julgamento pelo carf direito de imagem neymar por tania gurgel

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S2C4T2 Fl. 2 1 1 S2C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15983.720065/201511 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2402005.703 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 15 de março de 2017 Matéria IRPF IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA Recorrente NEYMAR DA SILVA SANTOS JUNIOR Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO:IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Período de apuração: 01/01/2011 a 31/12/2013 PRELIMINAR. ERRO DE SUJEIÇÃO PASSIVA. NEGÓCIOS JURÍDICOS VINCULADOS AO SUJEITO PASSIVO. Considerando que os negócios jurídicos analisados possuem alguma conexão com o sujeito passivo, não é possível, em sede de preliminares, reconhecer de plano que não há relação pessoal e direta do mesmo com a situação que constituiu os fatos geradores imputados pelas autoridades fiscais. Preliminar rejeitada. PRELIMINAR. NULIDADE. LANÇAMENTO. FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO LEGAL. Estando devidamente circunstanciado no lançamento fiscal as razões de fato e de direito que o lastreiam, e não verificado cerceamento de defesa, não há motivos para decretação de sua nulidade por falta de motivação. Preliminar rejeitada. PRELIMINAR. RETROATIVIDADE BENIGNA. ART. 106, A DO CTN. MP 690/15. Considerando que as relações analisadas no presente processo: (i) não foram constituídas durante a vigência do art. 8º da referida MP 690/15; (ii) o artigo 8º não foi abarcado pela respectiva lei de conversão; (iii) o artigo 8º da MP 690/15 somente trata de questões relacionadas a exploração de direito de imagem, enquanto o presente lançamento cuida de outros temas, não é crível declarar nulidade da exigência fiscal. Preliminar rejeitada. PRELIMINAR. RECEITAS QUE FORAM TRIBUTADAS PELA PESSOA JURÍDICA. Não se trata de questão a ser debatida em sede de preliminares, pois somente se poderá falar em compensação de tributos pagos pelas pessoas jurídicas ACÓRDÃO GERADO NO PGD-CARF PROCESSO 15983.720065/2015-11 Fl. 16511 DF CARF MF

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    S2C4T2 MINISTRIODAFAZENDACONSELHOADMINISTRATIVODERECURSOSFISCAISSEGUNDASEODEJULGAMENTO

    Processon 15983.720065/201511

    Recurson Voluntrio

    Acrdon 2402005.7034Cmara/2TurmaOrdinriaSessode 15demarode2017

    Matria IRPFIMPOSTODERENDAPESSOAFSICA

    Recorrente NEYMARDASILVASANTOSJUNIOR

    Recorrida FAZENDANACIONAL

    ASSUNTO:IMPOSTOSOBREARENDADEPESSOAFSICAIRPFPerododeapurao:01/01/2011a31/12/2013

    PRELIMINAR.ERRODESUJEIOPASSIVA.NEGCIOSJURDICOSVINCULADOSAOSUJEITOPASSIVO.

    Considerandoqueosnegciosjurdicosanalisadospossuemalgumaconexocomosujeitopassivo,nopossvel,emsededepreliminares,reconhecerdeplano que no h relao pessoal e direta do mesmo com a situao queconstituiuosfatosgeradoresimputadospelasautoridadesfiscais.Preliminarrejeitada.

    PRELIMINAR. NULIDADE. LANAMENTO. FALTA DEFUNDAMENTAOLEGAL.

    Estandodevidamentecircunstanciadonolanamentofiscalasrazesdefatoededireitoqueolastreiam,enoverificadocerceamentodedefesa,nohmotivosparadecretaode suanulidadepor faltademotivao.Preliminarrejeitada.

    PRELIMINAR. RETROATIVIDADEBENIGNA.ART. 106, A DOCTN.MP690/15.

    Considerandoqueasrelaesanalisadasnopresenteprocesso:(i)noforamconstitudasduranteavignciadoart.8dareferidaMP690/15(ii)oartigo8nofoiabarcadopelarespectivaleideconverso(iii)oartigo8daMP690/15 somente trata de questes relacionadas a explorao de direito deimagem,enquantoopresentelanamentocuidadeoutrostemas,nocrveldeclararnulidadedaexignciafiscal.Preliminarrejeitada.

    PRELIMINAR. RECEITAS QUE J FORAM TRIBUTADAS PELAPESSOAJURDICA.

    Nosetratadequestoaserdebatidaemsededepreliminares,poissomentese poder falar em compensao de tributos pagos pelas pessoas jurdicas

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    Fl. 16511DF CARF MF

    15983.720065/2015-11 2402-005.703 SEGUNDA SEO DE JULGAMENTO Voluntrio Acrdo 4 Cmara / 2 Turma Ordinria 15/03/2017 IRPF - IMPOSTO DE RENDA PESSOA FSICA NEYMAR DA SILVA SANTOS JUNIOR FAZENDA NACIONAL Recurso Voluntrio Provido em Parte Crdito Tributrio Mantido em Parte CARF Bianca Rothschild 2.0.4 24020057032017CARF2402ACC Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Fsica - IRPF Perodo de apurao: 01/01/2011 a 31/12/2013 PRELIMINAR. ERRO DE SUJEIO PASSIVA. NEGCIOS JURDICOS VINCULADOS AO SUJEITO PASSIVO. Considerando que os negcios jurdicos analisados possuem alguma conexo com o sujeito passivo, no possvel, em sede de preliminares, reconhecer de plano que no h relao pessoal e direta do mesmo com a situao que constituiu os fatos geradores imputados pelas autoridades fiscais. Preliminar rejeitada. PRELIMINAR. NULIDADE. LANAMENTO. FALTA DE FUNDAMENTAO LEGAL. Estando devidamente circunstanciado no lanamento fiscal as razes de fato e de direito que o lastreiam, e no verificado cerceamento de defesa, no h motivos para decretao de sua nulidade por falta de motivao. Preliminar rejeitada. PRELIMINAR. RETROATIVIDADE BENIGNA. ART. 106, A DO CTN. MP 690/15. Considerando que as relaes analisadas no presente processo: (i) no foram constitudas durante a vigncia do art. 8 da referida MP 690/15; (ii) o artigo 8 no foi abarcado pela respectiva lei de converso; (iii) o artigo 8 da MP 690/15 somente trata de questes relacionadas a explorao de direito de imagem, enquanto o presente lanamento cuida de outros temas, no crvel declarar nulidade da exigncia fiscal. Preliminar rejeitada. PRELIMINAR. RECEITAS QUE J FORAM TRIBUTADAS PELA PESSOA JURDICA. No se trata de questo a ser debatida em sede de preliminares, pois somente se poder falar em compensao de tributos pagos pelas pessoas jurdicas envolvidas aps confirmada a legalidade do lanamento. Ainda que cabvel, a compensao no gera nulidade. Preliminar rejeitada. PRELIMINAR. RECONHECIMENTO TRIBUTOS PAGOS EM 2014 E 2015. No objeto do presente processo a anlise de fatos geradores ou tributos incorridos nos anos de 2014 e 2015, ainda que relativos a fatos geradores anlogos. Preliminar rejeitada. DIREITO DE IMAGEM. DIREITO PERSONALSSIMO. VERTENTE PATRIMONIAL. OBJETO CONTRATUAL LCITO. CESSO OU EXPLORAO DE USO DE IMAGEM POR TERCEIROS. ART. 11 E 20 DO CC/02. ATLETA PROFISSIONAL. ART. 87-A DA LEI 9.615/98. O direito de imagem, no obstante ser personalssimo, pode ser cedido ou explorado por terceiro, uma vez que possui vertente patrimonial disponvel. Raciocnio do art. 11 e 20 do CC/02. No que se refere a atletas, o art. 87-A da Lei 9.615/98, a Lei Pel, reconhece expressamente tal disponibilidade. CONTRATO GRATUITO. NEGOCIAO PARTICULAR. VONTADE DAS PARTES. A onerosidade ou gratuidade de contrato particular emerge da vontade das partes no cabendo ao Fisco avali-la. REGISTRO PUBLICO. ART. 221 CC/02. CONDIO DE EFICCIA DO CONTRATO PERANTE TERCEIROS PREJUDICADOS. ECONOMIA TRIBUTRIA NO CONFIGURA PREJUZO. AUTONOMIA PRIVADA. LIBERDADE CONTRATUAL. O registro publico condio de eficcia do contrato perante terceiros prejudicados. A Fazenda Publica no terceiro interessado a no ser que comprove, no caso concreto, situao de prejuzo. A liberdade na organizao de negcios privados, quando legtima, e eventual economia tributria, no podem ser consideradas como elementos de prejuzo sob pena de violao do ordenamento jurdico ptrio, mormente o direito ao exerccio da autonomia privada e liberdade contratual (Art. 170 CF/88). JOGADOR DE FUTEBOL. CONTRATO DE EXPLORAO DO DIREITO DE IMAGEM CELEBRADO COM O CLUBE. VALOR DESPROPORCIONAL. FALTA DE COMPROVAO DA EFETIVA EXPLORAO. INAPLICABILIDADE DO ART. 87-A DA LEI 9.615/98. Conquanto o direito de imagem goze de natureza tipicamente civil, h de ser reconhecida a sua natureza salarial, quando, no caso concreto, a parcela decorrente da cesso de seu uso ajustada em montante que em muito supera o salrio nominal do empregado, e paga em valores pr fixados independentes da efetiva explorao da imagem. Verificada a desproporcionalidade entre o valor ajustado e o salrio do atleta e no havendo comprovao da devida explorao da imagem contratada - a qual o objeto central do contrato de cesso de uso de imagem - resta evidenciada a fraude na contratao, artifcio usado para evitar o pagamento integral dos tributos e demais encargos envolvidos, inclusive com a utilizao de pessoa jurdica interposta. JOGADOR DE FUTEBOL. DIREITO DE USO DE IMAGEM. CONTRATO COM PATROCINADORES. ANUNCIA DO ATLETA. Considerando que o objeto contratual imagem do atleta, natural que se queira a anuncia do mesmo em relao a extenso de suas obrigaes, de forma a garantir que a explorao no violar direitos morais. EXPLORAO DO DIREITO PATRIMONIAL DE SERVIO PERSONALSSIMO POR PESSOA JURDICA. APLICABILIDADE DO ART. 87-A DA LEI 9.615/98. IMPOSSIBILIDADE DE DESLOCAMENTO OU RECLASSIFICAO DO RENDIMENTO A PESSOA FSICA. ESPORTISTA. A possibilidade de explorao de servios de carter personalssimo por pessoa jurdica foi expressamente reconhecida pela legislao civil e tributria. No que se refere especificamente a explorao de servios de carter personalssimo vinculados ao uso de imagem de atletas, dispe o art. 87-A da Lei 9.615/98 - Lei Pel. DIREITO DE USO DE IMAGEM. CONTRATO COM PATROCINADOR. OBRIGAES PERSONALSSIMAS. CLAUSULAS DE GARANTIA OU RESCISO VINCULADAS AO ATLETA. VALIDADE DO CONTRATO. A incluso de obrigaes personalssimas alm de ser adequada, no descaracteriza o contrato de explorao de direito de uso de imagem. Tampouco clausulas de garantia pessoal de cumprimento, assim como o fato das causas de resciso se relacionarem a condutas da pessoa fsica comprometem a natureza jurdica contratual. OMISSO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS DE FONTES NO EXTERIOR. TRANSFERNCIA DE JOGADOR DE FUTEBOL. So tributados como rendimentos de pessoa fsica recebidos de fonte situada no exterior os valores auferidos por atleta profissional de futebol, em decorrncia de sua transferncia para clube estrangeiro. CONTRATOS COM TERCEIROS. BARCELONA. AGENCIA. SCOUTING. ARRENDAMENTO DE SERVIOS PROFISSIONAIS. FALTA DE VINCULAO DO OBJETO AO ATLETA. IMPOSSIBILIDADE DE DESLOCAMENTO OU RECLASSIFICAO DO RENDIMENTO A PESSOA FSICA. Uma vez que o objeto contratual no implica em qualquer atividade a ser realizada pelo atleta, que o mesmo no scio da pessoa jurdica e no h comprovao de que este recebeu qualquer repasse de valores da mesma, se torna impossvel deslocar ou reclassificar, para o atleta, os rendimentos pagos. VERBAS RECEBIDAS COMO RETRIBUIO POR CESSO DE DIREITO DE IMAGEM. CLUBE ESTRANGEIRO. VALORES FIXADOS COMO PERCENTUAL DA REMUNERAO ACORDADA. Os valores recebidos como retribuio por cesso de direito de imagem clube estrangeiro, ainda que por intermdio de sucessivas interpostas pessoas, revestem-se de carter salarial, quando correspondem a percentuais pr-estabelecidos incidentes sobre verbas remuneratrias, e no restar comprovado estarem associados efetiva explorao daquele direito. QUALIFICAO DA MULTA DE OFCIO. CABIMENTO. Constatada a atuao do sujeito passivo nas condutas fraudulentas apuradas pela fiscalizao, deve ser mantida a qualificao da multa de ofcio. RESPONSABILIDADE SOLIDRIA. INTERESSE COMUM NA SITUAO. ART. 124, I DO CTN. Verificado interesse comum na situao que constitui o fato gerador, cabe a imputao de responsabilidade solidria com base no art. 124, I do CTN. ART. 44 DA LEI 9.430/96. MULTA ISOLADA E MULTA DE OFCIO. CONCOMITNCIA. POSSIBILIDADE A PARTIR DO ADVENTO DA MP 351/2007. Aps o advento da MP n 351/2007, aplicvel a multa isolada prevista no art. 44 da Lei n 9.430/96 em concomitncia com a multa de ofcio sobre diferenas no IRPF devido no ajuste anual, apurada em procedimento fiscal. RECLASSIFICAO DE RECEITA TRIBUTADA NA PESSOA JURDICA PARA RENDIMENTOS DE PESSOA FSICA. COMPENSAO DE TRIBUTOS PAGOS NA PESSOA JURDICA. Devem ser compensados na apurao de crdito tributrio os valores arrecadados sob o cdigo de tributos exigidos da pessoa jurdica, cuja receita foi desclassificada e convertida em rendimentos de pessoa fsica, base de clculo do lanamento de oficio. ERRO NA BASE DE CALCULO. CONVERSO DE CMBIO. ESCRITURAO DA PESSOA JURDICA. Em obedincia ao princpio da moralidade administrativa, seria desarrazoado que a converso de valores recebidos do exterior fossem calculados de outra forma do que aquela que j foi escriturada nos livros contbeis da pessoa jurdica. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntrio; b) quanto s preliminares: i) pelo voto de qualidade, em rejeitar a preliminar de nulidade por falta de motivao legal, vencidos os Conselheiros Jamed Abdul Nasser Feitoza, Theodoro Vicente Agostinho, Joo Victor Ribeiro Aldinucci e Bianca Felicia Rothschild; ii) por unanimidade de votos, em rejeitar as demais preliminares; e, c) no mrito, em dar parcial provimento ao recurso para: i) por maioria de votos, excluir da base de clculo do lanamento os valores relativos: 1. aos rendimentos do trabalho, sem vnculo empregatcio, decorrentes dos contratos de publicidade celebrados entre a Neymar Sport e terceiros, exceto os firmados com o Santos Futebol Clube referidos nos itens 4.1.3.3.1 e 4.1.3.3.2 do Relatrio Fiscal, vencidos os Conselheiros Tlio Teotnio de Melo Pereira e Mrio Pereira de Pinho Filho, votou pelas concluses o Conselheiro Ronnie Soares Anderson; e 2. aos contratos de Agncia: Barcelona x Neymar Sport, e de Scouting/Arrendamento de servios profissionais: Barcelona x N&N Consultoria, vencidos os Conselheiros Tlio Teotnio de Melo Pereira e Mrio Pereira de Pinho Filho, votou pelas concluses o Conselheiro Ronnie Soares e, ii) por unanimidade de votos, deferir o pleito compensatrio relativo aos tributos pagos pelas pessoas jurdicas tidas por responsveis solidrias e cujas receitas foram reclassificadas como rendimentos tributveis recebidos pelo contribuinte, e determinar a retificao do lanamento de modo que valores recebidos do exterior sejam convertidos em Reais de acordo com o disposto no inciso I do 1 art. 394 do Decreto n 3.000, de 26 de maro de 1999 - Regulamento do Imposto de Renda (RIR). Em relao negativa de provimento do recurso voluntrio quanto aos contratos de direito de imagem Neymar Sport x Santos, examinados nos itens 4.1.3.3.1 e 4.1.3.3.2 do Relatrio Fiscal, votaram pelas concluses os Conselheiros Ronnie Soares Anderson, Tlio Teotnio de Melo Pereira, Mrio Pereira de Pinho Filho e Jamed Abdul Nasser Feitoza. Manifestaram a inteno de apresentar declarao de voto os Conselheiros Joo Victor Ribeiro Aldinucci e Tlio Teotnio de Melo Pereira. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Ronnie Soares Anderson. No participaram da sesso de julgamento realizada em 15/03/2017, por motivo justificado, e votaram somente em relao ao conhecimento e a preliminar de nulidade por falta de motivao legal na sesso de 08/02/2017, os Conselheiros Kleber Ferreira de Arajo e Theodoro Vicente Agostinho. Indeferidos os pedidos apresentados pelos representantes legais do recorrente de nova sustentao oral e adiamento do julgamento, por falta de previso no Regimento Interno do Conselho Administrativos de Recursos Fiscais. (assinado digitalmente) Mrio Pereira de Pinho Filho - Presidente em Exerccio (assinado digitalmente) Bianca Felcia Rothschild - Relatora (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Redator Designado Participaram do presente julgamento da Sesso do dia 19/01/2017 e 08/02/2017 os Conselheiros: Kleber Ferreira de Arajo (Presidente), Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Tlio Teotnio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mrio Pereira de Pinho Filho, Bianca Felcia Rothschild e Joo Victor Ribeiro Aldinucci. Participaram do presente julgamento da Sesso do dia 15/03/2017 os Conselheiros: Mrio Pereira de Pinho Filho (Presidende em Exerccio), Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Tlio Teotnio de Melo Pereira, Bianca Felcia Rothschild e Joo Victor Ribeiro Aldinucci. Inicialmente, adota-se o relatrio da deciso recorrida, o qual bem retrata os fatos e os fundamentos do lanamento, da impugnao e dos incidentes ocorridos at ento:"Tratam-se de impugnaes apresentadas pelo contribuinte NEYMAR DA SILVA Santos JNIOR (CPF n 382.443.358-31) e pelos responsveis solidrios indicados na autuao - NEYMAR DA SILVA Santos (CPF n 080.591.778-00), NADINE GONALVES DA SILVA Santos (CPF n 121.215.028-74), Neymar Sport E MARKETING S/S LTDA (CNPJ n 08.007.812/0001-70), N&N Consultoria ESPORTIVA E EMPRESARIAL LTDA (CNPJ 14.625.902/0001-28) e N & N ADMINISTRAO DE BENS, PARTICIPAES E INVESTIMENTOS LTDA (CNPJ 15.913.144/0001-06), em face de Auto de Infrao lavrado no mbito da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Santos (fls. 7.236/7.257).Por meio do referido Auto de Infrao (fls. 7.236/7.258), relativo ao Imposto de Renda de Pessoa Fsica - IRPF, relativo aos exerccios 2012, 2013 e 2014, est sendo exigido do contribuinte o recolhimento de crdito tributrio no valor de R$188.820.129,25, sendo:Imposto - R$63.591.796,06Juros de Mora (calculados at 05/2015) - R$10.282.883,82Multa de Ofcio - R$95.387.694,09Multa Isolada - R$19.557.755,28Conforme descrio dos fatos e enquadramento legal constantes do AUTO DE INFRAO (fls. 7.236/7.258) e do Termo de Descrio dos Fatos (TDF - fls.7.040/7.234), que acompanha e parte integrante do Auto, foram apuradas as seguintes infraes:1. Omisso de rendimentos do trabalho sem vnculo empregatcio, relativos aos servios de publicidade no tributados na pessoa fsica e/ou tributados indevidamente na empresa Neymar Sport E MARKETING S/S LTDA ME, CNPJ 08.007.812/0001-70 (tpico 5.1 do Termo de Descrio dos Fatos);2. Omisso de rendimentos de fontes situadas no exterior, oriundos dos servios de publicidade no tributados na pessoa fsica e/ou tributados indevidamente na empresa Neymar Sport E MARKETING S/S LTDA ME, CNPJ 08.007.812/0001-70 (tpico 5.2.1 do Termo de Descrio dos Fatos);3. Omisso de rendimentos de fontes situadas no exterior, oriundos do direito de preferncia, pagos pelo FCB (Futbol Club Barcelona), no tributados na pessoa fsica e/ou tributados indevidamente na empresa N & N CONSULTORIA ESPORTIVA E EMPRESARIAL LTDA, CNPJ 14.625.902/0001-28 (tpico 5.2.2 do Termo de Descrio dos Fatos);4. Omisso de rendimentos de fontes situadas no exterior, oriundos do trabalho com vnculo empregatcio (contrato de agncia, scouting e direitos de imagem), pagos pelo FCB (Futbol Club Barcelona), no tributados na pessoa fsica e/ou tributados indevidamente nas empresas Neymar Sport E MARKETING S/S LTDA ME, CNPJ 08.007.812/0001-70, N & N CONSULTORIA ESPORTIVA E EMPRESARIAL LTDA, CNPJ 14.625.902/0001-28 e N & N ADMINISTRAO DE BENS, PARTICIPAES E INVESTIMENTOS LTDA, CNPJ 15.913.144/0001-06 (tpico 5.2.3 do Termo de Descrio dos Fatos).5. Falta de recolhimento do IRPF devido a ttulo de carn-leo, ensejando a exigncia da Multa Isolada.As autoridades fiscais incluram no plo passivo, como responsveis solidrios pelo crdito tributrio constitudo, Neymar da Silva Santos e Nadine Gonalves da Silva Santos, pais do contribuinte, e as empresas Neymar Sport e Marketing S/S Ltda-ME (Neymar Sport), N&N Consultoria Esportiva e Empresarial LTDA (N&N Consultoria) e N&N Administrao de Bens, Partic. e Investimentos LTDA (N&N Administrao de Bens), que tm como nicos scios os pais do contribuinte, em razo de entenderem estar caracterizado o interesse comum e a atuao conjunta de todos nas situaes que constituram os fatos geradores das obrigaes tributrias.A exigncia da multa de ofcio qualificada, no percentual de 150%, foi justificada pelos autuantes tendo em vista a apurao de ocorrncia de sonegao, fraude e conluio nos negcios perpetrados.Ao longo do TDF, as autoridades fiscais buscam demonstrar que o contribuinte e os responsveis solidrios praticaram atos e negcios jurdicos envolvendo simulaes, com o objetivo nico de reduzir a carga tributria incidente nas transaes realizadas pelo contribuinte, mormente nas prestaes de servios de publicidade e nos valores recebidos do Futebol Clube Barcelona (Barcelona), relativos a sua transferncia para o clube.O trabalho fiscal est baseado em documentos e esclarecimentos prestados pelo contribuinte, pelas empresas Neymar Sport, N&N Consultoria e N&N Administrao de Bens, bem como em documentao encaminhada pela Justia espanhola para o Ministrio Pblico Federal e repassada Receita Federal do Brasil (RFB).Eis, muito resumidamente, algumas concluses importantes das autoridades lanadoras, destacadas do Termo de Descrio dos Fatos (TDF - fls. 7.040/7.234),que serviram para fundamentar a autuao:- A Neymar Sport e Marketing S/S Ltda-ME (Neymar Sport), a N&NConsultoria Esportiva e empresarial LTDA (N&N Consultoria) e a N&N Administrao de Bens, Partic. e Investimentos LTDA (N&N Administrao de Bens) seriam interpostas pessoas, utilizadas com o objetivo de deslocar, para uma tributao mais favorecida nas pessoas jurdicas, os rendimentos auferidos pelo contribuinte em relao aos contratos publicitrios e aos demais contratos firmados com terceiros, inclusive com o clube Barcelona.- O direito imagem no poderia ter sido cedido pelo contribuinte Neymar Sport, na forma do Contrato de Cesso de Imagem apresentado pelos impugnantes (fl. 2.581), uma vez que se trata de direito personalssimo, inalienvel e intransfervel. Alm disso, os efeitos desse contrato no se operariam perante a Receita Federal do Brasil, por no ter sido registrado em registro pblico. E mais: o contrato no apresentaria as caractersticas tpicas de um contrato de cesso ou licena do uso de imagem (previso de direitos e obrigaes, remunerao etc.) e no haveria nele efetivo propsito negocial.- A execuo dos contratos publicitrios estaria vinculada ao desempenho personalssimo do atleta, devendo ser executado por ele e no pela pessoa jurdica; nesse sentido, o atleta seria o verdadeiro titular dos rendimentos auferidos.- O fato de a empresa Neymar Sport ter conseguido o nmero de seu CNPJ em 22/05/2006 e ter celebrado contratos anteriores a essa data seria um indcio de negcios jurdicos simulados, em razo do documento antedatado. Alm disso, a Neymar Sport no teria uma estrutura empresarial para gerir e administrar a carreira do contribuinte, utilizando-se de profissionais do Santos.- A empresa N&N Consultoria no teria realizado qualquer operao relacionada com o seu objeto social, no teria funcionrios contratados poca dos fatos apurados (com exceo dos pais do atleta e de uma funcionria), possuiria baixo capital social integralizado e no teria praticado nenhuma atividade operacional autnoma.Alm disso, o fato de ter obtido seu CNPJ em 17/11/2011 e ter celebrado contratos anteriores a essa data constituiria tambm indcio de negcios jurdicos simulados, especialmente, o acordo com opo de futura transferncia dos direitos federativos e econmicos do contribuinte ao clube Barcelona, em 15/11/2011.- Teria havido negociao do Impugnante com o Barcelona, possivelmente em confronto com as leis que regulamentam o Direito Desportivo, envolvendo o valor recebido pela N&N supostamente a ttulo de indenizao/clusula penal (40.000.000,00), que, na verdade, constituiria remunerao por vnculo de trabalho. Um suposto emprstimo de 10.000.000,00 referida empresa seria, na verdade, um pr-pagamento feito pelo Barcelona em virtude da contratao do atleta.- O contrato firmado entre a N&N e o contribuinte, em 27/04/2011, referente prestao de servios para consultoria esportiva, planejamento e otimizao de carreira desportiva de atleta profissional no teria sido registrado em registro pblico, no podendo, por isso, produzir efeitos perante o Fisco.- As remuneraes recebidas pela N&N Administrao de Bens a ttulo de direito de imagem coletiva serviriam para deslocar, da pessoa fsica para a jurdica, a tributao incidente sobre parte dos valores pagos pelo Barcelona. Alm disso, faltaria capacidade operacional N&N Administrao de Bens, para exercer as obrigaes pactuadas no contrato.- Teria havido confuso patrimonial envolvendo as empresas consideradas responsveis solidrias na autuao e uma suposta falta de propsito negocial nas operaes realizadas entre o contribuinte e as referidas empresas.- Os valores em questo pertenceriam ao contribuinte e, portanto, deveriam ser tributados na pessoa fsica, com base na tabela progressiva, nos termos do art. 3, I, da Lei n7.713/88.- Os autuantes entenderam que o contribuinte e os responsveis solidrios teriam atuado em conluio para deslocar a tributao da pessoa fsica para as empresas envolvidas, no que diz respeito aos rendimentos decorrentes dos contratos de publicidade. (tanto os decorrentes de fontes pagadoras situadas no Brasil como no exterior), aos oriundos da negociao com o Barcelona para exerccio futuro de opo de contratao, aos oriundos da execuo de supostos servios para o Barcelona (contrato de agncia e scouting) e cesso de direitos coletivos de imagem.Em sua impugnao (fls. 7322/7427), que vem acompanhada dos documentos de fls. 7428/8550, o contribuinte, por intermdio de seu representante legal, faz um breve histrico da ao fiscal e da carreira profissional do atleta e apresenta, em suma, os seguintes argumentos:- a abertura das empresas Neymar Sport, N&N Consultoria e N&N Administrao de Bens teria sido necessria para administrar sua imagem, em funo de seu talento e de sua carreira;- para que a carreira do atleta seja duradoura e lucrativa e ele possa se dedicar inteiramente a sua atividade esportiva, seria necessrio contar com uma equipe de profissionais para administr-la;- a Neymar Sport teria sido aberta em 2006, quando o atleta ainda contava com 14 anos, com estrutura proposta e apoiada pelo Santos;- a N&N Consultoria teria sido aberta em 2011, para represent-lo e assessor-lo na projeo de sua carreira, e a N&N Administrao de Bens teria sido organizada em 2012, para cuidar dos bens tangveis e intangveis;- as Autoridades Fiscais teriam concludo que teria sido montada uma estrutura simulada, sem existir de fato, com o intuito nico de economia tributria, mas no teriam comprovado o benefcio econmico do contribuinte com tal estrutura;- no seria scio de nenhuma das empresas e no haveria prova do recebimento dos rendimentos a ele atribudos na autuao;- no seria possvel identificar na documentao reunida na ao fiscal qualquer repasse de recursos das empresas para ele, que no fossem remunerao por servios prestados;- os autuantes o teriam acusado de simulao, mas teriam deixado de comprovar seu benefcio econmico;- a capacidade contributiva no poderia ser atribuda a ele, quando todas as receitas e os lucros das atividades empresariais teriam permanecido com as prprias empresas e com seus scios, por meio dos dividendos;- haveria erro na identificao do sujeito passivo, em face da falta de comprovao de que o contribuinte seria o efetivo detentor da renda;- os direitos de imagem teriam natureza patrimonial e seriam passveis de cesso, onerosa ou gratuita;- inexistiria bice para que uma empresa desenvolvesse a atividade de explorao desse patrimnio intangvel e recebesse os proventos resultantes dos contratos publicitrios celebrados com patrocinadores, parceiros e licenciados;- quanto ao tamanho da empresa, o crescimento dela teria se dado na proporo de seu crescimento profissional como atleta, inexistindo anormalidade nesse fenmeno;- apesar de as autoridades fiscais elaborarem clculos para apontar a economia de 50% na tributao dos rendimentos pelas empresas, no teriam compensado os tributos pagos por elas e pelas pessoas fsicas no perodo;- tal procedimento caracterizaria confisco, promovendo o enriquecimento sem causa do rgo fazendrio;- no seria possvel reaver os tributos pagos pelas empresas, uma vez que no haveria motivao para o pedido de restituio, j que quem os pagou entende-os devidos, e o pedido provavelmente seria negado, at a deciso definitiva nestes autos, quando ento j estaria decado o direito de restituir o indbito;- as atividades desenvolvidas seriam compatveis com as disposies do direito esportivo, tanto no mbito domstico como no internacional.O contribuinte discorre sobre contrato de trabalho do jogador e os direitos econmicos e federativos dele decorrentes e prossegue, com os seguintes argumentos:- haveria erro das autoridades fiscais ao atriburem a ele pagamentos que teriam sido legitimamente cedidos a terceiros;- teria sido equivocada a tributao pelo Fisco de rendimento decorrente de contrato comercial entre empresas, como se fosse rendimento do trabalho;- o valor de 40.000.000,00, recebido do Barcelona, decorreria do descumprimento pelo clube do acordo de opo futura celebrado entre as partes, com efeitos para 2014; no se confundiria com salrio, j que este dependeria de uma relao de emprego, o que s teria ocorrido em 2013;- inexistiria nos autos qualquer dos elementos necessrios caracterizao da hiptese de simulao;- no haveria uma falsa aparncia a ser desconstituda; a estrutura jurdica existiria, os tributos teriam sido registrados e pagos e as declaraes, entregues tempestivamente;- embora convidadas, as autoridades fiscais no teriam se interessado em verificar a localizao das empresas e suas atividades sociais;- toda a documentao solicitada no curso da ao fiscal teria sido apresentada;- no haveria prova de qualquer divergncia entre a vontade interna e a vontade manifesta no negcio;- o modelo de gesto adotado seria eficiente e responsvel pelo rpido crescimento do interesse por ele nos mercados nacional e internacional;- o valor de todos os tributos pagos pelas empresas e pelas pessoas fsicas espontaneamente seria superior ao cobrado no auto de infrao;- o ordenamento ptrio no admitiria que a fiscalizao desconsiderasse as pessoas jurdicas no caso em questo, cabendo observar, em especial, o artigo 129 da Lei n 11.196/2005;- a desconsiderao da personalidade jurdica teria sido atitude desproporcional e decorrente de pequenas falhas nos contratos;- no haveria intuito de enganar a Fazenda, nem simulao, confuso patrimonial e tampouco solidariedade entre os acusados, como demonstraria um parecer acerca do tema juntado;Discorre sobre a criao do Instituto Neymar Jr e assevera que, se as empresas fossem de fato sem propsito negocial e criadas para fraudar o Fisco, no haveria interesse em criar um projeto social dessa magnitude. Acrescenta que a existncia desse instituto, por si s, justificaria a existncia das empresas, que muito contribuiriam para o seu sucesso.Requer especial proteo ao seu sigilo fiscal, em razo da sua notoriedade, e solicita que seja comunicado em caso de os documentos e informaes constantes dos autos serem solicitados por outro rgo. Prossegue em sua defesa, assinalando ainda que:- ainda que se entendesse correta a descaracterizao das empresas envolvidas na autuao, seria preciso haver um terceiro como real beneficirio desses rendimentos, que no seria o impugnante;- quem efetivamente teria recebido e deteria os recursos seria a Neymar Sport;- no teria qualquer relao societria com as empresas envolvidas e nem interferiria no rumo de seus negcios, havendo, portanto, erro de sujeio passiva do lanamento;- se desconsideradas as empresas, teria que se considerar, como real beneficiria da reduo tributria durante esses anos, cada uma das empresas ou, no mximo, os seus scios, em razo da distribuio dos dividendos;- a sua eleio como alvo para centralizar a renda e o clculo do tributo seria discricionria e indevida, uma vez que os resultados seriam direcionados para as prprias empresas ou para seus scios, destacando-se que no seria scio de nenhuma delas;- sendo as pessoas fsicas tributadas pelos rendimentos efetivamente recebidos, o lanamento seria nulo, por erro na identificao do sujeito passivo;- tal nulidade no poderia ser sanada pelas autoridades julgadoras, na medida que eventual correo do mtodo de apurao dos crditos tributrios de IRPF implicaria modificao do critrio jurdico do lanamento;- no haveria qualquer irregularidade na constituio da empresa Neymar Sport;- as autoridades fiscais teriam se equivocado ao desqualificar o propsito empresarial da Neymar Sport, s porque estaria centrada na explorao dos direitos de imagem, cedidos gratuitamente pelo atleta;- a Neymar Sport seria a detentora do seu direito de imagem, conforme Instrumento Particular de Contrato de Cesso de Direito de Uso de Nome, Apelido Desportivo e Imagem do Atleta;- a empresa teria sido constituda para gerir a imagem do atleta, que, poca, tinha 14 anos e nem era jogador profissional, sendo apontado como uma promessa do futebol;- a cesso do direito de imagem nos segmentos artstico e desportivo se daria para melhor administrao das carreiras por uma empresa constituda e concentrada nessa atividade;- a cesso dos direitos patrimoniais de imagem empresa Neymar Sport teria proporcionado um melhor aproveitamento econmico, sendo permitida pela lei brasileira e apresentando validade e contedo negocial;- no se configuraria fraude fiscal o fato de a data do contrato no coincidir com a data de sua assinatura; o fato teria ocorrido por despreparo dos pais do atleta, que no contariam com assessoria jurdica;- entre as condies impostas pelo Santos para assinatura de contrato em 2006, constaria a apresentao de documentao de uma empresa que seria detentora dos direitos de imagem;- o contrato social da Neymar Sport teria sido submetido ao Cartrio de Registro de Ttulos e Documentos e Civil Pessoa Jurdica de Santos em 27/04/2006;- em 10/05/2006, com o contrato pronto para ser assinado, teria sido percebida a ausncia de CNPJ;- essa inscrio no seria necessria para efeitos comerciais e civis e poderia ser obtida posteriormente;- para no se perder a oportunidade oferecida pelo Santos, teria sido mantida a data original e o documento complementado com o CNPJ posteriormente;- no teria havido premeditao para lesar o Fisco;- a cesso dos direitos patrimoniais de imagem por acordo privado representaria um negcio jurdico vlido em sua substncia e forma, conforme disposto no artigo 167 do Cdigo Civil; teria havido um acordo vlido entre as partes acerca de um objeto lcito, sendo que a data aposta no desqualificaria a validade do acordo e muito menos a inteno das partes de que ele produzisse efeitos desde 11/05/2006;- o contrato de cesso de direito de uso de imagem de 2009 no teria sido o primeiro firmado entre o atleta e a empresa Neymar Sport;- no curso da ao fiscal, teria havido um erro de compreenso quanto ao solicitado pela Autoridade Fiscal, o que teria acarretado a no apresentao dos contratos firmados em 2006 e 2007;- nos autos do processo 15983.720427/2012-21, as autoridades fiscais teriam tido acesso ao contrato de cesso de imagem anterior, conforme indicao no Termo de Verificao Fiscal; no teria existido a omisso de um documento essencial, quando esse j teria sido apresentado s autoridades fiscais em ao fiscal anterior;- no haveria bice legal cesso do direito de imagem gratuitamente;- teria sido equivocado o procedimento fiscal de tomar como rendimentos do trabalho sem vnculo os decorrentes de contratos publicitrios;- a desconsiderao da personalidade jurdica teria sido equivocada e ilegal, uma vez que teria havido a cesso do direito de imagem;- a Lei n 11.196, de 2005, permitiria a tributao desses rendimentos na pessoa jurdica; o fato gerador tributrio independeria da validade jurdica dos atos efetivamente praticados pelo contribuinte (artigo 118, inciso I do CTN).- a criao da empresa teria sido necessria para administrar os seus contratos, deixando o atleta concentrar seus esforos no aperfeioamento da carreira de futebol;- a estrutura da Neymar Sport no incio seria pequena, mas, com a evoluo do atleta, teria crescido;- no haveria impedimento para a tributao dos rendimentos decorrentes dos servios personalssimos na pessoa jurdica;- teria cedido legitimamente o direito de uso de sua imagem Neymar Sport, no que tange aos contratos relativos figura individual do atleta, e N&N Administrao de Bens, para os contratos relativos figura do atleta na coletividade do time;- a edio do artigo 129 da Lei n11.196, de 2005, teria regulado o tratamento fiscal e previdencirio aplicvel a tais contrataes;- as atividades por ele exercidas seriam de natureza artstica e cultural; configurariam a explorao da figura do dolo para fins comerciais e no poderiam ser associadas a uma relao de trabalho sem vnculo empregatcio;- a autuao no poderia subsistir, pois a relao jurdica do atleta com as empresas e a prtica fiscal adotadas por eles estariam amparadas por norma jurdica vigente desde a poca dos fatos questionados;- entendimentos doutrinrios e jurisprudenciais respaldariam a tributao desses rendimentos na pessoa jurdica;- no teria havido omisso de rendimentos recebidos como contraprestao de campanhas publicitrias;- inexistiria qualquer irregularidade no fato de o impugnante no figurar no quadro societrio das pessoas jurdicas que administram o patrimnio decorrente da explorao de sua imagem; ele no teria se transformado em pessoa jurdica, mas teria cedido os direitos de imagem pessoa jurdica;- com o sucesso da gesto dos negcios pelo pai no incio da sua carreira, teria optado por manter a relao inicial, mesmo aps a sua maioridade, deixando a cargo do pai os negcios e preocupando-se apenas com o trabalho dentro de campo;- seria usual, em contrataes envolvendo a licena de uso de imagem, que os contratantes solicitem que o prprio artista ou atleta participe do contrato, como anuente, obrigado solidrio, garantidor ou qualquer outra forma indicada pelo contratante; esse fato no invalidaria a contratao da empresa detentora dos direitos de imagem;- para o legislador tributrio, interessariam os fatos que demonstram um fenmeno econmico, que serve de base para a imposio do tributo, independentemente de o instituto jurdico do direito privado (no caso, o contrato) estar dotado de validade formal, na forma do artigo 118 do CTN;- independentemente da validade dos contratos questionados pela Autoridade Fiscal, a inteno sempre teria sido ceder os direitos de imagem para Neymar Sport e N&N Administrao de Bens; os contratos firmados entre as empresas e os anunciantes, ainda que ele figure como co-obrigado, interveniente ou garantidor de execuo, seriam legtimos;- a exigncia de reconhecimento de firma, registro em cartrio e assinatura de testemunhas no seriam requisitos de validade do negcio jurdico;- tendo havido o acordo de vontades entre as partes contratantes e sendo legtimo o objeto da contratao, o negcio jurdico seria vlido, ainda que tivesse sido objeto de acordo verbal, como admitiria a legislao brasileira;- a quantidade de funcionrios no se revelaria critrio hbil para avaliar o propsito empresarial da companhia, pois muitas vezes ela se vale de terceirizados, que prestam servios na medida e no limite das suas especializaes;- ele, assim como outros jogadores, contaria com a assistncia do clube, que teria interesses prprios nas transaes efetuadas; a "turma do Neymar" seria um meio do clube acompanhar os resultados econmicos da licena de imagem, maximizando seus prprios ganhos;- a abertura da Neymar Sport teria se dado quando ele contava apenas com 14 anos e no jogava no time principal do Santos;- teria comprovado a finalidade da constituio da Neymar Sport, bem como o integral cumprimento de seu objeto social, qual seja, o gerenciamento da imagem do impugnante;- a N&N Consultoria teria por finalidade o agenciamento de atletas, auxiliando-os na conduo de assuntos profissionais relativos carreira esportiva;- em razo de a empresa Neymar Sport no ser capaz de administrar concomitantemente a projeo de sua imagem e tambm sua carreira desportiva, teriam optado pela criao de uma nova empresa para tratar dessa ltima;- a empresa prestaria assessoria ao jogador na escolha de clube, na negociao de contrato de trabalho, nas decises relacionadas evoluo de sua carreira e na melhora de sua performance;- o site da empresa (www.nnconsultoria.com) e os contratos firmados com atletas/artistas agenciados por ela demonstrariam seu propsito negocial; seria infundada a acusao de ausncia de substncia econmica na consecuo de suas atividades;- os contratos assinados pela N&N Consultoria aps a sua constituio representariam a manifestao de seu propsito negocial;- no configuraria simulao a aposio de data anterior emisso do CNPJ, no contrato assinado com a empresa N&N;- as partes teriam indicado no contrato a data em que pretendiam que ele tivesse sido assinado, mas, por motivos alheios ao seu prprio controle, a assinatura teria ocorrido alguns dias depois;- esse fato no invalidaria a contratao e muito menos imprimiria a ela um peso de fraude. Apenas indicaria, na sua viso, que as partes queriam manifestar e reforar que seu vnculo j existia desde uma data anterior.- a pessoa jurdica passaria a ter existncia legal e personalidade jurdica com a inscrio de seus atos constitutivos no registro prprio;- a N&N existiria desde 21/09/2011 e gozaria de personalidade jurdica, estando legitimamente autorizada a assinar o contrato de 27/10/2011;- os valores recebidos decorrentes do contrato de arrendamento de servios profissionais, assinado entre a empresa N&N Consultoria e o Barcelona, no estariam relacionados sua atividade como jogador; a empresa teria executado plenamente as atividades para as quais foi contratada, conforme relatrios encaminhados ao Barcelona sobre jogadores em atividade; seria prova suficiente de que teria propsito negocial e substncia desvinculada da relao de trabalho do contribuinte;- cada uma das trs empresas teria sua atividade prpria e independente das demais: a Neymar Sport cuidaria da imagem, a N&N, da carreira e a N&N Administrao de Bens, dos bens; todas elas teriam contabilidade prpria e negcios jurdicos distintos, inexistindo o conluio apontado pela Autoridade Fiscal;- aps a sua contratao pelo Barcelona, a empresa N&N Administrao de Bens teria firmado contrato de imagem, por meio do qual lhe teriam sido cedidos os direitos de imagem coletiva atribudos pelo clube;- os rendimentos auferidos pela empresa em decorrncia desse contrato no representariam parcela dos seus proventos salariais; seriam receitas decorrentes da explorao da imagem coletiva do time, tendo natureza essencialmente comercial;- teria obtido, em 08/11/2011, autorizao do Santos para negociar seus futuros direitos econmicos e federativos, quando encerrado seu compromisso com o clube;- parecer jurdico juntado a sua defesa apontaria como legtimo o direito da empresa N&N receber multa punitiva pelo descumprimento do contrato pelo Barcelona;- as autoridades fiscais teriam tirado concluses inverdicas e desvinculadas da realidade dos fatos, no tocante a esse contrato;- realizando o emprstimo para a N&N Consultoria, o Barcelona pretenderia garantir a ida do jogador para o clube;- inexistiria bice legal para que as partes contratassem nesse sentido;- a natureza indenizatria da clusula penal seria recepcionada pela legislao e jurisprudncia brasileiras, que admitiriam a compensao por "perda de chance";- teriam sido recolhidos os impostos e contribuies incidentes sobre o emprstimo recebido, assim como o ganho de capital obtido por ocasio da devoluo do emprstimo feito aos scios da N&N;- com sua defesa, teria demonstrado a substncia econmica relativa constituio e ao funcionamento das trs pessoas jurdicas envolvidas;- as empresas teriam atividades prprias e legtimas, distintas umas das outras e tambm distintas do trabalho profissional do impugnante, o que eliminaria qualquer descaracterizao das suas atividades;- os vcios apontados pelas autoridades fiscais no prosperariam, na medida que o objeto contratado seria legtimo e representaria a vontade das partes contratantes;- todas as operaes societrias envolveriam empresas operacionais, com propsitos negociais evidentes;- a opo por modelos de operao societria previstos em lei e tributariamente mais vantajosos no poderia ser equiparada a um ato fraudulento;- as autoridades fiscais no teriam comprovado a ocorrncia do ato fraudulento e de dolo, tendo se valido de mera presuno, sem provas efetivas;- os fatos apontados no tocante empresa Neymar Sport no guardariam relao com a realidade ftica vivida pelo contribuinte e pela empresa; a empresa teria empenhado tempo, recursos financeiros, ampliado o mercado do impugnante, potencializado e valorizado sua imagem, sempre recolhendo os tributos devidos;- o entendimento das autoridades fiscais nos autos do processo 15983.720427/2012-21 iria de encontro s concluses da presente autuao;- em relao a N&N Consultoria, restaria comprovado o motivo de sua criao, bem como a prestao de servios a diversos artistas e esportistas, desenvolvendo regularmente suas atividades e tendo um propsito negocial slido;- no poderia sofrer o nus tributrio incidente sobre rendimentos que no seriam de sua responsabilidade e nunca teriam ingressado em suas contas bancrias;- a finalidade pretendida, a forma como os atos ocorreram e o seu consequente resultado fiscal teriam se dado dentro dos limites legais;- os fatos apontados pela Autoridade Fiscal provariam a ligao entre as pessoas jurdicas, mas no a simulao, a interposio fraudulenta e a falta de propsito negocial; seria indevida a tributao de pessoa fsica que no seria scia e nem teria se aproveitado juridicamente do resultado das empresas;- as autoridades fiscais teriam desconsiderado a personalidade jurdica das sociedades, sem contar com a autorizao judicial exigida;- no haveria fundamento para a desconsiderao da personalidade jurdica, nem competncia administrativa, conforme artigo 50 do Cdigo Civil;- a responsabilidade solidria seria contraditria com a lgica adotada na autuao;- os incisos I e II, do artigo 124 do CTN, no seriam aplicveis ao caso e inexistiria abuso de personalidade jurdica, desvio de finalidade e confuso patrimonial;- existiria clara distino patrimonial entre as pessoas envolvidas, que teriam obedecido rigorosamente s regras de escriturao contbil e fiscal;- as nicas evidncias apresentadas pela fiscalizao seriam eventos circunstanciais e isolados divulgados pela mdia, que no comporiam um conjunto probatrio minimamente aceitvel para caracterizar a existncia de confuso patrimonial;- as autoridades fiscais no teriam conseguido identificar qualquer repasse de recursos das empresas ao impugnante, justificando o lanamento baseado em artigos da mdia sensacionalista;- os tributos que teriam sido pagos pelas pessoas jurdicas deveriam ser considerados na quantificao do crdito tributrio constitudo, sob pena de caracterizao de bis in idem; se a compensao desses valores no ocorrer na autuao, as empresas no teriam como reav-los;- os acusados entenderiam que os valores anteriormente pagos seriam devidos; um eventual pedido de restituio formulado seria negado pela Delegacia de origem, at a deciso definitiva nestes autos; se for aguardada a deciso final do CARF, o indbito estaria decado;- faria jus a compensao de imposto de fontes no exterior;- prevalecendo a autuao, teriam que ser reconhecidos como indevidos todos os tributos recolhidos pelas empresas e scios em 2014 e 2015; tendo se tornado no residente em janeiro de 2014 e, prevalecendo o entendimento da autuao, a tributao dos rendimentos auferidos e tributados pelas empresas nesse perodo no poderia ser levada a efeito no contribuinte;- as autoridades fiscais teriam desconsiderado os valores recebidos, da forma como escriturados na contabilidade das empresas, aplicando as regras da pessoa fsica, o que teria modificado a base de clculo o imposto;- teria que ser aplicado ao caso o mesmo raciocnio lgico que permite a compensao dos valores pagos na pessoa jurdica.- seria indevida a aplicao concomitante da multa isolada e da multa de ofcio, conforme smula do CARF;Ao final, requer a nulidade do auto de infrao por erro de sujeio passiva; e, caso no seja esse o entendimento, requer o cancelamento da autuao, haja vista a necessidade de uma estrutura empresarial para atingir o potencial econmico do jogador, a falta de comprovao de benefcio econmico do impugnante com a estrutura jurdica desconsiderada pela Autoridade Fiscal, a validade de cesso do direito de imagem, o pagamento pelas empresas e pelo impugnante dos tributos que no foram considerados na autuao.Repisa que as atividades das empresas seriam inteiramente compatveis com a disciplina prevista no direito esportivo, tanto no mbito domstico como no internacional, ressaltando ainda a criao do Instituto Neymar em prol da comunidade e a inexistncia de planejamento tributrio.Pede ainda o cancelamento da multa de ofcio de 150%, entendendo no restar comprovada simulao ou intuito doloso na conduta dos envolvidos. Requer todos os meios de prova, inclusive percia e diligncia.Das impugnaes dos responsveis solidriosNeymar Sport (fls. 8.554/8.654, acompanhada de documentos de fls.8.655/9.787), N&N Consultoria Esportiva e Empresarial LTDA (fls. 9.791/9.892, acompanhada de documentos de fls. 9.893/11.025), Nadine Gonalves da Silva Santos (fls.11.029/11.129, acompanhada de documentos de fls. 11.130/12.263), N&N Administrao de Bens, Participaes e Investimentos LTDA (fls. 12.267/12.368, acompanhada de documentos de fls. 12.369/13.505) e Neymar da Silva Santos (fls. 13.509/13.613, acompanhada de documentos de fls. 13.614/14.747) apresentaram, em 09/06/2015, defesas de idntico teor, apenas alterando a ordem, na pea de defesa, do item intitulado "Da inexistncia de responsabilidade solidria".Em sesso realizada em 04 de Maro de 2016, a 20 Turma da DRJ/RJ julgou a impugnao procedente, conforme deciso assim ementada:"OMISSO DE RENDIMENTOS. Os rendimentos tributveis sujeitos tabela progressiva recebidos pelos contribuintes e seus dependentes indicados na declarao de ajuste devem ser espontaneamente oferecidos tributao na declarao de ajuste anual.Na hiptese de apurao pelo Fisco de omisso de rendimentos sujeitos tabela progressiva, cabe a adio do valor omitido base de clculo do imposto, com exigncia do crdito tributrio correspondente ou ajuste do valor do IRPF a Restituir declarado.FALTA DE RECOLHIMENTO MENSAL OBRIGATRIO (CARN-LEO). MULTA ISOLADA. Sujeita-se ao pagamento mensal obrigatrio do imposto (carn-leo) a pessoa fsica que receber de outra pessoa fsica, ou de fontes situadas no exterior, rendimentos que no tenham sido tributados na fonte, no Pas. A falta de recolhimento mensal obrigatrio enseja, por expressa determinao legal, a aplicao da multa isolada.DIREITO DE IMAGEM. O direito prpria imagem no pode ser objeto de alienao ou mesmo de transferncia, por ser um direito personalssimo e vinculado prpria pessoa, ainda que sua utilizao, por meio de licena de uso seja possvel.O titular pode autorizar ou licenciar a explorao do uso do direito e no ceder o prprio direito em si. No pode transferir a titularidade do direito a uma pessoa jurdica, com quem no tem qualquer vnculo, para que ela, como nova titular desse direito, autorize a explorao do seu uso.O contrato de cesso do prprio direito de imagem para terceiro (diferente do contrato de cesso do uso do direito), para que ele o explore (como se fosse o novo titular desse direito), no pode ser oposto ao Fisco, mormente se no foi objeto de registro pblico e se constatada fraude, simulao.JOGADOR DE FUTEBOL. CONTRATO DE EXPLORAO DO DIREITO DE IMAGEM CELEBRADO COM O CLUBE. FRAUDE. Conquanto o direito de imagem goze de natureza tipicamente civil, h de ser reconhecida a sua natureza salarial, quando, no caso concreto, a parcela ajustada em valor que supera o salrio nominal do empregado e a entidade desportiva no consegue comprovar a efetiva explorao da imagem contratada com o jogador.Verificada a desproporcionalidade entre o valor ajustado e o salrio do atleta e no sendo possvel a comprovao pelo clube da devida explorao da imagem contratada - o que o objeto central do contrato de licena de uso de imagem - resta evidenciada a fraude na contratao do atleta, artifcio usado para evitar o pagamento integral dos tributos devidos,inclusive com a utilizao de interposta empresa prestadora de servios.IDENTIFICAO DO VERDADEIRO SUJEITO PASSIVO DA OBRIGAO TRIBUTRIA. A autoridade fiscal pode reclassificar receitas apresentadas ao Fisco como auferidas por determinadas empresas em decorrncia de contratos intuitupersonae firmados com outras empresas, tratando-as como rendimentos auferidos pela pessoa fsica, diante da constatao da relao pessoal e direta desta com a situao que constitua o fato gerador do tributo e da apurao de negcios jurdicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrncia do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigao tributria.IMPONIBILIDADE AO FISCO DE INSTRUMENTO PARTICULAR NO REGISTRADO NO REGISTRO PBLICO. O instrumento particular no registrado no registro pblico no produz efeitos perante terceiros, inclusive o Fisco, no podendo ser oposto a ele para afastar a exigncia tributria.ATO OU NEGCIO JURDICO SIMULADO. DESCONSIDERAO PELO FISCO.Restando comprovado que o contribuinte praticou ato jurdico simulado, com o intuito de impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrncia do fato gerador da obrigao tributria principal, ou a excluir ou modificar as suas caractersticas essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido, evitar ou diferir o seu pagamento, impe-se a desconsiderao do ato viciado.MULTA DE OFCIO QUALIFICADA. cabvel a aplicao da multa qualificada nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei n4.502, de 1964.MULTA ISOLADA E MULTA DE OFCIO. CONCOMITNCIA. A aplicao da multa isolada decorre de descumprimento do dever legal de recolhimento mensal de carn-leo, no se confundindo com a multa proporcional aplicada sobre o valor do imposto apurado nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declarao ou de declarao inexata.COMPENSAO DE DBITO DA PESSOA FSICA COM CRDITO DE PESSOA JURDICA.O suposto crdito advindo do pagamento de impostos pela pessoa jurdica no passvel de compensao com dbito do sujeito passivo (pessoa fsica).CRDITO TRIBUTRIO. RESPONSABILIDADE SOLIDRIA. Respondem solidariamente pelo crdito lanado as pessoas que tenham interesse comum na situao que constitua o fato gerador da obrigao principal, evidenciado na participao direta ou indireta nas operaes e no desfrute de seus resultados em caso de fraude.Impugnao ImprocedenteCrdito Tributrio Mantido"RECURSO VOLUNTRIOO contribuinte foi intimado da deciso em 17 de maro de 2016 e interps recurso voluntrio em 18 de abril de 2016, reiterando o que alegou na impugnao, acrescentando, ainda, em pontos objetivos, os seguintes argumentos resumidos (abaixo se inicia do numeral "2" com objetivo de observar a mesma numerao da pea recursal):2. Pontos cruciais da defesa que merecem ateno inicial dos nobres conselheiros2.1 Real necessidade de estrutura empresarial para explorar a imagem e apoiar a carreira do atletaArgumenta que a criao de empresas para gerir tarefas empresariais teria sido necessria para que Neymar Jr. tivesse tempo para se dedicar as suas atividades esportivas.A Neymar Sport haveria sido criada quando Neymar Jr. tinha 14 anos por exigncia do Santos Futebol Clube para represent-lo em relao a sua imagem, a N&N haveria sido criada em 2011 para assessor-lo em relao a sua carreira e em 2012 haveria sido criada a N&N Administrao de Imveis para cuidar de seus bens.2.2 Indevida desconsiderao da personalidade jurdica das empresas para atingir o atletaDestaca que a fiscalizao teria alegado confuso patrimonial e desvio de finalidade entre as empresas, critrios de fato presentes no art. 50 do Cdigo Civil, mas cuja aplicao estaria adstrita ao Poder Judicirio. Destaca, ainda, que a fiscalizao teria acusado as empresas e seus scios de serem responsveis solidrios pelo dbito fiscal, pois seriam empresas interpostas, mas logo aps teria afirmado que estas efetivamente teriam atuado nas operaes fraudulentas.Alega que a DRJ teria afirmado que no houve desconsiderao de personalidade jurdica, mas mera reclassificao de receitas, apesar da fiscalizao jamais ter feito essa afirmao.2.3 No h prova do benefcio do Recorrente com a estrutura que foi desconsideradaArgumenta que Neymar Jr. no seria scio de nenhuma das empresas e que no teria recebido nenhum rendimento das mesmas. Sustenta, ainda, que no haveria comprovao do benefcio econmico de Neymar Jr., pois todas as receitas teriam sido recebidas pelas empresas, desta forma, no haveria capacidade contributiva a ser atribuda a Neymar Jr.2.4 Validade da Cesso de Uso de Direitos Econmicos de ImagemAlega que as autoridades fiscais teriam considerado nulas as cesses de cesso de uso de imagem quando haveria reconhecimento doutrinrio e legislativo de tal direito. Cita a MP 690/15 em que haveria disciplina da tributao da explorao do direito de imagem as empresas e art. 129 da Lei 11.196/05 que proibiria o Fisco de desconsiderar a personalidade jurdica no intuito de alcanar indivduos no caso de explorao empresarial de atividades culturais e artsticas, mesmo as de carter personalssimo.

    2.5 Irregularidades formais nos contratos no interrompem seus efeitos se convalidados ao longo da execuoAlega que as autoridades fiscais teriam dado mais peso que o aplicvel as formalidades contratuais, pois a legislao brasileira disciplina que o acordo de vontade vincula as partes, independentemente de ser escrito ou verbal, de ser assinado por testemunhas ou mesmo se ausentes o registro pblico ou reconhecimento de firmas.1 - Suposta Fraude na Cesso de Direito de uso da Imagem do Recorrente para Neymar SportCita o Instrumento Particular de Contrato de Cesso de Direito que, segundo a fiscalizao, teria sido antedatado, pois embora datado de 11/05/2006 continha o CNPJ da empresa, o qual s teria sido emitido 22 de Maio de 2006.A explicao constante do Recurso Voluntrio explicita que em 01/04/06 o Santos Futebol Clube se props a investir na carreira de Neymar Jr. Uma das condies teria sido de "apresentar no prazo mximo de 40 (quarenta) dias a partir da assinatura da presente, ou seja, at 10 de maio de 2006, a documentao da empresa detentora dos seus direitos de imagem, com cdigo de atividade econmica principal adequado essa atividade (CNPJ), cuja empresa dever figurar como Cedente no mencionado contrato a ser celebrado."Alega que, como a Neymar Sport, empresa que viria a se tornar titular dos direitos patrimoniais de imagem de Neymar Jr. ainda no continha o CNPJ, os scios teriam aguardado at que este foi emitido, em 22 de Maio de 2006, para ser assinado, mantendo-se todavia a data do contrato quela exigida de 11 de Maio de 2006.Desta forma, argumenta que o contrato no teria sido antedatado para lesar o fisco, mas simplesmente por um receio de se perder a oportunidade ofertada. Ou seja, no teria havido dolo e lembra que Neymar Jr. teria apenas 14 anos na poca.Argumenta que a cesso de direitos patrimoniais de imagem representaria negcio jurdico vlido em substncia e forma, mas mesmo que considerado simulado nos termos do art. 167 do Cdigo Civil no seria nulo visto que este mesmo preceituaria que o subsistir o que se dissimulou, se vlido for na substncia e na forma.Os erros nas datas do contrato no teriam inteno de enganar ningum, eis que nesse nterim no teria ocorrido qualquer fato gerador de imposto de renda ou qualquer outro tributo.2 - Suposta Fraude pela N&N ao assinar contrato de consultoria esportiva com o RecorrenteCita o Instrumento Particular de Contrato de Consultoria Esportiva que, segundo a fiscalizao, teria sido antedatado, pois embora datado de 27 de Outubro de 2011 j continha o CNPJ da empresa, o qual s teria sido emitido em 17 de Novembro de 2011.Alega que, entre 27 de outubro de 2011 e 17 de Novembro de 2011 (22 dias) a N&N teria firmado Acordo para futura transferncia de direitos federativos e econmicos de Neymar Jr. ao Barcelona em 15 de Novembro de 2011. Desta forma, caso considerado nulo, seriam ainda anulados os contratos firmados pela N&N (1) Contrato de emprstimo celebrado com Neymar e Nadine em 15/02/2012; (2) Contrato de Arrendamento de Servios Profissionais celebrado com o Barcelona em 30/07/2013 e (3) Contrato de emprstimo celebrado com o Barcelona em 06/12/2013.Argumenta que a empresa j gozaria de personalidade jurdica desde 21 de Setembro de 2011 quando teria levado a registro seus atos constitutivos, portanto, estaria legitimada, assim, a celebrar o contrato. Sustentam que, neste caso as partes teriam inserido no contrato a data em que pretendiam que ele tivesse sido assinado e quando j se sentiam vinculadas mas que por motivos alheios a seu controle (estavam ausentes negociaes demoraram mais que o esperado, dependiam da aprovao da diretoria, advogado atrasou) a assinatura teria ocorrido alguns dias depois.Desta forma, apesar de antedatado, o contrato no poderia ser considerado como fraude visto a ausncia de dolo, elemento intrnseco da simulao.Refuta as alegaes da fiscalizao de que a variao de dias (22 dias) teria o condo de alterar fatos geradores futuros e considerar nulos estes contratos para fins fiscais, quando a diferena de datas irrelevante para arrecadao dos tributos. Frisa que as dvidas levantadas pelo fisco so apenas em relao as datas e no ao contedo do contrato que permanecem vlidos nos termos do art. 167 do Cdigo Civil.Desta forma, sustenta que provaria-se que no houve dolo, pois no seria possvel identificar quem teria sido enganado no nterim entre as datas de assinatura e emisso do CNPJ. Alega que algum que antecipa intencionalmente datas de contrato queira se favorecer dos efeitos jurdicos de data anterior, o que no ficaria comprovado no caso.2.6 Acusados pagaram tributos que no foram considerados no Auto de InfraoAlega que as autoridades fiscais no consideraram os tributos que j teriam sido pagos pelas empresas solidrias no perodo. Este posicionamento, que teria sido chancelado pela deciso recorrida, configuraria confisco e promoveria enriquecimento sem causa da Unio.2.7 Atividades das empresas so compatveis com Direito EsportivoArgumenta que a legislao conferiria ao jogador, atravs da empresa que o agencia, a negociar sua transferncia para o perodo aps o contrato de trabalho, quando se tornaria "free agent".2.8 Ausncia de simulao e de intuito doloso na conduta dos envolvidosAlega que no estariam presentes nos autos qualquer dos elementos exigidos pela jurisprudncia administrativa para a caracterizao de simulao: a) falsa aparncia a ser desconstituda; b) no haveria benefcio econmico de Neymar Jr.; c) o administrador teria aplicado a lei convicto de ser a melhor interpretao; d) no haveria reduo tributria; e) haveria vedao expressa para desconsiderao de personalidade jurdica neste caso.2.9 A criao do Instituto Neymar Jr. em prol da comunidadeO Instituto Neymar Jr., projeto com rea de 8.400 m2 e cujo objetivo seria auxiliar a comunidade carente do Estado de So Paulo, comprovaria que h propsito corporativo para as empresas.3. Preliminares3.1 Erro de sujeio passivaSustenta que o lanamento teria se baseado na tese de que so personalssimos e intransferveis os direitos relacionados aos servios alegadamente prestados por Neymar Jr. Sendo assim, haveria uma reclassificao dos respectivos rendimentos da pessoa jurdica para a pessoa fsica. Ou seja, as pessoas jurdicas seriam interpostas, concluindo que os rendimentos deveriam ser redirecionados ao Recorrente. No entanto, Neymar Jr. no teria recebido qualquer rendimento advindo das empresas, ou seja, no seria beneficirio dos rendimentos.Alega que as autoridades fiscais sustentaram, ainda, simulao e falta de substancia na constituio das empresas envolvidas, no entanto, afirma que a estrutura operacional teria evoludo contando hoje com quase 50 funcionrios, prdio dedicado as suas atividades, contabilidade regular e inmeros contratos.Desta forma, o lanamento fiscal nulo pois teria sido imputado erro na eleio do sujeito passivo.3.2 Nulidade por falta de motivao legalAfirma que no haveria na descrio do auto de infrao indicao de fundamento para desconsiderao da personalidade jurdica. A base legal mencionada genrica em relao a tributao da pessoa fsica. No h elementos que permitiriam concluir se a desconsiderao decorre do art. 116 do CTN, artigo 50 do Cdigo Civil ou de responsabilidade tributria com base no art. 135 e 137 do CTN.Defende, desta forma, a nulidade do Auto de Infrao por ausncia na fundamentao legal e porque estaria fundamentado em regras de carter genrico.3.3 Retroatividade Benigna da MP 690/15Alega, em sede de Recurso Voluntrio que, com a edio da Medida Provisria 690/15, a Fazenda Nacional admitiria expressamente a explorao de direito de imagem de celebridades por meio de pessoa jurdica constituda para este fim. Suscita aplicao do artigo 106 do CTN que teria previsto aplicao de lei nova a fato pretrito. Argumenta que embora a MP mencionada no tivesse sido convertida em lei, esta vigorou por 120 dias o que permitiria a aplicao da retroatividade benigna do art. 106 do CTN.3.4 Nulidade da exigncia fiscal sobre receitas que j foram tributadas pela pessoa jurdicaA defesa do contribuinte se insurge contra a impossibilidade de compensao no lanamento fiscal sobre tributos que j teriam sido pagos pelas pessoas jurdicas envolvidas. Argumenta que se a estrutura empresarial foi considerada enganosa e inexistente, seria coerente considerar como indevidos os tributos que teriam sido por estas.Argumenta que deveria ser exigido no lanamento apenas a parcela no recolhida de tributos cobrados, sob pena de confisco e enriquecimento sem causa do Errio.Cita precedentes favorveis do CARF no sentido de que seria possvel a compensao/aproveitamento de tributos pagos pela pessoa jurdica pela pessoa fsica objeto do lanamento.3.5 Reconhecimento dos tributos pagos em 2014 e 2015 pelas empresas e seus scios que sofrera a descaracterizao pela fiscalizaoAlega que, na hiptese de prevalecer o lanamento, todos os rendimentos de 2014 e 2015 que teriam sido pelas empresas e demais acusados tambm deveriam ser imputados a Neymar Jr.Considerando que Neymar Jr. teria passado condio de residente na Espanha a partir de janeiro de 2014, os tributos que teriam sido pagos pelas empresas e scios em 2014 e 2015 teriam sido recolhidos indevidamente no Brasil, devendo o Fisco brasileiro promover sua restituio. Neste sentido, a defesa do atleta requer que os tributos pagos pela autuao sejam tambm includos na compensao de ofcio, caso o lanamento prevalea.4. Razes de Mrito4.1 Propsito Empresarial e Substncia das Atividades Desenvolvidas pela Neymar Sport, N&N Consultoria e N&N Administrao de BensCaracteriza o histrico da Neymar Sport em trs principais fases.A primeira entre 2006 e 2009 relacionada a sua estruturao, a segunda entre 2009 e 2011 marcada pelo crescimento de Neymar Jr. em mercado brasileiro e divulgao da imagem do atleta e a terceira entre 2011 e a presente data em que haveria expanso da imagem do atleta em mercados internacionais.Como argumento para a falta de substancia, as autoridades fiscais teriam alegado que a Neymar Sport tinha poucos funcionrios, j que alguns colaboradores do Santos assessoravam e Neymar Jr.Neste sentido, argumenta que a participao dos colaboradores do Santos se deu porque na poca o Santos deteria 100% do recebimento dos recursos advindos da imagem de Neymar Jr. Com a mudana deste cenrio em 2010, os assessores teriam sido contratados e pagos pela Neymar Sport. Alega, ainda, que no necessariamente a quantidade de empregados serviria para avaliar o propsito empresarial da empresa, que as vezes se valeria de terceiros.Defende que no possvel alegar que em 2006, quando Neymar Jr. tinha apenas 14 anos e nem era jogados profissional ainda, poderia-se presumir que os seus pais j saberiam que seria uma celebridade internacional de futebol e receberia valores milionrios por sua imagem.4.2 Direito de Imagem: evoluo cronolgicaArgumenta a defesa do atleta que em 01/08/2004 teria assinado seu primeiro contrato com o Santos para atletas em formao.Em 01/04/2006 teria assinado segundo contrato com o Santos que previa a cesso de imagem de Neymar Jr. ao clube. Tendo em vista que a Neymar Sport j seria detentora dos direitos de uso da imagem de Neymar Jr., ela teria firmado com o Santos contrato que previa a cesso do uso de imagem at 05/02/2011.Em 01/04/2009 teria havido celebrao de novo contrato de trabalho entre Neymar Jr. e Santos, ocasio em que teria sido reafirmada a cesso de imagem conferida a Neymar Sport.Ao longo dos prximos anos, teriam sido celebrados aditamentos entre a Neymar Sport e o Santos de modo que a participao da Neymar Sport fosse aumentando at que, em meados de 2013, o vnculo entre Neymar Jr. e o Santos teria sido encerrado.Ressalta que apesar da autoridade fiscal pretender dar conotao de fraude aos contratos simplesmente porque por vezes utilizaria a expresso "cesso de direito de imagem" e no "cesso de uso de direito de imagem", tal conotao no seria possvel conforme art. 107 e 112 do Cdigo Civil que determinariam, respectivamente, que " A validade da declarao de vontade no depender de forma especial, seno quando a lei expressamente a exigir." e " Nas declaraes de vontade se atender mais inteno nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem."4.3 Cesso de Imagem a pessoa jurdica e condies da cessoArgumenta que a Constituio Federal e Cdigo Civil amparariam na generalidade a proteo aos direitos pessoais, incluindo o direito de imagem. Essa proteo consideraria os reflexos morais do direito de imagem, caracterizando-os como direitos personalssimos e inviolveis. Por outro lado, o direito de imagem no se resumiria ao seu aspecto moral, mas tambm absorveria aspectos econmicos que seriam chamados de patrimoniais que, por sua vez, seriam disponveis atravs de transferncia, cesso ou licenciamento. Cita a Lei Pel.Sustenta, ainda, que a legislao societria e civil autorizaria a criao de empresa individual para explorao do direito de imagem - EIRELI.Defende que as condies contratuais para exerccio do direito de uso seriam questes que emergem da negociao particular entre os contratantes, no cabendo ao Fisco levantar suposies de que a contratao foge do usual ou que deveria ter mais clusulas. O fato de ter sido cedida a ttulo gratuito no invalida a cesso, pois a vontade das partes teria se dado dentro dos parmetros legais. Cita precedentes.4.4 Direito PersonalssimoAlega que, apesar das autoridades fiscais terem desconsiderado a natureza dos contratos de cesso de uso de imagem por entender que tem carter personalssimo, sem execuo propriamente pela empresa, mas sim pessoal de Neymar Jr., argumenta que o carter pessoal seria intrnseco a qualquer prestao de servio, pois ao se contratar qualquer pessoa jurdica o que se busca, na verdade, seria a atuao do profissional atuante (carter personalssimo) mas nem por isso deve-se atribuir o rendimento s pessoas fsicas, mas sim s pessoas jurdicas contratadas.As caractersticas constitucionais do direito a imagem de ser personalssimo e inviolvel e ainda aquelas que teriam sido pelo Cdigo Civil - intransmissvel e irrenuncivel - diriam respeito a imagem de contedo moral. Com a evoluo do direito entendeu-se que a imagem, em determinadas situaes, tambm possuiria contedo patrimonial sujeito a cesso a terceiros. Neste contexto foi publicada a Lei 11.196/05 regulando em seu art. 129 o tratamento fiscal aplicvel a este tipo de contratao.O objeto do contrato seria a explorao da figura do dolo, totalmente desconexa de sua atividade profissional, desta forma, no poderiam ser considerados tais rendimentos como de relao de trabalho sem vnculo empregatcio.4.5 Compartilhamento do proveito econmico do uso de ImagemAlega que a cesso do direito de uso de imagem teria sido subcedida ao Santos em sua totalidade por muitos anos. Desta forma, as autoridades deveriam questionar o Santos que, da mesma forma, foi explorador do direito de imagem de Neymar Jr. a ttulo gratuito.Este fato justifica o envolvimento de colaboradores do Santos. A medida que o os proveitos da imagem foram sendo deslocados para a Neymar Sport, custos e investimentos foram assumidos pela empresa, que foi crescendo e se aparelhando para tanto.4.6 Servio de Publicidade e DiriaApesar das autoridades fiscais e julgadores de primeira instancia acordarem que os valores recebidos pela Neymar Sport a titulo de explorao dos direitos de imagem de Neymar Jr. deveriam ser considerados como remunerao de trabalho de publicidade, sustenta a defesa que o seu rendimento de trabalho pago pelo clube que o contratou, pois sua atividades profissional jogar futebol. Por isso Neymar Jr. teria recebido remunerao intitulada de "diria" que compensa sua disponibilidade por algumas horas para cumprir com sua obrigao personalssima (diferente de direito personalssimo) no desqualificando o acordo de cesso de direito de uso de imagem.4.7 Remunerao no tem natureza salarialSustenta que Neymar Jr. jogava futebol para o Santos e recebia salrio nos termos da CLT. possvel verificar que o salrio foi aumentando gradativamente ao longo dos anos: 2008 - R$ 25 mil; 2009 - R$ 50 mil; 2010 - R$ 130 mil e 2011 a 2013 - R$ 200 mil. Desta forma, fica refuta as alegaes das autoridades fiscais de que o salrio cumpria patamares mnimos para fins de reduzir a carga tributria incidente. Ou seja, no houve reduo salarial ou substituio por licena de uso de imagem.Cita precedentes da Justia do Trabalho que explicam as situaes em que o salrio legtimo e aquelas nos quais os clubes camuflam o pagamento por meio de utilizao fraudulenta do instituto do direito de imagem. Destaca o caso de Alexandre "Pato" em que restou entendido que o fato do atleta ter cedido seus direitos de imagem a empresa que sequer scio refora o entendimento de que tais valores no poderiam ser entendidos como complemento a remunerao.Cita, ainda, entendimento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais quanto a no incidncia de contribuies previdencirias sobre direito de imagem, por reconhecer que no se trata de remunerao.4.8 Data do Contrato, Registro e Demais formalidade contratuaisa) Data do Contrato vis a vis emisso do CNPJCita alegaes das autoridades fiscais que Neymar Jr. teria simulado dois contratos e argumenta que em nenhum momento houve fraude ou dolo pois os contratos refletem a verdadeira inteno das partes.Sustenta que um descasamento de poucos dias seria resultado de inteno de fraudar o fisco seria absurdo, ainda mais no contrato assinado em 2006, data em que Neymar Jr. tinha apenas 14 anos. Alega que a diferena de datas no caracteriza fraude por trs motivos: i) no houve dolo ou intuito de fraude, elementos imprescindveis para configurar nulidade do negocio jurdico; ii) no h parte prejudicada, pois nenhum dos contraentes do pacto alegou prejuzo; iii) nenhum efeito monetrio vantajoso foi produzido no nterim da diferena de dias, nenhum valor foi pago pelo Santos,ou seja, no houve fato gerador de imposto de renda.Ressalta que para efeitos da Autuao Fiscal que abrange os exerccios de 2011 a 2013 vale o contrato de cesso de direito de uso de imagem assinado em 01/04/2009 sobre o qual no h qualquer questionamento de data.b) Registro e Reconhecimento de FirmasAponta que na deciso recorrida foi indicado que "O instrumento particular no registrado no registro publico no produz efeitos perante terceiros, inclusive o Fisco, no poder ser oposto a ele para afastar a exigncia tributria".Neste sentido, alega que a legislao clara ao prever que o acordo de vontade vincula e obriga as partes independentemente da forma (verbal ou escrita, contrato particular ou escritura publica, com presena de testemunhas ou no) e mesmo se ausentes o registro publico e reconhecimento de firmas. Desta forma, a falta de qualquer destes requisitos no torna os contratos invlidos, considerando que houve acordo de vontade entre as partes e sendo legtimo o objeto de contratao, o negocio jurdico valido.4.9 Pr-Acordo com o Barcelona e a Clusula PenalNeste tpico a defesa do contribuinte relata os atos que envolveram sua sada do Santos e sua contratao pelo Barcelona, de forma a Argumentar a natureza efetiva dos diferentes pagamentos realizados por tal clube a Neymar Jr. e as empresas.Argumenta primeiramente que a venda de Neymar Jr. ao Barcelona foi feita pelo Santos, detentor dos direitos federativos sobre o atleta poca.Aps a contratao do jogador profissional em 2009, o Santos renovou o contrato com e Neymar Jr. em agosto de 2011 e, aps diversos aditamentos, prorrogou a sua durao at 25/08/2014.Dentro deste contexto de aprimoramento profissional, Neymar Jr. celebrou contrato com a N&N Consultoria para que fosse desenvolvido um plano de carreira a longo prazo objetivando oportunidades a partir de 2014, quando estaria desvinculado do Santos.Em novembro de 2011, como no tinha pretenso de renovar o contrato de trabalho aps 2014, o Santos concedeu a Neymar Jr. uma autorizao - em carter de exceo ao regulamento da FIFA - para que ele pudesse negociar seus direitos econmicos e federativos quando encerrasse seu compromisso com o Santos. Ressalta que Neymar Jr. nunca foi penalizado pela FIFA ou CBF.Desta forma, mediante anuncia do Santos, a N&N concedeu uma opo futura ao Barcelona de contratar o jogador quando o seu vinculo com o Santos expirasse.Cita parecer do responsvel pelo Departamento de Governana e Disciplina da FIFA em que este pacifica o direito legitimo da N&N de receber a multa punitiva pelo descumprimento do Barcelona, de acordo com os seguintes argumentos:a) os pais do jogador seriam seus agentes naturais, podendo atuar de forma individual ou empresarial, hiptese em que a empresa legitima titular das remuneraes negociadas. Deve haver vinculo contratual entre o jogador e tal empresa, como de fato h entre o atleta e a N&N;b) No admitido que um terceiro represente o jogador a titulo gratuito, mesmo que parente. A remunerao a ser paga pelo clube contratante no observa limite.c) No h bice para que um clube conceda liberao ao jogador para negociar opo de transferncia quando se tornar "free agent".Desta forma, foi celebrado em 15/11/2011 entre Barcelona, N&N e Neymar Jr. o acordo cuja opo de contratao futura cuja opo consistia na faculdade do Barcelona adquirir os direitos federativos e econmicos do jogador quando estive estivesse na condio de "free agent".O acordo previa que o Barcelona deveria pagar a N&N pelo exerccio dos direitos futuro a quantia de 40 milhes da seguinte forma: i) 10 milhes como compensao da amortizao do emprstimo previsto no contrato firmado entre as partes em 06/12/2011 e ii) 30 milhes em 01/09/2014 momento em que o jogador se tornaria "free agent". Caso qualquer das partes descumprisse o acordo deveria pagar outra parte uma clausula penal compensatria no valor de 40 milhes.No entanto, alega que o Barcelona descumpriu o acordo ao entrar em negociaes diretamente com o Santos. Sendo assim, em 31/05/2013, o Barcelona adquiriu os direitos federativos e econmicos do jogador pelo valor de 17 milhes, levando a quebra do contrato com a N&N e conseqente obrigao do Barcelona indeniz-la.Alega que a clausula relativa ao seguro de vida ou leso permanente do atleta previso padro em qualquer contrato de prestao de servios com esportistas.Conforme contrato, em 06.12.2011 foi firmado contrato de emprstimo entre Barcelona, N&N e Recorrente. No entendimento do Barcelona, o emprstimo reforava a obrigao da N&N assumida em contrato e seria um desmotivador para negociao com outros clubes.Em 24/10/2013 foi pago pelo Barcelona a N&N o valor de 25 milhes e em 04/09/2014 o valor restante de 5 milhes, valores que permaneceram na conta bancria da N&N Consultoria, ou seja, no foram repassados a Neymar Jr.Sustenta que a natureza indenizatria da clausula penal paga pelo Barcelona amplamente admitida como compensao por "perda de chance".Cita jurisprudncia que confirma que "a teoria da perda de chance visa responsabilizao do agente causador no de um dano emergente, mas de precisamente da perda de se buscar posio mais vantajosa que muito provavelmente se alcanaria, no fosse o ato ilcito praticado."Defende que as alegaes das autoridades fiscais de inexistncia de data na minuta de contrato juntada ao acordo de opo futura, invalidade do emprstimo e suspeita na contratao de aplice de seguro so, em verdade, irrelevantes e acessrios ao acordo principal.Argumenta que em relao aos pagamentos sob o contrato de trabalho com o Barcelona, o contrato claro em relao ao valor fixo mensal ou anual e bonificaes por assiduidade, performance e sucesso em partidas. Tais valores foram reconhecidos como salrio e tributados nos termos da legislao aplicvel.4.10 Pagamentos pelo Barcelona N&N (Scouting e Agencia) e a N&N Administrao de Bens (Imagem Coletiva)Sustenta o propsito da constituio da empresa N&N Argumentando que a partir de 2011, ano em que Neymar Jr. j tinha 19 anos, este j apresentava repercusso nacional e internacional, sendo necessria ateno a sua carreira, como a venda futura a algum time internacional, assim como ateno s suas atividades publicitrias. Neste contexto, a Neymar Sport no estaria capacitada a atuar em focos to diversificados sendo necessria a constituio de uma estrutura mais robusta.A N&N vinha para cumprir o papel de assistir o jogador nas escolhas de clubes, assessor-lo nas negociaes de contratos de trabalho e participar de decises estratgicas em relao a evoluo de sua carreira. Cita como exemplo a contratao de fisioterapeuta e preparador fsico, cuja atribuio era levar o desempenho do jogador a nveis superiores aqueles propostos pelo clube.Em relao a substancia, a defesa do contribuinte refuta as alegaes das autoridades fiscais de que a N&N no teria realizado qualquer operao relacionada ao seu objeto social afirmando que executou diversos servios de consultoria e assessoria vinculados ao esporte e carreira artstica de personalidades. Sustenta que a empresa conta, ainda, com aparelhamento e estrutura condizentes com seus negcios e 20 empregados contratados.Sustenta o propsito e substancia da empresa N&N Administrao de Bens Argumentando que esta tem escopo de cuidar dos direitos de imagem coletiva do atleta perante os clubes desportivos e demais bens a ativos geridos pelos scios.Argumenta que os direitos de imagem coletiva diferem dos direitos individuais por serem associados a exposio, divulgao e comercializao da marca do clube em associao a um conjunto de jogadores, inclusive mediante o uso de nomes e imagens que suponham relao entre todos.Tendo em vista o acima, em relao as alegaes das autoridades fiscais, confirmadas pelos julgadores de primeira instancia, de que os pagamentos pelo Barcelona empresa N&N Administrao de Bens seriam remunerao de trabalho de Neymar Jr., alega que as receitas atribudas explorao da imagem coletiva tem natureza comercial.4.11 Da tributao do emprstimo concedido aos scios da N&N no montante de 10.000.000 (Dez milhes de Euros)Alega que so infundadas as ilaes que a deciso recorrida tece acerca do emprstimo de 10.000.000 realizado entre o Barcelona e a N&N, bem como o mutuo entre esta empresa e seus scios, com a finalidade de descaracterizar o negocio jurdico.Refora, ainda, que existem documentos comprovando as transaes envolvidas, quais sejam: i) credito na conta da N&N em 15/02/2012 de 10.000.000; ii) transferncia pela N&N a seus scios em 17/02/2012 e 26/03/2012 no mesmo valor recebido pelo Barcelona; iii) quitao do contrato de mutuo pelos scios na conta da N&N em 01/09/2014 e remisso da dvida contrada pela N&N e Barcelona. Destaca ainda que todos os efeitos tributrios os das transaes foram devidamente reconhecidos e tributos pagos (IOF, ganho de capital, rendimentos de aplicao financeira).Alega que Neymar Jr. nunca recebeu tal valor e que no cabe a autoridade fiscal avaliar a melhor forma como os sujeitos passivos deveriam realizar seus negcios jurdicos.5. Da Inaplicabilidade da multa qualificada ao presente caso5.1 Inexistncia de Dolo: Impossibilidade de descaracterizar as empresas envolvidas e a tributao da rendaA defesa reafirma a ausncia de dolo e que no h comprovao do mesmo nos autos, sendo portanto inaplicvel a multa agravada de 150%. Argumenta que no h nos autos qualquer elemento necessrio a caracterizao da hiptese de simulao com propsito de enganar o Fisco: i) no h falsa aparncia a ser desconstituda; ii) no h benefcio econmico do atleta Neymar Jr; iii) no h qualquer divergncia entre a vontade interna e a vontade manifestada no negcio; iv) no h reduo de carga tributria; v) h vedao expressa para que a fiscalizao desconsiderar a pessoa jurdica nesse caso.5.2 A necessidade de comprovao do ato fraudulento ou simuladoAlega que no h comprovao do dolo dos responsveis solidrios e que a deciso recorrida sustenta a aplicao de multa qualificada pela suposta vantagem fiscal obtida por meio da atual estrutura de negcios. Desta forma, a mera presuno de ocorrncia de fraude no pode legitimar a aplicao da multa agravada.Sustenta que a Neymar Sport foi constituda em 2006 com propsito negocial claro, sendo impossvel, poca de sua constituio, alegar que arquitetavam uma estrutura mais benfica sob a tica tributria.Argumenta, ainda, que no cabe qualquer alegao de simulao quanto a constituio e operao das empresas N&N e N&N Administrao de Bens.5.3 Inocorrncia de evento simulado, fraude lei ou conluioRessalta que os rendimentos pagos as pessoas jurdicas nunca foram remetidos a pessoa de Neymar Jr., tendo como prova os extratos bancrios e sua Declarao de Imposto de Renda que pode ser consultada a qualquer tempo.Afirma que cabe as autoridades fiscais comprovar a ocorrncia do auto fraudulento, o que no ocorre no caso. Tendo em vista a ausncia de simulao e fraude pelos envolvidos, no h que se falar em conluio.6. Da inexistncia de responsabilidade solidriaDestaca que as autoridades fiscais atriburam responsabilidade solidria entre Neymar Jr., seus pais e as trs empresas relacionadas com base no art. 124 do CTN, alegando suposto abuso de personalidade jurdica das empresas, suposta vinculao gerencial e coincidncia de scios e administradores, ausncia de capacidade operacional, confuso patrimonial e prtica de atos fraudulentos.Ressalta que os argumentos levantados pela fiscalizao provam apenas a ligao entre as pessoas envolvidas, jamais simulao, interposio fraudulenta e falta de propsito negocial que autorize tributar uma pessoa fsica que no scia ou se aproveitou do resultado destas empresas.Adverte que no possvel a desconsiderao da personalidade jurdica neste caso, seja com base no art. 50 do Cdigo Civil, seja pela proteo do art. 129 da Lei 11.196/05.7. Da inexistncia de abuso de personalidade jurdica, desvio de finalidade e confuso patrimonialAlega que as autoridades fiscais verificaram desvio de finalidade pela utilizao de pessoa jurdica para fins diversos do previsto em seu ato constitutivo.Em relao a alegao de desvio de finalidade refuta argumentando que: i) no houve simulao nos contratos; ii) no houve economia tributria; iii) as pessoas jurdicas envolvidas de fato desenvolvem as atividades a que se prope; iv) a fiscalizao desconsiderou o contexto da formao de Neymar Jr. e constituio das empresas; v) a despeito das datas dos contratos, houve um acordo vlido entre as partes e vi) no houve premeditao para lesar o fisco.Em relao a alegao de confuso patrimonial, argumenta que h clara distino patrimonial entre as pessoas envolvidas e que: i) as empresas possuem contabilidade prpria e recolhem seus tributos de acordo com a natureza das atividades desenvolvidas; ii) a fiscalizao no aponta vcio, falha ou equivoco contbil; iii) a fiscalizao no identificou receita omitida ou despesas indevidas; iv) a fiscalizao no identificou pagamento de dvidas de Neymar Jr pelas empresas; v) os bens moveis e imveis foram adquiridos com as receitas oriundas das atividades operacionais das pessoas jurdicas; vi) no foi encontrada irregularidade nas aquisies realizadas pelas pessoas envolvidas e vii) a integralizao do capital da N&N e amortizao dos emprstimos foram realizada com recursos prprios dos scios das pessoas jurdicas.8. Erro na base de clculo considerada pelas autoridades fiscais na cobrana sobre os valores recebidos de fontes no exteriorArgumenta que caso no haja reforma total da deciso recorrida que seja reconhecida sua reforma parcial no que diz respeito a base de clculo utilizada no lanamento. Aponta que caso os valores considerados para fins de base de clculo sejam confirmados como recebidos por pessoa fsica, que a converso de valores recebidos do exterior, siga aquela conforme foi escriturada pelas pessoas jurdicas afastadas, pois foram de fato os valores recebidos. De acordo com a autuao fiscal, a base de clculo teria superado os valores efetivamente recebidos em mais de R$ 4 milhes.9. Impossibilidade de aplicao da multa isolada e multa de ofcio sobre a mesma base de clculoAlega que a deciso recorrida mantm a exigncia de duas multas conforme estabelecido no lanamento: a multa de ofcio (150%) sobre os valores recebidos de fontes estrangeiras e a multa isolada (50%) pelo no recolhimento do carn-leo na competncia do recebimento sobre a mesma base de clculo. Defende que tal prtica fere os princpios constitucionais da razoabilidade, do no confisco e proporcionalidade. Invoca a Smula CARF 105 e precedentes do CARF.10. Dos pedidosAnte todo o exposto, requer o contribuinte que sejam acolhidas as preliminares, anulando-se o lanamento.Adicionalmente, requer seja dado provimento total ao recurso, cancelando-se o lanamento por todas as razes de mrito expostas . Requer, ainda, seja dado provimento ao presente recurso para afastar a multa qualificada de 150% pela ausncia de comprovao de simulao, intuito doloso ou abuso do direito. Por fim, protesta pela produo de provas e sustentao oral.CONTRARRAZESA Procuradoria Geral da Fazenda Nacional - PGFN foi intimada do recurso voluntrio e interps contrarrazes em 22/06/2016, adicionando em pontos objetivos, os seguintes argumentos resumidos (abaixo se inicia do numeral "ii" para corresponder s contrarrazes):II. Das preliminares suscitadas pelo contribuinteInicialmente, lembra que a validade dos atos praticados no mbito do processo administrativo fiscal federal deve ser averiguada consoante o disposto nos arts. 59 e 60 do Decreto n 70.235, de 1972. Ressalta que no se vislumbra o descumprimento de nenhum dos requisitos fixados no citado art. 59. Por outro lado, ressalta que a prpria impugnao e o recurso voluntrio demonstram que o contribuinte tinha pleno conhecimento de qual era objeto da autuao, tendo se defendido, desde a impugnao, de todos os atos imputados pela Fiscalizao.II.1 Suporta falta de motivao legalRessalta que em vez de se preocupar em afastar as concluses alcanadas pela autoridade fiscal e corroboradas pela turma julgadora de primeira instncia , o contribuinte prope o debate sobre a necessidade de regulamentao do pargrafo nico do art. 116 do CTN, ou a competncia exclusiva do Poder Judicirio para desconsiderar a personalidade jurdica de pessoas jurdicas o que indiscutvel , ou a possibilidade de aplicar conceitos como substncia econmica ou propsito negocial que configuram instrumentos consagrados de avaliao da legitimidade de negcios, sendo amplamente aceitos.Menciona que a autoridade fiscal apontou os fundamentos fticos e jurdicos da simulao vale lembrar, h citao expressa do art. 167 do Cdigo Civil , de modo que mostram-se totalmente impertinentes as alegaes de omisso, trazidas pelo contribuinte.Diante disso, no deve ser imputado vcio de omisso deciso recorrida, uma vez que no restou caracterizada a suposta omisso que teria provocado o cerceamento do direito de defesa da contribuinte. Assim, mostra-se insubsistente a preliminar suscitada no recurso voluntrio, razo pela qual deve ser afastada integralmente.II.2 Alegada retroatividade benignaArgumenta que ainda que se entenda pertinente o pedido do contribuinte, trata-se de questo de mrito, uma vez que precisa ser averiguado se a utilizao da pessoa jurdica, para prestar servios personalssimos, foi realmente vlida. Sustenta que aps essa anlise, caberia di