demodiciose canina - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/fgt.pdf · figura 15- realização...

50
0 Flavia Gusi de Toledo DEMODICIOSE CANINA São Paulo 2009

Upload: lykhuong

Post on 09-Nov-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Demodiciose Canina - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/fgt.pdf · FIGURA 15- Realização do exame parasitológi co de raspado cutâneo ... O ciclo vital inteiro do ácaro

0

Flavia Gusi de Toledo

DEMODICIOSE CANINA

São Paulo

2009

Page 2: Demodiciose Canina - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/fgt.pdf · FIGURA 15- Realização do exame parasitológi co de raspado cutâneo ... O ciclo vital inteiro do ácaro

1

Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas

Unidas – UniFMU

Flavia Gusi de Toledo

DEMODICIOSE CANINA

Trabalho apresentado para a conclusão do curso de Medicina Veterinária UniFMU, sob orientação da Prof. Msc. Ana Cláudia Balda.

São Paulo

2009

Page 3: Demodiciose Canina - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/fgt.pdf · FIGURA 15- Realização do exame parasitológi co de raspado cutâneo ... O ciclo vital inteiro do ácaro

2

Toledo, F.G. Demodiciose canina / Flavia Gusi de Toledo. São Paulo: Faculdades Metropolitanas Unidas - UniFMU, 2009. páginas. Orientador: Prof. Msc Ana Cláudia Balda. Notas: 1. Demodiciose canina; 2. Demodex canis; 3. Sarna demodécica canina;

Page 4: Demodiciose Canina - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/fgt.pdf · FIGURA 15- Realização do exame parasitológi co de raspado cutâneo ... O ciclo vital inteiro do ácaro

3

Flavia Gusi de Toledo

DEMODICIOSE CANINA

Trabalho apresentado para a conclusão

do curso de Medicina Veterinária, da

UniFMU, sob orientação da Prof. Msc.

Ana Cláudia Balda.

Defendido e aprovado em ___ de

Dezembro de 2009, pela banca

examinadora, contituída pelos Profs.:

___________________________

Prof. Dr. Ana Cláudia Balda

Orientador

______________________________

Prof. Dr. Carlos Augusto Donini

______________________________

Prof. Dr. Arnaldo Rocha

Page 5: Demodiciose Canina - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/fgt.pdf · FIGURA 15- Realização do exame parasitológi co de raspado cutâneo ... O ciclo vital inteiro do ácaro

4

DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho primeiramente a Deus, e aos meus pais Benedito Galvão de Toledo e Hatsue Gusi de Toledo, pelo esforço, dedicação, compreensão e que tanto se sacrificaram para realizar mais uma etapa do meu sonho, especialmente minha mãe que me fez criar forças para jamais desistir, nos momentos mais difíceis em que passei.

Page 6: Demodiciose Canina - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/fgt.pdf · FIGURA 15- Realização do exame parasitológi co de raspado cutâneo ... O ciclo vital inteiro do ácaro

5

AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus cães, muito amados especialmente ao Tobby e a Pulga pela companhia durante vários momentos em que realizava este trabalho. E aos meus dois cães Neguinho e Pituco, que já não estão mais neste plano, mas que a convivência com eles me fizerem obter muitos aprendizados. A todos esses cães deposito todo meu amor e agradeço a oportunidade de ter convivido com eles. Agradeço a minha querida mestre e orientadora, Ana Claudia Balda pelos ensinamentos, orientação, dedicação e pela confiança na minha capacidade profissional; por ter se tornado uma pessoa especial e muito admirada por mim.Obrigada por ter me ajudado a realizar este sonho, pelo meu crescimento profissional e pessoal e pelos momentos gratificantes e alegres ao longo deste trabalho. Agradeço aos meus amigos: Alessandra Algusto , Alexandre Facheti, Caroline Masuda, Giuliana , Milena Marcatto da Silva, Nathália , Renata Répeke Gomes , e Rodolfo Lozano, pelas matérias emprestadas, explicações, apoios, e todos os momentos gratificantes, tenha certeza que guardarei todas as lembranças durante toda minha vida.

Page 7: Demodiciose Canina - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/fgt.pdf · FIGURA 15- Realização do exame parasitológi co de raspado cutâneo ... O ciclo vital inteiro do ácaro

6

“Chegará um dia no qual os homens conhecerão o intimo dos animais; e nesse dia um crime com um animal será considerado crime contra humanidade”. ( Leonardo da Vinci).

Page 8: Demodiciose Canina - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/fgt.pdf · FIGURA 15- Realização do exame parasitológi co de raspado cutâneo ... O ciclo vital inteiro do ácaro

7

RESUMO

TOLEDO, F. G. Demodiciose canina; [ Demodicose canine ] ; 49 páginas, 2009.

A demodiciose é uma dermatopatia muito importante pela sua ocorrência nas

clínicas veterinárias. É uma doença muito comum em cães, causada pela

proliferação do ácaro Demodex canis nos folículos pilosos. Pode apresentar-se de

duas formas: a localizada e a generalizada. A primeira é encontrada mais

freqüentemente em cães jovens, sendo facilmente resolvida, enquanto a segunda

aparece nos animais adultos, e é mais difícil de ser tratada. Existem outros meios de

diagnósticos que podemos realizar, mas o principal e o de primeira escolha é o

exame parasitológico de rapado cutâneo. Os principais fármacos empregados para o

controle do ácaro são: amitraz, ivermectina, milbemicina oxima, moxidectina e a

doramectina. O prognóstico pode ser considerado reservado e os animais

acometidos devem ser castrados, levando-se em conta a predisposição genética

para o desenvolvimento da doença.

Palavras-chave: Demodiciose canina, Demodex canis, Sarna demodécica canina.

Page 9: Demodiciose Canina - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/fgt.pdf · FIGURA 15- Realização do exame parasitológi co de raspado cutâneo ... O ciclo vital inteiro do ácaro

8

ABSTRACT

TOLEDO, F. G. Demodicose canine; [ Demodiciose canina ]; 49 páginas, 2009.

The demodicose a skin disease is very important for its occurrence in veterinary

clinics. It is a very common disease in dogs caused by the proliferation of the mite

Demodex canis in hair follicles. It can present in two forms: localized and

generalized. The first is found most often in young dogs and is easily resolved, while

the second appears in adult animals and is more difficult to treat. There are other

means of diagnosis that we can accomplish, but the main and first choice is the

examination for parasites shaven skin. The main drugs used to control the mite are:

amitraz, ivermectin, milbemycin oxime, moxidectin and doramectin. The prognosis

can be considered reserved and affected animals should be castrated, taking into

account genetic predisposition to disease development.

Keywords: Demodicose canine. Demodex canis. Demodectic canine mange

Page 10: Demodiciose Canina - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/fgt.pdf · FIGURA 15- Realização do exame parasitológi co de raspado cutâneo ... O ciclo vital inteiro do ácaro

9

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Apresentação de ácaros exacerbados na base do folículo piloso e e glândulas sebáceas...........................................................................

17

FIGURA 2 - Demodex sp. (vista dorsal) Regiões Anatômicas.............................

18

FIGURA 3 - Apresentação dos estágios, ovo, larva ninfas (vários estágios) e adultos........................................................................................................

19

FIGURA 4 - Ciclo de Vida do ácaro Demodes canis................................................

20

FIGURA 5 - Tipos e Representação Diagramática dos Ácaros Demodex canis. Gênio de Interesse do Medico Veterinário...........................................

21

FIGURA 6 - Localização das lesões de demodiciose localizada...........................

24

FIGURA 7 - Demodiciose canina localizada. Alopecia circunscrita na face com presença de eritema em região perilabial de uma cão adulto..........

25

FIGURA 8 - Demodiciose canina localizada. Membro torácico esquerdo apresentando alopecia descamação e hiperpigmentação...............

26

FIGURA 9 - Demodiciose canina localizada. Apresentnado hiperpgmentação com com comedões e alopecia parcial abdômen de uma cão com hiperadrenocorticismo .............................................................................

26

FIGURA 10- Localização das lesões de Demodiciose Generalizada.....................

27

FIGURA 11- Demodiciose Canina Generalizada. Dermatite alopécica, eritematosa difusa.....................................................................................

29

FIGURA 12- Demodiciose canina generalizada. Cão apresentando alopecia e pápulas generalizadas com crostas e escamas na cabeça e região cervical de um cão jovem.........................................................................

30

FIGURA 13- Demodiciose canina generalizada. Manchas multifocais de hiperpigmentação de um Cocker adulto................................................

30

FIGURA 14- Pododemodiciose. Alopecia, eritema, com hiperpigmentação e nas patas de um cão adulto com hiperadrenocorticismo iatrogênico......

31

FIGURA 15- Realização do exame parasitológico de raspado cutâneo.................

36

FIGURA 16- Fita adesiva com amostra aderida à lâmina de vidro...........................

39

FIGURA 17- Imagem microscópica da i mpressão em fita adesiva. Vários ácaros incluindo adulto, ninfas, larvas e ovos. Notar as bolhasde ar formadas pela fita.......................................................................................

39

Page 11: Demodiciose Canina - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/fgt.pdf · FIGURA 15- Realização do exame parasitológi co de raspado cutâneo ... O ciclo vital inteiro do ácaro

10

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Classificação dos 17 cães afetados quanto à fase de acometimento de pelame, distribuição das lesões e definição racial................................................................................................

36

Page 12: Demodiciose Canina - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/fgt.pdf · FIGURA 15- Realização do exame parasitológi co de raspado cutâneo ... O ciclo vital inteiro do ácaro

11

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - Raças de cães com predisposição familiar para desenvolvimento da demodiciose canina generalizada.

.....

27

Page 13: Demodiciose Canina - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/fgt.pdf · FIGURA 15- Realização do exame parasitológi co de raspado cutâneo ... O ciclo vital inteiro do ácaro

12

LISTA DE ABREVIATURAS

D. canis - Demodex canis DL - Demodiciose Localizada DG - Demodiciose Generalizada SNC - Sistema Nervoso Central EPRC - Exame Parasitológico de Raspado Cutâneo EPP - Exame Parasitológico de Pelame IFA - Impressão em Fita Adesiva

Page 14: Demodiciose Canina - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/fgt.pdf · FIGURA 15- Realização do exame parasitológi co de raspado cutâneo ... O ciclo vital inteiro do ácaro

13

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 14

2 ETIOLOGIA 16

2.2 Morfologia 17

2.2.1 Ciclo Vital 19

2.3 Epidemiologia 22

2.4 Transmissão 22

2.5 Tipos de demodiciose 23

2.5.1 Demodiciose Localizada 23

2.5.2 Demodiciose Generalizada 26

2.5.3 Pododemodiciose 30

2.6 Patogenia 31

2.7 Métodos de Diagnóstico 32

2.7.1 Exame clínico 32

2.7.2 Testes Laboratoriais 33

2.7.3 Exame parasitológico de raspado cutâneo (EPRC) 34

2.7.4 Exame parasitológico do pelame ( EPP) 35

2.7.5 Impressão em fita adesiva (IFA) 36

2.7.6 Exame Histopatológico 38

3 Diagnóstico diferencial 39

4 Tratamento Demodiciose Localizada 40

5 Tratamento Demodiciose Generalizada 41

5.1 Amitraz 42

5.2 Ivermectina 44

5.3 Milbemicina 44

5.4 Moxidectina 45

5.5 Doramectina 45

6 PROGNÓSTICO E PREVENÇÃO 46

7 CONCLUSÃO 47

REFERÊNCIAS 48

Page 15: Demodiciose Canina - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/fgt.pdf · FIGURA 15- Realização do exame parasitológi co de raspado cutâneo ... O ciclo vital inteiro do ácaro

14

1 INTRODUÇÃO

A demodiciose canina tem uma grande importância na clínica de

pequenos animais, por representar números significativos de casos na rotina do

clínico veterinário, é uma dermatopatia que poderá ser responsável por efeitos

deletérios nos cães acometidos. Trata-se de uma doença relativamente grave, onde

se não for diagnosticada e tratada corretamente, poderá causar incômodos para os

animais e prejuízos para proprietários e criadores.

A demodiciose canina é uma dermatopatia parasitária muito comum, não

contagiosa, causada pela proliferação de ácaros foliculares da espécie Demodex

canis, que faz parte da microbiota cutânea (SALZO, 2008).

Caracterizada pela exacerbada proliferação de D. Canis, pode resultar em

uma dermatose inflamatória, a demodiciose. Em relação as lesões, é classificada

como demodiciose localizada (DL) ou demodiciose generalizada (DG) e,

dependendo das primeiras manifestações clínicas, pode ser de caráter juvenil ou

adulto (SANTAREM, 2007).

A DL é uma afecção de curso benigno e, na maioria dos casos, tem

resolução espontânea. Animais que apresentam menos de um ano são mais

acometidos. As lesões são caracterizadas por áreas alopécicas e eritema

geralmente em região cefálica e/ou membros torácicos (SANTAREM, 2007).

Mas por outro lado a DG é considerada uma das mais severas

dermatopatias em cães, onde as lesões costumam ser variáveis, em casos mais

graves, pode ocorrer foliculite severa, com exudação hemorrágica e presença de

bactérias oportunistas, que podem resultar até mesmo ao óbito do cão. Para

alcançar sucesso terapêutico associado as recidivas das lesões faz com que a DG

seja uma das mais difíceis e frustrantes doenças para serem tratadas pelo clínico

veterinário. (SANTAREM, 2007).

Considera-se que cerca de 10% dos casos de DL evoluem para a DG.

Muitas vezes a generalização lesional é tão rápida que as primeiras lesões podem

passar despercebidas (BENSINGNOR; CARLOTTI, 2000).

Page 16: Demodiciose Canina - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/fgt.pdf · FIGURA 15- Realização do exame parasitológi co de raspado cutâneo ... O ciclo vital inteiro do ácaro

15

Devemos considerar que o diagnóstico precoce é importante para evitar a

extenção e generalização das lesões (BENSINGNOR; CARLOTTI, 2000).

Page 17: Demodiciose Canina - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/fgt.pdf · FIGURA 15- Realização do exame parasitológi co de raspado cutâneo ... O ciclo vital inteiro do ácaro

16

2 ETIOLOGIA

O Demodex canis pertence ao filo Arthopoda, subfilo Chelicerata, classe

Arachinida, subclasse Acari, ordem Acarina, subordem Trombidiforme, família

Demodecidae (SANTAREM, 2007).

A Demodiciose é uma dermatopatia parasitária inflamatória de cães

causada pela proliferação anormal de um ácaro do gênero Demodex canis

(BICHARD; SHERDING, 2003).

O Demodex canis é um ácaro que faz parte da microbiota cutânea, onde

é tipicamente presente em pequena quantidade, e reside nos folículos pilosos e

glândulas sebáceas da pele (RHODES, 2003).

É uma doença também conhecida como, sarna demodécica, sarna

folicular e sarna vermelha. Podendo atingir todas raças de cães de todas as idades,

apesar de que, os filhotes na maioria das vezes são os mais acometidos (BICHARD;

SHERDING, 2003).

Segundo Wilkinson e Harvery (1997), os ácaros Demodex canis podem

ser encontrados nos folículos pilosos e glândulas sebáceas da maioria dos cães,

onde alimenta-se de sebo e do conteúdo das células epiteliais do folículo piloso

(Figura.1). Onde a presença de maiores quantidades de ácaros causará dano e

descolamento das hastes dos pêlos, terminando com a queda do pêlo, desde o

folículo.

Page 18: Demodiciose Canina - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/fgt.pdf · FIGURA 15- Realização do exame parasitológi co de raspado cutâneo ... O ciclo vital inteiro do ácaro

17

FIGURA 1. - Apresentação de ácaros exacerbados na base do folículo piloso e glândulas sebáceas.

(Fonte: http://www.medi-vet.com/Demodicosis.html).

2.2 Morfologia

São ácaros pequenos, de aspecto vermiforme são fracamente

coloridos, com opistossoma anulado (pseudo-segmentação). As pernas, em número

de oito, com cinco segmentos, estão localizadas na parte anterior do corpo, pois o

opistossoma é longo em forma de charuto (GUIMARÃES, 2001).

Possui o gnatossoma (aparelho bucal) semelhante a um cabeça, com

rosto saliente. Esta estrutura é formada pelas quelíceras em forma de estilete e

aderidas aos palpos constituídos por três artículos. O Podossoma (estrutura central),

sustenta quatro pares de patas, curtas e grossas, formadas por três artículos cada

Page 19: Demodiciose Canina - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/fgt.pdf · FIGURA 15- Realização do exame parasitológi co de raspado cutâneo ... O ciclo vital inteiro do ácaro

18

uma (Figura. 2). Os tarsos apresentam duas garras dentadas. O abdome é distinto

do podossoma sendo estriado transversalmente na sua porção caudal. O orifício

genital feminino ventral em fenda situado ao nível da coxa IV. O orifício genital

masculino é dorsal e está localizado entre as coxas I e II, de onde emerge o pênis. O

par de espiráculos único está na face ventral, na base do gnatossoma, e os ovos

são fusiformes (FORTES, 1997).

FIGURA 2- Demodex canis .(vista dorsal) Regiões Anatômicas. (Fonte: VASQUES, 1986)

Page 20: Demodiciose Canina - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/fgt.pdf · FIGURA 15- Realização do exame parasitológi co de raspado cutâneo ... O ciclo vital inteiro do ácaro

19

2.2.1 Ciclo Vital

O ciclo vital inteiro do ácaro se passa no hospedeiro e consiste de quatro

estágios principais: ovo, larva, ninfa (vários estágios) e adulto (Figura. 3). Acredita-se

que o ciclo leva entre 20 e 35 dias para se completar (Figura. 4), (FOSTER;

BODEWES, 2002).

Segundo Scott, Miller, Griffin (2001) os quatro estágios do D. canis podem

ser demonstrados nos rapados de pele. Os ovos fusiformes eclodem pequenas

larvas com três pares de patas, que mudam para forma de ninfas com quatro pares

de patas e em seguida para forma adultas (Figura. 2). O macho adulto mede 40 por

250µm e a fêmea adulta tem 40 por 300µm (CHESNEY, 1999).

FIGURA- 3: Apresentação dos estágios, ovo, larva ninfas (vários estágios) e adulto.

(Fonte: FOREYT, 2005).

Page 21: Demodiciose Canina - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/fgt.pdf · FIGURA 15- Realização do exame parasitológi co de raspado cutâneo ... O ciclo vital inteiro do ácaro

20

FIGURA 4 – Ciclo de Vida do ácaro Demodex canis. (Fonte: VASQUES, 1986)

Os ácaros (todos estágios) podem ser encontrados nos linfonodos, na

parede intestinal, no baço, fígado, rim, bexiga, pulmão, tireóide, na urina, nas fezes e

no sangue. Entretanto, os ácaros encontrados nos locais extra cutâneos geralmente

Page 22: Demodiciose Canina - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/fgt.pdf · FIGURA 15- Realização do exame parasitológi co de raspado cutâneo ... O ciclo vital inteiro do ácaro

21

apresentam-se mortos e degenerados,alcançam os diferente sítios via corrente

linfática e/ou sanguínea (Figura. 5), ( SCOTT; MILLER; GRIFFIN, 2001).

FIGURA 5. – Tipos e Representação Diagramática dos Ácaros Demodex canis. Gênero de Interesse do Médico Veterinário.

(Fonte: VASQUES, 1986).

De acordo com Fortes (1997) a evolução dos democídeos passa pelas

fases de ovo, larva hexápode (na qual as patas são representadas por pequenas

protuberâncias), dois estágios de ninfa octópodes e adultos.

Page 23: Demodiciose Canina - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/fgt.pdf · FIGURA 15- Realização do exame parasitológi co de raspado cutâneo ... O ciclo vital inteiro do ácaro

22

2.3 Epidemiologia

A demodiciose não é contagiosa para o homem. Acomete animais de tamanhos

distintos, tanto na fase jovem com aproximadamente dezoito meses, como na fase

adulta com idade geralmente superior a quatro anos (SHIPSTONE, 2000).

Existem alguns fatores predisponentes para a manifestação da demodiciose como

estresse, desnutrição, traumatismo, estro, parto, lactação, parasitismo, vacinas ou

até mesmo doenças debilitantes (MUNDEL, 2000).

A demodiciose pode ser recorrente de uma imunossupressão por doenças como:

diabetes mellitus, alergias, doenças hepáticas, neoplasias, hipotiroidismo,

hiperadrenocorticismo. A administração de drogas imunossupressoras também pode

predispor à doença (FOSTER, 2000).

2.4 Transmissão

A transmissão ocorre da cadela para os neonatos lactentes por contato

direto nos dois ou três primeiros dias de vida do neonatal, uma vez que o Demodex

canis é residente normal da pele canina. Os ácaros são observados primeiramente

na face dos filhotes, e quando atingem 16 horas de vida são evidenciados nos

folículos pilosos. Quando os filhotes nascem por cesaria, recebem a alimentação

sem ser pela mãe infectada, eles não albergam os ácaros, assim como nos filhotes

natimortos o que demonstram que a transmissão in útero não ocorre (SCOTT;

MULLER; GRIFFIN, 2001).

O ácaro pode ser transmitido do adulto para o adulto quando há aplicação

de soluções carregadas de ácaros à sua pele, ou por confinamento estreito com um

cão portador de demodiciose generalizada, porém, a doença progressiva não ocorre

e as lesões que aparecem se curam espontaneamente (SCOTT; MULLER;

GRIFFIN, 2001).

Page 24: Demodiciose Canina - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/fgt.pdf · FIGURA 15- Realização do exame parasitológi co de raspado cutâneo ... O ciclo vital inteiro do ácaro

23

A zona termostática dos ácaros D.canis é entre 16ºC e 41ºC. Quando em

temperaturas abaixo de 15ºC, seus movimentos cessam. Sob várias condições

artificiais de laboratório os ácaros conseguem viver sobrevivem fora dos cães por

até 37 dias, porém, perderam sua capacidade de infecta-los. Assim após estarem na

superfície da pele, os ácaros são mortos por dessecação em 45 a 60 minutos a uma

temperatura de 20ºC e umidade relativa a 40% (SCOTT; MULLER; GRIFFIN, 2001).

2.5 Tipos de demodiciose

Em relação às lesões, bem como no curso e no prognóstico da

enfermidade pode ser classificada como demodiciose localizada(DL) ou demodiciose

generalizada (DG) e irá depender das primeiras manifestações clínicas (SANTOS,

2008).

2.5.1 Demodiciose Localizada

A demodiciose canina localizada apresenta-se com áreas irregulares de

alopecia de uma a cinco áreas (Figura. 6), com graus variáveis de eritema,

hiperpigmentação com comedões, e alopecia parcial (Figura 9). A coloração da pele

pode ser cobre ou avermelhada, com escamas prateadas revestindo as lesões. As

lesões são comumentes na face(Figura 7) especialmente na área periocular e as

comissuras bucais, a segunda em ordem de ocorrência são os membros

torácicos(Figura 8), mas podem ser encontradas por todo corpo, em geral não são

pruriginosas, a menos que ocorra infecção secundária (SCOTT, SCOTT; MULLER;

GRIFFIN, 2001; SANTAREM, 2007).

Page 25: Demodiciose Canina - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/fgt.pdf · FIGURA 15- Realização do exame parasitológi co de raspado cutâneo ... O ciclo vital inteiro do ácaro

24

FIGURA 6 - Localização das lesões de demodiciose localizada.

(Fonte: http://www.abra.org.pt )

Na maioria dos casos a demodiciose ocorre em cães de três a seis meses

de idade e são curados espontaneamente sem tratamento. É raro que a

demodiciose localizada em um cão se torne generalizada. Quando a enfermidades

está controlada, o pêlo começa a crescer normalmente, dentro de 30 dias, as lesões

podem aparecer e desaparecer em período de diversos meses. São raras recidivas

ocorrerem porque a pele aparentemente torna-se um habitat menos favorável para a

rápida reprodução dos ácaros ou a imunocompetência do hospedeiro retornou ao

normal (SCOTT; MULLER; GRIFFIN, 2001).

A forma localizada da doença é considerada benigna e não deve ser

tratada, pois cerca de 80% desses cães controlam naturalmente sua própria

população de ácaros, dentro de dois a três meses. Acredita-se que seja uma

disfunção específica de linfócito T (WHITE, 2004).

Segundo Wilkinson e Harvey (1997), a demodiciose localizada é a forma

mais comum da doença, que com freqüência ocorre na época em que o cão está se

aproximando da puberdade. As alterações no ambiente cutâneo nessa época, pode

torna-lo mais propício.

Page 26: Demodiciose Canina - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/fgt.pdf · FIGURA 15- Realização do exame parasitológi co de raspado cutâneo ... O ciclo vital inteiro do ácaro

25

FIGURA 7– Demodiciose canina localizada. Alopecia circunscrita na face com presença de eritema em região perilabial de um cão adulto

(Fonte: MOTTA; HAYECK, 2008).

FIGURA 8 - Demodiciose canina localizada. Membro torácico esquerdo apresentando alopecia descamação e hiperpigmentação

(Fonte: MEDLEAU; HNILICA, 2009).

Page 27: Demodiciose Canina - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/fgt.pdf · FIGURA 15- Realização do exame parasitológi co de raspado cutâneo ... O ciclo vital inteiro do ácaro

26

FIGURA 9 - Demodiciose canina localizada. Apresentando hiperpigmentação com comedões e alopecia parcial abdômen de um cão com hiperadrenocorticismo

(Fonte: MEDLEAU; HNILICA, 2009).

2.5.2 Demodiciose Generalizada

A demodiciose generalizada geralmente cobre grandes áreas do corpo.

Um cão com cinco ou mais lesões que envolve região inteira do corpo (Figura 7), ou

quando apresenta envolvimento de dois ou mais membros possui demodiciose

generalizada (SCOTT; MULLER; GRIFFIN, 2001).

FIGURA 10 - Localização das

lesõede Demodiciose Generalizada

(Fonte: http://www.abra.org.pt).

Page 28: Demodiciose Canina - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/fgt.pdf · FIGURA 15- Realização do exame parasitológi co de raspado cutâneo ... O ciclo vital inteiro do ácaro

27

A demodiciose generalizada pode ser juvenil ou adulta. Esta forma é considerada

de controle e tratamento difícil. Acomete cães jovens geralmente com 3 a 18 meses

de idade, ocorre com mais freqüências em cães de raças puras de porte médio e

grande (Quadro.1). Acomete cães com mais de 18 meses de idade, sendo

prevalente em animais de meia idade ou mais velhos, com imunossupressão

causada pela doença primária, como hiperadrenocorticismo endógeno ou

iatrogênico, hipotiroidismo, terapias com medicamento imunossupressivo, diabetes

mellitus ou neoplasias (MEDLEU, HNILICA, 2009).

QUADRO 1 – Raças de cães com predisposição familiar para

desenvolvimento de demodiciose canina generalizada.

Afghan Houd Old English Sheepdog

Beagle Mastin Napolitano

Boston Terrier Pastor Alemão

Boxer Pointer Alemão

Buldogue Inglês Pug

Chiuahua Rottweiler

Cocker Spaniel Scottish Terrier

Collie Shar-Pei Chinês

Dálmata Sheepdog

Doberman Pincher Stafford Shire e Pit Bul Terrier

Dachshund Shih Tzu

Dogue Alemão Weimaraner

Lhasa Apso West Hinghland Wite Terrier

(Fonte: FOIL, 1997; DIDIER-NOEL, 2004)

A alopecia generalizada difusa é a única anormalidade cutâneas no curso

inicial da dermatopatia. São observados em pouco tempo eritema (Figura 11),

descamação, formação de crostas (Figura 12) e tamponamento folicular, que resulta

na forma escamosa da DG. Alguns cães principalmente adultos, exibem manchas

multifocais de hiperpigmentação (Figura 13) (SANTAREM, 2007).

Page 29: Demodiciose Canina - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/fgt.pdf · FIGURA 15- Realização do exame parasitológi co de raspado cutâneo ... O ciclo vital inteiro do ácaro

28

Alguns cães com demodiciose podem apresentar apenas modificações

seborréicas, os ácaros se desenvolvem no folículo piloso e geralmente provocam

uma foliculite. A linfadenopatia periférica e acentuada. Quando a piodermite

secundária, complica essas lesões, o edema, formação de crostas e a manchas em

placas. Desenvolve-se a foliculite profunda, os exudatos são produzidos e formam

crostas espessas (SCOTT; MULLER; GRIFFIN, 2001).

A ação do ácaro está, sobretudo, na dilatação dos canais foliculares

pilosos, acarretando o transporte de bactérias para a profundidades dos poros, com

aparecimento de odor desagradável (GUIMARÃES, 2001).

As bactérias se multiplicam debaixo de crostas e nos folículos. O

microorganismo bacteriano mais comum que complica na demodiciose é o

Staphylococcus intermedius. A Pseudomonas aeruginosa, causa complicações

piogênicas graves e o Proteus mirabilis, também é um sério invasor bacteriano

secundário na demodiciose (HARVEY, 1996; SCOTT; MULLER; GRIFFIN, 2001).

Passado alguns meses, a pele cronicamente infectada fica recoberta por

lesões crostosas, piogênicas, hemorrágicas e foliculares furunculares. O abdômen é

o menos acometido, porque há poucos folículos na área. A maioria das lesões ficam

concentradas na cabeça e no pescoço e o envolvimento pode ser considerado grave

(SCOTT; MULLER; GRIFFIN, 2001).

Page 30: Demodiciose Canina - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/fgt.pdf · FIGURA 15- Realização do exame parasitológi co de raspado cutâneo ... O ciclo vital inteiro do ácaro

29

FIGURA 11 – Demodiciose Canina Generalizada. Dermatite alopécica, eritematosa difusa

(Fonte: MOTTA; HAYECK, 2008).

FIGURA 12 – Demodiciose canina generalizada. Cão apresentando alopecia e pápulas generalizadas com crostas e escamas na cabeça e região cervical de um cão jovem

(Fonte:MEDLEAU; HNILICA, 2009).

Page 31: Demodiciose Canina - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/fgt.pdf · FIGURA 15- Realização do exame parasitológi co de raspado cutâneo ... O ciclo vital inteiro do ácaro

30

FIGURA 13 – Demodiciose canina generalizada. Manchas multifocais de hiperpigmentação de um Cocker adulto

(Fonte: IMAGEM PESSOAL, 2009).

2.5.3 Pododemodiciose

A pododemodiciose caracteriza-se por condições de prurido interdigital,

dor, eritema, alopecia, hiperpigmentação, liquenificação, descamação, edema,

crostas, pústulas, bolhas e fístulas (MEDLEAU; HNILICA, 2009).

Podem estar presentes em patas de cães sem lesões generalizadas

(Figuras 14). As lesões interdigitais e digitais são especialmente suscetíveis a

piodermite secundária, que pode ocorrer como resultado da demodiciose

generalizada, na qual as lesões respondem à terapias acaricidas em todas regiões

afetadas, exceto nas patas (SCOTT; MULLER; GRIFFIN, 2001).

Em alguns animais a pododemodiciose poder ser crônica e extremamente

resistente ao tratamento. O edema e a dor são especialmente aflitivos para cães

Page 32: Demodiciose Canina - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/fgt.pdf · FIGURA 15- Realização do exame parasitológi co de raspado cutâneo ... O ciclo vital inteiro do ácaro

31

grandes como Dinamarqueses, São Bernardos, Sheepdogs ingleses e Terra Novas

(SCOTT; MULLER; GRIFFIN, 2006).

De maneira geral a doença pode progredir para os seguintes estágios, de

demodiciose localizada, demodicose generalizada, demodiciose piogênica

generalizada e pododemodiciose piogênica crônica (SCOTT; MULLER; GRIFFIN,

2001).

FIGURA 14 – Pododemodiciose. Alopecia, eritema, com hiperpigmentação e nas patas de um cão adulto com hiperadrenocorticismo iatrogênico

(Fonte:MEDLEAU; HNILICA, 2009). 2.6 Patogenia

A demodiciose é mais comum em pacientes imunocoprometidos. Os

animais mais jovens podem ter um defeito na imunidade mediada por células. Os

animais adultos podem predispor-se à infecção clínica por Demodex canis pela

presença de diabetes mellitus, hiperadrenocorticismo, hipotiroidismo ou terapia com

medicamentos imunossupressores, ou neoplasia (SHAW; ILHE, 1999)

Supõe-se que certas cadelas transportem um fator geneticamente

transmitido que resulta em imunodeficiência em seus filhotes, tornando-os mais

suscetíveis á invasão por ácaros, e observa-se que os filhotes de uma cadela deste

tipo com freqüência desenvolvem a forma generalizada de demodiciose canina

simultaneamente, mesmo apesar de terem sido criados separadamente. Além disso,

supõe-se que o próprio Demodex canis cause uma imunodeficiência mediada por

células que suprime a resposta normal dos linfócitos T, este defeito desaparece

Page 33: Demodiciose Canina - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/fgt.pdf · FIGURA 15- Realização do exame parasitológi co de raspado cutâneo ... O ciclo vital inteiro do ácaro

32

quando os ácaros são erradicados do cão. A demodiciose pode interromper quando

os cães recebem imunossupressores por outras condições (URQUHART, 1996).

Segundo Carton e Mc Gavin (1998), cães de diversas raças puras

apresentam predisposição à infestação, o que sugere uma base hereditária para a

doença que estaria relacionada a um defeito primário na imunidade mediada por

células. A imunodeficiência devido à supressão de células T também está associada

à forma complicada de enfermidade. A imunodeficiência é devido à infecção

bacteriana associada ou não aos ácaros. A doença também acomete animais

adultos que sofrem estresses metabólicos, como hipotiroidismo, como

hiperadrenocorticismo, ou que são submetidos a tratamento que compromete o

sistema imunológico (glicocorticóides e drogas citotóxicas). Há relatos de casos

idiopáticos.

Willense (1998) relata que são observados distúrbios dos linfócitos T

secundariamente á demodiciose generalizada acompanhada por piodermite.

Especialmente em cães mais idosos, as desordens imunossupressivas ou o

hipotiroidismo podem aumentar a susceptibilidade.

2.7 Métodos de Diagnóstico

2.7.1 Exame clínico

A anamnese muitas vezes ajuda a identificar as causas predisponentes

possíveis. Devemos suspeitar de demodiciose canina se houver uma história de

demodiciose familiar. Temos sempre que questionar os proprietários uma série de

eventos ou situações poderiam descompensar a capacidade do animal de controlar

a proliferação de ácaros. Os fatores predisponentes podem incluir estresse,

desnutrição, traumatismos, ansiedade de separação, fadiga crônica, estro, parto,

Page 34: Demodiciose Canina - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/fgt.pdf · FIGURA 15- Realização do exame parasitológi co de raspado cutâneo ... O ciclo vital inteiro do ácaro

33

lactação, parasitismo, crescimento rápido, vacinações, temperaturas ambientais

adversas, doenças debilitantes entre outras (BICHARD; SHERDING, 2003).

Em cães idosos apresentam frequentemente uma doença sistêmica

subjacente ou afecção neoplásica que irá predispor ao desenvolvimento da

demodiciose. Afecções subjacentes podem ser incipientes no momento do

diagnóstico da demodiciose e podem exigir meses (até anos) para serem

reconhecidos. O uso de agentes imunossupressivos tais como corticosteróides,

fármacos antineoplásicas ou anticorpos antilinfocitário, poderá induzir ou exacerbar

uma demodiciose localizada ou generalizada (PARADIS, 1999).

Deve-se realizar um exame físico completo para identificar fatores ou

doenças predisponentes (SHAW; IHLE, 1999).

2.7.2 Testes Laboratoriais

São utilizados os testes laboratoriais para triar quanto as doenças

predisponentes, especialmente quando se encontra presente a demodiciose

generalizada canina. Perfil bioquímico sérico, urinálise e hemograma completo,

constituem os testes de triagem básico. Se juntarmos a anamnese, o exame físico e

os testes laboratoriais de triagem e os mesmos indicarem uma disfunção endócrina

ou disfunção interna possível, deve-se então realizar testes mais específicos, como

por exemplo, testes para o diagnóstico do hiperadrenocorticismo (BICHARD;

SHERDING, 2003).

Os testes clínicos laboratoriais em cães jovens com demodiciose

geralmente não demonstram anormalidades consistentes. A anemia de doenças

crônicas, elevações nos números de leucócitos, hiperglobulinemia e concentrações

hormonais da tireóide básicos deprimidos são encontrados em muitos cães. Os

valores hormonais da tireóide diminuídos são geralmente o resultado da

demodiciose (síndrome do eutiroideo doente), e não sua causa. Nos casos de

demodiciose de estabelecimento no adulto, esses testes rotineiros tornaram-se mais

Page 35: Demodiciose Canina - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/fgt.pdf · FIGURA 15- Realização do exame parasitológi co de raspado cutâneo ... O ciclo vital inteiro do ácaro

34

significativos na identificação da causa da demodiciose no cão adulto. Elevações

inexplicáveis na atividade enzimática hepática devem levar em consideração dos

testes de função adrenal para hiperadrenocorticismo, uma causa comum de

demodiciose de estabelecimento no adulto (SCOTT; MULLER; GRIFFIN, 2001).

2.7.3 Exame parasitológico de raspado cutâneo (EPRC)

Geralmente a técnica de primeira escolha para o diagnóstico de

demodiciose é o exame parasitológico de raspado cutâneo que apresenta fácil

execução, baixo custo e alta sensibilidade. Os raspados de pele devem ser

profundos e realizados na direção do crescimento dos pêlos, realizando em

diferentes regiões do corpo, especialmente em áreas de transição de pele saudável

e a lesão, e com presença de comedões (SANTAREM, 2007).

Deve-se pinçar firmemente a pele para tentarmos expor os ácaros para

fora dos folículos pilosos, e realizar o raspado com uma lâmina de bisturi cirúrgico,

bem profundo, até que ocorra sangramento capilar (Figura 15). Áreas extremamente

frágeis devem ser evitadas porque a hemorragia resultante geralmente torna difícil a

interpretação dos resultados (SCOTT; MULLER; GRIFFIN, 2001).

FIGURA 15 – Realização do exame parasitológico de raspado cutâneo (Fonte:www.cdvma.com.br/coleta/microscopia.jpg).

Page 36: Demodiciose Canina - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/fgt.pdf · FIGURA 15- Realização do exame parasitológi co de raspado cutâneo ... O ciclo vital inteiro do ácaro

35

Em animais com lesões multifocais ou generalização da demodiciose,

recomenda-se o exame de raspado cutâneo de três a seis locais. O material

coletado deverá ser colocado em uma lâmina de vidro, e a este adicionada uma

gota, óleo mineral, glicerina ou hidróxido de potássio a 10% (SANTAREM, 2007).

Coberto com uma lamínula e observado ao microscópio no aumento de

40X e 100X (DELAYTE, 2002).

Temos que levar em consideração que a identificação de um ácaro, não

significa que possamos fechar o diagnóstico da doença, mas pode refletir apenas

uma colonização normal da pele (SANTAREM, 2007).

O diagnóstico é feito quando se observa grande número de ácaros

adultos ou pelo achado de uma relação aumentada de ovos, larvas ou ninfas em

relação aos adultos. Mas como é difícil achar um ácaro no raspado de um animal,

quando visualizado em pequena quantidade, não devemos descartar a hipótese do

animal estar com a doença, portanto o melhor seria realizar vários raspados antes

de se excluir o diagnóstico (SCOTT; MULLER; GRIFFIN, 2001).

A confirmação diagnóstica deve ser estabelecida sempre que um raspado

cutâneo de um animal com clínica compatível de demodiciose apresentar cinco ou

mais ácaros por campo. Nos casos de demodiciose juvenil a avaliação do animal

deve ser feita, nos raspados de pele, aos dois, seis e doze meses após a cessão da

terapia. Se após esse período o resultado do terceiro raspado for negativo podemos

considerar que o animal está curado, mas mesmo assim pode ocorrer recidivas em

cães adultos, caso a doença de base não seja tratada corretamente (SANTAREM,

2007).

2.7.4 Exame parasitológico do pelame(EPP)

O exame parasitológico de pelame é menos agressivo e, são indicados

para animais que apresentam lesões em que a realização do exame parasitológico

Page 37: Demodiciose Canina - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/fgt.pdf · FIGURA 15- Realização do exame parasitológi co de raspado cutâneo ... O ciclo vital inteiro do ácaro

36

de raspado cutâneo são difíceis de serem realizados , como por exemplo, região

periocular (SALZO, 2008).

A técnica é feita através da avulsão do pelame, onde o material obtido

será colocado em uma lâmina de vidro com gotas de hidróxido de potássio a 10%

coberta por uma lamínula e observado ao microscópio (DELAYT, 2002).

Os estudos foram feitos através de avaliações feitas com 63 cães com a

presença de Demodex canis no exame parasitológico de rapado cutâneo. Dentre o

total de cães pelo menos 56 cão foram observados ácaros no exame parasitológico

do pelame avulsionado. A sensibilidade do exame parasitológico de pelame frente

ao exame parasitológico do raspado cutâneo foi de 88,9%, já que foram observados

ácaros de Demodex canis em 56 dos 63 cães, e os resultados falso negativos no

exame foram de 11,1%(DELAYTE, 2002).

2.7.5 Impressão em fita adesiva (IFA)

Foi realizado a técnica de impressão em fita adesiva, em 17 cães com

demodiciose, dentre os anos de 2006 e 2007, em clínicas veterinária particulares.

Esses cães foram distribuídos em diferentes categorias e dados epidemiológico

(Tabela. 1).

(Fonte: MOTTA; HAYECK, 2008).

Page 38: Demodiciose Canina - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/fgt.pdf · FIGURA 15- Realização do exame parasitológi co de raspado cutâneo ... O ciclo vital inteiro do ácaro

37

Dentre os animais os 17 cães todos ele forem submetido ao exame

parasitológico de raspado cutâneo, e seriam considerados positivos os que

apresentarem pelo menos 4 ácaros de Demodex canis em qualquer fase do ciclo. A

técnica do impressão em fita adesiva foi realizado através do beliscamento da pele

lesionada para externação dos ácaros do folículo piloso e posterior decalque da face

adesiva da fita sobre a área pressionada ( MOTTA; HAYECK, 2008).

Feito isto, a fita então é aderida à lâmina de vidro e analisada ao

microscópio de luz nos aumentos de 40X e 100X ( Figura 16). (MOTTA; HAYECK,

2008).

FIGURA 16 - Fita adesiva com amostra aderida à lâmina de vidro.

(Fonte: MOTTA; HAYECK, 2008).

Tanto a técnica de exame parasitológico de raspado de pela quanto a

impressão em fita adesiva, foram realizadas e interpretadas simultaneamente. A

interpretação da Impressão em fita adesiva devemos considerar um pouco

dificultada pela formação de bolhas de ar entre a fita e a lâmina de vidro, exigindo

uma familiarização com a técnica (Figura.24).

Page 39: Demodiciose Canina - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/fgt.pdf · FIGURA 15- Realização do exame parasitológi co de raspado cutâneo ... O ciclo vital inteiro do ácaro

38

FIGURA 17 - Imagem microscópica da impressão em fita adesiva. Vários ácaros, incluindo adultos, ninfas, larvas e ovos. Notar as bolhas de ar formadas pela fita.

(Fonte: MOTTA ; HAYECK, 2008)

A técnica da impressão em fita adesiva mostrou um resultado de 100%

eficácia no diagnóstico, da demodiciose canina em relação ao exame parasitológico

de raspado cutâneo , além disso tem a vantagem de baixo custo e praticidade de ser

realizado e também pelo fato de não lesar o tegumento do animal, e nem frustrar os

proprietários (MOTTA e HAYECK, 2008).

2.7.6 Exame Histopatológico

O exame histopatológico é um teste de diagnóstico apropriado, no

entanto, se suspeitando de demodiciose, e se os raspados cutâneos rotineiros

derem negativos. Isto é, particularmente comum em pacientes com lesões crônicas

ou cicatrizes, como as da pododemodiciose. Cães da raça Shar Pei também são

relatados por serem difíceis de realizar raspado cutâneo e obter sucesso, e podem

requerer um histopatológico para fazer um diagnóstico (KINGA, 2006).

Page 40: Demodiciose Canina - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/fgt.pdf · FIGURA 15- Realização do exame parasitológi co de raspado cutâneo ... O ciclo vital inteiro do ácaro

39

A biópsia cutânea relata graus variáveis de perifoliculite, foliculite e

forunculose. Os folículos afetados estão repletos de ácaros, restos queratinosos em

número variável de alguns tipos de células inflamatórias. É comum aparecer

infecção secundária bacteriana (SCOTT; MULLER; GRIFFIN, 2006).

3 Diagnóstico diferencial

Conforme descrito anteriormente, a demodiciose é doença de fácil

diagnóstico, pois os ácaros podem ser facilmente vistos através da microscopia. A

doença deve ser considerada em primeiro plano para o diferencial de outras

dermatopatias, principalmente as que apresentam alopecia em placas (SANTAREM,

2007).

Os principais diferenciais incluem dermatofitose, alopecia por diluição da

cor, adenite sebácea, piodermite superficial ou profunda, piodermite juvenil,

dermatite responsiva ao zinco, alopecia pós-injeção, infecção micótica profunda,

pênfigo foliáceo, micose fungóide, erupção medicamentosa. Reações de

hipersensibilidade como atopia, alergias à picada de pulga e a alimentos

(SANTAREM, 2007).

Em cães adultos, as doenças de base devem ser investigada

especialmente as que levam a quadros de imunossupressão, com ênfase aos casos

de hiperadrenocorticismo (SANTAREM, 2007).

Page 41: Demodiciose Canina - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/fgt.pdf · FIGURA 15- Realização do exame parasitológi co de raspado cutâneo ... O ciclo vital inteiro do ácaro

40

4 Tratamento Demodiciose Localizada

A Demodiciose canina tanto a localizada, quanto a generalizada devem

ser consideradas como dermatopatias distintas de diferentes tratamentos. A saúde

geral e o manejo de cães que apresente qualquer forma da doença devem ser

avaliados, com atenção especial à dieta, ao programa de vacinação e tratamento

anti-helmíntico. As possíveis curas são maiores com tratamento das causas

primárias, que podem contribuir para imunossupressão em animais adultos

(SANTAREM, 2007).

Os raspados são imprescindíveis para a avaliação do quadro da doença,

se houver disseminação das lesões e aumento do número de formas imaturas e

maturas nos rapados após um mês do inícios da demodiciose localizada, pode-se

considerar grandes chances de generalização (SANTAREM, 2007).

A supressão está envolvida no desenvolvimento da demodiciose, os

corticóides tópicos ou sistêmicos devem ser evitados. O estresse deve ser

minimizado fornecendo boa dieta, prevenindo doenças infecciosas com imunizações

e eliminando os parasitas internos. O cão deve ser reavaliado em quatro a oito

semanas. Se as lesões de pele tiverem aumentado em números ou tamanhos, ou

se houver expansão de números de formas imaturas, a doença terá que ser tratada

(LORENZ, 1996).

Se caso não ocorrer cura espontâneo recomenda-se a identificação e

tratamento de qualquer piodermite concomitante e de maneira intensiva, com

antibióticos sistêmicos e reavaliar os raspados de pele em intervalos de duas a

quatro semanas e continuando o tratamento por três a quatro semanas após o

primeiro raspado negativo (PATERSON, 2000).

O clínico também pode indicar o tratamentos com: - Aplicações de

produtos a base de de rotenona ou loção de benzoato de benzila podem ter ação

acaricida quando aplicados às lesões, em intervalos de 24horas. Outra alternativa

de tratamento das lesões seria o usos de xampu, loção, creme ou gel de peróxido de

benzoila 2,5 a 3% em intervalo de 24 horas. Ou aplicação tópica de solução de

Page 42: Demodiciose Canina - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/fgt.pdf · FIGURA 15- Realização do exame parasitológi co de raspado cutâneo ... O ciclo vital inteiro do ácaro

41

amitraz 0,03 a 0,05%, em intervalos de 24 horas, freqüentemente é eficaz

(MEDLEAU; HNILICA, 2009).

Os raspados são imprescindíveis para a avaliação do quadro da doença,

se houver disseminação das lesões e aumento do número de formas imaturas e

maturas nos rapados após um mês do inícios da demodiciose localizada, pode-se

considerar grandes chances de generalização (SANTAREM, 2007).

5 Tratamento demodiciose generalizada

Segundo SALZO, 2008 o tratamento curativo da demodiciose ainda é um

desafio, não há um tratamento 100% de eficácia contra esta afecção, e sim

considerarmos como controle, muitos cães apresentam uma ótima resposta por

períodos longos. Devemos evitar o uso de corticosteróides, uma vez que a doença

apresenta patogenia relacionada com imunossupressão

A demodiciose generalizada é uma dermatopatia difícil de tratar. A

eutanásia comumente recomendada no passado, hoje raramente é necessária, isso

se o proprietário usar o medicamento de forma correta conforme prescrito pelo

clínico. Antes da indicação de qualquer tratamento para demodiciose, o estado geral

de saúde e o manejo do cão devem ser melhorados. A doença foi desencadeada por

algum distúrbio sistêmico e a resolução da condição básica permite ao cão a auto

cura da demodiciose ou melhora na resposta do tratamento (SCOTT; MILLER;

GRIFFING, 2001).

Antigamente muitas substâncias foram propostas para tratamento da

enfermidade como por exemplo sangue, éter, petróleo, nicotina, zinco, magnésio,

mas nenhum resultado foi obtido, e é provável que a eficácia da utilização desses

produtos seja nula (SANTAREM, 2007).

A piodermite e a seborréia apresentadas comumente em cães com

demodiciose é causada pela infestação pelos ácaro e pode não responder ao

Page 43: Demodiciose Canina - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/fgt.pdf · FIGURA 15- Realização do exame parasitológi co de raspado cutâneo ... O ciclo vital inteiro do ácaro

42

tratamento até que os ácaros não sejam erradicados (SCOTT; MILLER; GRIFFING,

2001).

O tratamento de toda piodermite secundária é freqüente na demodiciose

generalizada, portanto antibióticos como a cefalexina, enrofloxacino e amoxicilina

com ácido clavulânico devem ser utilizados por períodos de no mínimo 4-8 semanas.

Com uso desses fármacos melhora o prurido e as lesões (SALZO, 2008)

A terapia tópica adjuvante traz muitos benefícios, principalmente se o

clinico empregar o banhos semanais com xampus de peróxido de benzoíla 2,5 a 3%

(MEDLEAU; HNILICA, 2009).

Proprietários de cães acometidos com a doença devem ser alertados

quanto a duração do tratamento, custo, e prognóstico para cura clínica. É importante

alertá-lo que a parada prematura do tratamento pode resultar muitas vezes em

recidiva das lesões e no desenvolvimento de resistência antiparasitária pelo ácaro

(SANTAREM, 2007).

5.1 Amitraz

O amitraz é um acaricida do grupo das formamidina. Em 1969, essa

droga foi sintetizada na Inglaterra, para ser utilizada na agricultura como acaricida de

vegetais (ANDRADE, 2002).

Por tratar-se de um inibidor da MAO (monoamino oxidase), não pode

haver associações com outras drogas com mesmo mecanismo de ação ou com as

avermectinas. A duração do tratamento é variável, cerca de meses, e irá cessar o

tratamento somente após 3 exames de rapado cutâneo negativos (SALZO, 2008).

O uso do amitraz em altas doses, possui um efeito hiperglicêmico

insulinodepressor, assim sendo contra indicado para cães diabéticos

(BENSINGNOR; CARLOTTI, 2000).

Page 44: Demodiciose Canina - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/fgt.pdf · FIGURA 15- Realização do exame parasitológi co de raspado cutâneo ... O ciclo vital inteiro do ácaro

43

O amitraz possui ação acaricida através de transmissão nervosa, por

antagonismo dos receptores da octopamina (BENSINGNOR; CARLOTTI, 2000).

O animal deverá ser tosado para receber os banho prévio com xampu

queratolítico e antibacteriano. Após o enxágüe e secagem, o amitraz será diluído em

água (1ml de amitraz para cada 4 litros de água), deverá se aplicado em todo o

corpo do animal na forma de banhos, fricções com esponja ou escova por todo

corpo, uma vez por semana, onde sua aplicação não deve ser feita sob exposição

solar porque a solução é rapidamente alterada pelos raios ultravioletas e pela

oxidação, aumentando a toxicidade do fármaco, por isso o manipulador deve sempre

utilizar luvas, deve-se também evitar, e proteger para que o produto não atinja os

olhos e boca do cão em tratamento. A secagem deve ser natural, sem remoção do

amitraz com utilização de água ou uso de toalhas (LARSSON, 2002; SALZO, 2008).

Existem riscos de penetração cutânea e de inalação com efeitos

potencialmente tóxicos do amitraz no homem (manipulador), como dermatite por

contato, asma, dores de cabeça, por isso recomenda-se sua aplicação em locais

arejados, utilizando luvas e máscaras (BENSINGNOR; CARLOTTI, 2000).

Os efeitos colaterais do amitraz em cães incluem: sedação, depressão,

poliúria, hipotermia, bradicardia e hiperglicemia que podem ser controlado com uso

de Ioimbina (0,25mg/kg intra muscular) que é um antídoto (SALZO, 2008;

ANDRADE, 2002).

A atropina é contra indicada para os efeitos colaterais associados ao

amitraz, seu uso poderá causar hipotensão, arritmia cardíaca e hipomotilidade

gástrica (SANTAREM, 2007)

O tratamento da pododemodiciose, é feito através de banhos semanais

aplicando a solução de amitraz 0,125%, nas patas e massageando para que haja

melhor penetração do produto, não se deve enxaguar os pés e o corpo (MEDLEAU;

HNILICA, 2009).

O tratamento continua até que vários raspados profundos de pele sejam

negativos (não conter ácaros vivos ou mortos), por 30 - 60 dias ou mais. Quando o

Page 45: Demodiciose Canina - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/fgt.pdf · FIGURA 15- Realização do exame parasitológi co de raspado cutâneo ... O ciclo vital inteiro do ácaro

44

tratamento terminar o animais deverá ser observado por 12 meses para descartar

qualquer sinal da doença (SCOTT; MILLER; GRIFFING, 2001).

5.2 Ivermectina

A ivermectina é outro tratamento que pode ser prescrito pelos clínicos, é

uma fármaco bastante utilizado, para o controle da demodiciose canina. É

considerado o fármaco mais eficaz e de menor custo , para o controle da afecção

(SALZO, 2008).

Recomenda-se a dosagem de 0,2 a 0,6mg de ivermectina/kg a cada 24

horas por via oral(VO), administre 0,1mg de ivermectina/kg VO, no primeiro dia,

0,2mg/kg VO no segundo dia, assim prosseguindo com aumentos diários de

0,1mg/kg VO, até atingir a dose de 0,2 a 0,6mg/kg/dia, verificando se não ocorre

nenhum sinal de intoxicação (MEDLEAU; HNILICA, 2009).

O período da administração da ivermectina varia de 4 a 6 meses, sempre

com suspensão da administração do fármaco após três exames de raspado cutâneo

negativos. Animais imunossuprimidos ou idosos pode necessitar prolongar as

terapias. É totalmente contra indicado o uso de ivermectina em cães de raças como:

Collie, Boder Collie, Pastor de Shetland, Old English Sheepdog e Pator Australiano,

devido a passagem do fármaco para o sistema nervoso central (SNC) destes

animais especialmente (SALZO, 2008).

5.3 Milbemicina

Outro tratamento alternativo é a milbemicina um fármaco considerado

efetivo com uso nos tratamentos de demodiciose canina, principalmente em cães de

porte pequeno, pois o custo é considerado elevado para usar em raças de grande

Page 46: Demodiciose Canina - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/fgt.pdf · FIGURA 15- Realização do exame parasitológi co de raspado cutâneo ... O ciclo vital inteiro do ácaro

45

porte ou gigantes. Apesar do custo elevado é uma avermectina que apresenta

menos efeito colateral e pode ser administrada nas raças em que o uso da

ivermectina é contra indicada (SALZO, 2008).

A dose indicada é de 0,5 a 2mg/kg/a cada 24 horas (MEDLEAU &

HNILICA, 2009).

5.4 Moxidectina

Outro fármaco é a moxidectina que possui ação acaricida GABA, os

clínicos utilizam nas doses de 0,5mg/kg (via oral) ou dose de 0,5- 1,0mg/kg (via

subcutânea) a cada 72 horas, é um protocolo considerado eficaz, e indicado nas

raças caninas sensíveis (SALZO, 2008).

5.5 Doramectina

Usa-se também doramectina que pode ser empregada em um protocolo

de tratamento de demodiciose canina, na dose de 0,6mg/kg via subcutânea (SC),

apenas uma dose semanal, tornando-se bastante prático, é contra indicado seu uso,

em raças sensíveis a ivermectina (MEDLEAU; HNILICA, 2009).

O clínico tem que alertar aos proprietários sobre o tempo longo do

tratamento, e com isso considera-se apenas o controle e não a cura do animal.

Causas de base que possam determinar uma imunossupressão devem ser

afastadas e jamais associar os acaricidas entre si e não utilizar uso de

corticoesteróides nesta afecção (SANTAREM, 2007).

Page 47: Demodiciose Canina - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/fgt.pdf · FIGURA 15- Realização do exame parasitológi co de raspado cutâneo ... O ciclo vital inteiro do ácaro

46

6 PROGNÓSTICO E PREVENÇÃO

Na demodiciose localizada, o prognóstico é bom, pois geralmente se tem

cura sem nenhuma intervenção medicamentosa, num período que duram de seis à

oito semanas. O tratamento costuma ser mínimo, já que na maioria dos casos o

mesmo não é necessário (HIILLIER; DESCH, 2002).

Na demodiciose generalizada o prognóstico varia de reservado a bom, em

termos de recuperação, pois afeta cães adultos com mais de dois anos, onde a

dermatopatia é somente controlada com medicamentos e terapias, mas nem sempre

o organismo responde de maneira positiva a estes tratamentos (SHAW; IHLE, 1999).

Devemos reavaliar as recidivas em, intervalos de um a dois meses

durante doze meses após o último raspado de pele negativo. Animais que

permanecerem livres da doença por doze meses dificilmente apresentarão recidivas,

e são convencionalmente declarados como curados (SANTAREM, 2007).

Para prevenir a demodiciose, deve-se evitar o uso de drogas

imunossupresoras, retirar macho da reprodução e nas fêmeas deve ser realizada a

ovário salpingo histerectomia (OSH), uma vez que estas poderão ter recidivas

quando estiverem em estro, devido a supressão do sistema imunológico.

Page 48: Demodiciose Canina - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/fgt.pdf · FIGURA 15- Realização do exame parasitológi co de raspado cutâneo ... O ciclo vital inteiro do ácaro

47

7 CONCLUSÃO

Conclui-se após a revisão bibliográfica que a demodiciose canina é um

dos maiores desafios para os clínicos veterinários. Embora seja uma doença de fácil

diagnóstico, com realização de raspados cutâneos, é muito importante para o

tratamento.

E que ainda há muitas dúvidas quanto ao uso de fármacos para seu

tratamento e principalmente quanto o prognóstico. O amitraz é um fármaco muito

utilizado nos protocolos terapêuticos, mas seu uso já não é mais tão eficaz devido a

má utilização do produto, há relatos de resistência dos ácaros Demodex canis. Por

isso outros medicamentos estão sendo utilizados, como a ivermectina, milbemicina,

e a doramectina, e que apesar do aparente sucesso jamais deverá ser associado ao

amitraz, pois podem ser prejudiciais aos cães que receberem este tipo de terapia.

A demodiciose é uma dermatopatia que não tem cura e que se manifesta

associada à imunossupressão.

E devemos nos questionar sobre uma série de dúvidas como: O que é

demodiciose? Como se dá o contágio? Como o animal desenvolve a situação da

doença? Se realmente devemos castrar as fêmeas sintomáticas? . Entre outras

questões pois só assim podemos entender realmente o que acontece frente a essa

dermatopatia e resolvê-las .

Page 49: Demodiciose Canina - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/fgt.pdf · FIGURA 15- Realização do exame parasitológi co de raspado cutâneo ... O ciclo vital inteiro do ácaro

48

BIBLIOGRAFIA

ANDRADE, S.F.; RODRIGUES, A.S. Regras básicas para o uso de ivermectina na clínica de pequenos animais. A Hora veterinária. n 125, p. 53-57, jan./fev. 2002. BESINGNOR, E.; CARLOTTI, D.N. O que fazer frente a uma cão com sarna demodécica. A Hora veterinária. v.20, n. 117, p. 29-33 set/ out. 2000. BICHARD, S. J.; SHERDING, R. G. Manual Saunders: Clínica de Pequenos Animais. 2. ed. São Paulo: Roca, p. 340-359, 2003 CARLTON, W. W., MC GAVIN, M. Patologia Veterinária Especial de Thomson. 2 ed. Porto Alegre: ArtMed, p. 517, 1998. CHESNEY, C. J. Short form of Demodex species mite in the dog: occurrence and measurements. J Small Anim Pract. V. 40, p. 58-61, 1999. FOREYT, W,J. Parasitologia Veterinária, Manual de referências. 5 ed. FORTES, Elinor. Parasitologia Veterinária. 3. ed. São Paulo: Ícone, p.617- 619, 1997. DELAYTE, EH. Contribuição ao estudo do diagnóstico e do tratamento da demodicidose canina generalizada. 2002. 119 f. Dissertação (Mestrado em Clínica Veterinária) – Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002 GORTEL, K.; Update on Canine Demodicosis. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice V. 36 , n.1. p. 230-239, 2006. GUIMARÃES, J. H.; TUCCI, E. C.; BARROS-BATTESTI, D. M. Ectoparasitos de Importância Veterinária. São Paulo: Plêiade, 2001. HILIER, A., DESCH, C. E. Large-bodied Demodex mite infestation in 4 dogs. Journal of the American Veterinary Medical Association, p.220: 623-7. 2002. LESSA, R.P. Tratamento da demodiciose canina. Trabalho de conclusão de curso, p. 24, 2004. LARSSON, C.E. Porque das falhas da terapia anti-demodiciose – retratariedade aos protocolos A Hora Veterinária.n, 126, p. 61-65, març/ abr. 2002. MEDLEU, H.; HNILICA, K.A. Dermatologia pequenos animais Atlas colorido e guia terapêutico. São Paulo: Roca, p. 102-108. 2009 PARADIS, M. New approaches to the treatment of canine demodicosis.

Page 50: Demodiciose Canina - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/fgt.pdf · FIGURA 15- Realização do exame parasitológi co de raspado cutâneo ... O ciclo vital inteiro do ácaro

49

Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, 1999 PATERSON, S. Enfermedades de la piel en el perro. Buenos Aires: Inter-médica , 2000. RHODES, K. H.; The 5-minutes veterinary consulte clinical companion: small animal dermatology. Philadelphia: Lippincott Willians & Wilkins, p 203-209, 2004. SANTOS, P.; SANTOS, V; Demodicose Canina. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária é uma publicação semestral da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia de Garça FAMED/FAEF Ano VI - Número 11 – Julho de 2008 – Periódicos Semestral p. 2 . 2008. SALZO,P.S.; Demodiciose canina. O que há de novo?. Revista Nosso Clínico, 66, p. 26-28, nov/dez. 2008. SANTAREM,V. Demodiciose canina: revisão. Revista Clínica Veterinária, n. 69, p. 86-95,jul/agost. 2007 SCOTT, D.W.; MULLER, W.H.; GRIFFIN, C.E. Dematologia dos pequenos animais. 5. ed. Rio de Janeiro: Interlivros, p. 360-434, 2001 SHAW, Darcy, IHLE, Sherri. Medicina Interna de Pequenos Animais. Porto Alegre:Artes Médicas Sul LTDA, p.131. 1999 SILVA, S.S; Demodiciose em cães: Mitos e verdades. Trabalho de conclusão de curso, p.16-23, 2008. SHIPSTONE, M. Generalised demodicosis in dogs, clinical perspective. Austrian Veterinary Journal. V.78, n.4, p. 240-242, apr. 2000. URGUHART, G. M., ARMOUR, J., DUNCAN, J. L., DUNN, A.M., JENNINGS, E. W. Parasitologia Veterinária. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; p.169-170,1998. WILLENSE, T. Dermatologia Clínica de Cães e Gatos. 2ed. São Paulo: Manole; p. 32-34, 2002. WILKINSON, G.T., HARVEY, R. G. Atlas Colorido de Dermatologia dos Pequenos Animais. 2 ed. São Paulo: Manole, p. 73-78, 1997. Sites de Pesquisa: Internet. - www.abra.org.pt (2009) - www.cdvma.com.br/coleta/microscopia.jpg (2009) - www.medi-vet.com/Demodicosis.html (2009)