jornal do rio vermelho 02 edicao

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Jorge Amado 100 anos Jornal do Rio Vermelho – uma publicação da AMARV – Salvador, Bahia – Outubro de 2012 – ano I número 2 Ilustração: Rafael Titonel sobre foto de Otto Stupakoff/acervo do Instituto Moreira Salles Fotos: divulgação O QUE PENSAM OS PREFEITURÁVEIS DE SALVADOR N as Eleições de 2012 serão escolhidos os representantes do Poder Executivo (prefeitos e vice-prefeitos) e Legislativo (ve- readores) nos 5.566 municípios brasileiros. É obrigatória a votação para pessoas maiores de 18 anos e menores de 70 anos. É facultativo para pessoas analfabetas maiores de 16 anos e menores de 18 anos ou maiores de 70 anos. No caso de Salvador, o primeiro tur- no das Eleições 2012 será no dia 7 de outubro, e caso nenhum candi- dato alcance mais de 50% dos vo- tos, haverá um segundo turno com os dois candidatos mais votados, no dia 28 de outubro. Se o município possuir menos de 200 mil eleitores, não haverá segundo turno. Escolher o candidato com consci- ência e saber em quem votar de- penderá, exclusivamente, de você. É bom lembrar que está em jogo a administração do município onde você vive e convive. Pesquise o candidato, a vida dele. Procure avaliar propostas sólidas de governo. Desconfie de pro- postas mirabolantes. A prática de compra e venda de votos é crime eleitoral, denuncie qualquer candi- dato que ofereça algum benefício em troca do seu voto. Consulte o site do Tribunal Superior Eleitoral, lá você vai encontrar toda a ficha do seu candidato. (pags. 9 e 10)

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Page 1: Jornal do rio vermelho 02 edicao

Jorge Amado100 anos

J o r n a l d o R i o V e r m e l h o – u m a p u b l i c a ç ã o d a A M A R V – S a l v a d o r , B a h i a – O u t u b r o d e 2 0 12 – a n o I n ú m e r o 2

Ilustração: Rafael Titonel sobre foto de Otto Stupakoff /acervo do Instituto Moreira Salles

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O QUE PENSAM OS PREFEITURÁVEIS DE SALVADORNas Eleições de 2012 serão

escolhidos os representantes do Poder Executivo (prefeitos e vice-prefeitos) e Legislativo (ve-readores) nos 5.566 municípios brasileiros. É obrigatória a votação para pessoas maiores de 18 anos e menores de 70 anos. É facultativo

para pessoas analfabetas maiores de 16 anos e menores de 18 anos ou maiores de 70 anos.

No caso de Salvador, o primeiro tur-no das Eleições 2012 será no dia 7 de outubro, e caso nenhum candi-dato alcance mais de 50% dos vo-

tos, haverá um segundo turno com os dois candidatos mais votados, no dia 28 de outubro. Se o município possuir menos de 200 mil eleitores, não haverá segundo turno.

Escolher o candidato com consci-ência e saber em quem votar de-

penderá, exclusivamente, de você. É bom lembrar que está em jogo a administração do município onde você vive e convive.

Pesquise o candidato, a vida dele. Procure avaliar propostas sólidas de governo. Desconfi e de pro-

postas mirabolantes. A prática de compra e venda de votos é crime eleitoral, denuncie qualquer candi-dato que ofereça algum benefício em troca do seu voto. Consulte o site do Tribunal Superior Eleitoral, lá você vai encontrar toda a fi cha do seu candidato. (pags. 9 e 10)

Page 2: Jornal do rio vermelho 02 edicao

EDITORIAL

Viva! Dobramos a circulação

Realmente, temos motivo de sobra para comemoração: o Jornal do Rio Vermelho aumenta de oito para 12 o núme-ro de páginas e dobra a quantidade de impressos nessa

segunda edição, saindo de 3 mil para 6 mil exemplares distri-buídos gratuitamente – fi quem atentos nossos anunciantes!

Outro ótimo motivo de comemoração, a matéria principal dessa edição faz homenagem ao nosso maior escritor, Jorge Amado, no ano do centenário do seu nascimento, trazendo uma entrevista com seu fi lho João Jorge Amado, contando passagens da vida do seu pai, tão querido e tão amado.

Ainda falando de comemoração, temos os 70 anos de Caeta-no Veloso, morador ilustre do bairro, sua trajetória, sua poesia e música. Mais o aniversário de 44 anos da Biblioteca Juracy Magalhães Júnior, equipamento de grande importância para a cultura do Rio Vermelho. E, também, o Cinquentenário do Colégio Estadual Manoel Devoto, que tanto contribuiu para o saber de diversas gerações.

Nossa segunda matéria de capa é o assunto mais quente na boca do povo, as Eleições 2012. A AMARV montou o projeto “Encontro com os Prefeituráveis”, onde tivemos a presença ilustre dos candidatos Nelson Pelegrino (PT), ACM Neto (DEM) e Mário Kertész (PMDB), cada um fazendo, em ocasiões diferentes, uma apresentação dos seus programas de governo e de como ten-cionam administrar Salvador nos próximos quatro anos.

Também nessa edição, a escolha do Rio Vermelho como um dos Territórios Criativos de Salvador, projeto que visa contri-buir com a melhoria da competitividade dos destinos turísti-cos de nossa cidade.

Melhorar sempre é nosso objetivo, levando informações so-bre o bairro e aproveitando para relatar a atuação nesse pri-meiro ano de nossa gestão frente à AMARV. E o mais impor-tante, sabendo que podemos contar com a colaboração de moradores e amigos na busca de um Rio Vermelho melhor. Boa leitura!

Lauro Alves da Matta JúniorPresidente da AMARV

EXPEDIENTECONSELHO EDITORIAL – José Sinval Soares – André Avelino de Souza Ferreira – José Mário de Magalhães Oliveira – Wanderley Souza Fernandes – Carmela Talento – Marcos Antonio Pinto Falcão

Jornalista Responsável – José Sinval Soares – MTE 1369Revisão – Carlos Amorim – DRT/BA 1616Projeto Gráfi co e Editoração – Dendê ComunicaçãoTiragem – 6.000 exemplaresImpressão – Gráfi ca Press ColorContato – [email protected]ÇÃO GRATUITA

Esta é uma publicação da Associação dos Moradores e Amigos do Rio Vermelho – AMARV. Fotos e artigos assinados são de responsabilidade de seus autores.

Acarajé da DinhaO MAIS GOSTOSO DA BAHIA!Largo de Santana – Rio Vermelho

Quando a atual diretoria da AMARV assumiu no fi nal de se-tembro de 2011, foi necessário superar uma série de difi culda-des, entre elas a falta de uma sede para a entidade. O primeiro passo foi fazer o dever de casa – produzir o Pla-nejamento Estratégico e o Plano de Gestão, o que demandou um mapea-mento dos principais pro-blemas do bairro em seus diversos macroambientes.

Em paralelo, diversas ações foram sendo implementadas como a luta vitoriosa para não deixar o Rio Vermelho se trans-formar em Circuito do Carnaval; ação para não deixar carros de som e minitrios invadirem a Festa de Iemanjá; reuniões frequentes com a Setin (Secretaria Municipal de Infraestrutura), com a Transal-vador, com a Fundação Mario Leal para atendimento às demandas do bairro; consolidar a implan-tação do sistema de rádio para conectar edifícios e condomínios com a Polícia Militar e a 7ª Dele-gacia (uma iniciativa da diretoria anterior); participação nas reu-niões semanais do Conselho de Segurança para debater as ques-tões da violência e dos assaltos no bairro; o estabelecimento de uma política de compartilhamento de experiências com outras entida-des do bairro como a Colônia de Pesca Z1, o Blog do Rio Vermelho, o Centro Social Monsenhor Amíl-car Marques e Associação dos Moradores do Barro Vermelho; lançamento do primeiro número do novo Jornal do Rio Vermelho, onde houve o apoio decisivo de

empresas do bairro com anúncios que foram veiculados; o resgate da festa de confraternização dos moradores do bairro, o animado Arraiá da Amarv; a

desobstrução da entrada do Canal do Rio Lucaia; o Faxinaço das praias; o apoio para a inclusão do Rio Vermelho entre os Territórios Criativos de Salvador, uma ação do Sebrae

e Secopa com vistas à Copa de 2014; e o sucesso do “Encontro com os Prefeituráveis”, entre ou-tras muitas ações.

Nas reuniões que ocorrem se-manalmente, às terças-feiras, no Salão Paroquial da Igreja de Sant’Ana, tem-se discutido uma forma de tornar a AMARV autos-sutentável. Hoje, a entidade con-ta apenas com a colaboração fi nanceira dos seus diretores. Faz-se necessário uma fonte de renda que permita à AMARV tomar iniciativas como a que realizamos há pouco – o En-contro com os Prefeituráveis – que só foi possível graças à valiosa colaboração da di-retoria da Escola de Teatro Sitorne, que cedeu gratui-tamente o espaço e os

equipamentos.

De qualquer forma a AMARV só tem a comemorar e agrade-cer a colaboração de parceiros tão generosos. Temos mais dois anos de muita luta pela frente!

AMARV comemora um ano de muito trabalho

Foto: André Avelino Foto: André Avelino Foto: Carmela Talento

Encontro com Prefeituráveis promovido pela AMARV

Foto: André Avelino

Desobstrução do canal do Rio Lucaia executada pela EMBASA

sede para a entidade. O primeiro

Em paralelo, diversas ações foram sendo implementadas como a luta vitoriosa para não deixar o Rio Vermelho se trans-formar em Circuito do Carnaval; ação para não deixar carros de som e minitrios invadirem a Festa de Iemanjá; reuniões frequentes com a Setin (Secretaria Municipal

Nas reuniões que ocorrem se-manalmente, às terças-feiras, no Salão Paroquial da Igreja de Sant’Ana, tem-se discutido uma forma de tornar a AMARV autos-sutentável. Hoje, a entidade con-ta apenas com a colaboração fi nanceira dos seus diretores. Faz-se necessário uma fonte de renda que permita à AMARV tomar iniciativas como a que realizamos há pouco – o En-contro com os Prefeituráveis

equipamentos.

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Agradecimento PúblicoAmigos verdadeiros são os que atravessam a existência juntos, sem interesse, preservando no coração a sinceridade, o respeito e o querer bem.

Em um misto de surpresa e emoção, fui ho-menageado em público, no Teatro Gregório de Mattos, ao final do espetáculo lítero-poético--musical que reverencia os ícones “Batatinha e Cartola”.

Os consagrados artistas, Dody Só e Bule Bule, destacaram este modesto amigo que, ao longo dos anos, aprendeu também com eles a preservar a lealdade e simplicidade da amizade.

Sinto-me no dever de agradecer publica-mente à nobreza do gesto dos estadistas da cultura da Bahia Dody Só e Bule Bule. Muito obrigado!

Silvio Batalha

Av. Cardeal da Silva, 66, Rio Vermelho(71) 3335-6887 / 8812-8706 – [email protected]

Caetano Emanuel Vianna Telles Velloso nasceu em Santo Ama-ro da Purificação, Recôncavo Baiano, no dia 7 de agosto de 1942, filho de José Telles Vello-so e Claudionor Vianna Telles Velloso (Dona Canô), quinto de um grupo de sete filhos. Foi ca-sado com a atriz Dedé Veloso com quem teve o seu primeiro filho, Moreno. Em 1986, se re-lacionou com Paula Lavigne e manteve essa paixão por mais 19 anos, tendo mais dois filhos, Zeca e Tom.

Músico, desenhista, produtor, arranjador e escritor, construiu uma obra musical marcada pela releitura e renovação, conside-

rada de grande valor intelectual e referência na Música Popular Brasileira. Caetano é tido como um dos artistas brasileiros mais influentes desde a década de 1960, e um dos mais respeitados e produtivos músicos latino--americanos em todo o mundo, com mais de 50 discos gravados e canções em trilhas sonoras de filmes e novelas.

Da infância em Santo Amaro, adolescência em Salvador onde estudou no Colégio Estadual Severino Vieira, fazendo o curso clássico, depois foi para a UFBa cursar filosofia, mas não concluiu para se dedicar exclusivamente a sua grande arte, a música.

Na década de 1960 se muda para o Rio de Janeiro e lança seu primeiro compacto sim-ples. Participou de diversos fes-tivais de música popular brasi-leira colecionando sucessos e polêmicas. Em 1967, presen-teou o Brasil com a transfor-mação gerada pela Tropicália, movimento que propôs a cria-ção de uma arte brasileira ori-ginal, fazendo uma ponte en-tre o rural e o urbano ao lado de Gil, Gal, Tom Zé, Nara Leão, Capinam, Rogério Duprat, Tor-quato Neto, Rogério Duarte, Os Mutantes e outros. Em 1968, em plena ditadura militar, foi preso acusado de desrespeito ao hino e à bandeira nacional

e acabou exilado em Portugal e depois Inglaterra, junto com Gilberto Gil.

Em 1972 volta ao Brasil e traz consigo um dos melhores ál-buns da MPB, o “Transa” que faz 40 anos agora em 2012. De volta à Salvador se estabelece no Rio Vermelho, na rua João Gomes, por um bom tempo.

Compôs preciosidades, conti-nuou ousando e sempre reno-vando. Mais recentemente, veio a parceria com cantora Maria Gadu, a produção ao lado do filho Moreno em “Recanto”. Cae-tano continua dando excelentes contribuições à cultura brasileira.

Morador do Morro da Paciência, sempre que está em Salvador, é visto no Largo de Santana sabo-reando um acarajé ou passean-do pelas calçadas do bairro.

Caetano, parabéns pela passa-gem dos 70 anos, muitos anos de vida e que venham mais sucessos!

Caetano Veloso, o artista faz 70 anosFoto: Adenilson Nunes/Secom-BA

O Bairro do Rio Vermelho foi in-cluído entre os sete Territórios Criativos de Salvador. Territórios Criativos são áreas urbanas com elevado potencial turístico e cul-tural, nos quais a comunidade apresenta comprovada vocação para as artes e a hospitalidade. Sete regiões foram identificadas em Salvador e serão qualifica-das para a recepção de turis-tas oriundos de megaeventos: Santo Antônio Além do Carmo, Candeal, Bonfim, Ribeira, Rio Vermelho, Comércio e Curuzu. O Rio Vermelho se insere perfeita-mente no projeto pelas suas ca-

racterísticas de bairro turístico, centro de gastronomia e dotado de ampla rede hoteleira.

O Projeto Territórios Criativos, fruto de convênio entre Se-brae e Secopa com o apoio da AMARV e outras entidades do Rio Vermelho, visa contribuir com a melhoria da competitivi-dade dos destinos de Salvador, através do desenvolvimento de novos produtos turísticos--culturais de qualidade inter-nacional e da qualificação das micro e pequenas empresas e empreendedores individuais. O

projeto tem como meta poten-cializar os Territórios Criativos como destinos de qualidade até a Copa 2014.

Já foram realizadas as primeiras reuniões com a presença de mo-radores, de empreendedores, de diretores da AMARV, da 12a CIPM e do Conselho de Segurança. As ações previstas no Projeto Terri-tórios Criativos incluem forma-ção e fortalecimento do núcleo de governança, acompanha-mento e apoio aos grupos para execução do plano de trabalho, realização de um diagnóstico e de um plano de melhoria para as micro e pequenas empresas do bairro, além de capacitação empresarial.

Um dos fatores mais interes-santes nesse projeto é que a comunidade tem oportunidade de participar e ser ouvida. Não é um projeto voltado apenas para empresários. Afinal, o nos-so bairro não é apenas comer-cial, temos moradores novos e antigos que prezam e gostam do lugar onde convivem.

Territórios Criativos: o Rio Vermelho na rota da Economia Criativa

Reunião para apresentação dos Territórios Criativos de Salvador

Foto: André Avelino

Faxinaço nas praiasSolicitação à LIMPURB feita pela AMARV e Colônia de Pesca Z1, de um mutirão de limpeza nas praias do Rio Vermelho (setembro/2012), resultou na retirada de mais de uma tonelada de lixo. De acordo com o presidente da AMARV, Lau-ro Matta, o serviço realizado em parceria com a prefeitura e as esco-las do bairro já ocorreu outras duas vezes. “É um trabalho conjunto que tem como objetivo melhorar a qualidade de nossas praias e va-lorizar o nosso bairro”.

Na praia de Santana, a mais suja de todas, o mutirão contou com a participação dos alunos da Escola Municipal Osval-do Cruz e com o apoio da 12ª CIPM, que acompanhou de per-to todo o trabalho. O sargento Milton Bonfim, que atua junto às escolas do bairro, ajudou na orientação das crianças e a dire-tora da escola, Profª Ana Clara, deu uma aula de preservação do meio ambiente. Não é à toa que a Escola Osvaldo Cruz está entre as melhores da rede pú-blica no conceito do MEC. Ou-tras campanhas serão feitas pela

AMARV, não só de mutirões de limpeza, mas para atingir o pro-blema maior que é a educação na preservação do meio am-biente para um futuro melhor com qualidade de vida.

Foto: Carmela Talento

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Ingredientes • Polvo • Arroz • Ervilhas • Leite de coco • Polpa de tomate • Queijo parmesão ralado • Cebola • Tomate • Cheiro verde (coentro e salsa) • Sal

Modo de fazerCozinhar o polvo em água fer-vente com uma cebola grande até amolecer, reservar. Cozinhar o arroz e reservar. Na salter (ca-çarola), colocar o azeite doce, a cebola e o cheiro verde, rechean-do. Em seguida, coloque as ervi-lhas, o leite de coco e a polpa de tomate. Acrescente o arroz cozido e o polvo cortado em cubinhos,

misturando todos os ingredien-tes. Em uma travessa, arrume o prato povilhando o queijo ralado por cima. Decore com rodelas de tomate e salsão.

Para ½ prato (150g) de polvo (duas pessoas) Para 1 prato (300g) de polvo (três ou quatro pessoas)

Onde?Rua Borges dos Reis, 24A Rio Vermelho – Salvador-BATel: 3334-2734 E-mail: [email protected]

Terça a sábado – das 12h até o último clienteDomingo – das 12h às 24h

Prato QuenteCom a tradição gastronômica e boêmia do Rio Vermelho, não havia outro jeito se não criar uma coluna como essa: PRATO QUENTE. Nosso primeiro homenageado é o BOTECO DO FRANÇA, com seu prato mais pedido, o ARROZ DE POLVO, preparado pelo cozinheiro Sabará.

Foto: divulgação

Arroz de Polvo

Sempre bem humorado, o Blog Pilha Pura, da jornalista Joana D’Arck, inaugura sua colaboração com o Jornal do Rio Vermelho com o seguinte caso.

A RABADA DO BEBUM

Chegou lavado de cerveja e varado de fome no bar Barthô, no Largo da Mariquita, e foi logo pedindo:– Garçon, uma rabada...

Mas assim que se sentou, pegou num sono profundo, daqueles de cair de cara na mesa. Pouco depois, aconteceu o assalto e o bar todo ficou em polvorosa, mas Ricardo Serrano, conhecido mora-dor do Rio Vermelho, continuou em seu sono brabo. Nada viu, como também nada perdeu, porque os assaltantes nem ligaram para o bebum dormindo.

Acabou o assalto e o estômago de Ricardo tratou de despertá-lo. Olhou a mesa e como não viu o prato solicitado, bradou:– Cadê a minha rabada?

O garçon avisou:– Moço, acabamos de ser assaltados!

E ele:– Sim, mas levaram a rabada?

O garçon disse que não e ele foi direto ao assunto:– Então, traga a rabada!

BLOG PILHA PURApilhapuradejoaninha.blogspot.com.br

Raimundo Peixoto de Maga-lhães, “Mundico” (1901-1978) foi morador do Rio Vermelho da rua Conquista, n0 9, no Parque Cruz Aguiar, nasceu em Salvador, um dos cinco filhos de José Maria Peixoto de Magalhães e Maria Isabel Moura Guerra de Maga-lhães, e foi casado com Mabel Carvalho de Magalhães, teve dois filhos José Carlos Peixoto

de Magalhães – médico, um dos donos da clínica CATO; e Carlos Eduardo Peixoto de Magalhães, “Cadu” – campeão baiano de karatê, que conviveu com a tur-ma do Rio Vermelho por muitos anos e deixou saudades. Tem

como netos Mabel, Maísa, Júnior e Duda, filhos de José Carlos.

Tio Mundico, como era chama-do carinhosamente, foi tio de José Maria Peixoto de Maga-lhães, “Zezito”, médico conceitu-ado que jogou no Esporte Clube Bahia na década de 40; do sena-dor Antonio Carlos Peixoto de Magalhães, ACM; e do desem-bargador Eduardo Jorge de Ma-galhães, as ovelhas rubronegras da família; era tio de José de Ma-galhães Teixeira, “Careca”, cam-peão brasileiro pelo Esporte Clu-be Bahia (Taça Brasil de 1959) e campeão em 1966 pelo fabulo-so time do Leônico; e, também, tio e padrinho de José Mario de Magalhães Oliveira que joga no time da AMARV.

Raimundo Magalhães foi servi-dor público estadual, técnico do antigo Serviço de Água e Esgo-to – SAE, que depois se tornou SAER e hoje é EMBASA.

Foi o criador e desenhista do dis-tintivo do Esporte Clube Bahia,

que se tornaria o maior símbolo de um time de futebol do Norte e Nordeste, conhecido em todo o Brasil.

Baseado no escudo do Corin-thians Paulista, o escudo de for-ma arredondada valoriza a ban-deira do Estado da Bahia, suas cores azul, vermelha e branca com os dizeres ESPORTE CLUBE BAHIA e o ano de fundação 1931. Ganha depois duas estrelas dou-radas, fruto das conquistas de 1º Campeão da Taça Brasil (1959) e Campeão Brasileiro (1988).

Muitos torcedores acreditam que parte dessa atual diretoria do Es-porte Clube Bahia desconhecem o nome de Raimundo Peixoto de Magalhães como o criador do maior símbolo do clube.

O escudo impresso em camisas, materiais esportivos, bandeiras e suvenires, representa a quarta força no país em marketing, um retorno de recursos considerá-vel para o clube. Não é à toa que a Nike, patrocinadora oficial da

seleção brasileira, assinou con-trato com o Esporte Clube Bahia.

Recentemente, a atual diretoria, através do seu departamento de marketing, teve a infeliz ideia de criar um novo escudo para o clu-be, adulterando a criação de Rai-mundo Magalhães, numa versão ridícula e de muito mau gosto, que serviu apenas como símbolo dessa gestão. O tal escudo ficou um certo tempo no site oficial do Esporte Clube Bahia, numa com-pleta falta de respeito à nação tri-color e ao seu criador.

Nascido em 1º de janeiro de 1931, o Esporte Clube Bahia tem marcado em sua história inúme-ras glórias (dois títulos nacionais, duas Copas do Nordeste, um torneio de Campeões do Nor-deste, 44 títulos estaduais, três Taças Estado da Bahia e nove Torneios Início) e alguns deslizes (10 anos sem títulos com a atual diretoria) mas, com certeza tra-zendo muitas emoções para o maior patrimônio do clube que é sua torcida. Bora Baêeea!

O escudo do Esporte Clube Bahia e seu criador Raimundo Peixoto de Magalhães

Foto: acervo da família

Page 5: Jornal do rio vermelho 02 edicao

Para organizar os acontecimentos, uma comissão especial foi forma-da, e todos os projetos e eventos aprovados ganharam um selo co-memorativo do Centenário, cria-do pela Máquina Estúdio.

Essa comissão do Centenário é for-mada por:

• Cecília Amado e João Jorge Amado Filho, representantes da família

• Myriam Fraga, Fundação Casa de Jorge Amado

• Alberto da Costa e Silva, Aca-demia Brasileira de Letras

• Lilia Moritz Schwarcz e Thyago Nogueira, Companhia das Letras

• Adriana Vendramini, Grapiúna Produções/Copyrights

2011

Entre os eventos pelo Brasil estão: • Lançamento do filme “Capitães da Areia”, da cineasta e neta do escritor Cecília Amado, que es-treou nos cinemas de todo o país

• A peça “D. Flor e seus Dois Ma-ridos” que estreou no Rio de Janeiro

• Lançamento, pela Companhia das Letras, de uma caixa come-morativa que reúne os quatro livros “As Mulheres de Jorge” (Tieta, D. Flor, Gabriela e Tereza Batista)

• Edições especiais, como o livro inédito das cartas que Jorge Amado trocou com Zélia en-quanto estava no exílio (Com-panhia das Letras)

2012

As comemorações também ultrapas-sam as fronteiras brasileiras:

• Instalação de totem informati-vo em Salvador e outras cida-des baianas

• Jorge Amado é tema do Car-naval de Salvador e “O País do Carnaval” é tema de camarote no Circuito Barra-Ondina

• Tema da Escola de Samba Im-peratriz Leopoldinense e apa-rece no enredo da Escola de Samba Salgueiro no Rio de Janeiro

• Tema da Escola de Samba Mo-cidade Alegre, em São Paulo

• Lançamento de “Navegação de Cabotagem”, edição especial ilustrada (Companhia das Letras)

• Mostra de cinema “Jorge Cine Amado Gráfico”, em Salvador

• Lançamento de “Mar Morto” em edição de bolso (Compa-nhia das Letras)

• Seminário Trabalhos de Jorge, na Universidade de Sorbonne, com a participação das es-critoras brasileiras Ana Maria Machado e Nélida Piñon, em Paris/França

• Homenagem ao ilustre mora-dor com placa comemorativa na porta do edifício onde o escritor morou em Paris/França

• Infanto-juvenil, selecionado por Heloísa Prieto (Companhia das Letras)

• Lançamento de “O Compadre de Ogum”, edição econômica

(Companhia das Letras) • Seminário sobre Jorge Amado em Moscou/Rússia

• Exposição em homenagem ao Centenário de Jorge Amado com toda sua cronologia, na Academia Brasileira de Letras

• Estreia de nova versão da no-vela “Gabriela, Cravo e Canela”, pela TV Globo

• Exposição “Jorge, amado e uni-versal” no Museu de Arte da Bahia, em Salvador

• Lançamento de “Os Velhos Marinheiros” em edição come-morativa ilustrada (Companhia das Letras)

• “Jorge e Zélia, Correspondência Inédita” organizado por João Jorge Amado (Companhia das Letras)

• Curso Jorge Amado, II Coló-quio de Literatura Brasileira, em Salvador

• Festival Amar Amado de Ilhéus, uma verdadeira declaração de

amor a Jorge e seu universo li-terário. Evento que inclui feiras de gastronomia e de arte, expo-sições, apresentações teatrais, musicais, de dança e de fotogra-fia, e culmina com apresenta-ções de “Quincas Berro D’Água”, “Barravento” e “Esses Moços”, en-tre outros que aludem à obra do escritor , em Ilhéus/Bahia

• Monumento à Jorge Amado e Zélia Gattai, em bronze e ta-manho natural, obra do artista plástico Tati Moreno, uma ho-menagem do Rio Vermelho ao escritor, que será instalado no Largo de Santana

• Lançamento do livro “A Comi-da Baiana de Jorge Amado”, com palestra da sua filha e au-tora da obra, Paloma Amado, em Salvador

• Lançamento em caixa de “Ca-pitães da Areia” com DVD, em todo o Brasil

• Estreia das peças “O Sumiço da

Santa”, direção de Fernando Guerreiro e “Novos Capitães”, direção geral de Cecília Ama-do, em Salvador

• Musical “Gabriela, Cravo e Ca-nela”, direção de João Falcão, no Rio de Janeiro

• A Rede Globo de Televisão elaborou uma rica pauta de homenagens com reporta-gens especiais e documentá-rios sobre Jorge Amado para todo o ano de 2012, inclusive com gravações em Ilhéus, que serão veiculados no Jornal Na-cional, Jornal Hoje e um espe-cial do Globo Repórter, além da reedição da novela “Gabrie-la, Cravo e Canela”

• Homenagem a Jorge Amado no Congresso Nacional, expo-sição que inclui as primeiras edições de suas obras e frases delas, além da exibição de vi-deos com imagens e entrevis-tas do escritor em Brasília.

100 anos de Jorge AmadoEm homenagem ao centenário de nascimento do acadêmico e escritor Jorge Amado, que ocorreu no dia 10 de agosto, uma ampla programação, iniciada em agosto de 2011 e que se estende pelo ano de 2012, dá uma excelente oportunidade para fazer uma releitura da sua obra e refletir sobre a importância do escritor baiano no cenário literário mundial.

Jorge Amado e seu grande amigo, o compositor Dorival Caymmi

Foto: acervo da família

Page 6: Jornal do rio vermelho 02 edicao

Jorge Amado, a vidaJorge Leal Amado de Faria foi um dos mais famosos e tradu-zidos escritores brasileiros em todos os tempos. Nasceu na Fa-zenda Auricídia em 10 de agosto de 1912, à época município de Ilhéus. Mais tarde, as terras des-sa fazenda ficaram no município de Itajuípe com a emancipação do distrito ilheense de Pirangi. Entretanto, é certo que Jorge Amado foi registrado no povoado de Ferradas, pertencente a Itabu-na. Município à parte, o importan-te é que Jorge não nasceu, estreou na Bahia.

Filho do fazendeiro de cacau João Amado de Faria e de Eulá-lia Leal Amado. Com um ano de idade, foi para Ilhéus onde viveu a maior parte da infância. Já em Salvador, estudou o secundário no Colégio Antônio Vieira e no Ginásio Ipiranga. Nesse período, começou a trabalhar em jor-nais e participar da vida literá-ria, sendo um dos fundadores da Academia dos Rebeldes. Foi para o Rio de Janeiro estudar na Faculdade de Direito, atual UFRJ. Durante a década de 30, a facul-dade era um polo de decisões políticas, tendo seus primeiros contatos com o movimento co-munista organizado.

Publicou seu primeiro romance “O País do Carnaval” em 1931. Casou-se em 1933 com Matildes Garcia Rosa, com quem teria uma filha, Lila. Neste ano, publicou seu segundo romance “Cacau”.

Formou-se em 1935. Militante comunista, foi obrigado a exilar--se na Argentina e no Uruguai entre 1941 e 1942. Volta ao Brasil em 1944 e separa-se de Matildes Rosa. Em 1945, foi eleito mem-bro da Assembleia Nacional Constituinte, na legenda do Par-tido Comunista Brasileiro (PCB), tendo sido o deputado federal mais votado de São Paulo. Neste ano, casou-se com Zélia Gattai. Em 1947, nasce João Jorge, seu primeiro filho desse casamento.

O PCB foi declarado ilegal no Brasil e seus membros persegui-dos e presos. Jorge teve que se exilar com a família na França em 1948 até 1950, quando foi expulso. Em 1949, morre sua fi-lha Lila, no Rio de Janeiro.

Foi para Praga no final de 1950, ficando até 1952, onde nasceu sua filha Paloma. Retorna ao Bra-sil em 1955, quando se afasta da militância política. Dedica-se, a partir de então, inteiramente à literatura.

Escritor profissional, viveu ex-clusivamente dos direitos auto-rais dos seus livros. São temas constantes em suas obras os problemas e injustiças sociais, o folclore, a política, as crenças e tradições, e a sensualidade do povo brasileiro.

Mesmo sendo materialista, Jorge Amado por sua identi-ficação com as causas sociais particularmente a causa dos negros, tornou-se simpatizante do candomblé, religião na qual

exerceu o posto de honra de Obá de Xangô.

Em 6 de abril de 1961, foi convi-dado para ocupar a cadeira nº 23 da Academia Brasileira de Letras, que tem por patrono José de Alencar, e por primeiro ocupan-te Machado de Assis. Para retra-tar os casos dos imortais da ABL, escreveu “Farda, Fardão, Camisola de Dormir”, numa alusão clara ao formalismo da entidade e à seni-lidade de seus membros.

A obra literária de Jorge Amado conheceu inúmeras adaptações para cinema, teatro e televisão. A sua obra foi editada em 55 países e vertida para 49 idiomas e dialetos, existindo também exemplares em braille e em for-mato audiolivro.

O romancista morreu em Salva-dor, no dia 6 de agosto de 2001. O seu corpo foi cremado e suas cinzas postas no jardim da sua residência na rua Alagoinhas, no Rio Vermelho, no dia em que completaria 89 anos.

A partir da esquerda: Zélia Gattai, Jean Paul Sartre, Simone de Beauvoir, Jorge Amado e, sentada, Mãe Senhora

Foto: acervo da família

A partir da esquerda: Caetano Veloso, Antônio Risério, Dedé Veloso, Jorge Amado e Waly Salomão

a obra • O País do Carnaval, romance (1931) • Cacau, romance (1933) • Suor, romance (1934) • Jubiabá, romance (1935) • Mar Morto, romance (1936) • Capitães da Areia, romance (1937) • A Estrada do Mar, poesia (1938) • ABC de Castro Alves, biografia (1941) • O Cavaleiro da Esperança, biografia (1942) • Terras do Sem-Fim, romance (1943) • São Jorge dos Ilhéus, romance (1944) • Bahia de Todos os Santos, guia (1945) • Seara Vermelha, romance (1946) • O Amor do Soldado, teatro (1947) • O Mundo da Paz, viagens (1951) • Os Subterrâneos da Liberdade, romance (1954) • Gabriela, Cravo e Canela, romance (1958) • A Morte e a Morte de Quincas Berro d’Água, romance (1961) • Os Velhos Marinheiros ou o Capitão de Longo Curso, romance (1961) • Os Pastores da Noite, romance (1964) • O Compadre de Ogum, romance (1964) • Dona Flor e Seus Dois Maridos, romance (1966) • Tenda dos Milagres, romance (1969) • Tereza Batista Cansada de Guerra, romance (1972) • O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá, historieta infanto-juvenil (1976) • Tieta do Agreste, romance (1977) • Farda, Fardão, Camisola de Dormir, romance (1979) • Do Recente Milagre dos Pássaros, contos (1979) • O Menino Grapiúna, memórias (1982) • A Bola e o Goleiro, literatura infantil (1984) • Tocaia Grande, romance (1984) • O Sumiço da Santa, romance (1988) • Navegação de Cabotagem, memórias (1992) • A Descoberta da América pelos Turcos, romance (1994) • O Milagre dos Pássaros, fábula (1997) • Hora da Guerra, crônicas (2008)

CENTENÁRIO DE JORGE AMADO

Page 7: Jornal do rio vermelho 02 edicao

JRV – O selo comemorativo do Centená-rio de Jorge Amado é um Ofá (artefato metálico sagrado representado por um arco) que em conjunto com o Damatá (flecha), simboliza a caça, o poder e a fartura. Esse paramentro é o símbolo principal do Orixá Oxóssi. Como se deu essa criação, foi por causa da simpatia de Jorge pelo candomblé?João Jorge – Quando meu pai resolveu voltar para Salvador, comprou a casa no Rio Vermelho, na rua Alagoinhas. Esta casa era do maestro Sebastean Benda. A casa passou por uma reforma completa. Vários artistas, amigos de meu pai, fizeram interferências com suas obras e Caribé pintou dois azulejos e um deles tinha as armas de Oxóssi, a quem meu pai era ligado. Este azulejo foi a inspiração para o selo come-morativo dos 100 anos.

JRV – Com relação à crença, Jorge Ama-do se dizia materialista, mas era sim-patizante e frequentava o Candomblé, onde chegou a exercer o posto de Obá de Xangô, no Ilê Axé Opô Afonjá. Essa busca de energia se deve à Bahia em que ele vivia?João Jorge – Quando meu pai veio para Salva-dor, ainda menino, com 15 anos, trabalhou como reporter no “Imparcial”, e acabou se tornando muito próximo da cultura popular. Meu pai era amigo de Mãe Aninha… É o seguinte, havia uma visão da inteligentsia baiana da época de preservar a cultura imortalizada da Europa, e, claro, a negação da cultura negra. Eles pensavam: nós somos um país católico e admitimos a exis-tência de outras religiões, mas daí a chamarmos os batuques de religião era outra coisa. Então, meu pai participou, junto com Mãe Aninha, dessa luta. Quando Mãe Aninha foi sucedida por Mãe Se-nhora, meu pai foi feito Obá de Xangô. É um título civil, não religioso. Agora, em termos de religião, meu pai sempre foi materialista. Ele sempre foi muito questionado sobre isso. Para responder isso, ele, no livro “Tenda dos Milagres”, pôs a resposta na boca de Pedro Archanjo. No fundo, ele sempre se manteva materialista, mas não poderia ser o escritor que foi se não participasse, vivenciasse isso. Jorge Amardo não poderia escrever sobre o que não fazia parte do seu mundo.

JRV – Jorge Amado, como parte das comemorações, no Carnaval de 2012 foi tema da Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense, e também aparece no enredo da Escola de Samba Salgueiro, no Rio de Janeiro; e, ainda, foi tema da Escola de Samba Mocidade Alegre, em

São Paulo, e tema do Carnaval de Sal-vador. Jorge Amado gostava mesmo de carnaval?João Jorge – Olhe, certa feita, era carnaval e nós morávamos no Rio, quando chegou Procópio Ferreira lá em casa e os dois saíram atrás de um bloco de rua vestidos de palhaço, mas só anda-ram uns quatrocentos metros e pararam num bar, beberam alguma coisa e voltaram para casa. Meu pai não era muito de carnaval, não.

JRV – Existe algum projeto para a casa de nº 33 da rua Alagoinhas, já que ele está presente nesse lugar?João Jorge – Existe um projeto, sim, que foi elaborado pelo arquiteto português Miguel Correia. Estamos vendo como é possível viabi-lizar, para que sirva como um local de visitação.

JRV – O Rio Vermelho está presente nas comemorações, através da criação de um monumento em bronze, tamanho natural, do casal Jorge Amado e Zélia Gattai, que será instalado no Largo de Santana, uma ideia do ex-presidente da AMARV, Ricardo Barreto, e obra do artista plástico Tati Moreno. Como você vê essa gratidão e esse projeto?João Jorge – Eu acho a ideia muito simpá-tica. E acho que a obra deve ficar no Largo de Santana, principalmente por causa da luta pela preservação da Igrejinha de Santana. O movi-mento começou com meu pai e Caribé, e depois foi abraçado por toda Salvador. Por isso, acho bom que fique no Largo de Santana. Tati é um artista fantástico!

JRV – Dentre as comemorações do Centenário, que se iniciaram em agos-to/2011 e se estenderam até 2012, qual a que mais lhe emocionou ou achou mais interessante?João Jorge – Eu estive no carnaval do Rio, e saí na Escola Imperatriz Leopoldinense e, realmente, fiquei muito emocionado. Tam-bém houve um Ciclo de Palestras em Paris que foi impressionante! Mas estão haven-do muitas outras homenagens: em Lisboa, uma exposição na Casa dos Bicos, onde fica a Fundação José Saramago, organizada por Pilar Del Rio, esposa de Saramago. Há, tam-bém, em Paris, a proposta de colocação de uma placa na entrada do edifício onde meu pai morou, que está em tramitação na Mu-nicipalidade de Paris. Na Universidade de Salamanca, haverá uma homenagem que vai contar, inclusive, com uma palestra de João Ubaldo. E Paloma está participando de eventos em, pelo menos, três cidades de Portugal: Lisboa, Porto e Coimbra.

JRV – E João Jorge Amado e o Rio Ver-melho?João Jorge – Eu fui adolescente do Rio Vermelho. Da Paciência ao Buracão. Estudei no Colégio Manoel Devoto. Morei no Rio Ver-melho desde que cheguei à Bahia em 1964. Quando me casei, saí da rua Alagoinhas e fui morar na rua Irará, a rua vizinha. Hoje, sou cliente de dois restaurantes do Rio Ver-melho, o Dona Mariquita, na rua do Meio, e o Algobom, ali pertinho na praça Borges dos Reis. Eu gosto de comer!

Foto: acervo da família

as premiações e honrariasEm diversos países do mundo:

• Prêmio Stalin da Paz, depois renomeado para Prêmio Lênin da Paz

(Moscou, 1951)

• Prêmio de Latinidade (Paris, 1971)

• Prêmio Nonino (Itália, 1982)

• Prêmio Risit d’Aur (Udine, Itália, 1984)

• Prêmio Moinho (Itália, 1984)

• Prêmio Dimitrof de Literatura (Sofia, Bulgária, 1986)

• Prêmio Dimitrof (Bulgária, 1989)

• Prêmio Pablo Neruda (Moscou, Rússia, 1989)

• Prêmio Etruria de Literatura (Itália, 1989)

• Prêmio Cino Del Duca da Fundação Simone e Cino Del Duca

(França, 1990)

• Prêmio Mediterrâneo (Itália, 1990)

• Prêmio Vitaliano Brancatti (Itália, 1995)

• Prêmio Luís de Camões (Portugal/Brasil, 1995)

No Brasil: • Prêmio Nacional de Romance do Instituto Nacional do Livro

(1959)

• Prêmio Graça Aranha (1959)

• Prêmio Jabuti (1959 e 1995)

• Prêmio Luísa Cláudio de Sousa, do Pen Club do Brasil (1959)

• Prêmio Carmen Dolores Barbosa (1959)

• Troféu Intelectual do Ano (1970)

• Prêmio Fernando Chinaglia (1982)

• Prêmio Nestlé de Literatura (1982)

• Prêmio Brasília de Literatura – Conjunto da Obra (1982)

• Prêmio Moinho Santista de Literatura (1984)

• Prêmio BNB de Literatura (1985)

• Ministério da Cultura (1997)

Jorge Amado recebeu títulos de:

• Comendador e Grande Oficial nas ordens da Argentina, Chile, França, Espanha, Portugal e Venezuela.

• Doutor Honoris Causa na Itália, Isra-el, França e Portugal e por mais dez universidades brasileiras.

• Doutor pela renomada Universidade de Sorbonne em Paris, França.

• Obá de Xangô, posto civil no can-domblé, que exercia no Ilê Axé Opô Afonjá, em Salvador, Bahia (título pelo qual tinha um carinho especial).

os títulos

João

João Jorge Amado ao lado de um retrato do pai

Jorge AmadoENTREVISTA

Foto: André Avelino

Page 8: Jornal do rio vermelho 02 edicao

Coligação: É Hora de Defender Salvador (25)Prefeito: ACM Neto (DEM)Vice-prefeito: Célia Oliveira de Jesus Sacramento (PV)

ACM Neto, 33 anos, natural de Sal-vador-BA, divorciado, formado em Direito, político, está no 3º mandato consecutivo como deputado fede-ral. É o atual líder do DEM na Câmara. Célia Sacramento, 45 anos, natural de São Paulo-SP, divorciada, conta-dora e professora universitária.

Principais propostasCultura

• Criação da Secretaria Munici-pal de Cultura

• Criação do Conselho Munici-pal de Cultura

• Criação do Museu da MúsicaEducação

• Programa Aluno em Tempo Integral

• Criação de novas creches e pré-escolas

Esporte • Centros de Modalidades Esportivas

• Criação do Ginásio Público • Reforma e construção de qua-dras poliesportivas

Gestão • Centros de Gestão Municipal • Descentralização e moderniza-ção de toda gestão

Infraestrutura • Reestruturação do Pelourinho • Requalificação de toda Orla

Saúde • Criação do Multicentro Salva-dor (exames especializados)

• Centrais de marcação de consultas

• Construção do Hospital Muni-cipal em Pau da Lima

Segurança • Criação da Secretaria da Ordem Pública e Prevenção à Violência

• Ampliar e equipar a Guarda Municipal

• Implantação de câmeras de segurança

Social • Versão municipal do Estatuto da Igualdade Social

• Ampliar as políticas de cotas na cidade

Trabalho e Renda • Fomento de quatro novos centros econômicos

• Ampliação dos cursos de Qua-lificação Profissional

• Incentivo às Indústrias Susten-táveis nos Subúrbios

Transporte • Criação do Centro de Opera-ções da Cidade

• Criação de ciclovias • Construção de viadutos entre a Av. Garibaldi e o CAB

Turismo • Resgatar o potencial turístico de Salvador

• Revitalizar o Centro Histórico de Salvador

Coligação: Todos Juntos Por Salvador (13)Prefeito: Nelson Pelegrino (PT)Vice-prefeito: Maria Olívia San-tana (PCdoB)

Nelson Pelegrino, 51 anos, natural de Salvador-BA, casado, formado

em Direito, politico, deputado esta-dual por dois mandatos, foi secretá-rio estadual da Justiça e se reelegeu para seu quarto mandato de depu-tado federal.Olívia Santana, 45 anos, natural de Salvador-BA, solteira, formada em Pedagogia, política, Vereadora de Salvador, foi Secretária de Educação do município.

Principais propostasCultura

• Política Cultural nos bairros • Projeto “Boca de Brasa”

Educação • Construção de 138 novas creches

• Cursos em tempo integralEsporte

• Parque Poliesportivo do Aero-clube

• Construção de quadras espor-tivas

Gestão • Ampliação do Programa Vida Melhor

• Renegociar contratos da Prefeitura

Infraestrutura • Requalificação da Orla Atlân-tica

• Construção de viadutos, ponti-lhões e passarelas

Saúde • Construção de Unidades de Pronto Atendimento (UPA)

• Cobertura de 50% do Progra-ma de Saúde da Família

Segurança • Criação do Gabinete de Ges-tão Integrada Municipal

• Mais 2 mil guardas municipaisServiços Públicos

• Organizar o mercado informal • Reformar feiras e mercados de bairro

Trabalho • Investir na formação profissio-nal de 100 mil jovens

• Criar o Condomínio de Fábri-cas nos bairros

• Implantação da Casa do Jo-vem Trabalhador

Turismo • Recuperar 40 mil imóveis • Reforma do Abaeté

Coligação: Salvador Tem Jeito (15)Prefeito: Mário Kertész (PMDB)Vice-prefeito: Nestor Neto (PMDB)

Mário Kertész, 68 anos, natural de Salvador-BA, casado, formado em Administração, empresário e radia-lista. Foi secretário do Planejamen-to, Ciência e Tecnologia, prefeito no-meado de Salvador e prefeito eleito de Salvador.Nestor Neto, 31 anos, natural de Salvador-BA, solteiro, formado em Administração, participou ativa-mente de movimentos estudantis em Salvador.

Principais propostasCultura

• Criação da Secretaria de Cultura

• Criar a Arena Multiuso no Parque de Exposições

Educação • Construir 100 escolas • Ampliar o Sistema Integrado de Ensino

Gestão • Não aceitar indicações políticas • Placa nas obras com data de início e término

Infraestrutura • Obras de macrodrenagem • Projeto de infraestrutura nos bairros

Saúde • Criação do Hospital Municipal • Criação de quatro Policlínicas • Cobertura de 60% do Progra-ma de Saúde da Família

Segurança • Criar a Central de Controle e Monitoramento de Segurança

• Aumentar e equipar a Guarda Municipal

Serviços Públicos • Ordenar os ambulantes • Reestruturar as feiras livres

Social • Apoio ao Projeto Axé

Transporte • VLT entre a Ribeira e o Termi-nal da França

• Requalificar a Estação da Lapa • Projeto Urbano União • Construir passarelas e viadutos

Turismo • Criar a Secretaria do Turismo • Realizar três festivais: Música, Gastronomia e Cinema

Coligação: Salvador Encontra Seu Caminho (10)Prefeito: Márcio Marinho (PRB)Vice-prefeito: Deraldo Damasce-no (PSL)

Márcio Marinho, 41 anos, natural de Cabo Frio-RJ, casado, ensino mé-dio completo, radialista, político e bispo da Igreja Universal do Reino de Deus. Está no segundo mandato de deputado federal.Deraldo Damasceno, 62 anos, na-tural de Salvador-BA, casado, curso superior completo. Foi vendedor ambulante, soldado, investigador de polícia e delegado. Cumpre o mandato de deputado estadual.

Principais propostasCultura

• Criar a Secretaria de Cultura • Incentivar empresas que pa-

Eleições 2012 em SalvadorFo

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Em pesquisa recente, mostran-do os pontos positivos e nega-tivos que afetam a população urbana em todas as capitais do país, nos aspectos habitação, saúde, educação, mobilidade, emprego e segurança, Salvador foi apontada como uma das piores capitais do Brasil para se viver. Nessa avaliação, Salvador piorou nos últimos cinco anos em 53%, e alguns setores per-

maneceu estagnada com 28%, o que mostra um índice muito elevado de descaso com nossa capital.

A segurança é o motivo de maior preocupação. A violência se faz presente cada vez mais, sob a for-ma de assaltos, homicídios, tráfi-co e uso de drogas, interferindo de forma negativa na qualidade de vida do soteropolitano.

O Rio Vermelho faz parte des-sa triste realidade. Para construir seu Planejamento Estratégico, a AMARV mapeou e continua aten-ta aos problemas do bairro nos seus diversos macroambientes. Infelizmente, as soluções para es-ses problemas ficaram a desejar, principalmente por parte dessa desastrosa gestão na Prefeitura de Salvador e a omissão do go-verno estadual. Com as Eleições

2012, surgiu a oportunidade de apresentar aos candidatos a pre-feito de Salvador nossas propos-tas para o bairro, além de conhe-cer seus planos de governo para a cidade e para o Rio Vermelho. A AMARV, como entidade re-presentativa do bairro, propôs o “Encontro com os Prefeituráveis”, realizado na Escola de Teatro Si-torne. O modelo definido para o encontro foi individual com cada

candidato e foram ouvidos os três candidatos mais bem posiciona-dos nas pesquisas. O candidato Nelson Pelegrino (PT) foi o primei-ro a aceitar o convite, seguido de ACM Neto (DEM), e depois com-pareceu Mário Kertész (PMDB). Os candidatos Hamilton Assis (PSOL) e Da Luz (PRTB) participaram de um “evento paralelo” no bairro. O Bispo Márcio Marinho (PRB) não agendou visita.

Conheça os candidatos e suas propostas para Salvador

Page 9: Jornal do rio vermelho 02 edicao

trocinem a culturaEducação

• Criação de novas creches • Criação da Escola de Ensino Fundamental (Periperi)

• Ensino em tempo integralEsporte

• Criar a Secretaria de Esporte e Lazer

• Criar o Complexo Esportivo do Calabar

Gestão • Cortar gastos da Prefeitura

Infraestrutura • Criação da Cooperativa de Lixo (Nova Sussuarana)

• Melhorar toda a infraestrutura da cidade

Saúde • Criar o Hospital Geral do município

• Criar 12 Policlínicas 24 HorasSegurança

• Dobrar o efetivo da Guarda Municipal

• Segurança nos terminais de ônibus

Social • Fortalecer a Secretaria de Reparação

• Acolhimento de moradores de rua

Transporte • Projeto Engenharia de Trânsito • Fazer funcionar o Metrô • Criação de ciclovias

Campanha: Salvador na Veloci-dade Da Luz (28)Prefeito: Rogério Da Luz (PRTB)Vice-prefeito: Antonio Gomes de Andrade Neto (PRTB)

Rogério Da Luz, 44 anos, natural de Jundiaí-SP, solteiro, Analista de Sistemas, curso superior incomple-to, experiente em eleições, já dispu-tou o Governo da Bahia e a Prefeitu-ra de Salvador.Antonio do Subúrbio, 53 anos, na-tural do Rio de Janeiro-RJ, empresá-rio, curso superior completo, concor-re pela primeira vez a vice-prefeito.

Principais propostasCultura

• Criar Órgão Legal de Tomba-mento Municipal

Educação • Ampliação do número de creches

• Levar alunos da Rede Munici-pal para a Rede Particular

Gestão • Governar com técnicos e não com políticos

• Transformações na área admi-nistrativa

• Recursos captados do setor turístico

Infraestrutura • Plano Diretor que contemple a periferia

Saúde • Equipar hospitais públicos sendo referencial para ricos e pobres

Segurança • Equipar a Guarda Municipal

Transporte • Construir o Aerotrem (10 km por ano)

• Aumentar as vias do metrôTurismo

• Pelourinho Autossustentável 24 Horas

• Retirar lojas eletrônicas do Pelourinho

• Criar lojas de artesanato e estúdios de gravação no Pelourinho

Coligação: Frente Capital da Resistência (50)Prefeito: Hamilton Assis (PSTU)Vice-prefeito: Ivonise Nascimen-to Santos (PSTU)

Hamilton Assis, 49 anos, natural de Salvador-BA, solteiro, Pedago-go, foi dirigente da CUT-BA, mili-tante do PT por 23 anos, se filiou ao PSOL em 2005.Ivonise Santos, 29 anos, natural de Salvador-BA, solteira, formada em Enfermagem.

Principais propostasDemocratização da Gestão

• Tirar as máfias que controlam a máquina da Prefeitura

• Desprivatizar a Prefeitura e transformá-la em espaço público

• Criar o Congresso da Cidade, onde o povo pobre e negro vai ter vez e voz de decidir

Participação Popular • Descentralizar os serviços para que fiquem próximos da população

Sustentabilidade Urbana e Ambiental

• Rever a legislação ambiental que prioriza os empresários

• Construir equipamentos na periferia incluindo bibliotecas e teatros

• Tornar o Pelourinho habitável • Criar a Secretaria de Cultura • Priorizar áreas como Saúde, Educação e Mobilidade Urbana

Primeiro houve a celebração da Novena, entre os dias 17 a 25 de julho, como preparação para o dia 26, dia comemora-tivo à Sant’Ana (que também é a segunda padroeira de nossa Arquidiocese de Salvador), que culminou à noite com a realiza-ção da Santa Missa Solene.

A programação do dia da padro-eira começou com a tradicional alvorada de fogos e, pela ma-nhã, foram celebradas diversas missas, inclusive uma delas de-dicada às avós. Às 11h30, foi rea-lizada a procissão marítima com os pescadores do bairro com a imagem da santa. Às 18h30, foi realizada a procissão pelas ruas do bairro, encerrando com a Missa Solene presidida por Dom Gilson Andrade, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Salvador.

Histórico da FestaA festividade em louvor à Senho-ra Sant’Ana começou no final do século XIX, fora da data litúrgica. Era realizada no verão (janeiro/fe-vereiro) incluída no calendário de festejos do bairro, determinada pelos veranistas e acatada pela Igreja, pela simples razão que no inverno a população fixa era diminuta e a maioria dos imóveis permaneciam fechados, inclusi-ve a Capela do Largo de Santana, que não dispunha de padre per-manente. No povoado residiam basicamente os pescadores.

O bairro do Rio Vermelho só ga-nhava movimentação no verão com a chegada das famílias abas-tadas que residiam no centro. Os comerciantes reativavam os ne-gócios e os veranistas faziam as manifestações populares e religio-sas. Eles foram responsáveis pela emancipação do Rio Vermelho da Paróquia Nossa Senhora da Vitória no dia 5 de abril de 1913, através da provisão assinada por Dom Je-

rônimo Thomé da Silva, Arcebispo Metropolitano de Salvador e Pri-maz do Brasil, criando a Paróquia de Sant’Ana do Rio Vermelho.

A Capela do Largo de Santana passa, então, à condição de Igreja Matriz e o padre Antonio de Me-nezes Lima foi designado pároco.

Mesmo com o crescimento do Rio Vermelho, ganhando popu-lação fixa nos seus núcleos Pa ciência, Mariquita e Santana, com importantes famílias, a

Festa da Padroeira foi mantida no verão. Somente em 1971, o monsenhor Antonio da Rocha Vieira, que foi pároco durante 16 anos, resolveu, finalmente, transferir a festa para o período correto, de 17 a 26 de julho, vol-tando ao calendário litúrgico.

A festa de Nossa Senhora Sant’Ana

Imagem de Sant’Ana no altar mor da igreja

Foto: André Avelino

O Rio Vermelho esteve em festa religiosa, durante o mês de julho, com uma vasta programação em louvor a Senhora Sant’Ana, a padroeira do bairro.

(Pesquisa realizada no site da Paróquia de Sant’Ana)

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A Biblioteca Juracy Magalhães Jú-nior completou, no dia 23 de se-tembro, 44 anos de sua fundação e como parte das comemorações de aniversário, ofertou uma vasta programação de eventos como oficinas de arte, peça teatral, cor-del, oficina literária, filmes e músi-ca. Tudo gratuito e aberto ao pú-blico de todas as idades.

Dentre os eventos destácxam-se oficina literária “Desvendando o Hino Nacional” sob a coordena-ção de Yamina Aras (dia 19), con-tos de história com Alessandra Mello e Silvana Azevedo (dia 20), apresentação da peça “Os Ro-mânticos” com direção e apre-sentação de Marcos Antonio Santos e poesias de represen-tantes do romantismo brasileiro, entre eles, Álvares de Azevedo,

Fagundes Varela e Castro Alves. Esse espetáculo também abor-da o amor entre o Poeta Aboli-cionista e Eugenia Câmera, atriz portuguesa e musa de Castro Alves. Mesa redonda (dia 21) so-bre a “Importância da Biblioteca Juracy Magalhães Júnior para a Comunidade do Rio Vermelho”, debate que reuniu o diretor da Fundação Pedro Calmon, Ubira-tan Castro de Araújo; a diretora de Bibliotecas Públicas da Bahia, Ivanise Tourinho; e a diretora da Juracy Magalhães Júnior, Sonia Morelli, entre outros convidados.

Encerrando as atividades, houve a apresentação performática e cantoria do professor e corde-lista Antonio Barreto. Logo após, ocorreu o show “Relicário” do grupo Presente.

Biblioteca Juracy Magalhães Jr completa 44 anos

Nativo do Rio Vermelho, nasceu no dia 2 de outubro no Núcleo da Paci-ência – Vila Matos, filho de Romenil e D. Erenita, tendo como irmãos Erenil-da, Ricardo, Carlinhos, Kleber Bubu, Norma, Itamar e Lúcia. Casado com Magali, forma uma bela família com os filhos Lorena, Gabriela e Romenil Neto. Ex-futebolista, atuava na po-sição de zagueiro. Fez história e foi ídolo do Esporte Clube Vitória, sendo considerado por muitos como o maior defensor do rubronegro.

A paixão pelo futebol nasceu nos babas do bairro, principalmente no campo da Fonte do Boi, na Mariquita, e por ironia o primeiro time foi o Vito-rinha do Rio Vermelho.

Seu pai, Romenil Gonçalves (foi de-legado e como festeiro foi arauto do Bando Anunciador do Rio Vermelho), negou diversas vezes sua ida para o Es-porte Clube Bahia, a pedido insistente do seu amigo Osório Villas Boas, então presidente do clube, que sabendo do seu potencial ficou entusiasmado.

Foi então, levado para o Esporte Clu-be Vitória pela assessora do presiden-te Ney Ferreira, com autorização do seu pai que era Vitória “doente”. Pe-sou na decisão a camisa rubronegra.

Começou no juvenil, depois aspiran-te, e era sempre escalado no time misto, chamado na época de Bossa Nova, que atuava quando o time titu-lar estava em viagem.

Fez sua estreia como profissional con-tra o Sport, num amistoso na cidade de Ilhéus nos anos 1960, lançado pelo técnico Ricardo Magalhães, e a partir daí foi titular absoluto na zaga do clube até 1970. Foi bicampeão baiano em 1964 e 1965. Em 1971 assinou com o Esporte Clube Bahia, onde jogou apenas seis meses e foi emprestado ao Ypiranga, depois pas-

sou pelo Palestra e o Galícia antes de encerrar a carreira.

Romenil sempre foi e será um mito do rubronegro baiano. Em poucas palavras:

De onde vem o apelido de Xerife?Romenil – Foi o motorista do presi-dente Ney Ferreira quem botou. Ele di-zia que eu impunha respeito na área. A torcida do Vitória carinhosamente aprovou, caiu na imprensa e até hoje levo comigo o apelido de Xerife.

Agnelo Correia dos Santos, o Nelinho, foi certamente um dos melhores za-gueiros do futebol baiano em todos os tempos. Dizem que foi ele quem ensinou a Medrado, Tinho e Romenil a jogar bola, é verdade isso?Romenil – É verdade, ele me ensinou muito a arte e a técnica de jogar e a sa-ída da área com a bola. Lógico que, às vezes, era preciso parar a jogada com mais garra, e isso eu fazia bem, da medalhinha pra baixo. O Nelinho foi chamado de “professor de zagueiros”.

Como zagueiro, qual o atacante que lhe deu mais trabalho jogando?Romenil – Foi o Armandinho daquele fabuloso time do Leônico. Era um jo-gador leve, driblava para os dois lados e com uma facilidade de jogadas im-pressionante.

Cite três jogadores “craques” que viu jogar?Romenil – O Kléber Carioca, sabia tudo de bola; o Israel, meia esquerda do Leônico e o Armandinho, também do Leônico, esse me deu muito trabalho.

Carlinhos Gonçalves (Esporte Clube Bahia), seu irmão, uma vez fez um golaço de cabeça na zaga do Vitória e falaram que você deixou porque era seu irmão. Conte isso.Romenil – Pura gozação de torcedor. Não existia isso, ganhei várias parti-das em cima do Carlinhos e ninguém

falou nada. A vontade de vencer os amigos e meus irmãos era muito gran-de e dobrávamos a seriedade. A goza-ção fazia parte do pós-jogo.

É verdade que após um BAxVI, na segunda-feira, vocês se reuniam num bar do Rio Vermelho para comer moqueca de peixe regada a cerveja?Romenil – Fazíamos isso frequente-mente. Nós, os jogadores do Vitória mais os do Bahia, como Amauri e até Roberto Rebouças, que era mais tímido, vinhamos. Era uma confrater-nização, a rivalidade ficava na Fonte Nova, e quem perdia o jogo geral-mente pagava a conta.

E o reconhecimento como jogador?Romenil – A atenção e o reconheci-mento da diretoria do Vitória não pos-so me queixar. Recebi a comenda de personagem do Vitória pelas mãos do presidente Paulo Carneiro que sempre me elogiou e, recentemente, a meda-lha dos 100 anos num convite extensi-vo a toda minha família, o que fiquei muito grato e emocionado.

E o futebol de hoje?Romenil – Hoje não se vê mais o amor à camisa. O jogador não tem muita ligação com o clube, pertence a empre-sários, e o que rola é muito dinheiro. A Lei Pelé não trouxe avanços. Eu acho que os times devem investir e revelar jogadores de base. O Vitória faz isso muito bem.

E o Rio Vermelho?Romenil – O Rio Vermelho é tudo para mim. Nasci na rua Leopoldino Tantu, na Vila Matos com a Garibal-di, e depois fui morar na Mariquita, onde estudei e aprendi a boa con-vivência. Fiz grandes amizades e até hoje surgem novos amigos, isso só acontece no Rio Vermelho. O Rio Vermelho é diferenciado, não saio daqui por nada, é meu lugar.

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Personagem do Rio VermelhoRomenil Arestides Gonçalves Filho, “O Xerife”

Muitos moradores e soteropolita-nos desconhecem que o Rio Ver-melho possui uma área de preser-vação histórica. Área esta sujeita a um acompanhamento vigiado pelo IPAC e IPHAN, no sentido de preservar o conjunto arquitetôni-co, cuja presença é testemunha viva da memória de ocupação do bairro: do colonial ao neoclássi-co. ao art décor, ao eclético e ao contemporâneo. Um após outro, ajudaram a compor o belo casa-rio que fez do Rio Vermelho esse bairro charmoso e sedutor.

Infelizmente, nos últimos anos esse casario vem passando por um processo acelerado de des-figuração das suas fachadas. Fre-quentemente destruídas e subs-tituídas por outras, supostamente modernas, rompendo a harmonia dos seus elegantes sobrados.

É uma pena que isso ocorra em Salvador quando, no mundo in-teiro e em muitas cidades bra-sileiras, o Patrimônio Histórico Arquitetônico está sendo restau-rado e recuperado, por se tratar de um dos mais importantes va-lores de atração turística, portan-to, gerador de emprego e renda.

É como se a cada vez que você folheasse seu álbum de retratos constatasse que mais uma foto de estimação foi ar-rancada para dar lugar a ou-tra nova de alguém que você nunca ouviu falar, não sabe quem é, e nada tem a ver com sua história.

A AMARV, no sentido de manter as características arquitetônicas do bairro, reuniu os órgãos di-retamente envolvidos com pre-servação e realizou um evento na Biblioteca Juracy Magalhães Jr, onde foram convidadas en-tidades municipais, estaduais e federais. Neste evento ficou de-monstrada a preocupação com o descaso na fiscalização e cum-primento da legislação, numa área que vem sofrendo uma depredação acelerada sem que os órgãos responsáveis tomem medidas que impeçam tal fato. Muitos empresários chegam em-polgados com o glamour que o bairro oferece, e acabam fazendo intervenções nos imóveis que aceleram a degradação e perda dos valores que mais contribuí-ram para fazer do Rio Vermelho um bairro tão charmoso.

Encontro para preservaçãodo Sítio Histórico do Rio Vermelho

Foto: André Avelino

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Novos policiais já estão na áreaA 12ª CIPM recebeu, no dia 18 de setembro, 30 homens e mulhe-res para reforçar o policiamento a pé no Rio Vermelho e Ondina. O major André Ricardo, fez uma preleção para os novos coman-dados e, em um microônibus da PM, conduziu o grupo para o reconhecimento da área. No percurso, foram mapeados os pontos estratégicos para o po-liciamento e também indicados os locais mais vulneráveis.

Para que serve uma faixa de pedestre?Apesar de bem visível os mo-toristas ignoram solenemente a faixa de pedestre que fica em frente à Igreja de Sant’Ana. No domingo pela manhã, muitas pessoas que saem da missa es-peram a boa vontade dos mo-toristas para atravessar, mas eles nem estão aí. Já tratamos essa questão das faixas de pedestres várias vezes nesse Blog, inclusive chamando a atenção para o fato de que muitas estão apagadas.

O que não é o caso dessa em frente à igreja, que está bem visí-vel. Neste local o que falta mes-mo é educação.

Centro Digital da Cidadania (CDC) do bairro precisa de instrutores voluntáriosO novo Centro Digital da Cida-dania (CDC) que funciona na sede da 12ª CIPM, na rua Ilhéus, Rio Vermelho, está recrutan-do instrutores voluntários para permitir a abertura de novas turmas. Alguns adultos estão interessados, mas faltam pro-fessores. O curso para adultos, caso apareçam instrutores, será aos sábados, das 8h às 10h. Os interessados devem entrar em

contato com Dona Eloysa, presi-dente do Conselho Comunitário Social de Segurança, pelo e-mail [email protected]. Seja um voluntário (ou voluntária), participe! As faculdades que funcionam no bairro, bem que poderiam engajar-se nesse pro-jeto de inclusão digital.

Até quando esse lixão vai continuar em um dos pontos mais visitados do bairro?O problema do lixo no Rio Ver-melho está beirando o caos. As datas de coleta não têm sido res-peitadas. Domingo não tem co-leta de lixo, mas isso não impede que os responsáveis por bares e restaurantes, que funcionam no

entorno da Praça de Santana, utilizem a esquina da rua José Taboada, onde funciona tam-bém um ponto de ônibus, para jogar grande quantidade de lixo. No decorrer do dia, os sacos são abertos por animais e catadores e a fedentina toma conta do lo-cal, que costuma receber cen-tenas de visitantes e moradores atraídos pelo tabuleiro de acara-jé instalado na praça. Talvez seja necessária uma reunião entre os comerciantes e a Limpurb para resolver essa situação. Por exem-plo, a Limpurb precisa encontrar uma solução para o lixão que se forma no entorno do contêiner colocado próximo à Casa de Ie-manjá e Igreja de Sant’Ana, local que recebe muitos turistas.

Deu no Blog blogdoriovermelho.blogspot.com.br

Fotos: Carmela Talento

No início, com o nome de Ginásio Manoel Devoto, funcionava em um prédio antigo da rua Osvaldo Cruz, onde hoje funciona a Escola Euricles de Matos.

No segundo governo de Juracy Magalhães, no dia 10 de julho de 1962, foi inaugurado como Colégio Estadual Manoel Devoto, que além do curso ginasial passava também a contar com o curso colegial (cien-tífico e clássico). Numa edificação moderna e infraestrutura completa, contava com: 27 salas; biblioteca; laboratórios de química, física e bio-logia; auditório/teatro; ginásio de es-portes, sala de artes e jogos, grêmios

estudantil, reprografia e demais salas da área administrativa e diretoria. Re-almente, uma escola modelo!

Seu primeiro diretor foi o professor Mário Câmara de Oliveira, que foi também autor do Hino do CEMD. Qual aluno não sabia, na ponta da língua, esse hino? Toda quinta-feira, num ato cívico, antes das aulas, havia o hasteamento das bandeiras nacio-nal, estadual e do CEMD, e o cântico dos hinos respectivos. Que saudade!

Excelentes professores proporcio-naram um aprendizado para toda vida. Funcionários, cuja dedicação e exigência, fizeram o respeito e a

disciplina prevalecerem. E no cen-tro de tudo, os alunos. Sem divisão de classes sociais, numa mistura de igualdade e excelente convívio, for-mavam a composição desse corpo discente, onde se trocava conheci-mentos, falava-se latim, francês e in-glês e, frequentemente, eram cam-peões das Olimpíadas da Primavera. Uma escola onde quem fazia vesti-bular passava de primeira!

Em 1971, com as modificações intro-duzidas no ensino, o CEMD deixa de oferecer o curso colegial (ou o novo 2º grau). Tem início o declínio do en-sino público no Brasil. Uma pena, es-peramos um dia sorrir de novo!

Cinquentenário do Colégio Estadual Manoel DevotoFoto: Bruno Ricci/Secom-BA

A qualidade que vai da horta direto para sua mesa.

Loja 1: CEASA do Rio Vermelho – Loja 2: Av. Juracy Magalhães Jr., 360 – Rua do Canal(71) 3452-3298 / 3506-23735

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Já fazendo parte do seu calen-dário de eventos, a Associação dos Moradores e Amigos do Rio Vermelho – AMARV promoveu o primeiro Forró da AMARV sob a organização da nova Diretoria e a batuta de Wanderley Fernandes.

A festa reuniu amigos do Rio Vermelho na Confraria do França (16/06/2012) e, durante seis ho-ras, todos se divertiram ao som da animada Banda Jerimum As-sado, que trouxe no repertório

uma bela homenagem ao Rei do Baião, Luiz Gonzaga, no ano do seu centenário.

Num clima de alegria e confra-ternização, prestigiaram a festa a vereadora Aladilce; a ex-superin-tendente da SET, Cristina Aragon; o comandante da 12ª CIPM Major André Ricardo; a presidenta do Conselho de Segurança, Eloysa Cabral; os diretores do Bloco Pa-lhaços do Rio Vermelho, Lúcia Fá-tima e Ruy Santana; os jornalistas

José Sinval, Joana D’Arck, (Blog Pilha Pura) e Carmela Talento (Blog do Rio Vermelho); os ex-pre-sidentes da AMARV, Sílvio Batalha e Ricardo Barreto; o Conselho de Odontologia, na fi gura de Juran-dir Sarmento; a Colônia de Pesca Z-1, representada pelo seu presi-dente Branco; entre outros.

O arrasta-pé foi impecável, muita alegria, animação e a participa-ção de todos. Festa boa! Teve san-fona, zabumba, triângulo, licor,

amendoim, mais a apresentação de quadrilha junina improvisada. A festa junina é, sem dúvida, uma

das festas mais gostosas de parti-cipar. De parabéns a organização.Ano que vem tem mais!

Foi danado de bão o Arraiá da AMARV!

Galeria do Artista

Você tem uma ligação e um carinho pelo Rio Vermelho, conte um pouco como se deu essa relação?Bel Borba – Na realidade, é aquela frase que dizem: parente a gente não escolhe. Só amigos é que a gente escolhe, se bem que tem amigos que a gente não sabe porque escolheu… São laços tão profundos, tão só-lidos que eu não sei como explicar. Acho que o Rio Vermelho tem uma magia sobre mim. É como se a Bahia fosse o Brasil ao quadrado, como se Salvador fosse a Bahia ao quadrado e o Rio Vermelho fosse Salvador ao quadrado. E a minha casa o Rio Vermelho ao quadrado. Acho que é nessa progressão… Quando o Rio Vermelho está sofrendo, eu sofro. Quan-do o Rio Vermelho está bonito, eu gosto. Se eu pudesse, faria um marco em todas as en-tradas e saídas do bairro. Eu gostaria de fazer isso. Uma obra em cada porta do bairro. O Rio Vermelho tem tantas entradas e saídas…Acho que o Rio Vermelho carece de um mutirão de empresários. Algumas coisas que o Rio Ver-melho precisa de imediato: facilitar o estacio-namento à noite, administrar o barulho à noite

e precisamos de uma malha de passeios decente – uma coisa que estimule a gente a caminhar no bairro. É essa coisa, por conta da evidência que o artista tem, da visibilidade, outro dia eu vi um artista reclamando que é um saco que você como artista tenha que ser o porta-voz do bom senso.Conheço gente que não sai desse bairro. Eu mes-mo evito sair do meu bairro. Eu não gosto de sair do Rio Vermelho. Quando tenho que sair, saio de coração partido.

É verdade que o Rio Vermelho concentra a maior quantidade de obras suas nas ruas?Bel Borba – É provável, sempre circulei por aqui. Sempre passei pela praia e depois pelo bair-ro. Foi essa a minha intenção quando comecei, de poder fazer com que as pessoas pudessem criar seu itinerário e visitassem algumas das minhas obras circulando pelo bairro. Esse é o meu sonho maior. Primeiro que se tenha como caminhar de maneira segura e confortável e podendo trilhar o caminho das minhas obras. Acho legal as pes-soas poderem marcar um encontro na bicicleta, nas máscaras, no capoeirista. Fica sendo um ponto de referência, me diverte isso.

Por que a escultura do Cachorrão de Ma-deira saiu da Mariquita e foi passear no Pelourinho?Bel Borba – Essas obras são soltas como um quadro ou uma escultura, podem passear. Achei que o cachorro estava meio perdido ali onde es-tava, aí resolvi levar para o Pelourinho. Pode ser que as pessoas sintam falta dele no Rio Verme-lho… E também porque resolvi tirar proveito da altura dele em relação à largura das ruas no Pe-lourinho, assim as pessoas vão poder ver mais de perto. É uma experiência. As esculturas estão no Rio Vermelho de passagem. Enquanto a maioria estiver aprovando eu vou deixando.

Por que você foi na direção contrária às galerias e escolheu o caminho das ruas?Bel Borba – Já me fi zeram essa pergunta algu-

mas vezes. No início dos anos 70, a maioria das pessoas vinha do interior da Bahia e alguns artis-tas também. Havia uma distância grande entre as pessoas que tinham poder aquisitivo para ad-quirir obras de arte e os artistas que não tinham essa penetração social. Não havia os recursos de comunicação e convergência que temos hoje. Era necessário quebrar esse abismo, então eu vi nas ruas a oportunidade de fazer um elo entre o cida-dão comum e o público de artes. Eu lembro que vi o boom e a materialização do mercado publicitário baiano. Eu tive a oportunida-de de trabalhar fazendo “retoque americano”, que é o photoshop de hoje, mas era feito com aerógrafo e pincel. Trabalhar com publicidade e como ilustra-dor era uma maneira de gerar um aprendizado por conta de fazer cenários, vitrines. Tive experiência com cenografi a. Agora mesmo estou fazendo com

dois amigos meus em Nova York, um desenho ani-mado de três minutos, uma trabalheira do cacete, com um tablet do tamanho de uma mesa onde você interfere direto no monitor. Juro por Deus, sempre resisti fazer artes gráfi cas com tanta tecno-logia, mas o resultado fi cou interessante, usando Nova York como suporte e como inspiração.Na realidade, essas obras que acontecem na rua são bancadas por mim. Durante muitos anos eu gastei pra fazer isso. As estruturas de ferro fi zeram parte da exposição que fi z para dar vi-sibilidade à causa dos saveiros. Fizemos uma exposição no Galpão das Docas num espaço de 1.500m2 usando 130 mil quilos de aço.

JRV – Tudo que cai na sua mão é maté-ria-prima para sua arte? O entulho da Fonte Nova, por exemplo.Bel Borba – Na verdade, ali o difícil foi escolher. Depois que explodiram era tanto pedaço! Eu sou muito prático, olho o que vou fazer e vejo logo o que preciso de equipamento.

JRV – E os Saveiros? Esse é um tema caro a sua obra…Bel Borba – Eu nunca tinha andado de savei-ro. Minha família não frequentava Itaparica. Eu, quando era criança, enjoava em barco. Sempre evitei, mas quando o Roberto Malaca me convi-dou, eu fui no saveiro e me deslumbrei, me senti dentro de um barril de carvalho.

Outra arte: a arte culinária. Sabemos que você pilota bem. Já fez algum min-gau para Bela, sua fi lha?Bel Borba – De manhã troco a fralda e faço o leitinho pra ela. Em culinária eu sou de fases, agora estou desenvolvendo dois pratos. Trabalhando o “Risoto de Bacalhau à Chinesa” que é feito com bacalhau grelhado na brasa, quase um torresmo de bacalhau, e mistura no arroz com uma espécie de cogumelo pequenininho com um pouquinho de páprica, pra não fi car doce. Também estou explo-rando o grão-de-bico. Tudo com grão-de-bico: fa-láfi a, grão-de-bico com iogurte fresco, com tarrine, com um pouquinho de aliche. Dizem que faláfi a é o precursor do acarajé. Eu sei fazer um bom acara-jé, não quero disputar com ninguém mas sei fazer. Como diz Cid Teixeira: “Bel Borba é igual a Noel Rosa, não quer ser melhor que ninguém, só quer mostrar que sabe fazer samba também”.

Alberto José Costa Borba, soteropolitano, aquariano, estreiou em 23 de janeiro de 1957.

Bel Borba é um dos artistas mais presenciais, produtivos e queridos da Bahia. É difícil não associar seu nome à cidade do Salvador. Bel deu ou-tra feição à capital baiana, oferecendo uma nova confi guração plástica à paisagem urbana, tornando-a mais leve e admirável, criando fi guras que se movimentam no espaço, que despertam a imaginação com um simples olhar. Suas obras estão nos muros, nos túneis, nas encostas, nas calçadas, nas galerias e nos museus. Sempre surpreendendo pela criati-vidade e força, expressa em diversas linguagens e formas. Dos mosaicos nos azulejos e vidrilhos, das esculturas em madeira, ferro, aço inox e garrafas pet, a telas em óleo, spray e a fotografi a, o que se enxerga é um conjunto diversifi cado de obras com assinatura inconfundível.

Participou de inúmeras exposições individuais e coletivas no Brasil e no exterior, sendo autor de centenas de trabalhos em locais públicos e pri-vados, e para sorte nossa, o bairro do Rio Vermelho foi escolhido como moldura de boa parte delas.

Bel Borba foi escolhido Embaixador de Salvador para a Copa do Mundo 2014. A AMARV aproveita para se colocar a sua disposição para qual-quer tipo de apoio e que sua Embaixada seja no Rio Vermelho.

A seguir, alguns trechos de um bom papo com Bel Borba em sua casa.