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COMBATE SOCIALISTA COMBATE SOCIALISTA nº 28 PUBLICAÇÃO DA CORRENTE SOCIALISTA DOS TRABALHADORES - CST Tendência Interna do Partido Socialismo e Liberdade JUNHO/2009

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Contra a crise, organizar e unificar as lutas!

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COMBATESOCIALISTACOMBATESOCIALISTA

nº 28

PUBLICAÇÃO DA CORRENTE SOCIALISTA DOS TRABALHADORES - CST

Tendência Interna

do Partido Socialismo

e LiberdadeJUNHO/2009

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CONJUNTURA

COMBATESOCIALISTA

COMBATESOCIALISTA

PUBLICAÇÃO DA CORRENTESOCIALISTA DOS TRABALHADORESCST/PSOL

Av. Gomes Freire 367 - 2º andar -Centro - Rio de Janeiro - Telefone (21) 2507-9337 [email protected]

Editoria:Silvia Santos e Douglas DinizTradução e correção:Suzette ChaffinDiagramação e projeto e gráfico:Marcello BertoloArte da Capa:Thiago Lima Peixoto

As matérias assinadas são deresponsabilidade dosautores e colaboradores

“É uma hipocrisia criticar oCongresso pelo uso das passa-gens aéreas. Isso sempre foi as-sim”. Este foi o comentário quemereceu do presidente Lula afarra das passagens aéreas.Claro, para quem já teve de en-frentar a crise do Mensalãoisto é café pequeno.

Que sempre foi assim, comodiz o presidente, é verdade. Acorrupção está intimamente li-gada aos mecanismos de fun-cionamento do sistema capita-lista. As multinacionais, osbanqueiros e os grandes capi-talistas obtêm lucros gigantes-cos fazendo negociatas com osaltos funcionários dos gover-nos que, por sua vez, recebemsuculentas propinas ou finan-ciamentos de campanha parase manter no poder.

As políticas governamen-tais são montadas para favo-recer interesses de poderosossetores econômicos. Foi assimcom a Reforma da Previdên-cia, ou o fator previdenciário,que obedece à necessidade deeconomizar recursos para pa-gar juros aos agiotas da dívi-da pública e engordar os Fun-

dos de Previdência Privada.Para tanto, necessitam de po-líticos que aprovem estas pro-postas. Por isso necessitou-sede um Mensalão: para com-prar cada uma das votações deinteresse do governo e daclasse dominante.

Com a chegada de Lula e do

PT ao governo, fortaleceu-se oregime corrupto de falsa de-mocracia. Lula pactuou com oPMDB, beijou a mão do cor-rupto Jáder Barbalho, defen-deu Renan Calheiros, articu-lou Sarney na presidência doSenado e permitiu a reabilita-ção de Collor. A maioria deles

Regime de corrupção e impunidadeAdolfo Santos

OS TRÊS PODERES e o pacto de impunidade

eram cadáveres políticos des-prestigiados. Mas Lula preci-sou deles, as mais expertasraposas nas práticas do “tro-ca troca” de favores e hojesão aliados e cúmplices do go-verno petista.

Todos são parte de umamesma “gangue” que atuacomo uma máfia, se protegen-do mutuamente. Sabe-se onome de cada um deles; po-rem, ninguém tem seus bensconfiscados nem vai para ca-deia, porque no final da linha,está mais um deles para sal-vá-los: o judiciário. É por estarazão que o “banqueiro cor-ruptor” Daniel Dantas está li-vre e o seu investigador, De-legado Protógenes Queiroz,afastado de suas funções eameaçado de demissão.

Mas o combate à corrupçãoé possível. Sabemos que comeste Congresso as CPI sempreacabam em pizza. Por isso échave a mobilização da popu-lação, do povo trabalhador.Tem sido assim em toda partedo mundo; com a força do povonas ruas se conseguiu avançarna investigação e o castigo aosresponsáveis de corrupção efoi assim como se derrubaramgovernos e políticos corruptos.

Está prestes a ser instaladauma CPI cujo objetivo seriainvestigar as negociatas daPetrobras. Impulsionada portucanos e peemedebistas,igualmente corruptos, deixaclaro que nada sério será fei-to para esclarecer essa caixapreta. Os tucanos têm o ob-jetivo de desgastar o gover-no em tempo de eleição, e oPMDB só faz chantagem de-pois de perder as “boquinhas”da Infraero.

De outra parte, setores liga-dos à FUP, MST, CUT, UNE, UBES,ABI, realizaram na quinta feira21 de maio, em Rio de Janei-ro, uma passeata contra a“CPI da oposição de direita”,no entendimento que é umapolítica para debilitar a Petro-bras e depois privatizá-la. Nãoduvidamos que tucanos e pe-emedebistas tenham essas in-tenções, mas é importante fa-zer alguns esclarecimentos.

Quem defende a Petrobras?Primeiro, os organizadores de-

veriam reconhecer que a maio-ria desta “oposição de direita”está no governo, onde foi leva-da pela mão do presidente Lula.Em segundo lugar, a mobiliza-ção defendeu a unidade em tor-no do slogan “O petróleo temque ser nosso”, e propõe, corre-tamente, o monopólio estatal dopetróleo.

Mas de quem é a responsabili-dade do que o petróleo aindanão seja nosso e que a Petrobrasnão detenha o monopólio dessariqueza? Da “oposição de direi-ta” ou do próprio governo Lulaque está no finalzinho do segun-do mandato? Fica evidente quea CUT e a UNE tem como únicoobjetivo “blindar” a Petrobrás eo governo dos quais se benefici-am com cargos e subsídios. Se-gundo a FSP de 22/05 “...a mobi-lização de petroleiros no Rio...teve o dedo de Wilson Santarosa,gerente de Comunicação Institu-

cional da empresa e presiden-te do conselho deliberativo dofundo de pensão Petros”.

Nem a CPI dos tucanos nemas mobilizações CUT-petistasdefendem a Petrobras. Nossosparlamentares devem utilizaressa CPI para denunciar as fal-catruas na Petrobrás, e cha-mar a uma grande mobiliza-ção para exigir do governo Lulao 100% da Petrobrás estatal, ofim da privatização das baci-as petrolíferas, a reversão doscontratos para que empresasprivadas explorem o sub-solo ea redução dos preços da ga-solina e demais derivados. Jun-to com isto, exigir transparên-cia nos manejos das finançasda Petrobrás e a formação deuma comissão de funcionáriose técnicos da empresa para in-vestigar os indícios de fraude,de irregularidades nos contra-tos bilionários e de desvios dedinheiro dos royalties. (A.S.)

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ECONOMIA

De 1995 a 2008, ogoverno federalgastou R$ 906 bi-lhões com juros eR$ 879 bilhões

de amortizações das dívidasinterna e externa pública.Além disto, foram pagos tam-bém R$ 3,779 trilhões a títulode refinanciamento, ou seja, a“rolagem” da dívida, que signi-fica o pagamento de amortiza-ções por meio da emissão demais títulos. Apesar de todosestes pagamentos, a dívida in-terna explodiu, atingindo R$1,6 trilhão ao final de 2008, en-quanto a dívida externa conti-nuou crescendo, tendo fechado2008 em US$ 267 bilhões.

Para termos uma idéia doque significa cifras tão absur-das, basta dizer que em 2009(até 7 de maio) foram gastosR$ 52,7 bilhões com todo o fun-cionalismo público federal (ati-vo, inativo e pensionistas) e R$81,5 bilhões com juros e amor-tizações da dívida (sem sequerconsiderarmos a “rolagem”).Em suma: os gastos com a dívi-da são tão altos que represen-tam bem mais que todos os gas-

tos com os servidores públicos,injustamente apontados pelagrande imprensa como os vilõesdas contas públicas.

O pagamento da dívida éa prioridade número um dogoverno. Caso haja qualquerameaça a seu pagamento, ime-diatamente o governo tomamedidas para restabelecer esta“ordem”. Um exemplo disso foia medida que irá reduzir de22,5% para 15% o Imposto deRenda (IR) sobre os ganhos dosinvestidores com títulos da dí-vida pública. Esta medida foitomada para se garantir o pró-prio pagamento da dívida, ou

Rodrigo Ávila

Economista da AuditoriaCidadã da Dívida e Assessor daLiderança do PSOL na CâmaraDeputados

Governo faz o povo pagar a conta paraOS RENTISTAS DA DÍVIDA PÚBLICA

seja, garantir que o governo con-tinue tomando empréstimospara pagar as amortizações e osjuros que estão vencendo.

Importante ressaltar que,em 2006, já foi concedida isen-ção de IR para o ganho de es-trangeiros em aplicações de tí-tulos da dívida interna brasilei-ra. Agora o governo reduz oimposto para os brasileiros,aprofundando ainda mais umaestrutura tributária injusta eregressiva, na qual os mais ri-cos pouco pagam, enquanto ostrabalhadores e consumidoresfinanciam o Estado. A queda naarrecadação de IR também afe-tará os estados e municípios,que têm direito à metade daarrecadação desse imposto, eatravessam grave crise finan-ceira com a queda dos repassesfederais, cortando gastos soci-ais fundamentais, como meren-da escolar e despesas hospita-lares. Essa medida mostra,mais uma vez, quem é semprechamado a pagar a conta da cri-se: os trabalhadores, Isso mos-tra também que a dívida pú-blica é o centro dos proble-mas nacionais, e tem coman-dado as principais decisõesde política econômica.

Atualmente, o imposto derenda incidente sobre os gan-hos dos brasileiros com a dívi-da interna (por meio dos“Fundos de Investimento deRenda Fixa”) varia de 15% a

22,5%, dependendo do prazono qual os recursos permane-ceram aplicados. Com a novamedida do governo, este per-centual máximo de 22,5% caipara 15%. Enquanto isso, ostrabalhadores assalariadospagam até 27,5% de Imposto deRenda, o que é uma grande in-justiça. Por exemplo: um ren-tista que ganhar um milhão dereais durante o ano com a dí-vida pública se sujeitará a umaalíquota máxima de 15%, en-quanto um trabalhador querecebe salário superior à quan-tia de apenas R$ 3.582,00 pormês fica submetido a uma alí-quota de 27,5%.

Diante dessa conjuntura, aoinvés de suspender temporari-amente o pagamento da dívidainterna e auditá-la, ou de pelomenos obrigar os bancos a re-duzirem suas taxas de adminis-tração dos fundos de investi-mento, o governo optou por re-duzir o Imposto de Renda inci-dente sobre os ganhos com adívida interna. Desta forma, ogoverno garante a rolagem dadívida, mantendo os investido-res nos “fundos de investimen-to” comprando títulos da dívi-da, e termina por atender aosanseios dos banqueiros, que ja-mais iriam querer uma massade recursos aplicados na pou-pança, dos quais 65% têm deser aplicados no setor produti-vo (imobiliário).

OFICINA contra o pagamento da dívida pública em Belém - Janeiro/2009

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CONJUNTURA

No dia 22/5, a governadora doRS (PSDB), foia São Valentim,numa “agenda

positiva”. De repente, o palcocede e Yeda tem que ser carre-gada. (foto) O susto da gover-nadora não foi nada perto daagonia diária fruto da instabi-lidade permanente, marca deseu governo. Todo dia, a tuca-na enfrenta forte pressão,oriunda, seja da oposição dopróprio vice, ou da indignaçãode servidores, em especial osda educação e do CPERS, seusindicato, e das denúncias decorrupção e Caixa 2. Cenárioque a coloca com a pior popula-ridade entre os governadores e,botou, na ordem do dia, a exi-gência de sua saída. A palavrade ordem “Fora Yeda” expres-sa a rejeição ao ajuste drásticofeito pelo governo, a mando doBanco Mundial, com fechamen-to de escolas, crianças estudan-do em containeres, falta de di-álogo, ataque aos servidores erepressão aos movimentos. Masé alvo, também, de graves de-núncias de corrupção, como odesvio de 40 milhões do DE-TRAN. Em 19/02, o PSOL, trou-

xe à tona o Caixa 2 e apropria-ção de dinheiro de campanhapara comprar sua mansão. Em13/5 a Revista Veja estampourevelações que confirmam asdenúncias do partido. O mari-do de Yeda teria recebido 400mil de doação sem prestar con-tas. Em janeiro um membro dogoverno já havia aparecidomorto no Lago Paranoá em Bra-sília. Marcelo Cavalcante, com

Tomar as ruas pelo FORA YEDA!Este governo não nos serve, novas eleições

Demora na saída das bar-cas, não cumprimento de ho-rários, falta de infra-estruturaadequada, longas filas em bai-xo de sol e chuva e calor nasembarcações - são os princi-pais problemas que os usuári-os das barcas são obrigadosa enfrentar diariamente. Ealém do péssimo serviço, ostrabalhadores de Niterói e SãoGonçalo pagam o valor ab-surdo de R$ 2,50.

Esta é a situação desde quea empresa “Barcas S.A.” (res-ponsável pela travessia entreRio e Niterói) foi privatizadaem 98, com o argumento que

melhoraria os serviços.Em 22 de Maio de 1959, ou seja,

há 50 anos ocorreu a “Revolta daCantareira”, quando a popula-ção se rebelou contra os empre-sários que exploravam as Barcase atearam fogo na estação. Apósisso, temos que retomar o exem-plo da Cantareira para voltar aimpor a estatização.

Trabalhadores são chicoteadosnos trens

O governo do Rio, deu con-cessão à Super-Via para exploraro transporte ferroviário, o que ve-mos a cada ano, são os serviçospiorarem, com acidentes recor-

Anna Mirageme Cléber da Silva

Crise notransportepúblico

Rio de Janeiro:

YEDA CRUSIUS na cordabamba: cai do palanquee com a mobilizaçãopode cair do governo

suposto suicídio, é citado noscasos de corrupção do governoe estava chamado para depor.Foi assim, que a política no es-tado passou a fazer parte do co-tidiano de escândalos que asso-lam as podres instituições doregime no país. Agora se agu-diza um outro, “Operação Soli-dária”, que envolve políticos deforte base eleitoral, do PMDBe do PP gaúchos. Secretários eassessores de Yeda tambémaparecem nas gravações da po-lícia federal.

O PT levantou uma CPI,cujo objetivo seria sangrarYeda até as eleições. O PSOLentrou com pedido de impeach-ment. Mas, é nos atos e passea-tas de rua, que está o caminhopara derrotar o governo.

Construir a máximaunidade de ação paramobilizar

Atos unitários acontecem deforma sistemática. O Fórum dosServidores, CPERS mais 9 en-tidades, vem protagonizandouma campanha que está nasruas desde fevereiro. Os estu-dantes se mobilizam. No dia 6

de maio, com ousadia, impedi-ram a odiada Secretária da Edu-cação, Mariza Abreu, de entrarno local onde faria uma pales-tra sobre os planos de destrui-ção do ensino público no esta-do. Mas, agora, é hora de forta-lecer o movimento a partir desua unificação política paraapostar com mais energia nochamado à mobilização de mas-sas. O central é unir as iniciati-vas. Só a ação independente deservidores, estudantes e demaistrabalhadores, nas ruas, podeempurrar qualquer iniciativainstitucional, como a CPI ou oimpeachment. Manter o eixo es-perando pela Assembleia Legis-lativa ou pela justiça, trará 02contradições básicas: deixar ofuturo da luta à mercê de parti-dos e instituições comprometi-das em casos de corrupção portodo o país. Em segundo lugar,perder a oportunidade de supe-rarmos a fragmentação e a de-sorganização dos trabalhadoresem sua mobilização, não só paratirar Yeda, mas para impedirque um substituto, como o viceFeijó, siga governando pelomesmo caminho.

rentes, trens lotados igual latade sardinha e como se isso nãobastasse, os trabalhadores e apopulação são chicoteados li-teralmente pelos segurançasda super-via como assistimosna rede de TV nacionalmente.No metrô privatizado a mes-ma coisa somado ao preço dobilhete, o mais alto do país.

É possível mudar, com amobilização

Só há uma forma de mu-dar essa situação: exigindo areestatização do transporteque deveria ser púbico, se-guindo o exemplo da Revol-ta da Cantareira, ou dos ro-doviários de Niterói e da Bai-xada fluminense que fizeramgreve por melhores salários epelo fim da dupla função (Co-brador e motorista). È neces-sário mobilizar a população eexigir o fim das concessões egarantir um transporte públi-co de qualidade para o povodo Rio de Janeiro.

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CONJUNTURA

Aonda global de demissões influenciou a maré dosrios paraenses. Aoinvés da maroli-

nha de Lula, assistimos a umaverdadeira pororoca.

Entre dezembro de 2008 emarço de 2009, o Pará fechou23 mil postos de trabalho. Issoequivale ao fechamento de 192postos por dia.

O Pará possui cerca de 7 mi-lhões de habitantes. Destes cer-ca de 4 milhões estão localiza-dos abaixo da linha da pobreza. Este quadro desesperador é oque explica o crescimento dosíndices de violência. A selvage-ria dos crimes transforma omedo em sentimento cotidiano.

Ana Júlia impõe corte deverbas em meio à criseeconômica

Ana Júlia acaba de lançardecreto visando reduzir despe-sas através do fechamento derepartições públicas às 14h. Asaída de Ana Júlia frente à re-dução de arrecadação do Esta-do é despejar a crise na costados trabalhadores.

A idéia central do governo éseguir à risca a Lei de Respon-sabilidade Fiscal, criada porFHC (e mantida por Lula) paraestrangular os investimentossociais. O decreto significaráuma queda da qualidade dosserviços públicos e mais arro-cho para o funcionalismo.

Saúde e Educação na UTIA redução do orçamento

para as áreas sociais provocouum verdadeiro colapso da Saú-de e educação. O sucateamen-to obedece à lógica do favoreci-mento do setor privado: planosde saúde e ensino pago.

Os hospitais e postos de saú-de não oferecem condições deatendimento. Isso gera a mor-te de inúmeros pacientes, gen-te pobre que não tem como pa-gar para ser medicado.

A educação pública não pos-sui o número adequado de pro-fessores, não há estrutura físi-ca e material pedagógico. Nãohá valorização e qualificaçãoprofissional.

As enchentes são parte docaos social

As constantes chuvas impu-seram o caos dos alagamentosno Sul, Sudoeste e Oeste doPará. Os desabrigados se aglo-meram em ginásios superlota-dos, com péssimas acomoda-ções, sem água potável, comi-da, remédios e produtos de hi-giene. Em Belém o entupimen-to de canais e bueiros tambémimpõe o alagamento de inúme-ras casas.

Longe de ser um problemanatural, trata-se da ausência depolíticas públicas. Trata-se dacompleta omissão do Governodo Estado e das prefeiturasfrente à calamidade da habita-ção popular, da situação de nos-sos rios, e da ausência de sane-amento e infra-estrutura ade-quados para enfrentar a épocade chuvas.

Paz no campo de Ana Júlia:cemitérios para sem terras

O Pará é um dos campeõesda grilagem de terras no país.São 6102 títulos irregulares.Somados, os papéis represen-tam mais de 110 milhões de hec-tares, quase a totalidade do ter-

ritório do Pará. Entre as fazen-das griladas está a Espírito San-to (Xinguara), de propriedadedo gangster Daniel Dantas.

Há uma escalada crescenteda militarização do latifúndiovisando derrotar a luta pelareforma agrária. A contrataçãode milícias armadas, verdadei-ros grupos de extermínio, en-contra no Governo Ana Júliaum ponto de apoio.

A impunidade é a retaguar-da do latifúndio. Os mandantesdo assassinato da Irmã Doro-thy ainda não estão na cadeia.

Que os ricos paguem pelacrise

A classe trabalhadora e apopulação do Pará lutam paraenfrentar essa grave situação.Lutam muito, pois não há ou-tra saída para melhorar nosso

nível de vida.Ocorreram greves na saúde,

assistência, cultura e outras se-cretarias do município de Be-lém. Greve na educação estadu-al e municipal. Há ainda inúme-ras categorias em conflito, comoos médicos da Santa Casa e cam-panhas salariais em curso comorodoviários de Ananindeua eMarituba. No movimento popu-lar seguem fechamentos de rua.No campo, aumentam as açõesdo MST, do MAB, da FETRAFe do MTL. Segue em curso a lutacontra a criminalização dos mo-vimentos sociais.

Nas lutas é necessário deixarclaro que há responsáveis pornosso sofrimento. A culpa e aresponsabilidade são de Lula,da governadora Ana Júlia e dosprefeitos. Todos eles governampara os ricos e poderosos.

Devemos unificar os protes-tos em curso. Unidos pra Lutartemos mais força e podemos ven-cer. Necessitamos construir anecessária centralização dascampanhas salariais, das greves,paralisações, passeatas, fecha-mentos de ruas, ocupações deterra e barragens. Devemos pro-por a realização de um dia esta-dual de Lutas em todo o Pará nofinal do mês de junho. Devemosexigir de todas as centrais queos protestos e greves sejam uni-tários e contra a crise.

No segundo semestre, de-fendemos uma jornada de lutasestadual. A finalização dessamobilização deve ser ato públi-co em Belém com a presença decaravanas do interior.

Com Ana Júlia e o PMDBCAOS SOCIAL NO PARÁ

Michel Oliveira

Membro do Diretório Estadualdo PSOL/PA

O POVO paga pela falta de investimentos emsaneamento e prevenção contra enchentes

GOVERNO da petistaAna Júlia levou saúdepública à falência

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JUVENTUDE

Um momento de criseEstamos passando por um

momento de aprofundamentoda crise, superando os dois mi-lhões de desempregados, frutodas mazelas políticas e econô-micas do capitalismo.

A juventude, em especial,sofre com a falta de emprego eacesso à educação, e fica maisvulnerável à criminalidade.Pesquisa recente mostra comoa relação desemprego, ociosida-de e criminalidade estão intima-mente ligados ao aumento deassassinatos na juventude. Acada 1% de aumento na taxa dedesocupação da população jo-vem, há alta de 0,5% na taxa dehomicídios nessa faixa etária.

As propostas apresentadaspelo governo Lula não avan-çam na ampliação do acesso àuniversidade. E aos que ingres-sam, não garante a qualidade deensino e a complementação dotripé com pesquisa e extensão.O tripé que o governo aplica éo da expansão pouco qualifica-da através do Ensino à distân-cia, PROUNI e REUNI. Estaproposta aposta nos estudantescomo simples números para fa-zer cumprir a meta do PlanoNacional de Educação: 30% dosjovens de 18 a 24 anos no ensi-no superior. Meta que o gover-no não cumprirá, mantendo apolítica de corte de verbas e

pagamento dos juros da dívida.A prioridade dever ser: aumen-to de investimentos, democra-tização e expansão das vagas,garantia de contratação de pes-soal, assistência estudantil, la-boratórios e novas estruturas.

O Novo ENEM: um passoatrás na democratização doacesso ao ensino superior.

O governo apresentou umanova proposta de acesso às uni-versidades públicas. Com umavisão de reconhecimento meri-tório do vestibular, reafirma ovestibular como instrumentomais justo de avaliação, acaban-do com a possibilidade de avan-çar na obrigatoriedade de uni-versalizar o ensino superiorpúblico. Além disso, padroniza-rá currículos desmerecendo as

especificidades regionais, nãodemocratizará o acesso, pois oproblema central da falta devagas não será atacado, e no as-pecto democrático significa seraprovado nos conselhos superi-ores das universidades com acomposição retrógrada de 70%,15%, 15%, negando a importân-cia de se ampliar o debate paraalém desses espaços.

Essa proposta já foi aprova-da por algumas universidades,mostrando todo o servilismodos reitores e da ANDIFE’s(Associação Nacional dos Diri-gentes das Instituições Fede-rais) em relação ao governo.

A reorganização do ME sedá na luta!

Diante de tantos desafios, éfundamental que o campo domovimento estudantil inde-pendente do governo se unifi-que para derrotar estes proje-tos. Infelizmente esse campo seencontra disperso e no últimoperíodo não conseguiu unir for-ças contra o governo. Isso por-que um setor do ME tem dis-persado forças na construçãode uma política de reorganiza-ção, através do congresso naci-onal de estudantes-CONE, etambém porque setores da es-querda da UNE vacilam na lutacontra a direção majoritária.Fruto da divisão, essa direçãovem tomando fôlego e ganhan-do DCE’s importantes como oda UnB, o que fortalece a polí-

tica do governo nas universida-des, às vésperas do CONUNE.

Defendemos a realização deuma plenária unificada entrea esquerda da UNE, as entida-des que constroem o CONE eo ANDES-SN, no intuito detraçarmos um plano de lutaspara o próximo período, apon-tando para a construção de umforte processo nacional contrao novo ENEM e a restrição àmeia-entrada. Façamos a uni-dade da esquerda reorgani-zando o movimento com aque-les que, independente de ondeestejam organizados -dentroou fora da UNE- queiram cons-truir a mobilização contra aspolíticas do governo.

Reorganizar a unidade da esquerda para derrotarOS ATAQUES DO GOVERNO À EDUCAÇÃO

Universidade:

Adriano Dias e Fábio Felix

Estudantes da UFMT ocupam a reitoria

ESTUDANTES do Vamos à Luta nas ruaspelo Fora Yeda em Porto Alegre

A UniRitter tem um dos prin-cipais cursos de Direito do Es-tado do RS. São 3 mil estudan-tes, em sua maioria do cursonoturno. O Diretório Acadêmi-co, cujo ex-presidente é asses-sor parlamentar do PDT, parti-do envolvido em diversos es-cândalos de corrupção e queapóia a reforma universitárianeoliberal do Governo Lula, ti-nha praticamente paralisado oDA no último ano, com umagestão sem democracia e semprestação de contas. Iniciadoo processo eleitoral, conforma-ram-se duas chapas: a 1 repre-sentando a atual gestão, e a2, que foi um amplo movimen-to de estudantes de luta. De-pois de duas semanas de po-larização entre dois projetosantagônicos de DA, os estu-dantes deram a vitória, por 298a 254 votos, para a Chapa 2 –Pra Fazer Direito e optaram porum novo rumo: o da luta cole-tiva pela melhoria da qualida-de do ensino, por transparên-cia e democracia!

Foi uma grande vitória domovimento estudantil comba-tivo que luta contra as burocra-cias que se instalam nas enti-dades estudantis, usando-aspara benefícios pessoais e paratravar as lutas dos estudantes.(Roberto Seitenfus - Presidenteeleito da nova gestão do DA)

Vitória naUniRitter-RS

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ENCARTEESPECIALENCARTEESPECIAL

II Congresso do

EM DEFESA DO PSOLdemocrático, classista e de combate

Odebate a ser feito no Congresso do PSOLé muito importante. A partir dele, serãodefinidas as políticas para o próximo período. Do acerto das mesmas, depende oavanço de nosso jovem partido. Nestas pá-

ginas publicamos, de forma resumida, a contribuição,apresentada pela CST e centenas de militantes psolis-tas, ao II Congresso. São sínteses sobre a luta de classesem nível mundial e nacional, de como está preparado nos-so partido e suas principais tarefas em consequência dasituação política, econômica e social.

Internacional

A crise da economia mundiale a situação do imperialismo

A crise econômica abriu umanova situação mundial. Não setrata da crise do “modelo” neo-liberal, que poderia ser substi-tuído por outro modelo capita-lista “mais humano”. Trata-seda crise do sistema capitalistamundial, dominado pelo impe-rialismo, o capital financeiro eas multinacionais. Os capitalis-tas, como não conseguem todoo lucro que pretendem na pro-dução de bens, pois, precisari-am levar à escravidão os traba-lhadores do mundo, dedicam-se, fundamentalmente, a espe-cular. Com sabedoria, OliverStone, no filme Wall Street(1987), registra o seguinte diá-logo entre um investidor mili-onário e seu aprendiz: “Nãosabes ainda que 1% do país édono de 50% da riqueza? Maisde 90% da população tem sidoconvencida que o mundo é as-

sim mesmo. Eu não produzonada. Somente faço apostas como que outros produziram. Isto éo livre mercado”.

Mas, a crise é, também, po-lítica. O imperialismo tem di-ficuldade para manter sua do-minação. O voto em Obama foiuma clara rejeição aos anos deBush e de anseio de mudança,que será frustrado, já que o novopresidente foi apoiado pelasgrandes corporações para en-frentar com um “novo rosto” operíodo de crise. No plano in-ternacional, enfrenta a resis-tência afegã, que controla 70%do país. O resultado da invasãodo Iraque lembra o Vietnã. NaAmérica Latina, os EUA nãoconseguiram derrotar os pro-cessos revolucionários e os go-vernos de Chávez e Morales.Na Europa, o imperialismo sedepara com um movimento de

massas que não ficou passivo àretirada de direitos. E a criseé, também, ambiental: a sede delucro leva à exploração desen-freada da natureza, ameaçandoa vida no planeta.

O fracasso de Bush obrigouo imperialismo a mudar seumétodo. Obama privilegia asnegociações, sem abandonarpor completo a velha política,como o envio de mais tropaspara o Afeganistão. A simbolo-gia do primeiro presidente ne-gro está a serviço de fortalecera hegemonia ianque severa-

mente questionada. Lula, quemfora o agente do governo Bushna região, rapidamente se con-verteu no principal colabora-dor para legitimar o novo ros-to imperialista: Obama.Declarou:”É plenamente possí-vel uma nova relação de ami-zade com os EUA”.

Os responsáveis pela cri-se são o sistema financeiro, asmultinacionais e as grandesempresas, o agronegócio e osgovernos que os representam,começando pelos dos países im-perialistas. Eles são quem deve

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ENCARTE ESPECIALpagar a conta. Esta crise não seresolverá com medidas econô-micas parciais, baixar juros ouaumentar o crédito. Não exis-

te saída puramente econômi-

ca da crise. Somente pode serresolvida no terreno político daluta de classes, pois, dela de-penderão as únicas alternativaspossíveis: ou a paga a maioriada população trabalhadora epobre, ou a pagam aquelesque a provocaram.

Os capitalistas e seus gover-nos pretendem que a crise re-caia sobre os trabalhadores, asclasses médias e o povo pobre.Já estão aplicando parcialmen-te esta política com demissões;rebaixamento salarial, cortesde direitos, redução de inves-timentos sociais, maior repres-são aos imigrantes e no saquede riquezas dos países pobres.O Banco Mundial afirmou que“nos países pobres, mais de 1bilhão vão passar fome por con-ta da crise global”.

A alternativa dos trabalha-dores e dos povos se expressanas lutas que resistem a pagaro preço da crise. Isto fica evi-dente nas revoltas da Grécia,nas greves gerais da França,nas multitudinárias mobiliza-ções da Itália, nas rebeliões daIslândia ou Letônia. Em outraproporção, na luta contra asdemissões da Embraer, nascampanhas salariais, nas gre-ves como a dos petroleiros, dapolícia em Roraima, ou dos fer-roviários e rodoviários no Rio,ou dos professores no RS. Suasreivindicações principais são:“dinheiro para o povo e nãopara os bancos”; “não às demis-sões”; “estatização”; “aumento

de salários” “não vamos pagarpela crise”.

Infelizmente, os países “inde-pendentes” do imperialismo,não apresentaram alternativascorretas à crise. Emblemático éo caso da Venezuela. Frente àqueda do petróleo, Chávez anun-ciou: aumento do IVA em 33%,(imposto ao consumo que preju-dica mais os baixos salários);aumento do endividamento in-terno, que favorece os grandesbancos e cortes nos gastos públi-cos que reduz o investimento dosprogramas sociais. Chávez ame-aça militarizar empresas emcaso de greve e acusa os traba-lhadores das siderúrgicas deprivilegiados. Correntes operá-rias do partido do presidente, oPSUV, o criticaram afirmando:“Você Senhor Presidente, tomoumedidas que afetam o povoquando não temos responsabili-dade pela crise, e os beneficia-dos são os donos do capital fi-nanceiro nacional e internacio-nal... Aqueles que mais enrique-ceram no seu governo na épocada bonança petroleira seguirãoenriquecendo agora...”

Não há saída intermediária:ou a crise será paga pelos po-vos, ou por aqueles que a pro-vocaram. Esta questão é fun-

damental para localizar o

PSOL como alternativa

para o conjunto dos explo-

rados. Para situar seus di-

rigentes, militantes e cam-

panhas. Nessa perspectiva,

é que deve ser pensada a

campanha de 2010. No obje-

tivo de fortalecer a respos-

ta de luta e organização

para que os capitalistas

paguem pela crise.

Lula e Obamaressuscitaram o FMI

O G-20 anunciou uma"nova ordem mundial basea-da numa era de cooperaçãointernacional". Porém, oanúncio mais importante foia volta do FMI! E Lula se van-gloria agora de contribuircom dinheiro para o Fundo,para colaborar com os sa-ques dos países mundo afo-ra! Há apenas dois meses, oFMI aplicou sua receita na Le-

tônia, o que provocou umarebelião e a queda do gover-no. A promessa de acabarcom os paraísos fiscais, ondeos milionários escondem seudinheiro sem pagar imposto,deu em NADA. Os paraísosque funcionam nos EUA (De-laware), os britânicos das ilhasJersey e Caiman, na Suíça ede Hong Kong e Macau estãointocáveis.

Sabemos que o governoChávez é fruto de poderosainsurreição popular. Não éservil ao imperialismo, comoLula e Bachelet. Por esta ra-zão o defendemos dos ata-ques imperialistas. Mas a mai-oria da direção do PSOL erraao identificar nosso projetocom o de Chávez e do PSUV.Este é um partido integradotambém por grandes empre-sários; burocrático e que aca-ba de expulsar, numerosos lu-tadores sindicais. Apóia o "so-cialismo" das empresas mis-tas, frutífero para as multina-cionais. Compactua com arepressão às greves, crimina-lização de sindicalistas e aimpunidade com os respon-sáveis dos assassinatos de lu-tadores sociais e revolucioná-rios, como os dirigentes ope-rários da corrente classista C-CURA, Richard Gallardo, LuisHernández e Carlos Requena.O PSUV acaba de confirmarum Curso de Formação deQuadros ministrado pormembros do Partido Comu-nista da China! O PCCh, oqual exerce uma brutal dita-dura capitalista, com regime

de partido único e repressãototal à oposição! Infelizmen-te, o governo chinês é consi-derado por Chávez e o PSUV,como exemplo e aliado pre-ferencial. Também, o gover-no Chávez entregou, ao cha-cal Uribe, militantes do ELN edas FARC que estavam emterritório venezuelano. Tentaridentificar nosso projeto liber-tário, socialista e classista,com projetos de molde esta-linista, burocráticos, de con-ciliação com o capital, é umerro gravíssimo. Recusar odebate é não tirar as conclu-sões do fracasso dos regimesestalinistas e dos governosfrente-populistas na história.

Impulsionar uma políticaantiimperialista de unidadelatino-americana não signifi-ca adesismo aos governosChávez ou Morales: significa,em primeiro lugar, combaterao subimperialismo brasileiro.O PSOL deve dar apoio às rei-vindicações paraguaias so-bre Itaipu; rejeitar a políticada multinacional Petrobrás edefender as reivindicaçõesdo povo da Bolívia sobre ogás e o petróleo.

O internacionalismoproletário e o PSOL

SELANDO acordos para impor a políticaimperialista na América Latina

METALÚRGICOS de Vigo (Espanha) em defesado emprego: contra a crise, trabalhadoreseuropeus mostram o caminho

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ENCARTE ESPECIAL

Fortalecer o PSOL como oposição eALTERNATIVA DE ESQUERDA A LULA

Muitos perguntam comoLula ainda mantém popularida-de alta e se mostra como um lí-der de “esquerda”. Foi no pri-meiro mandato que enfrentoumaiores questionamentos, comrupturas significativas de par-celas do movimento de massasque se afastaram do PT. A Re-forma da Previdência foi o es-topim, seguido de numerosascrises de corrupção. Neste pro-cesso, o PT sofreu um duro des-gaste, perdeu prefeituras em2004, e em 2006, mesmo favori-to, Lula teve que ir para o se-gundo turno. Foi durante o pri-meiro mandato que surgiram oPSOL e a Conlutas, como res-posta ao giro neoliberal de Lulae à traição da CUT. Este saldopolítico-organizativo originou-se da combinação entre o movi-mento nacional dos servidoresfederais, de indignação e desi-lusão política, e a existência deuma expressão parlamentar, osradicais, que ajudou a impul-

sionar consciente e positiva-mente o processo.

Mas, Lula é fruto de duasdécadas de lutas e foi a maiorliderança operária da históriado país. Hoje utiliza sua forçapara evitar os confrontos e pas-sar sua política elogiada a ser-viço de empresários e do impe-

rialismo. Como correia detransmissão, beneficiadas comcargos e verbas, centenas dedireções sindicais operam paradesmobilizar e isolar as lutas,desviando-as do choque com ogoverno. A própria direção doMST contribui para “blindar” aoPresidente. Há, também, a fal-

ta de oposição real da direita,visto que PSDB e DEM são fer-renhos defensores da mesmapolítica econômica.

No terreno da corrupção afalta de oposição funcionoucomo um verdadeiro “pacto”-decisivo para a governabilida-de - para encobrir o mútuo en-volvimento nos obscuros negó-cios do poder. Para dar maiorestabilidade ao governo, no se-gundo mandato, ajudou a der-rota da greve dos controlado-res de vôo, no primeiro semes-tre de 2007. Esta greve pode-ria ter sido um exemplo a ou-tras categorias, o que levouLula a romper o acordo quehavia posto fim à greve, desen-cadeando dura perseguição aosgrevistas. A este pano de fun-do, agregamos a bonança eco-nômica mundial, a qual possi-bilitou um crescimento relati-vo da economia, além das polí-ticas assistencialistas como oBolsa Família.

CRISE ECONÔMICA E CORRUPÇÃO:Um novo momento no governo Lula

Hoje, o Brasil mergulhou nacrise mundial e está em reces-são. Já se perderam um milhãode postos de trabalho. E o de-semprego continua crescendochegando a 19% nas regiõesmetropolitanas. O “otimismo”governamental deu lugar à re-alidade. Cai a arrecadação, re-trocede o nível de emprego,2009 será de crescimento nega-tivo ou de 0,9% reconhecidopelas autoridades. Enquanto osbancos brasileiros lideram arentabilidade no continente!

A política do governo man-teve a extrema subordinação aocapital financeiro e às multina-cionais. Frente às 4.200 demis-sões na Embraer, Lula disse“entender as razões”. Da mes-ma forma, frente à greve petro-leira declarou: “Não é hora depedir aumento salarial”. Ape-

sar das intenções sobre a ma-nutenção do PAC, o governoanunciou corte de 25 bilhões noorçamento, cujo efeito é diretonos repasses para saúde, edu-cação, acordos salariais dos ser-vidores, estados e municípios.A crise social se agrava. A vio-lência urbana, o drama dos hos-pitais, das escolas públicas e dadesassistência social. Em quepese ter reduzido a meta desuperávit primário, o paga-mento de juros sangrou, atéabril, 35% do Orçamento, en-quanto o governo limita inves-timentos e despesas com pro-gramas sociais.

Para desviar o foco da crisee fortalecer sua candidata, Dil-ma Russef, Lula antecipou o ca-lendário eleitoral. Mas o tiropode sair pela culatra, pois abriuuma dinâmica de confrontos

A PRINCIPAL tarefa do PSOL é fortalecer aslutas para que o povo não pague pela crise

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que, somada à inesperada doen-ça, pode ter desdobramentosimprevisíveis. No Congresso,articulou a eleição de Sarney,negociação da qual ressurgiu,ninguém menos do que Fernan-do Collor. Os tucanos e o DEMcontra-atacaram com denúnciassobre mansões, propinas, uso depassagens por familiares, ven-da de favores e as mordomiasdos políticos em Brasília. Asdenúncias acirram contradiçõese aprofundam o descrédito dapopulação em relação ao Con-gresso. Somadas ao bate-bocaentre Barbosa e Gilmar Men-des, no STF, expressam a crisedas instituições do regime. Istoestá provocando uma rejeiçãopositiva, porém passiva, porparte do povo. Assume relevân-cia a defesa do Delegado Protó-genes, que denunciou o casoDaniel Dantas, cuja proteçãorevela relações de corrupçãoque envolvem os principais po-líticos do país, as instituições,os partidos, o governo, o judici-ário, numa verdadeira organiza-ção criminosa.

Nosso partido tem propostaspara enfrentar e mobilizar con-tra este regime do poder eco-nômico e da corrupção. Medi-das como a extinção do Sena-do, Câmara Única proporcio-nal, revogação dos mandatos,salários de parlamentares ecargos eletivos definidos pelapopulação e sua vinculação aosalário mínimo, eleições dire-tas para membros dos tribu-nais, financiamento público,restrito e igualitário das cam-panhas políticas, abertura dossigilos bancário, telefônico efiscal dos políticos, entre ou-tras, constituem um verdadei-ro programa ao qual aspira a

maioria da população.Por isso, avaliamos um gra-

ve erro que, quando a bancadatinha oportunidade para seapresentar como força indepen-dente no pântano do Congres-so, acabou votando em Aldo Re-belo para Presidente da Câma-ra, e Tião Viana para o Senado.Tanto Aldo como Tião são gover-nistas e figuram, pessoal ou par-tidariamente, entre os que selocupletam com os privilégiospoder. Tal política nos colocoucomo coadjuvantes num parla-mento alvo de repulsa por par-te da população.

Sem diminuir a importânciada luta contra o regime, nãotemos dúvida que o eixo a arti-cular toda a política do partidoé o chamado à mobilização, par-tindo de cada luta existente,contra as diversas medidas eco-nômicas e para evitar que a cri-se seja paga pelo povo.

As greves que eclodem, se-jam locais ou nacionais, comopetroleiros, ficam à mercê desua própria sorte. Na maiorparte, com pautas que evitamconfrontos que saiam do contro-le da burocracia sindical e pre-servem o governo. A criminali-zação dos lutadores é uma rea-lidade do governo Lula, e nãocomo alguns companheiros doPSOL afirmam fruto de uma“ofensiva da direita”. Os servi-dores públicos vêm empreen-dendo lutas, sobretudo nosmunicípios, e outras surgempelo país. Regionais, locais,nacionais, no setor público e nosetor privado, no campo e nacidade. Não há um ascenso na-cional. Mas, é responsabilida-de do partido atuar para ajudara superar a dispersão e ajudara unidade do campo com a ci-

Eleições 2010:Manter a independênciapolítica e financeira do PSOL

As eleições 2010 serão maisum enorme desafio para o par-tido. Como vamos enfrentá-lopode ajudar a avançar ou podenos fazer retroceder. Nossoprojeto de poder não pode serestringir à campanha presi-dencial, importante desafio,para o qual temos um dos me-lhores nomes da esquerda so-cialista. O projeto tem que ex-pressar uma plataforma clarade enfrentamento à crise e aseus responsáveis; de rupturacom o imperialismo; de con-fronto com os agentes do siste-ma financeiro e das grandesempresas. De combate ao regi-me político. E ter como norteajudar na mobilização do povo.

Precisamos corrigir o rumoEm 2008, foram aprovadas

alianças com partidos da basegovernista, PV em Porto Alegree PSB em Macapá, entre ou-tras. Outro fato, grave, foi adecisão do MES de solicitar, agrandes empresários, financia-mento para a campanha de Lu-ciana, obtendo R$ 100 mil damultinacional GERDAU. Anga-riou recursos, também, da ex-portadora de armas Taurus,entre outras, com o argumentoque sem dinheiro dos empresá-

rios o Psol não pode competir.Além disso, o aparecimento

de um Ministro de Lula no pro-grama eleitoral de Lucianaabrandou o perfil de oposiçãoao governo.

A disputa eleitoral é partemuito importante de nossa atu-ação. Mas, acontece no terrenodo inimigo que controla os me-canismos do poder, a mídia, opoder econômico. Por isso, ossocialistas privilegiam a açãodireta na luta de classes, ondepode ter chances de desequili-brar a correlação de forças aseu favor.

A burguesia quer convencero povo que sua intervenção napolítica se limita a votar de doisem dois anos. Nossa políticadeve ser a oposta: chamar aostrabalhadores e setores popu-lares a fazer política todos osdias, para defender seus inte-resses e dirigir suas lutas con-tra o governo Lula, responsá-vel primeiro da situação, con-tra os patrões e seus partidos.Para politizar, o PSOL deve,também, nas eleições, unificarem suas propostas, as princi-pais reivindicações dos explo-rados, de forma a estimular amobilização contra o governo daburguesia.

Não às demissões! Defesa dos empregos e aumento desalários! Fim do fator previdenciário, defesa dos aposenta-dos! Contra a fuga de capitais, controle do câmbio! Redu-ção dos juros básicos e perdão das dívidas dos empréstimosconsignados! Fim do superávit primário e do pagamento dosjuros da dívida e auditoria da mesma! Fora Brasil do FMI! Re-forma agrária, crédito e incentivo para os trabalhadores docampo! Não às privatizações: reestatização da Embraer, daVale do Rio Doce! Petrobrás 100% estatal! Estatização do Sis-tema Financeiro.

Medidas de emergênciapara que os responsáveispela crise paguem por ela

dade, contribuindo para supe-rar as direções governistas.

A unidade de setores parti-dários e de vanguarda, em tor-no da necessidade de unifica-ção dos movimentos sindicais

combativos (Conlutas e Inter-sindical) em uma nova centralunitária, indica que podemamadurecer melhores condi-ções para as tarefas que temospela frente.

NEM o cacife de Lula garante a sucessão,que tem desenlace imprevisível

ENCARTE ESPECIAL

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SINDICAL

Por uma nova direção sindical eUMA NOVA CENTRAL UNITÁRIA!

Estamos atravessando umanova etapa da construção deuma nova direção. Em 2003,iniciou-se um processo de rup-tura com Lula, o PT e a CUTque teve seu auge na Reformada Previdência. Com a Refor-ma Trabalhista a ruptura seestendeu ao operariado indus-trial e de serviços. O PSOL foia mais forte expressão dessaruptura no terreno político. Nosindical, também começou abusca por uma nova direção, ea Conlutas representou o em-brião para nuclear os que rom-piam com a CUT, sendo que ossetores que hoje formam a In-tersindical romperam com o PTe a Central governista em 2006.

Hoje, o maior freio nas lutasé a figura de Lula, que aindamantém seu prestígio como di-reção histórica das massas. Istofaz com que a ruptura seja maislenta. A CUT e a Força Sindi-cal continuam sendo a direçãodos trabalhadores e têm poderde desmobilização, pese a nãoter grande prestígio na base.Diferente da França ou da Ar-gentina, onde se vê greve geralquase todo ano, as centrais bra-sileiras a evitaram nos últimos20 anos. Isto explica porque ain-da não há lutas nacionais, o quedificulta termos um ponto dereferência para derrotar os pla-nos do governo e dos patrões.Porém, a resistência cresce, porcategoria ou por empresa, comlutas radicalizadas. A luta naEmbraer simbolizou isso. Bata-lhas mais fortes e triunfantesse deram na Johnson (quími-cos), com a greve de seis dias, ena GM. Com menos repercus-são, houve greves: no ABC; ro-doviários do Norte, Nordeste eSudeste; construção civil: Pará,Ceará e São Paulo; professoresde diversos estados e municí-pios; e servidores públicos.

Essa realidade mostra quesurgem ativistas e que existeum grande espaço para a es-querda. As eleições no Sintuff/RJ, nos condutores do Pará, nosbancários de Santos e no Sins-

prev/SP mostram que a esquer-da cresce e se consolida, e astendências cutistas ou centris-tas de direita perdem peso.

A CONLUTAS, seusacertos e debilidades

A Conlutas teve o mérito dese constituir com uma clara po-lítica de autonomia frente aogoverno e os patrões e de lutaconseqüente, no momento emque as direções tradicionais seconverteram em correias detransmissão da política do go-verno. Isso lhe possibilitou serum setor dinâmico, aglutinaralgumas dezenas de sindicatose aparecer no cenário nacionalcomo contraponto das políticasgovernistas.

A CONLUTAS deve concen-trar-se nas lutas concretas con-tra o governo e os patrões paradeslocar milhares de sindicatosque ainda se encontram atrela-dos à CUT e à Força e ter umapolítica audaciosa para unifi-car-se com aqueles que já rom-peram como é o caso da Inter-sindical.

Mas esta estratégia pode fra-cassar se o PSTU continuarcom suas práticas, na Conlutase em Sindicatos por ele dirigi-dos, de controle absoluto sobreas instâncias da entidade, semrespeitar a pluralidade e asminorias; imposição de sua po-lítica com métodos antidemo-

cráticos; utilização da Centrala serviço do seu partido. A“proposta” do PSTU para for-mar a Executiva da Conlutasreduzindo o peso das correntesque mantinham divergênciascom eles resultou numa Execu-tiva “homogênea”, com maioriaabsoluta do PSTU. Em algunssindicatos, como Comerciáriosde Nova Iguaçu, vemos a faltade transparência nas finançase a perseguição política aoscompanheiros que exigem pres-tação de contas. Somos categó-ricos: se não mudar este com-portamento, a Conlutas estaráfadada ao fracasso como dire-ção alternativa, nunca seráuma central de massas, redu-zindo-se a uma pequena centralcolateral de um partido.

A ReorganizaçãoA partir do Fórum Social

Mundial abriram-se grandespossibilidades para a constru-ção de uma nova Central Sin-dical, através da Unificação daConlutas, da Intersindical e ou-tros setores. No Seminário deReorganização vimos grandedisposição da maioria das cor-rentes do movimento. Dele par-ticiparam: a Conlutas; comsuas tendências internas,(PSTU, Unidos para Lutar,FOS, Conspiração Socialista,Bloco de Resistência e TLS); aIntersindical (APS, Enlace e

Wellington CabralCom 1152 votos (56,5%) a

Chapa 1 – Vamos à Luta, quefoi apoiada pela Unidos Pra Lu-tar/Conlutas, venceu as eleiçõesdo SINTUFF ocorridas entre osdias 15 e 17 de abril. A Chapa 2– “Tá na hora da virada” (Inter-sindical) obteve 323 votos(15,9%) e Chapa 3 – Autonomiae Luta (VAL-UFF) 563 votos(27,6%). “Está foi a eleição demaior participação da catego-ria, o recorde de votação, tan-to dos trabalhadores da ativa,quanto dos aposentados, de-monstra o fortalecimento dosindicato, da democracia e daparticipação da base”, afirmouLigia, reeleita coordenadorado Sindicato.

SINTUFF

Vamos à Lutavence pelaterceira vez

Ocorreu no dia 13/04 eleiçãopara Direção do Sindicato dosRodoviários de Ananindeua eMarituba (PA). A Chapa 1: Uni-dos Pra Lutar /Conlutas obteve870 votos (83,25%) e a Chapa 2da CUT 175 (16,74%) votos. “Apatronal tentou evitar nossa vi-tória, mas não adiantaram ospedidos de intervenção via jus-tiça e as ameaças de morte adiretores do sindicato; nossacategoria soube reconhecernossa luta, basta ver o resulta-do das eleições, que reafirmoua continuidade de um sindica-lismo classista, autônomo e in-dependente”, afirmou MarcioAmaral reeleito presidente doSINTRAM.

PARÁUnidos pra Lutarvence eleições noSINTRAM

Diretor do Sindicato dosQuímicos/Unidos pra Lutar -Conlutas

CSOL), o MTL, o MTST, o MAS-Prestistas e a Pastoral Operá-ria. Essa unidade se expressouno ato do dia 30/03, no 1° deMaio e, parcialmente, em algu-mas eleições sindicais.

Agora devemos caminharjuntos nas lutas contra o gover-no e os patrões, avançar empontos comuns e aprender aaceitar as diferenças. Temosque confluir num congresso deunificação em março de 2010.Não se trata de um capricho, aclasse trabalhadora precisa deuma Nova Direção Sindical.

UNIDOS pra Lutar / Conlutas: a serviço da unidade da Intersindicalcom a Conlutas para construir uma nova direção para os trabalhadores

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SINDICAL

No dia 19 de maio mais de2.200 trabalhadores do Judiciá-rio Federal de Minas Gerais ele-geram a nova direção de seusindicato. A Chapa 1: Luta SITRA-EMG, Conlutas (Unidos Pra Lutar,PSTU e independentes) obteve1407 votos (62,92%) e a Chapa2: União para Avançar 829 vo-tos (37,05%). “Foi uma eleiçãohistórica, participativa e de mui-to debate sobre os problemasda categoria. Organizar a lutapor direitos e conquistas, ajudan-do na construção de uma novacentral sindical é nosso desafio”,afirmou Luiz Fernando vice-pre-sidente do SITRAEMG.

MINAS GERAIS

Vitória noSINTAEMG

No dia 13/05 o governadorSérgio Cabral enviou à ALERJ,projeto de lei que autoriza afazer empréstimo de R$ 157 mi-lhões de reais junto ao BNDESpara a construção de casas decustodia, dando como garan-tia de pagamento as ações daCompanhia Estadual de Águae Esgoto (CEDAE). Um passopara privatizar a empresa.

“Em 2008, após 17 dias degreve, o governador, auxiliadopela direção de nosso sindica-to, conseguiu acabar com nos-sa garantia de 100% no empre-go. Diante desse fato, no dia19/05 resolvemos fundar a As-sociação dos Trabalhadores doRamo da Água, Saneamento eEsgoto do Rio de Janeiro (ATA-SERJ) para organizar a cobran-ça junto ao SINTSAMA a defe-sa de nossos direitos e conquis-tas. Defendemos uma CEDAE100% pública e estatal que nosgaranta melhores condiçõesde trabalho e que nos permitaprestar um serviço de qualida-de a população”disse TâniaPatrocínio, eleita presidenta daATASERJ.

RIO DE JANEIROContra a privatização,avança organização eluta dos trabalhadoresda CEDAE

Os trabalhadores da CocaCola fizeram dois dias de grevevisto que, com data-base em1º de março em maio aindanão tinham resposta da empre-sa. O Sindicato dos Trabalhado-res da Alimentação de São Josédos Campos e região (CONLU-TAS) fez assembléias em todosos turnos deflagrando a greve.O Sindicato dos Condutores(CUT) participou das assembléi-as e pediu para os motoristasdos caminhões que parassemem solidariedade. Assim a gre-ve foi total!

A patronal disse que “nãonegociava com greve”, maspoucas horas depois iniciou asnegociações. Os trabalhadoresaceitaram nova proposta con-quistando 7% de reajuste salari-al, PLR de R$820,00, abono deR$120,00, desconto de R$35,00no plano de saúde e pagamen-to dos dias parados para os gre-vistas. Parabéns companheiros!

VALE DO PARAÍBA - SP

Entre os dias 10 e 15/maio,ocorreu o XX Congresso da Fa-subra. Dele participaram 970delegados (as) de todo o país,foi um congresso histórico quepor 510 votos a favor e 456 con-tra desfiliou a Federação da CUT.

“A esquerda (Intersindical,Conlutas, PSLIVRE e indepen-dentes) aumentou de 10 para11 sua participação na estrutu-ra da Federação, o PCdoB (CTB)manteve seus três diretores, equem perdeu foi PT (Tribo/CSD)e o governo que agora terámais dificuldades em segurar,como antes fazia via CUT, a lutados servidores federais”, dissePedro Rosa (Unidos Pra Lutar)Coordenador do SINTUFF, eleitonovo diretor da FASUBRA.

XX CONGRESSO DA FASUBRA

Sindicato dos Químicos se preparapara realizar eleições

DELEGADOS do XX Confasubraconseguiram desfiliar a Fasubra da CUT

Vale do Paraíba-SP

Desde 1995, o Sindicato dosQuímicos é dirigido pela es-querda. Em 2000, a ArticulaçãoSindical valendo-se de umaeventual maioria na diretoria,tentou recuperar o Sindicato,mas a brincadeira durou pou-co. Tiveram que sair com o raboentre as pernas e míseros 15%dos votos. Em julho próximo,haverá eleição para renovaçãoda diretoria e a CUT novamen-te se prepara para montar cha-pa. Para isso, conta com o apoiodos vereadores do PT. Infeliz-mente o MTL, que também ten-ta montar chapa, faz coro comos inimigos dos trabalhadorese panfleta na base criticando agreve da Johnson.

Nosso Sindicato tem umalarga tradição de lutas e gre-ves. Em 96, na Monsanto, en-frentamos os fura-greves quechegavam de helicóptero. Em2008, com 100% da Johnsonparada, enfrentamos esta po-derosa multinacional e a bru-tal tropa de choque da PM. Es-tes combates nos permitiramter os maiores acordos do Es-tado de São Paulo e um dosmelhores convênios coletivosdo país, quase sempre com au-mento real. Nos orgulhamos denão permitir aqui o banco dehoras, de termos freado a con-tratação com salário reduzido,de conseguirmos a reintegra-

ção do companheiro Cabral eestarmos lutando para o re-torno de Eder e Sebastião,também demitidos na greveda Johnson.

Os pelegos não encontra-rão moleza, pois os trabalha-dores defendem o seu sindi-cato que é dirigido pela CON-LUTAS/UNIDOS PRA LU-TAR. Nosso Sindicato é de-mocrático, tudo se decide nabase, em assembleias nas fá-bricas, em todos os turnos.

Apoiamos lutas de outrascategorias contra o governo eos patrões, ocupações urba-nas, ocupações de terra e lu-tas internacionais, como a dostrabalhadores da Venezuela,da Rússia e tantos outros. Porisso, sindicalistas de outrospaíses nos visitam, prestigi-am nossas assembléias e apoi-am nossas lutas.

Muitos de nossos dirigen-tes foram detidos e processa-dos, mas nem por isso aban-donamos a luta. Apoiamos to-das as oposições sindicais esindicatos de luta, apostandotudo na construção de umaCentral Sindical democráti-ca, independente dos patrõese do governo, que defenda osinteresses dos trabalhadores.

Assim como dia-a-dia de-fendemos os trabalhadores,temos certeza de que na elei-ção os trabalhadores defende-rão este modelo de Sindicatoe contaremos com o apoio deinúmeros sindicatos de luta.

GOVERNADOR lulista epresidente da Cedae juntospela privatização da empresa

João Rosa e Luiz EduardoDiretores do Sindicato dosQuímicos

Triunfa greveda Coca Cola

Base votadesfiliação da CUT

FOTO CEDIDA POR RICARDO CASARINI

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SINDICAL

Unidos pra Lutar é Chapa 2 OposiçãoComerciários da Baixada Fluminense:

Por Mudança, Contra o Horário Livre e a Patronal

ESPÍRITO SANTO

Municipárioslutam e expulsamburocratascutistas

Nas eleições da CIPA os me-troviários votaram candidatosde luta que são oposição a di-reção do sindicato, dirigido pelogovernista PCdoB. Companhei-ros lutadores de Unidos pra lu-tar/Conlutas, da Intersindical,do PSTU/Conlutas foram os maisvotados. O embrião de chapade oposição com representa-ção da base para as eleiçõesdo sindicato ano que vem estámontado.

SÃO PAULO

Metroviários elegemcipeiros de luta

Nos dias 01 e 02 dejulho aconteceráa eleição para oSindicato dosComerciários de

Nova Iguaçu e Região. A Uni-dos pra Lutar/Conlutas dispu-tará a eleição como Chapa 2 –Oposição , constituída de tra-balhadores de várias lojas e mu-nicípios que decidiram se unirem prol da categoria, contra ohorário livre, as demissões e oarrocho salarial, e como alter-nativa à direção burocrática dosindicato, que é dirigida hamais de 15 anos pelo PSTU.

Em 2007, graças as nossasdenúncias, descobriu-se umroubo no sindicato praticadopelo então funcionário da te-souraria, na época militante doPSTU, contratado em 2003 poresse partido como homem deconfiança, com livre acesso ascontas bancárias. Convém res-saltar que o PSTU esteve àfrente das finanças durantetodo esse tempo.

Descobrimos que no sindica-to havia roubo, fraude dos ba-lancetes, das prestações de con-tas e dos extratos bancários.Essa irresponsabilidade custoumuito caro à categoria comerci-ária: mais de meio milhão dereais (dados da denúncia crimi-nal) foram desviados do cofre denossa entidade de 2003 a 2007.

Em 2007 foram realizadasreuniões com os diretores doPSTU que assumiram sua res-ponsabilidade e se propuserama mudar, a democratizar e agircom transparências com as fi-nanças e propunham integrar aminoria do sindicato. Entretan-to, foram infrutíferas tais ten-tativas, o grau de degeneraçãoé tão grande, que orquestraramuma campanha de calúnias con-tra companheiros combativos elutadores, tentando dividir res-ponsabilidades com companhei-ros (as) que fazendo parte da

atual direção, estando liberadosou não pelo sindicato, semprecumpriram com suas obrigaçõescom a categoria e foram os pri-meiros a denunciar o roubo.

Denunciamos o caso à Con-lutas, que junto com a Comis-são de base e o Conselho Fiscalsó comprovaram as irregulari-dades e desvios nas finanças dosindicato. Não se trata, portan-to de denúncias em abstrato: aAuditoria feita por uma empre-sa independente (contratadapelo sindicato – custo de R$30mil) comprovou o desvio finan-ceiro e as irregularidades nascontas do sindicato.

Mas o PSTU, não satisfeitocontinuou utilizando métodosparecidos com as centrais pe-legas e mesmo assumindo o rou-bo de seu ex-militante (candi-dato a vice-prefeito na chapa doPSTU em 2004 e tesoureiro daConlutas do RJ) decidiu pelaaprovação das contas do sindi-cato, enganando os trabalhado-res, pois nem sequer nessaprestação de contas aparecia oroubo de seu ex-militante, osmais de R$278 mil reais de gas-tos sem comprovação fiscal e osR$37 mil de Imposto Sindicalque deveria ser devolvido aotrabalhador, mas que sumiudos cofres do sindicato.

A conduta do PSTU no Sin-dicato dos Comerciários é aoposta a que defende na Con-lutas, é oposta aos princípios do

sindicalismo classista e comba-tivo, que defende a pluralida-de, a democracia, a transparên-cia financeira e administrativa,contrário ao aparelhismo e aoburocratismo, métodos quesempre combatemos do sindi-calismo pelego da CUT e daForça Sindical.

Construir uma novadireção

Os comerciários, como mui-tas categorias, vêm sofrendocom a crise econômica. O es-friamento no comércio temprovocado demissões em mas-sa e um aumento vertiginosoda exploração dos comerciári-os. Sofremos com baixos salá-rios, com o horário livre, o nãopagamento das horas extras, aimplementação do banco dehoras e o desvio de função. So-mos obrigados a trabalhar do-mingos e feriados.

E a direção do sindicato quedeveria estar à frente de nossaslutas e construir a mobilizaçãoe a ação direta como única for-ma de conseguirmos melhorarnosso salário e arrancar con-quistas, faz justamente o opos-to, aparelha nossa entidade.

Por isso os comerciários pre-cisam de uma nova direção,democrática, de luta e transpa-rente, capaz de ouvir a catego-ria e construir a luta contra ohorário livre. Unidos pra lutarcontra a patronal!

MÁRCIA CHAVES, diretora do sindicato,fala em assembléia de comerciários

O prefeito petista João Co-ser do PT garantiu reajuste sala-rial de 127% aos vereadores e47% ao próprio prefeito, maspara os demais servidores suapolítica foi de 0%. Istoprovocou revolta dos trabalha-dores, que paralisaram no dia30/4, e em passeata ocuparamo predio da preitura, forçandouma audiência pública na câ-mara. Em maio os médicosentraram em greve, e pode seestender. Até agora o prefeitorecuou, mas manteve a esmo-la de 4% de reajuste.

Estas lutas contra o PT, temtido reflexos no movimento sin-dical, pois em dois sindicatos(Sindsmuvi e Sindupes) ostrabalhadores expulsaram osburocratas ligados a CUT/PT.

Dia 15/5 uma assembléiacom mais 400 servidores votouseguir a luta unificada por salá-rio e vaiou um pequeno grupoda CUT que foi defender a pre-feitura. Em julho/2009 haveráeleição no sindicato, e as com-panheiras Verônica e Waleskaencabeçam a chapa dos luta-dores. Precisam do apoio de to-dos para que se consolide nasurnas o processo de luta que acategoria vem desenvolvendo

Márcia Chaves

Diretora do Sindicato dosComerciários da BaixadaFluminense

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GOVERNO CHÁVEZ ATACAa autonomia e a liberdade sindical

No último período,vemos um aumento das lutase mobilizaçõesdos trabalhado-

res na Venezuela, tanto no ser-viço público como nas empre-sas privadas. Paralelamente,vem acontecendo uma maiorrepressão e, também, assassi-natos de ativistas e lutadoressindicais classistas, como o dosdirigentes da UNT/Arágua e daC-CURA, Richard Gallardo,Carlos Requena e Luis Hernán-dez.

Para analisar este processoentrevistamos o companheiroJosé Bodas, dirigente petrolei-ro que encabeça a Chapa 1 naseleições da Federação dessacategoria, as quais foram sus-pensas pelo governo, num gol-pista, de clara intervençãopara apoiar seus agentes nointerior da Empresa.

CS - Qual é a importância doprocesso eleitoral sindicalpetroleiro?José Bodas - É importante queos trabalhadores brasileirossaibam que este é o primeiroprocesso que se realizará paraeleger a direção sindical daFederação Unitária de Traba-lhadores do Petróleo, Gás, ederivados da Venezuela (FU-TPV). É uma nova Federaçãoque nasce da confluência deFedepetróleo, proveniente davelha CTV, com a Fetrahidro-carburos e o Sinupetrol cujamaior parte dos dirigentes temvinculação com o PSUV. Nomomento, a direção da FUTPVestá nas mãos de uma direçãoprovisória formada por diri-gentes das três federações.Agrupa quase 180 sindicatos etem mais de 53 mil filiados.Caberá aos dirigentes eleitosnegociar as próximas três con-venções coletivas, até 2015.É fácil compreender a impor-tância estratégica das eleiçõessindicais petroleiras. O gover-no e as diretorias da empresaestão jogados a controlá-las egarantir que seu pessoal vença

as eleições para poder adiar anegociação da Convenção, aca-bar com as conquistas, conge-lar salários e aprofundar o con-trole burocrático da indústriapetroleira. Isto se evidencianas atuações do Conselho Na-cional Eleitoral (CNE) órgão dogoverno, que legalmente deve-ria se ocupar somente de tare-fas de apoio e assistência jurí-dica, mas, de fato, se converteuno principal instrumento deintervenção do governo/patrãoque vem adiando estas eleiçõeshá um ano.

CS - Qual é o principal moti-vo deste novo adiamentoadotado pelo CNE?Bodas -O argumento do CNEtem sido a apresentação deuma curiosa impugnação do di-rigente sindical Argenis Oli-vares, do PSUV, homem deconfiança do Ministro Ramí-rez, que denunciou a Will Ran-gel, também do PSUV, mas,protegido pela família de Chá-vez no estado de Barinas. Semdúvida existem rivalidadesprofundas entre as facções bu-rocráticas vinculadas ao go-verno, mas as razões de fundosão essencialmente políticas.O governo precisa continuar

adiando a Convenção Coletiva,cujo prazo era janeiro último.Isto significa graves perdaseconômicas para os trabalha-dores. Mas, o fato decisivopara esta nova suspensão foique o governo, o ministro e adiretoria da empresa, consta-taram que a Chapa 1, a qualencabeço, tem muita simpatiana base, enquanto seus agen-tes iam divididos em 7 chapas,sem possibilidades de triunfar.A confirmação disto veio hoje.Nos jornais saiu uma nota ondeWill Rangel e Argenis Olivares,até ontem inimigos, pactuarama conformação de um movimen-to “unitário”: Vanguarda Ope-rária Socialista. E, na mesmatarde, o Presidente Chávez, naTV, proclamou este movimen-to como “sua chapa” para aseleições sindicais petroleiras.Foi uma manobra grosseira ar-ticulada pelo governo, o Minis-tro Martinez, o CNE e a buro-cracia sindical, contra os traba-lhadores, as convenções coleti-vas dos petroleiros e a autono-mia sindical. Alguma vez o Pre-sidente Lula fez algo parecido?É um fato grave que o próprioPresidente participe direta-mente na campanha, aprovei-tando seu prestígio e o peso do

aparato do Estado para tentartorcer o sentimento dos traba-lhadores que repudiam à buro-cracia sindical governista. Ogoverno quer polarizar as elei-ções, entre a sua chapa e a nos-sa que representa o setor clas-sista, unitário, revolucionário eautônomo. É evidente que avantagem governamental seexpressará durante a campa-nha, mas temos confiança queos trabalhadores sabem queapoiar os dirigentes governis-tas significa que não haveránegociação das convenções co-letivas e que será imposta apolítica do ministro Ramírez decongelar os salários. Sem dúvi-das esta grosseira manobra éuma amostra da debilidade dosagentes do governo entre ospetroleiros.

CS - Esta ingerência do go-verno acontece em outrossindicatos?Bodas - A ingerência do gover-no é absoluta. Na Federaçãodos Servidores Públicos, Fen-trasep, que tem mais de ummilhão e meio de filiados, o go-verno tem impedido as elei-ções, conseguindo o adiamentoda discussão do Contrato deTrabalho, cuja vigência acabou

CHAPA 1 em defesa da convenção coletiva,comautonomia e democracia sindical

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há cinco anos. A relação do go-verno com o movimento sindi-cal é de imposições e submis-são, desconhecendo a autono-mia sindical e a independênciapolítica.

CS - Frente à crise econômi-ca mundial e a queda do pre-ço do petróleo, qual foi a res-posta do governo?Bodas - A mesma dos demaisgovernos capitalistas. Aumen-tou o imposto ao consumo em33%, reduziu o gasto públicoem 11% e aumentou o endivi-damento com os bancos priva-dos em 33 bilhões de dólares.Enquanto isso, autorizou umaumento ridículo de 10% dosalário mínimo em maio e mais10% em setembro num paísonde a inflação em 2008 foi de32%. Por isto cresce o protestopopular. O paradoxo é que estegoverno que se diz socialistaordenou reprimir as lutas, mi-litarizar as empresas para im-pedir greves e recortar as liber-dades políticas e democráticas.Os dois operários assassinadospela repressão policial no con-flito da Mitsubishi são testemu-nhas disto. Infelizmente, os di-rigentes sindicais do PSUV

guardam um silêncio crimino-so frente a estes fatos.

CS - Temos conhecimentodos assassinatos de um diri-gente estudantil e de um di-rigente sindical da fábricaToyota. A que você atribui osassassinatos de ativistas elutadores do movimento so-cial?Bodas - Trata-se de uma polí-tica para calar as lutas popula-res e nela estão envolvidos tan-to patrões privados, quanto dosetor público. No caso do assas-sinato de nossos camaradasRichard Gallardo, Carlos Re-quena e Luis Hernandez, exis-te indícios sérios que compro-metem a um prefeito do PSUV.E de acordo com últimas infor-mações sobre o assassinato docompanheiro da Toyota, o au-tor material seria um funcioná-rio da prefeitura de Cumaná. Ogoverno só faz denúncias gené-ricas, favorecendo com isso aimpunidade. No caso de nossoscamaradas, o governo acusa umtrabalhador que estava traba-lhando na hora do crime. É umaforma perversa de tentar pas-sar que era um “ajuste de con-tas” no estilo das máfias, para

degradar a memória de nossosmártires.

CS - Por aqui, a imprensadestaca medidas de Chávezde nacionalizações e expro-priações, caso Cargill ou asempresas de serviços petro-leiros no estado Zulia, comovocês interpretam?Bodas - Na Venezuela, as cha-madas “expropriações” são sim-ples compras a preço de mer-cado. No caso da Cargill, foiameaçada com expropriação ena semana passada foi punidacom fechamento por 90 dias, sóisso. No referente às empresasde serviços petroleiros compra-das, eram empresas com asquais PDVSA tinha grandes dí-vidas, por isso as nacionaliza,mas o determinante é que a in-tenção é substituí-las por em-presas mistas entre PDVSA e ogoverno assassino e ditatorialde Lukashenko da Bielorrússiae do governo capitalista-escra-vagista da China. É uma subs-tituição patronal, na qual aPDVSA, somente absorverá 8mil trabalhadores de um totalde 22 mil. Existe a possibilida-de que os trabalhadores vincu-lados com a PDVSA tenham re-dução salarial, como aconteceuquando foram nacionalizadasempresas da faixa do Orinoco.Estas ações obedecem aos inte-resses particulares da burgue-sia emergente que está dispu-tando espaço com a burguesiatradicional. Outras empresasque foram nacionalizadas ter-minaram sendo compradas pelogoverno a preços muito favorá-veis para os empresários, comono caso da Eletricidade de Ca-

racas, CANTV, Sidor e nas ne-gociações do Banco Santander.Em nenhuma destas empresasos trabalhadores têm poder dedecisão, não existe controle ope-rário, a mais-valia produzida éapropriada pelo Estado e os aci-onistas privados, e se dificultaa existência da organização sin-dical.

CS - Uma última mensagempara os trabalhadores bra-sileiros...Bodas - Em que pese à imagemque se passa, o governo tem cadavez menos atritos com o impe-rialismo. Chávez tem abertouma espécie de “trégua” comObama, e qualifica como “herma-no” o presidente fascista colom-biano Álvaro Uribe. O governoChávez impulsiona um projetoburguês-nacionalista e desen-volvimentista, que consolida ocapitalismo com uma forte par-ticipação do Estado e de umnovo setor burguês emergente.Nós batalhamos por uma pers-pectiva genuinamente socialis-ta: que os meios de produçãopassem para as mãos do povo edos trabalhadores, para quecontrolemos a produção e todaa economia, sem pactos comcapitalistas nem corruptos,com um governo da classe tra-balhadora, os camponeses e se-tores populares.Finalmente, quero aproveitarpara pedir a solidariedade in-ternacionalista da classe ope-rária brasileira com nossas lu-tas e convidá-los a acompanharos acontecimentos de nossopaís através do sitewww.laclasse.info. MuitoObrigado!

JOSÉ BODAS,dirigentepetroleiro dachapa 1 e daC-CURA

RICHARD GALLARDO e Luis Hernadez assassinados juntocom Carlos Requena, todos dirigentes da UNT de Aragua

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18 de maio - Uma greve dotransporte público proclamadapelos sindicatos de base pro-vou caos nas cidades italianas.Os Sindicatos (Cobas, Cub eUSI) convocaram a greve rejei-tando um acordo assinado pe-las empresas que preve au-mento de somente 60 eurosmensais aos trabalhadores (em

torno de 90 dólares). Na capi-tal, Roma, também saíram àsruas os sindicatos de base dasescolas, que protestaram con-tra o plano que prevê o cortede 57 mil postos de trabalho.Os professores rejeitam o pla-no de transformar as escolasem fundações privadas. (Noti-mex/APB).

Greve dotransporte públicoItália

18 de maio - A situação nasuniversidades francesas é ex-plosiva. Nos corredores das ins-tituições de ensino os estudan-tes, formando uma cadeia hu-mana, bloqueiam a entrada for-mando verdadeiros piquetes degreve. Contra as leis do Gover-no Sarkozy em torno de 15 das80 universidades francesas es-tão paralisadas. O detonante foia lei do governo sobre a Auto-nomia Universitária, que supri-me postos de trabalho de pro-fessores e corta direitos e ver-

bas para pesquisa. O governoargumenta que é necessário"modernizar as faculdades". Oestudante de Economia MilanBouchet, define: "Somos contrá-rios desta reforma porque con-verte as universidades em em-presas, com financiamento pri-vado, desvirtuando o espíritoda universidade pública".

Quatorze semanas degreves de estudantese professores nasuniversidadesfrancesas

França

Madrid: “si esto no se arregla,guerra, guerra, guerra”

15 de Maio - Milhares de tra-balhadores convocados pelasComissões Operárias, UGT eUSO bloquearam praticamenteo centro de Madri. Sob o lema"Combater a crise: o trabalhoprimeiro" e no marco de umasérie de mobilizações convoca-das pela Confederação Euro-péia de Sindicatos que aconte-cerão também em outras cida-des da Europa, as pancartas,bandeiras e faixas cobriram ocoração da capital. Entre os lí-deres sindicais, também estive-ram representantes do sindica-

lismo português.O número de manifestantes

superou todas as previsões.Trabalhadores de Trident che-gados de Barcelona que inicia-vam esse dia uma greve, se mis-turaram com os mineiros deBoliden, trabalhadores de Sin-tel, funcionários de Iveco. Api-tos, petardos, balões e palavrasde ordem mostraram a fortecombatividade dos presentes,que cantavam: “Si esta es nu-estra Espanha, caña, caña,caña. Si esto no se arregla, guer-ra, guerra, guerra".

Rotundo êxito dagreve geral de 21 demaio contra a crisecapitalista.

PaísBasco

A greve convocada pela mai-oria social e sindical do paíscontra a crise capitalista, nãoteve o apoio do sindicalismo"estatal" e reformista. A grevefoi convocada por 4 das 7 pro-víncias bascas. Dezenas de mo-bilizações, centenas de comitêsde empresas, milhares de tra-balhadores e trabalhadoras de-ram seu apoio a esta mobiliza-ção que se presume histórica eque deveria ser espelho onde seolhem outros sindicalismos,mais preocupados pela "pazsocial" e pelos subsídios gover-namentais. Ainda que, dezenasde coletivos do estado espa-nhol mostraram seus apoio aesta greve, incluindo alguns

militantes da UGT e CCOO,que desobedeceram aberta-mente suas burocracias.

21 de Maio - Trabalhadoresmetalúrgicos dos estaleiros daprovíncia de Pontevedra emgreve, confrontos com a políciae piquetes marcaram o segun-do dia desta combativa luta.Batalhas campais aconteceramentre policiais que tentavamnormalizar o trânsito e grevis-tas que utilizavam tudo o queencontravam na rua, pedras,paus, madeiras de obras emconstrução, para impedir a en-trada e saída deveículos a Vigo.Na proximidadedo estaleiro Bar-reras, os grevistasimprovisaram bar-ricadas com bobi-nas de cabos epneus queimados.Para se defenderdas balas de borra-cha, os trabalhado-

Barricadas econfrontos coma políciacolapsaram otrânsito emVigo

Espanha

res, desde um navio em cons-trução, jogavam parafusos e atéum martelo hidráulico. Os tra-balhadores exigem aumentosalarial e uma nova convençãocoletiva.

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