jornal solidario - edicao 577

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IMPRESSO ESPECIAL CONTRATO N o 9912233178 ECT/DR/RS FUNDAÇÃO PRODEO DE COMUNICAÇÃO CORREIOS Porto Alegre, 1 o a 15 de janeiro de 2011 Ano XVI - Edição N o 577 - R$ 1,50 Nosso jornal já está na web. Acesse e deixe sua opinião e sugestões. www.jornalsolidario.com.br D e p e n d ê n c i a q u í m i c a Menosprezo ao contribuinte É o que os deputados e senadores brasileiros estão de- monstrando ao planejarem um reajuste de 61,83 por cento nos próprios salários em sua última semana de trabalho de 2010, poucos dias antes do Natal. A notícia estava publicada na grande mídia, mas sem desta- que. E, até o fechamento desta edição (14.12.10), não havia sido confirmada. Os deputados e senadores recebem R$ 16,5 mil – mas embolsam 15 salários por ano – fora todas as demais gene- rosas mordomias custeadas pelo erário público que, somadas ao seu fixo, já agora atingem a mais de R$ 114 mil por mês. Com a proposta, receberão R$ 26,7 mil só de salário, o mesmo do teto do Supremo Federal, dos ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) e do procurador-geral da República. Quo usque tandem! Enquanto isso, na Suécia, cada um dos 349 deputados ganha 12 mil reais por mês (2009), vive em apartamentos de 40 metros quadrados, com um único cômodo que serve de sala e quarto de dormir. Tem direito a cozinha comunitária e usa la- vanderia igualmente comunitária para lavar sua própria roupa, desde que agende para isso e siga regras rígidas de não deixar nada sujo. E mais: seu gabinete tem de 18 a 22 metros quadrados, sem direito a secretária ou as- sessor particular, pois esses são disponibilizados pela respectiva legenda partidária que pode empregar até 30 pessoas. Tam- bém não têm direito a carro com motorista. O eleitor de lá aprova e nenhum parlamentar reclama. Aniquilamento do tecido social no século 21 Fuga ou abrandamento da angústia diante do vazio exis- tencial? Os números já são assustadores. E tendem a au- mentar. No Rio Grande do Sul já são mais de um milhão de usuários e dependentes de maconha, cocaína, ecstasy, crack e outras drogas. O crack pode levar à cegueira em pouco tempo e à morte em menos de cinco anos. Página 7 Férias com Deus Os horários de missas nas paróquias do Litoral Norte do Rio Grande do Sul. Contracapa Imagem (modificada eletronicamente): Tribuna do MT

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Page 1: Jornal Solidario - Edicao 577

IMPRESSO ESPECIALCONTRATO No 9912233178

ECT/DR/RSFUNDAÇÃO PRODEODE COMUNICAÇÃO

CORREIOS

Porto Alegre, 1o a 15 de janeiro de 2011 Ano XVI - Edição No 577 - R$ 1,50

Nosso jornal já está na web. Acesse

e deixe sua opinião e sugestões.www.jornalsolidario.com.br

Dep

endência quím

icaMenosprezo

ao contribuinteÉ o que os deputados e

senadores brasileiros estão de-monstrando ao planejarem um reajuste de 61,83 por cento nos próprios salários em sua última semana de trabalho de 2010, poucos dias antes do Natal. A notícia estava publicada na grande mídia, mas sem desta-que. E, até o fechamento desta edição (14.12.10), não havia sido confirmada. Os deputados e senadores recebem R$ 16,5 mil – mas embolsam 15 salários por ano – fora todas as demais gene-rosas mordomias custeadas pelo erário público que, somadas ao seu fixo, já agora atingem a mais de R$ 114 mil por mês. Com a proposta, receberão R$ 26,7 mil só de salário, o mesmo do teto do Supremo Federal, dos ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) e do procurador-geral da República. Quo usque tandem!

Enquanto isso, na Suécia, cada um dos 349 deputados ganha 12 mil reais por mês (2009), vive em apartamentos de 40 metros quadrados, com um único cômodo que serve de sala e quarto de dormir. Tem direito a cozinha comunitária e usa la-vanderia igualmente comunitária para lavar sua própria roupa, desde que agende para isso e siga regras rígidas de não deixar nada sujo. E mais: seu gabinete tem de 18 a 22 metros quadrados, sem direito a secretária ou as-sessor particular, pois esses são disponibilizados pela respectiva legenda partidária que pode empregar até 30 pessoas. Tam-bém não têm direito a carro com motorista. O eleitor de lá aprova e nenhum parlamentar reclama.

Aniquilamento do tecido social no século 21

Fuga ou abrandamento da angústia diante do vazio exis-tencial? Os números já são assustadores. E tendem a au-mentar. No Rio Grande do Sul já são mais de um milhão de usuários e dependentes de maconha, cocaína, ecstasy, crack e outras drogas. O crack pode levar à cegueira em

pouco tempo e à morte em menos de cinco anos. Página 7

Férias com DeusOs horários de missas nas

paróquias do Litoral Norte do Rio Grande do Sul.

Contracapa

Imagem

(modificada eletronicam

ente): Tribuna do MT

Page 2: Jornal Solidario - Edicao 577

1o a 15 de janeiro de 2011A RTIGOS 2

Fundação Pro Deo de Comunicação

Conselho DeliberativoPresidente: José Ernesto

Flesch ChavesVice-presidente: Agenor Casaril

CNPJ: 74871807/0001-36

Voluntários Diretoria Executiva

Diretor Executivo: Adriano Eli Vice-Diretor: Martha d’Azevedo

Diretores Adjuntos: Carmelita Marroni Abruzzi, Elisabeth Orofino e

Ir. Erinida GhellerSecretário: Elói Luiz ClaroTesoureiro: Décio Abruzzi

Assistente Eclesiástico: Pe.Attílio Hartmann sj

RedaçãoJorn. Luiz Carlos Vaz - Reg. 2255 DRT/RS

Jorn. Adriano Eli - Reg. 3355 DRT/RSCristiano Varisco - Estagiário de Jornalismo

Revisão Nicolau Waquil, Ronald Forster

e Pedro M. Schneider (voluntários)Administração

Elisabete Lopes de Souza e Norma Regina Franco LopesImpressão

Gazeta do Sul

Rua Duque de Caxias, 805 Centro – CEP 90010-282

Porto Alegre/RSFone: (51) 3221.5041 – E-mail:

[email protected]

Conceitos emitidos por nossos colaboradores são de sua inteira responsabilidade,

não expressando necessariamente a opinião deste jornal.

Conselho Editorial Presidente: Carlos AdamattiMembros: Paulo Vellinho,

Luiz Osvaldo Leite, Renita Allgayer e Beatriz Adamatti Diretor-Editor

Attílio Hartmann - Reg. 8608 DRT/RSEditora Adjunta

Martha d’Azevedo

Nova época humaNa

EditorialVoz do Pastor

Dom Dadeus GringsArcebispo Metropolitano de P. Alegre

S. João, porém, dá primazia ao amor fraterno. Chama até de mentiroso quem diz amar a Deus, mas odeia seu irmão. E argumenta: “aquele que não ama seu irmão, a quem vê, é incapaz de amar a Deus a quem não vê”(1 Jo.4,20).

O amor ao próximo não é aleatório. O escriba tinha razão histórica em perguntar acerca de quem é o próximo. Na verdade, o amor humano é orgânico. Obedece a uma hierarquia. Nenhum homem é uma ilha. Nosso primeiro amor, ou seja, o amor fundamental está na família. O ser humano não é indivíduo, que eventualmente se possa relacionar, mas nasce numa família e é família. Portan-to, seu amor é familiar. Começa com o amor paterno e materno. Os pais são instados a receber, com amor, os filhos. O amor paterno e materno decorre do sacramento do matrimônio, que infundiu no casal o amor conjugal e lhe dá condições de gerar filhos com amor. Vem, depois, o amor filial e, por fim, o amor fraterno, que se vai es-tendendo aos parentes.

A Igreja anuncia a Boa Nova da família. Resume-a no amor entre seus membros. Por isso, as pessoas são convidadas a passar os melhores momentos da vida no próprio lar. Amar a própria família é colocá-la acima de qualquer outra solicitude. Brota da própria natureza da vida humana, que se plasma em família. Mas este amor - conjugal, parental, filial, fraterno – obtém não só um incentivo da fé, mas, acima de tudo, uma dimensão nova, pelo sacramento. O próprio amor de Deus é infundido

A ConvivênCiA FAmiliAr

nos seus corações e se difunde entre os seus membros. Ali se faz a primeira experiência do amor: de amar e de ser amado. Consequentemente, ali se encontra verdadeiramente Deus: quem ama, conhece Deus. A experiência da vida em família é, na verdade, uma experiência de Deus.

A Igreja, apresentando a Boa Nova da família, quer firmar o lar sobre uma rocha firme, que é a fé em Jesus Cristo, que transforma a água das relações humanas no vinho do amor de Deus. A indissolubilidade matrimonial, propriedade essencial do sacramento, não constitui uma lei que possa ser contrastada pelo divórcio, mas representa uma graça, que enche de alegria e realização os cônjuges. É o próprio Deus que, pelo sacramento do matrimônio, os une por um vínculo de amor indefectível. Derrama neles seu próprio amor, que frutifica em boas obras de paz, de solidariedade, de carinho, de dedicação recíproca e, sobretudo, em nova vida de filhos.

Cristo quis tornar o matrimônio um sinal do amor de Deus no mundo. Mostra que ainda existe amor entre os homens, que são capazes de deixar tudo para se unirem em matrimônio, tornando-se dois numa só carne. Para ressaltar esta característica, Deus começou a chamar, ao longo dos tempos da Igreja, pessoas que deixassem tudo para o seguir, na pobreza, castidade e obediência. Para uma mentalidade mundana isto é impossível. Está totalmente fora dos critérios e das perspectivas humanas. Mas não está fora da visão da fé. Nem se trata de algo puramente teórico. Nestes dois mil anos de Igreja, milhões de pessoas seguiram este caminho. Mostram que é possível e com-pensador. Vale a pena. Demonstra o poder de persuasão de Cristo, que atrai, chama e acolhe.

O mandamento do amor envolve dois polos: Deus e o próximo. Na formula-ção, o amor a Deus tem precedência.

Vem caracterizado por um caráter absolu-to: de todo coração e com todas as forças.

João Carlos NedelVereador

Os números não dão margem a dúvidas e retratam o verdadeiro estado de guerra civil em que o Brasil vive.

onde está deus?

Duzentos e cinquenta e quatro mil pessoas morre-ram em acidentes nos últimos oito anos, média de 32 mil ao ano. No mesmo período, cerca de 190 mil pessoas morreram no Brasil resultado de disparos de algum tipo de arma de fogo, média de 24 mil ao ano. Num cálculo rápido, isso significa que a cada dez minutos alguma pessoa morre aqui, em sua expressiva maioria jovens, vitimada por causa violenta, não natural. O quanto a vida é importante para você? Muito, responderão alguns. Mais do que tudo, dirão outros. É o maior dom recebido de Deus, acrescentarão outros. Tudo isso, claro, referindo-se às próprias vidas. Mas e quanto à vida dos outros? Aí o bicho pega. Porque, à medida que o grau de parentesco ou conhecimento se distancia, a vida dos outros passa a ter cada vez menos importância. Essa é a triste verdade. É então que, “esquecendo” nossa própria responsabilidade, costumamos racionalizar, transferindo

a Deus a responsabilidade por esses acontecimentos e acusando-o de omissão, por permitir que aconteçam. A análise das circunstâncias em que essas coisas acontecem me fez lem-brar a visita do Papa Bento XVI ao campo de concentração nazista de Auschwitz. Entre outras coisas disse

o Papa: “Onde estava Deus nesses dias?”. É a pergunta que repito agora: onde está Deus nestes dias? A resposta me vem lúcida e clara. Certamente não está nos corações dos autores dessas ações criminosas. É porque abandona-ram a Deus ou porque dele sequer tomam conhecimento que tais pessoas são capazes de tamanho desamor. Deus não se impõe a nós. Ou o amamos e o temos conosco, ou não o teremos jamais. E, sem Deus, o homem se torna fera de seus irmãos, egoista e insensível. Como ensinou Bento XVI, na mesma oportunidade, em Auschwitz, “nosso grito dirigido a Deus tem que ser, ao mesmo tempo, um grito que penetra em nosso próprio coração, para que desperte em nós a presença escondida de Deus, para que o poder que depositou em nossos corações não fique coberto ou sufocado em nós pelo egoismo, pelo medo dos homens, pela indiferença e pelo oportunismo.” Essa é a resposta.

O termo surgiu recentemente, mas, de tão repetido, se tornou até um “chavão”: o mundo vive uma nova época humana. Há muitos estudos sobre

o que significa e como viver ou sobreviver nesta nova época da humanidade. Esta nova época trouxe consigo um “homem novo”, pessoas novas, essencialmente outras ou diferentes das que viviam em épocas anteriores? Uma pergunta que ainda não tem respostas suficientes. Como todas as coisas, o novo homem... a nova mulher serão o resultado de um processo que, certamente, já iniciou, lançou raizes e vem se afirmando, rapidamente.

Ao abordar o tema, o Solidário quer contribuir para este importante debate, que abarca globalmente a hu-manidade toda, as relações entre as pessoas, as relações sociais, as relações com a natureza e, não por último, a dimensão religiosa da vida da gente. E isso dentro do contexto de uma verdadeira revolução tecnológica.

Pe. Edézio Borges, SSSR, desenvolve este tema e fala dos novos sujeitos que a nova época humana exige (pági-na 6). Textualmente: Todo o cenário macro-econômico, científico e tecnológico engloba um novo modelo de pes-soa. A existência humana experimenta uma progressiva perda de sentido, de valores e a consequente fragmenta-ção das relações interpessoais. Sem uma perspectiva de sentido global e unificador da vida, a pessoa perde-se no emaranhado de sempre novas opções e decisões, o que gera ansiedade, frustração e angústia. Cresce a ideologia individualista e utilitarista, colocando-se cada pessoa como critério de verdade e de justiça.

O perfil dos novos sujeitos desta nova época humana será o de pessoas conscientes do que são e do que querem, livres e disponíveis para contribuir para a autonomia das comunidades, afetivamente maduras e que redescobrem a satisfação e realização pessoal em servir ao bem comum.

Embora não se possa afirmar a existência de uma relação de causa e efeito entre a nova época humana e o crescente drama da drogadicção ou dependência química, há elementos suficientes para confirmar que pessoas que perdem o sentido da vida, sem opções reais que as realizem, afetivamente fragmentadas, estão mais sujeitas a entrar neste mundo, destruindo indivíduos, desestruturando famílias e agredindo a sociedade. Para o Pe. Vítor Hugo Gerhard, a dependência química é uma doença hereditária, transmissível, crônica, progressiva e fatal. Na página 7 desta edição, Pe. Vítor Hugo faz uma consciente análise da realidade das drogas em geral, fala dos usuários no Rio Grande do Sul e das iniciativas que buscam a recuperação de dependentes químicos e sua reintegração na vida familiar e social.

Se a nova época humana traz problemas sérios nas várias áreas da atividade humana, traz, igualmente, inúmeras possibilidades para que o homem e a mulher deste novo tempo possam realizar-se como pessoas e encontrar caminhos para uma verdadeira felicidade. Que também neste campo, 2011 possa ser um feliz ano novo de realizações, de encontro e reencontro entre as pessoas. ([email protected])

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1o a 15 de janeiro de 2011 FAMÍLIA &SOCIEDADE 3

Sarah Brucker/sxc.hu

O lar é o autêntico formador de pessoas

As crianças aprendem continuamente através dos seus pais, não só o que estes lhes contam, mas também, e sobretudo, pelo que veem neles, como atuam, como respondem pe-rante os problemas. Em definitivo, as crianças observam e copiam o proceder dos seus pais perante a vida. A autêntica educação nos valores transmite-se, passa dos pais para os seus filhos desde o dia do nascimento até ao final da vida. Não obstante, têm uma importância relevante os primeiros anos. Até os seis ou sete anos de idade as crianças possuem uma moral denominada “heterônima”, ou seja, a sua motivação para fazer as coisas de uma maneira ou de outra é cor-responder ao que o papai e a mamãe desejariam: o que dizem os pais são “verdades absolutas”. Conforme crescem, vão compreendendo melhor por que é importante atuar de certa forma e não de outra, mas seguem sempre guiando-se pelo que vêem em casa, especialmente até os doze anos. Daí a tremenda importância de educar as crianças através do exemplo, para desenvolver uma educação cívica.

Faze o que eu façoTodos temos na mente uma ideia de como

gostaríamos que fosse a sociedade, em que mundo queremos que vivam os nossos filhos: um lugar limpo, em que as pessoas se ajudem e respeitem, onde todos tenhamos os mesmos direitos. Depois saimos à rua pensando no tra-balho, nas compras, e nos esquecemos de todos esses bons propósitos. De repente, queremos ser os primeiros a sair do ônibus, incomoda-nos o carro que torna lenta a circulação, esquecemo-nos de dar bom dia ao porteiro… e assim, dia após dia, diante do olhar sempre atento das crianças, que, já se sabe, absorvem tudo como esponjas.

Já comentamos que, até os doze anos aproxi-madamente, o lar é a principal fonte de valores, direitos e deveres da criança. Agora também terá que se dizer que há coisas que dificilmente se aprendem mais tarde. Se em pequenos não nos acostumamos a guardar o papel no bolso quando não há um cesto de papéis à mão, a não por a música muito alta para não incomodar o vizinho, a dizer obrigado quando nos fazem um

Os hábitos familiares e a transmissão dos valores

Esther García SchmahPedagoga

Justiça, igualdade, tolerância… são palavras que cada dia mais se escutam nas escolas. Entretanto, ficar no nível teórico não serve de nada. E, na prática, esquecemos frequentemente que palavras tão grandiosas como “empatia” ou “respei-

to” se traduzem em premissas tão singelas como “não atirar papéis no chão”, “ceder o assento a quem mais o necessite” ou “abrir a porta a quem vai carregado”.

Saber ser pessoa é mais importante do que saber resolver equações ou saber em que ano começou a Revolução Francesa. Entretanto, se à escola cabe dar a informação, a educação dos valores é principalmente reservada à família.

favor ou a não insultar os que são diferentes, será mais complicado aprendê-lo mais tarde. Porque o civismo, o respeito, a honestidade e todos os valores humanos são em grande medida hábitos, rotinas que aprendemos em família, de forma inconsciente, e que mais adiante chega-mos a valorizar com a reflexão que permite a maturidade.

Por isso, a melhor forma de transmitir va-lores, de aprender a viver em sociedade é não aplicar jamais a tão popular frase de “faça o que eu digo e não o que eu faço”. Se quisermos que nossos filhos alcancem essa sociedade tão so-nhada devemos começar por criá-la nós mesmos e “fazer o que dizemos”.

Que hábitos- valores fomentar?

Vocês só têm que pensar que tipo de pessoas gostariam que fossem os seus filhos e atuar em coerência. Como vimos, a coerência entre as ideias que querem transmitir e a forma como se atua em casa é a chave principal.

O respeito onde primeiro se observa é entre os pais. As decisões do casal devem ser sempre compartilhadas. Se discutem, façam-no de forma tranquila, sem recriminar. Saber viver em sociedade é saber aceitar as opiniões distintas.

Onde mais se fomentam os es-tereótipos é no lar. Vocês têm uma arma a seu alcance: os seus comen-tários. Falem com o seu filho sobre a importância que merece tal ou tal comportamento. Sobretudo, façam-no refletir sobre a influência da televisão.

Compreender ajuda a aprender

Como podemos ajudar uma crian-ça pequena a perceber quais valores são importantes? Uma boa maneira é aplicar a fórmula de “faze pelos outros o que gostarias que fizessem por ti, e não lhes faças o que não gostarias que te fizessem”. E fazê-los entender quando estão agindo contra o bem dos outros, isto à medida em que os fatos vão acontecendo. (www.solohijos.com)

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1o a 15 de janeiro de 2011O PINIÃO 4

Há também a teologia da pesquisa, dos conceitos, do método, da investigação, da sistematização. São os teólogos que interpretam a experiência do cotidiano, que não desprezam, muito pelo contrário, aprofundam esta experiência tão genuina e tão necessária que bro-ta da simplicidade do povo. São os acadêmicos. E é essa teologia pastoral, orientada pelo estudo, que deve orientar de forma prática o Povo de Deus.

Como uma teóloga com formação acadêmica, posso dizer que nós, teólogos, somos impelidos a nos comprometer com coragem e generosidade com a re-novação da nossa Igreja, das nossas comunidades, da nossa sociedade. Somos impelidos a levar vida àqueles que encontramos no nosso caminho. Nesse sentido, so-mos chamados a acordar as consciências adormecidas pela ausência de sentido, pela superficialidade no agir e no julgar, pela falta de instrução.

Uma formação teológica sólida se faz necessá-

Tarciana Matos BarretoTeóloga e advogada

Em 30 de novembro, a Igreja comemorou o dia do teólogo. Se formos pensar de forma mais abran-gente, de certa forma, todos somos teólogos, cha-

mados a conhecer a Deus, a emitir um discurso sobre Ele. O povo de Deus faz a experiência de uma teologia do cotidiano, da escuta da vontade de Deus em suas vidas, do encontro com Ele. Qualquer pessoa que se propõe a experimentar uma vida de comunhão com Deus é, de certa forma, um conhecedor dessa realidade, um teólogo do dia-a-dia.

teologiA dA vidAria hoje com maior vigor, tendo em conta os novos desafios que enfren-tamos como a indiferença religiosa e a crença de que tudo pode ser re-solvido por meio do racionalismo. O conhecimento aprofundado da fé é, em primeiro lugar, indispensável para uma verdadeira evangelização. Por isso, no contexto cultural em que vivemos, uma adequada formação te-ológica é, de maneira incontestável, o melhor meio de enfrentar o grave perigo da indiferença religiosa, da subjetividade e do relativismo ético e cultural.Porém, um teólogo que se preze ja-

mais pode cair na tentação de medir o mistério de Deus com a própria inteligência, mas ser consciente das suas próprias limitações. Presunção nunca, hu-mildade sempre. Uma teologia sem espiritualidade corre o risco de se tornar uma teologia vazia, assim como uma espiritualidade desprovida de teologia corre o risco de se tornar cega. O teólogo está a serviço de Deus, a serviço da Igreja. É chamado a compreender os mistérios de Deus. Nesse sentido, compreender e reconhecer esses mistérios no coração dos mais simples, dos mais pequeninos, dos mais empobrecidos.

Os teólogos são chamados a serem pessoas ousa-das, abertas às novidades do Espírito. Mas, para isso acontecer, é necessário que sejam profundos no conhe-cimento da fé, uma fé vivida, uma fé participada, uma fé celebrada. (twitter.com/tarcianacn)

O Direito Penal desempenha o papel de proteção de bens jurídicos, como a vida, o patrimônio, a honra ou a liberdade sexual. Contudo, uma função desvirtuada do Direito Penal é a chamada função simbólica, que em linguagem política nada mais seria que pura demagogia.

O Direito Penal simbólico, geralmente, se mani-festa mediante propostas que visam explorar o medo e a sensação de insegurança. A intenção do legislador não é a real proteção dos bens jurídicos violados com o crime, mas uma forma de adular o povo, dizendo o que ele quer ouvir, fazendo o que ele deseja que se faça, mesmo que isso não tenha qualquer reflexo na diminuição da criminalidade.

Assim, quando um fato ganha repercussão, surgem propostas de aumento de pena, de supressão de direitos, de criação de novos crimes, mesmo que essa não seja a melhor alternativa para a real solução do problema. Em tais casos, o importante para o legislador é dar uma resposta que satisfaça o sentimento emocional de uma população atemorizada.

Um exemplo sempre apontado pela doutrina como uma manifestação do Direito Penal simbólico é a lei dos crimes hediondos. O crime de extorsão mediante sequestro, que era considerado por penalistas antigos como raro no Brasil, teve sua incidência aumentada, principalmente, por crimes contra pessoas notórias, ocorridos em 1989 e 1990. Com isso, uma sensação de insegurança foi criada, levando o legislador a editar uma lei repleta de imperfeições e inconstitu-cionalidades.

direito penAl simbóliCo ou demAgogiA purA?José Nabuco Filho

Mestre em Direito Penal e professor de Direito Penal e Processo Penal

O crime desempenha um papel emocional – qua-se catártico – na população. Desperta o medo, a ira e o desejo de vingança. Daí o Direito Pe-

nal ser um campo fértil para as propostas esdrúxulas, mais calcadas no emocional da população que na busca efetiva de solução dos problemas criminais.

Apesar do seu rigor, não houve a diminuição desse crime. Ao contrário, a extorsão mediante sequestro, durante a vigência da redação original da lei dos crimes hediondos, atingiu índices bas-tante altos. A lei, portanto, não atingiu a finalidade para a qual foi instituida, mas deu à sociedade uma sensação de que uma resposta rigorosa estava sendo dada.

Outro exemplo curioso é o as-sédio sexual. Houve um momento no país em que a inexistência de uma lei criminalizando o assé-dio sexual parecia ser a fonte de todos os nossos males. Diversas reportagens foram feitas, com maior ou menor dramatização, sempre sugerindo a banalidade da prática e a urgência de uma lei criminalizando-a.

A maioria dos especialistas afirmava que o Direito Penal não era a melhor forma de coibir o assédio, já que, pela dificuldade de sua comprovação e pela vagueza de sua definição, eram mais adequados outros ramos do Direito, como o trabalhista ou o civil. Apesar disso, em 2000, foi aprovada lei criminalizando essa conduta. Muitos festejaram, a autora do projeto deu inúmeras entrevistas, mas nada mudou...

Após dez anos da lei, raras são as decisões con-denatórias. A lei do assédio teria tido o mágico efeito - que nenhuma outra lei penal jamais teve - de acabar com uma prática comum? Claro que não. Os casos de assédio continuaram ocorrendo do mesmo modo, mas o tema saiu da “pauta” e a sensação no povo parece ser a de que não temos mais esse problema.

O Direito Penal é um campo fértil para a exploração da comoção pública, fazendo com que o legislador, me-nos preocupado com a solução dos problemas criminais que em obter dividendos políticos, aprove leis penais que nada contribuem para a diminuição da criminalida-de, apesar de proporcionarem uma enganosa sensação de conforto na população. (e-mail: [email protected] - twitter: @Nabucofilho)

Crianças acompanharam pais desarraigados na invasão de um terreno ocioso na Grande Porto Alegre. Talvez esperassem ter ali encontrado o pedaço de chão em que poderiam morar e viver. Mero engano. Surpreendeu-as mandado judicial de reintegração de posse.

Pequena demora na execução da sentença direcionada à desocupação do terreno invadido fez com que a chegada de homens estranhos ao local levasse as crianças a suporem tratar-se de algo bom para elas. Na sábia intuição destas criaturinhas havia lugar para crer na capacidade humana de fazer o bem. Curtiam vaga suposição daquilo que no idioma dos adultos se traduz por dilema. Em termos gerais é o seguinte: A proprie-dade fundiária ou tem função social ou configura abominável roubo acobertado por vetustas leis de cunho acentuadamente patrimonialista..

Um ordenamento jurídico iníquo ou mal in-terpretado não se sustenta por si só. No mínimo cabe invocar, na análise do ocorrido, declaração do insigne jurista Orozimbo Nonato de que textos legais em vigor contêm “regras latentes encapsu-ladas em regras expressas”.

É fato constatado que o olhar, o sorriso, a manifestação do sentimento de uma criança contêm algo não claramente definível, mas que deveria ser levado em consideração nas decisões que geram efeitos de graves consequências para famílias marginalizadas pelo sistema.

O surpreendente desta situação foi a mudança de comportamento do dono do imóvel protago-nizada pelas crianças.

Vou retransmitir sem retoques a essência do que aquele senhor contou a minha mulher.

Ei-lo: “Possuía eu um sítio aí por perto da cidade

de Gravataí. Da noite para o dia tive uma sur-presa: Quais cogumelos nascidos do sereno da noite, dezenas de casebres ali amanheceram, literalmente cobrindo a área de minha proprie-dade. Fiz o que a lei aprova. Requeri e obtive a reintegração de posse. Para efetivar a decisão do juiz, dirigi-me pessoalmente ao local, acom-panhado por oficial de justiça e um contingente da Brigada Militar.

Foi então que tive a segunda surpresa: Crian-ças e mais crianças cercaram-me.

Rostinhos afáveis em corpos esquálidos me encaravam sorridentes. O que estariam “pensan-do” aquelas crianças? Percebi que elas me con-sideravam um tio que vinha trazer-lhes presentes. Quem sabe, uma boneca, ou um autinho, ou uns bombons? O sorriso e as roupas andrajosas desses anjos de cara suja, incapazes de suspeitar a que grau de crueldade pode chegar a “execrável fome do ouro” e do poder, literalmente me derrotaram. Gritei aos policiais e ao oficial de justiça: Última ordem minha! O terreno é meu e por lei sou eu quem nele manda. Saiam todos daqui. Isto tudo já não me pertence. .É das crianças...!”

Nota ao pé da página: O gesto final do dono do sítio nos lembra o que Jesus disse referindo-se às crianças: “...o Reino de Deus é para os que são como elas” (Mc lO, l4).

criaNças

Antônio AllgayerAdvogado

A festa de Natal dilui a dis-tância que nos separa da criança nascida num está-

bulo da periferia de Belém. Neste ano, pareceu-me oportuno ficar atento ao Natal das crianças iden-tificadas, na pobreza e no desam-paro, com a criança de Belém.

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1o a 15 de janeiro de 2011 EDUCAÇÃO &PSICOLOGIA 5

O DSM (Diagnóstico de Problemas Mentais) da APA (Associação Americana de Psicologia), pu-blicado pela primeira vez em 1952 e em sua quarta edição em 1994, revisada em 2000, aumentou em muito o número de distúrbios mentais, passando de 106 para 365. Ao que parece, em 1952, ainda não tínhamos condições de olhar a pessoa em sua com-plexidade, não estávamos preparados para olhar mais perto, ou para escutar com mais argúcia, para compreender os meandros de seus fingimentos, fingindo até para si mesmo, a fim de poder manter suas ilusões e ingenuidades.

Cordialidade e Cavalheirismo

A decantada cordialidade do brasileiro (ou do “jeitinho”), assinalada como contribuição do brasileiro aos processos civilizatórios que aparece no livro Raizes do Brasil de Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982) é, na verdade, uma longa aprendizagem que se confunde com elegância e boas maneiras. Mas, ao mesmo tempo, encobre outras verdades. Um povo acos-tumado às relações pessoais, mas também à inimizade, que decor-rem da vida rural e patriarcal, na realidade não é afeito à polidez e à civilidade. Antes, pauta-se pelo autoritarismo, ainda que com for-tes conotações afetivas. Constitui-se numa espécie de máscara para abrandar os interesses próprios e conquistar a amizade dos pro-tegidos. Libertando-se do medo de viver isolado, sem os aplausos e as adulações que reforcem sua autoridade, assume atitudes de cordialidade e cavalheirismo.

Saúde Mental: Equilíbrio, Autocontrole e Alegria

Juracy C. MarquesProfessora universitária, doutora em Psicologia

“O poeta é um fingidor/ Finge tão completamente/ Que chega a fingir que é dor/ A dor que deveras sente”. (Fernando Pessoa)

Ter equilíbrio é ser sau-dável. É sentir-se bem consigo mesmo e com

seu ambiente de convivên-cia. Numa pesquisa entre quarenta mil internautas bra-sileiros, obteve-se uma res-posta ilustrativa: “o que mais se aproxima da normalidade é: ter pouco medo e pouca raiva, baixa sensibilidade e alta energia, disposição, além de um grau de controle elevado”, como disse o psi-

quiatra Diogo Lara (Cader-no VIDA, Zero Hora, 2 Out. 2010). Perguntei à Magda, estudante de Psicologia, em seus últimos estágios para completar sua formação, qual era seu entendimento sobre o conceito de normali-dade. Ela me olhou sorrindo e disse: “Lê o que está escri-to em minha camiseta:“De perto, ninguém é normal”. Convencionou-se em nossa cultura que devemos sem-

pre demonstrar em nossas inter-relações pessoais que estamos bem, que não te-mos problemas e que nossa vida transcorre no melhor dos mundos que a vida nos ensejou. Mas se por razões de ofício (terapeutas em situação de consultório, por exemplo) ou por ter com outra pessoa uma amizade mais íntima, a conversa se adentra um pouco mais, desvelam-se raiva, medo e

Contentamento e AlegriaEncontrei Magda, depois de dois anos, exer-

cendo suas funções de Psicóloga, perguntei-lhe, de novo, qual era seu conceito de normalidade. Respondeu-me: “É ter a sensação de bem-estar, equilíbrio e controle, não só meu, mas também de meus pacientes”, e acrescentou: “É para isso que trabalho, através das muitas e contraditórias confi-dências, estabelecendo com eles um vínculo pleno de aceitação e cumplicidade”. É a busca do equi-líbrio, do autocontrole, bem como da diminuição das raivas, ressentimentos e medos, exercitando a enorme força do perdão e da gratidão. Abracei-a, não só pela alegria de reencontrá-la, mas também por me sentir profundamente comovida por suas convicções e evidente sucesso.

Frei Ivo Bortoluz (Paróquia Santíssimo Sa-cramento e Igreja Santa Terezinha, Porto Alegre) escreveu um brilhante e inspirador artigo (Solidá-rio, No. 571, 1º.a 15, Out. 2010): Rosto bonito e religião. Em síntese, ele nos diz que Cara fecha-

da, melancolia, rosto trancado, semblante triste, nada tem a ver com religiosidade. O Evangelho é anúncio de Boa-Nova, portanto, não é por aí que se pode seguir o caminho de Jesus. A minha não é uma doutrina do medo de ser flagrado em pecado e me deparar com um Deus punitivo. É, sobretudo, o contentamento por conhecer Jesus Cristo e fazê-Lo conhecido, por minhas ações. Cultivemos, pois, uma atitude de respeito e reverência, mas que ela espelhe o que está em nosso íntimo que é a alegria de ter encontrado Jesus.

ressentimentos. Entretanto, se a pessoa, em decorrência de manifestações sinceras, aprender a perdoar, dando-se conta da verdade contida no PAI NOSSO, “perdoai as nossas ofensas , assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”, poderá, quase de imediato, readquirir, des-te modo aparentemente tão simples, seu equilíbrio e seu autocontrole, melhorando seu nível de saude mental.

Shaun Attard/sxc.hu

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1o a 15 de janeiro de 2011TEMA EM FOCO 6

Fragmentação das relaçõesConstata-se, com surpresa, que o custo de todo o avanço tecnológico atual é a natureza

depredada, com seus recursos cada vez mais escassos, uma poluição extremamente danosa para o meio ambiente e para as pessoas e profundas alterações no equilíbrio ecológico do planeta.

Todo este cenário macro-econômico, científico e tecnológico engloba também um novo modelo de pessoa. A existência humana, neste contexto, experimenta uma progressiva perda de sentido, de valores e a consequente fragmentação das relações interpessoais. Sem uma perspectiva de sentido global e unificador da vida, a pessoa perde-se no emaranhado de sempre novas opções e decisões, o que gera ansiedade, frustração e angústia. Cresce a ideologia individualista e utilitarista, colocando-se cada pessoa como critério de verdade e de justiça.

Novos sujeitosO que implica ser novos sujeitos para estes novos cenários? Podemos elencar algumas

perspectivas, a título de sugestões:Na dimensão humana, o sujeito religioso ou religiosa é convidado, em primeiro lugar,

a ter consciência de si mesmo, das suas opções, do seu grupo e da realidade circundante. Ser pessoa consciente implica conhecer, estar informado, estar capacitado para a missão, ser disponível. O religioso consciente não se deixa absorver pelo projeto de massificação e subordinação do sistema globalizado.

Em segundo lugar, a liberdade caracteriza o sujeito ativo e eficiente na missão. Liberdade tem a ver com a capacidade de renunciar a si mesmo, a seus projetos pessoais e a assumir um projeto maior da Congregação ou da Igreja. Sem medo, sem parcialidade, sem resistên-cia. Pessoa livre e engajada contribuição para a libertação e autonomia das comunidades.

Em terceiro lugar, a responsabilidade contribui para o perfil da pessoa sujeito. A pessoa se realiza na fidelidade à missão, ao compromisso assumido. É a felicidade de poder servir e contribuir para o bem de todos. Acrescente-se, ainda, a dimensão da abertura para rela-ções interpessoais afetivas, maduras e duradouras. As pessoas amadurecem à medida que se relacionam, interagem e partilham suas experiências. ([email protected])

Novos sujeitos para novos cenários

Pe. Vitor Edezio Tittoni Borges, CSsRPadre redentorista, teólogo e biblista

Tornou-se comum a expressão novos cenários para caracterizar as realidades em constante mudança do tempo presen-te. Alguns elementos significativos ponteiam as grandes transformações do mundo atual. Em primeiro lugar, a ciência desenvolvida pelo espírito humano inquiridor que penetra os segredos da matéria nos seus mais singulares elemen-

tos e estende-se cada vez mais pela amplidão do universo. Parece não existirem mais limites intransponíveis para a capaci-dade do pensamento humano que desvenda e deixa cada vez mais transparentes os segredos da complexidade da vida de

todos os seres, na sua origem, no seu desenvolvimento e no seu ocaso.

(N. da R.: Texto reduzido para adequação técnica. Fonte: Revista Anunciar, ano 35, no 125).

Na esteira da ciência desenvolve-se a técnica capaz, hoje, de produzir má-quinas e equipamentos para solucionar problemas e desenvolver as habilidades humanas em suas dimensões mais sim-ples e também mais complexas. Assim, vem-se destacando a biotecnologia, que coloca sofisticados recursos a serviço da vida, nos hospitais, clínicas, labo-ratórios e mesmo para o uso pessoal e caseiro. Entretanto, toda esta tecno-logia exige uma atenção permanente para que seu uso se mantenha dentro dos limites da ética e do bem comum.

A técnica também conhece grande avanço na dimensão da eletrônica, cujas possibilidades de uso são cada dia mais amplas. Porém, é na área das comunicações e da informação que se verifica o mais esplêndido avanço tecnológico, transfor-mando o planeta numa aldeia global e colocando as pessoas a par dos fatos mundiais em tempo real. O advento da comunicação virtual, através da internet, representa a mais expressiva novidade no campo das comunicações, rompendo definitiva-mente a barreira do tempo, do espaço, da matéria, das línguas, das culturas e aproxima as pessoas mais distantes sem afastá-las de seu próprio lar.

Tecnologias de informação e o destino do mundoCiência e tecnologia abrem caminho para a globa-

lização, especialmente da economia, comandada pelas empresas multinacionais e pelo capital especulativo que migra instantaneamente de um país para outro, em busca de segurança e de lucros maiores. O poder do dinheiro, aliado ao poder científico e tecnológico, decide o destino das nações, das culturas e das pessoas através do mercado. Quem tem capacidade para pro-duzir e consumir participa das benesses do progresso e os demais são excluídos, não contam para a economia de mercado. Persiste a tendência da concentração da renda e da riqueza, que gera sempre mais diferença e distância entre ricos e pobres, incluídos e excluídos.

Logotipia utilizada no Mutirão da Comunicação/2009

Pe. Vitor Edezio Borges

Page 7: Jornal Solidario - Edicao 577

1o a 15 de janeiro de 2011 AÇÃO SOLIDÁRIA 7

Solidário - Quantos são os usuários no Estado?

Pe. Vítor Hugo - Não existem estatísticas confiáveis. Fala-se em epidemia e até em pande-mia. Alguns asseguram que cinco por cento dos gauchos são usuários, o que seria um total de 550 mil usuários. Outros apontam que são dez por cento, acima de 12 anos, resultando em mais de um milhão de pessoas.

S - Com que idade começa o uso? V.H - O que é certo que o uso começa cedo:

nove anos de idade. Por ocasião da Campanha da Fraternidade de 2001 Vida Sim, Drogas Não, a Secretaria Estadual da Educação divulgou uma pesquisa onde afirmava que, na rede estadual de educação, dos alunos homens de 12 a 18 anos, 80 por cento já fizeram uso, em algum grau, de substâncias psicoativas. Em recente entrevista, o atual secretário estadual da Saude afirmou que 50 mil gauchos estão usando crack. Isso significaria que a cada dia um milhão de reais está irrigando o mercado clandestino da droga, corrompendo pessoas particulares, instituições e mesmo órgãos de Estado, apenas com o uso da pedra, que é a 6ª droga mais consumida no RS. Segundo levan-tamentos recentes, há um milhão de brasileiros dependentes do crack, dos quais 30 por cento morrem em, no máximo, cinco anos.

S- As campanhas ajudam?V.H - Penso que certas campanhas fazem

mais mal do que bem e não devemos nos engajar nisso. As campanhas, no máximo, chegam a ser paliativos. O problema é mais profundo e isso a grande mídia não vê ou não quer ver ou até piora as coisas cooptando com a cultura da pressa e do consumismo. O que realmente se sabe é que a droga entra na vida quando a vida se torna uma

Uma doença hereditária,

transmissível, crônica,

progressiva e fatal

A definição é do Pe. Vítor Hugo Gerhard, da diocese de Novo Hamburgo, encardinado na Diocese de Cachoeira do Sul e conhecedor do grave problema social que aflige e destrói tantas famílias brasileiras. “Percorri, praticamente, todo o território do Estado do Rio Grande do Sul e mantenho ainda hoje contato permanente com muitas das instituições

que atuam nesta área”, diz o religioso. E destaca: “Quando falo em dependência química – DQ – não estou incluindo as dro-gas chamadas “lícitas” – álcool e tabaco – nem as farmaco dependências - uso indevido de medicamentos. Restrinjo-me ao

uso abusivo das substâncias psicoativas (SPA), tais como a maconha, a cocaina e a pedra do crack, entre outras”.

DEPENDÊNCIA QUÍMICA

droga. Para inverter essa lógica – e nisso a mídia deveria colaborar de forma consciente – devemos (deveríamos) poder contar com esquemas de pre-venção que funcionam.

S – Como prevenir? V.H - A prevenção começa na

família, na medida em que se consiga desenvolver um modelo de vida fami-liar com limites – vida sem limites é uma droga. A prevenção continua na escola na medida em que se consiga educar para os valores – vida sem con-teudo é uma droga. Se consolida na Espiritualidade, vivida e experimen-tada numa comunidade de fé. Longe de Deus não há qualidade de vida. A prevenção se expressa numa moral de atitudes no contexto da sociedade organizada e na participação em seus conselhos paritários e grupos de voluntariado. Sem isso, teremos que chamar o policial, o delegado e o pro-motor e confiar-lhes a tarefa de reprimir, como se essa doença fosse um caso de polícia, assim como pensam alguns (instituições e pessoas).

S - E a etapa da intervenção.V.H - Por intervenção se entendem as ações

que visem a identificar usuários de droga e famílias feridas pela drogadição e dar-lhes o apoio devido na busca de superação. Isso deveria ser feito pelo setor de saúde dos municípios (Postos de Saude, Saude Mental, CAPs AD, etc...) e pelos grupos de apoio.

S – Quais são os grupos de apoio no Estado? V.H - No Rio Grande do Sul temos os seguintes

grupos de apoio: Grupos de Amor Exigente, 127; Alcoólicos Anônimos, 471; Narcóticos Anônimos, 32 grupos; Pastoral da Sobriedade; Outros grupos,

23 grupos. Total, 660 gruposS - E como recuperar quem está no vício? V. H – Penso que há três formas de recupe-

ração: redução de danos, aplicado pelo Minis-tério da Saude através do programa ‘Saude Mental’ e das CAPs AD dos municípios; internação hospitalar e tratamento medicamentoso; e a residência voluntária em Fazenda de Recuperação, também chamadas de Comunidades Terapêuticas (CTs). Este último é o método mais produ-tivo e eficaz.

S - Por que é mais eficaz? V.H - Porque adotam métodos

não clínicos, medicamentosos ou psiquiátricos. Usam um programa em tempo determinado de residência

e trabalho simultâneo com as famílias.S- Quantas são as Fazendas Terapêuticas no RS? V.H. – Segundo levantamentos que fiz, hoje

temos cinco mil vagas em Fazendas Terapêuticas no Estado, 40 por cento disponibilizadas por ins-tituições ligadas à Igreja Católica; 30 por cento a igrejas Evangélicas, com orientação pela espiritua-lidade cristã e bíblica; 20 por cento são Ongs, sem definição confessional; e 10 por cento, entidades privadas, em geral com fins lucrativos.

S- Onde se concentram essas fazendas? V.H. - Estão assim distribuídas por região/

diocese: Novo Hamburgo, 35; P. Alegre, 58; Bagé, duas; Montenegro, 11; Cruz Alta, cinco; S. Cruz do Sul, oito; R. Grande, seis; Pelotas, cinco; S. Maria, nov; Caxias do Sul, 14; Uruguaiana, quatro; Osório 11; S. Ângelo, dez; Erexim, seis; P. Fundo, sete; Vacaria, uma; F. Westphalen, quatro; e Cachoeira do Sul, quatro. Total 200.

Pe. Vitor Hugo Gerhard

Page 8: Jornal Solidario - Edicao 577

1o a 15 de janeiro de 2011SABER VIVER 8

PÓS-GRADUAÇÃO PUCRSCursos de Especialização

Conhecimento para você chegar mais alto.

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Solidário Litúrgi-co

Dicas de NutriçãoDr. Varo Duarte

Médico nutrólogo e endocrinologistaLucio BarcelosMédico sanitarista

Em novembro, realizou-se na Universidade do Estado do Rio de Janeiro um seminário inti-tulado “20 anos de SUS: lutas sociais contra a

privatização e em defesa da saude pública estatal”.

sAúde: privAtizAção em mArChA!

Para a sobrevivência do SUS, com o caráter e a natureza previstos na Constituição Federal, é uma no-tícia de elevada importância. Contribuirá, certamente, para a retomada da ofensiva da luta por uma saude pública estatal. É um objetivo nobre e urgentíssimo.

Os dados levantados pela pesquisa realizada pelo IBGE, em parceria com o Ministério da Saude, sobre a disponibilidade de leitos hospitalares no país, demonstram isso, de forma cabal.

Primeiro, porque, como já tínhamos antecipa-do, está em curso um processo de redução de leitos públicos e de aumento de leitos privados. No Rio Grande do Sul, de acordo com o Cadastro Nacio-nal de Estabelecimentos de Saúde (CNES), 84% dos leitos hospitalares são privados. É importante que se esclareça que esse movimento não está restrito aos leitos hospitalares. Todas as ativida-des relevantes do sistema – meios diagnósticos e terapêuticos, pesquisa, produção de medicamentos equipamentos – estão, em sua imensa maioria, nas mãos do setor privado. A mesma pesquisa demonstra esse fato. O número de tomógrafos e de ressonâncias magnéticas é, respectivamente, 7 e 10 vezes maior no setor privado, comparado com a oferta aos pacientes do SUS. Para um sistema que se pretendia que fosse público estatal e “com-plementado” pelo setor privado, o que se vê é uma

marcha acelerada para a privatização. De um ponto de vista geral, a

redução de leitos hospitalares, em um determinado território, não sig-nifica, necessariamente, uma piora do sistema de atenção à saude. Pode, ao contrário, ser a expressão de uma melhora na qualidade e na cobertura da rede de atenção primária (no caso

do Brasil, o modelo utilizado é a Estratégia Saude da Família). Diferentes estudos mostram que a expansão da cobertura na rede primária determina uma redução da necessidade de leitos hospitalares.

Infelizmente, a situação descrita pela pesquisa do IBGE, e destacada pela imprensa, indica uma situação inversa. Isto é, ocorreu uma redução de leitos no período 2005/2009, sem que houvesse uma ampliação da rede básica de atenção à saude. No RS, a cobertura da atenção primária (modelo PSF) não ultrapassa os sofríveis 39% da popula-ção. Em Porto Alegre, a situação é mais crítica ainda. São apenas 21% de cobertura populacional pelo modelo saude da família. São 101 equipes que atendem 290 mil habitantes para uma popu-lação total de 1 milhão e 400 mil habitante.

Assim, são dois movimentos perversos inter-cambiáveis: uma redução de leitos “públicos”, e um aumento de leitos privados. E, concomi-tantemente, uma ausência incompreensível de investimentos na rede básica de saude. Que é tida, por todos os que pretendem entender um pouco de saude pública, como o sub-sistema que orienta e coordena todo o sistema. Garantir os pressupostos constitucionais, investindo em um modelo de saude pública estatal, faria, como diz o SIMERS, bem à saude da população.

alimeNtação escolar 2

Médico escolar concursado, assumindo em 1966, passei a acompanhar a merenda distribuida nas escolas, tendo como minha primeira escola a Prof. Otávio de Souza,

no Jardim Botânico. Meu primeiro curso de Nutrição foi realizado em 1968, na UFRGS, sob a coordenação de Rubem Mena Barreto Costa. Fui aluno da inesquecível médica pediatra Hebe Tourinho, posteriormente minha amiga e colega como professora, na Fa-culdade de Medicina da PUCRS. Convidado por Mena Barreto, passei a exercer minha atividade na Secretaria de Educação, no Programa de Nutrição Escolar em 1970, por ele chefiado. Quando de sua aposentadoria, fui nomeado pelo governador do Estado gerente do Programa de Nutrição Escolar do Estado.

Passei a frequentar semanalmente reuniões dos Círculos de Pais e Mestres, proferindo palestras sobre Educação Alimentar.

Notou-se a necessidade de distribuir um resumo destes en-sinamentos e começamos a editar na SEC a explicação da nossa Roda dos Alimentos. Estes escritos foram a origem de nossos livros e a inspiração, hoje título de meu mais divulgado livro Coma de tudo sem comer tudo.

Hoje, mais de 12 livros tiveram inspiração no trabalho de Mena Barreto, na divulgação da Educação Alimentar, posterior-mente incentivados pelos versinhos do prof. Eugênio Carvalho Junior, inicialmente publicados em 1966, com o titulo Educação Alimentar.

Inicia o mestre :Meninos, vou lhes contarUma história diferente, Que serve pra divertir, Mas também ensina a gente.

Permito-me aqui reproduzir alguns de seus versinhos: Por certo já lhes falaram Nas famosas vitaminas, Que dão saúde e vigor A meninos e meninas. São muitas e se conhecem Pelas letras do alfabeto,Dão pra fazer uma pilha Quase da altura do teto. Cada uma tem seu nome E todas são importantes O que podemos mostrar Dentro de poucos instantes. Mas não pensem, meus amigos, Que elas são medicamentos;São produtos naturais que existem nos alimentos.Mas os homens que são tolos Desconhecendo a verdade, Procuram sempre encontrá-las Nas farmácias da cidade!Pra que vocês não repitam Um erro assim tão vulgar,É que nós nos decidimos A esta história lhes contar. Assim temos as vitaminas A, B, C, D, K, E, e outras mais.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, cerca de 10% das populações dos centros urbanos de todo o mundo consomem abu-sivamente substâncias psicoativas, independentemente da idade, sexo, nível de instrução e poder aquisitivo.

No Brasil, o que constatamos atualmen-te é que tal uso tomou proporção de grave problema de saude pública, atingindo di-versos segmentos da sociedade, pela relação comprovada entre o consumo e agravos

sociais que dele decorrem ou que o reforçam.

A boa notícia é que nossa socie-dade tem nos disponibilizado uma ampliação das políticas potenciais, na intenção de promover novas possibilidades de vida para aqueles

que sofrem devido ao consumo de álcool e outras drogas.

Ao instituir a Lei 8080/90, o Sistema Único de Saúde (SUS) reforça este conjunto de ações e serviços que têm por finalidade a promoção de qualidade de vida para a população, garantindo o acesso de todos a uma assistência integral, que funcione de forma regionalizada. Isto é, para cada região da cidade, determinados serviços de atendi-mento mais próximos do convívio social de seus usuários.

Tais ações, baseadas em dis-positivos extra-hospitalares de atenção psicossocial especializada com equipe multiprofissional – en-volvendo consultas clínicas, grupos terapêuticos, oficinas e atenção aos familiares - devem estar articulados à rede assistencial em saude mental e ao restante da rede de saude. A partir da lógica ampliada de redu-ção de danos, de forma integrada ao meio cultural e à comunidade, torna-se mais possível um trabalho de atenção e tratamento.

Dicas para buscar atendimento: CAPSad – Centro de Atenção

Psicossocial álcool e outras drogas: Para marcar a consulta, a pessoa deve procurar um posto de saude de sua área de abrangên-cia e pedir encaminhamento para o CAPS de sua região.

*Equipe de Linha de Cuidado em Saú-de Mental Grupo Hospitalar Conceição

Maria Marta OrofinoTerapeuta Ocupacional*

O enfrentamento da proble-mática de novas estratégias de atenção às pessoas que

consomem álcool e outras drogas constitui uma demanda mundial.

novAs possibilidAdes de vidA pArA drogAdos

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1o a 15 de janeiro de 2011 ESPAÇO LIVRE 9

Luiz F. Cirne Lima - 01/01Emílio H. Moriguchi - 02/01

Maria I. H. Rodrigues - 03/01Yokio Moriguchi - 15/01

LIVRARIA PADRE REUSAdquira o lançamento da nova edição de cantos e orações do

Apostolado da Oração, Cantos e Orações.Também está disponível o Catecismo do Apostolado da Oração

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Solidário Litúrgi-co

Humor Sem FronteirasMartha Alves D´Azevedo

Comissão Comunicação Sem Fronteiras

Leonard Thury/sxc.hu

DeclíNio De guerrilheiros

Noticia divulgada em outubro último informa que quase 2 mil guerrilheiros desertaram na Colômbia. Forças Revo-

lucionárias da Colômbia (FARC), Exército de Libertação Nacional (ELN), e um outro grupo inexpressivo, que monitoravam a guerrilha na Colômbia, sofreram baixas consideráveis registradas neste ano em que 1924 guerri-lheiros desertaram, 220 deles em setembro.

O governo colombiano distribuiu uma cartilha, elabora-da pela Marinha, com a qual orienta eventuais desertores e promete reintegração à vida civil com a ajuda governamen-tal. A ideia de que militantes da guerrilha estariam buscando auxilio do governo para poder voltar à sua integração à sociedade colombiana, é acompanhada pelo depoimento de muitos deles que acusam as péssimas condições em que viviam na selva. Percebe-se que a maioria deles ingressou na guerrilha muito jovem, 16 anos alguns, quando os ideais libertários empolgavam toda a juventude.

Com o passar do tempo, a situação em que viviam foi se tornando um pesadelo, alimentado pela corrupção, que tomou conta das lideranças. O mundo mudou, a tec-nologia chegou até os acampamentos onde viviam em situação bastante precária, e os jovens idealistas do inicio começaram a perceber que os ideais dos pioneiros haviam sido esquecidos e os atuais dirigentes encontravam-se en-volvidos com o narcotráfico, onde o dinheiro cresce cada vez mais e alimenta a corrupção sem limites. E os jovens de ontem, adultos hoje, percebem a distorção acontecida e não veem sentido em continuar colaborando para que o problema continue.

Michel, que ficou oito anos e tinha cargo de chefia, faz uma declaração sentida: “A luta deles não é pelo povo colombiano, como chegamos a acreditar. Há corrupção e roubos. Todos lá vivem como animais”.

Dos 20 mil guerrilheiros que militavam nas fileiras da guerrilha há 10 anos atrás, calcula-se que hoje ainda existam 8 mil, que ainda não encontraram uma maneira de sair aceitando as condições oferecidas. ([email protected])

Catequese

Baseado na Parábola da Ovelha Perdida, Lucas 15,3-7

(Leve uma ovelha de pelúcia e um galho seco onde a ovelha possa ficar presa.)

(Faça o balido de uma ovelha: bé, bé, bé...). (Mostrando a ovelha) Seu nome era Floco de Neve. Vou contar a estória de uma pequena ovelhinha. Ela morava junto

com sua família: a mamãe ovelha e talvez seus irmãos e muitos outros amigos e parentes.

Mas, onde Floco de Neve morava, era uma região deserta. Não tinha água, nem grama, só areia. Por isso, logo que o sol aparecia lá no horizonte , o pastor abria a porteira e chamava suas ovelhas. Elas iam saindo uma a uma e faziam uma fila atrás do pastor.

Então eles caminhavam por muito tempo. Subiam e desciam mor-ros, atravessavam estradas e caminhos e, finalmente, quando Floco de Neve não aguentava mais de fome, chegavam numa campina verdinha. O pastor parava e se assentava na grama, enquanto suas ovelhinhas comiam muita grama até a barriga ficar cheia. Então, elas deitavam na relva macia e dormiam felizes ao sol.

Mais tarde, quando acordavam, Floco de Neve e outras ovelhinhas ficavam brincando perto da sombra de uma enorme árvore. Depois comiam bastante outra vez e, no final da tarde, o pastor as chamava de novo (pode ir chamando as ovelhas pelo nome das crianças). Ele as levava até um riachinho onde todas bebiam muita água fresquinha e de lá, voltavam para casa. Quase sempre chegavam quando já estava escurecendo, para dormir no curral.

Um dia, enquanto as ovelhinhas bebiam água para voltar para casa, Floco de Neve quis conhecer melhor aquele lugar. Ela se afastou só um pouquinho do rebanho e viu um monte. Subiu correndo e de lá de cima viu o céu azul, viu as montanhas do outro lado, viu algumas campinas e uma estrada. Ficou só um pouquinho ali e, quando ia descendo, não se lembrava mais qual o caminho. Começou a balir (bé, bé, bé) Mas ninguém a escutava.

Rapidamente escureceu e um vento forte e gelado começou a soprar. Floco de Neve estava com medo e procurou um lugar para se abrigar; foi quando escorregou e caiu. Caiu até ficar presa num galho que a machucava. Tinha medo de se mexer e cair mais ... mas seu corpo doía!

Pobre Floco de Neve! Estava perdida, com frio, com medo e não sabia mais voltar para casa. Começou a balir, balir até ficar rouca. Po-rém, havia ninguém para escutá-la. Ou havia? De repente, no meio do escuro da noite ela viu a fraca luz de um lampião que se aproximava. Sentiu duas mãos puxando-a para cima e alisando seu pelo, abraçando-a e apertando-a contra o peito, enquanto falava-lhe mansamente.

Sabem quem era? Isso mesmo! O pastor. Ao guardar as ovelhas na-quela tardinha, ele sentiu a falta de Floco de Neve. Fechara muito bem a porta do curral e correra de volta procurando sua pequenina ovelha.

Jesus contou esta história e disse que Ele é o Bom Pastor. Por isso, quando você se sentir perdida, quando desobedecer, lembre-se que Jesus, o bom Pastor, ainda a ama e a quer de volta bem pertinho dEle!

Vamos agradecer-Lhe por seu interesse por nós.

A ovelhinhA AmAdAMULTA PRÉ-DATADA

Sábado pela manhã, um baita sol, o sujeito põe a família no carro e decide ir para a praia. Na estrada, porém, ele é parado por um guarda:

- O senhor está multado, está acima da velocidade permitida!

- Pô, seu guarda! Não faz isso comigo! O senhor vai estragar o meu fim de semana!

- Não seja por isso... Eu vou fazer a multa com data de segunda-feira!

ENTRE PRESIDENTESEm visita ao Presidente

da Suiça:– Este é o ministro da

Saude, este é o ministro da Fazenda, este é o ministro da Justiça, este é o ministro da Educação, este é o minis-tro da Marinha…

Nesta altura, nosso pre-sidente começa a rir e logo interpela:

– Desculpe sr. presiden-te, mas para que o senhor tem um ministro da Mari-nha, se o seu país não tem mar?

E o presidente da Suíça responde:

– Quando Vossa Exce-lência apresentou os minis-tros da Justiça, da Educação e da Saúde... eu não ri!

PERGUNTA E RESPOSTA

Que mar é maldoso?– O Marginal.Porque a água foi presa? – Porque ela matou a

sede...– O que a areia disse

pro mar? – Deixa de onda.

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1o a 15 de janeiro de 2011IGREJA &CCOMUNIDADE 10

Solidário Litúrgico

26 de dezembro - Sagrada FamíliaCor: branca

2 de janeiro - Epifania do SenhorCor: branca

9 de janeiro - Batismo do SenhorCor: branca

16 de janeiro - 2o Domingo ComumCor: verde

1a leitura: Livro do Eclesiástico (Eclo) 3,3-7.14-17a

Salmo 127 (128), 1-2.3.4-5 (R/. cf 1)

2a leitura: Carta de S. Paulo aos Colossenses (Cl) 3,12-21

Evangelho: Mateus (Mt) 2,13-15.19-23

NB.: Para a compreensão dos comentários litúrgicos é fundamental que se leia, antes, os respectivos textos bíblicos.

Comentário: Falemos da família. Da família que chamamos “sagrada”, das famílias deste nosso tempo. No livro do Eclesiástico, encontramos estas ver-dadeiras joias para o relacionamento fa-miliar querido por Deus e que a família chamada moderna ou pós-moderna pa-rece ter esquecido ou não sabe apreciar. Isso possivelmente explique o porquê do esfacelamento de grande parte das famílias. Diz o texto: Quem honra seu pai, alcança o perdão dos pecados, será ouvido na oração, terá uma vida longa e a alegria com seus próprios filhos. Quem respeita sua mãe ajunta tesouros e quem

obedece ao pai é o consolo da sua mãe (3,4-7). O texto fala por si, viver seu espírito e sua prática, eis o desafio para uma vida familiar feliz.

O relato evangélico deste último domingo do ano e ainda dentro das celebrações do nascimento de Jesus nos leva a contemplar a sagrada famí-lia: Maria, José, Jesus. E o episódio narra como, diante da ameaça à vida de Jesus, os pais não hesitam em buscar refúgio em país estrangeiro, aceitando os sofrimentos e os riscos que aquela viagem significou. O viver em família, as relações entre pais e filhos, sofrem todo o tipo de ameaças, sem dúvida. Então, num mundo onde a vida familiar é desprezada e até atacada e tendo como referência a sagrada família, possam as famílias cristãs de hoje fortalecer a sua vivência da fé, criando laços de amor e doação, baseando-se nos valores evangélicos de solidariedade, justiça e partilha. Num mundo que idolatra o “Ter” e o ‘Poder”, seja nosso lar um oásis onde encontramos o pão e o vinho da alegria, do perdão, do amor.

1a leitura: Livro do Profeta Isaias (Is) 60,1-6

Salmo 71 (72), 2.7-8.10-11.12-13 (R/. cf 11)

2a leitura: Carta de S. Paulo aos Efésios (Ef) 2,2-3a.5-6

Evangelho: Mateus (Mt) 2,1-12Comentário: O episódio bíbli-

co dos reis magos, sábios ou reis que vêm de outras terras, de outra cultura, de outra fé, de um mundo diferente da realidade cultural e re-ligiosa do mundo judeu revela que esta criança que nasce na pobreza extrema de um curral de animais vem, não para um povo, uma re-gião, uma determinada religião; esta criança vem com um projeto salva-dor para toda a humanidade. E quer impregnar com seu espírito todos os povos, nações, raças e línguas para que a humanidade volte ao projeto primeiro da criação: todos, homens e mulheres, pais e filhos, irmãos e irmãs, parentes ou não parentes, gente, pessoas... todos possam ser e viver felizes como uma única e grande família universal. Esta é a utopia do projeto de Jesus, a criança

que os magos buscavam e não en-contraram no palácio do rei, mas na singeleza de uma gruta, na periferia da pequena e insignificante cidade de Belém.

Historicamente, instituições religiosas quiseram apropriar-se de Jesus, afirmando serem as úni-cas “autorizadas” a falar em seu nome. Na sua vida pública, Jesus sempre rejeitou ser aclamado rei e, inclusive, ser tido como o Messias. Retirava-se, sozinho, para rezar. Possivelmente, pedindo ao Pai que as pessoas compreendessem que seu Reino não era deste mundo nem do modelo de reino que os judeus queriam. Um dia, quando os discí-pulos queriam proibir que algumas pessoas falassem de Jesus por não serem do grupo de discípulos, Jesus foi enfático: “Deixem que falem; quem não é contra nós, é a nosso favor”. Jesus é de todos, seu Projeto de vida em abundância é para toda a humanidade. Esta é a mensagem central desta festa da Epifania ou da manifestação de Jesus a todos os povos e nações.

1a leitura: Livro do Profeta Isaias (Is) 42,1-4.6-7

Salmo 28 (29), 1a.2.3ac-4.3b.9b-10 (R/.11b)

2a leitura: Atos dos Apóstolos (At) 10,34-38

Evangelho: Mateus (Mt) 3,13-17

Comentário: O batismo é o primeiro sacramento de todo cris-tão e abre as portas para receber todas as graças que o Pai promete a seus filhos e filhas. A sacramen-talidade do batismo vem do fato bíblico de que o próprio Jesus buscou a João para ser batizado, apesar dos protestos do Batista: Eu preciso ser batizado por ti e tu vens a mim (3,14). Através do rito batismal, o cristão participa da natureza divina, é lançado no coração da obra de salvação e sua vocação passa a ser a busca da san-tidade. Como para Jesus, vale para todo o cristão a palavra que vem do céu: Este é meu filho amado no qual eu pus o meu agrado (13,17). Como filhos bem amados, os cris-tãos são chamados a irradiar por toda parte o amor que beatifica, purifica e salva.

A que dignidade somos eleva-dos, nós que somos batizados e cre-mos em Jesus como único Salvador e vivemos segundo esta fé! Antes de Jesus, a vida dos homens era dominada pelo pecado; agora, nossa vida é animada pelo Espírito Santo, Espírito do Senhor Jesus. Foi este sentimento de pertencer à família de Deus que levou Paulo a exclamar: Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim. Enquanto vivo a vida mortal, vivo na fé do Filho de Deus que me amou e entregou-se a si mesmo por mim (Gl 2,20). Ser ba-tizado, ser cristão é viver no mundo, testemunhando sua fé em obras de bondade, de justiça, de entrega aos demais, oferecendo sua vida ao Pai e configurando o mundo histórico segundo as exigências do Reino de Deus. Ser discípulo missionário é projetar para a humanidade as ener-gias renovadoras do Evangelho. O mundo só será melhor no dia em que todos os batizados viverem o seu ba-tismo, testemunhando, pelo anúncio e pela ação, que Deus, em Jesus, por Jesus e com Jesus, continua presen-te na história e caminhando com a humanidade.

1a leitura: Livro do Profeta Isaias (Is) 49,3.5-6

Salmo 39 (40), 2.4ab.7-8b-9.10 (R/. 8a.9a.

2a leitura: 1a Carta de S. Paulo aos Coríntios (1Cor) 1,1-3

Evangelho: João (Jo) 1,29-34Comentário: Nas leituras des-

tes primeiros domingos do ano, a figura de João Batista ganha uma particular importância. João, o filho “na velhice” de Izabel e do desconfiado sacerdote Zacarias, participa, intensamente, da his-tória humana do próprio Jesus. Ele exulta no ventre de Izabel quando Maria vai visitar a prima, grávida de Jesus. Depois, o reen-contramos, pregando no deserto um batismo de penitência e de conversão. O batismo de João era necessário e preparava para o ba-tismo no Espírito Santo, batismo do tempo novo de Jesus. João é o último dos grandes profetas do Antigo Testamento, ele é a ponte que une o Antigo com o Novo Testamento. Inspirado por Deus,

ele dá testemunho de que Jesus é o Messias, o enviado, o salva-dor ansiosamente esperado pelo povo da aliança, o povo de Israel: Aquele que me enviou, me disse: sobre quem vires o Espírito Santo descer e permanecer, este é quem batiza no Espírito Santo. Eu vi e dou testemunho: este é o Filho de Deus (1,34).

Parecem palavras, nada mais que palavras. Mas, a vida e o teste-munho de João são a base de nossa fé e o fundamento para a vida de todo cristão, sem o que o batismo é apenas um rito que se “sofreu” em criança, mas que não tem incidên-cia na vida. Agora, se acreditamos no que João diz, se acreditamos que Jesus é, de fato, o Filho de Deus, o Messias, o Salvador, nossa fé tem sentido e somos, de todos os homens, os mais felizes. Sempre e quando vivemos esta fé em nosso dia-a-dia. ([email protected])

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1o a 15 de janeiro de 2011 ESPAÇO DAARQUIDIOCESECoordenação: Pe. César Leandro Padilha

11Solicita-se enviar sugestões de matérias e informações das

paróquias. Contatos com a jornalista Cynara Baum pelo e-mail [email protected] ou fone (51)32286199. Acompanhe o

noticiário da Pascom pelo twitter.com/arquidiocesepoa

2.000 anos de turbulências - XVII

Imagem Peregrina de N. Sra. dos Navegantes circulará entre

paróquias e comunidadesEm preparação à 136ª Festa de Nossa Senhora dos Navegantes, em

Porto Alegre, o maior acontecimento religioso do sul do país, a Imagem Peregrina de Nossa Senhora será acolhida nas paróquias e comunidades da Capital e Região Metropolitana. Também será disponibilizado um banner no tamanho 100X50cm , com a imagem da Santa. No dia 2 de janeiro, após a missa das 18h na paróquia, a imagem seguirá para a Igreja São João Batista, a primeira do roteiro.

A imagem está na cidade há 140 anos (março de 1871) e a festa está em sua 136ª edição. A comoção à santa tornou-se feriado municipal graças a interseção do cardeal Alfredo Vicente Scherer, arcebispo me-tropolitano de 1947 a 1981, que enviou o pedido a Câmara Municipal de Porto Alegre.

Segundo o Pe. Luiz Remi Maldamer, pároco da paróquia Nossa Senhora dos Navegantes, “essa inovação tem a finalidade de despertar a consciência das pessoas a Nossa Senhora, que floresceu essa piedade popular e expressões amáveis de louvor e devoção a Santa”.

A Festa de Navegantes é comemorada no dia 2 de fevereiro com uma grande procissão pelas ruas de Porto Alegre, que parte da Igreja de Nossa Senhora do Rosário em direção a paróquia de Nossa Senhora dos Navegantes.

A paróquia de Nossa Senhora dos Navegantes fica na Pça. dos Na-vegantes nº 12, Bairro Navegantes em Porto Alegre. Mais informações e agendamento pelo fone (51) 3342.1120.

O Vicariato Episcopal da Cultura da Arquidiocese de Porto Alegre apresenta seu novo livro intitulado Pastorais Ambientais na Arquidiocese de Porto Alegre. A publicação pretende mostrar ao povo da Arquidiocese aquilo que as muitas formas de Pastorais Ambientais realizam pela Igreja fora do ambiente paroquial.

Segundo o arcebispo metropolitano, Dom Da-deus Grings, “o Vicariato da Cultura nos enriquece com esta resenha de pastorais que não se confinam ao território de alguma paróquia, mas se atêm aos ambientes específicos das diversas atividades dos leigos. Abre assim um amplo leque para o enriquecimento da visão da Igreja, presente no mundo, bem como lança um convite para que cada leigo encontre seu lugar e caminho nesta maravilhosa construção de um mundo cristão, por isso mais justo, fraterno e próspero”.

As Pastorais Ambientais cujo o histórico consta no livro são: Ação Católica dos Profissionais do Direito, Associação dos Dirigentes Cristãos – ADCE, Associação dos Médicos Ca-tólicos – AMEC, Cáritas, Casa Fonte

Novo livro do Vicariato da Cultura Colombo, Centro de Orientação ao Migrante – COMIG, Comissão Ar-quidiocesana de Arte Sacra – CAAS,

Comunidade Terapêutica Acolher, Deus pela Arte, Diálogo Inter-religioso, Ecumenismo, Escola do Bem Comum, Paróquia Universitária, Pastoral da Comunicação – PASCOM, Pastoral da Criança, Pasto-ral da Educação, Pastoral da Pessoa Idosa, Pastoral da Saúde, Pastoral Familiar – PF, Pastoral dos Políticos Católicos, Pastoral Univer-

sitária – PUCRS, Serviço interconfes-sional de Aconselhamento – SICA.

No início de 2010, o Vicariato também editou o livro Movimentos Leigos na Arquidiocese de Porto Ale-gre, que conta um pouco da história de 31 movimentos, comunidades, comissões e serviços que servem na Arquidiocese, levando a todos conhe-cer um pouco mais a espiritualidade de todos os movimentos.

Os dois livros estão à venda na Livraria do Centro Arquidiocesano de Pastoral de Porto Alegre, que fica na Pça. Emílio Lottermann nº 96, Bairro Floresta. Mais informações pelo fone (51) 3222-3988 ou pelo e-mail [email protected]

O dia 12 de dezembro na Capital gaúcha não foi comum como todos os domingos. Isto porque o Pe. José Luiz Schaedler, diretor geral da Rede de Escolas São Francisco e Santuário de Fátima completou 25 anos de vida sacerdotal com o lema: “Buscai em primeiro o Reino de Deus e a sua justiça.”

Ele presidiu a celebração campal que contou com a presença do bispo auxiliar de Porto Alegre, Dom Remídio Bohn, o diácono permanente, Leo Eberhardt, que também completou 25 anos de diaconato, e o recém ordenado diácono Luciano da Silva, além de diversos padres da Capital e Região Metropolitana.

Dom Remídio lembrou em seu sermão a importância do serviço pelo Reino de Deus e destacou o compromisso do Pe. José Luiz nestes 25 anos, sendo um exemplo para todos nós. Ele administra com solidez a Rede de Escolas São Francisco, desde a morte do monsenhor Roncato

Pe. José Luiz Schaedler comemora 25 anos de vida sacerdotal

Sob o Papado de Leão I (440-461), o referido monge começou a pregar que a na-tureza divina de Cristo “absorvia” a natureza humana. Era como se Jesus tivesse apenas uma natureza, a divina. Esta heresia ficou conhecida como Monofisismo, que quer dizer “uma só natureza”. Assim, negava-se que Jesus fosse verdadeiramente homem. Em 448, foi realiza-do um sínodo em Constantinopla, e o Patriarca Flaviano mostrou que Êutiques estava errado. Este não se conformou e continuou pregando o monofisismo. O Patriarca, então, expôs o problema ao Papa Leão I, pedindo uma defi-nição oficial. Este escreveu a famosa “Carta Dogmática”, na qual afirmava que Jesus era verdadeiramente Deus e verdadeiramente ho-mem. Êutiques rejeitou a Carta e convocou um sínodo em Éfeso, no ano de 449, com o apoio do Imperador Teodósio II, e do Patriarca de Alexandria, Dióscoro, que presidiu o sínodo. Os representantes do Papa foram impedidos de falar e, assim, a Carta de Leão I não pode ser lida. Dióscoro chegou até a “excomungar” o Papa, e o imperador mandou para o exílio os bispos fiéis a Roma. Esse sínodo foi chamado também de “Latrocínio de Éfeso”. No ano de 450, o imperador caiu do cavalo e morreu. Sua irmã, a imperatriz Pulquéria, mandou regressar do exílio todos os bispos que defendiam a doutrina da Igreja. Então, o Papa Leão I, com o

novA polêmiCA sobre Cristo

Em meados do século V, a Igreja foi en-volvida numa nova polêmica sobre Jesus Cristo. Desta vez, ela surgiu no Oriente,

através do monge Êutiques, Constantinopla.

apoio de 600 bispos, realizou o Concílio de Calcedônia (o 4º Concílio Ecumê-nico). Este definiu que em Jesus Cristo existe uma só pessoa,

mas duas naturezas: a humana e a divina, “sem confusão e sem separação”. Dióscoro também compareceu, levando consigo 17 bispos monofisistas, dispostos a depor o Papa. Mas, no fim, Dióscoro é que foi deposto e, após o brilhante discurso do Papa, os bispos presentes aplaudiram e disseram as famosas palavras: “Esta é a fé dos Apóstolos! Assim cremos todos. Pedro falou pela boca de Leão”.

Este Papa recebeu o nome de Leão, o Grande (Magno), pela sua coragem, inteli-gência e virtudes morais, bem como pelo espírito que o animou sempre em defender Roma das invasões dos bárbaros. Em 452, os bárbaros invadiram a Itália e estavam a caminho de Roma, sob o comando do terrível Áttila, rei dos Hunos. Atemorizado, o impe-rador Valentiniano enviou uma embaixada para negociar com o bárbaro, tendo à frente o Papa Leão Magno. O encontro aconteceu junto à confluência dos rios Pó e Míncio. Áttila desistiu da invasão. O pintor Rafael imortalizou num quadro esse encontro. Ao regressar a Roma, Leão Magno mandou der-reter a estátua de Júpiter, a maior divindade do paganismo, e com seu bronze fez a bela estátua de São Pedro, que se encontra até hoje na Basílica de São Pedro, no Vaticano. (CA/Pesquisa)

e o Santuário de Fátima” elogiou.Com muita animação e fé, a cerimônia foi

finalizada com inúmeras homenagens de paro-quianos do Santuário Nossa Senhora de Fátima, dos professores da Rede, e da Sociedade Benefi-cente e Educacional São Cristovão, do Seminário de Viamão e Gravataí e dos seus colegas padres jubilandos que estavam presentes.

Após a cerimônia festiva, todos os convi-dados foram recepcionados no Salão de Eventos da Escola para o almoço festivo. No período da tarde, os convidados foram agraciados pela apre-sentação musical de Dante Ramon Ledesma que fez uma singela homenagem ao padre. Ele veio do Uruguai até Porto Alegre para homenageá-lo. “Eu fiz questão de prestar esse reconhecimento ao amigo pe. José Luiz”, afirmou.

A festa continuou até o entardecer com muita alegria e homenagens. (Por Rubens Melo; fotos: professor Jones Nunes)

Pe. José Luiz (esq.) e Dom Remídio Bohn Muitas pessoas assistiram à celebração

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Porto Alegre, 1o a 15 de janeiro de 2011

Férias! Bela oportunidade para o reencontro consigo mesmo, com a família, com a natureza e com Deus. E, por que não: uma retomada e retorno a atividades comunitárias e frequência às celebra-ções litúrgicas.

Abaixo, os horários de missas nas seis paróquias do Litoral Norte, em janeiro e fevereiro. Os dias e horários de missas nas comunidades balneárias estão à disposição na página oficial da Diocese de Osório (http://www.diocesedeosorio.org/) ou nas respectivas paróquias, cujos telefones também constam abaixo.

Veraneio com oração

TORRES PÁRÓQUIA SÃO DOMINGOS

Fone: (51) 3664.11.66 Pároco: Ceverino CragoVigário: Paulo Ricardo SchmidtA Igreja Matriz está em reforma. As funções pa-róquias estão sendo temporariamente de-senvolvidas junto ao Hospital e Capela Santa LuziaSegunda a sexta-feira – 19hSábados –18h e 20h Domingos - 7h30min, 9h, 18h e 20hCapela São FranciscoSábados – 20h A paróquia atende ainda as seguintes comunidades balneárias: São Jorge, São Francisco, Faxinal, Stan, Curtu-me, Igra, Getúlio Vargas, Itapeva Norte, Guarita, Salinas

TORRES - VILA S. JOÃO PARÓQUIA S. JOSÉ OPERÁRIO

Pároco: Pe. Leonir AlvesFone (51) 3605 2592

A sede paroquial fica fora da área balneária. Mas atende as seguintes comunidades balneárias: Ita-peva Sul, Praia Weber, Paraíso e Estrela do Mar.

ARROIO DO SALPARÓQUIA NOSSA

SENHORA DE LOURDES Fone: (51) 3687.2177Pároco: Pe. Celito Manganelli Matriz:Quartas a sábados - 21hDomingos – 8h e 21hA paróquia atende as seguintes comunidades balneárias:Figueirinha, Areias Brancas, Qua-tro Lagos, Rondinha Nova, Jardim Olívia (H. Apressul), Arroio Seco, Marambaia, Balneário Atlântico, Rondinha Velha, Es-tância do Meio e Bom Jesus

CAPÃO DA CANOA PARÓQUIA NOSSA

SENHORA DE LOURDESFone: (51) 3665.2356Pároco: Edson Luiz Bataglin Vigário: Luiz Carlos Rosa da SilvaMatriz Terças a Sextas – 20hSábados – 19h e 21hDomingos – 8h30min, 19h e 22hA paróquia atende as seguintes comunidades balneárias: Capão Novo, Santuário – Zona Nova, Arroio Teixeira, Curumim, Praia do Barco, Santa Luzia, Zona Norte, Hospital S. Luzia e Santa Rita de Cássia

XANGRI-LÁPARÓQUIA SÃO PEDRO

Fone: (51) 3689 2051Pároco: Gibrail Walendorf Matriz:Terças-feiras a sábados : 19h30minDomingos : 8h e 20hA paróquia atende as se-guintes co-m u n i d a d e s balneárias: A t l â n t i d a , A t l â n t i d a Sul, Rainha do Mar, Re-manso, Figueririnha e Guará,

TRAMANDAÍ PARÓQUIA NOSSA

SENHORA DOS NAVEGANTES Fone: 3661.1509Pároco: Frei Miguel DebiasiVigários: Frei Romualdo Breda e Frei Rogério MiottoMatrizSegundas a sextas – 19hSábados – 19h e 20h30min1 o s á b a d o – 14h30min com batizados Domingos e Cin-zas - 8h, 19h e 20h30minNavegantes - 8h, 11h, 19hProc. Fluvial - 20hMissa Campal - 21h Procissão até Matriz -22h30minA paróquia atende as seguintes comunidades bal-neárias: Mariluz, Oásis do Sul, Santa Terezinha, Albatroz, Santa Rita, Menino Jesus de Praga. Me-dianeira, N. S.ª Fátima, São José, São Francisco, Tramandaí Sul, São Sebastião, Presidente, Agual, Imara/Imbé, Indianópolis, Estância, Cruzeiro, San-ta Clara, Santa Luzia, Nova Tramandaí e Capela Litoral,

CIDREIRA PARÓQUIA NOSSA

SENHORA DA SAÚDEFone: (51) 3681.11.18Pároco: Pe. Jorge Soares MenezesMatrizSegunda a sexta-feira – 19h30minSábados – 18h, 19h30min

D o m i n g o s – 8h30min, 10h, 18h e 19h30min A paróquia atende as seguintes comu-nidades balneárias: Salão Paroquial, N o s s a S e n h o r a Aparecida (Chico Mendes), Senhor Bom Jesus (Forta-leza), Costa do Sol e Salinas

PINHAL PARÓQUIA SANTO

ANTÔNIO DE PÁDUAFone: 3682.34.00Pároco: Pe. Marco Antônio Antunes Matriz: Terças a sextas-feiras - 19 h Sábados – 19h30minDomingos - 9h e 19h A paróquia atende as seguintes comunida-des balneárias: Magis-tério, Quintão, Túnel Verde, Aparecida e S. Rita.