jornaleco - 11ª edição / novembro de 2010

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11ª edição Novembro de 2010 Soluções ambientais – responsabilidade de todos Um ano depois, o JornalEco volta às escolas municipais de Santa Maria e confere os resul- tados do plantio de árvores do projeto Mun- do Verde. Página central Jornal Laboratório Especializado em Meio Ambiente - Jornalismo/Unifra ... e depois Instituições, empresas e pes- soas que adotam soluções sustentáveis nas mais diver- sas áreas apostam na quali- dade do ambiente. Páginas 3, 5 e contracapa Compromisso ambiental Antes ... Planejamento urbano Pensar as cidades também é uma forma de preservar a natureza. Páginas 10 e 11 BRUNO MELLO BRUNO MELLO NÍCHOLAS FONSECA MARINNA SELLMER

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Jornal Laboratório Especializado em Meio Ambiente - Jornalismo/Unifra

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Page 1: JornalEco - 11ª edição / novembro de 2010

11ª ediçãoNovembro de

2010

Soluções ambientais – responsabilidade de todos

Um ano depois, o JornalEco volta às escolas municipais de Santa Maria e confere os resul-tados do plantio de árvores do projeto Mun-do Verde.

Página central

Jornal Laboratório Especializado em Meio Ambiente - Jornalismo/Unifra

... e depois

Instituições, empresas e pes-soas que adotam soluções sustentáveis nas mais diver-sas áreas apostam na quali-dade do ambiente.

Páginas 3, 5 e contracapa

Compromisso ambiental

Antes ...

Planejamento urbano

Pensar as cidades também é uma forma de preservar a natureza.

Páginas 10 e 11

BRUNO MELLO

BRUNO MELLO

NÍCHOLAS FONSECA

MARINNA SELLMER

Page 2: JornalEco - 11ª edição / novembro de 2010

2 Novembro de 2010EDITORIAL

EditorialHá muita discussão sobre a evidência de que tentamos

matar nosso planeta. A humanidade “evoluiu” para uma cul-tura degradante da natureza. A cultura consumista de massa precisa usar o que a natureza oferece para suprir as neces-sidades do nosso estilo de vida. Por isso cortamos árvores e colocamos cimento em seus lugares. Queimamos muito carvão, petróleo e seus derivados. Fazemos muita fumaça e jogamos para o ar. Isso fere mortalmente a nossa proteção contra o calor e radiação do Sol – a camada de ozônio – e ba-gunça a ordem das estações e temperaturas. Há quem diga que isso não é verdade absoluta. As variações da temperatu-ra e clima, no entanto, sempre determinaram a sobrevivên-cia dos habitantes de cada era.

Enquanto isso, a população mundial cresce a índices nun-ca antes vistos na história da humanidade, o que exige cada vez mais produção de alimentos e bens de consumo e de-sencadeia uma produção elevadíssima de lixo. Com a situ-ação atual, espera-se que haja uma tomada de consciência coletiva no sentido de limitar este crescimento e, ao mesmo tempo buscar uma simbiose com a natureza. Como?

O Centro Universitário Franciscano, neste contexto, cha-mou para si a discussão sobre responsabilidade social e am-biental, com a realização do Simpósio de Ensino, Pesquisa e Extensão sobre o tema. A disciplina de Jornalismo Especiali-zado I, do curso de Jornalismo, coloca a 11ª edição do jornal laboratório especializado em Meio Ambiente – JornalEco - à disposição deste debate. Nas próximas páginas, trazemos exemplos de responsabilidade socioambiental que estão em curso na nossa cidade e esperamos contribuir para a dis-seminação de mais ideias a favor da vida do planeta.

Expediente JornalEco - 11ª ediçãoJornal experimental produzido na disciplina de Jornalismo Especializado I do Curso de Jornalismo do Centro Universi-tário Franciscano

Reitora: profª Irani RupoloDiretora da Área de Ciências Sociais: profª Sibila RochaCoordenação do Curso de Jornalismo: profª Sione GomesProfª orientadora: jorn. Aurea Evelise Fonseca – Mtb 5048Diagramação: jorn. Stefanie Carlan da Silveira – Mtb 13.408 Revisão: prof. Iuri Lammel – Mtb 12.734

Reportagens e textos: Aline Merladete de Souza, Bruna Prestes Severo, Bruno Pinheiro Garrido, Carla Melo Tavares, Carlos Roberto Wenceslau Junior, Diego Lermen de Araujo, Fernando Custódio Oliveira, Flávia Müller, Francieli Jordão Fantoni, João Alberto de Miranda Filho, Julia Schäfer, Letí-cia Poerschke de Almeida, Luís Felipe Leal Martins, Marinna Sellmer Gonçalves, Maurício Lavarda do Nascimento, Natália Müller Poll, Nathale Cadaval Kraetzig, Paola Marcon, Paulo Ricardo Cadore, Rita de Cassia Barchet Vieira, Rodrigo Gular-te Ricordi, Sabrina Kluwe Hoehr, Sabrina Pereira Dutra, Sofia Viero, Tarso Negrini Farias, Ulisses Scheineider Castro.

Fotos: Bruno Mello e Halisson Barcelos (Laboratório de Foto-grafia e Memória), Eduardo Ramos e Nicholas Fonseca (jor-nalistas egressos da Unifra), Bruno Garrido, Carlos Wenceslau Jr., Flávia Müller, Francieli Jordão, Letícia de Almeida, Marinna Sellmer, Nathale Kraetzig, Rodrigo Ricordi, arquivo do Escritório da Cidade.

Contatos/Redação: sala 716C – prédio 13 – Centro Universitário Franciscano – Rua Silva Jardim, nº 1175 – (055) 3025-9040 E-mail: [email protected]

Impressão: Gráfica Gazeta do SulTiragem: 1000 exemplares Distribuição gratuitaNovembro 2010

Page 3: JornalEco - 11ª edição / novembro de 2010

3Novembro de 2010ENERGIA SOLAR

Em regiões de escassez de energia elétrica, a ener-gia solar é umas das op-

ções mais práticas e objetivas de geração. Limpa e abundan-te, é a solução mais inteligente, além de ser inesgotável. A sua utilização viabiliza a imediata implantação de projetos de infraestrutura básica, deman-dando recursos proporcional-mente muito limitados, e será cada vez mais importante no Brasil, a exemplo de outros pa-íses em desenvolvimento.

Os problemas apontados para a implantação da capta-ção de energia solar sempre foram o custo e a eficiência, consideradas as maiores bar-reiras para a popularização desse tipo de energia. O cená-rio está mudando, novos ma-teriais estão sendo testados e novas soluções são apresenta-das para renovar e atualizar a geração de energia solar.

Aplicação em Santa Maria

No Brasil, o uso ainda é es-casso, tendo em vista o des-conhecimento do sistema, o preço e o supor-te técnico. Ainda não existe uma rede especializa-da no segmento de energia limpa que atenda às necessidades na-cionais.

Santa Maria é pioneira no in-terior do esta-do no ramo de tecnologia solar. Através de iniciativa privada surgiu uma proposta inovadora - a em-presa Intecsol - para suprir a necessidade de energia lim-pa com baixos custos. A ideia

era fabricar equipamentos no segmento de energia que aju-dassem na sustentabilidade. “Foi um ano de pesquisas, até achar o material ideal para fazermos os aquecedores que

resistissem ao clima frio do sul”, comenta Davi Lamb, diretor da empresa.

Lamb viajou até Israel e Ale-manha, que pos-suem condições climáticas simi-lares às do sul do país, para co-lher dados para

a tecnologia ser aplicada, evi-tando que no inverno a água congelasse no encanamento do material. Então surgiu a ideia de fazer seus compo-nentes com aço inox. O ma-

terial tem grande utilidade tanto no meio rural, quanto no espaço urbano.

O aquecedor solar garante 40% de economia de energia. O cálculo é feito em cima de cada placa aquecida, com capacida-de para 100 li-tros de água.

Os aquece-dores se apli-cam a todo e qualquer lugar que necessite água quente, como residên-cias, piscinas, nos processos industriais (pré-aquecimento) e em instalações rurais.

Lamb observa que o perfil do consumidor urbano é o mais diverso, desde a pessoa com alto poder aquisitivo até outras com menos condições. “O moti-

vo pelo qual os clientes buscam nossos equipamentos basica-mente são: economia, uso da energia renovável pensando em sustentabilidade, conforto e resposta à mídia, que fala muito sobre o assunto. De certa forma

está se tornan-do moda o uso de energias re-nováveis”.

As constru-toras também estão interes-sadas em in-cluir energia solar, através de seus enge-

nheiros. “Outro motivo delas estarem mais acessíveis em re-lação a esse assunto, é que nas principais capitais do Brasil, já existe legislação que obriga o uso de energia solar em no-vas edificações. Com certeza

isso vai se espalhar por todo o país”, diz Lamb.

O diretor da Intecsol confia no crescimento da energia so-lar, como meio de conscienti-zação das pessoas, já que o au-mento da demanda de energia elétrica tem um custo cada vez maior, atrelado ao crescente aumento dos movimentos pro-tecionistas da natureza.

Algumas pesquisas dizem haver limitações na tecnologia, visto que só funciona durante o dia e baixa efetividade em dias nublados. Lamb lembra que o próprio nome já diz, são aque-cedores solares. “Na falta des-te, faz-se necessário ter algum outro tipo de sistema de aque-cimento, para que haja a garan-tia de água quente em todos os meses do ano. Todo aquecedor solar deve ser instalado atre-lado a outro sistema de aque-cimento. O segredo é fazê-lo usando os diversos tipos exis-tentes com inteligência, e usan-do a tecnologia disponível. O sol deve ser o principal agente de aquecimento e o sistema de apoio somente complemente o aquecimento, quando necessá-rio, e da forma correta.”

O dimensionamento de aquecimento solar é feito levando em conta o núme-ro de pessoas na residência. Por exemplo, numa casa com quatro pessoas, o custo de um equipamento instalado fica entre R$ 5.000,00 e R$ 6.000,00 reais. O diretor da empresa lembra as vantagens em relação a outros tipos de energia limpa: é “o custo de implantação e a simplicidade do sistema”.

Diego Araujo Fernando Custódio João Miranda Filho

Sol: fonte de energia limpaO astro é estudado para ajudar a resolver problemas ambientais

Diretor importou a tecnologia

FOTOS: BRUNO MELLO

Verdades sobre a energia solar O Sol

Aquecedores solares garantem 40% de economia na conta de luz

► É uma energia limpa, não produz nenhum dejeto, odor ou ruído.

► É baseada em uma fonte gratuita e inesgotável: o Sol.

► É de fácil instalação e praticamente dispensa manutenção.

► É modular: você pode aumentar ou diminuir o

número de placas solares de acordo com o seu con-sumo.

► É autossuficiente: uma vez com o sistema dimen-sionado e instalado você dá adeus à conta de luz.

► É durável: a vida útil de uma placa solar é superior a 25 anos .

Desde as culturas antigas, o Sol é considerado fonte de vida. Já foi chamado de deus e já se considerou que girava em torno da Terra. Hoje, é a fonte de energia mais abun-dante disponível. A tecnolo-gia de absorção de energia solar existe desde a metade do séc. XX. Com as mudan-ças climáticas decorrentes do aquecimento global, a busca por aperfeiçoamento é constante.

INOVAÇÃO — Devido ao clima do sul do país, aço inxos é usado na fabricação de aquecedores solares

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4 Novembro de 2010POPULAÇÃO

Ao aumento elevado e repentino da população de seres humanos dá-

se o nome de explosão demo-gráfica. Este fenômeno nunca foi tão discutido como nos dias atuais, está associado aos avanços tecnológicos, tendo o maior deles ocorrido no sécu-lo XX, com o desenvolvimento da industrialização.

Segundo o autor Walter H. Corson, no Manual Global de ecologia: o que você pode fazer a respeito da crise do meio ambiente, é evidente que o homem, até o período de 8.000 a.C. não havia se multiplicado de forma tão explosiva como atualmente. Após a revolução industrial, esse processo reprodutivo da espécie humana ganhou proporções alarmantes. Con-forme dados da Population Reference Bureau and Uni-ted Nations (PRBUN), atual-mente somos 6.5 bilhões de pessoas, com projeção para 8 bilhões em 2024.

Em 1800, a grande maio-ria da população do mundo residia na Ásia e Europa. Em 1900, parte da Europa teve sua população aumentada significativamente, impul-sionada pela Revolução In-dustrial. Esse crescimento se espalhou para as Américas, a u m e n t a n d o sua participa-ção no total mundial. O po-voamento teve maior acele-ração depois da Segunda Guerra Mun-dial, quando a população dos países menos desenvolvidos começou a aumentar drama-ticamente.

Este crescimento desenfre-ado da população mundial

causa grandes danos na natu-reza. Faz com que o homem, em sua sobre-vivência, ne-cessite extrair reservas natu-rais cada vez mais escassas, portanto sus-

cetíveis à extinção.Thomas Malthus (1766-

1834), demógrafo e econo-

mista, menciona em suas publicações o problema do crescimento populacional e da produção de alimentos. Malthus assegurava que a ex-pansão populacional traria a miséria e a infelicidade, pois não sobrariam recursos na-turais suficientes para a de-manda mundial. Entre os pro-blemas desencadeados por tal crescimento destacam-se: o desmatamento, a desertifi-cação do solo pela agricultu-ra, a extinção de espécimes da fauna e o crescimento das

cidades, que trazem consigo a problemática do lixo.

O economista Guido Rietjens, formado pela Universidade de Cruz Alta (Unicruz), defende o planejamento governamental e a conscientização das pes-soas: “Possuir primeiramente um planejamento urbano para cuidar dos usos dos recursos da natureza e da produção de cada região”.

A socióloga e professora do Centro Universitário Francis-cano (Unifra), Carolina Colvero, acredita que somente o contro-

le da natalidade não resolveria a questão: “Antes de atacar as taxas de natalidade com políti-cas desrespeitosas ao direito à procriação, deve-se pensar por que as presenças maciças de-gradam tanto o meio”. Somente através da instituição de mode-los de convivência harmônica, e gerenciamento dos recursos naturais ainda disponíveis, é que o homem poderá perpetu-ar sua espécie.

Julia Schäffer Felipe Martins

É necessário ter consciência coletiva para limitar este crescimento

O meio ambiente e a explosão demográfica

Atualmente somos 6,5 bilhões. Em 2024, seremos 8 bilhões

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5Novembro de 2010

As lâmpadas fluorescen-tes estão associadas à ideia de economia

de energia elétrica. Isso por-que, comparadas às lâmpa-das incandescentes, elas são consideradas mais eficazes em termos de luminosidade. Além disso, as lâmpadas flu-orescentes emitem menos calor e são mais duráveis. Mas, o que num primeiro momento parece vantajoso, pode transformar-se num sé-rio problema no futuro. Muitas pessoas não sabem como fazer o descarte correto desse tipo de lâmpada. Como o funciona-mento é diferente das lâmpadas incandescentes, as fluorescen-tes têm gases em seu interior que garantem o seu funciona-mento correto. Porém, estes gases são tóxicos e causadores de contaminação aos seres vivos que venham a ficar ex-postos a esse tipo de material. Entre os elementos tóxicos está o mercúrio, substância al-tamente nociva. Em relação à saúde humana, o contato com o mercúrio pode causar danos irreversíveis afetando os siste-mas nervoso e cardiovascular, além do risco de morte. O mer-cúrio pode depositar-se no solo e na água, e sua degrada-ção no meio ambiente é lenta, provocando riscos de contami-nação pela cadeia alimentar. Para evitar problemas des-se tipo, existe a reciclagem das lâmpadas fluorescen-tes. Em Santa Maria, temos exemplos como da Escola Padre Caetano, da Universi-

dade Federal de Santa Maria (UFSM) e do Centro Universi-tário Franciscano (UNIFRA). As instituições desenvolvem projetos visando dar um des-tino adequado a esse material.

Visão na comunidade e atitude na escola

O Instituto Estadual Padre

Caetano, cuja maioria dos alu-nos mora em vilas que circun-dam o arroio Cadena e a sanga da Aldeia, ambos afluentes do rio Arenal, adotou um método de coleta de lâmpadas fluores-centes na comunidade escolar. Ao constatar um grande nú-mero de resíduos perigosos

descartados nesses locais e nos aterros sanitários do mu-nicípio, que causam contami-nação a médio e longo prazo nos lençóis freáticos e cursos de água, chegando à cadeia alimentar, tornou-se urgente a conscientização na escola. Como polo gerador de co-nhecimentos, foi necessário

uma atitude de alertar sobre os riscos de contaminação do meio ambiente e proporcionar um lugar seguro e adequado para receber esse material para posterior reciclagem. “A comunidade que envolve a nossa Escola precisava de uma conscientização em rela-

ção às lâmpadas fluorescen-tes. Com o trabalho que está sendo realizado aqui, alunos, professores e funcionários têm a oportunidade de sanar as dúvidas sobre o cuidado que é necessário ter em re-lação a esse assunto, e poder transmitir isto em suas comu-nidades”, comenta o professor

Luiz Mário Azevedo, respon-sável pelo projeto na escola. A instituição construiu um co-letor de lâmpadas fluorescen-tes, onde a comunidade pode depositar o material para que depois ele seja recolhido por órgãos competentes e possa ser reaproveitado.

“Isso é muito importante para nós alunos, porque além de fazer o melhor para a nossa comunidade, essa é uma pe-quena parte para ajudar o nos-so planeta e o meio ambiente, conscientizando nossos fami-liares, vizinhos e amigos para que nossa vila fique livre de contaminações”, diz Karine da Rosa de Oliveira, estudante do 1° ano do Ensino Médio e auxiliar do projeto na escola.

Consciência nas univer-sidades

Nas instituições de Ensino Superior também é feita reci-clagem das lâmpadas fluores-centes. Na Universidade Fede-ral de Santa Maria (UFSM), são recolhidas em torno de cem lâmpadas só no departamento de Química, como explica o pro-fessor Edegar Ozório da Silva. O trabalho de transporte é re-alizado pela empresa RTM que leva o material até Chapecó (SC), onde é reciclado pela em-presa Central de Tratamento de Resíduos Industriais (CETRIC). No Centro Universitário Fran-ciscano não é diferente. Todas as lâmpadas queimadas são encaminhadas para a recicla-gem, não são descartadas no lixo comum. Semanalmente uma empresa de recolhimento de lixo faz a coleta na Unifra, explica o diretor do Patrimô-nio Administrativo, Carlos Rui Robalo da Silva.

Bruno Garrido Carlos Wenceslau

Sofia Viero

DESTINO DOS RESÍDUOS

Projetos em instituições da cidade dão destino adequado às lâmpadas fluorescentes

BRUNO GARRIDO

COMPROMETIMENTO — Um grupo de alunos é responsável pelo recolhimento das lâmpadas que chegam à escola

Como aliar economia e preservação do ambiente

Garantir segurança sem abrir mão de vantagens requer algumas precauções:

► Ao comprar a lâmpada, verifique se ela possui o selo PROCEL, que garante que são testadas e apro-vadas pelo INMETRO e têm durabilidade superior.

► Lâmpadas brancas são adequadas para escritórios, cozinha, lavanderia etc.

► Lâmpadas amarelas são

mais aconchegantes, ideais para quartos, salas de estar e de jantar.

► Nunca quebre a lâmpada.

► Não segure a lâmpada pelo vidro.

► Em caso de quebra acidental, recolha os cacos usando uma luva.

► Envolva os pedaços em papelão, jornal ou plástico e não misture com lixo doméstico para não colocar outras pessoas em risco .

► Lembre-se: o gás que sai e o material interno contém mercúrio, produto tóxico que não é eliminado pelo organismo humano.

CARlOs wENCEslAU

Page 6: JornalEco - 11ª edição / novembro de 2010

6 PLANTIO DE ÁRVORES

Sementes crescidas de um mundo mais verde

Imagine uma criança com as mãozinhas sujas de ter-ra. Agora, imagine o sor-

riso dessa criança, olhando para a árvore que acabou de plantar. Essa cena se repetiu várias vezes no ano passado, quando o projeto Mundo Ver-de, realizado durante a Multi-feira de Santa Maria - FEISMA, promoveu o plantio de mudas de árvores nas Escolas Munici-pais de Ensino Infantil (EMEI). Foram beneficiadas quatorze instituições, que receberam quase 300 plantas.

O projeto via-bilizou o plantio de 35 mil mudas de árvores nati-vas, cultivadas no Viveiro Florestal da Universidade Federal de San-ta Maria (UFSM). Além das mudas distribuídas nas escolas, durante a FEISMA também foram distribuí-das mudas para o público da feira. Funcionários e estudan-tes de Engenharia Florestal da Universidade foram os respon-sáveis técnicos pelo plantio e o Exército pelo transporte das plantas. Após um ano, o pano-rama de evolução do Mundo

Verde é diferente em cada es-cola. Enquanto algumas se li-mitaram apenas a regar as mu-das, outras aproveitaram para expandir ideias ambientais. O JornalEco percorreu todas as escolas onde as mudas foram plantadas para conferir o que aconteceu depois.

Os frutos de uma nova consciência

Um dos exemplos de projeto bem sucedido está na EMEI Si-

nos de Belém. Segundo a dire-tora Sandra Kemerich, a escola ampliou a iniciativa. Primeiro, as professoras fizeram um es-tudo sobre meio ambiente e, então, uma pesquisa com os pais. “Nas entrevistas os pais ressaltaram que era impor-

tante a gente dar continuida-de (ao projeto), então eles es-tão trabalhando sobre o meio ambiente”, contou a diretora. Além de envolver as crianças no cultivo das plantas, há a idéia da criação de uma horta, em que cada turma cuidará do seu canteiro. Também está em desenvolvimento um minho-cário. “Nós não temos muito espaço, então estamos fazen-do uma parceria com a EMA-TER, que nos dá assistência”,

ressalta San-dra. E entre as árvores do Mundo Ver-de, as crian-ças planta-rão flores em pneus. A gincana eco-lógica é outra atividade re-alizada pelas turmas e tem o objetivo de arrecadar garrafas PET para recicla-

gem e confecção de canteiros suspensos. Esta ação envolve não somente os alunos, mas, também os pais, professores e funcionários.

Na EMEI Santa Rita de Cás-sia, o projeto Mundo Verde evoluiu para “Construindo o

Mundo”. Através da criação de equipes, as crianças recolhem lixo reciclável em suas casas. Esse material é revendido e visa arrecadar recursos para a própria escola. A EMEI Araci

Cáurio, na vila Lídia, promo-ve passeios pela região, cons-cientizando as crianças sobre a questão do lixo. A diretora, Val-quíria Salvador, conta que está

As ações de cada escola

EMEI Luizinho De GrandiCOHAB Santa MartaAno passado, os alunos cuidavam das árvores. Nesse ano, a manutenção é feita pelo zelador. Tiveram problemas com animais que pastavam no pátio e quebraram algumas mudas.

EMEI Sinos de BelémVila Por do SolOs alunos regam as árvores. Há outros projetos, como plantio de uma horta, de um canteiro de flores e minhocário.

EMEI Araci T. CaurioVila LídiaAs árvores são mantidas pelo zelador. Ações em sala de aula. Plantio de uma horta.

EMEI Zulânia COHAB Tancredo NevesNão conseguiram conscientizar as crianças, que não cuidam das árvores e arrancam as folhas, mui-tas vezes de forma inocente, para

presentear as professoras.

EMEI Montanha RussaBairro ItararéEm todas as tentativas do Jornal-eco, a pessoa responsável não se encontrava na escola. Na ob-servação que os repórteres fizeram no pátio da escola, as mudas não estão desenvolvidas.

EMEI Santa Rita de Cássia Bairro ItararéAno passado as crianças estavam bem envolvidas com o projeto e eram divididas em equipes para regar as mudas. Nesse ano, a ma-nutenção é feita pelos funcionários. Há outras ações, como o projeto Construindo o Mundo.

EMEI Ângela Tomazetti Bairro TomazettiAs professoras estimulam que os alunos cuidem das árvores. Também plantaram um canteiro de flores.

Fazem ações de reciclagem de lixo.

EMEI Eufrazia Lorenzi Vila UrlândiaOs alunos cuidam das árvores, cada semana uma turma é respon-sável. Trabalham também com reciclagem de lixo.

EMEI CAIC Vila LorenziCada turma adotou uma árvore.

EMEI Ady Beck Bairro CamobiAs crianças foram conscientizadas so-bre os cuidados com as árvores (foto), mas a manutenção era feita pela diretora e pelo jardineiro. Nas férias, algumas mudas foram roubadas.

EMEI João Franciscatto Bairro CamobiForam plantadas apenas três mudas, pelo terreno ser inadequado.

EMEI Nossa Srª da Conceição

Vila ConceiçãoMantém um ambiente arborizado, as crianças estão envolvidas nos cuidados das mudas. Também tra-balham em sala de aula a questão da preservação.

EMEI Luiza UngarettiTrabalham o assunto de

preservação ambiental em sala de aula. As crianças regam e cuidam das mudas de árvores.

EMEI Alfredo Tonetto Bairro CamobiSegundo a professora responsável, as mudas foram plantadas em local in-apropriado, nenhuma árvore “vingou”.

CRESCIMENTO — As mudinhas, ao serem plantadas pelas crianças

em 2009 e depois de um ano, bem desenvolvidas

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Os pais ressaltaram que era importante a gente dar continuidade ao projeto.

BRUNO MELLO

Sandra Kemerich Diretora da EMEI Sinos de Belém

NÍCHOLAS FONSECA - 2009

Um ano depois, como estão as mudas de árvores plantadas pelo Projeto Mundo Verde?

Novembro de 2010

Page 7: JornalEco - 11ª edição / novembro de 2010

PLANTIO DE ÁRVORES 7

Sementes crescidas de um mundo mais verde

começando o plantio de uma horta na escola, que produzi-rá alimentos para serem con-sumidos na merenda. “É uma horta para as crianças, elas têm ido lá, observado e ajudado”, afirma a professora Valquíria.

A dificuldade de manuten-ção foi um dos empecilhos para que muitas escolas aprimoras-sem a ação. Fatores como cli-ma, terreno inapropriado e até

mesmo animais prejudicaram o cultivo das mudas. Houve até um caso, na escola Ary Beck, na vila Maringá, em que algumas mudas mais desenvolvidas fo-ram roubadas durante o perío-do de férias.

Uma constatação importante é a de que, mesmo que algumas escolas não tenham ampliado o projeto, todas elas estão pro-movendo algum tipo de educa-

ção ambiental. Umas em sala de aula, com a conscientização, outras com ações práticas de preservação. As crianças das quatorze EMEI beneficiadas pelo Mundo Verde crescerão cientes de que cada indivíduo é importante na preservação do meio ambiente.

Nathale Kraetzig

Uma ideia, 35 mil mudas

Todo projeto parte de uma ideia, seja ela coletiva ou indivi-dual. O Mundo Verde floresceu na mente da jornalista, Sio-ne Gomes. A estruturação do projeto começou em março do ano passado, mas a idéia de se trabalhar questões am-bientais na FEISMA já era anterior. Como vontade apenas não basta, Sione partiu para a ação. Ela buscou parcerias e assim foi possível desenvolver o projeto. Durante todas as etapas, a coordenação dos processos ficou por sua conta.

► Qual o sentimento de saber que algumas escolas seg-uiram com o projeto e implantaram novos a partir dele?

É uma satisfação muito grande, porque sempre que se fala na questão de muda, se tem a analogia da semente. Então, nessa situação, a gente enxerga perfeitamente uma se-mente que germinou, que realmente está sólida nessa plan-tação e que está se desenvolvendo. Que ótimo que escolas levaram adiante e realmente acreditaram. Foi uma das preocupações no desenvolvimento do programa, a de não apenas distribuir a muda, e sim promover esse momento de ir à escola e plantar. Porque a gente tinha a percepção de que entregar a muda poderia ser pouco.

► Em algum momento houve vontade de fazer um acom-panhamento nas escolas após o plantio?

A vontade de ver o pós-projeto já existia. O primeiro passo no momento de desenvolver o trabalho foi reunir as di-versas escolas. Foi uma opção que fizemos por escolas de educação infantil, e na primeira reunião já se falou nessa possibilidade (de acompanhar o pós-projeto). Mas, claro, já percebendo o quanto teríamos as limitações, uma vez que as parcerias foram estabelecidas para o desenvolvi-mento dessa parte inicial do projeto. Então não tínhamos em mãos as condições de ir adiante, voltar nessas escolas para fazer esse acompanhamento.

► Há alguma expectativa de repetir o projeto?

Vontade há. Mas não será o foco da FEISMA deste ano. Não tem uma perspectiva de voltar com o trabalho dessa natureza. O que tem, sim, é uma preocupação grande em termos ambientais, desde a questão da papelaria que se usa, todo o material é reciclável, da preocupação dentro da feira com coleta seletiva. Existe a preocupação, mas ex-istem basicamente outras ações.

O projeto Mundo Verde – FEISMA 2009 foi uma parceria entre a UFSM, Câmara de Comércio, Indústria e Serviço de Santa Maria (CACISM), 3ª Divisão do Exército, Fundação Eny e Gráfica e Editora Palloti. O trabalho foi acompan-hado por acadêmicos de Jornalismo da UNIFRA, que re-alizaram a assessoria de imprensa da Feira.

NATHALE KRAETZIG

O Viveiro Florestal da Uni-versidade Federal de Santa Maria foi criado na década de 80 para servir de laboratório para o curso de Engenharia Florestal. Com capacidade de armazenamento de 40 mil mudas de plantas, o lo-cal disponibiliza parte delas para venda com um preço acessível. No ano passado, o Viveiro doou cerca de 30 mil mudas para o Projeto Mundo Verde, que ocorreu durante a FEISMA 2009. Parte das plan-tas foi destinada a quatorze escolas municipais de Santa

Maria, para o programa de conscientização ambiental.

Endereço: Campus da UFSMContato: telefone 3222- 8276

NÍCHOLAS FONSECA - 2009

BRUNO MELLO

Conheça o Viveiro Florestal

Novembro de 2010

Page 8: JornalEco - 11ª edição / novembro de 2010

8 Novembro de 2010AGRICULTURA

Agricultura familiar: uma prática sustentável

Nos últimos tempos, ou-ve-se falar em proble-mas climáticos, mudan-

ças ambientais e outros tantos assuntos que geram preocu-pação. Mas você sabe de uma saída eficaz para amenizar al-guns efeitos? Eis a Agricultura Familiar, que traz geração de emprego, renda e qualidade de vida para todos.

A Agricultura Familiar é a principal responsável pela produção dos alimentos que são disponi-bilizados para o consumo da p o p u l a ç ã o ; é o que real-mente chega à nossa mesa. É constituída de pequenos e médios produtores rurais, comunidades tradicionais e assentamentos da reforma agrária. Entre suas principais produções, estão: milho, raiz de mandioca, pecuária leiteira, gado de corte, ovinos, capri-nos, feijão, c ana, arroz, su-ínos, aves, café, trigo, mamona, frutas e hortaliças.

A agricultura familiar de-sempenha papel fundamen-tal na economia e melhoria nas condições de vida dos

brasileiros, entretanto, é ne-cessário que os agricultores conheçam as políticas públi-cas voltadas para o ramo e se apropriem delas para de-senvolverem suas atividades.

Práticas da agricultura familiar

A dona de casa Tereza Weiss Moreira, 79 anos, aprendeu a cultivar a terra com o pai. Passou a infância no interior

do Rincão dos Reis, distri-to de Jaguari. Trabalhava de dia para comer à noite. Nun-ca frequentou a escola, pois era difícil sair dos arredores de casa; tudo

ficava muito longe. Na adoles-cência, fugiu para trabalhar e morar em casa de família: “Foi lá que aprendi a ser gente”. A rotação de culturas não apren-deu nos livros de geografia, mas com a vida.

A agricultura está desde muito cedo na vida de Tere-za. Hoje, a prática não é mais para a sobrevivência, é uma terapia. “É coisa mais boa plantar, virar a terra, pra mim é a melhor coisa. Adoro ver a

planta bonita”, finaliza.Já a rotina do casal de pro-

dutores rurais Gelso Rodri-gues, 24 anos, e Elisandra Fo-ggiato Rodrigues, 20 anos, é diferente. Acordar às 5 horas da manhã para ordenhar doze vacas, faz parte do trabalho deles. Moradores da localida-de de Santo Inácio, interior do município de São Martinho da

Serra, encontraram através do gado leiteiro uma alternativa para permanecerem no cam-po. Todas as manhãs e finais de tarde, o casal tira leite das suas vacas. O trabalho é manu-al e rende 20 litros por dia.

O casal comercializa o leite que vai para dentro das “caixi-nhas”, por isso o cuidado com a higiene é redobrado. O alimen-to, antes de ser transportado, passa por alguns testes para comprovar a sua qualidade. O leite é armazenado em um res-friador por, no máximo, oito dias, enquanto eles esperam o caminhão tanque vir buscá-lo. O litro é vendido a R$ 0,45 cen-

tavos e gera uma renda média mensal de R$ 300,00. O casal reconhece que esse valor com-parado ao preço que os pro-dutores vendem no mercado é bastante inferior, porém pelo difícil acesso é mais viável co-mercializar para as indústrias.

Gelso e Elisandra são bas-tante otimistas e acreditam que não será necessário ir em-bora para a cidade se o negócio render lucros. Além de vender leite, eles plantam alimentos para o consumo da família.

Francieli Jordão Letícia de Almeida

Sabrina Kluwe

Atividade gera menores impactos ambientais

LAZER — Na horta, Tereza aproveita para relaxar e ocupar-se com as plantas

LETÍCIA DE ALMEIDA

FRANCIELI JORDÃO

PRODUTIVIDADE — A produção de leite rende 20 litros por dia para o sustento do casal

Política pública para a agricultura familiar

O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultu-ra Familiar (PRONAF) é um programa do Governo Fede-ral criado em 1995, com o intuito de atender de forma diferenciada os mini e pequenos produtores rurais que desenvolvem suas atividades mediante emprego direto de sua força de trabalho e de sua família.

O objetivo do PRONAF é o fortalecimento das ativida-des desenvolvidas pelo produtor familiar, de forma que possa integrá-lo à cadeia de agronegócios, agregando va-lor ao produto e à propriedade, proporcionando assim o aumento da renda mediante a modernização do sistema produtivo. Agricultura familiar é a profissionalização dos produtores familiares.

Agricultura familiar: fonte de renda e autossustenta-bilidade

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9Novembro de 2010

LEGENDA: Legenda legenda legenda

CLIMA

Agricultores lutamcontra o tempo

Segundo dados de 2009 levantados pela Conven-ção Quadro das Nações

Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a agricultura é res-ponsável por 13,5% dos gases antropogênicos – gerados e emi-tidos por ações do homem – os gases de efeito estufa.

Esse é tam-bém o setor que sofrerá maior impacto com o aumento das variações climáticas. Mesmo assim, o setor agrícola possui força suficiente para solucio-nar problemas e se adaptar a essas variações e mudanças.

Essas mudanças desestabi-lizam a produção das diversas culturas, o que altera suas ne-cessidades de manejo (quanti-dade de água e fertilizantes).

Renda agrícola pode sofrer prejuízo

Dados do Ministério da Agri-cultura, Pecuária e Abasteci-mento (MAPA) apontam que a renda agrícola deve sofrer uma redução de 3,8% este ano.

Apesar das dificuldades que enfrentam, os agricultores já trabalham para se adaptar às mudanças climáticas ou, pelo menos, amenizar seus efeitos.

Para proteger o meio am-biente, tanto as pessoas, quanto o go-verno, devem saber o real valor da agri-cultura como solucionadora de problemas climáticos.

O clima muda ciclicamente

O doutor em Engenharia Agrícola, Arno Dallmeyer, diz que a questão de lidar com o clima é muito difícil, quase impossível. “O clima na Terra é cíclico. As soluções têm que ser no planejamento e susten-tabilidade na produção. Não há como “acostumar” certa planta ao clima. Quando ela se adapta, o clima já mudou. As plantas levam tempo demais para se adaptarem ao ambien-te hostil”.

Segundo Dallmeyer, os Esta-dos Unidos sofreram muito esse

ano com a chuva. As plantações de soja tiveram baixas significa-tivas devido ao excesso de chuva durante a colheita de 2010.

Solução é investir em tecnologia

Uma solução para lidar com esta nova realidade e se adaptar às mudanças climáticas, é o in-

vestimento em tecnologias para monitoramento do microclima agrícola e umidade do solo. Com estes equipamentos é possível determinar quanto e quando irrigar, aplicar agroquímicos e fertilizantes; determinar o flo-rescimento e a frutificação, co-nhecer os efeitos do clima nas fases vegetativa e produtiva;

saber o acúmulo de horas de frio ou graus-dia, a incidência de pragas e predadores, além da interação entre produção, produtividade e efeitos do clima naquela cultura e área.

Rodrigo Ricordi Tarso Negrini

Natália Müller

Mudanças climáticas afetam a agricultura

PREVISÃO — Sensor de umidade e temperatura utilizado na otimização de usos de recurso na produção agrícola

DIVuLGAçÃO: AG SOLVE

As soluções devem estar no planejamento e também na sustentabilidade

RODRIGO RICORDI

CLIMA — Arno Dallmeyer fala sobre o clima ciclico no planeta

Page 10: JornalEco - 11ª edição / novembro de 2010

10 Novembro de 2010MATAS

Mata ciliar, como diz o nome, é uma espécie de “cílio”, que garante

a proteção das águas. Conside-rada pelo Código Florestal Fe-deral como “área de preserva-ção permanente” (APP), com diversas funções ambientais, deve respeitar uma extensão específica de acordo com a largura do rio, lago, represa ou nascente. É protegida no Código Flo-restal pela Lei 4.771 de 15/09/65.

As consequências do des-matamento de APPs são des-truidoras. A ausência da mata ciliar faz com que a chuva não consiga penetrar no lençol fre-ático. Com a perda de cobertu-ra vegetal, o solo não cumpre sua função de absorvedor de águas. Essas matas constituem diversos habitats que colabo-ram para a manutenção da bio-diversidade animal e vegetal, e ajudam a manter o nível de umidade e de temperatura do ar que proporciona o chamado conforto térmico.

Problemas e soluções locais

As matas cilia-res na zona urba-na de Santa Maria encontram-se sob forte pressão pelo processo de urba-nização acelerado. Grande parte da rede hidrográfica da cidade já foi alvo de canalizações fecha-das e retificações, como é o

caso da Sanga da Aldeia, Sanga do Hospital e o próprio Arroio Cadena, que estão localizados na parte mais urbanizada do município. Estes cursos d’água com suas nascentes e afluen-tes passaram por um processo de quase completa supressão de suas matas ciliares.

A t u a l m e n t e estes locais que deveriam estar arborizados, dão lugar a lotea-mentos irregu-lares, ocupações desordenadas e, até mesmo, lo-teamentos que foram aprovados

anteriormente, quando a le-gislação ambiental não estava ainda instituída de fato.

Apesar disso, alguns tre-chos de cursos d’água ainda preservam uma tímida área com vegetação, que é insu-ficiente para cumprir a sua função ambiental.

Segundo o secretário muni-cipal de Proteção Ambiental de Santa Maria, Luiz Alberto Carvalho Jr., existe um traba-lho de conscientização com a população que mora nos ar-

redores dessas áreas, o projeto “Formiguinha”. “Contamos tam-bém com um convênio com a UFSM, em um projeto de plan-tio de cerca de 3 mil mudas de árvores nativas, no município de

Arroio Grande”.Para a geógrafa do Escritório

da Cidade, Rosana Franco Tre-

visan, é importante haver o de-senvolvimento de um processo de sensibilização da comuni-dade como um todo, envolven-do além da população geral e estudantil, os poderes execu-tivo e legislativo, os quais to-mam as decisões no que se re-fere ao planejamento urbano e socioambiental da cidade. Deveriam ser elaborados e estabelecidos como projetos prioritá-rios, a recuperação, revitalização e ma-nutenção das mar-gens dos cursos d’água que ainda podem ser recons-tituídos, para que possam, além de cumprir sua função ambiental, estar ainda integrados à paisagem e à vi-

vência urbana.Ela também explica que um

dos casos mais críticos é o do Arroio Cadena. Suas margens foram desmatadas e seu cur-so foi alvo de obras de cana-lização e retificação. Algumas dessas intervenções de enge-nharia não foram projetadas

em conformida-de com a dinâ-mica natural do curso d’água. Um exemplo disso é nas imediações da Vila Olivei-ra. O local onde antes estava lo-calizado o leito do arroio sofre frequentemente

com problemas de alagamento. Apesar do Projeto de Revitali-zação estar sendo implantado,

existem acelerados processos de erosão das margens, pois a tendência natural do curso d’água é voltar para sua forma original a fim de restabelecer o seu perfil de equilíbrio, ou seja, sua forma ideal em que não haja erosão nem assorea-mento. Em consequência dis-so, a rua Coronel Porto está desaparecendo, sendo tragada pelo arroio. “A situação dos as-sentamentos irregulares que ainda existem no local amplia os problemas, pois a falta de conscientização da população a coloca em situações de risco de inundação, alagamento e de solapamento das margens, ameaçando suas casas e suas vidas”, afirma.

Bruna Severo Flávia Müller

É possível recuperar a mata perdida?Matas ciliares são essenciais para garantir a proteção da água

As matas ciliares estão protegidas pelo Código Florestal

Secretário Luiz Carvalho Jr.

Arquivo eSCritório dA CidAde

BruNo MeLLo

deGrAdAÇÃo — em Santa Maria a situação das matas ciliares é precária - vila Arco iris Km2

Geógrafa rosana trevisan

FLÁviA MÜLLer

A falta das matas ciliares acarreta problemas como:

ESCASSEZ DA ÁGUA

► Não permitindo a infil-tração e armazenamento no lençol freático. Assim, reduzem-se as nascentes, os córregos, os rios e os riachos.

EROSÃO E ASSOREAMENTO

► Sem a mata ciliar a erosão das margens leva terra para dentro do rio, dificultando a entrada da luz solar.

PRAGAS NA LAVOURA

► A ausência ou a redução da mata ciliar pode provo-car o aparecimento de pra-gas e doenças na lavoura e outros prejuízos às proprie-dades rurais.

FIM DOS CORREDORES NATURAIS

► Essas áreas naturais pos-sibilitam que as espécies da flora e da fauna possam se deslocar, reproduzir e ga-rantir a biodiversidade.

DESCONTROLE DE NUTRIENTES

► As matas ciliares funcion-am como filtro entre os ter-renos mais altos e o ecossis-tema aquático, participando do controle do ciclo de nutri-entes na bacia hidrográfica.

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11Novembro de 2010URBANISMO

O planejamento urbano surgiu como uma alter-nativa para solucionar

os problemas causados pelo urbanismo moderno. Dessa forma, marca uma mudança de encarar as cidades.

A existência das cidades vem desde os primórdios, já com Roma e Atenas, que são os dois símbolos da an-tiguidade que influenciaram as civilizações de sua época. Na Idade Média (séculos IV ao XIII), a socieda-de se organiza-va basicamente na zona rural, e foi com o fenômeno da in-dustrialização que as cidades começaram o seu processo de inchamento e crescimento, vi-síveis até hoje.

Um dos maiores crescimen-tos urbanos brasileiros é a cidade de São Paulo, que por volta de 1900 iniciou o seu processo de industrialização com a ajuda dos imigrantes que se mudaram para lá com a

promessa de uma vida melhor. Só que crescimentos deste por-te têm também seu lado ruim. A cidade cresce desordenada e a criminalidade torna-se uma grande preocupação para as comunidades.

Um fator importante a consi-derar é a entrada em cena de

profissionais de diversas áreas do co-nhecimento , cada um com um olhar par-ticular sobre os problemas das cidades. Essa visão veio a confrontar a

ideia de que o urbanista deve-ria “projetar a cidade”, tendo sob controle o desenvolvimen-to da área planejada, com me-canismos que ajudam a simular o processo de desenvolvimen-to. Se pararmos para pensar no quanto de nossas fontes “finitas” são desperdiçadas, no quanto se gasta no consumo diário de água, no custo para tratar os esgotos, nas alterna-tivas para melho problema do

transporte urbano, podemos também pensar como deve agir uma política de planeja-mento bem estruturada, pois a ideia de que uma cidade não se regula por si mesma, já implica numa ação preventiva e efeti-va do poder público. Ação essa que deve assegurar bem-estar à população, mas com respeito ao meio ambiente.

Projetos da cidadeA diretora do Escritório da

Cidade, Sheila Comiran, afir-ma que os principais objeti-vos do planejamento urbano são: ordenar o desenvolvi-mento da cidade, o uso e ocu-pação do solo, a distribuição das atividades, a circulação de pessoas, os espaços livres, a valorização cultural, buscan-do melhorias na qualidade de vida dos habitantes e preser-vação do meio ambiente.

Ela também destaca as prin-cipais ações possíveis no mu-nicípio, entre elas a partici-pação da sociedade na gestão municipal da política urbana, através do Fórum Técnico e Conselho Superior, com um processo democrático e par-ticipativo entre a população e os diversos setores repre-sentativos da cidade, para discussão e planejamento do desenvolvimento urbano am-biental. Sheila ainda refere o processo permanente e siste-mático de detalhamento, atu-

alização e revisão do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental, junto a legislações correlatas.

Através do setor de Geo-processamento está sendo implantado um processo per-manente de produção, coleta e análise das informações físicas e sócio-econômicas do municí-pio de Santa Maria e a emissão permanente de diretrizes para implantação de novos empre-endimentos, de modo a orde-nar o crescimento da cidade com a distribuição adequada das atividades urbanas.

A revitalização e o meio ambiente

Como exemplo prático da im-plantação desse processo per-manente de produção, podem ser destacados os seguintes pro-

gramas: Revitalização do Centro Histórico e adjacências de San-ta Maria, Programa Parques de Santa Maria e Programa de Mo-bilidade Urbana. Cada progra-ma inclui diversos projetos que estão em andamento, tais como: Revitalização da Avenida Rio Branco e da Vila Belga.

Assim, a importância do pla-nejamento ambiental ocorre de forma harmônica, prevendo mu-danças e proteção ao ecossiste-ma, tendo um papel integrador entre o meio ambiente natural e a paisagem construída, apro-veitando-se o melhor do espaço físico e dos recursos ambientais, buscando o desenvolvimento sustentável do município.

Aline Merladete Marina Sellmer Sabrina Dutra

Planejar para construirPlanejamento urbano propicia qualidade de vida aos cidadãos

REVITALIZAÇÃO — A Vila Belga é mais um exemplo de planejamento urbano

fOTOS: MARINNA SELLMER

Plano Diretor Urbano

► Plano Diretor Urbano é um planejamento de como a cidade deve crescer. Ele orienta e disciplina o cresci-mento da cidade.

► Os idealizadores colocam em um projeto as suas ideias partindo de um modelo imaginário para a ci-dade futura.

► O plano é um conjunto de normas legais capazes de orientar as iniciativas privadas e direcionar os pú-blicos para os investimentos a fim de que alcance o ideal projetado.

► O processo para elaboração do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental - PDDUA, do município de Santa Maria teve início em 2001. O tra-balho foi conduzido pela prefeitura através da Secre-taria de Município de Planejamento, com a participação e suporte do Conselho Geral do Processo de Construção do PDDUA (fórum que busca sintetizar todos os aspec-tos referentes ao planejamento da cidade).

► A região de Santa Maria está localizada numa das áreas de patrimônio paleontológico mais reconhecidas do Brasil.

► A presença desses elementos na área municipal e as vantagens estruturais que a cidade oferece como presença de universidades, grande rede de ensino e ainda existência de boa rede hoteleira, fazem com que Santa Maria possa assumir a responsabilidade de pro-mover o esforço da preservação e pesquisa desses bens.

O planejamento ambiental prevê mudanças no ecossistema urbano

PROJETO — A revitalização da avenida Rio Branco é uma obra de planejamento urbano

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Jornal Laboratório Especializado em Meio Ambiente - Jornalismo/Unifra

Já imaginou sua sala de-corada com memórias de computador, disquetes,

cd´s, entre outras peças ele-trônicas? Essa é uma das so-luções criativas que artistas encontraram para minimizar o problema do lixo eletrôni-co, que emerge com a evolu-ção tecnológica.

Os resíduos tecnológicos contêm diversos materiais no-civos à natureza. Para Luciano Cardona, gerente de Tecnolo-gia da Informação, isso é uma questão preocupante, pois o lixo eletrônico acaba sendo eli-minado de forma incorreta. “Os resíduos tóxicos como mer-cúrio, arsênio, cobre, cádmio, dentre outros quando jogados no lixo comum, penetram no solo podendo entrar em con-tato com os lençóis freáticos e, consequentemente, contami-nam plantas e animais.“

Cardona vê perspectivas para o futuro. Estima que exis-tirão empresas semelhantes

às sucatas de automóveis, em que será possível obter peças e componentes de forma or-ganizada. “Essa alternativa permitiria um reaproveita-mento bastante significativo de itens tecnológicos”, conclui o gerente de TI.

Solução localEm Santa Maria, a artista

plástica Lia Sartori dá exem-plos criativos para o reapro-veitamento do lixo eletrônico. Ela une resíduos e criativida-de em prol do meio-ambiente. “Acredito que o meu trabalho é uma forma alternativa de

minimizar os problemas do descarte do lixo eletrônico. A solução virá com a conscien-tização das pessoas de que devem reduzir o consumo, in-clusive dos bens eletrônicos, usar os aparelhos e equipa-mentos durante um período de tempo mais longo”.

Lia explica que para criar sua arte faz uso de materiais inutilizados, como Cd´s, dis-quetes, placas-mãe e outros componentes do interior do computador. Ainda reforça a importância de seu trabalho: “A arte ambiental é um bem. Um bem material enquanto transformada em quadros e um bem imaterial enquanto arte, cultura e invento, postos à sociedade atual de muito consumo e regada por cópias e de pouca criação.”

Carla Tavares Maurício Lavarda

Paola Marcon

Lixo eletrônico vira arte

Criatividade verde eduardo ramos

Artistas inovam na transformação de resíduos eletrônicos em outros produtos

TraNsFormaÇÃo — artista usa o lixo para fazer obras de arte

BRASIL - Naná Hayne – pedaços de gabinete, teclas, fios, placas, memórias de PC.JAPÃO - Kosuke Tsumura – utiliza cabos entrelaçados, aparelhos de MP3 e teclados.

Artistas que utilizam lixo eletrônico pelo mundo:

Arte em disquete

twitter.com/g_e_n_t_r_y www.nickgentry.co.uk/ www.flickr.com/photos/nickgentry

@

Nick Gentry vive em Londres, na Inglaterra, mas já exibiu suas obras na Europa, Estados Unidos e Reino Unido. Em suas criações utiliza o lixo digital como forma de protestar contra os efeitos do avanço tecnológico na sociedade.

O artista retrata também como a memória digital mui-tas vezes se perde com a velocidade da sua evolução. Nick deixa o nome do arquivo escrito nos disquetes, para instigar o espectador a descobrir que tipo de in-formação aquele disquete contém, reafirmando assim o conceito do “Alzheimer digital”.

Para conhecer mais sobre o trabalho do artista