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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 132 – DEZEMBRO/2010 1 INTERNATIONAL PLANT NUTRITION INSTITUTE - BRASIL Rua Alfredo Guedes, 1949 - Edifício Rácz Center, sala 701 - Fone/Fax: (19) 3433-3254 - Website: www.ipni.org.br - E-mail: [email protected] 13416-901 Piracicaba-SP, Brasil Desenvolver e promover informações científicas sobre o manejo responsável dos nutrientes de plantas para o benefício da família humana MISSÃO INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS N 0 132 DEZEMBRO/2010 Veja também neste número: 1 Este trabalho foi submetido pelo autor seguindo as normas do Prêmio IPNI Brasil em Nutrição de Plantas, dentre as quais estabelece que o premiado deve escrever um artigo para o jornal Informações Agronômicas. Dr. Bernardo van Raij foi o escolhido para o Prêmio em 2010. 2 Pesquisador Voluntário do Centro de Solos e Recursos Ambientais, Instituto Agronômico, Campinas, SP; e-mail: [email protected] Abreviações: IAC = Instituto Agronômico de Campinas; CTC = capacidade de troca de cátions; M.O. = matéria orgânica; NC = necessidade de calagem; NG = necessidade de gesso; SB = soma de bases; V = saturação por bases do solo. Bernardo van Raij 2 Nota: As opiniões expressas nos artigos não refletem necessariamente as opiniões do IPNI ou dos editores deste jornal. NOVO LIVRO DO IPNI – BOAS PRÁTICAS PARA USO EFICIENTE DE FERTILIZANTES Mais detalhes na página 22 1 INTRODUÇÃO O contínuo aperfeiçoamento de conceitos e de meto- dologias por meio da pesquisa é de fundamen- tal importância para o desenvolvimento da análi- se de solo – a análise química mais utilizada na agricultura para a avaliação da reação do solo e da disponibilidade de nutrientes para as plantas, servindo de base para a prescrição de corretivos e fertilizantes. A pesquisa em fertilidade do solo é muito ampla no Brasil e no exterior, o que é explicado pela multiplicidade de situações e alto valor envolvido, tanto em relação aos insumos usados – corretivos e fertilizantes – como às vantagens econômicas auferidas pela ade- quação de soluções aos problemas existentes. Há trabalhos que resultam em soluções para uso geral, outros, para situações específicas. As pesquisas realizadas no Ins- tituto Agronômico de Campinas, IAC, geraram alguns resultados importantes, de caráter geral, tais como: (1) determinação de quan- tidades de calcário para neutralizar a acidez dos solos visando à elevação da saturação por bases; (2) elucidação de aspectos impor- tantes de solos de cargas variáveis como subsídio para a gessagem em solos ácidos; (3) extração do fósforo do solo por resina de troca iônica. Esses três temas serão abordados neste artigo, focando-se alguns aspectos teóricos mais importantes dos solos brasileiros ou das regiões tropicais. O Brasil é líder mundial em conhecimento da fertilidade do solo nas regiões tropicais, o que muito se deve às diversas institui- ções de pesquisa atuantes em todo o país. O IAC teve marcante atuação para o avanço da fertilidade do solo nos três temas citados. Este artigo não trata de uma revisão, mas, sim, da divulgação de algumas idéias e soluções propostas pelo autor e seus companhei- ros de trabalho ao longo do tempo. – FERTILIDADE DO SOLO NO BRASIL – CONTRIBUIÇÕES DO INSTITUTO AGRONÔMICO DE CAMPINAS 1 Magnésio – um elemento esquecido na produção agrícola ................................................. 14 Intensificação global das culturas diminui a produção de gases de efeito estufa ..................... 16 IPNI em Destaque .................................................. 19 Divulgando a Pesquisa ......................................... 20 Painel Agronômico ............................................... 21 Publicações Recentes ....................................... 22-23 Ponto de Vista ....................................................... 24 RECADASTRAMENTO DE ASSINANTES Importante!!! Detalhes na página 23

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 132 – DEZEMBRO/2010 1

INTERNATIONAL PLANT NUTRITION INSTITUTE - BRASILRua Alfredo Guedes, 1949 - Edifício Rácz Center, sala 701 - Fone/Fax: (19) 3433-3254 - Website: www.ipni.org.br - E-mail: [email protected]

13416-901 Piracicaba-SP, Brasil

Desenvolver e promover informações científicas sobre omanejo responsável dos nutrientes de plantas para obenefício da família humana

MISSÃO

INFORMAÇÕESAGRONÔMICAS

N0 132 DEZEMBRO/2010

Veja também neste número:

1 Este trabalho foi submetido pelo autor seguindo as normas do Prêmio IPNI Brasil em Nutrição de Plantas, dentre as quais estabelece que o premiadodeve escrever um artigo para o jornal Informações Agronômicas. Dr. Bernardo van Raij foi o escolhido para o Prêmio em 2010.

2 Pesquisador Voluntário do Centro de Solos e Recursos Ambientais, Instituto Agronômico, Campinas, SP; e-mail: [email protected]

Abreviações: IAC = Instituto Agronômico de Campinas; CTC = capacidade de troca de cátions; M.O. = matéria orgânica; NC = necessidade de calagem;NG = necessidade de gesso; SB = soma de bases; V = saturação por bases do solo.

Bernardo van Raij2

Nota: As opiniões expressas nos artigos não refletem necessariamente as opiniões do IPNI ou dos editores deste jornal.

NOVO LIVRO DO IPNI – BOAS PRÁTICAS PARA USO EFICIENTE DE FERTILIZANTES

Mais detalhes na página 22

1 INTRODUÇÃO

Ocontínuo aperfeiçoamento de conceitos e de meto-dologias por meio da pesquisa é de fundamen-tal importância para o desenvolvimento da análi-

se de solo – a análise química mais utilizada na agricultura para aavaliação da reação do solo e da disponibilidade de nutrientespara as plantas, servindo de base para a prescrição de corretivose fertilizantes.

A pesquisa em fertilidade do solo é muito ampla no Brasil eno exterior, o que é explicado pela multiplicidade de situações e altovalor envolvido, tanto em relação aos insumos usados – corretivose fertilizantes – como às vantagens econômicas auferidas pela ade-quação de soluções aos problemas existentes.

Há trabalhos que resultam em soluções para uso geral,outros, para situações específicas. As pesquisas realizadas no Ins-tituto Agronômico de Campinas, IAC, geraram alguns resultadosimportantes, de caráter geral, tais como: (1) determinação de quan-tidades de calcário para neutralizar a acidez dos solos visando àelevação da saturação por bases; (2) elucidação de aspectos impor-tantes de solos de cargas variáveis como subsídio para a gessagemem solos ácidos; (3) extração do fósforo do solo por resina de trocaiônica. Esses três temas serão abordados neste artigo, focando-sealguns aspectos teóricos mais importantes dos solos brasileiros oudas regiões tropicais.

O Brasil é líder mundial em conhecimento da fertilidade dosolo nas regiões tropicais, o que muito se deve às diversas institui-ções de pesquisa atuantes em todo o país. O IAC teve marcanteatuação para o avanço da fertilidade do solo nos três temas citados.Este artigo não trata de uma revisão, mas, sim, da divulgação dealgumas idéias e soluções propostas pelo autor e seus companhei-ros de trabalho ao longo do tempo.

– FERTILIDADE DO SOLO NO BRASIL –

CONTRIBUIÇÕES DO INSTITUTO AGRONÔMICO

DE CAMPINAS1

Magnésio – um elemento esquecido naprodução agrícola ................................................. 14

Intensificação global das culturas diminui aprodução de gases de efeito estufa ..................... 16

IPNI em Destaque .................................................. 19

Divulgando a Pesquisa ......................................... 20

Painel Agronômico ............................................... 21

Publicações Recentes .......................................22-23

Ponto de Vista ....................................................... 24

RECADASTRAMENTO DE ASSINANTESImportante!!! Detalhes na página 23

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2 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 132 – DEZEMBRO/2010

2 TROCA DE CÁTIONS, ACIDEZ E FORMULAÇÃO

DA CALAGEM

A propriedade de troca de cátions, um dos mais importantesatributos dos solos, permite manter, em forma disponível para asplantas, diversos nutrientes.

Trocadores de íons são materiais insolúveis que contêm,adsorvidos em cargas elétricas superficiais, íons de carga oposta àda superfície, que podem ser trocados por outros íons de mesmacarga. A existência de cargas elétricas negativas na superfície daspartículas do solo é responsável pela propriedade de troca de cátions.A maneira como a capacidade de troca de cátions (CTC) é ocupadapelos cátions trocáveis define importantes propriedades do solo.

2.1 Componentes da CTC

Considerando a fase sólida de um trocador de íons, tem-se,para troca de cátions, o seguinte exemplo:

solo - Na+ + KCl solo - K+ + Na+ + Cl-

Neste caso, o sódio trocável, Na+, é trocado pelo cátion K+.O ânion Cl-, por ter carga negativa, é repelido pela superfície tam-bém negativa e, assim, não participa da reação.

A magnitude da capacidade de troca de cátions do solodepende da composição mineralógica e química do solo, incluindoa matéria orgânica.

A CTC pode ser representada graficamente como sendo um“reservatório” de cátions trocáveis do solo. A Figura 1 mostra aocupação da CTC por diversos cátions e sua relação com o pH.

Os cinco cátions trocáveis encontram-se, em geral, comocátions trocáveis nos solos, atuando como contra-íons.

Os ânions indiferentes têm a mesma carga elétrica do troca-dor de cátions, sendo repelidos pela superfície negativa do solo.Nessa situação, são denominados co-íons. Os co-íons mantém aeletro-neutralidade da solução do solo, juntamente com os cátionsem excesso aos adsorvidos na superfície das partículas.

Dentre os íons retidos por troca de ligantes, destacam-se osânions fosfato – que têm forte interação, por meio de ligações co-valentes, com a maioria dos compostos da fase sólida do solo, masprincipalmente com Al e Fe em solos ácidos – e Ca, em solos de pHmais elevado. O sulfato, em geral, se comporta como co-íon. Ape-nas em solos com óxidos de ferro e alumínio na constituiçãomineralógica, e assim mesmo em profundidade no perfil do solo,pode ser adsorvido por troca aniônica ou troca de ligantes, sendodifícil separar as duas situações.

Os íons determinadores de potencial – H+ e OH- – são asfontes de cargas elétricas em solos, para metais como Al e Fe eoutras substâncias. O potencial é expresso em valores de pH.

Complementando a relação acima, tem-se também:

• Bases trocáveis: Ca2+, Mg2+, K+, Na+

• Alumínio ou acidez trocável: Al3+

• Acidez não dissociada: H

Na Figura 1, os cátions trocáveis de caráter básico, Ca2+,Mg2+, K+ e Na2+, ficam no fundo do reservatório, podendo ser remo-vidos do solo por troca iônica em solução salina, tal como na reaçãode troca iônica ilustrada anteriormente.

Em seguida, um pouco mais acima no gráfico, com o aumen-to do pH, há predomínio do cátion trocável Al3+, um dos componen-tes da acidez do solo. O Al3+ pode ser removido do solo por trocaiônica, o que se faz no laboratório para determinar os teores doelemento, ou por neutralização, o que se faz no campo por meio dacalagem.

O elemento hidrogênio não é um cátion trocável, mas é muitoimportante na troca de cátions do solo. Ocorre não dissociado emdiversos grupos ionogênicos do solo, bloqueando ou não as car-gas negativas, dependendo do pH do meio. O hidrogênio nãodissociado pode ser removido do solo por neutralização em solu-ção tamponada, o que se faz no laboratório para determinação de Ha um dado valor de pH, em geral 7,0, ou por reação com calcário, oque se faz por meio da calagem. Dessa forma, a remoção do hidrogê-nio na forma H+ é feita com uma substância que pode aceitar prótons,liberando, assim, a carga bloqueada pelo H. Esta pode, então, parti-cipar na troca de cátions, liberando carga negativa como tal.

2.2 Determinações analíticas

O pH do solo pode ser medido em suspensão aquosa ou emsuspensão de solução de cloreto de cálcio 0,01 mol L-1. O pH emcloreto de cálcio é, em média, 0,6 unidade menor do que o pH emágua, embora as diferenças individuais sejam bastante variáveis. OpH auferido em cloreto de cálcio é um valor mais preciso do que oauferido em água, pois este último é bastante afetado por pequenasquantidades de sais presentes no solo (SCHOFIELD, 1947).

Os métodos disponíveis para determinar os cátions trocáveisbásicos são muito simples, por se tratar de espécies químicas queinteragem com a superfície das partículas do solo somente por atra-ção entre cargas elétricas de sinais contrários, não havendo ligaçõesestáveis entre cátions e solo. Assim, para o cálculo, tem sido usadosmétodos diversos, mas que apresentam os mesmos resultados.

Figura 1. Representação esquemática da CTC do solo como um reservató-rio cujos níveis de bases, alumínio e hidrogênio são indicadospelo pH.

Fonte: Raij (1981).

Os íons mais importantes que interagem com a superfíciedas partículas do solo são:

• Cátions trocáveis: Al3+, Ca2+, Mg2+, K+, Na2+

• Ânions indiferentes ou trocáveis: Cl-, NO3-, SO

42-

• Ânions retidos por troca de ligantes: H2PO

4-, HPO

42-, SO

42-

• Íons determinadores de potencial: H+, OH-

pHCaCl2 pHH2O

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 132 – DEZEMBRO/2010 3

A extração de alumínio pode ser feita com solução de KCl1 mol L-1 seguida de titulação com hidróxido de sódio, ou com solu-ção de NH

4Cl, seguida de determinação colorimétrica.

O H é determinado em conjunto com o Al3+, resultando emH + Al3+, um valor denominado acidez total a pH 7,0. A extração deH + Al3+ do solo era feita, em São Paulo, com solução de acetatode cálcio 1 mol L-1 a pH 7,0 e titulação com solução de hidróxido desódio. A necessidade de separar a solução de acetato de cálciopara a titulação é uma dificuldade na análise de rotina. A buscapor métodos rápidos para determinar a necessidade de calagem,sem prejuízo da qualidade dos resultados, concretizou-se em umprocesso que consiste em associar a diminuição do pH de solu-ções tamponadas, quando misturadas com solo, com a necessida-de de calagem. Nos Estados de Rio Grande do Sul e Santa Catarinaé usada a solução tampão SMP (SHOEMAKER et al., 1961).

Quaggio et al. (1985) fizeram uma adaptação da solução SMPpara determinar diretamente os valores de H + Al3+. Para isso, foinecessária uma calibração no tampão SMP por meio da correlaçãoentre valores de pH SMP de solos e acidez total do solo determina-da pelo método do acetato de cálcio (Figura 2).

Para amostras superficiais de solos, nas quais a CTC sedeve predominantemente à matéria orgânica, podem ser estabe-lecidas, para diferentes regiões, relações lineares entre pH e satura-ção por bases. Um exemplo é dado para São Paulo, na Figura 3,indicando a relação esquemática entre saturação por bases e pHdos solos, determinado em água ou cloreto de cálcio.

Figura 2. Relação entre valores de pHSMP de solos e valores de H + Al3+

determinados pelo método do acetato de cálcio.Fonte: Quaggio et al. (1985). Figura 3. Correlações entre pH em água e saturação por bases (A) e pH

em CaCl2 0,01 mol L-1 (B) e saturação por bases.Fonte: Quaggio et al. (1985).

Com os resultados analíticos das bases trocáveis e da aci-dez total, tem-se os seguintes resultados e o cálculo da CTC:

• Soma de bases = SB = Ca2+ + Mg2+ + K+ + Na+

• Acidez total a pH 7 = H + Al3+

• Capacidade de troca de cátions total a pH 7,0 = CTC = SB +H + Al3+

A CTC e os componentes são expressos em mmolc dm-3 ou

mmolc kg-1, sendo que mmol

c representa milimol de carga.

2.3 Relação entre cátions trocáveis e pH

Como já foi visto, a CTC é ocupada por uma parte ácida, H +Al3+, e uma parte básica, SB. A saturação por bases da CTC, a pH7,0, é representada pela equação:

100 SB

CTCV = ––––––

m = ––––––

Note-se o coeficiente de correlação um pouco mais baixopara o pH determinado em água em relação ao pH determinado emcloreto de cálcio. Calculando-se o pH para 50% de saturação porbases, por exemplo, obtém-se 5,5 para o pH em água e 5,0 para o pHem CaCl

2.

Essas relações representam a camada superficial dos solos,não podendo, portanto, ser utilizadas para amostras de subsolos.

Outro conceito útil é o da saturação por alumínio, direta-mente utilizado para diagnosticar a necessidade ou não da aplica-ção de gesso no solo. O cálculo é feito por:

100 Al3+

CTCef.em que:m = saturação por alumínio

CTCef. = CTC efetiva do solo = SB + Al3+.

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4 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 132 – DEZEMBRO/2010

2.4 Determinação da necessidade de calagem

Na década de 1960, foi adotado no Brasil o cálculo da necessi-dade de calagem com base na neutralização do alumínio trocável, coma premissa que o hidrogênio não era tóxico para as plantas, mas sim oalumínio. Posteriormente, foi requerido, para o cálculo da calagem, aelevação dos teores de Ca + Mg a um mínimo de 20 ou 30 mmol

c dm-3

de solo. Em São Paulo, adotou-se esse método, com cálculos inde-pendentes para necessidade de calagem para neutralizar alumínioe/ou para aumentar os teores da Ca + Mg, optando-se pelo maiordos dois resultados.

Ao mesmo tempo, persistia em São Paulo o cálculo da ne-cessidade de calagem para elevar o pH do solo com base na corre-lação entre pH e saturação por bases (CATANI e GALLO, 1955). Adeterminação era feita a partir de uma tabela que fornecia a quanti-dade de calcário a adicionar ao solo para corrigí-lo até 15 cm, combase na acidez total, no pH do solo e na meta de pH de 6,5.

Assim, havia dois procedimentos para determinar a necessi-dade de calagem, os quais resultavam em valores muito diferentes.

Diversos experimentos de campo conduzidos com o fim es-pecífico de avaliar os critérios de calagem ajudaram a elucidar oproblema. Alguns desses resultados são apresentados na Tabela 1.

V2 = meta de saturação por bases a ser atingida pela calagem. Ameta de calagem recomendada, V2, é variável entre as culturas,sendo mais elevada para culturas menos tolerantes à acidez.

Uma vantagem no uso da fórmula para determinar a necessi-dade de calagem é que o valor V2, a saturação por bases desejada,pode ser alterado de acordo com o grau de tolerância de cada plantaà acidez.

Um ponto importante a ressaltar é que com calagens maiselevadas há considerável efeito do corretivo no estímulo ao desen-volvimento de raízes no subsolo, o que favorece a absorção deágua (QUAGGIO et al., 1991) e de nitrogênio na forma nítrica(FURLANI et al., 1991) em profundidade. Deve-se lembrar, contu-do, que os experimentos citados na Tabela 1 foram conduzidos nosistema convencional, com arações e gradagens anuais.

3 SOLOS DE CARGAS VARIÁVEIS E CORREÇÃO

DO SUBSOLO

A ciência do solo universal ainda não concorda com certosconceitos relacionados ao tema tratado a seguir. Retenção simultâ-nea de cátions e ânions, inclusive ânions como Cl- e NO

3-, em solos,

parece conflitar com o conhecimento atual, inclusive com o que foidiscutido no item anterior. Afinal, solos retêm cátions em suas cargasnegativas e repelem ânions como cloreto e nitrato. Da mesma forma,a adsorção simultânea de cátions e ânions em solos não parece fenô-meno normal. Além disso, a redução efetiva de alumínio trocável porum sal neutro, como CaSO

4, não é algo aceito facilmente.

Para evitar equívocos, é conveniente separar o conceito so-bre acidez do solo, como foi tratado anteriormente, daquele sobrecargas variáveis em solos. Isso porque, na maioria dos solos, asamostras superficiais apresentam cargas negativas, adsorvendocátions e repelindo ânions. Além disso, no caso de solos de cargasvariáveis, o comportamento peculiar começa a se manifestar, emgeral, na parte mais profunda do solo.

3.1 Materiais trocadores de íons em solos

A troca de íons implica na existência de substâncias comcapacidade de adsorver íons na superfície das partículas de solose de trocá-los com outros da solução. Solos são sistemas comple-xos e, como regra, diversos constituintes orgânicos e mineraisestão presentes nas frações finas. Portanto, a propriedade de trocade íons, com ampla predominância da troca de cátions na camadasuperficial, é resultante das propriedades individuais e dasinterações dos componentes isolados.

Os principais materiais que possuem propriedade de trocade íons em solos são os minerais de argila, a matéria orgânica e osóxidos de ferro e alumínio.

Os minerais de argila podem ser divididos nos tipos 2:1 e 1:1.Nos minerais de argila 2:1 predominam as cargas elétricas negativaspermanentes, que têm origem em substituições isomórficas nas es-truturas dos minerais. Substituições isomórficas consistem na subs-tituição de íons naturais da estrutura cristalina por outros com apro-ximadamente o mesmo tamanho, mas que podem ter carga elétricadiferente. No caso dos minerais de argila, é comum a substituiçãode silício tetravalente por alumínio trivalente na camada tetraédricae de alumínio trivalente por magnésio divalente na camada octaédrica,criando um excesso de carga negativa no mineral, contrabalançadapelos cátions trocáveis. Os minerais de argila 2:1 que ocorrem emsolos e têm importante carga permanente são ilita, montmorilonita evermiculita, com valores aproximados de CTC, respectivamente, de400 mmol

c kg-1, 1.200 mmol

c kg-1 e 1.500 mmol

c kg-1. Os três minerais

NC = ––––––––––––

Tabela 1. Resultados de análise de solos e de produções de culturas emresposta à calagem.

Ano Al SB V Produçãoagrícola mmol

c dm-3 % kg ha-1

PV Milho 1974/75 4,4 10 11 14 4.325

4,8 5 25 33 5.416

5,4 1 38 50 6.091

5,7 1 45 60 6.408

LEa Soja 1975/76 4,7 10 8 15 479

5,4 3 21 40 1.163

5,9 1 33 55 1.489

6,3 0 45 68 1.625

LR Algodão 1976/77 4,9 6 20 23 664

5,1 4 26 33 1.213

5,4 2 32 40 1.865

5,8 1 42 53 2.360

1 PV = Podzólico Vermelho-Amarelo; LEa = Latossolo Vermelho-Escuroálico; LR = Latossolo Roxo.Fonte: Raij et al. (1983).

Os resultados mostram que tanto a neutralização do alumí-nio como a elevação das bases não são critérios adequados para arecomendação de calagem, por proporcionarem produções aquémdas possíveis.

Portanto, optou-se pelo cálculo da necessidade de calagemdo solo por meio da fórmula (RAIJ, 1981):

(V2 – V1) CTC

1.000

em que:

NC = necessidade de calagem, dada em t ha-1 de calcário em CaCO3

equivalente, para uma camada de solo de 20 cm de profundidade;CTC = capacidade de troca de cátions do solo, expressa em mmol

c dm-3;

V1 = saturação por bases do solo;

Solo1 Cultura pH

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 132 – DEZEMBRO/2010 5

manifestam exclusivamente troca de cátions, têm estrutura frágil esão facilmente intemperizados em climas úmidos e quentes, comoos do Brasil, onde são raros em solos bem drenados.

Nas regiões tropicais úmidas, o mais importante mineral deargila é a caulinita, que é do tipo 1:1. Esse mineral possui CTC baixa,da ordem de 50 a 100 mmol

c kg-1. Na faixa de pH encontrada no solo,

é provável que a caulinita não desenvolva cargas positivas e, portan-to, não deve apresentar adsorção de ânions de forma expressiva.

A CTC da matéria orgânica é de magnitude muito grande, emcomparação com a da fração mineral dos solos. A sede das cargaselétricas negativas está em grupamentos funcionais existentes nasgrandes cadeias orgânicas de ácidos húmicos e ácidos fúlvicos. Adissociação dos vários grupos funcionais existentes no solo de-pende do pH da solução, do conteúdo eletrolítico do meio e, princi-palmente, das características da força ácida ou básica de cada gru-po ou radical. Algumas macromoléculas, como proteínas, podemapresentar cargas elétricas líquidas negativas ou positivas, ou po-dem ser isoelétricas. A matéria orgânica humificada do solo é cons-tituída de estrutura orgânica de elevada massa molecular, apresen-tando grupamentos funcionais diversos. Contudo, mesmo haven-do grupos de caráter básico, a matéria orgânica do solo é predomi-nantemente de natureza ácida, nunca se tornando isoelétrica, comas propriedades acídicas sendo determinadas, principalmente, porgrupos carboxílicos abaixo de pH 7,0 e por hidroxilas fenólicas eenólicas a valores mais elevados de pH.

Em solos dos trópicos úmidos, tem especial interesse osóxidos hidratados de ferro e alumínio. Esses materiais têm compor-tamento anfótero, isto é, podem desenvolver tanto cargas elétricasnegativas como positivas. Os óxidos desenvolvem cargas elétricassuperficiais em duas etapas. A primeira consiste na hidratação su-perficial, com a formação do “hidróxido” de superfície e dissociação-associação de prótons (H+) dos grupos OH expostos (PARKS, 1967).A segunda etapa é responsável pela formação de cargas superfi-ciais de ferro (III) e alumínio, em mecanismo esquematizado porParks e Bruyn (1962), reproduzido na Figura 4. A Figura 4 mostraque as cargas positivas têm origem na adsorção de H+, e as cargasnegativas, na dissociação de hidroxilas da superfície.

3.2 Capacidade de troca de cátions das frações

orgânica e mineral dos solos

Estudos realizados em oito amostras superficiais de solosde São Paulo mostraram que a maior parte da CTC é devida à matériaorgânica (Tabela 2) do solo, com proporções variando de 56% a

82%. Essa elevada contribuição deve-se não somente à alta CTCespecífica da matéria orgânica, mas também à baixa CTC específicada fração mineral, lembrando, ainda, que os teores de argila sãomuito mais elevados do que os de matéria orgânica.

Na Tabela 3 são dadas informações sobre o horizonte B dosoito solos. Neste caso, com os teores de matéria orgânica bem menoresem camadas mais profundas do solo, a contribuição da fração mineralà CTC variou de 41% a 94%. Note-se como a CTC específica da fraçãomineral é baixa, em média cerca de 4% dos valores da matéria orgânica.

A Tabela 4 apresenta a análise mineralógica qualitativa dafração argila das oito amostras de solo. Observa-se que há predo-minância do mineral de argila caulinita, seguido de gibsita, comtraços de vermiculita e mica. Essa combinação está coerente com osresultados da CTC.

Os materiais coloidais dos solos dos trópicos úmidos, emgeral, não apresentam cargas permanentes em quantidades impor-tantes. Assim, a camada mais superficial do solo apresenta predo-mínio de cargas negativas, decorrente dos teores mais elevados dematéria orgânica no solo. No horizonte B acontece o oposto, compredomínio da fração inorgânica na CTC, sendo a baixa CTC espe-cífica compensada pelos teores mais elevados de argila.

Figura 4. Representação esquemática do desenvolvimento de cargas elé-tricas negativas e positivas em superfície hidratada de óxido deferro, com retenção de sulfato de cálcio.

Fonte: Parks e Bruyn (1962).

Tabela 2. Capacidade de troca de cátions total (CTC) da matéria orgânica (M.O.) e específica de amostras superficiais de oito solos do Estado de São Paulo.

CTC do solo (mmolc kg-1) CTC da M.O.

Total Fração mineral (%) Específica (mmolc kg-1)

PVls 0–6 50 7,8 32 22 69 2.800Pml 0–15 60 6,0 33 21 64 3.500Pln 0–14 120 25,2 100 82 82 3.300Pc 0–16 190 24,0 74 60 81 2.500PV 0–12 130 14,0 37 27 73 1.900TE 0–15 640 45,1 244 150 61 3.300LR 0–18 590 15,1 289 161 56 3.600LEa 0–17 240 12,1 39 29 74 2.400

1 PVls = Podzólico Vermelho Escuro variação Laras; Pml = Podzolizado de Lins e Marília, variação Marília; Pln = Podzolizado de Lins e Marília,variação Lins; Pc = Podzolizado com cascalho; PV = Podzólico Vermelho-Amarelo orto; TE = Terra Roxa Estruturada; LR = Latossolo Roxo;LEa = Latossolo Vermelho Escuro fase arenosa.

Fonte: Raij (1969).

Legenda Profundidade Argila M.O.do solo (cm) (g kg-1) (g kg-1)

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6 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 132 – DEZEMBRO/2010

O principal fator de variação de cargas elétricas em solos é opH. Também têm efeito a concentração da solução de equilíbrio e avalência do contra-íon. As cargas elétricas negativas do solo au-mentam com a elevação do pH. Já as cargas positivas, quandoexistem condições para seu aparecimento, variam em sentido inver-so, ou seja, aumentam com a diminuição do pH do solo.

Para a determinação das cargas elétricas, o solo é colocadoem equilíbrio com solução salina. Em seguida, o excesso de soluçãoé removido e o cátion e o ânion usados na saturação do solo sãoextraídos, representando, respectivamente, a magnitude das cargaselétricas negativas e positivas, para as condições especificadas deconcentração da solução, dos contra-íons utilizados e do pH deequilíbrio (RAIJ e PEECH, 1972).

Na Tabela 5, são apresentados números referentes àadsorção do cátion Mg2+ (retido em carga negativa) e do ânionSO

42- (retido em carga positiva). Vários pontos podem ser observa-

dos. São mostrados resultados de matéria orgânica, óxidos de ferroe alumínio (gibsita) e caulinita. O objetivo dessa tabela é mostrar aimportância da matéria orgânica na determinação da magnitude dascargas negativas e positivas do solo, e como as cargas negativasdiminuem e as positivas aumentam ao se passar do horizonte A parao horizonte B. Note-se, também, a retenção simultânea de cátions eânions, fato que só ocorre em solos com teores consideráveis deóxidos hidratados de alumínio e ferro.

Tabela 4. Análise mineralógica qualitativa da fração argila dos solos.

Mineral revelado por difração de raios-X

Caulinita Gibsita Mica Vermiculita

PVls + + + + + traçoPml + + + +Pln + + + + traçoPc + + + + + traçoPV + + + + +TE + + + +LR + + + + + +LEa + + + + traço

1 PVls = Podzólico Vermelho Escuro variação Laras; Pml = Podzolizadode Lins e Marília, variação Marília; Pln = Podzolizado de Lins e Marília,variação Lins; Pc = Podzolizado com cascalho; PV = Podzólico Vermelho-Amarelo orto; TE = Terra Roxa Estruturada; LR = Latossolo Roxo;LEa = Latossolo Vermelho Escuro fase arenosa.

Fonte: Raij (1969).

Tabela 3. Capacidade de troca de cátions total (CTC) e específica da fração mineral de oito amostras do horizonte B de oito solos do Estado de SãoPaulo.

CTC do solo (mmolc kg-1) CTC da fração mineral

Total Fração mineral (%) Específica (mmolc kg-1)

PVls 115–150 170 2,8 35 33 94 194Pml 75–100 270 3,6 50 41 82 152Pln 47–100 240 3,3 36 24 67 100Pc 45–74 530 8,5 55 35 64 66PV 59–110 560 5,2 40 31 67 55TE 53–130 710 3,6 78 65 83 91LR 58–82 580 15,2 148 59 60 154LEa 74–114 310 5,9 32 13 41 42

1 PVls = Podzólico Vermelho Escuro variação Laras; Pml = Podzolizado de Lins e Marília, variação Marília; Pln = Podzolizado de Lins e Marília,variação Lins; Pc = Podzolizado com cascalho; PV = Podzólico Vermelho-Amarelo orto; TE = Terra Roxa Estruturada; LR = Latossolo Roxo; LEa =Latossolo Vermelho Escuro fase arenosa.

Fonte: Raij (1969).

Devido às suas características, os solos dos trópicos úmi-dos têm sido chamados de “solos de cargas elétricas variáveis”, ousimplesmente solos de cargas variáveis. As cargas desses solos,principalmente superficiais, têm sido chamadas de “cargas depen-dentes de pH”. As cargas elétricas, notadamente as que estão emcamadas mais profundas do solo, são responsáveis por proprie-dades únicas dos solos, que proporcionam interação peculiar como gesso, insumo com notáveis propriedades sobre o sistemaradicular das plantas, com efeito positivo na absorção de água enutrientes. Detalhes são dados, entre diversas fontes, em um livroque trata de gesso na agricultura de solos ácidos (RAIJ, 2008).

3.3 Cargas elétricas em solos de carga variável

Até agora, tratou-se da carga negativa do solo, sob váriosenfoques. Já foi mencionado que óxidos hidratados de ferro e alumí-nio podem desenvolver cargas elétricas. A Figura 4 mostrou o desen-volvimento de cargas positivas e negativas, o que deixa margem paraa retenção simultânea de cátions e ânions. Essa é uma situação im-portante, que se torna possível pela distribuição espacial dos pontosionogênicos, de forma que um não influencia o outro. A seguir serãodiscutidos os principais fatores que têm influência nas cargas elétri-cas e que se aplicam em solos que contêm óxidos de ferro e alumínio,já que o mesmo não ocorre na matéria orgânica e nos minerais deargila, que não desenvolvem cargas positivas.

Legendado solo1

Legenda Profundidade Argila M.O.do solo (cm) (g kg-1) (g kg-1)

Tabela 5. Matéria orgânica, composição mineralógica e adsorção de Mg2+

e SO42- nos horizontes A e B de três solos com solução de

MgSO4.

Minerais Adsorção de íons(g kg-1 de solo) (mmolc kg solo-1)

F2O3 Gibsita Caulinita Mg2+ SO42-

LH-Ap 32,9 40 30 250 38,1 1,2

LH-B2 4,8 60 60 370 15,8 20,2

LR-Ap 43,3 190 370 90 33,4 3,8

LR-B2 11,4 180 330 110 3,6 30,1

TE-Ap 40,3 160 80 330 94,3 2,9

TE-B2 16,6 170 100 430 55,3 15,5

1 LH = Latossolo Vermelho Amarelo húmico; LR = Latossolo Roxo; TE =Terra Roxa Estruturada.

Fonte: Raij (1971) Raij e Peech (1972).

Solo1 M.O.(g kg-1)

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 132 – DEZEMBRO/2010 7

Existe uma situação em que o número de cargas negativas ede positivas se igualam, caracterizando o chamado ponto de cargazero. Esse é um tema importante relacionado aos aspectos teóricosque envolvem cargas elétricas em solos de cargas variáveis, masnão será tratado na presente discussão. Detalhes podem ser en-contrados em Raij e Peech (1972) e Raij (2008).

Mais alguns pontos serão discutidos, com dados referentesao horizonte B2 dos solos Terra Roxa Estruturada (TE) e LatossoloRoxo (LR) (Tabela 6), variando-se o pH e a concentração de MgSO

4,

um sal bastante semelhante ao CaSO4. Os resultados da Tabela 6

realçam o contraste dos dois solos, um eletronegativo e outro forte-mente eletropositivo. Note-se, no solo TE, a carga positiva, ou seja,a retenção de sulfato, que diminui bastante com o aumento do pH ecom a redução da concentração do sal. Note-se, também, que essesolo, além de caulinita, contêm também óxidos de ferro e gibsita(Tabela 5). Já o solo TR, bem intemperizado, com elevados teores deóxidos de ferro e gibsita e pouca caulinita, apresenta ampla predo-minância de carga positiva.

contendo óxidos de ferro e alumínio, aplicando-se, assim, a vastasregiões brasileiras. Esse é um dos fundamentos da prática dagessagem, ou seja, o fato de o solo poder reter sais por longosperíodos. Outro fundamento é o efeito do sulfato de cálcio na redu-ção da atividade química de alumínio, reduzindo sua toxicidade.

3.4 Necessidade de gesso

A determinação da necessidade de gesso em solos leva emconta a saturação por alumínio e o teor de cálcio no solo. Issoporque os dois fatores que prejudicam o desenvolvimento radicularsão excesso de alumínio e deficiência de cálcio.

Em São Paulo, a referência é a análise de solo da amostracoletada a 20-40 cm de profundidade. Se a saturação por alumíniofor maior do que 40% e/ou o teor de cálcio inferior a 4 mmol

c dm-3,

deve ser aplicado gesso, empregando-se a fórmula:

NG = 6 x teor de argila

A necessidade de gesso é dada em t ha-1 e o teor de argila emg kg-1 de solo.

Essa fórmula não leva em consideração a mineralogia, ou seja,a capacidade do solo em reter sulfato. Também não é definida aprofundidade a ser atingida. Talvez isso explique os resultados de11 experimentos de campo (Tabela 7) nos quais as doses de gessoatualmente recomendadas estão aquém das que seriam necessáriaspara a produção máxima.

4 DISPONIBILIDADE DE FÓSFORO EM SOLOS

O fósforo é o nutriente que tem recebido maior atenção dapesquisa em análise de solo no âmbito internacional e o Brasil nãoé exceção. Contudo, há apenas dois métodos amplamente utiliza-dos nos laboratórios de análise de solo do país. Um deles, o maisantigo, denominado Mehlich 1, teve origem nos Estados Unidos. Ooutro, desenvolvido e utilizado em larga escala somente no Brasil, édenominado de forma simplificada de “P resina”. O objetivo nesteitem, é comparar a eficiência desses dois métodos na avaliação dabiodisponibilidade de fósforo do solo.

4.1 Disponibilidade de fósforo nos solos

O fósforo no solo encontra-se combinado, principalmente,com ferro, alumínio e cálcio, formando compostos de baixa solubili-dade. Está presente também na matéria orgânica, embora o P orgâ-nico não seja considerado na maioria dos métodos de análise desolo. O fósforo encontra-se na solução do solo em teores, em geral,muito baixos.

Ressalte-se que as concentrações salinas testadas estão naordem de grandeza de soluções de solos de climas úmidos, e que osal usado, sulfato de magnésio, é bastante parecido com o sulfatode cálcio. Dessa forma, o exemplo é adequado para a discussão quese faz em relação ao gesso.

O importante a se notar é que os solos adsorvem, simulta-neamente, cátions e ânions, uma característica específica de solos

Tabela 7. Confronto entre doses recomendadas de gesso e quantidades associadas com produções máximas, para 11 experimentos de campo, eresultados de análise química do subsolo.

Argila Ca m Gesso recomendado Gesso para produção máxima(g kg-1) (mmolc dm-3) (%) (t ha-1) (t ha-1)

Milho 500 7,0 62 3,0 8,0Cana-de-açúcar 160 1,2 59 1,0 6,0Cana-de-açúcar 160 1,2 76 1,0 2,0Cana-de-açúcar 230 0,5 87 1,4 5,0Cana-de-açúcar 760 9,1 40 4,6 6,0Cana-de-açúcar 140 6,3 18 0,8 6,0Cana-de-açúcar 190 0,5 79 1,1 4,8Cana-de-açúcar 590 1,9 81 3,5 10,0Soja 500 1,1 25 3,0 6,0Soja 700 2,0 55 4,2 6,4Algodão 700 5,0 17 3,0 6,0

Fonte: Raij (2008).

Cultura

Tabela 6. Retenção de Mg2+ e SO42- em amostras do horizonte B de dois

solos em equilíbrio com soluções de MgSO4 a duas concentra-

ções e dois valores de pH.

Concentração Adsorção de íonsde MgSO

4 (mmolc kg solo-1)

(mol L-1) Mg2+ SO42-

TE-B2 5,0 0,01 67 270,001 50 17

6,0 0,01 87 160,001 73 8

LR-B2 5,0 0,01 7 380,001 6 30

6,0 0,01 18 280,001 13 21

Fonte: Valores interpolados de Raij (1971), Raij e Peech (1972).

Solo pH

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8 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 132 – DEZEMBRO/2010

As raízes das plantas obtêm o fósforo da solução do solo,onde a baixa concentração determina o mecanismos de absorçãopelas plantas. As raízes das plantas absorvem os nutrientes dasolução do solo e, à medida que ocorre a absorção pelas raízes, onutriente se move por difusão da região de concentração mais alta,próximo da superfície das partículas sólidas do solo, para a zona deconcentração mais baixa, em torno das raízes.

O modelo da Figura 5 servirá de diretriz para a discussãosobre o que deve ser mensurado na análise química do solo. Sãomostrados compartimentos e direções em que o fósforo no solo semovimenta e como as partes se relacionam entre si. Para que aplanta possa ter um suprimento contínuo de fósforo, é necessárioque haja transferência do P

lábil para P

solução, bem como do P

fertilizante

para Psolução

e daí para Plábil

.

O exemplo da Tabela 8 aponta para algumas deficiências deextratores químicos na dissolução de frações não-lábeis de P. Oexperimento consistiu de uma testemunha e três tratamentos:superfosfato triplo, fosfato natural alvorada e fosfato de alumínio.Esses fosfatos foram incorporados ao solo 75 dias antes do plantio.Para referência, também foi incluído tratamento com superfosfatotriplo no plantio. Plantas de soja foram cultivadas nos vasos. De-terminou-se P absorvido pela soja e extraído pelos métodos Mehlich1, Bray 1 e resina. Os dados, indicados como valor, consistiram nosresultados obtidos, menos a testemunha correspondente.

Os resultados da Tabela 8 permitem várias observações. Com-parando os resultados do superfosfato aplicado no plantio com os doadubo aplicado com antecedência, percebe-se que a disponibilidadede P decresceu com o tempo de incubação, sendo que o P absorvidodevido a superfosfato diminuiu de 4,3 para 2,2 mg por vaso. Isso sedeve à perda de eficiência do superfosfato com o tempo de incubaçãocom o solo, comportamento esse bastante conhecido. Essa tendênciafoi detectada pela resina. Os resultados deixam claro que os extratoresMehlich 1 e Bray 1 são específicos para formas químicas e não parafósforo lábil. Além disso, esses métodos extraíram quantidades muitoaltas de P aplicado como superfosfato, pelo menos dentro do períododo experimento. Cabe lembrar que os extratores Mehlich 1 e Bray 1utilizam os mesmos reagentes empregados nos métodos de determina-ção de formas de P, ou seja, H

2SO

4 para P-Ca, no caso de Mehlich-1, e

NH4F para P-Al, no caso de Bray 1, mostrando que esses extratores são

realmente seletivos para formas químicas de P no solo e não para o Plábil, como é o caso da resina.

4.3 Características dos métodos Mehlich 1 e resina

O método Mehlich 1, desenvolvido pelo autor de mesmonome, nunca foi formalmente publicado, sendo descrito em um tra-balho mimeografado (MEHLICH, 1953), segundo Thomas e Peaslee(1973). A grande vantagem do método Mehlich 1 é a extrema simpli-cidade de extração, que consiste basicamente em agitar o solo coma solução extratora por alguns minutos, decantar durante a noite eretirar uma alíquota para a determinação de P. Contudo, a simplici-dade no laboratório é, provavelmente, a única vantagem do méto-do. Ressalte-se, contudo, que a vantagem é apenas para o laborató-rio e para a determinação considerada de forma isolada. Na realida-de, é uma economia pequena, que não compensa o prejuízo que ométodo Mehlich 1 pode trazer aos usuários.

A resina de troca iônica para a extração de fósforo, ao con-trário do método Mehlich 1, desde o começo das pesquisas realiza-das no exterior, tem uma concepção teórica adequada, sendo con-cebido como um procedimento para extrair o P lábil do solo. Bus-cou-se algo que imitasse a absorção de P pelas raízes, representadada seguinte forma:

Figura 5. Representação esquemática do fósforo com relação aos aspectosque afetam a nutrição vegetal.

Tem-se um sistema constituído de quatro compartimentos:P

fertilizante, P

solução, P

lábil e P

não-lábil. A planta retira o P apenas de P

solução,

que, por sua vez, pode ser suprido pelo Plábil

e pelo Pfertilizante

. Naprática, esta última forma, quando solúvel, passa imediatamentepara a forma lábil, por meio da solução do solo, e vai fazer parte dosistema em equilíbrio dinâmico, passando, com o tempo, para aforma não-lábil. Para fins práticos, o P

fertilizante, caso não se dissolva,

pode ser considerado como Pnão-lábil

.A planta, quando absorve o P da solução, provoca a disso-

lução do Plábil

e a reposição de Psolução

para manter o equilíbrio. As-sim, na análise de solo, o importante é a extração de formas lábeisdo nutriente. O P em solução é incluído, mas as quantidades sãomuito pequenas e, por essa razão, não despertam atenção.

4.2 O que mensurar na análise de fósforo em solos

Um grande número de métodos de análise de P em solos jáforam testados, desde o final do século 19, porém, apenas umaparte deles está em uso atualmente. Na avaliação de métodos deextração de nutrientes do solo, além dos aspectos químicos con-templados, é de importância decisiva verificar a eficiência com queé avaliada a disponibilidade do fósforo para as plantas. Isso nãoquer dizer que os resultados determinados pela análise químicarepresentem os teores disponíveis em solos, mas, sim, que apresen-tam com eles a melhor correlação possível.

Tabela 8. Fósforo extraído por plantas de soja cultivada em vasos e de solos tratados e incubados com três diferentes fosfatos e hidróxido decálcio, por três extratores. Os valores representam as diferenças em relação à testemunha.

Adubos aplicados 75 dias antes do plantio

Superfosfato triplo Fosfato natural Fosfato de alumínioalvorada calcinado

Valor Índice Valor Índice Valor Índice Valor Índice

P absorvido pela soja (mg vaso-1) 4,3 100 2,2 53 1,1 27 1,7 40P Mehlich 1 (mg dm-3) 27,9 100 24,6 88 42,8 153 15,0 54P Bray 1 (mg dm-3) 37,9 100 39,6 104 7,9 21 39,4 104P resina (mg dm-3) 12,7 100 7,9 62 1,7 11 4,9 39

Fonte: Raij e Diest (1980).

Avaliação de P no soloSuperfosfato triploaplicado no plantio

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 132 – DEZEMBRO/2010 9

(I)

A raiz da planta, ao absorver o fósforo da solução, rompe oequilíbrio existente entre o P da solução do solo e o P da fase sólidado solo, promovendo o deslocamento do equilíbrio para a direita.Os íons fosfato, em solução, movem-se por difusão em direção àraiz, atraídos por um gradiente negativo de concentração. Como aquantidade total de P existente na solução do solo, em um dadomomento, é em geral muito baixa, a nutrição das plantas em fósforodepende da dissolução ou dessorção do fosfato da fase sólida dosolo.

É importante voltar a um conceito já discutido no item ante-rior, para ilustrar melhor a questão da análise de P em solos. Trata-se do conceito de P lábil, ilustrado na Figura 1, que pode ser apre-sentado da seguinte forma:

A equação indica a existência de uma parte do fósforo dosolo como sendo lábil e que pode passar para a solução, com a qualestá em equilíbrio, ou pode passar a uma forma de P não-lábil, deforma irreversível. Esse é um modelo – na prática as coisas não sãotão simples –, mas servirá para explicar como funciona a avaliaçãoda disponibilidade de fósforo no solo para as plantas.

A resina de troca de ânions usada para a extração de fósforodo solo tem propriedades que permitem a avaliação apenas do Plábil. Trata-se do mesmo material usado em deionizadores de água.A resina é um material sintético, orgânico, poroso, com estruturamatricial tridimensional que contém grupos químicos com cargaspositivas. Essas cargas positivas adsorvem os ânions H

2PO

4- da

solução aquosa em contato com o solo, durante a agitação de solo,resina e água por 16 horas.

Há uma outra informação pertinente à solubilidade defosfatos em solos e sua extração. Trata-se da influência do pH nasolubilidade do fósforo em solos. Os fosfatos de ferro e alumíniotêm solubilidade menor em condições mais ácidas, ou de pH bai-xo, enquanto os fosfatos de cálcio, ao contrário, têm solubilidadeaumentada com a diminuição do pH e, portanto, aumento da aci-dez. O resultado prático é o fato conhecido de que a solubilidadede P em solos e, portanto, sua disponibilidade, é máxima em tornode pH 6,0.

Para ilustrar a extração de P do solo com a resina de trocaiônica, a equação apresentada pode ser escrita da seguinte forma,substituindo-se raiz por resina:

Portanto, há similaridade entre absorção de P pela raiz daplanta e adsorção do elemento na resina trocadora de ânions.Enquanto na equação (I) o dreno de P era a raiz, no processo de

extração com resina, representado pela equação (III), o dreno é aresina. Note-se que nenhum reagente químico é incluído no siste-ma e a transferência de P do solo para a resina ocorre por meio dasolução, inicialmente água destilada, em agitação por16 horas. No caso da absorção pela raiz, ocorre um processo dedifusão, e há necessidade de tempo para que a transferência ocor-ra, durante o ciclo da cultura. No caso da extração com resina,embora também haja difusão, o constante revolvimento da sus-pensão de solo, resina e água garante a transferência do elementoem menor tempo.

Com o tempo, diversas melhorias foram introduzidas no mé-todo de extração com resina, tanto na parte operacional como na deextração. O problema operacional mais importante era a separaçãoda resina do solo, inicialmente tornada possível pela pré-moagemdo solo, uma operação problemática na análise de rotina, mas quepermitia a separação da resina por peneiragem. Uma das soluçõespara este problema foi dada por Raij et al. (1986) que, ao invés demoerem o solo, promoveram a sua desagregação, agitando-o emsuspensão aquosa por 15 minutos em presença de uma bolinha devidro. Isso permitiu a posterior separação da resina do solo atravésde peneira, após a agitação por 16 horas, utilizando equipamentosdescritos por Quaggio e Raij (2001).

Um dos problemas mais importantes na extração de P comresina de troca aniônica, representado pela variabilidade de resulta-dos de P obtidos para diferentes relações solo-resina, foi caracteri-zado por Sibbesen (1978). O autor verificou que a saturação daresina de troca iônica com o íon HCO

3- estabilizava o pH da suspen-

são e também os teores de P, mesmo que variassem as relaçõessolo-resina, o que foi explicado pelo tamponamento introduzido nomeio pelo ânion bicarbonato. Esse detalhe, adotado no método doIAC com a finalidade de estabilizar os resultados, revelou-se críticopara o processo de extração de P, como será visto adiante.

Na Tabela 9 são mostrados resultados experimentais quedemonstram a importância de saturar a resina com bicarbonatode sódio a pH 8,5, utilizando-se amostras de solo de dois experi-mentos de campo de algodão, um sem resposta à adubaçãofosfatada e outro com uma pequena resposta. Nota-se que a resi-na, quando usada em suspensões com valores mais baixos de pH,é ineficiente para extrair P do solo, mesmo com 16 horas de agita-ção. Já em valores mais elevados de pH e com a ação do íonbicarbonato, a extração de P é mais elevada. Este é um detalhe dosmais importantes do método de extração de P com resina atual-mente em uso no Brasil. Ele está relacionado com o aumento dasolubilidade de fosfatos de ferro e alumínio a valores mais eleva-dos de pH. Os resultados da Tabela 9 mostram a razão dos baixosteores de P determinados em solos bem supridos de P pelosextratores ácidos, que têm valores de pH em torno de 2,0, portan-to, ainda mais baixos que os da suspensão de solo com resinaque foram testados.

Tabela 9. Efeito do pré-tratamento da resina em valores do pH da suspensão e no fósforo extraído de duas amostras de solo de experimentos comalgodão.

Algodão (kg ha-1) Resina-HCl Resina-NaCl Resina-NaHCO3

Sem P Com P pH P (mg dm-3) pH P (mg dm-3) pH P (mg dm-3)

1 3.678 3.673 3,37 3 5,58 5 6,78 36

2 2.058 2.244 3,34 2 5,29 1 6,79 12

Fonte: Raij et al. (1986).

Solo

(II)

(III)

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10 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 132 – DEZEMBRO/2010

Outro fator importante, que contribui para a extração de Ppela resina, foi a mistura de resina aniônica com resina catiônica,o que reduz a força iônica e a concentração de íons divalentesda solução, fatores que aumentam a atividade do P em solução efavorecem sua transferência do solo para a resina (VAIDVA-NATHAM e TALIBUDEEN, 1970). Embora na ocasião só se pen-sasse na otimização da extração de P do solo, a inclusão da resinade troca catiônica acabou por viabilizar, também, a extração de cál-cio (Ca), magnésio (Mg) e potássio (K).

O método de extração de solos com resina desenvolvidopor Raij et al. (1986) incorpora os desenvolvimentos descritos, ouseja, a desagregação do solo com bolinha de vidro e a saturaçãoda mistura de resina catiônica e aniônica com bicarbonato de sódio.Foram também desenvolvidos aparelhos para a automação do mé-todo, os quais são mostrados em Quaggio e Raij (2001). O méto-do, utilizado não só para determinação de P mas também de Ca,Mg e K trocáveis, vem sendo adotado de forma crescente noslaboratórios de análise de solo desde 1983.

4.4 Resina, Mehlich 1 e determinação da

disponibilidade de fósforo em solos

Quando há diversas alternativas na escolha do extrator deum elemento do solo, é necessário utilizar critérios científicos paraa seleção do melhor. O procedimento mais utilizado para a seleçãode métodos de análise de P em solos são os experimentos em casade vegetação. Nestes, uma planta teste é cultivada em vasos con-tendo diversos solos de uma região, abrangendo a amplitude devalores daqueles fatores que afetam a disponibilidade de P nossolos. São dadas condições adequadas de crescimento para a planta,incluindo correção da acidez e adição de todos os nutrientes, excetoP, assumido-se que os teores variáveis de P nos diferentes solosdeterminarão o crescimento e a absorção do elemento. Em geral, sãoestabelecidas correlações lineares entre P absorvido – considerado oíndice de biodisponibilidade do nutriente nos solos – e P no solo,para os diversos extratores. A qualidade do ajuste entre as variáveisé dada por: coeficiente de correlação (r), coeficiente de determina-ção (r2) ou porcentagem de variação (100 r2).

Raij (1978), em revisão da literatura mundial sobre extratoresde P, constatou que o método da resina trocadora de íons era o queapresentava os maiores valores referentes à porcentagem de varia-ção em pesquisas de seleção de métodos de P, além de ser o quemais se adaptava aos diferentes tipos de solos, principalmente áci-dos e alcalinos. Pode-se concluir que, na ocasião em que essa revi-

são foi publicada, há 32 anos, a literatura já apontava para o métodode extração com resina de troca aniônica como a melhor alternativapara a avaliação da disponibilidade de P em solos.

A revisão sobre métodos de extração de P de solos, atualiza-da por Silva e Raij (1999), está sintetizada na Tabela 10. O número detrabalhos consultados, ampliado para 70, permitiu a confirmação deque as correlações entre índices biológicos de disponibilidade de Pem solos apresentam-se amplamente favoráveis para a resina, comomostrado em diversas revisões sobre o assunto (RAIJ, 1978;SIBBESEN, 1983; FIXEN, 1990; SILVA e RAIJ, 1999). A separaçãopela reação dos solos permitiu a confirmação de que os métodosMehlich 1 e Bray 1 são um pouco melhores em solos ácidos, en-quanto o método Olsen é melhor em solos alcalinos. A resina detroca de íons não é afetada pela reação do solo, o que é uma grandevantagem em regiões que têm solos ácidos e alcalinos, como é ocaso da região semi-árida do Nordeste brasileiro.

Figura 6. Relação entre fósforo absorvido pelo arroz inundado e fósforo extraído do solo pelo método Mehlich 1 e pelo método da resina trocadora de íons.Fonte: Grande et al. (1986).

Os elevados valores de coeficiente de determinação apresen-tados pelo P resina são de magnitude não observada em métodos deextração de nenhum outro nutriente e, além da superioridade sobreos outros métodos, pode ser adotado para qualquer tipo de solo.

Merece destaque o trabalho de Grande et al. (1986), no qualsão comparados os métodos Mehlich-1 e resina em solos de várzeade Minas Gerais cultivados com arroz inundado em vasos (Figura 6).O coeficiente de correlação entre P absorvido pelo arroz e P determi-nado pela análise de solo foi de 0,42 (não significativo) para o métodoMehlich-1 e de 0,98 para a resina. Deve ser lembrado que a diagnoseda disponibilidade de P em solos cultivados com arroz inundado éreconhecidamente um problema difícil e o trabalho de Grande et al.(1986) parece apontar para uma solução, por meio do uso de resina.

Tabela 10. Eficiência dos extratores de P do solo, avaliada pela corre-lação entre índices biológicos e teores de P no solo, pordiferentes métodos, em 70 trabalhos da literatura mundial.

Coeficiente de determinação para solos (%)

Ácidos Alcalinos e neutros Não especificados

Resina 84 83 69Olsen 47 52 58Mehlich-1 56 39 41Bray 1 53 25 48

Fonte: Adaptada de Silva e Raij (1999).

Método

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 132 – DEZEMBRO/2010 11

Comparações de métodos também podem ser feitas a partirdos resultados de experimentos de campo e, nesse caso, o índicebiológico para indicar a disponibilidade de P geralmente usado é aprodução relativa, que representa a porcentagem de produção ob-tida no tratamento sem P em relação ao tratamento com P. Quandosão usados experimentos de campo obtém-se curvas de calibração,e a equação de regressão bastante usada é a variante da reta queconsidera a recíproca da variável independente (1/x).

No estado de São Paulo, a principal motivação para a buscade um novo método para determinação de P, na década de 1970, foia obtenção, com grande frequência, de baixos valores de P com autilização do método de extração com H

2SO

4 0,025 mol L-1, quando

aplicado nos melhores solos do estado e do Brasil, conhecidoscomo “terras roxas” (Latossolo Roxo e Terra Roxa Estruturada),mesmo quando esses solos estavam bem supridos do elemento eas culturas não respondiam à adubação fosfatada. Esse fato é ilus-trado no trabalho de Raij et al. (1986), o qual apresenta curvas decalibração de 28 experimentos de campo com algodão, conduzidos,a maior parte, em terras roxas, comparando os extratores H

2SO

4

0,025 mol L-1 e resina (Figura 7). Nota-se que a extração de P comácido sulfúrico resultou na concentração dos valores em torno de5 mg dm-3 na faixa de produção relativa de 70% a 100%, indicandoque, nesse caso, a análise de solo foi pouco eficaz para indicar ograu de disponibilidade de P nos solos. Por outro lado, com o usoda resina, os pontos acumulados em 100% de produção relativaapresentaram teores de P cerca de 10 vezes mais altos, permitindomelhor discriminação das respostas da cultura à adubação fosfatada.

Figura 7. Relação entre valores de fósforo extraído do solo com H2SO4

0,025 mol L-1 (A) e com resina trocadora de íons (B), e respostasdo algodoeiro à adubação fosfatada.

Fonte: Raij et al. (1986).

Raij e Quaggio (1990) fizeram nova comparação de extratoresde P, considerando, neste caso, o efeito da calagem na disponibili-dade do elemento nos solos. Esperava-se, com base nessas obser-vações de campo, que a análise de P em solos refletisse as altera-ções na disponibilidade proporcionadas pelas mudanças de pH,efeito também bastante conhecido. Os resultados de quatro experi-mentos de calagem, publicados por Raij e Quaggio (1990), são mos-trados na Tabela 11, com informações sobre análise de solo.

5 DISCUSSÃO

Três assuntos de grande importância são discutidos nestetrabalho. Acidez, calagem e fósforo são problemas amplamente abor-dados. Já a acidez do subsolo e sua correção é um tema que aindasuscita dúvidas, com potencial de afetar a produtividade de cultu-ras ainda não delimitado.

5.1 Os limites da correção da acidez do solo

A troca de cátions em solos, as relações entre índices e aexatidão dos cálculos envolvidos são o ponto forte de como é tra-tado o tema “acidez e calagem”.

Troca de cátions, cátions trocáveis, bases trocáveis, satura-ção por bases, hidrogênio, pH em cloreto de cálcio... trabalhamoscom esses fatores para manter os solos corrigidos da maneira comque cada um de nós acredita ser a melhor. Para frustração de muitos,a solução buscada não tem precisão matemática. Mas o cálculo,sim, desde que sejam estabelecidas algumas premissas.

Por algum tempo, houve um debate sobre como recomendarcalcário: seria em função dos teores de Al trocável ou pelo métodoSMP? Entramos na discussão e, com o auxílio de estudos e experi-mentos, concluímos que a recomendação de calcário com base nosteores de Al era insuficiente. Fomos em busca do método SMP e oadaptamos para determinar a acidez total. O resultado foi excelente.Resgatamos todos os conceitos ligados à troca de cátions, os quaisnão podem ser utilizados com o uso direto do método SMP originalpara recomendação de calagem.

Porém, os tempos mudam, a agricultura inova e novos de-safios surgem. Nossas recomendações de calagem foram basea-das em amostragem da camada de 0–20 cm do perfil do solo, e ocálculo da calagem em kg ha-1 para 20 cm. Porém, como recomen-dar no plantio direto? Surgem novas abordagens, tal como amostrara camada de 0–10 cm, ou mesmo 0–5 cm, e calcular o calcário paraessas camadas. Haverá economia, é claro, mas o sistema é susten-tável? Pode ocorrer acidificação do subsolo?

Na realidade, não arriscamos, e mesmo para o plantio diretorecomendamos a amostragem e o cálculo de calagem para 20 cm.Afinal, isso já era, e continua sendo, aplicado às plantas perenes.A acidificação do subsolo, se ocorrer, é difícil de ser revertida.Prótons – os importantes íons H+ – surgem dos adubos nitro-genados, mas também do nitrogênio fixado biologicamente. Raízesde soja são acidificantes. E as minhocas, que não gostam de aci-dez, como ficarão nas situações em que o calcário é aplicado ape-nas na superfície do solo? O plantio direto sem minhocas é umsistema incompleto.

5.2 A fertilidade do subsolo

Como comentado no item anterior, quando o objetivo é acorreção da acidez da camada superficial dos solos, deve-se amostraros solos a 0–20 cm de profundidade ou até menos, 0–5 ou 0–10 cm.No entanto, para correção da acidez em subsolo o objetivo é esti-

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mular o crescimento das raízes em profundidades maiores. Por-tanto, deve-se, neste caso, amostrar os solos até meio metro, oumais. Em diversas regiões foi constatado que, em determinadassituações, raízes profundas retiram água e nitrogênio do solo,beneficiando as plantas.

Mas, enquanto no passado a acidez era corrigida basica-mente com calcário, pesquisadores da África do Sul e da EmbrapaCerrados trouxeram para o palco da agricultura mais um persona-gem, o CaSO

4, conhecido como gesso.

O gesso não é desconhecido na agricultura. Ao contrário,tem larga utilização na agricultura mundial. Porém, é usado em solosalcalinos ou sódicos para remoção do excesso de sódio. E isso,por enquanto, pouco ocorre no Brasil. Tem enorme importânciaem regiões do mundo que apresentam climas áridos e semi-áridos.

Mas o gesso aplicado em solos ácidos foi novidade. Impor-tante é que contribui para o aumento da produtividade, graças aomanejo da fertilidade do subsolo.

Diversas pesquisas indicaram que o gesso reduz a toxicidadede alumínio, favorecendo o crescimento de raízes até mesmo emsoluções nutritivas. Ainda, o gesso é um sal solúvel em água quepenetra no solo com as águas de irrigação, o que não ocorre com ocalcário.

Há, ainda, mais um fator preponderante, que é o solo. Ogesso tem efeito, principalmente, nos chamados solos de cargasvariáveis, com teores elevados de óxidos de ferro e alumínio, queconseguem reter cátions e ânions ao mesmo tempo. Com isso, re-duz a toxicidade de Al e as raízes se aprofundam.

O assunto é importante, os problemas estão definidos, masas soluções estão demorando a chegar. O gesso aplicado em solosque não retém sais pode até prejudicar as produções se as aplica-ções forem excessivas (RAIJ, 2008).

5.3 P resina, um método moldado para

avaliar a biodisponibilidade

Por muito tempo, a determinação da disponibilidade de P emsolos tropicais foi considerada muito difícil. Além disso, os méto-dos utilizados nos países de clima temperado não eram muito pre-cisos. A despeito da extensa literatura e do grande número detrabalhos científicos sobre o assunto, a aplicação prática dos re-sultados de pesquisa em laboratórios de rotina de análise do soloé quase inexistente. E isso não se aplica só ao Brasil, mas a outrospaíses também.

Curiosamente, há mais de meio século esse método vem sesobressaindo dos demais, sendo considerado superior aos outrosprocedimentos de extração de P. No entanto, era tido como compli-cado demais para uso em análise de rotina.

Em busca de uma solução para a análise de solo, decidiu-seapostar na adoção do melhor método, amplamente comprovadointernacionalmente. O método da resina foi moldado por meio deexperimentos de laboratório, casa de vegetação e campo. Tambémforam construídos equipamentos para processar um grande núme-ro de amostras simultaneamente. Além disso, o método foi adapta-do para a determinação também de Ca, Mg e K.

Assim, em que pesem os obstáculos para o uso da resinana análise de P em solos, os quais, afinal, não eram tão complica-dos, a extração de P dos solos por meio desse método passou aser realizada no laboratório de análise de solo do IAC, juntamentecom mais quatro laboratórios, em janeiro de 1983 (RAIJ eQUAGGIO, 1983). Desde então, o método vem sendo adotado poroutros laboratórios. Atualmente, o Ensaio de Proficiência IAC paraLaboratórios de Análise de Solos, que emprega os métodos IACde análise de solo, conta com 103 laboratórios distribuídos em11 estados brasileiros e em dois outros países.

Tabela 11. Efeito do pH de quatro solos no teor de fósforo nas folhas e nos teores de fósforo determinados por diversos extratores.

P no solo (mg dm-3)

Mehlich 1 Bray 1 Olsen Resina

Feijão 3,8 d 2,44 b 17 a 20 a 41 a 33 bPariquera-Açu 4,2 c 3,21 a 18 a 21 a 33 b 36 ab

4,7 b 3,25 a 18 a 20 a 26 c 38 ab5,1 a 3,26 a 19 a 18 a 19 d 43 a5,2 a 3,25 a 20 a 19 a 21 d 43 a

Girassol 4,3 c 2,79 c 12 b 24 a 17 a 22 bMococa 4,6 c 3,27 b 12 b 22 a 17 a 26 ab

5,3 b 3,81 a 16 a 25 a 16 a 33 ab5,5 ab 3,87 a 15 a 20 a 12 a 35 a5,7 a 3,80 a 16 a 20 a 12 a 37 a

Soja 4,3 a 1,85 c 6 a 15 a 10 a 13 cMococa 4,8 d 2,06 bc 7 a 16 a 11 a 16 c

5,5 c 2,44 ab 5 a 13 a 7 a 17 bc6,1 b 2,26 a 7 a 17 a 8 a 22 ab6,4 a 2,55 a 7 a 15 a 8 a 27 a

Soja 4,5 d 2,35 b 9 a 20 a 18 a 16 cRibeirão Preto 4,9 c 2,69 ab 8 a 22 a 15 ab 19 bc

6,1 b 2,88 a 8 a 20 a 13 ab 23 b6,6 a 2,85 a 10 a 24 a 12 b 34 a

Fonte: Raij e Quaggio (1990).

Cultura pH em CaCl2 P folha (g kg-1)

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14 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 132 – DEZEMBRO/2010

A nutrição com magnésio é freqüentemente negligenciada e sua falta afeta ocrescimento das plantas. Muitas funções essenciais das plantas requerem fontes adequadas de magnésio,

sendo o seu papel mais visível na formação de raízes, clorofila e na fotossíntese.Muitas reações menos visíveis também são dependentes do suprimento adequado de magnésio.

Esta breve revisão resume algumas das funções essenciais do elemento nas plantas.

– MAGNÉSIO –

UM ELEMENTO ESQUECIDO NA PRODUÇÃO AGRÍCOLA1

Omagnésio (Mg) tem várias funções-chave nasplantas. Os processos metabólicos e as reaçõesparticulares influenciados pelo Mg incluem: 1) foto-

fosforilação (como a formação de ATP nos cloroplastos), 2) fixa-ção fotossintética do dióxido de carbono (CO

2), 3) síntese protéica,

4) formação de clorofila, 5) carregamento do floema, 6) separação eutilização de fotoassimilados, 7) geração de espécies reativas deoxigênio e 8) fotooxidação nos tecidos foliares. Conseqüentemen-te, muitos processos fisiológicos e bioquímicos críticos nas plan-tas são adversamente afetados pela deficiência de Mg, levando aprejuízos no crescimento e na produção. Na maioria dos casos, oenvolvimento do Mg nos processos metabólicos depende da ati-vação de numerosas enzimas. Uma importante enzima Mg-ativada éa ribulose-1,5-bifosfato (RuBP) carboxilase – enzima-chave no pro-cesso da fotossíntese e a mais abundante no planeta.

Um dos sintomas típicos da deficiência de Mg (Figura 1) é oamarelecimento das folhas velhas, na forma de clorose internerval.Observou-se que até 35% do total de Mg nas plantas estão localiza-dos nos cloroplastos (Figura 2). No entanto, a expressão dos sinto-mas de deficiência de Mg é altamente dependente da intensidade deluz. Alta intensidade luminosa aumenta o desenvolvimento declorose, juntamente com algumas manchas avermelhadas no limbofoliar (Figura 3). Portanto, as bem documentadas diferenças entreespécies de plantas na expressão visual dos sintomas de deficiên-cia de Mg e também nas concentrações críticas de deficiência deMg no tecido foliar podem estar relacionadas com a intensidadeluminosa no ambiente de crescimento.

O dano foliar que ocorre nas plantas deficientes em Mgexpostas à alta intensidade luminosa tem sido atribuído à maiorgeração de espécies de oxigênio reativas altamente prejudiciais noscloroplastos em detrimento da inibição da fixação fotossintética deCO

2. Plantas que se desenvolvem sob condições de alta intensida-

de luminosa parecem ter maior exigência em Mg do que as plantascultivadas sob menor intensidade luminosa.

DEFICIÊNCIA DE MAGNÉSIO É UM PROBLEMA CRESCENTE

A despeito do papel bem conhecido do Mg em várias fun-ções críticas na planta, surpreendentemente, há pouca pesquisarelacionada ao papel da nutrição com Mg na produção e qualidadeagrícola. Por isso, muitas vezes o Mg é considerado um “elementoesquecido”. No entanto, a deficiência de Mg torna-se cada vez

1 Fonte: Better Crops, v. 94, n. 2, p. 23–25, 2010.2 Faculty of Engineering and Natural Sciences at Sabanci University, Istanbul, Turquia; email: [email protected]

Abreviações: Al = alumínio; ATP = adenosina trifosfato; C = carbono orgânico; CO2 = dióxido de carbono; K = potássio; Mg = magnésio; N = nitrogênio;P = fósforo; RuBP = ribulose-1,5-bifosfato.

Figura 1. Sintomas de deficiência de magnésio em folhas de feijoeirocomum (à esquerda).

Figura 2. Cloroplastos são organelas que contém os tilacóides – compar-timentos que contém Mg e onde a energia solar é convertidaem energia química por meio da fotossíntese.

Mg baixo Mg adequado

Ismail Cakmak2

Atilla M. Yazici2

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 132 – DEZEMBRO/2010 15

nível de clorofila, ou fotossíntese, ou a síntese protéica. Existemalguns poucos estudos publicados anteriormente por Cakmak et al.(1994), com feijão comum, por Hermans et al. (2004), com beterrabaaçucareira, e por Hermans e Verbruggen (2005), com Arabidopsis,que fornecem uma clara e convincente resposta a esta pergunta,como será discutido mais adiante nesta breve revisão.

Hermans et al. (2004) cultivaram beterraba com baixo e ele-vado suprimento de Mg e analisaram: 1) crescimento das plantas,2) fixação fotossintética de CO

2, 3) concentração de clorofila,

4) transporte de elétrons e 5) concentração foliar de sacarose. Osresultados foram claros: antes de qualquer mudança perceptível ousignificativa ocorrida nas primeiras quatro medições, houve um gran-de acúmulo de sacarose nas folhas completamente expandidas dasplantas deficientes em Mg. Folhas deficientes em Mg acumulam até4 vezes mais sacarose, comparadas às folhas com teor adequado deMg, indicando uma inibição severa no transporte de sacarose parafora das folhas deficientes em Mg.

Cakmak (1994a,b) estudou o papel do Mg na nutrição dasplantas em relação a: 1) crescimento aéreo e radicular, 2) concentra-ção e distribuição de carboidratos entre o sistema radicular e osórgãos e 3) exportação de sacarose pelo floema em feijoeiro. Osresultados mostraram acentuada inibição do crescimento das raízes,antes de qualquer mudança visível no crescimento da parte aérea ena concentração de clorofila. Por conseguinte, a relação parteaérea:raiz nas plantas de feijão e de trigo aumentou em plantasdeficientes em Mg (Figura 4). Este efeito negativo antecipado dadeficiência de Mg no crescimento da raiz antes do desenvolvimen-to da clorose foliar visível é um problema crítico para os produtorespor causa da importância de um bom sistema radicular para a produ-ção vegetal. Por isso, atenção especial deve ser dada ao estadonutricional das plantas em relação ao Mg antes do desenvolvimen-to de qualquer sintoma visível de deficiência.

O acúmulo de carboidratos nas folhas completamente ex-pandidas é um fenômeno comum em plantas deficientes em Mg. Noinício da deficiência de Mg e sob severa deficiência de Mg, Cakmak(1994 a,b) descobriu que as folhas mais velhas continham, respec-tivamente, 3,5 a 9 vezes mais sacarose, comparadas às plantas comteores suficientes de Mg. As folhas deficientes em Mg tambémcontinham elevados teores de amido e reduzidos teores de açúca-res. Em plantas de feijoeiro cultivadas com baixa oferta de Mg, por12 dias, apenas 1% dos carboidratos totais da planta foram encon-trados nas raízes, enquanto nas plantas com teores suficientes deMg esse valor foi de 16%. Todos esses resultados indicam clara-mente uma inibição severa na exportação de açúcares das folhasdeficientes em Mg para o floema.

Exsudatos do floema foram coletados de plantas de feijoeirosob baixo e adequado suprimento de Mg para estudar o papel doMg no movimento da sacarose para fora da folha. A deficiência deMg resultou na inibição severa e precoce do transporte de sacaroseno floema (Figura 5). Houve uma relação inversa entre a concentra-ção de sacarose nos tecidos foliares e a taxa de exportação desacarose no floema durante os 12 dias de tratamento com deficiên-cia de Mg. O efeito inibitório da deficiência de Mg sobre o transpor-te de sacarose via floema ocorreu antes do aparecimento de qual-quer efeito adverso no crescimento da parte aérea. O refornecimentode Mg para as plantas deficientes restabeleceu a exportação desacarose no floema em 12 horas.

Esses resultados sugerem fortemente que o efeito do Mg nocarregamento de sacarose no floema é específico e não relacionadoa qualquer efeito secundário. O mecanismo pelo qual a deficiência

Figura 3. Sintomas de clorose foliar em plantas de feijoeiro deficientes emmagnésio cultivadas sob condições de alta intensidade lumi-nosa. A porção verde das folhas foi parcialmente sombreadacom papel de filtro.

Fonte: Cakmak e Kirkby (2008).

mais um importante fator limitante nos sistemas intensivos de pro-dução, especialmente em solos adubados apenas com N, P e K. Emparticular, o esgotamento de Mg dos solos é uma crescente preocu-pação para a agricultura de alta produtividade.

Devido ao potencial de lixiviação do Mg em solos altamenteintemperizados e à sua interação com alumínio (Al), a deficiência deMg é uma preocupação crucial em solos ácidos. Um dos bem docu-mentados mecanismos de adaptação das plantas a solos ácidos é aliberação de ânions de ácidos orgânicos nas raízes. Ânions de ácidosorgânicos liberados nas raízes formam quelatos com os íons tóxicosde Al formando complexos Al-ácido orgânico que não são fitotóxicos.Está bem documentado que o Mg é necessário para a liberação efeti-va de ânions de ácidos orgânicos nas raízes, modificando a rizosferaintoxicada com Al (YANG et al., 2007). Como o Mg, também o Ca éimportante na diminuição da toxidez de Al em solos ácidos. No entan-to, o Mg pode ter ação protetora contra a toxicidade de alumínioquando adicionado em níveis micromolares, enquanto o Ca exerceseu papel protetor em concentrações milimolares (SILVA et al., 2001).Esse resultado indica que o Mg tem benefícios muito específicos naproteção da planta contra a toxicidade de Al.

REAÇÃO INICIAL DA PLANTA À DEFICIÊNCIA DE MAGNÉSIO

Considerando as diversas funções do Mg nas plantas, umaquestão que se coloca é: qual a função ou estrutura que é afetadaem primeiro lugar na deficiência de Mg? A resposta mais comum é o

Plantas Mg-deficientes parcialmente sombreadas

Folhas Mg-deficientes parcialmente sombreadas

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16 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 132 – DEZEMBRO/2010

períodos de intensivo transporte de carboidratos das folhas paraas células em crescimento. Quantidades suficientes de Mg sãonecessárias para maximizar o transporte de carboidratos para outrosórgãos-drenos (tais como raízes e sementes), visando promoverelevada produtividade. A manutenção da adequada nutrição comMg nas fases de crescimento tardio também é essencial paraminimizar a geração de espécies reativas de oxigênio prejudiciais e

os danos fotooxidativos nos cloroplastos. A apli-cação de Mg no final da estação por meio de pul-verização ou adubação foliar pode ser útil em al-gumas circunstâncias. O comprometimento docrescimento das raízes devido à deficiência de Mgpode provocar também graves impactos sobre aabsorção de nutrientes minerais e água, especial-mente em condições de solos marginais.

A produção de biomassa de origem vege-tal como fonte de energia renovável é uma alter-nativa crescente e promissora aos combustíveisfósseis. Mas a produtividade desses sistemas de-pende diretamente da: 1) capacidade das plantaspara fixar o CO

2 em carbono orgânico (C) por meio

da fotossíntese, 2) translocação do C assimiladoda fonte para os órgãos-drenos, e 3) utilização doC assimilado nos órgãos-dreno para o crescimento.Todas essas etapas são especificamente contro-

ladas pelo Mg. Assim, atenção deve ser direcionada para o estadonutricional em Mg das plantas destinadas à produção de bio-combustíveis, a fim de alcançar alta produção de biomassa e distri-buição dos assimilados de C para os órgãos centrais desejados(como grãos ou raízes).

O Mg tem sido conhecido por seu papel essencial naformação da clorofila e na fotossíntese. No entanto, crescenteevidência mostra que os órgãos-drenos (tais como raízes em cresci-mento e sementes em desenvolvimento) também são severamenteafetados pela deficiência de Mg. Por muito tempo o Mg tem sido umelemento esquecido na produção vegetal, mas o seu papel vital écada vez mais reconhecido na nutrição das plantas.

AGRADECIMENTO

Parte dos resultados apresentados neste trabalho foram ob-tidos em colaboração com a K + S KALI GmbH (Kassel, Alemanha).

REFERÊNCIAS

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CAKMAK, I.; HENGELER, C.; MARSCHNER, H. Changes in phloem export ofsucrose in leaves in response to phosphorus, potassium and magnesium deficiency inbean plants. Journal of Experimental Botany, v. 45, p. 1251–1257, 1994b.

CAKMAK, I.; KIRKBY, E. A. Role of magnesium in carbon partitioning and alleviatingphotoxidative damage. Physiology Plantarum, v. 133, p. 692–704, 2008.

HERMANS, C.; VERBRUGGEN, N. Physiological characterisation of Mg deficiency inArabidopsis thaliana. Journal of Experimental Botany, v. 56, p. 2153–2161, 2005.

HERMANS, C.; JOHNSON, G. N.; STRASSER, R. J.; VERBRUGGEN, N.Physiological characterization of magnesium deficiency in sugar beet: acclimation to lowmagnesium differentially affects photosystems I and II. Planta, v. 220, p. 344–355, 2004.

SILVA, I. R.; SMYTH, T. J.; ISRAEL, D. W.; RAPER, C. D.; RUFTY, T. W.Magnesium is more efficient than calcium in alleviating aluminum rhizotoxicity insoybean and its ameliorative effect is not explained by the Gouy-Chapman-Stern model.Plant and Cell Physiology, v. 42, p. 538–545, 2001.

YANG, J. L.; YOU, J. F.; LI, Y. Y.; WU, P.; ZHENG, S. J. Magnesium enhancesaluminum-induced citrate secretion in rice bean roots (Vigna umbellata) by restoringplasma membrane H+-ATPase activity. Plant and Cell Physiology, v. 48, p. 66–74,2007.

Figura 5. Concentração foliar de sacarose (A) e taxa de exportação desacarose em plantas de feijoeiro cultivadas com suprimento ade-quado (controle) ou deficiente de magnésio, por 12 dias.

Fonte: Cakmak et al. (1994b).

de Mg afeta o carregamento de sacarose do floema ainda não estátotalmente compreendido, mas parece estar relacionado à baixaconcentração do complexo Mg-ATP nos locais de carregamento dofloema. Acredita-se que o complexo Mg-ATP é necessário para obom funcionamento da H+-ATPase, uma enzima que fornece ener-gia para o processo de carregamento no floema e mantém o trans-porte de sacarose nas células do floema.

Figura 4. Crescimento de plantas de feijoeiro comum (à esquerda) e de trigo (à direita) combaixo e adequado suprimento de Mg.

Mg baixo

Mg adequado

Mg baixo

Mg adequado

PROBLEMA DA DEFICIÊNCIA DE MAGNÉSIO NOS

ESTÁDIOS INICIAS DE DESENVOLVIMENTO DA PLANTA

A acumulação de carboidratos juntamente com a inibição daexportação de sacarose das folhas deficientes em Mg mostra a im-portância de se manter a nutrição adequada das plantas durante os

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 132 – DEZEMBRO/2010 17

No período de 1961 a 2005, a produção global dasculturas aumentou por meio da expansão da áreacultivada (extensificação) e do aumento no rendi-

mento das terras já cultivadas (intensificação). A área agrícola cul-tivada aumentou de 960 para 1.208 milhões hectares (Mha), umincremento de 27%. Enquanto isso, a produtividade, medida pelaprodução em todos os grupos de culturas, aumentou de 1,84 para3,96 t ha-1 (incremento de 135%). As melhorias no rendimento forampossíveis graças à adoção, pelo agricultor, de variedades e híbridosmelhorados, aumento no uso de fertilizantes, melhor manejo de pra-gas, maior acesso à irrigação, uso de práticas de conservação dosolo e aumento da mecanização agrícola.

Estima-se que a produção agrícola foi responsável por 10%a 12% do total das emissões globais de GEE em 2005. Essas emis-sões são compostas principalmente de óxido nitroso (N

2O) e metano

(CH4), e soma o equivalente a 5-6 gigatoneladas (GT) de equivalen-

tes de dióxido de carbono (CO2e). Aproximadamente 60% das emis-

sões globais de N2O total e 50% das emissões globais de CH

4 têm

sido atribuídas à agricultura (FLYNN e SMITH, 2010). A mudançano uso da terra, resultante do desmatamento de florestas e da con-versão de terras nativas para produção agrícola, responde por 6% a17% do total mundial de emissões de GEE.

Nossa atmosfera apresentou um aumento na concentraçãode N

2O, passando de 270 partes por bilhão (ppb), no período pré-

industrial, para 319 ppb em 2005 – um aumento de cerca de 0,26% aoano (DAVIDSON, 2009). Houve também aumento na concentraçãode dióxido de carbono (CO

2), passando de 318 partes por milhão

(ppm), em 1961, para 380 ppm, em 2005, cerca de 0,44% ao ano. Essesaumentos na concentração de gases de efeito estufa podem agravaro aquecimento global e resultar em problemas de mudança climática.

O consumo mundial de fertilizantes nitrogenados em 2005 foide aproximadamente 93 milhões de toneladas (Mt). Utilizando-se ofator de emissão de N

2O de 1% (1 kg de N-N

2O emitido por 100 kg

de N aplicado) sugerido pelo Intergovernmental Panel on ClimateChange (IPCC, 2006), estima-se que o uso de N pode provocar aemissão de 1,46 Mt de N

2O, ou cerca de 433 Mt de CO

2e. Esses

dados em perspectiva mostram que o consumo global de fertilizan-tes nitrogenados em 2005 pode ter sido responsável por 7,0% a8,6% das emissões globais de GEE (FLYNN e SMITH, 2010).

A moderna produção agrícola depende do consumo de fer-tilizantes. Visando ajudar a responder as perguntas sobre os impac-tos do GEE, cientistas da Universidade de Stanford, nos EstadosUnidos, compararam as emissões globais de GEE de dois cenáriosmundiais alternativos (MA1 e MA2) com as do mundo real (MR) noperíodo de 1961 a 2005 (BURNEY et al., 2010). No cenário MA1, aárea cultivada é expandida, os rendimentos são constantes, se-guindo os níveis de 1961, mas o padrão de vida melhora, como nocenário MR. O cenário MA2 também tem a área cultivada em expan-são, mas o nível de vida é mantido no padrão do cenário de 1961.Alguns de seus pressupostos e as estimativas dos resultados glo-bais de GEE são apresentados na Tabela 1.

Assumindo-se como constantes as doses de fertilizantes eas produtividades das culturas nos níveis de 1961, nota-se que, nocenário MA1, foi necessária a expansão da área cultivada e a inter-ferência nas áreas naturais em proporções muito maiores (> 7 ve-zes) para atender a demanda mundial de alimentos, em comparaçãocom o que realmente aconteceu no mundo real. O cenário MA2apresentava hipóteses semelhantes, mas também manteve cons-tante a produção per capita de grãos (padrão de vida). No entanto,o MA2 ainda exigiu grande expansão da área cultivada (4,5 vezes

Cliff Snyder2

Tom Bruulsema2

Valter Casarin2

Fang Chen2

Raúl Jaramillo2

Tom Jensen2

Robert Mikkelsen2

Rob Norton2

T. Satyanarayana2

Shihua Tu2

INTENSIFICAÇÃO GLOBAL DAS CULTURAS DIMINUI

A PRODUÇÃO DE GASES DE EFEITO ESTUFA1

1 Fonte: Better Crops, Norcross, v. 94, n. 4, p. 16–17, 2010.2 Os autores são membros do Nutrients and Environment Work Group (WG02) do International Plant Nutrition Institute (IPNI). Todos são

funcionários do IPNI, de várias regiões do mundo. Dr. Snyder é coordenador do grupo de trabalho; e-mail: [email protected]

Abreviações: CH4 = metano; CO2 = dióxido de carbono; CO2e = equivalentes de dióxido de carbono; GEE = gases de efeito estufa; Gt = gigatoneladas;MA = mundo alternativo; Mha = milhões de hectares; MR = mundo real; Mt = milhões de toneladas; N2O = óxido nitroso; ppb = partes por bilhão; ppm =partes por milhão.

Unidades: 1 gigatonelada (Gt) = 109 toneladas = 1012 kg = 1.000 TgCO

2e = dióxido de carbono equivalente em força radioativa ou potencial de aquecimento global

CO2e = 296 para N

2O e 23 para CH

4 (IPCC, 2006)

Investimentos na pesquisa agrícola ajudam a evitar as emissõesde gases de efeito estufa.

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18 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 132 – DEZEMBRO/2010

mais) para atender a demanda mundial de alimentos. Em ambos oscenários, MA1 e MA2, as emissões globais de CO

2 aumentaram

consideravelmente, em comparação com o resultado de GEE doMR.

Embora as emissões de GEE por hectare na produção de cultu-ras tenham aumentado, o efeito líquido da intensificação tem colabora-do muito para a evasão de emissões (Tabela 1). Ao mesmo tempo, oaumento na produção e no consumo de fertilizantes tem tornadopossíveis cerca de 40% a 60% da produção global atual de alimentos(STEWART et al., 2005; ERISMAN et al., 2008).

Expressando os benefícios da produção agrícola intensivade outra maneira, 13,1 Gt das emissões de CO

2e por ano têm sido

evitados, e cada dólar investido na produtividade das culturas agrí-colas resultou em 249 kg a menos de emissões de CO

2e em relação

às tecnologias empregadas em 1961 (BURNEY et al., 2010).

IMPLICAÇÕES IMPORTANTES

Dois pontos importantes podem ser extraídos deste estudo.Primeiro, os investimentos na melhoria da produtividade da culturasão uma forma economicamente viável de prevenir o aumento dasemissões de GEE. Segundo, os esforços de mitigação devem garan-tir que os impactos de todo o sistema de estratégias para reduzir asemissões de GEE sejam contabilizados. Embora o aumento da efi-ciência do uso de insumos na produção de culturas seja uma estra-tégia viável, as reduções de entradas podem limitar os aumentos deprodutividade.

Prover as necessidades de 9 bilhões de pessoas, além deproteger nosso planeta e a resiliência da paisagem, pode ser o maiordesafio já enfrentado pela humanidade (FOLEY et al., 2005). Paraatender nossas necessidades de produção de alimentos e, ao mes-mo tempo, sustentar o planeta e preservar partes significativas deseus ecossistemas naturais, foram defendidos, pelos membros daindústria de fertilizantes e da comunidade agrícola, os sistemas eco-logicamente intensivos de produção (CASSMAN, 1999), a melhoriana eficiência de uso de nutrientes (DOBERMANN, 2007) por meiode melhores práticas de manejo (BPUFs) e o melhor manejo denutrientes para atingir objetivos econômicos, ambientais e sociais(BRUULSEMA et al, 2008;. IFA, 2009; SNYDER et al, 2009).

Como sociedade global, estamos prontos para enfrentar osdesafios?

Tabela 1. Comparação entre cenários do mundo real (MR) e do mundo alternativo (MA) para atender às demandas globais de alimentos no períodode 1961 a 2005, e suas emissões de gases de efeito estufa.

Mundo Real Mundo Alternativo Mundo Alternativo(MR) (MA1) (MA2)

Intensificação da produção Extensificação da produção

1961 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 2005 - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Padrão de vida Melhorado Igual ao do MR Igual ao de 1961Produtividade da cultura (t ha-1) 1,84 3,96 1,84 1,84Produção vegetal (Mt) 1.776 4.784 4.784 3.811Tratores agrícolas (M) 11,3 28,5 28,51 23,7Área irrigada (Mha) 139 284 2841 298Fertilizantes (N-P2O5-K2O), doses de aplicação (kg ha-1) 32 136 32 32Fertilizantes consumidos totais (Mt) 31 165 88 67Expansão da área colhida desde 1961 (Mha) - 248 1.761 1.111Aumento nas emissões de GEE em relação ao MR (Gt CO2e) - - 590 317

1 No MA1, de forma conservadora, o uso de máquinas e a área de irrigação permaneceram igual aos do MR.Fonte: Burney et al. (2010).

REFERENCES

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CASSMAN, K. G. Proceedings of the National Academy of Sciences, v. 96, p. 5952–5959, 1999.

DAVIDSON, E.A. Nature Geoscience, v. 2, p. 659–662, 2009.

DOBERMANN, A. Nutrient use efficiency – measurement and management. In: Fertilizer bestmanagement practices: general principles, strategy for their adoption and voluntary initiativesvs regulations. Proc. IFA International Workshop on Fertilizer Best Management Practices, 7–9 March 2007, Brussels, p. 1–28.

ERISMAN, J. W.; SUTTON, M. A.; GALLOWAY, J.; KLIMONT, Z.; WINIWARTER, W. NatureGeoscience, v. 1, p. 636–639, 2008.

FLYNN, H. C.; SMITH, P. Greenhouse gas budgets of crop production – current and likelyfuture trends. Paris: International Fertilizer Industry Association, 2001. 67 p.

FOLEY, J. A. et al. Science, v. 309, p. 570–574, 2005.

IFA. INTERNATIONAL FERTILIZER INDUSTRY ASSOCIATION. The global “4R” nutrientstewardship framework. Developing fertilizer best management practices for deliveringeconomic, social and environmental benefits. Paris: International Fertilizer IndustryAssociation, 2009. 10 p.

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Jul. 2010.

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STEWART, W. M.; DIBB, D. W.; JOHNSTON, A. E.; SMYTH, T. J. Agronomy Journal, v. 97,p. 1–6, 2005.

Aumentar a eficiência no uso de insumos é uma estratégia viável.

Item

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 132 – DEZEMBRO/2010 19

EM DESTAQUE

IPNI SCIENCE AWARD 2010 ENTREGUE AO

Dr. ANDREW SHARPLEY

O International Plant Nutrition Institute (IPNI) nomeou oDr. Andrew N. Sharpley, do Departamento de Produção Vegetal,Solos e Ciências Ambientais da Universidade de Arkansas, Esta-dos Unidos, como o vencedor do IPNI Science Award 2010. Elerecebeu uma placa especial e um prêmio em dinheiro de US$ 5.000,00.

“Estamos honrados em anunciar Dr. Andrew Sharpley comoo ganhador do IPNI Science Award 2010. Sua notável carreira temsido dedicada ao manejo de nutrientes com o objetivo de sustentarecologicamente o cultivo intensivo, protegendo a qualidade da água.Dr. Sharpley liderou o desenvolvimento e o aperfeiçoamento de umíndice de fósforo (P) para identificar áreas agrícolas com maior riscode perda de nutrientes e que necessitam de remediação. O impacto doseu trabalho tem sido positivo e de grande alcance”, disse Dr. TerryL. Roberts, presidente do IPNI. A pesquisa do Dr. Sharpley aumen-tou consideravelmente o entendimento básico do comportamentoe destino do P e do nitrogênio nos sistemas agrícolas, e seus impac-tos nos recursos hídricos. Ele demonstrou que por meio de estraté-gias eficazes de preparo e uso de fertilizantes e esterco pode-seatingir metas de produção e proteger a qualidade da água.

Mais informações sobre o prêmio e as formas de nominaçãopara o 2011 IPNI Science Award estão disponíveis no website:www.ipni.net/awards.

IPNI NA REUNIÃO BRASILEIRA DE FERTILIDADE

DO SOLO E NUTRIÇÃO DE PLANTAS

Dr. Prochnow e Dr. Valter Casarin participaram da FertBio2010, realizada em Guarapari, ES.

Dr. Prochnow fez uma apresentação sobre o uso eficiente derocha fosfática, ressaltando sua importância crucial para garantir oabastecimento futuro de fósforo (P). Estudos têm demonstrado quenem todas as fontes de fosfato totalmente acidulado necessitam dealta solubilidade em água para serem eficientes como fonte de Ppara a maioria das culturas. Portanto, uma melhor utilização dessesrecursos pode ser fortemente antecipada pela adequada produçãode fertilizantes fosfatados com variada solubilidade em água.

"Fiquei contente em resumir o trabalho sobre este importan-te tema e espero que ele suscite o interesse por novos estudos, osquais são essenciais para determinar a forma mais adequada deutilizar esse recurso-chave", disse Dr. Prochnow.

Por sua vez, Dr. Casarin apresentou os desafios para o usoeficiente de fertilizantes. "A minha palestra teve como tema central asboas práticas para uso eficiente de fertilizantes, enfatizando a impor-tância dos nutrientes no sistema de produção", disse Dr. Casarin.

BOAS PRÁTICAS PARA USO EFICIENTE

DE FERTILIZANTES

Como parte dos esforços na promoção do conceito 4C deManejo de Nutrientes, Dr. Casarin fez uma apresentação sobre BoasPráticas para Uso Eficiente de Fertilizantes no Simpósio sobre Sis-tema Integrado de Manejo na Produção Agrícola Sustentável(SIMPAS, versão 58), realizado em Cristalina, no Estado de Goiás.

O SIMPAS ocorre três vezes ao ano, com apoio financeirodo agronegócio, incluindo o setor de fertilizantes. Juntamente coma Associação Brasileira para Difusão de Adubos (ANDA), o IPNIBrasil vem apoiando o evento, na seção sobre nutrição de plantas,desde a sua inauguração. A palestra do Dr. Casarin sobre a buscade maior eficiência no manejo dos fertilizantes agrícolas foi assisti-da por 120 pessoas – a maioria engenheiros agrônomos da área deextensão.

Dr. Casarin e Eduardo Daher, da ANDEF.

MERCADO E USO DE FERTILIZANTES

O IPNI colaborou no Workshop sobre Mercado de Fertili-zantes e o Futuro do Agronegócio Brasileiro, coordenado peloprofessor Godofredo Vitti e sua equipe, da Escola Superior de Agri-cultura “Luiz de Queiroz”, Piracicaba, SP.

Dr. Luís Prochnow e Dr. Valter Casarin participaram das dis-cussões, interagindo com os participantes e promovendo o novolivro sobre Boas Práticas para Uso Eficiente de Fertilizantes no Brasil.

O evento suscitou questões importantes sobre oferta, de-manda, estratégias, investimentos e perspectivas do mercado defertilizantes no Brasil e no mundo.

As palestras foram seguidas atentamente pelos participantes.

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20 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 132 – DEZEMBRO/2010

DIVULGANDO A PESQUISA

3. PADRÃO DE DISTRIBUIÇÃO DE K+, Ca2+, Mg2+ E PNO SOLO DE UM POMAR DE CITROS EM FUNÇÃO DAFERTIRRIGAÇÃO

LAURINDO, V. T.; SILVA, G. O.; PAVANI, L. C.; QUAGGIO, J. A.Engenharia Agrícola, v. 30, n. 5, p. 909–921, 2010.

Em solos tropicais, a distribuição dos nutrientes no solo emfunção da fertirrigação realizada por meio de irrigação localizada(gotejamento e/ou microaspersão), na cultura de citros, é pouco co-nhecida. Este trabalho teve por objetivo avaliar os padrões de distri-buição de potássio, cálcio, magnésio e fósforo em solo tropical, emfunção da fertirrigação, aplicada por dois sistemas de irrigação localiza-da (microaspersão e gotejamento), sendo que o sistema por gotejamentoera composto por uma e duas linhas laterais por linha de plantas, e o demicroaspersão por apenas uma linha, e com três dotações hídricas(100%, 75% e 50%) da evapotranspiração da cultura (ETc), em umpomar de laranjeira. As fontes de fertilizantes utilizadas na fertirrigaçãoforam o nitrato de amônio, o cloreto de potássio e o ácido fosfórico.Observou-se que, sob o emissor, nos tratamentos com gotejamento,houve depleção nos teores de Ca2+ e Mg2+ desde a superfície do soloaté 60 cm de profundidade em relação aos teores anteriores àsfertirrigações, enquanto os teores de P aumentaram, principalmente nacamada de 0 a 20 cm. Na microaspersão, esses efeitos não foram obser-vados, ocorrendo distribuição mais homogênea desses nutrientes tan-to na direção transversal à linha de plantas quanto em profundidade.As lâminas de irrigação aplicadas por irrigação localizada não interfe-rem na distribuição de K+ aplicado por fertirrigação e do Ca2+ e Mg2+ nosolo em profundidade, porém menores lâminas de irrigação promovemmaior concentração de P na camada mais superficial do solo, e lâminasmaiores carregam o P para camadas mais profundas.

4. ADUBAÇÃO FOSFATADA E FORMAS DE FÓSFORO NUMLATOSSOLO SOB SISTEMA DE SEMEADURA DIRETA

OLIBONE, D.; ROSOLEM, C. A. Scientia Agricola, v. 67, n. 4,p. 465–471, 2010.

Em semeadura direta, o P acumula-se na camada mais super-ficial do solo, mas os resíduos deixados na superfície liberam P eácidos orgânicos, que podem melhorar a disponibilidade e a eficiên-cia de fertilizantes como o superfosfato triplo e fosfatos naturaisreativos. Neste estudo, a resposta da soja à adubação com P e asformas de P até 40 cm de profundidade do solo foram avaliadas apósa aplicação de fosfatos em um sistema conduzido em semeadura dire-ta há cinco anos. Os tratamentos consistiram de 0 ou 80 kg ha-1 P

2O

5

total, aplicados na superfície do solo como fosfato natural reativo(FNR) ou superfosfato triplo (SFT). Nas subparcelas foram aplica-dos, no sulco de semeadura, 80 kg ha-1 de P

2O

5, em diferentes combi-

nações de FNR e SFT. Amostras de solo foram coletadas até 0,40 m,antes e depois do cultivo da soja (Glycine max L.), para fracionamentodo P. As respostas ao FNR foram semelhantes às do SFT, com aumentodas reservas de P em profundidade, mesmo em formas não-disponíveiscomo P-ocluso. Após a colheita da soja, os teores de P-ocluso diminuí-ram na camada mais superficial, mas foi observado um aumento nasformas solúvel, orgânica e P-total em toda a espessura de solo estu-dada. A melhor distribuição do P no solo, principalmente em formassolúvel e orgânica, resultou em maior produtividade da soja, mesmoquando o fertilizante foi aplicado na superfície do solo.

1. MANEJO DO SOLO E DO NITROGÊNIO EM MILHOCULTIVADO EM ESPAÇAMENTOS REDUZIDO ETRADICIONAL

KANEKO, F. H.; ARF. O.; GITTI, D. C.; ARF, M. V.; CHIODEROLI,C. A.; KAPPES, C. Bragantia, v. 69, n. 3, p. 677–686, 2010.

Práticas agronômicas que ajudam o agricultor a elevar a pro-dutividade e a diminuir os custos de produção devem ser estuda-das para garantir a sustentabilidade da agricultura. Assim, desen-volveu-se um experimento com o objetivo de estudar o efeito domanejo do solo, do nitrogênio e do espaçamento entrelinhas nacultura do milho em dois anos agrícolas. O experimento foi instala-do em Latossolo Vermelho distrófico, em delineamento experimen-tal de blocos casualizados em esquema fatorial 3 x 5 x 2, com quatrorepetições. Os tratamentos foram constituídos pela combinação detrês manejos do solo (grade aradora + grade niveladora, escarificador+ grade niveladora e plantio direto), cinco épocas de aplicaçãodo nitrogênio [testemunha sem N, 120 kg ha-1 na semeadura (S),120 kg ha-1 no estádio fenológico V

6, 30 kg ha-1 (S) + 90 kg ha-1 em

V6, 30 kg ha-1 (S) + 45 kg ha-1 em V

4 + 45 kg ha-1 em V

8] e dois

espaçamentos entrelinhas (0,45 m e 0,90 m) com população fixa.Concluiu-se que o sistema plantio direto promoveu maior popula-ção final de plantas e maior produtividade de grãos; a aplicaçãoprecoce de todo o N proporcionou produtividade de grãos seme-lhante aos manejos com parcelamento, e o espaçamento de 0,90 mpromoveu maior massa seca das plantas quando o preparo foifeito com grade aradora + niveladora.

2. RESPOSTA DE SEIS VARIEDADES DE CANA-DE-AÇÚCARA DOSES DE POTÁSSIO EM ECOSSISTEMA DECERRADO DE RORAIMA

UCHÔA, S. C. P.; ALVES JÚNIOR, H. O. A.; ALVES, J. M. A.;MELO, V. F.; FERREIRA, G. B. Revista Ciência Agronômica, v. 40,n. 4, p. 505–513, 2009.

O cerrado de Roraima apresenta duas estações climáticasbem definidas, uma chuvosa (abril-agosto) e outra seca (outubro-março) que favorecem o cultivo da cana-de-açúcar. Objetivou-secom este trabalho estudar a resposta de seis variedades de cana-de-açúcar a doses de potássio. O delineamento experimental foi ode blocos casualizados, em esquema fatorial 6 x 5, sendo seis varie-dades (RB72454, SP81-3250, SP79-1011, SP80-1816, RB867515 eRB855536) e cinco doses de potássio (0; 80; 160; 240 e 320 kg ha-1

de K2O), com quatro repetições. Avaliou-se: número de colmos

por metro linear, altura dos colmos, diâmetro médio do colmo, mas-sa média do colmo, teor de potássio na folha, produtividade decolmos, oBrix e índice de maturação (IM). As variedades respon-deram de modo quadrático às doses de potássio para todas asvariáveis estudadas, excetuando-se o oBrix e o IM. Todas as vari-edades apresentaram um ciclo inferior a 11 meses com oBrix supe-rior a 18%. As doses de potássio proporcionaram incrementosentre 55% e 186% na produtividade de colmos. A dose de máximaeficiência econômica variou de 94 a 165 kg ha-1 de K

2O. As varie-

dades RB72454 e RB867515 foram as que se mostraram mais pro-missoras nesta primeira avaliação, apresentando produtividadede colmos de 50,39 and 56,86 t ha-1, respectivamente.

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 132 – DEZEMBRO/2010 21

PAINEL AGRONÔMICO

NOVA FÁBRICA DE FERTILIZANTES NO MATO

GROSSO SERÁ A MAIOR NO BRASIL

O Presidente do Conselho Estadual de Controle Ambiental,Carlos Alberto Menezes, deliberou a Licença Prévia para a ativida-de de fabricação de fertilizantes e Agroquímicos da Petrobras, emTrês Lagoas (MS).

A nova fábrica, denominada UFN III (Unidade de Fertilizantese Nitrogenados), será a maior do setor no Brasil e deve entrar emoperação no segundo semestre de 2014. A fábrica irá produzir 2,2 miltoneladas de amônia e 3,6 mil toneladas de ureia diariamente. Estessão um dos principais insumos para a melhoria da produtividadeagrícola nacional e, de acordo com a Petrobras, a produção vaireduzir a dependência de compras externas. Atualmente o Brasilimporta cerca de 80% do fertilizante nitrogenado consumido.(CapitalNews).

BIORREATOR OBTÉM VINHAÇA MAIS LIMPA

PARA ADUBAÇÃO DO SOLO

Um biorreator aeróbio, desenvolvido nos laboratórios doCentro de Energia Nuclear da Agricultura (Cena), da Escola Supe-rior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ) da USP, em Piracicaba,possibilitou a degradação da vinhaça em mais de 80%, tornando olíquido apto a ser utilizado na adubação da cana-de-açúcar.

A vinhaça éum resíduo obtidoapós o processo deprodução do etanol apartir da fermentaçãodo mosto (o caldoproveniente da cana-de-açúcar prensada)e da destilação do vi-nho proveniente dacana. “O tratamentodo líquido no equipamento é feito utilizando-se fungos da podridãobranca. Alguns deles são classificados como comestíveis, como ospertencentes ao gênero Pleurotus”, explica o biólogo Luiz FernandoRomanholo Ferreira. De acordo com o pesquisador, o equipamentotraz duas vantagens em relação aos métodos tradicionais de trata-mento da vinhaça. Além de se obter um produto mais adequado paraa adubação, os fungos poderão servir para a alimentação animal.

Romanholo explica que a vinhaça obtida no processo de pro-dução do etanol é rica em potássio e, usada na fertirrigação, podepercolar no solo e contaminar o lençol freático quando aplicada demaneira inadequada. “Ao consumir a água contaminada, a pessoa pode-rá adquirir algumas doenças, como a hipercalemia, caracterizada pelonível de potássio acima do normal na corrente sanguínea”, explica.

Os experimentos com o biorreator também possibilitaram aobtenção de um líquido com um odor mais agradável. Normalmente,a vinhaça sem tratamento possui cheiro forte e ácido e uma colora-ção marrom escura. Como explica o biólogo, a melanoidina contidana vinhaça é um dos principais responsáveis pela sua cor. “Os fun-gos atuam na descoloração e o produto obtido após a degradação nobiorreator apresenta uma cor clara, amarelada”, descreve Romanholo.Ele explica que os fungos são capazes de produzir enzimas de interes-se biotecnológico, como a lacase e a manganês peroxidase, que pos-suem a capacidade de degradar moléculas recalcitrantes, de difícildegradação, presentes no resíduo. (Agência USP)

Vinhaça in natura e vinhaça tratada com ofungo Pleurotus sajor-cajuPLANTAS SINALIZAM ATAQUE DE

DOENÇAS E PRAGAS

Plantas de tomate sob ataque do fungo Botrytis emitem umasubstância aromática que pode ser medida em estufas. Este é oresultado de uma pesquisa realizada por Roel Jansen, com a qualobteve seu doutorado na Universidade de Wageningen, Holanda.Trabalhando em uma equipe de cientistas de Wageningen e daAlemanha, Jansen abriu a porta para uma nova forma de prevenir egerenciar problemas de doenças e pragas na horticultura de estufa.O setor de estufa trabalha arduamente para minimizar o uso depesticidas químicos, por exemplo, por meio da realização deinspecções detalhadas de campo, de forma a reduzir as pulveriza-ções. Esse tipo de trabalho de detecção é demorado e caro. Issoaumenta a procura pela detecção automática de plantas infectadas,de preferência no estágio mais precoce da doença ou ataque depraga. Uma possibilidade é medir os odores das plantas no ar. Cien-tistas de Wageningen já demonstraram que as plantas sob ataquede insetos emitem substâncias aromáticas que atraem os predado-res de insetos. Jansen espera uma demanda por sistemas de detecçãoque indiquem substâncias sinalizadoras, como o salicilato de metila.(New AG International)

PLANTIO DE MILHO Bt E CONVENCIONAL EM

LAVOURAS VIZINHAS GERA ECONOMIA

A edição de outubro da Revista Science traz um estudo iné-dito, realizado por pesquisadores da Universidade de Minnesota,Estados Unidos, que analisou economicamente as vantagens domilho Bt (resistente a insetos) também para as lavouras convencio-nais vizinhas.

De acordo com o trabalho, o plantio dessa variedade demilho transgênico diminuiu também a presença da broca europeiaem plantações vizinhas de milho convencional. A pesquisa avalioua situação das lavouras em cinco estados do meio-oeste dos Esta-dos Unidos, de 1996 a 2009: Minnesota, Illinois, Iowa, Wisconsin eNebraska. O resultado do levantamento mostrou uma diminuiçãode 20% a 70% na incidência de brocas nas plantações convencio-nais. Com isso, a economia dos agricultores foi de US$ 7 bilhões em14 anos, mais da metade para os produtores de milho convencional.(Revista Science, 13/10/2010)

IDENTIFICADO GENE QUE CONFERE ALTA

RESISTÊNCIA À SECA

Pesquisadores da Embrapa e da Universidade Federal doRio de Janeiro identificaram um gene que confere alta tolerância àseca, normalmente presente em plantas de café. Isso só foi possívelgraças ao pioneirismo do Brasil, que em 2004 conseguiu sequenciaro genoma do café, o que resultou em um banco de dados com cercade 200 mil seqüências de genes, dos quais mais de 30 mil genes jáestão identificados. E foi desse sortido manancial genético que saiuo gene identificado e testado pelos pesquisadores. O próximo pas-so é testar o seu desempenho em outras plantas de interesse agronô-mico, como soja, cana-de-açúcar e algodão. (EMBRAPA Notícias)

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22 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 132 – DEZEMBRO/2010

BOAS PRÁTICAS PARA USO EFICIENTE DE FERTILIZANTES

Volume 1 - CONTEXTO MUNDIAL E TÉCNICAS DE SUPORTE

Capítulo 1. The four rights within a global fertilizer bestmanagement practices framework – Paul E. Fixen

Capítulo 2. Delivery of fertilizer best management practices:challenges and prospects – Hillel Magen

Capítulo 3. Effects of nitrogen and phosphorus fertilizers onthe environment – Cynthia Grant

Capítulo 4. World fertilizer nutrient reserves – Paul E. Fixen

Capítulo 5. Fertilizer best management practices in Argentinawith emphasis on cropping systems – Fernando O.Garcia, Fernando Salvagiotti

Capítulo 6. Dinâmica de nutrientes no sistema solo–plantavisando boas práticas para uso eficiente defertilizantes – Godofredo Cesar Vitti, Cristina F.Domeniconi

Capítulo 7. Precision farming as an instrument for fertilizerbest management practices – Harold F. Reetz Jr.

Capítulo 8. Proactive support in identifying and promotingfertiliser best management practices – HiltonFurness

Capítulo 9. Sistemas de produção e eficiência agronômica defertilizantes – Carlos A. Costa Crusciol, RogérioPeres Soratto

Capítulo 10. Manejo da acidez do solo – Eduardo Fávero Caires

Capítulo 11. Melhorando o ambiente radicular em subsuperfície– Bernardo van Raij

Capítulo 12. Gestão da matéria orgânica e da fertilidade do solovisando sistemas sustentáveis de produção –João Carlos de Moraes Sá, Lucien Séguy, MarciaFreire Machado Sá, Ademir de O. Ferreira,CleverBriedis, Josiane B. dos Santos, LutéciaCanalli

Capítulo 13. Otimização na aplicação de corretivos agrícolas efertilizantes – Pedro Henrique de C. Luz, RafaelOtto

Volume 2 - NUTRIENTES

Capítulo 1. Nitrogênio e enxofre – Heitor Cantarella, ZaqueuF. Montezano

Capítulo 2. Fósforo – Djalma M. Gomes de Sousa, Thomaz A.Rein, Wenceslau J. Goedert, Edson Lobato, Rafaelde Souza Nunes

Capítulo 3. Potássio, cálcio e magnésio – Vinicius de MeloBenites, Maria da Conceição S.Carvalho, ÁlvaroVilela Resende, José Carlos Polidoro, Alberto C. C.Bernardi, Fábio Álvares de Oliveira

Capítulo 4. Micronutrientes – Milton Ferreira Moraes, CassioH. Abreu Junior, José Lavres Junior

Capítulo 5. Suprimento e extensão das reservas de nutrientesno Brasil – Alfredo Scheid Lopes, Eduardo Daher,Ana Rosa Ribeiro Bastos, Luiz Roberto G. Guilherme

Capítulo 6. Balanço de nutrientes na agricultura brasileira –José Francisco da Cunha, Valter Casarin, LuísIgnácio Prochnow

Capítulo 7. Problemas estruturais do mercado de fertilizantes– Eduardo Daher

Volume 3 - CULTURAS

Capítulo 1. Soja – Adilson de Oliveira Júnior, Cesar de Castro,Dirceu Klepker, Fábio Álvares de Oliveira

Capítulo 2. Milho – Antonio Luiz FancelliCapítulo 3. Algodão – Ciro Antonio RosolemCapítulo 4. Trigo – Christian BredemeierCapítulo 5. Cana-de-açúcar – Raffaella Rossetto, Heitor

Cantarella, Fábio Luis F. Dias, André C. Vitti,Silvio Tavares

Capítulo 6. Pastagens – Francisco A. MonteiroCapítulo 7. Integração lavoura-pecuária – Geraldo B. Martha

Júnior, Lourival Vilela, Djalma M. G. de SousaCapítulo 8. Eucalipto – José Leonardo de Moraes GonçalvesCapítulo 9. Citros – José Antônio Quaggio, Dirceu de Mattos

Junior, Rodrigo Marcelli BoarettoCapítulo 10. Cafeeiro – José Laércio Favarin, Tiago Tezotto,

Ana Paula Neto, Adriene Woods Pedrosa

Número de páginas: Volume 1: 462 p.Volume 2: 362 p.Volume 3: 467 p.

Preços:

Volumes individuais: R$ 95,00Volumes conjugados:

• Dois volumes (volumes 1 e 2, ou volumes 2 e 3, ouvolumes 1 e 3): R$ 170,00

• Três volumes (volumes 1, 2 e 3): R$ 200,00

Pedidos: IPNITelefone/fax: (19) 3433-3254Email: [email protected]: www.ipni.org.br

Formas de pagamento:

• Cheque nominal ao IPNI ou• Depósito bancário

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 132 – DEZEMBRO/2010 23

3. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE DOENÇAS DE SOJA

Autores: Henning, A. A.; Almeida, A. M. R.; Godoy, C. V.; Seixas,C. D. S.; Yorinori, J. T.; Costamilan, L. M.; Ferreira, L.P.; Meyer, M. C.; Soares, R. M.; Dias, W. P.; 2009.

Conteúdo: Doenças causadas por fungos; doenças causadaspor bactérias; doenças causadas por vírus; doençascausadas por nematoides; estádios de desenvolvi-mento da soja.

Preço: R$ 20,00Número de páginas: 72Pedidos: Embrapa Soja

Fone: (19) 3371-6119Email: [email protected]

1. UTILIZAÇÃO AGRONÔMICA DE CORRETIVOSAGRÍCOLAS

Autores: Vitti, G. C.; Luz, P. H. C.; 2010.Conteúdo: Reação e pH do solo; componentes da acidez do solo;

desenvolvimento da acidez do solo; reação do solo e asplantas; materiais corretivos e ação neutralizante; carac-terísticas físicas e químicas dos corretivos; legislaçãosobre corretivos de acidez; critérios para recomendaçãode calagem; calagem em sistema de plantio direto; fato-res a serem considerados na prática da calagem; tecno-logia de aplicação; outros resultados experimentais; diag-nóstico e potencial de utilização de calcário.

Preço: R$ 30,00Número de páginas: 120Pedidos: FEALQ

Telefone: (19) 3417-6600Email: [email protected]

PUBLICAÇÕES RECENTES

2. FÍSICA DO SOLO

Editor: Quirijin de Jong van Lier; 2010.Conteúdo: Caracterização física do solo; mecânica do solo; água

no solo; gases no solo; energia térmica do solo; trans-porte de solutos no solo; indicadores de qualidadefísica do solo;disponibilidade de água às plantas.

Preço: R$ 56,00 (sócios da SBCS) + despesas postaisR$ 70,00 (não-sócios da SBCS) + despesas postais

Número de páginas: 298Pedidos: SBCS

Telefone: (31) 3899-2471Website: [email protected]

SOFTWARE GRATUITO

FertiSolve – Fabricação e utilização de fertilizantes

O programa foi desenvolvido pela Tec-fértil, em um projeto na incu-badora Esalq Tec, em Piracicaba, SP. É uma ferramenta de fácilutilização para o cálculo de adubação e fabricação de fertilizantes,que poderá ser feito com responsabilidade, qualidade, precisão emenores custos.

Uma versão GRATUITA do programa poderá ser baixada nos ende-reços: www.agroprecisa.com.br e integrasoftware.com.br

Em breve, estará disponível um curso sobre fabricação de fertilizan-tes e utilização do programa para explorar plenamente as suaspotencialidades. Mais informações podem ser solicitadas pelo e-mail:[email protected]

RECADASTRAMENTO DE ASSINANTES DO

JORNAL INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS

O IPNI Brasil está realizando o recadastramento completo dos assinantes do jornal InformaçõesAgronômicas.

Desta forma, solicitamos aos nossos prezados assinantes a gentileza de preencher a ficha que encontra-seno site do IPNI (http://info.ipni.net/recadastramento) para que continuem a receber de forma regular areferida publicação.

Informamos que a partir de junho de 2011 o jornal Informações Agronômicas só será enviado aos assinantesrecadastrados, mediante aprovação prévia da diretoria.

Grato pela atenção.

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24 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 132 – DEZEMBRO/2010

• Agrium Inc.• Arab Fertilizer Association• Arab Potash Company• Belarusian Potash Company• Canadian Fertilizer Institute• CF Industries Holding, Inc.• Foundation for Agronomic Research

• Incitec Pivot• International Fertilizer Industry Association• International Potash Institute• Intrepid Potash, Inc.• K+S KALI GmbH• Mosaic Company• Office Chérifien des Phosphates Group

MEMBROS DO IPNI

INTERNATIONAL PLANT NUTRITION INSTITUTERua Alfredo Guedes, 1949 - Edifício Rácz Center - sala 701 - Fone/Fax: (19) 3433-3254

Endereço Postal: Caixa Postal 400 - CEP 13400-970 - Piracicaba (SP) - Brasil

LUÍS IGNÁCIO PROCHNOW - Diretor, Engo Agro, Doutor em AgronomiaE-mail: [email protected] Website: www.ipni.org.br

VALTER CASARIN - Diretor-Adjunto, Engo Agro, Doutor em AgronomiaE-mail: [email protected] Website: www.ipni.org.br

Ponto de Vista

• PotashCorp• Simplot• Sinofert Holdings Limited• SQM• The Fertiliser Association of India• The Fertilizer Institute• Uralkali

DEVOLUÇÃOGARANTIDA

CORREIOS

Luís Ignácio Prochnow

ImpressoEspecial

no 9912246683/2009 - DR/SPI

International PlantNutritionInstitute

CORREIOS

PARA USO DOS CORREIOS

1 Mudou-se 2 Falecido

3 Desconhecido 4 Ausente

5 Recusado 6 Não procurado

7 Endereço incompleto 8 Não existe número

9 10 CEP incorreto

Reintegrado ao Serviço Postal em / /

Em / / Responsável

IPNI BRASIL: RETROSPECTIVA 2010...

PROJETANDO 2011

O ano de 2010 trouxe êxito a vários trabalhos iniciados pelo IPNI Brasil. Entre eles, destacam-se: (1) divulgação de um novo balanço de nutrientes

na agricultura, (2) consolidação do Prêmio IPNI Brasil em Nutriçãode Plantas e (3) lançamento do livro Boas Práticas para Uso Eficien-te de Fertilizantes (BPUFs).

O novo balanço aborda a situação do saldo entre adição eexportação de nutrientes por cultura, estado da federação e, emcontexto geral, no Brasil. Este trabalho, repetido ao longo do tem-po, fornecerá subsídios para a localização das áreas críticas, ondedeveremos atuar no sentido de melhorar a eficiência de utilizaçãodos fertilizantes. O trabalho deverá ser aprimorado e, para isso,contamos também com a colaboração de nossos leitores, por meiodo envio de críticas e sugestões.

O Prêmio IPNI Brasil em Nutrição de Plantas foi estabelecidoem 2009 com o propósito de reconhecer as personalidades expoen-tes desta área no Brasil. Em duas versões (Pesquisador Sênior eJovem Pesquisador) o prêmio começa a ganhar força e esperamoscontar com muitos contemplados no futuro. Obviamente, não faltam

nomes merecedores do prêmio, porém, deve-se lembrar que é ne-cessária a participação efetiva da comunidade agronômica no pro-cesso de seleção, indicando-os para esta distinção oferecida peloIPNI Brasil. As indicações podem ser realizadas em nosso site(www.ipni.org.br/premio_brasil).

O lançamento do livro sobre BPUFs deu continuidade aonosso programa sobre Boas Práticas relacionadas a Fertilizantes noBrasil. A primeira parte do programa foi a realização do simpósioocorrido em 2009, a segunda, foi o lançamento do livro, e a terceiraserá a realização, ao longo dos próximos anos, de vários simpósiosregionais tratando do tema por todo o país. O primeiro simpósioregional será realizado em Sorriso, MT, em Abril próximo, e váriosoutros encontram-se em fase de programação.

Estamos trabalhando para que 2011, e os anos a seguir, se-jam tão ou mais produtivos quanto o ano que findou. Afinal, o quedesejamos mesmo é que os fertilizantes sejam utilizados de formaadequada em prol da agricultura brasileira e mundial. Isto é o melhorpara o setor e o melhor para a família humana.

Um feliz 2011 a todos!