jornal - o monatran - novembro de 2012

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Página 4 Que nesse Natal possamos rever o nosso passado para melhorar o nosso futuro. Que o amor possa florescer em todos os cantos desse mundo. Que sejamos abençoados com a bondade Divina e que sejamos dignos do amor de Cristo. Façamos nossa parte em busca de um trânsito consciente, solidário e mais humano, para que 2013 seja marcado pela redução de vítimas.” São os nossos votos ! Dezembro/2012 Estudos apontam ineficácia das políticas de acessibilidade para idosos Conforme censo do IBGE, o número de brasileiros com mais de 65 anos tem aumentado muito nos últimos anos. Em 1991 eles representavam 4,8%, em 2000, 5,9%, e em 2010 eram 7,4% da população brasileira. Os avanços da medicina e a melhor qualidade de vida são os fatores que mais contribuem para esses dados. (Página 12) Estudante alagoana recebe Prêmio de Educação no Trânsito A aluna Anelize Maria Nobre Santos, da Escola José Gonzaga - Maceió/AL, foi a vencedora na categoria pré- -escola, de 4 a 5 anos, com “Elaboração de Desenho”. Página 3 Conselheiro do Monatran ministra Aula Magna em Seminário do DNIT Professor José Roberto de Souza Dias, à direita na foto, foi o ministrante da Aula Magna. Página 4 TJ/SC nega recurso a acusado de morte em acidente na Avenida Beira-Mar Norte Página 7 Antropólogo Roberto Da Matta explica porque o motorista brasileiro é imprudente Página 4

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Jornal - O MONATRAN - Novembro de 2012

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Page 1: Jornal - O MONATRAN - Novembro de 2012

Página 4

“Que nesse Natal possamos rever o nossopassado para melhorar o nosso futuro.

Que o amor possa florescer em todosos cantos desse mundo.

Que sejamos abençoados com a bondade Divinae que sejamos dignos do amor de Cristo.

Façamos nossa parte em busca de um trânsito consciente, solidário e mais humano, para que 2013

seja marcado pela redução de vítimas.”

São os nossos votos !Dezembro/2012

Estudos apontam ineficácia das políticas de acessibilidade para idososConforme censo do IBGE, o número de brasileiros com mais de 65 anos tem aumentado muito nos últimos anos. Em 1991 eles representavam 4,8%, em 2000, 5,9%, e em 2010 eram 7,4% da população brasileira. Os avanços da medicina e a melhor qualidade de vida são os fatores que mais contribuem para esses dados. (Página 12)

Estudante alagoana recebe

Prêmio de Educação no

Trânsito

A aluna Anelize Maria Nobre Santos, da Escola José Gonzaga - Maceió/AL, foi a vencedora na categoria pré- -escola, de 4 a 5 anos, com “Elaboração de Desenho”.

Página 3

Conselheiro do Monatran ministra

Aula Magna em Seminário do DNIT

Professor José Roberto de Souza Dias, à direita na foto, foi o ministrante da Aula Magna. Página 4

TJ/SC nega recurso a acusadode morte em acidente naAvenida Beira-Mar Norte

Página 7

AntropólogoRobertoDa Mattaexplica porqueo motoristabrasileiro éimprudente

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2 - o monatran Novembro/Dezembro de 2012

o monatran

EDITORIAL

Jornal do MONATRAN -Movimento Nacional de Educação no TrânsitoSede Nacional: Av. Hercílio Luz, 639 Conj. 911

Centro - Florianópolis / Santa Catarina – CEP 88020-000Fone: (48) 3333-7984 / 3223-4920E-mail: [email protected]

Site: www.monatran.org.br

DiReTORiA execuTivA:

Presidente: Roberto Alvarez Bentes de Sá

Diretores: Romeu de Andrade Lourenção Júnior José Carlos Pacheco Sergio Carlos Boabaid Luiz Mario Bratti Maria Terezinha Alves Francisco José Mattos Mibielli

Jornalista Responsável e diagramador: Rogério Junkes - Registro Profissional nº 775 - DRTRedatora: Ellen Bruehmueller - Registro Profissional nº 139/MS - DRTTiragem: 12.000 exemplaresDistribuição: Gratuita

Os artigos e matérias publicados neste jornal são de ex-clusiva responsabilidade dos autores que os assinam, não refletindo necessariamente o pensamento da direção do MONATRAN ou do editor.

NOTAS E FLAGRANTES

As metrópoles e amobilidade urbana

Todo final de ano, a preparação para as festas, viagens e o período de chuvas trazem junto imagens de longos congestionamentos nas estradas e nas ruas das grandes cidades. No dia 12 de novembro,

por exemplo, a cidade de São Paulo registrou, pela manhã, o segundo maior engarrafamento de sua história, de 245 km, em razão das fortes chuvas que atingiram a capital.

Em Santa Catarina, os congestionamentos têm se tornado cada vez mais comuns em diversas regiões, independentemente das condições climáticas, e, cada vez mais, a quilometragem das filas é ampliada. Assim, o trânsito se tornou uma das maiores dores de cabeça para a população. O acúmulo de veículos nas ruas causa prejuízos, estresse, acidentes e poluição, e tende a piorar nos próximos anos, caso não sejam adotadas políticas mais eficientes.

Nas últimas décadas, o problema agravou-se graças à concentração de pes-soas nas cidades, à falta de planejamento urbano, aos incentivos à indústria automotora e ao maior poder de consumo das famílias. Isso tudo provocou o que os especialistas chamam de crise de mobilidade urbana, que acontece quando o Estado não consegue oferecer condições para que as pessoas se desloquem nas cidades.

A má qualidade do transporte público e o incentivo ao consumo faz a população optar pelo transporte individual. De acordo com o Observatório das Metrópoles, a frota de veículos nas metrópoles brasileiras dobrou nos últimos dez anos, com um crescimento médio de 77%. Os dados revelam que o número de automóveis e motocicletas nas 12 principais capitais do país aumentou de 11,5 milhões para 20,5 milhões, entre 2001 e 2011. Esses números correspondem a 44% da frota nacional.

Para especialistas, três fatores contribuíram para o crescimento da frota de veículos no país: o aumento da renda da população, as reduções fiscais do Governo Federal para as montadoras e as facilidades de crédito para a compra de carros.

Como resultado, muitas vezes, o morador das grandes cidades leva mais tempo indo do trabalho para casa do que numa viagem para outra cidade. Isso sem contar os prejuízos acarretados pelos congestionamentos em todo o país.

Esta realidade precisa mudar! Por isso, cada vez mais especialistas defen-dem a mobilidade urbana sustentável. Uma das principais mudanças seria o investimento em transporte coletivo e o desestímulo ao individual.

Outra medida viável é a cobrança de pedágio urbano. Ele consiste em cobrar uma tarifa dos motoristas que circulem em determinadas áreas da cidade. O modelo foi implantado pela primeira vez em 1975, em Cingapura, e se espalhou por países europeus. Há ainda propostas de aumento da malha ferroviária. Lembrando que, atualmente, 60% do transporte brasileiro é feito em rodovias.

De qualquer maneira, independentemente, de qual solução for aderida por nossos governantes, é mais do que necessário que alguma atitude cora-josa seja tomada!

Otaviano Costa foi mais um a cair na rede da Lei Seca. O ator, que interpreta o bonzinho advogado Haroldo em “Salve Jorge”, da Rede Globo, dirigia um Toyota, quando foi surpreendido pela operação montada, no dia 19 de novembro, na Avenida das Américas, na Barra da Tijuca/RJ. Otaviano não aceitou fazer o teste do bafômetro, foi multado e teve a carteira de habilitação apreendida. O carro foi liberado, porque a mulher do ator, a atriz Flavia Alessandra, que não havia bebido, assumiu o volante.

Otaviano Costa, o Haroldo de “Salve Jorge”, cai na Lei Seca

Luciano Huck tem habilitação apreendida

em blitz da Lei SecaO apresentador Luciano Huck foi

parado em uma blitz da Lei Seca na madrugada do dia 2 de novembro, na Zona Sul do Rio. Segundo a assessoria do governo do Estado do Rio, o apre-sentador se recusou a fazer o teste do bafômetro e teve a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) apreendida.

Huck também perdeu 7 pontos na carteira e foi multado em R$ 957,70. Como ele apresentou um condutor habilitado, o carro foi liberado. A in-fração é considerada gravíssima.

Em seu Facebook, o apresentador es-creveu que bebeu um copo de vinho antes de dirigir. Huck comentou que deveria ter utilizado um táxi, e ressaltou que apoia a Operação Lei Seca.

FLAGRANTES

Fotos enviadas pelosnossos leitores•Desrespeitoàvagaparadeficientesfísicos.

•EstacionamentoindevidonaFernando Machado

•Aguardamunicipalestásocorrendoou sendo socorrida?

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Novembro/Dezembro de 2012 o monatran - 3

PALAVRA DO PRESIDENTE Roberto Alvarez Bentes de Sá[email protected]

Código de TrânsiTo Brasileiro (lei nº 9.503, de 1997)

Art. 31. O condutor que tenha o propósito de ultrapassar um veículo de transporte coletivo que esteja parado, efetuando embarque ou desembarque de passageiros, deverá reduzir a velocidade, dirigindo com atenção redobrada ou parar o veículo com vistas à segurança dos pedestres.

Inaugurada em 21 de março passado, com pompas e cir-cunstâncias, a nossa Beira-

-Mar Continental, com 2,3 km de extensão, batizada como Avenida Poeta Zininho, até a presente data não contribuiu, em nada, para a melhoria do trânsito na área do Continente.

Projetada com pista em sentido único, numa demonstração de falta de visão do futuro, o movimento de veículos é tão insignificante que não teve confirmada a preocupação dos moradores do Balneário do Estreito, os quais esperavam que o trânsito se tornasse terrível, com grandes congestionamentos, prin-cipalmente pelo fato de a avenida com três faixas chegar ao citado bairro com as mesmas reduzidas a uma somente.

Na verdade, quem lucrou com

a nova avenida foram os comer-ciantes da região, que têm à sua disposição uma fácil área de es-tacionamento; assim também os proprietários de imóveis, além de alguns moradores que aproveitam o calçadão e a ciclovia para uma caminhada ou pedalada agradável, desfrutando de uma bela paisagem que inclui a vista maravilhosa da Avenida Beira-Mar Norte e da Ponte Hercílio Luz.

Aproveitamos para deixar regis-trados alguns pontos que deveriam ter sido cuidados com maior aten-ção. A saber: nos longos canteiros gramados não se vê a presença de flores, o que é bastante comum em várias cidades do nosso estado. Foram colocados ao longo do cal-çadão ridículos bancos de cimento com propagandas das empresas doadoras. Procedimento que não

é mais utilizado nem nas cidades do interior.

Desde a inauguração, pudemos verificar que o acesso à avenida, para quem vem pelo lado direito da Ponte Colombo Sales, vai ofe-recer no primeiro semáforo uma importante e perigosa depressão no asfalto, que pega toda a exten-são da rua e que até agora não foi retificada.

Definitivamente, a nossa Ave-nida Poeta Zininho (Beira-Mar Continental) só terá sua viabilidade assegurada ao trânsito quando tiver respeitado seu projeto original de ligação com a BR - 101. Enquanto isso não acontece, fiquemos, pelo menos, admirando a beleza que se vê em seu entorno.

Finalizando, queremos abrir um espaço em nosso artigo, para lamentar que, fruto de uma cultura

política negativa e falta de espírito democrático, tenha levado o pre-feito Dário Berger a não convidar a ex-prefeita Ângela Amin para participar da inauguração. Afinal deve-se à administração da Ângela ter elaborado o projeto, licitado a obra, assegurado os primeiros recursos (Funplata) e lançado a Pedra Fundamental. Tenho certeza que, se agisse dessa maneira, Dário desfrutaria de maior admiração entre nossa população por seu gesto altruísta, mas...

A todos que nos acompanharam durante o ano de 2012, queremos agradecer pela atenção que sempre nos distinguiram e apoiaram, com os nossos desejos de um Feliz Natal e que 2013 seja um ano de notícias maravilhosas, principalmente com a redução de acidentes e mortes no trânsito.

Beira-Mar Continental

A Escola José Gonzaga, localizada em Maceió/Alagoas foi a vencedora do Prêmio Denatran de Educação no Trânsito de 2012 e a aluna Anelize Maria Nobre Santos foi a vencedora na categoria pré-escola, de 4 a 5 anos no item “Elaboração de Desenho”.

“É um orgulho muito grande re-ceber o maior prêmio de trânsito do país nos últimos anos. Esse trabalho começou graças ao Departamento Estadual de Trânsito (Detran/AL), que sempre colaborou conosco. Através disso, incluímos o trânsito de forma transversal no conteúdo programáti-co”, complementou o educador Milton

Urbano Pinto.A equipe da Coordenadoria Se-

torial de Educação para o Trânsito do órgão realiza constantes atividades nas escolas. No dia 21 de novembro, a ati-vidade aconteceu na escola vencedora do prêmio. Na ocasião, os servidores orientaram cerca de 50 crianças da pré-escola sobre boas práticas no trânsito.

Os educadores do Detran Ana Buarque, Ricardo Soares e Edira Soares apresentaram aos alunos as melhores práticas no dia a dia com atividades ilustradas e vídeos, buscando cons-cientizar as crianças sobre os cuidados

necessários no trânsito.“Essa atividade é muito importante

para despertar a conscientização nas crianças, ajuda a desenvolver habili-dades e prepara para a vida, já que eles serão futuros jovens. Nossa educação é baseada na responsabilidade, na serie-dade e nos valores”, afirmou o educador e fundador da escola, professor Milton Urbano Pinto.

A entrega do prêmio do Denatran vai acontecer no próximo dia 5 de dezembro, no Hotel Nacional, em Bra-sília. Além de ter alcançado a primeira colocação na categoria, Anelize Nobre receberá a quantia de R$ 6.250.00 reais.

EstudantealagoanarecebePrêmiodeEducaçãonoTrânsito

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4 - o monatran Novembro/Dezembro de 2012

Nos dias 26 e 27 de novem-bro, aconteceu o II Seminário do projeto “Percepção de Risco no Trânsito em Escolas Pú-blicas Lindeiras às Rodovias Federais de Santa Catarina”, uma promoção do Núcleo de Estudos sobre Acidentes de Tráfego em Rodovias Federais (NEA), esforço este realiza-do em conjunto pelo DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) e UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).

O evento, realizado na sede da Assefaz (Associação dos Servidores do Ministério da Fazenda), em Florianópolis, reuniu professores, pedagogos e diretores de escolas públicas lindeiras às rodovias federais, que já participam do projeto, vindos dos municípios de São Miguel do Oeste, Palmitos, Blumenau, Palhoça e Paulo Lopes.

A fim de capacitá-los ainda mais sobre a questão em de-bate, renomados especialistas proferiram palestras, dentre os quais destacou-se o Prof. Dr. José Roberto de Souza Dias, conselheiro do MONA-TRAN – Movimento Nacional de Educação no Trânsito e presidente do Instituto Cham-

Conselheiro do Monatran ministra Aula Magna em Seminário do DNIT

Daesquerdaparaadireita:Eng.EdemarMartins,CoordenadordoprojetoemSC(DNIT/SC);Eng.JoãoJosédosSantos,SuperintendentedoDNIT/SC;Eng.LuisAntonioVieiraGoulart,Deinfra;RobertoAlvarezBentesdeSá,presidentedoMONATRAN;eProf.Dr.JoséRobertodeSouzaDias,conselheirodoMONATRAN.

berlain, que ministrou a aula magna sobre a percepção de risco entre os jovens brasileiros e o papel dos educadores na construção de uma sociedade decente.

Durante sua apresentação, vários aspectos foram abor-dados como, por exemplo, o desafio para se dar um salto civilizatório em uma socie-dade, como a brasileira, com cerca de 32.5 milhões de anal-fabetos funcionais.

Dialogou-se então com os presentes sobre o impacto so-cial causado por essa massa de analfabetos funcionais, prin-cipalmente no que se refere a habilitação de condutores e a educação para o trânsito.

Ao tratar do limite aceitá-vel de risco, citou os trabalhos de Wilde Gerald - profes-sor emérito de Psicologia da Queen’s University, Ontario, Canadá – principalmente seus estudos sobre os níveis de percepção e a formação de uma consciência de risco no trânsito e no transporte.

E, finalmente, como con-clusão da aula magna foi proposto que se realizassem esforços para uma formação contínua dos educadores em cursos de especialização vol-

tados para os temas de cida-dania.

“Foi uma fabulosa expe-riência de trocas de conheci-mentos. Saio muito otimista, pois acredito que esse é o ca-minho para vencer os prin-cipais desafios brasileiros, inclusive os referentes a essa doença erroneamente chama-da de ‘acidente de trânsito”, afirmou Dias.

O conselheiro também chamou atenção para o auspi-cioso fato de um departamen-to técnico como o DNIT, for-

mado majoritariamente por engenheiros, se sensibilizar para realização de um traba-lho social dessa natureza e em conjunto com a UFSC. Ade-mais, manifestou também o seu entusiasmo com a pre-sença do presidente do MO-NATRAN, Roberto Alvarez Bentes de Sá, “abrindo novas fronteiras na luta pela preser-vação da vida no trânsito”.

Também foram ministra-das as palestras de Luiz Grazia-no, Chefe do Núcleo de Comu-nicação da Polícia Rodoviária

Federal, que falou sobre “Velo-cidade e suas conseqüências” e de Irene Rios, Representante da Edutranec - Educação para o Trânsito e Eventos Culturais, que ministrou sobre “Educação para o Trânsito”.

Breno Maestri, Assessor de Comunicação do DNIT, e Nil-vana Koppe mostraram o tra-balho sobre “Trânsito e Meio Ambiente” desenvolvido pelo DNIT e a ESGA - Empresa de Supervisão e Gerenciamento Ambiental.

Rodrigo Lobo, Diretor Exe-cutivo da Tecnodata Educa-cional, e Eliane Pietsak mos-traram a Coleção “Educando Jovens para o Trânsito” e houve a distribuição dos Jogos da Cidadania, oferecidos pelo MONATRAN.

Estiveram presentes tam-bém, o engenheiro do DNIT Edemar Martins, Coorde-nador do projeto em Santa Catarina, e o Superintendente Regional do DNIT no Estado, Eng. João. José dos Santos.

“Foi uma experiência co-roada de sucessos e que mos-tra que o acidente de trânsito não é uma fatalidade e sim uma doença social que pode ser vencida por medidas des-sa natureza”, concluiu Dias.

Recentemente, estudos feitos no Rio Grande do Sul constataram uma contradição percebida facilmente por quem circula por ruas, avenidas e estradas. Para os motoristas gaúchos, os responsáveis pelo trânsito violento e incivilizado são sempre “os outros”. Agora, uma pesquisa na Grande Vitó-ria, no Espírito Santo, além de confirmar o padrão de com-portamento detectado entre os gaúchos, ajuda a interpretar as causas desta visão distorcida da realidade.

“Os outros são invisíveis

no Brasil. Você não é treinado em casa nem nas escolas para ver o outro como colega, como um sujeito que tem os mesmos direitos de usufruir o espaço de todos. Para nós, é o contrário: o espaço de todos pertence a quem ocupar este espaço pri-meiro, com mais agressividade”, analisa o antropólogo Roberto DaMatta, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e consultor da pesquisa.

O trabalho, em fase de con-clusão, será transformado no livro Fé em Deus e Pé na Tábua – Como e Por que Você En-

louquece Dirigindo no Brasil. Autor de clássicos das ciências sociais como Carnavais, Ma-landros e Heróis, Da Matta sus-tenta que o trânsito reproduz valores de uma sociedade mo-derna, mas atrelada ao passado. Trata-se do espelho de um país que se tornou republicano sem abandonar a aristocracia.

Perguntado se a impunida-de ou a sensação de impuni-dade, contribui para que esta visão aristocrática no trânsito se perpetue, respondeu: “Quan-do a gente discute a questão da igualdade, a gente o faz

de maneira retórica. Há uma elasticidade grande na cultura brasileira, que tem uma inér-cia. Você freia, mas o peso da tradição continua. Você tem de preparar a sociedade para as mudanças, o que nós não faze-mos no Brasil. A Lei Seca, por exemplo. É maravilhosa porque atingiu o comportamento da classe média.”

“Nós não olhamos para o lado, a não ser quando somos obrigados a olhar. E olhamos para o lado com má vontade, exatamente como acontece com o motorista quando para no sinal, que tem um cara na sua frente que tá te atrapalhan-do. E um cara atrás de você que também atrapalha” comple-menta o antropólogo.

Antropólogo Roberto Da Mattaexplica porque o motoristabrasileiro é imprudente

Page 5: Jornal - O MONATRAN - Novembro de 2012

Novembro/Dezembro de 2012 o monatran - 5

Jose Roberto de Souza Dias *

* Doutor em Ciências Humanas e Mestre

em História Econômica pela USP. Professor

Adjunto da UFSC, criou e coordenou o Pro-

grama PARE do Ministério dos Transportes,

foi Diretor do Departamento Nacional de

Trânsito – Denatran. Secretário Executivo do

Gerat da Casa Civil da Presidência da Repú-

blica, Diretor de Planejamento da Secretaria

de Transportes do Rio Grande do Sul, Presi-

dente do Instituto Chamberlain de Estudos

Avançados e membro do Conselho Delibe-

rativo do Monatran – Movimento Nacional

de Educação no Trânsito, Doutor Honoris

Causa pela Faculdade de Ciências Sociais

de Florianópolis - CESUSC. Coordenador do

Núcleo de Articulação Voluntária - NAV.

Trânsito: o caos se espalha

Anos atrás os telejornais mos-travam cenas do congestiona-mento de São Paulo como o

retrato de uma cidade grande e desor-denada. Os moradores das capitais de porte médio e das cidades do interior davam graças por não viverem tal situ-ação. Hoje, o caos se espalha.

A popularidade de um governo muitas vezes compromete o presente e o futuro. Para mantê-la são capazes de tudo, como, por exemplo, represar o preço dos combustíveis mesmo que isso coloque em risco a saúde da Pe-trobrás e ponha em cheque a produ-ção brasileira de etanol.

Além do mais, conter preços signi-fica manter a inflação artificialmente estável e o prestígio em alta, o que cer-tamente representa uns pontinhos a mais nas pesquisas de opinião pública.

Soma-se a tudo isso o estímulo ao transporte individual. Veículos bara-tos, com a redução contínua do IPI e comprados a se perder de vista.

As motos chegam a ser um capítu-lo à parte dessa história toda. Estimu-la-se desavergonhadamente a sua ven-da. Nos transportes públicos, em toda parte do Brasil, se encontram cartazes oferendo motos de baixa cilindrada a preços baixíssimos e em muitas pres-tações.

O significado desses cartazes colo-cados nos ônibus, país afora, é absolu-tamente direto: o transporte público é caro, sujo e apertado, por bem menos é possível se transportar pelas ruas da cidade. Os vendedores de ilusão só não mostram que o trânsito está cada vez mais caótico e perigoso, principal-mente para os usuários de motos.

Os gestores públicos parecem não ter a capacidade de cruzar dados de diferentes setores. Ao contrário, pode-riam consultar as informações sobre acidentalidade no trânsito do próprio Instituto de Pesquisa Econômica Apli-cada, IPEA, do Ministério do Planeja-mento.

Segundo o IPEA, o custo total dos acidentes de trânsito é de 5,3 bilhões de reais, média ano, nas 49 das prin-cipais aglomerações urbanas do país, onde se concentra 47% da população e 62% da frota de veículos.

Para o Ministério da Saúde, em 2010 houve uma verdadeira explosão nos gastos com acidentes de trânsito, só na rede pública totalizaram 185 milhões de reais com a hospitalização das vítimas.

O espaço público das cidades bra-sileiras é ocupado em quase 90% pelo transporte individual. O transporte público, calçadas e ciclovias, somados,

resultam em menos de 10 por cento, o que resulta em sérios problemas de acessibilidade, de mobilidades, de acidentes, de poluição, em síntese de saúde pública.

O caos uma vez estabelecido pres-siona o poder público por medidas de curto prazo. Assim, grande parte dos investimentos se destina a desafogar o trânsito, atendendo exclusivamente às demandas provocadas pelas políticas equivocadas de super valorizar o trans-porte individual.

A administração pública, ao per-ceber a crise de mobilidade, responde com medidas de curta e duvidosa eficácia, duplicando vias, construindo pontes, viadutos e túneis. Preferen-cialmente tomando essas medidas nas vésperas das eleições.

O excludente modelo adotado favo-rece, principalmente, aos bancos que emprestam, as montadoras que vendem e as concessionárias que prestam servi-ços de manutenção e comercialização final.

Tudo bem com o transporte indivi-dual, nada a se opor, desde que a popu-lação tivesse alternativas de transporte público multimodal e de qualidade.

A economia de um país não pode depender exclusivamente dos pneus, muito menos de eventos esportivos

para melhorar a qualidade de vida de seu povo. Capitais, como Florianópo-lis, se desmerecem ao não optar pelo transporte público marítimo, pelo metrô de superfície e pelo monotrilho. É vergonhoso, em pleno século XXI, uma das mais lindas cidades brasileiras depender do transporte individual ou do ônibus de baixa qualidade.

O transporte público, multimodal e de qualidade é fator determinante para o desenvolvimento econômico e social, chegaremos lá, quando houver competência. A opinião pública, com seu poder de mobilização e pressão é a luz no fim do túnel a vencer as trevas dos interesses menores.

A todos os leitores os votos de Boas Festas!

O ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, afirmou no último dia 5 de dezembro, du-rante o XII Prêmio Denatran de Educação para o Trânsito, que a base de um país se faz com educação. “Não se faz um país desenvolvido sem que haja educação”, afirmou.

O Prêmio Denatran busca incentivar a reflexão sobre o trânsito, com o objetivo de contribuir para a adoção de comportamentos e hábitos que o tornem o mais seguro, civilizado e humano. Foram premiados nesta edição estu-dantes da pré-escola, ensinos fundamental, médio e de jovens e adultos, além de jovens e adul-tos, educadores e profissionais de trânsito.

Para Aguinaldo Ribeiro, é pre-ciso estimular as atuais gerações, para que no futuro haja maior conscientização e avanços na área,

que faz parte do dia-a-dia do cida-dão brasileiro. “Não é só no nosso programa Parada: Pacto Nacional para Redução de Acidentes, mas em qualquer diretriz que nós temos, não podemos avançar se não houver um trabalho com a formação das nossas crianças. Eu aqui vou me valer de um trecho da

Bíblia que diz o seguinte: “ensina o teu filho desde cedo o caminho e ele mais tarde não se desviará”. Isso quer dizer o seguinte: é nessa fase da formação que as nossas crianças vão aprender, absorver, e no futuro vão nos ensinar, ensinar ao país aquilo que receberam des-de cedo”, disse o ministro.

Aguinaldo Ribeiro ob-servou que está na pauta de ações do Parada, criado em 2011 pelo Ministério das Ci-dades, a inclusão nos ensinos fundamental e ensino médio de uma disciplina que trate de consciência no trânsito.

O diretor-geral do Depar-tamento Nacional de Trânsi-to, Julio Arcoverde, informou que neste ano foram quase 8.000 inscritos no concurso, com trabalhos enviados de todo país, a maioria de estu-dantes do ensino fundamen-tal, dos cinco primeiros anos. “Isso mostra que o tema está

sendo abordado desde cedo pelos professores em sala de aula”, disse.

Arcoverde pediu para que professores e professoras conti-nuem incentivando seus alunos a desenvolveram projetos. “É importante que todos dediquem a devida atenção ao tema e que

atuem ativamente na transforma-ção do trânsito brasileiro. Como pedestres e como condutores, somos agentes. Se cada um de nós fizer uma pequena parte do trabalho, tenho certeza que al-cançaremos as metas propostas pela Organização das nações Unidas e, consequentemente, será possível obter um trânsito mais seguro para nós e nossas famílias”, ressaltou.

Prêmio - Os vencedores re-ceberam quantias entre R$ 2,5 e R$ 10 mil. A prefeitura que teve o maior número de participantes, que neste ano foi a de Guará (SP), recebeu um troféu especial.

Neste ano, os temas foram “Um passeio pela minha cidade”; “Eu sou legal no trânsito”; “Dê uma carona para a educação”; “No trânsito, gentileza gera gentileza”; “Bebida e direção, tô fora”; “O trânsito que sonhamos” e “Edu-cação no Trânsito”.

MinistrodasCidadesafirmaquebasedeumpaíssefazcomeducação

Page 6: Jornal - O MONATRAN - Novembro de 2012

6 - o monatran Novembro/Dezembro de 2012

Foram publicadas no Diá-rio Oficial da União, do dia 7 de novembro, as regras para instalação dos simuladores de direção veicular nos Centros de Formação de Condutores - CFC do país. De acordo com uma exigência do CONTRAN, a utilização do equipamento nas aulas será obrigatória a partir do dia 30 de junho de 2013.

O CFC deve oferecer in-fraestrutura física e os recursos necessários para a instalação do sistema, cujo uso pode ser individual ou compartilhado com outras autoescolas. A sala de instalação deve ter, no

Autoescolas devem instalar simuladoresde direção até junho de 2013

Segundodeterminação

doCONTRAN-Conselho

NacionaldeTrânsito,

equipamento é obrigatório

paraformaçãodos

condutoresnacategoriaB.

mínimo, 15m². Em caso de acomodação de dois simula-dores no mesmo espaço, deve ser respeitada a distância de 8m². O isolamento acústico é obrigatório para evitar interfe-rência visual e sonora entre os equipamentos.

A sala deve ter meios de apoio – assento, mesa e com-putador - ao instrutor para a correta supervisão e acompa-nhamento. Outra norma é a obrigatoriedade de instalação de uma webcam para propor-cionar uma visão panorâmica da sala de aula. A câmera irá transmitir as imagens para que os órgãos executivos estaduais

de trânsito e do Distrito Fede-ral fiscalizem, em tempo real, o andamento das aulas.

O simulador deve ser ho-mologado pelo Departamento

Nacional de Trânsito - DENA-TRAN e será utilizado durante cinco horas/aula – cada aula equivale a 30 minutos. Mais uma mudança: o CONTRAN

aumentou de 30 horas/aula para 50 horas/aula a carga horária total para formação de condutores na categoria B.

O objetivo das mudanças, justifica o órgão, é aperfei-çoar o processo de formação de condutores de veículos automotores e elétricos, com prioridade à defesa da vida e a segurança de todos os usuários do trânsito.

Para garantir a segurança de caminhoneiros que trafegam nas estradas do Distrito Federal e Mi-nas Gerais, os planos de concessão das BR-116 e BR-040 são os pri-meiros a prever pontos de paradas para os motoristas de veículos de carga. Os vencedores dos leilões, previstos para o final de dezem-bro e janeiro, deverão construir os postos já no primeiro ano de concessão. Os locais serão suge-ridos pelas empresas em projeto apresentado até o terceiro mês de concessão e que será avaliado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres - ANTT.

De acordo com a diretora da ANTT, Natália Marcassa, a pro-posta de instalação dos pontos de apoio será definida em parceria com o Ministério dos Transportes. “Os locais serão escolhidos levando em consideração o que determina a lei [12.619/12], de que os moto-ristas precisam fazer uma parada a cada quatro horas. Estamos traba-lhando com a distância de 200 qui-lômetros entre os pontos. Como já existem alguns nas rodovias, as concessionárias terão esses três meses para analisar os existentes e as condições da via”, explica.

A concessionária poderá ter uma compensação financeira para a instalação das paradas, o que não

BR-116EBR-040terãopostosde parada para caminhões

necessariamente implicará em custos para os motoristas, garante a diretora.

Obras fundamentaisA duplicação e adequação das

duas rodovias já foram alvo de cobrança do presidente da Con-federação Nacional do Transporte - CNT, senador Clésio Andrade, em ofícios enviados ao ministro dos Transportes, Paulo Passos. De acordo com o parlamentar, elas são essenciais para a redução de acidentes e para o fortalecimento das indústrias locais.

Esse é um pleito antigo da população. Além de melhorar a

segurança na região, temos que ter uma infraestrutura de transportes capaz de atender a demanda do Norte de Minas e que dê condições para que ele se desenvolva eco-nomicamente”, afirma o senador, referindo-se à BR-116.

Os projetos das duas rodovias são destaque no documento For-talecimento de Minas. Organizado pelo senador Clésio Andrade com auxílio da bancada mineira de apoio ao governo Dilma Rousseff, o estudo identifica os principais investimentos que o Governo Federal precisa realizar em Minas Gerais.

A Polícia Rodoviária Fe-deral orienta os motoristas, mas ainda aguarda resolução do Contran, o Conselho Na-cional de Trânsito para aplicar as multas a quem infringir a Lei do descanso nas estradas federais. Os caminhoneiros

Caminhoneiros reclamamda falta de segurança

Pontosdeapoionãofornecemcondiçõesideais para os motoristas.PRFesperaresoluçãodoContranparaaplicaçãodaLeidoDescanso.

são favoráveis à lei, mas recla-mam da falta de estrutura dos pontos de apoio.

Vida de caminhoneiro não é fácil e, segundo eles, fica mais difícil nos feriados. O cami-nhoneiro Marco Antônio de Sales, trabalha há oito anos nas estradas. Sai de Anápolis, em Goiás, com cargas de papel hi-giênico para abastecer os Esta-dos do Maranhão, Piauí e Rio Grande do Norte. Ele diz que o feriado atrapalha na hora de descarregar a mercadoria. “A semana passa a ter menos um dia, pra gente atrapalha muito” afirmou.

Outro problema é a falta de segurança que eles encontram nas viagens. A maioria dos pontos de apoio não fornece condições necessárias para que os motoristas possam descan-sar. Muitas vezes, é a cabine do caminhão o local de descanso que encontram.

Por lei, a jornada desses motoristas deve ser de oito horas, com um descanso de 30 minutos a cada quatro ho-ras. Também deve haver um intervalo de 11 horas entre uma jornada e outra. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, só haverá aplicação de multa quando o Contran aprovar a resolução.

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Novembro/Dezembro de 2012 o monatran - 7

Ildo Raimundo Rosa *

Os feriados da morte

* Delegado da Policia Federal. Ex-presidente do

IPUF – Instituto de Planejamento Urbano de

Florianópolis. Ex-secretário da Secretaria de

Segurança Pública e Defesa do Cidadão de Flo-

rianópolis. Membro do Conselho Deliberativo do

MONATRAN - Movimento Nacional de Educação

no Trânsito.

A macabra estatística que cerca nossos frequentes feriados no que diz respeito aos acidentes de trânsito, tanto nas rodovias quanto nas cidades, a partir da

crescente ingestão de bebidas alcoólicas, mere-ce por parte de todos uma profunda reflexão.

O vertiginoso crescimento da indústria automobilística, muitas vezes lastreado em políticas de renúncia fiscal, acaba comprome-tendo toda ou qualquer iniciativa no sentido de priorizar o transporte coletivo, o que faz com que diariamente constatemos que grande parte dos veículos circulantes no nosso já exaurido sistema viário é composto basicamente de um condutor, o que contrasta com as paradas de ônibus lotadas de gente em razão dos poucos horários disponíveis que visam reduzir o custo das passagens o que pelo contrário acabam incidindo no desconforto e no total descrédito do próprio sistema.

Já nas nossas estradas, a absoluta contradi-ção entre nossas sucateadas rodovias e os cada vez mais possantes veículos de carga e de pas-sageiros resultam nessa crescente carnificína que durante os feriados relaciona um rosário de mortes e feridos que passam a engrossar essa macabra estatística.

O propalado crescimento econômico tão alardeado em esferas governamentais contrasta com o absoluto sucateamento de nossa infraes-trutura viária, agravado pela ação rodoviarista

onde todo tipo de transporte se debruça sobre a malha, especialmente o crescente transporte de grãos, induzido pela notável expansão de nossas fronteiras agrícolas, favorecido pela ine-xistência de um efetivo controle de tonelagem e de carga, tudo acaba se refletindo na prematura saturação da própria rodovia, danificada e cada vez mais exposta a novos acidentes.

Por outro lado, os últimos acontecimentos identificados junto ao Ministério dos Transpor-tes, onde foram constatadas obras superfatura-das, fraudes em licitações e convênios, explica o porque, apesar do significativo volume de recursos que são carreados para esse segmento, isto não se reflete na melhora dos serviços e na qualificação das rodovias, optando-se pelo modelo mais simplista, associado a concessão, o que coloca o usuário da rodovia nas mãos de consórcios inescrupulosos que descumprem vergonhosamente os termos dos contratos sob o olhar complacente das agências de controle, restando ao usuário contar com a esperada intervenção do Ministério Público visando recompor os fatos e cobrar o efetivo cumprimento das cláusulas contratuais, como vem acontecendo no caso da alça de acesso a Florianópolis, com seu cronograma vencido há muito tempo, em razão de medidas prote-latórias adotadas pela empresa concessionada através de manobras de toda sorte reprováveis.

Em vista de tudo isso, o decantado “cresci-mento da economia”, apresenta-se na realidade

como um verdadeiro “inchaço”, visto com cautela e preocupação, muitas vezes alicerçado em dados conflitantes e manipulados encobrem um flagrante descaso com as políticas de mo-bilidade, educação, saúde e segurança pública.

A divulgação dos fatos, amparados por uma imprensa livre e isenta, vem desnudando práti-cas criminosas que gradativamente justificam o fato de termos uma inclemente carga tributária sem a correspondente contra-partida na presta-ção de serviços públicos essenciais para um país que se propõe a ter amplo desenvolvimento.

As últimas eleições, apesar de conter um cla-ro viés municipalista, demonstraram claramen-te uma tendência para a mudança, associada a novos padrões morais e de políticas públicas, com um forte rechaço a corrupção, a falta de ética, o que poderá resultar numa melhora do padrão de nossa classe política que, apesar de honrosas exceções, é vista com muita reserva pela população, o que poderá comprometer a própria democracia e a vida em sociedade.

Tudo depende de nós.

Após seis anos do acidente de trânsito na Avenida Beira--Mar Norte, em Florianópolis, que causou a morte da estu-dante universitária Mariana Costa Bento, 20 anos, uma decisão do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) con-firma a sentença de mandar a júri popular o motorista acu-sado pela morte.

Os desembargadores da 2ª Câmara Criminal do TJSC, em julgamento no dia 4 de dezembro, negaram recurso do dentista Walter Duart Pereira e entenderam que ele deverá ser

julgado por homicídio doloso, ou seja, quando o acusado as-sume o risco de matar.

A sua defesa pedia que o caso fosse caracterizado como homicídio culposo e lesão cor-poral culposa, ou seja, quando não há intenção de matar. As-sim, o motorista não iria a júri popular e consequentemente as penas a que estaria sujeito seriam reduzidas.

O dentista e professor uni-versitário dirigia uma cami-nhonete Ranger a 110,5 km/h (o permitido na via é 80 km/h).

Fotos de radares - que na-

quela época ainda estavam funcio-nando - mostraram que o veículo cruzou o semáforo no vermelho e atingiu o Kadett em que estavam Mariana e o namorado Andrei Damasco, então com 24 anos.

O carro dos jovens atra-vessava a Avenida Beira-Mar Norte para entrar numa traves-sa. A colisão ocorreu por volta das 5 horas de sábado, dia 5 de agosto de 2006.

Mariana morreu no local e o namorado que dirigia o carro se feriu gravemente. O motorista

da caminhonete não prestou socorro no local e se apresentou à polícia na segunda-feira. Ele negou, na época, que tivesse ultrapassado o sinal vermelho e sim no amarelo.

O advogado Claudio Gas-tão da Rosa Filho, contratado pela família da vítima para atuar como assistente de acu-sação, afirma que a dinâmica dos acontecimentos naquela madrugada demonstra que o acusado agiu com dolo even-tual. “Ele havia consumido álcool, estava dirigindo em alta

velocidade e furou dois semá-foros. Não restam dúvidas de que assumiu o risco de matar”, observa o advogado.

Ainda cabe recurso da decisão.

NOTA DO EDITOR:

Apesar das aversões ao uso de Radar por muita gente, foi graças a ele que esse violento acidente foi esclarecido. As imagens re-veladas não deixam a menor dúvida quanto ao delito.

TJnegarecursoaacusadode morte em acidente naAvenidaBeira-MarNorte

AdvogadoCláudioGastão(centro)eospaisdeMarianaCostaBento

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8 - o monatran Novembro/Dezembro de 2012

Os empresários Carlos Miranda, da Campos Novos Energia (Enercan) e Energética Barra Grande (Baesa), e Carlos Henrique Scalco, da Triunfo - Rio Canoas Energia, entregaram para o governador Raimundo Colombo os projetos executivos de pavimentação das rodovias SC-458 e SC-456, no dia 20 de novembro. A doação atende a demanda das comunidades da região onde foram construídas as usinas hi-drelétricas (UHEs) de Garibaldi, Barra Grande e Campos Novos na Serra catarinense. A cessão dos projetos de pavimentação feita pelas empresas de produção de energia para o Governo do Estado foi realizada em audiência no Centro Administrativo. “É uma bela contribuição. Já me comprometo agora a realizar um dos trechos: de Anita Garibaldi a Celso Ramos”, disse Colombo.

O governador também explicou de onde virão os recursos para a rea-lização do trecho entre Celso Ramos e Anita Garibaldi (SC-458). “Vamos

colocar na próxima etapa do BID 6”, disse, sobre o financiamento que deve ser assinado nos próximos meses. Já o projeto da SC-456, rodovia que liga Abdon Batista a Anita Garibaldi, será avaliado e entrará na pauta de execução de acordo com a prioridade que for apontada pela avaliação dos órgãos de Infraestrutura do Estado.

“Com a iniciativa das empresas, o processo de elaboração dos projetos executivos levou seis meses. Se o Estado fosse fazer todas as etapas, levaria cerca de dois anos até ter em mãos os proje-tos”, disse o diretor superintendente da Enercan e da Baesa, Carlos Miranda. Agora ao Estado só restam duas etapas para viabilizar as obras: avaliar e, após

aprovação do Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra), colocar em licitação.

O custo dos projetos não foi divul-gado, mas os empresários informaram que qualquer alteração pedida pelo Estado vai ser feita pela empresa que os elaborou, sem custo. “Os dois já foram produzidos seguindo as diretrizes do Deinfra e da legislação estadual para a área”, disse Carlos Henrique Scalco, diretor-presidente da Rio Canoas Ener-gia. O presidente do Conselho de Ad-ministração da empresa Triunfo, Luiz Fernando Wolff de Carvalho, também acompanhou a audiência.

Juntas, as UHEs Garibaldi, Barra Grande e Campos Novos, represen-tadas pelos empresários, terão uma produção capaz de abastecer metade da energia consumida em todo o Estado. Com um potencial instalado de 2.000 MW, e uma produção que vai atingir 1.000 MW assim que a UHE Garibaldi entrar em operação. As outras duas já estão produzindo.

Parceria entre setores privado e público acelera pavimentação de rodovias na Serra catarinense

O Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes - DNIT, em cumprimento ao cronograma de publi-cação de editais de licitação das obras da  BR-280 e BR-470, publicou dois novos editais de licitação,  no último dia 30 de novembro. Na BR-280 será o edital de obras do lote 2.2 trecho do Contorno Rodoviário de Guaramirim - Jaraguá do Sul. Nesse segmento, devido ao grande aglomerado urbano junto ao leito atual da rodovia, a duplicação seguirá por um novo traçado, retiran-do dessas travessias o tráfego de longa distância. Neste lote também serão exe-cutados dois túneis para transposição do Morro Vieira, em Jaraguá do Sul. Na BR-470 o lote 4, trecho de Blumenau a Indaial, terá edital publicado.

As licitações serão em Regime Di-ferenciado de Contratação de Obras Públicas - RDC que visa ampliar a eficiência nas contratações, a competi-tividade entre os licitantes, promover a troca de experiências e tecnologias em busca da melhor relação entre custos

e benefícios. Além disso, o regime incentiva a inovação tecnológica, asse-gura o tratamento isonômico entre os licitantes e a seleção da proposta mais vantajosa para a administração pública.

Nesta contratação, a definição do vencedor se dá pelo critério de julgamento pelo menor preço, a ser apurado na primeira sessão pública, onde os concorrentes apresentam suas propostas por meio de lances públicos e sucessivamente decrescentes, inverten-do a sequência rígida da Lei 8.666/93. Os licitantes têm acesso aos projetos básico e executivo da obra, mas não há a disponibilização do orçamento detalhado da obra, que será de livre acesso apenas aos órgãos de controle. Outra novidade do edital é com relação aos prazos recursais. Nele, os concor-rentes só terão um único prazo recursal de cinco dias úteis ao final da fase de habilitação. Em editais regidos pela lei 8.666/93, este prazo ocorre após cada fase: na habilitação, na apresentação de propostas técnicas e na de preços.

As datas das sessões são divulgadas nos editais.

 NOvOS EDITAIS SERãO PuBlICADOS AINDA EM 2012

O terceiro e último edital de obras da duplicação da BR-280 (lote 1 - São Francisco do Sul a BR-101) será pu-blicado ainda em 2012, da mesma maneira que o edital do lote 1 da BR-470, trecho de Navegantes a BR-101. Devido às condições de geotecnia do Lote 2 da BR-470 (BR-101 - Gaspar) que demandam um maior período de estudos técnicos, o edital de obras

será publicado somente  no primeiro trimestre 2013.BENEfíCIOS

As obras de duplicação resultarão em melhoria do tráfego através da duplicação do trecho, associando-a à execução das obras de recuperação/restauração do pavimento da pista existente e à incorporação de dispo-sitivos para a segurança viária, como viadutos e passagens de pedestres. Inclui também medidas necessárias ao ordenamento do tráfego local (veículos e pedestres) com a execução de ruas laterais, calçadas e ciclovias.

DNIT publica o segundo edital de licitação de obras das duplicações das BRs 280 e 470

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Novembro/Dezembro de 2012 o monatran - 9

Um dos pontos mais frequentados e famosos da capital catarinense, o Mercado Público foi palco da mobili-zação em prol da criação imediata do Sistema de Transporte Marítimo da região metropolitana.

Nem a chuva que caiu intimidou o evento, que foi coordenado pelo prefei-to de Palhoça, Ronério Heiderscheidt, no dia 10 de novembro, das 10hs ao meio dia. Foram distribuídas 250 ca-misetas e mais de 500 adesivos com o slogan TRANSPORTE MARITIMO AGORA vAI.

Com o apoio da Associação Ca-tarinense de Marinas (ACTMAR), a mobilização objetivou despertar a população para a urgência da implan-tação desse novo modal.

“É uma manifestação do bem que quer melhorar a qualidade de vida da população da Grande Florianópolis. Afinal, está mais do que na hora de virarmos a região metropolitana de frente para o mar”, afirmou o prefeito Ronério destacando que para deflagrar esse sistema serão necessários investi-mentos de R$ 20 milhões.

Mobilização pelo TRANSPORTE MARíTIMO no Mercado Público busca reunir 20 mil assinaturas

Marcilio Arruda

“Com R$ 20 milhões integramos os quatro municípios: Palhoça, São José, Biguaçu e Florianópolis. É claro, que é fundamental conectar o transporte marítimo com o transporte coletivo”, afirmou.

Duas modelos vestidas de mari-

nheiras recolheram a assinatura de quem apoiava essa ideia. A meta, de acordo com Leandro Mané Ferrari, presidente da ACTMAR, é recolher 20 mil assinaturas para entregar aos prefeitos eleitos e ao governador Rai-mundo Colombo.

Nota do Editor: O MONATRAN tem acompanhado e apoiado o projeto de implantação do Transporte Marítimo desde o seu início, pois acredita na sua importância ao contribuir de forma significativa na melhora da mobilidade urbana na Grande Florianópolis.

“Afinal, está mais do que na hora de virarmos a região metropolitana de frente para o mar”, afirmou o prefeito Ronério.

O valor do Imposto sobre a Propriedade de Veículo Auto-motor (IPVA) para 2013 deve ficar em média 10,5% mais barato para os proprietários de veículos em Santa Catarina. A Secretaria de Estado da Fazen-da publicou portaria 315/2012 com os valores a serem pagos pelos contribuintes. Os valores foram calculados com base na tabela divulgada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econô-micas (Fipe) e que passam a valer a partir de 1º de janeiro do ano que vem. 

“A base de cálculo do im-posto é o valor de mercado do veículo. Com a redução do IPI, o preço dos veículos zero quilômetro caiu, o que automa-ticamente proporcionou uma queda no valor dos veículos usados”, explica o secretário da Fazenda, Nelson Serpa. Em Santa Catarina, as alíquotas do imposto variam entre 1% e 2%, dependendo do modelo do

veículo e representa a alíquota mais baixa entre os Estados do Sul e São Paulo.  

As datas de pagamento permanecem as mesmas (con-forme tabela abaixo). O pro-prietário tem a opção de quitar o valor integral do imposto de uma única vez ou então parce-lar em até três vezes sem juros. O pagamento pode ser feito no Banco do Brasil, Bradesco, Itaú, Santander, Caixa Eco-nômica Federal, Unibanco, Sistema Bancoob/Sicoob, HSBC e Cecred.

Em 2013, o mais caro IPVA cobrado em Santa Catarina será o do modelo Ferrari FF (ano de fabrica-ção 2012) com um valor total de R$ 49.816,62. Já o imposto sobre a moto Agrale RXT 16.5, fabricada em 1985, será de apenas R$ 1,48. As motocicletas até 200CC estão isentas do pagamento do IPVA,

desde que o proprietário não tenha sido autuado por órgão de trânsito no ano anterior à ocorrência do fato gerador do imposto.

Atualmente, o Estado conta com uma frota de aproximada-mente 3,9 milhões de veículos. A previsão orçamentária é de arrecadar R$ 1,26 bilhão no próximo ano com o imposto

e 50% da receita são auto-maticamente repassados ao município onde o veículo foi licenciado.

Para saber qual o valor do IPVA do seu carro, acesse a tabela disponível na página da Secretaria da Fazenda na in-ternet, no linkhttp://www.sef.sc.gov.br/servicos-orientacoes/diat/valores-e-prazos-tabelas.

 Alíquotas do IPvA em SC:• 2% : veículos terrestres de passeios e utilitários e motor--casa, de fabricação nacional ou estrangeira;• 1% : veículos terrestres de duas ou três rodas e os de transporte de carga ou passa-geiros (coletivos), nacionais e estrangeiros; veículos terrestres destinados à locação; e motos.   

IPVAde2013emSantaCatarinaficaráemmédia10,5%maisbarato

fINAl PARCElAMENTO-COTASPlACA COTA ÚNICA 1ª 2ª 3ª 1 último dia do mês de janeiro 10.01 10.02 10.03 2 último dia do mês de fevereiro 10.02 10.03 10.04 3 último dia do mês de março 10.03 10.04 10.05 4 último dia do mês de abril 10.04 10.05 10.06 5 último dia do mês de maio 10.05 10.06 10.07 6 último dia do mês de junho 10.06 10.07 10.08 7 último dia do mês de julho 10.07 10.08 10.09 8 último dia do mês de agosto 10.08 10.09 10.10 9 último dia do mês de setembro 10.09 10.10 10.11 0 último dia do mês de outubro 10.10 10.11 10.12

DATAS DE PAGAMENTO

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JUDICIÁRIO

O TJ/SP (Tribunal de Justi-ça de São Paulo) condenou as prefeituras de Nova Odessa e de Sumaré a pagarem indenizações por danos morais e materiais a dois moradores que sofreram acidentes de trânsito causados pela má conservação de vias. As prefeituras podem recorrer.

Em Nova Odessa, Márcio José da Silva caiu de sua moto após passar por um buraco na Rodo-via Astrônomo Jean Nicolini, em 2007, e deve receber da prefeitura R$ 12,4 mil. Em Sumaré, Marcos Roberto de Oliveira colidiu con-tra um tronco que foi colocado dentro de um buraco existente em uma rua do Parque Manoel de Vasconcellos e o TJ fixou a indenização em R$ 9.250,86.

O acidente de Silva aconteceu dia 22 de fevereiro de 2007, por

volta das 19h. Ele trafegava com uma Honda CBX 250 Twister pela rodovia quando passou por um buraco e caiu, sofrendo feri-mentos que o afastaram de seu trabalho por mais de 30 dias. A moto ficou danificada.

Em primeira instância, a Jus-tiça entendeu que a dinâmica do acidente não foi comprovada e julgou o processo improceden-te. A vítima, então, entrou com recurso e os desembargadores reverteram a sentença, conside-

rando que a prefeitura era quem deveria produzir provas de que não tinha culpa no acidente.

O relator José Maria Câmara Júnior justifica no acórdão que a própria prefeitura admitiu a existência de buracos na pista e, ainda, considerou normal o sur-gimento do problema no período de chuvas mais frequentes.“Como se vê, a administração reconhece o agravamento da pista e, por isso, deveria reunir maior diligência para a manutenção e conserva-ção do asfalto. (...) No mínimo, competia ao poder público sina-lizar aquele trecho e advertir os motoristas sobre a necessidade de maior cautela e prudência”, escreveu na sentença.

TRONCO - Em Sumaré, Marcos Roberto de Oliveira ia para o trabalho conduzindo seu

carro, no dia 25 de março de 2010, por volta de 5h30, quando, na Alameda dos Jacarandás, no Parque Manoel de Vasconcelos, colidiu com um tronco colocado na posição vertical, dentro de um buraco existente no meio da rua, sem qualquer sinalização.

Com isso, ele teve prejuízos de R$ 4.250,86 com o conserto do ve-ículo, além de que precisou alugar outro carro para poder continuar trabalhando e levando a filha na escola. Ele recebeu indenização pelos danos materiais e mais R$ 5 mil pelos danos morais.

No TJ, o relator Vicente de Abreu Amadei concluiu que “acidentes causados por falha de manutenção e de sinalização nas vias públicas caracterizam condu-ta negligente da prefeitura e, daí, comportam indenização”.

TJ/SP condena prefeituras a indenizar vítimas

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, ajuizou uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 4879) no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a Lei 3.469/2007, do Estado de Mato Grosso do Sul, que define regras para a fiscalização e imposição de notificações de infrações de trânsito. Segundo o procurador-geral, a norma fere o inciso XI do artigo 22 da Constituição Federal, que trata da competência privativa da União para legislar sobre trân-sito e transporte. O processo está sob a relatoria da ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha.

Em seu artigo 1º, a lei estadual determina que “os agentes públicos no exercício da função de fiscalização de trânsito, em Mato Grosso do Sul, somente podem efetuar notificação a infrator, nos ca-sos de uso de telefone celular móvel enquanto dirige e de transgressão quanto ao uso de cinto de segurança, com a parada do veículo e identi-ficação do condutor”. Além disso, fica estabelecido que, no caso de evasão do infrator,

os agentes públicos poderão efetuar notificação referente a essa transgressão.

Amparado no inciso XI do artigo 22 da Constituição, o procurador-geral da Repú-blica afirma que “o legislador sul-mato-grossense, ao tratar de regras para a fiscalização e imposição de notificações por agentes públicos na fis-calização de trânsito, inva-de a competência da União”. Segundo Gurgel, ao analisar a competência privativa da União para legislar sobre essa matéria, o STF tem entendido que ela abarca a disciplina sobre barreiras eletrônicas, no-tificações pessoais, limites de velocidade, valores máximos de pagamento de multas e, in-clusive, fiscalização de trânsito.

Nesse sentido, o procura-dor-geral destaca as decisões tomadas pelo STF nas Ações Diretas de Inconstituciona-lidade (ADIs) 3625, 3186 e 2718. Em todos esses casos, o Supremo declarou a incons-titucionalidade de normas por invasão da competência da União para tratar sobre trânsito.

Ação contesta lei que estabelece regras sobre trânsitoem Mato Grosso do Sul Uma empresa do

transporte coletivo ur-bano de Campo Gran-de/MS e a Itaú Seguros foram condenadas pela Justiça a pagar R$ 30 mil por danos morais a uma passageira que sofreu uma lesão no tornozelo ao descer de um ônibus em março de 2006. A de-cisão ainda cabe recurso.

De acordo com o TJMS (Tribunal de Jus-tiça de Mato Grosso do Sul), a mulher caiu ao descer de um ônibus da Viação Jaguar devido a uma arrancada busca feita pelo motorista, que não teria esperado o desembarque.

A vítima afirmou que sofreu uma lesão grave no tornozelo esquerdo, problema que se trans-formou em permanen-te e que a impediu de exercer a profissão de costureira, deixando de obter renda mensal de R$ 500.

Durante o processo, a autora pediu indeni-zação no valor de R$ 120 mil, o que corresponde a uma pensão mensal em razão da incapacidade adquirida desde a data

do acidente até comple-tar 72 anos de idade. Ela também pediu paga-mento de danos morais correspondente a 200 salários mínimos pagos de uma vez estimados em R$ 550 mil.

Em contestação, a empresa negou sobre a queda da autora e afir-mou a inexistência de prova de que esta teria sido transportada em um dos seus ônibus. A Viação Jaguar também argumentou sobre a au-sência de nexo entre a lesão sofrida e o serviço público, e alegou culpa exclusiva da vítima, que teria se desequilibrado por causa dos livros que carregava em um de seus braços. Por fim, a con-cessionária sustentou

a não comprovação do exercício de atividade remunerada, alegando a improcedência do pedi-do e pediu o ingresso da seguradora no processo.

Para o juiz da 1ª Vara Cível de Campo Grande, Luiz Gonzaga Mendes Marques, “todos os ou-tros elementos existentes no processo indicam que a autora caiu quando realizava o desembar-que, esse sim um detalhe importante e imprescin-dível para a confirmação do nexo causal entre a lesão e o serviço público prestado pela ré”.

O magistrado tam-bém analisa que “deve ser afastada a tese de cul-pa exclusiva da vítima, considerando que não existe qualquer elemento

de prova indicativo de que a autora agiu com negligência, imprudên-cia ou imperícia no ato de desembarque. Des-ta forma, concluiu que “não restam dúvidas de que a lesão física sofrida pela autora não decorreu de ato culposo de sua própria parte, tendo sido causada, na realidade, no exato instante em que realizava o desem-barque de um ônibus de propriedade da ré, cujo motorista teria realizado uma manobra repentina, gerando o desequilíbrio e a queda”.

Com relação aos da-nos morais, o juiz de-fende que “a situação fática contida nos au-tos, configura, por si só, a existência do dano moral, sem necessitar de comprovação, por-que ultrapassa a esfera da prova, porque atin-ge honra, nome, bens imateriais que merecem muito mais apreço, os quais foram atingidos, no caso em exame, tendo apresentado uma mag-nitude que merece ser reconhecida como pre-juízo moral”.

Empresa terá que pagar R$ 30 mil a mulher que caiu de ônibus na Capital Sul-Mato-Grossense

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Os veículos destinados ao transporte escolar deverão ter, no máximo, dez anos de fabri-cação, segundo determina o Projeto de Lei do Senado (PLS) 67/12, de autoria do senador Paulo Bauer (PSDB-SC), que obteve no dia 6 de novembro parecer favorável da Comis-são de Educação, Cultura e Esporte (CE). O projeto ainda será examinado, em decisão terminativa, pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidada-nia (CCJ).

A proposta incui parágrafo único no artigo 136 da Lei 9503/97, que instituiu o Có-digo de Trânsito Brasileiro. A

veículos de transporteescolar deverão teraté 10 anos de usoProjetodeLei67/12incluiparágrafoúniconoartigo136daLei9503/97,queinstituiuoCódigodeTrânsitoBrasileiro.

mudança passará a valer, segundo o tex-to aprovado, 365 dias após a publicação da futura lei, resultante da aprovação final da matéria.

O relator da matéria, se-nador Aloysio Nunes Ferrei-ra (PSDB-SP), observou no parecer favorável que cabe ao Poder Público zelar para que o transporte de alunos seja feito com a maior segurança. E um dos componentes dessa segurança, recorda o senador, é o uso de veículos em perfeito estado. “Com mais de dez anos de utlização, os veículos, mes-mo periodicamente revisados,

já não oferecem a confiança necessária”, afirmou Aloysio.

Ao comemorar a aprova-ção do projeto pela comissão, Bauer disse ter ficado feliz com o apoio do Ministério da Educação à proposta. “É um projeto importante para a educação, mas ainda mais para os alunos, a quem preci-samos dar segurança. Ainda existem administradores pú-blicos que acham que trans-porte escolar pode ser feito de

qualquer maneira, sem pensar na segurança dos alunos”, disse Bauer.

O presidente da comissão, senador Roberto Requião (PMDB-PR), considerou o projeto “extremamente inte-ressante” e lamentou que, em alguns municípios do Paraná, existam veículos destinados ao transporte escolar sendo utilizados para o transporte também de portadores de doenças infecto-contagiosas.

LOMBADASELETRôNICAS:proposta buscapadronizarlimitedevelocidadeemSC

Os membros da Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa aprova-ram, por unanimidade, proposta de autoria do deputado estadual Sargento Amauri Soares (PDT) que visa padronizar o limite de velocidade em redutores eletrô-nicos instalados nas rodovias e estradas catarinenses. A iniciativa fixa em 50 km/h a velocidade máxima permitida e vale tanto para as vias de competência do estado quanto dos municípios. A aprovação aconteceu na reunião ordinária do dia 20 de novembro.

O relator do projeto, deputado Dirceu Dresch (PT), destacou a importância da proposta que, a seu ver, favorecerá a fluidez do trânsito, minimizando ainda o risco de acidentes de trânsito e a ocorrência de multas. “Atual-mente cada município estabelece os limites de velocidade, sem critérios claros. Esta padroniza-ção é extremamente meritória, pois facilitará a compreensão e a obediência dos condutores às normas de trânsito”, disse.

O projeto segue para a Comis-são de Transportes e Desenvolvi-mento Urbano.

Tramita na Câmara o Proje-to de Decreto Legislativo (PDC) 711/12, do deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), que susta regulamentação do Conselho Nacional de Trânsito (Con-tran) relativa à fiscalização do tempo de direção do motorista profissional, por considerar que houve inversão na hierarquia de órgãos do Poder Executivo. A Resolução 417/12 determina que a fiscalização punitiva do tempo de direção e descanso do motorista profissional na con-dução dos veículos de transpor-te, de escolares, de passageiros e de carga seja feita nas vias que tenham pontos de parada para repouso em conformidade com a lei. A norma fixa ainda prazo de 180 dias para que os ministérios dos Transportes e do Trabalho publiquem a lista das rodovias federais abrangi-das pela resolução.

“Estamos diante de uma esdrúxula determinação de um órgão do segundo escalão para que outros dois órgãos do primeiro escalão cumpram o que foi por ele determinado, fixando-lhe prazo para isso. Há uma subversão da hierarquia, como se de uma resolução de

órgão inferior pudesse emanar uma ordem a ser cumprida por dois ministros de Estado”, observa Arnaldo Faria de Sá.

Insegurança jurídica - Ainda segundo o deputado, a resolução gera insegurança jurídica para os agentes da fiscalização e para o cidadão. “O agente fiscal não sabe se deve cumprir a lei e fiscalizar o seu cumprimento pelos mo-toristas ou se deve cumprir a determinação e procurar saber se a rodovia se enquadra entre as que possuem os pontos de parada que preenchem os re-quisitos da lei.”

Faria de Sá também ques-tiona por que a resolução men-ciona apenas as rodovias fede-rais, sem incluir as estaduais. Ele também critica o prazo de 180 dias para que os ministérios publiquem a lista de rodovias.

Na prática, diz, o prazo sus-pende a fiscalização por seis meses. “É inaceitável que se prorroguem as mortes nas rodovias. Principalmente, é inaceitável que as perdas de vidas sejam prorrogadas pelo órgão de trânsito res-ponsável por dar ao brasi-leiro um trânsito seguro”, critica.Descanso - A Lei 12.619/12

regulamenta a profissão de motorista, estabelecendo di-reitos e também a jornada de trabalho, entre outros pontos. A nova norma estabeleceu tempo máximo de direção de quatro horas ininterruptas. Após esse período, o motorista profissional deve descansar por 30 minutos.

Há ainda previsão, na lei, de um intervalo para repouso diário de 11 horas, que podem ser fracionadas em nove horas mais duas no mesmo dia.TRAMITAçãO

O projeto de decreto legis-lativo será analisado pelas co-missões de Viação e Transpor-tes; e de Constituição e Justiça e de Cidadania (inclusive quanto ao mérito). Depois, será votado pelo Plenário.

Projeto susta resolução sobre fiscalização de tempo de atuação de motorista

Comissão rejeita isenção de multas de trânsito para médicos

A Comissão de Viação e Transportes rejeitou, no dia 14 de novembro, o PL 1381/11, do deputado Roberto Britto (PP-BA), que isenta médicos do pagamento de multas de trânsito recebidas durante atendimento de emergência. A medida também proíbe a contagem de pontos referente às infrações cometidas durante o atendimento de emergia na carteira do motorista.

Segundo a Agência Câmara, a proposta não prevê formas de o médico comprovar que está indo prestar socorro a alguém. Pelo CTB (Código de Trânsito Brasileiro) veículos em atendimento de emergência são isentos de multas, quando devidamente identificados. O relator na comissão, deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG), argumentou que a medida poderia abrir brechas para fraudes, já que a comprovação do médico de estar em socorro à vítima seria apenas seu testemunho. “A medida criaria precedente indefensável para outros profissionais envolvidos com atendimento de urgência em salvamentos, incêndios, e que reivindicassem isonomia de tratamento”, explicou o relator.

Segundo Quintão, o atendimento médico de emergência em veículos particulares é incomum. Ele lembrou que, quando houver acompanhamento do paciente a uma unidade de saúde, o médico infrator pode pedir atesta-do ao hospital para contestar a multa.

Tramitação - O projeto tramita em ca-ráter conclusivo e ainda será analisado pelas comissões de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

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12 - o monatran Novembro/Dezembro de 2012

O número de brasileiros com mais de 65 anos tem aumenta-do a cada censo realizado pelo IBGE (em 1991 eles representa-vam 4,8%, em 2000, 5,9%, e em 2010 eram 7,4% da população brasileira), resultado dos avan-ços da medicina e da melhor qualidade de vida. O estudo “Di-reitos dos idosos relacionados à sua mobilidade”, realizado no início deste ano pelo Grupo de Pesquisa Comportamento em Transportes e Novas Tecnologias do Programa de Pós-Graduação em Transportes da Universidade de Brasília (UnB), revelou que no Brasil, a população envelhece em um contexto desfavorável, com riscos altos à saúde e à vida. Os equipamentos públicos ainda não estão devidamente preparados para promover a acessibilidade dessa fatia da população, que só tende a aumentar. De acordo com pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz em 2002, citada pelos pesquisadores da UnB, nas capitais e regiões metropolitanas, os acidentes de trânsito e as que-das ocupam os dois primeiros lu-gares no conjunto de mortalidade por causas externas específicas em idosos.

O estudo da UnB revelou que a maioria dos trabalhos de plane-jamento urbano e de transporte

Políticas de acessibilidades para idosos ainda são ineficazes, apontam estudos

ainda não consideram as distintas capacidades de locomoção. “Mui-tas vezes, a dificuldade de loco-moção dos idosos está associada com a má qualidade das vias de pedestres”, apontam os pesquisa-dores. A solução trazida para este problema, segundo o material brasiliense, foi um conjunto de estratégias do norte-americano Charles Wright. Para ele, seria necessário o alargamento de cal-çadas, a implantação de calçadões e ruas de pedestres, retirada dos obstáculos das calçadas, o avanço de calçadas nas esquinas (para

reduzir a distância de travessias do pedestre), uso diferenciado de texturas e pinturas para guiar a caminhada por rotas mais segu-ras, utilização de dispositivos para reduzir a velocidade do trânsito motorizado (desde ondulações transversais à fiscalização eletrô-nica), implantação de fases para pedestres nos semáforos, educa-ção dos motoristas para respeitar a faixa de pedestres, implantação de passarelas sobre avenidas de alta velocidade e de refúgios e ilhas de segurança para pedestres.

Na prática - Por outro lado,

uma das autoras da pesquisa da UnB, a mestranda em transportes Aline Gomes de Oliveira enten-de que não existe uma fórmula perfeita, pois existem diferentes realidades que envolvem questões culturais, hábitos e condições distintas.

No Brasil, um dos principais avanços nessa área foi o Estatuto do Idoso, lei nº 10.741/2003. Neste documento, instituiu-se que a diminuição de barreiras arquitetônicas e urbanas seja uma das preocupações das áreas de habitação e urbanismo. Além

disso, garantiu os seguintes direi-tos aos idosos: gratuidade para transporte coletivo urbano e semiurbano para pessoas acima de 65 anos mediante apresentação de documento comprobatório; a reserva de 10% dos assentos nos transportes públicos devidamente identificados com placas visíveis; dois assentos com gratuidade em transportes interestaduais para idosos que recebam até dois salários mínimos e 50% de des-conto para os que têm a mesma condição financeira caso os dois assentos já estejam ocupados; prioridade de embarque para transportes coletivos e 5% das va-gas de estacionamentos públicos e privados destinadas a essa faixa etária. De acordo com Aline, o Brasil avançou no âmbito legal, mas por outro lado em mudanças efetivas ainda “deixa a desejar”, principalmente quando a própria sociedade não respeita estes direi-tos adquiridos.

“Não adianta ter gratui-dade nos transportes se o transporte coletivo público se recusa a parar ao ver a identificação do idoso, nem ter assentos demarcados e vagas reservadas quando a própria população não os respeita.” (Fonte: Perkons)

Apesar do

aumento da

representatividade

dafaixaetária

napopulação

brasileira,ainda

nãoháumreal

planodeinclusão

nos quesitos

mobilidade e

acessibilidade

urbanas

A Prefeitura de Belo Horizonte promete pôr ordem numa das principais avenidas da cidade, e dá início a projeto piloto Grandes Corredores, que pretende comba-ter todo o tipo de irregularidade no espaço público em grandes corredores de trânsito. Ao longo da via, os carros ficam estacionados no passeio como se não houvesse pedestre por ali.

Mesmo quando desocupadas, grande parte das calçadas está cheia de buracos e armadilhas para quem caminha na região. “Enfrentamos muitos obstáculo. Um cadeirante, por exemplo, ja-mais conseguiria passar”, comenta a cuidadora de idosos Heloísa Zinmerer, de 52 anos. A opera-dora de caixa Rosiane Pereira, de 28, mora próximo e trabalha na avenida. Em alguns trechos, ela precisa passar pelo asfalto, pois não há espaço no passeio. “Aqui, eles dão mais espaço para o carro do que para o pedestre. Acho que

precisa aumentar a fiscalização”, ressalta.Resíduos e sacos de lixo também disputam espaço com os pedestres nos passeios em plena luz do dia, apesar de a coleta ser feita no período da noite.

No mês de novembro, a Secre-taria Municipal Adjunta de Fis-calização, em ação conjunta com diversos órgãos, começou a fazer um retrato da via, que é a linha divisória entre as regiões Oeste e Centro-Sul da capital.

O mapeamento visa identificar áreas verdes, licenciamentos, alva-rás, além de grandes geradores de resíduos sólidos. Uma vez traçado o perfil da avenida, o próximo pas-so será ir a campo e confrontar as informações com a realidade, veri-ficando tudo o que está fora da lei.

Nota do Editor: Mesmo sendo discreta, a iniciativa é uma semente que pode germinar, crescer e dar muitos frutos. Além disso é um exemplo a ser imitado pelas demais cidades do país.

Fim das irregularidades em BHAdeus,outdoor ilegal,carrosemcimadacalçada, invasões,placasacimadotamanhopermitido,lixoforadolugar.

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) registrou queda de 19% no número de mortes em acidentes nas rodovias federais durante o feriado da Proclamação da Repú-blica. Ao todo, foram 110 óbitos entre os dias 14 e 18 de novembro, contra 135 no mesmo período do ano passado.

Minas Gerais foi o Estado com a maior redução, passando de 23 para 15 mortes, equivalente a que-da de 35%. A Bahia apresentou aumento de 44% no número de vítimas fatais, subindo de nove para 13 na comparação entre os feriados.

Os acidentes nas rodovias

federais caíram 26% em relação ao mesmo período de 2011. No feriado deste ano, foram 2.310 acidentes, contra 3.124 no ano passado. O Rio de Janeiro foi o Estado com a maior queda, com 47% menos acidentes (de 315 para 166). Já a Bahia registrou a menor queda, apenas 3% (de 126 para 122 acidentes).

Em relação aos feridos, a redução foi 23% no País, caindo de 1.766, no feriado em 2011, para 1.367 este ano. Durante a Operação Proclamação da Repú-blica, a PRF fez 15.757 testes do bafômetro, com 661 autuações e 169 prisões. O principal foco da operação era combater motoristas embriagados ao volante.

Mortes nas BRs caem 19% no feriado da Proclamação da RepúblicaMinasGeraisfoioEstadocomamaiorredução,passandode23para15mortes,equivalenteaquedade35%.

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Novembro/Dezembro de 2012 o monatran - 13

Estamos chegando a uma triste marca. Triste, mas em-blemática da situação que há tempos existe em relação ao trânsito no país. Desde seu lançamento, em setembro de 2009, o movimento Chega de Acidentes! apresenta um contador virtual, que estima o número de vítimas fatais e não fatais de acidentes de trânsito, além do impacto econômico decorrente desses acidentes.

No dia 18 de setembro da-quele ano, o sistema começou a contabilizar mortos e feridos partindo do zero, levando em conta as médias apresentadas pelo Ministério da Saúde na época. Hoje, três anos depois, a realidade do trânsito brasileiro

Chega de acidentes! 500 mil vítimas de trânsitoDesdeseulançamento,emsetembrode2009,omovimentoChegadeAcidentes! apresenta umcontadorvirtual,queestimaonúmerodevítimasfataisenãofataisdeacidentesdetrânsito,alémdoimpactoeconômico decorrente dessesacidentes.

continua a de uma violência sem fim. Não é coincidência, portanto, que o contador esteja chegando à terrível marca de 500 mil vítimas do trânsito. É uma estimativa válida, já que o Brasil tem imensa dificuldade de contabilizar seus mortos e feridos no trânsito.

Desde 2009, o Chega de Acidentes! reuniu mais de 80 apoiadores, entre empre-sas, entidades e veículos de imprensa, além de cerca de 2.500 participantes de um

abaixo-assinado que pede às autoridades medidas efe-tivas para uma diminuição drástica no número de fata-lidades no trânsito. Também realizou ações que incluíram a instalação de totens com os contadores de vítimas em sete cidades brasileiras: Manaus, Goiânia, Curitiba, Porto Ale-gre, Florianópolis, Vila Velha e Recife. Agora, chegando a esta marca de meio milhão de vítimas, o Chega de Acidentes renova seu apelo, e espera que

esse número chocante contri-bua para sensibilizar governo e autoridades do trânsito, na busca de soluções definitivas – porque a questão da segurança não pode mais esperar.

Esse apelo é estendido a to-dos os motoristas, motociclis-tas, ciclistas e pedestres – todos os que convivem diariamente no trânsito – para que assu-mam comportamentos segu-ros, conscientes e de respeito à própria vida e à do próximo. O Chega de Acidentes! é um

movimento apartidário, lide-rado por entidades com um histórico de lutas em prol da segurança no trânsito brasilei-ro: CESVI BRASIL (Centro de Experimentação e Segurança Viária), Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego), AND (Associação Nacional dos Departamentos de Trânsito) e ANTP (Associa-ção Nacional de Transportes Públicos).

Acesse:  www.chegadeaci-dentes.com.br 

Apesar da queda na quantidade de mortes no trânsito desde 1980, a quantia de pessoas que perdem a vida nas vias do Brasil ainda é elevada. Um levantamento, realizado pelo Instituto Avante Bra-sil, aponta que morrem cerca de 127 pessoas por dia no trânsito apenas em 2012. Isto equivale a uma morte a cada 11 minutos e 21 segundos.

No período do levan-tamento da pesquisa, que ocorreu de 1980 a 2010, houve um crescimento de 115% no número de mortes nestas situações. A quantidade a cada 100 mil habitantes representou

alta de 33% no período. Entre 1980 e novembro de 2012, foram registradas 1.019.639 mortes no trân-sito, aproximadamente. Até o final do ano, este número deve chegar a 1,024 milhão de casos.

Com os dados da pes-quisa, é possível perceber que a quantidade de mor-tos continua praticamente a mesma ao decorrer dos anos. A taxa proporcio-nal, porém, vem caindo constantemente. De 185 mortes no trânsito a cada mil habitantes em 1980, em 2010 este número foi de 66 mortes a cada 100 mil habitantes.

O estudo ainda aponta que em 2050, o número de mortes por dia pode passar dos 127 casos atu-ais para 577 ocorrências. Neste ano, serão 210 mil mortes registradas no ano nas rodovias, ruas e avenidas do País.

Trânsito mata quase 130pessoas por dia no Brasil

Oestudoaindaaponta que em

2050,onúmerodemortes por dia pode passardos127

casos atuais para 577ocorrências.

Um estudo inédito feito pela CET (Companhia de Engenha-ria de Tráfego) mostra que o excesso de velocidade é o princi-pal responsável pelas mortes no trânsito da cidade de São Paulo.

Analisando os acidentes fatais ocorridos na cidade entre 2006 e 2010, o levantamento concluiu que motoristas acima do limite causam 44% das mor-tes nas ruas e avenidas.

Desrespeito ao semáforo (14%) e acidentes envolvendo condutores alcoolizados (12%) aparecem a seguir no ranking elaborado pela companhia.

Diferente do senso comum, o estudo revela que os carros no-vos são os que mais se envolvem em acidentes com mortes: 45%,

seguido pelos veículos usados, com idade entre 6 e 10 anos, que estão envolvidos em 24% dos acidentes com vítimas fatais.

A maioria das colisões com mortes não ocorrem nos cruza-mentos. Três quartos dos casos acontecem no meio da quadra.

Segundo o levantamento, os carros aparecem em primeiro lugar em colisões fatais, com 36%, seguidos pelas motos (31%), ônibus (18%) e cami-nhões (11%). “Os números mos-

tram que, mesmo com a amplia-ção de radares, os motoristas continuam desrespeitando as leis e ignorando os limites de velocidade”, afirma o engenhei-ro da CET, Maurício Regio, responsável pelo levantamento.

Segundo Regio, o relató-rio serviu como base para a companhia reduzir o limite de velocidade nas principais vias da capital de 70 quilômetros por hora, para 60 quilômetros por hora.

velocidade causa 44% das mortes no trânsitoDesrespeito ao semáforoemotoristasalcoolizadosaparecem em segundo eterceirolugar,respectivamente

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14 - o monatran Novembro/Dezembro de 2012

CARTAS

Desafios da Mobilidade“Passada a euforia dos resultados

das Eleições 2012, espero que os pre-feitos eleitos já estejam pensando no que fazer em prol da mobilidade das cidades. Está cada vez mais difícil se deslocar nas médias e grandes cidades do Brasil e a vida dos trabalhadores tem se resumido em ‘casa-trabalho’, visto que a perda de tempo nos des-locamentos é tão grande, que acaba não restando um minuto sequer para o lazer ou a simples convivência em família.”lucas Meurer – São José/SC

Mal exemplodas “hermanas”

“Embora o flagrante [mulheres andando de moto sem capacete, fazendo ‘sanduíche’ de criança também sem capacete] registrado tenha ocorrido no país vizinho, não é raro nos depararmos com a mesma cena aqui no Brasil. Aliás, muitas vezes, além dos adultos vão duas crianças. Um absurdo que coloca em risco a vida de todos os ocupantes.”Helena vieira – São Paulo/SP

Tempo de Renovação“Aprecio muito os artigos escritos

pelo presidente do MONATRAN. Na última edição, em especial, gostei de ver o olhar otimista do Dr. Roberto Bentes com relação aos prefeitos elei-tos. Fico também na expectativa, com o coração cheio de esperança de que os nossos próximos governantes possam agir de maneira mais eficiente. Ade-mais, contem comigo para fiscalizar e cobrar das autoridades os compro-missos firmados durante a campanha eleitoral.”Joana Gonçalves – São Pedro de Al-cântara/SC

Dilma x Trânsito“Estou gostando de ver o comprometimento da presidente Dilma com

a questão trânsito e mobilidade. Sem dúvida alguma, a melhor saída é mudar o comportamento do motorista brasileiro. Um ENORME desafio, mas que pode vir a ser superado, uma vez que a presidente já demonstrou a intenção de alterá-lo e está agindo de forma a conseguir isso. Resta agora à sociedade, apoiar e aprender.”vitor Mesbla – Rio de Janeiro/RJ

Urnas pedempassagem“Concordo inteiramente com a opinião do articulista Dr. José Roberto Dias: o altís-simo percentual de abstenção nestas eleições só comprovam que o jeito de fazer política no Brasil precisa mudar. Espero que os eleitos compreendam a mensagem e que os futuros candidatos, desde já, se adap-tem às circunstâncias, de modo a terem condições de propor, no próximo pleito, uma nova política, sem os velhos vícios que só fazem provocar o asco da sociedade atual.”Dirceu Heztel – florianópo-lis/SC

Paradinha“AMEI a campanha ‘Paradinha’

do Ministério das Cidades, pois acredito que as crianças podem desenvolver um papel fundamental na educação de seus pais. Embora os valores pareçam estar trocados, algumas vezes, a consciência infan-til é muito mais humana do que a dos adultos. Aliás, é incrível como que a maioria das crianças tem noção de que é necessário fazer o que é certo. Enquanto os adultos ficam arrumando desculpas para respeitar a Lei só que lhe convém. Por isso, gostaria de parabenizar a todos os envolvidos na elaboração da Campanha!”leandro Mainardes – Palhoça/SC

A cidade de todos“Assim como o Dr. Ildo Rosa, tam-

bém espero que o fortalecimento do novo governo possa ser encaminhado pelas discussões em torno do novo Plano Diretor, resultando, é claro, na sua aprovação. Florianópolis não pode mais continuar sendo gerida ao bel prazer de quem pode (ou paga) mais. É imperativa a necessidade de uma resolução quanto a esta questão. Já estamos cansados desse tal jogo de empurra.”luciano freitas - florianópolis/SC

Motos elétricas“Uma vergonha essa mãe que não

entende a incoerência de se deixar sob a responsabilidade de uma criança um equipamento motorizado, com potên-cia de veículo que só pode ser dirigido por adulto habilitado. Na minha época, garotos brincavam de carrinho de rolemã e já era mais do que suficiente. Para que colocar em risco a integridade física de seus filhos e das pessoas que vivem no condomínio?”Maria Eduarda frança – Campo Grande/MS

Aeromóvel“Fiquei muito entusiasmada ao co-

nhecer o sistema de transporte que será implantado em Porto Alegre a partir do ano que vem. Principalmente, depois de saber que os veículos estão sendo fabricados no Brasil. A ideia é espetacu-lar e cai super bem em qualquer grande cidade, saturada e sem espaço para cons-trução de novas vias. Acredito que este tipo de projeto seria muito mais viável em Florianópolis, do que a construção de uma nova ponte.”felipe lima Ramos – florianópolis/SC

30 vezes mais preocupante“Fiquei impressionada com a maté-

ria que apresenta o estudo da USP, no qual informa que a chance de um mo-tociclista morrer no trânsito é 30 vezes maior do que um motorista. Isso me fez pensar: por que então a motocicleta é tão incentivada? Seu uso deveria ser restringido e não estimulado. Definiti-vamente, não consigo entender.” Mariza Maganhoto - Curitiba/PR

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Novembro/Dezembro de 2012 o monatran - 15

ESPAÇO LIVRE A.C.LafourcadeEstrella *

Consabidamente, os norte-americanos e os japoneses são mais tementes da lei do que nossos patrícios. Aqui, como se sabe, as leis parecem que foram feitas

para não serem cumpridas, exceção à parte, no que concerne ao delito administrativo do uso do celular ao volante, que, flagrado, resulta em multa e pontos na carteira, do que pode até resultar a cassação do direito de dirigir.

Por certo, a legislação de trânsito dos norte-americanos e a dos japoneses não proíbe o uso do telefone celular pelos motoristas, pois ambos usam e abusam do celular quando ao volante. Com efeito, se os EUA e o Japão permitem, isto é, não proíbem usar o celular ao volante, alguma razão mais alta deve ter ditado esse comportamento.

Na sua exegese, o CNT proíbe o uso do celular, e pune quando usado, porque diz que seu uso distrai o motorista e abre espaço para o acidente de trânsito, e, de outro lado, o mesmo CNT dispõe que as duas mãos estejam no volante. E, para falar ao celular, pelo menos uma delas não cumprirá o que a lei determina (salvo para os carros dotados de aparelhos mais sofisticados). Será?

Conversar com os demais passageiros também pode gerar distração. “Proibido falar com o motorista”. Havia ou ainda há cartazes nos coletivos. Lembram? Mas como proibir o motorista de carro particular de falar com os passageiros de seu veículo e até discutir com eles?

A conversa por telefone celular, porém, não vale! É proi-bida! E os motoristas de táxis dotados de radiocomunicação, que necessitem usar de uma das mãos para se comunicar (isto é, trabalhar), também estão sujeitos às mesmas penas? Terá razão o CNT? Será que os motoristas, que passam por exames de avaliação física e mental, não terão condições de dirigir e falar ao celular, concomitantemente? Dirigir com uma mão só (o que se faz à miúde) realmente gera perigo? Não seria caso de se examinar isto novamente? Ou o que se pretende com tal proibição diz mais com a voragem conhecida de favorecer a “burras públicas”?

Cinto desegurança x celular

* Advogado

Pintar uma faixa de pedestres por conta própria, colocar ban-cos em pátios e espaços verdes urbanos, criar um ambiente confortável para os moradores de rua e fazer um mapa de rotas de bicicleta da cidade sem espe-rar pelo poder público. Essas são algumas das atividades pratica-das pela “guerrilha urbana” (o Partizaning), movimento criado na Rússia. 

A ideia é intervir na infra-estrutura urbana para tornar o ambiente urbano mais atraente, funcional e agradável sem esperar pelo poder público. A área de in-teresse dos “guerrilheiros” inclui faixas de segurança, sinalização de trânsito, ciclovias, calçadas, pátios urbanos, entre outros. 

Os inspiradores ideológicos são Anton Make e Ígor Ponosov. Anton começou suas atividades de guerrilha criando um mapa de rotas de bicicleta de Moscou por achar que a capital russa estava muito atrás das cidades europeias em termos de infraestrutura para o ciclismo. Obrigado a usar o ve-ículo quase todos os dias, Anton começou a marcar no mapa as rotas mais convenientes. Assim, surgiu um mapa em papel e, mais tarde, eletrônico. 

As atividades de Anton des-pertaram interesse da mídia. Como resultado, sua iniciativa começou a ganhar popularidade. 

Mas o ativismo dos “guerri-lheiros” não para por aí. Eles po-

dem se vestir de trabalhadores de estrada para demarcar uma faixa de pedestres ou colocar bancos em espaços verdes ou placas de sinalização de trânsito feitas por conta própria. 

No entanto, nem todas as suas iniciativas têm um destino igual-mente bom. Não raro, bancos são quebrados ou roubados e placas de sinalização são removidos.

Mas nem tudo é tão triste. Poucos dias depois de os ativis-tas terem pintado uma faixa de pedestres em uma rua de Mos-cou, por exemplo, uma equipe de trabalhadores de estrada foi convocada para apagar a faixa pintada pelos “guerrilheiros”, pintar outra dentro das normas técnicas exigidas e colocar o res-pectivo sinal de trânsito. 

“Queremos mostrar às pesso-as que elas podem alterar o lugar em que vivem por conta própria, sem esperar que o poder local comece a agir”, diz Ponosov.

Atuação - Os ativistas fazem pesquisas da opinião pública para descobrir o que falta em um quarteirão ou um bairro. Para tanto, colocam caixas de correio especiais em ruas da cidade e utilizam a internet. 

Os projetos e ideias são mui-tos, mas, por falta de tempo e recursos financeiros, nem tudo pode ser levado à prática. Todos eles são concretizados pelos ativistas por conta própria ou com o dinheiro arrecadado por

apoiadores. Se as pessoas querem mudar alguma coisa na cidade e não têm tempo nem meios para isso, elas podem transferir dinheiro para a carteira eletrônica da “guerrilha urbana”. 

No site do movimen-to (www.partizaning.org), Ponosov e Make postam relatórios sobre as iniciativas realizadas, partilham suas expe-riências e relatam os projetos feitos em outros países.  

As atividades pra-ticadas pela “guerrilha urbana” podem, não raro,  ser qualificadas como contravenção penal. Aquele que for flagrado pintando, por exemplo, uma faixa de pedestres por iniciativa própria pode levar multa de até 1500 rublos (cerca de US$ 50). Os “guerrilheiros” estão conscientes da natureza anárquica de suas iniciativas, mas acreditam que essa é a única maneira de mu-dar as coisas para melhor.

Novas fronteiras - A “guer-rilha urbana” já ultrapassou os limites de Moscou, estendendo-se a São Petersburgo, Novosibirsk e outras cidades, onde passam a ser registradas intervenções se-melhantes às realizadas por Ígor, Anton e seus  amigos. Mesmo assim, o movimento não tem um esquema rígido e se desenvolve espontaneamente. 

Movimento de “guerrilha urbana” ganha força em Moscou IdeiadoPartizaningéintervirna

infraestruturadacidadeparatornaroambienteurbanomaisatraente,funcionaleagradávelsemesperarpelopoderpúblico.

Estudo encomendado pela Ford revelou dados interessantes relativos à maioria dos europeus. São crescentes as preocupações com o congestionamen-to de trânsito, custos de transporte e com o meio ambiente.

O estudo mostrou que a maioria da população europeia diz que a vida seria impossível sem o au-tomóvel, porém 76% dos europeus dizem que são afetados pelo estresse provocado pelo congestiona-mento de trânsito e pelos preços dos combustíveis. Ainda segundo o estudo, 74% utilizam transportes públicos e 37% compartilham automóveis para fazer o mesmo percurso (carona solidária).

O estudo possibilitou ainda outras conclusões interessantes: para 74% deles o veículo significa independência, 52% dizem que utilizam transportes públicos menos de uma vez por mês ou nunca e 77%

não deixariam de utilizar o automóvel para ajudar a re-solver questões ambientais.

Meio ambiente - A pesquisa mostrou ainda que o europeu adotaria uma condução mais eco-logicamente correta se compreendesse melhor o benefício financeiro que isso teria. Para a maioria,

responsabilidade é dos órgãos públicos, pois eles devem viabilizar formas de reduzir o impacto que os transportes exercem no ambiente.

Dos entrevistados, 28% dizem que considera-riam comprar um veículo de propulsão elétrica.

Estima-se que o número de automóveis, em todo o mundo, aumente de um bilhão (número atual) para dois a quatro bilhões até 2050. A Comissão Europeia prevê que os custos de congestionamento na Europa aumentarão em 50 por cento, para 200 bilhões de euros por ano, no mesmo período de tempo.

76% dos europeus são afetados pelo estresse provocado pelo trânsito

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16 - o monatran Novembro/Dezembro de 2012

A impunidade a estrangeiros que cometem infrações de trânsito em San-ta Catarina está próxima do fim. Isso porque o Detran/SC, em parceria com o Centro de Informática e Automação do Estado de Santa Catarina (Ciasc), desenvolveu um sistema que permite a aplicação de multas a veículos licencia-dos no exterior. A ferramenta está em fase de homologação, restando apenas algumas questões técnicas e diplomáti-cas, para que entre em funcionamento, o que deve ocorrer nas próximas se-manas. Assim, Santa Catarina será o segundo estado do país a aplicar esta medida.

No dia 11 de dezembro, o sistema será apresentado a profissionais das polícias militar e rodoviárias, guardas municipais, Deinfra, municípios inte-grados ao Sistema Nacional de Trânsito, além de agentes de trânsito. Durante a reunião, será entregue um manual informativo elaborado pelo Detran, contendo esclarecimentos sobre os procedimentos de rotina para a fisca-lização dos veículos estrangeiros, bem

como lavratura do auto de infração, inserção no sistema e geração da Guia de Pagamento e Notificação de Veícu-lo Estrangeiro (GPNVE). No dia 13 o repasse das informações será aos repre-sentantes dos consulados da Argentina, Paraguai, Uruguai e Chile, a fim de que estes possam orientar os estrangeiros que pretendam vir ao Brasil.

A sistemática da aplicação das multas será semelhante ao processo realizado frequentemente a veículos brasileiros. Diante de uma infração, o policial vai lavrar o auto, que será encaminhado ao órgão de origem para que a multa seja lançada no sistema do Detran/SC. A partir daí será gerada a guia, que poderá ser paga em qualquer agência bancária, casas lotéricas ou correspondentes bancários. A diferença é que o veículo estrangeiro só poderá deixar o país mediante o pagamento da multa.

Graziela Maria Casas Blanco, coor-denadora de Convênios de Trânsito do Detran, lembra que essa é uma medida prevista pelo Código de Trânsito Bra-

sileiro, regulamentada pela Resolução 328/11 do Conselho Nacional de Trânsito. Ela revela que através de uma parceria entre as superintendências da Polícia Rodoviária Federal do Paraná e Rio Grande do Sul será possível fisca-lizar se os estrangeiros quitaram suas dívidas com Santa Catarina. Com uma simples consulta ao site do Detran/SC, o oficial poderá verificar se há débitos pendentes, orientando sobre os proce-dimentos para a quitação.

“É importante que o estrangeiro consulte o site do Detran, no item ”Multa Estrangeiro”, para confirmar se há alguma pendência relacionada ao seu veículo antes de seguir viagem”, afir-ma Graziela, ressaltando que nenhum policial pode receber o valor referente à multa, que deve ser paga nos agentes bancários.

A medida não visa fiscalizar apenas turistas ou períodos de temporada, e sim todo aquele motorista estrangeiro que for pego fazendo algo contrário à legislação de trânsito em qualquer perí-odo do ano. O transporte rodoviário de

cargas também será alvo da fiscalização, visto que o estado configura-se como corredor do Mercosul.

A profissional do Detran explica que ainda este ano devem ser feitas blitz educativas com orientações aos condutores, começando por Florianó-polis e Balneário Camboriú. Para isso o órgão de trânsito está desenvolvendo um material informativo com as infra-ções mais frequentes como uso do cinto de segurança, do capacete, condução segura de crianças e forma correta de estacionar, dentre outras. “Multar não é o nosso principal objetivo. O que se pre-tende é garantir a segurança no trânsito e preservar vidas através de orientação, esclarecimentos e fiscalização, sendo a medida punitiva a nossa última alter-nativa”, frisa Graziela.

Nota do Editor: Esperamos que a ideia evolua positivamente e se concretize afinal, pois o cum-primento de promessas nesse sen-tido, já estamos aguardando desde 1998, quando entrou em vigência a nova Lei do CTB.