jornal do rio vermelho 05 edição

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Ilustração: Nei Costa C inco séculos depois, não poderíamos imaginar que a primeira tribo do Rio Verme- lho, a dos Tupinambás, daria espaço, sem flechas e bordu- nas, a diversas outras tribos, que apesar de distintas, se re- conhecem e convivem neste espaço. O ambiente que caracteriza o Rio Vermelho com sua história, forte cultura e religiosidade, bairro boêmio e de lazer com uma bem estruturada rede de serviços, na diversidade e convivência de seus morado- res, dos artistas e intelectuais ao cidadão anônimo, tudo contribui para atrair todos os públicos. O Rio Vermelho está sempre de braços abertos para receber todas essas tribos, sem distinção, numa receptividade fora do comum. Págs. 8 a 9 O famoso escultor foi o primeiro artista a fixar residência no Rio Vermelho Pasquale De Chirico – Pág. 15 Local das Quadras da Paciência vai se tornar a nova Praça Mestre Didi Praça Mestre Didi – Pág. 7 Morena que canta e encanta Carla Visi é a nossa entrevistada na Galeria do Artista Carla Visi – Pág. 16 Foto: André Avelino Foto: André Avelino Jornal do Rio Vermelho – uma publicação da AMARV – Salvador, Bahia – Setembro de 2013 – ano II número 5 Caldeirão de todas as tribos

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Page 1: Jornal do Rio Vermelho 05 edição

Ilustração: Nei Costa

Cinco séculos depois, não poderíamos imaginar que

a primeira tribo do Rio Verme-lho, a dos Tupinambás, daria espaço, sem flechas e bordu-nas, a diversas outras tribos, que apesar de distintas, se re-conhecem e convivem neste espaço.

O ambiente que caracteriza o Rio Vermelho com sua história, forte cultura e religiosidade, bairro boêmio e de lazer com

uma bem estruturada rede de serviços, na diversidade e convivência de seus morado-res, dos artistas e intelectuais ao cidadão anônimo, tudo contribui para atrair todos os públicos. O Rio Vermelho está sempre de braços abertos para receber todas essas tribos, sem distinção, numa receptividade fora do comum.

Págs. 8 a 9

O famoso escultor foi o primeiro artista a fixar residência no Rio Vermelho

Pasquale De Chirico – Pág. 15

Local das Quadras da Paciência vai se tornar a nova Praça Mestre Didi

Praça Mestre Didi – Pág. 7

Morena que canta e encanta Carla Visi é a nossa entrevistada na Galeria do Artista

Carla Visi – Pág. 16

Foto: André Avelino Foto: André Avelino

J o r n a l d o R i o V e r m e l h o – u m a p u b l i c a ç ã o d a A M A R V – S a l v a d o r , B a h i a – S e t e m b r o d e 2 0 13 – a n o I I n ú m e r o 5

Caldeirão de todas as tribos

Page 2: Jornal do Rio Vermelho 05 edição

2 – JRV

EDITORIAL

E ssa é uma Edição Especial com 16 páginas e tiragem de 8.000 exemplares. Nela comemoramos um ano de reto-mada deste jornal pela gestão atual da AMARV, na qual

aproveitamos para agradecer a aceitação e elogios por parte dos moradores e amigos do bairro, como também o apoio dos comerciantes e empresários que acreditam na proposta dessa publicação.

Continuamos na luta pela recuperação do Rio Vermelho em todos os seus aspectos macroeconômicos, mostrando nas matérias o andamento das ações solicitadas e o retorno dos órgãos públicos para essa revitalização.

Uma homenagem ao pioneiro dos artistas do Rio Vermelho, Pasquale De Chirico, o “Construtor de Estátuas”, sua história e suas obras que tanto embelezam Salvador. Outro artista, esse bem vivo, Ygas Eloy, promoveu uma grande exposição de pinturas sobre figuras do bairro. O nosso Personagem do Rio Vermelho é Alcyr Ferraro, esta figura maravilhosa, o mestre, o professor, o amigo pelo muito que fez pela Educação Física da Bahia. E ao mestre, todo o carinho do bairro!

Na Galeria do Artista, um bate-papo com a cantora e morado-ra do bairro Carla Visi que, em matéria de canto, passeia por todos os gêneros da música brasileira com sua voz belíssima.

Nesta edição, as ações do Bairro-Escola Rio Vermelho, que pre-tende transformar esse nosso espaço em uma sala de aula a céu aberto. Houve ainda a retomada das ações no Territó-rio Criativo do Rio Vermelho. Destacamos também a volta do “Demolidor de Campeões”, o Galícia Esporte Clube à elite do futebol baiano. Saudamos ainda a presença de novos colabo-radores, os jornalistas Levi Vasconcelos e Biaggio Talento, com seus artigos assinados. E, como tema central, o Rio Vermelho de todos os públicos, o espaço mais democrático de Salvador para onde convergem todas as tribos urbanas e, com certeza, você, leitor, é capaz de se identificar com uma delas.

Para comemorar que o Rio Vermelho segue em primeiro lugar no ranking de bares e restaurantes da revista Veja, a receita de costela suína assada com molho de laranja do Red River Café.

Bom apetite e boa leitura!

Lauro Alves da Matta JúniorPresidente da AMARV

ExpEDIEnTECONSELHO EDITORIAL – José Sinval Soares – André Avelino de Souza Ferreira – José Mário de Magalhães Oliveira – Wanderley Souza Fernandes – Carmela Talento – Marcos Antonio Pinto Falcão

Jornalista Responsável – José Sinval Soares – MTE 1369Revisão – Carlos Amorim – DRT/BA 1616Projeto Gráfico e Editoração – Dendê ComunicaçãoTiragem – 8.000 exemplaresImpressão – Gráfica Press ColorContato – [email protected]ção gratuita

Esta é uma publicação da Associação dos Moradores e Amigos do Rio Vermelho – AMARV. Fotos e artigos assinados são de responsabilidade de seus autores.

Festival da Primavera será no Rio Vermelho

Em reunião na sede da Cipó Co-municação Interativa, no Morro da Paciência, no dia 20 de agosto último, com empresários, mora-dores, associações representati-vas e integrantes do movimento Bairro-Escola Rio Vermelho, o secretário de Desenvolvimento, Turismo e Cultura, Guilherme Bellintani, anunciou o Rio Ver-melho como o bairro escolhido para a realização do Festival da Primavera de Salvador, que irá integrar o calendário de eventos da cidade.

O evento cultural irá mobilizar o bairro das 17h do dia 21/09 até às 18h do dia 22/09, no tre-cho entre a Rua da Paciência e a Praça Colombo, com vasta programação. Nomes como Luiz Caldas, Márcio Melo, Cor-tejo Afro, Palhaços do Rio Ver-melho, Paroano Sai Milhó, Baia-na System e Muzenza estão entre as atrações.

Além da música, exposição de carros antigos, feira gastronô-mica promovida pelos chefs dos restaurantes, atividades desportivas e oficinas cultu-rais. Para crianças e jovens, shows de palhaços, diversas oficinas, desfile e integração das sete escolas públicas do bairro. Segundo o secretário Bellintani, “o festival terá am-bientação colorida, que reme-te à primavera e será voltado para ocupação dos espaços públicos”.

Carnaval no RioVermelho

A Câmara Municipal do Sal-vador, através da Comissão Especial de Carnaval, realizou, no dia 13 de maio último, o Primeiro Panorama Carnaval – Propostas e Soluções, um evento público para discutir e propor soluções referentes às principais questões do carna-val de Salvador.

Foram abordados temas como Organizando os Desfiles; A Copa e o Carnaval; Governan-ça: um Desafio Público e Pri-vado; Carnaval para Baianos e Turistas; Salvador, Recife e Rio: Carnavais em Transformações;

Carnaval, Cultura e Entreteni-mento; Espaço Público: Novas Opções para o Carnaval de Rua; Carnaval em Movimento do Afródomo às Fanfarras; No-vos Rumos para o Carnaval de Salvador; e Carnaval da Bahia que Loucura Essa Mistura.

O Rio Vermelho mais uma vez foi lembrado como nova op-ção de espaço público para o carnaval de rua, como forma de reduzir a sobrecarga de foliões nos circuitos tradicio-nais e como bairro onde já existe, naturalmente, uma efer-vescência cultural.

Vale lembrar que, em audiên-cia pública na gestão munici-pal passada, a comunidade do Rio Vermelho rejeitou, com vo-tação expressiva, a criação de um novo circuito do carnaval no bairro ( já tinha até nome “Circuito Caramuru”).

Diante dessa nova investida contra o bairro, torna-se neces-sário uma nova mobilização da comunidade para se discutir o assunto.

No Rio Vermelho já existem ma-nifestações carnavalescas pró-prias, como o Bloco Lero-Lero, Palhaços do Rio Vermelho, Grito de Carnaval do Alto de São Gon-çalo e o Paroano Sai Milhó, com a abertura carnavalesca no Lar-go de Santana.

Novo projeto detráfego do Ipase eLoteamentoCaramuru

Conforme acordo firmado no Ministério Público Estadual (MPE) com a AMARV e a Am-pla Engenharia, com base no impacto que o edifício cons-truído na Rua Nelson Galo causaria ao entorno, ficou es-tabelecido que a construtora arcaria com todas as despesas referente às placas de sinaliza-ção e à instalação de rotatória. Finalmente, os técnicos da Transalvador efetuaram o es-tudo e apresentaram o novo projeto de trafego para o lo-cal. O novo sentido de trafego das ruas vai disciplinar o trân-sito, melhorando a segurança e garantindo melhor fluxo dos carros.

Retomada do Projeto Territórios Criativos

O Projeto Territórios Criativos, uma iniciativa do SEBRAE, retomou suas atividades no Rio Vermelho. O pro-jeto se propõe a fomentar os ne-gócios integrantes dos segmentos criativos nos territórios seleciona-dos, promovendo a competitivi-dade dos pequenos negócios de forma intersetorial e participativa.

O projeto propõe ações para a melhoria dos negócios criativos e para o aumento da competitivi-dade. No Rio Vermelho, o projeto já cadastrou 25 pontos de visita-ção para o turismo criativo e aten-derá a 30 empresas dos diversos segmentos da economia criativa, visando a melhoria de sua gestão e da comercialização dos seus produtos e serviços. Exemplos de empresas que serão atendidas pelo projeto são ateliê de artistas, artesãos e designers, galerias de arte, antiquários, academias de capoeira, sedes das manifesta-ções culturais e religiosas, gastro-nomia, pontos de cultura, rádios comunitárias, estúdios de grava-ção, escolas comunitárias, asso-ciações de bairro, cooperativas de moda e outras.

Algumas ações previstas são: con-sultorias e assessorias técnicas com foco em melhoria da gestão; consultorias e assessorias técnicas com foco em comercialização; di-versos cursos e qualificação para empresários da economia criativa; plano de comunicação e marke-ting; e elaboração do catálogo de serviços criativos.

Notas da AMARV

ANUNCIE AQUI!LIGUE PARA LAURO MATTA:(71) 9158-8000 / 9667-9666 / 8164-7144 / 8849-2674

Como sempre, foi muito bem recebida pela comunidade a edição nº 4 do Jornal do Rio Vermelho

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JRV – 3

PROJETO DE REVITALIZAÇÃO DA ORLA DO RIO VERMELHO

“Estamos preferindo fazer uma coisa mais transformadora do que a ideia inicial, que era apenas um projeto de R$ 2 milhões que con-templava apenas um trecho entre a Praia da Paciência e a igreja nova do Rio Vermelho, que fica ao lado da Casa de Yemanjá. Nós conse-guimos mais R$ 3 milhões, e com isso já acumulamos R$ 5 milhões e estamos tentando conseguir mais outros R$ 5 milhões, o que daria, de certa forma, um volume de obras mais significativo. O pro-jeto executivo está orçado num total de R$ 35 milhões. A prefeitu-ra municipal hoje não tem recur-sos para realizar todo esse projeto de uma vez, então o que vamos determinar é fatiar esse projeto, que deverá ser feito em quatro ou cinco etapas, e fazer com que ele seja concluído nos próximos qua-tro anos. Esse é um projeto ousa-do. O que há de boa notícia é que se antes o Rio Vermelho sequer tinha um projeto de intervenção urbana, agora ele já passa a ter, e a outra boa notícia é que a primeira fase já vai acontecer porque dis-pomos de recursos para isso.”

COMO SOLUCIONAR O PROBLEMA DO LIXO NO RIO VERMELHO

“Temos discutido em reunião com as entidades do bairro a co-leta de lixo. Já tivemos duas reu-niões com a Associação de Bares e Restaurantes do Rio Vermelho,

onde também foi abordado esse assunto. Eu fiz uma proposta de uma via em mão dupla e agora estou aguardando o projeto da associação. O que é a proposta de mão dupla? Eles cobram da Prefeitura determinadas ações de infraestrutura e de serviços, e a gente cobra deles determinadas ações de responsabilidade social de convivência com a comuni-dade. E na reunião, junto com a comunidade, vamos levar uma representante da Limpurb que possa ouvir parte representativa das críticas a respeito da coleta de lixo. Já está programado com a presidente da Limburb, Kátia Al-ves, que já se dispôs a participar dessa reunião. Mas ainda estou aguardando o projeto da Associa-ção de Bares e Restaurantes onde vamos contemplar determinadas demandas, mas também cobrar, em contrapartida, determinadas atitudes que vão facilitar muito a vida do bairro.”

ABANDONO DOS PONTOS TURÍSTICOS LARGO DE SAN-TANA, CASA DE YEMANJÁ E MERCADO DO PEIXE

“Não acho que sejam os mais abandonados. Eles são os mais visíveis, são pontos turísticos. Eu acho que o Rio Vermelho como um todo precisa de melhorias, de uma atenção maior dos poderes públicos. Especificamente em relação a esses três locais, eles es-tão sendo contemplados no pro-jeto de reforma que estaremos apresentando às entidades e à

comunidade do Rio Vermelho. O prefeito ACM Neto está realizando as últimas mudanças na segunda fase do projeto que contempla o Mercado do Peixe, o Largo de Santana e uma nova formulação para a Casa de Yemanjá, inclusive temos conversado a respeito com a Colônia de Pesca.”

SOBRE O NÃO ATENDIMENTO ÀS REIVINDICAÇÕES PARA O BAIRRO APRESENTADAS PELA AMARV

“Com relação à pintura das faixas de pedestres, ainda não aconte-ceu porque não foram pintadas nem no Rio Vermelho nem em lugar nenhum da cidade. Estamos esperando a conclusão do traba-lho de tapa-buracos e recapea-mento que está sendo realizado. Agora, quem for ao Largo da Ma-riquita, por exemplo, vai constatar que fizemos a substituição de pe-dras portuguesas que estavam es-buracadas. Já iniciamos também o projeto de iluminação. Retira-mos o gradil na pracinha ao lado da igreja que estava deteriorado. Já estamos com um orçamento pronto da Sucom para demolir a ruína da Rua Feira de Santana, mas temos que aguardar uma avaliação da Secretaria da Fazenda para saber exatamente de quem é aquele “esqueleto”. Não podemos cometer uma ação que seja clas-sificada como irregular por conta de ser uma propriedade privada. Então temos que aguardar essa análise jurídica que vai ser forneci-da pela Secretaria da Fazenda.”

GUILHERME BELLINTANI:“O grande desafio do Rio Vermelho não é abrir mais ruas para carros, é ter mais espaço para os pedestres”

O secretário de Desenvolvimen-to, Turismo e Cultura da Prefeitura Municipal do Salvador, Guilherme Bellintani, reuniu-se, pela primeira vez no mês de abril, com morado-res e associações do Rio Vermelho, no Salão Paroquial da Igreja de Sant’Ana, para tratar das demandas do bairro, algumas das quais já ha-viam sido encaminhadas à gestão passada sem solução.

Na abertura, Lauro Matta, presi-dente da AMARV, que promoveu o encontro, apresentou as 20 reivindi-cações do bairro consideradas mais urgentes, definidas em reuniões anteriores. Entretanto, no decorrer da reunião, ficou evidente a falta de consenso sobre muitas delas, inclu-sive a transferência das quadras da Rua da Paciência para a Mariquita e a cobertura do Rio Lucaia no trecho da Rua do Canal, questão bastante polêmica. O próprio secretário, em-bora assinalando que não se furta-rá em discutir a questão em outra oportunidade, considerou impro-vável a execução dessa obra.

A vereadora Aladilce ressaltou os esforços empreendidos durante a gestão passada para encaminha-mento das reivindicações do bair-ro, sem obter êxito, e a expectativa de que as coisas realmente acon-teçam nessa gestão à medida que há uma certa frustração na comu-nidade com o descaso que se ob-serva com o bairro, apesar de toda mobilização.

O secretário Bellintani adiantou ainda que a estratégia é colocar em prática um plano de ação de-senvolvido em três momentos. No

primeiro, atendimentos às reivindi-cações mais imediatas; o segundo, execução do projeto que vai revita-lizar a Rua da Paciência até a Casa de Yemanjá. Ele disse que o passeio em balanço proposto no anteproje-to original não foi autorizado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), razão pela qual será necessário um novo estudo para dar outra solução, mas adiantou que essa intervenção deve ocorrer ainda esse ano, e, fi-nalmente, uma terceira etapa que será a execução do macroprojeto que será executado ao longo dos quatro anos, semelhante ao que já está sendo feito na Barra, e engloba o bairro do Rio Vermelho, principal-mente os largos de Santana e da Mariquita.

Em relação aos buracos que se es-palham em várias ruas, o secretário disse que já estava sendo realizada a Operação Tapa Buracos em toda a cidade. Com relação ao banho de luz, ele antecipou que a situação é semelhante, e que a atual gestão encontrou 30 mil lâmpadas para serem trocadas, portanto a reivin-dicação não poderá ser atendida prontamente. No item limpeza pú-blica, o secretário Bellintani disse que já houve uma melhora, mas revelou que a prefeitura encon-trou apenas dois fiscais para tomar conta de toda a cidade, o que pre-judica a fiscalização, acentuando que é preciso que a comunidade também colabore. Para disciplinar e fiscalizar o trânsito também tem dificuldades porque são apenas 600 agentes, número considerado reduzido para atender a toda de-manda da cidade.

Prefeitura abre diálogo com entidades do Rio Vermelho

Ex-morador do Rio Vermelho, o secretário de Desenvolvi-mento, Turismo e Cultura de Salvador, Guilherme Bellin-tani, revelou que nutre uma simpatia especial pelo nos-so bairro. E essa foi, provavelmente, uma das razões para aceitar do prefeito ACM Neto, a incumbência de ser o interlocutor da administração municipal junto ao bairro. Depois de diversas reuniões com entidades do bairro, o secretário recebeu o Jornal do Rio Vermelho para uma en-trevista exclusiva, onde aborda questões relevantes, como o novo projeto de revitalização da orla entre a Paciência e a Mariquita, o problema do acúmulo de lixo, e a derruba-da do “esqueleto” do edifício na Rua Feira de Santana.

Foto: Carmela Talento

Foto: André Avelino

Page 4: Jornal do Rio Vermelho 05 edição

4 – JRV

O Bairro-Escola Rio Verme-lho traz para a prática um

ditado antigo: “é preciso toda uma aldeia para educar uma criança”. Um grupo de artistas, coletivos, escolas públicas, em-presários e outras instituições do Rio Vermelho decidiu enca-rar esse propósito e tomar para si o desafio.

Nesse pouco tempo, é possí-vel apontar conquistas como o Arranjo Cultural Merenda com o Chef, que tem a propos-ta de diversificar o cardápio da merenda escolar e já está sen-do construído coletivamente entre restaurantes e colégios do bairro. Os chefs de cozinha de restaurantes do bairro es-tão trazendo novas receitas e modos de fazer aos profissio-nais das cantinas das escolas, assim como implantando ou-tras ações que interferem no cotidiano das escolas, como implantação de hortas e inter-câmbio com culturas de ou-tros países.

Ações como essa criam situa-ções de aprendizagem a partir do cotidiano do bairro e inter-ferem positivamente nas rotinas escolares. Além, é claro, de me-lhorar a qualidade e diversidade da alimentação escolar.

Para ampliar a capacidade das escolas de incorporar, cada vez mais, práticas dessa natureza às suas rotinas, um programa de formação continuada de professores, com foco em edu-cação integral, teve início em abril e segue até o fim do ano com uma carga horária de mais de 100 horas para professores, gestores da rede pública de en-sino do bairro e outros interes-sados no tema.

A fim de fazer ecoar toda essa movimentação, foi implanta-da a Agência de Comunicação do Bairro-Escola, que em breve contará com polos nas escolas públicas. Professores e alunos produzirão, juntos, conteúdos comunicativos construídos so-

Rio Vermelho: bairro que ensinaComunidade se reúne para fazer do bairro uma escola

bre assuntos que interessam ao universo escolar e do bairro.

Afinal, as diversas iniciativas dis-ponibilizadas pela comunidade compõem um interessante car-dápio de oportunidades educa-tivas nas quais os saberes que estão dentro e fora das salas de aula aparecem somados.

Fazer do bairro uma escola é compreender que o cotidiano das ruas é recheado de oportu-nidades de aprendizagem. Isso desafia o Rio Vermelho a cons-truir percursos mais amigáveis para que as crianças e jovens transitem com tranquilidade pelas ruas identificando, por si mesmos ou com os seus pro-fessores, conexões entre o que veem na sala de aula e o que está fora dela.

A articulação Bairro-Escola Rio Vermelho ganhou corpo com a realização de um seminário em outubro de 2012, quando a proposta foi construída co-

letivamente. Mais de 60 parti-cipantes se engajaram nesse momento e, em dezembro, realizaram uma grande ação pú-blica de apresentação da ideia para toda a cidade.

Essa ação deixou como re-sultado permanente o Arran-jo Cultural Praça Pôr do Sol, que consiste em um conjunto de ações de recuperação da praça próxima à Paróquia de Sant’Ana, que vão desde o plantio de mudas e a limpeza dos canteiros até a construção de uma cultura de ocupações, por meio da implementação de uma programação cultural, educativa e de lazer. Através dessas intervenções, a praça será gerida por um coletivo de pessoas engajadas nessa causa.

O Bairro-Escola Rio Vermelho é apoiado por um grupo técni-co formado por quatro institui-ções: a Associação Cidade Escola Aprendiz, a CIPÓ – Comunicação Interativa, o Instituto Inspirare e o Instituto Chapada de Educação e Pesquisa (Icep). O Bairro-Escola Rio Vermelho é um iniciativa comu-nitária e suas ações são fruto do trabalho de muitas outras mãos, como professores, estudantes, ar-tistas, comerciantes, movimentos sociais, iniciativas cidadãs, asso-ciações de moradores do bairro, organizações da sociedade civil, sistemas de garantias de direitos das crianças e adolescentes e ou-tros órgãos do poder público.

Outras informações, assim como a agenda de encontros podem ser encontradas no site www.bairroescolarv.org.br.

Foi realizada no dia 17 de agosto, a Feira de Atividades Culturais para crianças, jovens e adultos em busca da revitali-zação da Praça Padre Vieira (já chamada de Praça Por do Sol), com a ideia de ocupação dos espaços públicos pela comuni-dade com efeito educativo.

A programação foi construída a partir de ofertas de pessoas que moram, trabalham, estu-dam ou tem ligação com o Rio Vermelho. Das 9h às 17h, o evento contou com Feiras de Artesanato, de Produtos Orgâ-

nicos e Troca de Objetos. Em paralelo ocorreram oficinas de pintura, xadrez, persona-lização de copos de iogurte, percussão, bordado, bonecas e criação de brinquedos. Con-tou também com apresenta-ções musicais e um momento de meditação.

O evento foi promovido pelo movimento Bairro-Escola Rio Vermelho, iniciativa de articu-lação comunitária que busca melhorar a qualidade de vida no bairro por meio da promo-ção da educação integral.

BAIRRO-ESCOLA RIO VERMELHO VAI À PRAÇA

Diversas ações foram programadas pelo movimento Bairro-Escolar no Rio Vermelho

Foto: Divulgação

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Av. Cardeal da Silva, 66, Rio Vermelho(71) 3335-6887 / 8812-8706 – [email protected]

Page 5: Jornal do Rio Vermelho 05 edição

JRV – 5

Um memorial para GarciaLevi Vasconcelos

Instigado pelo advogado Ade-mir Ismerim, um apaixonado

estudioso dos primórdios de Sal-vador, ACM Neto instalou uma comissão para captar dinheiro e instalar o Memorial de Tomé de Sousa, o fundador da capital baia-na, para erguer um novo ponto de atração turística e histórica.

Inicialmente pensou-se na Bar-ra, e o arquiteto Fernando Frank, que integra a comissão (além dele e Ismerin, estão o também advogado João Daniel, o historia-dor Francisco Sena, a museóloga Rosângela Esteves, e o engenhei-ro da Fundação Gregório de Mat-tos, Marco Antonio Rocha), che-gou a esboçar um projeto nas proximidades do Iate Clube, com acesso sobre as pedras do mar. Após a Comissão instalada, ACM Neto botou um corpo estranho na jogada. Propôs a inclusão de Itapagipe no mix de estudos. In-daguei intrigado:– Itapagipe? É brincadeira. A vi-vência soteropolitana de Tomé de Sousa foi entre o Terreiro, a Concei-ção da Praia e a Barra. Se pisou em Itapagipe, e é provável que tenha feito, foi algo tão insignificante que a história não registrou com rele-vância, por mínima que fosse.– Ah, Neto quer fazer algo para revitalizar a Península Itapagi-pana, alguma coisa que ative o turismo na área.

Já que assim o é, o Rio Vermelho, fora do eixo Barra-Centro, teria muito mais a ver.

Sangue no rio

Claro que entrou em campo a turma do contra. Alguns histo-riadores acham que Tomé não tem a ver em lugar algum. Passou quase quatro anos aqui, mas não via a hora de voltar para Portugal. E por isso acham melhor deixar os restos mortais dele descansando em Vila Franca de Xira, mesmo que numa igreja abandonada si-tuada numa propriedade particu-lar, ao invés de trazê-los para cá, como defende Ismerim e Cia.

Talvez a oposição seja bobagem dos historiadores. Quando aqui chegou, Salvador era mato puro. E se em Portugal ele não tinha tanta importância, aqui teve. Construiu a cidade. Tem os seus méritos cá, onde seria bem me-lhor ele ficar, do que jogado lá num canto qualquer.

Quando Tomé aqui chegou seu anfitrião foi Diogo Álvares Cor-reia, o Caramuru, marido da ín-dia Catarina Paraguaçu.

Conta a história que lá um dia, após as acomodações, num passeio a cavalo pelo que se-ria a orla oceânica de Salvador, Caramuru narrou o começo da história dele no Brasil para o go-vernador-geral.

Endividado em Portugal, mais precisamente em Póvoa de Var-zim, Diogo pôs-se a organizar uma empreitada particular a fim de vir ao Brasil arranjar uma car-ga de pau-brasil. Seria a salvação das finanças dele.

Veio para cá e já avistando ter-ra, foi tragado por um temporal, o caravelão arrebentou-se nos arrecifes. Correu para apanhar a arquinha onde guardava seus pertences, a marinhagem arriou o batel, se mandou para a praia deixando-o lá. Foi a salvação.

Agarrou-se ao mastro, a maré o carregou. Na praia, os marinhei-ros tombados, todos flechados, alguns com os miolos estoura-dos, um mar de sangue banhan-do o mar. ‘Parecia um bando de São Sebastiões’, contou.

Fala Caramuru, segundo Aydano Roriz, em O Fundador.– Não era coisa boa de se ver. Era tanto sangue que o rio estava vermelhinho, meu senhor. Desa-balei na carreira.

Caiu no sono numa cova ao pé do morro (do Conselho). Acor-dou cedo. O polvorinho (guarda-dor de pólvora), amarrado na cin-tura, sequinho. Armou o arcabuz, os índios voltaram, disparou. Os nativos fugiram, passaram a te-mê-lo. Era 20 de janeiro de 1510, dia de São Gonçalo, mais de 40 anos já haviam se passado.

Tomé sugeriu que ele botasse no nome do lugar Rio de São Gonçalo:– Eu chamo mesmo é de Rio Vermelho, por causa do sangue daquela marinhagem. Mas vos-mecê é que pode dar nome às coisas, não eu.– De modo nenhum. Se bati-zaste de Rio Vermelho, no que depender de mim, Rio Vermelho ficará sendo.E ficou sendo.

Casamento noConselho

Tomé de Sousa voltaria ao Rio Vermelho pouco antes de re-tornar a Portugal. Garcia D’Ávila, jovem que veio com ele como serviçal de confiança que vi-rou empregado da alfândega, deixou tudo para tocar a vida. Morava entre a Barra e a Castro Alves com Jurucê, filha de Cara-muru. Mudou-se para o Rio Ver-melho, onde ganhou uma fatia de terra, a pedido.

Jurucê não quis acompanhá-lo, ele montou casa no Morro do Conselho e casou com Uyara, também filha de Caramuru, ca-sório celebrado pelo padre Ma-noel da Nóbrega, na presença do governador-geral.

Quando Tomé partiu Garcia D’Ávila já tinha 40 cabeças de gado. Acabaria dono de terras daqui até o Maranhão, o maior latifundiário do Brasil-Colônia. A fortuna dele assegurou a vida tranquila da família por 200 anos. Dele, resta hoje o castelo em Praia do Forte. É nome de rua em Ipa-nema, no Rio. Em Salvador, só uma pequena artéria em Itapuã.

Agora veja. Tomé veio a mando do Rei, Garcia veio porque queria ganhar dinheiro e Caramuru aqui ficou por obra do acaso, nem por isso deixam de ser personagens importantes da nossa história.

E já que Tomé de Sousa pode ir morar em Itapagipe, e por que não o Memorial de Garcia?

Vá lá, é apenas uma sugestão fadada ao limbo. Em matéria de Rio Vermelho, até o que é sério não é encarado como tal. Vide o exemplo da Casa de Jorge Amado.

Ano passado, centenário do escritor, estavam lá todas as autoridades, Jaques Wagner, o secretário da Cultura, Albi-no Rubim, ACM Neto, ainda candidato (como os demais). Todos prometeram fazer o Memorial Jorge Amado, como quer a família.

Até hoje, nada. Se Jorge Ama-do, personagem dos nossos dias mundialmente respeitado, anda assim, imagine Garcia. E Tomé, nem se fala.

SebraeBahia

Page 6: Jornal do Rio Vermelho 05 edição

6 – JRV

O novo plano de divisão de bairros de Salvador e o projeto das prefeituras de bairro

Projeto de lei baseado no es-tudo “Caminhos das Águas

de Salvador, Estudo e Defini-ção dos Limites dos Bairros e Bacias Hidrográficas de Salva-dor”, realizado por técnicos e pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (UFBa), Insti-tuto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e a Campanha de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder)será apresentado à Câmara de Vereadores. O novo Plano de Divisão de Bairros de Salvador, juntamente com o Projeto de Criação de Prefeituras-bairros,

visa facilitar a implantação de políticas públicas para a cidade. A nova delimitação já deveria ter acontecido, mas ficou en-gavetada mais de dois anos no Palácio Thomé de Sousa. Salvador conta, atualmente, com 32 bairros definidos por uma lei de 1960. É impensável que a cidade não tenha uma base de bairros atualizada com uma população de quase três milhões de habitantes. O Novo Plano de Divisão de Bair-ros de Salvador terá 160 bair-ros, três ilhas e dez Regiões Administrativas.

Quanto ao projeto de criação de Prefeituras-bairros, tem como objetivo principal me-lhorar e serviços prestados pela administração municipal. Salvador passa a ter dez re- giões administrativas que terão uma estrutura mais avançada, oferecendo ao cidadão serviços com qualidade e eficiência, sem necessidade de deslocamento da região onde mora.

Segundo o diretor geral das Prefeituras-bairros, Reinaldo Braga Filho, o cidadão poderá pagar o IPTU, alvará da Sucom,

fazer recadastramento do Bol-sa Família, serviços de mão de obra do SIMM, e outros ser-viços externos à prefeitura, como o Balcão da Justiça, o Crea e espaço para a Farmácia Popular.

Da freguesia aos bairros

Salvador era uma só “fregue-sia”, nome utilizado pelos por-tugueses à Freguesia da Sé em 1552. Depois foi criada a Freguesia de Nª Sª da Vitória, em 1561.

Com o crescimento popula-cional, impulsionou a criação das chamadas “divisões” sem-pre associadas à religiosidade: Nª Sª da Conceição da Praia (1623), Santo Antônio Além do Carmo (1646), São Pedro Velho (1679), e continuando pelo sé-culo XVIII. Em 1911 começa a

concepção de bairros ligados à divisão de 11 distritos. Em 1938, os distritos passam a ser chamados de zonas e em 1960 a atualização de 32 bairros vá-lidos até hoje.

Em 1987, inicia-se a descentra-lização dos bairros em Regiões Administrativas (RA), depois Administrações Regionais (AR) e na última gestão municipal em número de 18 regiões, o Sistema Integrado de Gestão Administrativa (SIGA). Todas funcionaram precariamente, não cumprindo os objetivos de sua criação.

A nova gestão vem com a concepção mais ampla de Prefeituras-bairros em núme-ro de dez Regiões Adminis-trativas com a intenção de descentralizar os serviços mu-nicipais numa espécie de SAC. Vamos esperar.

Justiça mantém suspensão da LOUOS e PDDU

Com o impasse na Justiça que mantém a suspensão da Lei

de Orçamento e Uso do Solo (LOUOS) e o Plano Diretor de De-senvolvimento Urbano (PPDU), aprovados na Câmara Municipal de Salvador, na gestão do prefei-to João Henrique, cuja constitu-cionalidade é questionada, volta a valer para Salvador o PDDU de 2008 (Lei nº 7.400) e a LOUOS de 1984 (Lei nº 3.377).

Em sessão tumultuada, o Pleno do Tribunal de Justiça da Bahia decidiu, por maioria, apreciar o documento de modulação das novas leis. Somente no julga-mento do mérito da Ação Di-reta de Inconstitucionalidade (Adin) contra a alteração do PDDU e LOUOS, e sem marca-ção de data para esse julga-mento.

A proposta de modulação das novas leis foi elaborada e apre-sentada à justiça pela Prefeitu-ra e o Ministério Público con-tendo sete pontos essenciais temporários enquanto o méri-to da Adin não é julgado pelo Pleno do Tribunal.

Os sete pontos são:– Linha Viva: Construção da

Via Expressa de 17km ao nor-te da Avenida Paralela entre o Acesso Norte e a CIA/Aero-porto.

– Hotéis na orla: Permite o aumento de gabarito dos ho-téis que serão construídos na orla em seis trechos em até 50%.

– Fonte Nova: Aumenta o potencial construtivo no entorno da Fonte Nova e a construção de um hotel in-terligado ao estádio.

– Outorga onerosa: Uso de mecanismo imobiliário fica permitido em toda a cidade. Construções maiores obriga a construtora a pagar mais ao município.

– Impacto de vizinhança: Mantém os critérios dos es-tudos de impacto de vizi-nhança. Obriga os donos de grandes empreendimentos a realizar obras viárias nas re-dondezas.

– Centro Administrativo Mu-nicipal: Autoriza a criação do Centro Administrativo Muni-cipal nos Barris em área de propriedade da prefeitura, para redução com custos de aluguéis e agregar em um só lugar os principais órgãos da prefeitura.

– Potencial construtivo: Mo-difica o zoneamento e aumen-ta o potencial construtivo em seis vias da cidade. Viabilizam a realização de alterações urba-nísticas necessárias à prepara-ção da Copa de 2014.

A decisão gerou preocupação entre políticos e empresários. Segundo cálculos da Secretá-ria Municipal de Urbanismo e Transporte (SEMUT), entre ho-téis, shoppings, prédios residen-ciais e estabelecimentos comer-ciais, que deixaram de se instalar em Salvador nos últimos sete meses, a capital baiana perdeu, aproximadamente, R$ 7 bilhões em investimentos, e com isto cerca de 30 mil empregos di-retos deixaram de ser gerados. Segundo o prefeito ACM Neto, a decisão do Tribunal atrasa não só as obras da Copa, mas tam-bém outras obras importantíssi-mas, estruturantes que vão mu-dar o perfil da cidade.

Os 32 bairros de hoje

• Amaralina• Pituba• Rio Vermelho• Acupe• Cosme de Farias• Engenho Velho• Matatu • Calçada• Uruguai• Saúde• Bonfim• Itapagipe• Jardim Cruzeiro• Massaranduba• Monte Serrat• Tororó• Barbalho• Cruz do Cosme• Liberdade• Pau Miúdo• Quintas• Fazenda Grande• Lobato• São Caetano• Tanque da Conceição• Barris • Barra• Canela• Fazenda Garcia• Federação• Graça• Ondina

O novo Plano de Divisão de Bairros de Salvador

Prefeitura Bairro I – Centro / Brotas1 – Comércio2 – Santo Antônio3 – Barbalho4 – Macaúbas5 – Saúde6 – Centro Histórico7 – Nazaré8 – Centro

9 – Barris10 – Garcia11 – Tororó12 – Boa Vista de Brotas13 – Engenho Velho de Brotas14 – Acupe15 – Brotas16 – Candeal17 – Cosme de Farias18 – Matatu19 – Santo Agostinho20 – Vila Laura 21– Luís Anselmo

Prefeitura Bairro II – Subúrbio / Ilhas22 – São Tomé23 – Paripe24 – Fazenda Coutos25 – Coutos26 – Nova Constituinte27 – Peri Peri28 – Praia Grande29 – Alto daTerezinha 30 – Rio Sena31 – Itacaranha32 – Plataforma33 – São João do Cabrito34 – Ilha dos Frades35 – Ilha de Bom Jesus dos

Passos36 – Ilha de Maré

Prefeitura Bairro III – Cajazeiras37 – Cajazeiras XI38 – Cajazeiras II39 – Cajazeiras VII40 – Águas Claras41 – D. Avelar42 – Cajazeiras VI43 – Cajazeiras IV44 – Cajazeiras V45 – Cajazeiras X46 – Fazenda Grande I47 – Fazenda Grande II48 – FazendaGrande III49 – Boca da Mata

50 – Castelo Branco51 – Cajazeiras VII52 – Jaguaripe I53 – Fazenda Grande IV

Prefeitura Bairro IV / Itapuã / Ipitanga54 – Nova Esperança55 – Areia Branca56 – Cassange57 – Itinga58 – Jardim das Margaridas59 – Aeroporto60 – São Cristovão61 – Mussurunga62 – Bairro daPaz63 – Alto do Coqueirinho64 – Piatã65 – Itapuã66 – Stella Maris67 – Patamares68 – Pituaçu69 – Imbuí70 – Boca do Rio

Prefeitura Bairro V – Cidade Baixa71 – Ribeira72 – Mangueira73 – Bonfim74 – Monte Serrat75 – Boa Viagem76 – Massaranduba77 – Vila Ruy Barbosa /

Jardim Cruzeiro78 – Roma79 – Caminho de Areia80 – Uruguai81 – Mares82 – Santa Luzia83 – Calçada84 – Lobato

Prefeitura Bairro VI – Barra / Pituba85 – Vitória86 – Canela87 – Graça

88 – Barra89 – Ondina90 – Calabar91 – Alto das Pombas92 – Federação93 – Engelho Velho da

Federação94 – Rio Vermelho95 – Chapada do Rio

Vermelho96 – Vale das Pedrinhas97 – Santa Cruz98 – Nordeste de Amaralina99 – Amaralina100 – Pituba101 – Itaigara102 – Caminho das Árvores103 – Stiep104 – Costa Azul105 – Jardim Armação

Prefeitura Bairro VII – Liberdade / São Caetano106 – Alto do Cabrito107 – Marechal Rondon108 – Campinas de Pirajá109 – Boa Vista de São

Caetano110 – Capelinha111 – São Caetano112 – Fazenda Grande do

Retiro113 – Bom Juá114 – Liberdade115 – Curuzu116 – Santa Mônica117 – Lapinha118 – Pero Vaz119 – Caixa D’Água120 – Baixa de Quintas121 – IAPI122 – Retiro123 – Pau Miúdo124 – Cidade Nova

Prefeitura Bairro VIII – Cabula / Tancredo Neves125 – Granja Rurais Presi-

dente Vargas126 – Calabetão127 – Jardim Santo

Ínácio128 – Mata Escura129 – Sussuarana130 – Nova Sussuarana131 – Arraial do Retiro132 – Barreiras133 – Beiru/Tancredo

Neves134 – Arenoso135 – Novo Horizonte136 – CAB137 – São Gonçalo138 – Engomadeira139 – Cabula140 – Resgate141 – Pernambués142 – Saramandaia143 – Cabula VI144 – Doron145 – Saboeiro146 – Narandiba

Prefeitura Bairro IX – Pau da Lima 147 – Porto Seco Pirajá148 – Jardim Cajazeiras149 – Vila Canária150 – Pau da Lima151 – Sete de Abril152 – São Marcos153 – Jardim Nova

Esperança154 – Novo Marotinho155 – Canabrava156 – São Rafael 157 – Vale dos Lagos158 – Nova Brasília159 – Trobogy

Prefeitura Bairro X – Valéria160 – Pirajá161 – Valéria162 – Palestina163 – Morada da Lagoa

Foto: Manu Dias/SECOM-BA

Page 7: Jornal do Rio Vermelho 05 edição

JRV – 7

Muita gente cultua Yemanjá na tradicional festa do 2 de Fe-

vereiro, no bairro do Rio Vermelho, pensando tratar-se de uma enti-dade exclusivamente africana. O antropólogo Edison Carneiro, num texto de 1950, incluído no livro “La-dinos e Crioulos”, mostra que isso não é verdade. Sua análise, esclare-cedora, indica que desde o final do século XIX, o que se cultua na Bahia é uma entidade brasileira, sincréti-ca, que reúne elementos, sim, da cultura africana, mas também ame-ríndia e europeia. A confusão mais flagrante é a incorporação da sereia, elemento sobrenatural da Europa com o orixá nagô de Yemanjá. São duas entidades completamente contraditórias que convivem numa mesma figura. Ele lembra que se-reia “é a mulher fatal, que com o seu amor traz a morte”. Vide as agruras que Ulisses e seus marujos passa-ram ao retornar de Troia, quando o barco dos argonautas passou perto da ilha das sereias, cujo canto leva-va os homens a se jogarem no mar em busca da própria destruição. Ao contrário das feiticeiras marítimas, Yemanjá é a representação da fe-cundidade, a reprodução da espé-

cie e nem aparece na água salgada. Nada melhor, então, que conferir o texto de Edison Carneiro que repro-duzimos a seguir:

Yemanjá e aMãe-D’Água

Escritores, pintores, músicos e ele-mentos populares em geral tem contribuído poderosamente, por um lado, para dar o nome Yemanjá à mãe-d’água brasileira e, por outro lado, para tornar as festas em seu louvor uma simples reprodução das festas da sereia européia. Bem entendido, Yemanjá é uma deusa nagô e de modo algum uma con-cepção de todas as tribos negras chegadas ao Brasil. Sabemos que ao povo nagô se pode atribuir gran-de parte da nossa mística popular, nos mais variados graus de fideli-dade com o original. Parece extra-ordinário porém, que as diferenças fundamentais que facilmente po-demos encontrar entre Yemanjá e a sereia fossem postas de lado tão sumariamente, até cair no dualismo apontado – nome africano, festas europeias. Como já o indicou Joa-quim Ribeiro, há nesse caso “uma interseção de vários cultos” das águas, como o da Iara dos índios. Não devemos esquecer que os na-gôs não rendem culto público, fora de portas, a Yemanjá e, certamente, não deixaram essa tradição. Pelo contrário, nos candomblés baianos, que são como tentei provar, resul-tado das concepções religiosas dos nagôs, até mesmo o “assento” de Yemanjá se encontra, obrigato-riamente, no interior da casa. Pa-rece que, como em tantos outros casos, a mítica nagô, passando a outros grupos de cultura, brancos e negros, se deturpou consideravel-mente, de maneira a ficar apenas o nome Yemanjá cobrindo concep-ções, festas e costumes que são ca-racteristicamente estranhos à África – e em especial ao povo nagô.

Talvez seja antigaessa confusão

Nina Rodrigues, em 1897, nota-va que “em geral a concepção de Yemanjá confunde-se com o mito da sereia de que se torna uma sim-ples variante” e mais tarde, em “Os Africanos no Brasil, afirmava que “o mito de Yemanjá se confunde com o da mãe-d’água e o da sereia sob cuja forma e efígie a representam”. Isto acontece hoje em todos os candomblés, em que a figura de Yemanjá muitas vezes é a dá mu-lher branca, a pentear seus longos cabelos, mas já acontecia também em 1899, por sinal que no famoso candomblé do Gantois da Bahia, onde Nina Rodrigues pôde encon-trar “duas sereias de gesso barato, mandadas vir do Rio de Janeiro”, re-presentando Yemanjá e outra divin-dade das águas, Oxún (sic). Por sua vez, Manuel Querino lembra a festa que, na terceira dominga de de-zembro, a gente dos candomblés realizava diante do Forte de São Bartolomeu, na cidade do Salvador, sob a direção do Tio Ataré, enchen-do-se uma grande talha de barro, que se atirava ao mar, com “pentes, frascos de pomada, frascos de chei-ro, côvados de fazenda” presentea-dos por centenas de africanos.

Isso não impede que em outros candomblés, mais respeitadores da tradição nagô, como as do Enge-nho Velho da Federação e Flaviana, Yemanjá se represente corretamen-te por pedras (itás) ou por escultu-ras de pessoas possuídas pela orixá (êxés).

Parece que a notícia mais antiga de presente de Yemanjá é a que nos deixou Manuel Querino: “Um pe-queno saveiro de papelão, armado de velas e outros utensílios de náu-tica, era lançado ao mar, condu-zindo como dádiva à mãe-d’água figuras de bonecas de pano, mi-

lho cozido, inhame com azeite--de-dendê, uma caneta e pena, e pequenos frascos de perfumaria”. Todos os que já acompanharam um presente para a mãe-d’água notarão a diferença este tipo de oferenda e o modelo atual.

Yemanjá, no país dos nagôs, é a deusa do Rio Ogún e, por extensão, dos rios, fontes e lagos nacionais. O seu domínio não chega até o mar, onde manda Ôlôkún. Nina Rodri-gues recolheu na Bahia uma peça esculpida, um cofre de Yemanjá, que representa uma cena de pesca do crocodilo, que é animal de rio, e o coronel Ellis, na lenda do nasci-mento dos orixás, conta que, após o incesto, dos seios desmesurada-mente intrumescidos de Yemanjá brotaram dois rios que adiante se reuniram e formaram uma lagoa. Entre os lugares especiais em que, na Bahia, se cultua Yemanjá, estão três lagoas – o Dique e as Lagoas de Vovó e do Abaeté.

Ruth Landes escreveu que Yeman-já é “uma nova edição da mammy americana”. Com efeito, entre os nagôs, a deusa é sempre esposa e mãe. A lenda do coronel Ellis – que Nina Rodrigues considerava “re-lativamente recente”, por não ser corrente entre os negros da Bahia nem de outros pontos do Brasil – a apresenta como mulher de Aganju, seu irmão, e mãe de Ôrungá, que a violenta, nascendo daí muitos dos orixás, como Xangô, Oxún, Oxóce, Ogún etc., presentes nas religiões do negro brasileiro. Ellis decompõe o nome da deusa em yeye, mãe, e ejá, peixe, ou seja: “mãe de peixe”. Ruth Landes lhe dá a posição da “esposa mais jovem e mais amada” de Oxalá – mais jovem em compa-ração com Nana, já senil. E Nina Ro-drigues, estudando uma peça de escultura africana da Bahia – um trono ou banco para o sacerdote possuído por Yemanjá – observou:

“No largo movimento das mãos abertas a fim de conter e levantar os volumosos e túrgidos seios da orixá que, para oferecê-los, está de joelhos, o artista expressou com fe-licidade a concepção da uberdade, de fundo chtoniano ou material, que se atribui a Yemanjá...”

Em que se parece essa Yemanjá com a figura fascinante, voluptosa, encantadora, que ligamos à sereia do folclore europeu?

Se a sereia mora no fundo do mar, Yemanjá habita rios, fontes e la-gos. Esta é mãe e esposa, e na len-da do coronel Ellis dá nascimento a muitos filhos, que são os orixás mais conhecidos, em contrapo-sição com a eterna juventude e disponibilidade da sereia, mais fácil de imaginar como uma es-tranha amante submarina do que como esposa. Maternal, Yemanjá simboliza a fecundidade, a repro-dução da espécie, a natureza em todo o seu esplendor, enquanto a sereia é a mulher fatal, que com o seu amor traz a morte. E, para completar o quadro das diferen-ças, Yemanjá vem ao encontro dos homens, nos candomblés, ao passo que a sereia tem de ser requisitada, e solicitada com pre-sentes, nos seus vastos domínios marítimos.

O rabo de peixe, os olhos verdes, os cabelos compridos, as canções irresistíveis de amor, toda a con-cepção européia da sereia, estão em desacordo com Yemanjá. Sob este nome, nas festas públicas, não se cultua uma deusa africana, da nação nagô. Cultua-se uma divin-dade brasileira das águas, fruto do sincretismo das concepções nagô, ameríndia e europeia dos deuses aquáticos. E, na verdade, a influên-cia maior é a da Loreley dos bran-cos, que nada mais perdeu do que o nome (1950).

Yemanjá não é uma sereiaBiaggio Talento

Por sugestão da própria Prefei-tura Municipal de Salvador, o local das quadras de esporte da Paciência será chamado de Praça Mestre Didi. A AMARV re-alizou uma enquete informal no bairro sobre o nome sugerido, e o resultado foi a aprovação do nome pela grande maioria de moradores e frequentadores.

Deoscóredes Maximiliano dos Santos, mas conhecido como Mestre Didi, nasceu em Salva-dor no dia 2 de dezembro de 1917. É escritor, artista plásti-co e sacerdote afrobrasileiro. Publicou diversas obras, como ensaios e contos, e realizou vá-rias exposições de suas escul-turas no Brasil, Europa, África e Américas.

Filho de Mãe Senhora, do Axé Opô Afonjá, foi muito cedo iniciado na religião de seus an-cestrais e no culto dos Orixás, detendo diversos títulos da tra-dição afrobrasileira, como o de Alapini, sacerdote supremo do

culto aos ancestrais, e o de Balé Xangô, sacerdote de Xangô, confirmado em Oyó, na África. Recebeu expressivas homena-gens, destacando-se o título de Doutor Honoris Causa pela UFBa e a Comenda do Mérito Cultural Brasileiro.

No local das quadras da Pa- ciência, Mestre Didi tem uma escultura “Cetro da Ancestrali-dade” (2001), confeccionada em bronze fundido com sete me-tros de altura, que estabelece uma relação entre a arte e a re-ligiosidade. Sua localização em frente ao oceano com direção para a África, remete à impor-tância do legado dos negros no processo de construção da identidade brasileira.

O Rio Vermelho se sente honra-do com a escolha do nome de Mestre Didi para essa nova pra-ça, e parabeniza quem teve essa grande ideia de homenagear um dos mais importantes mes-tres da Bahia.

Local das Quadras da Paciência será Praça Mestre Didi

Escultura Cetro da Ancestralidade no local da futura Praça Mestre Didi

Foto: André Avelino

Foto: Carmela Talento

Page 8: Jornal do Rio Vermelho 05 edição

8 – JRV

As tribos urbanas que con-vivem no bairro não se

incomodam entre si. Os seus esteriótipos, comportamen-tos e estilos não se agridem, e o respeito e a tranquilidade são mútuos. Rivalidades entre tribos urbanas existem e têm sido registradas cientificamen-te desde a década de 1960, mas no Rio Vermelho é diferente, quem sabe talvez por ser regi-do por duas figuras femininas, Senhora Sant’Ana e Yemanjá.

A expressão “Tribos Urbanas” foi criada pelo sociólogo Mi-chel Maffesoli, diretor do Cen-tro de Estudos sobre o Atual e o Cotidiano da Universidade de Sorbonne (Paris-França), que começou a usá-la nos seus artigos a partir de 1985 e ganha força três anos de-pois, com a publicação do seu livro “O Tempo das Tribos: o declínio do individualismo nas sociedades de massa”. Para Maffesoli “não vivemos mais na sociedade de consu-mo, mas numa sociedade de desperdício absoluto. Existe a massa e dentro da massa as pequenas tribos que conso-mem conforme a moda, num processo acelerado de obso-lescência planejada dos obje-tos”. Ele aponta a megalópole moderna como habitat desse novo tribalismo.

As tribos de Salvador vêm se organizando e saindo da clan-destinidade. Os seus membros andam em grupos e procuram seus iguais, com hábitos, valo-res culturais, estilos musicais e/ou ideologias políticas seme-lhantes (a tribo urbana não é determinada prioritariamente por ideologia política). Algumas tribos são alternativas à ordem social baseada na organização familiar. Outras são apenas no-mes genéricos dados a deter-minado grupo de pessoas.

Todos os movimentos de con-tracultura são tribos urbanas, porém nem todas tribos ur-banas fazem parte do movi-mento de contracultura. A cultura das tribos urbanas é informal, bem diferente das organizações ligadas ao bur-guesismo permeadas pelo nosso taylorismo ociden-tal, que rejeita a emoção e os sentimentos coletivos. A maioria das tribos é compos-ta por jovens em busca de uma identidade, sem medo de experimentar o novo, atra-vés do comportamento, da maneira de vestir, de pensar, do manifesto e, principal-mente, da música.

No Rio Vermelho, as tribos es-sencialmente musicais ocu-pam bares e casas de eventos e conciliam vários estilos, os chamados crossover. O Largo de Santana é um caldeirão de roqueiros, regueiros, forrozei-ros, pagodeiros e sertanejos universitários, que sempre aca-bam na alvorada do Mercado do Peixe.

Outras tribos sem princípio na música também curtem o bairro. Os surfistas, skatis-tas, tranceurs e, em especial, a tribo dos Harleyros/BA, uma galera de motociclistas acima dos 50 anos, que se concen-tram todas as quintas-feiras no Largo da Mariquita e curtem o “Sem Destino”.

No cenário multicultural de Salvador, o Rio Vermelho tem a tradição de ser o principal lugar para onde convergem todas as tribos pacificamen-te. Um bairro assim, plural e ousado, ensinando ao mun-do como se pratica a demo-cracia.

Veja com qual tribo você se identifica:

Hipppies

Adotam um modo de vida co-munitário, tendendo a uma es-pécie de socialismo libertário, a um estilo de vida nômade e à co-munhão com a natureza. Carac-terísticas: cabelos longos, roupas velhas de cores berrantes para fazer apologia à psicodélia. Cur-tem: Janis Joplin, Jimi Hendrix, Led Zeppelin, The Doors, Pink Floyd, Bob Dylan, Raul Seixas etc.

Punks

Adotam o princípio da auto-nomia do faça-você-mesmo. Aparência mais agressiva, o sar-casmo e a subversão à cultura. Características: corte de cabelo estilo moicano, muito gel e mui-to colorido. Curtem: Sex Pistols, The Clash, UK Subs, Ramones, Aborto Elétrico etc.

Headbangers (Metaleiros)

Uma das tribos mais populares do Brasil. Em sua base de influência curtem o heavy metal. Caracte-rísticas: cabelos longos, camisas pretas, jaquetas jeans de couro, braceletes, calças jeans surradas ou rasgadas, tênis all star ou coturnos, e acessórios como piercing e ta- tuagens. Cur-tem: Iron Maiden, Black Sabbat, Depp Purple, Ju-das Priest etc.

Góticos(Darks)Uma das tribos mais respeitadas,

derivada do gênero pós-punk, marcada por suas referências artísticas e literárias. Caracte-rísticas: roupas baseadas no preto (luto pela sociedade) com adição de lilás, roxo e car-mesim. Utilizam maquiagem temática, focada na drama-ticidade do teatro e cinema. Curtem: Xmal Deutschland, The Cure, Siouxsie and the Banshees, Sisters of Mercy, Spicemen etc.

Glam Rockers

É uma subcultura laica, isto é, neutra a qualquer religião. Ca-racterísticas: diferentes com-binações entre si, do blush e

delineador, passando pelos brincos, muito brilho, calças justas e roupas extravagantes. Cabelos longos e, em alguns casos, franjas. Curtem: Poison, Sweet, Slade, T. Rex, Secos e Molhados, Rita Lee e Tutti Frutti.

Clubbers (Raves)

Adeptos de música eletrônica, inovadores por definição se reú-nem em casas no-turnas e raves

Rio Vermelho,caldeirão de todas as tribos

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temáticas. Características: se vestem de forma extravagante com muito brilho, roupa de per-sonagem de desenho animado, acessórios que brilham no escu-ro, piercings e cabelos coloridos. Curtem: House, Tri-Hop, Trace, Techno e Drum and Bass etc.

Skinheads(Carecas)

Utilizam o modismo extra-vagante como modo de afir-mação, são conservadores, adotam atitudes violentas, de ódio, preconceito, raiva, agressividade e racismo. Pos-tura ideológica que mistura idealismo homofóbico, anti-comunismo, anticomunismo, antianarquismo e antidrogas (apesar do consumo exage-rado de álcool). Caracterís-ticas: cabeça raspada (não necessariamente), utilizam tatuagens e roupas pesadas com coturnos e suspensó-rios. Curtem: Sex Pistols, The Offspring, The Business, The Opressed, Neuróticos, Garo-tos Podres, Vitus Z7, Histeria, Ramones etc.

White Powers

É uma das ramificações dos Skinheads, cujos membros pregam o antissemitismo e a supremacia branca. São ra-dicais de extrema direita. Ca-racterísticas: cabeças raspa-das, usam roupas camufladas de guerra e coturnos, tatua-gens nazistas como a suásti-ca e a cruz de malta. Curtem: Skrewdriver, British Front etc.

Grungers

Seguem o movimento musical

Grunge (sujeira). Sons de gui-tarras altamente distorcidas e vocais enérgicos com letras caracterizadas por apatia e de-sencanto. Se rebelam contra a sociedade de consumo que é guiada pela TV. Apoiam o feio, o pobre e o sujo em oposição ao glamour. Características: cabelos longos, bermudas ou calças folgadas, jeans su-jos, tênis sujos e bonés. Cur-tem: Pearl Jam, Mudhoney, The Melvins, Alice in Chairs, Nirvana etc.

Rivethead

Conhecidos no Brasil como “Tronco”. Fãs da música indus-trial, caracterizados por idea-ção futurista, afeto distópico e elitismo. Características: a maioria são homens que cal-çam botas, vestem casacos negros de couro, calças milita-res e pintam o cabelo de preto bem forte. Curtem: Kraftwerk e Neul Kluster (pioneiros), Pere Ubu, Suicide, Killing Joke, Clo-ck DVA etc.

Rasta

Seguidores do Reggae e de seus idealizadores, tribo urba-na que segue os ideais de Jah e a cultura Rastafari, são basi-camente vegetarianos e usam a maconha de forma ritual. Características: Cabelos em dreadlocks, roupas leves de tecidos naturais, simples, co-loridos de herança africana, calças largas, túnicas, sandálias de couro. Curtem: Bob Marley, Peter Tosh, The Wailers, Alpha Blondy, Edson Gomes, Adão

Negro etc.

Rappers

Rap significa rhytm and poetry (ritmo e poesia). A maioria dos rappers são negros de origem dos bairros pobres e da perife-ria. A música é o forte da tribo, são ritmos e letras que expres-sam o momento ou algum acontecimento em sua vida ou na sociedade. Características: roupas folgadas, muitas cor-rentes, pingentes e pulseiras grandes e grossas confeccio-nadas em ouro ou prata. Na cabeça bonés de marca e nos pés tênis de marca. Curtem: Jay Z, Diddy, Akon, Dr. Dre, Snopp Doggy, Sean Puffy, Tim-berland etc.

Traceurs

São praticantes de parkour, costumam se reunir em locais com grande números de obs-táculos para executar os ex-perimentos e exercícios, tudo com base no pensamento “ser forte para ser útil”. Calças e ca-misas leves e tênis esportivos. Curtem: músicas variadas, mas o fundamental mesmo são os obstáculos.

Nerds: Geeks, Trekkes, Otakus, Gamers e Netts

Apesar de serem uma tri-bo urbana, não tem estilo facilmente reconhecível à primeira vista. Tampouco gostam da mesma música e nem todos frequentam o mesmo lugar. Se definem como técnicos, autodida-tas, apaixonados pelo que fazem e entendem. Carac-terísticas: pouco extroverti-dos, jovens excessivamente magros ou gordos com rou-pas fora de moda, camisas fechadas e calças mais cur-tas que deveriam. É típico o

uso de óculos. Traços as-sociados ao estereótipo

Nerd, especialmente a incomum tendência

em acumular altos c o n h e c i m e n t o s e s p e c i a l i z a d o s , paralelo à inabili-dade social. Cur-tem: Ookla the Mok , Jonathan Coulton, Opti-mus Rhyme, 8 Bit

Instrumental, The Arrogant Worms.

GEEK – voltado especialmente para a tecnolo-gia e informá-tica.TREKKES – fãs do Star Trek.OTAKUS – gos-tam de anime, mangás e cul-tura japonesa.GAMERS – vi-ciados em jo-gos eletrônicos.NETTS – são fãs de mitologia.

Emos

São muito emotivos, choram muito e gostam de estar nos cantos dos lugares. Curtem o som de bandas que compõem num lirismo mais emotivo que o habitual. Características: cabelos lisos e franjas coladas ao rosto. Roupas pretas com desenhos de caveiras, maquia-gem preta, pulseiras, colares e anéis pretos com picos e tachas. Curtem: My Chemical Romance, Panic at the Disc, May Day Parade etc.

Mods

Originários do pop art, pelo sím-bolo MOD baseado no símbolo dos aviões da RAF da 2ª Guerra Mundial. Estilo musical no início do jazz moderno, mais tarde o soul , ska jamaicano e o blue beat. Características: evolução do t-shirt com alvo estampado e utilizam scooter (lambreta) como meio de transporte. Cur-tem: Small Faces, The Who, The Yard Birds etc.

Preppies (mauricinhos e patricinhas)

Modo de vida não necessaria-mente requintado. Ter etiqueta é um dever. É de extrema im-portância ser agradável com colegas, mostrar respeito com os outros. Características: roupas e acessórios clássicos e conser-vadores, utilizam no vestuário somente roupas de marca. Cur-tem: Lady Gaga, Britney Spears, FloRida, The Kills, Soho Dolls etc.

Yuppies (executivos)

Movimento com embasa-mento histórico movido por conceitos não só de moda mas também político, social, burguês, ideológico e capita-lista. São jovens urbanos entre 20 e 40 anos pertencentes à classe média ou alta, conser-vadores e tendem a valorizar bens materiais. Investem em Bolsa de Valores, carros impor-tados e aparatos tecnológi-cos. Características: adeptos dos ternos e gravatas, blazer, suéter cardigan, camisa de botão, casaco, valorizando sempre grifes famosas e caras. Curtem: a música não é o for-te mas gostam do estilo pop, da moda. The Yuppies, Metrô, The Smiths etc.

Surfistas

Adoram o lema paz e amor, le-vam uma vida bastante saudá-vel e buscam no esporte a rea-lização pessoal. O verão é deles e o inverno também. Caracte-rísticas: cabelos longos, alguns parafinados, roupas coloridas de marcas surfer, camisas com estampas de ondas e muito pôr do sol e sandálias havaianas. Curtem: Sublime, Donavon, Forfun, Jason Mraz, The Beau-tiful Girls, Surfaris, Cor do Som, Bem Harper, Felipe Dylon etc.

Skatistas

A ideologia da tribo é curtir a vida, os momentos do espor-te e viver para andar, mas fora isso não apresentam nenhuma visão política original ou con-cepção de mundo de certo modo alternativo. A liberdade de expressão é obtida através do esporte. Características: usam roupas largas de cores neutras, com visível símbolo do skate, bonés, pulseiras com tachas e picos, tênis largos. Usam mochilas para poderem andar sempre com tudo que precisam. São divididos em três subtribos: a do hip hop, a dos grafiters e dos básicos. Curtem: de rock a hip hop, adoram Charlie Brown Júnior, CPM 22, Rappa, Sabotage, Ra-cionais MC’s etc.

Psychobillies

Autênticos, eles cultuam o punk e o rockabilly. O gênero também é caracterizado pelas referências à filmes de terror e assuntos como violência, sexualidade lúgubre e outros tópicos considerados tabus, embora apresentados de forma cômica e corajosa. Repudiam os pensamentos de extrema direita. Características: pentea-do chamado “quiff” um tipo de moicano rockabilly, enquanto as roupas combinam o estilo punk (cabelo tingido, trajes sur-rados, rasgados e jaquetas de couro) com a moda inicial o ro-ckabilly (estampas com figuras de animais). Curtem: Meteors, Sharks, Batmobile, Nekroman-tix, Mad Sin Klingonz, Tiger Army, Los Gatos Locos etc.

Drag Queens

Tribo em que os homens se vestem com roupas femini-nas exageradas, e DRAG KIN-GS mulheres que se vestem de homem. Embora a maioria seja homossexual esta orien-tação sexual nem sempre é norma. Ser Drag significa dar vida a um personagem. Ca-racterísticas: muito brilho, exageros no vestir, nos modos e na maquiagem carregada e o estilo cômico de se apresen-tar. Curtem: som de discoteca e seu hino “I Will Survive” de Gloria Gaynor.

Harleyros

Incentivo ao culto do estilo de vida: liberdade + irmandade + atitude. Amantes das motos clássicas, em especial as lendá-rias Harley Davidson. Iniciaram as jornadas na adolescência com os primeiros sonhos de liberdade. Características: ca-belos longos, barba e cavanha-que, óculos rayban e indumen-tárias pretas (blusão e calça de couro ou jeans) muitas tachas e capacete retrô. Curtem: o astro James Dean e músicas variadas que vai dos Beatles, Rolling Stones, The Police, Ge-nesis à Credence.

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10 – JRV

O Rio Vermelho esteve em festa no mês de julho com vasta progra-mação em louvor à Nª Sª Santana, padroeira do bairro. Este ano, em virtude da Jornada Mundial da Ju-ventude (JMJ), a festa foi antecipa-da. A celebração da novena da fes-ta aconteceu de 12 a 20 de julho, e no sexto dia foi celebrada uma missa comemorativa ao terceiro aniversário de dedicação à igreja. No último dia da novena, a missa foi dedicada aos doentes e idosos.

E no dia 21 culminou com a festa de Nª Sª Santana.

A programação do dia festivo teve iní-cio às 5h30 da manhã, com alvorada de fogos, seguida da procissão pelas ruas do bairro com as imagens de Nª Sª Santana e São Joaquim. Às 8h30 foi celebrada a missa solene presidida pelo arcebispo primaz, D. Murilo Krie-ger, e às 11h30 houve a procissão ma-rítima com os pescadores, finalizando assim as festividades do bairro.

Mês de julho dedicado à Nossa Senhora Sant’Ana

Comemorando 45 anos de inaugu-ração (23/09), a Biblioteca Juracy Magalhães Jr. apresenta uma vas-ta programação para este mês de setembro, e convida toda comuni-dade do bairro e adjacências para participar desse evento:

RIO VERMELHODias 01/09 a 30/09 das 8h às 17h (2ª a 6ª) e sábado das 8h às 13h. Exposição de fotos e acervo de publi-cações sobre o bairro ressaltando as-pectos históricos, culturais e religiosos.

ARTES VISUAISDias 01/09 a 30/09.Exposição “Retratos” do artista plás-tico Raul José Rodrigues.

HORA DE OUVIR HISTÓRIADia 12/09 às 14h.Narrativas de histórias infantis com os temas “Preservação do Meio Am-biente e Respeito às Diferenças”.• Terra Quente, Sol Doente• O Patinho FeioFacilitadora: Maiane de Almeida

A FESTA NO CÉUDia 17/09 às 14h.Apresentação da peça “A Festa no Céu” com o grupo Cabriola sob a direção de Heraldo Souza.

OFICINA LITERÁRIA – LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS NO

GÊNERO CONTOSDia 18/09 às 14h.Em comemoração ao Dia do Escri-tor (25/07). Oficina mostrando as práticas de escrever bem.Facilitador: Carlos Souza de Jesus

OFICINA DE ARTE – RETRATOS EM PASTEL SECODia 19/09 às 9h.Explanação e demonstração da téc-nica utilizada pelo artista plástico Raul José Rodrigues Munhoz.

FEIRA LITERÁRIA – PRIMAVERA DAS LETRASDia 20/09 -10h às 16h e 21/09 -9h às 14h.Feira de livros com a participação de escritores moradores e ex-mora-dores do Rio Vermelho

PALESTRA – LEITURA E LITERA-TURA: A FORÇA DA PALAVRADia 23/09 às 9h.Comemorando os 45 anos da BJMJr (23/09), palestra com o Professor Adriano Eysen (UNEB) sobre a im-portância do ensino e da aprendi-zagem da Língua e Literatura no desenvolvimento do ser humano.

OFICINA DE CRIATIVIDADEDia 25/09 às 9h.A jornalista, escritora e atriz Fabiana Barros fará um concurso com o títu-lo ”Realize o sonho de ser escritor”.

Aniversário da BibliotecaJuracy Magalhães Jr.

Professor Alcyr nasceu em Mata de São João--BA, em 13 de setem-bro de 1927. Casado com a Professora Anna Diamantina Nolasco Ferraro, que lecionou por muitos anos no Co-légio Manoel Devoto, e forma uma bela família com os filhos Carlos Roberto – que deixou saudades em todo o bairro –, Eneida e seus netos Rafael e Rodrigo.

Veio para o Rio Verme-lho no final da década de 1950, para sorte nos-sa. Destacou-se como um dos maiores nomes da Educação Física na Bahia. Nunca perdeu o entusiasmo por seus objetivos educacionais. Incansável batalhador pela divulgação e democratização da prática desportiva em todos os níveis. Foi idealizador, organizador e colaborador de diversos even-tos esportivos de alcance nacional como as “Olimpíadas Baiana da Pri-mavera”, “Travessia Baía de Todos os Santos”, “Jogos Universitários Brasi-leiros”, além de inúmeras compe-tições de atletismo da Federação Universitária Baiana de Esportes.

Foi mentor e implantador dos cursos de Licenciatura em Educa-ção Física da Universidade Católi-ca de Salvador (1973) e da Univer-sidade Federal da Bahia (1986).

No seu vasto currículo pessoal podemos relacionar: Licenciatura pela Escola Nacional de Educação Física e Desportos da Universidade do Brasil (1949); Curso de Extensão – Contribuição da Lógica para o Método de Educação Física – Uni-versidade do Brasil (1950); Profes-sor da rede estadual de ensino, aprovado em concurso (1951); técnico em Ginástica Corretiva e Massagem do Serviço de Fisiote-rapia do Hospital Edgard Santos; professor titular da Universidade Católica (UCSAL); chefe do Depar-tamento de Educação Física da UFBa; e presidente da Associação de Professores de Educação Física da Bahia (1958/1960, 1967/1969 e 1971/1973); Curso de Metodo-logia do Ensino Superior – UC-SAL (1975); e professor adjunto e coordenador do Colegiado do Curso de Licenciatura em Educa-ção Física da UFBa. Professor Alcyr ensinou em vários colégios públi-cos e privados, e pertenceu aos quadros da Secretaria de Educa-ção e Cultura do Estado da Bahia.

O Jornal do Rio Vermelho presta esta justa homenagem ao Mestre, esse ser humano de rara beleza, que ajudou a educar uma legião de alunos e amigos, proporcionan-do à educação baiana uma valiosa contribuição para a história da Edu-cação Física em nosso estado.

JRV – Como começou a sua formação em Educação Física?

Prof. Alcyr Ferraro – Eu era professor leigo, não tinha título. Tive a oportunida-de de ser professor leigo em 1946. Era um atleta Amador mas me senti na obrigação de ser especializado, não havia curso de Educação Física na Bahia. Eu pensei, tenho que me preparar. Fui para o Rio de Janeiro para a Escola Nacional de Educação Física e Desporto da Universidade do Brasil. Fi-quei lá três anos e saí licenciado em Edu-cação Física.

JRV – Como se deu a criação e im-plantação do curso de Lienciatura em Educação Física feita pelo senhor na UCSAL? Contou com o apoio de outros professores?

AF – A dificuldade de encontrar professores especializados era muito grande. Incentivado pelas autoridades, havia os cursos de emer-gência que duravam 15 dias. Era um absur-do! Fomos pela associação de professores ao encontro do reitor Lafayete Pondé, da UFBa, que não foi sensível ao nosso pleito. Quem foi sensível foi o reitor da UCSAL, monsenhor Eugêncio Veiga. Assim nasceu o primeiro curso superior de Educação Física na Bahia. O grande precursor da Educação Física aqui foi Isaías Alves de Almeida.

JRV – A Educação Física passou a ser disciplina obrigatória nas es-colas públicas, a partir do Decreto Lei n0 69.450 de 01-11-1971. Passou a ser obrgiatório também em cursos superiores e o senhor implantou di-versas atividades na UFBa. Conte um pouco sobre isso.

AF – Quando eu entrei, havia a obrigato-riedade. A LDB (Lei de Diretrizes e Bases) acabou com essa obrigatoriedade. Na Uni-versidade Federal fui eu quem implantou o curso de Educação Física, fiquei em cima do reitor Germano Tabacoff até que o cur-so saiu. A pedagoga Leda Jesus foi quem me deu a dica: não pense numa escola de educação física. Pense num Curso de Licen-ciatura em Educação Física, vinculado à Faculdade de Educação. Por exemplo, me cobraram que colocasse capoeira no cur-rículo, mas não havia mestres de capoeira

com formação acadêmica, o que era uma exigência do Ministério da Edu-cação. Na Católica foi diferente, havia um mestre com formação, por isso o curso já nasceu com capoeira. A gen-te tinha que catar profissional porque naquela época era muito difícil.

JRV – A Educação Física na Bahia começou a ter destaque com alguns professores e a partir do surgimento das academias de ginástica. O senhor foi professor de academia ou apoiava a inicia-tiva?

AF – Nunca fui. Minha dedicação foi tão grande que nunca pude me envol-ver com isso. Eu não era empresário, não tinha dinheiro e estava ocupado demais com meus cursos.

JRV – Como o senhor vê as novas tecnologias de aparelhagem e o acompanhamento médico espe-cializado, ficou mais fácil prati-

car exercícios físicos?

AF – Com certeza, a Educação Física é preventiva para a boa saúde. Gosto de chamar de atividade física: é fundamen-tal para a qualidade de vida. Hoje, todo mundo corre, pratica exercícios, frequenta academia. Por outro lado, perdemos em competitividade. O mundo hoje é feito de superatletas. Veja bem, a Bahia tem muita atividade: muita festa, praia, a turma bebe muito… E é o único estado brasileiro que não tem uma pista sintética. Não temos um parque aquático! Isso é reflexo de mui-tas administrações que não ligaram para o esporte. Hoje, só existe competição nos colégios particulares. Antigamente, havia as Olimpíadas Baianas da Primavera, uma iniciativa de Antonio Sampaio, dos Diários Associados, e eu participei ativamente como presidente da Associação de Profes-sores de Educação Física da Bahia. Havia lugares como Itapagipe, onde passei mi-nha infância, onde o esporte era bem forte. Itapagipe foi um celeiro de atletas.

JRV – Fale sobre seu livro. Um conse-lho para quem quer conhecer sobre a prática de exercícios físicos.

AF – Hoje já não tenho mais aquele pi-que, já cumpri a minha parte. É que eu fui um dos mais antigos da Bahia nessa área. Quando estava para me aposentar da UFBa, olhei para trás e não havia um registro sobre a educação física no estado. Então resolvi fazer um livro “Educação Física na Bahia – Memórias de um Professor” (1991), a UFBa não tinha recursos, mas tive a sorte e o apoio de patrocinadores. Antes desse livro não havia memória, tudo acabou com a chuva que atingiu os arquivos guardados na Fonte Nova. Eu tinha meus recortes, então fui para o Arquivo Público pesquisar, aí fiz esse livro para preservar a memória da Educação Física na Bahia.

JRV – O senhor conviveu por décadas no bairro do Rio Vermelho, ainda cur-te o bairro?

AF – Fui morador do Rio Vermelho onde tive a felicidade de morar com Ana e os meus filhos. Foi uma época muito boa. Apesar de morar na Pituba, sempre passo por lá e curto alguma coisa.

Foto: André Avelino

Personagem do Rio VermelhoAlcyr Naidiro Fraga Ferraro

Foto: André Avelino

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JRV – 11

EstacionamentoIrregular

Esse é o cotidiano no Rio Verme-lho. Carros estacionados sobre os passeios e em locais proibi-dos. No Parque Cruz Aguiar, a situação é complicadíssima com

o grande número de empreen-dimentos comerciais liberados para a área, até a ilha que de-veria ficar livre, virou estacio-namento rotativo 24 horas. En-quanto as pessoas não tomarem consciência de que as leis foram feitas para serem cumprida, o caos continuará imperando

na cidade, até porque não tem administração boa que consiga colocar um fiscal em cada esqui-na. Os prepostos aparecem uma vez ou outra, multam, e no dia seguinte tudo volta a ser como antes. É muito difícil mesmo li-dar com essa falta de educação. Passeio esburacado provoca grave acidente A falta de conservação dos passeios vitimou mais uma moradora do bairro. A espo-sa de Sarnelli, colaborador do Blog, tropeçou em um buraco próximo ao ponto de ônibus, na Rua João Gomes e foi parar no hospital com dois cortes, um de cada lado do antebraço, levou 16 pontos, ficou hospita-lizada por dois dias e saiu com o braço na tipoia e uma placa parafusada para juntar os os-sos. Uma simples caminhada

está se transformando em ati-vidade de alto risco no Rio Ver-melho, e os relatos de quedas são constantes. Hora da criança completa 70 anos O programa “Hora da Criança”, primeiro programa radiofôni-co voltado ao público infantil e feito por crianças, idealizado pelo professor Adroaldo Ribei-ro Costa, completou 70 anos de existência. Esse programa teve uma importância funda-mental durante três décadas na formação de crianças e adolescentes, revelando talen-tos e abrindo caminhos para muitas carreiras de sucesso. Desde quando saiu do ar, em 1973, um ano antes da morte do seu fundador, o programa vem se mantendo como uma instituição, mas com o mesmo propósito que inspirou a sua

fundação, buscado continua-mente renovar o seu trabalho educativo. O programa aten-de, principalmente, aos bair-ros do entorno da zona onde está localizada sua sede, na Avenida Lucaia, no bairro do Rio Vermelho e recebe uma média de 400 crianças.

Decreto Municipal cria Conselhos Comunitários O prefeito ACM Neto assinou decreto de criação dos Conse-lhos Comunitários. A iniciativa, desenvolvida pela Prefeitura--Bairro, tem como intuito aten-der a uma antiga reivindicação das lideranças comunitárias em ter um representante es-colhido pela própria comuni-dade para viabilizar e fiscali-zar situações junto ao poder público, com reconhecimento municipal.

A história de Zé Raimundo se-guiu o mesmo caminho que a de outros tantos Zés que saíram do interior para tentar a sorte na capital. José Raimundo Santos Almeida deixou Santo Antonio de Jesus com 19 anos para vir trabalhar e ajudar os pais. Che-gou em Salvador e foi morar no Pelourinho e, como sempre a sorte não sorri tão fácil, foram seis longos meses desemprega-do antes de conseguir seu pri-meiro emprego no Bar de Barão, no Mercado de São Miguel, na Baixa dos Sapateiros.

Passados alguns meses, já res-ponsável pelas principais ativida-des no local, Zé sentiu que não havia muita chance de crescer e comentou com o amigo Carlos, barman do Yacht Club da Bahia, que precisava de outro emprego. Surgiu uma vaga de ajudante de serviços gerais no Yacht, que sem-pre foi uma referência na qualifi-cação de mão de obra no setor de alimentos e bebidas. Quando Zé Raimundo chegou lá havia outra vaga, de assistente de barman, só que esse cargo tinha um porém: num local tão chique praticamen-te todas as bebidas tinham nome estrangeiro. Aí a coisa pegou.

Com o tempo, Zé driblou a dificul-dade das bebidas de nome difícil e, um dia, o Comodoro o chamou e comunicou que seria o novo 30 barman. Como o aumento de sa-lário foi quase nenhum e os seus chefes diretos não pretendiam perder seus postos, não havia saí-da, se não podia subir, Zé resolveu descer: foi ser garçom. E o primei-ro passo para ser garçom era ser cumin (aprendiz de garçom). E foi nesse período de treinamento que, certo dia, um maitre pediu que pegasse o molho madeira na cozinha e Zé Raimundo chegou na cozinha pedindo ao chef o mo-lho de pau! Em outra ocasião fez o favor de derrubar uma bandeja cheia de pratos sujos no piso do tradicional restaurante do Yacht e, por um bom tempo, o Comodoro fez marcação ao derrubador de bandejas, nunca se esquecia de perguntar ao maitre: “E aquele ra-paz, ainda está derrubando muita bandeja?”

Percalços à parte, Zé Raimundo seguiu sua trajetória de ajudante de bar, barman, cumin, garçom e maitre. Esse último cargo foi o primeiro que recusou, achava que ainda não estava preparado e havia muitos profissionais mais

velhos e experientes. Só que al-guns meses depois, surgiu outra vaga de maitre e dessa vez acei-tou o cargo – já tinha a manha. E assim se passaram oito anos, sem tirar férias, só juntando di-nheiro para ajudar a família.

Com a questão financeira sem-pre batendo na porta, resolveu sair do Yacht. Encontrou um ami-go Edvaldo, o “Diva”, que lhe falou de uma vaga no Extudo, restau-rante que estava bombando no Rio Vermelho. Não teve muito o que pensar, o salário era o triplo do emprego anterior. Era 1990, o início de um novo tempo. Tudo era muito diferente e depois de um período de adaptação, Fran-ça, que era o maitre da casa saiu e Zé foi convidado para ocupar o lugar. O Extudo era o bar mais famoso da Bahia. Ótima cozinha, ótima frequencia. E foi aí que se passaram 13 anos.

Ainda no Extudo, Zé Raimundo enfiou na cabeça que valia a pena abrir um boteco. Para essa empreitada, primeiro chamou os garçons Almir e João, depois o cozinheiro Antonio, mas ne-nhum deles aceitou. Convidou então o França, que já havia

aberto e fechado um bar na Barra Avenida, e se mostrou re-ceoso mas acabou topando a parada. O incentivo do amigo, o historiador e antropólogo Antônio Risério, praticamente o padrinho da ideia, selou o negócio. A ideia era fazer um boteco estilo francês. Alguns colegas que estavam desem-pregados foram convidados para trabalhar. Foi assim que nasceu o Boteco do França.

Marco na memória etílica e gas-tronômica do Rio Vermelho, o Boteco do França foi eleito du-rante os últimos dez anos o Me-lhor Boteco da Bahia pela revis-ta Veja. Num segmento repleto de sucessos fugazes, a receita de longevidade e sucesso do Boteco do França, Zé Raimun-do atribui à dedicação da equi-pe, à capacidade de renovação e, é claro, à fidelidade dos seus clientes.

A história de um boteco no Rio Vermelho

Deu no Blog blogdoriovermelho.blogspot.com.br

Foto: Sarnelli

Foto: André Avelino

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12 – JRV

Os Conselhos Comunitários de Se-gurança (Conseg) são instituições jurídicas de direito privado sem fins lucrativos com o objetivo principal de organizar as comunidades e fazê-las interagir com as polícias es-taduais (Polícia Civil, Militar e Cien-tífica) e se vinculam por adesão às diretrizes emanadas da Secretária da Segurança Pública por intermé-dio do coordenador estadual e pelo Conselho Permanente para Assun-tos dos Conselhos Comunitários de Segurança.

Um Conselho Comunitário de Se-gurança não é um conselho for-mado por pessoas que cuidarão da segurança pública como se fossem policiais. Também não se trata de um conselho no qual as pessoas irão se reunir para identi-ficar traficantes e outros crimino-sos e dedurá-los para a polícia. O principal objetivo dos Conseg é a prevenção, e para prevenir é pre-ciso identificar problemas e con-trolar fatores de risco de múltiplas origens. Para isso é necessário inte-grar e organizar as populações das comunidades, desenvolver ações de fortalecimento comunitário e iniciativas de cultura e formação para a prevenção, de maneira a que, através da união e interação

entre seus membros e comunida-de, se atinja os objetivos.

O Conselho Comunitário Social e de Segurança do Rio Vermelho e Ondina (Conssrvo) vem atuando há 15 anos, a princípio só no bair-ro do Rio Vermelho e, posterior-mente, também em Ondina.

Trata-se de uma entidade de ca-ráter privado e sem fins lucrativos, que visa agir como um eficiente instrumento de ação nas relações entre as polícias, comunidades, entidades públicas, privadas e de-mais segmentos da sociedade civil organizada. Os membros do con-selho obedecem a princípios de-mocráticos do voluntariado, cien-tes de que não haverá qualquer remuneração financeira.

Relação de cursos administrados pelo Conselho que facilitaram a abertura de portas ao mercado de trabalho: Capoeira Arte e Cultura, Fanfarra (Fancrive), confecção de berimbaus, garçom e garçonete, re-cepcionista, iniciação em cuidados materno-infantis (curso de babás), animador de festas, aprendendo através da arte, relações humanas, trabalho à luz da análise transa-cional, alfabetização para idosos,

Yemanjá agradece (limpeza e pre-servação das praias e noções de sal-vamento), iniciação à informática, espanhol, reciclagem de materiais descartáveis.

O Conselho recebeu visitas de in-tegração, do Conselho de Sergipe e da comissão de delegados da Organização das Nações Unidas (ONU) em 1999.

Foram realizadas palestras para os policias militares – aspirantes a soldados e Academia da Policia Militar, palestra de primeiros so-corros, palestra sobre sexo, dro-gas e união familiar voltada para jovens, palestra com um membro do INSS sobre Direitos dos Cida-dões ligados ao INSS para o públi-co da Baixa da Égua e Vila Matos, participação no Fórum Nacional de Polícia Comunitária realizado em Cuiabá de 13 a 18 de agosto de 2004 (único conselho partici-pante do Estado da Bahia).

A luta do Conselho de Segurança, de, aproximadamente, cinco anos, para que fossem instaladas câme-ras no Rio Vermelho e Ondina, está chegando ao fim, pois já estão sendo feitos os preparativos para a implantação desse sistema.

O que é o Conselho Comunitário Social e de Segurança do Rio Vermelho e Ondina

AÇÕES SOCIAIS DESENVOLVIDAS PELA POLÍCIA MILITAR NO RIO VERMELHO E ONDINA

Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência - Proerd

Foram iniciadas no mês de abril passado, as aulas do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd) da 12ª CIPM, cujo objetivo é educar crianças e adolescentes através de um modelo sólido de toma-da de decisão, para que elas não ingressem no mundo das drogas, com a aplicação de currículos para os 5º e 7º anos do ensino fundamental, agora também con-templando a educação infantil e as famílias dessas crianças.

A 12ª CIPM atua, diariamente, nas escolas municipais do bairro, com seis turmas do 5º ano do ensino fundamental, totalizando 134 crianças, através das instru-toras soldado PM Mônica Prado e soldado PM Ana Patrícia.

Projeto Pão e Leite

A 12ª CIPM/Rio Vermelho-Ondi-na, juntamente com o Conselho de Segurança, participa de mais uma importante ação social para as comunidades menos fa-vorecidas do bairro, em parceria com a Fundação José Silveira, através do Projeto Pão e Leite, desenvolvido por essa institui-ção beneficente. A ação consiste na distribuição semanal de leite de soja e pão para famílias ca-rentes, com o foco nas crianças de 2 a 14 anos, a fim de prevenir a desnutrição infantil.

A distribuição é feita na sede da 12ª CIPM às famílias cadastra-

das no programa, com o acom-panhamento semanal feito por assistentes sociais e nutricionis-tas da Fundação José Silveira, as quais farão a pesagem e a medição das crianças atendidas pelo programa para aferir os re-sultados alcançados.

As famílias atendidas são resi-dentes nas comunidades do Alto de Ondina, Alto da Sereia, Vila Matos, Rua Manoel Rangel, Alto da Alegria e adjacências.

Implantação de videomonitoramento

Encontra-se em estágio avan-çado de implantação o Siste-ma de Videomonitoramento Urbano de Segurança Pública do Estado da Bahia, tendo os bairros do Rio Vermelho e On-dina sido contemplados, nessa primeira fase, com a instalação de 15 câmeras, distribuídas nos principais logradouros, tais como: Largo da Mariqui-ta, Largo de Santana, Rua do Canal, Lucaia, Morro das Vi-vendas, Praça Brigadeiro Faria Rocha, Rua Marquês de Monte Santo, Rua da Paciência e Rua Maragogipe, entre outras. Ca-pitaneado pela Secretaria de Segurança Pública, o sistema tem previsão de iniciar seu funcionamento no segundo semestre de 2013. Na 12ª CIPM já estão instalados todos os equipamentos necessários para a operação das câmeras, que propiciarão uma vigilân-cia permanente nas principais vias dos bairros do Rio Verme-lho e Ondina, sendo monito-radas diuturnamente por po-liciais militares especialmente treinados para o serviço.

Aula do PROERD na 12ª CIPM

Foto: Divulgação

Com o objetivo de promover o cuidado da saúde e da mente

foi realizada, no dia 22 de agosto, a primeira edição da Ação de Au-tocuidado da 12ª CIPM, que acon-teceu no Salão Paroquial da Igreja de Sant’Ana, numa iniciativa da Polícia Militar, por meio do Serviço de Valorização Profissional – SEVAP. Voltada para os policiais militares da 12ª CIPM, se estendeu aos colégios públicos do bairro participantes do Programa Educacional de Resistên-cia às Drogas – PROERD.

Foram realizadas palestras sobre Saú-de do Homem e Saúde Mental, ofe-recidos serviços de avaliação biomé-trica, de diabetes, hipertensão arterial, DST/AIDS, fonoaudiologia, psicologia, serviço social e jurídico. A ação con-tou com a participação do Centro Maria Felipa, Instituto Embelezze e Clínica Magrass.

No mesmo evento, foi eleita por aclamação em Assembleia Geral, a nova diretoria do Conselho Comu-nitário Social e de Segurança do Rio

Vermelho e Ondina, que reelegeu ao cargo a presidente Eloysa Cabral Novaes. Confira a composição do Conselho:

Presidente: Eloysa Cabral NovaesVice-presidente: Lauro Alves da MattaSecretária Geral: Maria Angela Al-cântaraSegundo Secretário Geral: Luiz Fer-nando SenaDiretor Financeiro e de Patrimônio: Antonio GonzagaDiretora de Comunicação: Sonia Maria LigierDiretor Social e Cultural: Silvio BatalhaDiretor Jurídico: Daniel SenaCoord. Setorial de Segurança da PM: Major André Ricardo da SilvaCoord. Setorial de Segurança Públi-ca Civil: Dra. Jussara Mara de SouzaConselho Fiscal: Maria Cecília de Al-meida, Acely Mattedi Dias, Cleodo Márcio de JesusSuplentes do Conselho Fiscal: Vera Lúcia Costa Coelho, Laudelice Santos Souza, Almir Duarte Weber Júnior

Primeira ação de Autocuidado da 12ª CIPM e eleição da nova diretoria do Conselho de Segurança

Posse da nova diretoria do Conselho de Segurança

Foto: Carmela Talento

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JRV – 13

Foto: Rita Barreto/Bahiatursa

OS VENCEDORES (Melhores de Salvador em 2013)

• Boteco do França – Melhor Boteco (Rua Borges dos Reis, 24A)

• São Jorge Botequim – Me-lhor Feijoada (Rua Borges dos Reis, 16)

• Fogo de Chão – Melhor Carne (Praça Colombo, 4)

• Casa de Tereza – Melhor Cozinha Baiana (Rua Odilon Santos, 45)

• Commons Studio Bar – Melhor Música ao Vivo (Rua Odilon Santos, 224)

• Padaria Bar – Melhor para Paquerar (Rua João Gomes, 43)

• Acarajé da Cira – Melhor Acarajé/Cocada (Largo da Mariquita)

VOTADOS PELO JÚRI NA SELEÇÃO FINAL

Item Comidinhas

• Acarajé da Dinha – Acarajé• Acarajé da Regina – Acara-

jé/Abará• Pãozinho do Céu – Salga-

dos/Pães

Item Bares

• Café e Cognac – Boteco• Santa Maria Pinta e Nina –

Happy hour• Espaço Cultural Casa de

Mãe – Música ao Vivo• Visca Sabor e Arte – Músi-

ca ao Vivo• Bar do Nando – Para ir a

dois

• Mme. Champanharia – Para ir à dois

• Moema – Para paquerar• San Sebastian Salvador –

Para paquerar

Item Restaurantes

• Dona Mariquita – Cozinha Baiana

• La Taperia – Cozinha Espa-nhola

• Le Pompom Rouge – Cozi-nha Francesa

• Taboada Bistrot – Cozinha Francesa

• Pasta em Casa – Cozinha Italiana

• Sushi Deli – Cozinha Japo-nesa

• Ciranda Café Cultura e Arte – Variados

O Rio Vermelhoé o melhor no ranking

Existe a Lei Municipal nº 12.105 de 8 de setembro de 1998,

que dispõe sobre o ordenamen-to e liberação para autorização de colocação de mesas e ca-deiras em logradouros públicos, determina limites levando em conta a área pública disponível e estabelece o respeito ao pe-destre com o espaço mínimo de 1,5m de calçada para circulação.

Para o cumprimento dessa lei, a Secretaria Municipal de Ordem Pública – Semop tem feito fisca-lizações para verificar irregulari-dades nos bares e restaurantes de Salvador, principalmente com relação a mesas e cadeiras ocupando ruas e calçadas.

O Rio Vermelho foi um dos primei-ros bairros a passar pela inspeção

da Semop, que apreendeu mesas, cadeiras e mercadorias de am-bulantes colocadas nas calçadas. A ação teve a participação de 18 agentes da Semop, seis da Sucom e dez guardas municipais.

Segundo a secretária Rosem-ma Maluf, da Semop “houve uma ação de apreensão, mas essa ação é rotineira, essa me-dida tem caráter disciplinador. A punição é apenas quando já acabou todo tipo de diálogo. Alguns comerciantes ocupa-vam o espaço público como queriam, sem qualquer tipo de diálogo.”

A secretária reforça que o tipo de tolerância deve ser estudado em conjunto com os proprietá-rios e garante que está disposta ao diálogo, “que nos finais de semana, quando o movimento é maior, é possível haver mais flexibilidade, mas dentro da lei,

levando em conta o espaço e a disciplina”. O Largo de Santana, o Largo da Mariquita e a Rua da Paciência são os locais com maior número de reclamações por parte de pedestres, princi-palmente idosos e cadeirantes.

A Semop também tem verifica-do o uso de toldos fixos e chum-bados nas calçadas e o uso de correntes nos passeios, limitan-do as mesas e cadeiras dos ba-res. Esses equipamentos estão

sendo retirados, seguido de no-tificações. As baianas de acarajé também serão fiscalizadas, isso porque as estruturas fixas não devem ser mais permitidas.

As medidas dividiram opiniões, mas a intervenção da SEMOP no local fazia-se necessária e cada área deve ter seu próprio estudo e disciplina. Nos finais de semana deverá haver uma maior flexibilidade.

COSTELA SUíNA COM MOLhO DE LARANJA

Prato Quente

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ação

Ingredientes

COSTELA SUÍNA • 2 kg de costela suína • 2 l de suco de laranja • 2 cebolas brancas • 1 cenoura • 6 dentes de alho • Sal a gosto

MOLHO DE LARANJA • 2l de suco de laranja • 200 ml de mel

QUIBEBE DE ABóBORA • 1 abóbora verde (cabotian) • Sal a gosto

Onde?Red River Café - Largo da Mariquita – Rio Vermelho.Tel.: (71) 3023-4655 / 9610-6700 (reservas)

Modo de preparo

COSTELA SUÍNA- Limpe a costela e tempere com um pouco de

sal, corte os legumes em pedaços aleatórios. Coloque a costela em uma assadeira, junta-mente com os legumes cortados e o suco de laranja. Deixe descansar por 24h.

- Na mesma assadeira da marinada, retire um pouco do líquido e cubra a assadeira com pa-pel filme e alumínio. Aqueça o forno a 150ºC e leve ao forno, a costela, por 2h. Reserve.

Quibebe de abóbora- Coloque a abóbora para assar a 200º por 40

min no forno. Retire-a do forno. Após esfriar abra e retire a polpa. Em uma panela coloque a polpa e um pouco de manteiga de garrafa, tempere e reserve.

Montagem do prato- Leve a costela ao fogo com um pouco de mel jo-gado por cima, a 200ºC por 10min, ou até dourar.- Em uma panela, esquente o quibebe de abóbora, em outra frite couve em tiras. Esquente o molho de la-ranja também. Sirva com arroz branco. Coloque o qui-bebe no canto do prato e a costela entre o quibebe e o arroz, regue com o molho e coloque o couve por cima da costela. Sirva.

O Prato Quente dessa edição é uma criação do Chef Rodrigo Castro e compõe o Menu Executivo do Red River Café.

Semop inicia a retirada de mesas e cadeiras em áreas públicas

Em Edição Especial, a Revis-ta Veja Salvador – Comes

e Bebes 2013/2014, publicou seu ranking dos melhores ba-res, restaurantes e comidas de Salvador, produzindo um roteiro com o que há de me-lhor na cidade. Uma equipe de profissionais convidados de diversos setores e áreas, garantiu a avaliação trans-

parente e criteriosa dessa seleção.

O Rio Vermelho, mais uma vez, é o bairro mais premiado do ano, o que lhe confere o título de maior centro de gastronomia de quali-dade de Salvador. Delicioso moti-vo de orgulho para o bairro boê-mio da cidade. A seguir, os points do bairro que estão de parabéns:

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14 – JRV

O Palacete das Artes Rodin Bahia (Rua da Graça, 289)

abriu as portas para a bonita exposição do artista plásti-co baiano Ygas Eloy (07/05 a 30/06), cujo tema foi “ Rio Ver-melho dos Artistas e das Ar-tes”. Entre as obras apresenta-das, estavam Jorge Amado e Zélia, Dorival Caymmi, Caeta-no Veloso, Dinha do Acarajé, a Índia Paraguassu e o painel “A Boemia”. A mostra teve como proposta valorizar a história e o patrimônio cultural do Rio Vermelho em pinturas em acrílico, esculturas, ins-talações, fotografias e textos

elaborados pelo artista que retrata o cotidiano do bairro.

Nascido e criado no Rio Verme-lho, Ygas circula há anos entre as diversas manifestações das artes visuais da Bahia. A sua estética se traduz na dinâmi-ca criativa que o movimenta no universo da arte. Seu tra-balho traz leituras do cubis-mo-figurativo, no abstrato e sua técnica mais usual é o acrí-lico sobre tela. Além de pintor, é restaurador e cenógrafo, acumulando uma vasta expe-r iência em atividades ar tís-t icas.

Participou da XVIII Bienal de São Paulo (1992), ECO 92 no Rio de Janeiro, coordenou a montagem da “Exposição Auguste Rodin – Homem Gênio” em Salvador, e diversas montagens de outros artistas na Sala Contemporânea do Palacete das Artes. Ygas já tra-balhou na decoração de vários carnavais de Salvador. Foi um dos idealizadores da temática “País do Carnaval” uma homenagem à Jorge Amado, ao lado de Tati Mo-reno e Juarez Paraíso.

Valeu a pena conferir a expo-sição, e Ygas Eloy está de para-béns pelo seu trabalho!

Reinaugurado no dia 10 de se-tembro de 2010, na gestão mu-nicipal passada, através de uma Parceria Público Privada (PPP) entre a Prefeitura Municipal do Salvador e a Cervejaria Schin-cariol, sob a responsabilidade da Fundação Mário Leal Ferrei-ra, o Mercado do Peixe, em tão pouco tempo, já apresenta uma série de problemas tanto de ordem estrutural como na sua área externa e entorno.

A edificação perpendicular ao mar vem logo de cara com um poente que leva a luz do sol e calor até às 18 horas. Esquece-ram de colocar ralos no piso para o escoamento da água. Os boxes que passaram em nú-meros de 33 para 36, com área de 9 metros quadrados cada, um espaço insuficiente e sem exaustão. Os sanitários, apesar de uma pequena melhora, ficam muito a desejar. A área dos jar-dins, frente e fundo, só tem dois acessos, e os garçons precisam passar por cima da grama para fazer o atendimento.

A iluminação para um lugar público é muito precária. Além disso, o alto preço dos aluguéis é sempre reclamado pelos per-missionários e o resultado é que quatro boxes já fecharam.

A parte externa e entorno, cuja urbanização é feia e mal feita, sofre um abandono total, conti-nuando mais degradada do que a feiura de antes. Barracas para vendas de peixe em condições inadequadas, barracas servindo de moradia, embarcações velhas e abandonadas, muita sujeira e acúmulo de lixo, grande núme-ro de moradores de rua, viciados em drogas, e uma quantidade enorme de cachorros pertur-bando o ambiente. Felizmente, a obra inacabada, onde deveria funcionar um Centro de Artesa-nato mas só servia de apoio aos usuários e traficantes de drogas, foi demolida. Estacionamen-

tos de caminhões e veículos de carreto, alguns de grandes em-presas de transporte, utilizam o espaço público e causam gran-des transtornos no local. A ilumi-nação também é precária com várias lâmpadas queimadas.

O Mercado do Peixe não pode ser esquecido pelo poder pú-blico. Para discutir e propor a melhoria desse equipamento e sua urbanização, se reuniram no início de julho, o presiden-te da Associação dos Permis-sionários do Mercado do Rio Vermelho, Mércio Silva; a verea-dora Aladilce Souza (PC do B); e o presidente da AMARV, Lau-ro Matta, com seus diretores, permissionários do mercado e entidades representativas do bairro, onde foram abordadas soluções de melhorias para a estrutura física do imóvel e o potencial turístico do local. O resultado da proposta foi en-caminhado ao secretário muni-cipal Guilherme Bellintani, que aprovou a ideia de trazer solu-ções o mais breve possível.

Numa área supervalorizada, o Mercado do Peixe, cujo funcio-namento é 24 horas, sempre foi uma ótima opção de lazer e ba-te-papo entre amigos. Durante a madrugada vira point de todas as tribos. Com uma gastronomia variada de excelente qualidade da cozinha regional, o mercado oferece um cardápio de moque-ca, rabada, maniçoba, mocotó, sarapatel, entre outros, e bebi-das e drinks variados. A nova direção da Associação dos Per-missionários do Mercado vem se preocupando com os fatos citados, enquanto permanece atenta para a qualidade do car-dápio, o bom atendimento, a se-gurança do local e o bem-estar dos frequentadores. Tornar esse ambiente mais agradável é uma luta de todo o bairro. Sua revita-lização e um cenário melhor é o que desejam os moradores e frequentadores do bairro.

Causando grande transtorno aos usuários e a quem tra-balha no local, mas por uma causa justa, a Ceasa do Rio Vermelho, um dos centros de abastecimento mais impor-tantes de Salvador, localizado na Avenida Juracy Magalhães Jr., deverá ficar pronta ainda este ano, com previsão para entrega no mês de novembro. Informações da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia – CONDER, afirmam que as obras conti-nuam em ritmo intenso, com 60% já concluídas.

As intervenções previstas no projeto garantem condições significativas de melhoria tan-

to para os clientes quanto para os comerciantes. Para não pre-judicar o abastecimento do Rio Vermelho e adjacências os

comerciantes foram realoca-dos para o galpão da antiga Cesta do Povo, ao lado da obra que está sendo realizada.

Valeu a exposição de Ygas Eloy

Por um Mercado do Peixe melhor

Ygas retrata o casal Jorge Amado e Zélia Gattai

Maloca

Fotos: Divulgação

Nova Ceasa do Rio VermelhoFoto: André Avelino

Foto: André Avelino

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JRV – 15

Considerado o bairro dos ar-tistas, o Rio Vermelho possui

uma vasta lista de artistas de re-nome que residem ou já passa-ram por aqui, mas, sem dúvida, o primeiro que fixou residência aqui no bairro foi Pasquale De Chirico.

Pasquale nasceu, em 24 de maio de 1873, em uma pe-quena cidade chamada Ve-nosa, próximo à Nápoles, no sul da Itália. Descendente de uma família de artistas, desde pequeno o dom e o interes-se pela arte era visível. Ainda bem jovem, foi estudar escul-tura em Nápoles e depois em Roma. Aos 20 anos, transferiu--se para São Paulo, onde abriu uma pequena fundição, talvez a primeira do Brasil, e por lá re-sidiu durante dez anos. Casou--se e teve duas filhas, Emília e Cecília. Na capital paulista, co-nheceu o engenheiro baiano Teodoro Sampaio, e a convite

deste transferiu-se para Sal-vador, onde permaneceu até sua morte em 31 de março de 1943. Após se estabelecer em Salvador, lecionou na Escola de Belas Artes da Bahia, no início como contratado até sua efe-tivação em 1932. Também foi professor titular até 1942. Os primeiros trabalhos de Pasqua-le foram realizados na antiga Escola de Medicina da Bahia, no Terreiro de Jesus, que ha-via sofrido grande incêndio na época.

Pasquale também montou um ateliê na Baixa dos Sapateiros, na Rua do Tijolo, onde produ-ziu inúmeras obras, tornando--se um dos maiores escultores que a Bahia já teve, desde a metade do século XX até os nossos dias. Além de escultor, foi pintor, desenhista, retra-tista, executando trabalhos em diversas técnicas, princi-palmente o bronze, crayon e nanquim. Depois de morar em vários locais de Salvador, Pas-

quale escolheu o Rio Vermelho para fixar residência. Comprou um terreno e construiu uma casa no sopé do Morro da Pa-ciência onde hoje é o restau-rante Sukiyaky, tornando-se o primeiro artista do bairro.

Pasquale viveu 40 anos em Salva-dor e, durante esse tempo, pro-duziu grandes monumentos que embelezaram a cidade, e contam um pouco da história do Brasil. Eis algumas obras de destaque de Pasquale De Chirico: - Estátua do Barão do Rio Branco

(1919) - na Praça de São Pedro- Estátua de Jesus Salvador (1920)

– no Morro do Cristo, na Barra- Busto do General Labatut

(1923) – na Lapinha- Estátua de Castro Alves (1924)

– na Praça Castro Alves- Monumento a Almeida Couto

(1924)- Monumento em homenagem

ao Barão de Macaúbas (1924)- Busto do Dr. Júlio David (1926)- Monumento ao Conde dos Ar-

cos (1932)- Monumento em homenagem

ao Visconde de Cayru (1934)- Busto de Ruy Barbosa (1935) –

na cidade de Alagoinhas- Busto do Irmão Joaquim do

Livramento (1936) – na Igreja dos Órfãos de São Joaquim

- Busto do Pe. Manoel da Nóbre-ga (1936) – na Igreja D’Ajuda

- Estátua de Goés Calmon (1938)- Quatro trabalhos no Palácio Rio

Branco (sem data);- “O Remorso”, obra famosa com duas cópias originais. Uma fica em frente à Escola de Belas Ar-tes da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e a outra no Mu-seu de Arte da Bahia

- Outros trabalhos do acervo pú-blico em Salvador, como a es-tátua de D. Pedro II no Largo de Nazaré; estátua de Thomé de Sousa, na Praça Municipal; bus-to de D. Pero Fernandes Sardi-nha, na Praça da Sé; e a coluna do Relógio de São Pedro. Existe uma dificuldade para realiza-ção de um levantamento mais preciso pela falta de registro, uma preocupação que não existia na época.

No Rio Vermelho, a única obra de Pasquale foi o Medalhão de Euricles de Matos (1937), in-crustado num bloco de granito localizado no Capim das Frei-ras, na rua que tinha seu nome e, hoje, é a Rua da Paciência, foi roubada por vândalos em 1965, e não se teve mais notí-cias do seu paradeiro.

O Jornal do Rio Vermelho agradece ao seu neto Sarnelli, morador do bairro, que nos recebeu em sua residência e nos proporcionou um final de tarde agradabilíssimo, dando uma aula com vasto material sobre seu avô.

No Estádio de Pituaçu, dia 13 de julho, o Galícia conquis-

tou o título de Campeão da Se-gunda Divisão do Campeonato Baiano de 2013, vencendo na final o time da Catuense por 2x0 com gols de Diego Higino e Ale-mão, e, tendo se sagrado cam-peão, conquistou uma vaga na Primeira Divisão do Campeona-to de Futebol de 2014. No jogo de ida, em Alagoinhas, a turma de Salvador havia batido o ad-versário por 2x1.

Rebaixado em 1999, e após tentar, sem sucesso, retornar à Primeira Divisão nas duas temporadas seguintes, o clube licenciou-se de competições profissionais em 2002. Em 2006 voltou a participar da Segunda Divisão, após quatro tempora-das licenciado. No retorno, de 2006 a 2012, conseguiu apenas o vice-campeonato de 2007 perdendo a final para o time do Feirense. Em 2013, o clube finalmente conseguiu o tão so-nhado retorno à elite do futebol baiano, depois de 14 anos, ao sagrar-se campeão.

O Galícia foi fundado em 01 de janeiro de 1933 por imigrantes espanhóis provenientes da Galí-cia. O seu primeiro presidente e fundador foi Eduardo Castro de La Iglésia, alfaiate vindo dessa região.

O clube foi o primeiro tricam-peão do Campeonato Baiano de Futebol e, praticamente do-minou o panorama futebolístico da Bahia durante seus dez pri-meiros anos de fundação, tendo sido campeão nos anos de 1937, 1941, 1942 e 1943, e vice-cam-peão em 1935, 1936, 1938, 1939 e 1940. Após esse período, voltou a ser campeão baiano em 1968, obtendo ainda os vice-cam- peonatos de 1967, 1980, 1982 e 1995. No desempenho regional um vice-campeonato do Torneio Norte-Nordeste de 1969.

O Galícia, também conhecido como Azulino, Granadeiro e Demo-lidor de Campeões, revelou vários jogadores de projeção, tais como Dante (Bayern de Munique), Toni-nho (lateral da seleção brasileira) e

os atacantes Washington, Oséas e Servílio. Outros jogadores que fo-ram ídolos do clube: Nelson Leal, Nelinho, Evilásio, Esquerdinha, Ma-rinho Perez, Lenilson e Lula Mamão.

No Rio Vermelho, onde a colô-nia espanhola é forte, tínhamos vários granadeiros residentes. Membros de famílias tradicio-nais como Espinheira, Boulhosa, Carrera, Taboada Vidal e Sobri-nho Gonzales, eram torcedores. Nomes como Gradin e Joselito (Armazém da Paciência), Ar-mindo (Mercearia da Paciência), Elias (Padaria do Largo de Santa-na), Regino (Padaria do Largo de Santana), Manuel Macias “Manu” (Bar de Manu na Mariquita), Sandoval Guimarães (médico), Hebert Castro Fernandez (Clube Espanhol), um árabe Elias Sobri-nho (radialista/Cocorocó), sem-pre foram azulinos.

Torcedores famosos como Tom Zé (compositor e cantor), Rodrigo Bueno (jornalista da Folha de São Paulo), Manuel Guerra e Guerra (ex-jogador), Oséas (ex-jogador), Washington (ex-jogador), Lula Ma-mão (ex-jogador), Renato Santa-rém (conselheiro), Roberto Serret (ex-presidente), Jaime Albani (di-retor), Fernando Barreto (músico), Fernando Sá (engenheiro) estão de parabéns pela conquista.

Entrevistamos Lula Mamão, fre-quentador do Rio Vermelho sobre o feito do Galícia: “Foi de grande importância a subida do Galícia para a Primeira Divisão. Além de ser um time de tradição, com forte história no futebol baiano, o Galícia volta para renovar as es-peranças de uma terceira força no estado e, com isso, a melhora do futebol baiano que perdeu muito nos últimos anos”.

O Mestre das Esculturas Pasquale De Chirico

Fac-símile do passaporte do artista

Galícia Esporte Clubevolta à elite

Equipe campeã da Segunda Divisão do Campeonato Baiano

Foto: Sarnelli

Monumento a Castro Álves

“O Remorso “ escultura na Escola de Belas Artes

homenagem a Euricles de Matos, única obra de Paquale no Rio Vermelho, peça furtada na década de 1960

Foto: Sarnelli

Fotos: Divulgação

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16 – JRV

Morena do Rio Vermelho que canta e encanta, Carla Virgínia

Soares Fernandes, soteropolitana, nasceu em 31 de agosto de 1970, passou a infância no bairro até os 11 anos na Ladeira de São João, a ado-lescência na Cardeal da Silva, retor-nando ao bairro em 2006, onde teve sua filha Sarah, e reside até hoje.

Estudou química na Escola Técnica Federal da Bahia, e formou-se em jornalismo na Faculdade de Comu-nicação da Universidade Federal da Bahia (UFBa). A música e o canto estavam dentro de sua casa. Sua bi-savó, avó e mãe eram cantoras, e a convivência desde pequena pesou na decisão da sua carreira.

Carla começou a cantar nos bares de Salvador a partir de uma “canja” em 1987 e não parou mais. Na vitrine do carnaval de Salvador foi backing vocal do Trio de Armandinho, Dodô e Os-mar, revelando seu canto para a cida-de. Assumiu o vocal das bandas Com-panhia Clic (1990-1995) e, depois, Cheiro de Amor (1996-2000), no qual fez muitas apresentações e gravações, ganhando projeção nacional e inter-nacional e emplacando diversos su-cessos, ultrapassando a vendagem de mais de três milhões de discos.

Em 2000, partiu para a carreira solo a convite da gravadora Universal Mu-sic. Em 2001, lança o álbum “Carla Visita Gilberto Gil”, uma homenagem ao mestre que, por sinal, em depoi-mento considera sua voz uma das mais belas da Bahia. Em 2004, lança o disco “Por Todo Canto”, que lhe ren-deu dois meses de turnê pela Ásia e Europa. Em 2006, seu maior projeto foi cantigas de ninar para sua filha

Sarah. Em 2008, gravou o disco “Carla Visi e Eu” e participa do projeto EME XXI de 2007 a 2009, ao lado de Már-cia Short e Cátia Guima. Em 2009, se apresenta no 1º Brazilian Day Lon-don; Lavage de La Madeleine em Paris; na 24ª Art Expo do October Gallery na Filadélfia, Estados Unidos; e no Festival Latino-americano de Milão, na Itália. Em 2011/2012, lança o projeto musical Encanto Mestiço com apresentações no Brasil, Por-tugal, Inglaterra e Irlanda. Participa do Brazilian Day Portugal. Em 2013, vem com o disco Pura Claridade, um tributo à Clara Nunes com grandes sucessos que a cantora imortalizou. E participa da Lavagem de Nova York e o Brazilian Day NY (31/08 a 01/09), onde cantou o Hino Nacional.

Ela tem uma “química” especial com seu público, utilizando uma “comu-nicação” através da poesia e canto, “jornalismo” e questões ambientais. A seguir, alguns trechos do bom ba-te-papo com Carla Visi no Botequim São Jorge.

JRV – O início de tudo. Como se deu o gosto pela música e, con-sequentemente, o canto?

CARLA VISI – Eu sou a quarta geração de cantoras na minha família. Minha bisa foi can-tora de igreja. Minha avó foi cantora do rádio. Minha mãe, Inaiá, foi caloura de Chacrinha e chegou a ganhar a seleção para representar a Bahia, mas meu avô não deixou ela disputar. Minha mãe sonhava que a filha fosse musicista. Eu cantava o tempo inteiro. Cantava e inventava (risos). Mas achei que a música seria uma ativi-dade instável por isso decidi fazer jornalismo. O destino me provou na prática que estava errada pois tudo que tenho devo à música.

JRV – Quais artistas serviram de referência em sua carreira?

CV – Primeiro a minha mãe. Aprendi muito com ela. Desde que comecei a cantar na ado-lescência, ela dizia “minha filha, feche os olhos, sinta a música e solte a voz”. Eu ouvia muito Elis Regina, Clara Nunes, Zizi Possi, Maria Bethania, Gal Costa, Simone. Entre os homens, Milton Nascimento, Gilberto Gil, Caetano, Gonzaguinha. Meu avô e minha vó também eram carnavales-cos. Fundaram na laderia de São João o bloco “Os Contábeis”. Foi a primeira vez que subi no trio. Mi-nha mãe e minha tia quando adolescentes eram destaques conhecidas no Tororó como as “Irmãs Samba”. Minha mãe também foi a primeira can-tora do Bloco Apaxes e minha tia, Ray do Pandei-ro, grande percussionista, fez 50 anos dedicados ao samba. Até prestei uma homenagem a ela no Botequim São Jorge, aqui no Rio Vermelho.

JRV – Quais projetos e músicas marcaram a sua carreira.

CV – Comecei a cantar nos bares em 1987. Meu primeiro grupo foi a Cia. Clic, onde substitui Daniela Mercury. Essa experiência ampliou meus horizontes, passei a ter convivência com músicos de influências diversas. Depois da Cia. Clic fui para a Cheiro de Amor. No Cheiro conheci o su-cesso com grande exposição na mídia, carnavais por todo Brasil e shows para grande públicos. Isso marcou a minha vida e me projetou nacio-nalmente. Nessa época a música baiana estava no auge. Em 2001 veio a carreira solo. O meu primeiro disco foi “Carla Visita Gilberto Gil – Só Chamei porque te amo”, uma homenagem ao “professor”, com produção de Mazola e a parti-cipação de grandes músicos do Brasil e principal-mente da Bahia..

JRV – Esse ano você vem com o álbum “Pura Claridade”, uma

homenagem a Clara Nunes. De onde partiu a ideia e o que você destaca nesse trabalho?

CV – “Pura Claridade” surgiu da ideia de um grande amigo meu, mineiro, coordenador de rádio em BH, Ricardo Pinheiro. Foi ele quem levou o Axé para Minas. É um mineiro muito importante para a nossa música. Ele me escolheu porque queria uma interpretação nova, não necessariamente ligada ao samba. Tivemos a participação de Paula Fernan-des, Tiaguinho, Péricles, Daniela Mercury, Xande do Grupo Revelação, e foi gravado basicamente em São Paulo. É um disco para colecionadores. “Pura Claridade” é a discografia de Clara Nunes, tem uma música de cada disco da cantora, exceto a primeira música “Mineira”, homenagem de João Nogueira gravada em 1975 e a última faixa “Um ser de luz” que é uma homenagem póstuma gravada por Alcione em 1983. Agora estamos em fase de ela-boração do show que terá o lançamento nacional no dia 27/09 no Teatro Castro Alves.

JRV – Além da voz, de onde vem tanta energia. Existe um preparo, uma meditação, antes dos shows?

CV – Sou natureba há muito tempo. Desde muito nova sempre busquei ter qualidade de vida através de uma boa alimentação e uma rotina de exercí-cios. Pratico yoga há 15 anos. Não consumo drogas lícitas e ilícitas, e tento me preservar quando vou cantar. Essa é a minha receita, o meu ritual. Além de uma fé em Deus muito grande. Eu acredito na energia do amor que nutre e transforma.

JRV – Um pouco do seu ritual de beleza, tem alguma rotina que você mantém?

CV – Uma maquiagem boa é bom, mas a be-leza vem mesmo é de dentro. É o que você sente. Bons sentimentos e bons pensamentos são como imã, atraem coisa boa e gente do bem.

JRV – Outra arte: a gastronomia. Sabe pilotar um fogão?

CV – Não. Não piloto fogão. Uma boa alterna-tiva é ter uma secretária maravilhosa, e eu tenho Nice. Ou namorar um chef de cozinha (risos).

JRV – Qual é o refúgio de Carla Visi?

CV – Meu refúgio está bem dentro de mim. Pra-tico yoga todos os dias, também gosto muito de ler. Fora isso, gosto do contato com a natureza e temos lugares lindos como a Chapada Diamantina e algumas praias na Estrada do Coco/Linha Verde.

JRV – O que você curte no Rio Vermelho?

CV – Eu gosto de tudo no Rio Vermelho, mas gosto principalmente das pessoas. Gosto de fa-zer as coisas andando. Faço ginástica na Villa Forma, vou ao Barbeiro do Meu Pai, depois passo na padaria, estudei alguns semestres na Caballeros, e no final de semana levo minha filha para ver o teatro de Gil Santana. Tudo andando. E aqui temos ótimas opções de res-taurantes: cozinha mediterrânea, baiana, ja-ponesa, brasileira, pizzaria... E o mar. O mar do Rio Vermelho é lindo! Já fiz vários shows pelo bairro: no Botequim São Jorge, San Sebastian, no teatro do SESI, no Portela Café e também fui Rainha dos Palhaços do Rio Vermelho!

JRV – Como você vê hoje o Rio Vermelho e o que pode me-lhorar?

CV – O Rio Vermelho está sofrendo como toda Salvador, a falta de atenção da gestão pública. Até acredito que não está pior devido ao empe-nho daqueles que moram aqui e daqueles que usufruem do nosso bairro. Mas de todos os pro-blemas, os piores são o trânsito e a sujeira.

Galeria do ArtistaFoto: Divulgação

Discografia

1992 – Companhia Clic III (Overseas Records) com a Companhia Clic1993 – Companhia Clic (Polygram) com a Companhia Clic1996 – É Demais Meu Rei (Universal Music) com Cheiro de Amor1997 – Cheiro de Amor ao vivo (Globo/Polydor) com Cheiro de Amor1998 – Me Chama (Polygram) com Cheiro de Amor1999 – Cheiro de festa (Univer-sal Music) com Cheiro de Amor2001 – Carla Visita Gilberto Gil (MZA Music)2004 – Carla Visi por todo canto (Independente)2008 – Carla Visi e Eu (Independente)2013 – Pura Claridade (Sony/BMG Brasil)

Conferências encerram o Centenário de Jorge Amado

A primeira conferência do Cur-so Jorge Amado 2013 – 3º Coló-quio Internacional de Literatura Brasileira, ocorrido de 12 a 16 de agosto, encerrou o calendário oficial das atividades relativas ao centenário de nascimento do escritor. A realização do evento foi da Academia de Letras da Bahia e Fundação Casa de Jorge Amado com o apoio do Sebrae. Com o tema “Cacau – A Volta ao Mundo em 80 Anos”, o Colóquio reuniu pesquisadores, escrito-res e especialistas na obra do escritor baiano.

No Pelourinho, a Fundação Casa de Jorge Amado promo-veu uma edição extra do Pro-jeto Merendas de Dona Flor, as comidas que fizeram parte do universo dos seus personagens. O Jornal do Rio Vermelho, na sua 2ª edição, divulgou a pro-gramação completa do Cente-nário de Jorge Amado no Brasil e no exterior. Diversas confe-rências, palestras, simpósios e homenagens foram prestados, com destaque para a exposição “Jorge Amado é Universal” no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, e no Museu de Arte Moderna em Salvador. No Rio Vermelho houve a inaugu-ração da Estátua de Jorge Ama-do e Zélia Gattai, uma iniciativa da AMARV. No exterior, home-nagens nas universidades de Salamanca, na Espanha, e de Rennes, na França, além de di-versos eventos na Inglaterra, Portugal, Itália e Macau, entre outros.