josé miguel candeias fernandes coelho - implementaão da np en iso 22000 2005, sistemas de gestão...
TRANSCRIPT
-
7/25/2019 Jos Miguel Candeias Fernandes Coelho - Implementao Da NP en ISO 22000 2005, Sistemas de Gesto Da Segur
1/189
Instituto Politcnico de Beja
Escola Superior Agrria
Mestrado em Engenharia Alimentar
Implementao da NP EN ISO 22000:2005 Sistemas de gesto da
segurana alimentar numa queijaria
Jos Miguel Candeias Fernandes Coelho
Orientador:
Professora Anabela Reis Pacheco de Amaral
Beja
2012
-
7/25/2019 Jos Miguel Candeias Fernandes Coelho - Implementao Da NP en ISO 22000 2005, Sistemas de Gesto Da Segur
2/189
As opinies expressas neste trabalho so da exclusiva responsabilidade do autor.
-
7/25/2019 Jos Miguel Candeias Fernandes Coelho - Implementao Da NP en ISO 22000 2005, Sistemas de Gesto Da Segur
3/189
i
Esta dissertao dedicada:
Aos meus bisavs, Salvador Fernandes e Antnia Perptua
Aos meus avs, Bento Raes Sabala e Jos M. Antnio Coelho
Ao meu pai, Jos M. Fernandes Coelho
-
7/25/2019 Jos Miguel Candeias Fernandes Coelho - Implementao Da NP en ISO 22000 2005, Sistemas de Gesto Da Segur
4/189
ii
Agradecimentos
A todos os meus amigos que ao longo da minha vida, tm estado ao meu lado e me tm
apoiado na realizao dos meus projectos.
Eng. Anabela Reis Pacheco de Amaral, professora do Departamento de Tecnologias
e Cincias Aplicadas do Instituto Politcnico de Beja, por toda a disponibilidade,
pacincia, dedicao e rigor cientfico apresentado.
Ao Eng. Joo Costa, por me ter recebido to bem e pela oportunidade e confiana
concedida, ao qual desejo o maior sucesso profissional.
Ao Eng. Jorge Capito pela partilha de conhecimentos e acompanhamento realizado.
A toda a minha famlia, que ao longo da minha vida, sempre acreditou em mim, e se
mostrou uma fonte inesgotvel de pacincia, conhecimento, amor, carinho e ateno, e
sempre esteve ao meu lado como um farol a indicar-me o caminho a seguir, mesmo nos
piores momentos. A Lara pela pessoa especial que em todos os sentidos da palavra, e
que esteve sempre de mos estendidas, incentivando-me e pronta para me ajudar nos
bons e maus momentos.
Em especial, quero agradecer minha av, para quem eu no tenho palavras para
descrever todo o meu apreo, amor, carinho, dedicao, as carradas de pacincia e
compreenso, a amizade e companheirismo, etc., e a quem eu devo tudo o que sou hoje.
s o meu dolo av!!!!!!
-
7/25/2019 Jos Miguel Candeias Fernandes Coelho - Implementao Da NP en ISO 22000 2005, Sistemas de Gesto Da Segur
5/189
iii
Resumo
A realizao deste trabalho teve como objectivo principal, a avaliao do sistema de
segurana alimentar existente numa queijaria do Alentejo, com o pressuposto deverificar a sua aptido para a satisfao dos vrios requisitos, estipulados segundo a NP
EN ISO 22000:2005, atendendo ao interesse futuro da organizao em submeter o
mesmo a uma auditoria de certificao. No presente trabalho, so abordadas questes,
que se relacionam quer a montante quer a jusante do referencial em causa e que se
referem entre outras, com a certificao, a relevncia da ISO 22000 no contexto
comercial mundial, bem como a sua relao/integrao face a outros referenciais
internacionalmente aceites. O queijo, produto central da actividade da empresa foi
tambm comentado na perspectiva da segurana alimentar, com o objectivo de dar aconhecer os perigos alimentares relacionados com este produto, presente na nossa dieta.
Com a efectivao do presente trabalho, foi verificado que a empresa ter que realizar
mudanas significativas ao nvel dos seus processos internos de controlo e gesto do
risco alimentar, que entre outros se relacionam, com o controlo da documentao afecta,
comunicao de perigos, consciencializao e formao dos seus recursos humanos,
planeamento e reviso do sistema alimentar actualmente em vigor.
Palavras-chave: Segurana alimentar; requisitos, ISO 22000:2005; queijaria, queijo;
-
7/25/2019 Jos Miguel Candeias Fernandes Coelho - Implementao Da NP en ISO 22000 2005, Sistemas de Gesto Da Segur
6/189
iv
ndice Geral
AGRADECIMENTOS................................................................................................. II
RESUMO ................................................................................................................... III
NDICE GERAL ........................................................................................................ IV
NDICE DE FIGURAS............................................................................................ XIII
NDICE DE TABELAS........................................................................................... XIII
LISTA DE ABREVIATURAS.................................................................................XIV
INTRODUO............................................................................................................1
CAPTULO I REVISO BIBLIOGRFICA.............................................................3
1. CERTIFICAO ....................................................................................................3
1.1. Conceito e enquadramento.................................................................................. 3
1.2. Breve perspectiva nacional e internacional.......................................................... 5
1.3. A certificao ISO 22000:2005 no contexto internacional...................................5
1.4. Processo de certificao ...................................................................................... 6
1.5. Vantagens e desvantagens da certificao ........................................................... 9
2. NP EN ISO 22000:2005..........................................................................................10
2.1. Origem ............................................................................................................ 10
2.2. Estrutura e elementos chave .............................................................................. 10
2.3. Papel na Indstria alimentar.............................................................................. 11
2.4. Enquadramento face a outros referenciais normativos ....................................... 13
2.4.1. Relao com a NP EN ISO 9001:2000 Sistemas de gesto da qualidade...... 13
2.4.2. Relao com outros referenciais de segurana alimentar................................ 14
3. O QUEIJO.............................................................................................................. 15
-
7/25/2019 Jos Miguel Candeias Fernandes Coelho - Implementao Da NP en ISO 22000 2005, Sistemas de Gesto Da Segur
7/189
v
3.1. Breve anlise do consumo e produo............................................................... 15
3.2. Segurana alimentar .........................................................................................16
3.2.1 Riscos microbiolgicos................................................................................... 17
3.2.1.1.Listeria monocytogenes.............................................................................. 17
3.2.1.2. Staphylococcus. aureus ............................................................................... 18
3.2.1.3. Salmonella.................................................................................................. 19
3.2.1.4.Escherichia coli .......................................................................................... 20
3.2.2. Riscos qumicos............................................................................................. 20
CAPITULO II PARTE PRTICA ........................................................................... 21
1.METODOLOGIA APLICADA TENDO EM VISTA A IMPLEMENTAO DO
REFERENCIAL NORMATIVO................................................................................. 21
2. ACTIVIDADES PRELIMINARES DESENVOLVIDAS........................................ 21
2.1 Diagnstico inicial da organizao..................................................................... 21
2.1.1. Realizao da auditoria .................................................................................. 23
2.1.1.1. Metodologia seguida para a realizao da auditoria ..................................... 23
2.1.1.1.1. Norma utilizada ......................................................................................23
2.1.1.1.2. Reunio inicial ......................................................................................... 24
2.1.1.1.3. Relatrio da auditoria............................................................................... 25
2.1.1.1.4. Constataes da auditoria......................................................................... 25
2.1.2. Cronograma de trabalhos desenvolvido .......................................................... 26
3. ACTIVIDADES DE IMPLEMENTAO DESENVOLVIDAS INTRODUO
AO SGSA...................................................................................................................27
4. SISTEMA DE GESTO DA SEGURANA ALIMENTAR REQUISITOS........ 28
4.1 Requisitos gerais................................................................................................ 28
-
7/25/2019 Jos Miguel Candeias Fernandes Coelho - Implementao Da NP en ISO 22000 2005, Sistemas de Gesto Da Segur
8/189
vi
4.2 Requisitos da documentao .............................................................................. 28
4.2.2. Controlo dos documentos............................................................................... 31
4.2.3. Controlo de registos ....................................................................................... 33
4.3. Constataes detectadas e sua anlise ............................................................... 34
4.3.1. Constatao detectada.................................................................................... 34
4.3.1. Anlise da constatao ................................................................................... 34
5. RESPONSABILIDADES DA GESTO................................................................. 35
5.1. Comprometimento da gesto............................................................................. 35
5.2. Poltica de segurana alimentar......................................................................... 36
5.3. Planeamento do sistema de gesto da segurana alimentar................................37
5.4. Responsabilidade e autoridade .......................................................................... 38
5.5. Responsvel da equipa de segurana alimentar................................................. 39
5.6. Comunicao .................................................................................................... 40
5.6.1. Comunicao externa..................................................................................... 41
5.6.2. Comunicao interna .....................................................................................41
5.7. Preparao e resposta emergncia .................................................................. 42
5.8. Reviso pela gesto ..........................................................................................42
5.8.1. Generalidades ................................................................................................ 42
5.8.2. Entrada para a reviso .................................................................................... 43
5.8.3. Sada da reviso ............................................................................................. 43
5.9. Constataes detectadas e sua anlise ..............................................................44
5.9.1. Constataes detectadas................................................................................. 44
5.9.1.1. Constatao 1.............................................................................................. 44
-
7/25/2019 Jos Miguel Candeias Fernandes Coelho - Implementao Da NP en ISO 22000 2005, Sistemas de Gesto Da Segur
9/189
vii
5.9.1.2. Constatao 2.............................................................................................. 44
5.9.1.3. Constatao 3.............................................................................................. 44
5.9.1.4. Constatao 4.............................................................................................. 44
5.9.1.5. Constatao 5.............................................................................................. 44
5.9.2. Anlise das constataes ................................................................................ 44
5.9.2.1. Anlise da constatao 1 ............................................................................. 44
5.9.2.2. Anlise da constatao 2 ............................................................................. 45
5.9.2.3. Anlise da constatao 3 ............................................................................. 45
5.9.2.4. Anlise da constatao 4 ............................................................................. 46
5.9.2.5. Anlise da constatao 5 ............................................................................. 46
6. GESTO DE RECURSOS .....................................................................................47
6.1. Proviso de recursos ......................................................................................... 47
6.2. Recursos humanos ............................................................................................ 47
6.2.1. Generalidades ................................................................................................ 47
6.2.2 Competncia, consciencializao e formao ..................................................48
6.3. Infra-estrutura................................................................................................... 48
6.4. Ambiente de trabalho........................................................................................ 49
6.5. Constataes detectadas e sua anlise ..............................................................50
6.5.1. Constatao detectada ................................................................................... 50
6.5.2. Anlise da constatao ................................................................................... 50
7. PLANEAMENTO E REALIZAO DE PRODUTOS SEGUROS........................50
7.1. Generalidades ................................................................................................... 50
7.2. Programa de pr-requisitos (PPR) ..................................................................... 51
-
7/25/2019 Jos Miguel Candeias Fernandes Coelho - Implementao Da NP en ISO 22000 2005, Sistemas de Gesto Da Segur
10/189
viii
7.3. Etapas preliminares anlise de perigos ...........................................................53
7.3.1. Generalidades ................................................................................................ 53
7.3.2. Equipa de segurana alimentar....................................................................... 53
7.3.3. Caractersticas do produto.............................................................................. 54
7.3.3.1. Matrias-primas, ingredientes e materiais para contacto com o produto....... 54
7.3.3.2. Caractersticas dos produtos acabados......................................................... 55
7.3.4. Utilizao prevista ......................................................................................... 55
7.3.5. Fluxogramas, etapas do processo e medidas de controlo................................ 55
7.3.5.1. Fluxogramas ............................................................................................... 55
7.3.5.2. Descrio das etapas do processo e das medidas de controlo .......................55
7.4. Anlise de perigos ............................................................................................56
7.4.1. Generalidades ................................................................................................ 56
7.4.2. Identificao de perigos e determinao de nveis de aceitao ......................56
7.4.3. Avaliao do perigo ....................................................................................... 57
7.4.4. Seleco e avaliao das medidas de controlo ................................................ 57
7.5. Estabelecimento de programas pr-requisitos operacionais (PPRs operacionais)
................................................................................................................................ 58
7.6. Estabelecimento do plano HACCP ...................................................................58
7.6.1. Plano HACCP................................................................................................ 58
7.6.2. Identificao dos pontos crticos de controlo (PCC) .......................................59
7.6.3. Determinao de limites crticos para os pontos crticos de controlo.............. 59
7.6.4. Sistema de monitorizao dos pontos crticos de controlo ..............................60
7.6.5. Aces a empreender quando existem desvios aos limites crticos................. 61
-
7/25/2019 Jos Miguel Candeias Fernandes Coelho - Implementao Da NP en ISO 22000 2005, Sistemas de Gesto Da Segur
11/189
ix
7.7 Actualizao da informao preliminar e dos documentos que especificam os
PPRs e o plano HACCP ......................................................................................... 61
7.8. Planeamento da verificao ..............................................................................61
7.9. Sistema de rastreabilidade................................................................................. 62
7.10. Controlo da no conformidade........................................................................ 64
7.10.1. Correces ................................................................................................... 64
7.10.2. Aces correctivas ....................................................................................... 64
7.10.3. Tratamento dos produtos potencialmente no seguros ..................................64
7.10.3.1. Generalidades ........................................................................................... 64
7.10.3.2. Avaliao para liberao ........................................................................... 65
7.10.3.3. Disposies relativas dos produtos no conformes .................................... 65
7.10.4. Retiradas...................................................................................................... 65
7.11. Constataes detectadas e sua anlise ............................................................67
7.11.1. Constataes detectadas ............................................................................... 67
7.11.1.1. Constatao 1............................................................................................ 67
7.11.1.2. Constatao 2............................................................................................ 67
7.11.1.3. Constatao 3............................................................................................ 67
7.11.1.4. Constatao 4............................................................................................ 67
7.11.2. Anlise das constataes .............................................................................. 67
7.11.2.1. Anlise da constatao 1 ........................................................................... 67
7.11.2.2. Anlise da constatao 2 ........................................................................... 68
7.11.1.3. Anlise da constatao 3 ........................................................................... 68
7.11.1.4. Anlise da constatao 4 ........................................................................... 69
-
7/25/2019 Jos Miguel Candeias Fernandes Coelho - Implementao Da NP en ISO 22000 2005, Sistemas de Gesto Da Segur
12/189
x
8. VALIDAO, VERIFICAO E MELHORIA DO SISTEMA DE GESTO DA
SEGURANA ALIMENTAR ....................................................................................70
8.1. Generalidades ................................................................................................... 70
8.2 Validao das combinaes das medidas de controlo ......................................... 70
8.3. Controlo da monitorizao e medio ............................................................... 70
8.4. Verificao do sistema de gesto da segurana alimentar..................................71
8.4.1. Auditoria interna............................................................................................ 71
8.4.2. Avaliao dos resultados individuais da verificao ....................................... 72
8.4.3. Anlise dos resultados das actividades da verificao.................................... 72
8.5. Melhoria ........................................................................................................... 73
8.5.1 Melhoria contnua........................................................................................... 73
8.5.2. Actualizao do sistema de gesto da segurana alimentar.............................73
8.6. Constataes detectadas e sua anlise ............................................................... 73
8.6.1. Constataes detectadas................................................................................. 73
8.6.1.1. Constatao 1.............................................................................................. 73
8.6.1.2. Constatao 2.............................................................................................. 73
8.6.2. Anlise das constataes ................................................................................ 73
8.6.2.1. Anlise da constatao 1 ............................................................................. 73
8.6.2.2. Anlise da constatao 2 ............................................................................. 74
CONCLUSO............................................................................................................75
BIBLIOGRAFIA........................................................................................................ 77
APNDICES .............................................................................................................. 91
Apndice I: Relatrio de auditoria ........................................................................... 92
Apndice II: Cronograma de trabalhos desenvolvido ............................................... 94
-
7/25/2019 Jos Miguel Candeias Fernandes Coelho - Implementao Da NP en ISO 22000 2005, Sistemas de Gesto Da Segur
13/189
xi
Apndice III: Poltica de segurana alimentar.......................................................... 96
Apndice IV: Definio dos objectivos de segurana alimentar...............................98
Apndices V: Procedimento documentado Controlo de documentos ...................100
Apndice VI: Procedimento documentado Controlo de registos ..........................106
Apndice VII: Procedimento documentado Correces/tratamento de produto
potencialmente no seguro ....................................................................................112
Apndice VIII: Procedimento documentado Aces correctivas .........................117
Apndice IX: Procedimento documentado Retiradas de produto do mercado ...... 121
Apndice X: Procedimento documentado Auditorias Internas.............................125
Apndice XI: Planeamento do sistema de gesto alimentar Especificao...........131
Apndice XII: Ficha de descrio de funes......................................................... 133
Apndice XIII: Procedimento documentado Comunicao interna e externa....... 135
Apndice XIV: Procedimento documentado Preparao e resposta emergncia 139
Apndice XV: Procedimento documentado Reviso pela gesto.........................143
Apndice XVI: Procedimento documentado Formao....................................... 147
Apndice XVII: Especificao de matrias-primas ................................................ 155
Apndice XVIII: Especificao dos nveis de aceitao ......................................... 157
Apndice XIX: Especificao de programa de pr-requisitos operacionais............ 159
Apndice XX: Especificao de registo de validao de medidas de controlo ........ 161
Apndice XXI: Especificao de registo de validao do plano de higienizao .... 163
Apndice XXII: Especificao do Plano anual de auditorias internas.....................165
ANEXOS.................................................................................................................. 167
Anexo I Listagem de registos mnimos exigidos pela NP EN ISO 22000:2005 ... 168
-
7/25/2019 Jos Miguel Candeias Fernandes Coelho - Implementao Da NP en ISO 22000 2005, Sistemas de Gesto Da Segur
14/189
xii
Anexo II Listagem de funes que devem estar definidas ................................... 170
Anexo III rvore de deciso ISO/TS 22004........................................................ 172
-
7/25/2019 Jos Miguel Candeias Fernandes Coelho - Implementao Da NP en ISO 22000 2005, Sistemas de Gesto Da Segur
15/189
xiii
ndice de figuras
Figura 1: Taxa de crescimento mundial por referencial normativo em 2010............... 6
Figura 2: Diagrama de fluxo simplificado do processo de certificao. ......................7
Figura 3: Estrutura da documentao de um Sistema de gesto da segurana
alimentar. ................................................................................................................ 30
Figura 4: rvore de deciso segundo a ISO/TS 22004:2005.................................. 173
ndice de tabelas
Tabela 1: Cronograma de trabalhos desenvolvidos ..................................................95
Tabela 2: Listagem de registos mnimos exigidos pela NP EN ISO 22000:2005. ... 169
Tabela 3: Listagem mnima requerida pela norma de nomeaes e consequente
definio de responsabilidades e/ou autoridades. ................................................... 171
-
7/25/2019 Jos Miguel Candeias Fernandes Coelho - Implementao Da NP en ISO 22000 2005, Sistemas de Gesto Da Segur
16/189
xiv
Lista de abreviaturas
ASAE Autoridade de Segurana Alimentar e Econmica
BRC British Retail Consortium
CE Comisso Europeia
DGV Direco Geral de Veterinria
EFSA European Food Safety Authority
EM Estados Membros
ESA Equipa de Segurana Alimentar
UE Unio Europeia
FAO Organizao das Naes Unidas para a Alimentao e a Agricultura
FDA Food and Drug Administration
FFSC Food Safety System Certification
GFSI Global Food Safety Initiative
HACCP Hazard Analysis and Critical Control Points
IAPMEI Instituto de Apoio s Pequenas e Mdias Empresas e Inovao
IFS International Food Standard
IPQ Instituto Portugus da Qualidade
ISO International Organization for Standardization
OCDE Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento Econmico
PCC Ponto Crtico de Controlo
PDCA PlanDoCheck-Act
PPR Programa de Pr Requisitos
PPRO Programa de Pr Requisitos Operacionais
SA Segurana Alimentar
SGQ Sistema de Gesto da Qualidade
SGSA Sistema de Gesto da Segurana Alimentar
SSA Sistema de Segurana Alimentar
USDA United States Department of Agriculture
WHO World Health Organization
-
7/25/2019 Jos Miguel Candeias Fernandes Coelho - Implementao Da NP en ISO 22000 2005, Sistemas de Gesto Da Segur
17/189
1
Introduo
O presente trabalho tem como objectivo, avaliar a satisfao dos vrios requisitos
exigidos pela NP EN ISO 22000:2005 Sistemas de gesto da segurana alimentar,aplicados a uma Queijaria, que no plano estratgico de internacionalizao dos seus
produtos, pretende num futuro prximo, focalizar-se em novos mercados. Esta deciso
de submeter o sistema actual de funcionamento da empresa, em termos de segurana
alimentar aos requisitos exigidos por um referencial internacionalmente reconhecido,
advm no s do anteriormente mencionado, como tambm do facto, do sector
alimentar se apresentar actualmente fortemente regulamentado pelas autoridades
pblicas dos diferentes pases. As modificaes profundas ocorridas nos ltimos anos,
no estilo de vida das populaes, potenciadoras de disseminao de perigos com
consequente risco para a sade dos consumidores, determinaram uma aposta forte em
polticas de preveno. A segurana alimentar assim uma preocupao crescente das
sociedades actuais, das organizaes internacionais como a OMS (Organizao Mundial
de Sade) ou a FAO (Organizao das Naes Unidas para a Alimentao e a
Agricultura) e da prpria Comisso Europeia. Citando Bernardo (2006), a produo e
distribuio alimentares tm hoje uma escala de contorno planetrio, esto
globalizados.
assim facilmente percebvel, que exista uma preocupao acrescida por parte dos
diferentes agentes econmicos envolvidos ao longo da cadeia de abastecimento, no s
com a qualidade dos produtos que disponibilizam aos mercados, mas tambm com a
segurana alimentar que lhes inerente. O conceito de segurana alimentar deixou
assim de ter uma importncia relativa afecta apenas a uma parte especfica da cadeia de
abastecimento, como seja por exemplo o sector da transformao ou distribuio, para
assumir uma importncia absoluta, abrangendo todos os sectores dessa mesma cadeia,
desde a produo primria at ao momento da distribuio/consumo, ganhando umarelevncia do prado ao prato.
A garantia da segurana alimentar por parte de cada um dos agentes econmicos, deve
assim apresentar-se como um dos seus principais objectivos, gerando a necessidade nos
diferentes operadores de implementar sistemas de gesto alimentar, que lidem com os
riscos associados ao fornecimento dos seus produtos. De igual modo, torna-se
fundamental desenvolver sistemas de comunicao eficazes ao longo dessa mesma
-
7/25/2019 Jos Miguel Candeias Fernandes Coelho - Implementao Da NP en ISO 22000 2005, Sistemas de Gesto Da Segur
18/189
2
cadeia, quer a montante quer a jusante da posio ocupada pela organizao, de forma a
lidar com as necessidades e expectativas associadas, quer a cada um dos diferentes
parceiros de negcio, quer com os organismos oficiais de controlo como o caso emPortugal, da ASAE (Autoridade de Segurana Alimentar e Econmica) e da DGV
(Direco Geral de Veterinria).
assim resultante da necessidade de satisfazer as expectativas quer dos clientes internos
(colaboradores dos vrios departamentos que constituem empresa), quer externos
(entidades pblicas, organismos regulamentares, fornecedores, clientes, etc.) da
organizao, que a mesma pretende submeter o seu sistema actual de funcionamento,
em termos de segurana alimentar aos critrios de uma norma ISO (International
Organization for Standardization).
A ISO uma organizao internacional, no-governamental com sede em Genebra na
Sua, constituda por membros provenientes de 163 pases, dos quais se podem referir
entre outros a Frana, Alemanha, Canada, Blgica, Estados Unidos, Japo, Brasil e
Portugal. Nesta organizao cada um dos seus membros assume uma posio de
igualdade, face aos restantes membros, independentemente do seu tamanho ou da fora
da sua economia. A sua funo elaborar padres ou normas internacionais de modo a
facilitar as relaes comerciais entre os diferentes pases. Segundo Marcon (2010), aadopo das normas ISO vantajosa para as organizaes uma vez que lhes confere
maior organizao, produtividade e credibilidade elementos facilmente identificveis
pelos clientes aumentando a sua competitividade nos mercados nacionais e
internacionais.
O presente trabalho foi elaborado, com o intuito de proporcionar uma viso global de
todo o panorama envolvente, no qual a Norma objecto de estudo se encontra inserida,
pretendendo o mesmo dar a conhecer de forma resumida, o que a certificao e as
etapas envolvidas at ao culminar desse mesmo processo. O impacto e as expectativas
geradas na indstria alimentar com o aparecimento deste referencial so tambm
evidenciados com a finalidade de expor os desafios actuais deste sector, quer no que
concerne s questes de competitividade relacionadas com os vrios mercados
internacionais, quer no que se relaciona com o processo de deciso interna necessrio
por em prtica por qualquer organizao, na altura de optar por qual o melhor sistema
de gesto de segurana alimentar a acolher.
-
7/25/2019 Jos Miguel Candeias Fernandes Coelho - Implementao Da NP en ISO 22000 2005, Sistemas de Gesto Da Segur
19/189
3
A importncia do produto, enquanto agente principal da actividade da empresa, tambm
no foi esquecida, tendo-se procedido a uma breve abordagem a este tema, de maneira a
apresentar os factos que se relacionam com este sector de actividade em particular,sendo que neste seguimento se expem os principais potenciais riscos alimentares a que
os consumidores deste tipo de produto se encontram sujeitos.
O trabalho encontra-se dividido em dois captulos. Sendo que no primeiro captulo se
englobam as temticas envolventes ao referencial em causa, e que por esse motivo
proporcionam o seu enquadramento. Enquanto que o segundo captulo, ficou reservado
explicao e anlise de cada um dos vrios requisitos que integram a Norma.
Neste segundo captulo, ir ser ento possvel constatar a metodologia adoptada para arealizao do estudo do sistema de segurana alimentar praticado pela empresa. Para
uma melhor compreenso da relevncia das constataes efectuadas, relativas s
prticas internas existentes, por comparao ao pretendido, procedeu-se a uma breve
explicao dos objectivos a alcanar para cumprimento das mesmas. Desta forma e na
sequncia da informao disponibilizada e verificada no decurso deste trabalho,
procedeu-se ao desenvolvimento da documentao necessria, afim de mitigar os
desvios encontrados na organizao face ao estabelecido no referencial, de modo a
proporcionar organizao o suporte necessrio rumo ao seu objectivo futuro.
Captulo I Reviso Bibliogrfica
1. Certificao
1.1. Conceito e enquadramento
A certificao o procedimento mediante o qual um determinado organismo, d uma
garantia por escrito, de que um determinado produto, processo ou servio, se encontra
conforme os requisitos especificados. A certificao por consequncia, o meio que
atesta a garantia da conformidade, referente a determinado documento normativo e que
se materializa na emisso de um certificado (Pons & Sivardire, 2002). Segundo
Instituto Portugus da Qualidade [IPQ] (2012) a certificao de uma empresa, qualquer
que seja a sua dimenso ou sector de actividade, consiste no reconhecimento formal por
um organismo de certificao entidade externa independente (terceira parte) e
preferencialmente acreditada no mbito do Sistema Portugus da Qualidade (SPQ)
-
7/25/2019 Jos Miguel Candeias Fernandes Coelho - Implementao Da NP en ISO 22000 2005, Sistemas de Gesto Da Segur
20/189
4
aps a realizao de uma auditoria, de que essa organizao, dispe de um sistema de
gesto implementado que cumpre as Normas aplicveis, dando lugar emisso de um
certificado.
O recurso a uma certificao de terceira parte, realizada por uma entidade externa
(organismo de certificao) e independente da organizao, tem sido adoptada de forma
exponencial pelas empresas de todo o mundo. Situao esta para a qual concorrem
muitos factores, sendo que entre os mais simples se encontram, o aumento da confiana
nos sistemas de certificao, o desejo quer por parte dos clientes quer dos fornecedores
em reduzir determinados tipos de custos, substituindo assim muitas auditorias de
segunda parte (este tipo de auditorias realizada por clientes ou potenciais clientes com
o objectivo de verificar o grau de cumprimento dos requisitos afectos (legais e outros)
por exemplo ao produto, processo, armazenamento, distribuio, etc.) por uma nica
auditoria de terceira parte, e ao desenvolvimento em tantos outros pases das
infraestruras (ex.: organismos de acreditao nacionais, organismos de certificao
locais, programas de formao para auditores e esquemas de certificao de auditores)
necessrias para o fornecimento de um servio fivel a um custo que se possa considerar
razovel (ISO, 2008). Contudo e citando Paiva et al. (2009) a certificao
genuinamente relevante , em ltima anlise, aquela que os clientes concedem a uma
organizao quando optam pelos seus produtos ou servios, pois em situaes de
funcionamento normal do mercado, isto significa dizer que a estratgia implementada
est a ter sucesso. No entanto, ao reconhecer que os clientes constituem, ou pelos menos
devem constituir, um dos objectivos primeiros de uma qualquer organizao, h que
estar consciente de que a qualidade, para o ser, tem de ser visvel para o mercado.
aqui que a certificao desempenha um papel importante. A certificao garante, pelo
menos, que existe uma elevada probabilidade de que as coisas sejam feitas de uma
forma sistematizada, documentada e bem suportada, fornecendo por isso mesmoconfiana.
Um pedido de certificao exige um grande envolvimento das diversas partes da
organizao, pelo que a empresa tem de o querer. Contudo, cada vez mais se torna uma
imposio do mercado, mesmo a nvel internacional. A certificao de empresas no
obrigatria sendo a deciso de certificao facultativa, devendo ser tomada pelo seu
responsvel mximo. Qualquer certificao por sua vez temporria, obrigando a
empresa a efectuar revises peridicas ao sistema, atravs de auditorias internas
-
7/25/2019 Jos Miguel Candeias Fernandes Coelho - Implementao Da NP en ISO 22000 2005, Sistemas de Gesto Da Segur
21/189
5
(auditorias de acompanhamento). O certificado emitido indica a sua data de validade e o
respectivo mbito (IAPMEI, 2012).
Os clientes exigem produtos com caractersticas que satisfaam as suas necessidades e
expectativas. Estas necessidades e expectativas so traduzidas em especificaes de
produtos e so referidas genericamente como requisitos do cliente. Devido mutao
das necessidades e expectativas dos clientes, s presses do mercado e aos avanos
tecnolgicos, as organizaes so levadas a aperfeioar continuamente os seus produtos
e processos (NP EN ISO 9000:2005). Certificar uma empresa, deve significar no seu
limiar mnimo de bom funcionamento, o ponto de partida para atingir a qualidade
total, pois o mercado (concorrentes e clientes) continuara em mutao (IAPMEI,
2012).
1.2. Breve perspectiva nacional e internacional
Apesar da actual conjuntura da economia nacional, verifica-se que a certificao
continua a ser um objectivo das organizaes no nosso pas. A actividade de certificao
tem taxas de crescimento superiores s da economia portuguesa, o que traduz a
relevncia estratgica que a certificao assume de forma transversal a todos os sectores
da actividade econmica. (Vaz, 2009). Segundo os resultados publicados na edio da
ISO Survey 2010, foi verificado um aumento do nmero de certificados emitidos em
relao a 2009, numa ordem de grandeza de 6,23%, representando um total de 145792
certificaes a nvel mundial, sendo os utilizadores de uma ou de mais das suas normas
de 178 pases (British Assessment Bureau, 2011).
1.3. A certificao ISO 22000:2005 no contexto internacional
No que respeita ao nmero de certificados ISO 22000:2005 emitidos, verificou-se
segundo informao publicada pela ISO, no seu relatrio ISO Survey 2009, um aumento
de 69% dos mesmos face ao ano de 2008. Desta forma, foram assim implementados atao final de Dezembro de 2009, pelo menos 13881 Sistemas de Gesto ISO 22000 em
127 pases, traduzindo desta forma um aumento de 5675 certificados, face ao respectivo
ano anterior, quando o total de certificados emitidos foi de 8206 relativos a 112 pases
(ISO, 2010). A figura 1 apresenta as taxas de crescimento mundial por referencial
normativo, sendo de realar a preocupao crescente das organizaes com a segurana
dos seus produtos alimentares, e por conseguinte, com a adopo deste mesmo
referencial, amplamente reconhecido em termos internacionais como uma mais valia
-
7/25/2019 Jos Miguel Candeias Fernandes Coelho - Implementao Da NP en ISO 22000 2005, Sistemas de Gesto Da Segur
22/189
6
importante na estrutura interna das organizaes e suas trocas comerciais (Adaptado de:
Ramos, 2012).
Figura 1: Taxa de crescimento mundial por referencial normativo em 2010.
Fonte: (Ramos, 2012).
1.4. Processo de certificao
Para a realizao deste ponto em particular, foi realizado um pequeno estudo de
mercado, referente ao processo adoptado por alguns organismos de certificao, que
em Portugal disponibilizam este tipo de servio Certificao de acordo com o
referencial NP EN ISO 22000: 2005 Sistemas de Gesto da Segurana Alimentar.
Entre os organismos em estudo, encontram-se a Certif Associao para a certificao,
Bureau Veritas Portugal, EIC Empresa Internacional de Certificao, SGS ICS Servios Internacionais de Certificao e a APCER Associao Portuguesa de
Certificao.
O estudo realizado teve assim como objectivo, a elaborao de um diagrama de fluxo
simplificado que de uma forma genrica, conseguisse traduzir todo o percurso a realizar
(etapas do processo de certificao) por uma empresa que se pretenda certificar pela
respectiva norma. Contudo importa de igual modo referir que o processo que
posteriormente se apresenta, muito semelhante ao adoptado pelos mesmos organismos
de certificao, no que respeita certificao referente a outros referenciais normativos
como por exemplo a NP EN ISO 9001:2008 Sistemas de Gesto da Qualidade. O
perodo mdio de durao de um projecto de certificao de uma empresa varivel de
acordo com vrias caractersticas inerentes organizao em causa, nomeadamente a
sua dimenso, podendo, no entanto, ser apontado como prazo mdio cerca de 12 meses
(Associao Empresarial de Portugal [AEP], 2006). As etapas a percorrer referentes ao
objectivo final de certificao, so as que se descrevem na figura 2.
-
7/25/2019 Jos Miguel Candeias Fernandes Coelho - Implementao Da NP en ISO 22000 2005, Sistemas de Gesto Da Segur
23/189
7
Figura 2: Diagrama de fluxo simplificado do processo de certificao.
Legenda:
Nota explicativa
Escolha do organismo de certificao
Anlise da documentao pelo organismo decertificao
Envio da documentao requerida para instruodo processo de certificao
Obteno do caderno de especificaes
Rene ainformaonecessria?
No
Sim
Realizao de auditoria (1 Fase) pelo Organismos
de certificao
Elaborao do relatrio de auditoria
Foram abertas noconformidades?
No
Sim
Encerramento das no conformidades detectadas
Realizao de auditoria (2 Fase) pelo organismode certificao
Elaborao do relatrio de auditoria
Foram abertas noconformidades?
No
Sim
Encerramento das no conformidades detectadas
Atribuio de nmero e emisso de certificado(vlido por 3 anos)
Deciso positiva decertificao ?
Durante este perodo de 3 anos, o organismo de certificaorealizar auditorias de seguimento ao sistema, de maneira aassegurar-se que o sistema implementado se encontra afuncionar de acordo com o estabelecido na respectiva Norma. Auditorias de seguimento
Decorrido este perodo de tempo (3 anos) inicia-senovo ciclo Renovao
Esta auditoria visa entre outros assuntos:
Avaliar a preparao do SGSA para a auditoria de 2 fase; Conhecer a organizao para melhor planificar a fase seguinte; Validar mbito, objectivos e mtodos; Identificar potenciais problemas; Recolher informaes adicionais se necessrio;
Esta auditoria visa entre outros assuntos:
Avaliar a adequao, implementao e eficcia do SGSA.
Fonte: Do autor.
Etapa do processo
Deciso
-
7/25/2019 Jos Miguel Candeias Fernandes Coelho - Implementao Da NP en ISO 22000 2005, Sistemas de Gesto Da Segur
24/189
8
Citando ISO (2008) antes da empresa se comprometer com qualquer organismo de
certificao, recomendvel que seja realizada uma sondagem s empresas disponveis
no mercado que prestam este tipo de servio, de maneira a que as mesmas, lhesapresentem as suas propostas para a respectiva inteno, esboando os seus servios
existentes, preos e respectiva calendarizao associada ao processo de certificao.
Ainda segundo ISO (2008) antes de contactar qualquer organismo de certificao, para
dar incio a todo o processo, a organizao dever encontrar-se totalmente preparada
para o efeito, sendo que o sistema de gesto de segurana alimentar dever encontra-se
plenamente implementado. Dizer que a organizao dever estar bem preparada
significa dizer, ter o sistema operacional sem problemas, e assegurar-se de que os seus
colaboradores compreendem o processo de auditoria. assim considerada boa prtica
possuir alguma experincia na gesto do referido sistema. Muitos dos organismos de
certificao podem requerer, por exemplo, registos correspondentes aos ltimos trs
meses de funcionamento do mesmo, quando dem inicio reviso da documentao
existente.
Sublinha-se que quando uma organizao, toma a deciso de se certificar, deve estar
plenamente consciente de que a realizao de auditorias implica que a organizao
abra completamente as suas portas s equipas auditoras, as quais iro,inevitavelmente, necessitar de acesso a todas as reas da organizao abrangidas pelo
sistema de gesto. As mesmas iro certamente querer entrevistar os colaboradores,
observar locais e analisar os documentos e registos necessrios ao desempenho das suas
funes. A organizao auditada dever, ainda, disponibilizar alguns dos seus
colaboradores para acompanharem a equipa auditora ao longo de toda a auditoria. Por
outro lado, sendo certo que no momento de realizao da auditoria inicial ou de
concesso, a organizao dever evidenciar a realizao de pelo menos um ciclo de
auditoria interna (envolvendo todas as reas abrangidas pelo sistema) e de pelo menos
um ciclo de reviso do sistema, e sabendo que por sua vez, esta deve ser baseada em
fontes de informao, tais como as mencionadas aces correctivas e preventivas,
chega-se concluso que extremamente difcil conseguir reduzir tempos neste tipo de
projectos se, se estiver a trabalhar de forma sria (Paiva et al., 2009).
Os organismos de certificao acreditados, devem realizar a avaliao necessria,
segundo o determinado, e cumprir com os requisitos da Especificao Tcnica ISO/TS
-
7/25/2019 Jos Miguel Candeias Fernandes Coelho - Implementao Da NP en ISO 22000 2005, Sistemas de Gesto Da Segur
25/189
9
22003 ou o estabelecido pela sua prpria entidade de acreditao (ISO, 2008). Segundo
a DQA (2012) a certificao e a acreditao so actividades diferentes, sendo a
acreditao o reconhecimento da competncia tcnica para exercer as actividades deavaliao de conformidade, como por exemplo reconhecimento para a certificao de
sistemas de gesto, de produtos, etc. Quer a acreditao quer a certificao tm sido
actividades de sucesso em Portugal, o que significa que quer uma quer outra tm
registado nveis de crescimento significativo. (Cortez, 2006).
1.5. Vantagens e desvantagens da certificao
A certificao implica aces padronizadas e universais, e um fenmeno que se tornou
numa forma fundamental de coordenao e controlo no mercado global. Muitos factores
indicam que a certificao aumentou com a globalizao (Poksinska, 2007 cit. por
Ramos, 2009). Segundo Briscoe et al. (2005) e Chang & Lo (2005) cit. por Ramos
(2009) a certificao conduz s seguintes vantagens:
a) Consciencializao dos membros da empresa acerca do conceito e importncia
da qualidade;
b) Melhores prticas de gesto (melhoria dos processos de gesto, maior integrao
dos processos, aumento da produtividade, melhor documentao e comunicao
interna, clarificao da autoridade e responsabilidade, melhoria dos sistemas de
auditoria e inspeco);
c) Poupana em custos de no qualidade;
d) Aumento da qualidade e da vantagem competitiva;
e) Aumento da satisfao de clientes e melhor imagem externa.
Ainda segundo Briscoe et al. (2005) cit. por Ramos (2009) a certificao apresenta asseguintes desvantagens:
a) Custos de obteno do certificado e sua manuteno;
b) Renovao do certificado e incremento da burocracia interna;
c) Aumento das cargas de trabalho e subida dos custos totais.
-
7/25/2019 Jos Miguel Candeias Fernandes Coelho - Implementao Da NP en ISO 22000 2005, Sistemas de Gesto Da Segur
26/189
10
2. NP EN ISO 22000:2005
2.1. Origem
Com o objectivo claro de harmonizar, a nvel internacional, as vrias directrizesrelacionadas com sistemas de segurana alimentar, o organismo dinamarqus de
normalizao (DS) submeteu, no seio da ISO, uma proposta de elaborao de uma
norma internacional relativa concepo e desenvolvimento destes sistemas. Como
consequncia, foi criado um grupo de trabalho dentro do comit de produtos alimentares
da ISO (TC34/WG8) que elaborou a norma ISO 22000:2005 Food Safety
Management systems Requirements for any organization in the food chain. (Queiroz,
2006). Em 30 de Julho de 2005 foi inicialmente publicada a ISO 22000, traduzida
posteriormente para NP EN ISO 22000:2005 Sistemas de Gesto da Segurana
Alimentar Requisitos para qualquer organizao que opere na cadeia alimentar
(Magalhes, 2007).
2.2. Estrutura e elementos chave
A NP EN ISO 22000:2005 constituda por oito captulos, sendo os primeiros trs
referentes ao campo de aplicao da Norma, referncia normativa e termos e definies
aplicveis para interpretao da mesma.
Os requisitos a ter em conta na definio do sistema de gesto da segurana alimentar
encontram-se definidos entre os captulos quatro e oito do referencial, especificando os
mesmos, um conjunto coerente de processos de modo a permitir gesto de topo, uma
concretizao dos seus objectivos de maneira a cumprir a sua politica de gesto
alimentar (Adaptado de: ISO 22000:2005).
As condies neles estabelecidas referem-se e relacionam-se de uma forma geral, com a
responsabilidade da gesto, com a gesto dos recursos humanos da organizao, com o
planeamento dos seus processo de produo com o objectivo de produzir e garantir a
segurana dos seus produtos, bem como, com as actividades de validao e verificao
das metodologias a definir rumo a uma melhoria continua, suportada por um correcto
desenvolvimento documental, privilegiando sempre uma adequada comunicao do
risco alimentar (Adaptado de: ISO 22000:2005).
-
7/25/2019 Jos Miguel Candeias Fernandes Coelho - Implementao Da NP en ISO 22000 2005, Sistemas de Gesto Da Segur
27/189
11
A Norma combina assim os seguintes elementos chave, geralmente reconhecidos como
essenciais, que permitem assegurar a segurana dos gneros alimentcios ao longo da
cadeia alimentar, at ao consumidor final (NP EN ISO 22000:2005):
a) Comunicao interactiva;
b) Gesto do sistema;
c) Programas de pr-requisitos;
d) Princpios HACCP.
Segundo APCER (2011) embora no explicitado na NP EN ISO 22000:2005, a
abordagem por processos est implcita na estrutura da norma e na prpria metodologia
HACCP. A grande vantagem da abordagem por processos reside no facto de existir um
controlo mais detalhado e rigoroso do sistema existente, o que proporciona uma maior
interligao dos processos individuais, dentro do sistema de processos, bem como sobre
a sua combinao e interaco.
2.3. Papel na Indstria alimentar
Falar em segurana alimentar apenas faz sentido se encararmos a cadeia alimentar e
todos os seus intervenientes como um todo (Guedes, 2008). A filosofia do prado ao
prato sublinha que o reconhecimento por parte do consumidor da qualidade e da
segurana dos alimentos deve ser uma prioridade para a indstria (Arvanitoyannis &
Tserkezou, 2009). Ao nvel global, instituies como a Organizao Mundial de Sade
(OMS) e a Organizao das Naes Unidas para a Alimentao e a Agricultura (FAO),
que publicaram o Codex Alimentarius, e a Organizao Internacional de Normalizao
(ISO) esto envolvidas. J ao nvel europeu, a cooperao assegurada pela Comisso
Europeia (CE), Autoridade Europeia para a Segurana dos Alimentos (EFSA) e pelos
Estados-Membros (EM). Considera-se pois, que o conhecimento apropriado sobre
segurana alimentar e o intercmbio de informao entre as demais instituies de
segurana alimentar aos nveis global, europeu e nacional so fundamentais para a
proteco do consumidor (German Federal Institute for Risk Assessment[BfR], 2009).
Sem considerar as consequncias adversas na sade, os surtos de origem alimentar
resultam na reduo da confiana do consumidor nos alimentos, acarretando
importantes perdas econmicas para a indstria alimentar (Taylor, 2011). A norma ISO
-
7/25/2019 Jos Miguel Candeias Fernandes Coelho - Implementao Da NP en ISO 22000 2005, Sistemas de Gesto Da Segur
28/189
12
22000:2005 pretende oferecer a soluo, ao definir um conjunto de requisitos para um
sistema de gesto da segurana alimentar, que por se tratar de uma norma ISO, tem o
reconhecimento internacional facilitado, face aos outros referenciais nesta matria(Magalhes, 2006; Oliveira, 2006). Uma das principais vantagens, com a utilizao
deste referencial normativo, respeita ao facto, de ser aplicvel a todos os sectores da
cadeia alimentar, destinando-se a todas as organizaes, que influenciem a segurana
alimentar do prado ao prato, incluindo a produo de embalagens e a prestao de
servios, entre outras (Magalhes, 2006).
Apesar de muitas empresas, especialmente as de maior dimenso, terem j
implementado a ISO 22000 ou estarem em vias de o fazer, outras permanecem
relutantes em faz-lo. De salientar que a principal preocupao deriva da falta de
informao associada ao receio de que esta norma seja demasiado exigente ao nvel do
trabalho burocrtico (Arvanitoyannis, Palaiokostas, & Panagiotaki, 2009).
Como consequncia do aumento significativo de doenas causadas por alimentos
contaminados, tanto em pases desenvolvidos como em pases em vias de
desenvolvimento, a adopo e implementao de sistemas eficazes de gesto da
segurana alimentar tornou-se necessrio (Arvanitoyannis & Kassaveti, 2009).
A indstria alimentar est hoje mais desperta para aceitar as mudanas e tambm mais
capaz para as executar, fruto no s da evoluo das metodologias como da maior
qualificao tcnica dos seus recursos humanos. A indstria agro-alimentar nacional
tem procurado, de acordo com os meios que tem ao dispor, nomeadamente aos nveis
tcnico e de recursos humanos, desenvolver as melhores metodologias para garantir a
segurana alimentar dos consumidores (Queiroz, 2008).
A norma ISO 22000:2005 apresenta actualmente um grande potencial de aplicao, isto
porque, por um lado, oferece um nvel acrescido de segurana alimentar aos
consumidores, um factor fundamental para a competitividade das empresas do sector, e
por outro lado, perante a grande diversidade de normas de segurana alimentar (DS
3027, EurepGap, IFS, BRC-Food, etc.) possibilita uma harmonizao dos requisitos,
definindo, deste modo, um autntico sistema universal de gesto da segurana alimentar
(Nunes & Cardoso, 2007). A IS0 22000 assume-se, pois, como o novo padro
internacional genrico para sistemas de gesto da segurana alimentar, que visa
promover a conformidade dos produtos e dos servios relativamente a referenciais
-
7/25/2019 Jos Miguel Candeias Fernandes Coelho - Implementao Da NP en ISO 22000 2005, Sistemas de Gesto Da Segur
29/189
13
internacionais, providenciando garantias no mbito da qualidade, da segurana e da
confiana (Arvanitoyannis & Kassaveti, 2009).
Esta norma veio assim harmonizar o vasto conjunto de normas e sistemas relacionados
com a garantia da segurana dos gneros alimentcios, permitindo que as empresas que
a adoptem, sejam globalmente reconhecidas nessa matria, e tambm que vo alm do
que normalmente requerido pela legislao (Associao Portuguesa de Certificao
[APCER], 2011; Queiroz, 2006).
2.4. Enquadramento face a outros referenciais normativos
2.4.1. Relao com a NP EN ISO 9001:2000 Sistemas de gesto da qualidade
A NP EN ISO 22000 foi desenvolvida de acordo com o ISO Guide 72:2001
Guidelines for the justification and development of management system standards ,
tendo como referncia normativa a ISO 9000:2000 Fundamentals and vocabulary e
correspondncia com a ISO 9001:2000 Quality management sytems Requirements.
(Queiroz, 2006).
Em termos comparativos, a NP EN ISO 22000: 2005 tem uma estrutura similar da
ISO 9001:2000, facto que ir permitir uma perfeita integrao, no justificando
quaisquer mudanas radicais num sistema de gesto da qualidade j existente. Por outrolado a ISO 22000:2005 constitui uma ferramenta adicional ao sistema de gesto da
qualidade, dando nfase a uma maior responsabilizao e consciencializao
demonstrvel para com a segurana alimentar (Oliveira, 2006). Embora a ISO
22000:2005, seja uma Norma de carcter geral, ela no foi publicada em termos globais
com a finalidade de substituir, a ISO 9001:2000. O que se pretende, que a primeira
venha completar, a abordagem global da segunda, centralizada na satisfao dos
clientes, resultando assim da sua interaco conjunta, uma abordagem global, focada
quer na segurana alimentar, quer dos produtos e servios fornecidos, no momento doconsumo (APCER, 2011; Magalhes, 2007). A adopo da ISO 22000:2005,
complementando a ISO 9001:2000 na vertente especifica da segurana alimentar das
organizaes ligadas cadeia alimentar, leva a que a organizao assegure, de forma
consistente, que os seus produtos e servios so seguros para a alimentao humana.
Desta forma, mais uma vez complementando a ISO 9001:2000, aumenta-se a
satisfao, a confiana e a fidelizao dos clientes e consumidores. Por outro lado e uma
-
7/25/2019 Jos Miguel Candeias Fernandes Coelho - Implementao Da NP en ISO 22000 2005, Sistemas de Gesto Da Segur
30/189
14
vez que uma falha na segurana alimentar um tema muito meditico e ao qual os
consumidores so muito sensveis, a adopo da ISO 22000 conduz de forma
sustentada, diminuio de ocorrncia de falhas (Neves, 2007).
A NP EN ISO 9001:2000 encontra-se focada na satisfao do cliente, demonstrando a
sua aptido para proporcionar produto que v de encontro aos seus requisitos e aos
regulamentos aplicveis, visando aumentar a sua satisfao num processo de melhoria
contnua. O seu carcter mais abrangente que a NP EN ISO 22000:2005, no entanto a
segurana alimentar uma dimenso dos requisitos do cliente, nos quais se incluem
tambm outros requisitos, tais como os de qualidade, de servio e de preo, no s do
cliente final como de outros clientes ao longo da cadeia. A NP EN ISO 9001:2000 gere
assim todos os requisitos dos clientes incluindo a segurana alimentar, enquanto
requisito de cliente e requisito legal. Contudo, sendo de aplicao geral a todos os
sectores no prope uma abordagem especfica para a segurana alimentar.
Complementarmente a certificao segundo a NP EN ISO 22000:2005 demonstra a
conformidade com a abordagem HACCP, a legislao e requisitos do cliente em matria
de segurana alimentar, promovendo a melhoria contnua (APCER, 2011).
importante referir, que a grande maioria das normas ISO, so normas verticais,
especficas para um produto, mtodo ou processo em particular (ISO, 2009). Noentanto, a norma ISO 22000:2005, semelhana da norma ISO 9001:2000, uma
norma horizontal, ou seja, uma norma genrica para sistemas de gesto do risco
alimentar, que pode ser aplicada a qualquer interveniente da cadeia alimentar
(Magalhes, 2007).
2.4.2. Relao com outros referenciais de segurana alimentar
Segundo Magalhes (2006) ao contrrio do BRC ou do IFS, a ISO 22000:2005 no
inclui uma lista exaustiva de requisitos de boas prticas. A ISO 22000:2005 tem aimplementao de boas prticas como requisito na sua estrutura, no entanto, as linhas
orientadoras dessas boas prticas devem ser definidas pela organizao.
Citando Oliveira (2006) a ISO 22000:2005 constitui-se a ferramenta ideal para a
correcta implementao do sistema HACCP. O processo de planeamento e realizao de
produtos seguros da ISO 22000, assenta numa combinao dinmica dos programas
pr-requisitos (PPR) com as vrias etapas de implementao, de um sistema baseado
-
7/25/2019 Jos Miguel Candeias Fernandes Coelho - Implementao Da NP en ISO 22000 2005, Sistemas de Gesto Da Segur
31/189
15
nos princpios HACCP descritos pela comisso do Codex Alimentarius (CAC/RCP 1-
1969 Rev. 4-2003) (Queiroz, 2006).
Quando a ISO 22000 sofreu uma reviso pela Global Food Safety Initiative [GFSI] e
estava a ser considerada para incluso na sua lista de normas reconhecidas (que inclui
BRC, IFS, SQF e Dutch HACCP) no abrangeu em pormenor os programas pr-
requisitos necessrios satisfao das preocupaes sobre segurana alimentar
especificas dos fabricantes de alimentos. Assim a PAS 220 foi desenvolvida para ser
usada juntamente com a ISO 22000, definindo os programas de prrequisitos no
includos na norma ISO 22000 (Lloyds Register Quality Assurance [LRQA], 2011).
Um dos requisitos especficos da ISO 22000 para as organizaes ao longo da cadeia devalor consiste em criar, implementar e manter programas de pr-requisitos (PPRs) para
assistir na eliminao dos riscos da segurana alimentar no processo de fabrico. O
referencial PAS 220:2008 complementa os requisitos previstos na ISO 22000, tornando-
a mais completa e aproximando-a dos princpios do Global Food Safety Iniciative
(GFSI) (SGS, 2009).
A Foundation for Food Safety Certification (FFSC) combinou, essencialmente, os
requisitos da ISO 22000: 2005 com os da especificao PAS 220:2008 e publicou o
esquema FSSC 22000 (Alimentcias, 2010).
3. O Queijo
3.1. Breve anlise do consumo e produo
De acordo com os dados divulgados pela OCDE/FAO a produo mundial de queijos
em 2010 posicionou-se na ordem das 20,6 milhes de toneladas, representando um
aumento de 2% face a 2009. Ainda para 2011, as previses revelam um aumento deste
valor na ordem de 1,8% face a 2010, estipulando-se actualmente que em 2018 a sua
produo aumente na ordem dos 15% (TodoAgro, 2011). Ainda assim, muitos queijos
so ainda produzidos em pequena escala e a grande diversidade de processos
tecnolgicos usados no seu fabrico resulta em diferentes caractersticas fsicas, qumicas
e microbiolgicas do produto processado (Planzier et al., 2009).
-
7/25/2019 Jos Miguel Candeias Fernandes Coelho - Implementao Da NP en ISO 22000 2005, Sistemas de Gesto Da Segur
32/189
16
A U.E. a 27 Estados Membros lidera, a produo mundial de queijo, seguida pelos EUA
(Geisler, 2011). Os principais produtores de queijo na Europa foram a Alemanha,
Frana, Itlia, Holanda e Polnia (Associao Nacional dos Industriais de Lacticnios[ANIL], 2011).
Segundo o Eurostat (2008) o consumo de lacticnios per capita excede os 100 kg/ano,
com mais de 80% deste valor representado pelo leite. No que concerne ao queijo, o
consumoper capita deste alimento situa-se nos 16,5 kg/ano entre os 27 EM. Em 2007 a
U.E. importou 94 000 toneladas de queijo e exportou 594 000, representando,
respectivamente, 407 e 2431 milhes de euros.
3.2. Segurana alimentarO leite apresenta-se como um meio excepcional para o desenvolvimento e crescimento
de muitos microrganismos, devido sua riqueza em nutrientes (protenas, lpidos,
hidratos de carbono, vitaminas e minerais) apresentando um teor de humidade alto e um
pH neutro. A exposio do leite aos microrganismos acontece praticamente durante todo
o seu processo de preparao para o consumo, ocorrendo nas fases de recolha,
transporte, processamento, armazenamento e distribuio (International Commission on
Microbial Specifications for Foods [ICMFS], 2006).
A qualidade microbiolgica do leite importante sob o ponto de vista sanitrio, uma
vez que pode ser veculo de transmisso de microrganismos patognicos. No entanto, a
presena no leite de microrganismos no patognicos tambm pode causar danos sob o
ponto de vista tecnolgico e econmico. Estes microrganismos podem causar alteraes
que comprometem a aptido do leite, quer para consumo directo quer para ser
transformado em derivados (Canada, 2008).
A sobrevivncia e o desenvolvimento de microrganismos patognicos no queijo,
depende de vrios factores, que incluem o pH, aW, a temperatura, as alteraes
bioqumicas ocorridas durante o processo de maturao, a existncia ou no de
microfloras concorrentes, das prticas de fabrico utilizadas no manuseamento do leite,
especialmente se o mesmo no for pasteurizado, entre outros aspectos. (FDA, 2001).
A falta de conhecimento dos produtores de queijos e a inexistncia de tratamento
trmico (pasteurizao ou fervura) de leites contaminados provenientes principalmente
de pequenos ruminantes e destinados ao fabrico de queijos frescos, tem sido responsvel
-
7/25/2019 Jos Miguel Candeias Fernandes Coelho - Implementao Da NP en ISO 22000 2005, Sistemas de Gesto Da Segur
33/189
17
por grande parte dos incidentes descritos, provocando alguma desconfiana por parte do
consumidor ao nvel da segurana do produto final, com grandes prejuzos para todos os
agentes envolvidos na produo de leite, na sua transformao e na comercializao doqueijo (Canada, 2008).
3.2.1 Riscos microbiolgicos
De acordo com a Food and Drug Administration (FDA) e a Directiva CEE 92/46 os
principais microrganismos patognicos associados ao consumo de leite e produtos
lcteos so a Salmonella spp., Listeria monocytogenes, Staphylococcus aureus e
Escherichia coli O157: H7 (Beuvier & Buchin, 2004; ICMFS, 2006). Alguns destes
microrganismos patognicos, tais como a Salmonella e aE. coli O157: H7, fazem parte
da flora do tracto intestinal de muitos ruminantes, incluindo aqueles que so utilizados
na alimentao humana, para produo de leite, como por exemplo dos bovinos, ovinos
e caprinos (Baylis, 2009). necessrio ter presente, que os microrganismos,
desempenham um papel importante na transformao e conservao de muitos produtos
alimentares, contribuindo com o seu desenvolvimento e multiplicao, para as
caractersticas finais de um sem nmero de produtos alimentares, que por ns tanto
apreciados so, como por exemplo, os iogurtes, queijos, vinhos, entre outros (FDA,
2001).
3.2.1.1.Listeria monocytogenes
A L. monocytogenes, um dos mais perigosos patognicos para a indstria alimentar
(Allerberger, 2007). um bacilo Gram-positivo, oxidase negativa, catalase positiva,
sem colnias pigmentadas (Jay, 2000), sendo o agente causal da listeriose humana, uma
doena de origem alimentar atpica (Baylis, 2009). A infeco provocada por L.
monocytogenes depende principalmente do estado imunitrio do hospedeiro, da
virulncia da estirpe, da quantidade de inculo e da composio do alimento, como por
exemplo o teor em sal, gua disponvel e acidez (McLauchlin, Mitchell, Smerdon &
Jewell, 2004). A listeriose no uma doena de declarao obrigatria em Portugal, e
por este motivo os dados referentes a esta doena so escassos, alm disso o facto do
quadro clnico da listeriose no ser caracterstico dificulta o seu diagnstico (Mena,
Almeida, Carneiro, Teixeira, Hogg & Gibbs, 2004). O processo de infeco por L.
monocytogenes, devido ingesto de alimentos contaminados, inicia-se com a
colonizao do tracto gastrointestinal, seguida da deslocao da bactria para o fgado e
-
7/25/2019 Jos Miguel Candeias Fernandes Coelho - Implementao Da NP en ISO 22000 2005, Sistemas de Gesto Da Segur
34/189
18
multiplicao neste rgo. Segue-se a infeco de outros tecidos, tais como a
colonizao da placenta e do feto (mulheres grvidas) ou a invaso do crebro, o que
pode conduzir, no primeiro caso, a um aborto ou septicemia neonatal, e no segundocaso, ao desenvolvimento de meningite ou septicemia (Lecuit, 2007). A listeriose pode
ter um longo perodo de incubao, muitas vezes mais do que 5 semanas, isto leva a que
seja difcil identificar quais os alimentos suspeitos assim como a sua recolha para que se
possa proceder anlise dos mesmos, uma vez que na maioria dos casos j foram
consumidos ou eliminados (Guerra & Bernardo, 2004).
O controlo de L. monocytogenes na indstria de processamento de alimentos
extremamente desafiador visto que o microrganismo sobrevive e cresce a temperaturas
de refrigerao, tolera sal em elevada concentrao, resiste a um pH baixo e apresenta
grande capacidade para formar biofilmes em superfcies de equipamentos, difceis de
erradicar (Gandhi & Chikindas, 2007).
AL. monocytogenes tem sido isolada de leite cru e de queijos, mas os queijos de pasta
mole e semi-mole so os que apresentam uma maior percentagem de isolados desta
bactria (Pintado, 2009). O queijo encontra-se na categoria dos alimentos considerados
de alto risco, por possuir as caractersticas necessrias ao alojamento e crescimento de
L. monocytogenes em elevados nmeros, isto , trata-se de um alimento pronto-a-comer,que pode ser preservado durante longos perodos de tempo e conservado a
temperaturas de refrigerao (International Life Sciences Institute [ILSI], 2005).
Segundo Pintado (2009) alguns queijos de certas regies de Portugal, apresentam-se
frequentemente contaminados por listria, sendo a entrada de leite cru contaminado na
queijaria um dos motivos da sua contaminao. O mesmo autor refere ainda, que a
incidncia de listria frequente nas queijarias durante o processo de fabrico, podendo
ser encontrada em diferentes tipos de superfcies, incluindo o ao inoxidvel, madeira e
uma variedade de plsticos, indicando que todos os materiais esto em risco potencial
de colonizao por este microrganismo.
3.2.1.2.Staphylococcus aureus
O Staphylococcus aureus um microorganismo Gram-positivo, oxidase negativa e
catalase positiva. Forma aglomerados, mostrando colnias pigmentadas quando
cultivado em agar. Muitas vezes forma clumps caractersticos, em forma de cachos de
uvas (Jay, 2000). um microrganismo produtor de vrias enterotoxinas relativamente
-
7/25/2019 Jos Miguel Candeias Fernandes Coelho - Implementao Da NP en ISO 22000 2005, Sistemas de Gesto Da Segur
35/189
19
resistentes ao calor, capazes de provocar doena no Homem, conhecida como
enterotoxmia estafiloccica. O Homem e os animais so considerados os principais
reservatrios deste microrganismo. Desenvolve-se melhor na presena de oxignio, mas capaz de se desenvolver tambm em meio anaerbio (Institute of Environmental
Science [ESR], 2001a; FDA, 2009a). Basta menos de 1,0 g de toxina num alimento
para produzir sintomas. Estes nveis de contaminao por toxinas so atingidos quando
a populao de Staphylococcus aureus excede as 105 clulas por grama de alimento,
sendo que contagens reduzidas deste microrganismo nos alimentos, no representam um
perigo directo para a sade (Forsythe, 2000; ESR, 2001a; FDA, 2009a). Alguns dos
produtos alimentares que so frequentemente implicados em infeco por
Staphylococcus aureus incluem carnes e produtos derivados, ovoprodutos, saladas,produtos de padaria e pastelaria recheados com diferentes cremes, recheios de
sanduches, leite e produtos lcteos. Os alimentos podem ser contaminados pelos
manipuladores, atravs do contacto directo ou de aerossis provenientes do tracto
respiratrio, gerados pela tosse ou pelo espirro. Os equipamentos e as superfcies
ambientais tambm podem agir como fontes de contaminao de Staphylococcus aureus
(ESR, 2001a; FDA, 2009a).
3.2.1.3.Salmonella
A Salmonella spp, um microrganismo Gram negativo, oxidase negativa, catalase
negativa, no produzindo colnias pigmentadas (Jay, 2000). um dos patognicos mais
prevalentes na indstria alimentar. Estudos sobre este microrganismo datam de h 100
anos, conotando-o como agente causador de vrios surtos de doenas transmitidas por
alimentos, particularmente em produtos lcteos e carnes (Kasrazadeh & Genigeorgis,
1994; Blackburn & McClure, 2002).
Embora a anlise de queijos comercialmente feitos raramente resulte em isolamento de
salmonelas, estas espcies podem crescer durante a fabricao de queijo e podem
sobreviver em vrios queijos de mais de 60 dias (ICMSF, 2006). A Salmonella typhi o
microrganismo causador da febre tifide, representando uma forma mais grave de
salmonelose do que a causada pelas restantes salmonelas (ESR, 2001b; FDA, 2009b).
Foram calculadas contagens de 104 1010 clulas como sendo a dose infecciosa mnima
para Salmonella spp, no entanto, pode haver infeco com teores to baixos quanto 15 a
20 clulas, dependendo da idade e do estado hgido do hospedeiro, bem como da estirpe
em causa (Forsythe, 2000; ESR, 2001b; FDA, 2009b). O tratamento trmico
-
7/25/2019 Jos Miguel Candeias Fernandes Coelho - Implementao Da NP en ISO 22000 2005, Sistemas de Gesto Da Segur
36/189
20
insuficiente, a utilizao de ingredientes contaminados no processados, a contaminao
cruzada e os abusos de temperatura durante o armazenamento so tambm factores
frequentemente envolvidos em surtos de salmonelose de origem alimentar (EuropeanFood Safety Authority [EFSA], 2009).
3.2.1.4.Escherichia coli
A Escherichia coli um bacilo Gram-negativo anaerbio facultativo, capaz de
desencadear processos de gastroenterite de gravidade varivel. Actualmente esto
reconhecidas quatro classes deEscherichia coli que causam gastroenterite em humanos:
a estirpe enterohemorrgica O157:H7, a estirpe enterotoxignica (ETEC), a estirpe
enteropatognica (EPEC) e as estirpes enteroinvasivas (EIEC) (FDA, 2009c). A dose
infecciosa mnima calculada para a E. coli de 106 107 clulas, ainda que doses mais
reduzidas possam ser suficientes para provocar a doena em crianas ou indivduos
imunodeprimidos. Contudo, est calculada uma dose infecciosa mnima de apenas 10
clulas para a estirpe EIEC e de 10 a 100 clulas para a variante O157:H7 (Forsythe,
2000; FDA, 2009c). Uma vez que estes microrganismos esto presentes no tracto
intestinal dos portadores e so excretados nas fezes, alimentos contaminados por
manipuladores que pratiquem uma m higiene pessoal podem actuar tambm como
veculos (ICMSF, 1996; FDA, 2009c). Outros factores, como os abusos de temperaturadurante o armazenamento, a contaminao cruzada ou a presena de um ingrediente
contaminado no processado foram tambm identificados como situaes responsveis
pelo despoletar de vrios surtos alimentares porEscherichia coli (FDA, 2009c).
3.2.2. Riscos qumicos
Os perigos qumicos mais frequentes associados ao leite e produtos lcteos so os
referentes aos resduos de medicamentos veterinrios e outras substncias qumicas no
autorizadas, s toxinas naturais (micotoxinas M1 e M2), aos metais pesados, aos
resduos de substncias qumicas utilizadas nos processos de higienizao, s dioxinas,
entre outros (Autoridade de Segurana Alimentar e Econmica [ASAE], 2009).
Segundo Canada (2008) os riscos qumicos associados ao leite e derivados podem ter
origem na contaminao dos alimentos ou da gua consumidos pelo animal, assim como
pelo uso de materiais ou procedimentos inadequados durante a obteno, manipulao,
armazenagem, transporte, tratamento, embalagem e distribuio do leite ou dos
produtos transformados. Os resduos mais comuns em leite so os resultantes, quer da
-
7/25/2019 Jos Miguel Candeias Fernandes Coelho - Implementao Da NP en ISO 22000 2005, Sistemas de Gesto Da Segur
37/189
21
utilizao de antibiticos e quimioteraputicos, em particular os utilizados no controlo
de mamites, quer das contaminaes por detergentes e desinfectantes causadas pela
utilizao inadequada ou por deficiente enxaguamento das superfcies em contacto como leite.
Capitulo II Parte prtica
1.Metodologia aplicada tendo em vista a implementao do referencial normativo
Atravs da leitura deste captulo, ir ser possvel conhecer a metodologia adoptada para
a concretizao dos objectivos especficos deste trabalho. O mesmo visa de uma formasimples e estruturada, abordar as vrias etapas que neste caso em concreto, foram tidas
em linha de conta para o desenvolvimento de todas as diligncias tomadas referentes ao
processo documental a desenvolver. Para o efeito, considerou-se que seria importante
dividir este captulo, em duas partes complementares. Uma primeira parte referente s
actividades preliminares de preparao realizadas, tendo como finalidade o
levantamento das condies iniciais existentes e praticadas pela empresa, a qual se
denominou de actividades preliminares desenvolvidas. Enquanto numa segunda parte,
se explicam ento cada um dos requisitos da Norma de uma forma geral e se analisamas constataes encontradas no mbito das actividades de auditoria realizada. Importa
ainda referir, que de acordo com APCER (2011), sendo a Norma aplicvel a todas as
organizaes da cadeia alimentar, ela permite que o cumprimento dos requisitos possa
ser assegurado, mediante a adopo de diferentes metodologias, prticas, ferramentas,
etc. sendo que nenhuma melhor do que a outra desde que as mesmas sejam eficazes
para cumprir os objectivos da organizao e assegurem o cumprimento dos requisitos
normativos.
2. Actividades preliminares desenvolvidas
2.1 Diagnstico inicial da organizao
Antes da realizao de qualquer outro tipo de actividade tendo em vista a
implementao de um referencial normativo, necessrio estabelecer o ponto de partida
de todo o trabalho a desenvolver. Assim sendo, e citando IFIAL (2006) apresenta-se
como imprescindvel, efectuar um diagnstico inicial organizao, no sentido de
determinar quais as actividades necessrias a desenvolver e as etapas a definir para
-
7/25/2019 Jos Miguel Candeias Fernandes Coelho - Implementao Da NP en ISO 22000 2005, Sistemas de Gesto Da Segur
38/189
22
implementar o SGSA. As informaes a recolher nesta fase relacionam-se entre outras
com:
a) A actividade da empresa e a forma como a mesma se encontra organizada;
b) Os processos existentes e produtos elaborados;
c) A existncia ou no de sistemas de gesto da qualidade implementados;
d) A existncia ou no de sistemas de gesto alimentar implementados;
e) Requisitos de clientes e/ou de fornecedores;
f) Recursos disponveis (quer materiais, quer humanos).
O levantamento destes aspectos, permitiu assim de uma forma generalizada adquirir
conhecimento da realidade diria da empresa, compreender os seus processos e as suas
principais actividades respeitantes sua laborao, sua funo na cadeia de
abastecimento, s prticas mais utilizadas no seu dia-a-dia, conhecer as suas infra-
estruturas e os seus recursos humanos, realizar um levantamento respeitante forma
como se processa a aquisio das matrias primas e o fornecimento dos seus produtos,
identificar os canais de comunicao internos e externos existentes, analisar a
documentao em vigor, entre outros. SegundoAustralian Government(2011) por uma
questo de melhores prticas recomendado primeiramente, antes da realizao da
auditoria on-site, ao sistema de segurana alimentar existente, uma anlise de todo o
processo documental, respeitante ao programa de gesto da segurana alimentar em
vigor na empresa.
Um outro aspecto relevante, que este levantamento inicial permitiu definir, foi o campo
de aplicao do SGSA e portanto a identificao correcta das suas delimitaes.
Segundo APCER (2011), a definio do campo de aplicao, tambm referido pormbito, tem implicaes importantes ao nvel da certificao, quer porque constar do
certificado quer porque pode colocar restries na utilizao da marca de certificao,
quando a organizao no se certifica na globalidade. Para assegurar a credibilidade dos
processos de certificao so definidas, ao nvel dos acreditadores, orientaes para
estabelecer critrios de aceitao de mbitos a certificar.
-
7/25/2019 Jos Miguel Candeias Fernandes Coelho - Implementao Da NP en ISO 22000 2005, Sistemas de Gesto Da Segur
39/189
23
Durante esta fase do trabalho, foi explicado gesto, como a fase seguinte se iria
processar nomeadamente a respeito da auditoria necessria a realizar.
2.1.1. Realizao da auditoria
Segundo Pinto & Soares (2011), depois de efectuado o levantamento da situao inicial
dever ser realizada uma auditoria de diagnstico relativamente aos aspectos de
qualidade relacionados com os seus processos, fornecedores, produtos e servios,
identificando os requisitos normativos relacionados e verificando o seu grau de
cumprimento, bem como outros que a organizao eventualmente queira subscrever.
Segundo a NP EN ISO 19011:2011 auditar, caracteriza-se pelo respeito de um conjunto
de princpios. Estes tornam a auditoria uma ferramenta eficaz e fivel de apoio a
polticas e aces de controlo da gesto, proporcionando informao sobre a qual uma
organizao pode agir para melhorar o seu desempenho. De acordo com Pinto (2009)
para evitar a subjectividade inerente a toda e qualquer avaliao devem-se tomar como
padres os requisitos do referencial escolhido para implementar o sistema, a legislao
nacional, as normas nacionais e comunitrias, as regras tcnicas emitidas por
organismos idneos e as regras da arte existentes em cada sector e que sejam
reconhecidamente consideradas como prticas seguras. Segundo a NP EN ISO
9000:2005 uma auditoria um processo sistemtico, independente e documentado paraobter evidncias de auditoria e respectiva avaliao objectiva, com vista a determinar
em que medida os critrios da auditoria so satisfeitos
A realizao desta auditoria teve assim como principal objectivo conhecer de forma
mais profunda, toda a estrutura interna existente, sobre a qual assenta toda a actividade
da empresa, nomeadamente a respeitante segurana alimentar e em concreto gesto,
controlo e comunicao do risco alimentar. Com a execuo da mesma, pretendeu-se de
igual modo, definir um conjunto de aces, que por comparao entre o praticado na
empresa e o estabelecido no respectivo referencial, possibilita-se a elaborao de um
plano de trabalho, de maneira a orientar o caminho a percorrer rumo ao objectivo
estipulado.
2.1.1.1. Metodologia seguida para a realizao da auditoria
2.1.1.1.1. Norma utilizada
A Norma utilizada para a realizao da auditoria foi a ISO 19011:2011 Linhas de
orientao para auditorias a Sistemas de Gesto. Esta Norma pretende estabelecer as
-
7/25/2019 Jos Miguel Candeias Fernandes Coelho - Implementao Da NP en ISO 22000 2005, Sistemas de Gesto Da Segur
40/189
24
orientaes para a realizao de auditorias a qualquer sistema de gesto da famlia das
Normas ISO das quais fazem parte a ISO 9001, 14001, 22000, entre outras. A referida
Norma veio assim substituir a ISO 19011:2003 Linhas de orientao para auditorias asistemas de gesto da qualidade e/ou de gesto ambiental que por sua vez e citando
Pires (2007), veio substituir seis normas diferentes:
a) NP EN 30011-1 Linhas de orientao para auditorias aos sistemas da
qualidade auditorias;
b) NP EN 30011-2 Linhas de orientao para auditorias aos sistemas da
qualidade critrio de qualificao dos auditores de sistemas de qualidade;
c) NP EN 30011-3 Linhas de orientao para auditorias aos sistemas da
qualidade gesto de programas de auditorias;
d) NP EN ISO 14010 Guia para auditorias ambientais princpios gerais;
e) NP EN ISO 14011 Guia para auditorias ambientais procedimentos de
auditoria auditorias a sistemas de gesto ambiental;
f) NP EN ISO 14012 Guia para auditorias ambientais critrios de qualificao
dos auditores ambientais.
2.1.1.1.2. Reunio inicial
Antes de proceder realizao da auditoria, foi concretizada uma reunio com o gestor
da organizao, no sentido de dar a conhecer alguns dos aspectos relacionados com a
realizao da mesma e como ela se iria processar. Na ordem dos trabalhos em discusso,
estiveram questes que se relacionaram entre outras com:
a) Confirmao da disponibilidade dos responsveis das reas a auditar;
b) Como se iria processar a recolha das evidncias de auditoria (entrevistas,
observao das actividades, procedimentos de trabalho, etc.)
c) Registo de eventuais no conformidades;
d) Perodo de tempo despendido em cada uma das reas a auditar;
e) Esclarecimento sobre quaisquer questes adicionais.
-
7/25/2019 Jos Miguel Candeias Fernandes Coelho - Implementao Da NP en ISO 22000 2005, Sistemas de Gesto Da Segur
41/189
25
Segundo Chair (2009) antes de ser dado incio a uma auditoria de segurana alimentar,
aconselhado que o auditor a cargo da executar, comunique ao proprietrio da
organizao ou seu representante designado, de uma forma sucinta e clara, emreconhecimento do tempo necessrio despender pelos seus recursos, relativamente aos
objectivos e intenes que a mesma pretende satisfazer.
2.1.1.1.3. Relatrio da auditoria
Para materializar os resultados da auditoria, foi elaborado um relatrio de auditoria, de
maneira a comunicar organizao os resultados obtidos no seguimento da mesma. O