jorna l o monatran - julho de 2011

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José Roberto de Souza Dias Página 5 Ildo Raimundo Rosa Página 7 Roberto Alvarez Bentes de Sá Página 3 Colunistas de “o monatran” Incompetência ou... Dirigir, um direito de todos O Trânsito e a Corrupção Página 10 Moradores do Estreito preocupados com situação da Beira-Mar Continental O presidente da Associação de Moradores do Estreito (AME), Ari do Nascimento, procurou o MONATRAN para manifestar a preocupação dos moradores do continente com o estado em que se encontra a Beira-Mar Continental. Segun- do Ari, a conclusão da obra, prevista para o final deste ano, vai afunilar e despejar todo o tráfego para dentro de um bair- ro residencial. “Do jeito que está, acho que é melhor nem abrir. Se não resolverem a ques- tão do Bairro Balneário, é tro- car seis por meia dúzia”, afir- ma. (Página 4) Monatran apresenta anteprojeto do Centro de Excelência de Trânsito à direção do Sapiens Parque. Páginas 8 e 9 SC-401 e SC-405 vão ganhando caras novas Página 6 STJ suspende processos de embriaguez ao volante em SC

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Jorna l O Monatran - Julho de 2011

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Page 1: Jorna l O Monatran - Julho de 2011

José Roberto

de Souza Dias

Página 5

Ildo Raimundo

Rosa

Página 7

Roberto Alvarez

Bentes de Sá

Página 3

Colunistas de “o monatran”

Incompetência ou... Dirigir, um direito de todos O Trânsito e a CorrupçãoPágina 10

Moradores do Estreito preocupadoscom situação da Beira-Mar Continental

O presidente da Associação

de Moradores do Estreito

(AME), Ari do Nascimento,

procurou o MONATRAN para

manifestar a preocupação dos

moradores do continente com

o estado em que se encontra a

Beira-Mar Continental. Segun-

do Ari, a conclusão da obra,

prevista para o final deste ano,

vai afunilar e despejar todo o

tráfego para dentro de um bair-

ro residencial. “Do jeito que

está, acho que é melhor nem

abrir. Se não resolverem a ques-

tão do Bairro Balneário, é tro-

car seis por meia dúzia”, afir-

ma. (Página 4)

Monatran apresentaanteprojeto do Centrode Excelência deTrânsito à direção doSapiens Parque.Páginas 8 e 9

SC-401 eSC-405

vãoganhando

caras novasPágina 6

STJ suspende

processos de

embriaguez ao

volante em SC

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o monatran

2 - o monatran Julho de 2011

EDITORIAL

Números

da Morte

Há algum tempo, a Secretaria de Saúde de Florianópolis divulgouum documento que nos chamou a atenção. Com o título “Aciden-tes de Trânsito – uma Epidemia Silenciosa”, o Secretário Munici-

pal de Saúde João José Candido da Silva e o Diretor de Atenção Primáriaem Saúde, Dr. Daniel Moutinho Junior, divulgaram números assustadoresque comprovam que os acidentes de trânsito têm se apresentado cada vezmais como um problema de Saúde Pública no Brasil e no mundo.

Em nosso país, a cada dia morrem cerca de 110 pessoas no trânsito, ouseja, quase cinco por hora. Só em 2008, foram contabilizados 38.450 óbi-tos e 118.700 lesões graves ou invalidez permanente. Considerando umaexpectativa média de vida de 70 anos e um óbito impactando cerca de 30pessoas (parentes e amigos próximos), é esperado que cada brasileiro, emmédia, tenha duas pessoas próximas como vítimas fatais ou com invalidezao longo da vida, ocasionadas por acidente de trânsito.

Mais impressionante ainda foi quando as estatísticas do trânsito brasi-leiro foram comparadas a eventos que costumam repercutir muito na mídia,como guerras, ataques terroristas e acidentes com aviões.

Levando em conta os números de 2008, quando 38.500 pessoas perde-ram a vida no trânsito - sendo que destas, 1.983 mortes ocorreram em solocatarinense - é como se 226 Airbus A320 (com capacidade de 170 passa-geiros) tivessem caído no Brasil naquele ano; em SC teriam sido 12. Cal-culando uma média mensal, seriam 19 quedas de avião por mês no Brasil euma em SC a cada 30 dias.

Quanta audiência teria dado na mídia! Quanto choro! Quanta como-ção! No entanto, já estamos em 2011 e muita gente nunca havia paradopara pensar por este ângulo.

Se formos levar em conta os ataques terroristas as Torres Gêmeas, emNova Iorque, o número de óbitos no trânsito no Brasil em 2008 se equivalea 14 ataques como aquele ocorrido em 11 de Setembro de 2001, quando2.800 pessoas perderam a vida. Totalizando uma média mensal de ataquesde 1,15 no país.

Já os números da guerra são ainda mais assustadores. Na Guerra doAfeganistão, que durou de 2001 até 2010, 13.200 pessoas morreram entrecivis e soldados americanos e aliados, produzindo uma média anual de1.886 óbitos. Comparando esses números com o número de mortes no trân-sito no Brasil, é como se em 2008 tivessem ocorrido quase 20 guerras nopaís, sendo uma em SC. Que tragédia!

No entanto pouco se fala sobre esses números de morte. Ou, quando sefala, parece que essas vidas ceifadas não passam de números e todos con-tinuam a viver como se no Brasil não existissem problemas. Muita gentechega até a se vangloriar por morar num país pacífico, quando na verdade,estamos muito piores do que o temido Oriente Médio.

Passe adiante essas informações e se una conosco em prol de um trânsi-to mais seguro, numa espécie de corrente do bem – divulgando e realizan-do boas práticas no trânsito e, assim, ajudando a preservar a tão preciosavida humana.

Jornal do MONATRAN -Movimento Nacional de Educação no Trânsito

Sede Nacional: Av. Hercílio Luz, 639 Conj. 911Centro - Florianópolis / Santa Catarina – CEP 88020-000

Fone: (48) 3333-7984 / 3223-4920E-mail: [email protected]

Site: www.monatran.org.br

DIRETORIA EXECUTIVA:

Presidente: Roberto Alvarez Bentes de Sá

Diretores: Romeu de Andrade Lourenção JúniorSergio Carlos BoabaidLuiz Mario BrattiMaria Terezinha AlvesFrancisco José Mattos Mibielli

Jornalista Responsável e diagramador:

Rogério Junkes - Registro Profissional nº 775 - DRT

Redatora: Ellen Bruehmueller - RegistroProfissional nº 139/MS - DRT

Tiragem: 10.000 exemplaresDistribuição: Gratuita

Os artigos e matérias publicados neste jor-

nal são de exclusiva responsabilidade dos

autores que os assinam, não refletindo ne-

cessariamente o pensamento da direção do

MONATRAN ou do editor.

NOTAS E FLAGRANTES

Distúrbios do sonoQuem tem insônia, ronco, apneia,

síndrome das pernas inquietas e sonam-bulismo tem maior risco de sofrer aci-dentes domésticos e no trânsito. Para seter uma ideia, 30% dos acidentes de

trânsito no Brasil tem como causa

o cochilo no volante provocado pornoites mal dormidas. Pessoas que dor-mem ao lado de portadores desses dis-túrbios e crianças também estão entre ogrupo de risco.

Para afastar esses riscos é necessá-rio estabelecer uma rotina para o sono,

mantendo horários para dormir e acor-dar. Deve-se também evitar o consumode estimulantes, como café e refrigeran-tes, assim como bebidas alcoólicas.

Cuidar do emocional também é im-portante, evitando o estresse e procuran-do fazer atividades relaxantes sempreque possível, principalmente nos fins desemana. Não é indicado fazer uso detranquilizantes, que impedem o sono na-tural e repousante. Calmantes só devemser usados por recomendação médica epor um curto período de tempo.

No último dia 21 de junho, o ex-jogador da sele-ção brasileira e ex-treinador da Internazionale (ITA),Leonardo, foi parado em uma blitz da Lei Seca, emNiterói, no Rio. Dirigindo um Golf, o atleta não quisfazer o teste do bafômetro e perdeu a carteira demotorista. O carro, no entanto, não foi apreendido,já que um amigo de Leonardo, que o acompanhava,se prontificou a guiar o carro. Alguns dias depois, ele foi flagrado tomando água decoco com a esposa na praia de Ipanema, também no Rio de Janeiro.

Nota do Editor: Parabéns Leonardo! Água de coco pode!

Mais um famoso que caiu

na blitz da Lei Seca no Rio

Ponte sobre o mar mais longa domundo é inaugurada na China

A ponte sobre o mar mais longa domundo, que atravessa a baía de Jiaozhouda cidade de Qingdao, na província chi-nesa de Shandong, foi inaugurada noúltimo dia 30 de Junho. A ponte de 36,48quilômetros começou a ser construídaem 2007 e custou 14,8 bilhões de yuans

(cerca de R$ 3,6 bilhões). Eladeve encurtar a viagem entre ocentro da cidade ao seu subúr-bio de Huangdao em 30 quilô-metros, diminuindo o tempo deviagem de mais de 40 minutospara 20 minutos, disse HanShouxin, vice-diretor da Co-missão de Administração do

Trânsito da cidade.Nota do Editor: Uma demonstração

que o problema de se fazer uma ponteem cima do mar não é distância, massim vontade. Será que um dia veremosuma ponte ligando o Norte da Ilha aoContinente? Não seria nada mal!

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Julho de 2011 o monatran - 3

PALAVRA DO PRESIDENTE Roberto Alvarez Bentes de Sá

[email protected]

Incompetência ou...

Já dissemos e repetimos a exaustão os números datragédia que ocorre todos os dias no trânsito denosso país. Tragédia essa que ultrapassa qualquer

guerra e atentados terroristas em nosso mundo (comovocê bem viu no editorial desta edição).

No entanto, nesses meus quase 20 anos de luta emprol da vida no trânsito, existe uma situação que eununca entendi. Por que as autoridades e órgãos públi-cos não se unem de fato em prol de um trânsito maisseguro?

Afinal, o que temos acompanhado é um emaranha-do de iniciativas isoladas que quase nenhum avançotrazem para essa causa tão importante.

Talvez alguns já estejam pensando que eu possoestar sendo injusto. Porém, permitam-me apresentaralguns fatos que demonstram claramente esta questão.

Em 21 de novembro do ano passado, foi celebradoo Dia Mundial em Memória das Vítimas de Trânsito -data instituída pela Organização das Nações Unidas(ONU). A cidade escolhida para a ação nacional foiFlorianópolis, capital do segundo estado brasileiro noranking da violência no trânsito.

Apesar de toda a relevância do tema, estranhamente,nenhuma autoridade política catarinense prestigiou oevento. Aliás, o único político presente foi o autor da

Lei Seca, Deputado Federal Hugo Leal, do Rio de Ja-neiro. Pra piorar, o Denatran – órgão máximo do trân-sito no Brasil - também ficou em silêncio. Além denão mandar representantes para o evento emFlorianópolis, não publicou nenhuma matéria sobre oassunto em seu site.

Há poucos meses, o 2º Fórum Internacional sobreMobilidade Urbana repetiu o fiasco do ano passado –terminando sem resultados práticos para a capitalcatarinense, devido à baixa participação das autorida-des, a falta de divulgação entre aqueles realmente in-teressados no assunto e o alto custo para participaçãono evento.

No final do último mês de Abril, durante o passeiodemonstrativo do Transporte Marítimo promovido pelaPrefeitura de Palhoça, o vice-prefeito da capital anun-ciou que faria apresentações de um ônibus marítimono mês de Maio. No entanto, nunca foram apresenta-dos os tais ônibus e há poucas semanas, a Prefeiturade Florianópolis fez uma apresentação de um modelode ônibus do projeto Via Rápida – proposta que segueas características do sistema BRT (Bus Rapid Transit,transporte rápido de ônibus), similar ao já utilizadoem Curitiba/PR há 30 anos.

Para ocasião, a PMF convidou uma série de pesso-

as que não têm nada a ver com o trânsito, dando umaclara demonstração que o seu interesse está longe dequerer resolver o problema da mobilidade da capital,mas sim fazer a sua auto-publicidade. Será que algumdesses projetos vai para frente?

Finalmente, daqui a poucos dias a Polícia Rodovi-ária Federal de Santa Catarina estará desenvolvendoum programa fantástico: o I Seminário Catarinense deSegurança no Trânsito - com o tema “Santa Catarina ea Década Mundial de Segurança no Trânsito: como oEstado pode tirar proveito dela”. Todavia, nem mes-mo o site da Polícia Rodoviária Federal (sede nacio-nal) se interessou em divulgar.

O que está acontecendo? Seria pouco caso? Desin-teresse? Falta de organização? Má fé?

Por que as autoridades e órgãos públicos não seunem de fato em prol de um trânsito mais seguro? Es-tariam os interesses pessoais de promoção acima dosinteresses da sociedade?

Quanto tempo mais o povo continuará cegado poressa cortina de ilusão e promessas não cumpridas?

Já passou da hora de nos organizarmos como soci-edade e darmos um basta nessa hipocrisia que nos en-volve.

Chega de tanta incompetência!

Segundo um levantamento recen-te feito pelo Instituto de Ortopediado Hospital das Clínicas, um em cadatrês acidentados de moto fica comsequelas para o resto da vida. Somen-te em São Paulo, 478 motoqueirosmorreram no ano passado, o que sig-nifica mais de uma morte por dia.

De acordo com o chefe do Cen-tro de Traumas do Instituto Nacio-nal de Traumatologia e Ortopedia(INTO), Leonardo Rocha, o motoci-clista está muito mais expostosequelas graves do que os motoris-tas dos demais veículos. “Essas le-sões são mais graves do que os aci-dentes automobilísticos em funçãodo motociclista ficar menos protegi-do na moto, e essas lesões em fun-ção da alta velocidade e da falta deproteção, você acaba causando umalesão não só do osso, mas tambémda parte dos tendões e dos múscu-los”, explicou.

Um em cada três acidentados de motofica com sequelas para o resto da vida

Um outro estudo feito pela Facul-dade de Medicina da Universidadede São Paulo (FMUSP) com o acom-panhamento de 84 pacientes do Hos-pital das Clínicas (HC) revelou que,de cada dez motociclistas internadospor causa de acidentes de trânsito,oito (82,4%) não conseguem voltarao trabalho após seis meses de trata-mento. Além disso, o estudo mostrouainda que quase metade dos aciden-tados (47%) teve sequelas permanen-tes, incluindo 14,7% que ficaram in-válidos.

Para o ortopedista do HC Marce-lo Rosa, os números indicam que osdanos sociais dos acidentes envol-vendo motos são muito maiores doque a quantidade de mortos. “Alémda morte que, por si só, é um proble-ma grave, há o sequelado, com to-das as implicações econômicas e so-ciais que isso acarreta”. Somente otratamento dos 84 pacientes acom-

panhados pela pesquisa custou R$ 3milhões.

Como possíveis causas dos aci-dentes, o estudo aponta a imperíciae imprudência dos pilotos. Segundoa pesquisa, 80% dos motociclistasacham que não foram culpados pe-las colisões e quedas. Marcelo Rosa,que também é piloto de motocicleta,acredita que o dado demonstra que“a percepção deles de perigo é umpouco alterada”. De acordo com apesquisa, 32,4% dos pacientes apren-deu sozinho a conduzir motocicletas,25% aprenderam em autoescolas,19% com amigos e 19% com paren-tes.

Na opinião do médico, falta o en-tendimento da fragilidade do veícu-lo de duas rodas no trânsito. “A pes-soa que dirige moto tem que seconscientizar que está usando ummeio de transporte que é mais frágil.Portanto, o meu cuidado ao dirigir

uma moto tem que ser redobrado”. Sobre o perfil do acidentado, 70%

dos motociclistas pesquisados têmentre 19 e 30 anos e 67% usam oveículo como meio de transporte nodia a dia; 34% utilizam para o lazere 31% em atividades profissionais.

O representante da Federação deMotoclubes de São Paulo, PauloCésar Lodi, atribui o elevado núme-ro de acidentes graves à formaçãodeficiente dos motociclistas. “Sehouver uma boa educação, um rigormaior na lei para tirar a carta [Car-teira Nacional de Habilitação], amédio e longo prazos a gente conse-gue fazer alguma coisa”.

Enquanto Leonardo Rocha acre-dita que os números de acidentes en-volvendo motoqueiros só irá dimi-nuir quando houver a mudança decomportamento da sociedade, cominformação e educação desde a in-fância.

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4 - o monatran Julho de 2011

Poucas semanas depois deafirmar à equipe de reporta-gem do Jornal O Monatranque não havia nenhuma pre-visão para inauguração daBeira-Mar Continental - dadaa complexidade dos proces-sos de desapropriações discu-tidos na justiça, o Secretáriode Obras da capital, LuizAmérico Medeiros, disse aoJornal Diário Catarinense quea obra ficará pronta até o fimdo ano.

Segundo a matéria publi-ca-da na primeira semana deJunho, no DC, a intenção erarecomeçar as obras ainda na-quele mês. No entanto, até ofechamento desta edição emmeados de Julho, nenhummovimento nesse sentido foipercebido. Além do mais, nãofoi noticiada nenhuma desa-propriação daquelas que es-tão sendo discutidas na justi-

BEIRA-MAR CONTINENTAL

Secretário faz novas promessasPresidente

da

Associação de

Moradores do

Estreito diz

que a

comunidade

está

indignada

com a

situação da

via que vai

afunilar o

trânsito num

bairro

residencial.

ça - o que deixa qualquer umcom o pé atrás quanto a datade inauguração da avenida,visto o histórico de descum-primentos.

Cansado de tantas pro-messas e preocupado com oaparente descaso da Prefeitu-ra em relação a obra, o presi-dente da Associação dos Mo-radores do Estreito (AME),Ari do Nascimento, procurouo presidente doMONATRAN - MovimentoNacional de Educação noTrânsito, Roberto AlvarezBentes de Sá, a fim de relatarseu descontentamento, quereflete as preocupações dosmoradores da região.

Pra começar, Ari obser-vou que a promessa originalera levar a Beira-Mar Conti-nental até a BR 101 - o queestá muito longe de se tornarrealidade. “O que a gente está

vendo é uma via de 1,5 km,com um único sentido, quevai desviar o trânsito paradentro do Bairro Balneário”,reclama, alertando para oponto mais problemático daobra: a transferência equivo-cada do tráfego para uma árearesidencial.

O presidente da AMElembra também que o proje-to prevê a mudança de senti-do da Rua Fulvio Aducci,obrigando os motoristas aacessarem a Beira-Mar Con-tinental que, no fim das con-tas, vai afunilar e despejartodo o tráfego para dentro deum bairro. “Do jeito que está,acho que é melhor nem abrir.Se não resolverem a questãodo Bairro Balneário, é trocarseis por meia dúzia.”, afirma.

Outro problema apontadopelo líder comunitário é odesnível da pista em relação

ao comércio e residências.“Em alguns pontos, chega ater uma diferença de 1,5 m.Quem tinha uma casa de ape-nas um pavimento ficou es-condido pela avenida e mui-tos têm sofrido com a falta deum sistema de escoamento daágua pluvial que desce dosmorros e acaba alagando osimóveis. A impressão que dáé que foi um projeto feitomeio aos trancos”.

Embora acredite nos be-nefícios da obra para a comu-nidade, Ari lamenta a demo-ra na execução do projeto e afalta de cuidado para com oque já está pronto. “A pro-messa é que um dia, isso aquiserá bonito, com muitos atra-tivos para quem mora na re-gião. Vai ser bom, mas elesprecisam concluir a obra di-reito, enfatiza.

In Locu - Outro proble-

ma que foi observado e regis-trado “in locu” pela equipe dereportagem do jornal OMonatran, foi o livre acessoa via - apesar da obra não tersido entregue – possibilitan-do a má utilização da aveni-da que está servindo de esta-cionamento e permite quecarros fiquem circulando nosdois sentidos da via - de mãoúnica, gerando uma grandepossibilidade de acidentesgraves.

Curiosamente, tambémpode ser observada a falta depropósito da via que, por en-quanto, como diria o prefeitoda capital, “liga o nada a lu-gar nenhum”.

Iluminação Pública -Um dos pontos questionadospela última reportagem doJornal O Monatran sobre oassunto e uma preocupaçãodos moradores do Estreito éa falta de Iluminação Pública- diretamente ligada com aconstante ameaça à seguran-ça na região.

Responsabilidade da Pre-feitura, o sistema de ilumina-ção estava na dependência damelhoria de quatro pontospor parte da empresa de dis-tribuição de eletrecidadeCelesc. No entanto, nos últi-mos dias 16 e 17 de Julho, aCelesc conclui os trabalhosdos dois últimos pontos, vol-tando a responsabilidade paraa PMF que deve instalar ocabeamento e realizar a co-nexão do seu sistema ao daCelesc.

Segundo o gerente da di-visão técnica da RegionalFlorianópolis da Celesc,Adriano Luz, todo esse traba-lho tem condições de ser con-cluído no prazo de duas sema-nas. Agora é esperar pra ver!

Ari do Nascimento, presidente da AME, conversa com Roberto Bentes, do Monatran e Adriano Luz, da Celesc

Page 5: Jorna l O Monatran - Julho de 2011

Julho de 2011 o monatran - 5

Jose Roberto de Souza Dias *

DIRIGIR, UM DIREITO DE TODOS

* Doutor em Ciências Humanas e Mestre em

História Econômica pela USP, Professor

Adjunto da UFSC, criou e coordenou o

Programa PARE do Ministério dos

Transportes e foi diretor do Departamento

Nacional de Trânsito - Denatran. Secretario

Executivo do Gerat, da Casa Civil da

Presidência da República, Diretor de

Planejamento da Secretaria de Transportes

do Rio Grande do Sul, Presidente do

Instituto Chamberlain de Estudos

Avançados e membro do Conselho

Deliberativo do Monatran – Movimento

Nacional de Educação no Trânsito.

Os acidentes de trânsito no Bra-sil voltaram aos índices alar-mantes do passado, agravados

pelo crescimento da frota de motocicle-tas, em todo o País. A situação tornou-se tão crítica que o Instituto de Ortope-dia e Traumatologia, IOT, do Hospitaldas Clínicas da Faculdade de Medicinada USP, se viu na contingência de se en-volver diretamente na realização de umprograma permanente de redução da vi-olência no trânsito.

Pesquisa recente realizada pelo IOT,referente ao período 2010/11, revela quea maioria dos motociclistas aprenderama dirigir sozinhos, com amigos ou fami-liares. Na maioria, 32%, são autodida-tas, 19% contaram com o apoio de al-gum amigo e exatamente na mesma pro-porção, foram os iniciados por um fa-miliar.

Importante observar-se a extremagravidade do problema aqui apresenta-do. Setenta por cento dos motociclistasinternados no maior hospital do Brasilcomeçaram a equilibrar-se em uma motosem a menor noção de trânsito.

Estes números por si só são alarman-tes e tornam-se ainda mais graves quan-do se considera que de cada quatro mo-tociclistas internados no HC, apenas umaprendeu a dirigir em um Centro de For-mação de Condutor - CFC.

Importante se faz salientar que as es-tatísticas aqui apresentadas referem-seaos dados obtidos em um único hospitalda maior cidade brasileira.

Para compreender toda esta situação,relevante se faz distinguir a atitude so-cial que representa dirigir uma motoci-cleta, pois envolve cidadania, responsa-bilidade civil, respeito ao direito dosoutros, conhecimento de legislação detrânsito, leitura perfeita da sinalizaçãohorizontal e vertical, direção defensiva,noções básicas de primeiros socorros,princípios de funcionamento mecânico

usuários do sistema individual passama arriscar suas vidas e a dos outros, trans-formando-se em alvos e armas de umaguerra urbana.

Só uma grave miopia política, parase dizer o mínimo, pode explicar o estí-mulo ao transporte individual e a totalfalta de comprometimento com a forma-ção e reciclagem dos condutores de ve-ículos.

Tudo bem, que este tipo de ensinotécnico esteja nas mãos de entidades pri-vadas, mas cabe ao Estado o papel fun-damental de fiscalizar, orientar, instruiresse tipo de atividade. Afinal, trata-sede uma das principais causas de morteexterna no País.

Difícil crer que, até hoje, não se te-nha percebido que dirigir é um direitode todos, inclusive dos que não possu-em um veículo. As pessoas provenien-tes das camadas de baixa renda têm osmesmos e legítimos direitos que qual-quer outro cidadão. Isso obriga que secriem centros públicos de formação decondutores, ou, um sistema de bolsascomo hoje já existe em outros setoreseducacionais.

Recursos para isso existem de sobra,é só cumprir com o que manda o Artigo320 do CTB, ou seja, que toda a receitaarrecadada com a cobrança das multasseja aplicada, exclusivamente, em sina-lização, engenharia de tráfego, de cam-po, policiamento, fiscalização e educa-ção de trânsito.

Mas, isso não basta! O combate aoacidente de trânsito passa obrigatoria-mente pela melhoria no transporte pú-blico.

Caso emblemático é o trem-bala, li-gação entre Campinas, São Paulo e Riode Janeiro. Em 2008 custaria R$ 20 bi-lhões, hoje se especula que chegue aos53 bilhões de reais, para transportar 3,8milhões de passageiros.

Ao contrário, o previsto para obras

e perfeito domínio do equipamento e nãosomente manejar e equilibrar-se sobreduas rodas.

Assim, não é de todo estranho que55% dos pacientes que participaram dapesquisa do IOT já tenham sofrido ou-tro acidente de trânsito e que 80% nãoconsiderem que a imprudência tenhasido sua.

Tais resultados demonstram que osacidentes de trânsito estão diretamente re-lacionados com a questão da cidadania ea precária formação dos condutores.

Outra questão que não pode ser des-prezada é a que se refere à qualidade dotransporte público e os preços das mo-tos de baixa cilindrada, praticados pelomercado brasileiro.

Para muitos usuários é muito maisvantajoso e prático adquirir uma moto-cicleta de baixa cilindrada do que de-pender de serviços de transporte coleti-vo que, na maioria das cidades brasilei-ras, são de péssima qualidade.

Pesquisas do Instituto de Ortopediae de Traumatologia da USP confirmama crescente migração de usuários dotransporte público para as motos de bai-xa cilindrada. Isto pode ser constatadopelo crescente número de internamentosde motociclistas que usam o veículocomo meio de transporte e não como ins-trumento de trabalho.

Mas há outro fator que somado a es-tes, amplia a gravidade desta situação.Trata-se do preço de um curso de habi-litação, considerado muito alto e desme-surado para quem compra uma moto aperder de vista. Por exemplo, paga-sepor um curso, em media, entre mil e mile quinhentos reais em quatro ou seismeses, enquanto a prestação de umamoto zero de baixa cilindrada pode seraté de cem reais em quarenta e oito ve-zes.

Por falta de opção, confiantes na sor-te e na falta de fiscalização, estes novos

do metrô em todo o Brasil, entre 2007 e2010, era de apenas R$ 3,1 bilhões, paratransportar 609 milhões de passageiros,conforme dados divulgados pela impren-sa nacional provenientes do gabinete dosenador Aécio Neves.

Em resumo, com um valor 17 vezesmenor transportam-se 160 vezes maispassageiros. Desafoga-se o trânsito ca-ótico das cidades brasileiras e liberam-se leitos hospitalares.

Em Florianópolis, Santa Catarina, aopção pelo transporte individual parecenão ser muito diferente. Prevalece a es-colha pela construção de uma quartaponte - que na verdade é a terceira, poisa primeira está desativada há muitosanos – ao invés de estimular o transpor-te público marítimo ou implantar ummetrô leve, tipo monotrilho, com médiacapacidade de transportar pessoas, semcausar engarrafamentos, que seriam so-luções mais apropriadas.

Privilegia-se, dessa forma, o veículoparticular, estimula-se a compra de mo-tos e carros em substituição ao transpor-te público de baixa qualidade e jogam-seos congestionamentos um pouco maisadiante.

A violência no trânsito só diminuiunos países que investiram maciçamenteem educação, formação de condutorese transporte público de qualidade. Estána hora de segui-los!

Page 6: Jorna l O Monatran - Julho de 2011

6 - o monatran Julho de 2011

As obras nas SC-401 e SC-405, em Florianópolis, são exe-cutadas com a promessa de queno próximo verão os motoris-tas não passem mais tempo napista do que nas praias da Ilha.Na temporada, quando o núme-ro de carros aumenta, é comummoradores e visitantes esbarra-rem em obras inacabadas queatrapalham o trânsito e atrasamos planos de milhares de famí-lias.

Desta vez, o DepartamentoEstadual de Infraestrutura(Deinfra), diz que será diferen-te. Com o cronograma em dia,o órgão garante que os dois tre-chos das vias estarão totalmen-te transitáveis no prazo final,dezembro deste ano. Até 15 dedezembro, segundo o diretor doDeinfra, Paulo Meller, a SC-405 estará pronta. Já a SC-401,se não estiver completamenteconcluída, terá as quatro pistastotalmente transitáveis.

4ª LIGAÇÃOGoverno bate o martelo

No último dia 08 de Julho, o Go-verno do Estado divulgou a definiçãoquanto ao modelo da quarta ligaçãoentre a Ilha e continente. Será umaponte convencional, similar às pon-tes Pedro Ivo Campos e ColomboSalles. A nova ligação será erguidaentre a Avenida Beira-Mar Norte e obairro Estreito, sendo que o projetoprevê ainda a construção de um ater-ro hidráulico para integrar o comple-xo à BR-101.

O governador Raimundo Colomboguarda o projeto em seu gabinete. Emum “book”, de capa dura e na corbranca, estão expostos detalhes doprojeto. O material traz desenhos dosvários projetos pensados para a quar-ta ligação, como a ponte convencio-nal, a ponte estaiada e o túnelsubaquático. Traz também os motivosporque o governo acabou optandopela ponte convencional.

O túnel, embora tenha custo simi-lar ao da ponte convencional, tem umamanutenção bem mais cara, até pela

quantidade de energia elétrica queconsumirá. Já a ponte estaiada foi des-cartada porque, mesmo com preçomenor, encobriria a visão da PonteHercílio Luz, que é um patrimônio doEstado.

O custo estimado para a obra, que

prevê a construção de umaponte convencional com oitopistas e acesso de 9km até aBR-101, é de cerca de R$ 900milhões. Para financiar o em-preendimento, o governadorpretende comercializar 500 milmetros quadrados do aterro hi-dráulico, via Parceria Público-Privada (PPP).

A área total do novo aterroé estimada em 1,78 milhão demetros quadrados. Destes, 509mil metros quadrados serãodestinados para o uso públicomunicipal, estadual e federal.

Já os cerca de 776 milmetros quadrados restantesserão utilizados no sistema vi-

ário e equipamentos urbanos. O pro-jeto traz propostas para o uso da área,com áreas verdes, estacionamentos,espaços para lazer, marinas, píer eáreas para o esporte.

Os desenhos que integram o ma-terial mostram ideias para a urbani-

zação e aproveitamento dos espaços,como a construção de prédios moder-nos, embora Colombo já tenha adi-antado que não serão construídos“espigões” naquela área.

Tratativas com Marinha e ór-gãos ambientais - No momento, o go-vernador trabalha em negociações paratirar o plano do papel. As tratativasenvolvem órgãos ambientais e a Mari-nha, já que para chegar até a BR-101,uma nova via terá como obstáculo aEscola de Aprendiz de Marinheiros, noEstreito. Colombo aguarda estes con-tatos para anunciar o projeto.

A interlocutores, o governadorafirmou que não queria anunciar umaobra com estas dimensões sem antester, por exemplo, um pré-estudo de vi-abilidade ambiental. No dia 30 deJunho, Colombo recebeu um laudo daFundação Estadual do Meio Ambiente(Fatma) atestando que a obra enfren-tará alguns obstáculos ambientais,mas nenhum “intransponível”.

SC-401 e SC-405 vão ganhando caras novasDeinfra garante que SC-401 e SC-405 estarão duplicadas no próximo verão

Enquanto os trabalhosacontecem, motoristas e mora-dores precisam aprender a con-viver com as vias transforma-das em canteiros de obras. Para93 moradores da SC-405, noSul da Ilha, as mudanças vãoalém da poeira, dos desvios dotrânsito e do barulho das má-quinas. Eles precisaram deso-cupar os terrenos, ou partedele, para que a terceira pista,no sentido bairro/Centro pu-desse ser feita.

Na SC-401, o deslocamen-to dos postes do sentido Cen-tro/praias até Ingleses deve ter-minou no final do mês de Ju-nho. Na próxima semana come-çam as mudanças de Ingleses aCanasvieiras.

A fundação do viaduto daVargem Pequena, segundoMeller, também está concluídae a previsão é terminá-lo emsetembro, quando começam asobras de acesso ao local.

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Julho de 2011 o monatran - 7

Ildo Raimundo Rosa *

O Trânsito e a Corrupção

* Delegado da Policia Federal. Ex-presidente do IPUF

– Inst i tuto de Planejamento Urbano de

Florianópolis. Ex-secretário da Secretaria de Segu-

rança Pública e Defesa do Cidadão de Florianópolis.

Membro do Conselho Deliberativo do MONATRAN -

Movimento Nacional de Educação no Trânsito.

Dois assuntos vêm dominando a pauta

jornalística nos últimos dias, um asso

ciado aos incríveis acidentes ocorridos

em vias públicas de nossas cidades, onde vidas

são ceifadas de forma dramática e quase sem-

pre em decorrência do uso abusivo de bebidas

alcoólicas e do excesso de velocidade.

O outro assunto diz respeito à corrupção,

onde diferentes órgãos governamentais de for-

ma reiterada promovem um verdadeiro “assal-

to” aos cofres públicos diante da revolta gene-

ralizada da opinião pública.

A mais recente acusação envolve justamen-

te o órgão responsável pelas estradas e pelo

transporte em todo o Brasil.

As suspeitas ocasionais quanto ao trabalho

desenvolvido pelo Ministério dos Transportes

deram lugar a uma mal-cheirosa operação onde

de forma sistêmica e continuada recursos pú-

blicos passaram a engrossar as contas correntes

dos caixas de campanha geridos por políticos

inescrupulosos, a partir de processos licitatórios

fraudados, chegando-se assim a somas

estratosféricas o que contrasta de forma eviden-

te com as dificuldades endêmicas de nossas ro-

dovias, levando inclusive o poder público a op-

tar pela terceirização, transferindo para empre-

sas privadas a gestão dos trechos de melhor

trafegabilidade, não sem antes investir somas

vultuosas na construção e manutenção das vias.

Para uma pessoa comum do povo é difícil

entender e muito menos aceitar que logo após

concluir de forma onerosa uma via pública ela

seja transferida para uma empresa privada, que

fica por vários anos locupletando-se dos bene-

fícios do pedágio, responsável tão somente por

sua manutenção, feita em muitos dos casos de

forma precária e sem nenhuma contrapartida.

Contudo, a “privatização” mais onerosa ao

interesse público é a causada pela corrupção

endêmica, que fortalece o crime organizado,

mantendo redes de proteção para tal atividade,

valendo-se inclusive das próprias estruturas do

estado para beneficiar-se em detrimento da po-

pulação brasileira.

A mesma classe política que se envolve com

tais atividades é a que aprova novas leis e ao

mesmo tempo promove alterações na própria lei

processual, que não consegue atender a expec-

tativa da população em contar com uma legisla-

ção penal moderna e ágil que não gere essa cres-

cente sensação de impunidade que gradativa-

mente vem tomando conta de todos.

Assim sendo, parece por demais claro que, tan-

to para o acidente que acabou de ser provocado

na frente da nossa rua, quanto a nova denúncia

sobre fraudes do poder público no BRASIL de-

pendem de todos nós, pois é através de nosso voto

que acabamos legitimando esse estado de coisas

e a própria classe política brasileira.

GOOGLE STREET: SC entra no mapaAs ruas das cidades catarinenses

vão aparecer no Google. As imagenscapturadas no Estado serão disponi-bilizadas no Google Street View, recur-so que mostra vistas panorâmicas de di-versas regiões do mundo.

O monitoramento começou a ser fei-to no final de Junho. Carros do Googleestão percorrendo os bairros das cida-des de Santa Catarina, primeiro nosmunicípios maiores, como Florianó-polis, Joinville e Blumenau, e depoisnos menores. A empresa não divulga da-tas precisas da captura das imagens.

Equipados com 15 câmeras, os veí-culos tiram fotos em 360 graus. A em-presa também utiliza triciclos paramonitorar locais em que não é possívelchegar de carro. Após a captura dasimagens, começa a fase de tratamentodas fotografias.

Não há previsão de quando as ima-gens captadas em SC estarão disponí-veis no site, mas é provável que sejam

Monitoramento

já começou e as

imagens serão

exibidas até o

fim do ano

exibidas até o final do ano, segundo aassessoria de imprensa do Google.

No Brasil, os estados de São Paulo,Rio de Janeiro e Minas Gerais já pos-suem imagens no Street View. No total,51 cidades brasileiras já foram

monitoradas e estão no Google.Para garantir a privacidade dos

moradores dos locais fotografados, oGoogle utiliza uma tecnologia queborra automaticamente os rostos eplacas de carro. O usuário também

pode pedir à empresa que aplique oefeito em outras imagens, como pes-soas e casas. Para acessar, entre emwww.googlemaps.com e digite o ende-reço a ser procurado, ou aproxime coma ferramenta de zoom.

Page 8: Jorna l O Monatran - Julho de 2011

8 - o monatran

Monatran apresenta antepCENTRO DE EXCELÊNCIA

Julho d

No dia 27 de Junho, o Presiden-

te do MONATRAN – Movimento

Nacional de Educação no Trânsi-

to, Roberto Alvarez Bentes de Sá,

juntamente com os Conselheiros da

entidade, José Carlos Pacheco, Jose

Roberto de Souza Dias e Ildo

Raimundo Rosa estiveram reunidos

com os representantes do Sapiens

Parque, o Diretor Presidente Saulo

Vieira, o Diretor Executivo José

Eduardo Azevedo Fiates e a Geren-

te Executiva Carolina Menegazzo,

a fim de apresentar o estudo preli-

minar do projeto arquitetônico do

Centro de Excelência de Trânsito.

Para tanto, estava presente o ar-

quiteto Guilherme Simon, repre-

sentando o Studio Domo Arquite-

tura & Design, empresa responsá-

vel tecnicamente pela elaboração

do projeto e adequação ao Master

Plan (Plano Diretor) do Sapiens

Parque.

A área de 5.060,57 m² foi con-

templada por um lindo prédio line-

ar que abrigará três pavimentos,

onde serão instalados um Centro de

Desenvolvimento de Estudos e Pes-

quisas Tecnológicas e Científicas

de Trânsito, uma Escola Pública de

Trânsito, uma Escola Infantil de

Trânsito, um Centro de

Reciclagem de Motoristas, um

Centro de Formação de Professo-

res, além da administração da en-

tidade e um Centro de Eventos.

Complementando o projeto

paisagístico, foi proposta a cons-

trução de duas praças de convivên-

cia e passeio, o plantio de árvores

e a instalação de uma cobertura

jardim sobre o prédio principal.

O projeto foi muito elogiado por

todos os presentes e muito pouco

deverá ser alterado, já que a maior

parte do planejamento já está de

acordo com o Plano Diretor do

Sapiens Parque. “Fiquei muito sa-

tisfeito com o trabalho. É um pro-

jeto limpo, sem nada em excesso”,

afirmou Saulo Vieira, enfatizando

ainda a ótima localização da área

cedida ao Monatran. “Ali vai ser

uma área privilegiada, à beira do

lago e com acesso quase que direto

a SC 401”, destacou.

Já para José Eduardo Fiates,

além da excelência do projeto

arquitetônico, é importante lembrar

que o Centro do Monatran deverá

ser uma referência nacional em prá-

ticas, tecnologias e inovações vol-

tadas para um trânsito seguro. “Pre-

cisamos trabalhar o projeto técnico

do Centro pra aproveitar oportuni-

dades e capacitar recursos para sua

construção”, afirmou.

José Roberto Dias completou a

ideia dizendo que o Monatran po-

deria se transformar num produtor

de inteligências voltadas para a qua-

lificação de condutores de veículos,

desenvolvendo e implantando o uso

de simuladores. “Para isso, seria in-

teressante juntar aquilo que a UFSC

já produz, com as tecnologias in-

ternacionais, criando convênios em

prol de um trânsito mais seguro”,

sugeriu.

Ao final, Roberto Bentes escla-

receu que, logo depois do projeto

ser aprovado integralmente pelo

Conselho e Diretoria do Sapiens

Parque, será elaborado um portfólio

completo, contendo todas as infor-

mações a respeito do Centro Edu-

cacional e Tecnológico de Trânsito

do Monatran, que tem como objeti-

vo o desenvolvimento e implantação

de cursos e tecnologias pensadas es-

pecificamente para a segurança viá-

ria e a conscientização de adultos e

crianças. “Acredito que um dos mai-

ores problemas do nosso trânsito é a

má formação dos nossos condutores.

Mas através desse Centro de Exce-

lência, conseguiremos escrever uma

nova história colorida pelas milha-

res de vidas que serão preservadas

no trânsito”, confia.

Roberto Alvarez Bentes de Sá, presidente do Monatran, e Conselheiros da entidade reunido

Da esquerda para direita: Saulo Vieira, Carolin

José Eduardo Azevedo Fiates, José Roberto de

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o monatran - 9

projeto ao Sapiens ParqueA DE TRÂNSITO

de 2011

O que é o

Sapiens Parque?

O Sapiens Parque está localizado a 25 km do cen-

tro de Florianópolis, capital do estado de Santa

Catarina. O empreendimento compreende uma área

de 4,5 milhões m², localizado no Norte da Ilha da

Capital.

O Sapiens é um parque de inovação onde

tecnologia, meio-ambiente, arte e ciência se encon-

tram para oferecer novos horizontes, com o objetivo

de promover e fortalecer os setores econômicos que

já são vocações da capital catarinense como o turísti-

co, serviços e tecnologia, sem deixar de lado a ques-

tão ambiental e o bem estar da sociedade. Busca con-

solidar Florianópolis como a capital brasileira do

“Conhecimento” e da “Qualidade de Vida”, constru-

indo um ambiente com altíssima tecnologia, onde a

criação de novas competências, conhecimentos e va-

lores devem ser utilizadas como principal fator de

competitividade para as empresas e instituições ali

instaladas.

O Sapiens Parque é um empreendimento con-

cebido dentro de um novo conceito que busca mes-

clar e melhorar projetos como: parques científicos,

complexos urbanos novos e revitalizados, empreen-

dimentos comerciais ou de entretenimentos, parques

temáticos de última geração, centros de educação,

cultura e lazer, buscando integrar os elementos posi-

tivos destas experiências dentro de uma perspectiva

de sustentabilidade, diversidade e competitividade,

diferenciando-se de outros empreendimentos por

focar o projeto no ser humano e em conhecimento/

sabedoria.

A infraestrutura do Sapiens Parque é projetada

para prover às pessoas um ambiente diferenciado do

ponto de vista urbanístico, paisagístico e estético, tudo

para estimular e facilitar o espírito inovador e a coo-

peração de outras pessoas

dos com diretores do Sapiens Parque na apresentação do Projeto pelo arquiteto Simon

ina Menegazzo, Roberto Alvarez Bentes de Sá, José Carlos Pacheco, Ildo Raimundo Rosa,

de Souza Dias e Guilherme Simon.

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10 - o monatran Julho de 2011

JUDICIÁRIO

O ministro Marco Aurélio,relator da Ação Direta deInconstitucionalidade (ADI 4447)que questiona dispositivos do De-creto nº 1.655/95 (que define acompetência da Polícia Rodoviá-ria Federal), os quais estariam emdesacordo com a Constituição Fe-deral, admitiu o ingresso no pro-cesso da Federação Nacional dosPoliciais Rodoviários Federais(FENAPRF), na qualidade de ter-ceiro.

O relator ponderou, ao analisaro pedido da federação, que “o preceitoatacado mediante a ação direta deinconstitucionalidade versa sobre as atri-buições da Polícia Rodoviária Federal”.Dessa forma, o ministro entende que éconveniente ouvir a entidade que congre-ga os servidores da corporação.HISTÓRICO

A ADI 4447 foi proposta no Supre-mo, em agosto de 2010, pela AssociaçãoNacional dos Delegados de Polícia Fe-deral e a dos Peritos Criminais Federais.Para as entidades de classe, a permissãolegal para que os policiais rodoviáriosfederais executem atos privativos da po-lícia judiciária – como interceptações te-lefônicas, cautelares de prisão, busca eapreensão, quebra de sigilos e perícias –invadiu a atribuição reservada à PolíciaFederal pela Constituição.

Na ação, as associações afirmam que

FENAPRF é admitida comoterceiro em ADI que questionaatribuições da PRF

o problema surgiu depois que o Ministé-rio Público Federal e órgãos estaduais pas-saram a demandar à Polícia RodoviáriaFederal atividades que não têm nenhumarelação com o patrulhamento ostensivo dasrodovias federais. “O Ministério Públicotem frequentemente requisitado, emdesconformidade com a legislação e aConstituição, a atuação da Polícia Rodo-viária Federal (polícia administrativa) paraexecução de atividade típica de polícia ju-diciária, e fundamenta-se na Lei Comple-mentar nº 75/93, art.8º c/c Decreto nº1.655/95, art. 1º, incisos V e X”, salien-tam os advogados das associações.

Os dispositivos questionados – incisosV e X do artigo 1º – dispõem que compe-te à Polícia Rodoviária Federal “realizarperícias, levantamentos de locais, bole-tins de ocorrências, investigações, testesde dosagem alcoólica e outros procedi-

mentos estabelecidos em leis e re-gulamentos, imprescindíveis àelucidação dos acidentes de trân-sito” e, ainda, “colaborar e atuarna prevenção e repressão aos cri-mes contra a vida, os costumes, opatrimônio, a ecologia, o meio am-biente, os furtos e roubos de veí-culos e bens, o tráfico de entorpe-centes e drogas afins, o contraban-do, o descaminho e os demais cri-mes previstos em leis”.

“As normas impugnadas, quesubtraem a competência da polí-

cia judiciária para entregá-la à PolíciaRodoviária Federal, não podem afetardiretamente o conteúdo de normas cons-titucionais e legais, sob pena de usurpara competência estabelecida na Consti-tuição. A investigação policial, desen-volvida exclusivamente pela polícia ju-diciária, formalizada mediante o inqué-rito, constitui procedimento administra-tivo de caráter essencialmenteapuratório. É peça informativa que ins-trui ações penais. Sob pena de graveofensa à Constituição – art. 144, § 1º,IV e § 4º –, essa investigação não podeser realizada pela Polícia Rodoviária Fe-deral, tampouco pode ela realizar perí-cias ou atuar na repressão e apuração deinfrações penais. À Polícia RodoviáriaFederal está reservado, constitucional-mente, o patrulhamento ostensivo dasrodovias federais”, enfatiza a ADI.

As ações penais por embriaguez notrânsito que tramitam no Tribunal deJustiça de Santa Catarina (TJSC) de-verão ser suspensas. Os julgamentos sóacontecerão depois que os ministros doSuperior Tribunal de Justiça (STJ), emBrasília, decidirem quais são os meioseficazes para que haja a comprovaçãodo crime ao volante. Hoje, muitos mo-toristas infratores têm conseguido ab-solvição porque não havia contra elesa prova do teste do bafômetro. Costu-mam se negar a fazer o exame com oaval da própria Constituição, que de-sobriga a pessoa a produzir prova con-tra si.

A suspensão das ações penais noTJSC é uma determinação do STJ, con-cedida a pedido da coordenadoria de

STJ suspende processos de embriaguez ao volante em SCrecursos do Ministério Público de SC.Os procuradores do MPSC mostraramno STJ que o TJSC vinha julgandoações de embriaguez mesmo sem a de-finição do tribunal de Brasília de quaisos meios que podem ser usados para seconstatar esse crime de trânsito.

O MPSC não informou quantasações devem ser atingidas no Estado.Também não está prevista a data do jul-gamento do STJ sobre os meios da com-provação do estado de embriaguez. Aassessoria de imprensa do TJSC disseque a maioria dos desembargadores temabsolvido os réus que não passarampelo teste do bafômetro, mas que tam-bém há casos de condenação quando há,por exemplo, testemunhos contundentesda embriaguez.

Para o presidente da comissão de se-gurança, criminalidade e violência daOrdem dos Advogados do Brasil (OAB/SC), Juliano Keller do Valle, a medidaé importante porque o STJ irá estabele-cer a segurança jurídica sobre o assuntopara os dois lados – tanto de acusaçãoquanto de defesa.

O advogado lembra que há outrosmeios que podem servir como prova daembriaguez além do bafômetro. Cita astestemunhas, exame clínico e até a aná-lise da fala do motorista. “A decisão temo objetivo de estabelecer normas no casodas pessoas que se negam a fazer o exa-me de bafômetro. Com mais coerênciana prova pericial, os objetivos podem seralcançados”, diz o advogado, sobre aaplicação da chamada lei seca.

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Julho de 2011 o monatran - 11

LEGISLATIVO

Sem prejuízo da aplicação de mul-tas por eventual excesso de velocidade,empresas e empregadores ou pessoasque contratarem serviço e insistirem emdescumprir a Lei 12.436/11 - que proí-be práticas que obriguem os motoboysa correrem no trânsito - também vão terde acertar as contas com a fis-calização trabalhista. A inicia-tiva da lei partiu do senadorMarcelo Crivella (PRB-RJ) erecebeu a sanção da presidenteda República Dilma Rousseffno último dia 06 de Julho.

Por se tratar de uma normade proteção ao trabalhador, caberá aosauditores do Ministério do Trabalho eEmprego investigar se aqueles empre-gadores adotam as seguintes práticas e,assim, levam os motoboys a desrespei-tarem os limites de velocidade no trân-

Multa para quem induzir motoboya desenvolver alta velocidade

sito: oferta de prêmios por maior volu-me de entregas ou prestação de serviço;dispensa de cobrança ao consumidor emcaso de entrega ou serviço prestado forado prazo; estímulo à competição entremotoboys para elevar o número de en-tregas ou de serviços prestados.

Se os fiscaisconstatarem ouso de algumdesses recursos,proibidos pelaLei 12.436/11,aplicarão multaao empregador

infrator oscilando de R$ 300 a R$ 3 mil.Essa penalidade alcançará sempre o graumáximo em caso de reincidência ouquando ficar comprovado o emprego deartifício ou simulação para fraudar a lei.

A Consolidação das Leis do Traba-

lho (CLT) regula, em seus artigos 626 e627, as formas de fiscalização e aplica-ção de multa nestes casos. Além de vi-sitas regulares ou aleatórias a esses em-pregadores, os fiscais poderão agir mo-tivados por denúncia do cidadão ou re-clamação trabalhista.

Na justificação de sua proposta(PLS 98/07), Crivella ressaltava resul-tado de estudo do Ipea (Instituto dePesquisa Econômica Aplicada), de2001, que estimava o custo anual deacidentes em áreas urbanas do país emR$ 5,3 bilhões. O parlamentar chama-va atenção ainda para a disparidadeentre a proporção de acidentes de trân-sito envolvendo motocicletas e outrostipos de veículos. Os motorizados deduas rodas respondiam por 90% dasocorrências, enquanto os demais parti-cipavam com apenas 9%.

A Comissão de Seguri-dade Social e Família apro-vou no último dia 29 de Ju-nho o Projeto de Lei 460/11,da deputada Mara Gabrilli(PSDB-SP), que torna infra-ção grave (cinco pontos nacarteira de habilitação) o usoindevido de vagas de esta-cionamento para idosos eportadores de deficiência fí-sica. O texto tramitaapensado ao PL 131/11, dodeputado Antonio Bulhões (PRB-SP), que trata do mesmotema, mas rejeitado pela comissão.

Hoje, o Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9.503/97) nãoprevê punição específica para esse tipo de conduta. A normadetermina apenas que estacionar o carro em desacordo com asinalização para vagas exclusivas seja considerado infraçãoleve (três pontos na carteira), punida com multa e remoção doveículo.

O relator da proposta, deputado Pastor Marco Feliciano(PSC-SP), concordou com o aumento da punição para os in-fratores. “Frequentemente as vagas de estacionamento reser-vadas às pessoas idosas ou com deficiência são utilizadas poraqueles que não atendem aos requisitos necessários para ousufruto do direito”, disse.

Feliciano defendeu a aprovação do PL 460/11, apensado,sob argumento de que o texto “estabelece as mesmas medi-das da proposição principal, adotando, no entanto, outra for-ma de redação e apresentando detalhamento de conceitos”.

TRAMITAÇÃOOs projetos tramitam em caráter conclusivo e ainda serão

analisados pelas comissões de Viação e Transportes; e deConstituição e Justiça e de Cidadania.

Seguridade agrava punição por usoindevido de vaga de idoso ou deficiente

O Projeto de Lei 711/11, em tramitação na Câmara,determina que a receita arrecadada com a cobrança dasmultas de trânsito seja aplicada também para subsidiaro valor das tarifas do transporte coletivo urbano e me-tropolitano.

Hoje, o Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9.503/97)estabelece a aplicação dessas receitas exclusivamenteem sinalização, engenharia de tráfego, de campo, poli-ciamento, fiscalização e educação de trânsito. O projetomantém essas destinações, acrescentando a possibilida-de de subsídio para tarifas do transporte coletivo.

MÁFIAO autor da proposta, de-

putado Ratinho Junior(PSC-PR), cita reportagemveiculada pelo Fantástico,da Rede Globo, segundo aqual uma “máfia das multase lombadas eletrônicas fatu-ra R$ 2 bilhões por ano”. Odeputado afirma que “é pre-ciso aplicar a quantia arre-cadada com multas correta-

mente e conforme a previsão legal”.Na avaliação do parlamentar, a inclusão do transpor-

te coletivo significa dar uma consistente ajuda a um se-tor absolutamente deficitário e precário, porém vital paraa população.TRAMITAÇÃO

O projeto tramita apensado ao PL 3920/08, do Sena-do. As propostas serão analisadas pela Comissão deConstituição e Justiça e de Cidadania e pelo Plenário.

Arrecadação com multasde trânsito poderá subsidiar

transporte coletivo

Page 12: Jorna l O Monatran - Julho de 2011

12 - o monatran Julho de 2011

As federações das indústri-as de Santa Catarina, Paranáe Rio Grande do Sul (FIESC,FIEP e FIERGS), com o apoioda Confederação Nacional daIndústria, se unem para darinício ao que será o maior es-tudo até hoje realizado sobremodais de transporte na regiãoSul, interligados aos países vi-zinhos (Argentina, Uruguai,Paraguai e Chile). No dia 1° dejulho, na sede da FIESC, emFlorianópolis, foi feito o lan-çamento catarinense do proje-to Sul Competitivo, que visatraçar uma radiografia do quehá hoje e apresentar soluçõesintegradas para o transporte deprodutos através de portos, ae-roportos, ferrovias, hidrovias,dutovias e rodovias.

A integração técnica des-ses modais pode gerar reduçãode custos e dar rapidez a todoo sistema de circulação demercadorias, gerando maiorcompetitividade da região. Opontapé inicial do estudo emSanta Catarina reuniu empre-sários, associações produtivase autoridades estaduais paraconhecer detalhes sobre o de-senvolvimento do projeto.“O grande diferencial desseestudo é a busca por soluçõesintegradas para os três esta-dos, também com vistas aoMercosul. Dessa forma, serápossível otimizar os recursosbuscando a competitividadeda região”, diz o presidente doSistema FIESC, AlcantaroCorrêa.

Durante a primeira fase doSul Competitivo, uma equipede 12 profissionais fará umamplo diagnóstico das condi-ções da infraestrutura de trans-portes na região sul e noMercosul, bem como estuda-

NOTA DA ASSOCIAÇÃO DOS ENGENHEIROSDO DNIT SOBRE AS NOTÍCIAS DE CORRUPÇÃO“Serei rígida na defesa do interesse público. Não haverá compromisso com o erro, o

desvio e o malfeito. A corrupção será combatida permanentemente, e os órgãos de con-

trole e investigação terão todo o meu respaldo para atuarem com firmeza e autonomia.”

(Presidenta Dilma Roussef, no discurso da posse)

A Associação dos Engenheiros do DNIT - AEDNIT vem declarar ao povo brasileiro que

os Engenheiros do DNIT têm como ideário as palavras da nossa Presidenta Dilma Roussef

proferidas em seu discurso de posse, e que igualmente não compactuam com o erro, com

o desvio e com o malfeito, congratulando-a pelas ações incisivas adotadas durante a

primeira semana de Julho, voltadas para restabelecer a moralidade no Ministério dos

Transportes e no DNIT.

Um dos efeitos mais perversos da corrupção é a intencional desorganização do Esta-

do. O DNIT desestruturado, com insuficiência de pessoal, submetido a permanente inge-

rência política continuará a ser submetido à ação nefasta de agentes políticos, sem com-

promissos com a técnica ou com o interesse público.

A substituição dos dirigentes será inócua, se não forem adotadas medidas voltadas

para a reestruturação, profissionalização e melhorias das práticas de gestão, somente

possíveis com adequação do quadro servidores à demanda, investimentos em capacitação,

aparelhamento e remuneração justa Comprometidos com a missão do DNIT, seus Enge-

nheiros, que muito se orgulham do trabalho que realizam pelo progresso do País, reivindi-

cam:

1. Estruturação das Superintendências e Unidades Locais, se implantando o

organograma funcional adequado;

2. Provimento dos cargos em comissão do Grupo de Direção e Assessoramento Supe-

rior, até o DAS 101.4, exclusivamente para os servidores ativos dos quadros permanen-

tes;

3. Convocação dos 100 engenheiros remanescentes, aprovados no último concurso;

4. Autorização para realização de novos concursos;

5. Cancelamento dos editais de terceirização.

Brasília, 7 de julho de 2011

José Augusto Veloso Pinto Eng. M.Sc.

Presidente da AEDNIT

Federações seunem parainiciar o maiorestudo delogística do Sul

rá as 19 principais cadeias pro-dutivas produzidas, exporta-das e/ou importadas pela re-gião Sul do país o que repre-senta cerca de 70 produtosagrícolas, minerais, florestaise industriais, levantando osgargalos logísticos e respecti-vas soluções.

“Também serão analisadosnúmeros sobre a produção atu-al e futura e o local de consu-mo de todas essas cadeias,bem como as matrizes origem-destino e o impacto destas nocusto logístico. E visitaremosportos e outros modais detransporte do Chile, Argenti-na, Uruguai e Paraguai paraentender como funciona alogística de escoamento dostrês estados sulistas por essasvias. O objetivo final será o derealizar uma priorização dosprojetos de infra-estrutura detransportes necessários na re-gião sul com base no seu po-tencial de redução do custologístico e conseqüente aumen-to da competitividade da re-gião”, explica Olivier Girard,sócio da Macrologís-tica,consultoria que está à frente dodesenvolvimento do estudo,incluindo diagnóstico e pro-postas de soluções. A empresatambém foi a responsável peloProjeto Norte Competitivo, umconjunto de soluções logísticaspara os nove estados que inte-gram a Amazônia Legal, entre-gue ao governo federal emmarço de 2011.

“No estudo que culminouno Norte Competitivo, foramidentificados 42 eixos Integra-dos de transporte. Desses, fo-ram priorizados nove eixos ca-pazes de gerar economia de R$3,8 bilhões anuais nos custoslogísticos da região. Nesse

novo estudo, que envolve osestados que servem de portaprincipal para o comércio comos países do Cone Sul, o setorprivado novamente toma a ini-ciativa buscando redução se-melhante, a fim de tambémtornar a região Sul do paísmais competitiva”, afirmaGirard.

As visitas técnicas come-çaram no dia 11 de julho e, em

três meses, os primeiros diag-nósticos dos gargaloslogísticos da região devem serapresentados.

Para o presidente doMONATRAN – MovimentoNacional de Educação noTrânsito, Roberto AlvarezBentes de Sá, a união dos trêsestados do Sul do Brasil é umgrande avanço para a mobili-dade da região. “Sempre de-

fendi a união dos estados deSanta Catarina, Paraná e RioGrande do Sul em prol da mo-bilidade. É uma pena que estadecisão não tenha partido dopoder público. Porém, aindaassim, nos acende uma peque-na chama de esperança de quecom a pressão dos três esta-dos, o governo federal aja demaneira mais eficiente”, de-clarou.

Reunião da Câmara de Transporte e Logística realizada na sede da FIESC, em Florianópolis.

Filipi Scott/FIESC

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Julho de 2011 o monatran - 13

Primeiro foram os chats, de-pois as mensagens de texto. Ago-ra os aplicativos estão distraindojovens motoristas. Mais de um ter-ço dos estudantes de uma univer-sidade dos Estados Unidos afir-mou usá-los atrás do volante.

De acordo com novas pesqui-sas da UAB (Universidade doAlabama), até mesmo motoristasque já relataram acidentes anteri-ores envolvendo aplicativos de ce-lulares não conseguem resistir ausá-los enquanto dirigem.

“É assombroso, assustador.Muito pouco dessa atividade sedeve a negócios urgentes. É soci-alização e entretenimento”, disseDavid Schwebel, diretor do labo-ratório de segurança da juventu-de da UAB, que supervisionou oestudo.

Dez dos quase cem estudan-tes da UAB entrevistados no es-tudo relataram acidentes direta-mente relacionados à direção dis-traída nos últimos cinco anos, etrês deles tiveram dois acidentesno período.

Todos que participaram da

APLICATIVOS DE CELULAR sãocausas de acidentes de trânsito

pesquisa são donos de smart-phones e usam aplicativos ao me-nos quatro ou mais vezes por se-mana.

“O que salta aos olhos é o nú-mero de participantes que afirmoucompreender que o uso da internetem aparelhos móveis na direção éperigoso, mas continua fazendoisso”, disse Lauren McCartney,que trabalhou no estudo.

Socializar pelo telefone pare-ceu mais importante para algunsestudantes universitários do que asegurança no trânsito. “Eles pare-cem bastante interessados em se

manter atualizados com o que to-dos estão fazendo a cada hora dodia”, disse McCartney.

Um décimo dos estudantesadmitiu usar frequentemente ouquase sempre aplicativos ao diri-gir. Mais de um terço os utiliza devez em quando.

Nota do Editor: No Brasil,embora não existam estudos espe-cíficos, a situação não deve serdiferente. E o perigo tende a sermuito maior se levarmos em con-ta as más condições das estradase a falta de consciência de gradeparte dos motoristas.

Quando dirige falando no celular,o motorista reage de maneira mais len-ta, esquece o retrovisor, não vê placasde sinalização, avança o sinal, reduzou ultrapassa a velocidade indicada,tem dificuldade de trocar as marchas enão consegue manter o trajeto correto.

De acordo com um estudo da Associação Brasileira de Medi-cina do Tráfego, o tempo de reação do motorista quando está nocelular aumenta em 50%, e o número de acidentes triplica.

Ainda assim, muitas pessoas têm dificuldade de largar o celu-lar quando estão na direção. Um novo sistema promete ajudarquem não consegue se controlar.

A americana Taser lançou o Protector, que bloqueia funçõesdo telefone que exigem muito o uso das mãos, como envio demensagem de texto ou navegação na Internet

É preciso instalar um aplicativo no celular e um dispositivo nocarro, que fica conectado ao veículo.

Quando o aparelho detecta que o motorista ligou o carro, seconecta via Bluetooth ao aplicativo no celular e bloqueia as quasetodas as funções do telefone. Ligações para serviços de emergên-cia continuam ativas.

O aparelho custa US$ 100, pode ser importado, mas é precisocontratar um plano de serviços do fabricante.

Aparelho BLOQUEIA

funcionamento do

celular dentro do carro

Nos EUA, 5.500

pessoas foram

mortas por acidentes

causados por

distração ao volante,

em 2009.

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14 - o monatran Julho de 2011

CARTAS

Mensagem ao presidente

“Amigo Roberto Bentes, Tenho lido todas as edições que me chegam deO Monatran, cada vez melhor. E a cada leitura,cresce a minha convicção: a maldição dasociedade urbana e moderna de hoje é o trânsito,os automóveis. Um abraço, cumprimentos pelotrabalho e esforço. No que eu puder, contecomigo. Abraços.”

Luiz Carlos Prates - Florianópolis/SC

Palavra do Presidente“Aproveitando sempre uma boa leitura,principalmente com orientações. Retorno a este paradar-lhe os parabéns pelo ótimo artigo de junho/2011“Radares da Vida”. Ele não deveria ater-se somenteneste jornal, porém projetar em outro porque é umartigo ótimo e útil a nós. Acredito que a solução dosradares seja comprar os serviços e nós mesmosusarmos e não dividir o resultado das multas. Se eucomprar um automóvel, automaticamente me tornarei dono dele. É uma opinião particular.Obrigado pela atenção!”

Alcione Sell Wagner - Florianópolis/SC

Dor que não prescreve“Ao ler o editorial da última edição fiqueipensando: quão difícil deve ser a vida daquelesque escrevem as leis. Num primeiro momento,parece que eles não têm coração. Como pode umcrime de trânsito prescrever num período tãocurto de tempo? No entanto, creio que o maiorproblema não seja esse. Mas sim, a complacênciade nós cidadãos que não nos indignamos eaceitamos toda essa tragédia como umacircunstância natural da vida. Precisamos tomarum novo rumo. E é urgente!”

Claudio Guerra – Campo Grande/MS

Radares da Vida“De fato um radar honestamente instalado se tornaum grande aliado da vida. É uma pena que nossasautoridades parecem não saber utilizar esseequipamento tão benéfico. Só nos resta torcer paraque nossos semelhantes resolvam por si só respeitara vida dos outros no trânsito.”

Lidia Linhares – São José/SC

Herança“Não sabia que o nosso ex-presidente FernandoHenrique Cardoso já tinha chegado aos 80 anos. Semdúvida alguma, ele deixou um legado esplêndido atodos nós brasileiros. Enquanto muitos só se lembramdo Real, foi muito bom relembrar a atuação dele notrânsito. De fato, os resultados dos programasimplantados por ele, na época, demonstraram aredução no número de acidentes e de vítimas fatais.”

Alessandro Dias – Brasília/DF

Seminário Catarinense“Estou bem ansiosa para acompanhar osresultados do 1º Seminário Catarinense deSegurança no Trânsito, promovido pela PRF/SC.Espero que, dessa vez, as autoridades da GrandeFlorianópolis se engajem na causa da DécadaMundial de Segurança no Trânsito. Aproveitopara parabenizar a PRF/SC.”

Cristina Santos – Florianópolis/SC

Autoescolas“Interessante saber sobre o aumento da exigência nasavaliações dos futuros condutores e o endurecimentona fiscalização de todo o processo de formação.Realmente era necessário. Infelizmente, algumasautoescolas não estavam cumprindo o papel deformar bons motoristas. Algumas só queriam saberde receber o dinheiro, sem se preocupar se o motoristaparticipava das aulas ou não.”

Anderson Cadori - Palhoça/SC

Pardais“Essa história dos pardais de Florianópolis está umavergonha. A prefeitura faz de conta que não é que elae a população continua a sofrer com a ação dos mausmotoristas que só respeitam a legislação de trânsitoquando vigiados. Como escreveu o Dr. Ildo, temosque buscar uma solução que vise preservar o interessepúblico, independentemente das ações que foremempreendidas pelos responsáveis. Mas tem que serrápido!”

Igor Bruehmueller – Florianópolis/SC

Estressadinhos“Eu já sabia! Mas foi bom comprovar cientifi-camente que os homens são sete vezes maisestressados que as mulheres no trânsito. Chegam aser chatos. Espero que os homens que lerem a matériaresolvam aprender alguns exercícios de paciência erelaxamento. Pavio longo galera!”

Ana Bela – Rio de janeiro/RJ

Molhado no ponto“É lamentável que o ato de molhar o pedestre só resulteem multa se a ação for visualizada por um agente detrânsito. Eu que ando muito de ônibus já cansei de vermotoristas cruzarem a pista só para ter o prazer demolhar quem está parado no ponto. Deveria existiruma outra forma para punir estes infratores.”

Ermelino Lima – São Paulo/SP

Boa Vontade“Gostaria de parabenizar a equipe do jornal OMonatran por, finalmente, apresentarem o outrolado da história. Realmente, a prefeitura deFlorianópolis vinha se fazendo de vítima ecolocando o Ministério Público como bicho papão.Agora que vocês revelaram que, para ofuncionamento dos radares, depende ‘apenas’ daboa vontade da PMF, ela foi desmascarada. Noentanto, a nós não resta muita esperança; já queboa vontade é tudo que a PMF não parece ter.”

Lucas Granado – Florianópolis/SC

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Julho de 2011 o monatran - 15

DECIBÉIS VERSO

ESTRESSEQueremos paz de criança dormindo.Pode parecer implicação ou coisa de louco, mas quem se de-

tiver no centro da cidade, ficará estupefato, senão atordoado como impressionante barulho da cidade produzido pelos veículos queali trafegam.

São ônibus caminhões, automóveis e especialmente motoci-cletas, sem considerar, betoneiras e o tradicional caminhão dolixo, num frenesi, tal qual animais ferozes a rugirem, todos ávi-dos por assumir a dianteira, numa demonstração inequívoca deque a pressa é seu principal companheiro, ou quem sabe, umaforma imperceptível da ira ou incontida revolta de seus conduto-res.

Nossa legislação ambiental define poluição sonora, como adegradação da qualidade ambiental, resultante de atividades quecriem condições adversas à saúde, segurança e bem-estar da po-pulação. Deve-se, portanto, imputar ao ruído fora dos padrões deaceitabilidade, como sendo considerado uma das formas mais gra-ves de agressão ao homem e ao meio ambiente.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, o limite tolerávelde ruído ao ouvido humano é de 65 decibéis. Acima disso, o nos-so organismo é submetido a sérios riscos de comprometimento àsaúde, cuja intensidade pode variar de moderada a severa gravi-dade, atingindo situações como a irreversível perda da capacida-de auditiva.

Além deste aspecto negativo, o barulho excessivo leva o indi-víduo comumente a estados depressivos e altamente estressantes.Tal fato é particularmente verdadeiro e constatado pelos psicana-listas, que cada vez mais solicitados, bem comprovam estaassertiva. Quando a poluição sonora afeta grande parte de umacidade, como no caso de trânsito intenso, a questão se agrava,por ser generalizado, porquanto compromete um grande númerode pessoas, se convertendo então, num problema de saúde públi-ca.

Segundo dados na área trabalhista, uma das principais causasde incapacidade funcional tem sido a perda auditiva devido aoexcesso de barulho. Com a tecnologia que a indústria automobi-lística hoje dispõe, sabemos que os veículos vêm equipados comdispositivos que reduzem ao máximo o ruído do motor. É de seperguntar então, por que razão são os carros tão barulhentos, es-pecialmente se levarmos em conta que existe, uma legislação queregulamenta perfeitamente esta questão.

A lei 9605/98, que trata de crimes ambientais, configura cri-me: “causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que re-sultem ou possam resultar danos à saúde pública”.

Portanto, muitas das sequelas hoje sofridas pelo cidadão, sedevem ao ensurdecedor ruído por ele mesmo provocado, peloabuso na alteração do escapamento e consequente falta de fisca-lização dos veículos que transitam livremente pelas ruas.

Neste particular, as motocicletas gozam do privilégio de se-rem as mais molestas pois, parecem fruírem de privilégios espe-ciais, porque além do estrepitante barulho que provocam, transi-tam incólumes, sequer respeitando os semáforos. É preciso quehaja uma forte cobrança, especialmente por parte da sociedade afim de despertar a comunidade de sua letargia e conformismo einvocar seus direitos demonstrando seu repúdio, especialmentecontra os órgãos fiscalizadores.

Só assim poderemos nos mostrar merecedores de uma cidademais tranqüila e pacífica, pois sem dúvida, tal anseio representaem última análise, a qualidade de vida que tanto se almeja.

* Cirurgião-Dentista

Membro da Academia Catarinense de Odontologia

Governo quer implantar a mesma medida que fez a Suíça

diminuir em 30% o número de acidentes de trânsito entre jovens

PLACAR DA VIDA

Sete dias sem morte notrânsito de Campo Grande/MS

ESPAÇO LIVRE Daltro Halla *

No último dia 1º de Ju-lho, o Placar da Vida com-pletou sete dias consecuti-vos de vidas preservadas notrânsito de Campo Grande/MS. Este é o número recor-de de dias desde que o pla-car foi inaugurado, no dia11 de maio. Desde então onúmero recorde era de seisdias e foi atingido apenasduas vezes. E até o fecha-mento desta edição, o recor-de ainda não havia sido ul-trapassado.

Criado pela AgênciaMunicipal de Transporte e Trân-sito de Campo Grande (Agetran)por ocasião do lançamento mun-dial da Década de Ação pela Se-gurança no Trânsito, o Placar daVida, reproduzido em diversospontos da cidade, mostra o núme-ro de dias em que a capital doMato Grosso do Sul permanecesem vítimas do trânsito.

Toda vez que alguém morrevítima do trânsito (no local daocorrência ou em até 30 dias deinternação), o placar é zerado. Atorcida, portanto, é para que oplacar permaneça com o númerocrescente o maior tempo possí-vel. “A ideia é induzir as pessoasa fazerem uma reflexão sobre apaz no trânsito” disse Rudel Trin-dade Júnior, presidente da

Agetran e do Gabinete de Ges-tão Integrada de Trânsito (GGIT)de Campo Grande.

Cruzando os dados doDenatran (Departamento Nacio-nal do Trânsito) com os do Cen-so 2010 do IBGE, a Capital játem mais carro do que motorista– levando em conta a frota de404.664 veículos e os 385.374habitantes na faixa etária entre 20e 69 anos – idade da maioria dosmotoristas. Ou seja, isso repre-sentaria 1,05 carro por habitan-te. Claro que o número represen-ta uma média e que a distribui-ção não é igualitária.

Além disso, Campo Grandetem 91 mil motocicletas em cir-culação, o que aumenta o perigode acidentes, uma vez que, os

motociclistas estão mais expos-tos a acidentes graves. Segundoa Agetran, os jovens e os motoci-clistas continuam sendo os prin-cipais grupos de riscos no trânsi-to.

Com o objetivo de reduzireste cenário estão sendo instala-das lombadas eletrônicas e rada-res em diversas localidades daCapital e também estão sendorealizadas blitz educativas em de-terminados pontos da Cidade.

Ainda dentro do programa,que será dividido em três ações,incluem 55 estrelas amarelas pin-tadas nos locais onde ocorrerammortes no trânsito da Capital.

O Placar da Vida tambémpode ser acompanhado pelo site:http://placardavida.blogspot.com/

ALEMANHA: mesmo após obtenção da carteira,

motoristas precisam frequentar aulas de trânsito

O governo alemão pretendetomar mais uma medida para di-minuir as mortes no trânsito en-tre os jovens. A proposta é quetrês meses após a obtenção dacarteira de habilitação o jovemtenha que tomar mais algumasaulas práticas. Segundo o gover-no, a inspiração veio da Suíça,que desde 2003 adota a prática ejá diminuiu em 30% os acidentesde jovens no trânsito.

Esta seria a segunda medidaalemã para diminuir os acidentescom jovens. A primeira foi a au-torização de obter a carteira demotorista já com 17 anos, mas,

para isto, durante um ano só épermitido trafegar com uma pes-soa habilitada junto.

Especialista em gestão detrânsito e mobilidade urbana pelaPUC-PR e coordenadora do sitewww.educacaoetransito.com.br,Maria Amélia Franco, consideraque a adoção de medidas simila-res a estas no Brasil precisa servista com cautela. “As aulas aquiainda são muito voltadas para oexame prático do DETRAN e ofuturo condutor não tem a cons-ciência de que são para aprendera conduzir um veículo de formasegura para toda a vida. Pensam

apenas na habilitação como umdireito conquistado por um tes-te”, lamenta.

Segundo ela, primeiro é pre-ciso que o país invista massi-vamente em campanhas educa-tivas. “Há uma cultura a ser mu-dada. E a ideia da direção du-rante um ano com outro adultoexperiente é muito boa, mas pre-cisa ser precedida de um traba-lho de conscientização dos paise de fiscalização efetiva”, diz. “Ohistórico que vemos nas ruasmostra o contrário: pais estimu-lando os filhos a guiarem, semavaliar se eles estão aptos”.

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16 - o monatran Julho de 2011

Por que viramos monstros no trânsito?O ambiente pode até se um

desencadeador, mas segundo estudos

internacionais, a maioria dos indivídu-

os agressivos no trânsito é portador de

transtorno explosivo intermitente

(TEI), que atinge 6% da população

mundial. De acordo com a psicóloga

Maria Christina Armbrust Virginelli

Lahr, a relação do TEI com o trânsito

é estudada há mais de 60 anos, pelo

risco de saúde pública.

Isso porque eventos negativos no

trânsito são o gatilho da sensação de

raiva, que sempre vem acompanhada

de frustração e falta de respeito pelos

outros, que fazem com que o motoris-

ta transfira sua sensação de culpa para

o outro. E, “quanto mais um motorista

fica remoendo um incidente no trânsi-

to e pensando nisso, mais está predis-

posto a ter um ataque de fúria”, expli-

ca Leon James, professor de psicolo-

gia da Universidade do Havaí que es-

pecializou-se em stress no trânsito.

O grande problema, segundo a psi-

cóloga Maria Christina, é que as pes-

soas não procuram tratamento porque

acham que é normal. “Mas essa

agressividade afeta a vida delas, pode

trazer prejuízos pessoais, profissio-

nais”, afirma complementando que o

agressivo se sente vítima de injustiça,

tem incapacidade mental de lidar com

frustração e não suporta ser criticado.

“Nunca houve tantos estímulos para o

TEI se manifestar”, observa a psicólo-

ga que completa dizendo que a sensa-

ção de anonimato no trânsito favorece

o sentimento de hostilidade pelo ou-

tro.

Este era o caso do analista de siste-

mas William Cruz, 37 anos, que não

dirige há cinco anos, a não ser em ca-

sos de extrema necessidade. A decisão

foi tomada porque William percebeu

que se transformava quando estava ao

volante. “Cheguei a ser perseguido por

um maluco com a arma para fora da

janela e a perseguir alguns outros para

me vingar de uma fechada”, diz o ex-

motorista agressivo. “Dirigir me tira-

va do sério e me transformava em ou-

tra pessoa. Cheguei a ter ataques de

fúria, aliviados com socos no volante

e gritos de raiva com a janela fechada,

por frustração de estar parado”, conta.

Ele deixou o carro pela bike, e os sin-

tomas passaram.

Como ele, muitas outras pessoas

perdem a cabeça ao volante e fazem

coisas que jamais fariam em juízo nor-

mal. De acordo com a Polícia Militar

de São Paulo, 70 chamadas diárias são

para resolver brigas de trânsito.

CURA

Para Leon James, o transtorno não

acomete a todos que perdem a cabeça.

“A direção agressiva é um mau hábito

que tem cura”, acredita. Pelo mundo a

fora, a raiva desproporcional que tira

as pessoas do sério no trânsito é co-

mum em grandes cidades e tem até uma

expressão em inglês: “road rage”.

Diante de níveis alarmantes dessa

doença social, São Paulo tem adotado

medidas para minimizar caos no trân-

sito, como reduzir a velocidade das

vias. Isso porque a forma como a cida-

de está organizada também faz dife-

rença no gatilho da raiva: entre os fa-

tores que Maria Christina elenca, está

o mau estado de conservação das ruas

e estradas, a falta de iluminação, a fal-

ta de controle dos agentes de trânsito,

a negligência com os próprios erros,

carros obstruindo os cruzamentos e a

pressa.

Há uma explicação antropológica

também. “Ter uma infraestrutura fun-

cional e limpa faz você dirigir melhor.

É como entrar na casa de uma pessoa:

se é asseada e organizada, você é con-

duzido ao comportamento educado”,

afirma o antropólogo Roberto da

Matta, autor de “Fé em Deus e Pé na

Tábua”, sobre o comportamento do

brasileiro no trânsito.

Para o antropólogo, todas essas es-

tatísticas demonstram que o espaço

público brasileiro precisa ser

politizado, no sentido de uma tomada

de consciência para esses comporta-

mentos absurdos – como brigar no

trânsito. “Somos alérgicos a igualda-

de. O sinal vale para todos, no cruza-

mento existe uma regra para dar pas-

sagem. Mas não somos educados para

obedecer isso. No Brasil, desobediên-

cia é um sinal de inferioridade, quem

obedecia era o escravo. Quem manda

não obedece. Numa sociedade demo-

crática, todos mandam e obedecem”.

AUTOCRÍTICA

Os especialistas são unânimes: fal-

ta olhar para o próprio comportamen-

to. É como se a culpa fosse sempre do

outro, e isso justificasse o comporta-

mento agressivo. “Numa sociedade li-

beral e democrática, você trata o outro

como gostaria de ser tratado”, afirma

da Matta. Ele explica que por trás de

frases como “mulher no volante, peri-

go constante”, ou “só podia ser um ve-

lho mesmo”, estão estereótipos que

precisam ser discutidos e desmancha-

dos. O brasileiro também tem uma re-

lação enviesada com o espaço públi-

co, e não sabe se comportar com o co-

letivo. “É uma terra de ninguém onde

existe uma disputa para hierarquizar”.

Como é impossível saber quem está

atrás do volante do lado, por via das

dúvidas é melhor evitar a briga.

Pode parecer que

é só o jeito mais

“pavio curto” de

algumas pessoas,

ou que o trânsito é

assim mesmo, mas

chegar ao ponto

de brigar com

desconhecidos no

trânsito pode ser

uma doença

grave.