jornal opinião 30 de novembro de 2012

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Um dos envolvidos foi capturado no Bairro Planalto pela Polícia Federal com 820 comprimidos de ecstasy. Outro foi detido em ação conjunta da BM e Polícia Civil no Bairro Navegantes. PÁGINA 13 ACIDENTE Pedestre morre atropelado no Lago Azul Página 13 RODEIO DTG Guardiões do Rio Grande é campeão nas Danças Artísticas MIX - Pág. 11 Henrique Pedersini TRÁFICO DE DROGAS POLÍCIA PRENDE DOIS SUSPEITOS ENCANTADO A adaptação dos haitianos Páginas 10 e 11 PÓS-ELEIÇÕES Denise e Irno Pretto falam de ameaças na campanha Página 12 DOUTOR RICARDO Justiça confirma vitória de Alvimar Lisot Página 6 CASSAÇÃO DO EXECUTIVO Comissão conclui processo em 12 dias Página 7 ENCANTADO OLEOQUÍMICOS Empresa Fontana começa a produzir no Paraná Página 8 Juremir Versetti Banco de Imagens/JO Divulgação

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Veículo do Grupo Encantado de Comunicação, da cidade de Encantado/RS.

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Page 1: Jornal Opinião 30 de Novembro de 2012

Um dos envolvidos foi capturado no Bairro Planalto pela Polícia Federal com 820 comprimidos de ecstasy.

Outro foi detido em ação conjunta da BM e Polícia Civil no Bairro Navegantes. PÁGINA 13

ACIDENTEPedestre morre atropelado no Lago AzulPágina 13

RODEIODTG Guardiões do Rio Grande é campeão nas Danças ArtísticasMIX - Pág. 11

Henrique Pedersini

TRÁFICO DE DROGASPOLÍCIA PRENDE DOIS SUSPEITOS

ENCANTADOA adaptação dos haitianos

Páginas 10 e 11

PÓS-ELEIÇÕESDenise e Irno Pretto falam de ameaças na campanha

Página 12

DOUTOR RICARDOJustiça confirma vitória

de Alvimar LisotPágina 6

CASSAÇÃO DO EXECUTIVO

Comissão conclui processo em 12 dias

Página 7

ENCANTADO

OLEOQUÍMICOSEmpresa Fontana começa

a produzir no Paraná

Página 8

Juremir Versetti

Banco de Imagens/JODivulgação

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6 JORNAL OPINIÃO n 30 de novembro de 2012 DOUTOR RICARDO

Encantado - Em decisão pro-ferida na tarde de ontem, a Justi-ça Eleitoral de Encantado julgou improcedente a ação que tentava a cassação da diplomação de Alvi-mar Lisot, prefeito eleito de Doutor Ricardo, e seu vice Adagir Pelegri-ni. O Jornal Opinião publica parte da sentença.

Informou a inicial que os re-presentados consistem em Prefei-to, Vice-Prefeito e Vereador eleitos pela Coligação representada. Nar-rou que no dia 02 de outubro de 2012 foi realizado comício no Salão Paroquial do Município de Doutor Ricardo, ocasião na qual houve dis-tribuição de alimentos e bebidas com o notório intuito de captar votos. Explicou que foi alugado o espaço físico e solicitado que o DTG Querência Nova realizasse a venda de alimentos e bebidas, con-tudo, os representados teriam dis-tribuído gratuitamente fichas para recebimento desses produtos por seus simpatizantes. Alegou, ainda, que por determinação do atual Prefeito Municipal, Nilton Rolan-te, funcionários da Administração Municipal utilizaram-se de veículo público para deslocar até o local do comício mesas, cadeiras e demais utensílios necessários à realização do evento. Apontou, assim, viola-ção ao artigo 41-A e ao artigo 73, I, ambos da Lei 9.504/97. Ao final, postulou a cassação da expedição do diploma eleitoral dos candida-tos representados.

Notificados, os representa-dos apresentaram defesa, na qual, preliminarmente, sustentaram a intempestividade da representa-ção, considerando que foi ajuizada mais de 23 dias após o fato. Ainda, apontaram a ilegitimidade passiva da Coligação. No mérito, sustenta-ram que houve efetivamente um comício na data mencionada na inicial, todavia a venda de bebi-das ou alimentos foi feita exclusi-vamente às pessoas interessadas que se dirijiam à copa, mediante pagamento e com lucro reverti-do à entidade responsável pela venda. Afirmaram que não houve qualquer distribuição gratuita de fichas aos presentes em troca de votos. Apontaram que o declaran-te do documento de fl. 09, Nilton Mucelin, possui declarada prefe-rência partidária, sendo filiado ao partido representante. Alegou que essa pessoa não era o responsável pela venda de fichas, o que era feito exclusivamente pelo Patrão do Departamento de Tradições Gaúchas, André Fantin – que não possui filiação partidária - confor-me declaração trazida aos autos. Alegaram que é indispensável a comprovação do dolo. Em relação à conduta vedada, aduziram ser indispensável a demonstração da potencialidade do fato em dese-quilibrar o pleito eleitoral. Disse-ram que as fotografias trazidas aos autos apenas retratam o veículo do Município nas adjacências do Salão Paroquial, em data não identifica-da, e sem qualquer demonstração dos objetos que transportava. Ob-servou que o veículo é utilizado na limpeza da praça que fica próxima ao local e também nos serviços de iluminação pública. Observaram que dispensável qualquer trans-porte de mesas ou cadeiras para o local, considerando que o Salão Paroquial já conta com tais objetos. Apontaram que a fotografia de fl. 13 revela veículo particular, adesi-vado com propaganda política, es-tacionado em data incerta em local público. Ressalvaram, ainda, que a eleição foi vencida com considerá-vel diferença de votos. Impugna-ram as testemunhas arroladas, ob-servando que contam com filiação partidária ou ligação com o partido

representante e seus candidatos. Sustentaram que a ausência de prova dos fatos alegados deve ser punida com litigância de má-fé. Assim, requereram o acolhimento das preliminares ou a improce-dência da representação. Juntaram documentos (fls. 22-102).

O Ministério Público manifes-tou-se pelo parcial acolhimento da preliminar de ilegitimidade passi-va e, no mérito, pela improcedên-cia da representação eleitoral (fls. 169-171).

PASSO A FUNDAMENTAR.De início, em razão da intem-

pestividade da prova trazida aos autos junto com as alegações fi-nais, deixo de conhecer do CD de fl. 223, que determino seja desen-tranhado dos autos e entregue ao procurador do representante.

Dito isso, cumpre analisar as preliminares arguidas pelos repre-sentados.

No que se refere à intempesti-vidade da representação, observo que em se tratando de alegação de captação ilícita de sufrágio e práti-ca de conduta vedada, pode a ação ser proposta até a diplomação, como expressamente prevê o § 3º do artigo 41-A e o § 12º do artigo 73, ambos da Lei 9.504/97.

Assim, inexistindo prazo espe-cífico após a ocorrência dos fatos para a propositura da representa-ção, tendo sido atendida a prescri-ção legal, não há intempestividade a ser reconhecida.

No que se refere à legitimida-de passiva da Coligação represen-tada, observo que deve ser acolhi-da parcialmente, apenas no que se refere à alegação de captação ilícita de sufrágio.

Com efeito, em relação à con-duta vedada imputada aos repre-sentados, o § 8º do artigo 73 da Lei 9.504/97 dispõe que são apli-cáveis as sanções legais não só aos candidatos que se beneficiarem da conduta vedada e aos agentes públicos por ela responsáveis, mas também aos partidos políticos e coligações.

Portanto, em relação à alega-ção de conduta vedada, presente a legitimidade da Coligação repre-sentada.

No que se refere à acusação de captação ilícita de sufrágio, contu-do, somente responde o candidato beneficiado, na forma do artigo 41-A, § 2º, da Lei 9.504/97.

Assim, reconheço a ilegitimi-dade da Coligação O Povo de Novo apenas no que se refere à alegação de captação ilícita de sufrágio.

Não existindo outras prelimi-nares a serem apreciadas, passo de imediato ao exame do mérito, observando a legitimidade passiva da Coligação representada exclusi-vamente em relação à prática de conduta vedada.

A inicial imputa aos repre-sentados a captação ilícita de su-frágio, na forma do artigo 41-A da Lei 9.504/97, em razão da dis-tribuição gratuita de alimentos e bebidas em comício realizado no Salão Paroquial do Município de Doutor Ricardo em 02 de outubro de 2012.

Ainda, sustenta que foi utili-zado veículo de propriedade da Administração Municipal e o tra-balho de servidores municipais para levar até o Salão Paroquial mesas, cadeiras e utensílios para a realização do comício, incidindo na vedação do artigo 73, II, da Lei 9.504/97.

Incontroverso que houve a promoção de comício pela coliga-ção representada no dia 02 de ou-tubro de 2012, com a utilização do Salão Paroquial.

Em relação à alegação da dis-tribuição gratuita de alimentos e

bebidas no comício, observo que a inicial veio embasada na decla-ração de fl. 09, firmada por Nilton Mucelin, na qual ele declarou que, na condição de integrante do DTG Querência Nova, era responsável pela venda dos produtos na data dos fatos e que Valentim Radaelli, pai do Vereador e representado Vagner Radaelli, adquiriu em um só momento 140 fichas de bebi-das (cervejas e refrigerante) para distribuir ao público. Ainda, afir-mou que as fichas eram pagas e distribuídas pelos representantes dos partidos, especialmente pelos candidatos a vereadores, prefeito e vice.

Os representados contestam essa afirmação, trazendo aos autos o documento de fls. 76-77, consis-tente em declaração de André Fan-tin, patrão do DTG Querência Nova, na qual afirma que era ele quem trabalhava no caixa do evento, sen-do que as fichas eram vendidas a quem comparecia no local, sendo que não foi vendido número eleva-do de fichas a uma única pessoa e não houve distribuição gratuita de fichas aos presentes no evento.

Ao ser ouvido em Juízo, a teste-munha Nilton Mucelin confirmou apenas parcialmente suas decla-rações, imputando a distribuição gratuita de fichas somente à Valen-tim Radaelli, pai do representado Vagner Radaelli, sem menção aos demais representados.

Alegou a testemunha que Va-lentim teria adquirido R$ 140,00 (cento e quarenta reais) em fichas, o que, merece desde já ser dito, difere da declaração trazida aos autos, na qual consta que foram adquiridas 140 fichas, o que, cer-tamente, independentemente do valor dos produtos, representaria valor econômico superior.

Ainda, a testemunha escla-receu que somente entregava os produtos mediante a apresentação das fichas, sendo que quem vendia as fichas era o patrão do DTG, in-formação essa que não se coaduna com sua declaração inicial de fl. 09, na qual diz que era responsável pela venda dos produtos. Aliás, o valor unitário dos produtos vendi-dos indicado pela testemunha di-fere inclusive do valor confirmado pelo responsável pelo caixa, André Fantin, o que permite concluir que não tinha convicção sequer acerca do preço, o que é natural se apenas fazia a entrega dos produtos me-diantes a apresentação das fichas previamente adquiridas.

Ora, induvidoso que se a tes-temunha não era responsável pela venda das fichas, torna-se suspeita sua declaração de que teria ocorri-do a aquisição de várias fichas por uma única pessoa, máxime consi-derando a contradição entre o nú-mero de fichas e o valor econômi-co declarado – afinal, teriam sido 140 fichas ou R$ 140,00 (cento e quarenta reais)? -, bem como sua ignorância sobre o valor unitário dos produtos.

Por outro lado, suas declara-ções perdem ainda mais relevo na medida em que confrontadas com o depoimento de André Fantin (fl. 123), que declarou que era o único responsável pela venda de fichas e negou que Valentim Radaelli tenha feito a compra de várias fichas. Ain-da, esclareceu que Nilton Mucelin apenas efetuava a distribuição das bebidas, mediante a apresentação das fichas.

Merece relevo, igualmente, o depoimento da testemunha no momento em que refere que o lucro do evento foi de R$ 520,00 (quinhentos e vinte reais), com a venda de cerca de 250 garrafas de cerveja e cem de refrigerantes, ou seja, um valor bastante pequeno, incompatível com a alegação da

distribuição gratuita de bebidas aos presentes.

Além da declaração de Nilton Mucelin – que não se mostrou dig-na de merecer crédito -, a acusação da distribuição gratuita de bebidas está sustentada, também, no de-poimento de André Moresco, que, contudo, restringe-se a referir-se à conduta de Valentim Radaelli, pai do representado Vagner, sem menção à qualquer outro dos re-presentados.

Ao ser ouvido em Juízo, André Moresco referiu estava presente no comício e que ele e seus amigos receberam fichas de alimentos e bebidas de Valentim Radaelli, pai do representado Vagner. Afirmou que praticamente não havia com-pra de fichas, sendo que elas eram distribuídas a todos. Não soube re-ferir quem distribuía as fichas, po-dendo citar apenas Valentim Rada-elli. Alertado acerca da existência de crime, retratou-se, dizendo que recebeu apenas um ficha e que se soubesse que era em troca de voto não teria aceitado.

Como bem observou o Mi-nistério Público, a testemunha foi dúbia e hesitante em seu relato, do que não deixa dúvida, mais do que suas declarações, a gravação de imagem da audiência.

Outrossim, o depoimento da testemunha restou isolado nos autos e, como visto, somente diria respeito ao representado Vagner e não aos candidatos a Prefeito e Vice-Prefeito que também ocupam o polo passivo.

Com efeito, as supostas pes-soas referidas por André Moresco não vieram a Juízo dar seu depoi-mento, muito embora oportuni-zada sua oitiva na condição de testemunhas referidas, o que en-fraquece a alegação.

Assim, o que se concluiu, é que há nos autos apenas referência por André Moresco da suposta entrega de uma única ficha de bebida por Valentim Radaelli, pai do represen-tado Vagner, sem qualquer menção aos demais representados e, ainda, assim, sua versão encontra-se iso-lada nos autos, não sendo ampa-rada por qualquer outro elemento de prova.

Reitero que a declaração da testemunha, além de isolada nos autos, é dúbia e hesitante, como antes referido e como também observou o Ministério Público em suas alegações finais.

Não bastasse, a testemunha Alceu José Fassini (fl. 138), filiado ao partido representante, declarou que esteve no comício e não cons-tatou qualquer distribuição gratui-ta de alimentos ou bebidas.

No mesmo sentido foi o de-poimento de Hilton Dornelles dos Santos (fl. 140), de João Carlos Mella (fl. 144) e de Saudir Antônio Brembatti (fl. 147) - sendo as duas últimas testemunhas filiadas ao partido representante -, negando qualquer distribuição gratuita de alimentos ou bebidas no evento, no qual estavam presentes.

Aliás, observo que os valores dos alimentos e bebidas declara-dos como adquiridos por essas testemunhas com seus próprios recursos são compatíveis com o valor declarado pela testemunha André Fantin e divergem do valor indicado por Nilton Mucelin, enfra-quecendo ainda mais suas declara-ções, como já visto.

Assim, em relação à suposta captação ilícita de sufrágio, consta-to que não há qualquer prova rele-vante nos autos capaz de sustentar a acusação.

Diferente não é em relação à alegação de conduta vedada, que consistiria na utilização de veículo do Município e da mão-de-obra de servidores municipais para deslo-

car até o local do comício mesas, cadeiras e outros utensílios.

Observo que as fotografias de fls. 11 e 12 retratam a existência de um veículo que seria de pro-priedade do Município em local próximo ao Salão Paroquial. Não há nas fotografias identificação da data e não se percebe que o veículo contenha qualquer mesa, cadeira ou utensílio que possa ser ligada à organização do comício.

Ao contrário, as fotografias revelam apenas um tonel preto na caçamba do veículo (fl. 12).

A testemunha Natália Potrich (fl. 128), filiada ao partido repre-sentante, declarou ser a responsá-vel pelas fotografias, esclarecendo que as tirou no dia da realização do comício. Disse ela que reside em frente ao Salão Paroquial e viu movimentação de carros públicos da prefeitura, que, segundo ela es-tavam descarregando mesas, ban-cadas e cadeiras.

Desde já destaco que a foto-grafia revela um único veículo da Administração Municipal e não vários veículos, como inicialmente referiu a testemunha.

Ainda, a testemunha confir-mou que no Salão Paroquial já exis-tem cadeiras e mesas, mas reiterou que houve o transporte. Descreveu que se tratavam de cadeiras de pa-lha e mesas de madeira. Afirmou não ter visto um tonel, único obje-to retratado nas fotografias que diz ter tirado. Confirmou que próximo ao local há uma praça e uma igreja e já viu funcionários da prefeitura trabalhando no local antes. Refe-riu que viu eles descarregarem as mesas, tirando-as da caminhonete, mas alegou que não teve tempo de fotografar esse fato. Esclare-ceu que tirou as fotos já na praça, sendo que estava na frente de casa quando viu o veículo passar, pegou a máquina e foi até o local.

Observo que a testemunha não explica de maneira convin-cente de que forma, tendo visto a aproximação do veículo com me-sas e cadeiras, estando extrema-mente próximo do local como re-lata, não pode tirar foto ao menos do descarregamento das supostas mesas e cadeiras, que não é um ato imediato, mas que se prolonga no tempo.

Não bastasse, seu depoimento colide com as afirmações de Már-cia Balestro Girotto (fl. 134).

Com efeito, essa testemunha refere que estava trabalhando em sua empresa quando recebeu uma mensagem afirmando que a má-quina pública estaria prestando serviços para a coligação. Disse que ligou imediatamente para Natália, que reside próximo ao local, e pediu que ela averiguasse o que ocorria, sendo que Natália informou que já sabia dos fatos e estava providenciando fotografias. Referiu que então foi até o local e visualizou a caminhonete carre-gada com cadeiras e mesas ainda passando por perto do local e viu quando eles descarregaram no salão paroquial. Reiterou que viu o veículo passando na rua e de-pois estacionado. Afirmou que os funcionários que estavam no local eram Leandro Mariotti e Valer. Não soube dizer como eram as mesas e cadeiras, referindo apenas que eram de madeira. Esclareceu que no Salão Paroquial são realizado diversos eventos e há mesas e ca-deiras disponíveis.

Observa-se, assim, que Márcia refere que, mesmo não estando próximo ao local como Natália, ter tido tempo de ligar para Natália – que já sabia dos fatos – pedindo que tirasse fotografias, deslocar-se até o local e ver ainda o veículo passando em frente ao Salão Paro-quial, estacionando e descarregan-

do os objetos.Ou seja, se Márcia teve tempo

de praticar todos esses atos e pode visualizar o veículo ainda antes de estacionar, com mais razão Natália teria tempo de pegar a máquina fotográfica e registrar, ao menos, o descarregamento das supostas mesas e cadeiras.

Pelo raciocínio inverso, se Na-tália não teve tempo de fotografar, é Márcia quem falta com a verdade ao dizer que visualizou o veículo passando, estacionando e descar-regando os objetos.

Nesse contexto, a contradição entre os depoimentos é insuperá-vel e lhes retira qualquer força de convicção.

Não bastasse, as testemunhas são uníssonas em referir que no Salão Paroquial realizam-se even-tos diversos e estão disponíveis mesas e cadeiras, de forma que, efetivamente, não haveria motivo para o deslocamento alegado, má-xime em um pequeno veículo, que revela um número muito pequeno de mesas ou cadeiras que pode-riam ser agregadas ao local.

Nesse sentido, da existência de cadeiras no local, foi o próprio depoimento de Márcia e Natália, além de Hilton Dorneles dos San-tos (fl. 140) e João Carlos Mella (fl. 144).

A declaração de fl. 85, firmada pela Secretaria Paroquial, também confirma a existência de cadeiras, mesas e bancas no Salão Paro-quial.

Além disso, observo que os do-cumentos de fls. 150-160 explicam que no dia dos fatos os servidores municipais estavam realizando, no dia dos fatos, serviço de manuten-ção, limpeza e ajardinamento da praça municipal, próximo à Igreja Matriz do Município, sendo que o veículo indicado nos autos foi utilizado para o transporte de to-nel com terra para colocação nos canteiros e retornou com o lixo re-colhido do local. Ainda, foi esclare-cido que há contrato de comodato do Município de Doutor Ricardo com a Mitra Diocesana, o que jus-tifica a manutenção realizada no local.

Assim, observa-se que a expli-cação oferecida pelo Município de Doutor Ricardo, trazida aos autos a pedido da própria parte repre-sentante, faz derruir por completo a acusação lançada, na medida em que esclarece o que o veículo fazia no local em que foi fotografado, que, conforme esclareceram as testemunhas, é próximo ao Salão Paroquial, mas também à Igreja Matriz e à praça referida.

Observe-se, inclusive, que convincente a explicação acerca da presença do tonel registrado na caçamba do veículo, único objeto visível e que, estranhamente, não foi sequer visto pela responsável pelas fotografias.

Assim, nesse contexto, perce-be-se que a prova reunida ao feito não é capaz de sustentar minima-mente qualquer das alegações da inicial.

A falta de provas possui di-mensão que efetivamente aproxi-ma-se da litigância de má-fé, cujo reconhecimento foi postulado pela parte representada. Contudo, tenho que o limiar entre a insufici-ência probatória e a deliberada in-tenção de promover lide temerária não foi claramente ultrapassado, razão pela qual, embora reconhe-cendo indícios que permitem qua-lificar como uma aventura judicial a propositura da representação, deixo de condenar pela litigância de má-fé.

Pelo exposto, julgo improce-dente a representação.

Juliane Pereira Lopes,Juíza de Direito

Justiça eleitoral absolve LisotDecisão da juíza Juliane Pereira Lopes foi entregue ao Cartório Eleitoral de Encantado na tarde de ontem

Page 7: Jornal Opinião 30 de Novembro de 2012

CÂMARA DE VEREADORES 7JORNAL OPINIÃO n 30 de novembro de 2012

Diogo Daroit Fedrizzi

Encantado - A primei-ra Comissão Processante instalada na Câmara de Vereadores, que analisa o pedido de cassação do pre-feito Paulo Costi e do vice José Calvi pela suspeita de contratação irregular do servidor público Gilberto Dacroce, ouviu na quarta-feira (28) as testemunhas indicadas pela defesa.

Das 20 pessoas lista-das, 10 não compareceram na sede do Legislativo, in-clusive, o prefeito e o vice. Entre as testemunhas que não vieram a Encantado estão os deputados Jerô-nimo Goergen, Ronaldo Santini e Luis Carlos Bu-satto, além do presidente estadual do PP, Celso Ber-nardi, e do presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportado-res de Frangos (Abef), o ex-ministro Francisco José Turra.

O presidente da Co-missão Cláudio Roberto da Silva (PMDB) encarou com naturalidade a au-sência dos integrantes do Executivo. Segundo ele, trata-se de estratégia da

defesa para tentar ganhar tempo. “A única coisa que a Câmara vai analisar é se a contratação do servidor foi legal ou não, se ele, na época, estava impedido de ser nomeado ou contrata-do ou não, e se esse fato constitui infração político administrativo previsto na lei”, comenta Cláudio.

Conforme o vereador, as consequências do não comparecimento sem jus-tificativa plausível são de que o processo segue à revelia. “E, quando ocor-re a revelia, os acusados perdem o direito de se-rem comunicados de to-dos os atos do processo. Até quarta-feira, a Comis-são tinha a obrigação, sob pena de infringir a Consti-tuição Federal, de ir atrás dos acusados e comunicá-los de tudo o que estava acontecendo. A partir de quarta-feira, se esvai a nossa obrigação. Não pre-cisamos mais correr atrás, que é o que estava aconte-cendo, que, por sinal, esta-va se tornando um desres-peito”, diz.

Cláudio revela que di-versas situações atendeu à solicitação da defesa e mudou o rito do processo.

Segundo ele, por duas ve-zes, o depoimento dos acu-sados foi adiado. Em outro momento, a audiência foi remarcada atendendo a um pedido do advogado, que argumentou ter outra audiência agendada para o mesmo dia. “Fizemos isso sempre com o objetivo de proporcionar a mais am-pla defesa, mas tudo tem limite. Por exemplo agora, querer que a Comissão pare os trabalhos para ou-vir o Francisco Turra no dia 10 de janeiro? Procu-ramos garantir o direito de defesa, mas não somos ingênuos. Estamos presi-dindo a Comissão ao pé da letra da lei”, afirma.

O Executivo tem cinco dias de prazo (até terça-feira, dia 4) para elaborar a defesa por escrito e en-tregar à Comissão Proces-sante. Conforme Claudio Roberto da Silva, o proces-so deve ser concluído em até 12 dias. Depois, cabe ao presidente da Câmara, Eldo Orlandini, definir a data do julgamento. “En-tregando ou não a defesa, a Comissão vai se reunir, deliberar e entregar o pa-recer para o presidente da Câmara”, disse Cláudio.

Primeira Comissão conclui processo em até 12 dias

CASSAÇÃO DO PREFEITO E VICE

Nesta semana foram ouvidas as testemunhas da defesa. Prefeito e vice não compareceram

Cláudio Roberto da Silva é o presidente da Primeira Comissão Processante

“Eles não foram por retaliação”O advogado Márcio Arcari, que atua

no departamento jurídico da prefeitu-ra, esclareceu os motivos da ausência do prefeito Paulo Costi e do vice José Calvi na audiência da Comissão Pro-cessante. Segundo ele, o não compare-cimento foi um sinal de protesto pelo fato de o presidente da Comissão ter negado o adiamento da oitiva de três testemunhas que são deputados.

“Os deputados possuem prerroga-tiva legal de não poder estar presente e escolher uma nova data. Diante des-se cerceamento de defesa, como reta-liação, o prefeito e o vice não foram.

Até porque não iria mudar muita coisa para a Comissão, que já está fazendo um julgamento puramente político”, explica Arcari.

Para ele, a instalação das Comis-sões se trata de uma jogada puramen-te política para tentar cassar o manda-to do prefeito e tomar o poder. “Vamos trabalhar até a última instância para defender o prefeito e demonstrar que ele não praticou nenhuma irregulari-dade. E que ele possa terminar o man-dato e assumir novamente no próximo ano, como lhe foi garantido nas urnas”, comenta.

As testemunhas que não compareceram na oitiva de quarta-feira (28) foram as seguintes:

Do lado do prefeito Paulo CostiCelso Bernardi (informou estar impossibilitado de comparecer)•Francisco Sergio Turra (informou estar impossibilitado de comparecer)•Jerônimo Goergen (informou estar impossibilitado de comparecer)•Agenor Casaril•Bruno Irion Coletto (AR voltou - mudou-se)•

Do lado do vice José CalviRonaldo Santini (informou estar impossibilitado de comparecer)•Luiz Carlos G. Busatto (informou estar impossibilitado de comparecer)•Germano Francisco Dall Valentino (AR voltou - não existe o número indicado •no endereço)Luciano Sandri (justificou a ausência no dia 29/11/2012)•Fábio André Gisch•

AS TESTEMUNHAS QUE NÃO COMPARECERAM

Os vereadores aprovaram na sessão de segunda-feira (26) a Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2013. A estimativa de receita é de R$ 44,9 milhões. Duas emen-das foram incluídas. Uma atende solicita-ção da Associação Comercial e Industrial de Encantado (Aci-E), que repassa R$ 100 mil para a realização da Suinofest.

Outra matéria refere-se ao Orçamen-to do Legislativo e foi apresentada pela bancada de oposição. O novo texto de-termina até 7% do valor total para as despesas dos parlamentares, conforme determina a Constituição Federal. No texto original da LDO encaminhado pelo Executivo, a estimativa de gastos ficava em R$ 1,2 milhão. Com a emenda, o Or-çamento da Câmara passa a ser de R$

3,143 milhões.A situação votou contra. Jonas Calvi

(PTB) e Sander Bertozzi (PP) argumen-tam que mantiveram a coerência. “Prega-mos o ano todo que os gastos deveriam ser limitados em até 4%”, disse o líder de governo, Sander Bertozzi. Do lado da opo-sição, Cláudio Roberto da Silva (PMDB) justificou que os atuais vereadores não poderiam engessar a próxima Legislatu-ra e reduzir o repasse. “Cabe ao próximo presidente definir os gastos”, falou.

Outros três projetos foram aprovados. As matérias abrem créditos suplementa-res que somam R$ 751 mil. O dinheiro serve para a área da saúde, prestação de serviços de iluminação pública e de lim-peza.

Aprovado orçamento de R$ 44,9 milhões.R$ 3 milhões ficam para a Câmara

Diogo Daroit Fedrizzi

Page 8: Jornal Opinião 30 de Novembro de 2012

JORNAL OPINIÃO n 30 de novembro de 2012 GERAL8

Diogo Daroit Fedrizzi

Disposta a ampliar a produção de oleoquími-cos, a empresa Fontana faz investimentos no Paraná. Desde o dia 29 de outubro, uma unidade instalada em Ibiporã, distante 14 quilô-metros de Londrina, en-trou em funcionamento. A planta industrial existe desde 2008 e foi arrenda-da pelos empresários en-cantadenses.

Conforme o diretor Ri-cardo Fontana, a estrutura pronta e a proximidade com o mercado consumi-dor foram fatores que es-timularam a concretização do negócio. “A nossa uni-dade de Encantado está adequada para atender a demanda da região Sul. Como aumentamos nossos negócios nas demais regi-ões, tivemos que observar também a questão logísti-ca e, por isso, escolhemos o Paraná”, diz.

Cerca de R$ 120 mil foram aplicados na ade-quação, manutenção dos equipamentos e melhorias do prédio da unidade ar-rendada. A capacidade de produção é de 30% do vo-lume atualmente instalado em Encantado. A unidade gerará 20 empregos dire-tos quando operar a plena produção. Todos emprega-dos são paranaenses.

Produção ganha forçaNa década de 90, a

Fontana deu os primeiros passos no setor de oleo-químicos, com a produção

de ácido graxo destilado, oriundo do sebo bovino. “Na época, a área petroquí-mica era mais competitiva que a de produtos orgâni-cos, e não tivemos muito sucesso”, lembra o diretor Ricardo Fontana.

A partir de 2004, a empresa percebeu que o mercado voltava a ter in-teresse nesse tipo de ma-téria-prima. “Foi uma nova oportunidade que surgiu. Lentamente, retomamos a venda do ácido graxo des-tilado, até derivar para ou-tros produtos como o áci-do esteárico, o ácido graxo semi-hidrogenado, o sebo hidrogenado, o ácido olei-co e a glicerina”, explica.

O ácido graxo é a ma-téria-prima que serve de base, por exemplo, para produzir o amaciante de roupas e na indústria de borracha. Na lista de clien-tes, a Fontana possui as principais empresas do segmento químico e pe-troquímico que produzem matérias-primas utilizadas na fabricação de borracha sintética. “Agora, o trabalho começa a surtir efeito sa-tisfatório, tanto que a gente está buscando viabilizar o aumento e o investimento neste mercado. Hoje, a Fon-tana ocupa uma posição de destaque no setor”, acres-centa Maurício.

Ele cita duas empresas paulistas, uma paranaense e outra argentina como os principais concorrentes. A estimativa de faturamento em 2012 se aproxima dos R$ 30 milhões. Para 2013, a projeção é de 30% a 40% de aumento no faturamento.

Fontana amplia investimentos em oleoquímicos e começa a produzir no Paraná

Empresa encantadense arrendou uma planta industrial na cidade de Ibiporã

Novos investimentos

Gradativamente, a Fontana planeja novos inves-timentos na produção de oleoquímicos, entre eles, a construção de uma nova planta industrial. “Nossa primeira etapa foi o arrendamento desta unidade no Paraná. Agora, vamos fazer um estudo de viabilidade de uma nova planta. Temos que analisar uma série

de situações: os custos, os recursos de terceiros, as fontes de investimentos, a localização estratégica. Surgem várias oportunidades, temos que ver qual é a melhor que se enquadra no nosso contexto”, comenta Maurício, que assegura, porém, que a indústria de higiene e limpeza ainda é o principal carro-chefe. “É nossa origem, temos um nome muito forte, principal-mente, na região Sul”.

O município de Ibiporã está situado no terceiro Planalto Paranaense, distante 400 quilômetros de Curitiba, 500 quilômetros da cidade de São Paulo e 14 quilôme-tros de Londrina. Distância de Encantado: 935 quilômetrosPopulação total: 48.200 habitantesAltitude: 497 metrosÁrea: 302 km2

GlicerinaAlimentos, bebidas, balas e

doces; cosméticos, higiene e limpe-za; resinas, tintas e vernizes; ceras especiais, farmacêutica, explosivos e tabaco.

Ácido Esteárico Dupla PressãoPlásticos e matéria-prima para

tubos de PVC; borracha (vulcaniza-ção).

Ácido Esteárico Tripla PressãoMassa para polimento,têxtil,

estearatos metálicos, velas, ceras, ésteres, produtos químicos

Ácido Graxo Destilado de SeboSíntese de borracha, emulsifican-

te asfáltico e quaternário de amônia (amaciantes)

Ácido OleicoFormulação de tintas em geral;

cápsulas para medicamentos; óleos e graxas especiais; ésteres.

APLICAçõES DOS OLEOQUíMICOS

ONDE FICA

R$ 30 milhões é a estimativa de faturamento da Fontana em 2012 no setor de oleoquímicos

Cerca de R$ 120 mil foram aplicados na adequação,

manutenção dos equipamentos e melhorias do prédio da

unidade arrendada em Ibiporã

Diretores da Fontana, Ricardo e Maurício Fontana

Diogo Daroit Fedrizzi

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10 JORNAL OPINIÃO n 30 de novembro de 2012 ESPECIAL

A rotina dos haitianosPassado cerca de um mês e meio desde a chegada a Encantado, os haitianos dizem estar habituados com a cidade, costu-

mes, pessoas e com o trabalho. Eles chegaram no dia 12 de outubro e foram contratados para suprir a carência de mão de obra na empresa Dália Alimentos. Um contrato de seis meses foi firmado com o Hotel Hengu para a hospedagem dos novos

funcionários da Cooperativa. Durante uma semana, o Jornal Opinião acompanhou os estrangeiros pela cidade.

REPORTAGEM: Henrique Pedersini

Estada no AcreAntes de virem para

Encantado, os haitianos estavam na cidade de Bra-siléia, a 237 quilômetros da capital do Acre, Rio Branco. Foi quando a supervisora do setor pessoal Sandra Lucca, acompanhada da advogada da Dália Alimentos, Elisa Claudia Sott, viajou até o local para selecionar os futuros trabalhadores da Cooperativa. “Eles foram muito esforçados em tentar se comunicar com a gente, apesar de não falarem por-tuguês, e todos, apesar das condições mínimas estavam bem apresentados, limpos e foram muito educados, respeitosos e organizados”, comentou Sandra.

Considerado um dos líderes do grupo, Jean Pierre Junior era estudante do quinto semestre da faculda-de de Medicina no país. Ele revela que os tempos no Acre foram de sofrimento. “Fica-

mos em uma fronteira entre Brasil e Peru durante quatro meses sofrendo muito com a questão de fome, saúde e sem sabermos o que seria de nós, até conseguirmos os documentos que precisáva-mos para ingressar no Brasil. Depois foram cerca de dois meses de mais sofrimento e espera por outras documen-tações até que a empresa veio para fazer a seleção e nos contratar”, relembra Junior.

Após a chegada dos representantes da Dália ao Acre, Junior conta que o processo de seleção e a vinda para Encantado foram demorados. “É claro que a vontade que tínhamos em sair do sofrimento e vir logo para o Rio Grande do Sul tra-balhar era muito grande, por isso pareceu que esses dias de seleção e burocracia com documentos não terminavam nunca, até que veio um ôni-bus e nos trouxe, penso que todo esse processo demorou uns quatro dias”, diz.

O BRASILA chegada dos haitianos

a Encantado aconteceu no dia 12 de outubro, por volta das 19h. Os 50 imigrantes trazidos pela Dália Alimentos foram instalados no Hotel Hengu, no bairro Planalto. Tony administrava um Hotel no Haiti e fazia faculdade de Comunicação, além de jogar futebol em um time profis-sional do país. Ele diz que sempre teve boa imagem do povo brasileiro, sentimento que confirmou na chegada. “Sempre tivemos uma boa impressão dos brasileiros, muito através do futebol, pois é o que mais falam a respeito do Brasil em todo o mundo. Nesses dias que estamos aqui não sofremos nenhum tipo de destrato nem coisa parecida, somos bem recebidos em todos os

lugares que vamos, nos con-sideram uma atração”, brinca o sorridente Tony.

Já o estudante de Medi-cina, Junior, revela que tinha estudado a cultura do povo brasileiro na faculdade. “Em uma das disciplinas lembro que falamos sobre os brasi-leiros, por um lado foi men-cionada a violência e também a corrupção, por outro foi nos mostrado as belezas naturais, como as praias e a Amazônia, além é claro das belas mulheres que o Brasil sempre teve. Sobre a cidade de Encantado, não sabíamos muita coisa”, lembra.

Os haitianos ainda comen-tam que a Dália Alimentos deu um suporte importante nos primeiros dias, até que eles estivessem habituados. “Qualquer dúvida que tínha-mos, procurávamos a própria

empresa. Além do mais fizemos muitos amigos com o passar dos dias e eles nos aju-daram a conhecer aquilo que precisávamos”, lembra Tony.

Junior diz que admira a cultura brasileira e mencio-na que tinha contato com brasileiros no Haiti. “Sem-pre admirei a história da Independência do Brasil, me chamou a atenção também o fato de ser o único país na América a falar o português, além de ser o terceiro maior do mundo, tudo isso além do futebol. O que mais nos impressionou é que aqui não se percebe racismo, e também que há muitos soldados brasileiros no Haiti em missão de paz, além de o chefe da ONU (Organiza-ções das Nações Unidas) no departamento de segurança, ser brasileiro”, comenta.

Adaptação rápida e naturalTemperatura Os haitianos chegaram

ao Brasil no mês de outu-bro, período que começa a estação da Primavera. Perguntados sobre a questão de uma mudança de temperatura, um deles lembra que o atual clima da cidade é muito parecido com o do Haiti. “Isso faz como que nossa adaptação seja rápida”, comenta um dos estrangeiros. Junior avisa que eles não gostam do frio. “Nosso país é tropi-cal e faz muito calor, nosso povo é meio tímido e o frio contribui para isso, o calor não nos incomoda”, diz.

AlimentaçÃo No que diz respeito à

alimentação, a adaptação também foi muito rápida, pois os alimentos consu-midos no país de origem e no Brasil são semelhantes. “No Haiti também éramos acostumados a comer feijão com arroz e carne de porco e frango, além de saladas. Não temos nenhum tipo de restrição com comidas, afinal as

dificuldades que passa-mos foram muitas e seria errado adotar esse tipo de postura”, afirma.

Segundo a responsável pelo refeitório, os haitia-nos aderiram à famosa feijoada. “É um orgulho para nós ver as bandejas nos dias em que o cardápio conta com esse prato. Eles gostam muito do feijão e arroz, além de saladas e qualquer tipo de fruta”, afirmou a funcionária da cooperativa.

Costumes Um das marcas

registradas dos haitianos sempre foi a mú-sica. Dificilmente, eles são vistos circulando por Encantado sem os fones de ouvido, escutando canções tradicionais de seu país. Entretan-to, as músicas bra-sileiras também fazem sucesso entre eles. “Nós gostamos sim das músicas locais,

o estilo conhecido como “Compa” é o mais ouvido, mas admiramos muito as músicas internacionais, o estilo Hip Hop é a grande sensação entre o público mais jovem do Haiti, tanto garotos, quanto garotas passam o dia cantando e dançando Hip Hop. Outros haitianos preferem as bra-sileiras”, explica Junior.

Convidado a cantar uma pequena parte de umas das músicas, ele não perdeu tempo “Eu quero Tchu, eu quero Tcha”, apresenta-se Junior, sendo observado por Tony, que ri da apresentação do amigo.

Ivonete Tramontini Teixeira

Haitianos com Neucir Francisco Bigolin

Convidado a cantar uma pequena parte de umas das músicas, ele não perdeu tempo

“Eu quero Tchu, eu quero Tcha”, apresenta-se Junior, sendo observado por Tony,

que ri da apresentação do amigo.

No hotel Hengu, onde estão hospedados em Encantado

Ivonete Tramontini Teixeira

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11JORNAL OPINIÃO n 30 de novembro de 2012

O trabalho na DÁliaSão três casais que trabalham nas granjas,

dois homens que foram destinados ao setor de rações os outros 42 ocupam vagas no frigorífico, no setor de abate e desossa. Junior lembra que quando chegaram a Encantado não faziam nem ideia de como seria o local onde trabalhariam. “Não fazíamos ideia do que encontraríamos na Dália, além da facul-dade na República Dominicana, eu estava trabalhando como técnico em informática e agora estou na Dália alimentos, é uma grande diferença”, comenta.

Já Tony chama atenção para a repentina mudança de vida. “Eu cuidava de um Hotel no Haiti, aqui eu trabalho no carregamento de milho, são ramos bem distintos, leva um tempo para aprender”, acredita.

O deslocamento do Hotel até a sede da empresa na Rua Guerino Lucca é feito de ônibus. Responsáveis pelos setores onde trabalhariam os haitianos receberam ins-truções sobre o idioma deles para facilitar a comunicação. A adaptação por parte deles foi tão rápida que eles acreditam na vinda de mais conterrâneos para os próximos meses. “Existe sim a possibilidade da vinda de mais haitianos. Acredito que isso irá acontecer, pois a empresa precisa de mão de obra e nós de trabalho. É bom para todos”, pondera.

O FutebolOs haitianos relacionam diretamente o

Brasil com o futebol. É uma das razões que os motivou a escolher o país. Junior chegou a atuar pela seleção do país quando jovem. Tony e Lisi também eram atletas de futebol. Eles comentam a importância do esporte para eles. “O futebol nos faz esquecer um pouco o que passamos no Haiti, devemos co-memorar o fato de o povo daqui ser educado e nos convidar todas as semanas para jogar. Acabamos chamando atenção das pessoas”,

brinca. No Haiti, viver apenas do futebol não é

permitido. Tony ainda lembrou que isso o impediu de ter feito sucesso. Sobre seleção brasileira, eles comentam que sabem o nome de todos os jogadores e que sempre foram fãs do futebol brasileiro. “Sabemos tudo, Ronaldo, Ronaldinho, Robinho, Kaká, Neymar, absolutamente todos”, avisa um deles.

ApeloSempre descontraídos, educados e aten-

ciosos, os haitianos repetiram por diversas vezes o interesse no estudo e em permanecer no Brasil. Junior e Tony chegaram a fazer um apelo, pedindo para que a empresa Dália Alimentos e a Polícia Federal os ajudem a per-manecer no Brasil. “Estamos gostando muito do Brasil, e por isso queríamos aproveitar esse espaço para fazer um apelo à Polícia Federal e Dália Alimentos que nos ajudem a conseguir nosso visto permanente para poder trazer nossa família para cá conta Tony.

O compatriota Junior lembrou que é a chance de eles reconstruírem suas vidas. “Jamais teremos outra chance como essa de recuperar o que perdemos, desejamos trazer nossos familiares e para isso precisamos dessa ajuda”, diz.

ESPECIAL

ReligiÃo Indagados sobre temas religiosos, eles

deixam bem claro que, independentemente da religião seguida, a fé é algo presente no dia a dia deles. “A exemplo do Brasil, a religião com o maior número de adeptos é a Católica, mas como somos descendentes de africanos temos representantes do Vudu no país, além de adventistas, entre outras igrejas”, relata.

IdiomaO idioma utilizado é o crioulo. Entre-

tanto, muitos sabem outras Línguas, em razão de terem morado em outros países, como é o caso de Tony. “As pessoas querem saber quantas línguas nós falamos. Eu, por exemplo, sei o inglês, francês e um pouco de espanhol. O desafio agora é o portu-guês”, brinca.

Ajuda aos familiaresUm dos compromissos dos haitianos

com a vinda para trabalhar em Encantado é ajudar os familiares que ficaram no país. Junior destaca que o envio de dinheiro aos familiares requer um valor elevado de

taxa. “Logo no começo tínhamos muitos problemas para enviar dinheiro ao Haiti, quase não conseguíamos. Agora descobri-mos uma agência de Lajeado que faz esse serviço, mas a taxa que devemos pagar para conseguir mandar é muito alta, mas seguiremos ajudando nossos familiares de lá”, afirma.

Tony argumenta que cada haitiano tem sua própria história e não podem ser consideradas pessoas diferentes. “Cada um de nós que está aqui, e outros que estão es-palhados pelos cantos do mundo, tem a sua própria história de dor, luta, sofrimento e superação e podem se considerar honrados por isso, porém não nos sentimos diferen-tes de nenhuma pessoa, e pretendemos reconstruir nossas vidas aqui no Brasil”, projeta Tony.

Sobre o contato com familiares, eles revelam que é muito difícil pela distância e pelas condições no Haiti. “É praticamente impossível, pois as condições no nosso país não são muitas e a distância é muito gran-de. Sentimos muitas saudades dos fami-liares e sonhamos com a possibilidades de revê-los em breve”, comenta um deles.

O ano de 2012 ficará mar-cado como o ano do desafio migratório para a comunida-de de Encantado. Se em 1882, Encantado recebia imigrantes italianos que vinham povoar estas terras, 130 anos depois, se confirma a vocação para a acolhida desta comunidade, quando recebe 50 imigrantes haitianos contratados pela Dália Alimentos. Para nós, esta é uma nova modali-dade de imigração: povos que precisam buscar outra pátria, como conseqüência de catástrofes ou mudanças climáticas.

O Movimento Leigo Sca-labriniano, é um Movimento da Igreja Católica, ligado à Congregação dos Missionários de São Carlos – Scalabrinia-nos, Congregação que está presente em Encantado há 116 anos, fundada em 1887 pelo Bispo italiano João Ba-tista Scalabrini, em Piacenza, Itália. Scalabrini, em 1889, também inspirava a funda-ção do Patronato São Rafael, formado por leigos. Scalabrini pensava que aonde o sacer-dote não tinha condições de chegar, um leigo chegaria: no mundo do trabalho, na políti-ca, nas associações de classe... Durante muitos anos os leigos acompanharam os imigran-tes nos portos de embarque da Itália e desembarque nas Américas, na viagem de navio, intermediaram os contratos de trabalho evitando assim que os imigrantes fossem lesados ou enganados. Eram profissionais liberais que se dispunham a trabalhar vo-luntariamente. Muitos anos se passaram e este trabalho foi caindo no esquecimento.

Em 1992, a Con-gregação Scalabriniana, retomou este trabalho com leigos e desde 1994, aqui em Encantado temos um grupo ativo de pessoas. O leigo Scalabriniano, é aquele que por causa de seu Batismo, decide viver a sua vocação cristã no serviço ao migrante. Somos mães e pais de família, pessoas solteiras, jovens e de mais idade, que além de seus compromissos familiares e profissionais, se dispõem a dar algumas horas do seu dia aos migrantes através de trabalho voluntário. Entre muitas outras tarefas, procuramos fazer a acolhida das pessoas

que chegam à nossa cidade através das Zeladoras de Ca-pelinhas, acompanhamos com nossas orações, informações e correspondências as pessoas de nossa comunidade e região que moram em outros países bem como as suas famílias e procuramos divulgar através dos Meios de Comunicação a realidade do fenômeno da Mobilidade Humana na atualidade. E gostaríamos de salientar que nosso trabalho não tem conotação religiosa. Acolhemos e ajudamos a todos, independente de raça, credo, cor e cultura. Pensamos no migrante como um ser humano merecedor de nosso amor e atenção, respeitando a sua opção religiosa.

Em outubro deste ano, o grupo de leigos Scalabri-nianos e os Sacerdotes da Paróquia São Pedro tomou co-nhecimento de que chegariam 50 haitianos vindos do Acre. Em contato com funcionários da Cosuel, ficamos sabendo da necessidade de termos roupas limpas e agasalhos para quando chegassem. Em menos de 48 horas, grande quantida-de de roupas nos foi entregue pela comunidade, numa grande rede de solidariedade. Algumas horas após terem chegado à nossa cidade, cada um deles recebeu algumas peças de roupa em perfeitas condições de uso. Neste pri-meiro contato, começamos a compreender o grande desafio que se oferecia a nós. Tivemos outros momentos de encontro onde fomos construindo um relacionamento afetivo e pró-ximo. No dia 20 de novembro, esteve em nossa cidade em visita ao grupo de haitianos, o Pe. Gustot Lucien, haitiano, sacerdote Scalabriniano que trabalha em Curitiba (PR) e o Pe. João Marcos Cimadom, do CIBAI- Migrações de Porto Alegre. Foi um momento rico de emoção. Encontrar alguém com quem falar em nossa pró-pria língua, num país que não é o nosso, é algo indescritível.

Um novo e grande desafioNesta semana iniciamos

um grande projeto, que visa dar o conhecimento da língua portuguesa. Através de professores voluntários, estamos organizando grupos de haitianos para que possam

conhecendo o português, se relacionar e viver melhor em nossa cidade. Com poucos conhecendo outros idiomas como o inglês e o espanhol e tendo como língua mãe o crioulo (uma ramificação do francês), toda uma metodo-logia de ensino está sendo pensada e preparada com a finalidade de que o aprendi-zado aconteça de maneira rápida e eficiente. Neste projeto, temos a parceria da Administração Municipal através da Secretaria Muni-cipal de Educação que nos ofereceu a estrutura física no Centro Municipal de Educação e o material básico: cader-nos, canetas, lápis... a quem agradecemos muito. Também a empresa Dália Alimentos se colocou a disposição para eventuais necessidades.

Dentro do grupo de haitianos, existem vários níveis de escolaridade; a maioria com ensino funda-mental, alguns com nível técnico e outros que cursavam universidade. Poucos possuem comprovantes e documentos de escolaridade sendo que o principal objetivo deste proje-to é propiciar o conhecimento básico da língua portuguesa para que possam se expressar e se fazer entender. Scala-brini, guardando as devidas proporções, comparava o imigrante a um surdo-mudo pois desconhecendo a língua falada ele não consegue se expressar, se fazer entender e compreender o que as pessoas dizem. O desconhecimento da língua pode assim ser motivo de isolamento do imigrante.

Nesta semana em que a Congregação dos Missionários de São Carlos – Scalabrinia-nos celebra os seus 125 anos de fundação (28 de novem-bro), os leigos Scalabrinianos se sentem felizes de comun-gar deste carisma, que é o atendimento ao migrante e agradecem a comunidade de Encantado pela parceria nos momentos de necessidade e pelo espírito de acolhida e fra-ternidade que sempre dispen-saram aos que aqui chegam e especialmente agora, com este grupo de haitianos.

Ivonete Tramontini Teixeira

Coordenadora dos leigos Scalabrinianos

A imigração haitianaPadre Genoir Piettá palestrou para os haitianos

Momento de integração com encantadenses

Ivonete Tramontini Teixeira

Ivonete Tramontini Teixeira

Henrique Pedersini

Júnior e Lisi, no futebol

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12 JORNAL OPINIÃO n 30 de novembro de 2012

A participação do PSDBTemos ainda a divisão de mara-

gato e chimango, que permanece em Encantado muito mais forte. Muitas vezes nem adianta mudar de sigla partidária, porque o carimbo vai jun-to. Um dos grandes problemas dessa eleição foram as pesquisas. Eu nem sabia que podia ser contratada uma pesquisa e divulgá-la a hora que se quisesse e dizer que aqueles núme-ros eram corretos. Nós tínhamos

pesquisas que mostravam a eleição bem diferente. E aquilo desenca-deou uma corrida louca. Faço uma comparação. Acredito que não tem um cidadão encantadense que esteja de lado da cassação do mensalão. E aqui temos o mensalinho, de quatro em quatro anos, ele aparece nas elei-ções. São posturas, se diz uma coisa e se vive outra. Na eleição municipal só tem dois partidos. Agora, é inte-ressante que na eleição para gover-nador e presidente, quem ganhou foi outro partido. Se vota em qualquer um, em qualquer deputado. Não

se tem a fidelidade partidária que existe na eleição municipal. A tentativa foi de buscar uma nova união. Ficou dividido Encantado, ele está dividido, continua dividido e vai permane-cer mais quatro anos di-vidido. Porque acesso a algumas coisas sempre tem aquele que ganha, quem perde fica fora. Vamos ter, lamentavel-mente, mesmo com a mudança dos verea-dores, vamos aflorar essa angústia do eleitor dentro da Câmara de Vereadores. No próprio PSDB, um grande nú-mero de filiados estava fazendo campanha

para outros partidos. Uma coisa absurda, mas aconteceu. Acho que como legenda foi muito bem diante do contexto. Mas se tivesse o grupo todo abraçado... Toda campanha teve um início, um meio, um fim. Um material bem elaborado, montado. Programas sem agressões, a foi linha que a Denise determinou.

AmeaçasOuviam-se nos debates que

Encantado é uma cidade ordeira, de um povo trabalhador, tudo é verdadeiro. Agora, não sei porque telefonavam e não podíamos entrar num bairro depois das dez. E na última semana era depois das nove. Aí íamos ao interior, porque lá não tinha isso. Voltávamos para ir a um restaurante e chegavam quatro, cinco armários (seguranças). De-pois chegavam cinco, seis roupeiros (seguranças). E eu dizia, vamos em-bora, porque se eles resolverem se enfrentar aqui. Então, porque dizer que é uma cidade ordeira, tranquila, calma? E mesmo depois da eleição, o que aconteceu com um repórter, é um absurdo. Então tem coisas que se diz e, na realidade, é diferente. Delinquente vira cabo eleitoral. E porque depois da eleição tu não consegue mudar esse statos quo? Como partido, como volta de uma eleição, acho que foi uma experiên-cia promissora. Uma pena que a po-pulação não retribuiu a mensagem.

Porque havia propostas seguras, firmes, exequíveis, viáveis, e de uma visão voltada de fora para dentro de Encantado. Fiquei oito anos fora, vivenciando, trabalhando, viajando esse mundo todo, continuo fazendo.

Impedido de concorrerNão fui candidato porque

eu trabalho numa entidade que é sindicato e organização das cooperativas do Rio Grande do Sul. Quando eu me licenciei, e estava certo na convenção, voltei para a Ocergs e os advogados me disse-ram que eu devia ter me licenciado quatro meses antes, e não tem três meses. Foi esta razão. Não foi de maneira alguma para me esconder. Foi opção legal. A segunda, eu não podia vir na rádio, não podia falar, sob pena de cassarem a Denise. Nas visitas que se faziam, cada vez fica-va mais presente, entusiasmante, a possibilidade de vitória.

Mágoa na políticaFoi aventado na campanha

porque a Denise está em Doutor Ricardo. E aí vem a mágoa pelo que fizeram para ela em represália a mim. Perdemos a eleição de 2004 e ela não arrumou escola para trabalhar em Encantado. Teve problemas de joelho e não podia mais subir as escadarias do Scalabrini. A Denise não conse-guiu escola em Encantado. E aí foi para Doutor Ricardo. E também por-

que a secretária estadual substituta de Educação era esposa de um colega meu, nossa amiga. Foi ela quem nomeou a Denise, direto. Não foi fuga, foi por necessidade. E eu fui morar lá para estar junto com ela.

A imagem de prepotenteIsso não é verdade. Fui dentista

por 40 anos em Encantado, tive clínica nesse tempo todo, e aten-dia a todos. Eu era funcionário da secretaria de saúde como dentista. Eu atendia no posto de saúde. Nunca faltou material, porque eu disponibi-lizava o meu material. E quando eu não estava lá, as pessoas iam no meu consultório. Tem outra história que eu cumprimentava e depois ia lavar as mãos. Teve um que disse que eu não gostava de negro, de caminho-neiros. Não é verdade. Se eu tivesse esse tipo de coisa, eu não teria chegado onde cheguei. Fui vereador mais votado na minha legenda. Hoje, represento, ume entidade forte, conquistei o posto por eleição, por unanimidade, voto de 250 cooperati-vas. Recentemente fui para Inglater-ra, Suecia, Portugal, Holanda, pelo governo do Estado de São Paulo. Vamos dizer assim, é minha forma de ser, sério? Ah, sou! Sou compene-trado, sou seguro. Se estou dirigindo não olho para os lados. Então tem algumas coisas que são próprias da minha personalidade. Esse tipo de folclore, não existe.

ENTREVISTA

A candidaturaA minha passagem pela politica se fez de

uma forma muito ligeira. Eu também não es-tava esperando. Não foi uma coisa programa-da. Aconteceu em uma reunião do partido. O Irno (Pretto, marido) não podia por causa da Ocergs. Outras pessoas que estavam à mesa também não queriam ou não podiam. E de re-pente: ‘ah, é mulher! É inovação, é a Denise!”. Depois de tantos desafios que enfrentei na minha vida desde os 19 anos, quando casei, resolvi aceitar e me lancei candidata. E teve muita gente que me disse: “Denise, tu sabe o que tu tá fazendo?”. E eu respondia que sabia.

A estrutura do partidoO nosso partido tem quase 200 filia-

dos. É muito pouco. Para eu e o Waldemar, que fizemos 483 votos, foi uma vitória, sim. Principalmente, porque estávamos entre dois candidatos já conhecidos e contra partidos grandes. Até porque, eu saí de um e o Walde-mar de outro.

O contato com os eleitoresO que mais me deixou chateada foi que

onde nós entrávamos, talvez porque eu sou mulher, e porque eu estava candidata, todos me apoiavam, me beijavam, me agradavam e diziam: “que boa essa tua proposta de mu-dança”. O que eu falei nos debates na Rádio

Encantado era com muita seriedade. Nada foi sonhando. O que estava no nosso plano de governo, já tínhamos entrado em contato com técnicos, com empresários. Por isso eu defendia com muita franqueza. Isso me sur-preendeu, porque as pessoas acreditavam em nós. Visitamos milhares de casas. Tínhamos projetos para os jovens, os idosos, os pais, as mulheres. O que eu defendia, eu tinha certeza do que eu falava. Parecia que convencia, que as pessoas iriam vir comigo. Estávamos recebendo votos de um lado e de outro, tanto do 11 quanto do 15. Tínhamos um cálculo que ia surpreender na eleição. E depois, os dois (adversários) começaram a sair com as pesquisas, e essas pesquisas nem sempre eram as mais corretas, me atrevo a dizer isso, porque tínhamos o controle dos dados. Mas preferimos deixar assim, porque estávamos correndo pelo meio. Foi o nosso erro. Se tivéssemos saído com uma coisa até meio exagerada, quem sabe, estaríamos garantindo uma melhor colocação.

O comportamento dos adversáriosA leitura que eu faço é a seguinte: o Paulo

queria ganhar. O Baixinho queria ganhar. E eu estava participando para ganhar. Os dois estavam ferrenhos para ganhar. E eu também queria ganhar, claro que sim, mas eu estava participando. No fim, no último debate, eu vi que os dois estavam nervosos, um de cada lado, se olhavam e se arrepiavam. E eu estava

bem tranquila, acre-ditando naquilo que não aconteceu.

Disputa de GrenalA minha passagem

pela política também me deixou muito feliz. Encontrei muita gente maravilhosa. Quero agradecer todas as manifestações das pessoas, até as que não votaram em mim. Eu entendo, porque de repente se abriu um abismo. De um lado precisavam ir para o outro não ganhar. E nesse abismo eu caí. É uma pena que nesse jogo de Grenal não ficaram junto comigo, porque de repente me ajudariam a crescer.

A divisão políticaA política de Encantado ainda é provin-

ciana, é do tempo que havia dois partidos só, Arena e MDB. Lembro-me do meu sogro, ele foi, inclusive, ameaçado pelo outro lado. Sofremos, e eu sentia muito. A divisão política ainda existe. Espero que a minha passagem como mulher, como outra via, tenha sido o começo de um fim de dois partidos somente. Acho necessário um melhor entendimento, e as pessoas devem ter a coragem de escolher a melhor proposta. Porque muitas vezes eu falava na proposta, e os outros dois falavam

em coisas velhas, em rusgas antigas, e não mostravam as propostas. O município não cresce dessa forma, se só olharmos para trás. Temos que olhar para frente.

Candidata à vereadoraÉ um assunto para se pensar. Até por-

que era minha primeira ideia, para ajudar o partido, eu tinha me proposto a me candidatar à vereadora. Eu acho que foi por causa dessa abertura que dei na reunião do partido, que daí se atreveram a pensar que eu pudesse ser candidata a prefeita. Agora fui eleita vice-diretora da Escola de Doutor Ricardo. Também estou assumindo outra função ligada ao Ministério da Educação. Tem muitas coisas acontecendo que me envolvem em Doutor Ricardo. Não vou dizer não, e não posso dizer agora que sim. O envolvimento com o MEC está certo para os próximos três anos. Mas não posso descartar voltar a concorrer.

“A política de Encantado ainda é provinciana”

Entrevista: Milton Fernando; Adaptação do Texto: Diogo Daroit Fedrizzi

DENISE PRETTO

Terceira colocada nas eleições de Encantado com 483 votos, a candidata Denise Pretto (PSDB) se ma-nifesta pela primeira depois de 7 de outubro. Acompanhada do marido Irno Pretto, ela foi entrevistada pelo Grupo Encantado de Comunicação. Identificados historicamente com o PP encantadense, os dois ava-liam a campanha pelo novato PSDB, falam de ameaças sofridas, da rixa política existente no município e

revelam que esperavam um resultado mais expressivo nas urnas. Confira os principais momentos.

“Não podíamos entrar num bairro depois das dez”IRNO PRETTO

Fotos: banco de imagens/JO

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Fotos: banco de imagens/JO

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Encantado, 30 de novembro de 2012

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