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SUPLEMENTO Director: Jorge Seguro Sanches Director-adjunto: Silvino Gomes da Silva Internet: www.ps.pt/accao E-mail: [email protected] Nº 1254 - 18 Novembro 2005 SOARES EM PRÉ-CAMPANHA DE DIÁLOGOS E AFECTOS Aprovado Orçamento de Estado para 2006 PARLAMENTO 8 a 14 Despesa pública desce pela primeira vez DISCUSSÃO DO OE 2006 9 Apresentado Plano Nacional de Crescimento e Emprego GOVERNO 16

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Page 1: Jorge Seguro Sanches Silvino Gomes da Silva Internet: E ... · em causa a competitividade das empresas, disse o chefe do Executivo socialista. A decisão do Governo dividiu os

SUPLEMENTO

Director: Jorge Seguro Sanches Director-adjunto: Silvino Gomes da SilvaInternet: www.ps.pt/accao E-mail: [email protected]

Nº 1254 - 18 Novembro 2005

SOARES EM PRÉ-CAMPANHA DEDIÁLOGOS E AFECTOS

AprovadoOrçamentode Estadopara 2006

PARLAMENTO

8 a 14

Despesapúblicadesce pelaprimeira vez

DISCUSSÃO DO OE 2006

9

ApresentadoPlano Nacionalde Crescimentoe Emprego

GOVERNO

16

Page 2: Jorge Seguro Sanches Silvino Gomes da Silva Internet: E ... · em causa a competitividade das empresas, disse o chefe do Executivo socialista. A decisão do Governo dividiu os

2 18 NOVEMBRO 2005ABERTURA

SALÁRIO MÍNIMO NACIONAL

EXECUTIVO ANUNCIA O MAIORAUMENTO REAL DOS ÚLTIMOS ANOSA partir do dia 1 de Janeiro de 2006, oSalário Mínimo Nacional (SMN) passaa ser 385,90 euros. Trata-se de umaumento de 3 por cento que não só setraduz na maior subida dos últimos anos,como preserva ainda a produtividade daeconomia e a estabilidade das finançaspúblicas.O anúncio foi feito pelo primeiro-ministro, José Sócrates, no passado dia14, à saída da reunião que o Governomanteve, em sede de concertação social,com os sindicatos e as confederaçõespatronais e onde deixou claro que oaumento fica acima do valor previsto dainflação, situado nos 2,3 por cento.Se as previsões do Executivo socialistarelativas ao agravamento do custo devida se confirmarem, haverá uma variaçãopositiva do poder de compra doscidadãos que auferem o SMN na ordemdos 0,7 pontos percentuais.Actualmente, o SMN é de 374,70 euros,o que significa que os portugueses queauferem o referencial mínimo deremuneração contarão, no próximo ano,com mais 11,20 euros por mês.“O aumento anunciado está de acordo

com as nossas preocupações com asfinanças públicas, com a competiti-vidade da economia e com ostrabalhadores”, afirmou José Sócrates,para depois vincar que, em 2006, vaihaver um aumento real desta prestaçãoque atinge cerca de 5,5 por cento dostrabalhadores portugueses.Sócrates, ladeado pelos titulares daspastas das Finanças, da Economia e doTrabalho e Segurança Social, apósrecordar que várias prestações sociaisestão indexadas ao SMN, advogou queo aumento não podia ser superior, porforma a não desestabilizar as finançasnacionais“Fomos tão longe quanto podíamos”,assegurou, avisando que a actualsituação do país “não é o momento paraaventuras”.“Aumentos muito acima da inflação seriaum erro caro para o sistema de segurançasocial”, mas “também não podemos pôrem causa a competitividade dasempresas, disse o chefe do Executivosocialista.A decisão do Governo dividiu osparceiros sociais, com as centrais

sindicais a considerarem o aumentoinsuficiente, as Confederações dosAgricultores (CAP) e do Comércio eServiços de Portugal (CCP) a declararemo seu acordo face à actualização e asConfederações da Indústria (CIP) e doTurismo (CTP) a manifestarem algumasreticências.

Pensão mínima de reformatambém sobe

A título de exemplo do impacto emcadeia gerado pelo aumento do SMNem dezenas de prestações sociais a eleindexadas, conforme salientou oprimeiro-ministro nas suas declarações,destaca-se a subida da pensão mínima.Assim, aqueles cuja carreira contributivapara a Segurança Social for inferior aos15 anos regulamentares (um escalão queconcentra 473.630 pensionistas)também vão beneficiar de um aumentode 3 por cento na sua reforma mensal.Isto significa que o actual valor de216,79 euros passa, em 2006, para223,49 euros, o equivalente a mais 6,70euros por mês. M.R.

Com a coragem a que sempre habitou os portugueses, Mário Soarestem vindo nas últimas semanas a percorrer o país, de norte a sul edo litoral ao interior. Soares fala com as pessoas, estimula-as,acarinha-as, diz-lhes o que pensa do nosso futuro e do nosso país.Soares não se resguarda no silêncio, Soares aposta nos portuguesese em Portugal.

Mas afinal qual o Presidente de que precisamos? Um Presidente,na defensiva, que veja como correm as “coisas” para depois dar asua opinião (sempre politicamente correcta), ou um Presidenteque aponte o futuro e nos diga aquilo que pensa?

Hoje e tal como em 1985, Mário Soares é candidato aPresidente da República, depois de o PS ter sido forçadoa arrumar o país e a restaurar a credibilidade das contasdo Estado.

Hoje e tal como em 1985, Mário Soares partiu para ocombate eleitoral com sondagens modestas e poucoanimadoras.

Hoje e talvez mais do que em 1985, Portugal precisa daestabilidade política que nos permita a todos ter comoúteis ao futuro os sacrifícios que Portugal nos tem pedido.

Mesmo não pertencendo à área política do PS, quasetodos os portugueses reconhecem que Mário Soaresdesempenhou os seus dois mandatos presidenciais comindependência, isenção e sentido de Estado.

Os portugueses, sabem ainda que, com Mário Soares,no dia seguinte às eleições, as lutas eleitorais terminam

EDITORIAL

SOARES APOSTA NOS PORTUGUESES E EM PORTUGALe que o exercício do seu mandato será um factor de união entre osportugueses: Mário Soares que ganhou as eleições em 1986 porpouco mais de 130 mil votos ganhou e recuperou a confiança dequase todo o eleitorado durante os seus dois mandatos – sendoeleito em 1991 com mais de 70 por cento dos votos dos portugueses.

Mário Soares tem essa grande vantagem. Os portugueses conhecem-no. Conhecem a sua sinceridade e a sua grande capacidade paracriar equipas vencedoras. Os portugueses e os socialistas sabem-no muito bem.

JORGE SEGUROSANCHES

Hoje e tal como em1985, Mário Soares écandidato a Presidenteda República, depoisde o PS ter sidoforçado a arrumaro país e a restaurara credibilidade dascontas do Estado.

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318 NOVEMBRO 2005 ACTUALIDADE

MAIS UMA PROMESSA CUMPRIDA

GOVERNO INICIA NOVA GERAÇÃODE POLÍTICAS SOCIAIS

Aprovada uma nova prestação extraordináriade apoio a todos os pensionistas com maisde 80 anos de idade em 2006 e que aufirammenos de 300 euros mensais.

O Executivo liderado por José Sócratesanunciou uma nova medida de apoio aosmais velhos, dando assim cumprimento amais uma promessa eleitoral com que oGoverno do Partido Socialista se apresentouao eleitorado.Com efeito, o Conselho de Ministro de 17de Novembro aprovou na generalidade o“Complemento Solidário para os Idosos”,uma medida que visa aumentar a eficáciano combate à pobreza dos pensionistascom mais de 80 anos de idade abrangendodeste modo um vasto conjunto de idososque vivem actualmente com menos de 300euros mensais. O seu valor é estabelecidopor referência a um limiar pré-definido e asua atribuição será alvo de umadiferenciação em função da situaçãoconcreta do pensionista que a requer,sujeita, todavia, a uma rigorosa avaliaçãodos recursos do proponente, nomea-damente quanto à pensão que usufrui,rendimentos do trabalho, capital próprioou património.Pretende-se assim, como adianta oGoverno, beneficiar aqueles que estãoefectivamente em situação de pobrezaextrema, abrangendo esta novaprestação, que terá já aplicação naprática no próximo ano de 2006, ospensionistas com 80 ou mais anos deidade, prevendo-se que em 2009 estamedida se possa estender a todos os

pensionistas com mais de 65 anos.Com este decreto-lei, agora aprovado nageneralidade em Conselho de Ministros,ambiciona o Governo aumentar e melhoraro combate à pobreza extrema dos estratosda população idosa com menoresrendimentos, atenuando deste modosituações de maior carência vivida pelosmais velhos e de entre os mais velhos osque se encontram em situação de pobrezamais acentuada.Como afirmou o primeiro-ministro naapresentação pública do “ComplementoSolidário para Idosos”, no Centro Culturalde Belém (CCB), com esta nova medidaabre-se em Portugal uma nova geração depolíticas ligadas à solidariedade social,facto que, como sublinhou, “vai finalmenteajudar a combater a pobreza extrema dosmais velhos que vivem actualmente commenos de 300 euros mensais”.Para José Sócrates, esta iniciativa deveráser classificada como uma das maisambiciosas e inovadoras em matéria depolíticas sociais desde o 25 de Abril.O Governo prevê, com a introdução destecomplemento solidário, abranger umuniverso de cerca de 300 mil pensionistasque deste modo vêem aumentar os seusrendimentos totais de forma significativa.De referir que, segundo estudos europeus,a insuficiência de recursos monetários temum peso superior a 50 por cento no nível

de pobreza dos mais idosos, daí a extremaimportância e significado desta medidaagora aprovada pelo Governo socialistaliderado por José Sócrates.

Um primeiro passo

“Estamos a inaugurar uma nova geraçãode políticas sociais”, afirmou o primeiro-ministro na sessão pública de apresentaçãodeste programa.Muito mais queremos e vamos fazer,adiantou José Sócrates, mas por agora“teremos que apostar numa estratégiasustentável face à realidade do país”. Trata-se, como sublinhou, de concentrarrecursos em quem mais precisa,“diminuindo assim, de forma mais rápida,a pobreza dos idosos”.E porque se trata de um primeiro passo, oGoverno tem consciência, como referiuJosé Sócrates, de que muito há ainda afazer para que o país possa responder deforma ainda mais eficaz e justa às inúmerasdesigualdades existentes.Mas porque o objectivo é de imediatochegar aos mais carenciados, uma vez quese sabe que entre os pensionistas nemtodos se encontram num pé de igualdadesemelhante, já que existem em algunscasos rendimentos extra-pensões queconstituem um elemento significativa-mente diferenciador da situação de cadaum, há, por isso, como referiu o primeiro-ministro, que ter em atenção a situaçãodos idosos isolados ou com famílias combaixos recursos que é distinta da dos outrosque podem contar com famílias commaiores posses económicas ou com outrorecursos patrimoniais mais elevados.Os princípios por que norteia este

“Complemento Solidário para Idosos”passam pela atenuação das situações demaior carência, respondendo de formacélere às necessidades dos mais idosos,através de um acréscimo de rendimentoque diminua de forma significativa o nívelda sua privação, concentrando os recursosdisponíveis nos estratos da populaçãoidosa com menores rendimentos, seguindoo princípio da aplicação da diferenciaçãopositiva enquanto instrumento de justiçasocial.Pretende-se ainda, com a introdução destanova medida, determinar os rendimentosem função da dimensão e característicasdos agregados familiares, assim comoactivar políticas de solidariedade familiarenquanto um instrumento de concreti-zação da coesão social.

Devolver a dignidadeaos idosos

O complemento solidário para idosos, queo Governo tornou público e que consideracomo um primeiro passo na inauguraçãode novas políticas sociais em Portugal, fixaa sua atribuição a um rendimento mínimoanual de 4200 euros, ou seja, 300 eurosmensais. Esta nova medida de caráctersocial aponta para que em 2009 todos ospensionistas com 65 anos ou mais, e desdeque o seu rendimento seja inferior a 300euros mensais, passem a ser incluídos poreste novo programa.Como frisou o primeiro-ministro na suaintervenção no CCB, trata-se de umaprestação extraordinária de combate àpobreza dos idosos, a desenvolver de formagradual e que no próximo ano de 2006,sublinhou, “deverá abranger todos os

pensionistas com idade igual ou superiora 80 anos, em 2007 atingirá aqueles quetenham 75 anos ou mais para que em 2009possa chegar aos que na altura tenham 65anos de idade”.O ministro do Trabalho e da SolidariedadeSocial, Vieira da Silva, defendeu entretantoque este complemento pretende constituiruma nova estratégia sustentável demínimos sociais para os idosos,“abraçando métodos e princípiossignificativamente diferentes dos seguidosaté agora”, uma vez que o critério adoptado,lembrou ainda o responsável pela pasta dasolidariedade, era “distribuir a todos osidosos os recursos disponíveis de modorelativamente indiferenciado”.Era impossível, adianta Vieira da Silva,prosseguir com esta estratégia. Se ofizéssemos, lembrou, “levaríamos 21anos a convergir a pensão mínima doregime geral com o salário mínimo”,algo que na perspectiva deste respon-sável governamental seria insustentávele indefensável do ponto de vista dasolidariedade social.Existem em Portugal, segundo dadosoficiais, cerca de um milhão de idososcujas pensões não chegam aos 300 eurosmensais, algo que o Governo quer inverteraté 2009 fazendo crescer o seu rendimentoem perto de 20 por cento.Contas feitas, e como disse o ministro doTrabalho e da Solidariedade Social, quandoo programa estiver completamente emfuncionamento, ou seja, quando passar aabranger todos os idosos com 65 ou maisanos, custará ao Estado cerca de 200milhões de euros, despesa que deveráabranger cerca de 300 mil idosos.

RUI SOLANO DE ALMEIDA

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4 18 NOVEMBRO 2005INICIATIVA

PLENÁRIOS DE MILITANTES

SOARES É O MELHORCANDIDATO DA ESQUERDAA ideia de que Mário Soares é o melhor candidatoda esquerda e com o perfil mais adequado paravir a ocupar a presidência da República foi a notadominante dos plenários de militantes realizadosrecentemente em vários pontos do país, coma presença de dirigentes nacionais do PS.

Mário Soares é “o melhor candidato daesquerda em geral”, sustentou odirigente socialista Augusto SantosSilva, salientando que o resultado daspresidenciais “está em aberto”, facto queatribui à apresentação da candidatura dofundador do PS.“Ninguém sabe qual vai ser o próximoPresidente da República. Até ao passadomês de Julho todos os estudos deopinião davam o não candidatoassumido, Cavaco Silva, como opróximo PR. Era um passeio triunfal.Agora não há uma única sondagem quedê por garantida a vitória de Cavaco Silvaà primeira volta”, disse Santos Silva,acrescentando que “foi a entrada em cenade Mário Soares que transformou umacoroação num a verdadeira eleição”.Intervindo num plenário de militantes noauditório da Escola Superior de

Educação, em Castelo Branco, o dirigentedo PS considerou ainda a primeira voltadas Presidenciais, a 22 de Janeiro, comoas “primárias” do candidato da esquerda.“A direita ou ganha à primeira volta ounão ganha. É impossível, nos termos dasociologia eleitoral portuguesa, que adireita ganhe à segunda volta”, afirmou.Por outro lado, Augusto Santos Silvaconsiderou que a coexistência dascandidaturas presidenciais de Soares eAlegre resulta de dois erros, imputandoum ao PS e outro a Manuel Alegre.“Há dois erros. O primeiro, o PS acharque pode estar sempre a desafiar, paraqualquer cargo que seja, quem não querser candidato e perder algum tempo comisso”, disse.“Chega a ser pitoresco, é uma mania quenós temos”, acrescentou, exemplificandocom os nomes de António Vitorino, Jaime

Gama ou António Guterres dados, nopassado, como possíveis candidatospresidenciais.Garantindo não conhecer todos ospormenores da questão interna socialista,“porque as versões são sempre muitas”,frisou ainda que os dois erros “não podemser assacados a Mário Soares”.O outro erro endereçou-o não ao PS masa Manuel Alegre, já que, explicou, doponto de vista político, há nas eleiçõespresidenciais “um nível de decisãopessoal que é preciso ter e no tempocerto”.“Não posso ser protocandidato, can-didato à segunda, terça e quarta,candidato se me derem mimo, ou afirmarque se me pedirem, talvez seja um actopoético”, criticou Santos Silva.“Não me parece que Alegre tivessecondições para potenciar uma candi-datura suficientemente forte para a vitória.Não me parece que fosse umacandidatura ganhadora”, acrescentou.

Prestígio internacional

A necessidade de uma forte mo-bilização em torno da candidatura deMário Soares e de uma mensagempermanente junto do eleitorado dos“factores distintivos” do candidatoapoiado pelo PS foram realçados por

Vitalino Canas num plenário demilitantes realizado na Escola Superiorde Educação, em Leiria.Segundo Vitalino Canas, um dos“factores distintivos” de Mário Soares éo seu “prestígio internacional”, queconstitui uma mais-valia. “É preciso queo Presidente da República seja alguémcom prestígio internacional, capaz deacentuar a projecção de Portugal naEuropa e no mundo”, disse.Por outro lado, referiu, Soares, pela suanatureza “optimista” e “personalidademobilizadora”, é também quem está emmelhores condições para “restaurar aconfiança” entre os portugueses e osagentes económicos e sociais, econtribuir para “os objectivos docrescimento económico” do país.O dirigente socialista destacou ainda ofacto do fundador do PS já ter exercidoo cargo de Presidente da República, oque, na sua opinião, é outro factorpositivo, nomeadamente no que respeitaà leitura dos poderes do chefe de Estado.“Já sabemos a leitura que tem dospoderes presidenciais. Assim, estamostranquilos”, disse.Por último, Vitalino Canas referiu que aidade é outro “factor de vantagem” dacandidatura de Soares. “A experiênciaadquirida ao longo da sua vida públicaé a melhor garantia de estabilidade e

sensatez”, afirmou, acrescentando queMário Soares “venera a estabilidadepolítica”.

Experiência acumulada

Na Guarda, no auditório Passos daCultura, realizou-se outro plenário demilitantes, com a presença de MirandaCalha, que destacou a “experiênciaacumulada” de Mário Soares enquantoprimeiro-ministro e Presidente daRepública em “momentos de criseessenciais” e a sua visão estratégica aoser o obreiro da entrada de Portugal naentão CEE.No “actual quadro político”, sublinhou,“não ter estas referências pode significarque se centralizem no Presidente outrosintuitos, ou seja, uma opção que sejacontrária aos poderes presidenciaisdefinidos na Constituição”.É que, alertou, “há sectores da direitaque defendem abertamente o reforço dospoderes presidenciais”.Para o dirigente do PS, Mário Soares “é apessoa melhor posicionada e maisqualificada exercer o cargo de Presidenteda República dentro dos parâmetrosconstitucionais”, sendo a “sua vitóriaimportantíssima para que se possacontinuar a governar de uma formacorrecta”. J. C. CASTELO BRANCO

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518 NOVEMBRO 2005 PRESIDENCIAIS 2006

SOARES EM PRÉ-CAMPANHADE DIÁLOGO E AFECTOS

Para o candidato, este arranque dinâmicoda sua “campanha de afectividade ediálogo” prende-se com “a obrigação eo dever de ouvir os portugueses” nummomento em que “há muitas dúvidas”

sobre o carácter da próxima eleição de22 de Janeiro.“Quero ouvir e falar directamente comas pessoas”, garantiu Soares um poucopor toda a parte, criticando directa e

fortemente quem pretende fugir ao debatede ideias e condicionar a avaliação doeleitorado pelo silêncio.Para Mário Soares, o próximo chefe deEstado “não pode ser hirto, distante ecomplexado”, mas alguém flexível ecom uma cultura abrangente.Nas declarações que fez no final de umalmoço com as câmaras de comérciodo Reino Unido e da Alemanha, emLisboa, no passado dia 16, o fundadordo PS criticou a entrevista que o seuadversário Cavaco Silva concedeu à TVIpor considerá-la “uma cassete repetida”que visa “pedir um cheque em brancoaos portugueses”.Perante os convidados das câmaras decomércio do Reino Unido e daAlemanha, Soares fez questão de lembrarque, “ainda recentemente, era consi-derado o pai da pátria” e que desde oanúncio da sua candidatura presidencialpassara a ser referenciado como “umgrande perturbador nacional”.“Mas essa ideia está a esbater-se”,sustentou , defendendo, depois, que “éindispensável que o próximo chefe deEstado seja um político, porque o cargoé eminentemente político”.

“O Presidente da República não se podeconfundir com um ministro dasFinanças ou com um primeiro-ministro.Ele deve ter um perfil de um homem comflexibilidade e de proximidade em relaçãoaos problemas das pessoas”, reafirmou,advogando que o exercício da Presi-dência exige “ter uma visão da Históriade Portugal” e ser “um super-embaixadordo país em matéria de política externa”.Para Mário Soares, um Presidente daRepública “não pode ser hirto, distantee complexado”, antes pelo contrário,precisa de ser “um exemplo deconvivialidade” e de “falar de igual comtodos os cidadãos” e ter capacidade deinovação.Assim, se voltar, pela terceira vez, aocupar o Palácio de Belém, Mário Soaresgarante que inovará no exercício damagistratura de influência face aos seusdois anteriores mandatos.“Fui eu que, enquanto Presidente daRepública, inventei as Presidência sAbertas. Mas, se for eleito desta vez, nãovou repetir aquilo que fiz no passado”,declarou, no dia 15, durante uma visitaa uma escola do Ensino Básico deQueluz, concelho de Sintra, onde

salientou que “há novas formas decontactar de perto com os problemasdas populações”.“Terei de ouvir os especialistas sobrecada matéria, porque o Presidente daRepública não é nenhum iluminado quesabe sempre sobre tudo e a primeiraposição de um chefe de Estado deve serde humildade, sabendo ouvir”, vincou,já no final da sua deslocação aos centrosde apoio a crianças e jovens da Junta deFreguesia de Monte Abraão.Durante as várias horas que a visitadurou, Mário Soares teorizou sobre omodo como entende o exercício damagistratura de influência no cargo dePresidente da República, sublinhandoque ela passa pelo diálogo mediadorentre os cidadãos e os órgãos desoberania.Na sua passagem por um espaço deocupação de tempos livres paraadolescentes, Mário Soares cruzou-secom toxicodependentes e portadores dovírus da sida, ocasião em que defendeua ideia de que “o desenvolvimentoeconómico de um país deverá fazer-sesempre com coesão social”.Também no decurso da sua visita a Queluz,

Demonstrando estar “em grande forma física” e“preparadíssimo” para a próxima batalha eleitoral,Mário Soares encontra-se, desde o passado dia 7de Novembro, em digressão de pré-campanhapelo país.Neste périplo nacional, o candidato apoiado peloPS tem visitado vários concelhos dos distritos deCoimbra, Braga, Porto, Lisboa e Viana do Castelo,dialogando com as populações locais,empresários, trabalhadores e muito especialmentecom jovens e crianças, com os quais trocouimpressões sobre os assuntos de maioractualidade e interesse para o futuro de Portugal.

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6 18 NOVEMBRO 2005PRESIDENCIAIS 2006

questionado pelos jornalistas sobre asmanifestações de descontentamento dosmilitares face a algumas medidasgovernamentais, o candidato apoiado peloPS defendeu que o Presidente daRepública deve ter um papel maisinterventivo no conflito que afecta asForças Armadas.

Terceiro mandato seráousado e inovador

No mesmo dia, ao discursar num jantarde pré-campanha em Guimarães, Soaresacusou o candidato presidencialapoiado pela direita de pretender “vingar”a derrota sofrida no confronto com JorgeSampaio nas eleições presidenciais de1995, assegurando, por seu lado, quevai fazer uma campanha eleitoral“inovadora e de proximidade com osportugueses”.Em Fafe, um dia antes, Mário Soaresprometeu que se for eleito Presidente daRepública, fará um mandato “maisousado e criativo” do que os doisanteriores.No encontro com autarcas do concelholiderado pelo camarada José Ribeiro,Mário Soares centrou a sua intervençãonos temas europeus e na apresentaçãodas razões que justificaram a suacandidatura.Referiu-se, nomeadamente, à crise quese vive na Europa, dizendo que Portugalprecisa de ter “uma voz credível” naPresidência da República, capaz de sefazer ouvir, e acrescentou que o país temde vencer os desafios do alargamentoda União Europeia, um dos quais é o dadiminuição de verbas comunitárias.

Recordando o reconhecimento de quegoza nos diferentes pontos do globo, ocandidato salientou o carácter essencialdo diálogo aos vários níveis da políticanacional e internacional.Na visita que realizou, no passado dia14, ao concelho de Cabeceiras de Basto,Mário Soares insistiu na necessidade dese realizarem debates, defendendo que éda “discussão que nasce a luz” emanifestando-se por isso mesmodisponível para debater “a dois, a três oua cinco”.Soares também fez referência à crise quese vive na Europa dizendo que é

necessário avançar no sentido daconstrução europeia.“A Europa precisa de vozes fortes eactualmente há poucas que sejamescutadas, como acontece com aminha”, alertou, acrescentando queembora não se aponte uma perda deliberdade nas democracias europeias, épreciso perceber que “a democracia seconstrói e se aprofunda todos os dias,através do diálogo”.Neste sentido, o fundador do PS lembrouque é uma personalidade conhecida emtoda a Europa, o que o torna “uma vozrespeitada e ouvida”, sobretudo num

momento de “impasse” como o actualna União Europeia.Também em Viana do Castelo, MárioSoares defendeu uma campanha dediálogo e confronto de ideias, tendosaudado a ida para o terreno do seuconcorrente Cavaco Silva, a quemdesafiou para participar em debates e nãose limitar apenas a abordar as questõesfinanceiras, mas também de proble-máticas políticas, sociais e morais.“Desejamos ouvir a palavra dele, porquea campanha é para as candidaturas seconfrontarem”, afirmou, criticando ofacto do seu opositor se ter “sempre

furtado ao diálogo”.Falando em Ponte da Barca, ondeparticipou, no passado dia 13, numajornada gastronómica dedicada às papasde sarrabulho, Soares disse que“ninguém pode ser eleito pelo silêncio”e citou o rei de Espanha para vincar que“é a falar que as pessoas se entendem”.Sobre a sua candidatura, Soaresassegurou que a sua tem carácter“nacional” e é apoiada por gente deoutros quadrantes políticos, “por razõesdiversas e pelos imensos anticorpos queCavaco Silva tem na sua área própria”.No dia anterior, em Lisboa, o ex-Presidente da República desvalorizou oestudo de opinião da Eurosondagem queprevê uma vitória de Cavaco à primeiravolta, explicando que a “realidade édinâmica”.“As sondagens referem um retrato dasociedade num determinado momento,mas a sociedade é uma realidadedinâmica”, afirmou Mário Soares ao falarno final de um jantar debate sobre “Ofuturo da Europa”, no Centro Cultural deBelém, promovido pelo “Clube doChiado”.Na ocasião, Soares manifestou-se contraa dramatização do problema do déficedas finanças públicas e criticou apresença passiva de Portugal no âmbitoda União Europeia.Respondendo a uma questão formuladapelo economista João Ferreira do Amaral,Mário Soares discordou da atitude de se“dramatizar tanto o défice do país e deviver com só essa preocupação”,lembrando que “Salazar resolveu oproblema do défice em Portugal, mas opaís, em termos de desenvolvimento,

PORTUGAL NÃO PRECISA DE UM TÉCNICO DE CONTAS

Mário Soares garante que, se for eleito Presidente da República,estará em melhor posição do que qualquer outro candidatopara evitar que em Portugal surja uma situação de conflitosocial semelhante à que se vive actualmente em França.Ao frisar que o surto de violência urbana que tem abalado osarredores de Paris ao longo das últimas semanas tem as suasorigens “na existência de guetos de imigrantes e de exclusãosocial”, Soares voltou a sublinhar a ideia segundo a qual oexercício da presidência da República não pode limitar-se àacção de um técnico de finanças.“Não é através do controlo do défice – embora isso sejaimportante –, que se combatem os problemas sociais”,afirmou, salientando de seguida que, para controlar as finançaspúblicas são nomeados os respectivos ministros.“O país precisa de alguém que saiba compreender os factos eas suas causas, agindo em consequência e fazendo-se ouvirpelas pessoas”, disse, depois de lamentar e condenar a forteonda de violência urbana que tem afectado os bairros pobresdos arredores da Cidade Luz, alastrando-se depois a outrascidades francesas.

Aos jornalistas que o acompanham no périplo nacional depré-campanha, Soares disse que “têm de ser encontradas”soluções políticas para os problemas do desemprego e daexclusão social dos grupos de jovens envolvidos nos tumultosna França.Segundo o ex-Presidente da República, “não é pela violência”de quem protesta – designadamente os filhos de imigrantesde origem islâmica –, que se obtém respostas satisfatórias doGoverno”.Na sua perspectiva, “os governantes franceses deverãoprivilegiar medidas que possibilitem a inclusão de milharesde pessoas que habitam os subúrbios” das grandes cidadesfrancesas.Depois de referir que em Portugal “também existem guetos”,Mário Soares defendeu ser possível fazer mais e melhor do queaté agora se tem feito no nosso país para os evitar.“Mas nós não temos aquela componente islâmica” nasociedade portuguesa, ressalvou, admitindo que esse factordificulta a resolução dos problemas sociais na França.

M.R.

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718 NOVEMBRO 2005 PRESIDENCIAIS 2006

parou nos 48 anos em que ele esteve agovernar”.Na sua paragem por Lisboa, no passadodia 10, o ex-presidente da Repúblicaapresentou formalmente a lista dos seus

mandatários de candidatura (ver caixa).Na Estufa Real, no Porto, Mário Soaresafirmou-se “muito satisfeito” com aviagem que fez ao Norte do país”, ondegarantiu ter testemunhado “um começo

MANDATÁRIOS DA CANDIDATURAMário Soares apresentou, no passado dia10, na Estufa Fria, em Lisboa, a lista demandatários da sua candidatura àPresidência da República. Numa listaque reúne 26 reconhecidos nomes dasmais diversas áreas da vida nacionalconstam:Mandatário NacionalVasco Vieira de AlmeidaMandatária para a JuventudeJoana Amaral DiasMandatário para a EmigraçãoCarlos LuísMandatária para a ImigraçãoFrancisca Mascarenhas LopesPorta-voz da candidaturaNuno Severiano TeixeiraAÇORESGustavo Manuel Soares MouraAVEIROlídio da Costa Leite de PinhoBEJAJosé Luís Ildefonso RamalhoBRAGAAntónio Manuel de Sousa FernandesBRAGANÇAGraça MoraisCASTELO BRANCOMaria João PiresCOIMBRAJosé Joaquim Gomes Canotilho

ÉVORAJoão CutileiroFAROAdriano Lopes Gomes PimpãoGUARDARogério dos Santos NabaisLEIRIATomás Duarte da Câmara OliveiraDiasLISBOAMaria João SeixasMADEIRAAntónio Jorge Mammerickx daTrindadePORTALEGREManuel Rui Azinhais NabeiroPORTOManuel A. C. Sobrinho SimõesREGIÃO OESTEDiogo José Brochado de AbreuSANTARÉMRui Manuel Monteiro da SilvaSETÚBALJoaquim José de Sousa MarquesVIANA DO CASTELOSalvato Vila Verde Pires TrigoVILA REALJorge Manuel Teixeira de AzevedoVISEUFernando Monteiro do Amaral

M.R.

de mobilização importante” em tornoda sua candidatura.“Há um dinamismo que se está a criar”,frisou o antigo chefe de Estado.Foi na sua passagem pela Cidade Invictaque o fundador do PS alertou os seusapoiantes para o “combate difícil” e“muitas vezes armadilhado” que vãotravar até às eleições de 22 de Janeiro.“É preciso perceber que não há nenhumeleito à partida. Temos que trabalhar paramerecer a vitória”, disse Soares, no dia9, na inauguração da sede distritalportuense da sua candidatura, umasessão seguida de um debate em que ocandidato criticou as visões “econo-micistas” de progresso e defendeu aadopção de modelos sociais e odesenvolvimento económico, àsemelhança das bem sucedidasexperiências dos países nórdicos.Também na sua visita ao Porto, ocandidato apoiado pelo PS afirmou terficado “maravilhado” com a Casa daMúsica, considerando secundário o seuelevado custo de construção.Para o candidato, que realizou esta visitana companhia da sua mandatária paraa Juventude, Joana Amaral Dias, o quedeve interessar aos portugueses é o factoda Casa da Música existir e ser “umamaravilha”, pois “o que faz mudar omundo são as ideias, não o dinheiro”“É uma casa de excelência que está aonível, com certeza, do mais modernoque se faz na actualidade”, frisou,deixando igualmente a mensagem deque é preciso ter “amor pela cultura” eque “nas chefias do Estado estejaalguém que se interesse por arte eciência”.

Falência do Estado Socialé uma mentira

No dia 8, em Braga, Mário Soaresdesmentiu o argumento da iminentefalência do Estado Social, defendendoa continuidade do modelo social europeupor considerá-lo uma “grande conquistada humanidade”.“Os portugueses não devem acreditarnaqueles que dizem que o Estado Socialvai falir, pelo que tudo deve ser privado,na segurança social e na saúde”, afirmouSoares durante um encontro com cercade 150 pessoas, maioritariamente jovens,no Estádio Municipal.“Quando ouvirem dizer isso é importanteque saibam que é mentira”, acrescentou,sublinhando que o problema dasustentabilidade do modelo socialeuropeu já foi ultrapassado em cincopaíses.Na sessão em que elogiou o estádiomunicipal, concebido pelo arquitectobracarense Eduardo Souto Moura e emque marcaram presença o presidente daCâmara de Braga, Mesquita Machado, eo eurodeputado do PS Sérgio SousaPinto, Soares respondeu a perguntas dosjovens sobre a liberdade, a Europa, ospoderes presidenciais, as relações comEspanha e as desigualdades entre olitoral e o interior.Disse que “Portugal tem uma grandeHistória e um grande futuro”, e salientouque o chefe de Estado “tem poderesfortíssimos, sendo um árbitro e ummoderador”.Nas suas várias intervenções, Soaresdesafiou os jovens a interessarem-sepela política e deixou críticas aoschamados “economistas”, defendendoa ideia de que o órgão presidencial épolítico por excelência.Quanto às relações luso-espanholas,Mário Soares considerou-as “excelentes”,prevendo ainda que a Espanha evolua paraum modelo federal, o que, vincou, “nãocria problemas a Portugal, que temrelações naturais com todas as regiões enações espanholas”.Perante uma plateia onde se contavamtambém deputados do PS, simpatizantese os autarcas de Braga, Guimarães,Cabeceiras de Basto, Fafe e Amares, oex-Presidente manifestou “certeza” navitória nas eleições de 22 de Janeiro,avisando: “Vou bater-me como um leão”.Ainda no dia em que visitou o Porto,Mário Soares passou a manhã aconhecer as novidades literárias das suaslivrarias preferidas e até aproveitou paracomprar obras de autores que admira.Depois de percorrer títulos e capas deincontáveis obras, deparou-se comvários livros da sua autoria, incluindoum escrito a dois, com Sérgio SousaPinto.Este livro, intitulado “Diálogo degerações”, foi aliás motivo para Soaresfalar de renovação de gerações.Referindo-se à relação de amizade quemantém com Sousa Pinto desde queforam deputados ao Parlamento Europeu,o candidato confessou-se satisfeito porter amigos de todas as idades,considerando que, em matéria derenovação, “ninguém tira o lugar aninguém”.Para Mário Soares, “não há lugares pré-determinados e quem escolhe é o povo”.Questionado sobre se um Presidente daRepública necessita de ter umabiblioteca que abranja todas as áreas, ocandidato explicou que essa opção

depende dos “interesses” de cada um,reconhecendo que os dossiês sobreeconomia não fazem parte das suaspreferências, embora não hesitasse emgarantir que sempre procura referênciasnos livros dos grandes economistas.

Portugal mudou desde 2004

Em Coimbra, no arranque do seu périplonacional de pré-campanha, Mário Soaresexplicou mais uma vez as razões que olevaram a voltar atrás na decisão tomadaem 2004 de abandonar a vida políticaactiva ao afirmar: “Achei que a situaçãopolítica mudara. Ora mudam-se ostempos, mudam-se as vontades e eumudei também a minha”.Ao intervir num debate com estudantes,no histórico Café Santa Cruz, na Baixade Coimbra, Soares deixou ainda bemclaro que depois de sair do palácio deBelém, em 1996, “não estava disposto aficar empalhado”.“Estava e estou curioso e como semcuriosidade não há sabedoria”, disse,sublinhando de seguida a importânciada participação dos jovens na vidapolítica e da “preparação cívica dosportugueses” proporcionada desde o 25de Abril.Considerando que as associações deestudantes “são escolas de civismo”, ocandidato presidencial apoiado pelo PSevocou Salgado Zenha como um“grande amigo” desde o tempo daresistência ao fascismo.Ao fim da tarde do dia 7, Mário Soarespasseou pelas ruas da Baixa de Coimbra,tendo como anfitrião principal oeurodeputado Fausto Correia ereafirmando-se apostado numa“campanha afectiva” para regressar aopalácio de Belém nas eleições de Janeiro.“Não vou fazer discursos com grandemarketing para ter cinco minutos nostelejornais”, afirmou, garantindo que fará“uma campanha de proximidade” porquequer “tocar as pessoas pela afectividade”e “por ser capaz de as unir e acreditar emPortugal”.Falando perante centenas de apoiantes,depois de ter visitado a Critical Software,Soares descreveu esta empresa comoum “êxito” na área das novas tecnologiase inovação.Recorde-se que a Critical Softwarecolabora com a NASA e emprega 150pessoas, maioritariamente licenciados ealguns doutorados, tendo sido tambémvisitada há um mês pelo primeiro-ministro, José Sócrates.Soares disse que esta é uma instituiçãode ensino superior “moderna e voltadapara o futuro”.Ao recordar a cerimónia em que aUniversidade de Coimbra lhe concedeuo grau de doutor honoris causa, no finaldo seu segundo mandato de Presidenteda República, Mário Soares explicou porque aceitou a distinção académica,dizendo que a Universidade de Coimbra“simbolizou o espírito de Salazar” até ao25 de Abril, assumindo-se, no entanto,nas últimas três décadas, como “acidade do conhecimento” em Portugal“e eu considero-me o anti-Salazar”.Neste encontro usaram também dapalavra Joaquim Gomes Canotilho,professor universitário e mandatáriodistrital da candidatura de Soares, eFausto Correia, deputado do PS noParlamento Europeu e director dacampanha em Coimbra.

MARY RODRIGUES

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8 18 NOVEMBRO 2005ACTUALIDADE

FREITAS DO AMARAL SALIENTA VIRTUALIDADES DOORÇAMENTO E DESMONTA ARGUMENTOS DA OPOSIÇÃOA proposta de Orçamento para 2006,“pelas qualidades que comporta”, bemcomo “pela falta de fundamento dasprincipais críticas da oposição, mereceamplamente ser aprovada por estaAssembleia”, afirmou o ministro deEstado e dos Negócios Estrangeiros,Freitas do Amaral.Falando na sessão de encerramento dodebate na generalidade da proposta deOrçamento do Estado (OE) para 2006, naAssembleia da República, Freitas doAmaral sublinhou que o PSD e CDS-PP“querem menos despesa pública, masnunca dizem onde fariam os cortes maissubstanciais”, acrescentando: “Se essescortes são, como dizem, necessários epossíveis, porque não os fizeram quandoforam Governo?”.Socorrendo-se das estatísticas, o ministrolembrou que “o PSD governou 15 anoscom maioria absoluta, sozinho ou em coli-gação, mas, apesar disso, a verdade é que,nesses 15 anos, a despesa pública cresceusempre, de ano para ano, apenas com duasexcepções, em 1994 e em 1995”.Por isso, disse, conviria perguntar “porquese exige de nós agora um caminho de queem larga medida discordamos, quando oscrentes dessa fé não a praticaram quandodetiveram o poder?”.Segundo o ministro dos NegóciosEstrangeiros, também “seria útil” que o PCPe o Bloco de Esquerda, “sobretudo oprimeiro”, informassem o país “como éque se explica que, se as políticas

económicas e sociais de todos osgovernos estiveram sempre erradas, comodizem, Portugal tenha conseguido vencertodas as crises que enfrentou desde 1974,e o rendimento médio do cidadãoportuguês tenha aumentado 50 por centonos 20 anos que decorreram até hoje desdea entrada do nosso país na então CEE”.E salientou ser “interessante notar quenunca, em 30 anos, qualquer partido daoposição votou a favor de um Orçamentoapresentado por um Governo com apoioparlamentar maioritário”.Freitas do Amaral fez também críticas àpostura dos sindicatos e das corporações,explicando, uma vez mais, que o Governo“não está a ofender os direitos dostrabalhadores, mas apenas a limitarexcessos para acudir aos mais des-favorecidos que não podem ou nãoconseguem trabalhar”.Na sua intervenção, o titular da pastados Negócios Estrangeiros salientouainda que a proposta de Orçamento doEstado foi elaborada em torno de quatroobjectivos fundamentais: cumprir oacordado em matéria de redução dodéfice, criar condições favoráveis aorelançamento do crescimento econó-mico, apostar na qualificação dos re-cursos humanos e promover o aumentodo bem-estar social e da qualidade devida do povo português, em especial dasclasses mais desfavorecidas.E sublinhou que o quarto objectivo,traduzido numa expressão política mais

clara como “reduzir as desigualdades,ajudar os que mais precisam, combater apobreza”, é para o Governo “o objectivomais importante”, já que “é de todos o

SEGURANÇA SOCIAL

COMBATE À FRAUDE PERMITIUDUPLICAR CRESCIMENTO DASCONTRIBUIÇÕESA aposta do Governo no combate à fraude na segurança social está apermitir duplicar o ritmo de crescimento das contribuições e ajudar amelhorar a sustentabilidade do sistema de pensões, afirmou o ministro doTrabalho e da Solidariedade Social.No segundo dia do debate parlamentar sobre o Orçamento de Estado para2006, Vieira da Silva salientou que Portugal se encontra numa “situaçãoefectivamente crítica” no sistema de segurança social, com défices noregime previdência e no regime contributivo, depois de vários anos desuborçamentação de despesas e de empolamento das receitas. Uma situaçãoque, disse, obriga a “diversificar” as fontes de receitas.Segundo o ministro, a prova da melhoria da eficácia do combate à fraude é ado crescimento à taxa de seis por cento das contribuições na segurançasocial nos últimos meses, acima das taxas de três por cento dos anos anteriores.Vieira da Silva defendeu ainda que o Orçamento do Estado para 2006 é um“orçamento de ruptura”, pois apresenta um relatório sobre a sustentabilidadede longo prazo da segurança social e propõe um conjunto de medidas decurto e longo prazo para melhorar a sua sustentabilidade.A receita da segurança social deve crescer no próximo ano 8,1 por cento,acima do crescimento de 7,5 por cento da despesa e o Governo decidiuconsignar a receita do aumento da taxa máxima do IVA à segurança social.“Sustentar a segurança social pelo aumento da carga fiscal não meconvence”, acrescentou o ministro, sublinhando que tal medida foinecessária dada a situação difícil em que o Governo encontra as contas dasegurança social.Vieira da Silva reafirmou que o Governo vai ainda apresentar mais medidaspara melhorar a sustentabilidade do sistema, tais como a alteração dafórmula de cálculo de pensões, a introdução de mecanismos que permitama flexibilização da idade da reforma e a diversificação das fontes definanciamento.

FINANÇAS

GOVERNO ARRECADA 18 MILHÕES EMCOIMAS COM REFORÇO DA FISCALIZAÇÃOO reforço da fiscalização, no âmbito daaposta do Governo no combate à fraudee evasão fiscais, já permitiu arrecadar atéao momento 18 milhões de euros emcoimas relativas a 400 mil infracções queaté Julho passado escapavam a sanções.Em comunicado, o Ministério dasFinanças refere que a Direcção-Geral deContribuições e Impostos (DGCI) jánotificou automaticamente, desde Julhopassado, cerca de 560 mil contribuintespor infracções fiscais.Deste conjunto, cerca de 400 milinfracções estavam ligadas a situaçõesde incumprimento que até aí não vinhamsendo sancionadas, casos que diziamrespeito a atrasos ou incumprimento daentrega da declaração referente ao Modelo3 do IRS relativos a 2003 e 2004, dadeclaração de rendimentos Modelo 22do IRC dos exercícios de 2003, 2004 e2005, bem como à falta de entrega doprimeiro pagamento por conta do IRC de2003, 2004 e 2005 e do pagamentoespecial por conta do ano de 2004.“Destas novas 400 mil infracçõesdetectadas e notificadas automatica-mente, mais de 190 mil, 48 por cento dototal, geraram o pagamento voluntário da

respectiva coima, num montante globalde 18 milhões de euros, denotando umacrescente adesão dos contribuintes àregularização voluntária da sua situaçãoperante a Administração Fiscal”, salientao comunicado.O Ministério da Finanças adianta que atéao final do ano a DGCI vai instaurar osprocessos relativos à não entrega e à entregafora de prazo das declarações de IRS e IRCretidos na fonte desde 2004, acrescentandoque no início de 2006 serão instauradosos processos referentes à não entrega dadeclaração de rendimentos Modelo 22 doIRC.A Administração Fiscal alargou desdeJulho passado o procedimento automa-tizado da instauração de processos decontra-ordenação a diversas infracçõesfiscais, tendo ainda disponibilizado umafuncionalidade automática que permite aoscontribuintes consultar na Internet osprocessos de contra-ordenação contraeles instaurados desde Fevereiro deste ano,mediante a utilização de uma senhaindividual.Os procedimentos instaurados são dife-rentes consoante se trate do cumprimentoda obrigação fora de prazo ou de situações

em que se verifica um incumprimento dareferida obrigação fiscal.No primeiro caso, e antes da instauraçãodo processo contra-ordenacional, oscontribuintes são notificados parapagarem uma coima reduzida.Só em caso de incumprimento dessepagamento é que é instaurado orespectivo processo.No caso em que se verifique umincumprimento da entrega da declaração,o processo contra-ordenacional éinstaurado de imediato sendo, numaprimeira fase, os contribuintes notificadospara apresentarem defesa.Nestas situações apenas haverá lugar àfixação de coimas quando não forapresentada defesa dentro do prazoconcedido para esse efeito ou, tendo elasido apresentada, tiver sido consideradaimprocedente.“Prevê-se que, em 2006, sejamrecuperados os atrasos na instauraçãode processos de contra-ordenaçãorelativos a infracções fiscais e que, a curtoprazo, a regra seja a de a penalizaçãoocorrer num momento próximo ao daprática da infracção o que, aliás, tem vindoa suceder”, lê-se ainda no comunicado.

mais humano, sendo nele que seconsubstancia o nosso compromissopermanente com a justiça social”.É que, sustentou ainda, “fazer política sem

fazer justiça social é o mesmo queescolher uma forma sem conteúdo, fazerum discurso sem substância”.

J. C. C. B.

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918 NOVEMBRO 2005 PARLAMENTO

“Este é já um Orçamentovencedor. O OE para 2006 passou- e passou com distinção - o testeessencial da credibilidade nasociedade portuguesa.”

“O Orçamento representa umainversão na trajectória ascendenteda despesa dos últimos anos,que pela primeira vez desce, emvez de subir.”

“O despudor não tem limites.Muitos dos que acham que osgrandes projectos são faraónicossão os mesmos que apoiaramprojectos de maior dimensão.”

“Este Orçamento não se destinaapenas a enfrentar os problemasmais imediatos da conjuntura. EsteOrçamento responde à crise actualdas finanças públicas mas integra-se numa estratégia de reformasque visam, fundamentalmente,evitar crises futuras.”

“Acabou o tempo do fingimento.Este Orçamento cumpre um rumoe obedece a uma orientaçãoestratégica: conciliar aconsolidação das contas públicascom a resposta aos problemasestruturais da economiaportuguesa.”

“Se há uma opção clara nesteOrçamento é esta: a prioridade docombate à pobreza e, sobretudo,do combate à pobreza entre osidosos.”

“Esta é a terceira vez na Históriada democracia portuguesa queum Governo do PS é chamado aresolver um problema orçamentalgrave e uma situação económicadifícil. No passado, soubemosfazê-lo com resultados positivos.Fá-lo-emos agora de novo. Comos portugueses e a bem do futurode Portugal.”

JOSÉ SÓCRATES DEFENDE UM ORÇAMENTO VENCEDOR

DESPESA PÚBLICA DESCE PELA PRIMEIRA VEZNa abertura do debate sobre o Orçamento doEstado (OE) para 2006 na generalidade, oprimeiro-ministro, José Sócrates, apresentou-seno Parlamento com a consciência plena de queestava ali para defender um documento sério,realista e verdadeiro, que pela primeira vez, emmuitos anos, aponta para um abaixamentoefectivo da despesa pública.

Tratou-se de uma intervenção forte,convicta, onde as linhas programáticas eos argumentos apresentados surgiramesvaziados de malabarismos conta-bilísticos ou mentiras piedosas,pressupostos tão em voga no discurso ena prática de anteriores governos, com asconsequências e os resultados que seconhecem na nossa vida colectiva.O Orçamento aprovado na generalidadecom os votos favoráveis do PS, procuraalcançar, como defendeu o primeiro-ministro, os objectivos de consolidaçãotraçados após a correcção da situaçãodo Orçamento de 2005, metas que vãoao encontro do prometido no Pacto deEstabilidade e Crescimento (PEC).Trata-se, antes de tudo, de um OE sério,realista e de confiança, já submetido aoescrutínio da análise quer da co-municação social, quer dos parceirossociais, quer ainda das diversasinstituições nacionais e internacionais,para além de ter sido já amplamentedebatido nas comissões parlamentares emesmo pela opinião pública. Em todo olado, referiu José Sócrates, os elogios eas análises confirmaram a credibilidade ea sustentabilidade deste documento.É sério, como referiu o primeiro-ministro,porque se baseia numa avaliação rigorosada situação das nossas finanças públicas,porque depois das fantasias do OE de2005, com 1000 milhões de dividendosque de antemão se sabia que nuncaentrariam no cofres do Estado, ou dos500 milhões de euros da venda depatrimónio que nunca foi identificado,ou ainda depois de 5,5 mil milhões dediferença entre o défice orçamentado e odéfice apurado pela ComissãoConstâncio, “eis que com este Orça-mento, o país fica a conhecer semnenhuma espécie de fingimento averdadeira situação das contas públicas”.É realista, por outro lado, porque recusaas fantasias que marcaram o espírito e alógica dos orçamentos anteriores, comas consequências que daí advieram emrelação à credibilidade e à confiança doscidadãos e dos agentes económicos.Finalmente, é um OE verdadeiro e deconfiança, porque não apresenta truquesnem artifícios. Acabaram-se as cativaçõesgeneralizadas de 21,4 por cento noPIDDAC “que escondiam dotaçõesmeramente virtuais, ou a crónica sub-orçamentação na saúde para escamotearas ineficiências de gestão e o desequilibronas contas”. E acabaram-se, por fim,como também disse, as receitasextraordinárias, “como arte do fingimentoe forma de vender ilusões”, com

consequências nefastas, nomeadamentepara os orçamentos futuros.Trata-se pois de um OE de mudança, umdocumento que aponta para a efectivaredução da despesa pública, algo queacontece pela primeira vez, comosublinhou José Sócrates, e que“representa uma inversão na trajectóriaascendente da despesa dos últimos anos”.

Há vozes que não têmcredibilidade

Seguindo o adágio popular, «faz o que tedigo não faças o que eu faço», a oposiçãode direita, lembrou o primeiro-ministro,vem agora com “ar emproado e doutoral”,advogar em teoria a consolidaçãoorçamental pelo lado da despesa,reclamando contra o excessivo peso doEstado ou do despesismo dos ministériose das autarquias locais ou ainda daineficiência da gestão pública. Os quereclamam, são os mesmos que, quandotiveram o poder nas mãos, “sempreaumentaram a despesa pública fazendoexactamente o contrário daquilo queagora dizem defender”.Como enfatizou o primeiro-ministro,“palavras há muitas, mas os factos é quecontam”. E o que conta, prosseguiu, éque de 2002 a 2005, a despesa públicaem percentagem do PIB aumentou sempre,todos os anos, subindo de 46,1 por centodo produto em 2001 para 49,3 por centoem 2005. Esta tem sido pois a trajectóriaascendente que este orçamento, disseJosé Sócrates, quer e vai conseguirinverter, “fazendo cair a despesa públicaem 0,5 por cento em percentagem doPIB”. Ou seja, e pela primeira vez nosúltimos anos, a despesa desce, em vez desubir, constituindo um “passo novo nocaminho certo para a consolidaçãoorçamental”.Mas o despudor não tem limites, referiu oprimeiro-ministro. Muitos dos que,subitamente, acham agora que todos osprojectos são faraónicos, “são os mesmosque apoiaram, subscreveram e prometeramjá para amanhã projectos de muito maiordimensão do que aqueles que o Governoactual se propõe levar a cabo tendo emvista a modernização do país”. É caso paradizer que bem prega Frei Tomás...E o exemplo desta falsa gritaria por partede alguma oposição, sobretudo daoposição de direita, está bem patente naindignação que demonstra em relação aos10 milhões de euros que estãoorçamentados para 2006 destinados àrealização de estudos da rede de altavelocidade, quando em 2005, lembrou

José Sócrates, “orçamentaram e votaram28 milhões de euros – quase o triplo –precisamente com o objectivo de levar aefeito os estudos referentes a este mesmoprojecto”.A este propósito, o primeiro-ministrolembrou que “já todos assistimos a muitasreviravoltas na política, mas faltava-nosassistir ainda a tamanho desplante”.De facto, um partido como o PSD queainda há menos de um ano detinharesponsabilidades governativas e seapresentava como um convicto e acérrimodefensor do projecto da alta velocidade,um partido que há menos de um anoassinou com um governo estrangeiro umcompromisso em nome do Estadoportuguês para a realização destedesígnio, e que se comprometeu, já para2009, com inaugurações, transforma-seagora, recordou o primeiro-ministro, “ sóporque passou para a oposição, num ferozopositor deste mesmo projecto”. Isto, naopinião de José Sócrates, chama-se“irresponsabilidade, inconstância nadefesa dos princípios políticos eziguezagues ao sabor de oportunismosdo momento”.

Um Orçamento com rumo

Mas não se pense que o OE para 2006apenas pretende enfrentar, e por aí ficar,os problemas mais imediatos daconjuntura, como seja, nomeadamente,a questão grave das finanças públicas.Como garantiu o primeiro-ministro, esteOrçamento integra-se numa estratégiamais vasta que aponta para a realizaçãode reformas profundas, capazes deresponder de forma eficaz às diversassituações económicas e sociais que ofuturo não deixará de apresentar. Trata-sepois, de, por um lado, consolidar ascontas públicas e, por outro lado, darrespostas aos diversos problemas tantode âmbito social como económicos.E neste sentido, recordou, alguma coisajá começou a ser feita no seguimento dasmedidas anunciadas pelo Governo hácerca de seis meses. É o caso daconvergência dos regimes de protecçãosocial entre o sector público e o sectorprivado, as leis que hoje estabelecem auniformização dos regimes de assistênciana doença no sector público, a suspensãodos regimes de incentivo à antecipaçãoda idade da reforma, a eliminação denumerosos regimes especiais de

aposentação na função pública, o fim doregime especial das subvenções vitalíciasdos titulares de cargos políticos ou adisciplina introduzida nas condições deacumulação do vencimento de cargospúblicos com o rendimento de pensõesou ainda o limite estabelecido nas regaliasdos administradores das empresaspúblicas, o processo de auditoria aosministérios, no quadro da reestruturaçãoe modernização da administração públicaou no combate à fuga e à evasão nascontribuições devidas não só ao fiscocomo à segurança social.São medidas como estas que tornam oactual Governo credível e que mostramaos portugueses, disse convicto JoséSócrates, o caminho indicado para quelivremente e responsavelmente seassociem e se mobilizem em volta depolíticas que são “necessárias, justas eindispensáveis para a sustentabilidade daspolíticas sociais que inspiram o nossomodelo de Estado Social”. Daí o enfoquedado neste OE para 2006 em relação àspolíticas ligadas à solidariedade social.Na sua intervenção, o primeiro-ministrolembrou que, “se há uma opção claraneste Orçamento, ela aponta de formaprioritária para o combate à pobreza,sobretudo a que atinge os mais idosos”.É por isso que, reforçou, apesar dosconstrangimentos orçamentais “aspensões mínimas terão um crescimentoreal, acima da inflação”, assim comoserão indexadas nos termos da Lei deBases da Segurança Social, “as pensõesmínimas ao salário mínimo”.Com referência a estes princípios,adiantou ainda José Sócrates, e em nomedo efectivo combate à pobreza entres osidosos, este Orçamento permitirá começara pagar, “já em 2006”, o complementosocial destinado aos pensionistas maispobres, complemento que se destinará aajudar aqueles que mais precisam e quenada mais têm a não ser os recursosescassos de pensões mais baixas.Mas também se poderá apontar a este OEo objectivo de pretender qualificar ummaior número de portugueses. Porque épor este capitulo, como aliás o Governotem vindo a alertar, que passará muito donosso futuro colectivo. Com efeito,regista-se na área da qualificação um dosmaiores e mais graves constrangimentosao nosso desenvolvimento e com-petitividade económica, razão por queeste Orçamento aponta a qualificaçãocomo um dos centros das suas opções,assim como considera prioritário uminvestimento sério no Plano Tecnológico.Para o primeiro-ministro, este Orçamentoconsubstancia as medidas maisindicadas para ajudar a encaminharPortugal, no mais curto espaço de tempopossível, para metas de desenvolvimentoem tudo semelhantes às registadas nosrestantes parceiros europeus, comfinanças públicas equilibradas, “factoressencial para a credibilidade da nossaeconomia”, objectivo que trará anecessária estabilidade ao país, de modoa poder responder de forma eficaz àconfiança dos investidores abrindo novasjanelas de oportunidades à qualidade devida dos portugueses.

RUI SOLANO DE ALMEIDA

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10 18 NOVEMBRO 2005PARLAMENTO

O líder da bancada parlamentar do PS, AlbertoMartins, felicitou o Governo por ter apresentadoum “Orçamento corajoso, sério, com carácter defuturo”. Aliás, sublinhou, “como é exigível aquem tenha de resolver, simultaneamente, trêsquestões básicas da actual situação portuguesa,como as contas públicas, a economia e odesenvolvimento sustentável e a preservaçãodo Estado Social e políticas públicas”.

Alberto Martins, ao intervir durante odebate parlamentar do Orçamento deEstado para 2006, considerou, por isso,“surpreendente” que o maior partido daoposição tenha tomado a iniciativa devotar contra o Orçamento de Estado (OE)para 2006.“O Governo está a combater o déficeorçamental e fá-lo bem, mas há matériaque não é possível combater, que énaturalmente o défice de credibilidade daoposição liderada pelo PSD”, disse.E, a propósito, citou declarações dodeputado laranja Miguel Frasquilho ao

do trio Santana/Portas/Bagão queapontava para um défice de 2,9 por cento,que se veio a verificar ser afinal de 6,83por cento.

Orçamento de verdade

Este é “claramente um Orçamento deverdade que marca fortemente a diferençado Orçamento anterior, um embusteapresentado aos portugueses, responsávelpor grande parte da quebra de confiançana economia nacional”, afirmou AfonsoCandal, no debate parlamentar nageneralidade do Orçamento de Estado para2006.O deputado socialista pôs em relevo ascontradições da bancada laranjarelativamente à consolidação das contaspúblicas no lado da despesa, salientandoque no caso do Serviço Nacional deSaúde (SNS) “ao Governo bastava terseguido a receita do último Executivo desuborçamentação do SNS e essaconsolidação era feita em 1,1 por centodo PIB instantaneamente”. Contudo,frisou, “essa não era a verdade, estava-sea enganar os portugueses, era pôr emcausa o Serviço Nacional de Saúde”.Por outro lado, referiu Afonso Candal, oaumento da despesa ao nível da segurança

social deve-se ao facto do Orçamento doEstado para 2005 ter um défice previstopara o exercício de 2005 da segurançasocial de 45 milhões de euros. Ou seja,explicou, “a segurança social não tem,para 2005, dinheiro para pagar asprestações de desemprego, de abono defamília, as pensões, os subsídios dedoença. Faltam-lhe 45 milhões de euros”.Perante este quadro, o deputado do PSsalientou o “enorme esforço” do Governoneste Orçamento, “aumentando astransferências em 12,6 por cento nasegurança social”, pretendendo chegarao final do ano de 2006 com “um saldopositivo de mais de 100 milhões deeuros”.Na sua intervenção, Afonso Candalesclareceu que a fórmula de cálculo dopagamento especial por conta “mantém-se inalterada”, ou seja, as empresas quepagavam 39.999 euros continuarão apagar o mesmo valor. E relativamente àtributação das pensões, um papão agitadofreneticamente pelas bancadas daoposição, o deputado socialistaesclareceu também que os 2.563.223pensionistas que têm as pensões maisbaixas, situadas abaixo dos 138 contospor mês, na moeda antiga, nada pagavame nada continuarão a pagar.

“Quem é que, efectivamente, vai ter omaior prejuízo? Todos os rendimentos queestão acima dos 40.000 euros por ano,cerca de 572 contos por mês, porquecomeçam a perder a dedução específicamais cedo. Quantos contribuintes estãoacima dos 40.000 euros ano?Exactamente, 3016 pensionistas”, disse.Segundo concluiu Afonso Candal, “asituação mais penalizada é a situação dosrendimentos de pensões de 74.022 eurospor ano, ou seja, os rendimentos depensão da ordem dos 1060 contos pormês, considerando, mais uma vez, 14meses por ano”.O deputado socialista tambémdesmontou as previsões do PCP quantoa um alegado congelamento dos saláriosda função pública durante os governosde António Guterres, o que não se veio averificar. Ou seja, “o Partido Comunistaenganou-se sucessivamente nas contase, nos anos em que houve efectivocongelamento dos salários da funçãopública impostos pelos governos dedireita, não se manifestou com a mesmaveemência com que se manifesta emrelação aos governos do PartidoSocialista. Pelo menos, não conseguiencontrar qualquer notícia de jornal quedesse conta disso”, acusou.

Orçamento feitas nas páginas dohebdomadário “Povo Livre”, bem comoas posições de alguns economistasligados ao PSD, como Miguel Beleza eMira Amaral, entre outros, reconhecendoa “seriedade e credibilidade” dodocumento apresentado pelo Governo erecomendando, por isso, a MarquesMendes o voto favorável do seu partido.“A decisão de não votar o Orçamento épara eles uma decisão irrealista eirresponsável”, disse, acrescentando queo OE de 2006 “é credível e realista”, aocontrário do OE “fantasmático” de 2005

SOCIALISTAS APROVAM O

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1118 NOVEMBRO 2005 PARLAMENTO

Modernização daadministração pública

Outro dos oradores no debate doOrçamento, o deputado do PS AntónioGameiro, afirmou que o Governo está “aconduzir uma estratégia de desenvolvi-mento para o país, onde a modernizaçãoda administração pública é umacomponente essencial”, que deve “contri-buir igualmente para a consolidaçãosustentada das finanças públicas e parao crescimento económico”.Segundo o parlamentar socialista, “nãose trata de fazer a ‘grande reforma daadministração pública’, mas de lançaras bases de um processo reformadorfirme e consequente”, para alcançar“uma administração eficaz que sirva bemos cidadãos, as comunidades e asempresas, concretizando as expectativasque os cidadãos têm de um Estadomoderno”.Esta “urgente necessidade” de fazer faceao desequilíbrio das finanças públicas,referiu António Gameiro, “obrigou oGoverno em 2005 a tomar algumasmedidas relativas à administraçãopública, em alguns domínios, emparticular no plano da reestruturação dascarreiras e regimes de pensões e em

alguns aspectos da gestão da funçãopública”.Medidas que, sublinhou, “enquadram-se nas perspectivas do Governo para aevolução a imprimir à administração doEstado, e estão para além do esforço, decurto prazo, de reequilíbrio das finançaspúblicas”.Na sua intervenção, o deputado socialistasalientou ainda que o “processo refor-mador” levado a cabo pelo Governo “apon-ta para um Estado e uma administraçãopública mais eficientes e ajustados aosrecursos do país” e, por outro lado, “parauma administração pública menosprodutora, no caso de certos serviços, emais reguladora e fiscalizadora, maispróxima dos cidadãos e assegurandoeficazmente o exercício dos seus direitos”,como são os casos das medidas dedescongestionamento da justiça que esteOrçamento do Estado finalmente consagra.António Gameiro realçou ainda que adespesa pública em termos do PIB “éreduzida pela primeira vez desde hámuitos anos”, lamentando que “osgrupos parlamentares do PSD e do CDS/PP, que tantas vezes nesta câmara têmafirmado estar ao lado do Governo noesforço de contenção e consolidaçãoorçamental”, votem contra o Orçamento.

Receitas autárquicassuperam inflação

Por sua vez, o deputado socialista LuísPita Ameixa afirmou que, relativamente àadministração local, espera-se, para2006, “um quadro relativamentefavorável de progressão positiva dassuas receitas e meios de financiamentopostos à sua disposição”.Segundo Pita Ameixa, o Orçamento para2006 aponta “uma evolução positiva”das receitas autárquicas de 294 milhõesde euros, um aumento percentual de 4,1por cento face ao ano de 2005, quesupera a inflação prevista.Para esse acréscimo, explicou,“contribuirão as receitas próprias,sobretudo as receitas fiscais prove-nientes da tributação do património”, mastambém se destaca “o esforço do Estadono sentido de aguentar e assegurartransferências para as autarquias locaisem montante igual ao do ano transactode 2005” e, igualmente, “o alargamentoda capacidade não limitada deendividamento a novas áreas da suaactuação legal”.Por outro lado, o deputado socialistasublinhou que “o poder local é umpoder autónomo mas não vive num país

autónomo idealizado”, referindo que,por isso, se consagrou na Lei das Fi-nanças Locais e na Lei de Enquadra-mento Orçamental “uma regra quesalvaguarda a possibilidade de astransferências do Orçamento do Estadoserem estabelecidas em montantesinferiores, para assegurar o estritocumprimento dos princípios deestabilidade orçamental e dasolidariedade recíproca, decorrente doscompromissos internacionais dePortugal assumidos no âmbito da UniãoEuropeia e nos termos do Pacto deEstabilidade e Crescimento (PEC)”.Salientando que Portugal está sujeitoao cumprimento dos parâmetros doPEC em matéria de finanças públicasaté 2008, defendeu que “todos ossectores da vida nacional devem estarsolidariamente comprometidos no seucumprimento”.Na sua intervenção, Luís Pita Ameixaconsiderou ainda que a reforma dosistema de financiamento dasautarquias, na qual o Governo já está atrabalhar a nível técnico, “constitui umaimportante iniciativa que libertará osmunicípios do grau de dependência quehoje existe em relação à construçãocivil, no que toca à origem das suasreceitas e, do mesmo modo, serátambém definido o regime legal depoderes tributários a exercer pelasautarquias municipais”.Mas, ressalvou, “tudo em obediência aum princípio basilar de que não serãoafectados os actuais níveis globais definanciamento da administração local”.Por nós, concluiu, “concordamos coma ideia que este Orçamento põe Portugalno bom caminho, com confiança,modernidade e esperança, com umaadministração pública requalificada emais eficiente”.

Sem segurança não hádesenvolvimento

Por outro lado, a ideia de que “semsegurança não há desenvolvimentoeconómico e democracia”, foi defen-dida por João Serrano numa intervençãocentrada na área da administração interna.É que, sublinhou o deputado socialista,“contrariamente a um pensamentotradicional que defendia que maissegurança era igual a menos liberdade,é claro, hoje, que a segurança é umelemento da própria liberdade que deveser assegurado através de um combateem duas frentes simultâneas ecomplementares: a prevenção das causase atenuação das consequências”.Referindo que os recentes aconteci-mentos ocorridos em França trazem paraa ordem do dia este debate, considerouque, por isso, “é essencial a criação deuma cultura de segurança, baseada naautoridade legitima do Estado demo-crático de Direito e no entendimento quea segurança constitui uma questão decidadania, determinante para contrariara tendência contemporânea para afragmentação e dasagregação dassociedades”.No entanto, frisou, “esta visão não deveser confundida com uma qualquer deriva

securitária”, já que “a chave do problemareside na concretização de verdadeiraspolíticas sociais de inclusão”.Por outro lado, João Serrano referiu quenuma apreciação à proposta de lei doOrçamento de Estado para 2006 notocante à área da administração interna,“uma ideia fica desde logo clara: oGoverno consegue uma redução dadespesa total consolidada em cerca de2,9 por cento”.E adiantou que “a credibilidade daproposta radica também no facto, de aocontrário do OE de 2005, não se verificara suborçamentação das despesas defuncionamento da GNR e PSP, nem haverlugar à transição das divida dossubsistemas de saúde”.Na sua intervenção, o deputado do PSsublinhou ainda que se há área em queo Governo apresenta uma “aposta clara”é a da protecção civil.De facto, adiantou, “a protecção civilregista um aumento de investimento, quereflecte as várias reformas de fundo jáanunciadas para este sector, designa-damente no que toca à profundareformulação do dispositivo de combateaos incêndios florestais”.

SCUT’s são lucrativas

Já o deputado do PS João Cravinhodefendeu que as auto-estradas SCUT’s(sem custos para o utilizador) sãolucrativas em termos orçamentais.Ao encerrar pela bancada do PS o debatedo Orçamento do Estado (OE) para 2006,no Parlamento, João Cravinho referiu umestudo dos professores Mourão Pereira eJorge Andraz para sustentar que, emborasendo gratuitas, as SCUT “dão lucro aoorçamento”.“Considerando todos os fluxosactualizados à mesma taxa, os efeitossobre o produto são 6,6 vezes superioresaos encargos financeiros para o Estado”,explicou Cravinho, que enquanto ministrodo Equipamento Social foi responsávelpela concepção das SCUT’s.“O investimento realizado na construçãodas SCUT’s tem efeito positivo noinvestimento privado, no emprego, noproduto e na arrecadação de receitasfiscais em todo o país”, disse, apontandoo referido estudo.O deputado socialista sublinhou que “oimpacto total das SCUT’s sobre o produtoé da ordem dos 49 mil milhões de euros,a preços constantes de 1999”, tendoainda “um efeito positivo sobre oinvestimento privado de cerca de 23 milmilhões de euros, sem actualização, dosquais 6 mil no Norte, 38 mil milhões noCentro, 9,6 mil milhões em Lisboa e Valedo Tejo, 1,9 mil milhões no Alentejo e1,4 mil milhões no Algarve”.João Cravinho sublinhou que a regiãode Lisboa e Vale do Tejo não temqualquer SCUT e acrescentou queaquelas vias criaram “66 mil empregos”.Quanto ao balanço entre despesas ereceitas orçamentais, o deputadosocialista referiu ainda que “todas asSCUT’s se pagam a si próprias e são,portanto, orçamentalmente sustentáveise até lucrativas”.

J. C. CASTELO BRANCO

ORÇAMENTO DE FUTURO

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12 18 NOVEMBRO 2005ORÇAMENTO DE ESTADO

UM DISCURSO ECONÓMICO MOBILIZADOREM TEMPO DE CONSOLIDAÇÃO DAS CONTAS PÚBLICASO Partido Socialista reconhece a necessidade de um sólido processo deconsolidação orçamental em Portugal. Não é de agora nem poderia ser deoutra forma: o desequilíbrio persistente das contas públicas, a estagnaçãoeconómica prolongada e as tendências demográficas com sériasrepercussões sobre os custos sociais (em particular segurança social esaúde) tornaram imperativas medidas não apenas de contenção e inversãode tendências como, sobretudo, visando a sustentabilidade a prazo dopróprio Estado Social – com todo o seu sistema de protecção dos maisfracos, acesso universal à educação e aos serviços de saúde, manutençãode pensões aos aposentados, protecção no desemprego, transportes eacessibilidades…A abordagem do PS à consolidação orçamental não se confunde com aexperiência recente dos governos de direita. Para o PS o combate pelaconsolidação orçamental passa por acções imediatas de controlo dasdespesas e receitas do Estado, mas está necessariamente ligado areformas estruturais de médio e longo prazos, à valorização das políticaspúblicas e da abordagem estratégica nos assuntos do Estado e dasociedade e a objectivos de crescimento económico-social e decompetitividade. Essas são marcas de um Governo socialista que estalegislatura não pode deixar de consagrar.A consolidação orçamental está, pois, associada a objectivos de naturezasocial no médio e longo prazos. Está também associada a objectivoseconómicos: a própria sustentabilidade a prazo e a qualidade do crescimentoeconómico em Portugal pressupõe uma afectação de recursos mais intensavisando objectivos de competitividade – e isso são as empresas quegarantem o que obriga a desviar, selectivamente, recursos para o tecidoempresarial e para as políticas públicas com incidência microeconómica.Esta segunda valência da consolidação orçamental, visando objectivoseconómicos, liga-se a um aspecto absolutamente decisivo quando seanalisam os défices da sociedade portuguesa: é que o “tão endeusado”défice das contas públicas é apenas um dos desequilíbrios da economia eda sociedade portuguesas. Mais determinante do que aquele défice interno(das contas públicas) são o défice externo e o défice de qualificações dosportugueses. Esses sim são persistentes, determinam intensamente ofuturo de todos nós e não se resolvem num curto período nem apenas coma acção do Estado. Num contexto de Zona Euro a margem de manobra dapolítica económica em Portugal é curta: fora do contexto da moeda únicaresolver-se-ia com o empobrecimento geral da população portuguesa, por

europeia é outra evidência destes “handicaps” competitivos.Este é o diagnóstico. Porém, face às dificuldades é altura de acção. Essaé a missão que o povo português atribuiu ao Governo do PS conferindo-lhe uma expressiva maioria absoluta.Apostas estratégicas fortes, uma clarividente visão prospectiva, colaboraçãoestratégica entre o Estado e o sector privado em torno de parceriasmobilizadoras, iniciativas de “clusterização” de âmbito nacional, sectorialou territorial e políticas públicas adequadas poderão permitir uma decisivaredinamização económica. Em Portugal, face aos problemas atrásdiagnosticados, é decisiva a focalização dos esforços públicos em tornode actividades estratégicas e de projectos prioritários. Como também nãopodemos ignorar nas opções políticas indispensáveis o sério problemaportuguês da insuficiente qualidade do investimento público como, maisrelevante e tão pouco referido, do investimento privado (5 vezes maisimportante do que o investimento público!). Como ainda não podemosignorar o facto do continuado distanciamento da produtividade da economiaportuguesa face à maioria dos parceiros europeus – sabendo que no longoprazo é a produtividade que verdadeiramente determina os níveis de bem-estar de todos nós.Estimular, qualificar e reorientar o investimento tanto público comoprivado é essencial para obter sérios ganhos de produtividade. Promovera integração estratégica a partir das grandes empresas nacionais éigualmente decisivo – como, a este propósito, entender e aceitar a faltade critérios estratégicos de médio e longo prazo na política de fornecedoresde empresas como a EDP?Nesta linha a política industrial é decisiva. Nesta orientação estão atrabalhar a Comissão Europeia – com a constituição de grupos de trabalhode alto nível, com propostas destinadas a sectores específicos e iniciativaspara a competitividade, energia e ambiente, direitos de propriedadeintelectual, melhoria da regulamentação, investigação e inovaçãoindustriais, acesso aos mercados, competências e gestão – bem como aOCDE e diversos países europeus.Deste ponto de vista, o país precisa de um discurso económico mobilizador,gerador de confiança, aglutinador de competências e fomentador deparcerias estratégicas para o desenvolvimento – em parcerias entre oEstado e investidores privados tanto nacionais como estrangeiros,geradoras de ganhos de produtividade, em novos “clusters” de valoracrescentado.

MAXIMIANOMARTINS

Coordenador do GP/PSpara os Assuntos

Económicos

POLÍTICAS ADEQUADAS AO DESENVOLVIMENTO REGIONALNAS OBRAS PÚBLICAS, TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES

MIGUELCOELHO

Coordenador do GP/PSna Comissão de ObrasPúblicas, Transportes

e Comunicações

OPERACIONALIDADE E ORGANIZAÇÃODAS FORÇAS ARMADAS ESTÃO ASSEGURADAS

MARQUESJÚNIOR

Coordenador do GP/PSna Comissão

da Defesa Nacional

via das desvalorizações cambiais do escudo, numa percentagem apreciável– certamente não menos de 30 a 40 por cento!De resto, défice externo e défice de qualificações estão ligados. E estesestão, por sua vez, ligados ao défice interno das contas públicas. Umtriângulo que tanto pode ser perverso como virtuoso…Estando o quadro de desvantagens competitivas de Portugal em matériade escolaridade, competências e qualificações – face aos nossostradicionais parceiros europeus como, agora, face aos novos países daUnião Europeia e mesmo face a concorrentes mundiais no espaço deglobalização que é o mundo moderno – diagnosticado amplamentepassarei, neste curto artigo, à análise do défice mais relevante daeconomia portuguesa que são os desequilíbrios com o exterior.O défice com o exterior é bem revelado por, entre outros indicadores, umdesequilíbrio da balança de transacções correntes (balança corrente +balança de capital) que atingiu -9,1 por cento em 2001 e cerca de -6,0por cento em 2002 e 2004. É também revelado por uma continuadaperda de quotas de exportação: nos quatro últimos anos (2001 a 2004)a procura externa de bens e serviços, para Portugal, cresceu 2.2 porcento, 1.7 por cento, 3.0 por cento e 7.1 por cento enquanto a nossaquota de mercado de exportações (bens e serviços) evoluiu -1.6 porcento, 0.7 por cento, 1.5 por cento e -1.9 por cento.Esta situação persistente decorre das sérias debilidades que a economiaportuguesa apresenta, dos handicaps competitivos das empresasportuguesas e, em geral, do padrão de especialização da economia assenteem actividades pouco intensivas em conhecimento, tecnologicamentepouco evoluídas, pouco propensas à inovação de processos e produtos ecom pouca capacidade autónoma/endógena em termos de marcas eprocessos comerciais e de distribuição.E hoje, num mundo de globalização, não bastam baixos salários e umacompetitividade apenas baseada em preços e baixos custos… Nummundo global há sempre alguém que oferece mão-de-obra mais barata ecustos mais baixos!A resultante desta situação estrutural é, no passado recente, uma tendênciade crescimento muito fraca da economia portuguesa num longo período.Esta situação apenas foi contrariada por factores favoráveis – nãorepetíveis ad infinitum – como os fundos comunitários e a queda da taxade juros com a adesão ao euro ou ainda a implantação de alguminvestimento directo estrangeiro relevante. A divergência da média

O Orçamento do Estado para o próximo ano, no que respeita às obraspúblicas, transportes e comunicações deve ser apreciado à luz do quadrogeral de redução da despesa pública, onde o contributo do MOPTC para arecuperação financeira do Estado se traduz numa redução do investimento,sendo que a despesa consolidada apresentará uma redução de 2,6 porcento, com especial incidência nas despesas de funcionamento e nofinanciamento aos investimentos comunitários.Contudo, pelas prioridades de investimento apontadas pelo Governo, conclui-se que este evidenciou a preocupação em garantir neste Orçamento um nívelde prioridades, com dotação específica de verbas necessárias que garantema continuidade dos projectos em curso, assim como não ignora a necessidadede se prestar um novo impulso a alguns investimentos essenciais para odesenvolvimento do país e importantes para o reforço da coesão nacional.Se, por um lado, privilegia as entidades públicas administrativas dotando-ascom verbas do OE, aposta na dinâmica de candidaturas credíveis aos fundos

comunitários e deixa às entidades com receitas próprias e/ou capacidade deendividamento a possibilidade de recorrer a outras fontes, por outro lado,reveste a preocupação para com uma área muito sensível para a credibilidade,tranquilidade e confiança das populações e imperiosa, para um necessáriobom funcionamento da economia nacional e regional, que é a área damanutenção da rede rodoviária, onde as verbas para este sector são reforçadasem cerca de 40 por cento, face ao orçamentado para 2005.Importa assim salientar que o reconhecimento da necessidade de sefavorecerem investimentos e políticas que promovam uma mais rápidaintegração dos corredores estruturantes do território na rede transeuropeiade transportes, com a imprescindível implementação e desenvolvimentodas plataformas logísticas, com interligação aos portos de mar e aeroportos,como são o caso da Plataforma Logística do Norte, ou a de Sines, e acriação da Plataforma de Elvas, todas perspectivadas numa lógicamultimodal, revelam uma correcta percepção política e orçamental no

sentido do serviço e desenvolvimento económico do país. Também a vontadeem prosseguir-se com políticas e investimentos que favorecem a coesãonacional e o desenvolvimento regional são de saudar e perspectivam umaadequada política de coesão nacional.Por último, realça-se que a prossecução dos estudos para o aeroporto daOta não sobrecarregam este orçamento, uma vez que estão a cargo daempresa NAER e, que as verbas orçamentais destinadas ao TGV, para oprosseguimento de estudos técnicos e de viabilidade financeira,correspondem ao nível de investimento adequado para esta fase, tendo emconta o quadro geral das dificuldades financeiras do Estado.Pode-se concluir, e face ao quadro geral de contenção e redução da despesapública, que o verdadeiro desafio para o Governo em geral e para esteMinistério em particular, será o de garantir que a execução orçamental sejafiel aos princípios gerais expostos. A bem das contas públicas e dacredibilidade internacional de Portugal.

O orçamento do Ministério da Defesa Nacional segue as linhasorientadoras do Orçamento do Estado caracterizado pelo rigor, a contençãoe a credibilidade, num quadro macroeconómico que é, como todossabemos, de dificuldade acrescida da circunstância da necessidade dereduzir um défice “gigantesco” herdado dos governos do PSD/CDS.Uma das características deste orçamento relativamente a orçamentosanteriores é a ausência de suborçamentação, tornando-o num exercíciorealista e fácil de compreender.Existem, no entanto, duas questões que devem ser relevadas e que, numaprimeira análise, podem levantar algumas dúvidas: é o caso do PIDDACque tem um valor inscrito insuficiente para fazer face ao Programa deConstrução dos Patrulhas Oceânicos e de Combate à Poluição, emconstrução nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC), que podeconduzir à legitima interrogação sobre o futuro deste programa que éabsolutamente necessário e é a necessidade do financiamento do Fundo

de Apoio aos Antigos Combatentes.Quanto ao PIDDAC, o ministro da Defesa Nacional afirmou, de formainequívoca, que o Programa dos “Patrulhões” não será prejudicado,recorrendo-se à sua inscrição na Lei de Programação Militar (LPM),que está em fase de revisão, enquanto no que se refere aos ex-combatentes o Governo herdou uma situação muito difícil na medidaem que, apesar do Fundo de Apoio aos Antigos Combatentes estarformalmente criado, ele não tinha um cêntimo! A alimentação desteFundo está previsto ser feita por alienação do património da defesanacional mas o ministro da Defesa referiu que o seu ministério, só porsi, não consegue satisfazer todas as necessidades pelo que terá dehaver, a curto prazo, uma nova análise da situação garantindo, noentanto, que enquanto se mantiver o actual quadro legal o Governocumprirá os compromissos assumidos.No que se refere aos grandes números do orçamento podemos dizer que,

no caso da Defesa, se prevê um valor total da ordem dos 2.077,5milhões de euros, o que representa uma diminuição de 1,4 por cento emrelação ao orçamento inicial de 2005. O peso do orçamento da DefesaNacional na Despesa da Administração Central passa de 4,1 por centopara 3,8 por cento e no Produto Interno Bruto de 1,5 por cento para 1,4por cento.No que se refere à despesa de funcionamento, há um decréscimo enquantono que se refere ao valor total do investimento há um aumento comoresultado do valor da LPM inscrito para este ano (299,9 milhões deeuros) como resultado da imposição da respectiva lei, embora a propostado orçamento preveja uma cativação de 40 por cento.O orçamento da Defesa para 2006 é pois um documento enquadrado naslinhas gerais orientadoras do OE, que garante, no quadro das dificuldadesconhecidas, o essencial da organização e da operacionalidade das ForçasArmadas no cumprimento das suas missões constitucionais.

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1318 NOVEMBRO 2005 ORÇAMENTO DE ESTADO

O REFORÇO DO ESTADO SOCIALO actual Governo da nação propôs-nos, todos sabem, uma aposta clara noEstado Social. Nesta altura em que se discute o Orçamento de Estado para2006 é reconfortante para os portugueses perceber que o Governo não seficou pelas propostas nem pelas promessas mas passou aos actos. Aconcretização dos princípios da governação carece de medidas de políticaconcretas e de meios para as concretizar.Percorrendo a proposta de Orçamento de Estado em discussão, detivemo-nos numa tutela fundamental para a realização do Estado Social – oMinistério do Trabalho e da Segurança Social (MTSS) que nos propõe umorçamento solidário e sustentado, de rigor e consolidação.No seu programa de acção para 2006 o MTSS fez apostas estratégicas deextrema importância que podemos situar em três sectores primordiais, asaber:

Mercado de Trabalho, Emprego e Formação ProfissionalAqui é de salientar o Plano Nacional de Emprego que implica umacolaboração estreita com a tutela da Educação. O MTSS aposta napromoção e desenvolvimento do capital humano, no quadro de um sistemade formação contínua e aprendizagem ao logo da Vida. Destaque-seainda, pela sua enorme importância, a iniciativa das “NovasOportunidades” que estabelece o 12º ano como referencial mínimo deformação de todos os jovens, colocando metade deles em viasprofissionalizantes do ensino secundário e promovendo a qualificação deum milhão de activos, como forma de recuperação dos seus níveis deescolaridade e qualificação profissional. O Orçamento de Estado para2006 (OE), nesta área prevê um aumento de dotação, em relação a2005, na ordem dos 13 por cento.

Protecção e Inclusão SocialA pobreza dos agregados familiares em geral e dos idosos em particularconstitui um problema cuja existência se arrasta na sociedade portuguesa,colocando em causa a coesão social e intergeracional e que, por isso mesmo,reclama medidas concretas. Para combater esta situação o OE prevê acriação de uma Prestação Extraordinária de Combate à Pobreza dos idosos,para apoiar os pensionistas mais idosos e em situação de grave carênciaeconómica e prevê, ainda, a criação do Rendimento Social de Inserção, paraapoiar as famílias mais desfavorecidas, nomeadamente as que têm criançase jovens a cargo, designadamente no que respeita ao período de tempo

relevante para a aferição do direito à prestação social, de molde a assegurarpatamares mínimos de subsistência. Mas o reforço da protecção social nãose consegue sem uma aumento da fiscalização juntos daqueles que delabeneficiam e também aqui o MTSS faz uma aposta clara.

ReabilitaçãoO actual Governo tem opções por politicas de Prevenção, Habilitação eParticipação das Pessoas com Deficiência e promoção da sua participaçãonas diversas esferas da vida; a este propósito a primeira e mais claraaposta para implementação destas políticas é a criação da Secretaria deEstado Adjunta e da Reabilitação. Para o ano de 2006 estão previstos,entre outros a conclusão do II Plano Nacional contra a Violência Domésticae o Reforço das Comissões de Protecção a Crianças e Jovens em Risco;estes dois planos de acção têm no OE um reforço de dotação, em relaçãoa 2005, respectivamente, de 17,1 por cento e 34,6 por cento.

O OE do MTSS totaliza 6 851,7 milhões de euros e corresponde a 4,6 porcento do PIB e a 12,6 por cento do total das despesas da AdministraçãoCentral. O OE para 2006 regista, em relação ao ano anterior, um aumentode 601,8 milhões de euros a que corresponde uma taxa de crescimento de9,6 por cento. Salientem-se ainda, a propósito deste Orçamento, doisaspectos fundamentais:- a previsão de cobrança do IVA social (destinado a financiar o orçamento

da segurança social) em 2006 ascende a 633 milhões de euros;- as despesas de funcionamento do MTSS manifestam uma tendência

decrescente, enquanto que as despesas de investimento crescem cercade 52,4 por cento, em relação à execução prevista para 2005, sendoque a sua quase totalidade é financiada por verbas nacionais.

No seu conjunto, temos um orçamento de verdade e de rigor. Solidário, namedida em que reforça a protecção social dos que mais dela necessitam;equilibrado, pois apresenta, na óptica das contas nacionais, um saldo quepassa de 45 milhões de euros negativo em 2005, para um saldo positivode 101,8 milhões de euros em 2006; sustentado, pois é cumprida(finalmente!) a Lei de Bases da Segurança Social.Eu diria mesmo, um orçamento verdadeiramente socialista que nas actuaiscircunstâncias nos deve orgulhar

HELENA TERRACoordenadora do GP/PS

na Comissãode trabalho e

Solidariedade Social

A OPÇÃO DO FUTURO ESTÁ PLASMADANO OE DA EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E CULTURAO Orçamento do Estado para 2006 é – na parte que diz respeito à Educação, àCiência, Tecnologia e Ensino Superior, e à Cultura, e como acontece na suaglobalidade – um Orçamento credível, de consolidação e de crescimento.Porque é credível, de consolidação e de crescimento o programa de Governo aque diz respeito, e para cuja execução será um instrumento fundamental.Em matéria de política para a Educação, o grande compromisso assumido peloGoverno é ultrapassar o défice de qualificação da população portuguesa, comvista a contribuir para o aumento da coesão social e da modernização económicae tecnológica do país. Sendo este um programa para uma legislatura, ao prever,para 2006, um aumento das despesas da Administração Central com a Educaçãona ordem dos 0,2 por cento relativamente à estimativa de execução em 2005,e um aumento de 5,4 por cento no que diz respeito às transferências dacomponente social do ensino pré-escolar, significa que: se a situação difícilem que vivemos obriga a que a Proposta de Orçamento de Estado tenha como

um aumento total de 5,3 por cento, uma parte considerável (23,4 por cento) doorçamento previsto é destinada a apoiar a criação artística e a difusão cultural.Este Orçamento, combinado com o da Educação e o da Ciência, Tecnologia eEnsino Superior, permitirá que se dê um passo importante na execução daspolíticas necessárias para a melhoria da qualificação da população portuguesa.A Proposta de Orçamento do Estado para 2006 representa a opção que oGoverno fez pelo futuro em matéria de Educação, de Ciência, Tecnologia eEnsino Superior, e de Cultura: consciente das dificuldades do presente,resultantes de opções erradas, ou menos avisadas, tomadas no passado, oGoverno procura conciliar a necessidade de reduzir o défice de qualificação, queé um ponto central no seu programa, com um orçamento de rigor e detransparência, onde são igualmente assumidos quer o aumento nas áreas quepromovem a coesão social e a modernização económica e tecnológica do país,quer a redução onde é necessária uma melhor gestão dos recursos disponíveis.

LUIZ FAGUNDESDUARTE

Coordenador do GP/PS naComissão de Educação,

Ciência e Cultura

A VERDADE NA SAÚDEÉ O MAIS FIEL REFLEXO DO OENum tempo em que o saber e a qualificação marcam a diferença, em quea organização e responsabilidade são determinantes, o Governo apresentaum Orçamento credível, porque verdadeiro e mais responsabilizador, porqueconstitui um desafio à capacidade de gestão a todos os níveis de gestãodos serviços e dos recursos existentes.O Estado moderniza-se finalmente!A verdade orçamental encontra no sector da saúde o seu mais fiel reflexo.Pela primeira vez a saúde tem o dinheiro que prevê gastar, em relação aoorçamento inicial de 2005, haverá um aumento de 30,8 por cento deverbas para o Serviço Nacional de Saúde, correspondentes ás necessidadesde um ano. (O Orçamento rectificativo apenas serviu para corrigir asuborçamentação crónica do SNS). Inicia-se, com coragem, a defesa dopróprio SNS com uma política de moralização de custos dando combate aoesbanjamento e ao desperdício.A gestão das estruturas de saúde tem de recorrer aos instrumentos modernosde planeamento e de avaliação de resultados, com controlo de execução eaté cruzamento de dados.É também um Orçamento mais responsabilizador, mais rigoroso nocumprimento, tendo em vista o princípio do “Estado bom pagador”. Umaevidência da verdade deste Orçamento prende-se com a forma de pagamentodas comparticipações públicas na venda de medicamentos nas farmácias;ao contrário dos anos anteriores em que o Estado recorria a adiamentos dotesouro e saldava depois por recurso à banca (o Estado pagava com dinheiro

que não tinha!). Assim fez em 2003 em 300 milhões de euros; em 2004em 600 milhões de euros; em 2005 em 800 milhões de euros; esteOrçamento põe fim a este processo de bola de neve.Regulariza a dívida e cria um novo regime para efectuar esses pagamentos.Inclui uma norma que permitirá ao Estado contratar, através de concursopúblico ou procedimento por negociação, processos de intermediaçãofinanceira envolvendo instituições de crédito ou sociedades financeirasque garantam o pagamento atempado dos créditos decorrentes dofornecimento de medicamentos, meios complementares de diagnóstico edemais serviços de saúde a fornecedores externos do Serviço Nacional deSaúde.A conclusão a que muitos chegaram que “as farmácias têm demasiadopoder em Portugal”, até poderia ser benéfica se não custasse milhões aoEstado, logo, a todos os portugueses.Este esforço de contenção, com a diminuição nalgumas rubricas e acontenção da despesa, por exemplo, com pessoal, com um aumento deapenas 1,5 por cento servirá para rentabilizar os recursos e regenerar oServiço Nacional de Sáude, que através do consagrado e avisado princípiode que a Saúde e a vida estão primeiro, se descontrolou despesa embenefício da qualidade.A credibilidade deste Orçamento está também directamente ligada àcapacidade e eficácia na resolução dos problemas.Quando o Estado poupa, poupamos todos nós.

MARIA ANTÓNIAALMEIDASANTOS

Coordenadora do GP/PSna Comissão de Saúde

orientação geral a diminuição da despesa e a melhoria da receita, um aumentopequeno no orçamento da Educação só o pode tornar credível; o facto de aProposta considerar a continuação e o desenvolvimento, em 2006, dos grandesprogramas e linhas de orientação política para o sector lançadas e postas emprática desde que o governo entrou em funções, faz-nos antever um Orçamentode consolidação; e um aumento considerável nas despesas com o pré-escolar,leva-nos a pensar num orçamento que promove o crescimento da coesão social.O mesmo se pode dizer em matéria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior:com um crescimento global de 6,3 por cento para o sector, que se transformaem 7,4 por cento quando se trata de reforçar o investimento em Ciência eTecnologia (o investimento no Politécnico tem um aumento de 34,7 por cento),estamos na verdade perante um orçamento que promove a modernizaçãoeconómica e tecnológica.No que diz respeito à Cultura, também há razões para estarmos optimistas: com

AS FINANÇAS LOCAISNO ORÇAMENTO DE 2006

LUÍS PITAAMEIXA

Coord. do GP/PS naComiss. de Poder Local,Amb. e Ord. do Território

Vejamos um aspecto de entre osmuitos que o Orçamento do Estadocontém em matéria de finançaslocais.No ano de 2006 as autarquias vãoreceber de transferência financeira,por participação nos impostos do Estado, exactamente o mesmo que em 2005.À primeira vista pode parecer que isso constituirá um grande prejuízo e tambémuma injustiça para o Poder Local e as respectivas associações representativas(Anafre e ANMP) já disso mesmo se fizeram eco, aduzindo até que não écumprida a lei.Mas, bem vistas as coisas, não é assim.Em primeiro lugar, é preciso esclarecer que a Lei das Finanças Locais, que é de1998, estabelece uma fórmula de cálculo para definir a participação dasautarquias nos impostos do Estado.De acordo com essa fórmula 33 por cento da média da cobrança de trêsimpostos (IVA, IRS, IRC) reverte para as autarquias, ficando para o Estado osrestantes 67 por cento.Para apurar este valor, em concreto, manda a lei atender à cobrança efectuadadois anos atrás. Ou seja, para se apurar a distribuição a fazer no Orçamentopara 2006 atende-se ao valor de arrecadamento em 2004.Isto tem de ser assim (como sempre tem sido, sem contestação) porque esseé o primeiro ano com a contabilidade fechada e em que se sabe, portanto,exactamente o que se cobrou.O facto de ser sempre assim tem também a vantagem de fazer acompanhar adistribuição das receitas de acordo com a evolução da cobrança. Na verdade,de ordinário, de acordo com a evolução da economia nacional, pois é esta quedetermina a evolução da cobrança dos impostos.Se o país produz mais riqueza e, logo, o Estado cobra mais impostos, temosmais para distribuir. Se se passar o contrário, então todos os sectores daAdministração Pública contarão, logicamente, com menos dinheiro.Está certo! As receitas dependem da verdade económica do país e da suaevolução.Ora, o ano de 2004 foi um mau ano na arrecadação de impostos, pior do que2003, (lembram-se de quem estava no Governo?) e, por isso, a aplicaçãodaquela referida fórmula dá, em 2006, uma verba, para transferir para asautarquias, menor do que em 2005.Porém, o Governo Sócrates acrescentou, na proposta de Orçamento, um reforçode cerca de 47,9 milhões de euros para o poder local, garantindo assim queeste não baixará a sua participação nos impostos do Estado.Significa isto que as autarquias irão participar em mais de 33 por cento e oEstado em menos de 67 por cento nos impostos pagos pelos portugueses.Importa ainda sublinhar que vivemos tempos de crise e de cortes para todos ossectores da vida nacional e que a própria Administração Central terá menosverbas ao seu dispor em 2006.Na verdade, ineditamente, a despesa do Estado desce e, em particular, aAdministração Central terá, em 2006, menos 360 milhões de euros de dotação.Note-se bem: o Estado impõe-se gastar menos, ele próprio mas, para asAutarquias, assegurará uma transferência igual à de 2005.Há uma outra regra, que não é de origem da Lei das Finanças Locais mas foiimposta, mais tarde, em Agosto de 2001, praticamente, já em andamento deprocesso eleitoral autárquico e num quadro parlamentar sem maioria do Governo,no sentido de estabelecer sempre e em qualquer circunstância que haveria umacréscimo das verbas a transferir para as autarquias de, pelo menos, o valor dainflação.Contudo, a mesma Lei das Finanças Locais também dispõe que, em condiçõesexcepcionais, de falta de recursos e necessidade de cumprir compromissosinternacionais, como é o caso do Pacto de Estabilidade e Crescimento, queimpõe o cumprimento de valores estritos de défice e de dívida ao nosso país,pode o Orçamento estabelecer transferências inferiores.O Orçamento para 2006 transferirá, para as autarquias, o mesmo de 2005.Mas aquela norma cega, que manda sempre crescer as verbas autárquicas, nãotem razão de ser, sobretudo em momentos de aperto e em cenários de diminuiçãode receita, pois, por absurdo, mesmo perante a mais severa crise económica,porventura perante um descalabro de arrecadação de impostos, perante a maiorpenúria de receita do Estado, lá estariam as verbas a transferir para estesubsector sempre a subir, como se estas entidades vivessem noutro país.Por isso a nova Lei das Finanças Locais, que será aprovada em 2006, não acontemplará.

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14 18 NOVEMBRO 2005PARLAMENTO

CONVERGÊNCIA NA PROTECÇÃO SOCIAL

GOVERNO INTERVÉMEM NOMEDO FUTUROO projecto de lei que concretiza a convergência do regime de protecçãosocial da função pública com o regime geral da Segurança Social no que dizrespeito às condições de aposentação e de cálculo de pensões está a serdiscutido em sede de especialidade, na Assembleia da República, depois deter obtido aprovação na generalidade.Para a deputada socialista Teresa Diniz, a discussão em plenário desta iniciativalegislativa do PS marcou “um momento decisivo, se não mesmo histórico”.“Era, há muito, fundamental a aproximação dos dois sistemas”, afirmou aparlamentar socialista, sublinhando de seguida que a convergência propostapela bancada do PS será feita “tentando compatibilizar os interesses doEstado e as legítimas expectativas de todos aqueles que estiverem emcondições de se aposentarem”.Ao fazer uma breve referência à crise financeira que o país atravessa, TeresaDiniz considerou que a actual conjuntura nacional não é a ideal para discursosdogmáticos e discussões doutrinais.“Portugal e os seus compromissos obrigam que todos estejamos cientes quealgumas medidas revestem particular sacrifício, mas que são plenamentenecessárias sob pena de os funcionários/aposentados a breve trecho terem umamão-cheia de nada e uma mão-cheia de coisa nenhuma, por ruptura do sistema”,alertou a deputada, saudando a coragem do Executivo liderado por José Sócratespela coragem de se recusar a pactuar com a evolução desta situação.“O Governo socialista teve a coragem – e é preciso passar já das palavras aosactos – para intervir rapidamente em nome do futuro”, disse, reafirmando quemedidas como as que estão em análise impõem-se.Mas também é de “elementar justiça”, segundo frisou, que os regimes públicoe privado se aproximem, salvo algumas excepções, uma vez que não existeactualmente nenhuma razão de fundo e relevante para não tratar os cidadãospor igual.“Não há motivo real para que se mantenha tal discrepância de regimes”,vincou, explicando de seguida que o diploma do Governo que entrará emvigor a 1 de Janeiro de 2006 é “equilibrado” e visa “garantir uma transiçãosuave e justa” que previna a ruptura do sistema.

M.R.

PROCRIAÇÃO MEDICAMENTE ASSISTIDA

BANCADA DO PSPROMOVE AUDIÇÕES

UMA PROPOSTA COM PRINCÍPIOS

REGULARIZE AS

SUAS QUOTAS

As quotas do PS podem ser regularizadas das seguintes maneiras:

1. Depósito bancário em dinheiro ou cheque;

2. Transferência bancáriaConta: BCP-NOVA REDE

PS-QUOTIZAÇÕES - Nº 452 341 62873NIB - 0033 0000 4523 4162873 05

Para as operações referidas em 1 e 2 é obrigatório indicar o n.º demilitante, no balcão onde as efectuar.

3. Pagamento através do MULTIBANCO da seguinte forma:ENTIDADE 20132REFERÊNCIA 0000...+ N.º DE MILITANTE

(total de 9 dígitos)MONTANTE ............

Quota normal: semestral - 12,00 eur; anual - 24.00 eurQuota reduzida: semestral - 6,00 eur; anual - 12.00 eur

4. Pagamento junto da Secção, caso a Secção detenhaProtocolo para o efeito.

Em caso de dúvida, contacte-nos pela

Linha Azul

808 201 695

O projecto de lei da iniciativa do Partido Socialista em matériade procriação medicamente assistida assenta nos seguintesprincípios fundamentais:

- As técnicas que implicam manipulação gamética ouembrionária não constituem modo alternativo de procriação,mas antes métodos subsidiários;

- O recurso à procriação medicamente assistida deve assegurarà criança condições para o seu desenvolvimento integral,particularmente o direito a beneficiar da estrutura familiar,biparental, da filiação;

- Os actos requeridos pelas técnicas referenciadas têmobrigatoriamente de ser praticados em estabelecimentoscom idoneidade comprovada técnica e cientificamente;

- Deve ser garantida a confidencialidade dos actosrelativamente aos participantes das técnicas em causa;

- Todo o produto biológico de natureza genética que sejaobjecto de dádiva não poderá, em circunstância alguma,ser transaccionado, nem lhe poderá ser atribuído qualquervalor comercial;

- Será obrigatório em todos os actos relativos a técnicas deprocriação medicamente assistida o expressoconsentimento, livre e esclarecido, por parte dos respectivosbeneficiários e intervenientes, sendo garantido aos

profissionais de saúde o direito à objecção de consciênciaque terá de ser explicitada;

- Devem ser consideradas finalidades proibidas as técnicasde procriação que pretendam obter determinadascaracterísticas genéticas do nascituro, que envolvam acriação de clones humanos, de quimeras ou a fecundaçãointerespécies e ainda a maternidade de substituição e asinseminações post-mortem, a não ser em circunstânciasespecificamente previstas;

- Preconiza-se a legalização de unidades de conservação desémen;

- A dádiva de ovócitos só deve poder verificar-se em condiçõesque efectivamente garantam o anonimato dos intervenientes;

- A criação deliberada de embriões excedentários não deveter lugar na prática corrente da procriação medicamenteassistida;

- Podendo ocorrer a criação de embriões que depois nãovenham a ser transferidos para o útero, advoga-se a suacongelação para transferência posterior para o casalbeneficiário e, excepcionalmente, a sua doação parainvestigação científica;

- Prevê-se a constituição do Conselho Nacional daReprodução Medicamente Assistida para orientação, decisãoe acompanhamento no âmbito das referidas técnicas.

A bancada parlamentar do PS estáactivamente empenhada em debater ealcançar um consenso em torno dasquestões relativas à procriaçãomedicamente assistida. Para isso, vaipromover audições públicas com todasas entidades que possam contribuir parao aperfeiçoamento do projecto de leique, sobre esta matéria de inegávelactualidade e importância, apresentourecentemente na Assembleia daRepública.Assim, encontra-se em fase dediscussão, no âmbito de um grupo detrabalho constituído para o efeito, umprojecto cuja redacção final – espera-se – poderá “merecer aprovação alargada,mas não a qualquer preço”.Em causa está o vazio existente noordenamento jurídico que reclama, comevidente urgência, um quadro legaladequado aos avanços na medicina ena biologia que caracterizam a nossaépoca.A este propósito, a deputada Maria deBelém, a quem coube a apresentaçãono Parlamento desta iniciativa legislativado GP/PS, considerou que existência denormas éticas e quadros deontológicosaprovados por reconhecidos organismossupranacionais não dispensa anecessidade de criar “uma regulaçãojurídica em domínios de investigaçãocientífica e de prática clínica que podeminterferir com a liberdade e a dignidadehumanas”.“É indispensável conciliar a liberdadede investigação com a salvaguarda daliberdade e da dignidade de todos osmembros da família humana”, defendeua antiga ministra da Saúde, para quemos temas como a esterilização, ainseminação artificial, o estatuto doembrião e do feto, as manipulaçõesgenéticas, os direitos do recém-nascido

e o direito à diferença entre outros,“vieram abrir campos novos de reflexãofilosófica e de criação de ordenamentojurídico adequado”.Depois de esclarecer que falar apenasem “dignidade da pessoa humana” nãoconstitui uma fórmula mágica pararesolver todos os problemas ligados aeste tema, Maria de Belém apontou parao facto desta ideia surgir necessa-riamente associada a noções maisconcretas como o consentimentoinformado, a integridade corporal, a nãodiscriminação, a privacidade, aconfidencialidade e a equidade, que sãoempregues também no léxico dosdireitos.“Por isso, é importante relacionar abiomedicina com os Direitos Humanos”,advogou a parlamentar socialista,acrescentando que “ninguém pode pôr

em dúvida que a engenharia genética e aclonagem reprodutiva têm relação coma preservação da identidade da espéciehumana”.Sobre as intervenções na linha geminale a clonagem humana reprodutiva, adeputada socialista considerou “indis-pensável” a consciencialização dediferenças a partir dos fins que se visame que tocam um universo tão sensívelcomo a ética.“Os princípios éticos da utilidade, debeneficência e da não maleficência temaplicação nos sistemas e nos serviçosde saúde. O trabalho no sentido deatingir os mais elevados standards nasaúde tem que ser feito respeitando umprincípio de justiça, de liberdade, dedignidade humana e de equidade”,concluiu Maria de Belém.

M.R.

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1518 NOVEMBRO 2005 ACTUALIDADE

GOVERNO PRESENTE EM VIANA DE CASTELO

SÓCRATES ANUNCIA FORMAÇÃO PARA 650 MILJOVENS E UM MILHÃO DE TRABALHADORESA aposta do Governo no aumento da qualificaçãode jovens e adultos foi reafirmada pelo primeiro-ministro, na inauguração do Centro de Formaçãoe Exposições de Arcos de Valdevez. No final dedois dias de “Governo Presente” no distrito deViana do Castelo, José Sócrates anunciou acriação do programa de formação profissional“Novas oportunidades”, que vai abranger, até2010, 650 mil jovens e um milhãode trabalhadores activos em cursos técnicose profissionais.

Salientando que “o Governo não seconforma com a falta de qualificação dosportugueses”, o primeiro-ministro apeloua uma “mobilização nacional” envolvendofamílias, empresas e instituições paraaumentar a qualificação e o nível de ensinodos portugueses, naquela que consideroua “batalha essencial de Portugal”.Segundo Sócrates, a única forma do paísenfrentar com “confiança” os novosdesafios passa pelo aumento da quali-ficação dos recursos humanos. “O quenos impede de competir melhor é o fraconível de qualificação em Portugal”, afir-mou, referindo tratar-se de um “problemaestrutural” que é necessário ultrapassar.E, a propósito, salientou que dapopulação activa portuguesa, apenas 20por cento tem mais do que o ensinosecundário, números que colocam o paísapenas ao nível da Grécia e da Turquia emmatéria de qualificações profissionais eacadémicas.“Não há nenhum país da União Europeiaque tenha este número. Todos eles têmnúmeros muito maiores, acima de 50 porcento”, disse, acrescentando que osnovos parceiros de Leste na UniãoEuropeia, “que concorrem directamenteconnosco”, têm taxas de 70 por cento decidadãos com o 12.º ano.“Não vamos desistir de inverter estasituação, embora a tarefa seja para váriosgovernos e também não iremos ficar àespera das pessoas, vamos atrás delas emcasa e nas empresas”, sublinhou, frisandoque esta “estratégia de médio prazo”passa pela intervenção definida peloprograma “Novas Oportunidades”.O chefe do Governo afirmou que oprograma prevê que 50 por cento da ofertade ensino a nível secundário seja de vagasem cursos técnico- profissionaisequivalentes ao 12.º ano, abrangendo 650mil alunos nos próximos cinco anos.No mesmo período, e através de umprocesso de validação de competências,adiantou, o Governo “quer requalificar,através de pequenos cursoscomplementares de formação, um milhãode trabalhadores, de modo a que passema ter equivalência ao 12.º ano”.Sócrates garantiu ainda que as verbas dopróximo Quadro Comunitário de Apoio

da União Europeia, ainda em fase deultimação em Bruxelas, serãopreferencialmente aplicadas em acçõesde apoio ao conhecimento e formação eà inovação tecnológica.A anteceder a intervenção de JoséSócrates, o ministro do Trabalho e da

Solidariedade Social, Vieira da Silva,referiu que no âmbito do programa “Novasoportunidades”, serão criadas em 2006mais de 8100 vagas em cursosprofissionalizantes de nível 2.

Cursos pós-laboraispara adultos

Nos cursos de nível 3, correspondentesao 12.º ano, haverá mais 5100 vagas eanunciou a inclusão nas escolassecundárias públicas de mais 45 turmasde ensino profissional.O ministro referiu ainda que haverá mais4500 vagas em cursos de educação eformação de adultos em 2006 e anuncioua criação em todos os centros do Institutode Emprego e Formação Profissional decursos de Educação e Formação deAdultos, em horário pós-laboral, o quesucede pela primeira vez.Revelou que serão montados mais 67novos Centros de Reconhecimento eValidação de Competências, e que serãoenvolvidos os chamados “grandesempregadores” no processo de qualifica-ção profissional, a exemplo do que jásucede com a empresa Portugal Telecom.Neste sentido, procedeu de seguida àassinatura de um protocolo com osEstaleiros de Viana do Castelo, o qualenvolve, também, o Ministério daEducação, e que se destina à validaçãode competências e à formação de 200trabalhadores que não possuem o 12.ºano de escolaridade.Por outro lado, o primeiro-ministro – queno dia anterior tinha inaugurado o IC1/A28 entre Viana do Castelo e Caminha,num percurso de 27 quilómetros, até Vilarde Mouros, construído em regime de SCUT– garantiu que as portagens não vão chegarao Alto Minho, pelo menos no próximoano, como “expressão da sua solidariedadepara com uma região mais desfavorecida”.

GOVERNO QUER PORTUGAL A LIDERARAPROVEITAMENTO DA ENERGIA DAS ONDASO secretário de Estado Adjunto da Indústria e Inovação afirmouque o Governo tudo fará para colocar Portugal “no mapa domundo” como país com condições para desenvolvertecnologia para aproveitamento da energia das ondas.Castro Guerra, que presidiu no dia 11 à abertura do seminário“Energia das Ondas”, promovido pelo Centro de Energia dasOndas, referiu que a Direcção-Geral de Geologia e Energia(DGGE) está a estudar uma tarifa que rentabilize a aplicaçãodeste tipo de tecnologia na produção de energia e que serãocriadas condições aos investigadores para, com osinvestidores, desenvolverem essas tecnologias.Por outro lado, adiantou, serão criadas condições delicenciamento para que os investidores “não soçobrem aopeso da burocracia”.Para o secretário de Estado, o facto de o desenvolvimento detecnologias para o aproveitamento da energia das ondas estar

ainda em fase embrionária poderá fazer da plataforma marítimaportuguesa, em zonas circunscritas, um espaço onde elaspodem ser desenvolvidas, sendo objectivo que Portugal possadominar “uma das oito tecnologias actualmente emdesenvolvimento”.Por sua vez, António Sarmento, director do Centro de Energiadas Ondas, sustentou que existem condições para comercializara energia produzida a partir das ondas do mar num prazo dequatro a cinco anos, salientando que Portugal “tem condiçõespara se tornar num dos países lideres na demonstração eindustrialização desta forma de energia”.António Sarmento disse apoiar a pretensão do Governo decriar uma zona-piloto, no sentido comercial, uma vez que émais fácil criar situações de excepção em termos daregulamentação e dos processos de licenciamento numa zonadelimitada.

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16 18 NOVEMBRO 2005

PLANO NACIONAL DE CRESCIME EMPREGO APRESENTADO EMO Governo tornou público o Programa Nacionalde Acção para o Crescimento e o Emprego parao triénio de 2005 a 2008. Trata-se de um conjuntode 125 medidas que visam dar corpo à agendade modernização do país, promovendoo crescimento e o emprego tendo por base umamaior e mais sustentada coesão social.

Em cerimónia realizada no Centro Culturalde Belém, o Governo apresentou oPrograma Nacional de Acção para oCrescimento e o Emprego (PNACE),documento âncora consubstanciado numconjunto de medidas integradas norelançamento da Estratégia de Lisboa.As várias iniciativas que integram aEstratégia de Lisboa, recorde-se, foramassumidas em Conselho Europeu realizadono ano de 2000 na capital portuguesa,tendo aí sido estabelecido como finalidadedotar a Europa da capacidade de competirnum contexto de globalização, comcoesão social e sustentabilidade ambiental,através da aposta no conhecimento.Como sublinhou o primeiro-ministro, oPNACE pretende levar à prática ocompromisso de modernizar o paísaplicando a estratégia consensualizadapelos Quinze há seis anos em Lisboa.Para José Sócrates, a palavra-chave para aassumpção dos compromissos assu-midos passa pelo conhecimento, inovaçãoe pela tecnologia, matérias que, sublinhou,terão que ser objecto de importantesinvestimentos, quer através da qualificaçãodos recursos humanos, quer através de uma

maior divulgação dos sistemas deinformatização do país e ainda no espíritode risco e inovação.Na perspectiva do primeiro-ministro, comeste Programa Nacional de Acção para oCrescimento e o Emprego 2005/2008, aEstratégia de Lisboa vai ser de formasustentada posta em prática, ultrapas-sando-se, como defendeu, a apatia queano após ano se vinha a verificar, quer emPortugal, quer nos restantes países da UEem relação a este programa de acção.Os objectivos a atingir até 2008 com oPNACE, como sublinhou, por seu lado,Carlos Zorrinho, coordenador nacional daEstratégia de Lisboa, são vastos mas degrande significado para a consolidação doprojecto europeu. Estão neste caso, comorecordou, metas como a redução do déficedas contas públicas para 2,8 por cento doPIB, o aumento do investimento públicoque se pretende duplicar gradualmente até2009, a criação de condições capazes deajudar a triplicar o investimento privadoem sectores ligados à inovação e aodesenvolvimento, a obtenção de uma taxade emprego global de 69 por cento, e aindaatingir uma taxa de crescimento anual da

MEDIDAS A REALÇAR NO PNACEO que é o Programa Nacional de Acção para oCrescimento e o Emprego?É um programa âncora de iniciativa pública em parceria coma sociedade civil, com um enfoque particular na salvaguardado Estado social, na qualificação dos portugueses, nasustentabilidade ambiental e na aposta no conhecimento.Trata-se, em suma, de uma agenda para a modernização, umconjunto integrado de medidas, agrupadas em sete políticastransversais, capazes de dar um novo impulso ao crescimentoe ao emprego em Portugal até 2008, ajudando a combater osconstrangimentos à competitividade e valorizando os factoresde diferenciação positiva. Do PNACE fazem parte sete medidasforças que importa realçar:

Crescimento Económico e Sustentabilidade dasContas PúblicasGarantir a sustentabilidade das contas públicas e proporcionaro crescimento a médio e longo prazo intervindo com equidadenos sectores da Administração Pública, Saúde e SegurançaSocial.

Governação e Administração PúblicaModernizar a Administração Pública com medidas firmes ecoerentes, tornando-a mais eficaz e colocando-a ao serviçodos cidadãos e das empresas, respondendo às exigências doEstado moderno.

Competitividade e EmpreendedorismoCriar um ambiente de negócios estimulante para o investimento,desenvolvendo a cultura empresarial e criando mecanismos deapoio à internacionalização e à criação de dimensão competitiva.

Investigação, Desenvolvimento e InovaçãoAcelerar o desenvolvimento científico e tecnológico e promovera inovação, reforçando a competitividade da economia e acoesão da sociedade portuguesa.

Coesão Territorial e Sustentabilidade AmbientalUma política territorial integrada, combatendo assimetrias dedesenvolvimento e contribuindo para a utilização sustentáveldos recursos naturais e dos transportes e para a qualificação dosistema urbano e das cidades.

Eficiência dos MercadosGarantir um maior nível de concorrência efectiva, contribuindopara alcançar uma maior eficiência dos mercados e o acessoaos factores em condições mais competitivas.

Qualificação, Emprego e Coesão SocialModernizar os sistemas de emprego, de ensino e de formaçãoprofissional de forma a poderem responderem aos novosparadigmas da sociedade do conhecimento e aos desafios daglobalização e do desenvolvimento demográfico.

ACTUALIDADE

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1718 NOVEMBRO 2005

IMENTOEM LISBOA

actores envolvidos e divulgar o programajunto da sociedade civil”.Para Maria João Rodrigues, conselheirada União Europeia e especialista emquestões ligadas ao emprego e qualifica-ção, afigura-se de grande importância oprograma agora apresentado, lembrando,a propósito, que deverá constituir uminstrumento que possa permitir a Portugalmelhorar os níveis da sua competitividadee simultaneamente reforçar a coesãosocial. Para esta especialista, importa, poroutro lado, e no sentido de uma melhordefinição das prioridades, que odesenvolvimento do programa passe deforma segura por um processo de redesde inovação duradouras, pelo reforço dasempresas com capacidade de exportaçãoe por uma aposta sustentada na formaçãodos portugueses.A União Europeia (UE) vai agora apreciaraté 15 de Dezembro este programaexecutado pelo Governo português que foijá entregue em Bruxelas no passado dia 21de Outubro, cabendo à Comissão Europeiaelaborar de seguida um relatório global,que deverá tornar publico durante o mêsde Janeiro de 2006, sobre a concretizaçãoda Estratégia de Lisboa nos diversosEstados-membros.A apresentação do PNACE por parte doGoverno português não surge agora pormero acaso. De facto, em Março deste ano,durante a presidência do Luxemburgo, oschefes de Estado e de Governo da UEdecidiram relançar a Estratégia de Lisboa,determinando que cada Estado-membrodeveria elaborar um plano nacional dereformas, perspectivando assim apromoção do crescimento económico edo emprego em todo o espaço europeu.

RUI SOLANO DE ALMEIDA

PRIORIDADES PARA PORTUGAL

FUNDOS COMUNITÁRIOS

APOSTAR NA CIÊNCIA, QUALIFICAÇÃO E CONHECIMENTOO primeiro-ministro garantiu quePortugal está preparado e tem ideiasmuito claras para discutir com Bruxelasa aplicação dos fundos comunitáriospara o período de 2007 a 2013.Para José Sócrates, tudo está jádeterminado ao nível do Governo e opaís enfrentará com firmeza as discussõescom Bruxelas porque dispõe, comoreferiu, de “orientações objectivas paraconcretizar a Estratégia de Lisboa”.Segundo sublinhou, Portugal já decidiuque os fundos comunitários incidirãosobretudo nas áreas da investigação,qualificação e do conhecimento.Se Portugal quer responder aos desafiosque se colocam num mundo globalizadoe cada vez mais competitivo, advertiu,“tem de aumentar os níveis de inovação,de qualificação e de utilização detecnologias”. Para que este cenário seconcretize, defendeu o primeiro-ministro, Portugal terá obrigatoriamente

que queimar etapas e apetrechar-se dasnecessárias qualificações de formasustentada e célere.Lembrando que para este Governo aEstratégia de Lisboa e a consequenteresolução da aplicação dos fundoscomunitários em inovação, investigaçãoe conhecimento não é uma ideia surgidaagora, “é algo que nos inspira desde2000”, José Sócrates sustentou oprofundo empenhamento do seuExecutivo nesta tarefa, lembrando que aintrodução do ensino do Inglês no ensinobásico, a colocação de mil jovens emestágios em pequenas e médias empresase o regresso dos benefícios fiscais paraas actividades ligadas à investigaçãocientífica e inovação “são bem o exemploclaro de que este Governo sempre colocoua temática do conhecimento e daqualificação na primeira linha das suaspreocupações políticas”.

R.S.A.

São três os domínios que importa referir em matéria deprioridades subscritas no Programa Nacional de Acção parao Crescimento e o Emprego: o domínio macroeconómico,microeconómico e na qualificação, emprego e coesão social.Em relação ao aspecto mais global da economia, diz oPNACE, importa fomentar o crescimento do sector,consolidar as contas públicas e controlar o défice externo.Por outro lado, é ainda um objectivo prioritário, ao nível daspolíticas macroeconómicas, reorientar a aplicação dosrecursos públicos, assim como garantir a equidade e asustentabilidade do sistema de protecção social. Por fim eainda no que respeita às políticas de âmbito ma-croeconómico, de referir a necessidade de se retomar oprocesso de convergência real com os níveis médios derendimento da UE.Quanto à política microeconomia, o PNACE aponta, entre

outras medidas, para a criação de um ambiente de negóciosmais atractivos para a iniciativa privada, para o incremento doinvestimento público e privado em investigação edesenvolvimento (I&D), e para a promoção da melhoria dosprocessos produtivos. Outra das medidas apontadas respeitaà necessidade de se preservar um Estado Social dinâmico eevolutivo, através de uma maior coesão social, territorial eambiental.Finalmente em relação à qualificação, emprego e coesão social,de referir, entre outras, as medidas que apontam para o reforçodas políticas educativas, para a qualificação técnica e doconhecimento dos portugueses, para a prevenção e combateao desemprego, nomeadamente de jovens e de longa duração,para a modernização do sistema de protecção social e para apromoção da flexibilidade com segurança no emprego numquadro de reforço do diálogo e concertação social.

ACTUALIDADE

AUDIÇÃO PÚBLICA “A ESTRATÉGIA DE LISBOA NA PERSPECTIVA DO GÉNERO”

GOVERNO VAI APOSTAR NA PROMOÇÃODA IGUALDADE DE OPORTUNIDADES

riqueza de 2,6 por cento. Do programa fazemainda parte medidas como a construçãodo novo aeroporto de Lisboa, a imple-mentação de uma rede de alta velocidadee todas as medidas previstas no PlanoTecnológico e no Programa de Estabilidadee Crescimento (PEC) já tornados públicospelo Governo e entretanto já enviados emMaio passado para Bruxelas.As 125 medidas apresentadas estãoenglobadas em sete políticas transversaisque compreendem o crescimentoeconómico e a sustentabilidade das contaspúblicas, a governação e administraçãopública, a competitividade e o empre-endedorismo, a investigação, o desenvol-vimento e a inovação, a gestão territorial ea sustentabilidade ambiental, a eficiênciados mercados e a qualificação, o empregoe a coesão social.Medidas que para Carlos Zorrinho carecemde divulgação pública, de modo a que oEstado e os privados, como defendeu,possam ultrapassar os factores limitativoscom que o país se debate ao nível do seucrescimento.Para o coordenador do programa português,o PNACE dá seguimento aos objectivosda Estratégia de Lisboa, constituindo umponto de partida no sentido de atingir asmetas de consolidação das contaspúblicas e ultrapassar os factores restritivosdo crescimento e do desenvolvimentoportuguês, apontando para o aumento daconfiança e para a assumpção dosdesafios da competitividade e do reforçoda coesão social.Agora que foram apresentadas e definidasas políticas e as medidas do programa,reforçou Carlos Zorrinho, “há que ir para oterreno, tornando-se necessário acom-panhar a sua execução, incentivando os

O Governo vai lançar um conjunto deiniciativas para promover a igualdade deoportunidades entre homens e mulheres edefinir um programa estratégico em nomedo qual possa ser valorizado o Ano Europeuda Igualdade de Oportunidades, que seráassinalado em 2007. Estas iniciativas foramanunciadas pelo secretário de Estado daPresidência do Conselho de Ministros,Jorge Lacão, durante uma audição públicaorganizada pela deputada Edite Estrela, paraapresentar e discutir o seu relatóriointitulado “A Estratégia de Lisboa naperspectiva do género”.Intervieram também nesta audição apresidente da Comissão para a Igualdade epara os Direitos das Mulheres, Elza Pais, ocoordenador nacional para a Estratégia deLisboa, Carlos Zorrinho, e as jornalistasFernanda Câncio e Inês Pedrosa, todosdefendendo a necessidade de medidasactivas para que a igualdade de géneropasse a ser assumida como um desígniode toda a sociedade.

O secretário de Estado da Presidência doConselho de Ministros referiu um conjuntode domínios em que a igualdade de géneroestá entre as preocupações centrais dapolítica do Governo, designadamente anível das reformas da AdministraçãoPública, no aumento em 50 por cento donúmero de creches para crianças commenos de três anos, programas dirigidos aprofissões marcadas pela discriminaçãode mulheres, criação de novas formas deemprego e medidas para permitir conciliara vida familiar com a profissional.Para a deputada Edite Estrela, autora desterelatório e de mais dois relacionados coma condição das mulheres, não será possívelque a Estratégia de Lisboa atinja os seusobjectivos sem a participação dasmulheres e sem que sejam corrigidasalgumas discriminações. Porém, rejeitouliminarmente uma atitude em que asmulheres se colocam na posição devítimas. “Rejeito o discurso da vitimização,tal como rejeito o da reivindicação. A

postura tem de ser a de quem faz parte demetade da humanidade; que sabe que háainda um longo caminho a percorrer, masque sabe onde quer chegar”, afirmou.“É necessário ultrapassar os estereótipospara se conseguir a plena igualdade.Homens e mulheres têm de partilhar todasas tarefas e responsabilidades a níveldoméstico, profissional e familiar”, disse.Daí que o seu relatório contenha tambémrecomendações dirigidas aos homens,designadamente para que tenham maiorparticipação na esfera familiar e para quesejam adoptadas novas formas de trabalhoque permitam a conciliação entre a vidaprofissional e a privada.Esta opinião foi também expressa por ElzaPais, que considerou que os homens têmde interiorizar este novo desafio e entrar noespaço doméstico.Sublinhou também que não há mo-dernidade sem igualdade de género,como o demonstra a prática dos paísesnórdicos.

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18 18 NOVEMBRO 2005ACTUALIDADE

EDUCAÇÃO E CULTURA DE MÃOS DADAS

SERVIÇOS CULTURAIS ABREM-SEAOS PROFESSORESAtento à promoção e enriquecimento dosprofessores, o Governo estabeleceu, porintermédio dos Ministérios da Educaçãoe da Cultura, um conjunto de medidasperspectivando uma maior ofertaprofissional aos docentes, permitindo-lhes, deste modo, empreender uma outraactividade junto de diversos serviçosculturais.Abre-se assim, simultaneamente, aoportunidade a uma maior mobilidadepara as suas carreiras, nomeadamenteem relação a todos aqueles que porrazões temporárias possam estarimpedidos de exercer a sua profissão dedocentes, e, por outro lado, com acriação de um despacho conjunto dosdois ministérios, a possibilidade deajudarem a promover um novo programavocacionado para projectos educativosna área cultural.Com esta decisão, o Governo deseja im-plementar uma mais acentuada mobili-dade por parte dos professores, quer dosdocentes ligados ao Ensino Básico, queros que leccionam no Ensino Secundário,e que em ambos os casos pertençam aosquadros do Ministério da Educação, apossibilidade de temporariamente ou não,poderem ser afectados a actividadesempreendidas por organismos tuteladospelo Ministério da Cultura.Estão neste caso, e como exemplo,poderem trabalhar junto de museus,palácios, monumentos ou sítios

arqueológicos, ou ainda em arquivos,teatros nacionais ou em orquestras.Poderão ainda como alternativa,desenvolver a sua actividade profissionalno âmbito do novo Programa dePromoção de Projectos Educativos naárea da Cultura, desenvolvendo acti-vidades que terão lugar nas escolas ounos estabelecimentos sob tutela daCultura, e que serão, como determinouo Governo, empreendidos em articulaçãocom as escolas tendo como públicoalvo os respectivos alunos, criando destemodo uma maior oferta ao nível dosprojectos educativos extracurriculares.Como ficou decidido em Conselho deMinistros, a afectação de professores aactividades no âmbito de serviçostutelados pelo Ministério da Cultura, passaa ser possível já no ano lectivo de 2005/2206, dependendo a sua concretizaçãounicamente da candidatura dos própriosdocentes. O processo de candidaturasserá anunciado através de Edital, sendo aselecção dos professores conduzida peloMinistério da Cultura, através de análisecurricular e entrevista.A partir daqui, os professores seleccio-nados exercerão as suas actividades porum período de um ano, durante o qual oprograma será avaliado, podendo estaafectação prolongar-se por um espaçode tempo mais duradouro.Contemplada está igualmente apossibilidade dos docentes optarem pela

reclassificação da sua carreira,solicitando uma mudança dos quadrosdo Ministério da Educação para o daCultura, situação que a ocorrer terásempre subjacente o parecer da tutelada cultura, que apreciará as suasnecessidades futuras.Para a ministra da Cultura, Isabel Pires deLima, esta disponibilização de recursoshumanos por parte do Ministério da

Educação poderá contribuir de formadeterminante para a revitalização dacomponente educativa dos organismossob sua tutela, cuja actividade afigura-se prioritária no quadro de uma estratégiade formação de novos públicos para aárea cultural, sector que, reconhece aresponsável pela pasta da Cultura, “temsentido fortes carências ao nível dequadros especializados”.

Quanto ao Ministério da Educação, ecomo reconhece a ministra Maria deLurdes Rodrigues, esta nova oportuni-dade proporcionará, por um lado, umnovo plano de enriquecimento profissi-onal dos professores e, por outro lado,“uma melhor e mais adequada diversi-dade da oferta extracurricular de ligaçãoda escola à comunidade”.

R.S.A.

MINISTRA DA EDUCAÇÃO ANUNCIA40 MILHÕES PARA MELHORAR CONDIÇÕESNAS ESCOLAS

MAIS DE 200 MIL ALUNOSDO BÁSICO TERÃO LIVROSGRATUITOS

No final de “uma semana de trabalhocom os sindicatos”, a ministra daEducação, Maria de Lurdes Rodrigues,considerou, no dia 16, que chegou a“um bom acordo” com a FederaçãoNacional dos Sindicatos da Educação(FNE), a Pró-Ordem e o Sindicato dosProfessores do Ensino Secundário.Prometendo diálogo com as estruturassindicais, através de uma “reuniãotrimestral para avaliação dos processosnegociais em curso e informaçãomútua”, Maria de Lurdes Rodriguesafirmou que “há necessidade de uminvestimento nas escolas, tendo em vistamelhorar as condições de trabalho e deensino”.Neste quadro, anunciou que nospróximos dias serão publicados editaisque “permitirão às escolas que tenhama iniciativa instalar gabinetes de trabalhopara os professores”, bem como“espaços oficinais e laboratórios para odesenvolvimento de currículos alter-nativos e áreas de formação alternativasde componente profissional mais forte”.O ministério compromete-se também afornecer meios tecnológicos actuali-zados, designadamente computadores

portáteis e “kits” multimédia, parapreparação das aulas e desenvolvimentode projectos educativos.

O Estado vai investir 40 milhões de eurosnestas melhorias.

No âmbito do combate ao insucesso escolar e de uma política pró-activade acção social que o Governo está a levar a cabo, mais de 200 mil alunoscarenciados do ensino básico terão acesso a manuais escolares gratuitosdentro de três anos, segundo um anteprojecto legislativo do Ministério daEducação (ME).A medida, orçamentada em dez milhões de euros, começará a ser aplicadano final da legislatura, abrangendo os alunos que frequentam o ensinoobrigatório (até ao 9º ano de escolaridade) e que beneficiam do primeiroescalão da acção social.Nestas condições, estão 68.500 alunos do segundo ciclo e 80 mil alunosdo terceiro ciclo, segundo dados do ME referentes ao passado ano lectivo.Relativamente ao primeiro ciclo, o ministério estima que neste grau deensino cerca de 150 mil crianças beneficiem de apoio, aproximadamenteum terço do total de alunos da primária.Quanto aos alunos do ensino básico abrangidos pelo segundo escalão daacção social, a tutela quer aumentar o limite máximo da comparticipaçãosobre o preço dos livros para reduzir o encargo das famílias com os manuais.No segundo escalão estão 16 mil alunos do segundo ciclo e 20 mil doterceiro ciclo.De salientar ainda que o preço dos manuais no ensino secundário deverádescer, uma vez que os livros passarão a estar abrangidos pelo regime depreços convencionados, que até agora vigorava apenas no ensino básico.A proposta do Executivo socialista, apresentada no passado dia 11 pelosecretário de Estado Adjunto da Educação, Jorge Pedreira, prevê ainda oaumento do prazo de vigência dos manuais escolares de três para seis anos,para aumentar a possibilidade da sua reutilização, e a criação de um sistemade avaliação e certificação prévia dos livros que será aplicado,progressivamente, a partir de 2007.A avaliação prévia de todos os manuais levará, no entanto, “alguns anos”,uma vez que só irá aplicar-se aos livros que forem sendo lançados no mercado.

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1918 NOVEMBRO 2005 ACTUALIDADE

PS/AÇORES

CONGRESSO DEBATE MOÇÃO GLOBALDE CARLOS CÉSAR

ASSEMBLEIA PARLAMENTAR DA NATO

JOSÉ LELLO ELEITOVICE-PRESIDENTE

O secretário nacional do PS para as Relações Internacionais, José Lello, foieleito um dos quatro vice-presidentes da Assembleia Parlamentar da NATO.José Lello foi eleito durante a 51ª reunião anual da Assembleia Parlamentarda Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), que terminou napassada segunda-feira, em Copenhaga, na Dinamarca.O ex-ministro do Desporto e deputado do PS representa a Assembleia daRepública portuguesa na reunião daquele órgão consultivo da NATO, queelabora políticas e estratégias de defesa, em que participam 248 deputadose 53 observadores.No primeiro Governo de António Guterres, José Lello foi secretário de Estadoda Cooperação e dos Negócios Estrangeiros e, enquanto deputado, integrou,por várias vezes, as comissões parlamentares de Defesa Nacional.

Educação é fundamental para a globalização

“O papel do Estado no século XXI” foi o tema central do 17º SimpósioInternacional que se realizou em Tunes, nos dias 8 e 9, e que contou com apresença de vários ministros do Governo tunisino e dirigentes políticos doRCD, o partido do presidente da República Ben Ali. Entre os principais oradoresesteve o secretário para as Relações Internacionais do PS, José Lello.Na sua intervenção, José Lello abordou o impacto da globalização nassoberanias nacionais e no desenvolvimento económico e social dos países.“A educação é uma das condições básicas para se poder participar naglobalização. Sem um acesso generalizado à educação é impossível ter umdomínio eficaz das tecnologias de informação e comunicação que lhe sãoestruturalmente inerentes e são fundamentais para o desenvolvimento sociale económico”, afirmou perante os mais de duzentos participantes tunisinose internacionais.Outros temas em discussão foram “A redefinição do papel do Estado”, “OEstado e a sociedade de informação” e “As relações internacionais noséculo 21 – soberania e supra nacionalidade”.Entre as individualidades que participaram no colóquio destaque para opresidente do Parlamento da Tunísia e os ministros dos Negócios Estrangeiros,da Educação e do Equipamento, o secretário-geral do RCD e o ex-chefe dadiplomacia francesa Hervé de Charrete.

O PS/Açores realiza no próximo fim-de-semana o seu XII Congresso Regionalna ilha do Faial, onde 285 delegadosvão debater uma única moção deorientação política global subscrita pelolíder Carlos César.Na moção, intitulada “No Centro daParticipação Cívica dos Açorianos”,Carlos César defende a necessidade deo partido assumir “novas formas de fazerpolítica”, que permitam a resolução dosproblemas da sociedade “de forma quaseimediata”.“Os cidadãos já não aceitam que os seusinteresses sejam discutidos em locaisde difícil acesso, sem que a sua opiniãoseja ouvida”, afirma.O presidente do PS/Açores justifica estenovo modelo de “interacção social” coma constatação de que “direita e esquerda,público e privado, deixaram d e terdefinições claras e estanques”, o queobriga os partidos a não estarem, na suaopinião, “aprisionados a padrões dereferência rígidos e inflexíveis”.No capítulo dedicado às autarquias, amoção defende a criação de um LivroVerde da Reforma do Poder Local nosAçores, que deverá ter o contributo dospartidos políticos, autarquias e governosRegional e da República.Carlos César explica esta proposta com anecessidade de “uma maior articulação”entre os executivos açoriano, nacional e

as autarquias, de modo a que as políticasde cada um destes níveis de poder possam“ter um efeito multiplicador” no desen-volvimento dos concelhos.Relativamente à Lei de FinançasRegionais, o líder do PS/Açores pre-coniza a sua revisão “com urgência” paragarantir “uma mais concreta discri-minação positiva” dos Açores.Quanto às legislativas regionais de 2008,

o presidente do PS/Açores alerta que“não pode haver períodos de descanso”no interior do partido.O documento destaca ainda o “orgulhona obra feita” pelo Executivo regionalem vários sectores, o “percurso depioneirismo e coerência” do partido noprocesso autonómico e a necessidadede trabalhar na “afirmação externa” doarquipélago.

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICASEM ESPINHAS

SEJAMOS CLAROSAs notícias não são propriamente animadoras emvárias matérias que respeitam à União Europeia.Por isso, o melhor é sabermos o que se passa paraque possamos analisar correctamente e podermostirar conclusões políticas acertadas. Da Comissão Europeia chegam-nos ecos de queo presidente da Comissão, Durão Barroso, tem asua autoridade fragilizada e que a própria Comissãoestá muito “dividida”, tendo em vista a dificuldadena abordagem de alguns temas politicamentedelicados, por exemplo, a questão da liberalizaçãodos mercados agrícolas, a directiva de serviçosque, aliás, agora se encontra no ParlamentoEuropeu em trânsito ainda pelas comissões e todasas questões relacionadas com os novos fluxosmigratórios. Para além disso e apesar de recentes declaraçõesde governantes franceses sobre a suadisponibilidade para negociar o pacotefinanceiro agrícola da União destinado à França,o certo é que a posição dos ingleses sobre o“cheque britânico” e a mais recente posiçãoconhecida da Alemanha – e que resulta daplataforma de acordo entre os dois maiorespartidos, SPD e CDU – que aponta para umaposição restritiva e muito intransigente (1 porcento do PIB) no que concerne à contribuiçãofinanceira da Alemanha para o Orçamento daUnião, tudo vem dificultar a possibilidade deacordo sobre as chamadas perspectivasfinanceiras 2007/2013 para a União. Como se não bastasse tudo isto, na presidênciainglesa em curso não se fala do TratadoConstitucional e, aqui e acolá, vão surgindointervenções escritas advogando a tese doadiamento por três a cinco anos, para se discutircom os cidadãos europeus, formar-se uma sólidaopinião pública e finalmente acordar-se os termos

de um novo TratadoConstitucional.Se atentarmos bem,qualquer uma destasquestões tem ou deveter a informá-las umaquestão de fundo,essencial para nóssocialistas e a saber:o modelo social europeu em que nos revemos,como contraponto à agressividade liberal e aomodelo americano. A nossa matriz é de mais social,mais justiça, mais equidade e equilíbrio no espaçoeuropeu ocupado por 450 milhões de pessoas epor aqueles que diariamente o procuram, semprecom o objectivo de assegurar o desenvolvimentosustentado, o reforço da competitividade daeconomia europeia e também a garantia dasegurança e da paz.Grandes e justos são os objectivos, escassos osmeios e difíceis os caminhos. Pois bem, sempreassim foi e só se consegue ir realizando com umaideia forte e justa, um projecto sólido, participado,muito discutido e com princípios e valores emque nos revemos, em que se revêem ossocialistas. O projecto de construção europeiatem no seu seio todos os elementos com os quaisnos identificamos, se acreditarmos nele, se oalimentarmos permanentemente, se formospacientes e constantes e se soubermos olhar paraalém da nossa rua, da nossa cidade, do nossopaís e se olharmos para o futuro.Como alguém disse, “a Europa somos nós”.Façamos então, por isso, como um desígnio e aconsciência de que as dificuldades de hoje serãosuperadas amanhã. Esta é, de resto, a lição dahistória dos 50 anos da difícil construçãoeuropeia.

O contributo deste artigo é apresentar propostas paraum novo ciclo de desenvolvimento da AdministraçãoPublica (AP). Acções que correspondam àsnecessidades, desejos e expectativas dos seus“clientes”, ou seja, todos nós.É consensual (pelo menos em teoria) que é necessárioimplementar um novo ciclo de desenvolvimento naAdministração Publica. Um ciclo que promova asua abertura, eficiência e independência. Uma gestãoestratégica que implemente melhorias organizacio-nais que passem por uma simplificação de processose por uma AP focalizado nos seus “clientes”.Para isso é necessário que os dirigentes tenhamconhecimentos e capacidades adequadas à liderançade equipas e serviços, departamentos e organismos.Serem agentes de inovação e de mudança culturalpermitindo assim melhores níveis de qualidade,eficiência e eficácia nos serviços que prestam aoscidadãos, ás comunidades e ás empresasOs “clientes” só vão sentir uma mudança de atitudese essa mudança for interiorizada por quem éresponsável por “prestar o serviço”. Por quem,necessariamente, terá de assumir ser o “motor” dessamudança. Sugiro assim algumas ideias que podemser “facilmente” implementadas e que podem servirde alavanca dessa mudança:- Director por um dia: implementar um programa

que permita aos trabalhadores apresentarem assuas soluções, a sua visão sobre a direcção deum serviço, de um organismo da AP.

- Newsletter (jornal interno): via intranet ou por e-mail criar um ficheiro que permita a todos saberemas actividades do seu organismo, serviço ouinstituição

- Todos passarem pelo atendimento: a melhor forma

de perceber as ex-pectativas e necessi-dades dos “clien-tes” e ter um contac-to directo com eles.Porque é que osdirigentes têm de estar fechados nos seus gabinetesafastados dos que são a sua razão de existência?Um dia por mês. Um dia por ano, que seja.

- Manual da instituição: criar um documento quedescreva todos os produtos e serviçosdisponibilizados ao cidadão e às empresas.

- Um dia de trabalho por mês de voluntariado: fazsentido que os trabalhadores das instituições quepromovem o voluntariado não assumam essaprática entre eles?

- Atendimento telefónico: já experimentaramtelefonar para um serviço público e ninguématender? Pode simplesmente acontecer que oserviço já esteja fechado. Uma simples gravação ainformar o horário de funcionamento e a remeter,por exemplo para o site, diminuirá odescontentamento do “cliente”.

- Centro de BrainStorming (tempestade cerebral):porque não criar uma equipa com jovens ecolaboradores da AP que permitam discutirabertamente (e regularmente) programas e políticasde um organismo público.

Sem vencer os pesados obstáculos, de ordemessencialmente comportamental, de atitude e depostura perante o futuro dificilmente conseguiremoselevar a nossa Administração Publica para o nível eposição a que podemos e temos, legitimamente,obrigação de aspirar.

CELSO GUEDESDE CARVALHO

ARMANDO FRANÇADeputado na AR

OPINIÃO OPINIÃO

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20 18 NOVEMBRO 2005

DIRECTOR Jorge Seguro Sanches DIRECTOR-ADJUNTO Silvino Gomes da Silva | REDACÇÃO J.C. Castelo Branco [email protected];

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ELECTRÓNICA Francisco Sandoval [email protected] EDIÇÃO INTERNET José Raimundo; Francisco Sandoval | REDACÇÃO,

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DEPÓSITO LEGAL Nº 21339/88 | ISSN: 0871-102X | IMPRESSÃO Mirandela, Artes Gráficas SA; Rua Rodrigues Faria 103, 1300-501 LisboaÓRGÃO OFICIAL DO PARTIDO SOCIALISTA

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w w w . p s . p t / a c c a oToda a colaboração deverá ser enviada para o endereço do jornalou para [email protected]

ÚLTIMA

EMPRESA NA HORA

UM PROJECTO PARA MODERNIZAR PORTUGALEm Portugal é já possível deforma rápida, fácil, barata esegura constituir umaempresa na hora. Estainiciativa governamentalconstitui um passosignificativo, tendo em vista amodernização da nossaeconomia.

A iniciativa de modernizaçãoadministrativa “Empresa na Hora”constitui, como refere o Governo, oprimeiro passo para a simplificação dorelacionamento das empresas com aAdministração Pública, desiderato que sepretende perpetuar ao longo de todo ociclo de vida da nova empresa, assimcomo proporcionar uma maior agilizaçãoda entrada no mercado às novas empresas,aspecto que contribuirá igualmente paramelhorar os indicadores da nossaeconomia a nível internacional.E os resultado já falam por si. Em apenasquatro meses, a “Empresa na Hora” járepresenta 52 por cento do total dassociedades constituídas nos centros deformalidades das empresas, local ondeeste serviço esteve até agora disponível.De facto, até 10 de Novembro, 1117“Empresas na Hora” já foram constituídas,o que significa uma média de 13 empresascriadas por dia. A partir dos primeirosmeses de 2006 a entrega electrónica daDeclaração de Início de Actividade poderápassar-se a fazer junto da AdministraçãoFiscal, eliminado-se deste modo, o únicoimpresso ainda existente para aconstituição de uma “Empresa na Hora”.

Mais rápida, fácil, barata esegura

Esta iniciativa, possibilita a quem deseje

abrir uma sociedade em Portugal novaformas de o fazer de maneira maisagilizada e apoiada.Mais rápida, porque o tempo para aconstituição de uma empresa, e segundoos dados já disponíveis, permitem afirmarque em média quem quis abrir umaempresa não levou mais de que uma horae oito minutos.Mais fácil, porque a “Empresa na Hora” écriada imediatamente, num único locale obedecendo ao princípio do balcãoúnico.Mais barata, porque custa menos do queseguir a via tradicional instituída até aqui,uma vez que a “Empresa na Hora”, custa360 euros, já com as necessáriaspublicações incluídas e o imposto deselo. Mais barato será ainda aconstituição e uma “Empresa na Hora”,que vise a inovação tecnológica, ainvestigação ou o desenvolvimento, quenestes casos terá um custo de 300 euros.O custo mínimo para a criação de umasociedade pela via tradicional, recorde-se, ronda os cerca de 500 euros.Mais segura, porque a AdministraçãoFiscal e a Segurança Social passam ater novos mecanismos de controlo, umavez que ficam logo a conhecer, nomomento da constituição da sociedade,que esta foi criada.Os passos a dar são de rápida execuçãoe de fácil compreensão. Os interessados

escolhem uma das firmas pré-reservadaspelo Registo Nacional das PessoasColectivas, de seguida escolhem um dospactos sociais pré-aprovados para asociedade e logo de imediato aConservatória regista a sociedade eentrega o cartão de pessoa colectiva, onúmero da segurança social, o pactosocial que constitui a empresa e umacertidão do registo comercial. Segue-se a publicação na Internet, no sítiowww.mj.gov.pt/publicaçoes, que passaassim a ficar acessível ao público, comsupressão da obrigação de publicaçãono “Diário da República”.

Novos caminhos já a partirde Janeiro

Uma nova fase está já preparada de modoa facilitar ainda mais a constituição denovas “Empresas na Hora”.Com efeito, a partir do primeiro mês de2006, os cidadãos e as empresas podemutilizar na abertura de uma “Empresa naHora” um certificado de admissibilidadede firma que previamente tenham obtidojunto do Registo Nacional de PessoasColectivas.A constituição é comunicada electro-nicamente à Fundação para a Com-putação Científica Nacional (FCCN), aqual disponibiliza de imediato o novodomínio.

Este serviço assegurado pelo Fundaçãoé gratuito para todas as “Empresas naHora” durante o primeiro ano de vida dasociedade.A empresa assim criada passa a poderutilizar endereços de e-mail persona-lizados e criar uma página na Internet.Até agora o serviço “Empresa na Hora”apenas esteve disponível em 6 locais: 2postos de atendimento do RegistroComercial nos Centros de Formalidadesdas Empresas em Coimbra e Aveiro e 4Conservatórias do Registo Comercial emCoimbra, Aveiro, Moita e Barreiro. A partirde agora, e desde este mês de Novembro,passarão a existir igualmente novoslocais de atendimento, nomeadamenteem Beja, Braga, Bragança, Guarda e VilaNova de Gaia, para além dos já existentes,quer em Lisboa, quer no Porto.Paralelamente estão em vias deinauguração, previstos a partir deDezembro de 2005 e Janeiro de 2006,os centros de atendimento de Loulé,Sintra, Viseu, Évora, Leiria, Santarém,Viana do Castelo, Castelo Branco,Portalegre, Setúbal e Vila Real.Até Fevereiro do próximo ano serãoinstalados 24 novos locais deatendimento que vão permitir aconstituição empresas na hora,assegurando assim a completa coberturaterritorial de Portugal continental.

R.S.A.

Através da iniciativa “Empresa na Hora”passa a ser possível a constituição desociedades num único balcão e de formaimediata, estando já previsto para Janeirode 2006 a possibilidade do recurso àInternet.A partir de agora, todos aqueles queestejam interessados em iniciar umnegócio não necessitam de obter,previamente, o certificado de admissi-bilidade da firma, junto do RegistoNacional de Pessoas Colectivas, assimcomo deixa de ser necessário a celebraçãode escritura pública.Com as novas regras introduzidas peloExecutivo de José Sócrates, no momentoda constituição da empresa é entregue deimediato o cartão definitivo de pessoacolectiva, comunicado o número deidentificação da segurança social,ficando, desde logo, na posse da empresao pacto social e a certidão do registocomercial.

CIMEIRA IBÉRICA

LISBOA E MADRID COOPERAM EM EMPREGO E CIÊNCIAA XXI cimeira luso-espanhola, a primeiraentre os chefes dos governos socialistasJosé Sócrates e José Luís Zapatero, quedecorreu nos dia 18 e 19, em Évora, ficoumarcada pela assinatura de acordos nasáreas do emprego e da ciência, abrindouma nova fase das relações bilaterais maisintensa nos diferentes domínios.Tendo como cenário o Convento doEspinheiro, os Executivos de Lisboa eMadrid assinaram um acordo para acriação, já em 2006, de uma bolsa ibéricade emprego, que permitirá aos cidadãosportugueses e espanhóis acederem aosmercados de trabalho de ambos países.Ainda nesta área, Portugal e Espanhaavançaram, em dois dias de intensosencontros bilaterais, com um programa deintercâmbio de estágios para jovens atéaos 30 anos, cujo arranque está previstopara os primeiros meses do próximo anoOs responsáveis lusos e espanhóiscelebraram igualmente um acordo dereconhecimento recíproco dequalificações obtidas no âmbito dos cursos

ministrados pelos institutos de emprego eformação profissional dos dois países.Ao nível científico, Portugal e Espanha

assinaram protocolos de cooperaçãoempresarial em investigação edesenvolvimento.

Os dois primeiros-ministros acordaramigualmente reforçar a cooperação transfron-teiriça no combate aos incêndios florestais,

à imigração ilegal e ao tráfico de estupe-facientes. Foi também objecto de acordoa prevenção da chamada gripe das aves.As questões relativas à criação de ummercado energético liberalizado ao nívelda Península Ibérica – Mibel – e às ligaçõesferroviárias de alta velocidade – TGV –,foram também temas da agenda da Cimeirade Évora.No campo da energia, os governantesportugueses e espanhóis centraram asconversações na questão da harmonizaçãode tarifas.Quanto à conclusão em território nacionalda construção da linha ferroviária de altavelocidade entre Lisboa e Madrid, oExecutivo português propôs ao Governoespanhol uma nova calendarização comtermo em 2013.No plano político, Sócrates e Zapateroenviaram uma mensagem à presidênciabritânica da União Europeia em quesublinham a necessidade de uma rápidaconclusão das negociações em torno dasperspectivas financeiras (2007/2013).