jacob, oser. história do pensamento econômico (resumo)

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OSER, Jacob. BLANCHFIELD, W. História do Pensamento Econômico . São Paulo: editora Atlas, 1987. - O estudo da história econômica ganhou força na medida em que novos problemas exigem uma reconsideração das questões básicas e uma reavaliação das teorias já escritas. A obra analisa 71 economistas. - A evolução do pensamento econômico é estudada a partir do século XVI. “O pensamento econômico está mergulhado na complexa estrutura da sociedade e não deve ser isolado de seu contexto social. Deve ser analisado e julgado de acordo com os padrões da sociedade em que se originou, embora isto não exclua nossa posição imparcial para julgá-lo em relação a seu tempo” p. 14. - As idéias econômicas se desenvolvem historicamente a partir de problemas e questões contemporâneas. “Smith deu uma grande contribuição porque suas idéias responderam às exigências de sua época. - Estuda-se a visão geral de cada escola, no entanto, se o olhar for detalhista, será visível as contradições. Por exemplo, Malthus era um clássico, no entanto, defendia o protecionismo. - Se dizemos que a teoria responde a certas indagações do presente, é necessário saber da onde partir tais indagações e quem de fato se antecipou em respondê-las. - OS MERCANTILISTAS: qual a melhor forma do país acumular ouro e prata? OS CLÁSSICOS: como se pode aumentar a produção? OS SOCIALISTAS: como melhorar as condições da classe trabalhadora? “A maioria dos teóricos em Economia supõe que o interesse pessoal do indivíduo seja dominante e oriente o processo econômico” p. 16. “Tentaremos identificar os grupos que mantiveram cada escola de pensamento e os grupos aos quais a escola solicitou apoio, de maneira bem sucedida ou não” p. 17. SAY: “Que propósito útil pode ser conseguido mediante o estudo de opiniões absurdas e doutrinas ultrapassadas? É puro pedantismo tentar revivê-las. Quanto mais perfeita uma ciência, mas curta se torna sua história” (apud, p.17). - A sociedade não é estática, é natural o surgimento de teorias que expliquem as mudanças dela. “Os conceitos úteis hoje podem ter sido inaplicáveis em períodos passados, e poderão tornar-se inadequados no futuro. Idéias aceitas

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Page 1: JACOB, Oser. História Do Pensamento Econômico (resumo)

OSER, Jacob. BLANCHFIELD, W. História do Pensamento Econômico. São Paulo: editora Atlas, 1987.

- O estudo da história econômica ganhou força na medida em que novos problemas exigem uma reconsideração das questões básicas e uma reavaliação das teorias já escritas. A obra analisa 71 economistas.

- A evolução do pensamento econômico é estudada a partir do século XVI.

“O pensamento econômico está mergulhado na complexa estrutura da sociedade e não deve ser isolado de seu contexto social. Deve ser analisado e julgado de acordo com os padrões da sociedade em que se originou, embora isto não exclua nossa posição imparcial para julgá-lo em relação a seu tempo” p. 14.

- As idéias econômicas se desenvolvem historicamente a partir de problemas e questões contemporâneas. “Smith deu uma grande contribuição porque suas idéias responderam às exigências de sua época.

- Estuda-se a visão geral de cada escola, no entanto, se o olhar for detalhista, será visível as contradições. Por exemplo, Malthus era um clássico, no entanto, defendia o protecionismo.

- Se dizemos que a teoria responde a certas indagações do presente, é necessário saber da onde partir tais indagações e quem de fato se antecipou em respondê-las.

- OS MERCANTILISTAS: qual a melhor forma do país acumular ouro e prata? OS CLÁSSICOS: como se pode aumentar a produção? OS SOCIALISTAS: como melhorar as condições da classe trabalhadora?

“A maioria dos teóricos em Economia supõe que o interesse pessoal do indivíduo seja dominante e oriente o processo econômico” p. 16.

“Tentaremos identificar os grupos que mantiveram cada escola de pensamento e os grupos aos quais a escola solicitou apoio, de maneira bem sucedida ou não” p. 17.

SAY: “Que propósito útil pode ser conseguido mediante o estudo de opiniões absurdas e doutrinas ultrapassadas? É puro pedantismo tentar revivê-las. Quanto mais perfeita uma ciência, mas curta se torna sua história” (apud, p.17).

- A sociedade não é estática, é natural o surgimento de teorias que expliquem as mudanças dela.

“Os conceitos úteis hoje podem ter sido inaplicáveis em períodos passados, e poderão tornar-se inadequados no futuro. Idéias aceitas atualmente podem ser erradas ou inadequadas, mas persistem em virtude da dificuldade de alterar as opiniões das pessoas”.

“Idéias que já foram úteis podem sobrevier quando as condições sociais mudam... À medida que surgem novos problemas, somente novas análise se tornam apropriadas” p.17.

- A inter-relação entre as escolas e teorias é notória. As novas teorias sempre partem de outras.

CAP. 2 – OS MERCANTILISTAS (p.19)

- Defendia a intervenção governamental com o objetivo de gerar mais riqueza ao país. Hoje, igualmente, acredita-se que “os governos devem visar à promoção do desenvolvimento econômico” p. 18.

“A história move-se em espirais e não em círculos. Nossas teorias e políticas freqüentemente retornam a teoria políticas parecidas com as das épocas anteriores, mas estão em planos diferentes e sob condições muito diferentes” p. 18.

Page 2: JACOB, Oser. História Do Pensamento Econômico (resumo)

CAP. 22 - A Escola Keynesiana (p. 385).

- KEYNES (1883-1946): filho de pais intelectuais. Seu pai era um renomado economista político, sua mãe foi prefeita e juíza em Cambridge. Nessa mesma cidade, Keynes teve como professor Marshall e Pingou. Com 28 anos tornou-se editor de um Jornal de Economia. Foi um grande especulador, ficou milionário. Foi membro diretor do Banco da Inglaterra. Em 1919, foi contra o acordo de paz imposto à Alemanha. Em 1940, durante as dificuldades financeiras oriundas da guerra, foi o principal conselheiro do presidente da Inglaterra. Foi o primeiro negociador de seu país nas reuniões do FMI e Banco Internacional. Em 1942, recebeu o título de barão. Foi um dos principais defensores e negociadores da cooperação financeira internacional durante e após a 2° Guerra. Repudiou o padrão-ouro do laissez-faire.

Dizia: “Se as nações aprendessem a conseguir o pleno-emprego com suas políticas internas e o crescimento populacional fosse limitado, ocorreria a harmonia internacional de interesses”.

- CONTEXTO SOCIAL: as idéias de Keynes originaram-se nas ansiedades industrializadas pela grande depressão na década de 1930. A primeira guerra e os controles adotados exigiram uma visão geral da economia. Sua teoria partiu da Escola Neoclássica/ Marginalista. Keynes estava mergulhado na tradição Marshallina. Devido à guerra: houve taxa de crescimento populacional decrescente; produção maior que o consumo; consciência do efeito multiplicador1 que a despesa deficitária exercia sobre a despesa total e sobre a renda. Sistema baseado numa abordagem subjetiva e psicológica.

- DETERMINANTES IMEDIATOS DA RENDA E DO EMPREGO: forte relação entre a renda nacional e o nível de emprego. Preocupação com o curto prazo (negligencia as mudanças tecnológicas). Os determinantes da renda e do emprego são: as despesas de consumo e os investimentos.

- DETERMINANTES FINAIS DE RENDA E EMPREGO: são as despesas com consumo e investimento. Keynes argumentou que o nível de consumo era determinado pelo tamanho da renda. A despesa de consumo cai à medida que a renda cresce.

- FUNÇÃO CONSUMO: em qualquer nível de renda, as pessoas tendem a gastar em consumo certa proporção fixa da renda.

- O NÍVEL DO CONSUMO: varia com a renda que, por sua vez, varia com o nível de investimento que, por sua vez, é determinada pela taxa de juros (depende da preferência pela liquidez e da quantidade de dinheiro); eficiência marginal do capital (depende da expectativa de lucros futuros e do preço da oferta de ativos de capital); taxa esperada de retorno sobre o custo de novos investimentos.

- Influências psicológicas sobre a renda e emprego: a) propensão para consumir; b) desejo de ativos líquidos; c) taxa de lucros esperada de novos investimentos.

- Para Keynes, o laissez-faire é ultrapassado. O governo deveria intervir para o pleno emprego: queda da taxa de juros, mais investimentos, mais despesas governamentais, redistribuição da renda = mais consumo.

OBS: Keynes demoliu a suposição clássica e marginalista de que o sistema de empresa privada tende a se auto-ajustar ao pleno emprego. Dizia: “Todos os custos de produção não são necessariamente gastos coletivamente em compras do produto”.

OBS2: Para Keynes a propensão para consumir é fixa para cada nível de renda.

- Fatos que ocasionaram o fim do liberalismo: as conseqüências da primeira guerra mundial e a depressão de 1929. Os NEOCLÁSSICOS afirmavam que para superar uma depressão bastava diminuir os salários.

DEFICIÊNCIAS DA TEORIA:1 O MULTIPLICADOR mede o efeito de uma mudança na despesa sobre a renda. O tamanho do multiplicador é recíproco à propensão marginal a poupar.

Page 3: JACOB, Oser. História Do Pensamento Econômico (resumo)

- O curto-prazo faz exagerar a tendência de estagnação secular. O pensamento estático estimulou um pessimismo excessivo com relação ao declínio das oportunidades de investimento e ao declínio das taxas de juros.

“Há uma tendência, em toda história, de a humanidade ter propensão para poupar mais, em vez de investir”. Devido a isso, disse que o problema de perseguiu toda a história foi à falta de estímulos ao investimento.

- As doutrinas de poupança excessiva não se aplicam às áreas subdesenvolvidas. O curto prazo, por sua vez, nega a importância do crescimento econômico nos países industrializados.

- Keynes aceitou a inflação lenta e uniforme para estimular a economia. Isso hoje é muito criticado. Também é muito criticado o fato de Keynes ter aceitado as despesas deficitárias governamentais.

- A pouca preocupação com o tipo e a qualidade das despesas implica numa indiferença ao bem-estar. É obvio que a despesa de alguns bens gera mais emprego que a mesma despesa com outros bens. Por tudo isso, a suposição de que o emprego é uma função da renda, também é criticável.

....................

- Se ignorarmos o governo por um momento, os determinantes imediatos da renda e do emprego seriam: as despesas de consumo e as de investimento.

Y (renda) = Consumo + Investimento.

S (poupança) = Y – I.

S = I, ou seja, a poupança e o investimento agregado são sempre iguais, isso não quer dizer que estejam sempre em equilíbrio.

....................

- Introduzindo o Governo.

Y = Consumo + Investimento + Governo.

OBS: quando as despesas de consumo e investimento são inadequadas para manter o pleno emprego, o governo deve estar pronto para aumentar o fluxo de renda por meio de despesa financiada por déficits orçamentários. O governo deve, como último recurso, compensar a queda do dispêndio.

- O investimento continuará até o ponto em que a eficiência marginal do capital por igual à taxa de juros.

- A TAXA DE JUROS: não é uma recompensa pela poupança e sim pelo sacrifício à liquidez. A taxa de jurus é o preço que equilibra o desejo individual de acumular riqueza em dinheiro e a quantidade disponível de dinheiro no sistema como um todo.

- PREFERÊNCIA PELA LIQUIDEZ (fatores que contribuem para ela): a) transação – necessidade de pagar as compras correntes de consumo e necessidades econômicas cotidianas; b) precaução – manter reservas para emergência; c) especulação – esperar o aumento da taxa de jurus.

- Aumento da quantidade de dinheiro ocasiona a diminuição da taxa de juros.

- As despesas de consumo e investimento não determinam a taxa de juros, mas o valor agregado de emprego.

- A diminuição do consumo não faz aumentar o investimento, a implicação direta dela está na diminuição de empregos.

TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO E CRESCIMENTO ECONÔMICO

Page 4: JACOB, Oser. História Do Pensamento Econômico (resumo)

Crescimento Econômico: aumento na produção total (pode ocorrer sem o aumento na eficiência ou nos níveis crescentes de subsistência). Pode resultar do aumento da população; do aumento nos investimentos de capital, horas de trabalho, idosos trabalhando etc.

Desenvolvimento Econômico: aumento na produção por hora de trabalho sem redução do emprego. Implica na melhora da eficiência.

SHUMPETER (1883-1950): nasceu na Tchecoslováquia, formou-se em Direito e Economia em Viena. Na 1° Guerra foi pacifista pró-britânico e anti-germânico. Em 1921, tornou-se presidente de uma respeitada instituição bancária em Viena, que faliu em 1924, após a inflação alemã. De 1932 até sua morte lecionou em Harvard. Escreveu “História da Análise Econômica”.

- Foi influenciado por Léon Walras e Karl Marx. Era devoto das instituições do capitalismo. Concordava com Marx quanto ao fim do capitalismo, no entanto, por razões diferentes.

- Construiu um sistema teórico para explicar tanto os ciclos econômicos, como a teoria do desenvolvimento econômico capitalista.

- A “chave” para as mudanças econômicas é a introdução de INOVAÇÕES.

- INOVAÇÕES: mudanças nos métodos de fornecimento de bens; abertura de novos mercados; conquista de novas fontes de fornecimento de matérias-primas; criação de uma nova organização industrial. É a invenção sendo colocada em prática, ou seja, aplicada ao processo industrial.

- EMPRESÁRIOS: introduz inovações; realiza novas combinações; são pioneiros na introdução de novos produtos.

Sem as inovações a economia atingiria um equilíbrio estático. O lucro e os juros desapareceriam, o acumulo de riqueza cessaria. O desenvolvimento econômico não é resultado de algo externo ao sistema econômico.

- As inovações é quem interrompe a tendência ao equilíbrio. Cada depressão representa uma luta em direção ao equilíbrio.

- Não acreditava na sobrevivência perpétua do capitalismo.

- Rejeitava a lei ricardiana dos rendimentos decrescentes e o princípio malthusiano da população. Os dois eram obstáculos ao progresso. Também não concordava com a tese keynesiana da estagnação em diversos aspectos.

PAUL BARAN (1909-64): nasceu na Rússia, mas tornou-se cidadão polonês ainda criança. Recebeu o PhD em Berlin. Chegou aos EUA em 1939. Foi um ardente defensor do socialismo marxista. Quando Khruschev revelou os crimes de Stalin em 1956, ele tomou para si a responsabilidade de explicar os feitos. “O socialismo não é inerentemente um sistema de terror e repressão” dizia. Para ele, o desenvolvimento econômico dependia da luta de classe.

Era da opinião de que uma economia bem planejada podia funcionar bem e crescer sem os benefícios da empresa privada. A taxa de desenvolvimento econômico depende do volume do excedente econômico e da maneira como é empregada. O desenvolvimento econômico acontece com a industrialização concomitante com o aperfeiçoamento das técnicas agrícolas.

É contra a tese de que o subdesenvolvimento é fruto da falta de talento empresarial. Para ele o empresário era símbolo da exploração capitalista.

WILLIAN BAUMOL: