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Faculdades Metropolitanas Unidas FMU Amanda Milani Cardoso INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM ÉGUAS São Paulo 2010

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Faculdades Metropolitanas Unidas – FMU

Amanda Milani Cardoso

INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM ÉGUAS

São Paulo

2010

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Faculdades Metropolitanas Unidas – FMU

Amanda Milani Cardoso

INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM ÉGUAS

São Paulo

2010

Monografia apresentada como Trabalho

de Conclusão de Curso do curso de

Medicina Veterinária orientada pela

Professora Giovana D´Andréa Pavão.

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FICHA CATALOGRÁFICA

Cardoso, Amanda Milani

Inseminação Artificial em Éguas/Amanda Milani Cardoso,

2010

Trabalho de Conclusão de Curso – Faculdades

Metropolitanas Unidas – FMU

1 – Reprodução equina; 2 – sêmen; 3 - técnicas inseminação

artificial

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Faculdades Metropolitanas Unidas – FMU

Amanda Milani Cardoso

INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM ÉGUAS

Prof. Giovana D´Andréa Pavão FMU – Orientadora

Prof. Dr. Cynthia Maria Carpigiani Teixeira FMU

Prof. Dr. Aline Machado Zoppa FMU

Monografia apresentada como requisito de avaliação de conclusão de graduação em Medicina Veterinária- FMU Orientadora: Profa. Giovana D´Andréa Pavão

Defendido e aprovado em 15 de Junho de 2010

pela banca examinadora constituída pelos

professores:

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II

Dedico aos meu pais, Edivaldo e

Elisabete, e aos meus irmãos

Samantha, Bruna e Caio a grande

conquista do meu sonho.

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III

Agradecimentos

Agradeço infinitamente meu Pai e minha Mãe, sem eles nada seria possível,

eles foram os responsáveis pela realização do meu maior sonho.

Agradeço meus irmãos pela paciência que tiveram comigo durante esses

cinco anos acadêmicos, e que estiveram sempre ao meu lado.

Agradeço aos meus amigos de classe, pois em eles seria tudo sem graça,

agradeço pelas brigas, ajudas e muitas risadas durante esses anos.

Agradeço a todos os professores que fizeram parte da minha formação

acadêmica, especialmente à Professora Aline Zoppa pelo apoio na realização da

minha iniciação científica e pela minha participação na campanha de castração, e a

professora Cynthia Maria Carpigiani Teixeira pelos conhecimentos transmitidos

sobre Florais.

Agradeço todos veterinários que acompanhei em meus estágios durante os

anos de faculdade, a todos veterinários do Hospital Veterinário Santa Inês, aos

residentes do Hospital Veterinário FMU dos anos 2007 e 2008, aos residentes do

departamento de reprodução animal 2009 e 2010 da UNESP e em especial os

veterinários da Central Eqüina de Reprodução, Amanda, Bruno e Gelton, agradeço

pelo rico conhecimento adquirido com vocês.

Agradeço a Dra. Luciana Corazza Cury Dinana pelos conselhos que me

incentivaram a dar início a essa trajetória que hoje estou concluindo.

Agradeço a Professora Giovana D´Andréa Pavão pelo apoio, ajuda e

paciência na elaboração deste trabalho.

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IV

“No curso da vida, cada questão é uma

batalha. Haja o que houver no decorrer da

jornada da vida, batalhem para desabrochar

infalivelmente as flores da felicidade.”

(Daisaku Ikeda)

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V

Resumo

A inseminação artificial (IA) trata-se de uma biotécnologia utilizada para obter

produtos de pais com alta qualidade genética, com a vantagem de não necessitar a

presença física do garanhão selecionado, reduzindo assim traumas decorrentes do

transporte dos animais ou da própria monta natural. Além disso, ocorre redução de

transmissão de doenças venéreas e infecciosas com ao endometrite, decorrentes do

contato direto entre égua e garanhão, aumenta o numero de éguas inseminadas por

ejaculado e conseqüentemente a taxa de prenhez, proporcionando melhora na

viabilidade econômica da equideocultura. Para que a IA seja satisfatória, é

necessário manejo minucioso tanto da égua quanto do garanhão, sendo este

realizado pelo ultra-som, exames de citologia e biopsia uterina, para avaliação da

condição uterina e controle folicular da égua, utilização de hormônios para indução

da ovulação, favorecendo o momento adequado de realizar a IA e impedir que haja

perdas reprodutivas alem biotécnicas como a injeção intracitoplasmática de

espermatozóide (ICSI), utlizadas para animais com problemas reprodutivos como

falha na maturação do ovócito, ou em garanhões que possuam sub-fertilidade, como

garanhões que possuem falha na maturação espermática, produzindo

espermatozóides com caudas imóveis

Palavra-Chave: égua, sêmen, garanhão, Inseminação artificial

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VI

Abstract

The artificial insemination (AI) it’s a biotechnology utilized to obtain products of

parents with high genetic quality, with the advantage of do not need the physical

presence of the stallion selected, reducing like this resulting traumas of the transport

of the animals or of the own natural triviality. Beyond that, infectious and venereal

illnesses transmission reduction with the endometrite, resulting of the straight contact

between mare occurs and stallion, increase the number of mares inseminated by

ejaculated and consequently the rate of pregnancy, providing improvement in the

economic feasibility of the equine creation. For that it AI to be satisfactory, is

necessary so much management of the mare how much of the stallion, being this

carried out by the ultrasound, exams of cytology and biopsy uterine, for evaluation of

the uterine condition and control follicular of the mare, utilization of hormones for

induction of the ovulation, favoring the adequate moment of carry out it AI and stop

that have loses reproductive haul biotechnical as the Intracytoplasmic Sperm

Injection (ICSI), used to animals with reproductive problems as fails in the ripening of

the ovocito, or in stallions that possess sub-fertility, like stallions that possess fault in

the ripening spermatic, producing spermatozoids with tails property

Key-words:, mare, semen, stallion, artificial insemination.

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VII

SUMÁRIO RESUMO ..................................................................................................................V ABSTRACT ............................................................................................................. VI 1.INTRODUÇÃO .........................................................................................................1 2. REVISÃO DE LITERATURA ..................................................................................2 2.1. Ciclo estral da égua ..............................................................................................2 2.1.1. Eixo-Hipotálamo-Hipófise-Gonadal ...................................................................3 2.2. Controle folicular ...................................................................................................5 2.3. Exame do aparelho reprodutor .............................................................................6

2.3.1 Palpação retal ..........................................................................................6

2.3.2. Ultrassonografia transretal ......................................................................7

2.3.3. Exame vaginal ........................................................................................9 2.3.4. Citologia uterina ......................................................................................9 2.3.5. Biópsia Endometrial ..............................................................................10

2.4. Hormonioterapia .................................................................................................10 2.4.1 Sincronização de Estro .....................................................................................10 2.4.2. Hormônios indutores da ovulação ...................................................................10

2.4.2.1. HCG (Gonadotrofina coriônica humana) ..............................................11

2.4.2.2. GnRH (Hormônio liberador de gonadotrofinas)....................................12

2.4.2.3. EPE (Extrato de Pituitária Eqüina) .......................................................12 2.5. Sêmen ................................................................................................................13

2.5.1. Coleta de sêmen ...................................................................................14

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VIII

2.5.2. Análise do sêmen .................................................................................16

2.5.2.1. Volume ....................................................................................16

2.5.2.2. Concentração ..........................................................................16

2.5.2.3. Motilidade/Vigor ......................................................................17

2.5.2.4. Morfologia................................................................................17

2.5.3. Dluição do Sêmen .................................................................................18 2.5.4. Tipos de sêmen/Dose inseminante.......................................................20

2.5.4.1. Sêmen fresco .........................................................................20

2.5.4.2. Sêmen resfriado……………….................................................20

2.5.4.3 Sêmen congelado ....................................................................21

2.6. Técnicas de Inseminação Artificial .....................................................................23

2,6.1. Momento da Inseminação Artificial .........................................................23 2.6.2. Métodos de Inseminação Artificial ..........................................................24

2.6.2.1. Inseminação no corpo do útero ...............................................24

2.6.2.2. Inseminação no corno uterino .................................................25

2.6.2.3. Inseminação Histeroscópica ...................................................25

2.6.2.4. Injeção Intracitoplasmática de espermatozóides ....................26

2.6.2.4.1. Recuperação e maturação de ovócitos .......................27

2.6.2.4.2. Preparação do sêmen .................................................27

2.6.2.4.3. Injeção do espermatozóide no óvulo ...........................28

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................29 REFERÊNCIAS .........................................................................................................30

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1 – INTRODUÇÃO

Na espécie eqüina, a inseminação artificial (IA) vem sendo empregada com

sucesso devido a sua facilidade de implantação no plantel, proporcionando bons

índices de fertilidade, menor desgaste do garanhão, e melhora do progresso

genético (WEISS et al., 2003).

Para se maximizar a eficiência reprodutiva de um sistema de criação de

eqüinos, faz-se necessário a obtenção de um potro por ano de todas as éguas do

rebanho bem como a obtenção de um maior número possível de embriões no caso

de éguas doadoras. Para isto são realizadas biotecnologias como a inseminação

artificial (IA).

A inseminação artificial (IA) trata-se de uma técnica utilizada para obter

produtos de pais com alta qualidade genética, com a vantagem de não necessitar a

presença física do garanhão selecionado, reduzindo traumas decorrentes do

transporte dos animais ou até mesmo resultantes da monta natural. Além disso, com

esta biotecnologia, há redução de transmissão de doenças venéreas e infecciosas

como a endometrite, decorrentes do contato direto entre égua e garanhão,

aumentando o numero de éguas inseminadas por ejaculado, e da taxa de prenhez

proporcionando melhora na viabilidade econômica (BLANCHARD et al., 2003).

Devido ao crescimento da utilização de biotecnologias de reprodução eqüina,

vem-se estudando sobre os efeitos de cada técnica e suas vantagens,

aperfeiçoando-as, desde o manejo adequado dos animais ao acompanhamento do

ciclo estral para acompanhamento do controle folicular ovariano. O mesmo é

realizado para melhoria da qualidade de sêmen, escolhendo o método adequado

para a coleta do ejaculado, até mesmo à realização de procedimentos no

laboratório, colocando em contato com diferentes diluentes em condições térmicas

adequadas (PYCOCK, 2008).

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2 – REVISÃO DE LITERATURA

2.1 – CICLO ESTRAL DA ÉGUA

No eqüino, o ritmo circanual da reprodução é primariamente regulado pelas

mudanças no fotoperíodo ao longo do ano. Este sinal ambiental é traduzido para um

sinal endócrino na glândula pineal, que está localizada no centro do cérebro. Essa

glândula secreta melatonina durante a fase de menor luminosidade, esse hormônio

possui atividade inibidora de gonadotrofinas. Na égua, dias curtos são associados à

queda na secreção de gonadotrofinas e conseqüente diminuição na atividade

ovariana. A duração do anestro varia entre éguas e também na mesma égua entre

os anos (DAELS, 2006).

Na égua o ciclo estral é dividido em estro (5 – 7 dias), que é a fase folicular, e

diestro (14 – 16 dias), que é a fase luteolítica. O estro é caracterizado pela presença

de folículo dominante, edema uterino, relaxamento de cérvix, edema de vulva e

comportamento de receptividade sexual, sinais esses causados pelo aumento de

estrógeno circulante que é produzido pelas células da granulosa do folículo

dominante, preparando o trato genital da égua para receber e transportar os

espermatozóides até a oviduto onde irá ocorrer a fecundação (ANDRADE, 1993).

O diestro é o período entre a última ovulação e um novo estro. Este período,

de aproximadamente 14 dias, é caracterizado pela formação e presença do corpo

lúteo após a ovulação (glândula endócrina temporária), que tem a função de produzir

progesterona (P4). Esta, quando está com concentração alta no organismo,

demonstra sinais na égua como relutância ao garanhão, fechamento da cérvix e

preparação do útero para receber o embrião, como o aumento da atividade

secretora das glândulas endometriais e inibição da motilidade do endométrio e do

estro, e os sinais permanecem até a lise do corpo lúteo, que ocorre entre 14 a 16

dias, totalizando 21 dias cada ciclo estral (ANDRADE, 1993).

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2.1.1 – EIXO HIPOTÁLAMO-HIPÓFISE-GONADAL

O hipotálamo está localizado na região central do diencéfalo onde possui

ligação neural com a hipófise anterior (neuro - hipófise). O controle hormonal do ciclo

estral ocorre pelo eixo hipotálamo – hipófise – gonadal, através da interação na

liberação dos hormônios hipotalâmicos, hipofisários, ovarianos e uterinos. Entre os

hormônios que interagem com este eixo para o trato reprodutivo feminino, destacam-

se: hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH) liberado pelo hipotálamo; hormônio

folículo estimulante (FSH) e hormônio luteinizante (LH) são as gonadotrofinas

liberadas pela hipófise anterior; os esteróides progesterona e estradiol bem como os

hormônios peptídicos como a inibina que são liberados pelo ovário; e a

prostraglandina (PGF2a) liberada através do endométrio. (GINTHER et al., 1992).

O Ciclo estral das éguas se inicia por estimulação luminosa (Solstício de

verão) que incide pela retina ocular, estimula seus receptores de rodopsina,

conectando com a glândula pineal, responsável por sintetizar e secretar o hormônio

melatonina. Esta, na espécie eqüina, com o estímulo luminoso, inibe a síntese do

hormônio melatonina, com isto ocorre um aumento na freqüência de liberação do

GnRH pelo hipotálamo, onde é sintetizado e armazenado (HAFEZ et al, 2004).

O aumento da freqüência de liberação do GnRH é o que induz a hipófise

anterior a liberar o FSH, que nas gônadas femininas estimula as células da

granulosa a produzirem estrógeno, que estimula o aumento de células da granulosa

e também o número de receptores de gonadotrofinas. A produção de FSH através

da freqüência do GnRH, é inibida pelo aumento no nível de estrógeno (E2),

produzido pelos folículos em desenvolvimento, o estrógeno diminui a freqüência de

liberação do GnRH, assim, essa nova freqüência do GnRH estimula a produção e

liberação de LH (hormônio luteinizante) que age no final da maturação folicular e é o

responsável por estimular a indução da ovulação (GINTHER, 1992)

Ocorre também a liberação do hormônio inibina pelo folículo dominante no

final da sua maturação, que tem a função de inibir somente a síntese de FSH na

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hipófise, colaborando para que o LH chegue no seu pico de concentração

(GINTHER, 1992).

O LH é o responsável em induzir a ovulação pela ruptura da parede do

folículo maturado, com subseqüente liberação do óvulo para o interior do oviduto

favorecendo o desenvolvimento do corpo lúteo na cavidade remanescente no interior

do ovário após a ovulação. Após a ovulação ocorre formação do corpo hemorrágico

e dentro de 24 a 48 horas, desse corpo hemorrágico se forma o corpo lúteo. Este

corpo lúteo ou corpo amarelo é o responsável pela produção do hormônio

Progesterona (P4) (ANDRADE, 1993).

A progesterona é um hormônio esteróide secretado pelo corpo lúteo, placenta

e glândula adrenal, sua função é preparar o endométrio para implantação do

embrião e manutenção da gestação pelo aumento da atividade secretora das

glândulas endometriais e inibindo a motilidade do endométrio e o estro. O estrógeno

produzido pelas células da granulosa do folículo dominante, através do colesterol, é

o hormônio responsável pelo estro na égua, com sinais de receptividade ao

garanhão, edema de vulva, relaxamento de cérvix e útero e a presença do folículo

dominante, os níveis de estrógeno aumentam conforme o crescimento folicular

(HAFEZ et al., 2004).

O estrógeno trata-se do hormônio produzido pelas células da granulosa do

folículo dominante, através do colesterol, e é responsável pela manifestação de cio

na égua,como receptividade ao garanhão, edema de vulva, relaxamento da cérvix e

útero e a presença do folículo dominante. Os níveis séricos de estrógeno aumentam

conforme o crescimento folicular (ANDRADE, 1983).

A prostaglandina (PGF2a), hormônio secretado pelo útero, Este, é

responsável por promover a luteólise do corpo lúteo e conseqüentemente diminuir a

concentração sérica de PGF2a, permitindo o crescimento de uma nova onda

folicular (GINTHER et al., 1992).

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2.2 – CONTROLE FOLICULAR

O controle folicular na égua é realizado diariamente para avaliar a fase do

ciclo estral e garantir um acompanhamento preciso do momento da ovulação,

ficando assim mais eficaz as técnicas reprodutivas aplicadas. O cio da égua dura de

5 a 7 dias e a ovulação ocorre com folículo pré-ovulatório medindo em média 35 a

40 milímetros, pelo menos 36 horas antes do final do cio, sendo que a inseminação

deve ser realizada o mais próximo possível da ovulação (MIES, 1987).

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O tamanho folicular quando associado ao grau de edema endometrial são

fatores determinantes para decidir a hora da inseminação da égua. Um grau de

edema endometrial alto (entre dois e três) e presença de um folículo pré-ovulatório

com aproximadamente 35 a 40 milímetros (mm) são indicadores da eminência da

ovulação. Em contraste, a presença deste mesmo grau de edema endometrial

associado a um folículo com 30 mm, indicam um cio inicial (SAMPER, 1997).

2.3 – EXAME DO APARELHO REPRODUTOR DA FÊMEA

O exame ginecológico é realizado tanto em doadoras como em receptoras

para avaliar as condições do útero e do ovário da égua, ainda mais quando são

utilizados garanhões valiosos, cujo intuito é de otimizar o uso do sêmen (ANDRADE,

1983).

Os exames ginecológicos realizados são: a ultrassonografia uterina, que

avalia o escore de edema uterino; a palpação retal, que avalia o tônus uterino

(flácido no estro, devido ao edema alto do endométrio), consistência folicular, e

abertura ou fechamento da cérvix; o exame vaginal, que avalia edema de vulva

característico no estro, e a conformação vulvar; a citologia uterina que avalia a

presença de agentes causadores de endometrites (MOREL, 2003).

A biópsia uterina é um exame realizado pela análise de um fragmento uterino,

tais amostras podem permitir identificação de anormalidades, assim como indicar

evidência de degeneração uterina (BLANCHARD et al., 2003).

2.3.1 – PALPAÇÃO RETAL

A palpação retal é realizada pela introdução da mão do veterinário

examinador pela região do reto, a fim de diagnosticar alguma alteração em útero,

cérvix, ovários e tubas uterinas. Os ovários variam de tamanho conforme o

crescimento folicular, alcançando o tamanho de até 4 centímetros (cm) ou mais,

sendo essa uma variação individual entre éguas. O útero apresenta níveis de tônus

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em três graus de edema e cérvix possui três níveis de abertura, sendo característico

de estro os maiores níveis de ambos (BLANCHARD et al., 2003).

Com a avaliação deste exame o estro é definido por relaxamento uterino,

relaxamento da cérvix e aumento do ovário por desenvolvimento folicular seguido de

flutuação folicular quando próximo da ovulação, indicando o memento adequado da

inseminação da égua. Já o diestro é determinado após a ovulação e

desaparecimento dos sinais de estro, devido a produção do hormônio progesterona

(P4) pelo corpo lúteo. Na palpação o útero estará tenso e a cérvix fechada (MOREL,

1999).

2.3.2 – UTRASSONOGRAFIA TRANSRETAL

Em 1980, a ultrassonografia foi apresentada como uma modalidade

diagnóstica potencialmente valiosa na rotina de reprodução eqüina, desde sua

apresentação, os diagnósticos em reprodução eqüina expandiram ao ponto que o

instrumento tornou-se fundamental, quase indispensável, ferramenta para

veterinários (BLANCHARD et al., 2003).

Os aparelhos de ultrassonografia usados para examinar o trato reprodutivo de

eqüinos são do tipo B-modal em tempo real, e a freqüência do transdutor linear

utilizado é de a 5 a 7,5 MHz. Esta fornece imagens detalhadas de estruturas

pequenas dos órgãos próximos ao transdutor e com boa resolução (LOURENÇO

apud GINTHER, 1995).

A ultrassonografia é uma eficiente ferramenta utilizada para avaliação do

momento da indução da ovulação, não somente pela precisão proporcionada

através da mensuração do diâmetro folicular como também pela classificação do

grau de edema endometrial, que é classificado de 0 a 5, e sendo 0 a ausência de

edema, e 5 o edema máximo (MELLO, 2006).

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O transdutor linear de alta freqüência do ultra-som, que forma imagens em

tonalidades de cinza e preto, é introduzido pelo do reto e seguindo a diante localiza

o corpo do útero seguido pelos cornos uterinos e seus ovários (KÄHN et al., 1994).

O escaneamento do útero em corte horizontal transcreve uma imagem linear

do corpo do útero, e em corte transversal transcreve a imagem dos cornos uterinos,

formando uma imagem circular do corno uterino. O útero quando edemaciado, pela

liberação de estrógeno pelo folículo dominante, vai formar uma imagem circular com

as vilosidades uterinas aparentes. Nos ovários vão se formar imagens esféricas dos

folículos, que no seu interior apresentam uma imagem anecóica (imagem de cor

preta, característica dada por estruturas com líquido em seu interior (MIES, 1987).

De um modo geral, o folículo prestes a se romper tem as paredes flácidas e

mede alguns centímetros de diâmetro (4 a 5 ou mais). As inseminações devem ser

praticadas quando o folículo está na iminência de se romper, sendo aconselhado

fazer nova inseminação no dia imediato. (MIES, 1987).

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2.3.3 – EXAME VAGINAL

Para realizar esse exame toda região da vulva e áreas ao redor devem ser

cuidadosamente limpas, para evitar a contaminação do trato reprodutivo com

fungos, bactérias ou debris celulares. O espéculo vaginal é inserido na cavidade

vaginal para permitir o exame, com uma pequena quantia de lubrificante estéril

colocado antes da introdução na vagina, utilizando uma lanterna para iluminar a

vagina pelo espéculo. Através desse exame é possível diagnosticar hímen

persistente, vaginites, aderências, lacerações de cérvix, acumulo de secreção

purulenta ou urina na cavidade vaginal (BLANCHARD et al., 2003).

2.3.4 – CITOLOGIA UTERINA

Através de um swab fixado a um aparelho de citologia uterina eqüina, células

do lúmen uterino são recuperadas para verificar para a presença de um processo

inflamatório ativo ou de uma endometrite infecciosa. A coloração com preparações

de corante para citologia (eosina-hematoxilina) permite o exame sob um microscópio

da amostra obtida para a análise da presença de glóbulos brancos (geralmente

neutrófilos), microrganismos, e células endometriais. Os neutrófilos são indicadores

de uma endometrite, que aumenta a gravidade de acordo com o aumento da

presença de neutrófilos nos campos analisados (BLANCHARD et al., 2003).

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2.3.5 – BIÓPSIA ENDOMETRIAL

Esse exame é um dos mais importantes na avaliação do potencial reprodutivo

da égua, levando a um prognóstico da capacidade da égua em seguir com uma

prenhez resultando em um potro saudável (BLANCHARD et al., 2003).

2.4 – HORMONIOTERAPIA

A utilização de agentes indutores da ovulação no manejo reprodutivo de

éguas apresenta um papel fundamental na otimização dos resultados das

biotecnologias, dentre elas a inseminação artificial, seja utilizando sêmen fresco,

refrigerado ou congelado (GINTHER, 1992).

Para alcançar estes fins, programas de luz artificial e administração de

hormônios são usados para acelerar o inicio da estação reprodutiva, induzir a

ovulação em éguas em estro e aumentar as chances de prenhez em éguas de potro

no período pós-parto (BLANCHARD et al., 2003).

2.4.1 – SINCRONIZAÇÃO DE ESTRO

A sincronização do cio e da ovulação é uma terapia hormonal realizada em

éguas dentro de um programa de IA que possuem um corpo lúteo funcional de

quatro dias ou mais. Para essa terapia o hormônio prostaglandina é utilizado, assim

permitindo inseminações em períodos pré determinados pelo encurtamento do

diestro ou prolongamento através de progestágenos (HAFEZ et al., 2004).

A prostaglandina em uma única aplicação promove a luteólise de corpo

lúteo ativo e persistente ciclo estral folicular. A vantagem da utilização da

prostaglandina é reduzir o período de diestro de forma econômica e eficiente, sendo

o método mais preciso e prático para o controle e sincronização do ciclo estral da

égua ou para tratamento de éguas problema (ANDRADE, 1993).

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11

Após a aplicação de prostaglandina, o corpo lúteo regride em vinte e quatro a

setenta e duas horas, o que permite o crescimento folicular, sendo assim o início dos

sinais de estro dentro de 3 a 5 dias (HAFEZ et al., 2004).

A utilização de progestágeno exógeno (100mg/dia via intra-muscular) exerce

uma retroalimentação negativa na secreção de LH após a regressão do corpo lúteo,

o que vai aumentar o período de diestro. O cio e a ovulação ocorrem de dois a oito

dias após a suspensão da aplicação do progestágeno (GINTHER, 1992).

2.4.2 – HORMÔNIOS INDUTORES DA OVULAÇÃO

Os hormônios Gonadotrofina coriônica humana (hCG), Hormônio liberador de

gonadotrofinas (GnRH) e Extrato de Pituitária Eqüina (EPE) são hormônios que

atuam reduzindo o intervalo pré-ovulatório, facilitando a sincronização da ovulação e

com isso otimizando o uso do garanhão na hora mais próxima da ovulação. Porém,

para que possa ser eficiente, a utilização das drogas indutoras de ovulação deve ser

realizada com o acompanhamento diário do estro, através de palpação retal e ultra-

som, monitorando o crescimento folicular e o edema uterino, para que a

administração dos indutores seja realizada no momento adequado evitando falhas

na indução (HAFEZ et al., 2004).

2.4.2.1 – hCG (Gonadotrofina coriônica humana)

O hCG tem sido utilizado por muitos anos para diminuir o período de estro e

acelerar a ovulação, sua eficiência é amplamente demonstrada na indução da

ovulação realizada quando a égua apresenta um folículo pré-ovulatório de pelo

menos 35mm sendo capaz de induzir a ovulação em até 48 horas em 80% dos

casos (GINTHER, 1992 apud BERGFELT, 2000).

O hCG tem atividade semelhante ao LH e utilizando-se uma dosagem de

2000-3000 unidades via intravenosa. A via intramuscular pode ser usada, mas é

mais provável induzir a formação de anticorpos que potencialmente pode reduzir a

eficácia do hCG em ciclos subseqüentes na mesma estação reprodutiva. Os critérios

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necessários antes de administração de hCG são: o folículo deve estar ao menos

com 35 mm, o útero com edema endometrial presente em ultrassonografia, a égua

deve exibir sinais de estro e a cérvix deve estar relaxada. Quando estes critérios são

encontrados na hora da administração, normalmente ocorre a ovulação entre 24 a

48 horas (SMITH, 2007).

2.4.2.2 – GnRH (Hormônio liberador de gonadotrofinas)

Foi sugerido que GnRH pode ser mais bem-sucedido do que o hCG em

induzir ovulação em folículos maduros e maiores por não causar refração de

resposta pela formação de anticorpos como ocorre com o hCG, melhorando assim a

eficiência na indução da ovulação (MOREL, 2003).

O acetato de deslorelina é um análogo sintético do GnRH eficiente na indução

da ovulação por se semelhante ao LH. Utiliza-se 1 miligrama (mg) via intra-muscular

e não se pode utilizar sintéticos de GnRH para bovinos em eqüinos, pois eqüinos

necessitam de GnRH de meia vida longa devido a sua longa onda de liberação de

LH. O produto lançado inicialmente no mercado Estados Unidos chamado de

deslorelina 2,1-mg (Ovuplant®; Lboratório Fort Dodge), em forma de implante

subcutâneo contendo deslorelina deixou de ser usado em cavalos por alterar o cilclo

estral (ALVARENGA et al., 2010) .

2.4.2.3 – Extrato de Pituitária Eqüina (EPE)

O EPE é um preparado bruto de glândulas pituitárias eqüina, essa

metodologia utilizada para a extração dos hormônios LH e FSH do preparado de

pituitária eqüina envolve na fase final a utilização de um sistema de filtragem por

membranas de diálise que permitem a passagem de todas substâncias presentes

com pesos moleculares menores que 12.000 a 14.000, o que, na espécie eqüina,

garante a seleção tanto do FSH com peso molecular de 33.200 quanto do LH com

33.500 de peso molecular (ARAUJO, 2006).

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O EPE tem demonstrado excelentes resultados na indução da ovulação em

doses de 10mg, causando a ovulação dentro de 34 a 48 horas após a aplicação, ao

contrário do hCG, não induz a formação de anticorpos. Entretanto deve-se levar em

consideração a heterogenicidade das amostras de EPE (GINTHER, 1992).

A heterogenicidade ocorre pela variação dos níveis de FSH e LH presentes

no EPE de acordo com a partida preparada, devido à variação individual, sexo, faixa

etária, estágio reprodutivo e época do ano que são coletadas as pituitárias para

produção do extrato, (ARAUJO apud CARMO, 2003).

Porém o tratamento não apresenta muito valor prático, visto que as doses

necessárias são anti-econômicas e poderão provocar ovulações múltiplas, o que é

indesejável na égua pelo fato de aumentar a probabilidade da ocorrência de gêmeos

e, conseqüentemente, de abortos (ANDRADE, 1993).

2.5 – SÊMEN

Esta é a etapa do programa de inseminação artificial mais crítica, visto que

envolve a preparação dos garanhões, como condicionamento para subir no

manequim, condicioná-lo ao manejo de lavagem peniana realizada pré-coleta, e

determinação das técnicas adequadas e intervalos de coleta. O ideal é que o

garanhão somente rufie a égua em cio o suficiente para a descida e lavagem do

pênis, a rufiação em tempo prolongado estimula o aumento de volume da fração em

gel do sêmen (ANDRADE, 1993).

A estação reprodutiva dos garanhões não é muito bem delimitada e pode-se

colher sêmen durante todo ano. Entretanto, variações sazonais consideráveis são

notadas em relação ao número de montas por ejaculado, no volume da fração do

sêmen sem gel, no número total de espermatozóides por ejaculado, na aglutinação

espermática e na motilidade, tanto no sêmen fresco quanto no diluído (HAFEZ et al.,

2004).

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2.5.1 – COLETA DE SÊMEN

Ao longo dos anos as técnicas de colheita de sêmen para eqüinos foram

desenvolvidas e aperfeiçoadas, desde a massagem da ampola do ducto deferente,

camisa peniana, vagina artificial, esponja, colheita direta da cavidade vaginal ou

uterina, a colheita de sêmen do epidídimo de garanhão que já é descrita, sendo uma

biotecnologia importante para a reprodução eqüina. A técnica que recupera

espermatozóides viáveis do epidídimo é uma importante técnica para obter reservas

genéticas de animais geneticamente valiosos ou de machos de espécies ameaçadas

de extinção (GRANEMANN, 2006).

A coleta através da vagina artificial é a mais utilizada na prática, sendo

associada com resultados mais satisfatórios, pois melhora a qualidade do sêmen por

evitar o contato com secreções da fêmea, e com materiais contaminados e evita a

perda de sêmen, devido ao filtro de nylon acoplado ao copo coletor que separa a

fração em gel do sêmen com perdas mínimas de espermatozóide (ANDRADE,

1993).

A preparação da vagina artificial é realizada com o preenchimento interno

com água à 50°C para equilibrar a temperatura com o material da vagina artificial

fornecendo uma temperatura interna de 44° a 48°C, pois acima disso pode ocorrer

injúrias irreversíveis ao sêmen. Apenas alguns garanhões respondem mais

favoravelmente a coleta de sêmen com uma vagina artificial de temperatura interna

de 50° C (BLANCHARD et al., 2003; MOREL, 1999).

A pressão de luminal da vagina artificial deve ser ajustada para fornecer

contato uniformemente ajustado ao redor do pênis, sem interferir na penetração na

vagina artificial. É importante o pênis penetrar completamente na vagina artificial

logo no primeiro impulso ao montar no manequim, mantendo-se o pênis nesta

posição completamente inserido, ao contrário, a glande do pênis dilatará e poderá

ser grande e impedir a penetração plena do pênis na vagina artificial. A superfície

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interna da vagina artificial deve ser lubrificada com um lubrificante estéril de não

espermicida antes de inserção de pênis (BLANCHARD et al., 2003).

A ejaculação do garanhão pode ser verificada com as seguintes

características: movimento da cauda para cima e para baixo; contrações dos

músculos perianais; sapatear e fluxo pulsátil uretral da ejaculação, com a

confirmação da ejaculação deve-se retirar cuidadosamente a vagina artificial do

pênis do garanhão sem incliná-la para não refluir o sêmen do copo coletor (PAPA et

al., 2007).

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2.5.2 – ANÁLISE DO SÊMEN EQUINO

Imediatamente após sua coleta, o sêmen deve ser rapidamente transportado

ao laboratório para reduzir as possibilidades de trauma físico, a exposição à luz,

choque térmico, ou calor excessivo, pois esses fatores causam injúrias irreversíveis

aos espermatozóides. Todos os materiais que vão entrar em contato com o sêmen

(inclusive o diluidor de sêmen) devem ser aquecidos a temperatura de 37° a 38° C

antes da realização da coleta (BLANCHARD et al., 2003).

A fração de gel do sêmen sem filtrar, também pode ser retirada por aspiração

cuidadosa com uma seringa para evitar a perda de espermatozóides, sendo que

com um filtro de nylon utilizado no copo coletor na hora da coleta a perda se sêmen

é mínima (BLANCHARD et al., 2003).

Parâmetros como motilidade, concentração e morfologia espermáticas são

avaliados nas amostras de sêmen (fresco, resfriado ou congelado). A motilidade

espermática é estimada pela análise de uma gota sêmen entre lâmina e lamínula,

enquanto as anormalidades espermáticas são avaliadas em esfregaços corados.

Ambas as técnicas são realizadas sob uso de microscopia óptica. E a concentração

é avaliada pela Câmara de Neubauer (ARRUDA et al, 2007).

2.5.2.1 – VOLUME

O volume seminal é medido em mililitros (ml). A fração em gel do sêmen é

excluída do volume, devido a dificuldade de manuseio da amostra. Geralmente, os

volumes dos ejaculados entre garanhões demonstraram uma larga variabilidade

individual (ANDRADE et al., 1993). O volume pode variar de 20 a 100 ml. (PAPA et

al., 2007).

2.5.2.2 – CONCENTRAÇÃO

Retira-se do volume ejaculado uma alíquota de 20 microlitros (µl) utilizando-se

uma micropipeta e coloca-se em um tubo de ensaio contendo 1 mililitro (ml) de água

destilada e aquecida, ou se faz 1 gota de sêmen em 19 gotas de água destilada.

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Após boa homogeneização, monta-se uma Câmara de Neubauer, preenchendo seus

dois retículos para análise. A concentração é determinada contando-se todos os

espermatozóides presentes em 5 quadrados de cada retículo em cada lado da

câmara, sendo que a variação do numero de espermatozóides entre cada lado da

câmara não pode ser mais que 10% (se for maior repete-se a operação). Após a

operação calcula-se a média aritmética entre os valores encontrados, sendo essa

média a concentração espermática por ml da amostra (PAPA et al., 2007).

Numa análise completa de sêmen, o número total de espermatozóides na

amostra coletada é determinado através da multiplicação entre o valor do volume e o

valor concentração, ambos obtidos na análise. O resultado é a quantidade total de

espermatozóides na amostra (CARD, 2010).

2.5.2.3 – MOTILIDADE/VIGOR

Para avaliação de motilidade, o sêmen fresco é diluído com diluente comercial

de sêmen e analisado através de um microscópio óptico com uma placa

aquecedora. A porcentagem de espermatozóides em movimento linear rápido

representa a porcentagem de motilidade dos espermatozóides da amostra, essa

porcentagem tem a escala de 0 a 100% (BLANCHARD et al., 2003; PAPA et al.,

2007).

Ao mesmo tempo da avaliação da motilidade espermática é avaliado o vigor

espermático e classificado numa escala de 0 a 5. A classificação é acordo com a

velocidade com que o espermatozóide se desloca, quanto maior a velocidade, maior

é a escala, portanto, maior o vigor (PAPA et al., 2007).

2.5.2.4 – MORFOLOGIA

A morfologia do sêmen é expressa como a percentagem de células normais,

sendo mais facilmente observada quando os espermatozóides estão parados

(ANDRADE, 1993). A amostra de sêmen do garanhão deve ser filtrada para retirar a

fração em gel, pois o gel impossibilita a interpretação da amostra. A amostra de

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sêmen já filtrada é misturada com corantes, assim corados permitem a avaliação da

morfologia e patologias espermáticas (CARD, 2010).

As patologias afecções encontradas na análise morfológica do sêmen são: do

forma irregular do acrossomo devido à incorreta manipulação, choque térmico ou

senilidade; alterações da cabeça do espermatozóide; alterações da inserção da

cauda, como gotas citoplasmáticas; alterações de cauda, como cauda enrolada; e

formas teratológicas (PAPA et al., 2007).

2.5.3 – DILUIÇÃO DE SÊMEN

Existem numerosos diluentes que são utilizados para resfriar, transportar e

congelar o sêmen de garanhões e sua finalidade é favorecer a longevidade máxima

de fertilidade das células espermáticas, embora existam significativas variações e

imprevisibilidade de tolerância dos espermatozóides aos diluentes frente a técnicas

de resfriamento e congelamento por resposta individual de cada garanhão (WEISS

et al., 2003).

Em nosso país, existem comercialmente quatro diluentes para diluição e

transporte de sêmen eqüino (Equimix, Max-Sêmen, Botu-Sêmen e Botu-Turbo),

meios que podem ser utilizados tanto para inseminação artificial de sêmen fresco

como refrigerado e congelado. O diluente Botu-Turbo é composto de estimulantes

de motilidade que parecem melhorar a resistência a refrigeração (5º C) de sêmen de

garanhões que apresentem baixa qualidade. (ALVARENGA et al., 2010).

Carvalho et al. (2005) demonstraram que o diluente à base de glicina e leite

desnatado, acrescido do aminoácido taurina, apresentou resultados superiores dos

parâmetros espermáticos e da fertilidade, quando comparado ao diluente à base de

leite desnatado e glicose.

Na utilização de sêmen fresco, Weiss et al. (2003) concluíram que não existe

diferença significativa entre éguas inseminadas com sêmen “in natura” (inseminado

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imediatamente após a coleta sem nenhum procedimento laboratorial), e diluído

quando inseminadas imediatamente após a coleta.

O sêmen fresco é diluído na proporção de 1:1 (proporção de sêmen para

diluente), e tem como vantagens o tratamento antibiótico, diminuindo a

contaminação bacteriana do sêmen; diluição de fatores tóxicos presentes no plasma

seminal; melhora da fertilidade do sêmen devido ao suporte de nutrientes contidos

no diluidor (CANISSO apud SQUIRES et al., 1999).

O sêmen para ser refrigerado deve ser diluído na proporção de 1:2 (proporção

de sêmen para diluente), e deve ser mantido à temperatura de 5ºC, o que permite

ser utilizado por até 48 horas. O sêmen mantido a 15 - 20ºC deve ser utilizado de

preferência entre as 12 horas de sua colheita. O transporte do sêmen deve ser

realizado em caixas que não permitam variações de temperatura (CANISSO et al.,

2008).

Os diluentes de congelação são compostos com açúcares, eletrólitos, gema

de ovo e leite com variável concentração de 1,6 a 20%, de glicerol entre os diluentes

existentes no mercado (SNOECK et al., 2007).

Diferentes antibióticos, tampões, açúcares e, mais recentemente, a adição de

agentes indutores de funcionalidade da célula espermática estão sendo investigados

a fim de se obter uma melhor preservação do ejaculado de garanhões com baixa

qualidade seminal (NUNES et al., 2006).

O diluente deve ser adicionado ao sêmen para que haja a proteção do

espermatozóide durante o processo de centrifugação. A centrifugação forma um

pelet com plasma seminal sobrenadante sendo descartado e é adicionado diluente

para congelação no pelet, onde os espermatozóides são ressuspendidos, depois se

prossegue com as etapas de congelação de sêmen (KIRK et al., 2005).

O que determina a quantidade de diluente de congelação a ser utilizado é a

quantidade de espermatozóides contidos no ejaculado, que são distribuídos em

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palhetas, sendo a quantidade de palhetas a serem utilizadas é que vai determinar o

volume de diluente a ser adicionado no pelet (KIRK et al., 2005).

2.5.4 – TIPOS DE SÊMEN E DOSES INSEMINANTES

Recentes avanços em processamento de sêmen e técnicas de inseminação

artificial permitiram reprodução bem-sucedida com doses de sêmen em diversas

escalas abaixo do que a dose recomendada. Essas técnicas são mais trabalhosas e

consomem mais tempo, mas permitem um melhor aproveitamento do sêmen por

ejaculado. (BRINSKO, 2006).

2.5.4.1 - SÊMEN FRESCO

O sêmen fresco pode ser utilizado na forma “in natura” ou diluído. As doses

consagradas para inseminação artificial com sêmen fresco em éguas é de 250 a

500×10⁶ espermatozóides de motilidade progressiva por dose, para se alcançar

índices satisfatórios de prenhez, sendo a dose de 500×10⁶ espermatozóides a dose

mais comumente recomendada (BRINSKO, 2006).

2.5.4.2 – SÊMEN RESFRIADO

A inseminação artificial (IA) com sêmen eqüino refrigerado tem se difundido

entre os haras, pois possibilita utilizar garanhões geneticamente superiores,

direcionando melhor os acasalamentos. A obtenção de boas taxas de prenhez

depende, além da freqüência e momento da IA controlados e de fatores

relacionados com a refrigeração do sêmen como o equipamento utilizado para

transporte, curva de refrigeração, temperatura final de estocagem, tempo de

preservação, taxa de diluição, concentração e volume da dose inseminante e a

variação individual entre garanhões (NUNES et al., 2006).

A dose inseminante geralmente recomendada para sêmen resfriado-

transportado é igual à dose de sêmen fresco, isto é, 500 ×10⁶ de espermatozóides

com motilidade progressiva. (BRINSKO, 2006).

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2.5.4.3 – SÊMEN CONGELADO

A reação inflamatória uterina é exacerbada depois da inseminação com

sêmen congelado. Estudos mostraram que o plasma seminal (que é retirado durante

criopreservação) proporciona uma inibição uterina da reação inflamatória após a

cobertura, sendo o seu efeito de imunossupressor do útero (DEALS, 2003).

A IA com sêmen congelado ainda tem questões técnicas para serem

solucionadas, como a variação individual de cada sêmen frente à criopreservação, o

baixo rendimento de doses por ejaculado, o manejo intensivo das éguas durante as

inseminações, maior custo por prenhez, além da grande oscilação das taxas de

prenhez em relação às obtidas com Monta Natural (MN) ou IA com sêmen a fresco

ou refrigerado (NUNES et al, 2006).

A avaliação do sêmen coletado tem maior importância quando o destino do

ejaculado é o congelamento. A porcentagem da motilidade deve estar em torno de

70% ou mais, com um mínimo de 60% de motilidade, com as células espermáticas

apresentando vigor adequado de no mínimo 4 de vigor, com nítida motilidade

progressiva. A concentração mínima para congelamento é de 60×10⁶

espermatozóides por ml (ANDRADE, 1983).

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A viabilidade espermática diminui de acordo com tempo de armazenamento e

o efeito prejudicial do tempo de armazenagem varia conforme o garanhão. Para se

determinar a dose mínima que cada sêmen consegue alcançar na sua variação

individual deve ser testada para alcançar índices satisfatórios de prenhez. Isto

permite uso mais eficiente de sêmen para garanhões com motilidade progressiva

que diminui após congelamento, armazenamento e descongelamento (até menor

que 30% de motilidade), sendo necessário aumentar o número de palhetas

utilizadas por inseminação (BRINSKO, 2006).

A dose inseminante recomendada quando se utiliza sêmen congelado de

garanhões com fertilidade normal é de 800×10⁶ espermatozóides com motilidade

progressiva e mesmo utilizando um alto número de espermatozóides a taxa de

concepção com sêmen congelado varia entre 30 a 70% (CARD, 2010).

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2.6 – TÉCNICAS DE INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL (IA)

Em muitos programas de IA, sem acompanhamento ultrassonográfico, as

éguas são inseminadas dia sim dia não, começando no segundo ou terceiro dia de

estro, até que ovulação é detectada ou até que a égua não apresente mais sinais

comportamentais de estro. Quando utilizado sêmen de garanhões com alta

fertilidade, índices satisfatórios de prenhez podem ser obtidos quando as éguas são

inseminadas dentro de 72 horas antes de ovulação. Quando com acompanhamento

ultrassonográfico se limita o número de inseminações e melhora a eficiência total do

programa reprodutivo reduzindo o risco de contaminação de iatrogênica do sistema

reprodutivo da égua, por isso a importância de realizar a técnica de IA o mais

próximo possível da ovulação (BLANCHARD et al., 2003).

2.6.1 – MOMENTO DA INSEMINAÇÃO ARTIFCIAL

A viabilidade dos espermatozóides no trato reprodutivo da fêmea varia de

acordo com o tipo de sêmen utilizado (fresco, resfriado ou congelado). Isto é o que

determina a hora mais adequada para a inseminação. Uma vez dentro do útero, os

espermatozóides migram ao oviduto onde se ligam à parede e ficam armazenados

como num reservatório, e são liberados gradualmente do epitélio para o lúmen do

oviduto (DAELS, 2003).

Utilizando sêmen refrigerado o indicado é fazer a inseminação dentro de 24

horas depois do resfriamento do e sêmen, pois se for mantido por mais horas ocorre

queda na fertilidade. Se não o ocorrer a ovulação até 24 horas após a IA, deve-se

realizar uma nova inseminação, pois o sêmen resfriado tem sua viabilidade dentro

do trato reprodutivo dá égua por 24 horas (PAPA et al.,2007).

O sêmen congelado tem sua viabilidade dentro do trato reprodutivo da fêmea

por 12 horas, por isso a importância da IA ser realizada próxima à ovulação, que

caso não ocorra dentro de 12 horas, a IA deverá ser repetida. Pose-se realizar a IA

com sêmen congelado em até 6 horas após a ovulação, que é a duração da

viabilidade do óvulo depois da ovulação (PAPA et al.,2007).

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Samper (1997) afirma que éguas que são inseminadas dentro de 48 a 24

horas antes da ovulação, possuem um alto índice de concepção, assim alcançando

altas taxas de prenhez.

Há evidência de que espermatozóides que sofreram o processo de

congelação não se ligam à parede do oviduto perdendo a capacidade de se

armazenarem, sendo assim o sêmen congelado com um tempo de vida menor no

oviduto em relação aos espermatozóides de sêmen fresco e resfriado, sendo assim

necessário realizar a inseminação artificial com sêmen congelado no momento mais

próximo possível da ovulação (DAELS, 2003).

2.6.2 – MÉTODOS DE INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL

A inseminação Histeroscópica e inseminação na ponta do corno uterino são

técnicas de reprodução assistida vantajosas, não-cirúrgicas que são usadas em

éguas no cio com uma dose reduzida de sêmen tal como: sêmen sexado fresco,

sêmen sexado congelado, ou sêmens criopreservados de garanhões que já

morreram (CARD, 2010).

2.6.2.1 – INSEMINAÇÃO NO CORPO DO ÚTERO

A inseminação convencional em éguas é feita por via vaginal, na qual a mão

do inseminador com luva de palpação guia uma pipeta até a passagem da cérvix e o

sêmen é depositado no corpo do útero (MIES, 1987).

Com essa técnica utiliza-se sêmen fresco “in natura” (sem adição de

diluentes) e sêmen fresco diluído. O sêmen fresco “in natura” tem desvantagens,

pois possui a tendência de aglutinação de espermatozóides, e neste caso a

concentração espermática é maior do que a porcentagem de espermatozóides

móveis viáveis. Diluindo-se o sêmen, há a prevenção da aglutinação espermática e

a redução das influências de concentração (VIANNA, 2000)

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2.6.2.2 – INSEMINAÇÃO NA PONTA DO CORNO UTERINO

A Inseminação ponta do corno uterino é utilizada para sêmen congelado, a

técnica é realizada passando uma pipeta flexível de inseminação artificial pela

vagina e através da cérvix, que alcançará o corpo do útero assim que atravessar a

cérvix. A pipeta é então direcionada ao corno uterino ipsilateral ao ovário que sofreu

o processo da ovulação com auxilio da mão do inseminador que é introduzida no

reto identificando a ponta da palheta no corno uterino desejado, ou se numa

localização incorreta, a pipeta é retirada somente até a parte cranial da cérvix e

redirecionada. Assim o sêmen é depositado na ponta do corno uterino, utilizando

múltiplas palhetas, dependendo da dose inseminante desejada (CARD, 2010).

Algumas éguas exigem sedação para o procedimento. O sêmen então é

depositado na ponta do corno uterino. Múltiplas palhetas podem ser aplicadas

usando um mandril que permita a retirada da palheta (CARD, 2010).

2.6.2.3 – INSEMINAÇÃO HISTEROSCÓPICA

Enquanto a primeira técnica usa pipeta flexível que é levada sob palpação

transretal em direção da ponta do corno uterino, IA sobre a papila uterina exige

controle visual por um endoscópio flexível. Com baixas doses entre 1 e 5 milhões de

espermatozóides, os índices de prenhez por inseminação é acima de 50% utilizando

essa técnica (AURICH, 2006).

Para esse procedimento as éguas são sedadas via intra-venosa por alfa

agonistas, tal como xilazina associada com butorfanol para reduzir movimentos ou

qualquer desconforto durante o procedimento, e proteger o equipamento no caso da

égua se tornar impaciente, ou ansiosa. O equipamento de endoscópico deve ser

quimicamente esterilizado, geralmente com produtos baseados em glutaraldeído

(CARD, 2010).

O procedimento fica mais fácil para se executar utilizando um endoscópio

com bom fluxo de ar, esse fluxo deve ter a capacidade de insuflar uma luva de

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palpação retal dentro de 30 segundos. Uma quantia pequena de lubrificante estéril é

aplicada nos lados do endoscópio. É necessário um inseminador usando uma luva

de palpação e uma luva estéril protegendo o equipamento que passa pela vagina, e

passa a cérvix chegando no útero. A cérvix é segurada e fechada ao redor do

endoscópio e o útero é insuflado com ar ou gás, levando menos que 20 segundos

para completa insuflação uterina (CARD, 2010).

O inseminador verá a bifurcação dos cornos uterinos e passará o endoscópio

para o lado do corno uterino com folículo pré-ovulatório. Durante a passagem do

endoscópio no útero deve-se ter cuidado para manter a orientação, e a localização

deve se confirmada pelo reto fim do procedimento (AURICH, 2006).

A papila uterotubária aparece como uma pequena montanha que se localiza

dorsalmente no fim do corno uterino. O sêmen é depositado diretamente na

superfície da papila, seguido por ar para ejetar completamente o sêmen do

equipamento, tal que se forma uma espuma. A vantagem desta técnica está em

poder utilizar pequenas doses de sêmen (CARD, 2010).

2.6.2.4 – INJEÇÃO INTRACITOPLASMÁTICA DE ESPERMATOZÓIDE (ICSI)

ICSI é uma técnica de fertilização “in vitro” (técnica realizada em laboratório

fora do animal), através da injeção de um único espermatozóide dentro de um

ovócito. O espermatozóide é aspirado por uma micropipeta de um

micromanipulador, e o ovócito é recuperado por aspiração folicular do ovário com

folículos em dominância. A ICSI não necessita de reação acrossomal ou capacitação

espermática para a fusão com a membrana do ovócito, sendo uma das vantagens

da técnica (ULIANI et al., 2009).

As principais indicações para o uso de ICSI são: falha na ovulação, bloqueio

no oviduto, infecções uterinas severas, sêmen de baixa qualidade ou escasso,

éguas que morreram e teve seus ovócitos armazenados, e tem como mais uma

vantagem não requerer estimulação hormonal da doadora (ULIANI et al., 2009).

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Os impactos de tecnologias reprodutivas assistidas em nascimento de potros

com defeitos atualmente não são claras (AURICH, 2006).

Outra vantagem é a de fertilizar o ovócito mesmo com espermatozóide sem

motilidade e com defeitos. O zigoto criado sofre várias divisões até mórula ou

blastocisto inicial antes de ser transferido por técnica trans-cervical a uma égua

receptora sincronizada (AURICH, 2006).

2.6.2.4.1 – RECUPERAÇÃO E MATURAÇÃO DOS OVÓCITOS

A recuperação de ovócitos em éguas vivas é realizado por aspiração dos

ovócitos tanto pelo flanco como pela aspiração transvaginal guiada por ultra-som,

sem comprometer as habilidades da reprodutora. Ovócitos podem também serem

recuperados de ovários de éguas “post mortem”. (ULIANI et al., 2009).

O procedimento de aspiração via transvaginal necessita da sedação prévia da

égua; um equipamento de ultra-som com um transdutor curvilíneo que é usado para

visualização da aspiração folicular (ULIANI et al., 2009).

Após a aspiração dos ovócitos, é feita a seleção dos mesmos pela morfologia

do cumulus, depois são transferidos para um meio de maturação onde permanecem

por 24 a 36 horas dentro de uma estufa de maturação in vitro. (ULIANI et al., 2009).

2.6.2.4.2 – PREPARO DO SÊMEN

Para ICSI em eqüinos, três diferentes preparações de espermatozóides têm

sido usadas: fresco, refrigerado e congelado. Pelo fato de o espermatozóide injetado

ser circundado pela membrana plasmática, é possível que o processo de

congelação, o qual pode resultar em mudanças na membrana espermática, tenha

um efeito benéfico na difusão dos fatores espermáticos no citoplasma do ovócito

levando à ativação (ULIANI et al., 2009).

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2.6.2.4.3 – INJEÇÃO DO ESPERMATOZÓIDE NO ÓVULO

O Piezzo drill é um aparelho que causa vibrações por minuto na pipeta de

injeção, facilitando a penetração do espermatozóide na zona pelúcida e garantindo a

quebra das membranas do espermatozóide e do ovócito (AURICH, 2006).

To procedimento deve ocorrer submerso em óleo, usando uma pipeta de 120

a 140 mm para segurar o ovócito na posição adequada e a pipeta de injeção do

espermatozóide tem 7 a 8 mm. Depois de fertilizados podem ser transferidos

diretamente para o oviduto ou cultivados até a fase de blastocisto inicial para ser

transferido para receptora como na técnica de transferência de embriões (ULIANI et

al., 2009).

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3 – CONSIDERAÇÕES FINAS

O uso da inseminação artificial em eqüinos cresce a cada ano devido as suas

vantagens e distribuição da genética de animais com qualidade superior além de sua

viabilidade econômica. Assim os estudos hoje realizados em torno desse assunto,

trazem melhorias para conhecimento já existente dessa técnica tornando-a cada vez

mais eficiente e viável para os criadores.

O manejo tanto da égua como do garanhão são importantes pilares para o

sucesso da utilização da inseminação artificial. Os principais manejos para aumentar

os índices de prenhez através da IA são os de controle do ciclo estral das éguas

(momento adequado da inseminação), a maneira com que o sêmen é colhido e

manipulado, a habilidade do inseminador, a dose inseminante aplicada, a técnica de

inseminação empregada e principalmente o tipo de sêmen empregado (fresco,

refrigerado e congelado), devido suas variações de fertilidade, pois sêmens de boa

qualidade quando utilizados a fresco, podem não responder bem aos processos de

congelação ou resfriamento, o que reduz muito a sua fertilidade, portanto é

importante conhecer a características de cada sêmen para conseguir adaptar da

melhor o tipo de sêmen utilizado associado à técnica escolhida para utilizar.

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