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Agropec. Catarin., v.15, n.3, nov. 2002 1

ISSN 0103-0779

NESTNESTNESTNESTNESTA EDIÇÃOA EDIÇÃOA EDIÇÃOA EDIÇÃOA EDIÇÃO

As matérias assinadas não expressamnecessariamente a opinião da revista e são

de inteira responsabilidade dos autores.

A sua reprodução ou aproveitamento,mesmo que parcial, só será permitida

mediante a citação da fonte e dos autores.

SeçõesEditorial ...........................................................................................Agribusiness .....................................................................................Flashes ............................................................................................Lançamentos editoriais ..............................................................Novidades de Mercado .......................................................................Informe Ambiental ............................................................................Vida Rural - soluções caseiras .............................................................

2357

182074

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37

42

44

47

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55

Bicho-furão: praga potencial dos citros em Santa Catarina (José Maria Milaneze Luís Antonio Chiaradia) ....................................................................................Sistema intensivo de produção de ovinos (Cecília José Veríssimo, EduardoAntonio da Cunha, Mauro Sartori Bueno e Luiz Eduardo dos Santos) ..............Mosca-do-figo: uma nova praga na Região Oeste Catarinense (José MariaMilanez e Luís Antonio Chiaradia) .......................................................................Controle do ácaro-vermelho-europeu em macieira com abamectin emdiferentes volumes de calda (Luiz Antônio Palladini e Márcia Mondardo) .......Rizipiscicultura: uma alternativa rentável para o produtor de arroz irrigado(Gosuke Sato) ......................................................................................................Manejo agroecológico de pragas e doenças: conceitos e definições(Paulo Antonio de Souza Gonçalves e Pedro Boff) .............................................Educação e capacitação profissional: desafios para a formação de novosagricultores familiares (Márcio Antonio de Mello e Milton Luiz Silvestro) .......

Informativo Técnico

Estamos prontos para a rastreabilidade? (Paulo Roberto Andrade Cunha) .....Produção orgânica de frutas (Carlos Roberto Martins e Roseli de Mello Farias)

6666

Opinião

Nota TécnicaImportância da micorrização em viveiros de Pinus spp. (Gilson José MarcinichenGallotti) ................................................................................................................Doenças fúngicas em viveiros de erva-mate (Gilson José Marcinichen Gallotti)

6062

Artigo TécnicoEstádios fenológicos da macieira nas cultivares Gala, Fuji e Golden Delicious(Gilberto Luiz Putti e José Luiz Petri) ..................................................................Avaliação das propriedades químicas e físicas dos solos da mata ciliar do Riodo Testo, sob diferentes formas de ocupação (Jonas Ternes dos Anjos e VeraldoLiesenberg) ..........................................................................................................

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26

Emprego – as oportunidades estão no campo (Laertes Rebelo) .....................30

Reportagem

ConjunturaPerspectivas para a cebolicultura catarinense (Carlos Luiz Gandin e GuidoBoeing) ................................................................................................................Receituário agronômico e a controvérsia sobre sua prática atual (José PradoAlves Filho) ..........................................................................................................

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Registro

Estação Experimental de Urussanga – 60 anos servindo e desenvolvendo oLitoral Sul Catarinense ..............................................................Estudo comprova prejuízos de US$ 4 bilhões nas exportações devido aossubsídios à soja dos EUA ............................................................PIB da agricultura cresce 8,18% no primeiro semestre e eleva PIB globaldo agronegócio a R$ 354,36 bilhões ..............................................Tecnologia brasileira para a Mongólia ............................................Pacovan Ken – nova cultivar de bananeira resistente à sigatoka-negra .....Diagnose de viroses em macieira ..................................................

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12

13141516

Conforme havia sido planejado, a RAC foi colocada‘‘on line’’ na página da Epagri em 15 de setembro último.

A partir de agora, para acessá-la, basta clicar na foto da

RAC, no alto, à direita, da página da Epagri (www.epagri.rct-sc.br). Nos artigos e informativos técnicos está sendo

colocado um resumo de cada matéria. A maioria dasdemais matérias está na íntegra. Em cada edição será

sorteado um artigo técnico ou um informativo técnico

para aparecer na íntegra.Neste número, a RAC está apresentando uma repor-

tagem sobre a potencialidade de criação de emprego queo campo oferece. Na área da fruticultura são apresenta-

das quatro matérias que abordam estádios fenológicos

da macieira, controle do ácaro-vermelho-europeu emmacieira, mosca-do-figo e bicho-furão. Outra matéria

interessante é um estudo de avaliação das propriedadesquímicas dos solos da mata ciliar do Rio do Testo,

visando sua recomposição. Este número traz também a

potencialidade da rizipiscicultura (consórcio de peixe earroz). Na área da agricultura familiar, uma matéria

enfoca aspectos da educação e da capacitação profissi-onal do agricultor familiar. Na área da zootecnia, o leitor

poderá encontrar informações sobre a produção de

ovinos. Duas matérias sobre erva-mate enfocam aspec-tos de doenças em viveiros e a importância da micorrização

para o desenvolvimento das mudas. Além destas, sãoapresentadas neste número da RAC outras matérias de

interesse geral de nossos leitores.

Boa leitura!

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2 Agropec. Catarin., v.15, n.3, nov. 2002

Editorial

REVISTA QUADRIMESTRAL rique Simon, Paulo Sergio Tagliari, Sérgio Leite GuimarãesPinheiro, Zenório Piana

COMITÊ DE PUBLICAÇÕES TÉCNICAS:Presidente: Paulo Henrique Simon, Secretário: Paulo SergioTagliari, Membros: Antônio Carlos Ferreira da Silva, OnofreBerton, Gilson José Marcinichen Gallotti, Jean Pierre Rosier,Jefferson Araújo Flaresso, Fernando Adami Tcacenco, RogerDelmar Flesch, Vera Lúcia Iuchi

COLABORARAM COMO REVISORES TÉCNICOS NESTA EDI-ÇÃO: Afonso Orth, Álvaro Graeff, Anisio Pedro Camilo, ÁureaTeresa Schmitt, Claudino Monegat, Dario Alfonso Morel,EdisonXavier de Almeida, Eloi Ehard Scherer, Eros Marion Mussoi,Francisco R.C. do Espírito Santo, Frederico Denardi, HonórioFrancisco Prando, Ivan Dagoberto Faoro, José Itamar da SilvaBoneti, José Maria Milanez, Leandro do Prado Wildner, RenatoArcangelo Pegoraro, Sérgio Tadeu J. Tamassia, Sérgio LeiteGuimarães Pinheiro, Volney Silveira de Ávila, Walter Becker

JORNALISTA: Márcia Corrêa Sampaio (MTb 14.695/SP)

ARTE-FINAL : Janice da Silva Alves

ARTE: Vilton Jorge de Souza

CAPA: Rizipiscicultura ( Foto de Matias G. Boll)

PRODUÇÃO EDITORIAL: Ana Carolina Basto Vilela (estagiá-ria), Anderson Luiz Rodrigues, Daniel Pereira, Janice da SilvaAlves, Maria Teresinha Andrade da Silva, Mariza Martins, Ritade Cassia Philippi, Selma Rosângela Vieira, Vânia MariaCarpes

DOCUMENTAÇÃO: Ivete Teresinha Veit

ASSINATURA/EXPEDIÇÃO: Ivete Ana de Oliveira e ZulmaMaria Vasco Amorim - GMC/Epagri, C.P. 502, fones:(048) 239-5595 e 239-5536, fax: (048) 239-5597, 88034-901Florianópolis, SC.Assinatura anual (3 edições): R$ 15,00 à vista.

PUBLICIDADE: Florianópolis: GMC/Epagri - fone: (048)239-5673, fax: (048) 239-5597 Agropecuária Catarinense - v.1 (1988) - Florianópolis: Empresa Catarinense de Pesquisa Agropecuária 1988 - 1991)

Editada pela Epagri (1991 - )TrimestralA partir de março/2000 a periodicidade passou a ser

quadrimestral1. Agropecuária - Brasil - SC - Periódicos. I. Empresa

Catarinense de Pesquisa Agropecuária, Florianópolis, SC. II.Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de SantaCatarina, Florianópolis, SC.

15 DE NOVEMBRO DE 2002

Impressão: Epagri CDD 630.5

AGROPECUÁRIA CATARINENSE é uma publicação daEmpresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de SantaCatarina S.A. – Epagri – , Rodovia Admar Gonzaga, 1.347,Itacorubi, Caixa Postal 502, 88034-901 Florianópolis, SantaCatarina, Brasil, fone: (048) 239-5500, fax: (048) 239-5597,internet: www.epagri.rct-sc.br, e-mail: [email protected]

DIRETORIA EXECUTIVA DA EPAGRI: Presidente: DionisioBressan Lemos, Diretores: Antônio Eugênio Terêncio, Ari Ge-raldo Neumann, Celívio Holz, Gilmar Germano Jacobowski

EDITORAÇÃO:Editor-chefe: Paulo Henrique SimonEditor técnico: Anísio Pedro CamiloEditores-Assistentes: Paulo S.Tagliari e Marlete Maria da S.Segalin

CONSELHO EDITORIAL: Anísio Pedro Camilo, Élio Holz,Eros Marion Mussoi, Luiz Carlos R. Echeverria, Paulo Hen-

A Epagri é uma empresa da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural e da Agricultura.

ISSN 0103-0779

A renovação da força de trabalho da EpagriA renovação da força de trabalho da EpagriA renovação da força de trabalho da EpagriA renovação da força de trabalho da EpagriA renovação da força de trabalho da Epagri

Na grande maioria dos Es-tados brasileiros, em pratica-mente todos os setores, nãose ouve falar em contratação.Embora o agronegócio sejafundamental para a economiado País e esteja sustentandoa balança comercial, as pers-pectivas de contratação hojesão mínimas. O que se obser-va em nível nacional é o des-monte das empresas de pes-quisa e extensão rural.

Felizmente, este pano-rama é diferente em SantaCatarina. Ao contrário do queacontece no País, o setor agrí-cola em nosso Estado é vistocomo um segmento estraté-gico. Além de gerar oportu-nidades de emprego e renda,a agricultura familiar é muitoimportante na medida em quetorna a economia catarinensemais competitiva.

Para que Santa Catarinacontinue na vanguarda e seusprodutos possam enfrentar omercado globalizado, não bastaolhar para o homem do campocom ar de respeito. É neces-sário ir mais longe, buscarnovas soluções, reconhecer averdadeira importância daatividade agrícola, agir comresponsabilidade e fazer novosinvestimentos.

A contratação de 350 novosfuncionários, realizada pelaEpagri, é um importante pas-so neste sentido. Entre osprofissionais selecionados,encontram-se 89 engenhei-ros agrônomos, 85 técnicosagrícolas, 40 extensionistasrurais, 15 mestres para pes-quisa agropecuária, 8laboratoristas, 5 meteoro-logistas, 9 médicos veteriná-rios, 2 engenheiros civis, 2 en-

genheiros sanitaristas, 1 en-genheiro de alimentos, 1 téc-nico em ecologia, além de pes-soal de apoio de campo parapesquisa e auxiliares de es-critório.

A grande maioria, cerca de95% dos novos funcionários,vai trabalhar em municípiosdo interior, na atividade-fimda Empresa, pesquisando,gerando novas tecnologias,prestando serviços de assis-tência técnica e extensão ru-ral.

Trata-se, não há dúvidas,de um momento histórico paraa Epagri. A partir de agora, aEmpresa vai estar presenteem todos os municípios deSanta Catarina, apoiando aagricultura, a pesca artesanale o desenvolvimento das pe-quenas propriedades catari-nenses.

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Agropec. Catarin., v.15, n.3, nov. 2002 3

Agribusiness

Amplia-Amplia-Amplia-Amplia-Amplia-se interesse pelo plantiose interesse pelo plantiose interesse pelo plantiose interesse pelo plantiose interesse pelo plantiode milho em Santa Catarinade milho em Santa Catarinade milho em Santa Catarinade milho em Santa Catarinade milho em Santa Catarina

concorda o presidente daOcesc.

Considera o presiden-te da Fecoagro que o Go-verno do Estado e asagroindústrias devem uniresforços para possibilitaro aumento da oferta desemente de milho no tro-ca-troca deste ano, porserem os principais bene-ficiados pelo aumento daprodução do cereal no Es-tado. O Governo, além deoportunizar a inclusão dospequenos produtores narenda do campo, especial-mente agora que vem deconsideráveis prejuízoscom a estiagem, evitará aimportação do produto deoutros Estados, que pro-voca evasão de tributos; eas agroindústrias, porqueevitarão trazer milho defora, pagando mais caropelo produto, e garantirãoo abastecimento dos seusintegrados. Neivor Cantondiz ainda que seria pru-dente que o Governo doEstado estudasse a possi-bilidade de ampliar tam-bém a oferta de calcárioneste ano, componenteimportante para melhorara produtividade agrícola.A Secretaria da Agricultu-ra anunciou a disponibi-lização de apenas 150 miltoneladas de calcário paraeste ano, e, segundo le-vantamento feito pelas co-operativas e por técnicosda Epagri, a procura peloproduto ultrapassa 250 miltoneladas.

Para atender à deman-da de 350 mil sacos desementes de milho e 250mil toneladas de calcário,o Governo do Estado pre-cisaria dispor de cerca deR$ 15 milhões para subsi-

diar os produtores na mes-ma modalidade do ano pas-sado, ou seja, cobrindo umterço dos custos da semen-te e dois terços dos custos

do calcário.Mais informações po-

derão ser obtidas naFecoagro pelo fone: (048)224-8155.

Os bons preços prati-cados hoje no mercado ea sinalização das agroin-dústrias e cooperativasem garantir de R$ 11,50a R$ 12,00 por saco demilho para a próxima sa-fra estão estimulando oagricultor a plantar maismilho nesta safra de ve-rão.

A constatação estásendo feita pelas coope-rativas ao iniciar o pro-cesso de troca-troca des-te ano, após o anúnciodas cotas por parte daSecretaria de Estado doDesenvolvimento Rurale da Agricultura.

O presidente da Fe-coagro, Neivor Canton,disse que cooperativas eempresas do setor de se-mentes já começaram areceber reclamações deque o volume ofertadopelo Governo do Estado,ou seja, 250 mil sacos desementes de milho, seráinsuficiente diante dagrande procura.

A estimativa de am-pliação é de mais 100 milsacos, passando para 350mil sacos, e a reivindica-ção está sendo oficializa-da pela Ocesc ao Gover-no do Estado. Para o pre-sidente da entidade, LuizHilton Temp, é naturalesse interesse pelo plan-tio, pois o agricultor,além de ter perdido suasafra com a estiagem,sabe que somente plan-tando mais é que poderádiminuir seus prejuízos.Os bons preços do mo-mento e a garantia deum mínimo de R$ 11,50para a próxima safra sãovariáveis importantespara estimular o plantio,

Brasil tem a melhor sojaBrasil tem a melhor sojaBrasil tem a melhor sojaBrasil tem a melhor sojaBrasil tem a melhor sojaorgânica do mundoorgânica do mundoorgânica do mundoorgânica do mundoorgânica do mundo

“O Brasil tem a melhorsoja orgânica do mundo.Nosso produto é conheci-do no exterior pela quali-dade do grão, como colo-ração, sabor, aroma e teorde proteína. E o mercadotem pago bons valores porisso”. A afirmação é dopresidente do InstitutoBiodinâmico, DennisDitchfield, que participouno dia 5 de junho da mesa--redonda “Soja orgânica:situação atual e perspecti-vas”, durante o II Con-gresso Brasileiro de Soja,promovido pela Embrapaem Foz do Iguaçu, PR, de3 a 6 de junho.

Segundo Ditchfield, atonelada de soja orgânicaestá sendo comercializadaa U$ 250. O InstitutoBiodinâmico, maior certi-ficador brasileiro, cer-tifica atualmente umaárea equivalente a 12 milhectares de soja orgânica

no País. “Temos percebi-do um crescimento sig-nificativo. Nesta safra,houve um aumento de20% na área de soja or-gânica brasileira”, ava-lia.

O Brasil ainda temum longo caminho paraaumentar a sua produ-ção de alimentos orgâni-cos. A certificação baseia--se em fatores econômi-cos, ambientais e so-ciais. “Os três fatores ca-minham juntos e são ospilares da produção sus-tentável”, afirma.

A Argentina, porexemplo, produz 3,2 mi-lhões de hectares de pro-dutos orgânicos, enquan-to o Brasil tem atual-mente apenas 400 milhectares. “Falta ao Bra-sil uma política de incen-tivo aos produtores. Épreciso dar oportunida-de ao agricultor”, avalia.

Rastreabilidade de animaisRastreabilidade de animaisRastreabilidade de animaisRastreabilidade de animaisRastreabilidade de animais

No Brasil, a rastreabi-lidade ainda dá os primei-ros passos e a adesão dospecuaristas cresce gradati-vamente. Já na Holanda,100% do rebanho já é iden-tificado.

Com rebanho de apro-ximadamente 4 milhõesde cabeças (entre bovinosde corte, leite, ovinos esuínos), a Holanda estáentre os países que possu-em o mais eficiente con-trole de dados sanitários,

produtivos e genéticos dorebanho no mundo. Deacordo com Kees VanVelzen, membro da As-sociação Holandesa dePecuária de Corte, hápelo menos uma décadatodo o rebanho holandêsé identificado de formaobrigatória. “Em outrasregiões essa obrigato-riedade não tem nemdois anos. O Brasil, porexemplo, iniciou esse pro-cesso apenas em 2002.

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4 Agropec. Catarin., v.15, n.3, nov. 2002

Agribusiness

Isso mostra o quanto nósestamos preocupadoscom nosso rebanho e,principalmente, com nos-sos consumidores, queexigem qualidade de ori-gem”, afirma VanVelzen.

De fato, a Holanda foium dos países que conse-guiu controlar diversosproblemas sanitários –como a vaca louca e afebre aftosa – o mais rá-pido possível. “Se ocor-rer algum foco das doen-ças, rapidamente mon-tamos barreiras e elimi-namos os rebanhos con-taminados. Hoje estamostotalmente livres dessasenfermidades e os nos-sos consumidores estãocada vez mais segurosdos produtos que chegamem suas mesas”, explicao dirigente.

O sistema de identifi-cação utilizado pelos pro-dutores da Holanda é ode brincos visuais. Sãocolocados quatro, doisem cada orelha, sendoque pelo menos três pos-suem a mesma numera-ção, com dez dígitos, eum com numeração dequatro dígitos. “Os brin-cos que possuem dez dí-gitos são para o controlenacional e o outro, comquatro dígitos, é paracontrole interno dofazendeiro. Esses núme-ros são únicos, isentosde falhas, e vão direta-mente para um banco dedados central privado,como o NRS, divisão daHolding CR Delta e VRV,cooperativa Belgo/Ho-landesa com mais de 44mil membros. A NRS de-tém cerca de 90% do mer-cado de identificação,certificação e rastreabi-lidade na Holanda. ‘‘Anu-almente, processamos 10milhões de registros emais 200 mil tipos de clas-sificações de rebanho. Éimportante ressaltar

que, além de dar maiorsegurança para nossosconsumidores, a rastrea-bilidade também é umaimportante ferramentapara os pecuaristas. Nocaso do leite, por exem-plo, os produtores têm con-trole rígido de produçãode leite, porcentagem degordura e proteína, alémde dados sanitários ereprodutivos. Pelo menosaqui na Holanda todos osfazendeiros entendemessa necessidade e a ade-são é de 100%”, confirmaVan Velzen.

Não é preciso dizermuito para comparar aidentificação animal noBrasil e na Holanda. Cla-ro, nosso país é muitomaior e possui rebanho de165 milhões de cabeças(contra 4 milhões daHolanda) – o que pode de-morar mais tempo parater um total controle –,mas temos muito que evo-luir. Prova disso é quesomente este ano o Go-verno Federal definiu asregras sobre o tema. “Porser um processo novo,acredito que seja impor-tante acompanhar os re-sultados de quem praticaa rastreabilidade há maistempo. É o caso da Holandae dos outros países daUnião Européia, onde,mais do que uma práticaconsumada, a identifica-ção dos animais é umaobrigação do produtor eestá muito sofisticada, evo-luindo para o brinco ele-trônico”, afirma VincentL’Hennaf, diretor daAllflex do Brasil, empresalíder no mercado nacionalde identificação animal.

Segundo L’Hennaf,mesmo com todo o movi-mento em torno da ras-treabilidade, atualmenteapenas entre 10% e 15%do rebanho brasileiro sãoidentificados corretamen-te. “Estes números são evi-dentemente sujeitos a

uma análise mais rigoro-sa, pois não existem dadosoficiais, mas certamentenão estão muito longe daverdade. Seja como for,podemos afirmar que ain-da é muito pouco frente aotremendo potencial da ati-vidade. Mas não tenhamdúvidas de que é uma prá-tica que veio para ficar”,afirma o diretor.

Para Ian David Hill,diretor da AgropecuáriaJacarezinho (Valparaíso,SP), por mais que o Paísesteja atrasado não é horade ficar se desculpando porfalhas passadas. É funda-mental para trabalhar rá-pido, mas com os pés nochão. “A efetiva rastreabi-lidade do rebanho brasi-leiro, no entanto, não seráum processo simples erápido. A própria instru-ção normativa no 001/2002do Ministério da Agricul-tura, que oficializou o Sis-tema Brasileiro de Identi-ficação e Certificação deOrigem de Bovinos eBubalinos – Sisbov –, ain-da gera muitas dúvidas.Cabe a nós, criadores, to-marmos a iniciativa, poisa pecuária brasileira ga-nhará muito com a ras-treabilidade”, enfatiza Hill.

Fabio Dias, coordena-dor de pecuária da Agro-pecuária CFM (São Josédo Rio Preto, SP), empre-sa que também já rastreiao seu plantel, lembra ain-da que, por enquanto, ape-nas a União Européia exi-ge que a carne tenhacertificação de origem,mas em breve outros im-portantes mercados, comoo asiático, também deve-rão ter regras mais rígi-das para importação decarne bovina. “Ainda dápara recuperarmos o tem-po perdido”, diz.

Além da necessidadede atender nossos princi-pais consumidores, FabioDias destaca que arastreabilidade é uma im-

portante ferramenta degestão da fazenda. É umaferramenta de controlee administração da qua-lidade nas fazendas. “Épossível controlar produ-ção, reprodução, nutri-ção, pastagens, sanidadee potencial genético dorebanho. Ganho de peso,fertilidade, qualidade decarcaça e desfrute tam-bém são avaliados commais eficiência.”

A Fazenda Marió-polis, em Itapira, SP,também é um excelenteexemplo de quanto o usoda rastreabilidade podeauxiliar na coleta de da-dos em uma propriedaderural. “Em uma proprie-dade que realiza o me-lhoramento genético,como é o nosso caso, arastreabilidade nos aju-da na coleta mais consis-tente de dados para ava-liação dos animais, commargem mínima de er-ros.”

Segundo Maria LuciaAbreu Pereira, proprie-tária da fazenda, aMariópolis utiliza um sis-tema totalmente infor-matizado, o FarmEx-press, com dados dispo-níveis na internet, e, omais importante, comconfiabilidade de até100%. “As informaçõessobre manejo alimentar,reprodutivo, sanitário edados de avaliação po-dem ser analisadas comprecisão impressionante.Não podemos deixar demencionar que a coloca-ção de brincos eletrôni-cos nos animais tambémé muito simples, assimcomo a coleta e a leiturade informações, quequalquer peão pode fa-zer, sem qualquer pro-blema”, informa.

Mais informaçõescom Paulo Tunin, e-mail:[email protected], fone: (011) 3675-1818 e (011) 9690-8336.

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Agropec. Catarin., v.15, n.3, nov. 2002 5

Flashes

Criação de suíno sobre camaCriação de suíno sobre camaCriação de suíno sobre camaCriação de suíno sobre camaCriação de suíno sobre cama

ma de cama. A única des-vantagem apresentada atéagora é a possibilidade depropagação mais acelera-da da linfadenite em reba-nhos já infectados, emcomparação com o siste-ma tradicional.

Nas pesquisas que fezsobre o assunto, a Em-brapa Suínos e Aves jádescobriu que, caso o re-banho esteja livre da do-ença, que provoca perdaseconômicas para o produ-tor e para as agroindús-trias, não há risco de con-tágio. “O mais importanteé conhecer a procedênciados leitões para evitar queanimais infectados entremna cama”, alertou o pes-quisador da área de sani-dade Nelson Morés.

Um vídeo que explicacomo criar suínos emcama sobreposta foi pro-duzido pela EmbrapaSuínos e Aves e pelaVideopar, do Paraná; tem45 minutos de duração eaborda vantagens e des-vantagens do sistema,comparações com o siste-ma tradicional, modelosde edificação, materiaisindicados para a composi-ção da cama, manejo dosanimais e manejo sani-tário; pode ser adqui-rido pelo telefone (041)223-7944 e custa R$ 86,00.

Emater/RS produz CD-ROM sobreEmater/RS produz CD-ROM sobreEmater/RS produz CD-ROM sobreEmater/RS produz CD-ROM sobreEmater/RS produz CD-ROM sobreagroecologiaagroecologiaagroecologiaagroecologiaagroecologia

A criação de suíno so-bre cama é uma propos-ta alternativa aos siste-mas de produção de suí-nos que exigem a utiliza-ção de esterqueiras oude lagoas para armaze-namento dos dejetos. Éum sistema de criaçãosobre leito formado pormaravalha ou palha, queestá sendo chamado deedificação “agroecológi-ca” para a produção desuínos. Os dejetos sofremuma compostagem den-tro da edificação e, comisso, reduz-se o risco depoluição ambiental oca-sionado pela evaporaçãoda água contida nosdejetos.

No sistema de cria-ção sobre leito pormaravalha há evapora-ção de quase a totalida-de de fração de águacontida nos dejetos, gra-ças à compostagem, e issoreduz os custos de edi-ficação, armazenagem,transporte e distribuiçãoquando comparados aosdos sistemas com pisoripado.

De acordo com o pes-quisador Paulo Arman-do de Oliveira, da Em-brapa Suínos e Aves, ocusto de construção dasinstalações fica 60% maisbarato utilizando o siste-

A produção técnica e científica da extensão ruraloficial do Rio Grande do Sul nas áreas de desenvolvi-mento rural sustentável e agroecologia foi sistemati-zada no CD-ROM Agroecologia.

O Agroecologia contém quatro livros técnicos, seisteses, seis edições da revista Agroecologia e Desenvol-vimento Rural Sustentável e dez vídeos que integramo programa de TV Rio Grande Rural, além de referên-cias bibliográficas em agroecologia.

Conforme o organizador, engenheiro agrônomoAlberto Bracaccioli, o material irá servir para difusãodas experiências em desenvolvimento rural e deconhecimentos científicos, grande parte também pro-duzida no Estado. Segundo ele, essa mídia permite areunião de texto, imagem e som, gerando uma varie-dade muito grande de conteúdos em um único espaço.

O CD faz parte das ações do governo para constru-ção do desenvolvimento rural sustentável, dentro deuma política que visa a mudança da matriz agrícola noEstado.

O material está sendo comercializado pela Biblio-teca da Emater/RS, fone: (051) 3233-3144, ramal 2211,ao custo de R$ 10,00.

Utilização de mandioca naUtilização de mandioca naUtilização de mandioca naUtilização de mandioca naUtilização de mandioca naalimentação de bovinos podealimentação de bovinos podealimentação de bovinos podealimentação de bovinos podealimentação de bovinos podefavorecer pequenos e médiosfavorecer pequenos e médiosfavorecer pequenos e médiosfavorecer pequenos e médiosfavorecer pequenos e médios

produtoresprodutoresprodutoresprodutoresprodutores

O cultivo da mandiocaé uma boa alternativa paraos pequenos e médiosprodutores interessadosem aumentar a renda nocampo. Rústica, a man-dioca é colhida o ano todoe se adapta facilmente aosolo, sem necessidade deadubação pesada. Oprodutor pode optar pelavenda direta da raiz damandioca ou pela utili-zação da planta para aalimentação animal, comomostra um trabalhorealizado pelo Instituto deZootecnia – IZ –, órgão depesquisa da AgênciaPaulista de Tecnologia dosAgronegócios – APTA –,da Secretaria de Agri-cultura e Abastecimentodo Estado de São Paulo.

Segundo Edson Val-vasori, pesquisador daCoordenadoria de Assis-tência Técnica Integral– Cati –, o uso damandioca na alimen-tação animal é umaalternativa lucrativa,pois seu custo deprodução é inferior a deoutros produtos, como omilho, cultura tambémusada na ração debovinos. Valvasori éresponsável pela coor-denação de um projetode silagem de mandiocadirecionado aos peque-nos e médios produtores.O trabalho tem comoobjetivo procurar formaspara viabilizar o uso doproduto na alimentaçãode ruminantes e, sobre-

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6 Agropec. Catarin., v.15, n.3, nov. 2002

Flashes

tudo, oferecer uma alter-nativa de renda aosagricultores, que podemcomercializar a raiz damandioca e ainda apro-veitar seus subprodutos.Tanto a raiz como asfolhagens podem serutilizadas na alimentaçãoanimal.

De acordo com o pes-quisador da Cati, a man-dioca, que apresenta, emmédia, 50% de raízes e50% de ramas (folha-gem), pode ser colhidadepois que a planta atin-gir entre oito meses eum ano de idade. As raí-zes que não forem vendi-das podem ser utilizadastambém na silagem.

Estima-se que, noBrasil, cerca de 18 milhõesde toneladas de ramaacabam sendo deixadas nocampo, sem nenhumautilização comercial,afirma Valvasori. “Esseproduto poderia ser usadona alimentação animal,principalmente dos rumi-nantes”, enfatiza o pesqui-sador.

Mais informações comAssessoria de Imprensada Secretaria de Agri-cultura e Abastecimentodo Estado de São Paulo,fone: (011) 5073-7899, fax:(011) 5073-3261, e-mail:[email protected],internet: www.agroportal.sp.gov.br.

PPPPPesquisa avalia desempenhoesquisa avalia desempenhoesquisa avalia desempenhoesquisa avalia desempenhoesquisa avalia desempenhode 21 anos de agriculturade 21 anos de agriculturade 21 anos de agriculturade 21 anos de agriculturade 21 anos de agricultura

orgânicaorgânicaorgânicaorgânicaorgânica

A agricultura orgânica pode produzir menos, masa longo prazo é mais eficiente e menos agressiva parao meio ambiente que a convencional, de acordo comestudo de pesquisadores da Suíça, que durante 21anos compararam a produtividade dos dois sistemas.O trabalho, publicado na revista Science, é assinadopor Paul Mader, do Instituto de Pesquisa de Agricul-tura Orgânica. “A produção tende a ser em média 20%menor que a convencional”, diz Mader. Esse índicepode cair para 10% no caso do trigo ou subir para 40%no caso das batatas. “Mas o consumo de energia porhectare é 50% maior nas plantações convencionais”,afirma o pesquisador. Esse cálculo inclui combustívelusado para produzir fertilizantes e pesticidas e osingredientes que compõem esses produtos. Nas cultu-ras orgânicas, entre 34% e 51% menos nitrogênio,fósforo e outros nutrientes são acrescentados ao solo,em relação ao plantio convencional. Mas, como asplantações orgânicas têm área 80% menor que asconvencionais, os pesquisadores concluem que asfazendas orgânicas usam recursos de forma mais

Brasil pode iniciar exportação deBrasil pode iniciar exportação deBrasil pode iniciar exportação deBrasil pode iniciar exportação deBrasil pode iniciar exportação decarne bovina e de frango para acarne bovina e de frango para acarne bovina e de frango para acarne bovina e de frango para acarne bovina e de frango para a

ChinaChinaChinaChinaChina

O Brasil poderá iniciarno próximo mês os em-barques de carnes bovinae de frango para a Chinavisando a ampliação do co-mércio bilateral com aque-le país. A informação é doministro da AgriculturaPecuária e Abastecimen-to, Marcus Vinícius Pratinide Moraes, após assinarmemorando de entendi-mento para implemen-tação de um acordo de equi-valência sanitária com oministro de Administra-ção Estatal para Inspeção,Qualidade e Quarentenada China, Li Ciangjiang.

A China, em con-trapartida, tem interesseem manter as vendas dealho e ampliar as exporta-ções de frutas, frutos domar e tripas para o Brasil.Segundo o ministroPratini de Moraes, asmedidas de caráter sani-tário foram consolidadascom a publicação de certi-ficados sanitários nos mol-des chineses. “O próximopasso, ou seja, o início docomércio, só dependeráda atuação de empresá-rios dos dois países”, afir-mou.

Pelo acordo firmado,o mercado chinês estáaberto para importaçãode frango brasileiro ede carne bovina prove-niente dos Estados con-siderados livres de febreaftosa. O ministro chi-nês afirmou que a dele-gação do seu país pôdeobservar, em dois diasde visitas técnicas, que oBrasil vem adotandomedidas rigorosas de se-gurança sanitária ani-mal e vegetal. “O Brasilconseguiu abrir um dosmaiores mercados domundo e essas negocia-ções não se limitarão aprodutos agropecuários,mas também a novastecnologias”, comple-mentou Pratini deMoraes.

Fonte: Ministério daAgricultura, Pecuária eAbastecimento.

Mais informaçõescom Assessoria de Co-municação Social/Divi-são de Imprensa, fone:(061) 218-2203/2204/2005, fax: (061) 322-2880,e-mail: [email protected].

eficiente. De acordo com Mader, bactérias e fungosagem de forma diferente nas culturas orgânicas,livres do estresse dos pesticidas e fertilizantes. Fun-gos presentes nas raízes, que ajudam a planta aabsorver nutrientes, por exemplo, são mais eficazesnesses sistemas. (Reuters, sexta-feira, 31 de maio de2002).

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Lançamentos editoriais

Abacate: produ-ção de mudas, insta-lação e manejo de po-mares, colheita epós-colheita. 2002.149p.

A publicação abor-da a importância eco-nômica do abacate noBrasil e no mundo eapresenta os paísesprodutores, exportado-res e importadores. In-forma a respeito do cul-tivo, tais como clima,solo, classificação botâ-nica, principais cultiva-res, produção de mu-das, época de plantio,manejo do solo, poda,adubação, etc. Descre-ve as principais doen-ças, pragas e os seus contro-les, a maneira de colher ofruto e o seu tratamento pós--colheita, embalagem e

armazenamento. Ilustrado com50 fotografias em cores.

Contato: www.5continentes.com.br.

Urucuzeiro: agrone-gócio de corantes natu-rais. 2002. 120p.

A Emepa coloca à dispo-sição dos usuários a publica-ção “Urucuzeiro: agrone-gócio de corantes naturais”,apresentando o que há demais moderno em tecnologiagerada pela pesquisa, na pers-pectiva de servir como ele-mento de consulta aos leito-res, leigos ou não, que quei-ram se familiarizar com osaspectos biológicos, agronô-micos ou aqueles ligados àimportante cadeia econômi-ca, a partir dessa bixácea.

Contato: emepa@netwaybbs. com.br.

Objetivos e atitudes dospequenos agricultoresdiante de novas tecnolo-gias. 2002. 105p.

Como o próprio título já diz,o documento apresenta osresultados do estudo sobre osobjetivos e as atitudes dospequenos agricultores diantede novas tecnologias. Otrabalho foi desenvolvido naárea de Socioeconomia eAdministração Rural do Centrode Pesquisa para AgriculturaFamiliar – Cepaf –, da Epagri.

Contato: [email protected].

Cultive uma horta ecolha qualidade de vida.2002. 69p.

Esta publicação destina-sea extensionistas e pessoasinteressadas em implantar econduzir pequenas hortas, semfins lucrativos, visando aprodução de hortaliçasnutritivas e plantas medicinaissem agrotóxicos, de formadiversificada, simples, econô-mica e eficiente.

Dos tópicos abordados,destacam-se as principaispropriedades terapêuticas dashortaliças mais consumidas ede algumas plantas medicinaisde uso popular, além de váriasreceitas sobre o aproveita-mento das hortaliças nopreparo de pratos salgados edoces, bem como sucos e

Congelamento domés-tico de alimentos. 2002. 100p.

A Cati coloca à disposiçãodos usuários mais umapublicação: “Congelamentodoméstico de alimentos”.

O assunto é abordado deforma bastante prática edidática. Fala dos conceitos, dasregras básicas e de todas astécnicas de congelamento edescongelamento dos maisdiversos alimentos e suaspreparações. Fotos em cores.

Contato: [email protected].

conservas. Apresenta fotosem cores.

Contato: [email protected].

Receitas culinárias domeio rural de Itajaí 2. 2002.30p. O nim: Azadirachta

indica – natureza, usosmútiplos, produção. 2002.142p.

A publicação é fruto daexperiência e de resultadosde pesquisa do Iapar comreferência ao nim. Divulga asinúmeras qualidades e opotencial de uso dessa árvoreextraordinária aos interes-sados dos múltiplos setoresnos quais o nim e seusprodutos se inserem, como aagricultura, mais especifica-mente a agricultura orgânica,o reflorestamento, o setormadeireiro, a indústria, apecuária, a veterinária, amedicina, a proteção am-biental, entre outros.

Contato: [email protected].

As 29 receitas constantesneste documento são prove-nientes do concurso de pratostípicos realizado durante a 20 a

Festa Nacional do Colono. Sãoreceitas diversificadas etradicionais do meio rural domunicípio de Itajaí, SC, queutilizam ingredientes produzi-dos nas propriedades rurais.

Contato: [email protected].

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10 Agropec. Catarin., v.15, n.3, nov. 2002

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EstaçãoEstaçãoEstaçãoEstaçãoEstaçãoExperimental deExperimental deExperimental deExperimental deExperimental deUrussanga – 60Urussanga – 60Urussanga – 60Urussanga – 60Urussanga – 60anos servindo eanos servindo eanos servindo eanos servindo eanos servindo e

desenvolvendo odesenvolvendo odesenvolvendo odesenvolvendo odesenvolvendo oLitoral SulLitoral SulLitoral SulLitoral SulLitoral Sul

CatarinenseCatarinenseCatarinenseCatarinenseCatarinense

Antonio Carlos Ferreira da Silva

Em 8 de agosto de 2002, a Esta-ção Experimental de Urussangacompletou 60 anos de existência.A seguir descrevemos, de formaresumida, a trajetória da Estaçãono período, um pouco da história,as principais atividades desenvol-vidas e os resultados de destaqueque contribuíram para o desenvol-vimento rural do Litoral SulCatarinense.

Histórico

No dia 8 de agosto de 1942 foiinaugurada, com o nome de Subes-tação de Enologia do Instituto deFermentação do Ministério da Agri-cultura, a atual Estação Experi-mental de Urussanga. Os trabalhosde pesquisa mais relevantes nestaépoca foram em vitivinicultura,quando se testaram 450 cultivaresde videira. Anualmente eramdistribuídos mais de 25 mil enxertose mudas de videiras. A viníferaGoethe, apesar de ser uma híbridaamericana de baixa capacidadeprodutiva, foi o maior destaque,adaptando-se muito bem àscondições de solo e clima da regiãoe também como produtora de vinho,apreciado até na capital da repú-blica na época, o Rio de Janeiro.

Além da videira, forampesquisadas outras fruteiras taiscomo pessegueiro, ameixeira,macieira, marmeleiro, oliveira,figueira, caquizeiro e nogueira. A

partir dos anos 60 os trabalhoscom fruteiras foram reduzidos,dando lugar a outras culturas. Em1970 foram iniciadas pesquisascom as culturas do feijão e milho,quando a Estação ainda eraadministrada pelo Instituto dePesquisa Agropecuária do Sul –Ipeas.

Com a criação da Embrapa, em1974, a Subestação de Enologia foidenominada de Estação Experi-mental de Urussanga. Em 1975passou a pertencer à EmpresaCatarinense de PesquisaAgropecuária S.A. – Empasc –,criada pelo Governo do Estado.Neste período foram continuadasas pesquisas com milho e feijão einiciados os experimentos com oarroz irrigado e a mandioca.

As pesquisas com fruteiras declima temperado foram retomadasem 1988 com a implantação decoleções de cultivares depessegueiro, ameixeira e videira;a partir de 1990 o trabalho foiincrementado com o início domelhoramento genético destasespécies, além de outras linhas depesquisa. Neste período, com achegada de mais pesquisadores,os trabalhos foram ampliados,incluindo-se outras espécies comomaracujá, abacaxi, citros, batata,forrageiras, essências florestais ehortaliças, bem como pisciculturae apicultura. Também nesta épocafoi iniciada a produção de semen-tes de leguminosas visando aadubação verde.

A partir de 1991, com a junçãoda Empasc, Acaresc, Acarpesc edo Iasc, a Estação passou apertencer à Empresa de PesquisaAgropecuária e Extensão Ruralde Santa Catarina S.A. – Epagri –e tornou-se sede de todas asempresas vinculadas à Secretariada Agricultura na Região Sul, como nome de Centro de TecnologiaAgrícola do Sul Catarinense – CTA.

Em 1992, com a inauguraçãoda Unidade de Beneficiamento deSementes na Estação Experi-mental de Urussanga, foiincrementada a prestação deVista aérea da Estação Experimental de Urussanga

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outros serviços como produção ebeneficiamento de sementes deadubos verdes e beneficiamentode sementes de arroz e feijão.Mais recentemente, com aconstrução de novos abrigos deplástico, aumentou-se também aprodução de mudas de hortaliças,maracujá e outras fruteiras,forrageiras, essências florestais eflores para os produtores.

A partir de 1996 a Estaçãopassou a contar, além da unidadedidática de produção de vinhos,também com uma unidade deprodução de cachaça e, atual-mente, também de álcool.

Em 1998 foi inaugurado umlaboratório para realizar análisesde águas e vinhos em parceriacom a associação de vitivini-cultores.

Área de abrangência,recursos humanos eestrutura física

A Estação Experimental deUrussanga atua no Litoral SulCatarinense, que tem naagricultura familiar a base daeconomia regional. A região, com43 municípios, é destaque naprodução agropecuária com 27.300estabelecimentos rurais, repre-

sentando 13,4% do Estado. O LitoralSul Catarinense destaca-se naprodução de arroz irrigado, fumo,mandioca e banana, que represen-tam 57, 31, 27 e 18% do total doEstado. A região possui tambémimportante participação na pro-dução estadual de maracujá (98%),batata (21%), mel (16%), feijão (13%)e na criação de suínos (10%), peixes(11%), bovinos (10%) e aves (7%).

A Estação Experimental possui60 funcionários, dos quais 16 sãoengenheiros agrônomos com nívelde mestrado (11) e doutorado (3), 3técnicos agrícolas, 2 laboratoristas,6 administrativos e equipe de campocom 24 funcionários.

A área física da Estação é de56,9ha, sendo 19,9ha utilizados paraexperimentação. A Estação possuitambém um campo experimentalem Jaguaruna, com 27,2ha, alémde 10ha arrendados no municípiode Urussanga. A Estação Expe-rimental possui as seguintesinstalações: prédio central comdiversas salas para técnicos eadministrativos, laboratório deanálise de águas e vinhos, sala dereuniões e central de computação;unidades didáticas de vinhos,aguardente e de álcool; unidade debeneficiamento de sementes;estação meteorológica; horto

florestal com quatro abrigos; casada abelha e casa de apoio commáquinas e equipamentos.

Atividades de pesquisadesenvolvidas

A Estação Experimental tematuação em diversas áreas do co-nhecimento, atendendo às deman-das da Região do Litoral SulCatarinense. Estão sendo execu-tados diversos projetos de pesqui-sa com um total de 120 experi-mentos.

As espécies pesquisadas naEstação são abacaxi, ameixa, arrozirrigado, banana, batata, citros,feijão, forrageiras, hortaliças,mandioca, maracujá, milho, pês-sego e uva, nas seguintes linhasde pesquisa: 1) introdução e ava-liação de cultivares; 2) melho-ramento genético; 3) pesquisaparticipativa; 4) porta-enxertos esistema de condução; 5) rotaçãode culturas e sistemas de cultivo;6) adubação química e orgânica;7) produção orgânica; 8) estaçãode aviso fitossanitário; 9) her-bicidas; 10) consumo de águaem lavouras de arroz irrigado;11) monitoramento de micro-bacias; 12) estudos básicos regio-nais; 13) sementes básicas deadubos verdes, mudas de fruteirase forrageiras; 14) essênciasflorestais e 15) avaliação deforrageiras sob pastejo.

Resultados de destaque

• Participação, através de en-saios de avaliação de cultivares noLitoral Sul Catarinense, nolançamento de doze novas culti-vares de arroz irrigado: graças aestas cultivares, associadas aoutras tecnologias, o rendimentomédio da cultura no Estado quasetriplicou, passando de 2.335kg/haem 1980 para 6.348kg/ha na safrade 2000/01.

• Criação, através de melhora-mento genético, de dois novosclones de mandioca promissores

Prédio central da Estação Experimental de Urussanga

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para o Estado de Santa Catarina.• Indicação de herbicidas para

a cultura da mandioca.• Recomendação de cultivares

de arroz irrigado, mandioca,forrageiras, ameixa, citros,pêssego, espécies vegetais paraproteção do solo, batata, feijão emilho para o Litoral SulCatarinense.

• Lançamento da primeira cul-tivar de batata catarinense: emfunção da resistência às doençasda folhagem, o cultivo destacultivar reduz o uso de fungicidasem até 50% e garante boaproduvidade mesmo em condiçõesdesfavoráveis de clima, além demaior qualidade dos tubérculos.

• Seleção de um clone de batatapromissor para Santa Catarina.

• Seleção de populações pro-missoras de maracujá e abacaxi.

• Seleção de materiais promis-sores de frutas de caroço (ameixae pêssego).

• Seleção de porta-enxertospara uva.

• Desenvolvimento de siste-mas de produção de batataorgânica.

• Desenvolvimento de siste-mas de cultivo para solos arenosos:plantio direto e cultivo mínimo nacultura da mandioca.

• Ampliação do período de co-lheita para a cultura da mandioca.

• Recomendação de adubaçãopara a cultura da mandioca e doabacaxi em solos arenosos.

• Redução do uso de fungici-das em 50% na banana, através douso de estações de aviso fitossa-nitário.

• Desenvolvimento de siste-mas de rotação de culturas parabatata e outras hortaliças: alémda melhoria da qualidade dostubérculos, o sistema de rotaçãode culturas para a batata comgramíneas duplicou o rendimentoem relação ao monocultivo.

• Recomendação da forrageiraMissioneira Gigante para pastejo:o rendimento animal (ganho depeso vivo/ha/ano) alcançou em

torno de 1.500kg no Litoral SulCatarinense.

• Recomendação da forrageiraCapim Nilo para solos encharcados.

• Monitoramento de três micro-bacias: este trabalho vai servir debase para orientar programas dedesenvolvimento rural e educaçãoambiental, além de outros.

• Desenvolvimento de novosmodelos de destilador contínuo paracachaça e produção de álcoolcombustível.

Serviços prestados

Alem da geração e adaptação detecnologias, a Estação Experi-mental de Urussanga produz ecomercializa alguns produtos epresta ainda os seguintes serviçosà comunidade: 1) coleta, divulgaçãode dados climáticos e previsão dotempo; 2) serviço de avisofitossanitário para a cultura dabanana; 3) análise de 35.000amostras de águas e vinhos emparceria com a associação devitivinicultores; 4) produção ecomercialização de vinhos,aguardente, sementes de adubosverdes, mudas de hortaliças, deflores, de fruteiras, de forrageirase essências florestais; 5) benefi-ciamento de sementes de arroz efeijão; 6) assessoramento e cursosde reciclagem para técnicosmunicipais, associações e agroin-dústrias; 7) profissionalização deprodutores em uva de mesa, vinhos,aguardente, derivados da cana-de--açúcar, mandioca, piscicultura,apicultura, agroecologia e fruteirasdiversas e 8) fornecimento de dadosbásicos para o setor público,entidades e pessoas da iniciativaprivada visando o planejamento deatividades.

Antônio Carlos Ferreira da Silva, eng.agr., M.Sc., Epagri/Estação Experimentalde Urussanga, C.P. 49, 88840-000Urussanga, SC, fone/fax: (048) 465-1209,e-mail: [email protected].

Estudo comprovaEstudo comprovaEstudo comprovaEstudo comprovaEstudo comprovaprejuízos deprejuízos deprejuízos deprejuízos deprejuízos de

US$ 4 bilhões nasUS$ 4 bilhões nasUS$ 4 bilhões nasUS$ 4 bilhões nasUS$ 4 bilhões nasexportaçõesexportaçõesexportaçõesexportaçõesexportações

A Confederação da Agriculturae Pecuária do Brasil – CNA – eseus parceiros privados concluí-ram a montagem do processocontra a política comercial dosEstados Unidos adotada para ocomplexo soja. Os advogados doescritório Powell, Goldstein,Frazer & Murphy LLP,especializado em ações naOrganização Mundial do Comércio– OMC –, contratados pelo setorprivado para analisar o caso,concluíram que há evidências dequebra da Cláusula da Paz, o quedá base jurídica para levar adiantea ação na OMC. Eles alertaram,no entanto, que o Brasil deveriacomprovar o grave prejuízocausado pelos subsídios. Umestudo econométrico feito pelosprofessores Antônio SalazarBrandão e Elcyon Lima, daUniversidade Estadual do Rio deJaneiro – Uerj –, mostra que ossubsídios norte-americanos à sojacausaram uma queda de 5% nospreços mundiais do grão. Sem isso,a produção brasileira poderia tercrescido 13 milhões de toneladase o País, exportado US$ 4 bilhõesa mais no complexo soja.

O trabalho servirá de base paraque o Governo Brasileiro peça aabertura de um comitê dearbitragem questionando ospesados subsídios norte-ameri-canos no Órgão de Solução deControvérsias da OMC. No pro-cesso, CNA, Associação Brasileirada Indústria de Óleos Vegetais –Abiove –, Organização dasCooperativas Brasileiras – OCB–, Associação Nacional dosExportadores de Cereais – Anec –

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Agropec. Catarin., v.15, n.3, nov. 2002 13

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e Fundação Mato Grossoargumentam que houve quebrada chamada Cláusula da Paz doAcordo sobre Agricultura,pactuada em 1994 por todos ospaíses-membros do Acordo Geralsobre Comércio e Tarifas –GATT. A cláusula estabeleceu quedurante o período de imple-mentação do acordo, até 2004, ossubsídios agrícolas não poderiamser questionados na OMC, desdeque os países-membros respei-tassem os valores-limite conce-didos em 1992, a base para o acordo.Isso não foi respeitado, já que ototal de subsídios para a sojaatingiu, em 1993, US$ 109 milhõese chegou a US$ 2,839 bilhões em2000.

Para o presidente da CNA,Antônio Ernesto de Salvo, “se oBrasil não apresentar a denúnciaà OMC, abdicará de uma posiçãode líder dentro do Grupo de Cairns,que reúne os principais paísesagroexportadores, nivelando-se anações de PIBs modestos”. Paraele, se isso não acontecer, “o Brasilcontinuará sem estatura paraenfrentar o protecionismo”. Oestudo econométrico contratadopela CNA e suas parceiras paramensurar os reais prejuízoseconômicos do setor comprovaramos efeitos dos subsídios sobre aprodução mundial de soja,justificando a posição dasentidades do setor privado. Osprofessores da Uerj concluíramque houve: 1) a significativasupressão de preços e a inibiçãodo aumento dos preços no mercadointernacional; 2) a depressão depreços e a conseqüente queda derenda; 3) as significativas perdasde vendas e redução do ‘‘market--share’’ do produto brasileiro; 4) odeslocamento ou impedimentodas exportações nacionais. Osprofessores Brandão e Limaprovaram, ainda, os gravesprejuízos econômicos causadospelos subsídios. A consultainformal já foi realizada, emreunião com representantes dosEstados Unidos, em Genebra.

Agora, cabe ao Governo Brasileiroiniciar o procedimento de consultaformal e encaminhar o processopara a abertura do comitê dearbitragem.

Segundo avaliação do chefe doDepartamento Econômico da CNA,Getúlio Pernambuco, “embora odiscurso oficial tenha colocado aagricultura como prioridade nasnegociações multilaterais, a faltade ações práticas pode compro-meter esse posicionamento e afetara credibilidade do Brasil nasnegociações agrícolas”. Para ele, “onão questionamento dos subsídiosdos EUA implica em aceitarcomodamente as políticas quedistorcem mercado, como a novaFarm Bill.”

Mais informações: Departa-mento de Comunicação da CNA,fone: (061) 326-3161, ramais 221 ou222, www.cna.org.br.

PIB da agriculturaPIB da agriculturaPIB da agriculturaPIB da agriculturaPIB da agriculturacresce 8,18% nocresce 8,18% nocresce 8,18% nocresce 8,18% nocresce 8,18% no

primeiro semestre eprimeiro semestre eprimeiro semestre eprimeiro semestre eprimeiro semestre eeleva PIB global doeleva PIB global doeleva PIB global doeleva PIB global doeleva PIB global do

agronegócio aagronegócio aagronegócio aagronegócio aagronegócio aR$ 354,36 bilhõesR$ 354,36 bilhõesR$ 354,36 bilhõesR$ 354,36 bilhõesR$ 354,36 bilhõesAs consecutivas expansões da

safra e das exportações do setoragrícola, aliadas ao expressivoaumento da produtividade e àrecuperação dos preços inter-nacionais, resultaram num recordede crescimento de 8,18% do PIBprimário da agricultura no primeirosemestre de 2002. Apenas emjunho, o segmento engordou 1,42%,saltando de um PIB projetado deR$ 54,54 bilhões em 2001 para R$59,01 bilhões neste ano. No anopassado, o segmento havia regis-trado uma retração de 0,59% e, em2000, uma queda de 1,66%, segundoos indicadores rurais divulgadospela Confederação da Agricultura ePecuária do Brasil – CNA –, emparceria com o Centro de Estudos

Avançados em Economia Aplicadada Universidade de São Paulo –Cepea-USP.

Os números do acompa-nhamento revelam, porém, que osegmento pecuário registrou umaprojeção de crescimento de apenas0,21% para este ano. Em junho,no terceiro mês consecutivo devariação negativa do segmento,houve uma queda de 0,18%. Nosemestre, a pecuária projeta umPIB de R$ 44,95 bilhões contra osR$ 44,86 bilhões registrados em2001.

Os bons resultados do segmen-to agrícola impulsionaram o cres-cimento global do agronegócio.De janeiro a junho, o PIB dosetor cresceu 2,73%, alcançandoa projeção de R$ 354,36 bilhõespara este ano. No primeiro se-mestre de 2001, o agronegóciohavia registrado uma projeção deR$ 344,95 bilhões. Segundo o Ins-tituto Brasileiro de Geografia eEstatística – IBGE –, o setor capi-taliza um aumento de 34% novolume comercializado de adubose fertilizantes, além da expansãode 11,1% nas vendas de máquinase equipamentos agrícolas. A des-valorização do real frente ao dólare a recuperação dos preçosinternacionais de algumascommodities têm auxiliado osprodutores. A exportação de soja,por exemplo, somou 2,17 milhõesde toneladas no primeiro semes-tre deste ano contra 725 mil tone-ladas do mesmo período de 2001.

Balança comercial

O saldo acumulado da balançacomercial de janeiro a julho desteano caiu 9,85% na comparaçãocom 2001, somando US$ 7,08 bi-lhões. As exportações alcançaramUS$ 9,46 bilhões, resultado 7,73%abaixo do ano passado, e as impor-tações registraram uma queda de0,76%, atingindo US$ 2,38 bilhões.A redução dos preços médios devenda no mercado internacionalfoi decisiva para o tímido desem-penho. Apenas os itens soja em

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14 Agropec. Catarin., v.15, n.3, nov. 2002

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grão, óleo de soja, suco de laranjae cacau se salvaram da queda nospreços. Os dados evidenciam ain-da um forte crescimento das im-portações de produtos lácteos:19,38% a mais que o registradoem 2001.

O atraso no embarque dos pro-dutos do complexo soja (grão,farelo e óleo) à espera de uma altanos preços e de fatores cambiaisreduziu em 7,93% a performancedo segmento na comparação com2001. O complexo carnes regis-trou queda nas vendas em razãoda redução dos preços internacio-nais, assim como as vendas deaçúcar. O café em grão continuacomo principal destaque negativoda balança. Com preços ainda embaixa, houve uma redução de19,68% no valor exportado.

Para maiores informaçõessobre este assunto contatar comDepartamento de ComunicaçãoSocial da CNA, fone: (061) 326-3161, ramais 219 e 222, www.cna.org.br.

TTTTTecnologiaecnologiaecnologiaecnologiaecnologiabrasileira para abrasileira para abrasileira para abrasileira para abrasileira para a

MongóliaMongóliaMongóliaMongóliaMongóliaRemi Natalin Dambrós

Em recente consultoriaprestada para a Food andAgriculture Organization of theUnited Nations – FAO –, naMongólia, país tipicamenteprodutor de animais, trigo e cevadaem menor escala, foi possívelcolher algumas informaçõesinteressantes.

Durante a primavera ocorremna região agrícola ventos de 15 a20m/s, provocando erosão eólicade proporções elevadas. O ventoretira 18,3t/ha/ano do solo, emmédia, baixando a produtividadee fazendo com que haja tendênciaa desertificação das áreasagricultáveis. Isso ocorre tambémdevido ao solo ser arenoso, à baixacobertura vegetal, à alta lotação

de animais e também ao tipo desemeadoras, que provocam granderevolvimento do solo.

O objetivo principal da missão àMongólia foi transformar estasmáquinas convencionais russaspara o sistema de plantio direto.Para isto foram levadas linhas desemeadores de fabricação brasileirae adaptadas a estas máquinas. Ashastes e enxadas destas semea-doras foram retiradas e substi-tuídas por nove linhas com discosduplos desencontrados.

O resultado do trabalho nocampo foi bom, praticamente nãorevolveu e nem provocou oempolamento do solo na área ondese utilizou a semeadora de trigomodificada. Essa nova tecnologiairá reduzir a perda de solo,superando essa deficiênciaexistente nas máquinas russas, asquais infelizmente são largamenteutilizadas nos países asiáticos.

Para se ter uma noção do tipo deagricultura praticada, inclusive naregião mais ao norte da China, naprimavera ocorrem nuvens depoeira, não permitindo visibilidadeacima de 500m de distância nascidades de Pequim e Seul.Recentemente uma nuvem de póse deslocou da Ásia, atravessando oPacífico e chegando à América.

Os engenheiros agrônomos emecânicos da Mongólia, ao

avaliarem o trabalho, ficaramsatisfeitos porque os nossosequipamentos possuem altatecnologia e menor custo emrelação às máquinas deprocedência canadense, norte--americana e européia. Alémdisso, permitem a adaptação commaior facilidade, possibilitando aadoção da tecnologia de plantiodireto pelos produtores daquelepaís.

Abriu-se a porta para a entradade máquinas nossas na Ásia, pelosresultados obtidos, pela avaliaçãoda FAO e porque nas próximasmissões para aquele continenteestá prevista novamente aintrodução de componentes esemeadoras com tecnologiabrasileira.

A Mongólia é um país milenar,com cultura e língua própria. Opovo procura manter seuscostumes, suas tradições, suascomidas e seus valores. O índicede analfabetismo é baixo e asuniversidades estão se expan-dindo. O Governo está abrindonovas fronteiras com estradas enovas indústrias, entretanto, comisso, o pouco que resta da matanativa também sofre. O país temuma das mais baixas densidadespopulacionais, 1,5 habitante porkm2, por isso algumas espéciesvegetais e animais que antes

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existiam em outras regiões daÁsia hoje só existem nestasregiões íngremes e desabitadasda Mongólia.

Existe uma ansiedade eabertura para o desenvolvimento,sob forte influência da Coréia doSul, Rússia e China. Conciliar essecrescimento com a preservaçãoambiental parece que faz parte doGoverno Parlamentar, o qualcriou recentemente o Ministériodo Meio Ambiente e demarcoudiversas áreas de preservaçãopermanente. Mas é sabido queisto não é a solução, e sim umdesenvolvimento que preserveesta cultura milenar, e o ambienteé o caminho. Esperamos que onosso trabalho com a mudança dosistema convencional para oplantio direto contribua para isso,e que esse povo pacífico, bom,hospitaleiro, e na maioria budista,consiga obter o desenvolvimentocom a sabedoria que lhes épeculiar.

Remi Natalin Dambrós, eng. agr.,M.Sc., Epagri/Gerência Regional deVideira, C.P. 21, 89560-000 Videira, SC,fone/fax: (049) 566-0054, e-mail:[email protected].

PPPPPacovan Ken – novaacovan Ken – novaacovan Ken – novaacovan Ken – novaacovan Ken – novacultivar decultivar decultivar decultivar decultivar de

bananeira resistentebananeira resistentebananeira resistentebananeira resistentebananeira resistenteà sigatoka-negraà sigatoka-negraà sigatoka-negraà sigatoka-negraà sigatoka-negra

Sebastião de Oliveira e Silva

A Embrapa Mandioca e Fruti-cultura, de Cruz das Almas, BA,está lançando uma nova cultivarde bananeira do tipo Prata, a

‘Pacovan Ken’, resistente às trêsprincipais doenças: sigatoka-negra,sigatoka-amarela e ao mal-do--panamá.

Originalmente selecionada como código PV42-68, esta nova culti-var é um híbrido tetraplóide, resul-tante do cruzamento da cultivarPacovan, triplóide, com a seleçãoM53, diplóide.

O nome Ken é em homenagem

ao Dr. Kenneth Shepherd, con-sultor do Programa de Melhora-mento Genético da Bananeira daEmbrapa Mandioca e Fruticultu-ra por doze anos (1983-95).

Ainda como seleção, a ‘PacovanKen’ foi testada por oito anos, emdiferentes regiões do Brasil, paragarantir sua viabilidade nos di-versos ecossistemas.

A sigatoka-negra, causada pelofungo Mycosphaerella fijiensis, é amais grave doença da bananeirano mundo, podendo causar perdasde até 100% da produção. Osesporos do fungo são disseminadosprincipalmente pelo vento atravésdas correntes de ar. Depois deinfectar as folhas, acelera a mortedestas e reduz o desenvolvimentodos frutos. Afeta, principalmente,o tamanho e a aparência do fruto,caracteres que determinam suaaceitação no mercado. É umadoença disseminada em todos osEstados da Região Norte, excetoTocantins e Mato Grosso, daí anecessidade de se terem cultivaresresistentes.

Os dados das características docacho e dos frutos da ‘PacovanKen’ são apresentados nas Tabelas1 e 2, respectivamente.

Tabela 1 – Médias de peso de cacho, número de pencas por cacho, número de frutos

por cacho e comprimento do engaço em dois ciclos de produção de quatro genótipos

de bananeira tipo Prata. Cruz das Almas, BA, 2001

Características1

PCNP NF

CE2

Genótipo (kg) (cm)

1o 2o 1o 2o 1o 2o 1o 2o

ciclo ciclo ciclo ciclo ciclo ciclo ciclo ciclo

Pacovan Ken 16,9 29,6 6,7 7,7 90,1 120,0 47,0 60,0

Pacovan 13,0 16,2 7,2 6,9 94,8 93,0 45,1 53,8

Prata Comum 9,0 13,6 7,5 8,1 100,5 110,0 38,5 45,3

Prata Anã 11,4 15,0 8,0 9,5 109,0 142,0 32,5 39,6

1 PC = peso do cacho; NP = número de pencas; NF = número de frutos/cacho;CE = comprimento do engaço.2 Os genótipos apresentaram pequena variação no diâmetro do engaço (DE)no primeiro ciclo (54 a 57mm) e no segundo ciclo (59 a 62mm).

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Registro

Na presença de sigatoka--negra, a ‘Pacovan Ken’ manteráo número de folhas, enquanto ascultivares suscetíveis perderãoum número significativamente

Indexação biológica

A indexação biológica consistena enxertia de parte do tecidocambial da planta a ser diagnos-ticada em plantas indicadoras deviroses. Estas indicadoras sãosuscetíveis a vírus específicos,apresentando anomalias morfo-lógicas nas folhas e no caule apósocorrida a infecção. O métodoconsiste na observação dossintomas por um período mínimode três anos (ciclos vegetativos).São utilizadas dez espéciesdiferentes de plantas indicadoras,descritas na Tabela 1, com seusrespectivos sintomas.

As plantas que não apresen-tarem os sintomas descritos na(Tabela 1), ocasionados pelapresença de viroses, sãoconsideradas plantas “livres dasviroses descritas pelo teste deindexação biológica”. Após aterceira avaliação é emitido umBoletim Fitossanitário atestandoas condições sanitárias do materialamostrado.

Método sorológico:teste de Elisa(Enzyme-linkedimmunosorbent assay)

É um teste rápido, porémsomente é realizado para os vírusApMV, ACLSV e ASGV através deanti-soros específicos. O teste deElisa é utilizado para detectaramostras positivas e, desta forma,juntamente com a indexaçãobiológica de vírus, proporcionarmaior rapidez e confiabilidade nosresultados testados para asrespectivas amostras.

Resultados

Em 5 anos foram testadas 56amostras por indexagem biológicae Elisa. Destas, 96,4% apresen-taram infestação com algum tipode vírus e 3,6% foram livres dasviroses descritas. Os resultados

1 Este trabalho está sendo realizado com apoio do Conselho Nacional de DesenvolvimentoCientífico e Tecnológico – CNPq – e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento– Mapa.

Tabela 2 – Peso, comprimento, diâmetro e relação polpa/casca, firmeza e

resistência ao despencamento de frutos de genótipos de bananeira avaliados no

estádio seis da cor da casca (totalmente amarela) e amadurecidos a 21oC a 95%

U.R., de quatro genótipos de bananeira tipo Prata. Cruz das Almas, BA,

2001

Características do fruto

GenótipoPeso

Compri- Diâ- Relação Firmeza Despen-

mento metro polpa/ da polpa camento(g)

(cm) (cm) casca (N)1 (N)1

Pacovan Ken 221 19,05 3,47 1,57 26,10 33,44

Pacovan 155 16,65 3,47 1,66 35,00 47,76

Prata Comum 108 12,80 3,08 1,88 22,44 15,69

Prata Anã 105 13,35 3,10 1,25 21,60 15,50

1 N = Newton.

grande de folhas.

Sebastião de Oliveira Silva, eng. agr.,Dr., Embrapa Mandioca e Fruticultura,fone: (075) 621-2149, e-mail: [email protected].

Diagnose de viroses em macieiraDiagnose de viroses em macieiraDiagnose de viroses em macieiraDiagnose de viroses em macieiraDiagnose de viroses em macieira1

Júlio César de Oliveira Nunes, Maristela Aparecida Sorato,Jean Luiz Straube, Ubirajara Mindêllo Neto e Elcio Hirano

Dentre os problemas sanitáriosna cultura da maçã estão asviroses, que são transmitidas porenxertia, através do contato diretode tecido contaminado com otecido sadio (Boneti et al., 1999).Nesta cultura, os principais víruscausadores de danos econômicossão: 1) vírus do mosaico (ApMV);2) vírus da clorose foliar (ACLSV);3) vírus da canelura (ASGV);4) vírus da epinastia e declínio(SED) e 5) lenho mole.

A detecção destas viroses é degrande importância para aformação de matrizes básicas. AEmbrapa de Canoinhas, SC, hácinco anos vem realizando

trabalhos de coleta de gemas,ramos e mudas com produtores demaçã e entidades de pesquisa nostrês Estados do sul (Fepagro,Embrapa, Epagri e Iapar) paraverificar a incidência de infestaçãode plantas em relação a vírus. Hoje,realizam-se testes para o públicointeressado na diagnose de viroses,limpeza e multiplicação de ma-cieira.

O objetivo deste trabalho foidivulgar ao público que a Embrapaestá realizando testes de IndexaçãoBiológica de Vírus e Sorologia (Elisa)para a diagnose de viroses emplantas de macieira, visando aformação de plantas básicas.

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obtidos mostraram que aincidência de viroses em pomarescomerciais é alarmante (96,4%).Os porta-enxertos livres dasviroses por indexação biológica eElisa foram um clone de M9 e ooutro de Marubakaido. A Tabela 2apresenta um panorama daindexação biológica, com resul-tados e perspectivas da diagnosede viroses em macieira para ascondições das regiões produtoras.

Num trabalho conjunto entreprodutores, estações de pesquisada Epagri e a Embrapa, estãosendo multiplicados os dois porta--enxertos livres destas viroses.Estes materiais serão utilizadoscomo matrizes básicas para aprodução de mudas livres deviroses, para os produtores quequiserem adquirir mudas sadias.

Júlio César de Oliveira Nunes , eng.agr. M.Sc., bolsista do CNPq – Mapa,Embrapa Transferência de Tecnologia,Canoinhas, SC, C.P. 317, 89460-000Canoinhas, SC, fone/fax: (047) 624-0127,e-mail: [email protected];Maristela Aparecida Sorato , técnicade laboratório, Embrapa Transferênciade Tecnologia, Canoinhas, SC, C.P. 317,89460-000 Canoinhas, SC, fone/fax: (047)624-0127; Jean Luiz Straube, técnicoagrícola, Embrapa Transferência deTecnologia, Canoinhas, SC, C.P. 317,89460-000 Canoinhas, SC e Elcio

Hirano , eng. agr. doutorando emProdução Vegetal, UFPr, gerente daEmbrapa Transferência de Tecnologia,Canoinhas, SC, C.P. 317, 89460-000Canoinhas, SC, fone/fax: (047) 624-0127.

Tabela 1 – Descrição dos sintomas causados pela infecção das principais viroses

nas plantas indicadoras utilizadas pela Embrapa Transferência de Tecnologia,

Canoinhas, Santa Catarina (2001)

No Plantas indicadorasSintomas virais

(anormalidades fisiológicas)

1 Lord lambourne Mancha foliar (ApMV)

2 Spy Declínio da folha (SED)

3 Malus platycarpa Clorose e deformação foliar (ACLSV)

4 Russian Clone Clorose nas nervuras foliares (ACLSV)

5 LLS-5 Clorose nas nervuras foliares (ACLSV)

6 Virgínia Crab Necrose na região da enxertia (ASGV)

7 Radiante Declínio da folha (SED)

8 Malus yunnannensys Sintoma foliar (ASGV)

9 Malus micromalus Nanismo na planta (ASGV)

10 Pyronia veitchii Clorose de nervuras foliares (ACLSV)

Tabela 2 – Indexagem biológica de vírus em macieira, em leitura visual sob

plantas indicadoras de viroses, realizada pela Embrapa Transferência de

Tecnologia, Canoinhas, Santa Catarina (2002) (resultados de três anos de

avaliação)

Amostras Livre

Ano indexadas de Um vírus Incidência/virose

(No) vírus

1998-2000 17 2 0 ACLSV 85%

1999-2001 21 0 9 ACLSV 64%

ASGV

2000/2002 18 0 3 ASGV 66%

2001/2003 3 - - ASGV 58%

2002/2004 30 - - ACLSV 42%

Rodovia Admar Gonzaga, 1.347, Itacorubi, C.P. 502, fone: (048) 239-5500

Fax: (048) 239-5597, internet: www.epa gri.rct-sc.br

E-mail: [email protected]

88034-901 Florianópolis, Santa Catarina, Bra sil

importância de umarevista pode ser avaliada pelavelocidade com que os resul-tados aparecem.

A

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18 Agropec. Catarin., v.15, n.3, nov. 2002

Novidades de mercado

PPPPPrograma Boi Vrograma Boi Vrograma Boi Vrograma Boi Vrograma Boi Verde ajuda oerde ajuda oerde ajuda oerde ajuda oerde ajuda opecuarista a produzir o boi depecuarista a produzir o boi depecuarista a produzir o boi depecuarista a produzir o boi depecuarista a produzir o boi decapim em menos tempo e comcapim em menos tempo e comcapim em menos tempo e comcapim em menos tempo e comcapim em menos tempo e com

baixo custobaixo custobaixo custobaixo custobaixo custo

A excelência da ali-mentação está baseada naprodução intensiva de vo-lumoso e na suplemen-tação mineral ajustada porfase de vida dos animais epela época do ano. “Umbezerro tem necessidadede alimentos diferentes deum bovino adulto, porisso, os suplementos mi-nerais do Programa BoiVerde têm característicasespecíficas, que contem-plam tais diferenças aomesmo tempo em que con-tam com os chamados com-plexos orgânicos de libe-ração controlada.

Os minerais orgânicosque integram o ProgramaBoi Verde têm elevada dis-

ponibilidade, ajudam aincrementar a flora di-gestiva e melhoram oaproveitamento dos nu-trientes. Além disso, pro-porcionam uma série debenefícios adicionais aorebanho, como aumentoda tolerância dos fatoresde estresse, maior resis-tência à enfermidade eformação de anticorpos,úberes mais saudáveis emelhor formação e mai-or resistência dos cas-cos.

Mais informaçõescom Altair Albuquerquee Juliana Victorino, fone:(011) 3675-1818, e-mail:[email protected].

A Fazenda Cachoeira(Sertanópolis, PR) é umadas marcas mais respei-tadas da pecuária brasi-leira por vários motivos,entre os quais o pionei-rismo na seleção da raçaNelore, a criação de ani-mais campeões e oprofissionalismo na to-mada de decisões. “Guia-mos o nosso trabalho pe-los resultados. A pecuá-ria é uma atividade me-dida pelos detalhes e,para obter o esperado re-torno econômico, é fun-damental avaliar a fun-do todos os investimen-tos e só tomar uma deci-são quando os númerosprovam sua viabilidade”,explica o diretor GustavoGarcia Cid.

A certeza de obten-ção de resultados aindamelhores motivou a Ca-choeira a tornar-se par-ceira do Programa BoiVerde, idealizado há oitoanos pela Tortuga, em-presa líder em alimenta-ção de ruminantes. “Ape-sar de já ter um trabalhomuito bom, decidimosparticipar do Boi Verdepara intensificar aindamais o manejo alimen-tar da propriedade e ve-rificar se ainda podería-mos evoluir em desem-penho. E evoluímos”, res-salta Gustavo Cid.

Os números falampor si. Em dia de camporealizado no final do anopassado, a Cachoeiraapresentou dados bas-tante consistentes, como

o peso dos bezerros no mo-mento da desmama (205dias) de 200,8kg, peso dasvacas no momento da des-mama de 508,9kg e extre-ma fertilidade: 87,6% devacas prenhas na estaçãode monta, incluindo primí-paras (90 dias de insemi-nação e 60 dias de montanatural), e 82,2% de pre-nhez das novilhas virgensde 18 a 24 meses (90 diasde IA e 90 dias com touro).A lotação média anual tam-bém excelente: 3,38 UApor hectare e 5,33 UA porhectare rotacionado, em115 alqueires usados atu-almente pelo gado. “A par-ceria com o Programa BoiVerde nos mostra que oinvestimento correto emedido pelos resultadospode colocar a pecuáriabrasileira em um patamarde qualidade ainda maiselevado”, ressalta GustavoGarcia Cid.

Mineraisorgânicos

O Programa Boi Ver-de, baseado na suplemen-tação nutricional dos ani-mais com minerais orgâ-nicos, foi criado para ge-rar maior produtividade àpecuária, com menor cus-to e, conseqüentemente,alto retorno ao produtor.Com isso, os bovinos cres-cem mais rápido e forne-cem carne e carcaça dequalidade, que atendemaos padrões desejados pe-los consumidores mais exi-gentes.

São PSão PSão PSão PSão Paulo lança o primeiro seloaulo lança o primeiro seloaulo lança o primeiro seloaulo lança o primeiro seloaulo lança o primeiro selode qualidade para o caféde qualidade para o caféde qualidade para o caféde qualidade para o caféde qualidade para o café

industrializadoindustrializadoindustrializadoindustrializadoindustrializado

São Paulo sediou um grande “Café da Manhã” nodia 18 de junho, no Palácio dos Bandeirantes, para olançamento do Programa Selo São Paulo de Qualida-de, que envolverá a certificação de vários produtosagroindustriais de qualidade superior, a começar pelocafé. A intenção do programa é promover a agregaçãode valor ao agronegócio café, ajudando a derrubar oantigo conceito de que o País é apenas um grandeexportador de café commodity (em grão verde), produ-to de baixo valor agregado.

Segundo João Carlos de Souza Meirelles, secretá-rio de Agricultura e Abastecimento do Estado de SãoPaulo, o programa que cria o “Selo São Paulo deQualidade para o Café Torrado e/ou Moído” marcaráhistória dentro da cafeicultura brasileira. Meirellesdiz que, com a criação do selo, o Brasil dá um impor-tante passo para mudar em definitivo a imagem docafé brasileiro no mercado internacional. “Ainda ex-portamos café da mesma maneira dos nossos tataravós,com uma única diferença: o transporte, que naquelaépoca era feito no lombo do burro, hoje é realizado emcaminhões”, afirma Meirelles.

O objetivo é tornar o País, no futuro próximo, umexportador de café industrializado de alta qualidade,seguindo o exemplo de outros países, principalmenteda Alemanha, que consegue ser a quarta maior expor-tadora mundial de café sem produzir um único grão

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Novidades de mercado

em seu país. Principais importadores de café verde doBrasil, os alemães compram o grão brasileiro e depoisreexportam o produto torrado e moído ou solúvel apreços até cinco vezes superiores aos valores pagospela matéria-prima.

Qualquer indústria de torrefação de São Paulopoderá solicitar o selo de qualidade para seu caféindustrializado, desde que as empresas cumpram asdeterminações impostas pelas normas técnicas e te-nham seus lotes de café analisados nos laboratórioscredenciados ao programa. O Instituto de Tecnologiade Alimentos – Ital –, de Campinas, SP, órgão daSecretaria Estadual de Agricultura, será um doslaboratórios habilitados. Os primeiros produtos certi-ficados com o Selo São Paulo de Qualidade, que terábandeira paulista e os dizeres “Café Gourmet” ou“Café Superior”, estão previstos para chegar ao mer-cado a partir de julho.

Maiores informações com a Assessoria de Imprensada Secretaria de Agricultura e Abastecimento doEstado de São Paulo pelo fone: (011) 5073-7899, fax:(011) 5073-3261, e-mail: [email protected].

demanda, o Centro deTecnologia de Carnes –CTC – do Instituto deTecnologia de Alimentos– Ital –, órgão da Secreta-ria de Agricultura e Abas-tecimento do Estado deSão Paulo, desenvolveuuma alternativa de ham-búrguer com estas carac-terísticas. O estudo ava-liou os efeitos da adição deingredientes não cárneosque substituam a gordu-ra, garantindo que suascaracterísticas e proprie-dades sejam mantidas. Osingredientes mais utiliza-dos neste processo são pro-teínas, como a isolada e atexturizada de soja, plas-ma, caseína, proteínas dosoro e alguns tipos decarboidratos, como o ami-do e a carragena.

Os objetivos deste es-tudo do Ital, orientado pelapesquisadora cientificaAna Lúcia da Silva Cor-rêa Lemos, foram otimi-zar a perda de peso nocozimento, o encolhimen-to e a textura de formula-ções desta variedade dehambúrguer utilizandodiferentes níveis de prote-ína isolada de soja (ISP),proteína texturizada desoja (TSP), carragena (c) econcentrado protéico desoro (WPC).

Após a observação dascaracterísticas de rendi-mento e textura do ham-búrguer com baixo teor degordura, comparadas coma formulação padrão com13% de gordura, foi consi-derada a aceitação da al-ternativa e, também, a in-tenção de compra. A ava-liação de aceitação (glo-bal, sabor e textura) porconsumidores, realizadacom as formulaçõesotimizada e padrão, indi-cou que não houve dife-

rença significativa entreelas. Os ingredientessubstitutos à base de pro-teínas aumentaram orendimento porque re-duziram a perda de pesono cozimento e o enco-lhimento, mas a utiliza-ção do concentradoprotéico de soro preci-sou da adição de carra-gena.

Os resultados obtidosneste trabalho do Ital si-nalizam que estudos vol-tados à otimização do pro-cesso de cozimento paraconsumo poderão contri-buir para o aumento daaceitação de produtoscárneos com baixo teorde gordura.

Este projeto foi obje-to exclusivamente depesquisa para aquisiçãode tecnologia. “Mas sealgum frigorífico se inte-ressar, este hambúrguerjá pode ser processado.Não temos estimativa daordem de grandeza docusto do produto, masseria superior ao conven-cional”, disse a pesquisa-dora Ana Lúcia.

Em apresentação noIFT Meeting, Encontrodo Instituto de Tecnó-logos de Alimentos, rea-lizado entre 15 e 19 dejunho de 2002 na Cali-fórnia, EUA, os resulta-dos do trabalho desper-taram o interesse de em-presas locais, que já soli-citaram mais informa-ções para a viabilizaçãoda produção da alterna-tiva.

Mais informaçõescom a Assessoria deComunicação da Secre-taria de Agricultura eAbastecimento do Estadode São Paulo, fone: (011)5073-7899, e-mail:[email protected] internet: www.agroportal.sp.gov.br.

Hambúrguer com baixo teorHambúrguer com baixo teorHambúrguer com baixo teorHambúrguer com baixo teorHambúrguer com baixo teorde gordurade gordurade gordurade gordurade gordura

Desenvolvido atravésde tecnologia genuina-mente brasileira, ham-búrguer com menos de3% de gordura mantéma maciez do produto con-vencional e apresentamenor perda de peso eencolhimento ao ser co-zido.

O hambúrguer é umproduto cárneo versátil,fácil de preparar e comcusto relativamente bai-xo, o que o torna o deri-vado de carne mais con-sumido nos Estados Uni-dos. No Brasil, seu con-sumo vem crescendo de-vido, principalmente, àexpansão das redes defast food e às mudançasnos hábitos de consumoda população.

Normalmente, o teorde gordura encontradono hambúrguer varia de15% a 30%, ou seja, maisde 30% das calorias são

provenientes da gordura,o que ultrapassa a reco-mendação da OrganizaçãoMundial da Saúde. Emcontrapartida, a reduçãodo teor de gordura nesteproduto diminui tambémsua maciez, suculência,seu sabor e, inevitavel-mente, sua aceitação glo-bal, já que a gordura é ocomponente responsávelpela manutenção destasqualidades em um produ-to cárneo.

Nos últimos anos, apreocupação crescentecom uma dieta mais sau-dável tem gerado um au-mento na procura por pro-dutos com baixo teor degordura e, conseqüente-mente, no interesse porpesquisas e desenvolvi-mento desse tipo de pro-duto que satisfaçam asexigências nutricionais esensoriais do consumidor.Visando atender a esta

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20 Agropec. Catarin., v.15, n.3, nov. 2002

Informe ambiental

Monitoramento do tempo e previsão climáticaMonitoramento do tempo e previsão climáticaMonitoramento do tempo e previsão climáticaMonitoramento do tempo e previsão climáticaMonitoramento do tempo e previsão climáticapara Santa Catarinapara Santa Catarinapara Santa Catarinapara Santa Catarinapara Santa Catarina

Epagri/Ciram/Climerh

O inverno catarinense em

2002

O inverno de 2002 foi marcadopor poucos episódios de frio emSanta Catarina. Esse fato deveu-seà permanência de frentes frias sobreo Uruguai e o Rio Grande do Sul,ficando o Estado de Santa Catarinasob influência de massas de arquente e com poucas passagens defrentes frias e de massas de arpolar. O resultado foi que astemperaturas médias ficaram ligei-ramente acima da normal climatoló-gica nos meses de julho e agosto.

O começo do inverno foi marcadopor apenas uma massa de ar friomais significativa que provocougeadas entre 24 e 26 de junho,ocasionando as temperaturas maisbaixas do mês. Já o tempo emjulho, principalmente na segundaquinzena, teve características deinverno, com dias de chuva intensaalternando com tempo estável.Essas condições de tempo foramassociadas, em sua maioria, àatuação do jato subtropical (ventos

fortes em altitude) sobre SantaCatarina, o que favoreceu opredomínio de nuvens. Nesse mês,a amplitude térmica ficou alta, comnoites de temperaturas baixas eformação de geadas nas madrugadase presença de sol com temperaturasmais elevadas no decorrer do dia.Já agosto foi marcado pela passa-gem de frentes frias muito ativascausando pancadas de chuva e quedade granizo isolada. Massas de arfrio também chegaram à SantaCatarina, provocando queda nastemperaturas e formação de geadasnos planaltos e meio-oeste.

No dia 29 de agosto, após umasemana de forte calor em SantaCatarina, uma frente fria avançoupelo Estado, trazendo chuvas equebrando o calor. Essa frente friafoi seguida por uma forte onda defrio, que atuou na primeira semanade setembro, causando, inclusive,neve no planalto sul e meio-oeste eformação de geadas nas outrasregiões catarinenses. Essa onda defrio foi a mais intensa do ano,inclusive com quebra de recordes

Figura 1 – Anomalia média das temperaturas mínimas (A) e máximas (B) observada no mês de setembro de 2002

de temperaturas mínimas do mêsno litoral norte, alto vale e planaltonorte. A entrada dessa massa de arfrio e de sucessivas outras massasde ar frio em setembro fez com queo mês apresentasse temperaturasmínimas abaixo da média em todasas regiões, com anomalias negati-vas de até 3 graus na temperaturamínima (Figura 1A). As máximastambém ficaram abaixo da médiana maior parte das regiões, especial-mente no planalto catarinense(Figura 1B).

Em relação às chuvas, no mêsde julho estas foram provenientesde áreas de instabilidade associadasao jato subtropical e à passagem defrentes frias pelo oceano, na alturado litoral sul catarinense. Nessemês, a chuva ficou ligeiramenteacima da média apenas no planaltosul e parte do meio-oeste e daGrande Florianópolis. Por outrolado, no extremo oeste e no nortedo Estado, municípios vizinhos como Paraná, o volume precipitado nãopassou dos 40% da média climato-lógica. No mês de agosto, as frentes

A B

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Agropec. Catarin., v.15, n.3, nov. 2002 21

Informe ambiental

foram mais ativas sobre o Estado ehouve mais formação de áreas deinstabilidade associadas ao jatosubtropical, resultando em chuvasacima da média na maioria dasregiões. Ressalta-se, contudo, queapesar de maior instabilidade sobreo Estado, o litoral sul e parte dolitoral norte ficaram com volumesde chuva abaixo da normal clima-tológica.

Em setembro, o principalsistema responsável pelas chuvasforam os Complexos Convectivosde Mesoescala – CCM –, que nadamais são do que nuvens carregadase profundas, típicas da primavera,que se formam entre o norte daArgentina e o Paraguai e atingemSanta Catarina. Essas chuvas desetembro ocorreram em eventosisolados e com pancadas fortes,temporal e granizo em vários pontosdo Estado, especialmente do oesteao planalto. Nesse mês, as chuvasficaram próximas ou ligeiramenteacima da média na maior parte doEstado (Figura 2). Somente dolitoral sul à Grande Florianópolis,as chuvas ficaram abaixo do quenormalmente ocorre em setembro.

Previsão climática paraSanta Catarina

Verão 2002/2003

Nos meses de verão, diversossistemas meteorológicos influen-ciam o tempo em Santa Catarina.Conforme a climatologia, entre asegunda quinzena de novembro e aprimeira quinzena de dezembro,diminui o volume de chuvas emrelação aos meses anteriores (se-tembro e outubro). Neste período,as chuvas apresentam distribuiçãoirregular no Estado catarinense,sendo comum a permanência devários dias consecutivos semocorrência de precipitação. O litoralsul do Estado é a região de menorvolume de chuvas nesta época doano, com totais em torno de 100mm.A freqüência dos ComplexosConvectivos de Mesoescala – CCM–, tão atuantes na primavera de2002, diminui nos meses de verão.No período nov./dez./jan./fev., asfrentes frias influenciam o tempo

Figura 2 – Porcentagem de chuva em relação à média climatológica no trimestre

julho/agosto/setembro de 2002

principalmente na faixa litorânea.Em geral, seu deslocamento favo-rece a organização de instabilidadesno oeste, associadas à Baixa doChaco (centro de baixas pressõessobre o norte da Argentina). Nonorte catarinense, durante osmeses de verão, verifica-se ainfluência das Zonas de Conver-gência do Atlântico Sul – ZCAS –,que causa períodos prolongados dechuva na região. Na segundaquinzena de dezembro e no mês dejaneiro, o volume de chuvas volta aaumentar em todas as regiões,apresentando totais médios men-sais em torno de 250mm. No verão,as chuvas são principalmente decaráter localizado, na forma depancadas concentradas no final datarde e no início da noite, associadasaos altos índices de aquecimento eà alta umidade do ar, típicos doverão catarinense.

Com a atuação do fenômeno “ElNiño”, bastante marcante nas re-giões do oeste e meio-oeste cata-rinense, espera-se que os volumesde chuva fiquem acima da médiaclimatológica nestas regiões du-rante o verão. O planalto, aindasob a influência do fenômeno, tam-bém pode apresentar chuvas umpouco acima da média. Já nolitoral, verifica-se menor influên-cia do “El Niño” durante os mesesde verão, com previsão de chuvadentro do padrão normal para

nov./dez./jan./fev.As temperaturas tendem a

aumentar gradativamente nospróximos meses para atingir asmaiores médias em janeiro. EmSanta Catarina, durante o verão,em regiões como o oeste e o litoral,as temperaturas máximas ultrapas-sam os 35 oC. Com a expectativa dechuva acima do normal para ointerior do Estado, os dias terãomaior presença de nuvens e menornúmero de horas de sol. A maiornebulosidade inibe a elevaçãoacentuada das temperaturas, quedevem comportar-se dentro doesperado para a época do ano. Parao litoral, ao contrário, espera-seque as temperaturas superem amédia do quadrimestre e, portanto,seja maior o número de horas desol e o total de evaporação, especial-mente elevados nos meses denovembro e dezembro.

Ressalta-se que eventos dechuva forte em curto espaço detempo, provocando enchentes einundações, podem ocorrer emqualquer época do ano, mas tornam--se ainda mais favoráveis nesteperíodo de atuação do fenômeno“El Niño”. Considera-se, assim, defundamental importância oacompanhamento da previsãodiária de tempo e das próximasprevisões climáticas geradas naEpagri/Climerh.

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22 Agropec. Catarin., v.15, n.3, nov. 2002

Artigo Técnico Fenologia

Estádios fenológicos da macieira nasEstádios fenológicos da macieira nasEstádios fenológicos da macieira nasEstádios fenológicos da macieira nasEstádios fenológicos da macieira nascultivares Gala, Fcultivares Gala, Fcultivares Gala, Fcultivares Gala, Fcultivares Gala, Fuji e Golden Deliciousuji e Golden Deliciousuji e Golden Deliciousuji e Golden Deliciousuji e Golden Delicious

Gilberto Luiz Putti e José Luiz Petri

Resumo

Os estádios fenológicos damacieira podem ser alterados pelascondições climáticas, sendo atemperatura um dos principaisfatores. O conhecimento da duraçãodos estádios fenológicos poderácontribuir para o planejamento dasdiversas atividades do pomar. Otempo médio entre os diferentesestádios fenológicos das cultivaresde macieira Gala, Fuji e GoldenDelicious e sua relação com astemperaturas foram determinadospor um período de cinco anos. Combase nos dados fenológicos e nastemperaturas foi calculado osomatório dos graus-dia (GD) nosdiferentes estádios. A duraçãodestes variou de acordo com acultivar e o ano. Observou-se atendência de que, quanto maior aquantidade de unidades de friorecebida durante a dormência,menor o tempo médio para ocorrera brotação, não havendo correlaçãocom os graus-dia. Porém, a maioramplitude dos estádios fenológicoscorresponde a mais graus-dia. Aduração acumulada dos estádiosfenológicos é muito semelhante nastrês cultivares, dependendo suavariação das condições climáticas.

Termos de indexação: feno-logia, macieira, graus-dia.

Introdução

A macieira (Malus doméstica,Borkh.) apresenta duas fases bemdefinidas no seu metabolismo, quesão o período de dormência e operíodo vegetativo. Ambos são afe-tados pelas condições climáticas,principalmente pela temperatura,

que podem alterar os estádiosfenológicos.

Ao sair do período de dormência,as gemas vegetativas e repro-dutivas evoluem, passando por fa-ses externas diferentes, que seconvencionou chamar de estádiosfenológicos. Segundo Saraiva (1), oestudo da fenologia consiste emobservações e medições de umasérie de órgãos da planta num dadoperíodo de tempo, constituindo-seem elementos básicos para avaliara adaptabilidade das espécies frutí-feras em determinadas condiçõesambientais.

No início da primavera asgemas de macieira passam por umasérie de sucessivos estádiosfenológicos, os quais são impor-tantes sob o ponto de vista práticopara a realização de algumasatividades, como o raleio e ostratamentos fitossanitários. Elestêm sido estudados intensamentee classificados de acordo com o seudesenvolvimento, desde gemadormente até a frutificação efetiva(2, 3). Nessa fase ocorre apolinização, a germinação dos grãosde pólen, a fecundação e afrutificação efetiva. O processocompleto pode variar em númerode dias, de acordo com a cultivar eas condições climáticas. Putti (4),estudando diversas cultivares demacieira, observou que o númerode dias para ocorrer a brotaçãodiminuiu com o aumento datemperatura.

O método para estudo dosestádios fenológicos consiste naanotação dos diferentes estádiosdas gemas, permitindo determinaro seu desenvolvimento em suas

distintas fases. Pode ser utilizadopara os seguintes fins (3): fornecerdados sobre a biologia floral ecomparar diferentes cultivares emum mesmo ambiente; verificar odesenvolvimento das gemas e ainfluência dos fatores ambientais;contribuir para aprimorar certaspráticas de cultivo, como raleio defrutos e polinização, e interferir nomomento oportuno no controle depragas e doenças.

O conhecimento da duração dosestádios fenológicos poderá contri-buir para o planejamento das diver-sas atividades do pomar, consi-deradas críticas no período dafloração.

O objetivo deste trabalho foideterminar o tempo médio entreos diferentes estádios fenológicosda macieira e sua relação com astemperaturas durante a floração.

Material e método

O estudo foi conduzido por umperíodo de cinco anos (1995-2000)em um pomar de macieira com-posto pelas cultivares Gala, Fuji eGolden Delicious, localizado naEpagri/Estação Experimental deCaçador, latitude 26o46’ S, longitude51o01’ W e altitude de 960m.

Foram selecionadas cincoplantas de cada cultivar, nas quaisforam marcadas cinco gemas porplanta. Durante os meses de agostoa outubro foram anotados osestádios fenológicos, três vezes porsemana. Anotou-se o número dedias transcorridos de um estádiofenológico para o outro, conformedescrito por Fleckinger, citado porGil Albert Velarde (3) (Figura 1).

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Agropec. Catarin., v.15, n.3, nov. 2002 23

Tabela 1 – Duração dos diferentes estádios fenológicos da macieiracultivar Gala durante cinco anos, em Caçador, SC

Médias anuais DuraçãoEstádio (dias) (dias) Datasfenoló- mé-gico

1995 1996 1998 1999 2000 MédiaAcumu- dias1

lada

B e C - 3 3 3 1 2,5 2,5 18/set.

C3 5 2 1 3 2 2,6 5,1 19/set.

D 4 2 2 3 2 2,6 7,7 21/set.

E 2 2 2 2 2 2,0 9,7 24/set.

E2 3 3 3 3 2 2,8 12,5 26/set.

F 2 3 5 5 3 3,6 16,1 29/set.

F2 2 2 4 3 3 2,8 18,9 2/out.

G 3 2 2 3 2 2,4 21,3 5/out.

H 3 4 3 3 3 3,2 24,5 8/out.

I 4 4 4 7 7 5,2 29,7 11/out.

J 3 6 5 9 - 5,8 35,5 16/out.

Σ 31 33 34 44 27

Artigo Técnico Fenologia

Durante o desenvolvimento dotrabalho foram anotadas astemperaturas máximas, médias emínimas. Com base nos dadosfenológicos, foi estabelecido onúmero de dias entre os diferentesestádios. Para caracterizar asnecessidades térmicas, foicalculado o somatório dos graus--dia nos diferentes estádios fenoló-gicos, utilizando-se a equaçãoproposta por Mota (5), onde:

GD = (Tm - Tb) . NDSendo: Tm = Temperatura

média dos dias entre os estádiosfenológicos;

Tb = Temperatura base;ND = Número de dias.Considerou-se como tempera-

tura base 3oC, que é a temperaturamínima necessária para odesenvolvimento de gemas damacieira (4). Foram realizadasanálises de correlação entre aamplitude dos estádios fenológicose GD.

Resultados e discussão

A duração dos estádiosfenológicos da macieira variou deacordo com a cultivar e o ano(Tabelas 1, 2 e 3). A maior variaçãoocorreu entre os anos, porém, nãohouve correlação com os graus--dia, permitindo-se afirmar queoutros fatores podem influir. No

entanto, foi observada a tendênciade que, quanto maior a quantidadede unidades de frio recebida durantea dormência, menor é o tempomédio para ocorrer a brotação (4),podendo ser um dos fatores que

interferem na duração dos estádiosfenológicos da macieira.

A duração média dos estádiosfenológicos, de ponta de prata (B) afrutos verdes (J), variou de 31 a 44dias na cultivar Gala, 29 a 39 diasna cultivar Fuji e de 29 a 37 dias nacultivar Golden Delicious (Tabelas1, 2 e 3). Quando analisados osanos, observou-se que na cultivarGala a amplitude de 44 diascorrespondeu a 498 GD e aamplitude de 31 dias, a 339 GD. Ascultivares Fuji e Golden Deliciousmostraram resultados seme-lhantes, nas quais a maioramplitude também correspondeua um maior GD (Figuras 2, 3 e 4).

A duração dos estádiosfenológicos de C a H teve umavariação de 2 a 3,6 dias na cultivarGala, 1,8 a 3,5 dias na Fuji e 2 a 3,3na cultivar Golden Delicious,permitindo concluir que apresentapequena variação de um estádio

Figura 1 – Estádios de desenvolvimento fenológico da macieira

1 Referem-se às médias dos cinco anos observados.

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Tabela 2 – Duração dos diferentes estádios fenológicos da macieiracultivar Fuji durante cinco anos, em Caçador, SC

Médias anuais DuraçãoEstádio (dias) (dias) Datasfenoló- mé-gico

1995 1996 1998 1999 2000 MédiaAcumu- dias1

lada

Artigo Técnico Fenologia

para outro. Dos estádios I a J, aduração média aumentou, atin-gindo até 5,8 dias na cultivar Gala(Tabelas 1, 2 e 3).

Embora a amplitude dos estádiosfenológicos não tenha apresentadocorrelação com os GD, a variaçãoentre os anos mostra que fatoresambientais ou fisiológicos in-fluenciam a duração dos estádiosfenológicos da macieira. O númerode unidades de frio que ocorre noperíodo outono-inverno não mos-trou correlação com a amplitudedos diversos estádios fenológicosnas três cultivares estudadas. Umamaior quantidade de unidades defrio influencia somente aantecipação do início dos estádiosB ou C, confirmando as afirmaçõesde que em anos de menor númerode unidades de frio, retarda o inícioda brotação (6). Pode-se atribuir àtemperatura média a maioramplitude que ocorreu no ano de1999 com as três cultivares. Essaficou mais baixa entre os está-dios E e J, o que retardou odesenvolvimento dos demaisestádios fenológicos. Ressalta-seque após atingir o estádio C oprocesso evolutivo é irreversível,podendo apenas prolongar-se emfunção das temperaturas subse-qüentes.

Na comparação entre culti-vares, observa-se que as duraçõesacumuladas médias do estádio C aoJ são muito semelhantes, variandode 31,2 dias na cultivar GoldenDelicious a 33,5 dias na cultivarGala (Tabelas 1, 2 e 3). Assim, aevolução dos estádios fenológicosda macieira depende mais dascondições climáticas que da própriacultivar. Os resultados mostramque são necessários estudoscomplementares de outros fatoresclimáticos, como unidades de frio,e um maior aprofundamento nosestudos da temperatura base, quepoderá variar nos diferentesestádios fenológicos.

B e C - 2 4 3 5 3,5 3,5 15/set.

C3 5 2 3 2 3 3,0 6,5 18/set.

D 3 1 2 2 2 2,0 8,5 21/set.

E 2 1 2 2 2 1,8 10,3 23/set.

E2 3 2 3 2 2 2,4 12,7 24/set.

F 2 3 4 5 3 3,4 16,1 26/set.

F2 2 2 3 3 3 2,6 18,7 29/set.

G 3 2 2 3 3 2,6 21,3 2/out.

H 3 2 2 3 4 2,8 24,1 4/out.

I 5 6 4 7 4 5,2 29,3 7/out.

J 3 6 5 7 - 5,2 34,5 12/out.

Σ 31 29 34 39 31

1 Referem-se às médias dos cinco anos observados.

C - - 2 4 3,0 3,0 20/set.

C3 4 3 3 2 3,0 6,0 21/set.D 3 2 2 2 2,3 8,3 24/set.E 2 2 2 2 2,0 10,3 26/set.E2 2 4 3 4 3,3 13,6 28/set.F 2 4 3 3 3,0 16,6 1/out.F2 3 3 3 2 2,8 19,4 4/out.G 2 2 3 3 2,5 21,9 6/out.H 2 3 4 2 2,8 24,7 9/out.I 5 4 5 4 4,5 29,2 12/out.J 4 4 7 - 5,0 34,2 17/out.Σ 29 35 37 28

1 Referem-se às médias dos quatro anos observados.

Tabela 3 – Duração dos diferentes estádios fenológicos da macieiracultivar Golden Delicious durante quatro anos, em Caçador, SC

Médias anuais DuraçãoEstádio (dias) (dias) Datasfenoló- mé-gico

1995 1998 1999 2000 MédiaAcumu- dias1

lada

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Artigo Técnico Fenologia

Figura 2 – Graus-dia entre os estádios fenológicos da cultivar de macieira Galaem cinco anos, em Caçador, SC

0

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C C3 D E E2 F F2 G H I J

Estádios fenológicos

Gra

us

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1995/96

1996/97

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2000/01

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Estádios fenológicos

Gra

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ia

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1999/00

2000/01

Figura 3 – Graus-dia entre os estádios fenológicos da cultivar de macieira Fujiem cinco anos, em Caçador, SC

Figura 4 – Graus-dia entre os estádios fenológicos da cultivar de macieira GoldenDelicious em quatro anos, em Caçador, SC

Conclusões

• A duração dos estádiosfenológicos da macieira variou como ano e a cultivar.

• A maior amplitude dos estádi-os fenológicos corresponde a maisgraus-dia.

Literatura citada

1. SARAIVA, I.G.A. Fenologia das

Pomoideas. Frutos – Boletim Anual de

Hortofruticultura, p.25-44, 1973.

2. BENDER, R.J. Botânica e fisiologia.

In.: EMPASC. Manual da cultura da

macieira. Florianópolis, SC, 1986.

p.26-49.

3. GIL-ALBERT VELARDE, F. Morfo-

logia y fisiologia del arbol frutal. 4a

ed. Madrid: Mundi-Prensa, 1996,

p.102.

4. PUTTI, G.L. Estudo das necessidades

de frio e calor para a brotação de culti-

vares de macieira (Malus domestica,

Borck). Tese de mestrado. Pelotas, RS.

2001, p.61.

5. MOTA, F.S. Os invernos de Pelotas –

RS, em relação as exigências das árvo-

res frutíferas de folhas caducas. Pelotas:

Instituto Agronômico do Sul, 1957. 39p.

(Boletim Técnico, 18).

6. PETRI, J.L.; PALLADINI, L.A.;

SCHUCK, E.; DUCROQUET, J.-P.H.J.;

MATOS, L.S.; POLA, A.C. Dormência

e indução da brotação de fruteiras de

clima temperado. Florianópolis: Epagri,

1996. 110p. (Epagri. Boletim Técnico,

75).

Gilberto Luiz Putti, eng. agr., M.Sc.,

doutorando da Universidade Blasé Pascal,

Clermont Ferrand, França e José Luiz

Petri, eng. agr., M.Sc., Epagri/Estação

Experimental de Caçador, C.P. 591,

89500-000 Caçador, SC, fone: (049)

563-0211, fax: (049) 563-3211, e-mail:

[email protected].

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C C3 D E E2 F F2 G H I J

Estádios fenológicos

Gra

us-d

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1995/96

1998/99

1999/00

2000/01

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26 Agropec. Catarin., v.15, n.3, nov. 2002

Artigo Técnico Características de solo

Avaliação das propriedades químicas e físicas dosAvaliação das propriedades químicas e físicas dosAvaliação das propriedades químicas e físicas dosAvaliação das propriedades químicas e físicas dosAvaliação das propriedades químicas e físicas dossolos da mata ciliar do Rio do Tsolos da mata ciliar do Rio do Tsolos da mata ciliar do Rio do Tsolos da mata ciliar do Rio do Tsolos da mata ciliar do Rio do Testo, sob diferentesesto, sob diferentesesto, sob diferentesesto, sob diferentesesto, sob diferentes

formas de ocupaçãoformas de ocupaçãoformas de ocupaçãoformas de ocupaçãoformas de ocupação11111

1 Trabalho realizado com recursos do Programa de Incentivo à Pesquisa – Pipe – da Universidade Regional deBlumenau, SC.

Jonas Ternes dos Anjos e Veraldo Liesenberg

Resumo

O uso indiscriminado dos solosdas matas ciliares tem levado auma séria degradação das suaspropriedades químicas, físicas ebiológicas. Esta degradação temimpedido que estas matas desem-penhem o seu verdadeiro papel. Oobjetivo deste trabalho foi avaliaras propriedades químicas e físicasdos solos da área da mata ciliar doRio do Testo, localizado nosmunicípios de Pomerode eBlumenau, SC. Foram coletadasamostras de solos, nas profun-didades de 0 a 20cm e 20 a 40cm, emáreas de agricultura, pastagem,reflorestamento e vegetaçãoremanescente. As propriedadesquímicas e físicas avaliadas foram:pH, matéria orgânica, fósforo dis-ponível, potássio, cálcio, magnésioe alumínio trocável, soma de bases,saturação de bases, saturação dealumínio e capacidade de trocacatiônica, densidade do solo,densidade de partículas, porosidadetotal e teor de argila. As pro-priedades químicas avaliadasindicaram que houve, em geral,uma melhoria das condições defertilidade dos solos utilizados comagricultura, pastagem e reflores-tamento em relação às áreas devegetação remanescentes devido,provavelmente, à aplicação defertilizantes e corretivos da acidez

do solo. As propriedades físicas dossolos foram pouco afetadas pelouso com agricultura, pastagem ereflorestamento. Os solos das áreasciliares do Rio do Testo, de acordocom as propriedades químicas efísicas avaliadas, apresentam boascondições para a implementaçãode programas de recuperaçãoambiental visando a regeneraçãode sua cobertura vegetal.

Termos de indexação: pro-priedades químicas e físicas, solos,mata ciliar, Rio do Testo.

Introdução

A mata ciliar, considerada comovegetação permanente, recebe pro-teção legal do Código Florestal e daConstituição Federal. Segundo alegislação brasileira, o termo flo-resta ciliar ou mata ciliar é consi-derado como qualquer formaçãoflorestal ocorrente nas margens decursos de água.

A importância da preservaçãodas matas ciliares está relacionadaprincipalmente com a sua funçãohidrológica, destacando-se a esta-bilização do solo, a diminuição doescoamento superficial da água, aciclagem dos nutrientes e a manu-tenção da fauna, entre outros (1).

As primeiras tentativas de colo-nização no Vale do Itajaí foramrealizadas no início do século XIX.A colonização deu-se em terras pró-

ximas aos cursos d’água permitin-do o acesso a áreas planas e férteis(2).

O uso indiscriminado dos solosde mata ciliar tem levado a umaséria degradação das suas proprie-dades químicas, físicas e biológi-cas. Esta degradação tem impedidoque esta mata desempenhe o seuverdadeiro papel (3).

O objetivo deste trabalho foiavaliar as propriedades químicas efísicas dos solos da área da mataciliar do Rio do Testo sob diferentesformas de uso.

Metodologia

O presente trabalho foi realiza-do na Bacia Hidrográfica do Rio doTesto, com área de 240km2, locali-zada nos municípios de Pomerodee Blumenau, SC (Figura 1). Ossolos predominantes na bacia sãoos Argissolos Vermelho-Amarelose os Cambissolos Háplicos (4). Acobertura vegetal nativa desta ba-cia compreende a formação da Flo-resta Ombrófila Densa Atlântica.

Foram coletadas amostras desolo (Cambissolo Háplico), compos-tas de 10 a 15 subamostras, nasprofundidades de 0 a 20cm e 20 a40cm, em áreas de agricultura (cul-tivos anuais), pastagem, reflores-tamento (Eucalyptus sp.) e vegeta-ção remanescente, próximas àsmargens do rio. A vegetação rema-

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Agropec. Catarin., v.15, n.3, nov. 2002 27

Artigo Técnico Características de solo

Figura 1 – Localização da Bacia Hidrográfica doRio do Testo

nescente corresponde a áreas deregeneração em estádio sucessionalmédio a avançado caracterizando afloresta nativa existente. Foramrealizadas três repetições para asformas de ocupação caracterizadaspor reflorestamentos e áreas aindaremanescentes e cinco repetiçõespara agricultura e pastagem, deforma completamente casualiza-da. O número de repetições foidefinido através do processamentode uma imagem TM-Landsat, de5/4/97, pelo sistema geográfico deinformações Spring 3.5 (5), de acor-do com a área de abrangência decada forma de ocupação.

As propriedades químicas dosolo avaliadas foram: matéria or-gânica, fósforo disponível, potás-sio, cálcio, magnésio e alumíniotrocável, pH em água, soma debases, saturação de bases, satura-ção de alumínio e capacidade detroca catiônica. As propriedades fí-sicas selecionadas para avaliaçãoforam: densidade do solo determi-nada com anel volumétrico, den-sidade de partículas com balãovolumétrico e álcool etílico,porosidade total calculada atravésdos valores de densidade do solo ede partículas e teor de argila por

densimetria. As análi-ses para a determina-ção dos diferentesparâmetros físicos equímicos foram reali-zadas no LaboratórioFísico, Químico e Bio-lógico da CompanhiaIntegrada de Desen-volvimento Agrícolado Estado de SantaCatarina – Cidasc – eno Laboratório Físico-químico da Universi-dade Regional deBlumenau – Furb – deacordo com a metodo-logia descrita emSBCS (6) e Oleynik etal. (7). Os resultados obti-dos foram submetidosà análise de variância

e ao teste de Tukey (P < 0,05), porprofundidade, em um delineamen-to completamente casualizado.

Resultados e discussão

• Matéria orgânica: Foi obser-vada uma diminuição do teor dematéria orgânica nas diferentesformas de ocupação quando compa-radas com as áreas remanescentes(Tabela 1). Esta diminuição foisignificativa somente nos primeiros20cm (P < 0,05). Estes resultadosconfirmam outras observações (8,9) onde este parâmetro foiinfluenciado apenas nas camadassuperficiais do solo.

• Fósforo disponível: Asmédias dos teores de fósforodisponível encontradas nãodiferiram estatisticamente nasdiversas formas de ocupaçãoestudadas (Tabela 1). Este fato podeestar relacionado à provávelaplicação de fertilizantes fosfatadosem algumas áreas amostradas,provocando a ocorrência de altoscoeficientes de variação nas profun-didades de 0 a 20cm e de 20 a 40cm,respectivamente, 68% e 75%.

• Potássio trocável: Obser-vando-se as médias na Tabela 1,

verifica-se que os teores de potássiotrocável são baixos nas áreasremanescentes e altos nos demaisusos, nos primeiros 20cm. Naprofundidade de 20 a 40cm, os teoressão considerados muito baixos nasáreas remanescentes e baixo amédio nas demais formas deocupação (6). As diferenças nosteores de potássio trocável encon-tradas não foram considera-das estatisticamente significativas(P < 0,05). Entretanto, os teores depotássio mais elevados determi-nados na camada de 0 a 20cm dasáreas de agricultura, pastagem ereflorestamento sugerem a adiçãodeste nutriente através da aduba-ção.

• Cálcio e magnésio: Deacordo com a Tabela 1, os teores decálcio e magnésio aumentaram nasáreas de agricultura, pastagem ereflorestamento, quando compa-radas às áreas de vegetaçãoremanescente. Este aumento indicaa aplicação de calcário naquelasáreas. Porém, esta diferença foiestatisticamente significativaapenas para o cálcio na profundidadede 20 a 40cm.

• Capacidade de trocacatiônica – CTC: Verifica-se pelasmédias apresentadas na Tabela 1que os valores de capacidade detroca catiônica são médios para asáreas de agricultura e vegetaçãoremanescente e altos para as depastagem e reflorestamentos, nosprimeiros 20cm. Na profundidadede 20 a 40cm, os valores sãoconsiderados médios em áreas deagricultura, remanescentes epastagem e altos em reflores-tamento (7). As diferenças desteparâmetro não foram consideradassignificativas nas duas profun-didades amostradas (P < 0,05).

• pH em água: Os valoresencontrados indicam que houveuma tendência de aumento do pHdo solo nas diversas formas deocupação em relação às áreas devegetação remanescente nas duasprofundidades amostradas, porém,sem apresentar significânciaestatística (Tabela 2).

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• Alumínio e saturação dealumínio: Foram observadosvalores de alumínio consideradosbaixos (7) em áreas de agriculturae médios a altos para as demaisformas de ocupação, em ambas asprofundidades. Os valores desaturação de alumínio indicam quea sua toxidez é considerada muitobaixa a baixa nas áreas deagricultura e pastagem e médias aaltas em reflorestamentos e rema-nescentes, nas duas profundidades(7) (Tabela 2).

• Soma de bases e saturaçãode bases: Os resultados obtidos eapresentados na Tabela 2 indicamque o solo das áreas com vegetaçãoremanescente pode ser consi-derado distrófico (saturação debases <50%), enquanto que os dasdemais formas de ocupação,eutróficos (saturação de bases>50%), nas duas profundidadesamostradas.

Observando-se os dados de pHem água, alumínio trocável,saturação de alumínio, soma debases e saturação de bases, verifica--se a tendência geral da melhoriadestas características nas áreascom diferentes formas de uso emrelação às de vegetação rema-nescente. Esta tendência indica aaplicação de calcário nas áreas deagricultura, pastagem e reflo-restamento, diminuindo os fatoresde acidez e melhorando ascondições de fertilidade destessolos.

• Densidade do solo: Foramencontrados valores mais elevadosde densidade do solo nas áreas comagricultura, pastagem e reflo-restamento em relação à densidadeobservada nas áreas de vegetaçãoremanescente (Tabela 3). Resul-tados semelhantes foram regis-trados em outros trabalhos (8, 10).Os valores de densidade do solodeterminados nas quatro diferentesformas de ocupação estão abaixoou dentro da faixa normalmenteencontrada em solos minerais, de1,1 a 1,6kg dm-3 (10). Apesar dosaumentos da densidade do solo

Artigo Técnico Características de solo

Tabela 1 – Propriedades químicas relacionadas com a fertilidade dos solos em áreasda mata ciliar do Rio do Testo, localizado nos municípios de Pomerode e Blumenau,SC, sob diferentes formas de ocupação

Profun- Tratamentos1

didade

(cm) Agricultura2 Pastagem2 Reflorestamentos3 Remanescentes3

Matéria orgânica (%)4

0 a 20 2,8b 2,5b 3,1ab 4,6a20 a 40 1,4a 1,3a 1,3a 2,0a

Fósforo (mg dm-3)0 a 20 24,8a 21,2a 17,3a 5,5a20 a 40 7,6a 13,5a 12,8a 3,8a

Potássio (mg dm-3)4

0 a 20 109,6a 65,2a 87,7a 56,7a20 a 40 45,0a 29,8a 47,0a 25,7a

Cálcio (cmolc dm-3)0 a 20 4,2a 5,6a 5,5a 2,6a20 a 40 3,2ab 5,4a 6,0a 1,3b

Magnésio (cmolc dm-3)0 a 20 1,3a 1,8a 1,5a 1,4a20 a 40 1,2a 1,5a 1,4a 0,8a

Capacidade de troca catiônica (cmolc dm-3

)

0 a 20 9,7a 11,5a 12,7a 10,0a20 a 40 7,8a 10,3a 11,3a 8,4a

1 Médias seguidas da mesma letra na linha não diferem significativamente pelo testede Tukey (P < 0,05).2 Médias de cinco repetições.3 Médias de três repetições.4 Unidades utilizadas pela SBCS (6).

Tabela 2 – Propriedades químicas relacionadas com acidez dos solos em áreas da mataciliar do Rio do Testo, localizado nos municípios de Pomerode e Blumenau, SC, sobdiferentes formas de ocupação

Profun- Tratamentos1

didade

(cm) Agricultura2 Pastagem2 Reflorestamentos3 Remanescentes3

pH em água0 a 20 5,4a 5,1a 4,8b 4,7b20 a 40 5,3a 5,3a 5,1ab 4,6b

Alumínio (cmolc

dm-3)0 a 20 0,2b 0,6ab 0,8a 0,8a20 a 40 0,4b 0,7ab 0,6b 1,2a

Saturação de alumínio (%)0 a 20 3,5a 8,0a 11,1a 25,2a20 a 40 11,2a 8,8a 8,6a 42,9a

Soma de bases (cmolc dm-3)0 a 20 5,7a 7,7a 7,2a 4,2a20 a 40 4,5ab 7,1a 7,6a 2,2b

Saturação de bases (%)0 a 20 58,0ab 66,2a 55,7ab 38,8b20 a 40 55,6ab 68,5a 64,8a 24,7b

1 Médias seguidas da mesma letra na linha não diferem significativamente pelo testede Tukey (P < 0,05).2 Médias de cinco repetições.3 Médias de três repetições.

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Agropec. Catarin., v.15, n.3, nov. 2002 29

ocasionados pelas diferentes formasde ocupação, estes não são consi-derados problemáticos para odesenvolvimento das plantas.

• Densidade de partículas eteor de argila: As diferenças dedensidade de partículas e teor deargila encontradas nas diversasformas de ocupação foram, em geral,pequenas e não significativasestatisticamente (Tabela 3). Isto sejustifica devido a que estesparâmetros dependem mais daconstituição mineral do solo do queda influência das formas deocupação existentes (10).

• Porosidade total: Em funçãodos valores encontrados, pode serverificado que a porosidade total foiinfluenciada pelas diferentesformas de ocupação (Tabela 3).Considerando-se que não houvediferença significativa na densidadede partículas, os valores deporosidade total estiveram inver-samente associados àqueles dedensidade do solo, ou seja, quantomenor a densidade do solo maior aporosidade total. Os valores deporosidade total determinadoscompreendem a magnitude de 0,56

Artigo Técnico Características de solo

a 0,68dm3 dm-3, estando dentro ouacima da faixa encontrada em solosminerais, que é de 0,30 a 0,60dm3

dm-3 (10).

Conclusões

• As propriedades químicasavaliadas indicam que houve, emgeral, uma melhoria das condiçõesde fertilidade dos solos utilizadoscom agricultura, pastagem ereflorestamento em relação àsáreas de vegetação remanescentedevido, provavelmente, à aplicaçãode fertilizantes e corretivos daacidez do solo.

• As propriedades físicas dossolos das áreas de mata ciliar doRio do Testo foram pouco afetadaspelo uso com agricultura, pastageme reflorestamento.

• Os solos das áreas ribeirinhasda mata ciliar do Rio do Testo, deacordo com as propriedadesquímicas e físicas avaliadas,apresentam boas condições para aimplementação de programas derecuperação ambiental visando aregeneração de sua coberturavegetal.

Literatura citada

1. PAULA LIMA, W. Função hidrológica damata ciliar. In: SIMPÓSIO SOBRE MATACILIAR, 1989, São Paulo, SP. Anais...Campinas: Fundação Cargill, 1989.p.25-42.

2. FATMA. Programa de recuperaçãoambiental. Florianópolis, 1996. v.1, 22p.

3. DIAS, L.E.; GRIFFITH, J.J. Conceituaçãode áreas degradadas. In: DIAS, L.E.,MELLO, J.W.V. Recuperação de áreas de-gradadas. Viçosa: UFV, 1998. p.1-7.

4. EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisade Solos. (Rio de Janeiro, RJ). Sistemabrasileiro de classificação de solos. Brasília:EMBRAPA-SPI, 1999. 412p.

5. CÂMARA, G. et al. Spring: Integratingremote sensig and GIS by object-orienteddata modelling. Computers & Graphics,v.20, n.3, p.395-423, May-Jun 1996.

6. SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIÊNCIADO SOLO. Recomendações de adubação e decalagem para os Estados do Rio Grande doSul e de Santa Catarina. 3.ed. Passo Fun-do: SBCS/Núcleo Regional Sul, 1995. 224p.

7. OLEYNIK, J.; BRAGAGNOLO, N.;BUBLITZ, U.; SILVA, J.C.C. Análises deSolo: tabelas para transformação de resul-tados analíticos e interpretação de resulta-dos. 4.ed. Curitiba: Emater-PR, 1997. 66p.

8. NAGY, S.C.S. Avaliação de algunsparâmetros químicos e físicos de um solosubmetido a vários processos de ocupaçãoe à recomposição de uma floresta ripária.In: SIMPÓSIO NACIONAL DE RECUPE-RAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS. 3.,1997, Ouro Preto, MG. Anais... Viçosa:Sobrade; UFV/DPS/DEF, 1997. p.157-65.

9. MOTTA NETO, J.A. Processos químicos efísicos na dinâmica de recuperação de solosdegradados. In: CURSO DE ATUALIZA-ÇÃO DA UFPR, 3., 1996, Curitiba, PR.Recuperação de áreas degradadas. Curitiba:FUPEF, 1996. p.129-133.

10. ANJOS, J.T.; UBERTI, A.A.A.;VIZZOTTO, V.J.; LEITE, G.B.; KRIEGER,M. Propriedades físicas em solos sob dife-rentes sistemas de uso e manejo. RevistaBrasileira de Ciência do Solo, Campinas,v.18, n.1, p.139-145, jan./abr. 1994.

Jonas Ternes dos Anjos, prof. orientador,eng. agr., Ph.D., Departamento de EngenhariaFlorestal, Universidade Regional de Blumenau,Rua Araçatuba, 83, Itoupava Seca, 89030-800 Blumenau, SC, fone/fax: (047) 323-7200,e-mail: [email protected] e Veraldo Liesenberg,bolsista e estudante do curso de EngenhariaFlorestal, Universidade Regional de Blumenau,SC, e-mail: [email protected].

Tabela 3 – Propriedades físicas dos solos em áreas da mata ciliar do Rio do Testo,localizado nos municípios de Pomerode e Blumenau, SC, sob diferentes formas deocupação

Profun- Tratamentos1

didade

(cm) Agricultura2 Pastagem2 Reflorestamentos3 Remanescentes3

Densidade do solo (kg dm-3)0 a 5 1,11a 1,01ab 0,93b 0,78c20 a 25 1,23a 1,19a 1,17a 1,09a

Densidade de partículas (kg dm-3)0 a 5 2,53a 2,48a 2,43a 2,47a20 – 25 2,53a 2,57a 2,52a 2,60a

Porosidade total (dm3 dm-3)0 a 5 0,56c 0,59bc 0,62b 0,68a20 a 25 0,52b 0,54ab 0,54ab 0,58a Argila (%)4

0 a 20 30,60a 25,40a 28,33a 30,33a20 a 40 32,60a 29,00a 33,00a 37,67a

1 Médias seguidas da mesma letra na linha não diferem significativamente pelo testede Tukey (P < 0,05).2 Médias de 5 repetições.3 Média de 3 repetições.4 Unidade utilizada pela SBCS (6).

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ais que uma meta, a inclusãosocial é um desafio que o Estado deSanta Catarina se propôs a superar.Para isso, antes mesmo de tomarposse, o atual governo reuniuórgãos estaduais, convidou prefei-turas, empresas, cooperativas,sindicatos e apresentou o seu Planode Governo. Entre os diversoscaminhos apontados no documento,o desenvolvimento agropecuárioteria papel especial para a geraçãode emprego e renda. Nesteprocesso, a Epagri seria um dosprincipais agentes.

Responsável pelo desenvolvi-mento rural, não é de hoje que aEpagri desempenha um importantepapel no cenário socioeconômicocatarinense. Desde que foi fundada,a Empresa vem trabalhando paragerar emprego e renda no meiorural e esta é, sem dúvida, uma de

Reportagem Emprego

suas principais funções.Através da pesquisa, da extensão

rural e de inúmeras açõesdesenvolvidas, a Empresa vemcumprindo esta função ao pé daletra. Os avanços da pesquisaagrícola, aliados às característicasdo setor em Santa Catarina e àcapacidade de trabalho do homemdo campo, colocam os produtoscatarinenses em evidência nomercado e, muitas vezes, a suaqualidade fica muito acima da mé-dia nacional.

Ao mesmo tempo em quepromove o desenvolvimento sus-tentável e estanca o êxodo rural,mantendo agricultores e pescadoresem seu habitat, a maioria dosprojetos da Epagri alcança ou-tros objetivos. Apontando novasoportunidades de mercado, esti-mulando a agricultura familiar,

orientando jovens agricultores,lançando novas e avançadas tecno-logias, a Empresa está realizandoum trabalho que se traduz emmilhares de empregos em todo oEstado de Santa Catarina.

Entre os diversos gruposbeneficiados, os jovens são a grandeprioridade. Nos programas demotivação da juventude, porexemplo, já foram cadastradosmais de 70 mil jovens agricul-tores. No Projeto Agente Jovem,realizado em parceria com aSecretaria de Estado do Desen-volvimento Social e da Família, aEmpresa disponibilizou 975 bol-sas-escola. Mais de 500 jovens fi-lhos de agricultores e pescadorestambém foram encaminhados pa-ra estágios no exterior. Através doBanco da Terra e do CréditoFundiário, foram atendidos 1.100

M

Países, Estados, cidades,

governos, empresas, sindicatos e

políticos traçam planos, estabe-

lecem metas, buscam soluções, fazem campanhas, lutam e

chegam até a trocar farpas.

Tudo, segundo eles, para preser-var o emprego e a qualidade de

vida das pessoas. De acordo com

a maioria das pesquisas, nunca o

emprego foi tão importante para o cidadão. Entre os diversos temas abordados nas últimas eleições, este foi de longe o

que mais chamou a atenção. Mais que uma necessidade do homem moderno, o

emprego transformou-se no tema preferido pela maioria da população. Nesta

reportagem, você vai saber por que a Epagri se empenha tanto e o que ela tem feito

de fato para gerar emprego e renda em Santa Catarina.

Emprego – as oportunidades estão no campoLaertes Rebelo

Emprego – as oportunidades estão no campo

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Agropec. Catarin., v.15, n.3, nov. 2002 31

Reportagem Emprego

Um benefício que atinge mais de 70 miljovens em todo o Estado

projetos, beneficiando jovens entre21 e 29 anos.

Embora a Empresa procureconcentrar os trabalhos de geraçãoe difusão de tecnologias em projetosviáveis, considerados de fáciladoção, priorizando produtosbiológicos que não agridam o meioambiente, o grande esforço mesmoacaba sendo no sentido de estimularaquelas atividades que agreguemvalor e gerem emprego e renda.Assim, com sua linha de açãoadequada à realidade catarinense evoltada para a agricultura familiar,os projetos estão sendo executadosrigorosamente de acordo com ademanda.

Entre as atividades quemerecem destaque, a mariculturae a piscicultura podem serconsideradas as mais bem-su-cedidas. Fruto de um longo tra-balho de pesquisa coordenado pelaEpagri em parceria com outrasinstituições, as fazendas decamarões na região de Laguna eos sistemas de cultivo de mexi-lhões e ostras se espalharam porpraticamente todo o litoral cata-rinense. Somente entre 2000/2001,as famílias de maricultoresassistidas pela Epagri produzirammais de 11 mil toneladas demexilhões e 760 mil dúzias deostras. Isso foi suficiente paracolocar o Estado como o principalprodutor nacional e gerar centenas

Os produtos coloniais estão entre os que mais se beneficiaram com os projetos deagregação de valor

de empregos nesta área. Outraatividade que está movimentandoos produtores no litoral catarinenseé a pesca extrativa. As colônias depescadores (mais de 35 mil inte-grantes em toda a costa) contamcom o apoio da Epagri na preparaçãodos barcos e no cultivo de moluscosatravés do Projeto de Profissio-nalização de Pescadores.

Na mesma linha das ações daEpagri ligadas à aqüicultura e comótimas perspectivas de mercado,situa-se o Projeto de Desen-volvimento de Sistemas Agroeco-lógicos para a Agricultura Familiar– uma iniciativa que está servindocomo uma luva para o modelo deagricultura praticado em SantaCatarina.

Contrariando as facilidadesgeradas pelo avanço tecnológico, ademanda por alimentos produzidossem o uso de agrotóxicos e outrosprodutos químicos vem crescendocada vez mais. O comércio mundialde produtos orgânicos movimentaatualmente cerca de 26 bilhões dedólares. Comparado aos índicesmundiais de consumo, o mercadoem Santa Catarina ainda é pequeno.

O que merece a atenção dosprodutores, no entanto, é o seu altopotencial de crescimento. A taxaanual no Estado é estimada emmais de 30%. Além de geraremprego e renda para mais de 2 milfamílias, trata-se de uma atividadede baixíssimo impacto ambiental,custo reduzido e que oferece umagrande vantagem: protege a saúdetanto do produtor rural quanto doconsumidor urbano. Sem dúvida,um excelente nicho de mercadopara quem deseja ampliar suareceita e fazer um bom negócio.

Com o aumento do mercado doschamados produtos coloniais, ointeresse pelos projetos deagregação de valor cresceu e osagricultores saíram em busca demétodos mais eficazes de controlede qualidade. Apostando noaprimoramento das técnicas debeneficiamento da matéria-prima,a Epagri está ajudando a melhorara qualidade dos alimentos,oferecendo também aos produtoresnovas alternativas de adequaçãode leiaute, organização de estoquese distribuição de produtos. Diversasagroindústrias que adotaram este

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sistema já estão colhendo osprimeiros resultados. Muitosagricultores que vinham em francoprocesso de descapitalizaçãoencontraram aí uma ótima fontede renda.

Em situação semelhante encon-tram-se inúmeras outras ativi-dades. Vários projetos ligados àapicultura, à biotecnologia, àprodução de mudas e sementes, aplantas medicinais, ao controle dequalidade, muitos em fase depesquisa, outros em plenoandamento, estão se multiplicandopelas diversas estações expe-rimentais da Epagri distribuídaspelo Estado, gerando oportunidadesconcretas e perspectivas reais paraos agricultores catarinenses.

Recomposição da forçade trabalho da Epagri

Embora venha trabalhando nosúltimos anos a toque de caixa para

Reportagem Emprego

facilitar o acesso do pequenoprodutor ao crédito rural, ampliara rede de assistência técnica ecumprir sua função social, a Epagrisabia que mais cedo ou mais tardeteria que realizar um antigo sonho:ampliar o seu atendimento paratodo o Estado de Santa Catarina, afim de colocar seus serviços deextensão rural e assistência técnicaà disposição de um número aindamaior de agricultores.

Com a contratação de 350 novosfuncionários, a Epagri deu umimportante passo neste sentido,inaugurando um novo ciclo em suahistória. A partir de agora, aEmpresa está presente fisicamenteem todos os 293 municípioscatarinenses. Além de gerarempregos e oportunidades denegócio através de apoio técniconos mais variados segmentosagrícolas, com isso a Epagri tambémestá criando centenas de empregosdiretos.

Segundo o presidente da Epagri,Dionísio Bressan Lemos, “este éum momento histórico para aEpagri. A Empresa estava haviatreze anos sem fazer nenhumacontratação. Com este concurso,finalmente, vamos poder atendera 100% dos municípios catari-nenses”.

Entre os novos contratados, háprofissionais das mais diversasáreas: engenheiros agrônomos, téc-nicos agrícolas, extensionistas ru-rais, mestres para pesquisa agro-pecuária, laboratoristas, meteoro-logistas, médicos veterinários, en-genheiros civis, engenheiros sani-taristas, engenheiros de alimen-tos, técnicos em ecologia, além depessoal de apoio de campo parapesquisa e auxiliares de escritório.

São pessoas altamente capacita-das, que tiveram que superar aacirrada concorrência num concur-so público realizado no primeirosemestre de 2002, em que o número

Com a contratação de 350 novos funcionários, 100% dos municípios catarinenses já estão atentidos pela Epagri

Municípios que já contavam comescritórios da Epagri antes do concurso

Municípios que passaram a contar coma equipe após a realização do concurso

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Reportagem Emprego

Um dos 350 novos funcionários contratados assinando contrato com a Epagri

Muita gente prestigiou o evento realizado emFlorianópolis

Presidente da Epagri, Dionísio Bressan Lemos, e governador EsperidiãoAmin durante a recepção aos novos funcionários

de inscrições ultrapassou os 10 mil.Depois de passarem pelos testes,os aprovados se juntaram aos 1.650epagrianos que atuam em SantaCatarina. A grande maioria, cercade 95% dos novos funcionários, vaitrabalhar em municípios dointerior, na atividade-fim daEmpresa, pesquisando, gerandonovas tecnologias, prestando

serviços de assistência técnica eextensão rural, ao lado dosprodutores rurais.

A recepção aos novos funcioná-rios, realizada em Florianópolispela Diretoria Executiva da Em-presa, reuniu diversas autorida-des. Além dos diretores e gerentesda Epagri, esteve presente na oca-sião o governador do Estado, Espe-

ridião Amin. Em sua palestra deboas-vindas aos funcionários, o go-vernador destacou o papel socialdos técnicos da Epagri. Parabeni-zando todos pela aprovação no con-curso, Amin aproveitou a oportuni-dade para ressaltar a importânciado trabalho de todos para o desen-volvimento sustentável e a preser-vação ambiental de Santa Catarina.

Como não podia deixar de ser,isso está causando um impactomuito positivo no meio rural. Aten-to às oportunidades que surgem,hoje o agricultor catarinense estácada vez mais consciente. Além dese posicionar como agente social,conseguiu aprimorar seus conheci-mentos e tem uma visão mais obje-tiva do seu papel no desenvolvi-mento das comunidades. Sem abrirmão de seu estilo autêntico e deseus hábitos tradicionais, o homemdo campo está conquistando seuespaço no contexto socioeconômico.A transferência e a difusão detecnologia também atingem seg-mentos mais amplos, como a in-dústria de máquinas e implementosagrícolas. Quem sai ganhando comisso é o Estado de Santa Catarina,que se aproxima de um modelo dedesenvolvimento realmente sus-tentável.

Laertes Rebelo, publicitário, prestadorde serviço da Fundagro, fone: (048) 239-5520, e-mail: [email protected].

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34 Agropec. Catarin., v.15, n.3, nov. 2002

Informativo Técnico Entomologia

BichoBichoBichoBichoBicho-furão: praga potencial dos citros-furão: praga potencial dos citros-furão: praga potencial dos citros-furão: praga potencial dos citros-furão: praga potencial dos citrosem Santa Catarinaem Santa Catarinaem Santa Catarinaem Santa Catarinaem Santa Catarina

José Maria Milanez e Luís Antonio Chiaradia

Resumo

A espécie Ecdytolopha auran-tiana (Lima, 1927) (Lepidoptera:Tortricidae) trata-se de pragapotencial para a cultura dos citrosno Estado de Santa Catarina. Suaocorrência já foi observada emalguns municípios da região oestecatarinense, caso de Chapecó,Palmitos e Pinhalzinho, atacandopraticamente todas as variedadesde laranja. A praga é conhecidacomo bicho-furão porque aslagartinhas, recém-emergidas doovo, furam os frutos e aí sedesenvolvem, causando quedaprematura e apodrecimento deles.Altas infestações podem causar até50% de perdas de frutos. Recen-temente foi desenvolvido ummétodo de monitoramento da praga,através do uso de armadilhas deferomônios, que permite tomar umadecisão mais racional no caso decontrole químico, ou seja, apenas érecomendado pulverizar quandoforem capturados seis ou maismachos/armadilha/semana. Aindacomo medida de controle, reco-menda-se apanhar os frutosatacados das árvores e do chão eenterrá-los para que não hajareinfestação pelos adultos.

Palavras-chave: Ecdytolophaaurantiana, bicho-furão, ocorrên-cia, citros, controle.

Introdução

Dentre as inúmeras pragas queatacam a cultura dos citros noEstado de Santa Catarina, a espécieEcdytolopha aurantiana (Lima,1927) (Lepidoptera: Tortricidae),conhecida popularmente comobicho-furão-dos-citros, é conside-rada uma praga potencial e já foiconstatada em alguns municípiosdo oeste catarinense como Chapecó,Palmitos e Pinhalzinho, atacandopraticamente todas as variedadesde laranja.

Embora a espécie tenha sidoidentificada no Brasil na década de30, apenas nos anos 90 adquiriu o“status” de praga, devido aos surtosque ocorreram em algumas re-giões produtoras de citros no Esta-do de São Paulo, causando grandesprejuízos. As infestações podem cau-sar até 50% de perdas de frutos (1).Estima-se que em altas infestaçõesas perdas variam de 0,5 a 1,5 caixade frutos por árvore atacada (2).Acredita-se que um dos motivospara o aumento da população dobicho-furão tenha sido o dese-quilíbrio do ecossistema, devido aouso indiscriminado de produtosquímicos para o controle de doen-ças e pragas, o que eliminou gran-de parte de inimigos naturais quemantinham a população do bicho--furão em níveis baixos.

Estudos mais recentes sobre abioecologia desta praga e o desen-volvimento de pesquisas sobre seuferomônio de atração sexual têmfacilitado o monitoramento de suaspopulações e proporcionado umcontrole mais eficiente e racional,com a aplicação de produtos bioló-gicos, fisiológicos e químicos (3).

Bioecologia, sintomas eprejuízos

Estudos sobre a biologia da pra-ga revelaram que durante o dia osadultos ficam escondidos no inte-rior das plantas, havendo maioratividade de acasalamento no finalda tarde e durante a noite. Os ovossão depositados na superfície dosfrutos verdes e maduros, sempreao entardecer. Cada fêmea, geral-mente, coloca apenas 1 ovo porfruto e, durante toda sua vida, podecolocar de 150 a 200 ovos. Após aeclosão, as lagartinhas furam acasca e penetram nos frutos, ondepassam por 4 a 5 ínstares e comple-tam a fase larval (Figura 1). Antesda queda dos frutos, as lagartastecem um fio para descer ao soloonde se transformam em pupas.No Estado de São Paulo foi obser-vado que a praga pode apresentarde 7 a 8 gerações anuais (3).

Nos frutos verdes, no ponto dapenetração das lagartinhas, forma-

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Figura 1 – Lagarta do bicho-furão-dos-citros

Figura 2 – Presença de fezes do bicho-furão na superfície do fruto

madilha de feromônio sintético foilançada recentemente no mercadonacional e é comercializada pelaCooperativa de Cafeicultores eCitricultores do Estado de São Pau-lo – Coopercitrus. Assim, recomen-da-se que a praga seja contro-lada quando atingir o seu nível decontrole, ou seja, quando foremcapturados 6 ou mais machos/ar-madilha/semana. Cada armadilhamonitora a população da praganuma área de 10ha e deve sersubstituída no prazo de 30 dias(6).

Devido ao hábito das lagartinhaspenetrarem nos frutos, os insetici-das precisam atuar logo após suaeclosão. Assim, alguns inseticidasse mostraram eficientes no contro-le da praga, como é o caso do inse-ticida biológico Bacillus thurigiensis– BT –, ao qual é recomendadoadicionar óleo mineral ou vegetalna base de 1%, o que tem propor-cionado um período residual maisprolongado, pois os esporos do BTficam protegidos dos raiosultravioletas, sob a película de óleo.Inseticidas fisiológicos comotriflumurom, tebufenozide, lefe-nuron e diflubenzuron também sãoconsiderados eficientes devido aatuarem na fase inicial do desen-volvimento larval, além de serembastante seletivos aos inimigosnaturais. Inseticidas tradicionaiscomo os piretróides, à base dedeltametrina e betaciflutrina, tam-bém são recomendados para con-trole da praga. A pulverização comos diferentes grupos de inseticidasdeve ser feita ao entardecer, quan-do o bicho-furão se acasala e põe osovos (5).

Em pomares com variedades deciclos precoce e tardio, a colheitadeve ser realizada o mais rápidopossível, para evitar que as mari-posas originárias de frutos madu-ros voem e realizem postura nosfrutos que estão iniciando amaturação. Recomendam-se aindacuidados adicionais de controle,

-se um halo amarelado que, com otempo, torna-se pardo-escuro. Peloorifício de penetração ocorre a eli-minação das fezes que ficamaderidas à superfície dos frutos, oque torna possível diferenciar dossintomas do ataque de moscas-das--frutas (Figura 2). Tanto frutos ver-des como maduros caem ao soloonde acabam apodrecendo, ficandoa produção inviabilizada para acomercialização in natura e/ou in-dustrialização (Figuras 3 e 4). Alémdos citros, a praga pode atacar ou-

tros hospedeiros como goiabeira,lichia, mangueira, macadâmia efruta-do-conde (4, 5).

Manejo e controle dapraga

Atualmente, a melhor maneirade monitorar a população do bicho--furão nos pomares é através dearmadilhas de feromônio sexual,ou seja, uma substância químicaproduzida pela fêmea que atrai omacho para o acasalamento. A ar-

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Informativo Técnico Entomologia

como apanhar os frutos atacadosdas árvores e do chão e enterrá-lossob uma camada de, no mínimo,30cm de terra, para que não hajareinfestação pelos adultos.

Agradecimento

Ao engenheiro agrônomo Tho-

Figura 4 – Dano causado pelo bicho-furão no fruto

Figura 3 – Sintoma do ataque do bicho-furão no fruto

maz de Andrade da CooperativaCentral Oeste Catarinense –Coopercentral pelas fotos que ilus-tram este artigo.

Literatura citada

1. PRATES, H.S.; PINTO, W.B. de S.;

CAETANO, A.A. Controle da “maripo-

sa das laranjas” In: CONGRESSO BRA-

SILEIRO DE FRUTICULTURA, 6.,

1981, Recife, 1981. Anais... Recife: SBF,

1981. v.2, p.552-557.

2. PINTO, W.B. de S. “Bicho furão” consi-

derado hoje uma das principais pragas

da nossa citricultura. Laranja. n.38,

p.4-5, 1994.

3. GARCIA, M.S. Bioecologia e potencial

de controle biológico de Ecdytolopha

aurantiana (Lima, 1927) (Lepdoptera:

Tortricidae), o bicho-furão-dos-citros,

através de Trichogramma pretiosum

Rileu, 1879. 1998. 118p. Tese de Dou-

torado – Escola Superior de Agricultu-

ra Luiz de Queiroz.

4. ZUCCHI, R.A.; SILVEIRA NETO, S.;

NAKANO, O. Guia de identificação de

pragas agrícolas. Piracicaba: Fealq,

1993. 139p.

5. NAKANO, O.; SOARES, M.G. Bicho-

-furão: biologia, hábitos e controle. La-

ranja, v.16, n.1, p.209-221, 1995.

6. PARRA, J.R.P.; NAKANO, O.;

GARCIA, M.S. Manual de manejo do

bicho furão. Araraquara, SP:

Fundecitrus, 2000. 10p.

José Maria Milanez, eng. agr., Dr.,

Epagri/Cepaf, C.P. 791, 89801-970

Chapecó, SC, fone: (049) 328-4277, fax:

(049) 328-6017, e-mail: milanez@

epagri.rct-sc.br e Luís Antonio

Chiaradia, eng. agr., M.Sc., Epagri/

Cepaf, C.P. 791, 89801-970 Chapecó, SC,

fone: (049) 323-4877, fax: (049) 328-6017,

e-mail: [email protected].

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Informativo Técnico Ovinos

Sistema intensivo de produção de ovinosSistema intensivo de produção de ovinosSistema intensivo de produção de ovinosSistema intensivo de produção de ovinosSistema intensivo de produção de ovinos

Cecília José Veríssimo, Eduardo Antonio da Cunha, Mauro Sartori Bueno eLuiz Eduardo dos Santos

Resumo

O artigo relata o sistema deprodução de ovinos de corte doInstituto de Zootecnia, em NovaOdessa, Estado de São Paulo, Bra-sil, que se baseia na manutençãodas matrizes em pastagens deforrageiras de alta produtividade ealto valor nutritivo (Panicummaximum, cv. Aruana e Tanzânia),manejadas intensivamente em sis-tema rotacionado, aliado à cria e aoacabamento dos cordeiros emconfinamento. Esse sistema, queprevê a utilização de reprodutoresselecionados de raças especia-lizadas para corte, em cruzamentocom matrizes deslanadas a cada 8meses, possibilita a obtenção decordeiros abatidos precocemente,com elevado desempenho ponderale boa conformação de carcaça, atin-gindo o peso ideal de abate (28 a30kg) em torno dos 100 dias deidade.

Introdução

Na Região Sudeste, nos últimosanos, tem-se verificado aumentona atividade da ovinocultura,estimulado por preços relativa-mente altos aplicados ao mercadoconsumidor. Essa maior demanda,todavia, é específica para carcaçasde boa qualidade, com peso médiode 12 a 13kg, provenientes deanimais novos, com no máximo120 dias de idade.

A Secretaria de Agricultura eAbastecimento do Estado de SãoPaulo, através do Instituto de

Zootecnia – IZ –, Centro de Pesqui-sa e Desenvolvimento de ZootecniaDiversificada, em Nova Odessa, SP,desenvolveu um sistema de cria-ção intensiva de ovinos fundamen-tado na manutenção das matrizesem pastagens de forrageiras de altaprodutividade e elevado valor nu-tritivo, manejadas intensivamen-te, aliado à cria e ao acabamentodos cordeiros em confinamento.Esse sistema, que prevê a utiliza-ção de reprodutores selecionadosde raças especializadas para corte,tais como Ile de France, Suffolk,Poll Dorset ou Texel, em cruza-mento com matrizes deslanadas,vem possibilitando a obtenção decordeiros com elevado desempe-nho ponderal e boa conformação decarcaça.

Os animais, nesse sistema decriação, têm apresentado pesomédio ao nascer de 4 a 4,5kg eganhos de peso da ordem de 280 e240g/dia nos períodos de pré e pós--desmame, respectivamente. Des-sa maneira, os cordeiros podem serdesmamados aos 45 dias de idade,com um peso vivo médio de 16 a17kg, atingindo 28 a 30kg aos 95 a100 dias, estando prontos para oabate. Nessa idade, a carne apre-senta-se com coloração rosada viva,elevado índice de maciez, saborinigualável e moderado nível degordura, suficiente para garantiruma leve cobertura da carcaça e aadequada marmorização (1).

Alimentação

Um dos fatores de sucesso do

sistema de produção intensiva doIZ é o uso de uma forrageira, ocapim Aruana (Panicum maximumcv. Aruana), cultivar de Coloniãoselecionada no IZ que apresentacaracterísticas que a recomendampara uso na ovinocultura, tais comoelevado valor nutritivo e excelenteaceitabilidade pelos animais, altaprodutividade por área, variandode 18 a 21t de matéria seca/ha/ano,com 35% a 40% dessa produçãoocorrendo no período seco do ano(outono/inverno), e porte médio,atingindo aproximadamente 80 a100cm de altura.

O capim Aruana também possuirapidez de perfilhamento, comgrande número de gemas basaisque rebrotam após cada ciclo depastejo, ocupando bem a área dopasto e não deixando áreas de solodescobertas, o que evita seupraguejamento e auxilia no contro-le da erosão. Além disso, este ca-pim se propaga por meio de semen-tes, o que garante o seu rápidoestabelecimento, e em grande quan-tidade, o que ajuda no restabe-lecimento em caso de necessidadede recuperação (após eventuaisacidentes, como queima, geada,pragas ou degradação por falha demanejo).

Apresenta, ainda, boa tolerân-cia ao rebaixamento drástico (10 a15cm de forragem remanescente)promovido pelo ovino, que possibi-lita a adoção dessa prática de ma-nejo como parte da estratégia nocontrole de parasitas gastrin-testinais, favorecendo a exposiçãodas fases não parasitárias (larvas

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infectantes) às intempéries climá-ticas (radiação solar e vento). Suaarquitetura foliar ereta e aberta,típica das forragens cespitosas (emtouceiras), propicia maior incidên-cia de radiação solar e maior venti-lação dentro do perfil da pastagem,o que facilita a dessecação de ovose larvas de helmintos (2).

Outra forrageira de interessepara a ovinocultura, e que tambémé utilizada no sistema intensivo doIZ, é o capim Tanzânia (Panicummaximum), semelhante ao Aruana,mas que apresenta, todavia, porteum pouco mais elevado, capacida-de de perfilhamento um poucomenor (menor quantidade de ge-mas basais), além de florescimentotardio, o que dificulta a possibilida-de de se permitir a ressemeaduranatural da forrageira.

A área de pastagem, com 6ha, ésubdividida em piquetes, o que pos-sibilita o manejo rotacionado. Osanimais entram no piquete quandoa forrageira encontra-se entre 35 e45 dias de crescimento, 60 e 80cmde altura, rica em folhas e materialde alto valor nutritivo; permane-cem no piquete por um período deno máximo 7 dias, até o rebaixa-mento da forrageira à altura de 10a 15cm, quando são transferidospara o piquete subseqüente. Essesistema permite uma alta lotação(30 a 35 matrizes/ha/ano).

No verão (período das chuvas),cada piquete pode ser, ainda, subdi-vidido com auxílio de cerca eletrifi-cada móvel, movimentada em fai-xas, liberando um terço do piquetea cada período de três a quatro dias.

A elevada produtividade e o altovalor nutritivo do Aruana é depen-dente de uma adequada reposiçãode nutrientes no solo, que é feitapor meio da aplicação de 150kg deN/ha/ano, e manutenção do pH edo teor adequado de fósforo no solo.

O sistema também dispõe deuma área de capineira (1,5ha), parauso como forrageiras de corte no

verão, e uma área de 4ha para aprodução de milho para silagem,que é fornecido como volumosoexclusivo para animais confinadose na suplementação de animais apasto durante o período seco doano.

Animais

A Unidade de Ovinos do IZ man-tém um plantel de aproximada-mente 250 ovelhas das raças SantaInês, Suffolk, Ile de France e PollDorset, que são utilizadas em estu-dos diversos e difusão de tecnologia.Um desses estudos mostrou que araça Santa Inês é bem menos sus-cetível à verminose do que as ou-tras raças, e a Suffolk foi a maissuscetível (3, 4). Esse resultado,aliado a outras características fa-voráveis da raça Santa Inês, taiscomo elevadas rusticidade (menorsuscetibilidade a ectoparasitos emenor incidência de problemas decasco) e eficiência reprodutiva (al-tas taxas de fertilidade o ano todo,prolificidade e habilidade materna)e menor exigência nutricional,além de dispensar a tosquia e ocorte de cauda (5), tem levado ospesquisadores a incentivar a cria-ção dessa raça como matriz paracruzamentos com reprodutores deraças especializadas para o corte,visando obter o cordeiro para oabate precoce (6).

Borregos, com potencial paraserem reprodutores, são submeti-dos a um programa de seleção quedá ênfase à avaliação direta do ani-mal, através das variáveis: peso aonascer, peso ao desmame, ganhode peso, conformação, desempe-nho a campo e em confinamento, ecaracterísticas raciais, até um anode idade, quando, então, os quepassam na avaliação sãodisponibilizados para venda comoreprodutores, gerando renda adi-cional. Os adultos, adquiridos ouselecionados dentro do rebanho,

ficam confinados em baias, somen-te indo a pasto durante a estação demonta (45 a 60 dias).

As fêmeas passam pelo mesmoprograma de seleção, onde, alémdos atributos produtivos, são ob-servados os de reprodução (habili-dade materna, fertilidade eprolificidade), além da capacidadede desmamar bem seus cordeiros.Borregas devem atingir o peso decobertura (70% do peso adulto) atéum ano de idade. Procura-se des-cartar as borregas que não atinjamessa meta e as fêmeas que apresen-tam intervalo entre partos supe-riores a doze meses. Anota-se opeso das crias ao nascer, que deve-rá ser igual ou superior a 3,5kg, epeso ao desmame, que deve serigual ou superior a 15kg ou 19kg,se for aos 45 ou 60 dias de idade,respectivamente.

Para que as matrizes exte-riorizem todo o seu potencial,elas recebem um bom manejoreprodutivo e nutricional, como arealização do “flushing” (alimenta-ção adequada das fêmeas durante aestação de monta, visando ao au-mento da incidência de partosgemelares) e manutenção da quali-dade nutricional no terço final dagestação, de modo a que se obte-nham índices de fertilidade eprolificidade ao redor de 85% e150%, respectivamente. Na épocadas águas, a pastagem de boa qua-lidade é suficiente para se atingi-rem esses índices (2). A utilizaçãode matrizes de raças menosestacionais, como a Santa Inês, emsistema de monta a cada oito me-ses (3, 7), também aumenta a efi-ciência do sistema.

Manejo sanitário

Controle de verminoses

A infestação por helmintos émonitorada a cada 40 a 60 dias,através de exames de fezes (ovos

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por grama de fezes – OPG) emamostragem de 10% a 25% donúmero total de animais porcategoria do rebanho.

As vermifugações são feitas combase no resultado do exame ouestratégicas, como, por exemplo,no terço final da gestação, logoapós o parto e no desmame, antesde as ovelhas retornarem ao pasto.Caso se detecte tendência deaumento na média do exame, ouexistam animais com sintomasclínicos evidentes de infestação norebanho (edema submandibulare/ou anemia), é utilizado vermífugo,cuja eficácia tenha sido comprovadaatravés do teste de redução de OPG.

No controle, procura-se utilizarprodutos de grupos químicosdiferentes, alternados, sempre quepossível, a cada aplicação. Troca-seo grupo químico quando se verificadiminuição na eficácia do produto.Desse modo, aliado ao manejo geraldo rebanho, tem-se mantido asverminoses sob controle, comquatro a seis aplicações devermífugo por ano.

Outras medidas utilizadas nosistema e que auxiliam direta ouindiretamente o controle daverminose são: revisão constantedos animais, com a separação dosdoentes; fornecimento de uma ali-mentação completa e balanceada(bons pastos na época das águas epasto e/ou silagem de milho e con-centrado com 16% de proteína bru-ta na seca, além de sal mineralespecialmente formulado para ovi-nos); colocação de animais jovens,separados dos adultos, em pastosreservados para a recria, com bai-xa contaminação de larvas dehelmintos (por terem ficado emdescanso por um bom tempo ou porserem recém-formados); aplicaçãode quarentena para ovinos que sãointroduzidos no rebanho, durantea qual são vermifugados, e, somen-te após a constatação de estaremlivres de parasitos, por meio do

exame de fezes, é que são integra-dos ao plantel; descarte dos ani-mais que apresentam, com freqüên-cia, sintomatologia clínica deverminose.

A proteção das categorias sus-cetíveis (ovelhas lactentes e cor-deiros em crescimento e termina-ção) em confinamento também éuma das medidas adotadas. As ove-lhas, logo após o parto, e seus cor-deiros são confinados em baias, e,após o desmame, as fêmeasretornam ao pasto, enquanto oscordeiros continuam confinados atéo abate, que geralmente ocorre emtorno de 90 dias. Normalmente,nesse sistema de criação, não énecessário aplicar vermífugo noscordeiros destinados ao abate, oque garante uma carne livre deresíduos químicos. No confina-mento, utiliza-se um cocho que di-ficulta a entrada dos animais.

No verão, pode-se utilizar a res-trição do horário de pastejo, libe-rando-se os animais após a seca-gem do orvalho, como medida auxi-liar no controle da verminose (8).

O sistema rotacionado depastejo, com capins cespitosos erebaixamento drástico da forra-geira (10 a 15cm), também auxiliano controle das verminoses.

Controle da eimeriose

Utiliza-se um coccidiostático àbase de monensina sódica no con-centrado (na quantidade de 400g deRumensin/tonelada de ração), quefica disponível aos cordeiroslactentes no “creepfeeding” (ali-mentação restrita somente aoscordeiros lactentes em local queimpede a entrada da fêmea), po-dendo também ser fornecido àsovelhas em lactação. Estudo con-duzido no rebanho com esse esque-ma de manejo (9) mostrou ser alta-mente eficaz no controle dessadoença, que tantos prejuízos traz,principalmente aos cordeiros em

crescimento.

Outras parasitoses

Para o controle de outras para-sitas comuns ao rebanho, como asmiíases causadas por larvas damosca-da-bicheira (Cochliomyiahominivorax), são utilizados os pro-cedimentos comuns para o contro-le, tais como limpeza das feridas,com retirada de todas as larvascom uma pinça, e posterior limpe-za do local com água oxigenada,solução desinfetante e produtosespecíficos para o controle dasmiíases. Para controlar o berne(Dermatobia hominis) e outrasmiíases (oestrose ou bicho-da-ca-beça (Oestrus ovis) tem-se utiliza-do vermífugo com ação ectopa-rasiticida, bem como cipermetrinana forma de aplicação “pour on”, nodorso dos animais que geralmentena época do verão (mais propícia aessa parasitose) estão tosquiados(10).

Vacinações

Vacina-se anualmente as ove-lhas (no terço final da gestação) e oscordeiros (no desmame) contra asclostridioses (carbúnculo sintomá-tico, gangrena gasosa, entero-toxemia e tétano).

Vacinação do rebanho contraoutras doenças (ex.: raiva e aftosa)é feita de acordo com recomenda-ção da Secretaria da Agricultura doEstado.

Problemas de casco

O “foot rot”, ou podridão doscascos, é prevenido através depassagem freqüente dos animaisem pedilúvio, principalmente noperíodo das águas, e casqueamento(aparo) e revisão periódica dos cas-cos dos animais. Casos graves sãotratados com antibiótico.

Para o preparo da solução do

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pedilúvio, além de 1% de detergen-te doméstico (utilizado com a fina-lidade de limpar o casco), alterna--se o princípio ativo: solução a 10%de sulfato de zinco, a 2,5% de formol,iodo (200ml de Biocid em 50 litrosde água), ou solução a 10% de sul-fato de cobre. Este último deve serevitado em animais jovens e fê-meas no final de gestação e emlactação, ante a possibilidade deintoxicação pelo cobre.

Cuidados com osrecém-nascidos

Os cuidados com os recém-nas-cidos também são fundamentaispara o sucesso do sistema de pro-dução. Nesses cuidados, incluem--se:

• Confinamento da mãe e desuas crias em baias, preferen-cialmente de chão batido, forradascom cama de bagaço de cana,maravalha ou palha, com alimen-tação de qualidade no cocho. Quandose realiza a troca da cama, queacontece quando ela está muitoúmida, polvilha-se com superfosfatosimples, misturando-o à nova cama,o que evita a proliferação de moscase o odor de amônia no ambiente. Asbaias também são providas delâmpadas para aquecimento doscordeiros quando a temperaturaambiente está baixa.

• Auxílio, se necessário, paraque os cordeiros comecem a mamare suplementação com leite de vacaa cordeiros filhos de ovelhasmultíparas (três ou mais cordeiros).

• Desinfecção do umbigo comtintura de iodo.

• Caudectomia (corte da cauda)nas raças lanadas (essa prática nãoé indicada às raças deslanadas, comoa Santa Inês), a fim de evitar que,posteriormente, aconteçam dificul-dades na cópula e miíases (por acú-mulo de fezes ou restos placen-tários).

Índices zootécnicos

Os índices zootécnicos médiosobtidos no sistema intensivo deabate superprecoce do IZ e nossistemas tradicional e intensivo nor-malmente utilizados pelos produ-tores, podem ser comparados naTabela 1.

Como se pode ver, o cordeiro

Informativo Técnico Ovinos

Tabela 1 – Índices zootécnicos médios de uma ovinocultura no sistema tradicional, sistema intensivo normal e nosistema IZ de abate superprecoce

Sistema Sistema Sistema IZ deÍndices médiostradicional1 intensivo normal1 abate superprecoce

Taxa de lotação de pastagens

(matrizes/ha/ano) 10 a 12 20 a 25 30 a 35

Idade na primeira cobertura (dias) 540 330 300

Fertilidade (%) 85 85 87

Prolificidade (%) 130 145 145

Intervalo entre partos (meses) 12 12 8

Peso ao nascer (kg) 3,5 4,5 4,5

Idade de desmame (dias) 90 60 45

Peso no desmame (kg) 18,8 17,7 17,1

Ganho de peso pré-desmame (g/dia) 170 220 280

Peso vivo no abate (kg) 28 a 30 28 a 30 28 a 30

Idade de abate (dias) 169 120 95

Ganho de peso pós-desmame (g/dia) 130 190 240

Rendimento de carcaça fria (%) 42 45 45

Custo estimado de produção

(R$/kg de carcaça, em módulo mínimo de 100 cordeiros)2 2,26 2,40 2,32

1 Santos, M.E.B. 2000 (O Berro, n.39, p.28).2 Cálculo com base em R$ 1,60/kg PV.

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superprecoce criado no sistemaintensivo de produção do Institutode Zootecnia é um animal abatidocom menos de 100 dias, com pesoadequado às exigências do merca-do e carcaça de qualidade superior(1, 6).

O sistema de abate superpre-coce implantado no Instituto deZootecnia permite a pequenos e amédios produtores obter uma boareceita líquida anual.

Considerações finais

O sucesso da ovinoculturaintensiva está na produção degrande número de cordeiros a seremacabados. A produção de forragensde boa qualidade, alimentaçãoadequada e proteção das categoriassuscetíveis, com o confinamentode ovelhas em lactação e decordeiros do nascimento ao abate,são importantes fatores para seatingir esse objetivo.

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Cecília José Veríssimo, méd. veteriná-

ria, M.Sc., Instituto de Zootecnia , C.P. 60,

13460-000, Nova Odessa, SP, fone: (019)

3466-9400, fax: (019) 3466-1279, e-mail:

[email protected]; Eduardo Antonio

da Cunha, zootecnista, Instituto de

Zootecnia, C.P. 60, 13460-000, Nova

Odessa, SP, fone: (019) 3466-9400, fax:

(019) 3466-1279, e-mail: [email protected];

Mauro Sartori Bueno, zootecnista, Dr.,

Instituto de Zootecnia , C.P. 60, 13460-000,

Nova Odessa, SP, fone: (019) 3466-9400,

fax: (019) 3466-1279, e-mail:

[email protected] e Luiz Eduardo dos

Santos, eng. agr., M.Sc., Instituto de

Zootecnia, C.P. 60, 13460-000, Nova

Odessa, SP, fone: (019) 3466-9400, fax:

(019) 3466-1279, e-mail:[email protected].

Informativo Técnico Ovinos

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Informativo Técnico Entomologia

Mosca-Mosca-Mosca-Mosca-Mosca-dododododo-figo: uma nova praga na-figo: uma nova praga na-figo: uma nova praga na-figo: uma nova praga na-figo: uma nova praga naRRRRRegião Oeste Catarinenseegião Oeste Catarinenseegião Oeste Catarinenseegião Oeste Catarinenseegião Oeste Catarinense

José Maria Milanez e Luís Antonio Chiaradia

Resumo

A presença da mosca-do-figo,Zaprionus indianus Gupta, 1970(Diptera: Drosophilidae), foi regis-trada pela primeira vez no Brasilem 1999 no Estado de São Paulo.No ano de 2001, foi relatada ata-cando frutos de espécies exóticas enativas na Região Litorânea do Es-tado de Santa Catarina, e no mêsde abril de 2002 foi encontradaatacando frutos de figo na RegiãoOeste Catarinense. Acredita-se quea rápida dispersão da praga pelasdiferentes regiões do País deu-se,principalmente, através da co-mercialização de frutos in natura.Seu potencial de dano é bastantegrande, podendo causar quebra deaté 80% da produção, se não forcontrolada. O seu ciclo biológico(ovo–adulto) é bastante rápido, ouseja, menor que 20 dias. As fêmeasrealizam a postura no ostíolo dofruto (cavidade pistilar). Após aeclosão as larvas penetram no inte-rior dos frutos onde se desenvol-vem, causando dano a eles. Umamedida bastante simples e eficazde controle é colocar na região doostíolo, do fruto ainda verde, umadesivo para evitar que as fêmeasrealizem a postura.

Palavras-chave: Zaprionusindianus, mosca-do-figo, ocorrên-cia, controle.

Introdução

Embora a área plantada com acultura do figo (Ficus carica L.;Moraceae) ainda seja pequena naRegião Oeste do Estado de SantaCatarina, os fruticultores já se de-param com o problema da mosca-

-do-figo, conhecida cientificamentecomo Zaprionus indianus Gupta,1970 (Díptera: Drosophilidae).

A mosca-do-figo é supostamen-te originária do continente africa-no e recentemente foi introduzidano Brasil, sendo sua presença re-gistrada pela primeira vez no mu-nicípio de Santa Isabel, Estado deSão Paulo, no ano de 1999, atacan-do frutos de caqui. Na mesma épo-ca, durante a safra de 1998/99, elacausou uma quebra de cerca de80% na produção de figo destinadoà exportação, no município deValinhos, SP (1). Pouco ainda seconhece sobre a bioecologia dessapraga em nossas condições, o quedificulta as orientações sobre asmedidas de controle que devem sertomadas para solucionar o proble-ma.

Distribuição da praga

O gênero Zaprionus possui cer-ca de 56 espécies espalhadas pelasregiões tropicais do planeta, sendoque sua dispersão provavelmentese deu pela intensificação do co-mércio mundial de frutas. Já foiencontrado em todo o continenteafricano, sendo ainda relatada suapresença nas Ilhas Comores,Madagascar, Seychelles, Reuniãoe Mascarenhas, no Oceano Índico,nas Ilhas Canárias e Santa Helena,no Oceano Atlântico; na Índia,Arábia Saudita e alguns países daAmérica do Sul. No Brasil, suapresença já foi registrada nos Esta-dos de São Paulo, Santa Catarina,Rio de Janeiro, Minas Gerais, MatoGrosso do Sul e Goiás. Na regiãodos cerrados foi encontrado ata-cando duas espécies nativas: lobeira

(Solanum licopercum) e araticum(Annona crassiflora) (2). No ano de2001, foi feito o primeiro registroda presença da mosca na RegiãoLitorânea do Estado de SantaCatarina, atacando frutos de espé-cies exóticas e nativas, sendo cap-turada utilizando-se bananas comoiscas (3).

Descrição e biologia

O inseto adulto tem cor casta-nha, olhos avermelhados, apresen-tando na região dorsal da cabeça edo tórax faixas longitudinais bran-co-prateadas delimitadas por es-treitas faixas negras, e mede apro-ximadamente 2,5 a 3,0mm de com-primento (Figura 1).

Os ovos são depositados noostíolo do fruto (cavidade pistilar).Cada fêmea pode colocar até 3.000ovos num período de 70 dias. Osovos são de coloração leitosa,fusiformes, tendo numa das extre-midades 4 filamentos (Figura 2). Aslarvas são vermiformes, de colora-ção branco-leitosa, e após comple-tarem o desenvolvimento passampara a fase de pupa no interior dosfrutos.

Adultos e larvas se alimentamfundamentalmente de bactérias eleveduras que participam da fer-mentação dos substratos ricos emcarboidratos, especialmente de fru-tos em decomposição. As substân-cias voláteis que se originam du-rante o processo de fermentaçãodos frutos funcionam como princi-pal atrativo para os adultos dasmoscas. Frutas como manga, goia-ba, caqui, melão, entre outras, queapresentam algum tipo de injúriaprovocada por outras espécies de

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Informativo Técnico Entomologia

rápido, ou seja, menor que 20 dias.

Medidas preventivas decontrole

As medidas de controle reco-mendadas são:

• Limpar os pomares e seusarredores, mantendo as plantas defigo e de outras frutíferas isentasde frutas em estágio avançado deamadurecimento e/ou danificadaspor insetos ou por pássaros.

• Queimar ou enterrar qualquertipo de vegetal (principalmentefrutas e legumes) que possa entrarem decomposição e constituir-seem foco de criação da mosca.

• Colocar na região do ostíolo(extremidade oposta ao pedúnculo)do fruto ainda verde um adesivopara evitar a postura das fêmeas. Oadesivo não prejudica o desenvolvi-mento normal dos frutos.

• Ensacar os frutos com sacosde papel parafinado.

Literatura citada

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3. TONI, D.C. de.; HOFMANN, P.R.P.;VALENTE, V.L.S. First record ofZaprionus indianus (Diptera,Drosphilidae) in the state of SantaCatarina, Brasil. Biotemas, Florianó-polis, v.14, n.1, p.71-85, 2001.

José Maria Milanez, eng. agr., M.Sc.,Epagri/Cepaf, C.P. 791, 89801-970Chapecó, SC, fone: (049) 328-4277, fax:(049) 328-6017, e-mail: [email protected] e Luís AntonioChiaradia, eng. agr., M.Sc., Epagri/Cepaf,C.P. 791, 89801-970 Chapecó, SC, fone:(049) 328-4277, fax: (049) 328-6017,e-mail: [email protected].

Figura 3 – Danoscausados pelamosca-do-figo

insetos ou pássaros, podem favore-cer o ataque e o desenvolvimentoda mosca-do-figo.

Danos

Os adultos que carregam juntoao seu corpo bactérias e levedurasdepositam-nas junto ao ostíolo du-rante o período da oviposição. Após

sua eclosão, as larvas penetram nofruto ainda verde, deslocam-se parao interior deste e iniciam o proces-so de decomposição, oportunizandoainda que outras espécies de inse-tos possam atacá-lo. Em poucosdias o fruto se torna impróprio parao comércio e para o consumo (Figu-ra 3). O ciclo de vida da mosca--do-figo, de ovo a adulto, é bastante

Figura 1 – Insetoadulto damosca-do-figo

Figura 2 – Ovosda mosca-do-figo

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Informativo Técnico Entomologia

Controle do ácaroControle do ácaroControle do ácaroControle do ácaroControle do ácaro-vermelho-vermelho-vermelho-vermelho-vermelho-----europeu em macieiraeuropeu em macieiraeuropeu em macieiraeuropeu em macieiraeuropeu em macieiracom abamectin em diferentes volumes de caldacom abamectin em diferentes volumes de caldacom abamectin em diferentes volumes de caldacom abamectin em diferentes volumes de caldacom abamectin em diferentes volumes de calda

Luiz Antônio Palladini e Márcia Mondardo

Resumo

O ácaro-vermelho-europeu,Panonychus ulmi (Kock, 1836), éuma praga danosa que ataca a cul-tura da macieira causando sériosprejuízos econômicos. O presentetrabalho teve como objetivo ava-liar a eficiência do acaricidaabamectin aplicado em diferentesvolumes de calda. O experimentofoi realizado em pomar comercialadulto, cultivar Fuji. O acaricidaVertimec 18 CE, na dosagem de1,0L/ha mais 0,25% de óleo mine-ral, foi aplicado nos volumes decalda de 212, 298, 435, 608, 858 e1.100L/ha. O delineamento experi-mental foi blocos casualizados comquatro repetições. As amostras paradeterminar o número médio deácaros por folha foram realizadassemanalmente, coletando-se dezfolhas do terço basal dos ramos deano em cada parcela. A remoçãodos ácaros das folhas foi feita atra-vés da máquina de escovar ácaros,depositando-os em placas de vidrountadas com vaselina, e a conta-gem foi realizada com o auxílio deum microscópio estereoscópico. Osresultados mostraram que oabamectin controla o ácaro, quan-do aplicado no início da brotação, eque os menores volumes 212 e298L/ha apresentaram maior pe-ríodo de controle.

Termos para indexação:ácaro-vermelho-europeu, Panony-chus ulmi, volume de calda,abamectin, macieira.

Introdução

O ácaro-vermelho-europeu,Panonychus ulmi (Koch, 1836), éuma praga danosa à cultura damacieira. O seu período de ocor-

rência, nas principais regiões pro-dutoras do Brasil, é de setembro amaio. Os danos causados são: redu-ção da clorofila e da taxa detranspiração das folhas, queda pre-matura das folhas, redução no nú-mero de botões florais e no tama-nho dos frutos, além da descolora-ção destes (1). As cultivares Fuji eGala estão entre as mais suscetí-veis ao ataque do ácaro-vermelho--europeu (2), justamente as maiscultivadas atualmente no Brasil.

O controle de ácaro com o uso deprodutos químicos é uma práticaconstante nos pomares de maciei-ra. Normalmente, as pulverizaçõessão realizadas com acaricidasadulticidas, com aplicações utilizan-do-se volume alto de calda, ou seja,até o ponto de escorrimento, natentativa de atingir o ácaro quefreqüentemente encontra-se na su-perfície inferior das folhas, e ondeas fêmeas depositam seus ovos. Noentanto, pesquisas com Sipacatin500 na dosagem de 250ml de ingre-diente ativo por hectare mostraramque a eficiência no controle do ácaro--vermelho-europeu foi a mesma, in-dependentemente do volume decalda utilizado nas pulverizações (3).O controle das pragas está relacio-nado diretamente com a deposiçãoinicial, a distribuição e a quantidaderesidual de produto na superfície--alvo (4).

A resistência de algumas espé-cies de ácaros aos acaricidas temestimulado a busca de novas alter-nativas nos métodos de controle,pois a perda da eficiência e, conse-qüentemente, a falta de controle acampo causa muitos prejuízos aosprodutores (5). Nos últimos anos,vários produtos novos foram intro-duzidos para o controle de ácaros,dentre eles o ingrediente ativo de

uma substância produzida pelomicrorganismo de solo Strepto-myces avermitilis, apresentandocomo característica mais interes-sante a sua capacidade de penetra-ção subcuticular, o que permite omovimento do abamectin nomesófilo das folhas, proporcionan-do, assim, grande eficácia no con-trole de ácaros e insetos que sealimentam da folha, por ingestãoou sucção. Porém, para se obte-rem melhores resultados, a apli-cação deverá ser feita quando asfolhas são jovens (6).

Este trabalho teve como objeti-vo avaliar a eficiência do abamectinno controle do ácaro-vermelho--europeu em macieira, utilizan-do-se diferentes volumes de calda,em aplicações logo após o início dabrotação.

Material e métodos

O experimento foi realizado nociclo 1996/97 em um pomar co-mercial de macieira, com noveanos de idade, da cultivar Fuji,localizado em Fraiburgo, SC, comespaçamento de 5m entre linhas e2m entre plantas.

O acaricida utilizado foi oabamectin (Vertimec 18 CE)na dosagem recomendada de1,0L/ha, com a adição na calda de0,25% do óleo mineral Sunspray.As pulverizações foram realizadastrês semanas após a plena floraçãoda macieira, quando as folhas es-tavam tenras, utilizando-se umturboatomizador de arrasto e jatotransportado, marca Jacto, mode-lo Arbus 850/1500, na velocidadede 5,6km/h.

O delineamento experimentalfoi blocos inteiramente casuali-zados com 7 tratamentos e 4 repe-

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Agropec. Catarin., v.15, n.3, nov. 2002 45

Informativo Técnico Entomologia

tições. Cada parcela foi compostade 3 linhas paralelas de 17 plantas,com a avaliação do efeito dos trata-mentos em 2 plantas previamentemarcadas na fila central.

Os tratamentos com os diferen-tes volumes de calda e bicos foram:1) 212L/ha, com bicos JA-1; 2) 298L/ha, com bicos JA-1,5; 3) 435L/ha,com bicos JA-2; 4) 608L/ha, combicos JA-3; 5) 858L/ha, com bicosJA-4; 6) 1.100L/ha, com bicos JA-5,e 7) testemunha sem tratamento.

As avaliações para determinaro número de ácaros por folha foramrealizadas tomando-se amostras dedez folhas por parcela, coletadas noterço basal de ramos de ano, dasplantas previamente marcadas. Aremoção dos ácaros das folhas foirealizada com o uso da máquina deescovar ácaros, sobre placas de vi-dro circular untadas com vaselina,e a contagem, com o auxílio demicroscópio estereoscópico.

Antes das aplicações dos trata-mentos, fez-se uma avaliação pré-via para determinar a quantidadede ácaros. Após as aplicações dostratamentos, as avaliações foramrealizadas semanalmente.

Para a análise estatística dos

dados, calculou-se a percentagemde eficiência de controle dos ácarosem relação à testemunha, atravésda fórmula de Handerson & Tilton(7), nas avaliações realizadas nosintervalos de 33, 60 e 87 dias, apósa aplicação dos tratamentos. Osdados foram submetidos à análisede variância. Quando o teste F paratratamentos foi significativo (p≤0,1),escolhido a priori, as médias foramcomparadas pelo teste de Duncan a5% de probabilidade.

Resultados e discussão

O número médio superior a 7,1ácaros-vermelhos-europeus por fo-lha, nas parcelas, na avaliação pré-via ao tratamento com o acaricida,demonstrou a necessidade de con-trole, pois a média normalmenteutilizada como parâmetro para otratamento com acaricidas na re-gião de Fraiburgo, SC, é de 2,5ácaros por folha. A aplicação deprodutos químicos para o controlede ácaros com base na quantidadede ácaro por folha também é utili-zada em outras regiões produtorasde maçã. Na região do Estado doOregon, EUA, o controle de P. ulmi

é realizado quando a densidadepopulacional está entre dois e cincoácaros por folha (8).

A percentagem de eficiência nasavaliações com 33 e 60 dias após aaplicação do acaricida Vertimec nãoapresentou diferenças estatistica-mente significativas entre os volu-mes de calda estudados (Tabela 1).As percentagens de eficiência fo-ram superiores a 97,81% e 99,31%,respectivamente. Na avaliação fi-nal, após 87 dias da realização dostratamentos, os volumes de 607 e1.100L/ha apresentaram reduçãona percentagem de eficiência para67,62% e 85,5%, respectivamente,médias que não diferem estatisti-camente entre si. Nos tratamentoscom 212, 298, 435 e 858L/ha, aeficiência de controle foi superior a91,3%, e as médias não apre-sentaram diferenças estatistica-mente significativas entre si e nemdo tratamento com volume de1.100L/ha.

O comportamento semanal dadensidade populacional de ácarosnos diferentes volumes de caldautilizados (Figura 1) mostrou que,nos primeiros 15 dias após a aplica-ção do acaricida, a população conti-

Tabela 1 – Número médio de ácaros (Panonychus ulmi) por folha e percentual de eficiência nos tratamentos com abamectin

com diferentes volumes de calda, na pré-aplicação e nas avaliações com 33, 60 e 87 dias após o tratamento, no ciclo 1996/97.

Fraiburgo, SC

VolumeQuantidade na Quantidade

EficiênciaQuantidade

EficiênciaQuantidade

Eficiência1

(L/ha)pré-aplicação na avaliação

(%)na avaliação

(%)na avaliação

(%)em 16/10 de 19/11 de 16/12 de 13/01

212 7,2 1,6 98,07 0,2 99,97 1,6 93,14a

298 8,9 2,2 98,19 0,3 99,94 2,1 95,30a

435 7,1 1,7 97,83 1,2 99,71 3,0 91,30a

607 15,6 1,9 99,02 6,0 99,31 23,8 67,62 b

858 14,6 3,3 97,81 3,5 99,56 7,8 92,60a

1.100 7,4 1,1 98,43 1,4 99,50 6,9 85,50ab

Testemunha 10,4 135,4 - 572,8 - 52,5 -

Teste F ns ns p < 0,1

CV (%) - - 1,27 - 0,36 - 14,83

1 Médias seguidas de mesma letra, na coluna com o percentual de eficiência, não diferem estatisticamente entre si peloteste de Duncan a 5% de probabilidade.

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0

2,5

5

7,5

10

12,5

15

17,5

20

22,5

25

27,5

30

32,5

35

16/10 30/10 5/11 12/11 19/11 26/11 3/12 10/12 16/12 23/12 30/12 7/1 13/1

Datas das avaliações

dia

de

ác

aro

s

212L/ha

298L/ha

435L/ha

607L/ha

858L/ha

1.100L/ha

nuou aumentando e que a reduçãoocorreu somente a partir da ava-liação realizada em 5/11, 20 diasapós o tratamento. No entanto, aredução da população a níveis pró-ximos ou inferiores a 2,5 ácaros porfolha ocorreu somente na avalia-ção de 12/11, 27 dias após a aplica-ção dos tratamentos. Estes níveispopulacionais permaneceram se-melhantes nas avaliações seguin-tes até 23/12, 67 dias após o trata-mento, exceto para os volumes de607 e 858L/ha que apresentavamdensidade populacional próximo ouacima do limite de 2,5 ácaros porfolha, em praticamente todas assemanas. Provavelmente, isto sejaem função da maior quantidade deácaros por folha antes da aplicaçãodo acaricida. A partir desta avalia-ção até a última, estes volumes,juntamente com o de 1.100L/ha,sempre apresentaram maior quan-tidade de ácaros por folha, em rela-ção aos demais volumes, com adensidade acima do nível de con-trole.

Os resultados mostraram que apartir de 27 dias após o tratamento,até a avaliação final 87 dias após, osvolumes de calda 212 e 298L/haapresentaram sempre as menoresmédias de densidade populacionalde ácaros por folha e com níveisinferiores ao estabelecido como li-mite para controle nesta região.Esses resultados corroboram comos obtidos com aplicações de volu-me reduzido de calda também uti-lizando uma mesma quantidade de

ingrediente ativo por área no con-trole do ácaro rajado, Tetranychusurticae (9), e para o controle deácaro vermelho europeu e ácarorajado em macieira (10).

Conclusões

O acaricida abamectin controlao ácaro Panonychus ulmi quandoaplicado no início da brotação, e osvolumes de 212 e 298L/ha apresen-tam maior período residual de con-trole em comparação com os de-mais volumes.

Literatura citada

1. KOVALESKI, A. Aspectos biológicos epreferenciais para alimentação eoviposição de Panonychus ulmi (KOCK,1836) (Acari, Tetranychidae) em culti-vares de macieira. Piracicaba:USP/Esalq, 1988. 122p. Tese Mestrado.

2. ORTH, A.I.; RIBEIRO, L.G.; REIS FI-LHO, W. Manejo de pragas. In:EMPASC. Manual da cultura da ma-cieira. Florianópolis, 1986. p.341-379.

3. PALLADINI, L.A.; REIS FILHO, W.Eficiência de diferentes volumes decalda no controle do ácaro Panonychusulmi (Koch) da macieira. Anais daSociedade Entomológica do Brasil,v.25, n.1, p.161-164, 1996.

4. HALL, F.R.; REICHARD, D.L.;KRUEGER, H.R. Effects of sprayvolume and nozzle pressure on orchardspray deposits. Journal of EconomicEntomology, v.74, p.461-464, 1981.

5. HULL, L.A.; BEERS, E.H. Validation ofinjury thresholds for European RedMite (Acari:Tetranychidae) on ‘Yorking’

Figura 1 – Média de ácaros (Panonychus ulmi) por folha para os diferentes volumes de calda na pré-avaliação (16/10) e nasavaliações semanais após o tratamento com abamectin, ciclo 96/97. Fraiburgo, SC

and ‘Delicious’ apple. Journal ofEconomic Entomology, v.83, n.5,p.2026-2031, 1990.

6. ONZÁLES, R.; BARRÍA, G.Abamectina: Insecticida-acaricida deorigem biológico en el control de la falsaarañita de la vida y del trips de Californiay degradación de residuos ennectarinos. Revista Fruticola, v,20, n,1,p,5-10, 1999.

7. HANDERSON, C.F., TILTON, E.W.Tests with acaricides against the brownwheat mite. Journal of EconomicEntomology, v.48, p.157-161, 1955.

8. ZWICK, R.W.; FIELDS, G.J.;MELLENTHIN, W.M. Effects of mitepopulation density on ‘Newtown’ and‘Golden Delicious’ apple treeperformance. Journal of the AmericanSociety for Horticultural Science, v.101,n.2, p.123-125, 1976.

9. WHAN, H.J.; SMITH, I.R.; MORGAN,N.G. Effect of spraying techniques onthe brown rot of peach fruit, and onblack spot, powdery mildew and thetwo-spotted mite of apple trees.Pesticide Science, v.14, p.609-614, 1983.

10. WICKS, T.J.; NITSCHKE, I.F. Controlof apple diseases and pests with lowspray volumes and reduced chemicalrates. Crop Protection, v. 5, n.6, p.283-287, 1986.

Luiz Antônio Palladini, eng. agr., Dr.,Epagri/Estação Experimental de Caçador,C.P. 591, 89500-000 Caçador, SC, fone:(049) 563-0211, fax: (049) 563-3211,e-mail: [email protected] eMárcia Mondardo, eng. agr., M.Sc.,Epagri/Estação Experimental de Caçador,C.P. 591, 89500-000 Caçador, SC, fone:(049) 563-0211, fax: (049) 563-3211,e-mail: [email protected].

Informativo Técnico Entomologia

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Agropec. Catarin., v.15, n.3, nov. 2002 47

Informativo Técnico Rizipiscicultura

Rizipiscicultura: uma alternativa rentável para oRizipiscicultura: uma alternativa rentável para oRizipiscicultura: uma alternativa rentável para oRizipiscicultura: uma alternativa rentável para oRizipiscicultura: uma alternativa rentável para oprodutor de arroz irrigadoprodutor de arroz irrigadoprodutor de arroz irrigadoprodutor de arroz irrigadoprodutor de arroz irrigado

Gosuke Sato

Resumo

A rizipiscicultura é a técnica decriar peixes ou crustáceos nos qua-dros de arroz irrigado. Os peixesexercem um controle biológico so-bre as pragas da arrozeira (plantase insetos), permitindo a produçãodo arroz sem o uso de agrotóxicos.Com o objetivo de avaliar a produ-tividade de arroz, peixe e controlede pragas através da rizipis-cicultura, foram implantados naEstação Experimental de Itajaí ex-perimentos compostos de duas den-sidades (D1 = 15.000 alevinos/ha eD2 = 30.000 alevinos/ha) e trêsproporções de espécies entre carpacomum (Cyprinus carpio), carpacapim (Ctenopharingodon idella) etilápia do Nilo (Oreochromis

niloticus). A produtividade do ar-roz, 144 dias após a semeadura,demonstrou um aumento médio de22,98% em relação à testemunha.A maior produtividade de peixe,após 123 dias de cultivo, foi de1.451kg/ha. A média de ataque dalarva da bicheira da raiz, com ava-liação feita 27 dias após opeixamento, foi de 14,6 por perfilho.A análise econômica efetuada comos peixes ensejou um lucro deR$ 497,29 por hectare, quecorresponde a cerca de 30% da pro-dutividade do arroz. Concluiu-seque a prática da rizipiscicultura éeconomicamente viável e auxiliana preservação do meio ambiente.

Termos para indexação:

rizipiscicultura, arroz irrigado, pei-xes.

Introdução

Rizipiscicultura é uma técnicade criar peixes nos quadros de ar-roz irrigado. Ela apresenta váriasvantagens para a produção do ar-roz, que vão desde o aumento daprodutividade até a redução de suaspragas (plantas e insetos).

O Estado de Santa Catarina pos-sui cerca de 130.000ha de arrozirrigado, distribuídos em pequenaspropriedades, o que facilita a im-plantação da rizipiscicultura. Maisde 20 anos se passaram desde oprimeiro trabalho de pesquisa efe-tuado em Santa Catarina (1), en-tretanto, pouco foi feito em termosde pesquisa, a não ser práticas iso-ladas de alguns produtores rurais,que na região de Turvo estão pro-duzindo cerca de 2.700kg/ha/anode peixes (2).

Nos últimos anos, com a preo-cupação crescente em relação àpoluição ambiental, causada pelosagrotóxicos utilizados nas arro-zeiras, a rizipiscicultura está sendoapontada como uma das alternati-vas viáveis para tentar diminuiresse impacto ambiental negativo.Neste caso, o peixe entra como umagente biológico no controle de plan-tas daninhas e insetos, tendo comoalvo principal a larva da bicheira--da-raiz, e contribui para a reduçãodo uso de agrotóxicos.

Somente no biênio 1996/97, aEpagri, através do projeto finan-ciado pelo Projeto de Execução Des-centralizada (PED) do Ministériodo Meio Ambiente, adaptou cercade 90ha de arrozeiras pararizipiscicultura, envolvendo 38 pro-dutores rurais da Região do BaixoVale do Rio Itajaí Açu.

O objetivo deste trabalho foi ode testar as produtividades do pei-xe e do arroz e verificar a eficiênciado peixe no controle biológico depragas, utilizando-se de umpolicultivo da carpa capim (Cteno-

pharingodon idella), carpa comum(Cyprinus carpio) e tilápia do Nilo(Oreochromis niloticus).

Material e métodos

O experimento foi conduzido naEpagri/Estação Experimental deItajaí no período de 27/11/96 a29/4/97. O delineamento experimen-tal foi inteiramente casualizado,sendo utilizadas 24 parcelas de220m² em média, onde foram insta-lados 6 tratamentos com 3 repeti-ções, mais 3 tratamentos adicio-nais com 2 repetições cada um. Ostratamentos se constituíram nacombinação de 2 densidades (D1 =15.000 e D2 = 30.000 alevinos/ha) e3 proporções de espécies (P1 = 1:7:7;P2 = 1:5:9 e P3 = 1:9:5, para carpacapim, carpa comum e tilápia, res-pectivamente). Os tratamentosadicionais foram constituídos datestemunha D0P0 (sem peixe),

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D1P1SA e D2P1SA, ambos semalimentação suplementar.

Os quadros de arroz foram adap-tados para a rizipiscicultura, esca-vando-se lateralmente um refúgiode cerca de 2,5% da área, com 0,5mde profundidade, e elevando-se ataipa (Figura 1).

A cultivar de arroz utilizada foia EPAGRI 108, pré-germinada esemeada a lanço no dia 27/11/96, nadensidade de 80kg/ha.

As arrozeiras foram povoadas,27 dias após a semeadura do arroz,com alevinos de carpa capim, carpacomum e tilápia de 2,76, 1,91 e0,88g, respectivamente. Foi ofere-cida diariamente, cerca de 10% dasua biomassa, uma ração comer-cial extruzada de 28% de proteínabruta, sendo que no primeiro mêsela foi triturada para facilitar a suaingestão.

A avaliação do nível de infestaçãoda bicheira-da-raiz foi realizada 55dias após a semeadura do arroz e 27dias após a introdução do peixe.

A avaliação da produtividade doarroz foi realizada 144 dias após asemeadura e a do peixe, 123 diasapós o seu povoamento.

Não foi utilizado nenhum tipode herbicida durante o experimen-to e a avaliação da infestação deplantas daninhas foi qualitativa.

Semanalmente, foi realizado umacompanhamento da qualidade daágua em relação a temperatura,oxigênio dissolvido, pH e amônia.

Resultados e discussão

• Produtividade do arroz – amédia da produtividade do arroznos locais com a presença dos pei-xes foi de 5.166kg/ha, 22,98%maior que a testemunha, sem pei-xe, que foi de 4.201kg/ha (Figura2), enquanto a média da região é de6.000kg/ha. Esta diferença prova-velmente foi em decorrência daquantidade reduzida de sementeutilizada (80kg/ha) para dar maiorespaço aos peixes e pelas condições

Informativo Técnico Rizipiscicultura

Figura 1 – Adaptação dos quadros de arroz para rizipiscicultura

Figura 2 – Produtividade do arroz por tratamento (kg/ha)

Nota: D = densidade (D0 = sem peixe, D1 = 15.000 alevinos/ha e D2 = 30.000alevinos/ha); P = proporção de espécies (P0 = sem peixe, P1 = 1:7:7; P2 =1:5:9 e P3 = 1:9:5, respectivamente, para carpa capim, carpa comum etilápia do Nilo); SA = sem alimentação.

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D1P1 D1P1SA D1P2 D1P3 D2P1 D2P1SA D2P2 D2P3 D0P0

Tratamento

de semeadura, que foi prejudicadapela germinação das plantas dani-nhas, enquanto estavam sendo pre-paradas as parcelas, e também peloataque intensivo de larvas dabicheira-da-raiz. Entre os tratamen-tos que constituíram a combinaçãodas duas densidades e das três pro-porções de espécies, não houve uma

diferença estatisticamente signifi-cativa.

• Avaliação de larvas e pupas

da bicheira-da-raiz – a incidên-cia de larvas da bicheira-da-raizvariou de 12 a 27,2 larvas porperfilho, entretanto não houve di-ferença significativa entre os trata-mentos. É considerada prejudicial

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Informativo Técnico Rizipiscicultura

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D1P1 D1P1SA D1P2 D1P3 D2P1 D2P1SA D2P2 D2P3 D0P0

Tratamento

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D1P1 D1P1SA D1P2 D1P3 D2P1 D2P1SA D2P2 D2P3

Tratamento

Figura 3 – Médias do número de larvas e pupas da bicheira-da-raiz portratamento

Nota D = densidade (D0 = sem peixe, D1 = 15.000 alevinos/ha e D2 = 30.000alevinos/ha); P = proporção de espécies (P0 = sem peixe, P1 = 1:7:7, P2 =1:5:9 e P3 = 1:9:5, respectivamente, para carpa capim, carpa comum etilápia do Nilo); SA = sem alimentação.

Nota: D = densidade (D0 = sem peixe, D1 = 15.000 alevinos/ha e D2 = 30.000alevinos/ha); P = proporção de espécies (P0 = sem peixe, P1 = 1:7:7, P2 =1:5:9 e P3 = 1:9:5, respectivamente, para carpa capim, carpa comum etilápia do Nilo); SA = sem alimentação.

Figura 4 – Produtividade média de peixes por tratamento (kg/ha)

às plantas de arroz ocorrência su-perior a 5 larvas por perfilho. Otratamento com menor número delarvas foi D2P2, onde foram coloca-dos 30.000 alevinos/ha e tilápia

como espécie principal (Figura 3).Ao contrário do que se esperava,mesmo onde não foi colocado pei-xe, a média da incidência da larvafoi de 14,6 por perfilho. Existem

informações de agricultores que aincidência da bicheira-da-raiz podediminuir a partir do segundo anode rizipiscicultura. Por outro lado,sabe-se que as carpas se alimen-tam das larvas de mosquitos(pernilongos) e dos quironomídeos(fase larval de um díptero, tambémconhecido como minhoquinha ver-melha) que, a exemplo da bicheira--da-raiz, atacam também as raízesdas plantas do arroz.

Em relação às pupas, em geral aocorrência foi pequena, com 4,5pupas por amostra no tratamentoD1P1SA, e o mínimo de 1,33 noD2P2, onde o número de larvastambém foi menor (Figura 3).

• Avaliação das plantas da-

ninhas – em levantamento visualefetuado nos tratamentos, verifi-cou-se que não houve infestação deplantas daninhas nas parcelas compeixes, enquanto que nas parcelassem peixe foram identificadas dezespécies (grama boiadeira =Luziola peruviana; capim-arroz =Echinocloa colonum, E. crusgalli;chapéu-de-couro = Sagittaria

montevidensis; cuminho = Fim-

bristylis miliacea; aguapé =

Heteranthera reniformes; erva-ja-caré = Alternanthera phyloxeroides;junquinho ou barba-de-bode =Eleocharis sp.; aguapezinho =Sagittaria guyanensis e capim--branco = Brachiaria mutica. No-tou-se que as invasoras laterais,como a grama-boiadeira e o capim--branco, não são controladas pelospeixes, sendo necessária uma re-moção periódica.

• Avaliação dos peixes – foidetectada uma diferença significa-tiva na produtividade de peixes emrelação às duas densidades, entre-tanto não foram verificadas dife-renças entre as três proporções deespécies. A produtividade do peixefoi maior no tratamento D2P2, com1.451kg/ha, onde a densidade foimaior e a tilápia foi a espécie prin-cipal. Esta produtividade foi obtidaem 123 dias de cultivo e, se compa-

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50 Agropec. Catarin., v.15, n.3, nov. 2002

rada com o sistema Turvo, com2.700kg/ha em 330 dias, pode serconsiderada muito boa. A menorprodutividade, de 492kg/ha, foi ob-servada nos tratamentos sem ali-mentação complementar (Figura4), evidenciando assim a importân-cia da ração. A média geral desobrevivência foi de 65%. Nesteparticular, deve-se tomar um cui-dado especial em relação às aves,às lontras e ao furto, principalmen-te em decorrência da facilidade comque se encontram os peixes, emfunção da maior concentração nosrefúgios de pouca profundidade.

O peso médio individual por es-pécie foi de 140g para carpa capim,70g para carpa comum e 68g paratilápia. Neste caso, os peixes atin-giram os pesos recomendados paraa fase de terminalização (engorda)nos viveiros de piscicultura ou emdensidades menores nos própriosquadros de arroz. Em ambos oscasos recomenda-se a utilização detilápias sexualmente revertidas oufazer uma sexagem manual paraevitar a sua reprodução.

• Qualidade da água – a mai-or média mensal da temperaturamáxima da água ocorreu em janei-ro, com 31,9oC, e a menor médiamensal da temperatura mínimaocorreu em abril, com 19,8oC. Atemperatura máxima ocorreu emjaneiro, com 36oC, e a mínima, de16oC, em abril. Estas grandes vari-ações se encaixam dentro da ampli-tude tolerável das espécies utiliza-das e ocorreram em decorrência dapequena profundidade e ausênciade renovação da água.

Os valores médios mensais daconcentração de oxigênio dissolvi-do na água em geral foram baixos,variando de 1,07mg/L em marçopara 1,78mg/L em janeiro. O nívelideal para as espécies estudadas éacima de 4mg/L. Pelo menos emdois dias foi detectado um valormínimo de 0,6mg/L, entre 8 e 9horas da manhã, mas sabe-se atra-

vés da literatura que são níveisperfeitamente toleráveis às espé-cies utilizadas para um períodocurto de tempo. A prova disto é quemesmo nestes dias não foram ob-servados peixes respirando na su-perfície.

Em relação aos valores de pH eamônia, foram observadas poucasvariações, e estas se mantiveramdentro dos padrões aceitáveis àsespécies utilizadas.

• Análise econômica – atra-vés de análise financeira, orça-mentação parcial e custo de produ-ção, utilizado normalmente paracalcular o custo de produção doarroz, foi efetuada a análise econô-mica para adaptação de 1ha de ar-roz irrigado à rizipiscicultura. Osresultados, considerando o preçode cada peixe em R$ 0,20 no trata-mento com densidade de 30.000peixes/ha, foram: custo variáveltotal = R$ 3.254,51; custos fixos= R$ 154,20 e custo total deR$ 3.408,71. A receita, consideran-do-se a sobrevivência média de 65%,foi de R$ 3.906,00. Isto resultou emum lucro de R$ 497,29/ha, quecorresponde a um aumento de cer-ca de 30% na produtividade do ar-roz (3). Somado ao aumento médiode 22% na produtividade do arroz,quando introduzido o peixe, o acrés-cimo total pode ultrapassar 50%.Neste caso, mesmo com a queda de14% na produtividade do arroz, emrelação à produtividade da região,a implantação da rizipisciculturafoi vantajosa. Atualmente o preçode carpas e tilápias juvenis de 70g,como foi no presente caso, estáem torno de R$ 0,30 por peixe, enesse caso o lucro passaria paraR$ 2.450,29. Isto equivale à produ-ção de 6t/ha de arroz com preço deR$ 20,00 a saca de 50kg.

Conclusões

De acordo com as condições doexperimento concluiu-se que:

• A introdução do peixe nasarrozeiras aumenta a produtivida-de do arroz.

• O peixe não controla satisfato-riamente a bicheira-da-raiz mascontrola as ervas daninhas.

• A rizipiscicultura consorciadaé viável se controlada a sobrevi-vência de peixes em pelo menos60%.

• A densidade de 30.000 alevi-nos/ha demonstrou ser melhor quea de 15.000/ha.

• Novos estudos devem serfeitos para que se conheçam melhoras influências dos peixes sobre acultura do arroz irrigado.

Agradecimentos

À Aquasul Centro de Piscicultu-ra pela cessão dos alevinos.

Literatura citada

1. NOLDIN, J.A. Criação de peixes em

lavoura de arroz irrigado. Florianópolis:

Empasc, 1982. 3p. (Empasc. Pesquisa

em Andamento, 1).

2. BOLL, M.G.; SATO, G.; ISHIY, T.;

ROCZANSKI, M.; SILVEIRA, S.

Rizipiscicultura em Santa Catarina:

uma alternativa para produção susten-

tável de alimentos. In: SIMPÓSIO

BRASILEIRO DE AQÜICULTURA, 9.,

1996, Sete Lagoas, MG. Resumos... Sete

Lagoas: Abraq, 1996. p.151.

3. SATO, G. e CASTAGNOLLI, N. Produ-

ção de alevinos-II na rizipiscicultura.

In: ACUICULTURA VENEZUELA

1999, Puerto La Cruz, Venezuela.

Anais... Venezuela: WAS/LAC; SVA;

USB; ASA. 1999. p.440-452.

Gosuke Sato, biólogo, Dr., Epagri/Campo

Experimental de Piscicultura de Camboriú.

C.P. 20, 88340-000 Camboriú, SC, fone:

(047) 365-1319, e-mail: cepc.sc@matrix.

com.br.

Informativo Técnico Rizipiscicultura

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Agropec. Catarin., v.15, n.3, nov. 2002 51

Informativo Técnico Manejo agroecológico de pragas e doenças

Manejo agroecológico de pragas e doenças:Manejo agroecológico de pragas e doenças:Manejo agroecológico de pragas e doenças:Manejo agroecológico de pragas e doenças:Manejo agroecológico de pragas e doenças:conceitos e definiçõesconceitos e definiçõesconceitos e definiçõesconceitos e definiçõesconceitos e definições

Paulo Antonio de Souza Gonçalves e Pedro Boff

Resumo

O manejo de pragas e doençasem sistemas convencionais deprodução agropecuária tem-secaracterizado pela dependência douso de agroquímicos. Emboraavanços tenham sido alcançadosem manejo integrado de pragas edoenças, e atualmente comsistemas de produção integrada,ainda prevalece o modelo deintervenção com agroquímicos. Oobjetivo deste trabalho é conceituare delinear as principais linhas deatuação no manejo de insetos epatógenos de plantas em siste-mas de produção sob princípiosagroecológicos. As principaismedidas sugeridas são: eliminaçãodo uso de agroquímicos, adubosminerais solúveis e agrotóxicos;seleção de germoplasma adaptadoàs condições locais, uso e resgatede variedades e materiais crioulos;manejo ecológico do solo; incre-mento da diversidade vegetal,através de plantas de cobertura,consórcio e rotação de culturas;incremento de controle biológiconatural; uso criterioso de caldas,preparados caseiros e extratosvegetais e do controle biológicointroduzido.

Termos para indexação:agroecologia, agricultura orgânica,manejo, pragas, doenças.

Introdução

A ocorrência de pragas edoenças em plantas cultivadas tem

sido considerada como eventoinerente ao processo produtivo.Entretanto, foi a partir da evidênciade correlação entre perdas naprodutividade com a manifestaçãodestas pragas e doenças que o usode medidas intervencionistas foiestabelecido para a solução dosproblemas fitossanitários. Doisfatores contribuíram marcada-mente para consolidar este proce-dimento: a população mundialestaria em crescimento maior doque a produção de alimentos (1);após a II Grande Guerra havia umparque industrial ocioso e sobrasde armas químicas (2). Comoconseqüência observou-se um

crescente aumento no uso deagrotóxicos e de outros insumosindustriais, embora isto nemsempre tenha sido revertido emprodutividade.

O uso crescente e abusivo deagrotóxicos na agricultura temacarretado sérias conseqüências àsaúde humana, como observadopelos casos de intoxicação e mortesno Hospital da Universidade Fede-ral de Santa Catarina, Floria-nópolis, SC (Tabela 1). Os custossociais e ambientais do uso depesticidas nos EUA foram calcula-dos em 8 bilhões de dólaresanuais, representando um custode US$ 42.00/ha/ano (3).

Tabela 1 – Intoxicação humana por agrotóxicos em Santa Catarina – janeiro de1990 a dezembro de 1999

Ano Atendimentos Mortes

1990 205 9

1991 306 3

1992 271 8

1993 341 10

1994 325 11

1995 392 7

1996 426 14

1997 428 11

1998 423 33

1999 402 11

Total 3.519 117

Fonte: Dados pesquisados por Paulo S. Tagliari no Centro de InformaçõesToxicológicas – CIT (Hospital Universitário, UFSC). Dados não publicados.

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52 Agropec. Catarin., v.15, n.3, nov. 2002

O efeito desastroso dos agrotó-xicos sobre o ambiente tem sidodocumentado por vários autores.Especial repercussão teve a obrade Rachael Carson intitulada“Primavera Silenciosa”, que relatao extermínio da vida de lagos nosEstados Unidos devido ao resíduode organoclorados. No Brasil,referenciais importantes são omanifesto ecológico de JoséLutzemberger e os trabalhos deAdilson Paschoal sobre pragas,praguicidas e a crise ambiental.

A crise do modelo de indus-trialização da agricultura, pelaintensificação de práticas agro-nômicas especialmente orientadasao uso de agroquímicos e máquinas,acarreta perdas de importantesprocessos ecológicos, tais como adecomposição, a ciclagem denutrientes, a predação e o anta-gonismo (4). Como conseqüência,em agroecossistemas com solosdesequilibrados em nutrientes ecom ausência de inimigos naturais,as plantas tornam-se mais predis-postas a pragas e patógenos (Fi-gura 1).

Reverter o atual quadro deutilização de agroquímicos parecenão ser uma tarefa muito fácil,uma vez que a concepção técnica deintervir no agroecossistema ébaseada na “Lei do Mínimo”, deJustus von Liebig (1840): o máximode produção depende do fator decrescimento que se encontra àdisposição da planta em menorquantidade. Esta teoria foiformulada para a nutrição mineralde plantas, porém o seu princípioinfluenciou marcadamente a formade atuação agronômica, ou seja, aprodução sempre está limitada pordeterminado fator que deve sercorrigido isoladamente. Destaforma, para manejar o solo tem-sea adubação mineral e a calagem,enquanto que as doenças e pragassão controladas por agrotóxicos e omaterial genético utilizado deveestar apto a responder a estes

Informativo Técnico Manejo agroecológico de pragas e doenças

“pacotes”. Conseqüentemente, háuma intensa dependência deinsumos industriais para interven-ção no agroecossistema, ao passoque os processos ecológicos eagronômicos são esquecidos oucolocados em plano secundário.

O manejo convencional dedoenças e pragas pelo uso deagrotóxicos tem sido caracterizadopela intervenção sistemática noambiente, apesar dos avançosobtidos com o manejo integrado depragas (MIP) e doenças. Emboraocorra a redução de agrotóxicos nomanejo integrado, estes ainda sãousados quando a população dedeterminado inseto ou patógenoatinge o nível de dano econômico.No manejo integrado, raramenteleva-se em conta que o manejoconvencional dos solos e a mono-cultura são condicionantes naincidência de doenças e pragas. Omanejo integrado destas isolada-mente não tem mostrado persis-tência e tem evoluído para o manejointegrado da cultura ou sistema deprodução integrada. O sistema deprodução integrada é uma evoluçãodo manejo integrado de doenças epragas e engloba cuidados nomanejo do solo, da água e dos

aspectos nutricionais da culturacom o intuito de minimizar impactosde agroquímicos no ambiente.Apesar de esta tentativa poderexercitar uma visão mais ampla doagroecossistema, doenças e pragascontinuam sendo vistas pelosconceitos e paradigmas interven-cionistas (Figura 1).

Em face de toda a problemáticana busca da sustentabilidade daagropecuária brasileira, faz-se ne-cessária a construção de novos con-ceitos e paradigmas, considerandoas dimensões social, ambiental,econômica e cultural. A agricultu-ra em base ecológica é um caminhonatural para harmonização segun-do as condições locais, em que osrecursos internos da propriedadesão potencializados, resultandonum balanço energético equilibra-do. Segundo os princípios ecológi-cos, faz-se necessário conceituardoenças e pragas de modo diferen-te ao tradicionalmente aceito, oque contribuiria para a emergên-cia da sustentabilidade do meiorural. Na agricultura em base eco-lógica desaparece o conceito de con-trole de doenças e pragas, surgindoa necessidade da convivência. Aopasso que, nos ditos sistemas de

Manejo convencional do agroecosssistema

Monocultura

Mecanização intensiva do solo

Práticas agronômicas Solo sem plantas de cobertura

Adubação mineral

Agrotóxicos

Redução da biodiversidade: biota do solo e inimigos naturaisAumento da incidência de doenças e pragas

Figura 1 – Os efeitos do manejo convencional de agroecossistemas sobre abiodiversidade funcional (biota de solo e inimigos naturais) e predisposição adoenças e pragas (4, modificado)

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produção integrada, as pragas e asdoenças continuam como proble-mas potenciais e de riscos, necessi-tando de intervenções. Conviver éreconhecer a importância de todosos organismos presentes para queos ciclos biológicos se completemnormalmente. A proliferação exa-gerada de um determinado orga-nismo (fungos, insetos, bactérias,etc.) passa a ser vista como umsinal de desequilíbrio do sistema e,portanto, deve-se buscar o entendi-mento da causa destes distúrbios.O manejo agroecológico de dese-quilíbrios biológicos pressupõemudança de concepções, de princí-pios e procedimentos. Em sistemasconvencionais e de produção inte-grada, é pouco provável que medi-das de convivência com microrga-nismos e insetos sejam aceitáveisou venham a ser viáveis, uma vezque ambos partem do princípio decontrole principalmente através daintervenção química.

É neste contexto que a agroeco-logia aparece como ciência que podecongregar todo o conhecimentonecessário para mudança doparadigma agronômico, guiada porprincípios ecológicos básicos decomo estudar, planejar e manejaragroecossistemas produtivos e que,

ao mesmo tempo, conservem osrecursos naturais e sejam cultural-mente sensíveis e socialmentejustos. O principal enfoque édesenvolver os agroecossistemascom mínima dependência deinsumos externos à propriedade,fomentando interações e siner-gismos do componente biológicocom intuito de obter um sistemasustentável. Este processo devebuscar a interação com o consu-midor na construção do conceito dequalidade do alimento a serofertado.

Como base fundamental para omanejo de desequilíbrios biológicos,tem-se o restabelecimento da saúdedo agroecossistema, que passa pelasaúde do solo, pelo uso de recursosgenéticos adaptados, pelo restabe-lecimento da diversidade vegetal,pelo incremento do controlebiológico natural e pela eliminaçãode agrotóxicos e adubos mineraissolúveis. Algumas práticas relacio-nadas a seguir podem auxiliar nomanejo ecológico de distúrbiosbiológicos (pragas e doenças) noagroecossistema (Figura 2):

• Seleção de populações deplantas que apresentem adaptaçãoao solo e ao clima e resistência outolerância aos principais agentes

Informativo Técnico Manejo agroecológico de pragas e doenças

de distúrbios biológicos nas regiõesque serão utilizadas. Portanto,devem ser selecionadas no própriolocal ou em similar agroecossistemamanejado ecologicamente paraevitar-se, ao máximo, a dependênciade insumos externos.

• As práticas de manejo do solodevem ser direcionadas paramanutenção da biota e permitirque a ciclagem de nutrientes ocorranaturalmente, a fim de se obteremplantas equilibradas nutricional-mente, menos predispostas aoataque de insetos e patógenos.Portanto, práticas de plantio diretoe de adubação verde, bem como ouso de dejetos de animais, compos-tos e de húmus devem ser utilizadosem detrimento dos adubos mineraissolúveis e do revolvimento exces-sivo do solo.

• As culturas devem serimplantadas em sistemas com omáximo de diversidade vegetalpossível, seja em consórcio comoutras plantas cultivadas, emsistema de rotação de culturas, emassociação com invasoras ouplantas de cobertura, pois amonocultura favorece surtos dedoenças e pragas (4) (Figura 3). Oideal, em nível regional, é oplanejamento de agroecossistemasdiversificados para evitar quedeterminados insetos se estabe-leçam e migrem facilmente entreas áreas cultivadas ou determi-nados patógenos possam aproveitarcondições climáticas favoráveis eocorram endemicamente.

• Eliminar o uso de quaisqueragroquímicos devido ao impactonegativo sobre a biota do solo, so-bre os inimigos naturais eantagonistas, além do desequilíbrioprovocado ao metabolismo dasplantas (5).

• Substâncias alternativas aosagrotóxicos, tais como caldabordalesa, calda sulfocálcica,biofertilizantes, extratos vegetaise agentes de controle biológico,devem ser utilizadas somente

Saúde !!!

Manejo ecológico do solo

Diversidade de plantas

Biofertilizantes , caldas e extratos de plantas

Variedade adaptada

Eliminar agrotóxicos

e adubos minerais

solúveis

Saúde !!!

Biofertilizantes , caldas e extratos de plantas

Variedade adaptada

Controle biológico

natural

Figura 2 – Principais práticas no manejo agroecológico do agroecossistema paraminimizar desequilíbrios por insetos e patógenos de plantas

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quando necessário e de maneiracriteriosa, evitando-se o seu usosistemático na forma de calendário.

• Deve-se promover o controlebiológico natural em lugar daintrodução de inimigos naturais oude antagonistas. Mesmo que aintrodução de agentes de controlebiológico seja feita de modocriterioso, haverá sempre impactosobre a biota local, inibindo osprocessos ecológicos já existentes.A introdução de inimigos naturaisseria apenas aceita no período detransição/conversão e, mesmoassim, através de programas decontrole biológico criteriosamenteanalisados, sobretudo na suasustentabilidade ecológica, econô-mica e técnica, adequando-se àscaracterísticas sociais e culturaisdos agricultores. O incremento do

controle biológico natural atravésdo restabelecimento da diversidadevegetal e não da introdução denovos agentes exóticos ao meiotem-se mostrado mais facilmenteaplicável, pois restabelece osprocessos ecológicos ao longo dotempo sem demandar investi-mentos adicionais.

Literatura citada

1. LAPPÉ, F.M.; COLLINS, J.; ROSSET,P. World Hunger 12 Myths. London:Earthscan Pub. Ltd., 1998. 270p.

2. PINHEIRO, S.; NASR, N.Y.; LUZ, D. Aagricultura ecológica e a máfia dosagrotóxicos no Brasil. Porto Alegre:Fundação Juquira Candirú, 1993. 338p.

3. PIMENTEL, D.; ACQUAY, H.;BILTONEN, M.; RICE, P.; SILVA, M.;NELSON, J.; LIPNER, V.;GIORDANO, S.; HOROWITZ, A.;

DÁMORE, M. Assessment ofenvironmental and economic impactsof pesticides use. In: PIMENTEL, D.;LEHMAN, H. (Ed.). The pesticidequestion. Environment, economics andethics. New York: Chapman & Hall,1993. p.47-84.

4. ALTIERI, M.A. The ecological role ofbiodiversity in agroecosystems.Agriculture, Ecosystems and Envi-ronment, v.74, p.19-31, 1999.

5. CHABOUSSOU, F. Plantas doentespelo uso de agrotóxicos: a teoria datrofobiose. 2 ed. Porto Alegre: L & PM,1987. 256p.

Paulo Antonio de Souza Gonçalves,eng. agr., Dr., Epagri/Estação Experi-mental de Ituporanga, C.P. 121, 88400-000 Ituporanga, SC, fone/fax: (047) 533-1409/533-1364, e-mail: [email protected] e Pedro Boff, eng. agr., Dr., Epagri/Estação Experimental de Ituporanga,C.P. 121, 88400-000 Ituporanga, SC,fone/fax: (047) 533-1409/533-1364, e-mail:[email protected].

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Informativo Técnico Agricultura familiar

Educação e capacitação profissional: desafios para aEducação e capacitação profissional: desafios para aEducação e capacitação profissional: desafios para aEducação e capacitação profissional: desafios para aEducação e capacitação profissional: desafios para aformação de novos agricultores familiaresformação de novos agricultores familiaresformação de novos agricultores familiaresformação de novos agricultores familiaresformação de novos agricultores familiares

Márcio Antonio de Mello e Milton Luiz Silvestro

Resumo

Este artigo discute a importân-cia da educação formal no processode formação de uma nova geraçãode agricultores e baseia-se em umapesquisa realizada em 116 unida-des de produção representativas daagricultura familiar do oeste deSanta Catarina, onde foram entre-vistados os pais, os filhos e as filhascom idade entre 15 e 29 anos. Osresultados da pesquisa mostramque acabaram ficando nos estabe-lecimentos justamente aqueles fi-lhos que tiveram menos tempo deestudo. Constatou-se que os jovenscom idade entre 20 e 30 anos, po-tenciais candidatos à sucessão daunidade familiar, possuem um bai-xo grau de instrução formal, nagrande maioria, apenas até a 4ªsérie do ensino fundamental, o quedificulta o desempenho da ativida-de agropecuária, bem como a orga-nização e o desenvolvimento denovas oportunidades de renda,como é o caso da produção agroeco-lógica, a agroindustrializaçãoartesanal, o turismo rural, dentreoutras. Isto sugere a necessidadede encontrar alternativas para re-cuperar o atraso escolar da maioriados atuais e potenciais sucessoresdo estabelecimento paterno, bemcomo o desenvolvimento de méto-dos alternativos de educação for-mal que contribuam para valorizaro espaço rural e que fortaleçam asrelações econômicas e sociais doespaço rural.

Introdução

Não existe atividade econômica

na qual as relações familiarestenham tanta importância comona agricultura. Na maioria doscasos, e isto também ocorre naagricultura familiar do oestecatarinense, pelo menos um dosfilhos continua a atividade pa-terna. Até o final dos anos 70, acontinuidade da profissão de agri-cultor revestia-se do caráter de umaobrigação moral e o conhecimentoque o jovem adquiria com a suafamília era considerado suficientepara gerir o estabelecimentoagrícola e continuar o processosucessório. Hoje, a agricultura éuma atividade que se transformamais rapidamente e as novasoportunidades de renda que surgemno meio rural, como é o caso daprodução agroecológica, da agroin-dustrialização artesanal, do turismorural e outras, exigem dos agri-cultores um grau educacional maiselevado e uma formação profis-sional contínua. Além de contribuirpara aumentar os conhecimentosespecíficos, a educação escolartambém tem um efeito positivo nacapacidade de assimilação eformulação de novas idéias. Aeducação formal também favorecea capacidade de busca de infor-mação, seu ordenamento e siste-matização. Por isso, ela é impor-tante para um bom desempenho naatividade agrícola.

Neste texto, que faz parte deuma pesquisa mais ampla sobreagricultura familiar e sucessão pro-fissional, desenvolvida na Epagri/Centro de Pesquisa para Agricultu-ra Familiar – Cepaf –, em Chapecó,discute-se a importância da educa-ção formal no processo de forma-

ção de uma nova geração de agri-cultores. Os dados aqui apresenta-dos foram retirados de uma pesqui-sa realizada por pesquisadoresdo Cepaf durante o ano 2000 epublicada com o nome de “Osimpasses sociais da sucessão here-ditária na agricultura familiar” (1).A pesquisa foi realizada em 116unidades representativas da agri-cultura familiar do oeste de SantaCatarina e ouviu os pais, os filhos eas filhas entre 15 e 29 anos presen-tes na propriedade. Para uma me-lhor análise e compreensão dosdados estratificaram-se os agricul-tores familiares em três segmen-tos de renda: capitalizados, em tran-sição e descapitalizados. SegundoEpagri/Instituto Cepa/SC (2), os pri-meiros correspondem a 13% dosestabelecimentos agrícolas do oes-te catarinense, que proporcionamuma renda mensal superior a trêssalários mínimos por unidade demão-de-obra ocupada. O segundogrupo corresponde a 29% dos esta-belecimentos, que proporcionamuma renda mensal entre um e trêssalários mínimos por pessoa ocu-pada. O último grupo correspondea 42% dos estabelecimentos agríco-las do oeste de Santa Catarina, queproporcionam uma renda inferiora um salário mínimo por mês porpessoa ocupada.

Está se tornando uma idéiacorrente entre as instituições rela-cionadas com a agricultura fami-liar de Santa Catarina que as ativi-dades como a agroindustrializaçãoartesanal, a produção agrícola ba-seada nos princípios agroecológicos,o agroturismo, dentre outras, po-dem se constituir em oportunida-

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des de inclusão dos agricultoresque sofreram ruptura nas suas for-mas tradicionais de inserção aomercado (milho, soja, feijão, suí-nos, aves, leite, etc.). Todavia, obaixo nível educacional dos atuaise futuros agricultores familiaresconstitui-se numa forte barreiraque impede que eles se insiramdinamicamente nestes novos mer-cados.

Na agricultura familiar do oes-te catarinense são fortes os indí-cios de que, ao menos até recente-mente, acabaram ficando na pro-priedade paterna exatamente aque-les jovens que tiveram menos opor-tunidades educacionais. Portanto,para a renovação e o fortalecimen-to da agricultura familiar da re-gião, entre outras ações, é necessá-ria a criação de uma linha específi-ca de crédito para a instalação dejovens agricultores, e que ela ve-nha acompanhada de um amploprograma de educação e decapacitação profissional capaz deformar uma nova geração de agri-cultores em condições de enfrentaras exigências tanto dos mercadosde produtos tradicionais como dasnovas oportunidades de trabalho erenda que se configuram para oespaço rural.

A importância daeducação

A escolha da profissão pelos jo-vens agricultores é determinadapor um conjunto de fatores, dosquais os mais relevantes são suasexpectativas de geração de rendana unidade paterna comparadascom o que imaginam ser possívelalcançar inserindo-se em merca-dos de trabalho assalariado. A edu-cação formal é um elemento decisi-vo no horizonte profissional de qual-quer jovem: na agricultura fami-liar, entretanto, a regra constata-da em inúmeros estudos da Améri-ca Latina é que “fica no campo ofilho que não prosseguiu nos estu-dos” (3). Assim, por exemplo, ograu educacional médio dos brasi-

leiros em 1997 era de 6,1 anos deestudo, enquanto que os trabalha-dores rurais possuíam, em média,apenas 2,5 anos de estudo (4). Mes-mo em Santa Catarina, onde o ní-vel educacional está entre os maiselevados do País, acaba não fugin-do a esta regra. A geração que hojemais pode candidatar-se à direçãodos trabalhos agropecuários – osfilhos que permanecem na proprie-dade paterna e que já saíram daescola – tem formação educacionaltão precária que confirma aasserção segundo a qual ou se estu-da ou se fica no campo.

Os dados da Tabela 1 referem--se aos jovens presentes em 9.190propriedades de 10 municípiosrepresentativos da agriculturafamiliar do oeste de Santa Catarinano ano de 1999. Eles mostram umquadro desolador quanto à situaçãoeducacional dos jovens agricultoresfamiliares. Dos 1.940 jovens entre25 e 29 anos – fortes candidatos àsucessão hereditária –, 1.163 (60%)estudaram apenas até a 4ª série.Nesta faixa etária está também amaior proporção de analfabetos.Ao que tudo indica, ficaram napropriedade aqueles que nãoobtiveram o “passaporte educa-cional” para ingressar no mercadode trabalho urbano. A idéia éconfirmada pela situação da faixaetária imediatamente anterior: dototal de 1.823 jovens entre 19 e 24anos morando na propriedade

paterna, nada menos que 38%estudaram apenas até a 4ª série.Entre os jovens com 13 a 18 anos,esta proporção cai para 19%,mostrando que o padrão defreqüência escolar alterou-senitidamente. Os dados apresen-tados na Tabela 1 mostram quetirar os jovens da escola na 4a sériedo ensino fundamental, na décadade 90, parece que deixou de seruma prática socialmente domi-nante. De qualquer maneira, pormais que o padrão anterior nãoseja mais predominante, ele deixauma pesada herança para os atuaisprocessos sucessórios no interiorda agricultura familiar.

O destino dos jovens quedeixaram a propriedade paternaconfirma a associação entrepermanência na atividade agrícolae baixo nível educacional. A Ta-bela 2 contém informações sobreos filhos que deixaram a proprie-dade paterna. Das 116 famíliasentrevistadas, 187 jovens tinhamsaído da propriedade paterna até omomento em que foi realizada apesquisa. Destes, 61% mudaram--se para o meio urbano e 39% saírampara instalar-se no próprio meiorural, na esmagadora maioria dasvezes na condição de agricultores.A Tabela 2 foi construída a partirdas respostas dos 116 paisentrevistados na pesquisa e aosquais se perguntou: “até junho de2000, quantos filhos já haviam saído

Informativo Técnico Agricultura familiar

Tabela 1 – Grau de instrução dos filhos de agricultores familiares com idade entre7 e 29 anos, em dez municípios do oeste catarinense no ano de 1999

Não alfa- Até a 4ª Da 5ª à Ensino3º grau 3º grau

Idade Totalbetizado série 8ª série médio

incom- com-pleto pleto

7 a 12 anos 3.892 35 2.774 1.083 0 0 0

13 aos 18 anos 3.845 45 726 2.301 763 10 0

19 aos 24 anos 1.823 28 697 569 465 55 9

25 aos 29 anos 1.940 80 1.163 456 192 28 21

Total 11.500 188 5.360 4.409 1.420 93 30

Fonte: Censos Agropecuários Municipais – Epagri (2).

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em direção à cidade. Quando secomparam as Tabelas 3 e 4,constata-se que a formaçãoeducacional dos filhos que forampara as cidades é maior que a dosque ficaram na atividade agrope-cuária. Entretanto, entre os queforam para as cidades, o graueducacional cresce conforme arenda familiar, o que não se observaentre os que permaneceram naagropecuária. A expectativa deretorno econômico da educação érelevante quando se trata damigração para as cidades e quaseinexistente para os jovens quepermanecem na agropecuária.

É importante observar que agrande maioria dos jovens quemigram para a cidade fazem-nopara trabalhar e não para continuarseus estudos num ambiente maispropício para tanto (Tabela 5).Apenas 14% dos filhos dosagricultores entrevistados e quemigraram para a cidade fizeram-no

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da propriedade paterna? Qual ograu de instrução ao sair e paraonde foram (meio urbano ou rural)”?Analisando-se os dados apresen-tados na Tabela 2, é possívelverificar o contraste entre o graueducacional dos que permanecemna agricultura e os que foram paraas cidades. Pouco mais de um terçodos que se destinaram ao meiourbano têm somente até a 4ª série,proporção que sobe além de doisterços para os que saíram dapropriedade paterna para prosse-guir na profissão de agricultor. Comgrau superior à 5ª série estão menosde um terço dos que permanecemno meio rural e 45% dos que forampara as cidades. Destaca-se, ainda,que na amostra pesquisada nenhumdos jovens que saíram da pro-priedade paterna para se instalarcomo agricultor possui graueducacional superior à 8a série doensino fundamental.

Os dados da Tabela 3 demons-tram que o vínculo entre agriculturae baixo nível educacional resisteaté às diferenças de renda entre asfamílias: não há diferença no graueducacional dos jovens egressos dasfamílias pobres, relativamente aosque vêm de famílias mais abastadas,o que indica que a opção por educaros filhos associava-se diretamenteà perspectiva de deixar a atividadeagropecuária. Pior: a permanênciana atividade agropecuária esteve,

até muito recentemente, associadadiretamente ao desprezo pelaformação dos jovens.

Esta relação fica evidenciada naTabela 4, na qual é examinado ograu de instrução dos jovens quedeixaram a propriedade paterna

Tabela 2 – Grau de instrução dos jovens ao saírem da propriedade paterna, segundoo local de destino (em %)

Grau de instrução Urbano Rural

1ª à 4ª série do ensino fundamental 36 69

5ª à 8ª série do ensino fundamental 45 31

1ª à 3ª série do ensino médio 16 0

Curso superior incompleto 1 0

Curso superior completo 2 0

Total 100 100

Número de respostas 115 72

Fonte: Silvestro et al. (1).

Tabela 4 – Grau de instrução dos jovens ao deixarem a propriedade paterna em direçãoàs cidades (em %)

Grau de instrução Total Capitalizados Transição Descapitalizados

1ª à 4ª série 35,9 27,3 23,7 46,3

5ª à 8ª série 44,7 36,4 52,6 40,7

Ensino médio 16,5 27,3 18,4 13,0

Superior incompleto 1,0 0,0 2,6 0,0

Superior completo 1,9 9,1 2,6 0,0

Total 100,0 100,0 100,0 100,0

Número de respostas 115 12 41 62

Fonte: Silvestro et al. (1).

Tabela 3 – Grau de instrução dos jovens que saíram da propriedade paterna mas quepermaneceram no meio rural (em %)

Grau de instrução Total Capitalizados Transição Descapitalizados

1ª à 4ª série 69,4 69,2 69,6 69,4

5ª à 8ª série 30,6 30,8 30,4 30,6

Total 100,0 100,0 100,0 100,0

Número de respostas 72 13 23 36

Fonte: Silvestro et al. (1).

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com o objetivo declarado de estudar.Os dados levantados na pesquisa

de campo também permitiramidentificar que apenas 12,5% dosjovens que saíram da propriedadeconseguiram avançar na suaformação educacional.

Com relação ao grau de ins-trução dos rapazes e das moças queresidem na propriedade paterna, aTabela 6 traz uma informaçãoadicional importante: é entre osrapazes que se concentra a maiorparte dos que praticamente nãotiveram acesso à educação. Toda aamostra da pesquisa compõe-se dejovens com idade entre 15 e 29 anosque, em princípio, já deveriam tercompletado a 4ª série do ensinofundamental. Ora, nada menos que30% dos rapazes entrevistados têmapenas este grau de estudo. Entreas moças, esta proporção cai para13%. É interessante observar que aidade média dos jovens que seencontram nesta situação é alta:26 anos para as moças e 27 anospara os rapazes. Confirmando aprecariedade do acesso à educação,sobretudo entre os rapazes,percebe-se que somente 22% delespossuem ou estão cursando oensino médio (1ª à 3ª série). Estaproporção sobe para 56% entre asmoças. E é aí que está a menoridade média da amostra: 44% dosrapazes têm ou cursam da 5ª à 8ªsérie, contra apenas 29% das moças.Mas, nesta faixa etária, a idademédia das moças é muito maisbaixa que a dos rapazes: 17 anos,contra 25 anos, o que leva a crerque nesta idade as moças aindaestão estudando e os rapazes não.

A própria visão dos jovens arespeito das necessidades educa-cionais para o desempenho daprofissão agrícola varia conformesua situação social. Assim, naTabela 7 pode-se ver que nenhumfilho de agricultor capitalizadoconsidera possível um bom exercícioprofissional apenas com a 4a série.Entre os descapitalizados, 11% dosentrevistados dizem que é possívelser agricultor somente sabendo lere escrever, e outros 12% julgam

Tabela 5 – Objetivo principal que determinou a saída dos jovens para o meio urbano(em %)

Resposta Total Capitalizados Transição Descapitalizados

Estudar 14 33 17 14

Trabalhar 86 67 83 86

Total 100 100 100 100

Número de respostas 115 12 41 62

Fonte: Silvestro et al. (1).

Tabela 7 – Opinião dos rapazes quanto ao grau mínimo de escolaridade paradesempenhar a profissão de agricultor (em %)

Resposta Total Capitalizados Transição Descapitalizados

Saber ler e escrever 6 0 5 11

1a à 4a série 13 0 21 12

5a à 8a série 38 38 33 43

Ensino médio 32 24 36 30

Curso técnico agrícola

(ensino médio) 9 28 5 4

Fazer curso da Casa

Familiar Rural 1 5 0 0

Faculdade 1 5 0 0

Total 100 100 100 100

Número de respostas 110 21 43 46

Fonte: Silvestro et al. (1).

Tabela 6 – Grau de instrução e idade média dos jovens entrevistados residentes napropriedade paterna

Rapazes Moças

Grau de instrução Idade Idade(%) média (%) média

(anos) (anos)

1ª à 4ª série do ensino fundamental 30 27 13 26

5ª à 8ª série do ensino fundamental 44 25 29 17

1ª à 3ª série do ensino médio 22 19 56 18

Técnico agrícola 3 18 0 0

Curso superior 1 25 2 23

Total entrevistados 114 - 116 -

Fonte: SilvestrO et al. (1).

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Informativo Técnico Agricultura familiar

que é suficiente a 4a série. Entre osagricultores em transição estasproporções são de 5% e 21%. Apenasum quarto dos filhos de agricultoresdescapitalizados e dos em transiçãoassociam nitidamente a agriculturaao baixo nível educacional. Já ocurso técnico é necessário para 28%dos rapazes vivendo em unidadescapitalizadas, mas para apenas 5%e 4%, respectivamente, dos queestão em famílias em transição edescapitalizadas.

Em suma, existe um forte con-traste entre as opiniões dos jovensentrevistados a respeito das exi-gências educacionais para o exercí-cio da profissão agropecuária e asituação atual dos responsáveispelos estabelecimentos ou seussucessores mais prováveis, cujograu de instrução foi, e ainda é,muito precário. Portanto, uma po-lítica fundiária voltada à região emestudo, e para agricultores na faixaetária entre 18 e 30 anos, terá quese associar a métodos alternativosaos da educação formal para que oacesso à terra venha de par comuma recuperação do atraso escolardestes jovens e uma melhoria emsuas habilidades profissionais.

Considerações finais

Constatou-se que os jovens comidade entre 20 e 30 anos que per-manecem no meio rural, e que,provavelmente, serão os sucesso-res da unidade familiar, possuemum baixo grau de instrução, o quedificulta o desempenho da ativida-de agropecuária e, principalmen-te, a organização e o desenvolvi-mento das novas atividades que secolocam para o meio rural, como éo caso da agroecologia, da agroin-dustrialização artesanal, do turis-mo rural, entre outras. O grau deinstrução atual compromete o pró-prio exercício da cidadania, namedida em que eles não conse-guem sequer ter acesso aos direi-tos legalmente constituídos. A ques-tão que mais preocupa, todavia, éque estes jovens serão os futurossucessores das propriedades pater-nas, responsáveis, portanto, pelo

exercício profissional da agricultu-ra familiar do oeste catarinensenas próximas décadas.

A população vivendo no meiorural do oeste de Santa Catarina ésuficientemente importante paraque um conjunto ativo de políticaspossa despertar o interesse dos jo-vens em sua valorização. O maisimportante é a reunião de um con-junto variado de esforços no senti-do não só de facilitar o acesso àterra, ao crédito e aos mercados,mas também de melhorar as condi-ções educacionais existentes nocampo e assim despertar o realinteresse dos jovens.

Considerando que os prováveissucessores dos estabelecimentosagropecuários do oeste de SantaCatarina estudaram, na grandemaioria, apenas até a 4ª série doensino fundamental, o desenvolvi-mento da agricultura e, conseqüen-temente, da região pode estar se-riamente ameaçado caso não sereverta este quadro. Este jovemagricultor que assume a direção doestabelecimento familiar ficaránesta condição pelo menos por mais20 a 30 anos, quando então serásucedido por seu filho. Ocorre quenos próximos 20 a 30 anos umagricultor com o grau de instruçãoda maioria dos jovens que hoje sãoos candidatos a sucessão da propri-edade familiar terá grandes dificul-dades para enfrentar os desafios degerenciar este estabelecimento.

Embora pareça não ter sido de-cisiva no passado recente, agora aquestão educacional poderá ser umdos fatores determinantes da in-clusão ou não dos agricultores nasatividades tradicionais e, sobretu-do, nas novas atividades que seapresentem para o meio rural,como é o caso, por exemplo, daagroindustrialização artesanal, daagroecologia e do agroturismo. Naformação de uma nova geração deagricultores, a educação formalentra como um componente im-portante e é decisiva para que elestenham acesso às novas oportuni-dades de mercado e de renda. Au-mentando o grau de educação for-mal dos futuros agricultores, so-

bretudo os mais pobres, é maisprovável que eles possam se apro-priar destas novas oportunidades.Caso contrário, a exemplo do que jávem ocorrendo, provavelmenteoutros profissionais é que se apro-priarão. Por isso, é necessária aunião de esforços de todos os atorespreocupados com o desenvolvimen-to regional, no sentido de encon-trar alternativas para recuperar oatraso escolar da maioria dos atu-ais e potenciais sucessores do esta-belecimento. Mais do que isso, énecessário desenvolver métodosalternativos de educação formal quecontribuam para valorizar o espaçorural e que fortaleçam as relaçõeseconômicas e sociais aí presentes.

Existe, no oeste de SantaCatarina, um conjunto variado deorganizações estatais e não-esta-tais preocupadas com o desenvolvi-mento regional. É das ações emrelação aos jovens que depende ofuturo desta região que até hojetem sido uma das mais importan-tes áreas de afirmação da agricul-tura familiar do país.

Literatura citada

1. SILVESTRO, M.L.; ABRAMOVAY, R.;MELLO, M.A.; DORIGON, C.;BALDISSERA, I.T. Os impasses so-ciais da sucessão hereditária na agri-cultura familiar. Florianópolis: Epagri/Brasília: NEAD, 2001. 118p.

2. EPAGRI/ICEPA. Censos Municipais.Concórdia: Epagri, 1999 (mimeo.).

3. DURSTON, J. (Org.) Juventud rural –modernidad y democracia en AméricaLatina. Santiago, Chile: Cepal, 1996.260p.

4. DIRVEN, M. El mercado de tierras y lanecesidad de rejuvenecimiento delcampo em América Latina. Santiago,Chile: Cepal, 1996. 38p.

Márcio Antonio de Mello, eng. agr.,M.Sc., Epagri/Centro de Pesquisa paraAgricultura Familiar, C.P. 791, 89801-970Chapecó, SC, fone: (049) 328-4277, fax:(049) 328-6017, e-mail: [email protected] e Milton Luiz Silvestro, eng. agr.,M.Sc., Epagri/Centro de Pesquisa paraAgricultura Familiar, C.P. 791, 89801-970Chapecó, SC, fone: (049) 328-4277, fax:(049) 328-6017, e-mail: [email protected].

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Nota Técnica Micorrizas

Importância da micorrização emImportância da micorrização emImportância da micorrização emImportância da micorrização emImportância da micorrização emviveiros de viveiros de viveiros de viveiros de viveiros de PPPPPinusinusinusinusinus spp. spp. spp. spp. spp.

Gilson José Marcinichen Gallotti

s associações entre raízes edeterminados fungos do solo, deno-minadas micorrizas, ocorrem namaioria das espécies vegetais su-periores. O termo micorriza foi ini-cialmente proposto pelo botânicoalemão Albert Bernard Frank, em1885, originando-se do grego, emque “mico” significa fungo e “riza”,raízes. Essas associações já eramconhecidas há pelo menos 50 anosantes do relato de Frank, mas eramconsideradas de natureza para-sítica. Para Frank, as micorrizasrepresentam um fenômeno de ocor-rência generalizada, resultante daunião orgânica entre as raízes e omicélio de fungos a um órgãomorfologicamente independente,com dependência fisiológica íntimae recíproca, seguida pelo cresci-mento de ambas as partes e comfunções fisiológicas muito estrei-tas, sendo consideradas o mais ines-perado e surpreendente fenômenoda natureza (1, 2).

As pesquisas mostram repeti-damente que a presença de fungosmicorrízicos no sistema radiculardas plantas aumenta a absorção denutrientes do solo, principalmentedos elementos minerais imóveis,como o fósforo. Esse aumento dacapacidade de absorção de nutrien-tes é devido ao crescimento do fun-go além das raízes, ramificando-seno solo. Assim, as hifas aumentama área superficial das raízes comuma maior superfície distribuída,principalmente, para absorção deP da solução do solo. Além disso,outros relatos evidenciam, tam-bém, que a micorriza pode aumen-tar a resistência das plantas à secae aos patógenos que atacam o siste-

ma radicular e, de maneira geral,aumentar o crescimento e a produ-ção das plantas (Figura 1), princi-palmente em solos de baixa fertili-dade (3).

As micorrizas têm sido tradicio-nalmente agrupadas em ectomi-corrizas e endo-micorrizas (1). Asendomicorr izassão caracterizadaspela penetraçãointer e intrace-lular, com forma-ção de vesículas,arbúsculos, espo-ros e ausência demanto e de modifi-cações morfoló-gicas nas raízes.São de ocorrênciamuito generaliza-da. As ectomi-corrizas são carac-terizadas pela pe-netração interce-lular do micéliofúngico, formaçãoda rede de Hartig,no interior docórtex, e de mantofúngico que se de-senvolve ao redordos segmentos dasraízes colonizadas.Além destas carac-terísticas anatô-micas, são aindaevidentes as modi-ficações morfoló-gicas nas raízes co-lonizadas (Figura2).

A micorrizaçãoé particularmente

importante para o desenvolvimen-to de espécies dos gêneros Pinus eEucalyptus, entre outros gênerosde plantas, que dependem dessasassociações simbióticas para umbom crescimento. Para Pinus, aassociação com fungos ectomi-

Figura 1 – Plantas de Pinus taeda sem colonização(esquerda) e com colonização de suas raízes (direita) porectomicorriza. À direita nota-se o basidiocarpo deTelephora sp. usando a base da planta como suporte

A

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Nota Técnica Micorrizas

corrízicos é indispensável ao esta-belecimento e desenvolvimento dasplantas. Em Eucalyptus, observa--se a ocorrência de 2 tipos demicorrizas, as ectomicorrizas e asendomicorrizas vesículo-arbus-culares, sendo que, geralmente,ocorre a colonização inicial comfungos endomicorrízicos até a ida-de aproximada de 120 dias, seguidade um aumento da colonização edominância proporcionada pelosfungos ectomicorrízicos (4).

Vários são os gêneros de fungosectomicorrízicos de importância,como Scleroderma, Pisolithus,Telephora, entre outros.

O que se observa na prática éque há viveiristas que produzemmudas com boa colonização porfungos micorrízicos e viveiristasque não efetuam uma adequadamicorrização. Conseqüentemente,há crescimento deficiente das mu-das, principalmente do gêneroPinus. Normalmente, deficiênciana micorrização, no caso de Pinusspp., ocorre por desconhecimentodo viveirista de como proceder àinoculação do substrato. Para queocorra uma boa micorrização das

mudas de Pinus, há necessidade deinoculação, que pode ser feita viaadição ao substrato de acículas pi-cadas de Pinus ou providenciandocobertura morta com acículas pica-das de Pinus, quando se faz a semea-dura direta, ou, ainda, adicionan-do-se ao substrato terra oriunda deplantios de Pinus. Em todos oscasos citados, os materiais (acículasou solo) devem ser provenientes deplantios com boa micorrização, poisnas acículas há, principalmente,esporos (basidiósporos) de váriasespécies ectomicorrízicas que pos-teriormente irão germinar e colo-nizar as raízes. No solo, além dosbasidiósporos, existem estruturasvegetativas de fungos micorrízicoscomo hifas e micélio. Pode-se tam-bém inocular o substrato combasidiósporos provenientes dosbasidiocarpos. Neste caso, paradirecionar os esporos dos fungos aosubstrato, pode-se fazer uma sus-pensão dos esporos e, posterior-mente, regar-se o substrato. A des-vantagem de se utilizarem esporosprovenientes de basidiocarpos é quese limitam as espécies micorrízicascoletadas. Há que se ter conheci-

mento das espécies micorrízicas aose coletarem os basidiocarpos eestes basidiocarpos não estão dis-poníveis durante todo o ano paraserem coletados.

Não há, nas normas de produ-ção de mudas, relatos definindo aquantidade de acículas ou de solode plantios comerciais ou a concen-tração de basidiósporos utilizadoscomo inóculo. Normalmente, o quemais se têm utilizado são asacículas, mas também se utilizamsubstratos comerciais, em cuja com-posição há cascas de Pinus, quetambém contêm esporos. O uso e acoleta das acículas ou do solo pelosprodutores são aleatórios, masapresentam bons resultados.

Por uma questão legal, atual-mente todos os viveiristas deverãoter um responsável técnico (enge-nheiro agrônomo ou engenheiroflorestal) que garantirá a qualidadedas mudas para serem comer-cializadas e da micorrização. Mu-das com micorrização deficienteterão crescimento reduzido e po-dem ter a comercialização impedi-da pela fiscalização estadual.

Literatura citada

1. SIQUEIRA, J.O.; FRANCO, A.A.A.Biotecnologia do solo: fundamentos eperspectivas. Brasília: MEC Ministérioda Educação/Abeas; Lavras: Faepe,1988. 236p.

2. SIQUEIRA, J.O. Biologia do solo. La-vras, MG: Esal/Faepe, 1993. 230p.

3. ZAMBOLIM, L.; SIQUEIRA, J.O. Im-portância do potencial das associaçõesmicorrízicas para a agricultura. BeloHorizonte, MG: Epamig, 1985. 36p.(Epamig. Série Documentos, 26).

4. BELLEI, M.M.; GARBAYE, J.; GIL, M.Mycorrhizal succession in youngEucalyptus viminalis plantations inSanta Catarina (Southern Brazil).Forest Ecology and Management v.54,p.205-213, 1992.

Gilson José Marcinichen Gallotti,eng. agr., M.Sc., Epagri/Estação Experi-mental de Canoinhas, C.P. 216, 89460-000Canoinhas, SC, fone: (047) 624-1144, fax:(047) 624-1079, e-mail: [email protected].

Figura 2 – Raízes de Pinus taeda colonizadas por Telephora sp., com alteraçõesmorfológicas nas raízes colonizadas

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Nota Técnica Doenças da erva-mate

Doenças fúngicas em viveiros de erva-mateDoenças fúngicas em viveiros de erva-mateDoenças fúngicas em viveiros de erva-mateDoenças fúngicas em viveiros de erva-mateDoenças fúngicas em viveiros de erva-mate

Gilson José Marcinichen Gallotti

s condições de ambienteobservadas nos viveiros sãoaltamente favoráveis ao desen-volvimento de doenças fúngicas,pelo fato de normalmente ocorreralta umidade, baixa insolação eventilação, associadas ao estadofisiológico das mudas que seapresentam com os tecidos tenros.As doenças que normalmenteocorrem estão associadas a fungosque causam tombamento das mudase/ou podridões das raízes e asdoenças foliares. Entre os fungosque causam tombamento oupodridões de raízes estão: Fusariumsp., Rhizoctonia sp., Phytophthorasp., Pythium sp., Cylindrocladiumsp. e Botrytis sp. (Figuras 1 e 2). Jáentre os fungos causadores demanchas foliares está o causador

Figura 1 – Ocorrência de morte de plântulas em sementeira de erva-mate causada porfungos de solo

A

Figura 2 – Sintomas secundários na parte aérea de mudas de erva-mate e lesõesradiculares ocasionadas pela infecção de fungos nas raízes

da antracnose (Colletotrichum sp.),(Figura 3). Este fungo somentelesiona os tecidos tenros, novos,causando manchas e deformaçõesfoliares e, em muitos casos, a mortedos pontos de crescimento.

O fungo causador da mancha dafolha cujo agente etiológico é oCylindrocladium spathulatum(Figuras 4 e 5) ocorre em tecidosdesenvolvidos e causa intensadesfolha, quando não controladoadequadamente. Em condições deumidade elevada é freqüente oaparecimento de estruturasvegetativas e reprodutivas do fungo,o que proporciona grande produçãode esporos.

Eventualmente, em mudaspassadas e estressadas, ocorre acercosporiose causada por Cer-cospora sp. (Figura 6). Estas lesões

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Nota Técnica Doenças da erva-mate

são características, pequenas, como centro esbranquiçado apre-sentando pequenas pontuaçõespretas e bordas escuras.

As estratégias de manejo de do-enças em viveiros são comuns paratodas as espécies, sendo necessá-rios cuidados na escolha do local,do substrato utilizado, na desinfec-ção de recipientes, no manejo dasmudas, com a irrigação e drena-gem, com o sombreamento, a ven-tilação, a densidade de semeadurae a rustificação das mudas (1, 2).

O local deve apresentar boa in-solação e ventilação, facilitando aevaporação da água e evitando oestiolamento das mudas, boa dre-nagem e ser afastado de plantioscomerciais. O manejo das mudasvisa manter lotes homogêneos. Osubstrato utilizado pode serdesinfestado por métodos químicose físicos, sendo mais recomendadaa utilização de métodos físicos (ca-lor). Este poderá, de forma prática,ser realizado pela rega do solo comágua aquecida até a fervura, usan-do-se 10L/m2 de canteiro. Tambémpoderão ser utilizados o calor secoe o vapor de água com ou sempressão (difícil implementaçãopara pequenos viveiristas) e a

solarização, que é mais utilizadaem regiões com maior insolaçãoanual (2). Os fungos causadores detombamento e/ou podridões deraízes são favorecidos pela utiliza-ção de substratos com elevado teorde material orgânico em estágiosiniciais de compostagem. Caso seopte pela utilização da adubação

Figura 3 – Sintomas de necrose foliar em mudas de erva-mate causada porColletotrichum sp.

orgânica, deve-se evitar doses ele-vadas e esta deve estar em estágioavançado de compostagem. O quese tem observado na prática é queos melhores substratos e os maisutilizados são aqueles oriundos deterra de mato, apenas com a remo-ção de poucos centímetros da ca-mada superficial para minimizaros problemas com ervas daninhas.Estes substratos normalmenteapresentam boa estrutura, umbom teor de matéria orgânica emestado avançado de decomposição,com bom equilíbrio de microrga-nismos, inclusive com a presençade micorrizas arbusculares que de-sempenham importante associaçãosimbiótica com as mudas de erva--mate. Pode-se também preparar osubstrato, na proporção de trêspartes de terra (horizonte B), umaparte de matéria orgânica (húmusde minhoca ou material em estadoavançado de compostagem) e umaparte de material inerte (areia oucasca de arroz carbonizada ouvermiculita), entretanto, estesubstrato tem desempenho pior quea terra de mato.

A água utilizada também é fun-damental no controle das doenças

Figura 4 – Desfolha em mudas de erva-mate causada por Cylindrocladiumspathulatum

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do solo, devendo estar limpa, por-tanto, livre de patógenos e parasi-tas.

A irrigação deve ser somente anecessária para o bom desenvolvi-mento das mudas.

Figura 5 – Pequenas manchas foliares causadas por Cylindrocladium spathulatumem mudas de erva-mate

Figura 6 – Pequenas manchas foliares causadas por Cercospora sp. em mudas deerva-mate

Os recipientes que sãoreutilizados (tubetes, caixarias)devem sempre estar limpos edesinfetados, com solução dehipoclorito de sódio a 0,6%, duran-te 24 horas (2), para diminuir o

potencial de inóculo.A alta densidade, comumente

observada nos viveiros, provocaestresse nas mudas e ummicroclima favorável ao desenvol-vimento de doenças. Quando seutilizam boas sementes, recomen-da-se de 150 a 200g/m2 de sementei-ra (3); entretanto, é comum a utili-zação de maiores quantidades. Por-tanto, deve-se evitar os chamados“tapetes verdes” nos canteiros. Umaboa densidade é aquela em que sepode ver também parte do solo doscanteiros, permitindo uma melhorventilação, insolação e aeraçãoentre as mudas, dificultando oestiolamento e favorecendo a ex-pressão natural da resistência dasmudas.

A rustificação das mudas no vi-veiro (aumento gradativo à exposi-ção ao sol) é importante tanto parao controle das doenças no viveiroquanto para evitar danos por quei-ma do sol no local de plantio defini-tivo.

Literatura citada

1. GRIGOLETTI JUNIOR, A.; AUER, C.G.Doenças da erva-mate: identificação econtrole. Colombo: Embrapa-CNPF,1996. 15p. (Embrapa-CNPF. Circulartécnica, 25).

2. GRIGOLETTI JUNIOR, A.; AUER,C.G.; A.F. dos SANTOS. Estratégias demanejo de doenças em viveiros flores-tais. Colombo: Embrapa-Florestas,2001. 8p. (Embrapa-Florestas. Circu-lar Técnica, 47).

3. DA CROCE, D.M.; FLOSS, P.A. Cultu-ra da erva-mate no Estado de SantaCatarina. Florianópolis: Epagri, 1999.81p. (Epagri. Boletim Técnico, 100).

Gilson José Marcinichen Gallotti,eng. agr., M.Sc., Epagri/Estação Experi-mental de Canoinhas, C. P. 216, 89460-000Canoinhas, SC, fone: (047) 624-1144, fax:(047) 624-1079, e-mail: [email protected].

Nota Técnica Doenças da erva-mate

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Opinião

Estamos prontosEstamos prontosEstamos prontosEstamos prontosEstamos prontospara apara apara apara apara a

rastreabilidade?rastreabilidade?rastreabilidade?rastreabilidade?rastreabilidade?

Paulo Roberto Andrade Cunha

stá na Instrução Norma-tiva 01, de 10/1/2002, do Ministé-rio da Agricultura, Pecuária eAbastecimento: “Todos oscriatórios voltados a produção decarne bovina para o comércio in-ternacional com os países-mem-bros da União Européia – UE –deverão integrar o Sistema Brasi-leiro de Identificação e Certificaçãode Origem Bovina e Bubalina –Sisbov – até o mês de junho de2002. A partir dessa data, essacondição constituirá requisito in-dispensável para habilitar-se àexportação para aquele mercado;já para os criatórios que exploramanimais cuja produção esteja vol-tada para os demais mercados im-portadores, o prazo final será de-zembro de 2003”.

Como pecuarista, estou terri-velmente preocupado com ocronograma da legislação sobrerastreabilidade bovina; como diri-gente de classe, entendo que fal-tam ainda definições mais clarassobre o processo, apesar de estaràs vésperas de vencer uma etapa– a do atendimento das exigênciasdos nossos maiores compradores,os europeus. Até o final de junhoquem produz carne para exporta-ção para essa região terá de ter,obrigatoriamente, a rastreabi-lidade implantada em sua fazen-da. Ora, mas como isso é possívelse ainda não há definição clara dacertificação de origem, fator im-prescindível no processo? A questão da rastreabilidadebovina ainda não foi discutidacomo deve por produtores e ór-gãos governamentais. A exigên-cia da UE, ao que me consta, éantiga mas apenas recentemente

chegou até os pecuaristas a neces-sidade de agilizá-la. Conseqüênciadireta disso: ainda há muitas infor-mações a esclarecer ante a necessi-dade de satisfazer nossos parceiroscomerciais e dar condições a nós,pecuaristas, de aderir a esse pro-cesso.

De qualquer maneira, para mimfica a certeza de que o prejuízo, seocorrer, será apenas nosso. Afinal,que culpa tem a UE se não fazemosainda rastreabilidade? O mercadomundial de carne, de cerca de 7milhões de toneladas anuais, é bas-tante concorrido. Austrália e Esta-dos Unidos, juntos, respondem porcerca de 2,5 milhões de toneladas/ano, deixando cerca de 65% para osdemais países, entre os quais oBrasil. Nos últimos dois anos, avaca louca na Europa e a febreaftosa na Argentina e no Uruguaiforam positivas para nós, que salta-mos de uma posição intermediáriapara a terceira posição entre osmaiores vendedores. Em 2001, porexemplo, o Brasil exportou o equi-valente a 789 mil toneladas de car-caça, com receita de US$ 1,013bilhão: crescimento de 28% sobre oano anterior. Nos primeiros qua-tro meses de 2002, novo aumentode 26,6% sobre igual período de2001, com negócios de U$ 337 mi-lhões. Os números são altamentepositivos, não resta dúvida, maslançam sobre nós pecuaristas umdesafio sem precedentes: precisa-mos estar aptos a aproveitar essebom momento e fincar posição, ofe-recendo carne de qualidade e naquantidade necessária para aten-der ao mercado internacional. É nesse contexto que a questãomal resolvida da rastreabilidadepode ser um fator negativo, travan-do o desempenho das vendas exter-nas de carne bovina. Por outrolado, também precisamos lembrarque os preços internos ainda nãoforam beneficiados com o aumentodas exportações. A média de 17 a 19dólares por arroba mantem-se,enquanto sabemos que o nívelideal de preços está acima do pata-mar de 20 dólares/arroba. De qual-

quer forma, contamos com que amanutenção dos bons resultadosem exportação seja o ingredientepara alavancar as vendas inter-nas de gado em pé. Uma coisapuxa a outra, é o que esperamos. Está claro que o cenário exigediscussão apurada e detalhada dapecuária brasileira e de todos ostemas emergentes que passam aincidir diretamente sobre os re-sultados de nosso negócio. Arastreabilidade é um desafioimediato que precisa mereceratenção do governo, dos produto-res e das indústrias envolvidas. Épor isso que a intensificação dadiscussão sobre o tema foi umadas prioridades do IV EncontroNacional do Boi Verde, eventoocorrido no período de 29 a 31 deagosto de 2002, em Uberlândia,MG, com promoção do SindicatoRural de Uberlândia em parceriacom a Associação Brasileira dosCriadores de Zebu – ABCZ –, Fe-deração da Agricultura de MinasGerais – Faemg – e Empresa Bra-sileira de Pesquisa Agropecuária– Embrapa. Os pecuaristas preci-sam, mais do que nunca, senta-rem-se à mesa para, juntos,defender os seus direitos, sob ris-co de perder esse momento histó-rico e ter apenas arrependimentomais tarde.

Paulo Roberto Andrade Cunha, pre-sidente do Sindicato Rural de Uberlândia,fone: (034) 3222-1000, e-mail:[email protected].

Produção orgânicaProdução orgânicaProdução orgânicaProdução orgânicaProdução orgânicade frutasde frutasde frutasde frutasde frutas

Carlos Roberto Martins eRoseli de Mello Farias

maior, a cada dia que passa,a tendência e o interesse empesquisar, estudar e acompanhar

E

É

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Agropec. Catarin., v.15, n.3, nov. 2002 67

Opinião

passou a ser um segmento impor-tante. Um dos segmentos de ali-mentos que mais crescem na atua-lidade e com destaque é o das frutasin natura. O mercado está abertopara “novas” frutas, especialmenteas que contemplem qualidadeorganoléptica, sanidade, preçoscompetitivos, sem vantagens eco-nômicas espúrias e embutidas, alémde regularidade de oferta.

Os princípios deste sistema deprodução têm como finalidades con-servar os recursos naturais, me-lhorar a qualidade das frutas, bus-cando a produção econômica defrutas e sem resíduos de agroquí-micos, reguladores de crescimentoou aditivos compostos sintetica-mente, e, ainda, ser um sistema deprodução agrícola socialmente maisjusto e equilibrado.

Em síntese, este sistema ba-seia-se no uso de esterco animal,rotação e intercalagem de cultura,adubação verde, compostagem,cultivares resistentes a doenças epragas, sendo estas mais adapta-das às condições da região, e tam-bém na utilização de controle bioló-gico de pragas e doenças. Destamaneira, busca-se minimizar oimpacto sobre o ambiente e o equi-líbrio ecológico é mantido, procu-rando manter a estrutura e a pro-dutividade do solo em harmoniacom a natureza.

Este tipo de manejo exige, emprimeira instância, uma dedicaçãomaior ao pomar, com maior utiliza-ção de mão-de-obra, o que pode servisto como uma boa oportunidadepara criação de empregos e manu-tenção da fruticultura familiar.Dependendo da forma como o ma-nejo e as técnicas de produção sãoempregados, os custos de produçãode algumas frutíferas são ao menosequivalentes aos do sistema con-vencional, já que o aumento emmão-de-obra é compensado pelosgastos com insumos como adubosminerais e agroquímicos.

No Brasil a produção orgânicajá é regulamentada por lei, maisprecisamente pela Portaria 007,de maio de 1999 do Ministério daAgricultura, Pecuária e Abasteci-mento – Mapa –, que normaliza eindica como deve ser feita a pro-dução orgânica no País.

Na Europa, a agricultura orgâ-nica é uma atividade agrícola ba-seada somente na utilização deinsumos naturalmente presenteno ambiente, não sendo permiti-do a utilização de substâncias quí-micas sintetizadas pelo homem,sendo regulamentada pela Lei Eu-ropéia 2092/91.

Atualmente o mercado de pro-dutos orgânicos vem crescendoem todo o mundo. Dados da Foodand Agriculture Organization ofthe United Nations – FAO – indi-cam que, em 1997, o mercadomundial movimentou U$ 8,7 bi-lhões, e desde 1990 vem aumen-tando 20% a 25% ao ano. O Brasildemonstra toda a tendência deseguir este mesmo caminho.

Além de ser um dos segmentosque mais cresce no setor dealimentos, os produtos orgânicosalcançam preços, em média, até20% superiores aos produzidos deforma convencional. Um exemploé o suco orgânico de laranja, queé comercializado no Brasil pelodobro de preço. Entretanto, é umsegmento de mercado pequenoainda, representa 2% a 3%, secomparado com o todo. Por isso,cautela e seriedade são indispen-sáveis neste tipo de produção parafidelização da clientela, pois aoportunidade existe tanto em nívelde mercado interno brasileirocomo externo.

O que se deve levar em contano caso do mercado internacionalé que produtos orgânicos podemser, sim, uma maneira “camuflada”para um novo tipo de prote-cionismo “o ecologicamentecorreto”. Em geral, países mais

o desenvolvimento de métodos epráticas e o próprio comportamen-to produtivo das frutíferas sobreos sistemas de produção orgânica,agroecológico ou biológico de fru-tas ou qualquer outro alimentopor instituições privadas ou públi-cas. Aliado a isto, cresce a consci-ência do consumidor frente à qua-lidade do produto final. Inicial-mente buscavam-se frutas comboa aparência, tamanho, colora-ção e uniformidade. Embora nes-tes requisitos muitas frutas aindadeixem a desejar, o mercado pas-sou a exigir novos atributos. Nes-ta nova fase, são contempladosaspectos ligados às característi-cas organolépticas, à segurançaalimentar e à proteção ao meioambiente.

Desta maneira, muitas das ul-trapassadas resistências, mar-ginalizações e até mesmo discri-minações vão sendo incorporadase absorvidas pelo desenvolvimen-to da consciência da sociedade, danecessidade da sustentabilidadede qualquer propriedade empre-sarial ou familiar, seja no ramo daprodução de carne, grãos oufrutícola. Isto pode ser explicadoem parte pela forma em que seapresentam os fatos, pois, à medi-da que se foi e se vai tomando anoção dos problemas associadoscomo a moderna agricultura in-tensiva, mediada pela maxi-mização da produção e do lucro, aprodução orgânica foi e vem sen-do empregada e utilizada comouma prática meramente “alterna-tiva”. E isto, de certa forma, criouum imenso antagonismo contra aprodução orgânica pelos estudan-tes, técnicos, pesquisadores, pro-dutores e todos aqueles que sesentiam repudiados pelos seus es-forços realizados até ali para ali-mentar e desenvolver o mundo.

Ao que parece, a produção or-gânica de alimentos em geral dei-xou de ser um nicho de mercado e

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68 Agropec. Catarin., v.15, n.3, nov. 2002

Opinião

desenvolvidos que praticam osistema de produção orgânica defrutas promovem maior apoio aosprodutores, ou seja, subsidiam aprodução em virtude da menorprodutividade, principalmente nasfases iniciais de produção(transição).

O interessante é não tomar,diante de tais suspeitas, medidasrestritivas e discriminatórias atoda forma de produtos orgânicos,principalmente frente à expor-tação. O que parece evidente éque talvez tenhamos de mudarações e pensamento. Em vez deexportarmos milhões de toneladasde grãos, frutas ou outro produtoa um preço razoável, tendo o custode degradar o ambiente deprodução e cada vez mais empo-brecermos a longo prazo, passe-mos a exportar quilos a um preçoao menos equivalente, mas com aconsciência de estarmos preser-vando o nosso ambiente, a saúde

e também a geração futura, quedependerá do sustento da terra.

A área com agricultura orgânicano Brasil está em torno de 100 milhectares, entretanto é bem maiorse considerarmos o sistema deconversão do convencional aoorgânico. Estima-se que o volumecomercializado é superior a US$150 milhões, sendo que dessesprodutos 70% têm como destino aexportação.

Atualmente no país existemvários tipos de produtos orgânicossendo produzidos em grande partepelas Regiões Sul e Sudeste. Deacordo com a certificadora IBD, deSão Paulo, a produção nestesistema concentra-se em cítrus,castanha-de-caju, banana, uva,manga, goiaba e morango.

No sul do Brasil, muitasolerícolas, grãos e frutas comocítrus, uva, pêssego, figo, morango,caqui, quivi e maçã vêm sendoproduzidos organicamente e com

sucesso. Em alguns casos, comoem relação a uva, pêssego,morango e maçã, a produção estásendo consolidada frente aomercado consumidor fiel e emexpansão.

O que parece justo analisar éque, mais do que praticar técnicasde produção orgânica, é o direitodo consumidor de se alimentar deforma sadia e equilibrada e doprodutor rural de preservar suaprópria saúde, e ambos promo-verem a preservação e manu-tenção de uma agriculturaprodutiva e sustentável ao longodos anos.

Carlos Roberto Martins, eng. agr.,

doutorando em Agronomia, UFPEL/

Pelotas, e-mail: [email protected]

e Roseli de Mello Farias, eng. agr.,

M.Sc., Faculdade de Zootecnia, Veteri-

nária e Agronomia – FZVA/PUCRS,

e-mail: [email protected].

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Educação e capacitação profissional

Nova praga potencial dos citros

Importância das micorrizas

Sistema de produção de ovinos

Vo l. 15, nº 3, no v. 20 02 - R$ 6,00 IS SN 0103- 077 9

Educação e capacitação profissional

Nova praga potencial dos citros

Importância das micorrizas

Sistema de produção de ovinos

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Agropec. Catarin., v.15, n.3, nov. 2002 69

Conjuntura

PPPPPerspectivas para aerspectivas para aerspectivas para aerspectivas para aerspectivas para aceboliculturaceboliculturaceboliculturaceboliculturaceboliculturacatarinensecatarinensecatarinensecatarinensecatarinense

Carlos Luiz Gandin e Guido Boeing

Estado de Santa Catarinaresponde, atualmente, por cercade 37% da oferta nacional de cebo-la, com uma produção de bulbossignificativamente diferenciadada produção dos demais Estadosprodutores, diferenças estas (co-loração, tipificação) que determi-nam uma melhor aceitação pelomercado.

A situação atual da economia edos mercados leva a ceboliculturacatarinense a fazer algumas refle-xões sobre a necessidade demelhoria de competitividade dacebola e de políticas públicas es-tratégicas para o apoio à agricul-tura familiar.

O consumo de cebola no Brasil,nos últimos anos, está pratica-mente estabilizado entre 750 mile 850 mil toneladas/ano. Dessetotal, o País tem importado entre75 mil e 330 mil toneladas/ano,volume que varia em função dereduções da oferta interna, sejapor condições climáticas adversas,seja por menor competitividadede mercado em razão do baixonível de tipificação e padronizaçãoda cebola brasileira.

Para o próximo qüinqüênio,confirmando-se as previsões doInstituto Cepa/SC (1) sobre odesempenho da economia brasi-leira (crescimento do PIB de 3%a.a. e de 8,14% da renda per capitaaté 2005) e considerando-se umcoeficiente elasticidade-renda de0,174 para a cebola, pode-seprojetar para o País um consumoda ordem de 850 mil a 950 miltoneladas em 2005, ou seja, um

crescimento de aproximadamente12,1% sobre a demanda atual. Para2010, caso se confirmem os índicesde crescimento da economiainterna e considerando-se oaumento populacional do Brasil, ademanda poderá situar-se entre 930mil e 1,05 milhão de toneladasanuais.

A maioria dos problemas en-frentados pelo setor produtivo paraa melhoria da qualidade poderiaser superada através do associa-tivismo, do cooperativismo e daprofissionalização dos produtores(2). Os agricultores, individualmen-te, enfrentam muitas dificuldadesque poderão ser resolvidas medi-ante o trabalho em grupo, princi-palmente para o comércio dosinsumos e da produção. Geralmen-te, eles dependem de decisões to-madas a montante e a jusante daspropriedades; na maioria das ve-zes, adquirem os insumos a preçosextremamente altos (muito valoragregado) e vendem a produção porpreços baixos (sem nenhum valoragregado), tornando-se reféns dosistema. Com isso, acabam deses-timulados e não prezam pela quali-dade do produto ofertado ao merca-do.

Em uma abordagem genéricasobre os entraves inerentes ao se-tor produtivo, pode-se concluir queas oportunidades viáveis para acebola catarinense são melhorar aqualidade e reduzir custos, paraque se consolide no mercado na-cional e se projete no âmbito inter-nacional. Além disso, estratégiasde marketing, com inovações naforma de apresentação do produtoao consumidor final, desenvolven-do embalagens menores e maisatrativas, juntamente com a pro-moção de campanhas que visem aoaumento do consumo per capita,explorando as qualidades nutri-cionais e medicinais do bulbo eviabilizando formas de industriali-zação da cebola, são alternativas

que se apresentam.Deve, também, ser considera-

da a produção de cebola orgânicae agroecológica visando atenderàs novas demandas da sociedadepor produtos naturais, de maiorvalor agregado, bem como aprodução de variedades dife-renciadas, como a branca e a roxa,que apresentam nichos específi-cos de mercado bastante atraen-tes (2).

A elaboração de políticas públi-cas para o apoio aos cebolicultoresem especial, e à agricultura fami-liar catarinense em geral, envol-ve a disponibilidade de créditopara custeio e investimentos eminfra-estrutura na propriedadeagrícola, em quantidade adequa-da e na época oportuna. Afinal,além da terra e da mão-de-obra, oagricultor precisa de dinheiro parapoder produzir, pois o crédito ru-ral visa a disponibilizar recursosfinanceiros com baixas taxas dejuros, para atender à demanda decusteio e investimentos para aimplantação e/ou ampliação deatividades geradoras de renda eagregadoras de valor.

Além do financiamento da pro-dução e da infra-estrutura para obeneficiamento e a comer-cialização, também são necessá-rios os componentes de apoiotecnológico e capacitação gerencialdos agricultores para melhorar aviabilidade da produção. Afinal,busca-se a elevação do nível decapacitação de acordo com a es-tratégia do desenvolvimento sus-tentável e a elevação da qualifica-ção técnico-profissional dos agri-cultores em produção, beneficia-mento, agroindustrialização ecomercialização. Quanto à capa-citação dos agricultores, a Epagri,em parceria com o Pronaf, estáatendendo, em parte, às deman-das do setor através dos cursos deprofissionalização realizados noCentro de Treinamento de Agro-

O

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Conjuntura

para a agricultura familiar: horizonte2010. Florianópolis: Instituto Cepa/SC,2002. 112p.

2. DEBARBA, J.F.; THOMAZELLI, L.F.;GANDIN, C.L.; SILVA, E. Cadeias pro-dutivas do Estado de Santa Catarina:Cebola. Florianópolis: Epagri, 1998.115p. (Epagri. Boletim Técnico, 96).

3. EPAGRI. Sistema de produção para acebola: Santa Catarina (3a revisão).Florianópolis, 2000. 91p. (Epagri. Siste-

mas de Produção, 16).

Carlos Luiz Gandin, eng. agr., M.Sc.,Epagri/Instituto Cepa/SC, RodoviaAdmar Gonzaga, 1.486, C. P. 1.587, fone:(048) 239-3900, fax: (048) 334-2311,88034-000 Florianópolis, SC, e-mail:[email protected] e Guido Boeing,eng. agr., M.Sc., Instituto Cepa/SC, Ro-dovia Admar Gonzaga, 1.486, C. P. 1.587,fone: (048) 239-3900, fax: (048) 334-2311,88034-000 Florianópolis, SC, e-mail:[email protected].

nômica e na Estação Experimen-tal de Ituporanga.

Além disso, torna-se impor-tante intensificar a divulgaçãoperiódica e constante dasinformações referentes à tomadade decisão para a melhoria daqualidade da cebola em SantaCatarina, relacionadas ao con-texto da produção das demaisregiões do País e do Mercosul. OObservatório do Agronegócio éum projeto-piloto do InstitutoCepa/SC, em parceria com oPronaf, que tem por objetivoservir de apoio à comercializaçãode produtos da agriculturafamiliar, ao desenvolvimento demicro, pequenos e médiosagronegócios que permitamagregar renda e melhorar acompetitividade (1).

Se houver continuidade nosesforços de pesquisa e desen-volvimento visando ao aumentoda produtividade e da melhoria daqualidade da cebola e se mantiverinalterado o atual quadro deprodução no Estado do Rio Grandedo Sul (sérias deficiências eminfra-estrutura de estocagem,baixa produtividade e qualidadedo produto e lavouras situadas emáreas de risco climático), SantaCatarina poderá aumentar suaparticipação relativa na produçãonacional em cerca de 25%.

Dada a dinamicidade do setor,deverá ocorrer expansão daprodução catarinense peloaumento da área cultivada porprodutor e pela melhoria deprodutividade. A tendência é quea produção continue concentradanas tradicionais regiões produ-toras do Alto Vale do Itajaí e quehaja um ligeiro decréscimo donúmero de produtores comerciaisde cebola (3).

Literatura citada

1. ALTMANN, R. (coord.). Perspectivas

Receituário agronômico e a controvérsiaReceituário agronômico e a controvérsiaReceituário agronômico e a controvérsiaReceituário agronômico e a controvérsiaReceituário agronômico e a controvérsiasobre sua prática atualsobre sua prática atualsobre sua prática atualsobre sua prática atualsobre sua prática atual11111

José Prado Alves Filho

implantação e a adoção ge-neralizada da prática do que seconvencionou chamar de “recei-tuário agronômico”, a partir da apro-vação da legislação federal (Lei no

7.802, de 11 de julho de 1989) queregulamenta o uso dos agrotóxicosno país, representam uma tentati-va quase inédita de controle dacomercialização e da utilização des-ses produtos, quando comparadasàs estratégias de gestão adotadasem outros países, na busca de pa-drões e recomendações técnicas quepossam minimizar os efeitos nega-tivos decorrentes do uso deagrotóxicos.

O processo que culminou com aproposição desse sistema de con-trole da comercialização dosagrotóxicos por receita pode sercaracterizado como fruto da açãode uma rede sociotécnica (1) envol-vida com os temas ambientais e aquestão dos agrotóxicos, em espe-cial nos meios agronômicos, desdeo final da década de 70.

Os impactos sociais, ambientais

e econômicos decorrentes do usode agrotóxicos na atividade agrí-cola são bastante conhecidos, e operfil das formas de disponibilida-de, acesso e utilização destesinsumos no processo produtivorepercutem diretamente nos vá-rios interesses presentes nessarede.

Desta forma, a implantação doreceituário agronômico se carac-terizou como uma tentativa decriar uma instituição paraintermediar o acesso dos agricul-tores às formas de controle dosproblemas fitossanitários na ati-vidade agrícola, em especial atra-vés do uso de agrotóxicos, e, porconseqüência, contribuir forte-mente para o estabelecimento dasrelações desenhadas em toda acadeia envolvendo os produtoresrurais, os técnicos, a indústriaquímica, a comunidade de pesqui-sadores científicos, os consumido-res de produtos agrícolas, osambientalistas, a cooperação agro-nômica, os legisladores, as agên-

1 Resumo de dissertação de mestrado intitulada: ‘‘Receituário Agronômico: a construçãode um instrumento de gestão dos agrotóxicos e sua controvérsia’’, apresentada juntoao Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental da Universidade de São Paulo– Procam/USP, em dezembro de 2000.

A

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Conjuntura

cias de financiamento, os órgãospúblicos ligados à fiscalização nasáreas de saúde, ambiente, agri-cultura e trabalho, dentre outros.

A implantação do sistema dereceituário agronômico, caracte-rizada atualmente como exigên-cia legal de autorização escritapara a comercialização e aplica-ção de agrotóxicos no Brasil, foiresultado de um longo processode discussão na comunidade téc-nica do meio agronômico, iniciadapor profissionais atuantes no Es-tado do Rio Grande do Sul, emtorno dos problemas identificadospelo uso indiscriminado dessesinsumos e pelos impactos geradosao ambiente e à saúde humana.

Entretanto, a situação atual aque foi resumida a idéia do recei-tuário agronômico não é coerentecom a visão inicial de seus propo-nentes, em especial junto a umseleto grupo de agrônomos eambientalistas envolvidos na lutapor sua implantação desde o finaldos anos 70. Foi nesse período quea rede formada por técnicos daárea agronômica, ambientalistas,professores universitários, den-tre outros, contou com a partici-pação de personagens de desta-que, inicialmente com atuação emâmbito local (a começar pelo Esta-do do Rio Grande do Sul) e, emseguida, ganhando espaço em es-cala nacional, encaminhando aluta pela instituição do instru-mento do receituário agronô-mico.

A princípio o receituário foiconcebido como instrumentometodológico de implantação dedoutrina técnica renovadora parafazer frente aos problemasfitossanitários. Nesta doutrina opapel do engenheiro agrônomorefletia o atendimento a interes-ses de produção e da saúde huma-na, animal e ambiental. A adoçãoda tecnologia química estaria sen-do feita levando-se em conta os

aspectos socioculturais dos usuá-rios. O técnico extensionista atua-ria de forma presente acompanhan-do e assessorando na organizaçãodo processo produtivo, buscandosoluções criativas comprometidascom a resolução do problema re-presentado pelas pragas, mas con-siderando a distribuição do agenteetiológico, buscando reduzir o con-sumo de agrotóxicos a um mínimoindispensável.

Posteriormente, a massificaçãoda prática do receituário em todo oPaís foi acompanhada de um pro-cesso de distanciamento dos con-ceitos iniciais que inspiraram aproposição deste instrumento. As-sim, a idéia do receituário agronô-mico como prática profissionalampla e baseada em doutrina téc-nica para o manejo fitossanitáriofoi sendo reduzida a uma simplespreocupação operacional em tornoda instituição da receita como ins-trumento de controle de vendas deinsumos químicos reconhecida-mente problemáticos.

Finalmente, nos padrões atu-ais, o receituário foi banalizadocomo mera formalidade burocráti-ca desprovida de sentido práticoem relação às suas vocações ante-riores, mas dotada de papel impor-tante para a viabilização da conti-nuidade do processo de dissemina-ção do uso de agrotóxicos, agoraexercitado sob leis e regulamentosque diluem a responsabilidade de-corrente da adoção dessa tecnologiaentre os diversos atores partici-pantes da rede envolvida com autilização desses insumos.

Somente no Estado de São Pau-lo são emitidas mensalmente cercade 40 mil receitas, as quais nãorecebem nenhum tipo deprocessamento e tratamento dedados por parte dos órgãos respon-sáveis por fiscalizar o uso – a defesaagropecuária – ou pela fiscalizaçãoprofissional da atividade agronô-mica e florestal – os conselhos pro-

fissionais2.Com a aprovação da Lei no

7.802/89, vários Estados da Uniãopassaram a reformular ou apre-sentar novas leis sobre a matéria.A idéia inicial do receituário agro-nômico como instrumentometodológico para abordagem téc-nica dos problemas fitossanitáriosna produção agrícola e florestalvai cada vez mais perdendo espa-ço. O processo legislativo e asdecorrentes medidas administra-tivas implantadas, tanto no âmbi-to da fiscalização do uso, sob res-ponsabilidade dos órgãos de defe-sa sanitária vegetal, como na fis-calização do exercício profissio-nal, sob responsabilidade do siste-ma Confea-Crea (Conselho Fede-ral de Engenharia, Arquitetura eAgronomia – Conselho Regionalde Engenharia, Arquitetura eAgronomia), vão caracterizando oinstrumento do receituário agro-nômico como um sistema de con-trole de vendas.

As discussões agora se restrin-gem aos modelos de formulários,às rotinas de procedimentos buro-cráticos, ao número de vias a cons-tar nas receitas, aos aspectos pu-nitivos da legislação, enfim, jáparece distante o entendimentodos conceitos iniciais da doutrinapreconizada por Guerra e Sampaio(3).

Mas as principais constataçõesda ineficácia do atual sistema dereceituário agronômico podem serfeitas através da verificação deseu funcionamento a partir dasinstituições que administram osistema.

Os principais problemas en-contrados na implantação e práti-ca do receituário, no âmbito dos

2 Informação obtida a partir de entrevistarealizada com a assessoria da Câmarade Agronomia do Conselho Regionalde Engenharia, Arquitetura eAgronomia do Estado de São Paulo –Crea-SP.

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Conjuntura

conselhos profissionais, forambem detalhados nas informaçõesoferecidas pelo Crea-MG, a partirde consulta realizada junto à Câ-mara de Agronomia daquele Con-selho, e são mostrados a seguir.

Principais problemasobservados na práticaatual do rceituárioagronômico3

• Pouco envolvimento dos pro-dutores rurais.

• Poucos profissionais autôno-mos e extensionistas prescreven-do receitas.

• Formação deficiente dos pro-fissionais, os quais demonstraminsegurança diante das responsa-bilidades assumidas na atividade.

• Excesso de informações aconstar das receitas, por exigên-cia da legislação, levando a umasimples cópia das bulas.

• Mistura de recomendaçõespara culturas diferentes na mes-ma receita (não permitida por lei).

• Excesso de receitas para ummesmo profissional (agrônomo debalcão).

• Custo elevado para manu-tenção da atividade (custo do blo-co de receitas ou dos softwaresutilizados, custo da ART, custodos honorários do profissional res-ponsável técnico, etc.).

• Desinteresse dos comer-ciantes em custear visitas doprofissional ao campo.

• Numeração incorreta emreceitas informatizadas.

• Ausência de assinatura doprofissional responsável e dousuário.

• Ausência do recolhimentodas ARTs (anotações de responsa-bilidade técnica).

• Falta de comprovante do

pagamento das ARTs.• Falta de estrutura dos órgãos

públicos para fiscalização eficiente,principalmente no campo.

Outro fato que constata adistorção sofrida no processo deimplantação e operacionalização doreceituário agronômico, a partir desua proposta inicial, é a verificaçãode que até mesmo via internet épossível realizar a compra deagrotóxicos a priori, sem anecessidade de uma efetivaavaliação técnica a justificar o atode comercialização.

Considerações finais esugestões

A distorção dos princípios econceitos iniciais do receituárioagronômico ocorrida ao longo deseu processo de implantação eoperacionalização ficou evidenciadaa partir da demonstração de quepraticamente todos os passosmetodológicos e requisitos logís-ticos preconizados por Guerra (2) eGuerra e Sampaio (3) foramdesconsiderados no estabeleci-mento das rotinas de operação eprática do instrumento.

A ênfase atribuída ao receituárioagronômico no âmbito dos sistemasde fiscalização do exercícioprofissional e de defesa sanitáriavegetal ficou limitada aos aspectosburocráticos do instrumento,perdendo conexão com os princípiosemancipadores colocados pelosprecursores da idéia inicial, nosentido de contribuir efetivamentepara o controle do uso indiscri-minado dos agrotóxicos.

O modelo de intermediaçãotécnica proposto pelo instrumentodo receituário, a partir de modeloinspirado nas relações do tipo“médico-paciente-medicamento”,não se mostrou aplicável aocontexto da atividade agronômica.A inexistência de pressupostosrelacionados à cultura ética

profissional e a aspectosestruturais consistentes apermear a relação entre osprodutores rurais e os atoresresponsáveis pela assistênciatécnica e a extensão rural, nocontexto de aplicação da práticado receituário, ao longo de seuperíodo de implantação, indica aimpropriedade de aplicação, porvia legislativa, de dispositivo queviesse a garantir a validade deuma relação de necessidade,acesso e confiança entre ostécnicos e produtores, para oenfrentamento dos problemasdecorrentes do manejo de pragase doenças nas atividades agrope-cuárias e florestais.

A rede sociotécnica que deuinício às primeiras experiênciasde implantação do receituárioatribuiu um significado derenovação e avanço na adoção depráticas emancipadoras para sefazer frente aos problemas demanejo das pragas e das doençasnas atividades agropecuárias eflorestais e também para oenfrentamento do uso indiscri-minado de agrotóxicos.

No decorrer do processo dediscussão e implantação daproposta de receituário agronô-mico a rede vai mudando, e osatores, os interesses e as relaçõesde força acompanham essemovimento. Desta forma, novossignificados vão sendo atribuídosao receituário, agora muito maisidentificado como um instru-mento inócuo de controle devendas, bem distante dosprincípios iniciais que inspiraramsua implantação.

O exercício do receituárioagronômico nos moldes atuaissomente pode interessar aos seto-res de produção e comercializaçãodos agrotóxicos, tendo em vistaque sua manutenção representana prática a abolição dos sistemasde controle.

3 Consulta (via e-mail) junto à Câmarade Agronomia do Crea-MG, agosto/2000.

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Agropec. Catarin., v.15, n.3, nov. 2002 73

Também são atores relevan-tes na manutenção do atualsistema de receituário agronô-mico as parcelas da corporaçãoagronômica que ajudaram aatribuir, ao longo do tempo, umcaráter burocrático e distorcidoao instrumento. Tais atoresestariam, de certa forma, sebeneficiando desses aspectosburocráticos ou, ainda, do mito deestarem contribuindo para umsistema que já se mostrou inócuopara o controle do uso dosagrotóxicos e inadequado ou irrealcomo doutrina técnica desprovidade seu contexto institucionalbásico para sua efetividade.

O aperfeiçoamento dossistemas de controle do usoindiscriminado de agrotóxicos noBrasil ainda permanece comoponto relevante da agendaambiental e de saúde pública.Somente as ações diversificadas emultisetoriais poderão dar contade reverter o atual quadro. Taisações devem estar direcionadaspara o aperfeiçoamento dasseguintes estratégias:

• estabelecimento de políticasde subsídios e incentivos credití-cios aos produtores dedicados apráticas de controle de pragas edoenças que prescindem do uso deagrotóxicos e aos que adotampráticas agrícolas de baixo impactoambiental;

• incremento da pesquisa e daextensão de técnicas de controlede pragas;

• ampliação dos programas demanejo integrado;

• estudo e implantação demecanismos de taxação dosagrotóxicos de maior toxicidade epericulosidade ambiental, deforma a desencorajar o usodesnecessário;

• aperfeiçoamento dos siste-mas de registro dos agrotóxicos,incluindo a adoção efetiva decaracterização de produtos defini-

Conjuntura

dos como de venda restrita poraplicador certificado;

• aperfeiçoamento dos sistemasde bulas e rotulagens dos produtos;

• direcionamento da propagandacomercial voltada, exclusivamente,aos responsáveis pela prescriçãodos agrotóxicos;

• aprimoramento da legislaçãorelativa à segurança e à saúde dotrabalhador rural;

• melhoria da infra-estruturalaboratorial e de apoio às análisesde resíduos;

• capacitação de profissionaisdas áreas agronômicas e de saúde;

• capacitação e habilitação dosusuários;

• implantação de sistemasefetivos de destinação finaladequada para embalagens e sobrasde produtos.

Algumas destas iniciativas jáestão presentes no cenário atual de

manejo dos riscos relacionadosaos agrotóxicos no Brasil, mascertamente todas necessitam serincrementadas e ampliadas.

Literatura citada

1. LATOUR, B. A profissão depesquisador – olhar de umantropólogo. Conferência-debate noInstituto Nacional da PesquisaAgronômica – Paris, 1994. 36p.

2. GUERRA, M. de S. Análise conceitualdo receituário agronômico. In:CURSO SOBRE FUNDAMENTOSDO RECEITUÁRIO AGRONÔMICO,1., 1978, Pelotas, RS. Fundamentosdo receituário agronômico. Pelotas:Centreisul/Faem/UFPel, 1978-213p.

3. GUERRA, M. de S.; SAMPAIO, D.P.A.Receituário Agronômico. São Paulo:Globo, 1951. 436p.

José Prado Alves Filho, eng. agr.,M.Sc., Fundacentro/MTE, e-mail:[email protected].

FundagroFundação de Apoio ao Desenvolvimento Rural

Sustentável do Estado de

Santa Catarina

Uma organização não-governamental para apoiar o setor agrícolapúblico e privado do Estado de Santa Catarina.

• Diagnósticos rápidos.• Pesquisas de opiniões e de necessidades do setor agrícola.• Consultorias.• Realizações de cursos especiais.• Projetos para captação de recursos.• Produção de vídeos e filmes ligados ao setor agrícola.• Projetos de financiamento do Pronaf e outros.• Serviços de previsão de tempo.

Rodovia Admar Gonzaga, 1.188, Itacorubi, C.P. 502, fone:(048) 234-0711, fax: (048) 239-8090, e-mail: [email protected], 88034-901 Florianópolis, SC.

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74 Agropec. Catarin., v.15, n.3, nov. 2002

Vida Rural Soluções caseiras

A importância das vitaminasA importância das vitaminasA importância das vitaminasA importância das vitaminasA importância das vitaminas

Você sabia que...

... em um único morango há o dobro da quantidade devitamina C existente na laranja-lima?

... aplicar uma máscara de abóbora e mel é ótimo paratratar a pele seca, pois os sais minerais do mel em conjuntocom os altos teores de vitamina A da abóbora desempe-nham dupla ação hidratante e nutritiva?

... o pimentão é fonte de vitaminas A e C, sendo os trêstipos ricos em cálcio, fósforo, ferro e sódio, e ainda ajuda aacelerar a cicatrização de feridas, previne a arteriosclerose(endurecimento das artérias), controla o colesterol, evitahemorragias e previne hemorróidas?

... a cebolinha é rica em componentes nutritivos, espe-cialmente vitamina A e cálcio, e tem vantagem de nãoproduzir tantos gases intestinais quanto a cebola?

... para desenvolver dentes fortes e saudáveis a dietadeve conter fósforo, cálcio, magnésio, vitaminas C e D eflúor?

... um litro de suco de laranja sem açúcar fornece cercade 360cal, 0,4g de fibra e 390mg de vitamina C, e que cincograndes laranjas, quando comidas sem pele, fornecem370cal,17g de fibras e 540mg de vitamina C?

... estudo americano apontou que doses extras de vita-mina E podem tornar pessoas acima de 65 anos imunes adoenças como hepatite B e tétano?

... a chicória contém vitaminas A, B e C, além de sódio,potássio, fósforo, cálcio, silício, cloro e ferro, sendo um ótimoalimento para quem sofre do fígado e da vesícula?

... estima-se que 35% das mulheres brasileiras emidade reprodutiva (cerca de 16 milhões) sofrem de TPM, eque vitaminas, tais como a B6, reduzem a dor de cabeça ea E atenua as dores na mama?

... o aspargo, a castanha-do-pará e o champinhon sãofontes ricas de selênio (que atua no organismo em parceriacom a vitamina E), que previne alguns tipos de câncer comoo de próstata e de pulmão?

... a couve é bem mais rica em vitamina A que a maioriadas hortaliças e também contém vitamina B e mais vita-mina C que a maioria das frutas cítricas, sendo fonte deenxofre, potássio, iodo, cobre, flúor, cálcio, fósforo e ferro?

... a vitamina A é essencial contra doenças de pele,infecções infantis e distúrbios digestivos e é aliada notratamento de colite e doença de Crohn, e que um estudomostrou que homens que consomem altas doses têm risco54% menor de ter úlcera do que aqueles com nível maisbaixo?

... o metabolismo da vitamina B12 libera um odor peloorganismo que espanta mosquitos, mas, em contrapartida,essa vitamina aumenta o apetite e causa acnes?

... o inhame, além de conter alto teor de vitaminas docomplexo B, é um poderoso depurativo e desintoxicante dosangue?

... no inhame encontramos as vitaminas A, C e as docomplexo B, além de um considerável índice de hidrato decarbono, e pequena quantidade de proteínas e gorduras?

... uma xícara cheia de abacaxi fornece 25mg de vitami-na C (40% da necessidade diária)?

... a vitamina C não é produzida pelo nosso organismoe por este motivo deve ser periodicamente ingerida defontes externas?

... segundo estudo norte-americano pacientes que so-frem de arteriosclerose e apresentam simultaneamentebaixos níveis de vitamina C no organismo têm maioreschances de sofrer de dores recorrentes no peito e ataquescardíacos, pois acredita-se que essa vitamina ajuda amanter a gordura das artérias “sob controle”?

... a vitamina C, além de encurtar resfriados, contribuipara acelerar processos cicatrizantes?

... o açaí é extraordinária fonte de proteínas, vitaminaA, além de ser boa fonte de cálcio, ferro e fósforo?

... a acerola, considerada fonte extraordinária de vita-mina C, bastando-se consumir três frutos por dia, perdesuas propriedades quando exposta à luz, ao ar e quandoentra em contato com os sais de cobre ou de ferro, por issoé aconselhado, para melhor aproveitamento nutricional, oconsumo imediato da fruta?

... a acerola, mesmo depois do cozimento, preservaaltíssimo teor vitamínico, que chega a ser 40 a 80 vezesmaior do que a laranja e o limão?

... além da vitamina C, o fruto da acerola contém mine-rais e vitaminas, sendo os frutos adstringentes e emprega-dos em casos de diarréias e distúrbios hepáticos e o suco,em gargarejos?

... em 100g de acerola há 80 vezes mais vitamina C doque na mesma quantidade de limão ou laranja?

... o grão de bico, rico em vitaminas, além de conterfósforo, ferro, iodo e cálcio é utilizado como depurativo,diurético, estimulante e antitérmico e indicado tambémcontra afecções dermatológicas, como acne, sarda edermatose?

... uma única xícara de agrião picado fornece 1.600U.I.de vitamina A (cuja substância precursora é o betacaroteno)e que ele é mais nutritivo que a alface?

... o mel contém maltose, clorofila, albumina, histamina,carotina, dulcitol, dextrina, tanino, lipídios, óleos, enzimas,proteínas, além das vitaminas B, B1, B2, B5, B6, Bc, C, G,He e PP e os sais minerais fósforo, ferro, cálcio, potássio,enxofre, cloro, magnésio, sódio, silício, cobre, boro, manganêse outros?

... o rabanete tem muita vitamina C, além de minerais,e é estimulante das funções digestivas, calmante e diuréticoe limpa as vias respiratórias eliminando mucos e comba-tendo resfriados e ainda ajuda no trabalho do fígado e dosrins?

... a alface contém vitaminas A e C, cálcio, fósforo e ferro,além de um princípio calmante eficaz indicado para pes-soas tensas e agitadas?

... o tomate é rico em vitaminas C, A, B e K e é usado comoprotetor contra infecções, problemas digestivos e pulmona-res?

... a maior parte da vitamina C do tomate encontra-sena substância gelatinosa que reveste as sementes?

... na manga encontramos um razoável teor decarboidratos, proteínas, gorduras e vitaminas A, do com-plexo B e C, além de ferro, fósforo, cálcio, potássio, magnésioe zinco?

... a melhor hora de tomar vitamina C natural progra-mada em cápsulas é à noite, em virtude de ser facilmentedissolvida em água e sucos gástricos, que durante o sonoquase não atuam, prolongando a ação desta valiosa vitami-na?

Fonte: www.ortomoleculares.hpg.ig.com.br/saude/1/index2.htm.