jornal o pará - 1900

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PERIÓDICO: O PARÁ – Orgão politico, noticioso, literario e commercial DATA: ANNO III - 13 de Janeiro de 1900 – Nº 632 LOCAL: Belém – Estado do Pará Pág. 1 – Col. 5 O ACRE GALVEZ EM SCENA Noticias chegadas à ultima hora annunciam graves acontecimentos no Acre. O audaz arlequim Galvez, arvorado em presidente da divertida republica do Acre, tendo armado uma centena de homens, tem feito depredações, tomando navios e mercadorias, havendo se apoderado da lancha Garantia da Amazônia (cujo o pessoal consta haver sido sacrificado), armando-a em guerra e d’essa forma aprisionando embarcações e apropriando-se de tudo. Vão demoradas as providencias tomadas pelo governo, de maneira que o famigerado Galvez está causando verdadeira perturbação a duas praças commerciaes e a ordem publica. Ao que se diz, o sr, Victor Bezerra, que ia na lancha Garantia da Amazônia, morrera na occasião de ser a dita lancha aprisionada. Grave, tudo isto. É preciso energica e pronptas providencias.

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PERIDICO: O PAR Orgo politico, noticioso, literario e commercial

DATA: ANNO III - 13 de Janeiro de 1900 N 632

LOCAL: Belm Estado do Par

Pg. 1 Col. 5O ACRE

GALVEZ EM SCENANoticias chegadas ultima hora annunciam graves acontecimentos no Acre.

O audaz arlequim Galvez, arvorado em presidente da divertida republica do Acre, tendo armado uma centena de homens, tem feito depredaes, tomando navios e mercadorias, havendo se apoderado da lancha Garantia da Amaznia (cujo o pessoal consta haver sido sacrificado), armando-a em guerra e dessa forma aprisionando embarcaes e apropriando-se de tudo. Vo demoradas as providencias tomadas pelo governo, de maneira que o famigerado Galvez est causando verdadeira perturbao a duas praas commerciaes e a ordem publica.

Ao que se diz, o sr, Victor Bezerra, que ia na lancha Garantia da Amaznia, morrera na occasio de ser a dita lancha aprisionada.Grave, tudo isto.

preciso energica e pronptas providencias.

PERIDICO: O PAR rgo , noticioso, literario e commercial

DATA: ANNO III 24 de Janeiro de 1900 N 641

LOCAL: Belm Estado do Par

Pg. 1 Col. 2 e 3

OS ACONTECIMENTOS NO ACREDesdobrasse na regio amaznica o vo negro de dr e do lucto.

Ha mezes j que um aventureiro audaz, em suas veias no agita-se o sangue nacional, em cujo o corao no percute a voz do patriotismo, fez da esplendida regio acreana , nesga riquissima do territorio da Patria, o campo de suas operaes de condemnavel latrocinio contra a integridade nacional e a propriedade particular.

A cada instante, o apito de um vapor, que entra na nossa Bahia, sobressalta familias, que para alli viram seguir entes queridos, fiados na garantia de ordem constitucionalmente assegura. O commercio agita-se e espera por sua vez as surpresas que os acontecimentos derramam.E o que certo, o que evidente, e que j o sopro da vida apagou-se em muitos corpos e que o tumulo tem se aberto para a eterna morada de muitos cidados, chefes de familias, laboriosas actividades que foram encontrar a felicidade.

As noticias chegadas hontem tem derramado a confuso sobre a sociedade paraense.

A Provincia do Par, de hoje, assim resume os acontecimentos, conforme os pude colher.

O vapor nacional Rio Purs conduziu a seu bordo, da cidade do Acre para Riosinho, o capito do porto e diversos funccionarios do governicho, que ali foram efectuar a priso do Rio Afu.

Chegadas a cidade de Fortaleza, porto intermediario, um dos faccinoras, cognominado Bagao, embarcou para o Rio Purs trezentos homens, todos armados de rifle e de manulicher, partindo ento dahi para ponto de destino.No Riosinho encontraram o Rio Afu e o Jutahy, tendo j sido pelos srs. Commandantes Alvaro e Mello Cardoso, deposto o presidente Luiz Galvez e proclamado em seu lugar o coronel Souza Braga.

Na occasio em que, de bordo do Rio Purs, fora intimidade a priso ao pessoal do Rio Afu e a entrega do navio, houve um grande tiroteio de parte a parte, de que resultaram muitas mortes e ferimentos.

Consta-nos terem perecido no combate o srs. Commandantes, Alvaro Rodrigues, Mello Cardoso, Francisco Silva, Victor Barbosa, immediato do Jutahi, Silva, Octaviano, Queiroz, Monteiro, Xavier e muitos outros cujos nomes no nos souberam dizer.

Foram feridos Garcia, Agostinho, Penaforte e outros.

A muito custo o Rio Purs conseguira safar-se, e, ao chegar ao Humayta, fora baleado foras bolivianas, que se conservavam a bordo do Manos em companhia do pessoal do capito Leite, que o comamndante em chefe das foras,Em Caquet houve tambem cerrado tiroteio de terra contra os bolivianos e vice-versa, tendo havido muitas mortes de ambos os lados.

Os animos continuam ali exaltadissimos.

Por um passageiro vindo da cidade de Lbrea, fomos, entretanto, informados que o commandante Alvaro Rodrigues no morrra, pois esse cidado vira-o abaixo de Puerto Alonso, no vapor Rio Af, do commando do mesmo, e que vinha j em regresso, no havendo outra noticia mais recente.Como quer que seja, so anciosamente esperados novos pormenores do acontecimentos que esto se desenrolando no Acre.

de crer que o vapor Jutahi, de que acima se falla no seja o aviso de guerra desse nome, que estava aguardando, em Manos ordem do governo federal.

PERIDICO: O PAR Diario da tarde

DATA: ANNO II Quinta-feira, 1 de Fevereiro de 1900 N 648LOCAL: Belm Estado do Par

Pg. 1 Col. 1 e 2

A ESQUADRILHA DESTINA AO ACREVamos hoje dar aos nossos leitores o numero em poder dos navios da armada nacional, que por ordem do Presidente da Republica vo subir ao Acre, afim de estabelecer a ordem e a lei nessas longinquas regies.

A esquadrilha compem-se dos seguintes navios:

Cruzador Torpedeiro Tupy, navio-chefe, do deslocamento de 1.030 tonelladas, cumprimento de 55 metros, bocca 8 metros, pontal Sm.70, calado. maximo AR 4 m, 6 e AV 4m, 20, 2 machinas de triplice expanso de 4 cylindros da fora de 6.000 cavallos accionados 2 helices de 5m, 2, servidas por 5 caldeiras typo locomotivas, separadas em 3 grupos por compartimentos estanques, e possuindo alm dessas machinas outras: de compresso de ar para o carregamento dos torpedos; de ventilao para o servio das caldeiras, pries, cobertas e compartimentos; electricas para geral iluminao do navio e holophotes e muitas outras auxiliares, condensao por superfcie e modernos aperfeioamentos introduzidos em toda essa importante seco do navio.Nas experiencias realizadas em Kiel (Allemanha) 18 de outubro de 1898, desenvolveram as machinas 8.000 cavallos indicados, impulsionando a velocidade maxima de 22.2 ns com grande estabilidade notada no navio, embora o seu desenvolvimento dagua seja notavel. O navio dividido em compartimentos estanque ou cofferdam, afim de evitar a invaso dagua em caso de encalhe, abalroamento, etc. Divide-se o navio em 2 planos, que o tornam elegante em seu estylo de construco o castello avante, occupando um tero do navio e a tolda corrida, com uma antepara por causa do mar, a r. Possue 2 mastros simples com plataformas para holophotes, estando por AV e AR respectivamente, o passadio de viagem e o de signaes no posto. O seu armamento compe-se de 3 canhes de tiro rapido Armstrong de Om, 105, montados em reparos de escudo em caa e retirada AV e AR, com angulos de tiro de 270 para o horizonte e elevao de 20 da horizontal, com um alcance maximo de 9.000 metros com projectil granada de ao de 12 kilos e carga de polvora sem fumaa; 6 canhes de tiro rapido Nordenfeld, de 0m ,057, montados 3 por bordo, - em reparos conicos , com escudos de abrigo; duas metralhadoras Marxin Nordenfeld automaticas de 0m , 037 no passadio de r, podendo disparar 300 tiros por minuto e duas metralhadoras Nordenfeld de 0m, 008 (calibre fusil), em canetas de desembarque.Possue como arma typica 3 tubos de torpedos de 0m, 27 de diametro, do systema Armstrong, disparo electrico , montadas 2 na tolda e sendo moveis e um avante fixo e inclinado , sahindo no tolda mar.Carrega o navio com uma grande numero de tiros para os seus canhes e 3 torpedos Witeheard modernos para o seu servio, sendo municiados os canhes por meio de ascensores mechanicos directamente dos paies.

O seu costado fechado e a chapa de expessura de 114 de pollega, sendo protegidas as carvoeiras e machinas em toda a sua exteno por uma cinta de 0m 225 de expessura.A sua illuminao electrica, possuindo para isso does dynamos multipolares, systema Sckert, de Nuremberg, que do a intencidade de 30.000 velas aos seus holophotes, collocados respectivamente em cada mastro. A sua diviso interna elegante, embora acanhada: possue uma bella camara do commandante, com uma ante-sala de espera, beliche, servios , etc; cinco camorotes para o immediato, officiaes e medicos; uma praa darmas e sala de jantar; praa dos machinistas e coberta superior pra 50 marinheiros e inferior para 25 foguistas; paies e outros compartimentos menores, cosinhas e latrinas. Contm as suas carvoeiras 248 toneladas de carvo, que garantem-lhes o raio de aco de 3.000 milhas, a 10 milhas por hora, em marcha economica.O seu armamento de mo compe-se de 20 carabinas Mauser de 0m 008 e revlveres,. Foi construido pela Gesmania Actien end Maschinembau Gecllschaft, nos seus estaleiros de Kiel, Allemanha, tendo chegado ao Brazil a 29 de abril de 1898. pra seu servio possue uma lancha a vapor, uma dita a remos, uma cana e tres botes.Os outros navios so os avisos fluviaes, Tocantins, Teff, Jutahi, e Juruema, eguaes e chegados em 1891 e 1892, construidos em E ast Cowes, na ilha de Wight, na Inglaterra, e tm as seguintes dimenses: cada um: cumprimento 29m 5; bocca, 3m 3; pontal, 4m 3; Callado maximo avante 1m 8 e a r 1m 6; machina Compound de dus cylindros, de 33 cavallos nominaes, condensao por superfcie. Uma caldeira, armados com um canho Holkins de 0m 37, um reparo, avante e 2 metralhadoras Nordenfeld de 0m 0009, r; 10 carabinas Kropatscheck, de 0m 011, 10 revlveres Naganre e 10 sabre de abordagem. Tm trinta toneladas de carvo.

O cruzador Tupy commandado pelo capito tenente Sydney Schiefler, e tem uma lotao de 80 marinheiros e 25 foguistas.

______________

Os avisos so comandados:

O Jutahi, pelo capito-tenente Ferreira do Valle, e levou 12 homens de tripulao e 8 foguistas.

O Juruema, pelo capito-tenente Arthur Pinheiro Hass.

O Teff, pelo capito-tenente Jos Maria Onteiro.O Tocantins, pelo tenente Armando Burlamaque.

A lotao dos quatro navios a mesma.

_______________ commandante da flotilha o capito de fragata Jos Ramos da Fonseca, sendo secretario o 1 tenente Roberto Le Rocq de Oliveira.

Resumo total do pessoal.Commandantes, immediatos e officiaes, 19; inferiores 26; praas de marinha, 138; machinistas, 15, foguistas, 55; 5 commissarios; 2 medicos e 4 enfermeiros.

Pessoal de taifa, 32 homens.

________________

Boccas de fogo.

Canhes grandes .............................. 2

Pequenos ......................................... 10

Metralhadoras ................................. 10Automaticas ................................... 2Carabinas .........................................120Revlveres ...................................... 60Espadas de abordagem ................... 60H abundante quantidade de munio para todos estes armamentos, e pessoal adestrado.

PERIDICO: O PAR Diario da tarde

DATA: ANNO III Segunda-feira, 5 de Fevereiro de 1900 N 651

LOCAL: Belm Estado do Par

Pg. 2 Col. 4

NAVIOS DE GUERRAHontem, cerca de 4 horas da tarde, zarpou em direo ao Acre, o aviso da marinha nacional Tocantins, sob o commando do sr. tenente Armando Burlamaque, levando ao seu bordo o sr. dr. Eduardo Octaviano, consul brazileiro naquella regio.O sr. governador do Estado esteve a bordo at s 3 da tarde, em animada palestra patriotica de despedida aos dous illustres viajantes.

O Tocantins vai completamente preparado para a misso patriotica que vae desempenhar. A multido accumullada nas rampas e diversos trapiches assistio com os votos de felicidades sahida do elegante aviso, que atravessou garbosa e rapidamente a sahida, na sua marcha de 12 milhas. *

Espera-se nestes dous dias o Cruzador Torpedeiro Tupy, poderosa machina de guerra da marinha nacional.

PERIDICO: O PAR Diario da tarde

DATA: ANNO III Quarta-feira, 14 de Fevereiro de 1900 N 659

LOCAL: Belm Estado do Par

Pg. 1 Col 2O ACREJornaes do visinho Estado noticiam que os acreanos preparam grandes festas para receber os avisos da marinha nacional.

Deante do pavilho sagrado da Patria, dizem, abatero as armas, porque contra a Patria Brazileira que esto em armas, mas sim contra um domino que respeita o extranho, pois consideraram brazileiro o territorio acreano, povoado quasi que exclusivamente por brazileiros.

A ser verdadeira a noticia da acolhida festiva dos dos vasos da nossa gloriosa marinha de guerra, o caso para nos felicitarmos pela misso pacifica que tero elles de desempenhar nessas longinquas paragens.

PERIDO: Diario da tarde

DATA: ANNO III Segunda-feira, 26 de Fevereiro de 1900 N 668

LOCAL: Belm Estado do Par

Pg. 1 Col. 3, 4, 5 e 6

O AVISO TOCANTINSEM ALEMQUR

GRANDES FESTAS

REGOSIJO PUBLICO O AVISO Tocantins, da nossa marinha de guerra, sahido desta capital na tarde de 3 do corrente, viajou apenas de dia, chegando a cidade de Alemqur no dia 9, e ahi fundeando para prover-se de genros alimenticios frescos e fazer alguns reparos alguns reparos devido ao temporal que apanhou na costa proxima.

A chegada e estadia do aviso no porto daquella cidade deram logar a ruidosas manifestaes de regosijo publico. Como homenagem marinha nacional, tomamos do nosso collega GAZETA DE ALEMQUR a descripo, dessas festas, que to alto fizeram vibrar o patriotismo daquelle povo, ao ver ancorado no porto o pequeno aviso, que representava essa gloriosa marinha brazileira.

Eis o que diz a GAZETA DE ALEMQUR:

AVISO TOCANTINS Conforme annunciara os boletins do Directorio do nosso partido e das principais autoridades ds Comarca, entrou em nosso porto, tarde de 9 do corrente, este importante aviso, trazendo a seu bordo o excellentismo sr. Consul Geral do Brazil, na regio do Acre dr. Eduardo Octaviano.

commandante do mesmo aviso. Tocantins, pequeno e importante vaso da nossa marinha de guerra, o illustre official, 1 tenente Armando Burlamaqui, que aqui conta numerosos parentes e amigos sinceros.

*

* *

Se os boletins acima alludidos annunciavam aos illustres hospedes uma recepo festiva, ella traduzira-se em realidade, a mais brilhante, razo porque nos apressamos em dar esta breve noticia para conhecimento dos nossos amaveis leitores.A RECEPOApenas largou a ancora o mencionado Aviso, o povo em masa, tendo frente os srs. Eloy Simes, juiz de direito, Newton Burlamaqui, juiz substituto, Isaias Ramos, promotor publico, coronel Albino, prefeito de segurana, coronel Josino Cardoso, chefe do governo municipal, representado pelo seu secretario, e todas as demais autoridades civis e militares, grande e selecto numero de outros cidados notaveis, entre os quaes os srs. Coronel Ivo Picano, Pharmacentico Manoel Vieira e Alberto Azevedo, Joo Vasconcellos, administrador desta folha, majores Aranha Junior, Alfredo Coora, Carlos Brando, Manoel Hosano e muitos outros, dirigiram-se para o ces, onde j estava postada a optima, banda musical Unio Progressista e muitos populares.Alli, o gente e fidalgo commandante do Tocantins, mandava, de quando em quando, embarcar para a bordo os recepcionistas que, de momento, multiplicavam-se extraordinariamente.

Ao pisar o convs, era distribuido pelo recem-vindos profuso copo de cerveja e delicados licores.s 6 horas, mais ou menos, dirigiram-se para terra os dignos hospedes em escaleres especiaes, acompanhados de numerosos amigos e admiradores.

Ao sair o escaler para a terra, o hynno nacional se fez ouvir e as girandolas cruzaram o espao em todas as direces.

Seguio o grande sequito para o Centro Familiar, explenderosamente illuminado.

Ao aproximar-se, a banda musica do Atheneu Alenquerense, que ali tambem fra previamente postada, recebeu grande cometiva por entre notas harmoniosas do seu vastissimo repertorio.

Ao estourar do champagne, usou da palavra o sr. dr. Eloy Simes, em termos expressivos e eloquentes brindou a s. exc. Consul Geral, ali presente.

Em seguida o dr. Newton Burlamaqui usando igualmente da palavra disse que, no obstante averbar-se de suspeito em relao a pessa, do 1Tenente Armando Burlamaqui, no podia deixar de brindal-o, e, enaltecendo os seus reaes merecimentos, fel-o em termos tambem eloquentes e comovidos.

Em terceiro lugar, o sr. coronel Albino Costa, brindou ao distincto alenquerense, chefe real do seu partido, Senador dr. Fulgencio Simes, declarando que o nome desse patriota illustre, a quem Alemqur tendo deve, no podia ficar no esquecimento.

Os exms. Srs. Consul dr. Eduardo Octaviano e 1 Tenente Armando Burlamaqui, agradeceram os brindes que lhe eram levantados e as manifestaes de apreo de que estavam sendo alvo; disseram que a sua vida de horas nessa cidade, tinha gerado sympatia tamanhas que tornavam-nos devedores de eterna gratido.Depois de longa e animada palestra no salo de honra do Centro Familiar, dirigiu-se o grande cortejo civico para o palacete da residncia do dr. Newton Bularmaqui, devidamente preparado para receber os insignes itinerantes, e ali, ao som de hynnos marciaes, como que relembrando os feitos gloriosos da nossa heroica marinha, foi distribuida muita cerveja pelo povo geralmente, que, acotovellando-se na rua, interceptava, a passagem dos transeuntes que attrahidos pelo enthusiasmo dos manifestantes, deixavam-se ficar docemente.

At s 9 horas da noite as duas bandas Unio Progressista e Atheneu Alemquerense tocaram porta do mencionado palacete, retirando-se depois do servio do ch, que foi longo e concorrido.

No dia 10, foram muito visitados e cumprimentados s.exc. consul e o commandante do Tocantins.

s 11 horas desse dia foi servido um lauto almoo, ao qual compareceu grande numero de cavalheiros e senhoras da elite social desta cidade. Seguindo-se lhe animada palestra litteraria no salo de honra do edificio, no qual tomaram parte o sr. consul, 1 tenente Armando Burlamaqui, os drs. Eloy Simes, Newton Burlamaqui e outros cavalheiros distinctos.

Aps, foram os recem chegados, acompanhados do dr. Eloy e outros, visitar o Palacete Municipal onde foi servida uma taa de campagne aos visitantes, Grupo Escolar Fulgencio Simes, Casa de Deteno, Frum, Officiaes da gazeta de Alemqur e Matriz de Santo Antonio.

Dali dirigiram-se para as residencias dos nossos amigos coronis Albino Costa, Josino Cardoso e dr. Eloy Simes, tendo nesta ultima demorando-se a comitiva at 2 horas da tarde em animada palestra, cercada da peculiar gentileza da exma. Sra. Dona Octavia Simes, que se tornou inexcedivel.

s 5 horas da tarde foi servido um grande jantar em casa do dr. Newton Bularmaqui, ao qual compareceu a flr alemquerense.

Uma longa mesa, em frma de T, occupava o vasto salo interior.]

Sobre o prateado linho que a cobria, por entre jarros e flres e pyramides de fructas, via-se uma variedade attrahentes ,de finissimas iguarias, cujo o men assim as descrevia:

(Segue o men, extenso e primoroso)

noite desse mesmo dia houve no Centro Familiar uma esplendida sonterie, ainda, em homenagem aos dignos manifestados.

Alli o bello sexo alemquerense, de modo irreprehensivel, compareceu trajando finssimos toalettes, das quaes descreveremos os que nos accdem memoria e que mais nos impressionaram:

Mmes. Otavia Simes, Luma Altit, Emilia Benemon, Anna Burlamaqui e Cotinha Vasconcellos. En soie noire comme du jais.

Mlles. Felippa e Antonica Peres . La premire demoiselle; en soie rose broche La seconde; en bleu ciel.

Mlle. Clara Lobo. En soie rose comme une rose.

Mlle. Ernestina Peres. En linon bleu mer broche.

Mlles. Alegria e Estrella Benemon. Tontes deux; en satin vert legume.

Mlle. Ormina Oliveira. En soie bleu turquoise.

Mlle. Luiza Costa. En gaze de soie blanche avec garniture crme.

Mlle. Chiquinha Serro (veuve). En soie noire.Mlle. Yaya Bentes. En soie bleu ciel broche el fire comme Jernon.

Mlle. Ludinha, - En mousseline de soie blache.

Mlle. Santa Americo. En soie gris perle damase.

Mlle. Idalia Costa. Tonjonrs indis criptible!

Foram vis e vis de ss. Excs. Os srs. Consul e Armando Burlamaqui, os srs. drs. Eloy Simes e Newton Burlamaqui.

s duas horas da madrugada dissolveu-se o baile na mais perfeita harmonia sahindo sobremodo penhorados os dignos manifestados. *

* *

Por volta das 9 horas do dia 11, regressaram para bordo, queridos de todos, os illustres viajantes acompanhados de numerosos amigos e admiradores.

A hora da despedida o gentil commandante do Tocantins fez correr pelos circunstantes um calice de precioso licr.

Nesta occasio o sr. dr. Eloy Simes levantou-se e, em nome da familia alemquerense, em cujos os coraes sulcam fundo as sympatias deixadas pelos seus fidalgos hospedes, apresentou-lhes o saudoso adeus da despedida, em palavras repassadas de intima amizade, cheias de effuso e eloquencia. Disse mais que, apezar de suspeito para o 1 Tenente, Armando Burlamaqui, por ser seu parente em gro muito proximo brindava a marinha nacional no official alli presente.Dr. Newton Burlamaqui, dirigindo-se ao sr. consul, disse.

Que, os antecedentes ancestraes so de uma importancia incalculavel para a vida e para a comprehenso do caracter do um homem.

Que, os laos ativicos reproduzem nas geraes actuaes os caracteres physicos, Moraes e intellectuaes dos seus antepassados.Que a julgar por estes principios que so dogmas verdadeiramente scientificos, o exm. Sr. consul, um desses caracteres que mais se recomendam tal a sua illustre progenie.

Que, no curto lapso de 2 dias, a corrente de sympatias creadas por s. exc. No corao do povo alemquerense, apresentava uma consistencia de 20 annos passados.

Que, finalmente, desejava a maior prosperidade na espinhosa misso que o governo em ba hora lhe confiara e fazia votos pela sua soluo pacifica, adredemente assegurada pelo temperamento moderado dos enviados do governo.

O consul, profundamente commovido agradeceu os brindes que lhe fizeram os dois magistrados alemquerense e pedio aos presentes que o acompanhasse m num viva ao juiz de direito da comarca, dr. Eloy Simes.O 1 Tenente Armando agradeceu o brinde do dr. Eloy Simes a marinha nacional e brindou o nosso querido chefe senador Fulgencio, nome que foi muito victoriado pelo povo.

s 11 em ponto suspendeu o ferro o Tocantins deixando-nos immersos em profundas saudades. *

O mesmo jornal publicou o seguinte agradecimento, que confirma quanto ficou narrado:

Sr. Redactor:

Aportando, de passagem, a esta bella e florescente cidade de Alemqur, recebemos desse generoso e hospitaleiro povo, tamanhas demonstraes de apreo, que o nosso corao se dilata de reconhecimento ante s repetidas provas de gentilezas, no curto lapso de 2 dias.

Com reconhecimento profundo agradecemos a maneira fidalga porque fomos recebidos, e penhoramos a todos, e nomeadamente aos srs. drs. Eloy Simes, Newton Burlamaqui, coroneis Josino Cardoso e Albino Costa, a sinceridade da nossa gratido.

Alemqur, 11 de fevereiro de 1900.

Eduardo Octaviano, Consul Geral dos E.U. do Brazil.

Armando Burlamaqui = 1 Tenente da Armada e commandante do Aviso Tocantins.

PERIDICO: O PAR DIARIO DA Tarde

DATA: ANNO II Segunda-feira, 19 de Maro de 1900 N 685

LOCAL: Belm Estado do Par

Pg. 1 Col 2

O ACREJ excedia a 2 00 contos de ris a subscripo aberta em Manos para a compra do Territorio do Acre.

Segundo affirma o COMMERCIO DO AMAZONAS, mas listas expontaneamente entregues quelle importante jornal, j subiam a 500 contos as assignaturas.

Correctamente patriotico esse procedimento , que vale os mais calorosos applausos.

PERIDICO: O PAR - Diario da TardeDATA: Anno III - Sbado, 24 de Maro de 1900 N 690

LOCAL: Belm Estado do Par

Pg. 1 Col. 3.

O ACRENo jornal do Recife e n O Commercio, diario da Parahyba, como lemos o seguinte telegrama do Rio, a 10 do corrente.

O vice- presidente da Bolvia, a frente de tropas, marcha em demanda do Acre para bater os revolucionarios.

Hespanholada, no caso!

PERIDICO: O PAR - Diario da Tarde

DATA: Anno III - Sbado, 24 de Maro de 1900 N 690

LOCAL: Belm Estado do Par

Pg. 1 Col 4

Bibliographia

Negocios do Acre, folheto impresso no Cear, devido a penna do sr. Raymundo Barbosa Leite e dirigido aos seus concidados e ao governo.

Occupa-se do assunpto relativo ao movimento revolucionario do Acre, combattendo sem treguas as pretenes bolivianas.PERIDICO: O PAR Diario da tarde

DATA: Anno III Segunda-feira, 26 de Maro de 1900 N 691

LOCAL: Belm Estado do Par

Pg. 2 Col. 3 e 4

O ACRETivemos hoje noticias importantes sobre a expedio brazileira e exito feliz que obteve.

A frotilha sahida de Manos a 26 foi sempre navegando em diviso at antes de entrar no Purs,o Commandante Capito da fragata Ramos da Fonseca, vendo a morosidade do Belm, que era capitanea, mandou que os demais navios navegarem vontade, designando a Labrea para ponto de unio.Assim viajaram at Antimary, donde os navios proseguiram em formatura e preparados para a despesa em caso de attaque.

De Antimary seguiram para Porto Central, onde o chefe da frotilha e o consul brazileiro dr. Octaviano transferiram-se para o aviso Tocantins, do commando do 1 Tenente Armando Burlamaqui, iando logo o aviso a insignia de capitanea, partindo na vanguarda at o seringal Esperana, enquanto os demais navios ficavam em Porto Central para subirem na manh seguinte (15), Caquet, onde fogos accsos aguardariam ordens.

s 16 da manh de 15, o Tocantins proseguio sua derrota, fundeando as 7 e 30 minutos em Puerto Alonso, tendo-se antes ouvido um signal de 4 tiros de polvora secca, o que determinou os necessarios ajustes bordo do aviso, carregando-se o canho de pra.O 1 Tenente Burlamaqui, commandante do aviso, em uniforme e espada, baixou a terra, sendo recebido por um sr. Saraiva, capito do porto, que tratou-o com toda a distino, conduzindo-o ao edifio Casa do Governo, residencia de Galvez, que, ao aproximar-se o commandante Burlamaqui, foi ao seu encontro, physionomia cadaverica, mas ar prazeteiro e convidou-o a subir, Ahi, Galvez cercado de seus ministros e outros funccionarios, ouvio do 1 Tenente Burlamaqui a declarao de que estava em presena de um commandante de navio de guerra brazileiro e que por parte do commandante da frotilha, Ramos da Fonseca, convidava-o a uma conferencia. Galvez apresentou o official brazileiro aos seus ministros e immediatamente dirigiram-se ao porto, onde Galvez tomou o escaler do commandante e com este dirigio-se para bordo do Tocantins.Apresentado ento ao chefe da frotilha e ao Consul brazileiro e ao commissario do governo do Amazonas, todos sustaram-se e o commandante capito da fragata Ramos da Fonseca declarou Galvez que alli achava-se para, em nome do governo federal, empossar o consul brazileiro e esperava que Galvez obedecesse a intimao que lhe fazia para a liberdade da navegao do Acre, que sua misso seria de paz si Galvez tivesse os sentimentos patrioticos que apregoava, ou ento teria que fazer affectiva as ordens do governo pelos meios mais convenientes, que Galvez no podia permanecer em estado de guerra porque tratava-se de um territorio em litigio, e o governo brazileiro tinha que garantir aos seus subditos alli residentes.Galvez, depois de ouvir em profundo silencio a intimao, declarou que obedecia a ordem do governo federal mas perguntou quaes as garantias que eram offerecidas a elle e seus companheiros e fra do Acre. O chefe da flotilha respondeu-lhe que o governo federal enviara um agente diplomatico, o consul dr. Octaviano, para garantir aos brazileiros contra qualqur violencia por parte dos bolivianos e que a situao seria regulada do melhor modo possivel Galvez respondeu que nesse caso, os brazileiros ficavam tranquillos, e dirigindo-se para terra, acompanhado ainda do commandante Burlamaqui, ahi noticiou o ocorrido aos seus auxiliares, que aprovaram tudo, e promptificaram-se a arrecadao do armamento.Como no estivesse em Puerto Alonso um sr. Carneiro, secretario da fazenda, Galvez regressou ao Tocantins que seguio at Bom Destino, residencia e seringal daquelle, que veio a bordo e concordou com a deposio das armas e submisso as ordens do governo brazileiro, pedindo apenas que no fosse arvorada a bandeira boliviana.

De regresso do Bom Destino, toda a comisso desembarcou em Puerto Alonso e visitou o local, que est bem arranjado, com diversas construes feitas por Galvez para as reparties publicas. Finda a visita e conferencias finaes, o consul brazileiro dr. Eduardo Octaviano tomou posse do seu alto cargo e o Tocantins regressou a Caquet. Para tornar effectiva a participao, resolveu-se que o Tocantins descesse a Manos, ficando o Juruma para a arrecadao do armamento e o Jutahy, descendo, para abrir os portos e o rio ao commercio.O Belem ficou amarrado em Caquet. O Tocantins aprisionou a lancha Garantia da Amaznia e o batelo Cysne, que foram entregues ao commandante da flotilha, que offereceu passagem a Galvez e seus companheiros no Belem, armado em guerra.

Consta que foram encontrados provas de que os bolivianos no tem mantido para com o Brazil, a attitude que os tractados e a ba amizade exigem.TODO IMPRESSO