jornal enege dezembro de 2013

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www. enegegeologia.blogspot.com.br Edição de final de ano! Dezembro, 2013, nº4 Jornal da ENEGE Executiva Nacional dos Estudantes de Geologia Nesta edição: Editorial: Resgate histórico da ENEGE Mobilizações contra o MRM Problemas no ensino de Geologia Outros... O leilão do campo de libra Recursos naturais brasileiros As manifestações de 2013 Segurança em campo O preço do 47º CBG! EDITORIAL Vicente Medeiros Leivas Araujo - UFRGS Presidente da ENEGE 2013 foi um ano ímpar na história do Brasil, e no destino da classe geológica. Neste ano vimos a sociedade brasileira se levantar e gritar para todo mundo ouvir que queremos mudanças no nosso país, também acompanhamos atentamente os trâmites envolvendo o novo Marco Regulatório da Mineração, que irá decidir o futuro da classe. Em contextos regionais dentro das universidades que praticam o ensino de Geologia podemos constatar dificuldades que muitas vezes são as mesmas em diferentes universidades. Nesta edição do Jornal da ENEGE buscamos resgatar a história da ENEGE, trazer à tona temas polêmicos, manifestos e a questão do Marco Regulatório da Mineração. Os artigos apresentados foram redigidos por alunos de diversas escolas, o que reflete o bom momento de articulação pelo qual a ENEGE passa. Após 2 anos de reestruturação da ENEGE, muito bem sucedida, em 2014 devemos aproveitar esta estrutura e laços de união fortes e mais do que nunca fortificar ainda mais a ENEGE através da união e comunicação entre os alunos e Geologia e retomar o caráter de luta histórica que nossa Executiva tem nas costas. Uma excelente leitura e muita Geologia e Luta em 2014! BREVE RESGATE HISTÓRICO DA ENEGE Estefany Alves-UnB (coordenadora de imprensa da ENEGE) A ENEGE (executiva nacional dos estudantes de geologia) foi fundada em 1962 com o intuito de defender os interesses da classe, como a regulamentação da profissão geólogo, a luta contra o Ministro de Educação da época que propunha reduzir os cursos de geologia para três anos e a campanha pela criação de uma empresa estatal de mineração, a MINEROBRAS. Era filiada a UNE (união nacional dos estudantes), que foi alvo da primeira ação da ditadura militar brasileira com a tomada do poder em 1964 sendo sua sede, localizada na Praia do Flamengo 132, metralhada, invadida e incendiada, na noite de 30 de março. Mesmo com a repressão ditatorial, o movimento estudantil continuou existindo às escuras, com uma forte oposição ao regime militar, o que sucedeu em grandes revoluções culturais e sociais em todo mundo no ano de 1968. No entanto, os militares endureciam a repressão em episódios como o assassinato do estudante secundarista Édson Luis e a invasão do Congresso da UNE em Ibiúna (SP), com a prisão de cerca de mil estudantes. No fim do mesmo ano, a proclamação do Ato Institucional número 5 (AI-5) indicava uma violência ainda maior. Nos anos seguintes, a ditadura torturou e assassinou estudantes como a militante Helenira Rezende e o presidente da UNE, Honestino Guimarães, estudante de geologia da Universidade de Brasília, perseguido e executado durante o período de clandestinidade da entidade. Em 1968, com o aumento da repressão militar, houve uma desarticulação da ENEGE, assim estando inativa até 10 anos depois, quando

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www. enegegeologia.blogspot.com.br Edição de final de ano! Dezembro, 2013, nº4

Jornal da ENEGE

Executiva Nacional dos Estudantes de Geologia

Nesta edição:

Editorial: Resgate histórico da ENEGE Mobilizações contra o MRM Problemas no ensino de Geologia Outros...

O leilão do campo de libra Recursos naturais brasileiros As manifestações de 2013 Segurança em campo O preço do 47º CBG!

EDITORIAL

Vicente Medeiros Leivas Araujo - UFRGS Presidente da ENEGE

2013 foi um ano ímpar na história do Brasil,

e no destino da classe geológica. Neste ano vimos a sociedade brasileira se levantar e gritar para todo mundo ouvir que queremos mudanças no nosso país, também acompanhamos atentamente os trâmites envolvendo o novo Marco Regulatório da Mineração, que irá decidir o futuro da classe.

Em contextos regionais dentro das universidades que praticam o ensino de Geologia podemos constatar dificuldades que muitas vezes são as mesmas em diferentes universidades.

Nesta edição do Jornal da ENEGE buscamos resgatar a história da ENEGE, trazer à tona temas polêmicos, manifestos e a questão do Marco Regulatório da Mineração.

Os artigos apresentados foram redigidos por alunos de diversas escolas, o que reflete o bom momento de articulação pelo qual a ENEGE passa.

Após 2 anos de reestruturação da ENEGE, muito bem sucedida, em 2014 devemos aproveitar esta estrutura e laços de união fortes e mais do que nunca fortificar ainda mais a ENEGE através da união e comunicação entre os alunos e Geologia e retomar o caráter de luta histórica que nossa Executiva tem nas costas.

Uma excelente leitura e muita Geologia e Luta em 2014!

BREVE RESGATE HISTÓRICO DA ENEGE

Estefany Alves-UnB (coordenadora de imprensa da ENEGE)

A ENEGE (executiva nacional dos estudantes de geologia) foi fundada em 1962 com o intuito de defender os interesses da classe, como a regulamentação da profissão geólogo, a luta contra o Ministro de Educação da época que propunha reduzir os cursos de geologia para três anos e a campanha pela criação de uma empresa estatal de mineração, a MINEROBRAS. Era filiada a UNE (união nacional dos estudantes), que foi alvo da primeira ação da ditadura militar brasileira com a tomada do poder em 1964 sendo sua sede, localizada na Praia do Flamengo 132, metralhada, invadida e incendiada, na noite de 30 de março. Mesmo com a repressão ditatorial, o movimento estudantil continuou existindo às escuras, com uma forte oposição ao regime militar, o que sucedeu em grandes revoluções culturais e sociais em todo mundo no ano de 1968. No entanto, os militares endureciam a repressão em episódios como o assassinato do estudante secundarista Édson Luis e a invasão do Congresso da UNE em Ibiúna (SP), com a prisão de cerca de mil estudantes. No fim do mesmo ano, a proclamação do Ato Institucional número 5 (AI-5) indicava uma violência ainda maior. Nos anos seguintes, a ditadura torturou e assassinou estudantes como a militante Helenira Rezende e o presidente da UNE, Honestino Guimarães, estudante de geologia da Universidade de Brasília, perseguido e executado durante o período de clandestinidade da entidade.

Em 1968, com o aumento da repressão militar, houve uma desarticulação da ENEGE, assim estando inativa até 10 anos depois, quando

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os estudantes de geologia, tendo em vista um momento de reanimação popular na luta contra o regime militar e as péssimas condições de ensino de geologia na maioria das escolas do país, começaram a se articular através da organização do I Encontro Nacional dos Estudantes de Geologia (ENEGEO), realizado em Recife – PE no fim de 1978, onde foi criada uma Comissão Pró-ENEGE visando à reorganização da Executiva, para a retomada das discussões sobre ensino, questões profissionais e políticas. No III ENEGEO, em 1980, foi recriada a ENEGE com a responsabilidade de articular e dar maior vigor à ação nacional dos estudantes. No mesmo evento foi deliberado o Dia Nacional da Luta contra a quebra do monopólio Estatal do Petróleo e pelo controle popular na exploração dos recursos naturais. Nesse dia os estudantes organizaram atos públicos em diversos lugares do país. Na década de 80, a ENEGE comportou-se como organizadora e difusora das discussões e deliberações feitas nos Encontros Nacionais (ENEGEOs), relacionadas principalmente às questões profissionais e ensino. Participou ativamente das discussões que se desenvolviam na comunidade geológica como, por exemplo, Simpósio Nacional de Ensino de Geologia promovido pela SBG, que teve como resultado o currículo mínimo que balizou a estrutura curricular da grande maioria dos cursos do país. Percebe-se, portanto, que a Executiva vem apresentando um comportamento cíclico, alternando momentos altamente politizados e outros de baixa participação estudantil.

Atualmente a ENEGE busca estar sempre em contato com os estudantes, através dos representantes dos CA‟s (centro acadêmico) juntamente com os representantes das Universidades, pois estando próxima a realidade de cada instituição a luta se mostra mais organizada e unificada.

Neste presente ano de 2013, a nossa classe esta passando por crises encabeçadas por problemas de ordem política, como por exemplo, a proposta de lei do novo Marco Regulatório de Mineração, tal projeto de lei teve uma repercussão negativa por parte dos estudantes, geólogos, e alguns empresários, sendo assim foi

criado o Movimento Consciência Mineral visando uma reformulação desse projeto, devido a esse movimento observou-se uma mobilização por parte dos estudantes tendo até uma manifestação nas ruas e a ENEGE participou ativamente redigindo uma carta para o Lobão (ministro de minas e energias) representando os estudantes, que foi protocolada no Ministério de Minas e Energia, e tendo seus representantes ativos em cada local onde ocorreu a tal manifestação. Esse é apenas um exemplo de como a ENEGE, tem como um de seus principais objetivos a união e luta em prol dos interesses da classe geológica.

AS MOBILIZAÇÕES ESTUDANTIS E DA CLASSE CONTRA O NOVO MARCO REGULATÓRIO DA MINERAÇÃO

Jessica Bogossian- Geóloga formada pela UnB

Nos últimos meses, o setor mineral tem

sido palco de uma série de movimentações nas

regras que regem sua regulamentação e

funcionamento. Apesar de estarem em pauta há

alguns anos, foi neste último mês de junho que o

Projeto de Lei nº 5.807/ 2013, vulgo Marco

Regulatório da Mineração, foi publicado

oficialmente. Diante do estopim apresentado,

diversas manifestações em desfavor ao texto

proposto pelo governo irromperam pelo país, seja

na forma de entidades, associações, empresas ou

mesmo por profissionais desgostosos. Esta onda

de insatisfação, que começou pela falta de

abertura por parte do governo durante o processo

de confecção de um Marco retrogado, culminou

em uma maior organização dos envolvidos, em

busca de mudanças que efetivamente contribuam

para o progresso do país.

Dentre as organizações criadas, os

estudantes, como há muito tempo não se via, se

organizaram pelas principais Universidades de

Geologia do país através do Movimento

Consciência Mineral – MCM. O grupo, nascido na

capital federal, mas com representantes de

importantes escolas do país, é formado por

estudantes, ex-alunos, professores e profissionais

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que se mobilizaram, principalmente via redes

sociais, para discutir e se estruturar diante da

maneira como as decisões estão sendo tomadas

frente ao governo. Sua expressão nacional

ocorreu no Dia da Consciência Mineral (25.09.13),

quando principalmente estudantes foram às ruas

dar seu grito diante da situação. Foram

representadas as universidades da Bahia,

Brasília, Rio Grande do Sul e de Minas Gerais (a

última durante o EXPOSIBRAM).

Além disso, diversas associações de

geólogos publicaram notas de repúdio contra a

proposta, incluindo também sindicatos dos

principais estados mineradores do país. A ABPM

– Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa

Mineral, que retrata empresas de pequeno e

médio porte, tem sido muito importante em meio

a este cenário também, de maneira a tentar

estreitar interesses sem condenar o setor, já bem

prejudicado pelo atual quadro de incertezas e

pela paralização das outorgas pelo DNPM, que já

excede dois anos.

Há cerca de três semanas, o relator da Comissão Especial criada para tratar este assunto, Dep. Leonardo Quintão (PMDB-MG), publicou um substitutivo ao texto original. Este substitutivo traz muitas melhorias em relação ao autêntico, de forma a anular o caráter estatizante e centralizador do Poder Executivo e devolvendo o protagonismo privado para a pesquisa mineral. Além disso, traz melhorias como a possibilidade dos títulos minerários servirem como garantia (valem como ativos), a fixação da CFEM por lei, a criação de mecanismos de financiamento e regras de transição que respeitam o direito adquirido, que colaborarão para o funcionamento do setor. A extinção das chamadas públicas também reconsolida o sistema utilizado em outros países de economia mineira (Canadá e Austrália), de “first come, first served”. O sistema de licitação só será válido para áreas com recurso e reserva comprovados e terá prazo de um ano para sua realização que, caso não concretizada, torna a área livre. Obviamente, isso tudo depende das negociações com os interesses do „governo‟, que não se mostrou muito contente com esse relatório preliminar, que está com sua votação prometida

ainda para esse ano na Câmara. Enquanto isso, nosso país não só deixa de andar para frente, mas caminha para trás mais e mais, muitos profissionais sem emprego e uma ansiedade inerente de saber o desfecho desta prosa.

O LEILÃO DO CAMPO DE LIBRA

Por que sim? Luis Filipe Horta Jr., 10º período de Geologia da UERJ

Vou começar pelo valor do leilão, 16 bilhões

de reais, que muitas pessoas contrárias ao mesmo compararam com o lance dado pelo Aeroporto Tom Jobim no Rio, de 19 bilhões de reais. Muitos consideraram isso um verdadeiro absurdo, como um campo de petróleo com algo em torno dos "10 bilhões de barris" , que vai gerar renda de quase meio trilhão ao final dos 24 anos de produção pode valer menos que o leilão de um aeroporto?

Para responder isso, iniciamos o primeiro dilema e um dos motivos da minha visão “pró-leilão". Existem dois poços que furaram a estrutura de Libra e todos nós como geólogos, ou quase geólogos, deveríamos saber das heterogeneidades dos carbonatos, ainda mais quando se tratam de carbonatos estromatolítico, muitas vezes dolomitizados, como ocorre no pré-sal da Bacia de Santos. Por isso eu diria que este risco representa um pulo pra que esses 10 bilhões que podem ser produzidos, caiam para 5 ou quem sabe apenas 2 bilhões. O grau de incerteza exploratória ainda é absurdamente alto. Dessa forma, comparando com o aeroporto que já existe e que todo mundo sabe que dá lucro, essa informação já agregaria valor para o leilão do aeroporto.

Outro ponto importante a se levar em conta é que o consórcio que arrematou o aeroporto terá que gastar menos de 10 bilhões de reais em reformas no aeroporto, enquanto o consórcio que ganhou o direito de exploração e produção de Libra terá que gastar nada menos do que 180

bilhões de dólares (em algumas fontes, como no setor de economia do site Ig, chegam a falar em 400 bilhões!) para produzir esse campo. Este fato nos garante mais um ponto favorável ao valor mais baixo do leilão de Libra.

Após discutirmos este dilema, podemos passar para outro questionamento importante, que ao meu ver foi de todos o mais

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preponderante para escolha do governo em realizar esse leilão. A Petrobras teria dinheiro em caixa para fazer esse campo produzir? E como todos os governos tem um fim, isso faz deles, infelizmente, imediatistas, ou seja, a idéia era : se quisermos produzir Libra em menos de 10 anos teremos que fazer com que empresas estrangeiras coloquem dinheiro nessa empreitada.

Então, após falar dos motivos que levaram a esse leilão, e já que não será mais possível revertê-lo, é importante refletirmos sobre lado bom da questão.

Primeiro para nós, geólogos. A partir do momento em que quatro empresas estrangeiras entram no nosso mercado, todas elas vão ter que ter cede no Brasil e profissionais brasileiros, “conteúdo local” exigido pela ANP. Isto é, na hora de discutir aonde será furado um poço, a modelagem geológica e todos os trâmites que envolvem nosso conhecimento específico, serão os geólogos de cinco empresas, as estrangeiras e a Petrobras, que irão discutir o assunto e não somente de uma.

Quanto ao Brasil, não acho que o mesmo perde tanto como as pessoas tem protestado, já que este último leilão teve um processo diferente dos feitos anteriormente, sendo esse em regime de partilha. Isso quer dizer que de todo o óleo que irá sair deLibra, as empresas ofertarião quanto seria dado à União (ou devolvido, já que todo bem mineral é da União por lei).

Dessa forma, se pensarmos que a Petrobras adquiriu 40% do bloco e formos pela linha de raciocínio que tudo que é da Petrobras é do Brasil, podemos dizer que 40% de todo óleo já irá para o Brasil. Se considerarmos que dos 60% restantes, 41,65% vão diretamente para a mão do Eestado, elevamos os 40% iniciais para 65% de tudo que for retirado indo para o Estado. Além disso, ainda precisamos adicionar ao bolo os royalties, que irei estimar em aproximadamente 7% (nada consultado), incluindo assim mais 4,5% nos 65% e chegando a quase 70% de lucro destinado ao País. Por fim, podemos ainda somar todos os impostos incidentes , como ICMS, ISS, etc., além de todos os custos de se abrir uma sucursal brasileira que as chinesas irão ter.

Dessa forma diversos economistas tem calculado como retorno para o País algo em torno de 75 a 80%. Sobrando apenas 20% para ser

dividido de forma heterogênea entre as quatro empresas estrangeiras.

Com esses argumentos, acabo de mostrar minha visão do porquê não considerar o leilão de Libra um mal negócio, como é falado por aí.

Por que não?

Vicente Medeiros Leivas Araujo- 8º Semestre de Graduação em Geologia UFRGS.

Na contramão de outros países da América

Latina que estatizaram a produção de seus recursos minerais (hidrocarbonetos principalmente) nos últimos anos nós vemos o Brasil. Uma sequência de governos neoliberais colocou o Brasil e seus recursos minerais literalmente à venda para o capital privado para quem pagar mais, estamos leiloando nossos bens minerais, que, diga-se de passagem, não dão duas safras.

Estima-se que o campo de Libra possua em torno de 10 bilhões de barris de petróleo. Atualmente um barril de petróleo custa aproximadamente 110 dólares equivalentes a aproximadamente 246 reais. Fazendo-se as contas facilmente se chega a conclusão que o valor do campo leiloado é estimado em 2,46 Trilhões de reais! Na pior das hipóteses se apenas 5 bilhões de barris forem recuperados a renda gerada será igual a 1,23 Trilhões de reais. Se o campo produzir 5 bilhões de barris (metade do conteúdo total de petróleo calculado) nos roubaram 1,2 Trilhões de reais! Se o campo produzir os 10 bilhões de barris 2,3 trilhões de reais nos foram roubados tendo em vista os 16 bilhões de reais pagos ao Brasil pelas companhias que irão explorar este campo de petróleo. Esta é a triste matemática do pré-sal.

A lógica do Brasil de leiloar uma de suas maiores riquezas naturais por não apresentar fundos para investimento no campo de Libra é retrógrada. Existe dinheiro sim e todos sabem disso. O que não existe no nosso Brasil infelizmente são políticas de longo prazo que visem o desenvolvimento do nosso país e de seu povo. O que existe é um imediatismo radical que deve ser abolido, mudanças sociais caminham devagar e são de extrema urgência no nosso país. Sem contar que se o governo federal fizesse um investimento maciço para viabilizar a produção de óleo no campo de Libra este dinheiro rapidamente retornaria aos cofres públicos tendo

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em vista os preços do óleo que vem subindo a cada dia. Além dos retornos financeiros precisaríamos de mão de obra qualificada o que fomentaria o investimento em profissionais qualificados.

Tendo em vista o avanço social que outros países que nacionalizaram seus recursos minerais obtiveram, mesmo que de forma lenta; e um roubo histórico (talvez até o maior da história do Brasil) devemos nos posicionar de forma contrária aos leilões e as privatizações que por aqui acontecem. O petróleo é do povo brasileiro e seus lucros devem beneficiar o povo brasileiro e não a meia dúzia de multinacionais. O que está faltando no Brasil são governos que operem para o povo e não exclusivamente para o capitalismo. Há quinhentos anos o Brasil vem sendo explorado e seu povo negligenciado, agora já basta! Não queremos migalhas queremos o que é nosso literalmente por natureza!

OS RECURSOS NATURAIS COMO FONTE DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL NO BRASIL

Vicente Medeiros Leivas Araujo- Geologia UFRGS

O Brasil apresenta um contexto muito favorável ao desenvolvimento social de uma nação. Estamos posicionados geograficamente em uma porção da Plataforma Sulamericana bastante estável sobre o ponto de vista tectônico, possuímos extensa área litorânea e continental, temos recursos hídricos e minerais abundantes, e somos um povo com grande diversidade cultural. Não é à toa que somos a bola da vez no cenário internacional. Somos a 6ª economia mais forte do mundo.

Porém infelizmente o cenário que temos por aqui não é dos melhores por aqui nós vemos: a segunda pior distribuição de renda no mundo, o 86º lugar na educação mundial, graves problemas sociais, problemas na área de saúde pública, altos índices de corrupção que são provocados claramente por interesses próprios por partes daqueles que nos representam.

Nossa grande tarefa como estudantes de Geologia e futuros Geólogos e Geólogas é usar toda nossa força e inteligência e nos unir para mostrar para a sociedade que esse sistema atual é falido e ultrapassdo e que outro mundo ainda é possível.

Já roubaram nosso Ouro, já leiloram nosso minério, há pouco leiloaram nosso pré-sal, qual o próximo passo leiloarem nossa água!?

Não podemos mais tolerar esses saques sistemáticos aos recursos minerais. Devemos lutar por políticas que repassem diretamente a população grande parte dos impostos oriundos de atividades de mineração, extração de petróleo, e garantir que nossa água também não seja entregue de bandeja para o capital estrangeiro. Através destas ações estaremos mostrando a sociedade a nossa importância como pensadores e como profissionais e com certeza iremos receber o apoio e admiração da população. Não sigamos os exemplos da maioria dos médicos e engenheiros brasileiros que vivem exclusivamente para ganhar dinheiro e não apresentam preocupação social alguma. Vamos mostrar respeito e comprometimento com a sociedade brasileira e garantir um futuro bom para as próximas gerações. Essa é claramente a forma mais direta de retorno à sociedade do conhecimento que nos foi proporcionado às custas de impostos pagos por trabalhadores que infelizmente jamais terão acesso à Universidade. Afinal de contas pra que(m) serve a tua Geologia?

2013 O LEVANTE POPULAR E A CRIMINALIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS

Vicente Medeiros Leivas Araujo- Geologia UFRGS

Durante o ano de 2013 participamos ou

vimos um grande movimento social apartidário que reivindicou mudanças sociais e políticas em todo Brasil.

O movimento começou inicialmente na luta por tarifas mais justas para os trabalhadores e passe livre estudantil. Posteriormente tivemos a expansão das lutas atingindo também outros temas, como a questão da copa do mundo, da educação, da saúde pública e outros problemas que enfrentamos no Brasil.

Ao invés dos governos federais, estaduais e municipais aproveitarem a situação para mostrar que querem mudanças e abrirem um canal de comunicação direto com a sociedade o que vimos em todos Brasil foi uma repressão e criminalização dos movimentos sociais que lembrou os tempos de ditadura militar.

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Durante as Jornadas de Junho, como ficaram conhecidas as manifestações no Brasil e no mundo todo, vimos violências policiais das formas mais brutas possíveis contra os manifestantes, prisões políticas e tudo isso sendo acobertado pela grande mídia burguesa, que não quer ver mudanças sociais neste país.

Ano que vêm seremos palco da Copa do Mundo e com certeza não esqueceremos Junho de 2013! Munidos de cartazes, muita disposição e muita vontade de mudanças devemos ocupar as ruas e praças do nosso país para mostrar para os governantes que nós não temos medo de repressão, que nós não iremos nos calar, que nós queremos mudanças urgentes neste país!

Em memória de todxs aquelxs que lutaram por uma sociedade mais justa e contra a repressão da ditadura militar e foram sequestrados, torturados e assassinados.

#JunhoÑacabou

SEGURANÇA EM CAMPO Amanda Lira Porto, 10º semestre Geologia UERJ

“Fiquem atentos, estudantes, toda a atividade de risco imposta exige uma regulamentação adequada, exijam-na!”

Entre 25 e 29 de agosto de 2013, o

desaparecimento e posterior constatação de

falecimento de Yego Cunha Leal, estudante da

Faculdade de Geologia da UFPA/Marabá

durante atividade de campo em Tocantins

chocou toda a Comunidade Geológica do Brasil,

principalmente nós, estudantes. O aluno e mais

dois colegas, além do professor Antônio Emídio de

Araújo Santos Júnior, realizavam mapeamento na

região de Babaçulândia, norte do Tocantins,

quando dois colegas teriam passado mal por

insolação. O aluno e o professor, foram buscar o

carro para socorrê-los. No caminho, Yego

também teria passado mal, pelo mesmo motivo, e

o professor pediu que ele esperasse no caminho.

Quando o professor voltou, Yego havia

desaparecido. Quatro dias depois, o corpo do

estudante de geologia foi encontrado, já em

estado de decomposição, nos arredores da região

em que foi visto pela última vez.

Desde então, o assunto sobre medidas de

segurança no campo voltou às discussões nas redes sociais, em reuniões de departamento, centros e diretórios academicos e até mesmo dentro de casa. Para alguns, mais conformados, tais acidentes são fatalidades, acontecem. No entanto, para outros, o tema fez com que uma triste realidade voltasse a aflorar de maneira tão evidente quanto um monólito no deserto: o despreparo e o desamparo regulamentar da maioria das universidades brasileiras para com trabalhos de campo, sejam de Geologia ou de qualquer outro curso.

Em 2006, a morte de outro aluno, Vinícius Santana da Silva, da UFRN, também durante atividade de campo, acarretou em consequencias polêmicas para a instituição. O aluno, ao se distanciar da turma e do professor com mais alguns colegas para uma área pouco segura, foi vítima de traumatismo craniano-encefálico causado pelo deslizamento de blocos no Pico do Cabugi, Rio Grande do Norte. O professor da disciplina em questão, Vanildo Pereira da Fonseca, respondeu a um processo criminal, sendo condenado ao pagamento mensal durante dois anos de um salário mínimo à família da vítima. Além disso, os alunos também ficaram sem atividades de campo de 2007 , quando o professor foi acusado, até 2010, quando a proposta de “Normas e Protocolo de Segurança das

Atividades de Campo” foi então aceita e oficializada. Segundo o juiz Carlos Wagner, presidente da comissão que aprovou tal documento, “a UFRN é a precursora na elaboração deste documento que servirá de espelho para tantas outras entidades”.

Dentre outros procedimentos, o documento atribui responsabilidades à universidade, ao professor solicitante, ao motorista do veículo utilizado e aos alunos participantes da atividade . Foi estabelecido que a UFRN pagará seguro obrigatório aos participantes da atividade, prestando-lhes assistência a acidentes que requeiram medidas de emergência, atendimento médico e/ou acompanhamento técnico ou jurídico, além também de representação judicial aos docentes e técnico-administrativos em caso de processos judiciais.

Aos professores, compete a elaboração de planejamento detalhado da atividade de campo, com estudo prévio do local, grau de dificuldade e

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necessidade de equipamentos de segurança, garantindo uma efetiva orientação aos alunos sobre todos os procedimentos de segurança e materiais necessários. Ao motorista cabe a manutenção adequada do veículo, a condução segura do mesmo e orientação sobre a conduta adequada dos demais passageiros do veículo.

Já os alunos, dentre outras recomendações, devem preencher e assinar o Termo de Responsabilidade e Conhecimento de Risco, anexos ao documento, e ter comportamento adequado mesmo quando fora dos horários de atividades, podendo responder administrativamente ou judicialmente por posturas impróprias.

Até onde é sábido, além da UFRN, somente a UFMT oficializou um documento similar em Abril de 2013. No entanto, o documento da UFMT não atribui responsabilidades à universidade, tal como o seguro obrigatório estabelecido pela UFRN, além disso, o documento da UFMT é categórica sobre a proibição do uso de bebidas alcoólicas e outros entorpecentes por parte dos alunos. A UFMG também já divulgou uma proposta de documento sobre o tema, mas que ainda nao foi aprovada.

Diante de tais informações, percebemos que, infelizmente, muito pouco avançamos nas universidades brasileiras desde 2010, quando houve a oficialização do primeiro documento zelando pela segurança de atividades acadêmicas de campo. Por isso, faz-se urgente a participação de nós, alunos, para obtermos tal avanço. Precisamos levar as propostas deste documento aos professores, colocando o assunto em pauta para as próximas reuniões de departamento em nossas universidades. Os professores e coordenadores sabem muito bem que tanto eles, como nós podemos sofrer consequencias graves diante da lacuna regulamentar que existe na maioria das instituições sobre o tema. Por isso, estudantes, organizem-se, pressionem, cobrem e se façam ouvidos, pois, não se enganem, nós temos muito mais poder do que pensamos ter!

OBS.: Para mais detalhes, acessem www.enegegeologia.blogspot.com.br e baixem os documentos oficiais da UFRN, UFMT e a proposta da UFMG.

ÁNALISES DE PERSPECTIVAS DESDE A GEOLOGIA UFMT

Valéria Schmidt- Representante da ENEGE UFMT

Pelo mundo afora vemos manifestações

políticas e levantes populares em busca de “Um mundo melhor”, até mesmo “O gigante acordou”. As novas ferramentas das comunicações a nossa favor garantem as condições da propagação da informação e permitem a rápida mobilização social. Milhões de pessoas foram às ruas pelo Brasil afora, e em Cuiabá contabilizamos 60 mil pessoas no Dia Nacional de Lutas (claro que a mídia e a polícia contaram menos). O levante popular pareceu impressionável aos olhos, mas com o tempo as manifestações voltaram a ser cotidianas - como de fato devem pró-ativamente ser.

A revisão do Marco Regulatório era uma das demandas apresentadas nos milhares de cartazes. Motivo de discussão em corredores, temas de palestras e motivação para manifestações junto à sede do DNPM em Cuiabá, o Marco Regulatório é uma preocupação latente. O XIII Simpósio de Geologia do Centro-Oeste – SBG (realizado de 20 a 23 de outubro na UFMT) foi a oportunidade mais abrangente de apresentar leituras e manifestar-se a respeito ocorrida em Cuiabá, já que reuniu no mesmo auditório estudantes, professores, pesquisadores, profissionais da mineração e DNPM. O geólogo e representante da ABPM Luis Antonio Vessani em sua apresentação deu ares de uma luz ao fim do túnel e é exatamente nisso que temos esperanças, que são renovadas com os fatos: o “Texto para discussão 137 do Senado Federal: ANÁLISE DO PROJETO DE LEI DE MARCO REGULATÓRIO DA MINERAÇÃO DO BRASIL” foi organizado e apresentado por acessores parlamentares que "buscaram" entender porque a proposta apresentada pelo governo como "perfeita" e "salvadora" estava sendo questionada pela "classe" da mineração, alterações já foram apresentadas no substituto do Código Mineral, e a votação foi deixada para o próximo ano.

Fato é que estamos todos preocupados com o futuro da mineração do país diante da real ameaça a estabilidade desta atividade de tão alto risco, e como estudantes é também real a preocupação com as condições de mercado que encontraremos ao sair da faculdade. Não é fácil encontrar com amigos já formados que perderam

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seus empregos, ou que ainda não conseguiram seu primeiro emprego devido as condições atuais do mercado. O apagão mineral é um fato tristemente observado e temido.

Mas enquanto estudantes, para além das problemáticas acerca do atual mercado de trabalho também temos as demandas para garantia de uma formação de qualidade. Problemas com estrutura, necessidade de professores, falta de sala de aulas, necessidades de técnicos em nossos laboratórios, falta de equipamentos e falha na manutenção dos existentes são alguns dos problemas enfrentados pela Geologia UFMT, e incidentes como o ocorrido com Yego Cunha Leal (UFPA) reacendem preocupações, é claro o interesse de estudantes e professores por adequações do curriculum acadêmico no que diz respeito a segurança em atividades em campo, laboratórios e salas de aula, mas providências a respeito ainda não foram tomadas mesmo que cobradas constantemente.

A LUTA CONTINUA Carlos Alberto Alvarenga-Presidente do Centro Acadêmico da Geologia-UFES

O jovem curso de geologia da Universidade Federal do Espírito Santo assim como muito cursos em seu inicio teve vários problemas, desde estruturas físicas como laboratórios, salas de aula, até quantidade de docentes. Porém o pioneiro curso capixaba veio para ficar e contou com a sinergia entre discentes e docentes nessa luta. Logo no inicio fez-se necessário a criação e o fortalecimento de um centro acadêmico atuante e estruturado o CAGE (Centro Acadêmico de Geologia da UFES), força que não se perdeu, com lutas dos estudantes em paralisações, denúncias no Ministério Público Federal e reivindicações apoiadas pelos professores, com isso vitórias foram alcançadas sanando as necessidades iniciais e formando excelentes profissionais.

Hoje a luta dos estudantes é outra, muito mais delicada e desamparada. A prática docente. Temos um excelente corpo docente, de profissionais engajados e determinados a solidificar a formação geológica no estado. Porém infelizmente esse grupo não é absoluto, um docente é um ponto fora da curva, desde 2009 os estudantes enfrentam problemas com as

disciplinas de Paleontologia, Estratigrafia, Recursos Energéticos, Micropalentologia e Geologia do petróleo.

Mediante as incansáveis e fracassadas formas de diálogo dos estudantes para com o professor durante todos esses anos o CAGE, após assembleias estudantis, elaborou uma carta denunciando todas as práticas vexatórias, humilhantes e anti-pedagógicas exercidas pelo docente em sala de aula e aulas de campo. Tal denuncia resultou na abertura de sindicância pela CPPAD (Comissão Permanente de Processo Administrativo Disciplinar). E continuaremos lutando pela melhora da geologia no Brasil, até enfrentando o corporativismo docente.

MANIFESTO POR UMA GESTÃO MAIS ÉTICA E COMPROMETIDA COM O DESENVOLVIMENTO DO CURSO DE GEOLOGIADA UFS

ALUNOS UFS

Estamos cansados, chega desta sede injustificável por poder! Tudo que queremos é estudar com o mínimo de tranquilidade. É chegar no departamento de geologia e não se sentir em um campo de batalha. É não ter a preoupação de sermos prejudicados caso tenhamos uma opnião diferente ou somos alunos/orientandos de alguém que tenha a opnião diferente. Nós, estudantes de geologia, estamos passando por uma situação difícil, desde o início do curso. Os protestos de terça-feira (29/10/2013), não foi algo isolado, mas sim o estopim, um desabafo das dificuldades que temos vivido durante anos. Finalmente conseguimos externá-los! A questão reclamada era a falta de vagas em disciplinas obrigatórias anuais. O contraditório é que o curso cobria a demanda de discentes quando era Núcleo e agora, Departamento, não a satisfaz. Há professor para ministrar a disciplina, mas este não o quer fazer, pouco se importa com mais um ano da vida dos estudantes e menos ainda que alguns não possam concluir sua formação. Há algo que atrapalha muito o desenvolvimento da geologia na UFS, os desentendimentos entre os professores. Nota-se que é sempre um pequeno grupo que está envolvido. E este não tem o mínimo de ética profissonal, e começa a agir de forma a dificultar o trabalho dos outros, pouco se importando e interferindo de forma negativa para

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o desenvolvimento do curso e para aprendizagem dos discentes. Já houve quatro professores efetivos que desistiram do nosso curso apenas por buscar um ambiente de trabalho menos hostil, não mencionando vários outros casos, que parecem, no mínimo, absurdos. Onde está o compromisso com a formação de profissionais? Estes são exemplos de nossos educadores? O acesso aos laboratórios do departamento é complicado. Há toda uma facilidade para um grupo e muitos procedimentos burocráticos e impedimentos para o resto. Onde estão os equipamentos? Será que apenas alunos envolvidos em projeto de pesquisa de determinado grupo podem fazer suas análises? Não houve consideração pelos direitos dos alunos com a mudança de turno do nosso curso. Em momento algum fomos consultados. Foi algo que nos foi imposto, bruscamente, sem nenhum período transicional e os discentes que realizavam estágio, trabalhavam ou efetuavam qualquer tipo de atividade no turno oposto tiveram que fazer renuncias devido a esta mudança. O fato de que poucos ou nenhum curso desta universidade tenha ajuda de custo e seguro de vida para aulas externas não justifica não termos este benefício. O curso de geologia tem quatro turmas que ingressaram no regime de cotas. Isto é inclusão social? Onde estão as políticas afirmativas? Se não tivermos dinheiro pra custear as aulas ficamos sem elas. Por que só depois de sete anos, isto vem a ter a atenção da universidade? É necessário que acabem estas justificativas de que o curso é novo, portanto é bastante aceitável ter problemas. Está mais do que na hora que universidade aja, investigue, puna, interfira, pondere, opine, FAÇA por nosso curso! Com este manifesto, estamos tentando mostrar a comunidade universitária as nossas dificuldades. Obviamente temos muitos outros problemas e poderímos citar diversos casos específicos. E para aquele que se opõem queremos deixar claro que não é errado denunciar o que não está certo! Se manifestar é direito, não é um crime. Se não concordam com a nossa causa respeitem nosso direito de defendê-la. E para aqueles de acordo juntem-se a nós, são bem-vindos! Os problemas podem ser da geologia, mas uma universidade melhor é de todos!

RELATO SOBRE A FALTA DE ASSISTÊNCIA DE CAMPO

Amanda Lesjack-UnB

O curso de graduação em geologia na UnB se destaca, principalmente, pela quantidade e qualidade dos campos oferecidos durante o curso. No período de 11 a 15 de novembro deveria ter ocorrido o campo da disciplina Petrologia Metamorfica. Os alunos deveriam ter visto rochas máficas e ultramáficas dos complexos de niquelandia e cana brava, e os granulitos da região de inhumas. Porém, no dia 13/11, exatamente no meio do trabalho de campo, o professor responsável pela matéria resolveu voltar para brasília. Ele alegou que a interrupção da saída de campo era devida ao auxilio-campo dos alunos, do próprio professor e dos motoristas dos onibus não ter sido pago a ninguém. Estou cursando geologia na UnB a 7 semestres e nunca nenhum auxílio-campo foi dado aos alunos antes dos mesmo já estarem no local do trabalho, porém foi a primeira vez que um professor resolveu interromper a saída de campo. Não é certo deixar que burocracias, falta de organização dos professores, ou qualquer outra coisa interfira na qualidade do ensino nas universidades. Como qualquer pessoa da área das geociências sabe, trabalhos de campo são imprescindíveis no aprendizado dos alunos. Outro agravante para a indignação dos alunos que tiveram o campo interrompido é que o trabalho final, que praticamente todos que cursam essa matéria fará, será em uma região onde o que domina são rochas igneas metamorfisadas. Logo a falta do conhecimento de campo em metamórfica significa um grande déficit no conhecimento que será exigido para se fazer um bom trabalho de conclusão de curso

MANIFESTO DO CENTRO ACADÊMICO MARTELO DE PRATA UFSC

Manuela Bahiense- Presidente do CA- UFSC

Centro Acadêmico Martelo de Prata

Oficio para o Sr. Chefe do Gabinete da Reitoria prof. Carlos Vieira

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Os alunos do Centro Acadêmico Martelo de Prata do Curso de Geologia, vem por meio desse oficio, solicitar uma reunião com o Sr. Chefe do Gabinete da Reitoria prof. Carlos Vieira, e demais representantes dos setores administrativos (PRAE, PROGRAD), para tratar das seguintes problemáticas do curso:

Falta de Professores efetivos:

O curso de Geologia recebeu apenas 7 professores efetivos, sendo que estava previsto no Projeto Político Pedagógico a contratação de 20 professores. O curso está atualmente com um elevado número de professores substitutos (somente nesse ano 13 matérias ofertadas pela Geociências são ministradas por substitutos), muitos deles sem a devida qualificação ou experiência na área, e os professores efetivos estão sobrecarregados. Por ser um curso integral e de elevado número de matérias especificas da área de Geologia (36 matérias obrigatórias mais 13 optativas especificas), os alunos vem sofrendo com atrasos e adiamento de matérias, falta de professores para orientação de TCC, poucas oportunidades para iniciação cientifica.

Diárias de campo:

O curso de Geologia conta com um número elevado de dias de atividades de campo (sendo exigido pelas diretrizes básicas do MEC no mínimo 20% do total da carga horaria do curso em atividades de campo), mas o atual sistema de diárias de campo para os alunos, onde é necessário que se cadastre o Hotel e Restaurante junto a empresa de turismo vinculada a UFSC, vem apresentando inúmeros problemas (como cancelamento do Hotel durante a viajem) e em alguns casos a diária de alimentação não é possível de ser utilizada devido ao fato de que as atividades de campo acorrem em locais remotos e que muitas vezes não contam com restaurantes cadastrados (ou que possa ser cadastrados) fazendo com que os alunos tenham que pagar pela alimentação.

Espaço Físico:

Atualmente 2 professores do curso se encontram sem sala, e outros com situação de espaço precárias, e com a previsão de entrada de

mais 2 professores do concurso anterior que não foram aprovados, o problema se atenua. Também é necessário espaço para o armazenamento de amostras que são coletadas nas disciplinas de Mapeamento Geológico e TCC.

Ass: Manuela Bahiense

Presidente do Centro Acadêmico Martelo de Prata, Florianópolis, 22 de Outubro

ATUAL CONJUNTURA NO MEIO GEOLÓGICO, ESTUDANTIL E PROFISSIONAL Adriano Cavalcante de Sousa- aluno de Geologia e representante da ENEGE UFC

Os gigantes resolveram acordar, pois já é hora de lutar por melhorias na educação e na formação de profissionais qualificados na geologia e demais cursos. O mercado oscila e de repente para tudo, para acompanharmos as mudanças na legislação e no novo código mineral. Neste momento a economia congela o período é de extrema ansiedade, por parte dos profissionais.

Nem tudo gira em torno da mineração para

um curso como a Geologia, áreas adjacentes e de intenso movimento econômico como: Hidrogeologia, Geofísica, Geologia ambiental, Engenharia geológica e Paleontologia ainda se manter fortes e com grandes ações globais. Para termos grandes profissionais nestas áreas é necessário, um acompanhamento de qualidade por parte de seus orientadores/ professores, já no primeiro ano o aluno tem atividades de campo para se familiarizar com os conteúdos próprios da Geologia, nos trabalhos de campo, o estudante faz mapeamentos e coleta material que será mais tarde analisado em laboratório, sempre com o acompanhamento de um profissional. Esta dinâmica de práticas de campo deve ocorrer nos cursos de geologia, seu mínimo de 720 horas é balizado pela DCN (2012).

Em contrapartida existem professores que

faltam com este compromisso prático, pondo em risco a formação de futuros profissionais, perguntamos como fiscalizar, Governo Federal e

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MEC (Ministério da Educação e Cultura). Será que estes órgãos sabem que boa parte dos laboratórios das Universidades Federais é utilizada como empresas fantasmas? Água, luz, telefone e meia dúzia de bolsistas trabalhando muitas vezes em projetos particulares de professores, bolsas essas pagas pela universidade.

A falta de compromisso com os estudantes,

futuros geólogos é tamanho ao ponto de vetar aulas de campo, portanto pergunta-se: Será que este professor formou-se em Geologia sem fazer campo? Desculpas como falta de verbas para custear estas aulas, parecem agregar valores a seus egos, pois é a coordenação do curso responsável em passar a demanda de viagens e diárias do curso no final de cada semestre à universidade, para que esta se programe em seu plano diretor do começo do semestre e venha a atender o curso.

Será que está falta de competência é

repassada pela coordenação aos fiscais do Ministério da Educação e Cultura. Na semana em que houve o Simpósio de Geologia do Nordeste os cursos de Geologia foram visitado por fiscais do MEC para avaliação do curso, o que talvez eles tenham visto foram paredes pintadas, portas pintadas, sistemas de refrigeração funcionando resultado de uma maquiagem feita as pressas.

O que tem que ser apurado é se o curso

realiza aulas de campo, se os laboratórios são equipados e atendem a maioria dos estudantes e não só bolsistas, se os bolsistas são selecionados a base de editais e não de indicações, se o curso tem professores efetivos e se estes são pontuais ou se aparecem só para assinar o ponto.

O manifesto promovido pelos estudantes

do curso de Geologia da UFS (Universidade Federal de Sergipe) no ultimo dia 29-10-2013 foi um estopim, um desabafo das dificuldades que eles vem enfrentando no curso, este ato teve grande repercussão dentro da comunidade geológica, entre alunos, professores e profissionais da área que ainda discutem as atitudes irregulatórias de certos docentes destas instituições.

O PREÇO DO 47º CONGRESSO BRASILEIRO

DE GEOLOGIA

Germano Alves Batista –Secretário da ENEGE UFOP

Uma situação que está incomodando e

muito a comunidade acadêmica de geologia são os altos valores que estão sendo cobrados como taxa de inscrição para o 47º Congresso Brasileiro de Geologia Salvador – BA. A indignação por parte de todos é nítida quando analisados diversas opiniões e comentários por parte dos estudantes em mídias sociais como o facebook nos grupos Geologia Brasil e ENEGE. O fator que mais agrava é que além da taxa de inscrição durante a participação do evento existem despesas como estadia, alimentação, dentre outras. Sendo assim fica de fácil percepção que haverá uma baixa participação de estudantes no evento.

Atualmente tais valores para estudantes de graduação sócios da SBG é R$280 e para estudantes de pós-graduação é de R$430. Se comparados com os valores do último congresso realizado em Santos, valor este de R$110, o aumento foi de mais de 250%.

Nunca ouve um registro de valores tão absurdos cobrados como estes se comparados com a realidade em que um estudante vive.

Durante o 13º Simpósio de Geologia do Sudeste realizado na cidade de Juiz de Fora-MG, a ENEGE juntos com estudantes representantes da UFOP, UFRJ, UFRRJ,UERJ, UFES se uniram e conseguiram se reunirem com a SBG para questionarem e debater o assunto. Na reunião estavam presentes representantes da SBG NACIONAL , da SBG núcleos Minas Gerais e São Paulo e o presidente do 46º CBG Santos 2011. Durante a reunião foi explicado um pouco sobre a organização do congresso, e que o núcleo ao qual esteja sediando o congresso tem autonomia em estipular os preços. Foi informado que na realização do CBG os estudantes são subsidiados pela SBG nas taxas de inscrições e exemplificado que no último congresso o subsídio foi de R$56 por estudante inscrito. A atual crise que o mercado passa influência na aquisição de patrocínios, o que pode ser um fator que influenciou na determinação dos preços.

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Foi acordado então que uma carta anexada das assinaturas de representantes de todos centros acadêmicos e diretórios acadêmicos do Brasil fosse enviada a SBG formalizando então as reivindicações feitas durante a reunião. Tais assinaturas foram recolhidas e junto com a carta foram encaminhadas ao presidente da SBG Moacir Macambira. O mesmo ficou de entrar em contato com o núcleo organizador e avaliar uma possível redução nos valores até então cobrados.

A esperança é de que a SBG possa ajudar os alunos e mostrar que realmente a representa reduzindo tais valores para que então cada vez mais a participação de estudantes no evento cresça. Tendo em vista que a participação em congressos é de suma importância para o crescimento do estudante, pois é uma oportunidade única do mesmo ter contato com outros estudantes, profissionais da área, pesquisadores e diversas empresas do setor. Até o fechamento dessa reportagem a SBG não se pronunciou sobre o assunto.

A ENEGE organizou uma carta para SBG assinada por todos os CA‟s e DA‟s das Universidades brasileiras, resta agora esperar e torcemos para que eles abaixem os preços do contrário o 47º congresso terá muito pouca participação estudantil.

OPORTUNIDADE DE OURO – FIQUEM LIGADOS! AAPG - Associação Americana de Geólogos do Petróleo e os Capítulos Estudantis nas universidades brasileiras Diego Costa (Presidente do Capítulo Estudantil da AAPG na UERJ)

Fundada em 1917, a Associação Americana de Geólogos do Petróleo (AAPG), é atualmente a maior sociedade profissional em Geologia do mundo. Presente em todos os continentes, a AAPG conta com suas subdivisões regionais para ampliar e difundir atividades da sociedade em encontros locais e globais, em revistas, na forma de produção científica e na parceria com universidades e empresas há quase um século.

É exatamente sobre esta parceria que existe uma oportunidade ímpar para os estudantes de geologia e cursos afins: filiar-se a AAPG na categoria de estudante de forma gratuita e anuidades patrocinadas pela Chevron. Filiar-se a AAPG significa ainda abrir as portas para toda uma sociedade que tem como única paixão a

devoção pela Geologia. Significa criar uma rede de contatos, e até mesmo desenvolver atividades de liderança e gerenciamento, como a criação de um Capítulo Estudantil vinculado a AAPG em sua universidade.

O Capítulo Estudantil é uma espécie de grêmio que conta com um corpo executivo de estudantes composto pelos cargos de presidência, vice-presidência, secretaria e tesouraria, já que há oportunidade de investimento financeiro. Hoje no Brasil existem quatro capítulos estudantis ativos, o da UERJ, UFF e UFS, AAPG- Pampa (região Sul). Desde 2012 os estudantes da pós-graduação da UERJ vêm se organizando para participarem do evento global chamado Imperial Barrel Award organizado pela AAPG, e na edição de 2013, as equipes formadas por estudantes da UERJ e UFF conquistaram na etapa regional (Lima-Peru) o primeiro e terceiro lugar, respectivamente, contra outras 12 universidades de seis países da América Latina. Ao primeiro lugar, coube representar a região na etapa final em Pittsburgh-EUA com as despesas todas pagas. Em 2014, a edição regional do IBA será sediada no Rio de Janeiro.

A AAPG possibilita aos estudantes que fazem parte do comitê executivo e membros ativos do capítulo estudantil viagens de treinamento, como o treinamento “SCLS and Leadership Days” que ocorreu no ano de 2012 em Tulsa-OK, e congressos, como a “International Conference & Exhibition, AAPG 2013” ocorrido em Cartagena na Colômbia, inteiramente financiados com o único intuito de ajudar no desenvolvimento profissional dos estudantes.

Os capítulos estudantis recebem anualmente a verba de 200 dólares para a compra de livros, além da oportunidade de participar de eventos e competições, de usufruir de doações da AAPG Foundation para viagens de campo, compra de materiais, despesas em congressos e etc. Para saber mais visite a página da AAPG na internet (aapg.org), ou ainda via e-mail, para informações diretas com o Presidente do Capítulo Estudantil da UERJ, Diego Costa, pelo [email protected]. Falem com seus professores, divulguem esta parceria e levem essa oportunidade de ouro para as suas universidades!

CHEGA ENEGEO!!!

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EM 2014 O ENEGEO SERÁ REALIZADO NO

LITORAL DO ESTADO DE SÃO PAULO.

COMO SEMPRE UM LOCAL FANTÁSTICO

QUE COMPORTE O EVENTO ESTÁ SENDO

ESCOLHIDO. BREVE ESTAREMOS

DIVULGANDO O LOCAL DO EVENTO.

CONVIDE SEUS COLEGAS E VÁ AO ENEGEO

2014. JÁ IMAGINOU VOCÊ NAQUELA PRAIA

COM AQUELE ISOPOR CHEIO DE CEVA E

MELHOR DE TUDO NO ENEGEO? UMA NOVA

LEVA DE CARTEIRINHAS IRÁ SER FEITA EM

MARÇO, E AS CARTEIRINHAS DA ENEGE

QUE FICARAM EM ABERTO TAMBÉM SERÃO

ENCAMINHADAS EM MARÇO.