jornaleco - 10ª edição / junho de 2010

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Águas que destroem As enchentes que ocorreram na região central do Estado no final de 2009 e início de 2010 mudaram não só a rotina das pessoas, mas a geografia, a economia e a infraestrutura dos municípios. Força da água destruiu ponte do rio Jacuí, na rodovia que liga a região central à capital gaúcha. Página 5 Tragédia ambiental Páginas 4 a 9 O aumento de carros e motos transforma o cenário urbano de Santa Maria. Poluição e doenças vêm de carona. Páginas 12 a 15 Trânsito congestionado DIEGO FONTANELLA CAROLINA BRUM CORRÊA ARY OTÁVIO CANABARRO Jornal Laboratório Especializado em Meio Ambiente - Jornalismo/Unifra 10ª edição Junho de 2010

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Jornal Laboratório Especializado em Meio Ambiente - Jornalismo/Unifra

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Page 1: JornalEco - 10ª edição / junho de 2010

Águas que destroem

As enchentes que ocorreram na região central do Estado no final de 2009 e início de 2010 mudaram não só a rotina das pessoas, mas a geografia, a economia e a infraestrutura dos municípios.

Força da água destruiu ponte do rio Jacuí, na rodovia que liga a região central à capital gaúcha. Página 5

Tragédia ambiental

Páginas 4 a 9

O aumento de carros e motos transforma o cenário urbano de Santa Maria. Poluição e doenças vêm de carona. Páginas 12 a 15

Trânsito congestionado

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ary otávio canabarro

Jornal Laboratório Especializado em Meio Ambiente - Jornalismo/Unifra

10ª ediçãoJunho de 2010

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2 junho de 2010

Meteorologia explica aumento de desastres naturais

Conforme o Painel Intergo-vernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), os impactos futuros de eventos climáticos extremos afetarão despropor-cionalmente as populações pobres. Os países ricos não serão poupados.

Os desastres naturais po-dem ocorrer em qualquer par-te do mundo, entretanto, algu-mas regiões são mais afetadas em função da intensidade e frequência dos fenômenos e da vulnerabilidade do siste-ma social. Tanto que a maio-ria dos desastres ocorre nos países em desenvolvimento. Mais de 95% das mortes por consequência dos desastres naturais ocorrem em países considerados pobres.

No Brasil, grande parte dos desastres está associada às instabilidades atmosféricas severas, responsáveis pelo desencadeamento de inun-dações, vendavais, tornados, granizos e des l izamen-tos de terra. Esses fenô-menos são violentos e resultam em mortes e des-truição. Nor-malmente não há tempo para que as pessoas procurem um lugar seguro para se abrigar ou salvar seus bens. E, segun-do uma pesquisa feita pela Organização Contas Abertas,

o Brasil prefere remediar do que prevenir esses desastres naturais.

Nas últimas décadas hou-ve um aumento considerável nos prejuízos causados por

catástrofes. Es-tudos indicam que este au-mento pode es-tar relacionado às mudanças climáticas glo-bais, mas tam-bém apontam o crescimento populacional, o

aumento das favelas e da po-breza e a ocupação de áreas de risco como principais fato-res responsáveis pelo aumen-to de desastres.

Dr. Vagner Anabor no laboratório de Pesquisas Meteorológicas do INPE, na UFSM

Variabilidades climáticas ocorrem a cada três ou quatro anos

MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Expediente JornalEco – 10ª ediçãoJornal experimental produzido na disciplina de Jorna-lismo Especializado I do Curso de Comunicação Social

– Jornalismo do Centro Universitário Franciscano

Reitora: profª Irani RupoloDiretora da Área de Ciências Sociais: profª Sibila RochaCoordenação do Curso de Comunicação Social – Jorna-lismo: profª Sione GomesProfessora orientadora: jorn. Aurea Evelise Fonseca Editores: profª Aurea Evelise Fonseca – Mtb 5048 prof. Iuri Lammel – Mtb 12.734Reportagens e textos: Alessandra Tonatto Noal, Ander-son Vargas Gonçalves, Andressa Alves de Oliveira, Andres-sa da Costa Scherer, Andressa Sarturi, Camilla Marques Guterres, Carolina Brum Corrêa, Caroline Rocha da Silva, Daiane dos Santos Costa, Daniel Cantaluppi Bueno, Eric-son André Friedrich, Evandro Leão de Freitas, Felipe de Barros da Rosa, Gabriela Acosta Fogliarini, Gabriela Me-deiros Perufo, Giulianno Lara Olivar, Henrison Rodrigues Dressler, Jean Pierre Zinelli Romero, Juliane Furquim de Freitas, Larissa Calegaro Sarturi, Leandro Monteiro Ineu, Leandro Passos Rodrigues, Liciane Brun, Lucian Roggia Ceolin, Maiara Camila Sestari Bersch, Marcos Severino de Borba, Maurício Almeida Araújo, Pedro Henrique Pavan, Raquel da Silva Acosta e Verônica Machado Barbosa.Fotos: acadêmicos Anderson Gonçalves, Camilla Guterres, Carolina Brum Corrêa, Gabriela Fogliarini, Henrison Dressler, Ericson Friedrich, Lucian Ceolin, Evan-dro Leão, Daniel Bueno, Maiara Bersch e Marcos de Borba, Diego Fontanella e Augusto Coelho (Laboratório de Foto-grafia e Memória), Arquivo da Prefeitu-ra Municipal de São Pedro do Sul e Ary Otávio Canabarro (São Pedro do Sul). Diagramação: prof. Iuri Lammel e acad. Giulianno OlivarImpressão: Gráfica Gazeta do SulTiragem: 1000 exemplares Distribuição gratuitaJunho 2010

Ultimamente é comum acontecerem desastres naturais. Toda semana nos deparamos com uma notícia diferente so-bre terremotos, vulcões, enchentes, enxurradas. Na região central do Rio Grande do Sul não foi diferente, as chuvas em demasia no final do ano passado e no início de 2010 provo-caram enchentes, castigaram produtores e suas plantações e causaram tragédias, como a queda da ponte sobre o rio Jacuí na RSC 287, que liga o município de Agudo ao de Res-tinga Seca. Quais as relações entre as mudanças climáticas, as agressões ao meio ambiente e a queda desta ponte e de diversas outras de menor porte? Porque tanta chuvarada atingiu a região e ceifou plantações, arrasou com balneários e com vilas e colocou em risco a população de vilas localiza-das às margens de rios e arroios? Vários grupos da discipli-na de Jornalismo Especializado I debruçaram-se sobre este tema e o resultado é um levantamento regional dos proble-mas causados pelas enchentes.

Esta edição ainda traz uma série de matérias que mos-tram como a poluição urbana está afetando a saúde e a vida das pessoas, especialmente em Santa Maria, onde o aumen-to do número de veículos é impressionante. E onde a quan-tidade de lixo jogada no arroio Cadena segue fazendo estra-gos ao meio ambiente e em discussão nas esferas de poder que até hoje ainda não conseguiram minimizar o problema. Nossa intenção é que, ao tratar destes assuntos, os leitores possam juntar-se à equipe do JornalEco para refletir sobre a realidade atual e tentar, em seu círculo de ação, promover ações cotidianas que respeitem a natureza e o ser humano.

Editorial

Crescimento populacional é um dos principais fatores

ErIcSoN FrIEDrIch

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junho de 2010 3

Clube Caça e Pesca é atingido pela enchente em São Sepé

Meteorologistaexplica motivos

A meteorologia é parte das ciências exatas que estuda os fenômenos e as reações dos outros sistemas terrestres com a atmosfera. Ela está liga-da a todos os processos físicos e químicos que acontecem na terra. Nesses processos estão confluências, tempestades, fenômenos de grande escala e o clima.

Sobre as precipitações que ocorreram no início do ano de 2010, o meteorologista do Instituto Nacional de Pesqui-sas Espaciais (INPE), Vagner Anabor, diz que o grande vo-lume de chuvas no Rio Gran-de do Sul foi previsto pelos modelos meteorológicos e também monitorado através das estações climáticas que medem as chuvas nas bacias hidrográficas.

Conforme Anabor, essas enchentes são causadas por tempestades severas de gran-des dimensões, que produ-zem excessivos volumes de água em um curto espaço de tempo. Podem chegar a 100 mm por dia ou até 400 mm em dois dias, o que é um vo-lume consideravelmente grande e sobrecarrega todo o sistema de escoamento e dre-nagem das cidades e dos rios, causando alagamentos.

As chuvas que ocorreram recentemente estão ligadas à primavera e ao verão. Por isso, é normal que elas acon-teçam novamente. Devido ao El Niño, elas tendem a ocor-rer com maior frequência.

Vagner Anabor ainda chama a atenção para a diferença que há entre mudanças climáticas e variabilidade climática. Mu-danças climáticas são modifi-

cações que ocorrem de forma permanente. Já variabilidade climática, são variações que ocorrem a cada três ou quatro anos no planeta, como La Niña e El Niño. Esses fenômenos causam pequenas mudanças no clima. Hoje, esse tipo de evento é mais noticiado pela mídia, mas essa variabilidade já ocorria, como as chuvas que ocorrem em São Paulo. Porém o tempo de existência do ho-

mem na terra é curto, sobre-tudo como civilização. As pri-meiras observações do tempo

Por que o Brasil tem poucos desastres naturais?

Estamos livres de uma série de desgraças como terremo-tos, vulcões e furacões por causa de fatores geológicos e climáticos. A pouca ocor-rência de ventos devasta-dores como furacões, tufões e ciclones é devida à baixa temperatura do mar. Nossos mares dificilmente atingem os 26,5C° necessários para a formação de tempestades. O furacão Catarina, que passou em março de 2004 pelo sul do Brasil, tinha característi-cas tanto de ciclone quanto de furacão, segundo o Inpe. Ele é uma prova de que sem-pre pode acontecer uma ca-tástrofe, mesmo que esteja-mos em terra “abençoada”.

Os modelos climáticos mostram tendências, e não previsões

datam a partir de 1800 no Rio Grande do Sul, e isso é recente para a escala de tempo de mu-danças climáticas.

As previsões podem ser de sete dias, com estimativa para até 15 dias. Isso é o que se de-nomina previsões de curto prazo. Previsões de clima po-dem se estender de 6 meses a um ano, com uma margem bem alta de acerto. No entan-to, não é possível fazer pre-

visões para os próximos três anos. O que se faz é trabalhar com modelos idealizados, explica o meteorologista. Os modelos climáticos mostram tendências, e não previsões. As previsões mostram o que pode acontecer em um curto espaço de tempo.

Por Caroline Rocha, Ericson Friedrich e

Raquel Costa

SecaA seca, também conhecida como estiagem, é um fenômeno climá-tico causado pela insuficiência de precipitação pluviométrica, ou chuva, numa determinada re-gião por um período de tempo muito grande. Existe uma pe-quena diferença entre seca e es-tiagem, pois estiagem é o fenô-meno que ocorre num intervalo de tempo, ou seja, não é per-manente. A seca é permanente. Este fenômeno provoca desequi-líbrios hidrológicos importantes, comuns em determinadas partes na região nordeste do Brasil.

DeslizamentosUm deslizamento é um fenôme-no geológico que inclui um lar-go espectro de movimentos do solo, tais como quedas de rochas, falência de encostas em profun-didade e fluxos superficiais de detritos. Embora a ação da gravi-dade sobre encostas demasiada-mente inclinadas seja a principal causa dos deslizamentos de ter-ra, existem outros fatores, como chuvas fortes, tráfego de maqui-nário pesado, explosões e mesmo trovões que causam vibrações e podem acionar a falência de en-costas frágeis.

EnchentesEnchente ou cheia é uma situação natural de transbordamento de água de córregos, arroios, lagos, rios, mares e oceanos provocada por chuvas intensas e contínuas. É mais frequente em áreas mais ocupadas, quando os sistemas de drenagem passam a ter menor eficiência. Como todo fenômeno natural, pode-se sempre calcular o período de retorno ou tempo de recorrência. Algumas obras podem ser realizadas para controle, tais como bueiros, diques, barragens de defesa contra inundações ou obras de revitalização de rios.

Principais tipos de desastres naturais no Brasil

MUDANÇAS CLIMÁTICAS

foto AnderSon VArgAS

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4 junho de 2010

Reconstrução na Quarta ColôniaRodovias devem ser drenadas para resistirem à ação da água

Estragos nas RS 149, em São João do Polêsine

Empresa de pavimentação rodoviária trabalha na recontrução do asfalto

FOTOS LUCIAN CEOLIN

A queda da ponte sobre o Rio Jacuí, na RSC 287, que liga o município de

Agudo ao de Restinga Seca, vai ocasionar não só a reforma e construção de uma nova pon-te mas, também, uma grande mudança nos asfaltos e rodo-

vias da região da 4ª Colônia de Imigração Italiana. Local muito atingido pelas enchen-tes, essa área já sofria há mui-to tempo com a precariedade de suas rodovias. O Departa-mento Autônomo de Estradas de Rodagem (DAER), por meio

de licitações, contratou três empresas de pavimentação rodoviária. A Sultepa, Cotrel e Della Pascoa foram incumbi-das de reformar mais de 168 km de asfalto esburacado e em más condições de tráfego.

Segundo o DAER, essas

reformas estavam previs-tas desde março de 2008. Só que, com a queda da ponte, a chuvarada e os enormes es-tragos ocasionados, as obras tiveram caráter emergencial, como conta o administrador da obra rodoviária, Paulo Re-nato Konsland: “Isso que está sendo feito é de caráter emer-gencial. Estava previsto desde 2008, mas com a crise que o governo atravessa e com toda essa chuvarada, o DAER não pôde fazer nada antes”.

Konsland indica alguns fa-tores para a precariedade das rodovias: “O inimigo número um do asfalto é a água. Tem de ter uma rodovia bem drenada. Qualquer lugar com muito mo-vimento, se não estiver bem drenado, com certeza aca-ba estragando tudo”. Porém, mesmo saben-do da respon-sabilidade que o governo tem, Konsland fala sobre a popu-lação que, mui-tas vezes, só sabe reclamar: “O pessoal, às vezes, só sabe reclamar e xingar os trabalha-dores rodoviários. Trabalho há mais de 30 anos na beira de estrada e já cansei de ver lixo nas barrancas do asfalto, garrafa de cerveja, cigarro e demais porcarias. Isso acaba prejudicando, e muito, as ro-dovias e encostas”.

Segundo a engenheira civil e professora do curso de En-genharia Ambiental do Cen-tro Universitário Francisca-no, Juliane Pinto, o aumento da precipitação ao longo dos anos e o desmatamento das áreas favoreceram as catás-trofes na região. Ela explica o que aconteceu com os rios nas áreas alagadas e na queda da ponte em Agudo: “Na ba-cia hidrográfica, existe uma área de drenagem, a água vai escoar para esse ponto, o lo-cal onde está sendo drenada essa água é o leito do rio, e com a grande quantidade de chuva eleva o nível do rio, de um ponto mais alto para um ponto mais baixo.”

Para a especialista, a condi-ção ambiental é a culpada pela

queda da ponte, “a água tinha que passar em algum lugar”. A falta de manutenção foi o ou-tro aspecto salientado por Ju-liane. A professora deixa uma dica aos moradores mais afe-tados pelas enchentes: “Não deixar que a vegetação seja retirada do local, e onde não tem plantação, tentar preser-var para que a água não che-gue de forma muito bruta”.

E não são apenas as lavou-ras que foram prejudicadas pela chuva. O grande fluxo de veículos, ocasionado pela queda da ponte, preocupa os moradores de São João do Po-lêsine. Por estar localizada na região onde se passa para ir a Santa Maria, Agudo e demais localidades da Quarta Colônia,

a cidade pas-sou a ter mais de 70 % de au-mento do fluxo de carros. Com isso, o perigo de ocorrer al-gum acidente é muito gran-de. Como ex-plica o empre-

sário João Marzari, que mora bem perto do asfalto da RS 149, em Polêsine: “Aqui, de-pois da queda da ponte, não dá para aguentar. É dia e noite uma barulheira, carros fazen-do ultrapassagens perigosas. Como aumentou o percurso, acham que têm de correr para chegar antes.”

O aumento do fluxo veicu-lar mudou, também, algumas atitudes dos moradores de Po-lêsine. Antes da tragédia, com o fluxo normal de veículos, era sempre possível ver muita gente caminhando e correndo na beira do asfalto. Agora, são poucos os que se arriscam. Como conta o estudante Diogo Pippi: “Antes se via muita gen-te praticando exercícios. Eu sou um dos poucos que con-tinua, mesmo após o aumento dos carros. Mas, mesmo assim, com a atenção muito maior que antes. Várias vezes vejo ultrapassagens perigosas, que passam bem perto de mim. Está muito mais difícil de pra-ticar exercícios”.

Lucian Ceolin e Pedro Pavan

O inimigo número um do asfalto é a água, mas o lixo também causa danos

MUDANÇAS CLIMÁTICAS

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junho de 2010 5

Enchente leva a ponteFluxo de água arrancou as margens do rio Jacuí

Quando o rio baixa, pode-se ver os destroços da antiga ponte

Na época do acidente: rio Jacuí cheio e a ponte submersa

FOTOS CAROLINA BRUM CORRêA

Na manhã de 5 de janeiro de 2010, duas pequenas ci-dades do interior do Estado – Agudo e Restinga Seca - foram pegas de surpresa pela queda da maior ponte da redondeza. A ponte tinha extensão de 100 metros sobre o Rio Jacuí e deti-nha um fluxo constante de veí-culos, pois era trajeto de quem se deslocava de Santa Maria a Porto Alegre e vice-versa.

Entre as várias cogitações a respeito da causa da queda, a maior justificativa foi a gran-de cheia na região. Segundo a engenheira florestal Flávia Oliveira, o fluxo de água foi tão grande, que em muitas partes das barrancas do rio, protegidas por árvores, essas foram arranca-das inteiras até com a raiz. Os lugares desma-tados para as plantações so-freram maiores consequências. “Aonde não ha-via proteção, como as lavou-ras das encostas, houve danos maiores, e colaboraram para o fluxo aumentar. Em um caso desses, onde a natureza é mais forte, fica complicado, mas o produtor tem que se conscien-tizar que é preciso recuperar a mata ciliar, ou seja, a Área de Preservação Permanente (APP), porque sem essa prote-ção cada vez que houver uma enchente vai desbarrancando mais”, ressalta a engenheira.

Para as autoridades dos dois municípios, o caso é gra-ve, não só pelo dano da queda da ponte, mas também pelo impacto ambiental. Para o pre-feito do município de Restinga Seca, Tarcizo Bolzan, a queda da ponte acarretou consequ-ências negativas ao município e à população. “Nesse trecho

moram, plantam e vendem vários agricultores e comer-ciantes restinguenses. Para os agricultores, há perda das la-vouras que ficaram alagadas. Para comerciantes, a renda cai significativamente, pois não passam mais tantos carros como antes, os postos e res-taurantes do trecho estão sem movimento, pois agora é usa-do um desvio que não passa pelo município”, lembra o pre-feito. “Além dos danos ambien-tais que são causados pelas próprias plantações, estamos tentando fazer de um jeito que todos sejam beneficiados, mas se torna difícil, pois um depen-de do outro, ao mesmo tempo em que um prejudica o outro”,

completa Bol-zan, sobre o as-pecto de que o fluxo de carros polui, as lavou-ras desmatam, mas mesmo assim não exis-te como tirar de um para ajudar o ou-

tro. Restinga Seca se localiza do lado oeste da ponte, no de-correr da RSC 287, até a divisa com Santa Maria.

O empresário Marcelo Fuzer, dono do Posto Fuzer, localiza-do na comunidade de São Mi-guel, no município de Restinga Seca, diz estar apavorado com a situação. “A movimentação aqui diminuiu 60% ou mais. Agora só passa por aqui quem vem ou vai para Restinga, que quase sempre já está abasteci-do. O fluxo de caminhões que era a principal renda do posto reduziu a 10%, está difícil para nós”, reclama Fuzer.

Para o prefeito do municí-pio de Agudo, Ary Anunciação, a questão do produtor é mais preocupante. “O produtor rural daquela região sofreu

muito. Algumas lavouras fo-ram totalmente devastadas. A questão do comércio na região não foi tão afetada, pois o des-vio pertence ao nosso municí-

pio, creio que para Restinga te-nha sido mais complicada essa parte”, comenta Anunciação.

Os agricultores dos muni-cípios declaram que os danos

são inigualáveis e que também se acham culpados pelos de-sastres que vêm acontecendo e que fazem parte do processo de destruição da natureza. Gus-tavo Fleck, agricultor da área pertencente a Agudo, diz que a queda da ponte serviu de calvá-rio para ele, que as lavouras da família que ficam próximas ao rio ajudaram a provocar essas enchentes, pois para plantar o arroz é necessário desmatar as encostas. “O dano e o prejuízo foi enorme, mas tenho consci-ência de que também somos causadores disso tudo e fui castigado com a destruição de mais da metade da minha la-voura”, lamenta o agricultor.

Carolina Brum Corrêa

O produtor deve se conscientizar que é preciso recuperar a mata ciliar

MUDANÇAS CLIMÁTICAS

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6 junho de 2010

São Sepé: água desabrigou, desabasteceu e destruiuChuvas causam falta de água e baixam preços de produtos agrícolas

Força da água destruiu pontes no interior do município

FOTOS EVANDRO LEÃO

Em todo o Estado, o ano de 2009 trouxe muitas surpresas ruins por

causa das alterações climá-ticas. Cidades foram lavadas pelas chuvas, a água atingiu casas e trouxe à tona diver-sos problemas.

Em São Sepé, a Sociedade Recreativa Caça e Pesca, que fica às margens do rio São Sepé, é um exemplo da quan-tidade de chuva que caiu. A água atingiu casas e derru-bou pontes impedindo a pas-sagem de veículos e de pe-destres. Residências ficaram ilhadas pela água na estrada. Casas alagadas no Passo do Verde (entre Santa Maria e São Sepé), falta d’água e que-da de pontes no município foram algumas das marcas deixadas no ano que passou.

As enchentes causaram transtornos sérios como a falta frequente de água. Nos bairros foi preciso o auxílio com colchões, roupas e ces-tas básicas. De acordo com o secretário de Assistência So-cial, Paulo Re-nato Vargas, foram atingi-dos moradores de mais de dez bairros da cidade. No inte-rior e na periferia, o saldo de destruição foi de oito pontes caídas. A da antiga saída para Caçapava ficou totalmente destruída.

Na primeira semana do ano o município recebeu o madei-ramento para a reconstrução de algumas pontes. Mesmo as-sim, buracos nas estradas, co-munidades ilhadas e lavouras inundadas foram o saldo com que produtores e moradores do interior tiveram de apren-der a lidar.

O verão chuvoso surpreen-deu agricultores não só pelas dificuldades na plantação, mas pelas péssimas condições das estradas do interior. A maio-ria das vias ficou intransitável. Motoristas de ônibus chega-ram a parar de fazer algumas rotas até que a chuva parasse. Além das estradas há também a questão das pontes. Pelo me-nos cinco ficaram danificadas ou com perda total.

Falta d’água se tornou banal

Mas o problema que atingiu o maior número de pessoas foi

a falta d’água. A necessidade da realização de obras na captação jun-to ao rio São Sepé é uma r e i v i n d i c a -ção antiga da C o m p a n h i a Rio-granden-

se de Saneamento (Corsan), que ainda não teve viabilida-de. Uma equipe de mergulhos, de Porto Alegre, esteve em São Sepé para efetuar a limpeza da captação de água no rio.

O inspetor de montagem da Corsan, Jorge Borner, diz que a vazão normal da água é de 60 li-tros por segundo. Quando ocor-rem as enchentes, a vazão chega a reduzir para 15 a 20 litros por segundo, por isso a falta d´água. Borner explicou que a captação limpa volta a funcionar, mas que ainda há risco de falta d’água se o rio subir novamente.

Preços caem e preocupam produtores

Orizicultores e sojicultores estavam apreensivos quanto à desvalorização de preços em março. O preço do arroz bai-xou, preocupando os produto-res que se esforçaram, sob pés-simas condições, para plantar e replantar suas culturas.

Na avaliação do presidente da Cooperativa Tritícola Se-peense (Cotrisel), Fernando Osório, em relação ao ano pas-sado, que foi uma safra excep-cional, a safra deste ano não será tão ruim. “Com todos os problemas que os produtores enfrentaram (chuva, pouca lu-minosidade), acreditamos que está sendo uma boa colheita, apresentando um rendimento de grãos inteiros, muito supe-rior ao esperado”.

As perdas acumuladas pelos arrozeiros gaúchos represen-tam um mês de consumo de arroz pela população brasilei-ra. Em todo o Estado, são mais de mil casos de produtores que tiveram perda quase total das lavouras.

São 18 mil produtores res-ponsáveis por 63% da produ-ção e do abastecimento nacio-nal. Plantam 1,1 milhões de hectares de arroz ao ano em 140 municípios, gerando 232 mil empregos. Nesta safra, o Rio Grande do Sul sofreu 14 eventos climáticos (ciclones, vendavais, granizo e inundações) e cinco grandes enchentes, atingindo 38 mil propriedades, 45 mil produtores e 80 municípios, ge-rando milhões de reais em pre-juízos (pontes, estradas, canais, redes elétricas, casas, galpões).

Em torno de 60% da soja foi plantada em dezembro, passando por chuvas perma-nentes e, em março, fase de término de floração, precisan-do de água, a estiagem acabou prejudicando as plantações. “Estamos apreensivos quanto às plantações de soja, as quais poderão passar por uma queda de produtividade, bem como a questão de preço”, diz Osório.

Enchentes geraram prejuízos de milhões de reaisno município

Em favor dos arrozeirosO presidente da Comissão

de Agricultura da Assembleia Legislativa, deputado Heitor Schuch, disse em ato que reu-niu arrozeiros em Cachoeira do Sul, que se unia à classe produtora. “Precisamos nos unir e mostrar para a opinião pública o que o agricultor está passando e necessita neste momento. Dos que plantaram, alguns vão colher, outros infe-lizmente não”, destacou. Para Schuch, é preciso que todos contribuam na construção de soluções. “O governo preci-sa cumprir preço mínimo. A população urbana tem uma parcela muito grande neste processo e se não valorizar-mos o produtor, estaremos ajudando a enterrá-lo”.

O presidente do Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga), Maurício Fischer, destacou que mais uma vez o produtor está na luta. “Sabemos que a safra deste ano não passará de sete milhões de toneladas, enquan-to que a do ano passado ultra-passou os 8,5 milhões”, disse.

Anderson Vargas, Evandro Leão e

Leandro IneuFernando Osório, da Cotrisel Secretário Paulo Renato Vargas

MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Page 7: JornalEco - 10ª edição / junho de 2010

junho de 2010 7

Proteger o ambiente é proteger vidasMargens do Cadena vieram abaixo com as chuvas

A ponte na rua Irmã Dulce, principal acesso ao bairro também apresenta problemas na estrutura

José da Silva improvisou com entulhos, para evitar o desmoronamento de seu pátio

fotoS DAnIel bueno

Uma área é considera-da inapropriada para habitação quando está

sujeita às forças da natureza, como em margens de rios, bei-ra de barrancos, declives de morros. Não construir nestes lugares é uma forma não só de preservar o ambiente como também de proteger vidas. São chamadas áreas de risco que, muitas vezes, são também áre-as de preservação ambiental.

As margens do arroio Cade-na são os lugares mais críticos em Santa Maria, onde existem muitas casas que correm ris-co de desabamento devido à erosão e cheias. O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) prevê recuperação des-de a sua nascente até a Vila Ur-lândia e as famílias estão sen-do deslocadas para conjuntos habitacionais. Nesses locais deverão ser colocados taludes de contenção feitos de pedra e concreto. É uma forma de evi-tar que tragédias como as que ocorreram em abril deste ano no Rio de Janeiro.

O dia em que a Felicidade veio abaixo

Nelson Adão Böch é mo-rador da rua A, também cha-mada de Felicidade, na Vila Renascença. Ele vive do pouco dinheiro que ganha pelo con-serto de bicicletas. Sua casa está bem no final da rua. Um lugar que está condenado, pois com as chuvas de novembro do ano passado, parte da rua veio abaixo. O arroio Cadena mos-trou toda a sua força levando o barranco. Nelson afirma que não necessita sair do local. A rua era uma das ligações com a BR 287. No acesso principal à vila também existe outro problema. A ponte está com a cabeceira deteriorada. Várias pessoas já foram retiradas do local e outras ainda esperam uma solução.

É o caso do aposentado José da Silva, que a cada chuva vê o fundo da casa diminuir, levado pela forças das águas. Ele com-prou o terreno há 18 anos e viu a margem do rio aproximar-se de seu lar. Em novembro do ano passado foi o período mais crítico. Silva fez uma contenção com entulho e terra nos fundos de sua casa para evitar mais

desmoronamento. “Naquela chuva de novembro, se largás-semos um vagão de trem, ele seria levado. Aqui o que está segurando ainda são as taqua-

reiras”, diz. Ele é um dos mora-dores que aguarda uma casa no Loteamento Cipriano da Rocha, na Vila Maringá.

O secretário de Proteção

Ambiental, Luiz Alberto Car-valho Junior, explica que esse tipo de urbanização é comum em muitas cidades. É conse-quência de uma falta de pla-

nejamento e fiscalização por parte dos órgãos públicos. As pessoas também sabem que o local não é apropriado, mesmo assim constroem suas casas e as áreas são legaliza-das. Ele dá um exemplo do por que não se deve construir até 30 metros na beira de um curso d’água. É que as árvores que estão ali fazem a conten-ção, assim o assoreamento do seu leito é evitado. Para isso é utilizado nos estudos de planejamento de definição das áreas de risco o principio da precaução que resguarda qualquer tipo de razão, inclu-sive ambiental. “Nós estamos pagando por uma urbaniza-ção desordenada de morros e arroios durante muito tempo”, completa o secretário.

Segundo a Prefeitura, mais de duas mil famílias vivem em locais que apresentam risco de deslizamento.

Por Daniel Bueno e Leandro Rodrigues

MUDANÇAS CLIMÁTICAS

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São Pedro do Sul e Toropi vivenciam a força das águas

Foram quatro dias de fortes chuvas: 22 de novembro e 26 de dezembro de 2009,

4 e 12 de janeiro de 2010. Estas datas ficaram marcadas para os moradores dos municípios de São Pedro do Sul e Toropi e os reflexos ainda podem ser percebidos nos balneários per-tencentes às cidades, Passo do Julião e Passo do Angico, res-pectivamente. O grande volume de água levou ao que muitos consideram as maiores enchen-tes ocorridas nos últimos anos.

O balneário Passo do Julião, pertencente a São Pedro do Sul e distante 20 km do município, possui 95 casas, sendo que destas 15 foram totalmente destruídas. Também sofreram danificações o posto da Briga-da Militar e do Corpo de Bom-beiros. Conforme o presidente do balneário, Geovane Antô-nio Strauss, o número de fre-quentadores durante o verão chegava a 1.000 pessoas por fim de semana. Um total de 12 famílias tinham residência fixa e algumas delas tiveram que deixar de morar no local após as enchentes.

Além das casas, também fo-ram danificadas a rede de luz, área de camping e o calçamento das ruas. As famílias estão em-penhadas na reconstrução das residências e, conforme Geova-ni, os calçamentos das ruas já foram restaurados. Falta ainda a reconstituição do camping e do posto da Brigada Militar e Corpo de Bombeiros.

O mecânico Luiz Varnei Ma-chado de Oliveira, que reside em São Pedro do Sul, há 15 anos veraneia com a família em sua casa no balneário Passo do Ju-lião. Ele diz que teve diversos prejuízos. A força das águas ar-rancou o segundo piso da casa onde ficavam a cozinha, banhei-ro, garagem e churrasqueira. “Vou ter que refazer toda a casa. Também perdi móveis, geladei-ra, fogão e diversos utensílios”, afirma Luiz.

O presidente da Associação de Moradores do balneário Passo do Angico, Carlos Magno Pires dos Santos, conta que as últimas enchentes superaram a ocorrida no ano de 1984, que até então era considerada pe-los moradores a maior já regis-trada. Após o susto, o balneário

ainda está sendo reestruturado. “As enchentes trouxeram muita areia das encostas. Também fo-ram derrubadas algumas árvo-res ribeirinhas, a área de banho foi danificada e caiu a passare-la que permitia o cruzamento pelo rio em épocas de cheia”, relata Carlos.

A locutora de rádio Fátima Ebling Metz, que reside em São Pedro e possui casa no Balneá-rio do Passo do Angico há 10 anos, conta que em sua residên-cia os prejuízos foram poucos. “A estrutura não foi abalada, apenas caiu uma parte da co-bertura da churrasqueira e al-guns móveis e colchões ficaram sem condições de uso”.

De acordo com Fátima, as enchentes prejudicaram a es-

trutura do balneário Passo do Angico. “Houve mudanças no leito do rio. Atrás da minha casa, que fica na beira do rio, o local ficou irreconhecível. Ár-vores antigas tombaram, caiu um barranco que segurava ga-lhos e árvores pequenas. Mu-

dou bastante e com certeza houve prejuí-zos para a natu-reza”, salienta.

Além de afe-tar a natureza, as enchentes também le-varam perigo para os vera-

nistas. “O risco principal foi a mudança do leito do rio e as alterações nas áreas de banho, a morfologia mudou. Existe o perigo dos buracos formados pela enchente. Onde as crian-ças brincavam, hoje não dá pé”, afirma Fátima.

O impacto na NaturezaAos estragos nos balneários

somam-se a destruição parcial e total de casas, quedas de ár-vores e mudanças na morfolo-gia dos rios e do local como um todo. Conforme a engenheira florestal Fernanda Brüning, no balneário Passo do Julião, as margens (barrancas) do rio ti-veram grande parte de sua vege-tação arrancada com a força das águas e arrastadas tanto para o leito do rio quanto para fora de-les, atingindo e danificando as residências. Ela destaca que ou-tro impacto marcante foi a mu-dança do curso e diminuição da profundidade do rio devido ao arrastamento de enorme quan-tidade de cascalho.

Tanto no Julião como no Pas-so do Angico, a queda de árvo-res ocasionou diversos danos. “Após o período de enchentes, o maior problema causado pela queda das árvores foi o fato

das margens ficarem despro-tegidas pela falta de cobertura vegetal, o que ocasionou suces-sivos desmoronamentos dos barrancos para dentro do rio causando mais assoreamento”, destaca Fernanda. A engenhei-ra salienta ainda que é preci-so replantar as árvores. “Seria muito importante realizar uma reposição da vegetação perdida nas enchentes para estabilizar as margens do rio”, diz.

Uma das questões mais pre-ocupantes é o assoreamento do leito dos rios, já que ele provoca a diminuição da capacidade de escoamento de água e aumenta as chances de enchentes cada vez mais frequentes. “A falta de vegetação nas margens diminui a capacidade de infiltração de água para o subsolo, em decor-rência disto toda a água que cair na superfície será carreada para dentro dos rios que, por sua vez, não terão capacidade de escoa-

Arquivo PrefeiturA MuniciPAl

Falta de cobertura vegetal ocasiona desmoronamentos dos barrancos

Balneários Julião e Angico tiveram geografia alterada pelas enchentes

8 junho de 2010MUDANÇAS CLIMÁTICAS

A ponte no Passo do Julião que liga São Pedro a toropi foi quase coberta pelas águas

Page 9: JornalEco - 10ª edição / junho de 2010

mento em função da situação de assoreamento em que já se en-contram”, explica a engenheira.

A falta de uma estrutura ade-quada para os balneários tam-bém interfere na natureza dos locais, contribuindo para que em casos de enchentes, os es-tragos sejam maiores. De acor-do com a legislação vigente, a faixa a ser respeitada sem inter-venção alguma (construções), é de 50 metros para rios de até 30 metros de largura, como é o caso do rio To-ropi, que banha os balneários de São Pedro e To-ropi. Esta faixa é denominada área de preser-vação perma-nente (APP) e por isso deveria ser respeitada, entretanto, conforme explica Fernanada: “as construções existem desde uma simples es-cada de acesso à área de banho até bares e quiosques nas pro-ximidades das margens e um pouco mais afastado há tam-bém a construção das casas dos veranistas”.

Para reduzir os prejuízos em casos de enchentes é necessário a área de preservação. Assim, a água encontrará uma barreira natural formada pela vegetação das margens que amortecerá o impacto sobre as construções e ajudará a infiltrar parte da água. À medida que a água encontrar essa barreira natural ela irá per-dendo sua força e chegará com menos impacto nas residências.

Conforme o presidente da associação do Passo do Angico, Carlos Santos, havia um acor-do tácito entre o balneário e os órgãos ambien-tais, para que se protegesse uma faixa de trinta metros do rio. “Entretanto, há uma exigência atual do Ministé-rio Público para que se proíba novas constru-ções, ou aumento de área das já existentes, dentro da área de 50 metros (APP)”, diz. Ele afirma que o balneário está procuran-do se adequar a esta norma.

Também, conforme Carlos, diversas ações foram reali-zada para preservar o meio ambiente, no balneário e arre-dores. Foram adquiridas áreas ribeirinhas para preservação da mata nativa, plantio nas áreas degradadas, distribui-ção de mudas de árvores na-tivas para a população riberi-nha, palestras e distribuição de material informativo para os veranistas e moradores da região. “O resultado deste tra-

balho já se fez sentir nestas últimas enchentes, pois o bal-neário do Angico foi o que me-nos sofreu com as inundações, tudo graças a este cinturão verde que nos protege e tam-bém ao rio”, destacou Carlos.

Cidades e interior foram prejudicados

As fortes chuvas afetaram não só os balneários como também os municípios e regi-

ões do interior. Conforme o prefeito de São Pedro do Sul, Marcos Ernani Senger, no mu-nicípio, 1.700 km de estradas foram danifica-dos e 12 pontes foram destruí-

das, entre estas a que liga São Pedro à cidade de Quevedos. No dia 26 de novembro do ano passado, foi decretada situa-ção de emergência levando em conta as perdas e estragos cau-sados.

Conforme a apuração reali-zada pela Secretaria de Obras do município, o custo com a re-cuperação de estradas, pontes e bueiros foi de R$ 7.699.600,00. E de acordo com laudo da EMA-TER, o prejuízo na agricultura foi de R$ 5.929.000,00. O pre-juízo total para São Pedro foi de R$ 13.628.600,00. Os estra-gos foram decorrentes dos ven-tos de aproximadamente 80 km/h, seguidos de chuva forte. Duzentas e oitenta pessoas fi-caram desabrigadas.

A agricultura também foi prejudicada. De acordo com o secretário de Agricultura, Al-tamir Ávila Dias, nas lavouras

de arroz e fumo ocorreu o des-folhamento em função dos tem-porais, perda de galpões por excesso de umi-dade e o atra-so dos tratos culturais, com um prejuízo

de 50%. Nas culturas de soja, hortigranjeiros e frutíferos o prejuízo foi de 20% na produ-ção. Houve também um reflexo negativo nas áreas de serviço e comércio do município.

Em Toropi, estradas foram danificadas e, conforme o pre-feito municipal Adair Braz, houve uma queda de 34 % na produção de soja, arroz e fumo. Ele relata ainda que houve o alagamento de 12 residências e no dia 10 de dezembro de 2009 foi decretada situação de emer-gência no município, tendo em vista os estragos causados.

Andressa Scherer

Legislação prevê áreas de preservação ao longo das margens dos rios

As fortes chuvas trouxeram prejuízo para a agricultura, estradas e população

Rastros de destruição

No Balneário Passo do Julião veranistas tiveram prejuízos em suas residências

As últimas enchentes foram as maiores já registradas no Balneário Passo do Angico

A destruição das enchentes atingiu especialmente a natureza

Ary OtáviO CANABArrO

ArquivO PrefeiturA SãO PedrO dO Sul

Ary OtáviO CANABArrO

junho de 2010 9MUDANÇAS CLIMÁTICAS

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10 junho de 2010

O Cadena pede socorroPesquisas mostram índice de poluição

A área próxima à ponte no final da avenida Borges de Medeiros é um dos locais onde o Cadena está mais poluído

FOTOS MAIARA BERSCH

Com o que você se inco-moda mais? Poluição nas ruas? Lixo espalha-

do pela calçada? Mau cheiro dos contêineres e esgoto a céu aberto? Imagine tudo isso em um único lugar. É o que pode ser observado em diversos pontos da cidade, onde passa o Arroio Cadena.

Com uma extensão de apro-ximadamente 5 km, o Cadena é um dos arroios mais poluí-dos de Santa Maria. Um traba-lho acadêmico orientado pelo professor da UFSM, Waterloo Pereira Filho, mestre em Sen-soriamento Remoto e PhD em Geografia, comparou o nível de condutividade elétrica de três rios. Este nível é um indicador de poluição ambiental, pois o que transmite a eletricidade é a impureza da água. Quanto maior a condutividade, maior o nível de poluição. Foi medida a condutividade elétrica nos rios Ibicuí Mirim, Vacacaí Mirim e no Arroio Cadena. O Cadena foi o que apresentou o maior índice.

Segundo o professor de En-genharia Química da UFSM, doutor em Gestão Ambiental, Djalma Dias da Silveira, o Cade-na tem uma poluição elevada em toda a área urbana. Isso é observado principalmente na parte que passa embaixo da avenida Itaimbé e percorre o contorno do bairro Itararé. Este é o local que recebe a maior contribuição de esgoto. “A po-luição mais grave e mais visível começou no final da década de 70, quando foi feita a avenida Itaimbé e o arroio foi canaliza-do”, explica o professor.

Além da poluição visual, o lixo e o esgoto trazem uma sé-rie de problemas para a saúde.

O professor Djalma esclarece que as doenças causadas pela água contaminada vão desde hepatite A, parasitoses, além do odor emitido, que contém gases prejudiciais. “Esses lo-cais são habitats de vetores de doenças, como os ratos, bara-tas e mosquitos”, acrescenta.

Há três tipos de poluição que podem ser encontradas no Arroio Cadena, segundo o engenheiro ambiental Afrânio Righes: química, física e bioló-gica. A química são os produtos e resíduos industriais; a física são os objetos, como sacolas, poltronas e pneus; e a biológi-ca, mais grave, é o esgoto.

Quem mais sofre com a po-

Alberto Carvalho Jr., um se-minário de saneamento am-biental foi realizado para des-pertar a atenção do cidadão santa-mariense. “A ideia é bus-car informações e sugestões da população com relação ao tema”, comenta. Para uma pos-sível solução, será contratada uma empresa que apresente um plano de saneamento para Santa Maria. “Cada morador deveria regularizar sua situa-ção com seu lixo e seu esgoto”, finaliza o secretário.

Alessandra Noal, Liciane Brun,

Maiara Bersch e Verônica Barbosa

luição são as pessoas que mo-ram nas margens do Cadena. É inevitável sentir o mau cheiro quando se passa pela ponte no final da avenida Borges de Medeiros. Leonardo Nunes Pi-res passa com frequência pelo local. “Quando cruzo aqui, tem um cheiro muito ruim. Já vi pessoas colocarem poltrona dentro do rio e largar sacolas de lixo”, conta. Para ele, uma so-lução seria punir quem joga lixo no arroio, como pagar multa ou ser obrigado a limpar o local.

Algumas medidas para conscientização estão sendo tomadas pela Prefeitura Mu-nicipal. Segundo o secretário de Proteção Ambiental, Luiz

Gás sulfídrico

► H2S (gás sulfídrico) é um gás incolor, mais pesado que o ar, altamente tóxico, possui cheiro desagradável em baixas concentrações.

► Origina-se de várias fontes e muitas vezes é resultante de processos de biodegradação, como a decomposição de maté-ria orgânica.

► Pode estar presente em sistemas de esgoto, águas subterrâneas, locais onde

haja estagnação de água com quantidades variadas de matéria orgânica/nu-trientes e em ambientes contaminados com bacté-rias, tanques com água pa-rada por muitos dias.

► Os efeitos da intoxicação são sérios, similares aos do monóxido de carbono, po-rém mais intensos. Ele para-lisa o sistema nervoso que controla a respiração, inca-pacita os pulmões de fun-cionar, provocando asfixia.

Leonardo Pires, morador das proximidades do Cadena, reclama do lixo

O Cadena é um dos arroios mais poluídos de Santa MariaWaterloo Pereira Filho

A poluição é mais elevada na área urbanaDjalma Dias da Silveira

Quem mais sofre com a poluição é quem mora perto das margens

Afrânio Righes

SANeAMeNto AMBieNtAL

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junho de 2010 11

Santa Maria pode ser sustentável em 40 anosCidade precisa atender necessidades básicas da população

Falta de conscientização: um dos maiores problemas é a falta de lugares apropriados para o depósito de lixo

FOTOS DANIEL BUENO

Saneamento ambiental é um assunto tratado em todo o mundo. Entre os

objetivos de desenvolvimento do milênio da ONU está a uni-versalização do saneamento. Em abril, Santa Maria teve a oportunidade de discutir suas ideias e projetar um futuro, durante o Seminário Munici-pal de Saneamento Ambiental. Foram discutidas diversas me-didas de curto, médio e longo prazo para tornar a cidade mais sustentá-vel nos próxi-mos 40 anos.

Na abertu-ra, o prefeito Cézar Schirmer falou da impor-tância de tor-nar Santa Ma-ria uma cidade ecologicamen-te correta. “Daqui a 40 anos, quando tivermos uma cidade sustentável, esse evento será um marco”. O prefeito usou como exemplo a cidade de Chattanooga, nos Estados Uni-dos, que há 30 anos era consi-derada uma das cidades mais poluídas do mundo e hoje é um exemplo de sustentabili-dade para outras cidades.

O Plano de Saneamento deve atender quatro eixos: abastecimento de água; es-gotamento sanitário; manejo de resíduos sólidos e manejo de águas pluviais. Segundo o secretário de Proteção Am-

biental, Luiz Alberto Carvalho Junior, é preciso planejar: “O plano é desenvolver o municí-pio, tanto a parte urbana como a rural, atingindo todas as ca-madas da população”. Ainda ressaltou que é necessário um pacto pelo saneamento bási-co entre o poder público, em-presas privadas, movimentos sociais, academia e sociedade civil. “É necessário o compro-metimento da sociedade para sustentabilidade. Processos de

sensibilização, comunicação, mobi l ização, i n f o r m a ç ã o , tudo para construir uma sociedade sus-tentável”.

Para uma cidade ser sus-tentável não

precisa somente de leis am-bientais. Ela precisa atender as necessidades básicas da popu-lação. “Não é um processo que se faz de uma hora para outra”, de acordo com o representan-te do Ibama, Heitor Peretti. Ele diz que saneamento ambiental necessita de três bases: uni-versalização de água potável, recolhimento adequado dos resíduos sólidos e tratamen-to adequado para os resíduos líquidos, o esgoto. “Tudo que for feito pelo governante ou pela população para contri-buir com isso, é sustentabili-dade”, explica.

CAM

ILLA

GUTE

RRESAinda segundo Peretti, San-

ta Maria possui mais da me-tade das casas com coleta e tratamento de esgoto. Esse di-ferencial se dá, também, pelo fato de 94% da população morar em perímetro urbano e quase 100% ter água tratada. “Garantir a água potável para todos é um grande passo para

a sustentabilidade”, diz Peretti.Porém, ainda existem casas

em que esse tratamento não existe, nas quais a água é reti-rada de poços. Outro problema são as fossas sépticas, criadas para satisfazer as necessida-des fisiológicas das pessoas, mas que podem se tornar um risco para a saúde, pois os re-síduos vão para os lençóis fre-áticos, e a água consumida de poços vem diretamente deles e pode estar contaminada. Uma carta de intenções será a fer-ramenta para a construção do plano de saneamento ambien-tal de Santa Maria.

Para o secretário Luiz Al-berto Carvalho Junior, a ela-boração de um Plano Nacio-nal de Saneamento Básico é importante para o município porque tem um grande im-pacto na qualidade de vida da população, na educação e no meio ambiente. A população foi ouvida e agora espera um comprometimento do gover-no municipal.

Camilla Guterres, Gabriela Perufo e Maurício Araujo

Universalização do saneamento é um dos objetivos do milênio da ONU

Barrancas desprotegidas do arroio Cadena

Heitor Peretti: representante do Ibama critica a falta de investi-mentos em sustentabilidade

Luiz Alberto Carvalho Jr: “desen-volver o município, atingindo todas as camadas da população”

AUGU

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COEL

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sAneAMento AMbientAl

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12 junho de 2010

Por uma saúde melhorCaos no trânsito prejudica audição

O planeta está se desen-volvendo tecnologica-mente cada vez mais.

A partir da década de 80 do século passado, surgiram os primeiros computadores. Na de 1990, os celulares. E hoje, vivemos no auge da era da informação. As cidades estão cada vez maiores, mais incha-das. O crescimento populacio-nal dos grandes centros é ex-ponencial. Com ele, também o transporte: muito mais carros, motos, ônibus e estações de metrô pelo Brasil. E aí vem a pergunta: com tanta poluição sonora produzida nos gran-des conglomerados urbanos diariamente, a quais riscos o ser humano está sujeito? Nem precisamos ir tão longe, em grandes cida-des como São Paulo e Rio de Janeiro. No trânsito de San-ta Maria fica fá-cil perceber os perigos de bu-zinas barulhen-tas, motos com o escapamento do cano de descarga aberto, ruídos ensurdecedores a que o cidadão está exposto.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), ruí-dos de até 50 decibéis (unida-de de medida do som) não são prejudiciais à saúde humana. Acima desse valor, muitos efeitos negativos aparecem, a curto e a longo prazo. Para se ter uma ideia, a buzina de um automóvel produz 110 db (de-cibéis) e uma noite na balada, em ambiente fechado, emite cerca de 130 db. Segundo o médico otorrinolaringologista Luiz Carlos Carpes, os primei-ros sintomas da exposição à

DIEGO FONTANELLA

Poluição sonora: os ruídos de veículos intensificam-se nos horários de pico

não é tarefa fácil. Funcionário da empresa há mais de 15 anos, Edmilson conta que nos horários de maior fluxo de veículos a situação se intensi-fica em razão da pressa e por

poluição sonora são o stress, nervosismo, ansiedade, mal-estar, cansaço, perda de au-dição e queda dos níveis de concentração. Para o médico, é fundamental que se evite locais de muito barulho, escu-tar aparelhos de música num volume baixo, ficar longe de caixas acústicas em shows e usar protetor auricular em ambientes de trabalho onde a poluição sonora seja forte. Se a pessoa ficar exposta a al-tas cargas de ruídos por anos, danos mais sérios aparecem: surdez sensorial, quando as células sensoriais da cóclea, no interior do ouvido, ficam irreversivelmente lesadas. Aí se começa a confundir os sons:

vozes de uma mulher e de uma criança fi-cam parecidas. Palavras com finais pareci-dos como: dia e tia são im-perceptíveis ao ouvido lesado.

Em Santa Maria, o trânsito aumenta a cada ano. Com ele, a quanti-dade de veículos circulando pelas ruas e emitindo, além de poluentes como o gás car-bônico, ruídos prejudiciais à saúde. De acordo com a fun-cionária de uma empresa de telefonia da cidade, Vanessa Rezer, moradora da rua Nie-derauer, a poluição sonora causada por veículos e mo-tocicletas atrapalha o sosse-go de sua residência. Alguns motociclistas usam o escapa-mento aberto da moto e cau-sam, com isso, um barulho ensurdecedor. Vanessa ainda conta que a situação piora quando os jovens se reúnem

nas proximidades para ouvir música, beber e conversar. O motorista da empresa Ex-presso Medianeira, Edmilson Preigchadt, conta que convi-ver com o barulho do trânsito

alguns condutores usarem a buzina do veículo.

Daiane Costa, Felipe de Barros e

Jean Pierre Romero

Conviver com o barulho do trânsito não é tarefa fácil

Poluição e saúDe

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junho de 2010 13

Aumento da frota e poluiçãoEm 9 anos, cidade ganhou 30 mil novos veículos

Engarrafamento no centro da cidade demonstra o aumento da frota

FOTOS MARCOS BORBA

Para quem anda pelas ruas de Santa Maria, fica cada vez mais per-

ceptível o grande número de carros e motos que circulam pela cidade. Tal aumento apa-rece mais agravado nos horá-rios de pico, estabelecidos das 11h30min da manhã às 14h e das 17h30min às 19h. O engar-rafamento, que se estende por longos trechos das principais ruas da cidade, mostra que não somente os motoristas sofrem com esse aumento exagerado de carros. Pedestres disputam espaço em meio ao caos que os engarrafamentos causam para poder trocar de uma calçada a outra. Mas quem mais sofre com os luxos do ser humano é a natureza - o ar, as plantas e até nós mesmos.

De acordo com o site do De-partamento Estadual de Trân-sito (DETRAN), de 2001 até o final de 2009, Santa Maria ganhou quase 30 mil veícu-los circulando pela cidade, um aumento de 39%. Porém o maior cresci-mento aconte-ceu no número de motos, que passaram de pouco mais de 9 mil para 20,6 mil, o que significa 117% de aumento. Devido à maior pro-cura, a cidade ganhou reven-das de novas marcas que não possuía, como Kia, Honda, Nis-san e Citroën, tendo hoje um total de 25 concessionárias de carros, motos, caminhões e máquinas agrícolas.

Segundo a consultora de vendas Roselaine Fortes, tal aumento das vendas se deve aos incentivos do governo que

reduz as taxas de financia-mento, aos baixos juros, ao pa-gamento parcelado, que se dá em mais de 50 vezes e, princi-palmente, ao IPI reduzido. Ro-selaine afirma que os carros novos poluem menos que os antigos, mas que vender só por vender não paga o estrago que os automó-veis causam ao meio ambiente. Ela aposta em táticas como as usadas em São Paulo, onde os carros que podem rodar du-rante o dia são sorteados pelos números de suas placas. Se um veículo não sorteado for pego circulando pelas ruas estará sujeito a ser multado. Outra solução dada pela consultora relaciona-se aos incentivos do governo, que deveria inspecio-nar os carros com mais de 20

anos e pagar uma remune-ração para que seu proprietá-rio o troque por um mais novo e menos po-luente, tirando de circulação os carros que causam maior

dano ao meio ambiente.

As motos eram mais poluentes

Assim como os carros, as mo-tos mais antigas também agre-diam mais o meio ambiente. Toda moto fabricada até o final de 2009 poluía até sete vezes mais que um automóvel. A eco-nomia de combustível e agili-dade, grandes qualidades das motocicletas, não compensava a

Carros que causam mais dano ao ambiente devem sair de circulação

A frota na cidade

2001 2009 Índice de Variação

Automóveis 50.239 64.358 28,1%

Motos e motonetas 9.477 20.626 117,6%

Caminhões 2.568 2.754 7,2%

Outros 11.589 15.267 31,7%

Total 73.873 103.005 39,4%

quantidade de emissão de gases poluentes no meio ambiente.

Mas esta realidade está mu-dando. A partir do Programa de Controle da Poluição por Motociclos e Veículos Simila-

res (Promot), a produção de motos é obri-gada a seguir regras de con-trole de emis-são de CO2 (monóxido de carbono). Na terceira fase do programa,

a quantidade permitida de emissão de poluentes passa a ser da seguinte forma:

Monóxido de Carbono: ►Passa de 5,5 g/km para 2,0 g/kmHidrocarbonetos►Motos menores que 150cc: 1,2 g/km para 0,8 g/km►Motos acima de 150cc: 1,0 g/km para 0,3 g/kmO mecânico de motos Luiz

Aurélio Giacomini explica como as montadoras se adaptaram às novas regras: “A maioria das motos novas estão vindo com catalisador. Este equipamento reaproveita os gases resultan-tes do processo de combustão. Os gases são filtrados duas ve-zes e isso gera menos poluen-tes”. Giacomini aponta outra mudança: o uso da injeção ele-trônica nas motocicletas. “As motos injetadas se auto regu-lam, usando a quantidade exa-ta de gasolina conforme a ne-cessidade”. O mecânico ainda ressalta o cuidado com a lim-peza e manutenção das motos que foram fabricadas antes da determinação do Promot. “Um carburador desregulado faz com que a moto consuma e polua muito mais”, completa Luiz Aurélio.

A legislação que regula e au-toriza o funcionamento de ofi-cinas mecânicas também está adequada para não agredir o

meio ambiente. Todo o óleo queimado que é gerado como dejeto, deve ser armazenado em tonéis e, posteriormente, recolhido por transportadoras especializadas. Na oficina de Giacomini esta prática aconte-ce faz tempo, mas o mecânico relembra que no passado eram poucos colegas que tinham a mesma iniciativa que ele. “An-tigamente os mecânicos joga-vam o óleo velho até no esgo-

to”, afirma Giacomini. Por mês, a oficina faz manutenção em aproximadamente 40 motos, gerando cerca de 300 litros de óleo queimados que são reco-lhidos em tonéis sem riscos de vazamento. Outra iniciativa em favor do meio ambiente é o armazenamento da água da chuva para uso da oficina.

Juliane de Freitas e Marcos Borba

Motos fabricadas antes de 2010 poluíam até sete vezes mais que um automóvel

Fonte: site do DETRANGiacomini mostra a requisiçao do recolhimento do óleo

poluição E sAúdE

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14 junho de 2010

Saúde e meio ambienteem perigo

Montagem em blog simula a advertência do Ministério da Saúde em cigarros para advertir sobre fumaça do escapamento de automóveis

A poluição provoca diversos tipos de doenças

A poluição nada mais é do que uma alteração do equilíbrio ecológico, na

maioria das vezes, provocada pelo próprio homem. Isso se reflete na vida, na saúde e no dia-a-dia do ser humano. Há também destruições causadas pela natureza, como enchentes que ocasionam alterações na vida das pessoas e podem pro-vocar doenças de pele, proble-mas respiratórios e infecções.

Entre as poluições mais co-muns está a dos solos, carac-terizada pela agricultura mo-derna desenvolvida em zonas rurais. A acumulação de lixo urbano ou industrial também contribui para poluição. Essa é responsável pela prolifera-ção de animais, como ratos, baratas, morcegos e micróbios que provocam problemas para a saúde humana. Segundo o infectologista Eduardo Mello Lutz, a poluição do solo pode provocar infecções alimenta-res e alergias causadas pelos pesticidas e fertilizantes.

A poluição da água é agra-vada devido ao aumento de enchentes no mundo todo. As doenças mais comuns provo-cadas por esta poluição são: leptospirose, cólera e dengue. Segundo o infectologista Edu-ardo Lutz, todas essas doenças têm relação com a água, tanto parada, como contaminada por sujeira e animais. “Tivemos há pouco tempo uma proliferação do mosquito da dengue. Agora, mais do que nunca, a população tem que ter o cuidado redobra-do, pois com as enchentes há uma concentração maior de água parada”, explica Lutz.

Ar cada vez mais contaminado

A poluição do ar ataca di-retamente a saúde humana. Pulmões e pele são os órgãos mais prejudicados. Problemas de circulação e muitas alergias podem vir com a sujeira do ar. Neste contexto, o mais comum são as doenças respiratórias, afirma a pneumologista Simo-ne Prates Estivalet.

Na sujeira do ar existe uma

série de substâncias químicas oxidantes que inflamam o te-cido pulmonar, o nariz e a gar-ganta. “Isso prejudica qualquer pessoa, mas principalmente os que já têm algum problema respiratório como asma e bron-quite”, diz Simone. As doenças respiratórias vão desde uma simples irritação via aérea, até a gripe, conclui ela.

Para a estudante Thassiani Porto, o acréscimo da poluição contribuiu para alterar e au-mentar seu tratamento. “Sou asmática, e desde que descobri minha doença crônica faço tra-tamento regularmente. Mas com o aumento de poeira e fumaça, tive que aumentar as doses e a frequência dos meus medica-mentos”, afirma Thassiani.

Entre os principais poluentes do ar que danifica as vias respi-ratórias, está o fumo. Os fuman-tes contribuem de maneira sig-nificativa para danos nas vias respiratórias como boca, larin-ge e pulmão. Além disso, o fumo se caracteriza por ser um dos principais agentes causadores de doenças pulmonares. Segun-

do a pneumologista Simone, as principais doenças que podem ser citadas como exemplos são: asma, bronquite e enfisema pulmonar, bem como doenças cardiovasculares.

Simone Estivalet acrescenta ainda que cada pessoa adulta inspira cerca de 10 mil litros de ar por dia. Contudo se a qualida-de do ar não estiver boa, podem surgir irritações além de agra-vamento de problemas respira-tórios para pessoas que sofrem desse mal. A má qualidade do ar caracteriza-se pela ação do mo-nóxido de carbono (CO), subs-tância que prejudica a oxigena-ção dos tecidos e pode piorar casos de doenças cardíacas.

Sol pode ser um grande vilão

Um dos efeitos da poluição é reduzir a camada de ozô-nio. Desta forma o sol acaba se tornando mais agressivo para a pele. “A pele mais clara tem pouca melanina e quan-do atingida pela radiação, sofre queimaduras. Isso por-que ocorrem mudanças nas

poluição e sAúde

► SINUSITE: dores na região dos olhos, cabeça e nariz.

► BRONQUITE E ASMA: Doenças pulmonares ca-racterizadas pela inflamação dos brônquios. Se-creções nas vias respiratórias.

►PNEUMONIA: Trata-se de uma infecção aguda que pode atingir parcial ou inteiramente os pulmões e caso não seja bem tratada pode levar ao óbito.

►RINITE: É uma inflamação das mucosas do nariz, geralmente crônica, e quase sempre é causada por alergias. Ela ajuda a aumentar as ocorrências de sinusites e otites.

As principais doenças causadas pela poluição do ar e seus sintomas

células, alterando os fatores de proteção e provocando o envelhecimento. A consequ-ência pode ser um câncer, um tumor de pele”, afirma a der-matologista Ana Garcia.

Os poluentes também pre-judicam a pele. Os gases emi-tidos por indústrias e veículos, a poeira, até a fumaça do cigar-ro são tóxicos à pele. Assim, o couro cabeludo absorve essas toxinas. A pressão da poluição também estressa a pele.

Segundo a aposentada Julie-ta Pienes, 73 anos, o câncer de

pele foi uma grande surpresa, independente das informa-ções que existem a respeito dos raios ultravioleta. “Tenho a pele muito clara, sou italiana, costumava caminhar todas as manhãs. Isso resultou em um câncer de pele no nariz. Fiz o tratamento direitinho e hoje sim, procuro me cuidar e me proteger sempre com bloque-ador solar”, diz Julieta.

Andressa sarturi, Andressa oliveira e Gabriela Fogliarini

doenças provocadas pela poluição

►LEPTOSPIROSE: transmitida pela urina de ratos. Sintomas: febre, náuseas, diarréia, dores muscula-res e de cabeça. Atinge rins, fígado e baço e pode ser fatal. Prevenção: evitar contato com água e lama contaminadas e não consumir água ou alimentos que tiveram contato com enchente. Combater ratos e prevenir inundações também são eficazes.

►HEPATITES A e E: infecção hepática causada pelo vírus da hepatite. Transmissão: água e alimentos contaminados ou de uma pessoa para outra. Sinto-mas: febre, pele e olhos amarelados, náusea e vô-mitos, mal-estar, dores abdominais, falta de apeti-te, urina escura e fezes esbranquiçadas. Prevenção: saneamento básico, tratamento da água para con-sumo e ingestão de alimentos lavados ou cozidos.

►FEBRE TIFÓIDE: Transmissão: água e alimentos contaminados ou contato com pessoas doentes. A porta de entrada é o sistema digestório. Sinto-mas: febre, dor de cabeça, cansaço, sono agitado, náusea, vômito, sangramentos nasais, diarréia. Pode levar à morte. Prevenção: saneamento bási-co adequado, tratamento da água para consumo, não acumular lixo e manter as pessoas doentes em isolamento.

►CÓLERA: Transmissão: água e alimentos con-taminados. Sintomas: diarréia. Prevenção: trata-mento adequado de água e esgoto.

►DENGUE: Transmissão: picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti. Sintomas: febre alta, dores musculares, nas articulações e de cabeça, manchas vermelhas no corpo, inchaço. Pode ha-ver sangramento.

Doenças de pele causadas pela poluição da água e enchentes

Page 15: JornalEco - 10ª edição / junho de 2010

junho de 2010 15

Um cigarro na mão e um problema na... natureza?Fumo, salve-se quem puder!

Bitucas e mais bitucas: elas também poluem

HENRISON DRESSLER

Quem disse que o cigarro polui apenas o pulmão do fumante? Não bastas-

sem as doenças causadas, ele ainda é responsável por uma razoável parcela da poluição do meio ambiente. E não é só a fumaça, não! A própria cultu-ra do tabaco contribui para a contaminação do solo.

Claro que a fumaça é uma importante forma de dissemi-nação dos malefícios do cigar-ro. Ela produz dez vezes mais partículas de poluição do que o escapamento de novos mo-delos de carros, por exemplo. Os fragmentos oriundos da combustão são recobertos por moléculas que podem causar câncer e ainda levar a bronqui-te e doenças cardíacas. Dentro de casa não é diferente. Pes-quisadores mediram a quan-tidade de partículas emitidas durante uma hora por três ci-garros dentro de um quarto. Mais tarde, compararam ao número de partículas emitidas no mesmo tempo e no mesmo ambiente por um automóvel com um motor moderno. O estudo foi feito na Itália, na cidade de Chiavenna. Como re-sultado, os cigarros emitiram fragmentos em concentrações até 10 vezes maiores que o motor do veículo.

Segundo os autores do es-tudo, divulgado no periódico médico “Tobacco Control”, o resultado foi surpreendente. Os autores dizem que se deve ter cuidado com o fumo pas-sivo, porque as partículas po-dem ficar suspensas no quarto por muito tempo.

Há um ano, uma lei anti-fumo foi instituída para am-bientes fechados no estado de São Paulo. Quatro meses após a implementação da lei, uma pesquisa inédita realizada pelo Instituto do Coração – In-cor – do Hospital das Clínicas de São Paulo apontou que a lei

ajuda a proteger até a saúde de pessoas que fumam. Afinal, elas não estão mais expostas à fumaça do cigarro em ambien-tes fechados de uso coletivo.

Todos sabem, poucos ligam

Estudos comprovam que o cigarro provoca mais de 50 tipos de doenças. As mais graves são: câncer de pulmão, de esôfago e de laringe. Os danos cardíacos também são comuns em fumantes, pois o uso do tabaco causa alterações microvasculares que levam a infartos e enfisemas. O cigar-ro causa ainda alterações na circulação e leva ao envelheci-mento precoce da pele devido à perda de elasticidade.

Segundo o pneumologis-ta Júlio Sarturi, já foi provado cientificamente que os fuman-tes passivos (aqueles que não fumam) têm tanta probabili-dade de contrair doenças cau-sadas pelo cigarro quanto os fumantes ativos.

Filhos de pais fumantes têm seis vezes mais doenças res-piratórias que os de pais não fumantes. “As gestantes que fumam durante a gravidez po-dem ter trabalho de parto pre-maturo e as crianças podem nascer com baixo peso, proble-mas respiratórios e cardíacos”, ressalta o médico.

E não é que o cigarro possui outra forma de poluir o am-biente? Quem nunca se depa-rou, sobretudo em valetas ou em frente a bares, com as fa-mosas bitucas (filtros) jogadas aos montes? A chance de en-tupimento de bueiros cresce consideravelmente com esse tipo de descarte, além do ris-co de, em áreas descampadas, causar incêndios.

Giulianno Olivar, Henrison Dressler e

Larissa Sarturi

pOLuiçãO e SaúDe

Page 16: JornalEco - 10ª edição / junho de 2010

Jornal Laboratório Especializado em Meio Ambiente - Jornalismo/Unifra

10ª ediçãoJunho de 2010

Uma Verdade Inconveniente

O ex-vice-presidente norte-americano, Al Gore, nunca pareceu (aparen-temente) uma pessoa ligada diretamente a questões ambientais. Talvez pelo fato de sua família ter plantado tabaco – uma cultura bastante agressiva à natureza e à saúde. Pois o mundo passou a conhecê-lo com o documentário Uma Verdade Inconveniente (An Incon-venient Truth, 2006). Dirigido por Dennis Guggenheim, o filme é um apanhado de cenas de palestras proferidas por Gore sobre os perigos reais do aquecimento global – a tal “verdade inconveniente” do título. Segundo ele, o planeta está enfraquecendo e a culpa, sim, também é nossa. Mudanças drásticas do clima, enchentes, fura-cões e derretimento das calotas polares estão entre os assuntos abordados. A obra ainda faturou dois Oscar: Melhor Documentário e Melhor Canção Original.

Wall•E

Conhecida por criar filmes de animação não menos que perfeitos (Toy Story, Ratatouille), a produtora Pixar fez, em 2008, sua mais ousada obra-prima: Wall*E. A trama gira em torno do personagem-título, um simpático robozinho cuja missão é compactar e empilhar todo o lixo es-tocado em uma Terra deserta devido ao alto grau de poluição. A crítica feita pelo diretor Andrew Stanton é de fácil assimilação, pontual e – não se engane – in-gênua. O comodismo resultante dos avanços tecnoló-gicos é outro aspecto bastante condenado no longa, vencedor do Oscar de Melhor Animação.

The Cove

O vencedor do último Oscar de Melhor Documen-tário alerta para a matança de golfinhos. Repleto de ce-nas fortes, o filme traz ain-da dados impressionan-tes: só no Japão 23.000 golfinhos são mortos por ano e vendidos – cada um – a 150 mil dólares.

Cinema verdeFilmes também apostam em temáticas ambientais

O Dia Depois de Amanhã

O sempre exagerado ci-neasta Roland Emmerich (de Independence Day e 2012) reforçou o coro dos ambientalistas com o igualmente exagerado O Dia Depois de Amanhã (The Day After Tomor-row, 2004). O longa mos-tra os efeitos do aquecimento global no hemisfério norte e narra a saga da ótica dos poucos sobreviventes que lutam para superar ala-gamentos, tornados e resfriamentos. Eficiente como filme-catástrofe, O Dia Depois de Amanhã ainda alerta – de maneira explícita e assustadora – para um possí-vel futuro que nos aguarda.

A Última Hora

Pegando carona no suces-so encabeçado por Al Gore, foi a vez de Leonardo DiCa-prio defender a natureza. Em A Última Hora (The 11Th Hour, 2007), o astro de Titanic produz, escre-ve e narra o documentá-rio dirigido pelas irmãs Nadia e Leila Conners. Pouco didático, se comparado a Uma Verdade Inconve-niente, A Última Hora apoia-se mais em depoimentos e reflexões de especialistas – inclusive o célebre físico Stephen Hawking. De acordo com DiCaprio, um dos motivos para levantar a bandeira do meio ambiente foi o desmatamento da floresta amazônica.

Avatar

Estrondoso sucesso do di-retor James Cameron, Ava-tar (2009) é mais um que levanta a bandeira contra o desmatamento e a explo-ração do solo. No longa, os habitantes do planeta Pandora sofrem com as investidas dos seres hu-manos que devastam suas lindas florestas (digitais, mas impressionantes) atrás de um raríssimo mineral. Durante o lançamento do DVD de Avatar, Cameron veio ao Brasil e disse que o país será “o líder de uma nova era” no que diz respeito a questões ambientais. Ele adiantou que tomadas aére-as da Amazônia serão incluídas em Avatar 2.

Plastic Bag

Em 18 minutos, acom-panhamos a vida de um saco plástico: sua traje-tória rumo à demorada decomposição. Em tom cômico, mas com inten-ções nobres, o cineasta alemão Werner Her-zog dubla o saco exis-tencialista que reflete sobre os problemas que causa quando é mal descartado.

Home

Composto por imagens belíssimas gravadas em vários locais da Terra, o documentário Home é dirigido pelo jornalista e ambientalista francês Yann Arthus-Bertrand e coproduzido pelo ci-neasta Luc Besson. Foi lançado no Dia Mun-dial do Meio Ambiente, em 5 de junho de 2009 e, pela primeira vez na história do cinema, um filme é disponibilizado gratuita e simultaneamente em várias mídias: cinema, televisão, Internet e DVD, para 54 países e em 14 idiomas. O filme está disponí-vel em http://www.youtube.com/user/homeproject

Harrison Ford

Ele já salvou a Arca Perdida, o Santo Graal e até uma galáxia muito distante. Não bastasse ser considerado o maior heroi do cinema, Harri-son Ford agora ataca de defensor do plane-ta. O eterno Indiana Jones é o “senhor-propa-ganda” da campanha Join The Conservation. Em um dos vídeos de conscientização, o ator depila o próprio peito e levanta a questão: se essa depilação dói no corpo, imagine o que o desmatamento faz com a natureza. Além disso, Ford é ativista de movimen-tos defensores de animais em extinção – uma espécie rara de borboleta recebeu o nome da filha dele, em reconhecimento ao seu empenho na causa.

Giuliano Olivar

Demorou, mas a indústria cinematográfica co-meça a voltar os olhos para assuntos como efeito estufa, aquecimento global, poluição...

Enfim, tudo o que diz respeito ao meio ambiente. Seja por meio de críticas diretas em documentários, ou por abordagem mais didática em longas, Hollywood e cia. têm se engajado para que tenhamos um ar res-

pirável, uma terra cultivável e uma água bebível (ou pelo menos tentam). E não são quaisquer nomes que utilizam a câmera para alertar sobre o perigo da não conser-vação do planeta: de políticos importantes a atores e diretores do primeiro time, o “elenco” segue crescendo...