Lei Munici-pal regulamentar os casos nos quais a contratação temporária está autorizada.

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5.7 Nepotismo

O nepotismo é medida odiosa e caracteriza-se quando a questão pessoal é considerada para no-meações.

O Supremo Tribunal Federal estabeleceu, por meio de Súmula Vinculante as situações nas quais fica caracterizado o nepotismo:

Súmula Vinculante nº 13“A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança, ou, ainda, de função gratificada na Administração Pública direta e indireta, em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios, compreendido o ajuste mediante des-ignações recíprocas, viola a Constituição Federal.”

Assim, para que determinada nomeação caracterize nepotismo é necessário preencher todos os requisitos especificados pela Súmula, isto é, nomear parente ao cargo de confiança ou em comissão da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica (da autoridade nomeante) que ocupe cargo de di-reção, chefia ou assessoramento.

5.7.1

Dos cargos atingidosA Súmula veda a nomeação de parentes, até o ter-ceiro grau para o exercício de cargo em comissão ou de confiança, ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta, em qualquer dos Poderes da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios.

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5.7.2

Secretários MunicipaisPrimeiramente, convém destacar que conquanto sejam funções de confiança, os Secretários Municipais possuem natureza específica de cargo político.

Nestes casos, ainda que inconteste o vínculo de parentesco, não es-taria caracterizado o nepotismo, uma vez que a Súmula Vinculante nº. 13 não alcança os cargos políticos. Portanto, não há impedi-mento para a nomeação de um parente para gerenciar Secretarias.

No mesmo sentido já decidiu o Supremo Tribunal Federal:

STF: AGRAVO REGIMENTAL EM MEDIDA CAUTELAR EM RECLA-MAÇÃO. NOMEAÇÃO DE IRMÃO DE GOVERNADOR DE ESTADO. CARGO DE SECRETÁRIO DE ESTADO. NEPOTISMO. SÚMULA VIN-CULANTE Nº 13. INAPLICABILIDADE AO CASO. CARGO DE NA-TUREZA POLÍTICA. AGENTE POLÍTICO. ENTENDIMENTO FIRMA-DO NO JULGAMENTO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 579.951/RN. OCORRÊNCIA DA FUMAÇA DO BOM DIREITO.

1. Impossibilidade de submissão do reclamante, Secretário Estadual de Transporte, agente político, àshipóteses expressamente elencadas na Súmula Vinculanten 13, por se tratar de cargo de natureza política.

(...) (Rcl 6650 MC-AgR / PR - PARANÁ. AG. REG. NA MEDIDA CAU-TELAR NA RECLAMAÇÃO Relator(a): Min. ELLEN GRACIE - Julga-mento: 16/10/2008, grifo nosso)

5.7.3

Do parentescoAtendendo à disposição da Súmula do Supremo Tribunal, retratamos no quadro abaixo a relação de parentesco até o 3o grau, afim ou consangüíneo:

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5.8

Acumulação de cargos públicos

Inicialmente, convém destacar que a Constituição Federal em seu art. 37, inciso XVI veda a acumulação remunerada de cargos pú-blicos. Apesar disso, o próprio texto constitucional prevê casos em que a acumulação é possível, quais sejam:

PARENTES CONSAGUÍNEOS PARENTES POR AFINIDADESEM LINHA RETA

PARENTES CONSAGUÍNEOS PARENTES POR AFINIDADESEM LINHA COLATERAL

a) Ascendentes. pais. avós. bisavós

. sogros

. pais dos sogros (avós do cônjuge)

. avós dos sogros (avós do cônjuge)

. enteados (filho do cônjuge)

. filhos dos enteados ( netos do cônjuge)

. netos dos enteados ( bisnetos do cônjuge)

. noras

. genros

b) Descendentes. filhos. netos. bisnetos

. irmãos

. tios

. sobrinhos

. cunhados (irmãos do cônjuge)

. tios ( irmãos do pai do cônjuge)

. sobrinhos (filhos dos irmãos do cônjuge)

Dois cargos de servidor público

Servidor eleito para cargo de Vereador

Servidor eleito para cargo de Prefeito ou Vice Prefeito

Só é legal a cumulação de cargos nas seguintes situações:

a) dois cargos de professor;b) um cargo de professor com outro, técnico ou científico;c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas

a) Havendo compatibilidade de horários, a cumulação da função de servidor com a de vereador é legal, executando as duas atividades e recebendo a remuneração tanto do cargo efetivo quanto do eletivo;

b) Não havendo compatibilidade de horários, será afastado do cargo, emprego ou função, e exercerá apenas a função eletivo, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração

Será afastado do cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração

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Existem situações nas quais a adminstração é obrigada a destinar parcelas específicas do orçamento para determinadas áreas. Exemplo disso se dá com a Educação, a Saúde e com o Poder Legislativo. Temas que serão melhor apresentados a seguir.

6.1

Duodécimo CâmaraPara a garantia do funcionamento e da autonomia do Poder Legislativo Municipal, a Constituição estabelece que parte da re-ceita realizada pelo município deverá ser repassada à Câmara de Vereadores.

Assim, o art. 29-A fixou o limite de despesas da Câmara de Vereadores (teto), e, portanto, pela via inversa, o limite de sua receita;

6. APLICAÇÃO

VINCULADA DE RECURSOS

População

Até 100 mil habitantes

De 100 mil e um a 300 mil habitantes

De 300 mil a 500 mil habitantes

De 500 mil e um a 3 milhões de habitantes

De 3 milhões e um a 8 milhões de habitantes

Acima de 8 milhões de habitantes

Limite da Despesa do Poder Legislativo

7%

6%

5%

4,5%

4%

3,5%

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• A fixação da receita da Câmara deve levar em consideração a sua despesa para todo exercício;

• A base de cálculo do duodécimo da Câmara não é a receita cor-rente líquida do Município;

• A Prefeitura tem até o dia 20 (vinte) de cada mês para realizar o repasse dos recursos financeiros à Câmara de Vereadores;

• O valor do repasse a ser feito ao Poder Legislativo deve ser aquele previsto na Lei Orçamentária Anual, desde que não ultrapasse o limite indicado na Constituição;

• O Chefe do Poder Executivo não pode repassar valores maiores do que o limite estabelecido pela Constituição, nem menores do que aquele indicado na Lei Orçamentária Anual, uma vez que es-tará caracterizado crime de responsabilidade;

• De acordo com o Tribunal de Contas, na Consulta de n.º 837.630, recursos recebidos a maior pela Câmara devem ser devolvidos ao caixa único. Caso não haja a devolução voluntária, a Prefeitura pode descontar nos repasses do exercício subsequente.

6.2

EducaçãoDesde a promulgação da Constituição Federal de 1988, 25% das receitas dos impostos e transferências dos Municípios deve ser in-vestido com a Manutenção e Desenvolvimento do Ensino.

Fique atento!

A não aplicação do percentual mínimo de 25% na Educação é motivo que leva o Tribunal de Contas a emitir parecer prévio indicando a rejeição de contas, além de outras sanções, como o impedimento de celebrar convênios (art. 25, § 1o, ‘b’ da Lei de Responsabilidade Fiscal).

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6.2.1 Despesas da EducaçãoSão consideradas despesas com Manutenção e Desenvolvimento do Ensino:DESPESAS ADMITIDAS(ART. 70 DA LDB)

I) remuneração e aperfeiçoamento do pessoal docente e de mais profissionais da educação;

II) aquisição, manutenção, construção e conservação de instala-ções e equipamentos necessários ao ensino;

III) uso e manutenção de bens e serviços vinculados ao ensino;

IV) levantamentos estatísticos, estudos e pesquisas visando precipua-mente ao aprimoramento da qualidade e à expansão do ensino;

V) realização de atividades-meio necessárias ao funcionamento dos sistemas de ensino;

VI) concessão de bolsas de estudo a alunos de escolas públicas e privadas,

VII) amortização e custeio de operações de crédito destina das a atender ao disposto nos incisos deste artigo;

VIII) aquisição de material didático-escolar e manutenção de programas de transporte escolar.

Não podem ser contabilizadas dentro dos 25% da Educação despesas com:DESPESAS NÃO ADMITIDAS(ART. 71 DA LDB)

I) pesquisa, quando não vinculada às instituições de ensino, ou, quando efetivada fora dos sistemas de ensino, que não vise, pre-cipuamente, ao aprimoramento de sua qualidade ou à sua expansão; II) subvenção a instituições públicas ou privadas de caráter assis-tencial, desportivo ou cultural;

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III) formação de quadros especiais para a administração pública, sejam militares ou civis, inclusive diplomáticos; IV) programas suplementares de alimentação, assistência médico-odontológica, farmacêutica e psicológica, e outras formas de as-sistência social; V) obras de infraestrutura, ainda que realizadas para beneficiar direta ou indiretamente a rede escolar; VI) pessoal docente e demais trabalhadores da educação, quando em desvio de função ou em atividade alheia à manutenção e de-senvolvimento do ensino.

Fique atento!

Merenda escolar não é considerada como despesa com Educação!

O município é responsável prioritariamente pelo ofereci-mento da educação infantil e ensino fundamental!

6.2.2 Remuneração dos profissionais do MagistérioO município deve aplicar, no mínimo, 60% (sessenta por cento) dos re-cursos anuais do FUNDEB na remuneração dos profissionais da educação básica em efetivo exercício na rede pública (art. 22 da Lei no 11.494/07).

Sendo que o não cumprimento do percentual pode acarretar na emissão de parecer prévio pelo Tribunal de Contas recomendando a rejeição das contas municipais.

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as de suporte pedagógico à docên-cia, isto é, direção ou administração, planejamento, inspeção, super-visão, orientação e coordenação educacionais

6.2.3

Da jornada dos Profissionais doMagistério

Além da remuneração da função, a Lei do Piso tratou também de fixar limites à jornada do profissional do magistério. Por consequência, os professores deverão cumprir 2/3 de sua jornada dentro de sala, e 1/3 fora de sala de aula, porém, na instituição de ensino a que são vin-culados.

Por exemplo, professores com jornada semanal de 24 h, deverão executar suas atividades 16h dentro de sala de aula e 08h sem interação com os alu-nos (fora de sala de aula).

Ressalte-se que este período extra-classe deve ser utilizado no desen-volvimento de atividades de ensino, tais como: a preparação de aula, reuniões pedagógicas, correção de provas e trabalhos, etc.. Assim, a jornada sem interação com os edu-candos deve ser cumprida dentro da escola, não se indicando a pos-sibilidade de realização das ativi-dades na residência dos servidores.

6.2.2.1Piso Nacional

O piso nacional do magistério é o salário inicial da categoria, para um professor com formação em nível médio, na modalidade Normal, que trabalha 40 (quarenta) horas sema-nais, sendo que os vencimentos iniciais referentes às demais jorna-das de trabalho serão, no mínimo, proporcionais ao valor supramen-cionado.

Assim, todos os demais benefícios salariais, tais como gratificações e adicionais, incidirão sobre o valor do piso (salário inicial).

6.2.2.2Revisão anual

De acordo com a Lei n.º 11.738/2008, o piso nacional do magistério será atualizado, anual-mente, no mês de janeiro, a partir do ano de 2009, tendo como base a variação do valor aluno/ano do exercício financeiro anterior.

6.2.2.3Quem recebeo piso?

O piso é devido apenas aos profission-ais do magistério público da educação básica, ou seja, aqueles que desem-penham as atividades de docência ou

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6.3

SaúdeDe acordo com a Constituição Federal, os gestores públicos mu-nicipais deverão aplicar, no mínimo, 15% (quinze por cento) dos recursos de impostos e transferências de impostos, no respectivo exercício, em ações e serviços públicos de saúde.

Fique atento!A não aplicação do percentual mínimo de 15% na Saúde é motivo que leva o Tribunal de Contas a emitir parecer prévio indicando a rejeição de contas, além de outras sanções, como o impedimento de celebrar convênios (art. 25, § 1o, ‘b’ da Lei de Responsabilidade Fiscal).

6.3.1

Despesas de SaúdeSão despesas consideradas como de ações e serviços públicos de saúde:

DESPESAS ADMITIDAS(ART. 3º da LC n.º 141/2012)

I) vigilância em saúde, incluindo a epidemiológica e a sanitária;

II) atenção integral e universal à saúde em todos os níveis de complexidade, incluindo assistência terapêutica e recuperação de deficiências nutricio-nais;

III) capacitação do pessoal de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS);

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IV) desenvolvimento científico e tecnológico e controle de quali-dade promovidos por instituições do SUS;

V) produção, aquisição e distribuição de insumos específicos dos serviços de saúde do SUS, tais como: imunobiológicos, sangue e hemoderivados, medicamentos e equipamentos médico-odon-tológicos;

VI) saneamento básico de domicílios ou de pequenas comuni-dades, desde que seja aprovado pelo Conselho de Saúde do ente da Federação financiador da ação e esteja de acordo com as dire-trizes das demais determinações previstas nesta Lei Complementar;

VII) saneamento básico dos distritos sanitários especiais indígenas e de comunidades remanescentes de quilombos;

VIII) manejo ambiental vinculado diretamente ao controle de ve-tores de doenças;

IX) investimento na rede física do SUS, incluindo a execução de obras de recuperação, reforma, ampliação e construção de esta-belecimentos públicos de saúde;

X) remuneração do pessoal ativo da área de saúde em atividade nas ações de que trata este artigo, incluindo os encargos sociais;

XI) ações de apoio administrativo realizadas pelas instituições públicas do SUS e imprescindíveis à execução das ações e ser-viços públicos de saúde; e

XII) gestão do sistema público de saúde e operação de unidades prestadoras de serviços públicos de saúde.

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Não podem ser contabilizadas dentro dos 15% da Saúde despesas com:

DESPESAS NÃO ADMITIDAS(ART. 4º da LC n.º 141/2012)

I) pagamento de aposentadorias e pensões, inclusive dos servi-dores da saúde;

II) pessoal ativo da área de saúde quando em atividade alheia à referida área;

III) assistência à saúde que não atenda ao princípio de acesso universal;

IV) merenda escolar e outros programas de alimentação, ainda que executados em unidades do SUS, ressalvando-se o disposto no item II da despesa admitida;

V) saneamento básico, inclusive quanto às ações financiadas e mantidas com recursos provenientes de taxas, tarifas ou preços públicos instituídos para essa finalidade

VI) limpeza urbana e remoção de resíduos;

VII) preservação e correção do meio ambiente, realizadas pelos órgãos de meio ambiente dos entes da Federação ou por enti-dades não governamentais;

VIII) ações de assistência social;

IX) obras de infraestrutura, ainda que realizadas para beneficiar di-reta ou indiretamente a rede de saúde;

X) ações e serviços públicos de saúde custeados com recursos distintos dos especificados na base de cálculo definida nesta Lei Complementar ou vinculados a fundos específicos distintos daqueles da saúde.

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6.3.2

PSFO PSF é um programa federal de ação integrada com os municípios, cuja implantação e operacionaliza-ção no âmbito local fica a cargo do ente federado local. Sua imple-mentação dá-se mediante ação in-tegrada e subordinada ao serviço municipal de saúde, competindo ao município a inserção das atividades a sua programação físico-financeira ambulatorial, com definição de con-trapartida de recursos municipais. Também fica o município respon-sável por proceder ao recrutamen-to ou credenciamento dos agentes de saúde por meio de processo seletivo, bem como à contratação e remuneração daqueles, em con-sonância ao disposto pelas normas e diretrizes básicas do PSF con-signadas em norma federal.

Como cabe ao município que aderiu ao Programa de Saúde da Famí-lia contratar profissionais que inte-grarão o referido programa, estes se sujeitarão às normas estabelecidas pela administração pública no que concerne à contratação de pessoal.

Diante da prestação de um serviço vinculado a uma atividade tipica-mente estatal, como é o caso da saúde pública, o recrutamento desses profissionais deverá se adequar às exigências constitucio-

nais, ainda mais por se tratar de recursos públicos que mantém o programa.

De acordo com a Constituição Federal, o instrumento legal mais adequado é o concurso público, previsto no inciso II, artigo 37 da Carta Magna. Este é o instrumento mais ético, moral e eficaz para se ingressar no serviço público. Aqui o profissional de saúde torna-se servidor estatutário, ocupante de cargo público.

Uma outra alternativa adequada para o recrutamento de profissionais de saúde para o município é por meio de contrato temporário, para atender a necessidade de excep-cional interesse público, consoante disposto no artigo 37, inciso IX da CF/88. Nesse caso, a contratação só poderá ocorrer se presentes seus requisitos na Lei Municipal - que es-

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tabelecerá qual o regime jurídico aplicável ao servidor e o tempo de duração de seu contrato, e estando devidamente caracterizada a necessidade temporária.

Aqueles municípios que por si só possuam condições de dar con-tinuidade ao programa de saúde com recursos orçamentários próprios, quando o programa fosse encerrado pelo Governo Federal, o ideal seria a contratação dos profissionais de saúde por meio da realização de concurso público.

Já para municípios que não contam com uma capacidade finan-ceira sólida, o instrumento mais adequado é a admissão de pro-fissionais mediante contratação temporária, por uma questão de racionalidade, planejamento e segurança orçamentária.

Sobre as formas de contratação dos médicos integrantes do PSF, o Tribunal de Contas de Minas Gerais assim se manifestou:

Impossibilidade de Terceirização de Serviços do Programa Saúde da Família: É inviável a terceirização dos serviços pre-vistos no Programa Saúde da Família-PSF. Esse foi o entendi-mento do Pleno em resposta à consulta formulada por Prefeito municipal. Em seu voto, o relator, Cons. Eduardo Carone Cos-ta, asseverou que os serviços médicos não podem ser objeto de contratação com particulares. Afirmou caber, na espécie, a contratação temporária para atender a necessidade de excep-cional interesse público de que trata o art. 37, IX da CR/88, devendo a contratação ser submetida ao regime geral de pre-vidência social, com base no art. 40, § 13 da CR/88. Acrescen-tou que lei local específica deverá disciplinar o assunto, com previsão do prazo da contratação vinculado à duração do PSF. O relator abordou ainda outro objeto da consulta, qual seja, a possi-bilidade de o vice-prefeito trabalhar como médico contratado do município, “abrindo mão” de seu subsídio como agente político. Nesse ponto, aduziu o Conselheiro que a própria Lei Orgânica do município veda tanto ao prefeito como ao vice-prefeito firmar ou manter contrato com o município, salvo quando o instrumento obedecer às cláusulas uniformes, bem como aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado na localidade. (Consulta nº 796152, Rel. Cons. Eduardo Carone Costa, 26.08.09)

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6.3.3

Da contratação dos agentes comunitários de

saúde e de endemiasPrimeiramente, convém destacar que a Lei 11.350/06 revogou a Lei 10.507/02, a qual criava o cargo de Agente Comunitário de Saúde, o que na prática significa dizer que hoje ACS não é mais uma profissão, mas sim uma ocupação/atividade.

Assim, os ACSs não são via de regra ocupantes de cargo público, mas sim exercem função pública, não devendo ser criados cargos públicos para as suas atividades, e por conseqüência não se sub-metem a concurso público.

A atual ordem constitucional estabeleceu o critério geral para o in-gresso em cargo ou emprego da administração pública a aprova-ção prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos.

Porém, ao tratar da admissão dos agentes comunitários de saúde, a Constituição estabeleceu que se dará por meio de processo seletivo público.

A Lei 11.350/06, que regulamentou questões relacionadas aos agentes comunitários de saúde, estabeleceu que:

a contratação de agentes comunitários de saúde e de agentes de Combate às Endemias deverá ser precedida de processo seletivo público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a na-tureza e a complexidade de suas atribuições e requisitos específi-cos para o exercício das atividades, que atenda aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

Parágrafo único. Caberá aos órgãos ou entes da administração direta dos estados, do Distrito Federal ou dos municípios certi-ficar, em cada caso, a existência de anterior processo de seleção pública, para efeito da dispensa referida no parágrafo único do art. 2o da Emenda Constitucional no 51, de 14 de fevereiro de

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2006, considerando-se como tal aquele que tenha sido realizado com observância dos princípios referidos no caput.

Segundo o dispositivo acima transcrito, a única exigência estipu-lada para o processo de seleção pública é que se observem os princípios constitucionais da legalidade, impessoalidade, morali-dade, publicidade e eficiência.

Deste modo, os agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias não podem ser vinculados à administração por meio de contratação temporária.

Por fim, destaque-se que a Lei 11.350 elegeu o regime jurídico celetista (CLT) para reger a relação entre os agentes comunitários e os entes públicos. Porém, diante da sua autonomia organizacio-nal, poderá o município dispor de forma diferente, desde que o faça por meio de Lei.

7. LE I DA

TRANSPARÊNCIAA Lei de Responsabilidade Fiscal sofreu uma alteração em 2010 e esta-beleceu uma nova obrigação para todos os entes da federação e órgãos públicos: a disponibilização na internet, até o primeiro dia útil subsequente à data do registro contábil da receita/despesa, de informações sobre a execução orçamentária e financeira

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7.1

Quais informações devem ser disponibilizadas?

Quanto à despesa:

a) o valor do empenho, liquidação e pagamento;

b) o número do correspondente processo da execução, quando for o caso;

c) a classificação orçamentária, especificando a unidade orçamen-tária, função, subfunção, natureza da despesa e a fonte dos recur-sos que financiaram o gasto;

d) a pessoa física ou jurídica beneficiária do pagamento, inclusive nos desembolsos de operações independentes da execução orça-mentária, exceto no caso de folha de pagamento de pessoal e de benefícios previdenciários;

e) o procedimento licitatório realizado, bem como à sua dispensa ou inexigibilidade, quando for o caso, com o número do corre-spondente processo; e

f) o bem fornecido ou serviço prestado, quando for o caso;

Quanto à receita:

a) a previsão; b) o lançamento, quando for o caso; e c) a arrecadação, inclusive referente a recursos extraordinários.

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7.2

Quando as informações devem estar disponíveis?

A obrigatoriedade quanto à publicação foi escalonada de acordo com a população dos municípios, conforme demonstra a tabela abaixo

Assim, apenas os municípios com menos de 50 mil habitantes tem de estar atentos ao prazo indicado, uma vez que os demais já estão obriga-dos a publicar desde 2011.

7.3

Quais as penalidades para o descumprimento da Lei

da Transparência?

O não atendimento, até o encerramento dos prazos descritos, acarretará nas seguinte sanções:

a) não receber transferências voluntárias (Convênios); b) não obter garantia, direta ou indireta, de outro ente; c) não contratar operações de crédito, ressalvadas as destinadas ao refinanciamento da dívida mobiliária e as que visem à redução das despesas com pessoal.

População

mais de de 100.000 hab.

entre 50.000 e 100.000 hab.

até 50.000 hab.

Prazo para adequação

1 ano - Vencido em 28/05/2010

2 anos - vencido em 28/05/2011

4 anos - Vence em 28/05/2013

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8

SUBVENÇÕESSOCIAISSubvenção Social é a transferência destinada a cobrir despesas de custeio de instituições públicas ou privadas dedicadas à prestação de serviços essenciais de assistência social, médica e educacional.

A concessão de subvenções deverá atender às condições esta-belecidas na lei de diretrizes orçamentárias, estar prevista na lei orçamentária anual e em lei específica, com a identificação dos favorecidos e respectivos valores, sem prejuízo da assinatura de termo de convênio e de sua devida prestação de contas.

Assim, antes de repassar recursos para creches comunitárias, APAE, associações de bairro, equipes de futebol, pergunte antes:

a) Está previsto na LDO e na LOA?

b) Existe Lei específica autorizando a subvenção?

c) Qual a contrapartida e os benefícios à população?

d) Houve prestação e aprovação de contas de repasses anteriores?

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8.1

Principais equívocos em convênios de repasse:

a) Ausência de Convênio;

b) Saque total dos recursos sem le-var em conta o cronograma físico-financeiro de execução do objeto;

c) Realização de despesas fora da vigência da Lei ou do ajuste;

d) Saque dos recursos para paga-mento em espécie de despesas;

e) Utilização de recursos para finali-dade diferente da prevista;

f) Utilização de recursos em pagamen-tos de despesas outras, diversas, não compatíveis com o objeto da Lei ou do ajuste e a finalidade da entidade;

g) Pagamento antecipado a for-necedores de bens e serviços;

h) Transferência de recursos da conta corrente específica para out-ras contas bancárias;

i) Retirada de recursos para outras finalidades com posterior ressarci-mento;

j) Aceitação de documentação inidônea para comprovação de despesas, como por exemplo, notas fiscais falsas;

k) Falta de conciliação entre os débitos em conta e os pagamentos efetuados;

l) Não-aplicação ou não-comprova-ção de contrapartida;

m) Ausência de aplicação de recursos em conta poupança;

n) Condições insuficientes de operação das beneficiárias, tais como precarie-dade de instalações, mão-de-obra desqualificada, entre outras;

o) Entidades que remuneram diretores e, assim fazendo, disfarçam a ilegal distribuição de “lucros”;

p) Entidades que empregam pessoas indicadas por dirigentes governamen-tais, servindo como meio para burlar o concurso público;

q) Realização de novos repasses sem que tenha havido a prestação de con-tas de repasse anterior;

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A Resolução Normativa da Agên-cia Nacional de Energia Elétrica - ANEEL de n°. 414/2010, trans-feriu a responsabilidade pela Ilu-minação Pública aos municípios, por entender que se trata de um serviço de interesse local.

Resumidamente, com a Resolução, a competência pela iluminação pública será dos Municípios, que passarão a se responsabilizar pelo funcionamento e manutenção do braço da luminária dos postes até a lâmpada e demais equipamen-tos indispensáveis para o funciona-mento do equipamento.

Além disso, passa também a ser de responsabilidade dos Mu-nicípios os serviços de elaboração de projeto, implantação, expan-são, operação e manutenção das instalações de iluminação pública da pessoa jurídica de direito pú-blico ou por esta delegada medi-ante concessão ou autorização.

Ocorre que, se nada for altera-do, a transferência se dará até 31/12/2014. Assim, o Gestor Pú-blico Municipal terá de assumir uma obrigação nova e totalmente desconhecida pela quase totalidade dos municípios mineiros.

9 ILUMINAÇÃO PÚBLICA

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A Constituição previu que, para custeio dos serviço de iluminação pública, os municípios poderão instituir, por meio de Lei, a Contri-buição para Custeio do Serviço de Iluminação Pública – CIP.

Destaque-se que a maioria dos municípios mineiros tem a CIP in-stituída, entretanto o valor da con-tribuição não abarcava estes “novos custos” com a iluminação pública transferidos aos municípios por for-ça da resolução n° 414/2010. Aqui também teremos que considerar - serviços de projeto, implantação, expansão, operação, manutenção

das instalações de iluminação públi-ca, cota de depreciação e a remu-neração dos investimentos para o bom funcionamento do sistema.

Diante deste panorama, convém ao Prefeito dedicar-se ao planejamento das atividades imprescindíveis para a manutenção deste serviço público essencial, por meio do conhecimen-to prévio do ativo que será transfer-ido, levantamento de custos com a atividade, implantação ou adequa-ção da CIP às novas despesas, etc.

NÃO ASSINE O TERMO DA CEMIG AINDA! Pois a assinatura con-fere a assunção imediata pelo Município da obrigação com a ma-nutenção da rede de iluminação pública!A data de transferência dos ativos é até dezembro de 2014! Só a partir daí é que os municípios assumirão mais esta atividade!A CEMIG enviou minuta do contrato de transferência dos ativos de iluminação pública exclusivamente para o cumprimento de prazos estabelecidos pela ANEEL para todas as distribuidoras de energia. Ao município cabe apenas o conhecimento prévio dos termos do contrato e da listagem dos bens que serão transferidos!

Fique atento!