janeiro | 2014

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ARTES Artes pláscas Cênicas Cinema Música Literatura | | | | Porto Alegre 2014 R$ 3,00 | | | Janeiro Edição Virtual | www.issuu.com/jornaldeartes Facebook |www.facebook.com/jornaldeartes Tumblr |www. tumblr.com murucieditor . JORNAL DE 15 ANOS Publicando Cultura JORNAL DE ARTES

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Veículo de mídia impressa publicado pela Muruci Editor. Circula em Porto Alegre, nos principais pontos culturais da cidade. Analisa, de forma crítica, o que se produz de cultura e arte, a nível local, nacional e internacional. Visite: www.murucieditor.tumblr.com www.issuu.com/jornaldeartes

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ARTESArtes plás�cas Cênicas Cinema Música Literatura| | | |

Porto Alegre 2014 R$ 3,00| | |Janeiro

Edição Virtual | www.issuu.com/jornaldeartesFacebook |www.facebook.com/jornaldeartes

Tumblr |www. tumblr.commurucieditor.

J O R N A L D E

15ANOS

Publicando Cultura

JORNAL DE

ARTES

Porto Alegre | | | ARTES | Janeiro 2014 2

JORNAL DE

ARTESArtes Plásticas | Artes Cênicas |

Cinema | Musica | Literatua

EXPEDIENTE

Jornal de Artes é uma publicação da MURUCI EditorEditor | João Clauveci B. MuruciEditora de Literatura | Djine Klein ([email protected])Design Gráfico/Capa/Diagramação | Mauricio Muruci Email | [email protected]

www.issuu.com/jornaldeartesEdição Virtual |www.facebook.com/jornaldeartesFacebook |

www.murucieditor.tumblr.comTumblr |CNPJ | 107.715.59-0001/79 - 51 3276 - 5278 | 51 9874 - 6249Fone |

Colaboradores desta edição

Almandrade Arthur Adans Cândida | |

Schaedler Diana Dobranszky Djine | |

Klein Gilberto Carvalho Paulo | |

Bacedônio

Capa: detalhe de «O Perfeito Raffaele Raggi»

Tela de Sir. Anthony Dyck. Óleo sobre tela com

dimensões de 131cm x 105,4cm. Exposta

atualmente na Galeria Nacional de Arte em

Washington D.C, Estados Unidos

FABULOSO MEDONHO SÓPor Djine Klein de Porto Alegre/Viamão/RS

Isso aqui é inventário - com fins e modos onde sapo não é

batráquio - a pessoa de Fabuloso inventaria um povo.

Era medonho de transmutar pregos em rosas e seus silêncios

�nham muros de espessura. Lento seguia como quem camufla o

movimento. E que no médio de uma praça bradava-se. E sendo visto

também se avistava assim – como nódoa de paisagem até num pá�o de templo indigente. Mas grande ar�sta na arte de sobreviver.

Para espairecer narrava contos e lendas.

Fabuloso era afetado de pássaros – às vezes adquiria asas, às vezes amanhecia de cocô no chapéu. E nunca r e n u n c i a v a u m g o z o d e

orvalho, despertar antes dos bichos, como junto do rio ver garça... Um oco primordial a coruja-Pia ou dália de entulho. Mas quando

dava de dizer verdades ficava com língua de poeta:

- A gente daqui se merece às ruínas? Vender a causa e as coisas que lhe despertence! Permutar o que o coração anseia

por produto ou serviço?

De sua atração por indigência diziam a sedução aconteceu na infância. Pescou que um andarilho não era

gente, apenas um caminho. Intuía que para ser feliz era necessário se desencaminhar do

mundo e suas lides:

- Um homem desocupado de necessidades têm mais ocasos de pardais e arrebóis!

Um dia Fabuloso quis saber o que faziam os homens de i m p o r t â n c i a e gravatas. Aquilo de uma pessoa gente se dar

impróprio nó no próprio pescoço não decifrava o hábito nem luxo:

- Alguém sair vida a fora de coleira enfeitado! E contente? Desconjuro!

Primeiro foi à Câmara - perguntar por que do povo na praça abulia, se o alto clero �nha grandes fatos de luxo para anunciar? Desejoso de incorporar com

aqueles homens, a serviço de um fato que desfazia todos os vícios. A consequência era pra ninguém nunca mais ter fome. Voltou num branco de palidez e silêncio de

palavra, não traduziu.

Depois pegou de banda um trem e seguiu a pé. Dirigia-se ao Senado e lá chegou mais afinado que garça ao azul quando trás no�cias do além visto de olho humano. Também

informou sobre os da terrinha e o que viu em viagem à margem. As vias de autos, as estradinhas, tudo ásperas de pó. Descreveu desestruturas de prefeituras, falou sobre trilhas

e fundamentos. Mas arrematou ofertando aos emplenados uma libélula que desenhara no ar com o próprio corpo. E repe�u o que tanto disse em outros cenários:

- A gente de lá se merece, às ruínas? Os desgostos que temos tantos e mais esse permanente estado de depressão! Ou, preexiste um crime em cada pessoa?...

Todos dali em trono agitando troféus fulminaram. De olhos mais frios que peixe morto, abismados e indignosos... Chamaram a segurança, e que adentraram contra Fabuloso

doze de preto e casaca, mais um chefe em desbrandura de palavras:

- O senhor se re�re imediatamente! Que a casa é de gente direita.

E quando alguém disse as palavras - Casa dO Povo - Foi então que Fabuloso ficou alvarado de excitação. Erguera os braços, um riso lhe atravessou a face, pensava que afinal iam

lhe escutar em dignidades. Mas recebeu foi o não mais carregado. 24 braços lhe alcançando e mais dois afeitos a ser seta, es�cados além de arco. Todos lhe desditavam rumo à

porta. E desremendado ganhou o vazio.

Fabuloso medonho se foi. Foi que desde a desdita data calou-se de si e as gentes nas praças e arrabaldes. Agora era ele a lhes indagar sem palavras. Passava como embalado por

harpa e que música de vento não tem palavras só assobio. E afinal como foi que sua gente se acomodou! Entrementes um menino lhe apontou:

- Fabuloso Medonho da Silva? Ou Só!...

Os outros riam, e riram até que aquela tarde se esvaziou. Fabuloso renunciou de indício, recolheu-se no ínfimo, mas na manhã seguinte teve liame. Ele que desde menino já se

afeiçoava a rio de dentro, que sabia acolher cigarra até a tarde entortando. Não mais es�cou até a cidade. E assumiu o codinome – Fabuloso Medonho Só:

- Se o indivíduo é justo de posto e personagem recebe remissão? Lá onde a Cultura foi deposta no gesto de alguém ter que pedir demissão!

Assim o único narrador de fábulas e verdades que aquele reino conheceu não mais se manifesta em coreto ou extensão plana. Pegou um “Arranjo para assobio” e, a cata de

recolher as próprias pegadas recolhe o rastro e volta-se para ser a velha nódoa da paisagem. Desvalido e, que ninguém se recorda de seu ba�smo nome. André.

POESIA EM PROSA

POESIA -AMERICANAIBEROPOESIA

ADEMÁS ÁRBOL

Con lo que �ene el árbol de plantadosustenta su coposa ves�mentapara pulsar al mundo que sustentael cálido mensaje especulado.

Tanto es así que viene sustentadoel halo vegetal que lo alimentapor ser la no esporádica tormentatoda vez que se precia de enramado.

Anida entre sus ramas el chis�docortante y montaraz de la lechuzacomo si fuera su primer balido.

Y antes que nadie en su figura cruzaindescifrable la extensión del nidocomo inver�da amante caperuza.

Jerónimo Cas�llo (Argen�na)

VUELO DE IDENTIDAD

No moriré ahora. Un día entero se desata frente a mí. Carlos Drummond de Andrade

María Reiche nos vio caer volando bajo el cielo de arena

Nasca fue nuestra muerte

Sobrelas bolsas de plás�co nuestros cuerpos se alinearon azules

sin conocerseel cráneo asombrado carbonizados los muslos sangrando la entrepierna

Los peritosiden�ficaron nuestros dientes las cavernas sin párpados las horas digitales nuestras líneas terrestres

Esquirlasde aire entre los brazos documentos atrofiados geometría del espacio sin ropa sin manos emparentados con las aves.

Óscar Limache (Perú)

EM STONEHENGE Para Iracema Marinho

"Toda gênese procede da terra. Toda gênese Está manchada de impureza e horror". CONDE DE KEYSERLING

I Quem ergueu estas pedras vo�vas num espaço sobre-humano e insano?

A que deuses invocava a que forças aludia

a que fenômenos referenciava e reverenciava?

Quanto pode o homem em sua obs�nada recriação — tudo ou nada?

E a cultura é sempre contra-natura em sua vã fatuidade?

II Quais os limites da materialidade em que vagamos errantes e solertes?

Pretensa eternidade nestas pedras inertes...

III Nas ruínas pré-históricas (atribuídas aos druidas) dois tempos simultâneos contradizendo-se: eu, perplexo, buscando um nexo entre a fragilidade humana e a vã materialidade daquele monumento.

Em que momento voltaremos a ser terra regressaremos à comum mineralidade?

Antonio Miranda (Brasil)

Porto Alegre | | | ARTES | Janeiro 2014 3

Ilustrações Paulo Bacedônio

Por Paulo Bacedônio de Porto Alegre/RS

XIRU LAUTÉRIO GRAPHIC NOVEL

um personagem que luta contra a morte

Ao reencontrar, após longo tempo, Xiru Lauterio, personagem de HQ criado por Byrata, e desta vez com material suficiente a um olhar mais detalhado, percebi que Xiru é a primeira vista o gaúcho folgado, alegre e valente, envolvido nas lidas do campo; tudo isso ao traço preciso do seu criador. Narra�va linear, roteiro envolvente, bem resolvido e sedutor, com humor refinado e raro.Mas, ao olharmos mais detalhadamente para esse alegre gaucho, percebemos um sobrevivente de uma espécie em ex�nção. A figura do Peão de Estância, aquele trabalhador que conhece as lidas campeiras como ninguém; e hoje, já não tão indispensável; quando as Fazendas aos poucos se transformam ao implantar novas tecnologias. E homens como Lauterio, estão cada vez mais ausentes, para se transformarem em lendas.Esse Xiru, do qual falamos, tem o perfil psicológico perfeitamente iden�ficado, - e quem já se aventurou no interior de nosso Pampa, e/ou região missioneira, “pago” do Lauterio, reconhece seu �po alegre, - dono de linguagem própria ao falar com as imagens do lugar onde vive e trabalha. Faz parte da paisagem. O homem e seu cavalo. Por tradição é um valente, por temperamento, um alegre. Byrata apresenta, corajosamente, nessa ul�ma publicação, “Xiru Lauterio e os Dinossauros”, o herói acompanhado de um grupo de amigos, que alem de outras lidas campeiras, “carneiam gado à noite” e andam em voltas com dinheiro falsificado. Essas más companhias, e esse desempenho as avessas dos heróis gaúchos chegam mais próximo à realidade contemporânea, obrigando aos trabalhadores do campo a romper um es�lo de vida e migrarem para periferia das cidades, caindo obrigatoriamente na realidade do submundo urbano. A “luta” conta a morte, recorrente ao personagem, sugere a metáfora sobre o desaparecimento desse guerreiro dos campos, que em outros tempos, emprestou sua valen�a as oligarquias da época e na atualidade brigam ferozmente, sem mesmo saber por que, - como em outros tempos -, contra �gres, Demo, e monstros pré-históricos, que subliminarmente se esconde a primeira analise.Junto a tudo isso, - como se não bastasse - Byrata nos traz em detalhes, no traço e falas dos personagens, planos bem elaborados, e as riquezas do co�diano campeiro; quando Lauterio prepara o fumo crioulo para o “palheiro”, ou o cuidadoso arranjo do chimarrão.

Xiru fala com seu cavalo, e qual gaúcho que não faz isso? Mas nenhum tem um cavalo que pensa e reclama da lida do campo. Para completar, vem em ul�ma analise a presença do conflito: um patrão fora da lei, um cien�sta alemão possuidor de certa é�ca, tempero mais que perfeito para o sabor da trama final.

O Xiru Lautério é um personagem de HQ, criado por Jorge Ubiratan

- Byrata, na década de 70, e publicada em 1975, nos jornais:

O Semanário (Tupancireta) e o Diário Serrano (Cruz Alta).

Em 1978 o autor reúne essas �ras numa revista e nos anos 80

a �ra reaparece na revista Quadrins, e em 1986 retorna

como �ra publicada no jornal A Razão de Santa Maria.

Em 2007 Byrata inicia a saga do “Xiru Lautério: Brigando Contra a

Morte”, “Xiru Lautério Tigre N' Água”, e “Xiru Lautério e os

Dinossauros”, lançado em 2013 no Tu� Jiorn - Bar dos

Cartunista, Cidade Baixa em Porto Alegre.

Porto Alegre | | | ARTES | Janeiro 2014 4

Por Cloveci Muruci de Porto Alegre/RS

Porto Alegre | | | ARTES | Janeiro 2014 05

A ARTE E A CIDADEPor Almandrade de Salvador/BA*

ARQUITETURA

Quando o tema é a qualidade de vida nas grandes cidades, interrogamos o desequilíbrio do meio ambiente, o desemprego, a

deficiência de moradia... decorrentes de um modelo de desenvolvimento que se caracteriza por favorecer padrões de

concentração de renda e poder. Não pensamos na visualidade urbana. Diante de tanta reivindicação não resta tempo para

pensar a “beleza” como um componente que qualifica o ambiente cultural das cidades. Na cidade moderna, produto da

sociedade industrial, a integração arte / arquitetura foi um princípio racional contra o desperdício de decorações, imposto

pelo gosto eclé�co do século XVIII.

As relações: arte / arquitetura, arte / cidade dizem respeito à qualidade ambiental, são ingredientes que de vez em quando

aparecem nas reformas urbanas, no paisagismo, nos espaços e edi�cios públicos e privados. No século XIX, a cidade conta

com um acervo de monumentos e se transforma num museu. Os monumentos arquitetônicos se destacam no tecido urbano

e nos centros das praças são instaladas estátuas de algum indivíduo homenageado pelos seus feitos e ações. A burguesia, ao

contrário das sociedades arcaicas, planeja o entorno, marca o urbano com suas estátuas. Até o horizonte das experiências

esté�cas dos anos 60 do século passado, quando o Minimalismo superou o conceito tradicional de escultura, transformando

o objeto escultórico em elemento de composição espacial, quase arquitetônico. Formas geométricas primárias, como

protó�pos industriais, são inseridos no urbano, destacando-se na paisagem pela monumentalidade.

Com os inves�mentos das grandes cidades voltados para obras básicas, cidades oneradas por problemas financeiros e sociais,

sem grandes recursos, sem uma tradição de polí�ca cultural no planejamento urbano, como imaginar a arte pública neste

contexto? Quando intervenções em nome da arte são executados de maneira casuís�cas e personalistas, respondendo às

vezes a interesses de ocasião, sem qualquer relação com o entorno, distante do que entendemos como arte, um adorno na

paisagem, neste caso a obra de arte deixa de ser uma contribuição posi�va para a visualidade urbana. Não vamos resolver o

problema com legislação, sem um programa de educação para as artes e sem consciência de cidadania. É preciso educar os

que decidem o des�no da cidade com um programa específico de apoio às artes.

No Brasil a integração arte / arquitetura foi uma preocupação do modernismo, como podemos constatar na casa modernista

em São Paulo em 1930, projetada por Gregor Warchauchik obedecendo aos ideais da Bauhaus. No final da década de 30, no

Rio de Janeiro o prédio do Ministério da Educação e Cultura sob a coordenação de Le Corbusier com par�cipação de

arquitetos como Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, os ar�stas plás�cos Cândido Por�nari e Bruno Giorgi foram convidados para

par�cipar da concre�zação do projeto. Em Salvador, uma legislação dos anos 50 obrigava a cada projeto arquitetônico a

reservar um percentual de seu orçamento para uma obra de arte. E o espaço público? Pouco foi feito para valorizar o espaço

urbano com a presença da obra de arte. Intervenções que ignoram o contexto, a escala, cultura e a contemporaneidade da

cidade, confirmam o crescimento desordenado e o provincianismo da cidade.

Se é possível falar de uma esté�ca do espaço urbano, ela é resultado da relação que os elementos constru�vos mantém entre

si e com o todo, nem sempre considerada nas reformas urbanas. A meu ver, é oportuno o pensar sobre a arte pública em

cidades onde o fazer ar�s�co e sua intervenção no urbano é uma relação ainda empírica.

* Almandrade - (ar�sta plás�co, poeta e arquiteto)

ARTES PLÁSTICAS

Por Cândida Schaedler de Porto Alegre/RS

ARTE CONTRA O PATRIARCADOA ar�sta Florido ques�ona, através de pinturas, desenhos e intervenções públicas, os padrões de beleza impostos às mulheres

Desconstruir o ero�smo do corpo feminino, divulgado – de maneira equívoca – como objeto à disposição do sexo oposto. Cri�car a

superexposição das curvas da mulher, o julgamento excessivo e injusto ao qual é subme�da diariamente e alçá-la a uma posição de

independência, ao menos na arte. Essas são as propostas da paulista Priscila Florido, ar�sta de 27 anos que expôs suas obras durante um

mês no Banx, reduto de muitos ska�stas e hipsters da capital gaúcha.

Florido - como assina seus trabalhos – u�liza diversas técnicas, como colagem, spray, �nta acrílica e caneta hidrográfica. Além de pinturas

e desenhos inspirados em elementos da natureza e em fractais, também aprecia fotografias e intervenções públicas. Gosta de provar

materiais, texturas e formas, e acredita que a própria condição de ser ar�sta a induz ao experimentalismo. Suas obras, no início, eram

muito voltadas a um surrealismo psicodélico. Hoje, porém, sistema�za o tema e segue o formato de pesquisa e projeto. Escolheu, assim,

abordar a questão da mulher, ques�onando muitas vertentes a par�r do tema.

No ponto cultural localizado entre a Carlos Gomes e a Nilo Peçanha, expôs 15 obras – divididas em 7 telas, 6 desenhos, uma intervenção

sobre fotografia e um registro fotográfico – entre os dias 3 de dezembro e 7 de janeiro, em uma série ba�zada de Muta-Corpo. O �tulo diz

respeito às mutações que o corpo sofre, pois é vida, movimento, evolução. Por meio de suas criações, Florido busca ques�onar os

padrões de beleza femininos. Acredita que ainda não explorou o lado polí�co do corpo, mas desnudou os sofrimentos diários de uma

mulher – extrapolando os próprios limites esté�cos e a�ngindo o campo psicológico.

Logo que começa a falar, é possível perceber a maturidade dos pensamentos da ar�sta, que abandonou um trabalho como professora,

em São Paulo, para se dedicar mais intensamente à criação e morar com o namorado, em Porto Alegre. Desde julho do ano passado vive

na capital gaúcha e afirma sen�r-se mais acolhida no Rio Grande do Sul. “São Paulo é muito extrema. Embora eu ame a cidade, já estava

querendo me mudar”, diz.

Com a voz branda, discorre sobre questões feministas com propriedade de quem lê e estuda todos os dias sobre o assunto. Os cabelos

negros, levemente ondulados, foram jogados por cima do ombro direito, mesmo lado em que possui uma pinta em cima da boca,

próxima ao nariz. Sentada no Banx, ela comentava sobre arte, feminismo e polí�ca com opiniões formadas, sem pestanejar. “A arte por si

só é ques�onadora, pois sempre vai causar sensações e estranhamentos”, pontuou, consciente de que suas ações são importantes.

Florido crê na arte como transformação. Denuncia as questões de poder entre gênero e sexo e, através disso, busca decompor o conceito

primário e preconceituoso de muitas pessoas. Luta, à sua maneira, para deixar um legado às próximas gerações. "O feminismo é

essencial, mas vejo os homens confusos com as reivindicações do movimento. A batalha ainda é muito dura, pois se percebe claramente

a supremacia do masculino", avalia.

Florido durante a intervenção “Pensando Butoh”. Foto: acervo pessoal

Porto Alegre | | | ARTES | Janeiro 2014 07

Entre um gole e outro de cerveja, apontava, orgulhosa, as obras expostas, todas à venda por preços

que variavam de R$ 20,00 a R$ 510,00. Em Puberdade, misturou tons claros e escuros para criar a

atmosfera que permeia essa fase de alterações, descobertas e dúvidas para as mulheres. Além

disso, representou a menstruação, muitas vezes vista como suja e impura: "Mas, se olharmos bem,

ela chega até a ser poé�ca", opina.

Em Mu�lada, cri�ca a separação e o julgamento das partes do corpo feminino. “Sempre a dividem

em peito, bunda, pernas. Os seios são grandes, mas a bunda é pequena, por exemplo. É uma

agressão, mexe com o psicológico e com a autoes�ma”, defende. Nesta tela, elaborada com técnica

mista, Florido abusa dos tons quentes, denunciando de maneira ainda mais forte o quanto tal

prá�ca – arraigada em nossa cultura e transmi�da pela mídia e pela educação familiar – é violenta.

Na tela Mastopexia, aborda a cirurgia homônima que “levanta” os seios femininos. Cada vez mais

procurada como alterna�va após a gravidez e a amamentação, a intervenção reposiciona a auréola

e o tecido mamário e compõe um novo contorno para a mama. “A sociedade diz que a mulher tem

que sempre estar melhorando algo no próprio corpo, que do jeito que está não é bom. Quis mostrar

que o procedimento também causa dor, não é aquela coisa boni�nha”, comenta.

Nos desenhos da ar�sta, a mulher indígena também ganha espaço. A arte sobre papel Índia reflete

sobre os confrontos que ocorrem entre índios e fazendeiros – e, consequentemente, policiais –

devido à demarcação de terras. Tocada pelos episódios que acontecem no Brasil, procurou

representar a questão e refle�r sobre o que padecem mulheres cujos preconceitos são ainda mais

di�ceis de serem quebrados. "Pretendi passar a ideia de que o indígena morre, mas, ao mesmo

tempo, é transcendente", explica.

A mulher invasiva, que reivindica seus direitos e se posiciona de maneira independente nos tempos

atuais aparece na colagem Proibida. O detalhe de um homem, diminuto, a observando, reforça a

incompreensão masculina do empoderamento pelo qual mulheres lutam.

Já a dualidade entre gêneros é explorada na tela Ele Está Perfeita, em que cria um rosto andrógino

coberto de maquiagem. As interrogações que surgem são várias: Até onde vai o feminino e até onde vai o masculino? Que diferenças são essas

que a sociedade criou? Quem disse que só mulher pode usar maquiagem?

O desenho Ventre: Caos e Ordem expõe a complexidade que envolve o útero e todos os preconceitos que ainda o rodeiam. Nele, gera-se outra

vida, embora – e frisando este fato – tornar-se mãe seja uma escolha. Isto é, mesmo com os avanços, ainda há aquelas que são condenadas pela

opção de não terem filhos, o que, muitas vezes, não é uma decisão tomada sozinha, mas em conjunto com o parceiro.

Para expor ainda mais a mulher-objeto – como é vista por muitos homens –, Florido criou uma intervenção sobre manequim in�tulada Força-

Moça. Com spray, �nta e lenços, o resultado foi algo simples e extremamente profundo em significado. Até quando as mulheres vão ser vistas

como indivíduos sem personalidade ou inferiores aos homens? Até quando mulheres serão – senão apenas, primeiramente – julgadas pela

aparência? Até quando o órgão genital vai con�nuar sendo um instrumento de dominação? Estas são algumas perguntas que aparecem quando

deparamos com a arte de Florido.

Mais obras da ar�sta podem ser conferidas na página do Facebook (h�p://facebook.com/floridoart) ou por meio do por�ólio online

(h�p://floridoart.wordpress.com).

Estranhamentos pela cidade

Além de desenhos e telas, Florido também aprecia intervenções públicas, quando se aproxima ainda mais das pessoas e as ques�ona em

ambientes corriqueiros. A ar�sta se envolveu com dança aos oito anos e se apaixonou pelo ritmo contemporâneo, que define como um divisor

de águas em sua vida. Ainda mais essencial foi a oficina de DanceAbility da qual par�cipou, pois se deu conta de que qualquer um pode dançar,

independente de ser deficiente �sico ou mental. A par�r da experiência, notou que poderia protestar à sua maneira, conciliando elementos de

dança contemporânea. “Eu gostaria que as pessoas u�lizassem mais o espaço público, se apropriassem dele para se expressar”, diz.

Nas intervenções, Florido cria perguntas e estranhamento nos pedestres. Não passa despercebida. Quando ainda morava em São Paulo,

realizou a intervenção De Cor Com a Cidade, em que ques�onou a ordem dos governantes paulistas de pintarem muros de cinza, sobretudo

aqueles que haviam sido grafitados por ar�stas famosos como Os Gêmeos. Saiu pelas ruas da metrópole com um pano laranja, vermelho, verde

e azul para dançar. "Que ordem é essa de que a cidade tem que ser cinza? A estrutura do sistema é que cria isso", define. Ela – ainda bem – não

aceita as ordens sociais sem fazer nada para mudá-las.

Em relação às influências da ar�sta, ela enfa�za que não vêm somente das artes plás�cas, mas também da literatura, do cinema e da música.

Ques�onada sobre suas inspirações, dá uma risada e confessa: “Sempre tenho dificuldade de responder a essa pergunta”. Toma outro gole de

cerveja e pensa. Cita Henri Ma�sse, com suas formas e cores, Jean-Michel Basquiat, no qual se espelha na liberdade de expressão, Kiki Smith,

que trabalha com arqué�pos femininos, e os brasileiros Arthur Bispo do Rosário e Beatriz Milhazes, com suas composições amplas. Frisa,

entretanto, que admira várias personalidades, lembrando ainda do diretor Glauber Rocha, do escritor russo Mikhail Bakunin – um dos

principais expoentes do anarquismo no século XIX – e das escritoras Simone de Beauvoir e Hilda Hilst.

Contudo, o que fica claro, em poucos minutos de conversa e após uma observação atenta às obras da ar�sta, é que, apesar da pouca idade, a

paulista é muito madura. Depois de decepções profissionais – começou a trabalhar aos 13 e logo notou que não servia para serviços

burocrá�cos – já sabe o que quer da vida e quais temas aprofundar por meio da arte, sempre lembrando de fazer uma crí�ca social em relação à

situação da mulher. Com 27 anos, ainda tem muito para evoluir. Mas o que se vê agora não decepciona.

“India” um dos trabalhos expostos em dezembro e janeiro na Banx, em Porto Alegre. Foto: Acervo pessoal

Porto Alegre | | | ARTES | Janeiro 2014 8

AnticuarioRESTO BAR

Rua Gal. Lima e Silva, 985 esq. Joaquim NabucoTelefone: 3225-4020Cidade Baixa - Porto Alegre - RS

Poesia

Clo

veci

Mu

ruci

HYMNO A SAUDADE

Por de Porto Alegre/RS Arthur Adans

Oh, tu que vens...

- Que dor no peito-

Nos faz reféns

Do póstumo leito

Sorrisos D'aurora gelada

Dos olhos ferventes

Á úl�ma lágrima chorada

De amor presente

Vede, Oh, Dama-colombina

-Abraçai-me enquanto choro

Que meu Ermo não finda

Apenas porque oro

“Pai, Oh, Pai

Até tu me desamparaste?

Cura, oh, cura os ais

Do filho que tu amaste”.

Flores levadas pelo Vento

Que juvenil brinca são

Co'as saias do convento

Qual Lembranças no coração

Luz que entra na mata negra

Um crepúsculo divino

Anjo de santa pureza

Tormento que não divido

Pinturas da languida nostalgia

Das águas escorrendo do horto

Quando meu sorriso alguém fazia

Enquanto jazia Eu morto

- Lembranças, Lembranças!

Me abracem enquanto imploro

Saudade, tu és esperança

De ver por quem tanto choro

Ah, apago a vida-luz. É noite

Um terço pelo olhos, os meus ferventes

-Que Dor- tu te foste

Dor eternamente

Oremos com graça

Choremos com juras

-Ah, que desgraça-

Pormos as flores às sepulturas

Lágrimas orvalhais D'outono

Com sorriso que aparece

Visão dos sonhos

- Escutai, Deus, nossa prece!

Somos as folhas que oram com graça

O Céu nublado que chora com juras

A nossa dor só passa

Ao lavar com lágrimas as sepulturas.

...E O FILHO DO CARPINTEIRO ?

Por de Porto Gilberto Carvalho

Alegre/RS

Pra todo lado que eu olhehá um velhinho, barba branca,a roupa em vermelho vivo,gordo, corado e risonho.Como materializando o lado melhor de um sonho.

O “saco”, que Ele carregajamais tem fundo – nem fim.E ali, estão mil regalosque todos “podem” comprar.

-Compra, quem não tem dinheiro.quem tem menos, ou não tem.Recebe, quem não pediunem interessa de quem.E é todo mundo correndonum consumismo brutal,para cumprir “o ritual ”de que o velho sempre vem.

-Será este o verdadeiroespirito do natal ?Nascimento, redenção pelo Cristo universal ...Ou há um NOVO Messiasnesta mídia irracional ?

E se, no saco vazio,houverem apenas “ votos ”de amor, amizade e paz,ou orações de carinho ,ternura e fraternidade ?!-Haverá Papai Noele gente esperando aflita,cada um por seu presente ?

...ou caras desapontadasporque pacotes abertosdo fundo do coração são coisas ultrapassadasou sensações “an�quadas”que já ninguém quer ou sente ?!

E se eu – só trouxer o suorde um dia inteiro da luta,batalha, cansaço, sonho,a fome, a desilusão .Olhar dos quase vencidosque buscam desprotegidosa incerteza do pão ???

- Será que chegando assim, como sou no dia a dia :Nada NOEL – mas PAPAI,vão haver luzes e espaçosprá diminutos abraçosque só cabem na poesia ?

...Então, me fico a pensarno “crime descomunal “que a INDUSTRIA do NOEL ins�tuiu para o momento .O Cristo e seu nascimentona manjedoura singela,cuja estrela, a noite aquela,anunciou os reis do oriente,NÃO EXISTE prá esta gente que hoje confunde NATALcom a data materialornamentada a presentes.

- O menino salvador,tão franzino no presépio,é despido de embalagens,a não ser suas mensagensde amor , de paz e de luz.Nunca virá de trenócom gordas renas, ponteando,mas é o PAI que a humanidadeelegeu como verdade- pobre ...estaqueado na cruz !

Por isto, por mais que eu queiraver no velhinho de barbasa imagem humanizadade um �po sensacional,ante este quadro brutalque troca abraços e precespor ofertas materiais,e ano a ano sem pensar busca só festa e dinheiro...Só consigo imaginarque estas festas de natais crucificam mais e mais ao “Filho do Carpinteiro “. Natal/2.000

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Um pedacinho do Rio em Poa

Reservas: (51) 3212 - 0476 ou (51) 8484 - 2878

Porto Carioca: Rua da República, 188. Cidade Baixa. Porto Alegre. E-mail: [email protected]

Domingo a Quinta das 17h as 01h. Sextas, Sábados e vésperas de feriado

das 17h às 02h.

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Telas, Quadros e Molduraswww.kersson.com.br

Av. Rua Santana, 41 - Porto Alegre/RS (ao lado da vivo) Fone: (51) 3381-4954 | (51) 9971-1732

(51) 3211 - 6833(51) 3024 - 0341

Porto Alegre | | | ARTES |Janeiro 2014 9

No Centro Historico de Porto Alegre, dois homens se encontram para tramar acoes contra a Comissao da Verdade, que inferniza a vida dos ex-torturadoes e ex-alcaguetas dos Anos de Chumbo ...

DELEGADO HIPOLITOOrganiza a Direita para lutar contra a Comissao da Verdade

Ninguem te seguiu?

Voltei. Nao gostei do castelhano deles

Andava no Paraguai?

Quantos arregimentou pra nossa ONG

Meia duzia. O resto se esconde.

Precisamos nos infiltrar na Comissao da Verdade

Como assim ?Tecnicas de como silenciar testemunhas

Antes a gente fazia eles falar. Agora nao deve ser muitodiferente

Os neonazistas ofereceram 200 socos ingleses,agora falta o

apoio oficial da Globo.Com o auxilio da Grande Midia, voltaremos ao status de herois.

E claro! sou um ex-

alcagueta.

Um alcagueta sabe esconder-se

Porto Alegre | | | ARTES | Janeiro 2014 10

Rua Marechal Deodoro 1655Osório, Rio Grande Do Sul, Brazil

51 9903-5465

51 3276 - 5278 51 9874 - 6249

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ARQUITETURA

Por Diana Dobranszky

O REFERENTE NA FOTOGRAFIA BRASILEIRA

CONTEMPORÂNEA

No período abrangido pela pesquisa de mestrado "Referente e imagem

na fotografia brasileira em fins do século XX", a história da fotografia

brasileira começou a tomar corpo. Apesar de haver pesquisas, tanto

publicadas como em andamento, o estudo da fotografia cons�tui-se

ainda de um trabalho arqueológico. Se para compreender e

contextualizar as obras contemporâneas é necessário o entendimento

da história da fotografia - como história da arte fotográfica -, todo

trabalho de inves�gação torna-se redobrado: um quebra-cabeça de

informações e estudos isolados. Por outro lado, este período mostra-se

empolgante para aqueles que pretendem contribuir para que essa

história seja trazida à tona. Aos poucos e por meio de várias vertentes

de estudo esperamos que a expressividade brasileira daqueles que

escolheram a fotografia como meio ar�s�co esclareça-se. Ciente da

impossibilidade de abarcar a produção fotográfica em sua imensidão,

esta pesquisa espera ter dado sua pequena contribuição.

Em sua percepção do acervo de fotografias do MAM-SP exposto em

2002 - ano em que essa pesquisa foi finalizada -, Tadeu Chiarelli,

munido de seu conhecimento e estudo sobre a história da fotografia,

traçou um breve panorama do desenvolvimento da fotografia das

úl�mas décadas do século XX. Segundo ele, a fotografia brasileira

esteve, de maneira geral, atrelada por muito tempo a sua função

documental da realidade brasileira, que, apesar de mostrar o caráter de

compromisso social, apresentava pouca experimentação. O ex-

curador-chefe do museu diz ter notado, no entanto, que algumas obras

do acervo refle�am a subje�vidade do olhar dos fotógrafos e

mostravam até mesmo um discurso sobre a própria fotografia. Quebra

maior com o que denominou como tradição da fotografia no Brasil, foi

observada por ele na exposição de fotografias "Iden�dade/Não

iden�dade", de 1997, no MAM-SP: "Contra ou parodiando, em chave

irônica, essa vertente, a grande maioria dos ar�stas presentes em 'Iden�dade/Não iden�dade', parecia evidenciar o descompromisso

com aquela car�lha, sobretudo os jovens ar�stas. Por outro lado, a mostra tentava evidenciar como essa mesma geração buscava novos

valores de iden�dade tanto para eles próprios - como indivíduos cidadãos e ar�stas, vivendo no final de um milênio, num país como o

Brasil - como também para a própria arte e a fotografia" (CHIARELLI, 2002: 10). É aqui que se encontram os fotógrafos focados por este

estudo, na busca de uma fotografia brasileira experimental diversificada.

Na ocasião da mesma exposição do MAM-SP, Ricardo Mendes tratou da pesquisa sobre a fotografia nos úl�mos 30 anos do século XX,

apontando a dificuldade de se estudar um meio de expressão e de documentação tão diversificado como a fotografia. Foi na década de

1970 que Mendes acredita ter iniciado um longo processo de reconhecimento da fotografia brasileira, cujo resultado é o panorama da

fotografia brasileira contemporânea. O final daquela década e o início da seguinte teriam sido, para ele, de efervescência em termos de

pesquisa, livros, galeria e escolas, quando tudo era novo e mo�vo de inves�gação e estruturação: "É relevante apontar como 'aquela

geração' de fotógrafos, os primeiros pesquisadores e a própria sociedade elegeram como conceito 'fotografia' um universo diversificado

de manifestações, do jornalismo à experimentação. E aqui, neste ponto, talvez seja o elemento novo do quadro brasileiro, a proposição

da fotografia como meio de expressão, abordagem que na longa história da fotografia no Brasil, afora os raros episódios representados

pelo pictorialismo no início do século XX e mais tarde na produção mais moderna nas décadas de 1940 e 1950, nunca efe�vamente

ocorrera, ou seja, a fotografia compreendida enquanto linguagem" (MENDES, 2002: 20). Na pesquisa da fotografia iniciada nesse

período, Mendes destaca Boris Kossoy, Gilberto Ferrez, Pedro Vasquez, Joaquim Paiva, e ins�tuições de pesquisa, difusão e preservação -

que ainda existem ou não - Museus de Imagem e Som, o Núcleo de Fotografia e o INFoto (Ins�tuto Nacional de Fotografia) criados pela

Funarte, e o Centro de Conservação e Preservação Fotográfica. Em sua avaliação, os anos 80 “foram de duro aprendizado prá�co. E,

talvez, para os par�cipantes da primeira fase do projeto 'fotografia brasileira', um pouco amargos. Mas tudo indica que esse projeto

informal foi assumido organicamente pela geração seguinte. A década de 1990 poderia ser iden�ficada, apropriadamente, como o

período da primeira den�ção" (MENDES op cit: 20). Nessa mesma década, o estudioso iden�fica movimentos encabeçados pelos

próprios fotógrafos e pesquisadores como a criação do Núcleo de Amigos da Fotografia (Nafoto) que criou o Mês Internacional da

Fotografia de São Paulo. A isso une-se a inicia�va, cita ele, do MASP - Museu de Arte de São Paulo, que conjuntamente com a

mul�nacional Pirelli, cria em 1991 a Coleção MASP/Pirelli - fonte da pesquisadora -, que todo ano adquire obras de fotógrafos brasileiros

no intuito de estabelecer um ponto de referência da fotografia nacional. Com esse histórico da pesquisa sobre a fotografia brasileira,

Mendes destaca a própria coleção do acervo do MAM-SP, cuja exposição mo�vou o ar�go citado aqui. Ao mesmo tempo, essa exposição

cons�tuiu uma importante oportunidade para que pudéssemos ver em perspec�va a história da fotografia e o meio em que se inserem os

fotógrafos estudados. O que podemos destacar, além das ins�tuições mencionadas por ele, é a importância das novas tecnologias, como

a Internet (estabelecida no país na mesma década de 1990), na difusão e troca de conhecimentos acerca da fotografia, visto que em

muito auxiliou essa inves�gação.

Agora você não tem motivos para ficar parado!

Segunda a Sexta, das 7h às 23hSábado das 10h às 16h

Rua José do Patrocínio, 99 Fone: (51) [email protected]

Porto Alegre | | | ARTES | Janeiro 2014 11

BarMesa deFoto: Divulgação

512 Espaço CulturalA casa oferece várias opções de pe�scos no cardápio. Os condimentos são produzidos no próprio local. A noite con�nua regada a cerveja artesanal e a drinques, tudo ao som das bandas que transitam entre o samba e o jazz.

Programação de JaneiroDia 10 (sexta) Texas Haze - Rock/Jimi HendrixDia 11 (sábado) Tribo Brasil - Som Brasil Dia 12 (domingo) Ins�tuto Brasilidades – Roda de samba na rua às17 horasDia 14 (terça) Gaspo Harmônica - BluesDia 15 (quarta) Márcio Barbosa - Samba/MPBDia 16 (quinta) Los 4 amigos - MPB/Jazz instrumentalDia 17 (sexta) Moreno Morais - MPBDia 18(sábado) Só Brasil - MPBDia 19 (domingo) Baile Brasa - Djs Kafu, Fausto e Vagner.

IN Sano PubHá nove anos na noite de Porto Alegre, o IN Sano é um bar onde a boa música é tocada nas sextas, domingos e segundas. A programação é variada aos sábados. Todas às segundas Feiras, show com uma Big Band.

Porto Carioca Pub

O Porto Carioca Bar, localizado na Rua da Republica, com espaço clima�zado para 40 pessoas, tem no cardápio pe�scos e porções como iscas de filé, bolinho de bacalhau, frango a passarinho na cerveja. Quanto as bebidas servem cervejas, caipirinhas e des�lados. No primeiro domingo de cada mês, tem feijoada com roda

de samba, a par�r das 12h.

Cinema Arte e Pub Café Quem curte cinema com conteúdo mais elaborado, o chamado cine-arte, encontra agora a melhor opção. A Cia do Vídeo possui um acervo de clássicos europeus, asiá�cos, la�nos, nacionais e clássicos remasterizados. Sempre atualizado com os lançamentos de todos os gêneros de cinema. No local, agora com mesinhas na frente, se pode beber o famoso Café do Mercado. Funciona de segunda a sábado, das 13h30 às 24h. Localiza-se na rua Lima e Silva, 165. Fone (51) 3026-2407 – Cidade Baixa.

TAPAS BAR Para quem curte fumar narguilé, é o lugar Ideal com essências de maça, limão e pêssego. As tapas da casa apresentam 24 pe�scos mul�nacionais. Também é possível beber cervejas artesanais que podem ser consumidas com uma porção de 10 bolinhos de bacalhau. Rua da Republica, 30. Fone 51 3226-0517. Cidade Baixa.

Disco BarSalão principal e jardins são ambientes oferecidos no Disco Bar. Decorado com clássicos do rock e pop, a casa oferece pizzas artesanais, no formato bro�nho, ou na versão oito pedaços. Aberto de terça a sábado das 18h às 23h30. Fone 51-3072-0446. Rua Lopo Gonçalves, 204. Informações em www.discobar.com.br

Cinema Arte e Pub Café Quem curte cinema com conteúdo mais elaborado, o chamado cine-arte, encontra agora a melhor opção. Cia do Vídeo possui um acervo de clássicos europeus e dos mais variados países a disposição dos mais exigentes cinéfilos de plantão. www.ciadovideo.com.br

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O prazer de viver a noiteRua da Republica, N°30

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Barão do Gravataí, 577Rua Lopo Gonçalves, 444 Rua João Alfredo, 512

Sons que ouço na

Foto: Mari Lopes Foto & Imagem

Boteko do Caninha, Barão do Gravataí, 577

A Cidade Baixa passa por aqui

3029-2140

Cidade Baixa

www.ciadovideo.com.brRua Lima e Silva, 165