jornal do rio vermelho 03 edicao

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Jornal do Rio Vermelho – uma publicação da AMARV – Salvador, Bahia – Dezembro de 2012 – ano I número 3 Foto de fundo: Darjan Sanches / Fotos das baianas: André Avelino e Abílio Silva O Rio Vermelho também é conhecido como o bairro das baianas de acarajé, motivo mais que justo para o Jornal do Rio Vermelho fazer, nesta edição, uma homena- gem as suas baianas pela passagem do Dia das Baianas de Acarajé (25 de Novembro). Essa data faz parte há 15 anos do calendário de homenagens oficiais da Bahia e do Brasil. Forte símbolo da identidade cultural baiana, o Ofício das Baianas de Acarajé foi registrado em 2005 como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Históri- co e Artístico Nacional do Ministério Cultura, cadastrado no Livro de Registro dos Saberes. O acarajé também foi reconhecido como Pa- trimônio Cultural de Salvador pela Câmara Municipal. Em 2009, as baianas foram home- nageadas em Salvador com o Memorial das Baianas de Acarajé (Praça da Cruz Caída – Cen- tro Histórico), cuja finalidade é situar a tradição, a história, a cultura e demais temas agregados ao ofício registrado pelo Iphan. (pags. 6 e 7) Projeto Bairro-Escola Rio Vermelho – pag. 3 Diolino e sua famosa batida – pag. 10 Viva as nossas baianas!

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Page 1: Jornal do rio vermelho 03 edicao

J o r n a l d o R i o V e r m e l h o – u m a p u b l i c a ç ã o d a A M A R V – S a l v a d o r , B a h i a – D e z e m b r o d e 2 0 12 – a n o I n ú m e r o 3

Foto de fundo: Darjan Sanches / Fotos das baianas: André Avelino e Abílio Silva

O Rio Vermelho também é conhecido como o bairro das baianas de acarajé,

motivo mais que justo para o Jornal do Rio Vermelho fazer, nesta edição, uma homena-gem as suas baianas pela passagem do Dia das Baianas de Acarajé (25 de Novembro).

Essa data faz parte há 15 anos do calendário de homenagens oficiais da Bahia e do Brasil.

Forte símbolo da identidade cultural baiana, o Ofício das Baianas de Acarajé foi registrado em 2005 como Patrimônio Cultural Imaterial

do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Históri-co e Artístico Nacional do Ministério Cultura, cadastrado no Livro de Registro dos Saberes.

O acarajé também foi reconhecido como Pa-trimônio Cultural de Salvador pela Câmara

Municipal. Em 2009, as baianas foram home-nageadas em Salvador com o Memorial das Baianas de Acarajé (Praça da Cruz Caída – Cen-tro Histórico), cuja finalidade é situar a tradição, a história, a cultura e demais temas agregados ao ofício registrado pelo Iphan. (pags. 6 e 7)

Projeto Bairro-Escola Rio Vermelho – pag. 3

Diolino e sua famosa batida – pag. 10

Viva as nossas baianas!

Page 2: Jornal do rio vermelho 03 edicao

2 – JRV

EDITORIAL

Boas festas e um ano novo cheio de realizações!

Nesta edição, uma justa homenagem às famosas baianas do acarajé do Rio Vermelho – Claudinha, Rita, Cira e Re-gina, pela passagem do seu dia, contamos um pouco

da história de cada uma e sobre essa maravilha da gastrono-mia baiana, que é o acarajé.

Parabenizamos o Deputado Federal ACM Neto pela brilhan-te vitória nas Eleições 2012 para Prefeitura de Salvador, ele que se mostrou conhecedor dos problemas do Rio Verme-lho e em quem os eleitores depositaram suas esperanças de recuperar nossa cidade. Conversamos, também, com a vereadora reeleita Aladilce sobre política e sua ligação com o nosso bairro.

O Artista da Galeria é o nosso querido Fernando Marinho, que fala de música e de sua trajetória no teatro baiano. O Perso-nagem é Diolino Damasceno, o Rei da Batida na Bahia que misturava fruta com cachaça Saborosa no liquidificador numa combinação irresistível. As festas baianas tinham sua bebida oficial a “Batida do Diolino”.

Ainda nessa edição um balanço sobre a segurança no bairro e matéria sobre as ações no Território Criativo do Rio Verme-lho, iniciativa do SEBRAE e da Secopa. Lançamento do Projeto Bairro-Escola para o Rio Vermelho e o Projeto Cama&Café da Setur. Destacamos também a volta do “Diabo Rubro”, o Bota-fogo Sport Clube, à elite do futebol baiano.

Agradecemos o apoio dos comerciantes e empresários do bairro por acreditarem na proposta do Jornal do Rio Verme-lho e mais uma vez batemos nosso recorde na tiragem dessa edição: 7.000 exemplares.

Aproveitamos para desejar votos de boas festas e um ano novo cheio de realizações à todos os moradores, amigos e fre-quentadores do Rio Vermelho.

Boa leitura!

Lauro Alves da Matta JúniorPresidente da AMARV

ExpEDIEnTECONSELHO EDITORIAL – José Sinval Soares – André Avelino de Souza Ferreira – José Mário de Magalhães Oliveira – Wanderley Souza Fernandes – Carmela Talento – Marcos Antonio Pinto Falcão

Jornalista Responsável – José Sinval Soares – MTE 1369Revisão – Carlos Amorim – DRT/BA 1616Projeto Gráfico e Editoração – Dendê ComunicaçãoAgradecimento Especial – Edgard Carneiro FilhoTiragem – 7.000 exemplaresImpressão – Gráfica Press ColorContato – [email protected]ção gratuita

Esta é uma publicação da Associação dos Moradores e Amigos do Rio Vermelho – AMARV. Fotos e artigos assinados são de responsabilidade de seus autores.

Parceria é a palavra de ordem

Basta fazer um retrospecto das ativi-dades da AMARV em 2012 que fica fácil constatar a máxima: ninguém faz nada sozinho. Um dos pontos mais importantes a ser destacado nos últi-mos tempos, é justamente a parceria entre as diversas entidades e institui-ções do bairro. Vamos a alguns exem-plos: o Conselho de Segurança junto com a Polícia Militar implantaram o Centro de Cidadania Digital com cursos de informática para facilitar a inclusão digital; a Escola Hercília Mo-reira estabeleceu uma relação de par-ceria com o grupo Palhaços do Rio Vermelho que promoveu uma festa no Dia das Crianças (12 de outubro) com direito a espetáculo de teatro infantil, banda de música, pintura de rosto e um lanche bem sortido, tudo isso, é claro, com o apoio e a parce-ria do Teatro do SESI; a Escola Hercília Moreira também faz parceria com a Polícia Militar, há quatro anos, e agora no fim do ano formou 108 alunos no Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (PROERD); a AMARV, quando promoveu o Faxi-naço das Praias, contou com o apoio da Colônia de Pesca Z1, da Polícia Militar e a participação dos alunos da Escola Osvaldo Cruz; a AMARV tam-bém contou com o apoio do Teatro Sitorne para realizar o ciclo de deba-tes “Encontro com os Prefeituráveis”; o Blog do Rio Vermelho tem atuado decisivamente como parceiro de diversas entidades divulgando, co-brando e alertando para as questões pertinentes ao bairro.

Outros exemplos podem ser cita-dos. O interessante é notar que essa sinergia entre as entidades e insti-tuições do bairro surgiu de forma espontânea e melhor ainda é saber que essa teia de relações só benefi-cia o bairro do Rio Vermelho. Agora

temos dois novos casos de parceria que abrangem uma relação bem mais ampla: a criação do Território Criativo do Rio Vermelho e o Projeto Bairro-Escola.

O Projeto Território Criativo pretende fomentar a economia criativa apro-veitando a vocação natural para o turismo e a gastronomia, e foi abraça-do por diversas entidades. O Projeto Bairro-Escola, lançado agora, tem o objetivo de transformar o Rio Ver-melho em bairro educador, iniciativa inédita em Salvador, e também está reunindo um grande número de en-tidades e instituições.

Vem chegando o verão...

O verão chegou e mais uma vez o Rio Vermelho vai estar cheio de turis-tas e visitantes para apreciar suas tar-des de pôr-do-sol, suas noites de bo-emia e as delícias da culinária baiana, tudo isso é muito bonito mas, tam-bém, significa que os problemas do bairro vão aumentar: o lixo, o trânsi-to e a segurança. Vamos evitar sujar as ruas, estacionar os carros em cima das passagens de pedestre e em lo-cais proibidos, e estar bem atentos à ação dos amigos do alheio.

Querem acabar a última área verde no Morro do Conselho

No sentido de preservar a última área verde do Morro do Conselho, onde está sendo projetada a construção de um edifício de alto luxo com sete pa-vimentos, que trará prejuízos urbanís-ticos (fica numa nesga de terreno na curva da subida do Morro) e ecológi-cos para o bairro, a AMARV juntamen-te com a Colônia de Pesca Z1, o Con-selho Comunitário de Segurança e o Blog do Rio Vermelho deram entrada junto ao Ministério Público do Esta-

do da Bahia (MP), na Promotoria de Justiça do Meio Ambiente, em uma representação requerendo a adoção de providências no sentido de apu-rar a regularidade e a legalidade da pretendida edificação, para o cumpri-mento da legislação em vigor quanto à área de Marinha, de preservação ambiental e limítrofe do oceano.

As baianas do Rio Vermelho de antigamente

A matéria de capa faz homenagem às Baianas do Rio Vermelho. É bom lembrar que o nosso bairro tem uma longa tradição de baianas do acarajé. Moradores antigos ainda conservam na memória o sabor dos deliciosos quitutes preparados por Roxinha e Bernarda, no Largo de Santana, e por D. Bolinha, no Largo da Mariquita.

O jornal e o outdoor da AMARV

A segunda edição do Jornal do Rio Vermelho foi muito bem recebida pela comunidade e pelos visitantes do bairro, a AMARV agradece as ma-nifestações. A veiculação do nosso outdoor de Ano Novo (foto no topo da página) tem o importante apoio da Chaves Outdoor, uma parceira do Rio Vermelho.

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JRV – 3

Lugar de estudar é na escola, cer-to? Bem, melhor seria dizer não apenas na escola. Pelo menos, é o que pensam os moradores do Rio Vermelho. O bairro mais boêmio de Salvador aceitou o desafio de transformar-se também em um bairro educador e, desde julho de 2012, vem se articulando em tor-no da iniciativa Bairro-Escola Rio Vermelho, que pretende transfor-mar toda a região em uma sala de aula a céu aberto.

E como aconteceria isso? Bem, o primeiro passo é ampliar a noção do que é aprender e ensinar. As crianças e adolescentes (e os adul-tos também!) aprendem o tempo inteiro e o caminho de casa para a escola pode ser encarado tam-bém como um momento de aprendizagem: aprender a histó-ria do bairro com os pescadores da Colônia, aprender história da Bahia com a baiana de acarajé, co-nhecer bem o caminho da Biblio-teca e desenvolver o hábito da leitura... O Bairro-Escola trabalha com a noção de Educação Inte-gral, que pode ser definida, de um jeito simples, como a compreen-são de que aprender não aconte-ce apenas entre as quatro paredes da sala de aula.

Para que todo o bairro se torne uma sala de aula, é preciso que todos os cidadãos se conside-rem potenciais educadores das crianças e adolescentes que circulam por ali. E é aí que en-tra uma segunda concepção do Bairro-Escola: a responsabiliza-ção coletiva pela Educação. Não dá para atribuir exclusivamen-te à escola a missão de educar bem as novas gerações. É como diz aquele ditado africano: “é preciso toda uma aldeia para educar uma criança”.

Seminário – A AMARV foi uma das primeiras parceiras da arti-culação Bairro-Escola. Mas não apenas ela. Entre os dias 30 e 31 de outubro, um grupo muito es-pecial de pessoas e organizações (veja Box) – que moram, traba-lham ou simplesmente são apai-xonadas pelo Rio Vermelho – se reuniram no Ciranda Café para imaginar o Rio Vermelho como um bairro educador. E, como não podia deixar de ser, estiveram presentes também professores, coordenadores e diretores de Es-colas Públicas do bairro.

Os participantes do Seminário assistiram a uma palestra de

Braz Rodrigues, diretor da Es-cola Campos Salles, localizada em Heliópolis, São Paulo. Braz contou como conseguiu vi-rar o jogo da violência – uma aluna foi barbaramente assas-sinada a poucos metros da escola em 1999 – e reinventar a relação com a comunidade, que se tornou a parceira mais importante da escola a partir de então.

Também palestrou no Seminá-rio Marcus Faustini, da Agência de Redes para Juventude, orga-nização do Rio de Janeiro que apoia novos empreendimentos de jovens moradores de Subúr-bio. Os participantes também ouviram Anna Penido, do Insti-tuto Inspirare, que falou sobre Comunicação e Mobilização Comunitária, e as jovens Emilae Sena e Amanda Campos, da or-ganização não-governamental CIPÓ – Comunicação Interativa, sediada no Rio Vermelho.

Lançamento – No Seminário dos dias 30 e 31, os participan-tes se dividiram em Grupos de Trabalho para planejar as ações do Bairro-Escola para 2013. E, no momento em que este ar-

tigo estava sendo escrito, esta-va tudo planejado para o lan-çamento do Bairro-Escola Rio Vermelho, um evento de rua realizado na praça ao lado da Paróquia de Santana e no cal-çadão da Biblioteca Juracy Ma-galhães. São esperadas cerca de 300 pessoas, entre estudantes de escolas públicas, artistas e moradores do bairro.

E em 2013? – O Bairro-Escola reserva algumas surpresas para 2013. Para as escolas, a boa notícia é uma formação para professores na metodolo-gia Bairro-Escola e apoio para a criação de Trilhas Educati-vas – uma forma de estender o aprendizado a todo bairro, criando situações de apren-dizagem em locais públicos, como praças e largos. As pra-ças e largos, aliás, devem sediar os chamados Arranjos Cultu-rais – uma programação para revitalizar os espaços bonitos do bairro e que, infelizmente, estão abandonados. Paralelo a tudo isso, uma Agência Jovem de Comunicação, articulada com as escolas públicas locais, estará produzindo informa-ções sobre o bairro.

Bairro-Escola Rio Vermelho reúne artistas e entidades tradicionais do bairro

Primeiro seminário sobre o Rio Vermelho um bairro educador, no Ciranda Café

Foto: Instituto Inspirare

Organizações do bairro que participaram do Seminário

Além de uma variedade de moradores, artistas e interes-sados na proposta de cons-truir coletivamente um bairro educador, o Seminário con-tou com a participação das seguintes entidades do Bair-ro do Rio Vermelho: AMARV, A Casa da Música, Biblioteca Juraci Magalhães, Caballeros de Santiago, Centro Cultural e Recreativo e Escola Bando Lero-Lero, CIPÓ – Comuni-cação Interativa, Escola de Música do Rio Vermelho, Fa-culdade Ruy Barbosa,Grupo Aconchego, Grupo de Ca-poeira Angola Tupinambá, Instituto Inspirare, Paróquia de Sant’Ana do Rio Vermelho, Palhaços do Rio Vermelho, Instituto de Permacultura da Bahia e Paciência Viva. Das escolas, estiveram presentes: Estadual Alfredo Magalhães, Estadual Euricles de Matos, Municipal Ana Nery, Munici-pal Hercília Moreira, Munici-pal Oswaldo Cruz e Munici-pal Senhora Santana.

Outros grupos – da cidade, do entorno e até de fora - que estiveram presentes ao encontro foram: Canteiros Coletivos, Secretaria de Edu-cação do Estado da Bahia, Movimento Contínuo, Sis-tema Kalakuta, Instituto En-tre Aspas de Educação Co-munitária, Visio, Associação Cultural Conexões Criativas, Consulado Americano, Pla-taforma Internacional de Dança, Associação Esportiva do Alto de Ondina, AIESEC Salvador, Comunidade Bahai de Salvador, UFBA, Esse Con-sultoria, REDSolare Brasil, Biblioteca Comunitária do Calabar, ABMP, Rádio A Voz do Calabar, Moinhos Giros de Arte, CENPEC, Instituto Ethos, DEP, SESF, Cidade Es-cola Aprendiz.

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4 – JRV

Depois de 17 anos na Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA), sendo oito de serviços presta-dos na Corregedoria, a Dra. Jor-vane Andrade dos Santos assu-miu o cargo de delegada da 7ª Delegacia Territorial do Rio Ver-melho, em março de 2012. Pela característica de bairro turístico e boêmio, com serviços que fun-cionam 24h, inicialmente, a Dra. Jorvane estabeleceu um plano de ação com um cronograma de visitas aos hotéis, bares, res-taurantes e comerciantes do Rio Vermelho, para dar conheci-mento e maior presteza às ações da Polícia Civil.

Os números fornecidos pela SSP--BA confirmam que a situação tem melhorado. Em toda a área de atuação da 7ª DT houve uma redução no número de mortes por violência. Foram 36 em 2011, e caíram para 25 mortes em 2012, no comparativo entre os meses de janeiro a outubro. No caso de roubo de veículos tam-bém houve uma queda, foram 20 veículos roubados de janeiro

a outubro de 2011, contra 14 no mesmo período de 2012.

Segundo a Delegada Jorvane An-drade, “os bairros do Rio Vermelho e Ondina têm uma situação mais tranquila, outras áreas dão mais trabalho”. A maioria dessas ocor-rências são provenientes de ou-tros locais, já que a 7a DT tem uma área de atuação que se estende pelo Rio Vermelho, Ondina, parte da Vasco da Gama, Engenho Ve-lho da Federação, Cardeal da Silva, Vale das Muriçocas, Garibaldi e vai até o Calabar. Ainda assim, no nos-so bairro predominam os crimes contra o patrimônio e crimes me-nos graves, os chamados termos circunstanciais, como ameaças, lesão corporal leve, difamação, ca-lúnia e desacato.

Outros números contabilizados dão uma ideia da atuação da 7a DT. Até outubro de 2012 já fo-ram instaurados 199 inquéritos policiais e remetidos 324 casos para a justiça. Foram lavrados 56 flagrantes de delitos e cumpridos dois mandados de prisão.

A 7ª DT dispõe, atualmente, de um contingente de 39 servidores, viaturas padronizadas e desca-racterizadas, armamento e muni-ção em quantidade suficiente, e conta, ainda, com o apoio da 12ª e da 41ª CIPM (Companhias Inde-pendentes da Polícia Militar) na defesa da segurança pública. Re-centemente, o prédio da delega-cia do Rio Vermelho sofreu uma reforma geral para padronização e adequação às políticas públicas da Secretaria de Segurança.

Entre as suas perspectivas, a Dra. Jorvane Andrade espera “que a gente continue o traba-lho conjunto e a parceria com a Polícia Militar, com o apoio do Conselho de Segurança, da AMARV, do Blog do Rio Ver-melho e das outras associações atuantes no bairro”.

Redução da criminalidade na área de atuação da 7ª Delegacia

Foto: André Avelino

Dra. Jorvane Andrade dos Santos é a delegada da 7a Delegacia Territorial do Rio Vermelho

Polícia CivilCentral de Atendimento Tel. 197

7ª DT – Rio Vermelho. Tel. (71) 3116-5345

Maria Aladilce de Souza, nascida em Nova Soure-BA, é enfermei-ra, servidora pública (Secretaria da Saúde do Estado da Bahia), professora da Escola de Enfer-magem-UFBA, mestre em Saú-de Pública e Política.

Filiada ao PCdoB desde 1979, inicia, para sorte nossa, seu ter-ceiro mandato consecutivo de Vereadora na Câmara Municipal de Salvador. Em entrevista ao Jornal do Rio Vermelho, Aladilce não perde a esperança para Sal-vador voltar a sorrir.

Como a vereadora começou na política?Aladilce – Entrei para o movimento estudantil secundarista em Alagoinhas (BA), na época da ditadura. Participava de atividades culturais e es-crevia o jornal do grêmio no colégio. O ambiente de contestação do período da ditadura contribuiu para a minha formação de oposição. Em 1979, entrei para o PCdoB, fiz parte do diretório aca-dêmico de Enfermagem, mais tarde passei pelos movimentos de bairros e movimento sindical. Em 1990, fundamos o Sindisaúde – Sindicato dos Trabalhadores da Saúde da rede pública estadu-al. Em 2002, fui candidata a deputada estadual. Em 2004, fui eleita vereadora pela primeira vez.

Na eleição de 2012 para a Câmara Muni-cipal de Salvador houve uma renovação significativa (24 novos vereadores das 43 cadeiras). A população deu uma for-te demonstração de descontentamento com seus vereadores ou teve influência da má administração do Prefeito?Aladilce – Acho que as duas coisas. O resul-tado eleitoral não tem uma única explicação. A lição que nós tiramos dessa eleição é o desejo de mudança. O eleitor está descontente com a política, a gestão desgastada do prefeito tam-bém tem a ver. A população não faz distinção do papel do prefeito e do vereador. Outros fato-res que influenciam são a vontade de mudança e a estrutura de campanha. Candidaturas com mais condições de recursos e financiamentos alcançam anseios da população que não são atingidos pelo poder público. Também existe o fenômeno da candidatura ligada à religião.

Como é ser a vereadora mais votada do seu partido?Aladilce – O partido reconhece a legitimidade da votação, mas obedece à lógica definida pelo estatuto do partido.

Salvador foi apontada em pesquisas recentes, como uma das piores capitais do país em tudo: mobilidade urbana, segurança pública, educação, turismo, cultura e saúde. Sabemos da dificulda-de de recuperar tudo isso em curto pra-zo. Como a vereadora vê esse quadro?Aladilce – Primeira coisa: pensar em uma forma de aumentar a arrecadação da cidade. O turismo e a cultura estão pouco explorados. Outra coisa é o cadastro imobiliário. Salvador não tem. Se a prefeitura conseguisse fazer um cadastro de imóveis, aumentaria a arrecada-ção. Este é um exemplo da precariedade do município. Nossa costa não é valorizada, não se investe na pesca, por exemplo. Tem também a mobilidade urbana, precisamos de transporte de massa para destravar o trânsito.

O Rio Vermelho também não foge desses grandes problemas urbanos. A AMARV inclusive no seu Planeja-mento Estratégico levantou dados e apontou diversas soluções nos seus macroambientes, mas pouco foi feito pelos órgãos competentes. A verea-dora se dedicou à solução de alguns desses problemas. Continua a apoiar o Rio Vermelho?Aladilce – Integralmente. Agora de maneira mais intensa, já que conheço mais os problemas e as pessoas do Rio Vermelho. Proponho que façamos um projeto de valorização e defesa do Rio Verme-lho para apresentar ao novo gestor do município.

Como se deu o carinho pelo bairro?Aladilce – O Rio Vermelho é apaixonante! Aqui tem um grupo que gosta do bairro e atrai o carinho das pessoas sem pieguice. O Rio Ver-melho tem muito potencial com as instituições: tem o Blog do Rio Vermelho, o grupo dos Pa-lhaços, a Colônia de Pescadores, a AMARV e o Conselho de Segurança.

Afora o trabalho, a vereadora curte o Rio Vermelho?Aladilce – Claro que sim. Quem não curte está perdendo. Tem O Boteco do França, Confraria do França, Cheiro de Pizza, Boteco São Jorge, Aben, Cia da Pizza, e ainda tem a Festa de Yemanjá!

AladilceUma amiga do Rio Vermelho

Foto: André Avelino

Page 5: Jornal do rio vermelho 03 edicao

JRV – 5

Antonio Carlos Peixoto de Ma-galhães Neto, 33 anos, eleito Prefeito de Salvador para o pe-ríodo 2013-2016, com 53,71% dos votos válidos (717.865 vo-tos), quase 100 mil a mais que seu adversário. A análise dos números mostrou também que Neto venceu na Zona 2 (onde se inclui o Rio Vermelho) com 55,93% dos votos válidos (32.172). Venceu no segundo turno todos os candidatos jun-tos Nelson Pelegrino, Mário Ker-tész, Marcio Marinho, Rogério Da Luz e Hamilton Assis. Venceu as poderosas máquinas federal e estadual, a popularidade de Lula e de Dilma, onde enfrentou uma campanha publicitária agressi-va. Saiu forte da votação, inclu-sive nacionalmente. Fez uma campanha onde sempre pautou a eleição. Explicar essa vitória é muito complexo, mas o fato é que o eleitor deu o seu recado e espera mudanças de gestão e muita atitude do novo prefeito.

ACM Neto vai assumir a par-tir de janeiro e encontrar uma Salvador totalmente acabada, abandonada e descaracteriza-da em todos os aspectos. Pes-quisas mostram Salvador como uma das piores capitais do país em diversos setores: mobilidade urbana, segurança pública, edu-cação, turismo, cultura e saúde. “Realmente a gente vê cenas hoje que são lamentáveis, nós vamos agir emergencialmente para enfrentar os problemas que são urgentes, que não podem esperar um minuto sequer. As primeiras medidas vão ser orga-nizar a administração, ajustar as finanças da prefeitura, economi-zar recursos que a prefeitura já arrecada” disse o prefeito eleito.

Dentre outras medidas, ACM Neto vai cortar cargos de in-dicação política, reduzir gas-tos com terceirização e revisar leis polêmicas como PDDU e a LOUS. Sem entrar em detalhes, o prefeito eleito disse em linhas

gerais, que pretende modificar a legislação territorial de Salvador e, a princípio, deverá proibir o uso de Transcons (Transferência de construção, uma espécie de moeda para o setor imobiliário, que tem sido objeto de muitas polêmicas).

A Equipe de Transição de ACM Neto é coordenada pelo ex-go-vernador Paulo Souto que, entre outras tarefas, desenhou o novo modelo administrativo que será implantado na próxima gestão. Fazem parte do grupo, a vice--prefeita eleita Célia Sacramen-to, o auditor da Secretaria da Fa-zenda do Estado Celso Tavares, o auditor do Tribunal de Contas dos Municípios Cleber Noguei-ra de Moraes, a procuradora do município Luciana Rodrigues Vieira Lopes, o assessor técnico da oposição Eduardo Merlin, o especialista em políticas públi-cas Paulo Sérgio Gonzáles e a enfermeira da Funasa Marta Re-jane Montinegro Batista.

ACM Neto também contratou a MacKinsey, uma consultoria in-ternacional, , para ajudar a ajudar a equipe a formatar o novo mo-delo de gestão e a reforma ad-ministrativa. ACM Neto apresen-tou essa reforma administrativa aprovada pela Câmara Municipal, com a extinção e alterações de secretarias. E ainda anunciou um sistema de avaliação de desem-penho para secretários, através de critérios previstos em contrato assinado. Desenhada junto com o sistema de cobrança, o prefeito eleito explicou as principais par-tes da reforma administrativa: das 11 secretarias atuais, apenas três não sofrerão mudanças: Saúde, Fazenda e Reparação. O núme-ro de pastas do primeiro esca-lão sobe para 12, mas, segundo Neto, sem aumento de gastos.

Esperamos uma melhora para Salvador e com isso uma me-lhora para o Rio Vermelho, onde o prefeito eleito participou de um debate com os moradores e

mostrou conhecimento dos pro-blemas do bairro. A nova gestão pode contar com o apoio da AMARV e esperamos a união de todos em prol de nossa cidade.

ACM Neto, o novo Prefeito de Salvador

Estrutura prevista para Prefeitura de Salvador

GABINETE DO PREFEITOEscritório da Copa, Dire-toria de Descentralização Administrativa, Ouvidoria e Agecom.

GABINETE DA VICE-PREFEITASuperintendência de Políti-cas para as Mulheres.

SECRETARIASCasa Civil; Saúde; Fazenda; Educação; Gestão; Ordem Pública; Desenvolvimen-to, Turismo e Cultura; Pro-moção Social e Combate à Pobreza; Reparação; Urba-nismo e Transporte; Cidade Sustentável; e Infraestrutura, Habitação e Defesa Civil.

ACM Neto e Lauro Matta no debate com moradores do Rio Vermelho no período eleitoral

Foto: André Avelino

Célia Oliveira de Jesus Sacramento, 45 anos, natural de São Paulo-SP, católica, contadora, advogada, audi-tora, professora-mestra pela USP-SP e doutora pela Universidade de San-ta Catarina. Possui vários trabalhos com diversas instituições voltados à qualificação na área pública.

Ativista do movimento negro, filiou--se ao Partido Verde (PV) há seis anos, legenda pela qual concorreu à Câmara Municipal em 2008 e à Câmara Fede-ral em 2010. Eleita nas Eleições 2012 vice-prefeita de Salvador na chapa liderada por ACM Neto (DEM).

Um dos pontos principais para alian-ça do PV com o DEM foi a defesa de políticas públicas pela igualdade, a diversidade religiosa, sexual e de gênero. Durante o período eleitoral Célia foi muito criticada por partidos historicamente do mesmo campo político, pelo Instituto Steve Biko (que ajudou a construir) e por outros segmentos por apoiar ACM Neto.

“O PT não correspondeu ao que es-perávamos. No PV levamos quase dois anos construindo um projeto para Salvador, a candidatura de ACM Neto tinha um projeto. Con-versamos e construímos o melhor para Salvador juntos. Com relação a outras pessoas do movimento negro, eles me respeitam, sabem do meu compromisso com o movimento so-cial” disse Célia.

Célia Sacramento faz parte da equi-pe de transição do prefeito eleito ACM Neto, coordenada pelo ex-go-vernador Paulo Souto, e na estrutu-ra prevista da Reforma Administra-tiva a Superintendência de Políticas para as Mulheres será vinculada ao Gabinete da vice-prefeita.Venceu Célia, venceu a democracia!

Célia Sacramento, a Vice-prefeita eleita

Foto: Divulgação

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6 – JRV

O Rio Vermelho e as suas baianas de acarajéCom sua beleza e famosa in-dumentária branca de saia rodada, o torso, suas guias de fios-de-contas e o pano da costa, a figura da Baiana do Acarajé, como são chamadas as mulheres que se dedicam à profissão de vendedoras de acarajé e outras iguarias, são figuras de muita garra, bata-lhadoras e símbolo de uma resistência que se estende desde a época da escravidão. Conseguiram a regulamenta-ção de sua profissão secular junto aos Poderes Públicos por meio do Decreto Municipal n0 12.175/1998 e, em 2005, o Ofício de Baiana do Acarajé foi registrado como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil pelo Iphan, numa solicitação da As-sociação de Baianas de Acarajé e Mingau do Estado da Bahia, juntamente com o terreiro de candomblé Ilê Axé Opô Afon-já e o Centro de Estudos Afro Orientais da Universidade Fe-deral da Bahia, reconhecen-do todos os saberes e fazeres tradicionais aplicados na pro-dução e comercialização das chamadas comidas baianas, principalmente, o acarajé. Esse reconhecimento é importan-te, não somente para manu-tenção da diversidade cultural, mas pela iminência de desca-racterização que hoje amea-ça os ofícios tradicionais das baianas, com a concorrência da venda de acarajé em bares, restaurantes e supermercados, inclusive como fast food.

As primeiras Baianas de Aca-rajé foram africanas, escravas alforriadas, ainda na época do Brasil Colônia, eram as chama-das escravas de ganho, que trabalhavam nas ruas para suas senhoras, desempenhando di-versas atividades, dentre elas, a venda de quitutes em tabulei-ros. Elas garantiam o sustento da própria família e foram im-portantes para a constituição de laços comunitários entre os escravos urbanos e a criação das irmandades religiosas e do candomblé. É que, para cum-prir com suas obrigações reli-giosas, muitas filhas de santo de Iansã começaram a vender acarajé – que na origem, só po-deria ser vendido por elas.

As escravas de ganho, devido a essa liberdade de movimento,

eram vistas como elementos perigosos, sofrendo por isso ao longo do tempo, sendo alvo de posturas e leis repressivas. Com o fim da escravidão, a venda de acarajé permaneceu como uma atividade econômica viável.

Hoje, a venda de acarajé tor-nou-se uma importante fonte de renda, gerando um comér-cio onde cerca de quatro mil baianas, espalhadas em pontos previamente demarcados, são uma atração turística e gastro-nômica da Bahia.

O acarajé, a principal iguaria do tabuleiro, é comida ritual da ori-xá Iansã. Sua origem é explicada por um mito sobre a relação de Xangô com suas esposas Oxum e Iansã. O acarajé é a oferenda a esses orixás, considerada ainda hoje, pelas baianas, como uma comida sagrada que não pode ser modificada.

Na África é chamado de àkàrà, que significa bola de fogo, en-

quanto je significa comer. No Brasil foram reunidas as duas palavras numa só. O acarajé dos Iorubás da África Ociden-tal – Togo, Benin, Nigéria e Ca-marões – que deu origem ao brasileiro, é, por sua vez, seme-lhante ao falafel árabe, inven-tado no Oriente Médio. Os ára-bes levaram essa iguaria para a África entre os séculos VII e XIX, sendo que o grão-de-bico do falafel teria sido trocado pelo feijão fradinho na África. Mas é possível que seja apenas se-melhança, pois historicamente não há nada que comprove que o acarajé surgiu do falafel.

O acarajé deve ser servido bem quente, puro ou com os acom-panhamentos pimenta, cama-rão seco, vatapá, caruru e sa-lada, componentes típicos da cozinha baiana. Assim como o abará, que também é comi-da ritual do candomblé, tem a mesma massa sendo que o abará é cozido, enquanto o acarajé é frito.

Uma das principais figuras tí-picas do Brasil, a baiana do acarajé, ficou imortalizada no imaginário popular brasileiro graças à divulgação feita por três importantes personalida-des da nossa cultura:

• Ary Barroso, em 1936, compôs um de seus maiores sucessos “No Tabuleiro da Baiana”

• Dorival Caymmi, em 1939, com as famosas músicas “O que é que a baiana tem” e “Preta do Acarajé”

• Carmen Miranda, que en-cantou o mundo popula-rizando o traje da baiana com seus balangandãs e adereços nos palcos e telas do cinema

Baiana do acarajé

A preta do acarajéAutor: Dorival Caymmi

Dez horas da noiteNa rua deserta

A preta mercandoParece um lamento

Ê o abaráNa sua gamela

Tem molho cheirosoPimenta da costa

Tem acarajéÔ acarajé é cor

Ô la lá ioVem benzer

Tá quentinho

Todo mundo gosta de acarajéO trabalho que dá pra fazer que é

Todo mundo gosta de acarajéTodo mundo gosta de abaráNinguém quer saber o trabalho que dáTodo mundo gosta de acarajéO trabalho que dá pra fazer que éTodo mundo gosta de acarajéTodo mundo gosta de abaráNinguém quer saber o trabalho que dáTodo mundo gosta de abaráTodo mundo gosta de acarajé

Dez horas da noiteNa rua desertaQuanto mais distanteMais triste o lamentoÉ o abará

Foto: Edgard Carneiro Filho

Cortejo das baianas no desfile dos Palhaços do Rio Vermelho

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JRV – 7

O Rio Vermelho e as suas baianas de acarajéAcarajé da Dinha

Claudia de Assis, soteropolitana, 44 anos, filha de Lindinalva de Assis, a Dinha do Aca-rajé, tem como irmãos Edvaldo e Elaine. É a quarta geração do tabuleiro mais famoso da Bahia. Claudia é de Oxum. Formada em Ciências Contábeis, utiliza seus conheci-mentos nos empreendimentos da família.

Aos 13 anos começou ajudando a mãe e aprendendo a fazer os quitutes da culiná-ria baiana, mas sempre conciliando o tra-balho com os estudos. Com o falecimen-to de Dinha, em 2008, Claudia assume o tabuleiro, dando continuidade à tradição da família Assis. “É uma honra, muito grati-ficante levar à frente esse trabalho da mi-nha família” diz ela.

A história toda começou quando sua bisavó Ubaldina de Assis, também chamada Balbi-na, colocou o primeiro tabuleiro fixo do bair-ro no Largo de Santana defronte à Igrejinha de Santana em 1944. Ubaldina teve na filha Rute de Assis, sua sucessora, que desde a inauguração já ajudava. Rute, em 1951, teve uma filha Lindinalva, que mais tarde seria a baiana mais famosa da Bahia. Com o faleci-mento de Rute, Dinha com apenas 10 anos assume o tabuleiro para o espanto de to-dos. Embora estivesse à frente dos negócios desde 1961, o sucesso profissional aconte-ce nos 1980, ultrapassando as fronteiras da Bahia. Essa fama foi muito importante pois abriu caminho para outras baianas. Dinha ganhou vários prêmios da gastronomia na-

cional e a convite da Bahiatursa mostrou o que é que a baiana tem na Argentina, Para-guai, Portugal, Espanha, Itália, Suíça, França e no principado de Mônaco.

Claudia deu continuidade ao trabalho, com a mesma qualidade e o mesmo sucesso no ponto do Rio Vermelho e no ponto do Su-permercado Gbarbosa no Costa Azul. Seus irmãos comandam o Restaurante Casa da Dinha, também no Largo de Santana. Além do acarajé e abará com seus acompanha-mentos camarão seco, vatapá, pimenta e salada, Claudia comercializa no seu tabu-leiro o bolinho de estudante, cocada puxa, queijada e passarinha.

Onde: Largo de Santana – Rio VermelhoTel: 71 3334-1703 / 3334-4350Horário: Segunda à sábado das 16h30 às 24h. Domingo das 11h às 24h.

Foto: André Avelino

Acarajé da Cira

Jaciara de Jesus Santos, a Cira, soteropo-litana do bairro de Itapuã, 59 anos, filha de Iansã e Oxum Apará, 48 anos de experiên-cia no preparo de acarajé. Começou muito cedo, ajudando sua mãe, a baiana Odete Braz de Jesus, no feitio de quitutes baianos. Tem como filhos, Carlos Augusto, Jussara, Cristina e Tininha.

Com o falecimento da mãe, assumiu aos 17 anos o ponto de Itapuã. Recorda o sa-crifício do início por fazer tudo sozinha, pensou até em se aposentar antes dos 50 anos, mas o sucesso de suas iguarias ex-trapolaram sua vontade.

Como a maioria das baianas, a receita passa de geração a geração, e sua filha Jussara e a neta Aline comandam os ta-buleiros do Rio Vermelho e Lauro de Frei-tas, respectivamente. Lembra que chegou ao Rio Vermelho há 13 anos, a convite do saudoso carnavalesco Fernando Boulhosa e que o comércio na área era muito fra-co. No Largo da Mariquita só tinha uma farmácia. Mas não demorou muito, “bom-bou” e foram inaugurados vários bares e restaurantes no local. Hoje, a venda no Rio Vermelho se iguala à de Itapuã.

Cira comanda uma equipe de 35 funcioná-rios – todos de carteira assinada – na cen-tral de produção que fica em sua própria casa. Não abre mão da qualidade dos in-gredientes alinhado ao toque caseiro. É de-tentora de vários prêmios da gastronomia nacional. Em seu tabuleiro, além do acarajé, abará e seus acompanhamentos, comer-cializa o peixe frito no dendê, a passarinha, o bolinho de estudante, a cocada puxa, o doce de tamarindo e o pé-de-moleque.

Onde: Largo da Mariquita – Rio VermelhoTel: 71 3249-4170Horário: Segunda a sexta das 15h às 22h. Sá-bado, domingo e feriados das 11h às 23h.

Foto: Abílio Silva

Acarajé da Rita

Rita Santos Silva, soteropolita-na, 59 anos, filha de Iansã, com-pletou “bodas de prata” no ponto da Mariquita (antigo fim de linha do ônibus do Rio Vermelho). Tem dois filhos, Sidney Santos de Assis e Sandra Santos de Assis, fruto de seu romance com Raimundo de Assis (irmão da Dinha do Acarajé). Sua filha Sandra também é baiana e reveza o tabuleiro com a mãe em dias alternados.

Moradora antiga da Chapada do Rio Vermelho, diz que não sai do Rio Ver-melho por nada: “ O Rio Vermelho tem axé”. Tem duas irmãs Maria e Ma-ria da Glória que também exercem a profissão com seus tabuleiros na avenida Cardeal da Silva e na rua Osvaldo Cruz, perto do Colégio Mano-el Devoto.

Tudo começou quando foi morar com Ubal-dina de Assis (avó de Dinha) onde conviveu por muito tempo, aju-dando e aprendendo a arte de fazer os quitu-tes baianos, o que ela agradece muito.

“O acarajé é a iguaria principal e faço ainda passando a massa do fei-jão duas vezes no moinho” diz Rita. Além do acarajé e abará com vata-pá, caruru, salada e pimenta, seu ta-buleiro comercializa a passarinha, o peixe frito no dendê, o bolinho de estudante, cocadas, doce de tama-rindo, amendoim cozido e torrado, e a pedido dos amigos e freqüen-tadores, aos sábados e domingos, traz, à parte, caldo de sururu, xinxim de bofe e sarapatel.

Onde: Praça Brigadeiro Faria Rocha, Mariquita – Rio VermelhoTel: 71 3240-7152 /8152-4055 / 9207-6795Horário: Segunda à sexta das 18h às 23h. Sábado e domingo das 12h às 23h.

Foto: André Avelino

Acarajé da Regina

Regina dos Santos Conceição, sote-ropolitana, filha de Ogum, com mais de 40 anos de experiência como baiana de acarajé. Tem quatro filhos que a ajudam na comercialização de seus quitutes.

Desde que assumiu o tabuleiro na rua da Graça, que foi de sua avó Credencia Maria da Conceição, e depois de sua mãe Gildete Maria da Conceição, Re-gina representa como ninguém a sim-patia das verdadeiras baianas, com sua simplicidade, humildade e sobretudo com a sua presença na produção das iguarias. Diferentemente das demais baianas, ficou famosa a partir do suces-so do seu abará, extremamente sabo-roso com um leve toque de gengibre

e maciez incomparável. Eleito diversas vezes o melhor abará da Bahia, Regina fornece a iguaria para restaurantes de Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro.

Com o passar dos tempos abriu mais dois pontos de venda: no Parque Me-tropolitano de Pituaçu e no Rio Verme-lho. Regina instalou seu ponto atrás da Igrejinha de Santanta e já está aqui há 13 anos, veio a convite de um restaurante.

Faz questão de supervisionar todos os pontos de venda, se mantendo atenta ao trabalho dos filhos e sobrinhos que a ajudam. O trabalho é recompensado pela aceitação do público e os diversos prêmios conquistados. Seu tabuleiro além do abará e do acarajé e seus acom-panhamentos vatapá, camarão seco, sa-lada e pimenta, comercializa também a passarinha, o bolinho de estudante e as cocadas branca e de coco queimado.

Onde: Largo de Santana, s/nTel: (71) 3232-7542Horário: Terça a sexta-feira das 15h às 22h. Sábado e domingo das 10h às 20h.

Foto: Edgard Carneiro Filho

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8 – JRV

O que se pretende fazer no Território Criativo do Rio Vermelho

Reunião mensal do grupo Território Criativo do Rio Vermelho

Foto: André AvelinoO Projeto Territórios Criativos é uma iniciativa do SEBRAE e SECOPA e acontece em sete territórios de Salvador (Can-deal, Santo Antônio Além do Carmo, Bonfim, Ribeira, Curuzu, Comércio e Rio Vermelho). Aqui no Rio Vermelho, conta com o apoio da AMARV e do Conselho de Seguran-ça. O projeto visa contribuir com a melhoria da competi-tividade dos destinos turísticos de Salvador, por meio do desenvolvimento de novos produtos turísticos culturais de qualidade internacional e da qualificação das micro e pequenas empresas e dos empreendedores individuais. Um dos fatos mais importantes do projeto é que a co-munidade tem a oportunidade de participar e ser ouvida.

Reuniões mensais foram programadas e uma agenda de ações foi definida. No último dia 4 de dezembro, ocorreu uma importante reunião de Governança do Território Criativo do Rio Vermelho, onde foi estabelecida uma pauta que con-templou: o balanço das atividades realizadas em 2012, ava-liação dos cursos oferecidos (curso de Controle Financeiro e de Atendimento ao Cliente), mobilização para o lançamento do Projeto Bairro-Escola, próximos passos do Projeto Territó-rios em 2013, e finalizada com a instalação de um Núcleo de Governança do Território Criativo do Rio Vermelho.

Um conjunto de ações para 2013 foram discutidas e avaliadas nas reuniões mensais:Acesso

• Ampliação e atualização da sinalização de trânsito

• Definição de locais e horários para estacionamento de ve-

ículos de grande porte

• Implantação de um heliponto na Paciência para atender

emergências e situações graves de deslocamento

Infaestrutura • Ações e conserto da infraestrutura do bairro (calçadas,

urbanização de praças, iluminação, iluminação cênica nos

monumentos e igrejas, implantação de ciclovia, estudos

sobre o canal do bairro)

• Aumento do efetivo policial, combate às drogas e implan-

tação de câmeras de vigilância

Equipamentos e Atrativos Turísticos • Implantação de um Posto de Informações Turísticas

• Apoiar a criação do Memorial Jorge Amado

• Implantação de um SAT no bairro

• Oficina de Interpretação do Patrimônio

• Mapeamento de organismos culturais do bairro

Marketing e Promoção • Criação de um Mapa-Arte do bairro

• Projeto Estruturante da Economia Criativa

• Plano de Marketing Turístico do Território

Capacidade Empresarial • Cursos do SEBRAE para o Território

• Concessão de crédito dos bancos para empresas do Rio Vermelho

Economia Local • Programação dos eventos previstos nos grandes hotéis do

Rio Vermelho

Cooperação Regional • Elaboração de roteiros e inclusão dos pontos turísticos do

Rio Vermelho em parceria com a Bahiatursa

Políticas Públicas • Formar Núcleo de Governança para o Projeto Território

Criativo do Rio Vermelho (já formado)

Aspectos Culturais • Apoiar a Feira de Artes do Rio Vermelho

• Estabelecer o Calendário de Eventos Culturais do bairro

Aspectos Ambientais • Identificar ONGs da área ambiental

• Implantar Projeto de Reciclagem e Compostagem do Lixo

Aspectos Sociais • Solicitar ao SEBRAE apoio para a realização de Seminário

de Sensibilização para o turismo

Promovido pela Secretaria de Turismo (SE-TUR) com o apoio do SEBRAE, o Projeto Cama&Café – Ciclo de Hospedagens Residen-ciais, visa hospedar turistas e visitantes nos sete Territórios Criativos de Salvador, não só durante o período da COPA 2014, mas pelo tempo que os proprietários quiserem, em residências particulares.

Algumas exigências são feitas: o proprietário deve morar no local; o imóvel precisa ter, no mínimo, três dormitórios; e que seja forneci-do os serviços de quarto e o café da manhã. É a chamada Hospedagem Diferenciada de Qualidade que faz parte do Turismo de Ex-periências. Lugares como Olinda (PE) e Santa Tereza (RJ) já operam essa modalidade de hospedagem com sucesso.

Qualificar trabalhadores para as áreas afins – camareira, copeira, cozinheira etc. – e também o proprietário da residência em gestão de ne-gócios, faz parte da programação. Depois de qualificados, serão cadastrados no Ministério do Turismo e o outro passo é a criação de uma associação local com o objetivo de manter me-canismos de reserva e a busca de demandas. Podem participar pessoas físicas e microem-presas. Informações: www.sobreturismo.com.br ou com a AMARV.

Projeto Cama&CaféGeração de renda com hospedagem

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JRV – 9

Dia 19 de dezembro haverá a inaugura-ção da escultura, em tamanho natural, de Jorge Amado e Zélia Gattai na praça da Igrejinha do Largo de Santana, com a presença dos familiares do famoso casal de escritores e a comunidade do Rio Vermelho. Um projeto antigo da AMARV idealizado por Ricardo Barreto, ex-presidente da AMARV, e criado pelo artista plástico Tati Moreno, que abra-çou a ideia com entusiasmo desde o primeiro instante.

A obra foi executada com o patrocínio da Caixa Econômica, na gestão do vice--presidente Geddel Vieira Lima, e do Governo do Estado da Bahia, através da Bahiatursa, com o secretário Domingos Leonelli. Contou ainda com o apoio da Fundação Mario Leal Ferreira e do Insti-

tuto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

Mais uma obra de arte nas ruas do Rio Ver-melho, a escultura de Jorge Amado e Zélia Gattai vai se transformar em ponto turís-tico no bairro e deverá ser parada obriga-tória para os turistas tirarem fotografias. Uma bela e justa homenagem ao casal de moradores mais ilustre do Rio Vermelho.

Inauguração da escultura de Jorge Amado e Zélia Gattai

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ção O Bloco Amigos do Rio Verme-

lho sairá mais uma vez no dia 2 de fevereiro, Festa de Yemanjá, animado pela Banda do Rio Ver-melho composta por 60 músi-cos, sob o comando dos maes-tros Chico na percussão e Jorge no sopro, prometendo fazer o mesmo sucesso dos anos an-teriores. O design da camisa do bloco é do artista plástico Igas Eloy, morador do bairro, que sempre colabora se dedicando na produção.

Uma tradição da Festa de Ye-manjá, o Bloco Amigos do Rio Vermelho reúne uma turma ani-mada e disposta a brincar com alegria e tranqüilidade. O bloco

sairá da praça Brigadeiro Faria da Rocha, tradicional ponto de concentração, no Restaurante Sabor de Casa, com início a par-tir das 11h e saída às 13h. O per-

curso na saída será pela rua Osvaldo Cruz seguindo pela rua João Gomes, com retor-no pela própria rua João Go-mes e rua Odilon Santos, até a concentração.

Na Festa de Yemanjá de 2013, durante a concen-tração, antes da saída do bloco, a área em torno do Restaurante Sabor de Casa será reservada aos associa-dos com a camisa do blo-co. Os locais de venda da

camisa do bloco continuam os mesmos: Bar do Bahia, na rua do Canal, e Restaurante Sabor de Casa, na praça Brigadeiro Faria da Rocha.

Bloco Amigos do Rio Vermelho pronto para saudar Yemanjá no dia 2 de fevereiro

A 12a CIPM faz um balanço das atividades no Rio Vermelho e OndinaAtendendo a solicitação da AMARV, o major André Ricardo, comandante da 12a CIPM, fez um balanço das atividades da companhia de polícia militar, desde o início da sua gestão em 11 de janeiro de 2012, e a im-portância da integração entre a companhia e a comunidade do Rio Vermelho e Ondina.

Grandes Operações • Festa de Yemanjá 2012 • Carnaval 2012 (a 12a CIPM é res-ponsável pelo final do Circuito em Ondina, a partir do Hotel Othon até a avenida Garibaldi)

• Durante o movimento grevis-ta dos praças, a 12a CIPM não interrompeu suas atividades, deu apoio ao desfile dos Palha-ços do Rio Vermelho e apoio às atividades da Paróquia de Sant’Ana

Integração com a Comunidade

• Realização de reuniões sema-nais com os segmentos repre-

sentativos da comunidade: AMARV, Conselho de Seguran-ça, Colônia de Pesca Z-1, 7a De-legacia, Unifacs, empresários e moradores.

• Instalação do Centro Digital da Cidadania para inclusão digital de pessoas carentes

• Curso de espanhol na sede da 12a CIPM para a comunidade

• Recuperação do Programa Olho na Rua – rádios comunitários

• Implantação do Programa Edu-

cacional de Resistência às Dro-gas (Proerd) com a formação 108 crianças da Escola Munici-pal Hercília Moreira

Efetivo Policial • Aumento do quadro em 33 po-liciais PM

• Capacitação da tropa com cur-sos de Técnicas e Táticas Poli-ciais Militares

• Capacitação da tropa em tiro policial

• Apoio aos policiais militares que frequentam universidades e faculdades

Estrutura • Melhoria das condições da Sede da 12a CIPM

• Climatização com instalações de ar condicionado nas seções

• Identificação das repartições

Equipamentos • São três viaturas S10, duas mo-

tocicletas e um veículo desca-racterizado para o serviço de inteligência

• Aquisição de armamento mo-derno (pistolas, sub-metralha-doras e carabinas)

• Aquisição de munição em quan-tidade elevada

• Aquisição de coletes à prova de bala

Fazendo um comparativo entre as ocorrências policiais regis-tradas na área de atuação da 12a CIPM em 2012 e o mesmo período de 2011, houve uma re-dução de 31,6% nos crimes vio-lentos, letais, intencionais (CVLI), diminuição de 24,5% em roubo de veículos (maior redução en-tre as unidades da capital) e di-minuição de 14,0% em assaltos a ônibus, segundo a Secretaria de Segurança Pública.

POLÍCIA MILITAR – 12a CIPMRua Ilhéus, 47 – Parque Cruz Aguiar, Rio Vermelho. Tel. 71 3116-7900

Novos veículos da Polícia Militar em operação no Rio Vermelho

Foto: Abílio Silva

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10 – JRV

Diolino Gomes Damasceno nasceu em Ipecaetá, em 28 de fevereiro de 1931, na época Distrito de Santo Es-tevão. Diolino conta que, na década de 1950, queria mudar seu nome para Kubistchek que era governador de Minas Gerais e depois seria presi-dente. “Eu gostei desse nome e como fui eu mesmo que me registrei, que-ria mudar mas não foi possível”.

Casado com D. Maria do Salete Souza Damasceno, forma uma bela família com os filhos Otaviano, Darlete, Julia-na e Rosália.

Veio para Salvador pela primeira vez em 1950, embarcou num automo-triz (trem de uma só composição) de Feira de Santana para a Estação da Calçada. Como não conhecia a cidade foi andando até o Pelourinho onde se hospedou na casa n0 12. Seu objetivo era tirar carteira de motorista, mas não conseguiu, tinha pouco dinheiro. Tentou qualquer tipo de trabalho, não conseguiu e voltou para Ipecaetá.

Em 1952, volta a Salvador, em defi-nitivo, agora como ambulante, para vender galinhas e ovos caipiras, com-prados em Ipirá e Feira de Santana. Pouco foi o sucesso, então partiu para vender pimenta que achou que era um grande negócio mas “foi aí que me quebrei, a pimenta era a cumarim que não tem valor nenhum em Salvador, perdi todo o dinheiro”. Em busca de emprego, conseguiu o de caixeiro de bar, no Bar Guarany no Rio Vermelho, de propriedade de Sr. Álvaro. Em 1966, trabalhou no Bar de Cavadas no Largo de Santana, onde hoje é a Academia Villa Forma, e lá ficou até 1967. Saiu do bar com

Cr$ 5.000,00 (cinco mil cruzeiros), que era um bom capital, mas acabou gastando tudo para se manter.

Tomou dinheiro emprestado de vários empresários do Rio Vermelho e mon-tou, em 2 de fevereiro de 1968, em uma garagem da rua Borges dos Reis (atrás do Cinema Rio Vermelho) a Batida do Diolino, e lá começava uma lenda.

Como dá para perceber, Diolino é uma pessoa de fibra, persistente, tra-balhador e mereceu ser um vencedor. Em poucas palavras:

Como surgiu a ideia da Batida do Diolino?Diolino – Com a inauguração do bar atrás do cinema, a turma vinha e fica-va jogando pauzinho até tarde e bebia grades de cerveja, mas cerveja não dava lucro. Era tabelada. A experiência que eu tinha de trabalhar em outros bares, me ajudou bastante. Eu queria inovar, inicialmente comecei a vender só doses de cachaça com limão, utilizando a boa cachaça Saborosa de Cristiano Alban, que eu servia bem gelada com limão de boa qualidade. Comecei a experimentar a mistura de vários sabores de frutas selecionadas e deu certo!

E como veio o sucesso?Diolino – Com o crescimento dos negó-cios e o sucesso das batidas, tive que me mudar para um lugar maior e que ti-vesse estacionamento, então fui para o Largo da Mariquita em março de 1989. Além das doses passei a vender o litro e o meio litro da batida, e também emba-lada para viagem. Inclusive, a pedido meu, o prefeito na época, Wilson Maga-lhães urbanizou a área do Largo da Ma-riquita com um amplo estacionamento.

As vendas alcançavam 6 mil litros de batida por mês e chegava a comprar 100 engradados de cachaça Saborosa por semana.

Qual ou quais as batidas preferidas?Diolino – A principal era a batida de limão, seguida de tamarindo, caju, maracujá, tangerina, pitanga e amen-doim. E tinha as especiais, como as de menta e pêssego que saíam bem, mas a de pêssego eu tinha dificuldade de encontrar a fruta.Olhe, a revista Fatos e Fotos fez uma grande reportagem com a batida de caju e o segredo de não ser ácida, eles não entendiam como eu conseguia isso, terminei não dando a dica.

E os freqüentadores: a turma do Rio Vermelho e os famosos?Diolino – Bom, a turma do Rio Ver-melho alguns me deram trabalho, outros não, como em todo lugar. Não vou citar o nome dos que me davam trabalho, hoje a maioria é meu amigo. Quanto aos famosos: por lá passaram o Mussum, o Dedé e o Zacarias (Os Tra-palhões), o Lenny Dale (Dzi Croquetes) que gostava de pitanga, o Pierre Verger ia sempre, Vinícius de Moraes trocava o uísque pela batida, vários jogadores de bola como Butice, Douglas, Natal, André Catimba, Osni, Mário Sérgio, o Pelé ficava dentro do carro e o motorista comprava e ia embora. Políticos, que não vou dizer o nome, e vários empresá-rios como Paulo Lebram e Sérgio Abílio eram fregueses assíduos.

Com o sucesso da batida surgiram os concorrentes, como foi isso?Diolino – Com o sucesso da batida que se tornou conhecida nacionalmente, famo-sa em lugares como Recife, Aracaju, Rio de Janeiro e São Paulo, surgiram vários concorrentes como o Vilar (Fênix), Zé de Gaguinho (Tatu Paca) o proprietário do Kilimão, mas o vanguardeiro fui eu.

E a batida do Diolino hoje?Diolino – Hoje tenho uma barraca na Feira de São Joaquim onde faço a ba-tida e vendo só por encomenda para saudosistas, empresários e amigos. Continuo usando a mesma cachaça, a Saborosa, que compro a granel em Amélia Rodrigues. As mais vendidas atualmente são a de coco, cajá, amen-doim, tamarindo e gengibre. Tem tam-bém as combinações de maracujá com coco (Calcinha de Nylon) e goiaba com coco (Gala Gay). A de limão que foi o sucesso, pouco vendo.

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Personagem do Rio VermelhoDiolino Gomes Damasceno, O Rei da Batida

BATIDAS DO DIOLINOTel. 71 8196-9104/3345-4434Preço: R$ 12,00 o litro

Ingredientes • 01 posta de bacalhau de 500g

• 04 brócolis

• 02 cebolas grandes

• 06 dentes de alho

• 500ml de azeite de oliva

• 02 colheres de vinagre (sopa)

• 02 colheres de salsa verde (sopa)

• 04 batatas médias

Modo de preparar • Grelhar na chapa a posta de bacalhau,

já dessalgado, com azeite de oliva.

• Numa frigideira cortar as cebolas ao

meio, fatiar os dentes de alho, acres-

centar azeite de oliva e o vinagre e

cozinhar por 5 minutos.

• Cozinhar separadamente as batatas

do reino cortadas ao meio e depois

aferventar com os brócolis.

Para essa edição, nossa coluna de gastronomia apresenta uma das receitas mais tradicionais da culinária mundial, no premiado prato do Restaurante Bacalhau de Martelo, uma criação do Chef Osório.

BACALHAU 7 BARRA 9

Arrumação do pratoColocar a posta de bacalhau no centro do prato rodeada de batatas, brócolis, cebola e

alho. Para acompanhar, escolha um bom vinho tinto.

Prato Quente

Foto: André Avelino

Nos dias 1 e 2 de dezembro, aconteceu a 2a Fei-ra da Solidariedade da Paróquia de Sant’Ana, realizada no estacionamento ao lado da igreja da padroeira do Rio Vermelho.

Bastante movimentada, com shows, música, gastronomia, artesanato, lazer e muita diver-são, a festa reuniu moradores e amigos num clima de alegria, confraternização e solidarie-dade. A feira já se consolida no calendário de eventos do bairro pelo sucesso apresentado a cada ano. É um espaço de integração e oportu-nidade de ajudar aos mais necessitados.

Por falar em ajuda, esse ano ocorreu um fato inusitado. No segundo dia da feira, paralelo ao evento, houve o jogo de futebol entre o E.C.BAHIA x ATLÉTICO GOIANIENSE, em que o

tricolor baiano, precisava como sempre de uma combinação de resultados para não cair para a 2a Divisão do Campeonato Nacional. Daí surge um torcedor fervoroso, o nosso Padre Angelo que, por cima da batina, vestiu a camisa tricolor e empunhou a bandeira do clube, e no final-zinho do jogo foi até o altar da igreja e pediu a Nossa Senhora Sant’Ana para E.C.Bahia não cair, no que foi prontamente atendido. O Bahia fez um gol no final do jogo e não caiu para 2a Divisão, para o alívio da torcida tricolor.

Vários torcedores já convocaram o Padre An-gelo para ajudar o E.C.Bahia no ano que vem, com sua fé, força e oração. Mas outros acham que o Padre precisa rezar para afastar de vez essa diretoria incompetente do cenário do futebol baiano!

Paróquia de Sant’Ana promove a 2a Feira da Solidariedade e o padre não caiu

Reprodução Rede Bahia

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JRV – 11

108 jovens do Rio Vermelho formados pelo Proerd

A Escola Hercília Moreira con-ta com a parceria da 12ª CIPM há quatro anos e durante esse período além do PROERD para os estudantes do 5º ano, essa equipe também ajuda a ofere-cer palestras socioeducativas para os pais, oficinas de pipas para os alunos, atividades labo-rais para os professores, entre outras atividades. No dia cinco

de dezembro, 108 crianças e adolescentes receberam diplo-ma do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd) em evento realizado no auditório do Hotel Pestana, com a presença do co-mando da Polícia Militar no bair-ro, familiares, o corpo docente da Escola Hercília Moreira, além de convidados. Durante a ceri-mônia houve apresentações de música e canto, e foram distri-buídos prêmios para os alunos que se destacaram.

Últimas homenagens a D. Valdete

Parentes, amigos, ex-alunos, ex-funcionários, professores e diretores do Colégio Guiomar Pereira compareceram ao Cemi-tério Jardim da Saudade no úl-timo dia 21 de novembro para prestar as últimas homenagens à D. Valdete, proprietária do es-tabelecimento de ensino que durante quatro décadas funcio-nou no Rio Vermelho. Ela faleceu aos 89 anos e deixou um legado na área de educação reconheci-do por todos que passaram pela instituição.

Tá bonito Isso?

Essa é a rotina em frente à Casa de Yemanjá: turistas chegando e descem dos ônibus bem ao lado do lixão e são recepcionados por uma cachorrada correndo o risco de sair do bairro direto para o hospital com uma mordida. Não é possível deixar essa caixa coletora no lugar onde está e nem o local abandonado como se encontra, sujo e fedorento.

Pra que essa grade?

Desde o primeiro dia em que esse espaço ao lado da Igreja

de Sant´Anna foi cercado que o Blog faz a mesma pergunta: pra que essa grade? O local hoje está mais degradado do que antes, o retrato do descaso que toma conta do Rio Vermelho e da cidade, para sermos justos. À noite, o espaço é ocupado por ambulantes, sem tetos, guarda-dores que colocam os automó-veis no que resta dos canteiros, uma verdadeira esculhambação e o Blog continua com a mesma pergunta. Pra que essa grade? Vamos ver se o prefeito que as-sume em primeiro de janeiro permitirá que a cidade continue assim, cada um fazendo o que quer, sem lei e sem ordem.

Deu no Blog blogdoriovermelho.blogspot.com.br

Foto: André Avelino

Foto: Carmela Talento

Foto: Carmela Talento

Em 2012, o Botafogo Sport Clu-be sagra-se Campeão Baiano da 2a Divisão, retornando à elite do futebol baiano depois de dis-putar a final contra a equipe do Jacuipense e conquistar seu pri-meiro troféu depois de 74 anos de jejum.

Fundado no dia 01 de novem-bro de 1914 pelo Sargento An-tonio Valverde Veloso, do Corpo de Bombeiros de Salvador, que buscou inspiração nas cores e no objetivo de sua corporação para fundar o clube, o Botafo-go S.C. tornou-se um clube de

grande importância na história do futebol baiano.

Suas cores são vermelho e bran-co, e foi apelidado de Diabo Rubro e O Mais Simpático. A pri-meira sede, em 1914, foi aqui no Rio Vermelho (que também foi a do Esporte Clube Ypiranga, em 1906). Com o impedimento do Campo da Pólvora, primeiro lo-cal para a prática oficial de fute-bol em Salvador, surge o bairro do Rio Vermelho como o novo espaço oficial da Liga Baiana de Desportos Terrestres, e os cam-peonatos eram disputados no

nosso bairro. Botafogo S.C. e o E.C. Ypiranga tinham campos de treinamento no Rio Vermelho.

O Botafogo S.C. possui sete tí-tulos baianos, sendo o 40 maior detentor de títulos do estado e, junto com o Bahia, Ypiranga e Galícia, um dos dominadores da cena esportiva na primeira me-tade do Século XX.

Os principais rivais do Botafogo S.C. são o Ypiranga e o Bahia. Os jogos entre o Botafogo S.C. e o Bahia eram conhecidos como “Clássico do Pote” nome que

veio da promessa de um torce-dor alvirubro, que quebraria um pote quando o Botafogo S.C. vencesse o rival.

O time profissional estava de-sativado desde 1990, mas em 2011 voltou à ativa e disputou a 2a Divisão do Campeonato Baia-no não se classificando.

Botafogo Sport Clube volta à elite do futebol baiano

TÍTULOS

Campeonato Baiano: 1919, 1922,

1923, 1926, 1930, 1935 e 1938

Campeonato Baiano 2a Divisão: 2012

Torneio Início: 1924, 1925, 1940, 1940,

1948, 1952 e 1963

Torneio Bernardo Spector: 1978

Torneio Baiano Aspirantes: 1955

Campeonato Baiano Juvenil: 1978

Foto: Divulgação

Page 12: Jornal do rio vermelho 03 edicao

12 – JRV

Em comemoração ao Dia Internacional do Palhaço (10/12), aconteceu no último sábado (08/12) a festa dos Palhaços do Rio Vermelho no restaurante Pós-tudo, animada pelo Dj Ruy Santana, pelo grupo O Povo Pediu, que com o seu estilo inconfundível fez com que os presentes caíssem na folia. Em seguida foi anunciado pelo companheiro Macarra Viana o nome do homenageado pelo Bloco Palhaços do Rio Vermelho. Trata-se de Nonato Freyre, que emociona-

do agradeceu pela lembrança do seu nome. Logo após o cantor Gerônimo e banda Mont Serrat con-tinuaram com a animação. Os cantores André Ma-cedo e Laurinha também deram a sua contribuição cantando músicas que marcaram muitos carnavais. A festa, que foi muito concorrida, marcou o início da parceria dos Palhaços do Rio Vermelho com O Povo Pediu, que pelo visto já deu certo! Todos os respon-sáveis pelo evento estão de parabéns.

Festa do Dia Internacional do PalhaçoFoto: Edgard Carneiro Filho

Nativo do Rio Vermelho, Fernan-do José Amorim Marinho nas-ceu no dia 19 de agosto de 1960, na rua da Paciência, n0 60, filho de Antônio de Pádua Marinho e Angélica Tereza de Amorim Ma-rinho, estudou na Escola Tereza de Lisieux, Colégio Militar e se formou em Direito pela Universi-dade Federal da Bahia (UFBA), e fez pós-graduação na Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo.

Começou a conviver com a mú-sica desde os cinco anos de ida-de, quando apoiado pela vizinha pianista Maria das Graças Bastos Carneiro de Campos (Dadaça), foi encaminhado para a grande pro-fessora de música do bairro, Walki-ria Melgaço Knittel. Esse foi o co-meço, daí partiu para outras artes.

Fernando Marinho, além da mú-sica, fez artes visuais (pintura e escultura) e teatro. É ator, diretor e acumula as funções de curador do Festival de Música Instrumen-tal, coordenador geral da Asso-ciação Instrumental da Bahia e presidente do Sindicato dos Ar-tistas e Técnicos em Espetáculo de Diversões do Estado da Bahia

(Sated). Foi um dos fundadores da Companhia Baiana de Patifa-ria, onde atuou e tornou-se co-nhecido nacionalmente.

Em entrevista ao Jornal do RIO VERMELHO, ele conta um pou-co da sua vida e sobre sua car-reira no meio artístico.

Você começou pela música, como se deu o gosto pelas outras artes?Fernando Marinho – Eu tenho paixão ab-soluta pela música. Aos cinco anos de idade comecei a estudar piano com a família Zeca Carneiro de Campos. Eram como se fossem mi-nha família. Eu chamava Vô Zeca. Então tudo começou com música. Mas eu sempre adorei arte, cheguei a fazer artes visuais, sem nenhu-ma pretensão. Depois comecei a me envolver com o Grupo Avelãs e Avestruz, dirigido por Márcio Meirelles, que ficava cinco casas após a minha casa na rua da Paciência. Lá tive minhas primeiras experiências com as artes cênicas. Eu assistia a tudo, teatro, música. Conheci Fernan-do Guerreiro, que me convidou para compor a trilha sonora de “Equus”, que era executada ao vivo. A peça ficou muito tempo em cartaz, e até então eu era só músico. Depois disso comecei a fazer exercícios, no Teatrokê no Espaço Blefe. A ideia funcionava com um palco e o apoio de dois atores e tinha um cardápio de cenas onde você entrava e havia a improvisação. Houve um

caso de uma cena de um salão de cabeleireiro, onde eu inventei de fazer um piolho e defendi a existência do piolho. Eu era o piolho. Quem fica-va à frente do teatrokê era o Bertrand Duarte e a Rita Assemany. Aí eu me enturmei tanto que um dia em que o Bertrand não pôde participar, eu fui substituir. O pessoal dizia que eu tinha uma veia cômica muito forte. Depois disso par-ticipei da montagem de “Pluft, O Fantasminha” sob a direção de Yumara Rodrigues, onde fiz a trilha sonora e acabei me tornando um perso-nagem, o Fantasma Orquestra. Depois fiz uma outra peça onde tocava. Aí veio o ponto da mu-dança com a peça “D de Delícia”. Era uma cola-gem de textos do Teatro do Absurdo. Eu fui para o palco compor o terceiro personagem da peça. Então fundamos a Cia. Baiana de Patifaria cuja primeira peça foi “Abafa Banca”. Com o sucesso da Cia Baiana de Patifaria, as pessoas não que-riam acreditar que era eu. Uma vez chegaram a dizer, existe um homônimo seu na peça “A Bofetada”. Eu trabalhava no serviço público e as pessoas não entendiam: ou você é assessor numa secretaria ou você é um artista.

Você queria seguir a carreira de diplo-mata, mas com diplomacia abraçou o teatro, para sorte nossa! Conte sobre isso.FM – Em relação a seguir a carreira diplomáti-ca, descobri algumas coisas que me incomoda-vam. O cotidiano burocrático e o comprometi-mento ideológico me fizeram desistir de prestar concurso para o Instituto Rio Branco. Isso me

fez repensar. Mesmo assim continuei com o curso de direito, o que me ajudou a trabalhar e lidar com o serviço público na minha ativida-de diuturna. Trabalhei também como produtor autônomo. Hoje trabalho como artista e como presidente do Sindicato dos Artistas.

Você acumula diversas funções nesse universo das artes, tem tempo para Fernando Marinho ?FM – Tenho. O tempo inteiro. O mundo inteiro muda. Cuido de tudo de mim. Preservo minhas características e meus desejos. Gosto da minha saúde mas tenho o prazer de fumar. Na verdade estou mais preocupado com meu caráter e meu respeito próprio.

Você foi um dos fundadores da Com-panhia Baiana de Patifaria que mon-tou vários sucessos pelo Brasil inteiro. Como está a Companhia ?FM – A Cia Baiana de Patifaria teve um núcleo original, entre 86 e 87, e a primeira peça “Abafa Banca” estreou aqui no Rio Vermelho no Ad Libi-tum. Toda a temporada, quase um ano, foi lá. Do núcleo original, Fernando Guerreiro chamou eu, Lelo Filho e Moacir Moreno, e foram convidados Franklin Menezes e Ricardo Castro para compor o elenco da nova montagem que veio a ser “A Bofe-tada”. A peça estreou na Sala do Coro e foi o sucesso que todos sabem. A peça estourou. A temporada no Rio de Janeiro foi demais! Com a peça “Noviças Rebeldes”, musical dirigido por Wolff Maia, ficamos em cartaz quatro anos e chegamos a encenar até em Nova York. Essa peça é de Dan Goggin, um autor americano, e a nossa montagem tinha uma inovação: o elenco era todo masculino, quando, originalmente, as personagens eram interpretadas por um elenco feminino. Fiquei na Cia Baiana até o fim de Noviças Rebeldes. Hoje, a Cia continua com novo elenco sob a direção de Lelo Filho.

Esse estilo de humor que você utiliza nas peças com jargões, gírias e muito “baia-nês”, tudo misturado com a realidade do dia-a-dia, foi muito bem absorvido pelo público. Isso é fácil de fazer?FM – Esse é o chamado humor de referência: o baianês, as fofocas, os comerciais e as novelas da televisão, os escândalos políticos. A gente trans-forma essas referências em humor. Usar essas referências é fácil, a questão é saber como con-textualizar na comédia, sem agressão e fazendo parte da encenação. A comédia é um processo in-telectual, não sentimental. Humor é inteligência.

Conte como é nos bastidores, o corre corre, a maquiagem, até o figurino que geralmente são roupas de “grife”.FM – Tudo no espetáculo é composto e feito para o espetáculo. É um corre-corre infernal. O elenco tem de saber lidar com tudo isso: maquiagem, cenário, figurino, luz, som, adereços, marcação de cena. Tudo isso é ba-nhado com muito humor, com a descoberta de novos elementos para a cena, como um colar, por exemplo. É assim que contribu-ímos para enriquecer o texto. É uma coisa muito própria da comédia.

Qual foi a peça teatral que lhe marcou mais? FM – Não adianta. Todas me deram prazer. Minha vida é movida a prazer. Nunca trabalhei sem prazer. Agora, se formos considerar por ser a mais completa, por integrar teatro, música e dança, foi “Noviças Rebeldes”.

Como você viu o fechamento do Teatro Maria Bethânia, aqui no Rio Vermelho, para dar lugar a um bingo onde, hoje, no local fica a Churrascaria Fogo de Chão ?FM – A perda do Teatro Maria Betânia foi com muita tristeza. Era um teatro e um cinema. Aliás, perdemos dois equipamentos importantes para o bairro: o Teatro Maria Betânia e o Cine Rio Ver-melho. Felizmente, ganhamos o Teatro do SESI.

O que você mais curte no Rio Vermelho?FM – Ando e frequento muito o Rio Vermelho. Frequento o Teatro do SESI. Gosto da Confra-ria das Ostras, do Moema. Gosto da Cheiro de Pizza. E mais recentemente, freqüento o Algo-bom, antigo Ping Chong, o Le Ponpon Rouge e o Franco Café e Lounge.

Como você vê o bairro hoje ?FM – Espero urgentemente um planejamen-to urbano e um pouco mais de civilidade nas relações humanas. Por exemplo, a questão do trânsito, o Rio Vermelho se tornou o gargalo da cidade. Precisamos tirar esse título antipático do bairro. Também é preciso respeitar a iden-tidade arquitetônica do nosso bairro, ocupar o espaço público é ilegal. Tudo na vida precisa de organização. Veja o caso do Parque Cruz Aguiar com a ocupação dos dois lados da rua por car-ros estacionados. A norma e a zona se asseme-lham. Eu peço um olhar da prefeitura sobre a concessão de alvarás para empreendimentos sem condições de funcionamento.

Galeria do ArtistaFERNANDO MARINHOFoto: Divulgação

Fernando Marinho (segudo da direita para esquerda) e a CIA Baiana de Patifaria no espetáculo Noviças Rebeldes