josÉ ricardo vancetto - unimar.br · aos colegas do mestrado alexandre josé sant’anna e rafael...

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JOSÉ RICARDO VANCETTO ESTUDO HISTOLÓGICO COMPARATIVO EM RATOS DOS EFEITOS DA APLICAÇÃO TÓPICA DOS ANESTÉSICOS NOVOCOL 100 ® E ARTICAÍNE 100 ® SOBRE O PROCESSO DE REPARO ALVEOLAR MARÍLIA – SP 2005

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JOSÉ RICARDO VANCETTO

ESTUDO HISTOLÓGICO COMPARATIVO EM RATOS DOS EFEITOS DA APLICAÇÃO TÓPICA

DOS ANESTÉSICOS NOVOCOL 100® E ARTICAÍNE 100® SOBRE O PROCESSO DE

REPARO ALVEOLAR

MARÍLIA – SP 2005

JOSÉ RICARDO VANCETTO ESTUDO HISTOLÓGICO COMPARATIVO EM RATOS DOS EFEITOS DA APLICAÇÃO TÓPICA DOS ANESTÉSICOS NOVOCOL 100® E ARTICAÍNE 100® SOBRE O PROCESSO DE REPARO ALVEOLAR

Dissertação apresentada à Universidade de Marília (UNIMAR), Faculdade de Ciências da Saúde, para obtenção do Título de Mestre em

Clínica Odontológica, Área de Concentração em Cirurgia Bucomaxilofacial.

Orientador Prof. Dr. Luiz Alberto Milanezi Co-Orientador Prof. Dr. Tetuo Okamoto

MARÍLIA – SP 2005

Universidade de Marília – UNIMAR Reitor Dr. Marcio Mesquita Serva

Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação Pró-Reitor Profa. Dra. Suely Fadul Villibor Flory

Faculdade de Ciências da Saúde Diretor Dr. Amando Castello Branco Junior

Programa de Pós-Graduação em Clínica Odontológica Área de Concentração em Cirurgia Bucomaxilofacial Coordenador Prof. Dr. Roque Javier Merida Delgado

Orientador Prof. Dr. Luiz Alberto Milanezi Co-Orientador Prof. Dr. Tetuo Okamoto

UNIMAR – UNIVERSIDADE DE MARÍLIA

NOTAS DA BANCA EXAMINADORA DA DEFESA DE MESTRADO

JOSÉ RICARDO VANCETTO

TÍTULO: ESTUDO HISTOLÓGICO COMPARATIVO EM RATOS DOS

EFEITOS DA APLICAÇÃO TÓPICA DOS ANESTÉSICOS NOVOCOL 100® E ARTICAÍNE 100® SOBRE O PROCESSO DE REPARO ALVEOLAR.

Data da Defesa:

Banca Examinadora

Prof. Dr. Luiz Alberto Milanezi

Avaliação:________________________________Assinatura:______________

Profa. Dra. Cristiane Mara Ruiz de Sousa Fattah

Avaliação:________________________________Assinatura:______________

Profa. Dra. Roberta Okamoto

Avaliação:________________________________Assinatura:______________

DEDICATÓRIA

Aos meus pais João Roberto

Vancetto e Rose Mary Piccolo Vancetto, a quem devo os

ensinamentos de honestidade, trabalho e amor à família. Obrigado

pelo carinho e dedicação, pela atenção, incentivo e apoio

constantes. É com muito orgulho que faço esta dedicatória, pois

estas incríveis pessoas representam tudo em minha vida.

AGRADECIMENTOS

À Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Marília – UNIMAR, por intermédio do seu Reitor Dr. Márcio Mesquita Serva.

À Profa. Dra. Suely Fadul Villibor Flory, Pró-Reitora de Pós-Graduação. Ao Prof. Dr. Luiz Alberto Milanezi, pelo incentivo e confiança que em mim

foram depositados desde a graduação. Obrigado por sua paciência, compreensão e dedicação. Mais que professor, um grande amigo.

Ao Prof. Dr. Tetuo Okamoto, por proporcionar meu primeiro passo na carreira

científico-acadêmica, sempre orientando, incentivando e apoiando cada etapa deste progresso, meus eternos agradecimentos.

Aos Professores Doutores Edmur Aparecido Callestini e Alessandra Marcondes

Aranega, responsáveis pelo meu primeiro contato com a cirurgia oral, sempre demonstraram amor pelo que faziam e despertaram em mim a paixão por esta especialidade. Suas orientações, tanto profissionais quanto pessoais, foram de grande importância para o meu amadurecimento. Muito obrigado.

À Profa. Dra. Roberta Okamoto, cuja iniciativa de me convidar para

participar de um projeto de iniciação científica, despertou meu interesse na carreira acadêmica, fornecendo todo o apoio, dedicação e incentivo para tal. Agradeço com grande carinho esta incrível pessoa.

Ao Prof. Dr. Michel Saad Neto, uma pessoa que demonstra prazer em ensinar,

sempre estava disposto a me ajudar, revelando seu conhecimento. Obrigado pelas orientações e incentivos, pela confiança e amizade.

Aos colegas do Mestrado Alexandre José Sant’Anna e Rafael Castelli Dall’Antônia, excelentes profissionais que conheci ao ingressar neste programa de pós-graduação e que muito me ensinaram durante nossa convivência. Agradeço as oportunidades dadas, o companheirismo e a consideração destes grandes amigos.

À colega do Mestrado Simone Sasso Barion, pelo apoio e amizade que

demonstrou durante todo o curso, deixo meus agradecimentos e um grande abraço. Ao Prof. Dr. José Sidney Roque, pela oportunidade, incentivo e orientação

durante o estágio em clínica de graduação.

SUMÁRIO

SUMÁRIO

Pág.

1) Lista de Figuras 2) Lista de Abreviaturas 3) Introdução............................................................................................... 1

4) Revisão de Literatura............................................................................. 5 4.1) Soluções anestésicas na odontologia............................................... 6 4.2) Fatores que influenciam o processo de reparo alveolar................. 10 4.3) Solução anestésica Novocol 100®.................................................. 11

4.4) Solução anestésica Articaíne 100®................................................. 12 5) Proposição............................................................................................ 13 6) Material e Método................................................................................. 14 7) Resultados............................................................................................ 22

8) Discussão............................................................................................. 65 9) Conclusão............................................................................................. 75 10) Referências Bibliográficas................................................................. 76 11) Resumo................................................................................................ 82

12) Abstract................................................................................................ 83 13) Anexos 11.1) Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa da UNIMAR .............. 84

11.2) Quadro de Dosagem anestésica para experimento em ratos ..... 85

LISTA DE FIGURAS

LISTA DE FIGURAS

Pág. Fig.1. Embalagem comercial do anestésico Novocol 100®. ........................ 15

Fig.2. Embalagem comercial do anestésico Articaíne 100®. ....................... 15

Fig.3. Embalagens comerciais das drogas Dopaser® e Vetanarcol®. ......... 16

Fig.4. Sindesmótomo em posição para fins de luxação do dente. .............. 17

Fig.5. Sindesmótomo em posição após a luxação do dente. ...................... 17

Fig.6. Fórceps em posição para fins de exodontia do incisivo. ................... 18

Fig.7. Fórceps com o dente após a exodontia. ........................................... 18

Fig.8. Alvéolo dental após a exodontia do incisivo. ..................................... 19

Fig.9. Gaze embebida em soro fisiológico sobre a ferida cirúrgica. ............ 20

Fig.10. Sutura da mucosa da ferida cirúrgica com fio de seda. ................... 20

Fig.11. Grupo I (Controle). 3 dias. Epitélio da mucosa gengival com discreta

proliferação a partir do tecido pré-existente. HE, original 63x. ..................... 22

LISTA DE FIGURAS

Fig.12. Grupo I (Controle). 3 dias. Terço cervical mostrando o remanescente

do ligamento periodontal com discreto número de fibroblastos, alguns

macrófagos e linfócitos. HE, original 160x. ...................................................... 23

Fig.13. Grupo I (Controle). 3 dias. Terço médio mostrando a proliferação de

alguns fibroblastos a partir do ligamento periodontal. HE, original 160x. ........ 24

Fig.14. Grupo II (Novocol). 3 dias. Epitélio da mucosa gengival com ausência

quase total de proliferação celular. HE, original 63x. ....................................... 25

Fig.15. Grupo II (Novocol). 3 dias. Junto à margem gengival evidenciando

elevado número de polimorfonucleares neutrófilos, alguns em degeneração.

HE, original 63x. ............................................................................................... 26

Fig.16. Grupo II (Novocol). 3 dias. Terço cervical do alvéolo mostrando

ausência do ligamento periodontal e alguns macrófagos em degeneração. HE,

original 63x. ...................................................................................................... 27

Fig.17. Grupo II (Novocol). 3 dias. Terço médio do alvéolo com discreto

número de fibroblastos, alguns macrófagos e linfócitos. HE, original 160x. .... 28

Fig.18. Grupo III (Articaína). 3 dias. Mostrando a ausência quase total de

proliferação epitelial. HE, original 63x. ............................................................. 29

Fig.19. Grupo III (Articaína). 3 dias. Alvéolo junto à margem gengival com

elevado número de polimorfonucleares neutrófilos, alguns em degeneração.

HE, original 160x. ............................................................................................. 30

LISTA DE FIGURAS

Fig.20. Grupo III (Articaína). 3 dias. Remanescente do ligamento periodontal

junto ao terço cervical com moderado número de fibroblastos, alguns

macrófagos e linfócitos. HE, original 63x.......................................................... 31

Fig.21. Grupo III (Articaína). 3 dias. Terço médio do alvéolo mostrando a

proliferação de alguns fibroblastos junto ao ligamento periodontal. HE, original

160x. ................................................................................................................ 32

Fig.22. Grupo I (Controle). 7 dias. Espécime com epitélio recobrindo

totalmente o alvéolo dental. HE, original 63x. ................................................. 33

Fig.23. Grupo I (Controle). 7 dias. Terço cervical do alvéolo dental mostrando

tecido conjuntivo neoformado com elevado número de fibroblastos. HE, original

63x. .................................................................................................................. 34

Fig.24. Grupo I (Controle). 7 dias. Terço médio do alvéolo mostrando

pequenas espículas ósseas neoformadas com osteoblastos em suas bordas.

HE, original 63x. .............................................................................................. 35

Fig.25. Grupo II (Novocol). 7 dias. Epitélio da mucosa gengival pouco

diferenciado recobrindo parcialmente o alvéolo. HE, original 63x. ................. 36

Fig.26. Grupo II (Novocol). 7 dias. Junto à abertura do alvéolo observando-se

elevado número de macrófagos e linfócitos ao lado de raros fibroblastos. HE,

original 160x. .................................................................................................. 37

Fig.27. Grupo II (Novocol). 7 dias. Terço cervical do alvéolo com tecido

conjuntivo pouco organizado com moderado número de fibroblastos ao lado de

macrófagos e linfócitos. HE, original 63x. ...................................................... 38

LISTA DE FIGURAS

Fig.28. Grupo II (Novocol). 7 dias. Terço médio do alvéolo com moderado

número de fibroblastos e poucos vasos sanguíneos. HE, original 63x. .......... 39

Fig.29. Grupo III (Articaína). 7 dias. Epitélio da mucosa gengival hiperplásico

recobrindo parcialmente o alvéolo dental. HE, original 63x. ............................ 40

Fig.30. Grupo III (Articaína). 7 dias. Junto à abertura do alvéolo, área com

discreto número fibroblastos e elevada quantidade de macrófagos e linfócitos.

HE, original 160x. ............................................................................................. 41

Fig.31. Grupo III (Articaína). 7 dias. Terço cervical do alvéolo com moderado

número de fibroblastos e vasos sanguíneos. HE, original 63x. ....................... 42

Fig.32. Grupo III (Articaína). 7 dias. Terço médio do alvéolo exibindo

pequenas espículas ósseas neoformadas com numerosos osteoblastos. HE,

original 63x. ...................................................................................................... 43

Fig.33. Grupo I (Controle). 15 dias. Epitélio da mucosa gengival recobrindo

totalmente o alvéolo dental e tecido conjuntivo subjacente bem desenvolvido.

HE, original 63x. ............................................................................................... 44

Fig.34. Grupo I (Controle). 15 dias. Terço cervical do alvéolo mostrando

trabéculas ósseas bem desenvolvidas. HE, original 63x. ................................ 45

Fig.35. Grupo I (Controle). 15 dias. Terço médio do alvéolo mostrando

trabéculas regulares. HE, original 63x. ............................................................ 46

Fig.36. Grupo II (Novocol). 15 dias. Epitélio pouco diferenciado recobrindo o

alvéolo dental. HE, original 63x. ...................................................................... 47

LISTA DE FIGURAS

Fig.37. Grupo II (Novocol). 15 dias. Espécime mostrando o terço cervical com

ausência de neoformação óssea e discreto número de fibroblastos. HE, original

63x. .................................................................................................................. 48

Fig.38. Grupo II (Novocol). 15 dias. Espécime mostrando o terço cervical com

pequenas trabéculas ósseas isoladas. HE, original 63x. ................................ 49

Fig.39. Grupo II (Novocol). 15 dias. Terço médio do alvéolo mostrando

trabéculas ósseas mais regulares quando comparado ao terço cervical. HE,

original 63x. ..................................................................................................... 50

Fig.40. Grupo II (Novocol). 15 dias. Terço apical do alvéolo com trabéculas

ósseas delgadas e regulares. HE, original 63x. .............................................. 51

Fig.41. Grupo III (Articaína). 15 dias. Epitélio bem diferenciado recobrindo o

alvéolo dental. HE, original 63x. ...................................................................... 52

Fig.42. Grupo III (Articaína). 15 dias. Espécime mostrando o terço cervical

com discreta neoformação óssea. HE, original 160x. ..................................... 53

Fig.43. Grupo III (Articaína). 15 dias. Espécime evidenciando o terço cervical

com trabéculas ósseas mais regulares. HE, original 63x. ............................... 54

Fig.44. Grupo III (Articaína). 15 dias. Terço médio evidenciando trabéculas

ósseas regulares. HE, original 63x. ................................................................. 55

Fig.45. Grupo I (Controle). 24 dias. Epitélio da mucosa gengival bem

diferenciado recobrindo o alvéolo dental. HE, original 63x. ............................. 56

LISTA DE FIGURAS

Fig.46. Grupo I (Controle). 24 dias. Terço cervical do alvéolo com trabéculas

ósseas espessas. HE, original 63x. ................................................................. 57

Fig.47. Grupo I (Controle). 24 dias. Terço médio do alvéolo com trabéculas

ósseas espessas e bem organizadas. HE, original 63x. ................................. 58

Fig.48. Grupo II (Novocol). 24 dias. Epitélio da mucosa gengival irregular

recobre o alvéolo dental. HE, original 63x. ...................................................... 59

Fig.49. Grupo II (Novocol). 24 dias. Terço cervical com pequena quantidade

de trabéculas ósseas e grande quantidade de tecido conjuntivo sem

diferenciação óssea. HE, original 63x. ............................................................. 60

Fig.50. Grupo II (Novocol). 24 dias. Terço médio evidenciando trabéculas

ósseas regulares, com diversas áreas ocupadas por tecido conjuntivo sem

diferenciação óssea. HE, original 63x. ............................................................. 61

Fig.51. Grupo III (Articaína). 24 dias. Epitélio da mucosa gengival bem

diferenciado recobre o alvéolo dental. HE, original 63x. .................................. 62

Fig.52. Grupo III (Articaína). 24 dias. Terço cervical exibindo trabéculas

ósseas espessas com áreas de tecido conjuntivo sem diferenciação óssea. HE,

original 63x. ...................................................................................................... 63

Fig.53. Grupo III (Articaína). 24 dias. Terço médio apresentando trabéculas

ósseas definidas com algumas áreas ocupadas por tecido conjuntivo sem

diferenciação óssea. HE, original 63x. ............................................................. 64

LISTA DE ABREVIATURAS

LISTA DE ABREVIATURAS

1) PVP- I – Polivinil Pirrolidona Iodada.

2) H.E. – Coloração de hematoxilina e eosina.

3) EDTA – Ácido etileno diamino tetracético

4) ml – Mililitros

5) (N) – Compostos nitrogenados 6) (OH) – Compostos alcoólicos 7) g – Gramas 8) Fig – Figura

9) °C – Graus Celsius 10) LTDA – Limitada 11) RJ – Rio de Janeiro 12) SP – São Paulo

13) N° - Número 14) a.C. – Antes de Cristo 15) EUA – Estados Unidos da América

INTRODUÇÃO

INTRODUÇÃO

O uso da solução anestésica local em odontologia, cuja principal

finalidade é anestesiar áreas limitadas de tecido, é indispensável e

preponderante no tratamento odontológico.

Segundo Santos Pinto & Saad Neto (2003), o anestésico de uso local

bloqueia os receptores de sensibilidade tátil, inibe a sensação de pressão, as

sensibilidades térmica e gustativa, ao lado da completa abolição da dor.

Permite assim ao cirurgião-dentista proporcionar segurança e conforto ao

paciente, conquistando sua confiança nos diferentes procedimentos

odontológicos que estimulam a dor. Como sabemos, a intensidade da dor

deve-se à freqüência dos impulsos nervosos e ao número de receptores

ativados.

Existem em odontologia três tipos básicos de técnicas anestésicas

locais: a troncular, a regional e a terminal infiltrativa.

A anestesia troncular é obtida quando a solução anestésica é

depositada próxima ao tronco nervoso principal, bloqueando a sensibilidade da

área por ele inervada.

A anestesia regional é obtida quando o agente anestésico é

depositado próximo a ramos nervosos, bloqueando a sensibilidade das áreas

ou regiões por eles inervadas.

INTRODUÇÃO

A anestesia terminal infiltrativa é obtida quando o agente anestésico é

infiltrado em áreas restritas e próximo às terminações nervosas. Esta pode ser

do tipo infiltrativa supraperiostal, subperiostal, submucosa, intra-septal,

peridental, intra-pulpar, intra-óssea ou subcutânea, bem como de estruturas

normais e patológicas (SANTOS PINTO & SAAD NETO, 2003).

O cirurgião-dentista tem uma gama de soluções anestésicas,

objetivando, segundo as circunstâncias, o uso de anestesias tronculares,

regionais ou terminais infiltrativas para realização de exodontias e curetagem

de tecido de granulação no fundo do alvéolo. Outras vezes aproveita a ação

dos vasoconstritores para diminuir a hemorragia e possibilitar melhor visão do

campo operatório, notadamente na extração de raiz residual.

A solução anestésica, em cuja formulação temos o agente anestésico,

o veículo, o vasoconstritor, o preservador e o anti-séptico, tem nos seus

diferentes constituintes, conforme revisão literária específica, ação sobre os

tecidos. Esta vai desde sua finalidade, que é anestesiar áreas limitadas de

tecidos controlando a dor, à irritação dos mesmos, retardando no caso das

exodontias, a cronologia do processo de reparo alveolar.

Segundo Alling & Kerr (1957), Holroyd & Watts (1963), Saad Neto et al.

(1975), Carvalho et al. (1976), Carvalho & Okamoto (1978), Carvalho (1980),

Saad Neto et al. (1982), Saad Neto et al. (1985) e Veronese (2004) a solução

anestésica provoca irritação dos tecidos e sua irrigação no interior do alvéolo

dental retarda a cronologia do reparo alveolar, por desorganização do coágulo

sanguíneo e alteração do remanescente do ligamento periodontal.

O estudo de Saad Neto et al. (1982) avaliou, após a irrigação dos

alvéolos, os efeitos dos anestésicos Xylocaína® a 2% com norepinefrina

1:50.000 e Citanest® a 3% com Octapressin® no processo de reparo alveolar

em ratos. Um ligeiro atraso na cronologia do reparo alveolar foi observado

quando se utilizou da Xylocaína® a 2% e tal ocorrência se deu pelo alto

consumo de oxigênio que a noradrenalina ocasiona, o que leva, segundo

INTRODUÇÃO

Klingeström & Westermark (1964) a um aumento da acidez tissular local. O

resultado com o Citanest® foi de maior irritabilidade e alterações na cronologia

do reparo alveolar, condição esta devido ao Octapressin®, sendo isto explicado

pelo pequeno consumo de oxigênio que este apresenta, o que leva a uma

acidose local pela não alteração do metabolismo celular, conforme também

explicado por Klingeström & Westermark (1964).

Também Saad Neto et al. (1985) avaliaram a influência dos

anestésicos com vasoconstritor (lidocaína a 2% com noradrenalina 1:50.000,

prilocaína a 3% com Octapressin®, lidocaína a 2% com felipressina e lidocaína

a 2% mais tetracaína 0,5% com noradrenalina) no processo de reparo alveolar

em ratos após anestesia terminal infiltrativa e irrigação alveolar. Concluíram

que o atraso do processo de reparo é mais acentuado quando a solução

anestésica contém vasoconstritor e o alvéolo dental é irrigado. No entanto,

inferem os autores, esta condição é agravada quando se aplicam anestesias

terminais infiltrativas nos lados vestibular e palatino, devido à penetração

profunda da solução anestésica nos espaços medulares ósseos, o que

ocasiona inflamação com comprometimento mais acentuado do reparo

alveolar.

Garbin Junior (1998) avaliou a influência da solução anestésica

Septanest® no processo de reparo alveolar, quando infiltrada nas regiões

vestibular e palatina da mucosa do rato, seguida ou não de irrigação alveolar

com a mesma. Os resultados deste estudo corroboram com os acima descritos,

afirmando serem as anestesias terminais infiltrativas associadas à irrigação

alveolar, as responsáveis pelo maior atraso no processo reparacional do

alvéolo pós-exodontia. Também afirmou que o grupo onde foi realizada apenas

a irrigação alveolar apresentou resultados semelhantes aos do grupo onde

foram realizadas apenas as anestesias terminais infiltrativas vestibular e

palatina.

INTRODUÇÃO

Segundo Veronese (2004), a irrigação do alvéolo dental após a

exodontia com a solução anestésica Articaíne 100®, provoca interferência no

processo de reparo alveolar por irritar significativamente os remanescentes do

ligamento periodontal e desorganizar o coágulo sanguíneo.

Aur Junior (2004) avaliou histologicamente o processo de reparo

alveolar em ratos, após exodontia e pressão da ferida cirúrgica com compressa

de gaze embebida ou não em solução de Novocol 100®. Na avaliação

histológica descritiva da regeneração do epitélio da mucosa gengival e reparo

alveolar, concluiu que o Novocol 100® é um fator complicador ao processo

reparacional por comprometer os princípios básicos responsáveis pela

regeneração do epitélio da mucosa gengival e processo de reparo alveolar.

Demonstrada a influência dos anestésicos locais no processo de

reparo alveolar em ratos, julgamos necessária a realização de um trabalho

onde fossem comparados os efeitos de duas soluções anestésicas de classes

químicas e vasoconstritores diferentes, quando aplicados individualmente, de

forma tópica, sobre a mucosa gengival, tecido ósseo marginal do alvéolo dental

e coágulo sanguíneo superficial.

Assim procedendo estaremos analisando o poder irritante dos

anestésicos aos tecidos e conseqüentemente avaliando os eventos biológicos

responsáveis pela reparação alveolar.

REVISÃO DE LITERATURA

REVISÃO DE LITERATURA

A dor tem sido uma preocupação desde os tempos mais antigos.

Várias foram as tentativas para se chegar à anestesia. Dentre as

primeiras, o método de compressão dos nervos periféricos para provocar

insensibilidade (2.500 a.C.), demonstrado em um desenho egípcio encontrado

por pesquisadores.

Diversas outras tentativas foram experimentadas no decorrer dos

séculos (SANTOS PINTO & SAAD NETO, 2003). Dentre elas, a tentativa de

William Thomas Green Morton (cirurgião-dentista) e Charles Thomas Jackson

em 1846, que trabalharam com éter sulfúrico para que a sensação dolorosa do

paciente fosse diminuída.

Após a descoberta deste tipo de anestesia, Holmes Wendell em 1846,

sugeriu a Morton os termos utilizados para designar o estado, anestesia, e o

agente causal, anestésico.

REVISÃO DE LITERATURA

A anestesia local foi então conceituada como a perda da sensibilidade

em uma área circunscrita, causada pela depressão da excitação das

terminações nervosas ou pela inibição do processo de condução dos nervos

periféricos. Apesar destes termos terem sido amplamente utilizados, Santos

Pinto & Saad Neto (2003) ressalvam que, quando uma anestesia local é

realizada, se por um lado é abolida a sensação dolorosa, por outro, não são

mais do que alteradas as modalidades sensoriais relativas à região

anestesiada.

Isto ocorre em função dos receptores de sensibilidade tátil, térmica e

gustativa serem parcialmente bloqueados, nas diferentes respostas aos

agentes anestésicos.

Portanto, a anestesia deve ser dividida em: anestesia geral (abolição

completa dos sentidos, perda da consciência) e anestesia local (perda parcial

dos sentidos).

Salvos os casos de cirurgias mais complexas, realizadas a nível

hospitalar, as anestesias gerais são pouco utilizadas na odontologia. De uma

forma geral, as anestesias locais são suficientes para a grande maioria dos

procedimentos odontológicos, inclusive os mais invasivos.

Existem vários métodos para induzir a anestesia local. Destacamos

dentre eles o traumatismo mecânico, a anoxia, a hipotermia, agentes

neurolíticos (álcool, fenol) e agentes químicos (anestésicos locais). Porém, a anestesia local deve ser um estado transitório e totalmente

reversível, em que são consideradas as propriedades ideais de um anestésico

local, como a irritação mínima do tecido no qual é aplicado, baixa toxicidade

sistêmica e durabilidade do seu efeito suficiente para a realização da maioria

dos procedimentos (DONALDSON et al., 1987 ; MACCOLL, et al., 1989 ;

HARN & DURHAM, 1990).

REVISÃO DE LITERATURA

Conclui-se então, que um dos fatores que interferem no efeito do

anestésico local é a própria natureza da sua solução. Isto nos mostra a

necessidade do conhecimento de sua composição pelo profissional.

No passado, o profissional adquiria o agente anestésico e preparava

pessoalmente a solução. Hoje, adquire a solução anestésica pronta,

acondicionada em tubetes de vidro, plástico ou cristal, na quantidade de 1,8 ml.

Alguns países estão produzindo tubetes contendo 1 ml da solução (SANTOS

PINTO & SAAD NETO, 2003).

A composição de cada tubete anestésico encontrado no mercado atual

contém: o agente anestésico, o veículo, o vasoconstritor, os preservadores e o

antisséptico (eventualmente). Os agentes anestésicos podem ser classificados

em compostos alcoólicos (OH) e nitrogenados (N). Sua estrutura química

exerce influência na toxicidade tecidual, o que implica na sua correta indicação.

Um exemplo típico é o dos anestésicos classificados como compostos

alcoólicos (OH), que são de grande irritabilidade tissular e determinam

neurólise. São então empregados em casos de dores incuráveis (nevralgias,

neuralgias), utilizando-se uma técnica conhecida como alcoolização (PULLIN

& CARVALHO, 1984), provocando uma destruição intencional das terminações

nervosas envolvidas naquela área.

Já os anestésicos classificados como compostos nitrogenados (N),

provocam menores reações teciduais, sendo empregados como escolha nas

anestesias locais.

Dentre os compostos nitrogenados (N), destacamos as primeiras

soluções anestésicas utilizadas em odontologia (1904), que eram derivadas do

ácido para-aminobenzóico (grupo éster). Mas os anestésicos deste grupo foram gradualmente abandonados devido ao seu potencial alergênico. A

lidocaína, primeiro anestésico do grupo amida, foi lançada em 1948,

substituindo os compostos do grupo éster.

REVISÃO DE LITERATURA

Apesar do grande progresso na área da anestesiologia, ainda ocorrem

algumas complicações atribuídas às soluções anestésicas, incluindo

toxicidade, alergia, reações anafiláticas e infecções, devidas à contaminação

das soluções e irritação local ocasionada pela própria solução (BENNETT,

1974).

Passou-se então ao estudo detalhado deste grupo de soluções

anestésicas, de forma a analisar se poderiam existir outros componentes da

solução que fossem irritantes aos tecidos, e, quais as alterações que cada

componente produziria.

Foram analisados raros casos de complicações iatrogênicas decorrentes

da injeção excessiva do anestésico no interior dos tecidos, como a necrose

muco-periostal (GIUNTA et al.,1975), posteriormente associada à presença de

um potente vasoconstritor na solução, capaz de produzir uma isquemia

prolongada e prejudicial aos tecidos (CASTRO et al., 1980).

Carvalho et al. (1976), resolveram analisar a intensidade inflamatória do

tecido conjuntivo aos anestésicos locais mais utilizados, utilizando para isso,

tubetes de polietileno contendo cones de papel embebidos em soluções

anestésicas diferentes. Estes tubetes eram então implantados no tecido

conjuntivo subcutâneo dorsal de ratos. Decorridos os períodos experimentais,

os animais foram sacrificados e as peças removidas para análise histológica.

Concluiu-se que a intensidade da reação inflamatória do tecido conjuntivo

subcutâneo varia com o tipo de solução anestésica utilizada e que o anestésico

sem vasoconstritor é menos irritante aos tecidos.

Martins & Macchetti (1976) verificaram que as soluções anestésicas

também são capazes de produzir alterações na polpa dental. Além disso,

concluíram que quanto maior a concentração destas soluções, maior a

severidade das alterações pulpares.

REVISÃO DE LITERATURA

Um outro estudo concluiu que o agente anestésico e o vasoconstritor

estão mais relacionados à irritação tecidual, enquanto que o preservador ou

antioxidante (em especial o do agente anestésico), está mais relacionado às

reações alérgicas (BLACKMORE, 1988).

Garbin Junior (1998) avaliou a influência da solução anestésica

Septanest® no processo de reparo alveolar, quando infiltrada na mucosa

vestibular e palatina do rato, seguida ou não de irrigação alveolar com a

mesma. Os resultados deste estudo mostraram que o maior atraso no processo

de reparo alveolar ocorreu no grupo onde foram realizadas as infiltrações

anestésicas seguidas de irrigação alveolar.

Atualmente, todos os agentes anestésicos locais disponíveis no

comércio brasileiro pertencem ao grupo amida e, em alguns laboratórios, o

metilparabeno (preservador do agente anestésico) não está sendo incorporado

à solução, garantindo que as reações alérgicas se tornem cada vez mais raras

(RAMACCIATO et al., 2003).

Veronese (2004) analisou o processo de reparo alveolar após exodontia

e irrigação alveolar com a solução anestésica Articaíne 100®. O autor concluiu

que este procedimento provoca atraso no processo reparacional por irritar os

remanescentes do ligamento periodontal e desorganizar o coágulo sanguíneo.

Aur Junior (2004) estudou o processo de reparo alveolar, após a

aplicação tópica do anestésico Novocol 100®. Foram utilizados 40 ratos

divididos em dois grupos. No primeiro grupo, foram realizadas exodontia e

compressão com gaze embebida em soro fisiológico. No segundo grupo, foram

realizadas exodontia e compressão com gaze embebida em Novocol 100®. O

tamponamento foi mantido sobre o alvéolo por dois minutos, em ambos os

grupos. Após a obtenção dos resultados histológicos, realizou-se um estudo

histológico comparativo. Concluiu-se que a solução anestésica Novocol 100®

aplicada de forma tópica é um fator que retarda sobremaneira o processo de

reparo alveolar.

REVISÃO DE LITERATURA

Sendo assim, as reações teciduais provocadas pelos anestésicos locais

merecem destaque. Além disso, novos estudos experimentais devem ser

realizados para determinar uma solução anestésica que, dentro de suas

indicações próprias, promova menor irritação tecidual.

REVISÃO DE LITERATURA

NOVOCOL 100

O Novocol 100®, como é conhecido comercialmente no Brasil, é uma

solução de cloridrato de lidocaína, na concentração de 2%, associado à

fenilefrina na diluição de 1:2500. É fabricado pela SSWhite (Rio de Janeiro / RJ

– Brasil) e apresentado em caixas com 50 anestubes (plástico) contendo 1,8ml

da solução.

A lidocaína pertence ao grupo amida. Foi o primeiro anestésico local do

grupo amida a ser comercializado. Seu metabolismo ocorre em maior parte no fígado, pelas oxidases microssômicas hepáticas, liberando monoetilglicerina e

xilidida. Este último metabólito (xilidida) possui alto potencial tóxico.

Os primeiros sinais e sintomas de intoxicação pela lidocaína podem incluir

sonolência, perda de consciência e parada respiratória. Por este motivo, a

atenção ao número máximo de tubetes a serem injetados no paciente deve ser

valorizada.

A fenilefrina presente na solução anestésica é responsável por uma intensa

e duradoura isquemia na região onde foi infiltrada. Esta ocorrência é devido a

sua grande afinidade por receptores do tipo alfa. Provoca também um aumento

nas pressões sistólica e diastólica.

São raros os casos de alergias após infiltração da solução de Novocol

100®, sendo estes casos atribuídos à presença do preservador metilparabeno.

REVISÃO DE LITERATURA

ARTICAINE 100

O cloridrato de articaína, um sal anestésico sintetizado em 1969,

inicialmente chamado cloridrato de carticaína, recebeu a atual denominação

em 1976, quando foi introduzido para uso clínico na Alemanha. A partir daí,

distribuiu-se em alguns países, e em 2000 foi lançado nos EUA (MALAMED et

al., 2001).

No final de 1998, foi introduzido no Brasil com o nome comercial de

Septanest® , na concentração de 4%, associado à adrenalina 1:100.000 e

1:200.000, sendo apresentado em caixas com 50 anestubes (vidro) de 1,8ml da

solução. Atualmente, esse anestésico recebe o nome comercial de Articaine

100®, e é produzido pelo laboratório da DFL (Rio de Janeiro / RJ – Brasil) na

concentração de 4%, associado à adrenalina apenas na diluição de 1:100.000.

A articaína pertence ao grupo amida. Porém, sua estrutura química

apresenta um anel tiofeno (típico dos ésteres) que lhe garante um aumento na

sua lipossolubilidade e potência. A presença deste anel permite também, que a

maior parte da articaína seja metabolizada na corrente sanguínea pelas

colinesterases plasmáticas, produzindo metabólitos inativos, o que diminui o

risco de toxicidade sistêmica.

Quanto ao período de latência e duração da anestesia, estudos

comprovam que é semelhante aos outros anestésicos do grupo amida, como a

lidocaína, a prilocaína e a mepivacaína (DONALDSON et al., 1987 ; HAAS et

al., 1991). Com relação à possibilidade de reações alérgicas oriundas do

agente anestésico, em raras ocasiões, estas complicações podem ser

observadas em pacientes que são alérgicos às sulfas, pelo fato de que estes

antimicrobianos também possuem o anel tiofeno em suas estruturas químicas.

Pacientes alérgicos ao enxofre também podem desenvolver hipersensibilidade

à articaína. Um empecilho ao uso da articaína no Brasil é o seu elevado custo.

Esta solução anestésica pode ter um custo 3 a 4 vezes maior que os demais

anestésicos comumente utilizados.

PROPOSIÇÃO

PROPOSIÇÃO O objetivo do presente estudo é avaliar histológica e

comparativamente o processo de reparo alveolar em ratos após exodontia e

pressão com compressa de gaze embebida em solução anestésica de Novocol

100® ou Articaine 100®.

MATERIAL E MÉTODO

MATERIAL E MÉTODO

Esta pesquisa foi previamente aprovada pelo Comitê de Ética em

Pesquisa do Programa de Pós-graduação em Clínica Odontológica da

Universidade de Marília – UNIMAR (anexo I).

Para o presente projeto, foram utilizados 60 ratos (Rattus norvegicus,

albinus, Wistar), machos, adultos, com peso entre 280 e 320 gramas,

provenientes do Biotério da UNIMAR – Marília / SP, sendo estes selecionados

de forma aleatória, numerados e sorteados.

Todos os animais foram alimentados antes e durante o período

experimental com ração sólida (Ralston Purina of Brazil – São Paulo / SP –

Brasil) e água a vontade. Na noite que antecedeu o experimento, os animais

tiveram o fornecimento de água e ração suspenso, que foi mantido até o

término do efeito anestésico. Estes permaneceram alojados em caixas

plásticas (4 animais por caixa) de 40 x 32 x 17 centímetros, em condições

controladas de iluminação, com ciclos de 12 horas de luz por dia e temperatura

entre 21 e 25ºC.

Os 60 ratos do experimento foram divididos aleatoriamente em 3 grupos

de 20 animais cada, que se prestaram para constituir os grupos I (Controle), II

(Novocol 100) e III (Articaine 100).

MATERIAL E MÉTODO

As soluções anestésicas analisadas neste estudo foram:

1) Novocol 100®, fabricada pela SSWhite Artigos Dentários Ltda, Rio de

Janeiro / RJ, Brasil. Composta de cloridrato de lidocaína 2%,

cloridrato de fenilefrina 1:2500, cloreto de sódio, metabissulfito de

sódio, metilparabeno e água destilada (Figura 1).

Fig.1. Embalagem comercial do anestésico Novocol 100®.

2) Articaíne 100®, fabricada pela DFL Produtos Odontológicos, Rio de

Janeiro / RJ, Brasil. Composta de cloridrato de articaína 4%,

adrenalina base 1:100.000, metabissulfito de sódio, cloreto de sódio

e água destilada (Figura 2).

Fig.2. Embalagem comercial do anestésico Articaíne 100®.

MATERIAL E MÉTODO

Para o procedimento cirúrgico, os animais foram anestesiados por

infiltração intramuscular com o relaxante cloridrato de xilazina (Dopaser®),

seguido do anestésico cloridrato de cetamina (Vetanarcol®), na dosagem

indicada pelos fabricantes (Figura 3 ; anexo II)

Dopaser – Laboratórios Calier Vetanarcol – Labor. König do Brasil Barcelona / Espanha Santana do Parnaíba / SP – Brasil

Fig.3. Embalagens comerciais das drogas Dopaser® e Vetanarcol®.

Anestesiados os animais, foi feita a anti-sepsia do campo operatório,

empregando-se a polivinilpirrolidona iodada (PVP-I – Rioquímica, São José do

Rio Preto / SP – Brasil) embebido em gaze. O incisivo superior direito de cada

animal foi extraído com auxílio de um sindesmótomo (Figuras 4 e 5) e um

fórceps (Figuras 6 e 7) especialmente adaptados para este fim (OKAMOTO &

RUSSO, 1973).

MATERIAL E MÉTODO

Fig.4. Sindesmótomo em posição para fins de luxação do dente.

Fig.5. Sindesmótomo em posição após a luxação do dente.

MATERIAL E MÉTODO

Fig.6. Fórceps em posição para fins de exodontia do incisivo.

Fig.7. Fórceps com o dente após a exodontia.

MATERIAL E MÉTODO

A seguir, nos ratos do grupo I (Controle), foi realizada a hemostasia da

ferida cirúrgica por meio de gaze estéril embebida em soro fisiológico, mantida

sob pressão em contato com a ferida cirúrgica, por dois minutos (Figuras 8 e

9), seguida de sutura (Figura 10) com fio de seda 4-0 (Ethicon – Johnson &

Johnson, São José dos Campos / SP – Brasil).

Fig.8. Alvéolo dental após a exodontia do incisivo.

MATERIAL E MÉTODO

Fig.9. Gaze embebida em soro fisiológico sobre a ferida cirúrgica.

Fig.10. Sutura da mucosa da ferida cirúrgica com fio de seda.

MATERIAL E MÉTODO

Nos animais do grupo II (Novocol 100), foi realizada a hemostasia da

ferida cirúrgica por meio de gaze estéril embebida em solução de Novocol

100®, mantida sob pressão em contato com a mucosa gengival e alvéolo

dental, por dois minutos, seguida de sutura com o mesmo fio do grupo I.

Nos animais do grupo III (Articaine 100), foram realizados os mesmos

procedimentos do grupo II, sendo utilizado o anestésico Articaíne 100®.

Em número de 5 animais para cada grupo, controle e tratados, os ratos

sofreram eutanásia por inalação excessiva de éter sulfúrico, aos 3, 7, 15 e 24

dias após o ato cirúrgico.

Para a obtenção da peça, a maxila direita foi separada da esquerda ao

nível da linha sagital mediana, com o emprego de uma lâmina de bisturi nº 11.

Um corte com tesoura reta de ponta romba, tangenciando-se a face distal do

último molar, possibilitou a obtenção dos tecidos de interesse contendo a

mucosa e o alvéolo do incisivo superior direito.

As peças obtidas foram fixadas em formalina neutra a 10%

(Aphoticário – Farmácia de manipulação, Araçatuba /SP – Brasil) e

descalcificadas em solução de EDTA a 20% (Aphoticário – Farmácia de

manipulação, Araçatuba /SP – Brasil).

Seguiu-se então o processamento laboratorial de rotina para inclusão

em parafina, para permitir a microtomia da peça no sentido longitudinal e

vestíbulo-lingual. Dos blocos assim obtidos, foram colhidos cortes semi-

seriados, com espessura de 6 micrometros. Os cortes foram corados pela

técnica de hematoxilina e eosina para a análise histológica em microscópio

óptico comum.

RESULTADOS

RESULTADOS

Na descrição dos resultados serão considerados, em função dos

períodos pós-operatórios, os eventos biológicos verificados ao nível da

mucosa gengival e nos terços cervical, médio e apical do alvéolo dental.

3 DIAS

Grupo I (Controle). O epitélio da mucosa gengival apresenta

discreta proliferação a partir do tecido pré-existente (fig.11). O tecido conjuntivo

subjacente mostra alguns fibroblastos, linfócitos e macrófagos.

Fig.11. Grupo I (Controle). 3 dias. Epitélio da mucosa

gengival com discreta proliferação a partir do tecido pré-existente. HE, original 63x.

RESULTADOS

O alvéolo dental, ao nível do terço cervical, acha-se ocupado por

coágulo sanguíneo mostrando raros macrófagos em seu interior. Adjacente à

parede óssea lingual, observa-se o remanescente do ligamento periodontal

com pequeno número de fibroblastos, alguns macrófagos e linfócitos (fig.12).

Nota-se ainda, ausência quase total da proliferação de novos fibroblastos.

Fig.12. Grupo I (Controle). 3 dias. Terço cervical mostrando o

remanescente do ligamento periodontal com discreto número de fibroblastos, alguns macrófagos e linfócitos. HE, original 160x.

RESULTADOS

Ao nível dos terços médio e apical nota-se no interior do coágulo

sanguíneo remanescente, maior número de macrófagos e linfócitos em seu

interior quando comparado ao terço cervical. A partir do ligamento periodontal

remanescente observa-se a proliferação de alguns fibroblastos que invadem o

coágulo sanguíneo (fig.13).

Fig.13. Grupo I (Controle). 3 dias. Terço médio mostrando a proliferação de alguns fibroblastos a partir do ligamento periodontal. HE, original 160x.

RESULTADOS

Grupo II (Novocol). Com exceção de um caso, o epitélio da mucosa

gengival apresenta ausência total de proliferação (fig.14) e o tecido conjuntivo

subjacente exibe alguns neutrófilos em degeneração. Num dos espécimes

observa-se discreta proliferação epitelial.

Fig.14. Grupo II (Novocol). 3 dias. Epitélio da mucosa

gengival com ausência quase total de proliferação celular. HE, original 63x.

RESULTADOS

No alvéolo dental junto à margem gengival, observa-se elevado

número de polimorfonucleares neutrófilos, alguns em degeneração (fig.15).

Fig.15. Grupo II (Novocol). 3 dias. Junto à margem gengival

evidenciamos elevado número de polimorfonucleares neutrófilos, alguns em degeneração. HE, original 63x.

RESULTADOS

Ao nível do terço cervical, o remanescente do ligamento periodontal

praticamente encontra-se ausente, notando-se alguns macrófagos e linfócitos

(fig.16). Nota-se ainda restos de coágulo sanguíneo degenerado.

Fig.16. Grupo II (Novocol). 3 dias. Terço cervical mostrando

ausência do ligamento periodontal e alguns macrófagos em degeneração. HE, original 63x.

RESULTADOS

Junto aos terços médio e apical, o remanescente do ligamento

periodontal apresenta discreto número de fibroblastos ao lado de alguns

macrófagos e linfócitos (fig.17). Além disso, nota-se a ausência quase total de

proliferação fibroblástica.

Fig.17. Grupo II (Novocol). 3 dias. Terço médio do alvéolo com

discreto número de fibroblastos, alguns macrófagos e linfócitos. HE, original 160x.

RESULTADOS

Grupo III (Articaína). O epitélio da mucosa gengival em todos os

espécimes mostra a ausência quase total de sua proliferação (fig.18). O tecido

conjuntivo subjacente exibe alguns fibroblastos ao lado de macrófagos e

linfócitos.

Fig.18. Grupo III (Articaína). 3 dias. Epitélio da mucosa

gengival mostrando a ausência quase total de proliferação epitelial. HE, original 63x.

RESULTADOS

No alvéolo dental junto à margem externa, observa-se elevado

número de polimorfonucleares neutrófilos, alguns em degeneração (fig.19).

Fig.19. Grupo III (Articaína). 3 dias. Alvéolo junto à margem

gengival com elevado número de polimorfonucleares neutrófilos, alguns em degeneração. HE, original 160x.

RESULTADOS

Junto ao terço cervical, evidencia-se próximo a parede óssea

lingual, remanescente do ligamento periodontal com moderado número de

fibroblastos ao lado de alguns macrófagos e linfócitos (fig.20). Em todos os

espécimes nota-se a ausência quase total de proliferação fibroblástica junto ao

ligamento periodontal.

Fig.20. Grupo III (Articaína). 3 dias. Remanescente do

ligamento periodontal junto ao terço cervical com moderado número de fibroblastos, alguns macrófagos e linfócitos. HE, original 63x.

RESULTADOS

Ao nível dos terços médio e apical, o ligamento periodontal

remanescente apresenta também moderado número de fibroblastos ao lado de

raros macrófagos e linfócitos. Observa-se ainda, a proliferação de alguns

fibroblastos invadindo o coágulo sanguíneo (fig.21).

Fig.21. Grupo III (Articaína). 3 dias. Terço médio do alvéolo

mostrando a proliferação de alguns fibroblastos junto ao ligamento periodontal. HE, original 160x.

RESULTADOS

7 DIAS

Grupo I (Controle). O epitélio da mucosa gengival, com exceção de

alguns casos, recobre totalmente o alvéolo dental (fig.22) apresentando o

tecido conjuntivo subjacente com moderado número de fibroblastos.

Fig.22. Grupo I (Controle). 7 dias. Epitélio gengival

recobrindo totalmente o alvéolo dental. HE, original 63x.

RESULTADOS

No alvéolo dental junto ao terço cervical observa-se tecido conjuntivo

neoformado com elevado número de fibroblastos (fig.23) ao lado de alguns

macrófagos, linfócitos e vasos sanguíneos.

Fig.23. Grupo I (Controle). 7 dias. Terço cervical do alvéolo

mostrando tecido conjuntivo neoformado com elevado número de fibroblastos. HE, original 63x.

RESULTADOS

Ao nível dos terços médio e apical o alvéolo dental encontra-se

ocupado por tecido conjuntivo rico em fibroblastos ao lado de alguns

macrófagos e linfócitos. Nas proximidades da parede óssea lingual,

evidenciam-se pequenas espículas ósseas neoformadas com numerosos

osteoblastos em suas bordas (fig.24).

Fig.24. Grupo I (Controle). 7 dias. Terço médio do alvéolo

mostrando pequenas espículas ósseas neoformadas com osteoblastos em suas bordas. HE, original 63x.

RESULTADOS

Grupo II (Novocol). Em todos os espécimes observa-se epitélio da

mucosa gengival pouco diferenciado recobrindo parcialmente o alvéolo dental

(fig.25). O tecido conjuntivo subjacente é pouco vascularizado geralmente com

discreto número de fibroblastos.

Fig.25. Grupo II (Novocol). 7 dias. Epitélio da mucosa

gengival pouco diferenciado recobrindo parcialmente o alvéolo. HE, original 63x.

RESULTADOS

Imediatamente junto à abertura do alvéolo, observa-se a presença

de tecido conjuntivo com raros fibroblastos e elevado número de macrófagos e

linfócitos (fig.26).

Fig.26. Grupo II (Novocol). 7 dias. Junto à abertura do alvéolo observa-se elevado número de macrófagos e linfócitos ao lado de raros fibroblastos. HE, original 160x.

RESULTADOS

O terço cervical do alvéolo encontra-se ocupado por tecido conjuntivo

pouco organizado com moderado número de fibroblastos e vasos sanguíneos

ao lado de macrófagos e linfócitos (fig.27).

Fig.27. Grupo II (Novocol). 7 dias. Terço cervical do alvéolo

com tecido conjuntivo pouco organizado com moderado número de fibroblastos ao lado de macrófagos e linfócitos. HE, original 63x.

RESULTADOS

Ao nível dos terços médio e apical, a neoformação conjuntiva é

discreta, notando-se moderado número de fibroblastos e poucos vasos

sanguíneos (fig.28). Observa-se ainda, a presença de coágulo sanguíneo

remanescente nas áreas afastadas da parede óssea alveolar.

Fig.28. Grupo II (Novocol). 7 dias. Terço médio do alvéolo

com moderado número de fibroblastos e poucos vasos sanguíneos. HE, original 63x.

RESULTADOS

Grupo III (Articaína). O epitélio da mucosa gengival em todos os

espécimes recobre parcialmente o alvéolo dental mostrando em alguns casos

tecido epitelial hiperplásico (fig.29). O tecido conjuntivo subjacente é rico em

fibroblastos e vasos sanguíneos.

Fig.29. Grupo III (Articaína). 7 dias. Epitélio da mucosa

gengival hiperplásico recobrindo parcialmente o alvéolo dental. HE, original 63x.

RESULTADOS

Junto à abertura do alvéolo observam-se áreas de tecido conjuntivo

com discreto número de fibroblastos e elevada quantidade de macrófagos e

linfócitos (fig.30).

Fig.30. Grupo III (Articaína). 7 dias. Junto à abertura do

alvéolo, área com discreto número de fibroblastos e elevada quantidade de macrófagos e linfócitos. HE, original 160x.

RESULTADOS

Ao nível do terço cervical, o alvéolo encontra-se ocupado por tecido

conjuntivo exibindo moderado número de fibroblastos e vasos sanguíneos

(fig.31) ao lado de alguns macrófagos e linfócitos. Ocasionalmente podem ser

observadas pequenas espículas ósseas isoladas.

Fig.31. Grupo III (Articaína). 7 dias. Terço cervical do alvéolo

com moderado número de fibroblastos e vasos sanguíneos. HE, original 63x.

RESULTADOS

Junto aos terços médio e apical, observam-se pequenas espículas

ósseas neoformadas com numerosos osteoblastos em suas bordas (fig.32).

Podem ser evidenciadas ainda, inúmeras áreas com coágulo sanguíneo

remanescente exibindo macrófagos em seu interior.

Fig.32. Grupo III (Articaína). 7 dias. Terço médio do alvéolo

exibindo pequenas espículas ósseas neoformadas com numerosos osteoblastos. HE, original 63x.

RESULTADOS

15 DIAS

Grupo I (Controle). O epitélio da mucosa gengival recobre

totalmente o alvéolo dental e o tecido conjuntivo subjacente mostra-se bem

desenvolvido (fig.33).

Fig.33. Grupo I (Controle). 15 dias. Epitélio da mucosa

gengival recobrindo totalmente o alvéolo dental e tecido conjuntivo subjacente bem desenvolvido. HE, original 63x.

RESULTADOS

O alvéolo dental junto ao terço cervical encontra-se ocupado por

trabéculas ósseas bem desenvolvidas (fig.34). Em alguns pontos observam-se

discretas áreas ocupadas por tecido conjuntivo sem diferenciação óssea.

Fig.34. Grupo I (Controle). 15 dias. Terço cervical do alvéolo

mostrando trabéculas ósseas bem desenvolvidas. HE, original 63x.

RESULTADOS

Ao nível dos terços médio e apical, as trabéculas ósseas

neoformadas são mais regulares e bem desenvolvidas (fig.35).

Fig.35. Grupo I (Controle). 15 dias. Terço médio do alvéolo

mostrando trabéculas regulares. HE, original 63x.

RESULTADOS

Grupo II (Novocol). Em todos os espécimes, um epitélio pouco

diferenciado recobre o alvéolo dental (fig.36). O tecido conjuntivo subjacente

mostra áreas com infiltrado inflamatório, revelando linfócitos e macrófagos em

número moderado.

Fig.36. Grupo II (Novocol). 15 dias. Epitélio pouco

diferenciado recobrindo o alvéolo dental. HE, original 63x.

RESULTADOS

Junto ao terço cervical, observa-se em alguns casos, ausência de

neoformação óssea e discreto número de fibroblastos (fig.37).

Fig.37. Grupo II (Novocol). 15 dias. Espécime mostrando o

terço cervical com ausência de neoformação óssea e discreto número de fibroblastos. HE, original 63x.

RESULTADOS

Em outros, notam-se pequenas trabéculas ósseas isoladas (fig.38)

ao lado de tecido conjuntivo com moderado número de fibroblastos e vasos

sanguíneos.

Fig.38. Grupo II (Novocol). 15 dias. Espécime mostrando o

terço cervical com pequenas trabéculas ósseas isoladas. HE, original 63x.

RESULTADOS

Ao nível do terços médio e apical a neoformação óssea é mais

intensa, observando-se trabéculas ósseas mais regulares (figs. 39 e 40).

Fig.39. Grupo II (Novocol). 15 dias. Terço médio do alvéolo mostrando trabéculas ósseas mais regulares quando comparado ao terço cervical. HE, original 63x.

RESULTADOS

Fig.40. Grupo II (Novocol). 15 dias. Terço apical do alvéolo

com trabéculas ósseas delgadas e regulares. HE, original 63x.

RESULTADOS

Grupo III (Articaína). O epitélio da mucosa gengival recobre

totalmente o alvéolo dental mostrando-se bem diferenciado (fig.41). O tecido

conjuntivo subjacente apresenta discreto número de fibroblastos e vasos

sanguíneos.

Fig.41. Grupo III (Articaína). 15 dias. Epitélio bem diferenciado

recobrindo o alvéolo dental. HE, original 63x.

RESULTADOS

No alvéolo dental junto ao terço cervical, observa-se em alguns

casos, discreta neoformação óssea com grande quantidade de tecido

conjuntivo sem diferenciação óssea (fig. 42).

Fig.42. Grupo III (Articaína). 15 dias. Terço cervical com

discreta neoformação óssea. He, original 160x

RESULTADOS

Em outros as trabéculas ósseas são mais regulares, embora com

considerável área ocupada por tecido conjuntivo (fig.43).

Fig.43. Grupo III (Articaína). 15 dias. Terço cervical com

trabéculas ósseas mais regulares. HE, original 63x.

RESULTADOS

Ao nível dos terços médio e apical as características morfológicas

são praticamente comparáveis àquelas observadas junto ao terço cervical

(fig.44).

Fig.44. Grupo III (Articaína). 15 dias. Terço médio

evidenciando trabéculas ósseas regulares. He, original 63x.

RESULTADOS

24 DIAS

Grupo I (Controle). O epitélio da mucosa gengival bem diferenciado

recobre o alvéolo dental e o tecido conjuntivo subjacente apresenta pequeno

número de fibroblastos (fig.45).

Fig.45. Grupo I (Controle). 24 dias. Epitélio da mucosa

gengival bem diferenciado recobrindo o alvéolo dental. HE, original 63x.

RESULTADOS

O alvéolo dental, ao nível dos três terços, encontra-se preenchido por

trabéculas ósseas espessas e bem organizadas (figs. 46 e 47).

Fig.46. Grupo I (Controle). 24 dias. Terço cervical do alvéolo

com trabéculas ósseas espessas. HE, original 63x.

RESULTADOS

Fig.47. Grupo I (Controle). 24 dias. Terço médio do alvéolo

com trabéculas ósseas espessas e bem organizadas. HE, original 63x.

RESULTADOS

Grupo II (Novocol). O epitélio da mucosa gengival irregular recobre

totalmente o alvéolo dental (fig.48). O tecido conjuntivo subjacente é bem

desenvolvido.

Fig.48. Grupo II (Novocol). 24 dias. Epitélio da mucosa

gengival irregular recobre o alvéolo dental. HE, original 63x.

RESULTADOS

O alvéolo dental ao nível do terço cervical apresenta pequena

quantidade de trabéculas ósseas delgadas e grande quantidade de tecido

conjuntivo sem diferenciação óssea (fig.49).

Fig.49. Grupo II (Novocol). 24 dias. Terço cervical com

pequena quantidade de trabéculas ósseas e grande quantidade de tecido conjuntivo sem diferenciação óssea. HE, original 63x.

RESULTADOS

Ao nível dos terços médio e apical as trabéculas ósseas

neoformadas são mais regulares notando-se, no entanto, diversas áreas

ocupadas por tecido conjuntivo sem diferenciação óssea (fig.50).

Fig.50. Grupo II (Novocol). 24 dias. Terço médio evidenciando

trabéculas ósseas regulares, com diversas áreas ocupadas por tecido conjuntivo sem diferenciação óssea. HE, original 63x.

RESULTADOS

Grupo III (Articaína). Em todos os espécimes o epitélio da mucosa

gengival bem diferenciado recobre totalmente o alvéolo dental (fig.51).

Fig.51. Grupo III (Articaína). 24 dias. Epitélio da mucosa

gengival bem diferenciado recobre o alvéolo dental. HE, original 63x.

RESULTADOS

O alvéolo dental junto ao terço cervical, exibe trabéculas ósseas

espessas notando-se, no entanto, diversas áreas ocupadas por tecido

conjuntivo sem diferenciação óssea (fig.52).

Fig.52. Grupo III (Articaína). 24 dias. Terço cervical exibindo

trabéculas ósseas espessas com áreas de tecido conjuntivo sem diferenciação óssea. HE, original 63x.

RESULTADOS

Ao nível dos terços médio e apical, as trabéculas ósseas são mais

definidas embora sejam observadas algumas áreas com tecido conjuntivo sem

diferenciação óssea (fig.53).

Fig.53. Grupo III (Articaína). 24 dias. Terço médio

apresentando trabéculas ósseas definidas com algumas áreas ocupadas por tecido conjuntivo sem diferenciação óssea. HE, original 63x.

DISCUSSÃO

DISCUSSÃO

Segundo Carvalho & Okamoto (1987), o processo de reparo alveolar

em ratos pode ser dividido em 4 fases distintas, sendo elas: proliferação

fibroblástica, desenvolvimento do tecido conjuntivo, maturação do tecido

conjuntivo e diferenciação óssea ou mineralização.

Os resultados do grupo controle do nosso estudo, são semelhantes

aos da literatura específica (OKAMOTO & RUSSO, 1973; CARVALHO &

OKAMOTO, 1987; OLIVEIRA et al., 1985; AUR JUNIOR, 2004; ZIED, 2004;

NAZARE, 2005) e mostram que o processo reparacional completo se faz no

24º dia de pós-operatório.

Neste período, observou-se que, no 3º dia pós-operatório, o epitélio da

mucosa já apresenta proliferação, a exudação no tecido conjuntivo é escassa e

há discreto número de fibroblastos, atestando uma fase proliferativa

reparacional. Que o epitélio oblitera a ferida cirúrgica no 7°dia, em que pese

ser pouco diferenciado, mas que no 15º dia ele já se encontra bem

desenvolvido. Quanto ao reparo alveolar, no 7º dia, nos terços médio e apical,

observamos a presença de pequenas espículas ósseas neoformadas nas

proximidades da parede óssea lingual. Também notamos no 15º dia, nestes

mesmos terços do alvéolo, que o trabeculado ósseo é bem desenvolvido, mas

que os espaços inter-trabeculares ainda são amplos e encontram-se

preenchidos por tecido conjuntivo sem diferenciação óssea. No 24º dia o

alvéolo é ocupado por trabéculas ósseas desenvolvidas e espessas, com

canais medulares bem definidos e a crista óssea remodelada.

DISCUSSÃO

Estes eventos biológicos se prestam para corroborarem Nary Filho et

al. (1997), que em seu estudo inferiram que a cronologia dos eventos

pertinentes ao processo de reparo alveolar normal é produto do

comportamento dos tecidos frente ao trauma cirúrgico pós-exodontia e ao fio

de sutura.

O modelo de experimento do grupo controle utilizado, com a sua

metodologia e resultados histológicos, é consagrado como parâmetro, em face

dos constantes e repetitivos eventos teciduais evidenciados nos inúmeros

trabalhos da linha de pesquisa “processo de reparo alveolar em ratos após

exodontia”.

Assim explicitado, justificamos o porque da utilização em nosso estudo

do rato como animal de eleição e que a metodologia utilizada é consagrada na

literatura específica.

Os anestésicos Novocol 100® e Articaíne 100®, utilizados em nosso

experimento, foram eleitos considerando as suas diferentes composições.

Ambos são compostos nitrogenados (SANTOS PINTO & SAAD NETO, 2003),

que possuem uma fração lipofílica e outra hidrofílica, o que leva a serem

classificados como compostos amino-amidas, ou seja, o Novocol 100® é uma

lidocaína e o Articaíne 100® é uma articaína. Com relação ao vasoconstritor, o

Novocol 100® tem na sua formulação a fenilefrina (1:2.500) e o Articaíne 100® a

adrenalina (1:100.000).

Assim especificado, elegemos para fins de avaliação em nosso estudo,

o Novocol 100®, existente no mercado e utilizado desde 1950, tendo sua

ação bem documentada na literatura e que segundo Arruda et al. (1998), em

levantamento efetuado junto a cirurgiões-dentistas, foi considerado como a 4º

solução anestésica mais utilizada em nível ambulatorial.

O Articaíne 100® foi introduzido no Brasil no final de 1998 e a sua

eficácia e segurança já estão bem documentadas na literatura (DUDKIEWICZ

et al., 1987; HAAS et al., 1990; OERTEL et al., 1997; MALAMED et al., 2001;

DISCUSSÃO

TÓFOLI et al., 2001; HAAS, 2002; VERONESE, 2004). O seu uso e

indicação têm-se feito em face dos tempos de anestesia obtidos em

infiltrações na maxila e no bloqueio do nervo alveolar inferior, que são

considerados suficientemente adequados para a prática odontológica em geral

(HAAS, 2002; TÓFOLI et al., 2001).

Assim exposto, justificamos a necessidade do nosso estudo com estes

dois anestésicos, ou seja, o Novocol 100® por ser bem conhecida a sua ação e

o Articaíne 100®, considerando que novas pesquisas avaliarão melhor os

aspectos toxicológicos de sua ação nos tecidos, por serem poucos os trabalhos

histológicos que assim o fizeram (GARBIN JUNIOR, 1998; VERONESE, 2004).

Alguns estudos sobre soluções anestésicas e processo de reparo

alveolar pós-exodontia, demonstraram que a infiltração anestésica é irritante

aos tecidos (HOLROYD & WATTS, 1963; CARVALHO & OKAMOTO; 1987),

bem como a irrigação no interior do alvéolo dental, retardando a cronologia

reparacional (CARVALHO et al., 1976; SAAD NETO et al., 1982; VERONESE,

2004).

Saad Neto et al. (1985) demonstraram que a irrigação do alvéolo

dental pós-exodontia com soluções anestésicas, quando precedida de

anestesia terminal infiltrativa na região, alteram a cronologia do reparo alveolar

de maneira mais acentuada do que a simples irrigação.

Também Garbin Junior (1998) inferiu que o anestésico Septanest®,que

é uma articaína, quando infiltrado vestibular e lingualmente na mucosa do rato,

seguido da exodontia, é responsável pelo atraso do processo reparacional do

alvéolo.

Mais recentemente, Aur Junior (2004) avaliando a cronologia do

processo de reparo alveolar, inferiu que esta pode ser alterada pela aplicação

tópica da solução anestésica, quando realizou o tamponamento da ferida

cirúrgica pós-exodontica com o anestésico Novocol 100®.

DISCUSSÃO

Segundo Klingeström & Westermark (1964), Carvalho & Okamoto

(1987) e Santos Pinto & Saad Neto (2003), a intensidade das alterações

tissulares observadas é dependente da estrutura química de cada agente

anestésico (cloridrato de lidocaína, cloridrato de prilocaína ou cloridrato de

articaína), de sua concentração (2%, 3% ou 4%) e da presença do agente

vasoconstritor (fenilefrina, felipressina ou adrenalina).

Os trabalhos explicitados acima, em que a ação dos anestésicos sobre

os tecidos foi avaliada com os procedimentos de anestesia terminal infiltrativa

(SAAD NETO et al., 1982; SAAD NETO et al., 1985; GARBIN JUNIOR, 1998),

de irrigação alveolar (SAAD NETO et al., 1982; VERONESE, 2004) e de

aplicação tópica com tamponamento (AUR JUNIOR, 2004), corroboram-se nos

resultados obtidos e permitiram que os pesquisadores pudessem afirmar que

os anestésicos são irritantes aos tecidos comprometendo o processo

reparacional do alvéolo após exodontia.

No grupo tratado com o anestésico Novocol 100® (grupo II), no 3º dia

pós-operatório, os resultados histológicos mostraram que não houve

proliferação do epitélio da mucosa gengival em praticamente todos os

espécimes. A presença de elevado número de neutrófilos polimorfonucleares,

com alguns destes em degeneração, junto à margem gengival, sugere que a

solução anestésica provocou uma resposta inflamatória em contato com estes

tecidos. Esta estendeu-se também ao nível do terço cervical, onde ainda

encontram-se restos de coágulo sanguíneo degenerado e ausência de

praticamente todo o remanescente do ligamento periodontal. Junto aos terços

médio e apical, as alterações acima descritas mostraram-se mais brandas,

revelando uma porção do remanescente do ligamento periodontal preservado,

com discreto número de fibroblastos ao lado de alguns macrófagos e linfócitos.

As alterações teciduais observadas no grupo I (Controle),

supostamente se devem ao trauma cirúrgico associado à presença do fio de

DISCUSSÃO

sutura e, portanto, fazem parte do processo de reparo alveolar normal. Já as

alterações inflamatórias que ocorreram no grupo II (Novocol 100), permitem

inferir que elas sofreram exacerbação pela ação irritante da solução anestésica

em contato com os tecidos.

No 7º dia pós-operatório, a pequena diferenciação do epitélio da mucosa

gengival que recobria parcialmente o alvéolo dental, chamou-nos a atenção.

Observou-se então que a exudação no terço cervical ainda persistia neste

grupo, enquanto que no grupo I (Controle), esta cessou em torno do 3° dia.

Com relação aos terços médio e apical, as alterações se encontravam

mais brandas, devido a menor proximidade da área onde ocorreu o contato

direto com a solução anestésica. Esta discreta melhora do quadro, também se

deve à evolução natural do processo de reparo alveolar.

No 15º dia pós-operatório, o epitélio da mucosa gengival pouco

diferenciado já recobre todo o alvéolo dental. Em alguns espécimes, notamos a

presença de pequenas trabéculas ósseas isoladas no terço cervical, enquanto

que nos terços médio e apical, a neoformação óssea se mostra mais intensa

em todos os casos.

O discutido até então, nos mostra que a fase de diferenciação óssea do

processo de reparo alveolar está em estágio inicial, sendo que esta cronologia

se justifica pela persistência de algumas áreas de inflamação, diferindo do que

foi observado no grupo I (Controle), onde o trabeculado ósseo já estava bem

desenvolvido, com discretas áreas de conjuntivo intra-trabecular.

No 24º dia pós-operatório, ao nível dos terços médio e apical, as

trabéculas ósseas são mais regulares. Porém, ainda persistem diversas áreas

de tecido conjuntivo sem diferenciação óssea, deixando bem evidenciados os

eventos biológicos das alterações provocadas pelo Novocol 100®. Se

compararmos os resultados obtidos no grupo I (Controle) com os do grupo II

(Novocol 100), podemos concluir que o anestésico Novocol 100®, aplicado de

forma tópica, altera os princípios básicos do processo de reparo alveolar e,

conseqüentemente, sua cronologia.

DISCUSSÃO

Os resultados descritos até então, são similares aos resultados obtidos

por Aur Junior (2004), quando estudou o processo de reparo alveolar, após

exodontia e compressão com gaze embebida em solução de Novocol 100®.

Ao nosso ver, a evolução reparacional alveolar com o anestésico

Novocol 100®, deveu-se primeiro a fenilefrina, vasoconstritor presente na

solução anestésica. Esta tem grande ação sobre os receptores alfa e por este

motivo, proporciona longa e duradoura vasoconstrição periférica (SANTOS

PINTO & SAAD NETO, 2003). Os tecidos onde esta solução anestésica é

aplicada ficam sujeitos à falta de fluxo sanguíneo por longos períodos,

ocorrendo a degeneração de algumas células pela falta de oxigênio e

drenagem venosa de metabólitos, sendo esta degeneração de maior ou menor

intensidade, na dependência das próprias características destes tecidos

(ARCHER, 1958).

É o que ocorre, por exemplo, nas úlceras pós-anestésicas comuns ao

tecido palatino fibroso. A característica fibrosa deste, associada ao seu íntimo

contato com o tecido ósseo, predispõe à diminuição da irrigação local e a

concentração do anestésico em uma área restrita, onde podem surgir úlceras

de tamanhos variados (CASTRO et al., 1980).

Klingeströn & Westermark (1964) afirmaram que a diminuição da

oxigenação tecidual, provocada pela ação dos vasoconstritores, leva a um

aumento da acidez local, com sérias interferências no processo de reparo

alveolar.

Os estudos realizados por alguns autores (OKAMOTO & RUSSO, 1973;

RODRIGUES & CARVALHO, 1983; CARVALHO et al., 1984) demonstraram

claramente que os restos do ligamento periodontal têm ativa participação no

processo de reparo alveolar. Sendo assim, a degeneração do ligamento

periodontal remanescente, que é provocada pela ação irritante da solução

anestésica, resulta em uma alteração significante da cronologia reparacional.

Acreditamos que a acidose tecidual mantida por tempo prolongado,

pode ter contribuído para a irritabilidade tecidual atribuída ao anestésico

Novocol 100®.

DISCUSSÃO

De acordo com Saad Neto et al. (1985), a lidocaína 2%, mesmo sem a

presença do vasoconstritor, também provoca alterações teciduais, porém de

maneira muito mais discreta.

Assim, somos de opinião que o vasoconstritor presente na solução do

Novocol 100® é o principal responsável pela irritação tecidual observada neste

grupo.

Quanto à ação do Articaíne 100® em nosso estudo, temos que no 3º dia

pós-operatório, o epitélio da mucosa gengival mostrou ausência quase total de

proliferação e um elevado número de neutrófilos polimorfonucleares foi

observado junto à margem gengival. As demais reações teciduais observadas

nos terços cervical, médio e apical dos alvéolos apresentam diferenças muito

discretas quando comparadas às reações do grupo II (Novocol 100).

A partir do 7º dia pós-operatório, o epitélio da mucosa gengival recobre

parcialmente o alvéolo dental e as pequenas diferenças observadas no 3º dia

já começam a destacar-se. Fato este confirmado pela presença do grande

número de fibroblastos e vasos sanguíneos que se fazem presentes no tecido

conjuntivo subjacente, que como observamos no grupo II (Novocol 100), esta

mesma área da mucosa gengival possuía vascularização pobre e discreto

número de fibroblastos. Ao nível do terço cervical, ocasionalmente, foram

observadas pequenas espículas ósseas isoladas.

Junto aos terços médio e apical, o número de espículas ósseas é maior,

com numerosos osteoblastos em suas bordas, diferentemente do que foi

observado no grupo II (Novocol 100), onde as espículas ósseas não estavam

presentes.

Podem ser evidenciadas ainda, inúmeras áreas com coágulo sanguíneo

remanescente exibindo macrófagos em seu interior. Estes achados

caracterizam o início da fase de diferenciação óssea do processo de reparo

alveolar.

DISCUSSÃO

No 15º dia pós-operatório, o epitélio da mucosa gengival recobre

totalmente o alvéolo dental mostrando-se pouco diferenciado. O tecido

conjuntivo subjacente apresenta discreto número de fibroblastos e vasos

sanguíneos, mesmo sendo uma área muito próxima do local da aplicação

tópica do anestésico, o que no caso específico do grupo II (Novocol 100),

provocou o surgimento de áreas com infiltrado inflamatório persistentes até

este período.

Cabe salientar que num espécime, ao nível do terço cervical, observou-

se discreta neoformação óssea, com grandes áreas de tecido conjuntivo sem

diferenciação óssea. Nos demais espécimes, as trabéculas ósseas eram mais

regulares, apresentando características morfológicas comparáveis às

encontradas nos terços médio e apical.

Assim, a fase de diferenciação óssea está bem evidente neste período,

o que não ocorreu no grupo II (Novocol 100), possuidor de características que

indicam um retardo mais acentuado no processo de reparo alveolar, exibindo

pequenas trabéculas ósseas isoladas ao nível cervical, tornado-se mais

regulares ao nível dos terços médio e apical.

No 24º dia pós-operatório, o alvéolo dental está recoberto pelo epitélio

da mucosa gengival em todos os espécimes, exibindo junto ao terço cervical,

trabéculas ósseas espessas, com algumas áreas ocupadas por tecido

conjuntivo sem diferenciação óssea, semelhante ao que foi observado nos

terços médio e apical do alvéolo dental. Em contrapartida, o grupo II (Novocol

100) apresentava trabeculado ósseo mais delgado e maior quantidade de

tecido conjuntivo inter-trabecular, demonstrando que o atraso na cronologia do

processo de reparo alveolar deste grupo perdurou até o final dos tempos pós-

operatórios.

Os resultados obtidos com o Articaíne 100®, ao nosso ver, se devem ao

fato de ser o único anestésico do grupo amida que possui um anel tiofeno,

comum nos grupos ésteres. Além disso, a concentração do sal anestésico é de

4 %. A presença deste anel tiofeno somada a alta concentração do agente

DISCUSSÃO

anestésico, são fatores responsáveis pelo aumento de sua lipossolubilidade e

potência, e conseqüentemente, de sua toxicidade local (COWAN, 1977).

Considerando o método da aplicação tópica dos anestésicos locais

envolvidos neste estudo, através da compressão com gaze embebida nas

soluções de Articaíne 100® ou Novocol 100®, que propiciou o contato íntimo e

abundante destas soluções com o coágulo sanguíneo superficial, o ligamento

periodontal e os tecidos da mucosa gengival, podemos inferir que ambos os

anestésicos utilizados são fatores potencialmente irritantes, considerando os

eventos biológicos teciduais do processo de reparo alveolar.

Apesar do anestésico Articaíne 100® ser um fator irritante, podemos

destacar uma menor irritação dos tecidos à aplicação tópica desta solução,

quando comparado ao anestésico Novocol 100®.

Assim consideramos tendo em vista que, por volta do 7º dia pós-

operatório, este achado já se torna bem evidente, pois a fase proliferativa teve

seu início e é semelhante ao grupo I (Controle). Comparativamente ao grupo II

(Novocol 100), esta fase só teve início em torno do 15º dia. Aos 24 dias pós-

operatórios, as características histomorfológicas dos alvéolos dentais dos

grupos estudados confirmam esta nossa hipótese, tendo em vista os eventos

biológicos que ocorreram.

O projeto de se avaliar a ação dos anestésicos Novocol 100® e Articaíne

100® sobre o processo de reparo das feridas cirúrgicas pós-exodontia, mostrou

também, que apesar do cloridrato de articaína ser um sal de maior ligação

natural às proteínas plasmáticas e estar presente em alta concentração na

solução, a lidocaína, por estar associada a um potente vasoconstritor,

permanece por tempo maior em contato com os tecidos, promovendo irritação

mais severa. Mostrou ainda que o estudo da ação dos anestésicos Novocol

100® e Articaíne 100® sobre os tecidos superficiais da ferida cirúrgica, ou seja,

coágulo sanguíneo, mucosa gengival e tecido ósseo marginal, após exodontia,

é oportuno e importante por orientar o cirurgião-dentista quanto à ação dos

anestésicos, ou antes, o quanto ele é irritante aos tecidos afins.

DISCUSSÃO

Também, de que certas práticas rotineiras em nossos procedimentos

odontológicos, como por exemplo, a somatória da quantidade de anestésico

usada na infiltração local mais a aplicação tópica com gaze nele embebido,

deve ser repensada e estudada, sugerindo novas pesquisas.

Por fim, corrobora a literatura específica por permitir-se afirmar que

também outros anestésicos com estruturas químicas, concentrações e agentes

vasoconstritores diferentes, ainda não avaliados, podem ser comprometedores

e causar profundas e possíveis alterações no processo de reparo alveolar.

CONCLUSÃO

CONCLUSÃO

De acordo com a metodologia empregada e os resultados obtidos da

avaliação histológica comparativa, podemos concluir que:

1) No grupo controle, no 15° dia pós-operatório, o epitélio da mucosa

gengival que recobre o alvéolo é bem desenvolvido e o reparo

alveolar apresenta um trabeculado ósseo com espaços

intertrabeculares amplos e preenchidos por tecido conjuntivo sem

diferenciação óssea.

2) A reparação da mucosa gengival dos ratos dos grupos dos

anestésicos Novocol 100® e Articaíne 100®, no 15º dia pós-

operatório, mostrou o recobrimento total do alvéolo pelo epitélio da

mucosa gengival, contudo este epitélio achava-se menos

diferenciado que o observado nos animais do grupo controle.

3) A reparação da mucosa dos ratos do grupo do anestésico Novocol

100® mostrou um epitélio gengival menos diferenciado quando

comparados aos do grupo onde foi utilizado o Articaíne 100®, no

15º dia pós-operatório.

4) Os ratos do grupo do Articaíne 100® mostraram um processo de

reparo alveolar mais adiantado com relação aos do grupo do

Novocol 100®, porém mais atrasado com relação aos do grupo

controle em todos períodos experimentais.

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locais, na cronologia do processo de reparo em feridas de extração

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39. TÓFOLI, G.R.; RANALI, J.; SOARES, P.C.O.; VOLPATO, M.C.;

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(Mestrado), Faculdade de Ciências Odontológicas de Marília, UNIMAR,

2004, 66p.

RESUMO

VANCETTO, J.R. Estudo histológico comparativo em ratos dos efeitos da aplicação tópica dos anestésicos Novocol 100® e Articaíne 100® sobre o processo de reparo alveolar. Marília, 2005. Dissertação (Mestrado), Faculdade de Ciências Odontológicas, Universidade de Marília – UNIMAR.

RESUMO Os anestésicos locais foram criados com o intuito de promoverem a

anestesia de uma determinada região. Devido às suas propriedades

hemostáticas, é freqüentemente utilizado pelos cirurgiões-dentistas, na

tentativa de garantir melhor visibilidade do campo operatório ou de coibir

hemorragias alveolares trans-operatórias. No presente trabalho, foi avaliado o

processo de reparo alveolar em ratos, sob a ação do anestésico Articaine 100®

e do anestésico Novocol 100®, aplicados de forma tópica. Para tanto, foram

empregados 60 ratos, dos quais 20 receberam aplicação tópica de Articaíne

100® e 20 receberam aplicação tópica de Novocol 100®, através de gaze

embebida na solução anestésica. Nos 20 ratos remanescentes, foi aplicado

soro fisiológico e se prestaram como controle. Os animais foram sacrificados

decorridos os períodos de 3, 7, 15 e 24 dias pós-operatórios. As peças foram

removidas e fixadas em formalina 10%. Seguindo, a inclusão em parafina para

microtomia, os cortes obtidos foram corados pela técnica de hematoxilina e

eosina para estudo microscópico. A análise histológica com base na

metodologia desenvolvida, permitiu-nos chegar à seguinte conclusão: o

anestésico Novocol 100® provocou maior reação inflamatória, com

conseqüente atraso no processo de reparo alveolar, quando comparado ao

Articaíne 100®.

Palavras-chave: Cirurgia buco-maxilo-facial, reparação tecidual, anestésicos

locais, aplicação tópica.

ABSTRACT

VANCETTO, J.R. Comparative hysthological study in rats about the effects of topical application of anesthetics Novocol 100® and Articaíne 100® in the socket healing process. Marília, 2005. Dissertation (Master’s Degree), School of Dentistry Sciences, University of Marília – UNIMAR.

ABSTRACT Local anesthetics were created to promote the anesthesia of a certain

region. However, due to their hemostatic properties (vasoconstrictors), they are

frequently used by dental surgeons to guarantee better visibility of the operative

field or to stop socket hemorragy during surgery. In this work, the socket healing

process in rats, under the anesthetics Articaine 100® and Novocol 100®, was

evaluated. The anesthetics were used in the topical form. Sixty rats were used;

twenty of them had topical application of Articaíne 100®, twenty had topical

application of Novocol 100®, through gauze soaked in the anesthetic solution.

To the remaining twenty rats, physiological solution was applied and these rats

were used like controls. The animals were sacrificed in periods of 3, 7, 15 and

24 days after the surgery. The pieces were removed and they received the

routine hysthological processing using Hematoxilin-eosin staining for

microscopic study. The hysthological analysis based on the used methodology,

allowed us to come to the following conclusion: the anesthetic Novocol 100®

caused bigger inflammatory reaction, with consequent delay in the socket

healing process, than the anesthetic Articaíne 100® did.

Key words: Oral and maxilofacial surgery, socket healing, local anesthetics,

topical application.

ANEXOS

ANEXO 1

ANEXOS

ANEXO 2

Dosagem das drogas utilizadas na anestesia geral dos animais deste estudo

Peso Droga Dosagem

175g – 225g

Xilazina

Quetamina

0,06 ml 0,28 ml

226g – 275g

Xilazina

Quetamina

0,08 ml

0,36 ml

276g – 325g

Xilazina Quetamina

0,09 ml

0,42 ml

326g – 375g Xilazina Quetamina

0,11 ml

0,48 ml

* Cloridrato de Xilazina (Dopaser®) - Laboratórios Calier Barcelona / Espanha * Cloridrato de Cetamina (Vetanarcol®) - Labor. König do Brasil Santana do Parnaíba / SP – Brasil