isabel amado e iatã cannabrava...rua oscar freire 379, são paulo 11 3853-8500 curadoria isabel...
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Rua Oscar Freire 379, São Paulo11 3853-8500
CuRadORiaisabel amado e iatã Cannabrava
05 de novembro a 14 de dezembro de 2013terça a sexta das 11h às 19hsábado das 11h às 17h
apesar dos milhares de terabytes que armazenam volumes cada vez maiores de documentos, os contadores de história ainda são os mais charmosos elos entre o passado e tudo o que vem depois dele: o tal do presente e o tal do futuro. O sobrinho de Giró – a quem devemos a existência deste acervo – conta-nos uma história que lhe foi contada pelo seu tio. Ousamos resumir e tomar certa licença poética na transcrição das palavras de Marcel Giró.O mestre legava ao pupilo três conselhos: O primeiro: feche os olhos na escuridão. Em tese, falava-se do laboratório fotográfico; na verdade, trata-se de uma plena consciência da concentração e da memória corporal, elementos tão importantes na criação fotográfica. O segundo: tire a linha do horizonte do centro das fotografias.O terceiro: prenda a respiração em altas ou baixas velocidades. Simbolicamente, esta resume o processo criativo do fotógrafo.Toni Ricart, o sobrinho, ao conservar e manter essas fotografias, faz um belo paralelo com a lembrança das histórias de seu tio. Lembrar histórias e guardar fotografias...O catalão Marcel Giró foi um aficionado não só pela fotografia: praticou montanhismo e viajou o mundo como poucos, e por muito tempo. Viveu até os 98 anos.ao se estabelecer em São Paulo nos anos 1950, depois de passar pela Colômbia – não sem antes cruzar os Pirineus a pé – Giró encontra o que havia de mais revolucionário na fotografia brasileira naquele momento de retomada da vida cotidiana após duas longas guerras: o Foto Cine Clube Bandeirante. aqui vale pontuar que Giró se alistou como voluntário no Exército republicano durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939), o que já anunciava seu espírito político, questionador, aventureiro... fotógrafo.Sua obra não se libertou totalmente da responsabilidade documental, forjada nas vivências do período entre-guerras. Mesmo quando absorto pelas formas, pelas geometrias e pelas outras experimentações do modernismo da Escola Paulista – como foi apelidado o movimento surgido no Foto Cine Clube Bandeirantes – suas fotografias deixam escapar a preocupação desta geração de fotógrafos em documentar
as transformações das cidades, a industrialização, a modernidade, como o fizeram Paulo Pires, José Yalenti, ademar Manarini, Eduardo Salvatore, Gaspar Gasparian e outros participantes do FCCB. as metrópoles em crescimento são o foco principal de seus trabalhos. dono de uma unidade formal marcante, mesmo nas sombras mais duras, na geometria mais fria, nos contrastes menos cadenciados, há sempre uma delicadeza a perpassar suas fotografias.Este olhar apurado permite ao artista realizar obras singulares com origem no banal e no cotidiano, como as taboas (ou o que aparentam ser as taboas), que configura o que poderia ser a representação de um storyboard de um espetáculo de dança.Estranhamente foi dada pouca atenção, por longos anos, ao Modernismo da Escola Paulista. Mas na última década importantes trabalhos, como o livro de Helouise Costa, a circulação de coleções como a de fotografia modernista brasileira do itaú e a inclusão no circuito de galerias de arte de alguns desses autores, com que as obras guardadas pelas famílias viessem a aparecer. É o caso desta exposição, composta por 40 obras vintages, mantidas sob a guarda de Toni Ricart. Em artigo publicado no Boletim do FCCB de 1955, Giró conclamava que era preciso saber o que pensam os grandes fotógrafos da atualidade. “um Man Ray, um Ortiz Echague, um Steiner, um adams, um Steichen, etc., etc., e já sei que agora vou dizer um sacrilégio, mas a mim não interessa saber de que forma está construída uma lente, nem muito menos a composição química dos materiais que a tornaram possível, como tampouco saber os reveladores que já há vários anos são de domínio publico. É necessário viver a fotografia no sentido puro da mesma, nos momentos atuais, assim como conhecer as suas obras.”No seu longo período no Brasil, Marcel Giró foi considerado um dos mais importantes fotógrafos publicitários, área em que ingressou depois de tentar outros caminhos na vida comercial. O seu sucesso na publicidade e como artista confirma, assim como aconteceu com outros fotógrafos, a máxima que atesta que a fotografia pertence ao domínio das artes e ofícios.
iatã Cannabrava
LEMBRaR HiSTóRiaS, GuaRdaR FOTOGRaFiaS...
Alta Tensão, c.1955 3F, c.1950
06
sem título, c.1950 sem título, c.1950
09
10
sem título, c.1950 Auto-retrato em Sombra, c.1953
Retas, c.1950 Estudo de Sombra, c.1953
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14
Finestra al Cielo, c.1950 sem título, c.1950
16
sem título, c.1950 Abandono, c.1950
Cerca, c.1950 sem título, c.1950
18
Estrutura, c.1955 Redes, c.1950
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Machina, c.1950
Composição com Caibros, c.1950 sem título, c.1950
25
sem título, c.1950
27
Os Homens Passaram, c.1950 sem título, c.1950
29
30
sem título, c.1950 sem título, c.1950
32
Luz e Força, c.1955 Matemática, c.1950
Transparência, c.1950 sem título, c.1950
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sem título, c.1950 Enchente, c.1950
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Folha, c.1956 Folhas, c.1950
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Haras, c.1950
sem título, c.1950 Sinfonia em Branco, c.1950
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sem título, c.1950 sem título, c.1950
sem título, c.1950 Textura Taboas, c.1950
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dESiGN Ekaterina Kholmogorova
COORdENaçãO EdiTORiaL irene Paris B. de Hollanda
impresso em outubro de 2013 em papel Polem, 90 gr.Tiragem 1.000sem título, c.1950