iob - temática contábil - nº09/2016 - 1ª sem março

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Boletim j Manual de Procedimentos Acesse a versão eletrônica deste fascículo em www.iob.com.br/boletimiobeletronico Veja nos Próximos Fascículos a Adiantamentos para despesas com viagens a Demonstração dos Fluxos de Caixa - Exemplificação do método indireto a Devolução de mercadoria em período posterior ao da venda Temática Contábil e Balanços Fascículo N o 09/2016 / a Contabilidade Geral Adiantamentos recebidos de clientes 01 / a Contabilidade Gerencial Os gastos com pessoal 02 / a Demonstrações Financeiras Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) - Exemplificação do méto- do direto 05

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IOB ICMS-IPI, Tematica Contabil,09-2016,1a Sem Março

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Page 1: IOB - Temática Contábil - nº09/2016 - 1ª Sem Março

Boletimj

Manual de Procedimentos

Acesse a versão eletrônica deste fascículo em www.iob.com.br/boletimiobeletronico

Veja nos Próximos Fascículos

a Adiantamentos para despesas com viagens

a Demonstração dos Fluxos de Caixa - Exemplificação do método indireto

a Devolução de mercadoria em período posterior ao da venda

Temática Contábil e BalançosFascículo No 09/2016

/a Contabilidade GeralAdiantamentos recebidos de clientes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01

/a Contabilidade GerencialOs gastos com pessoal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 02

/a Demonstrações FinanceirasDemonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) - Exemplificação do méto-do direto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 05

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© 2015 by SAGE | IOB

Capa:Marketing SAGE | IOB

Editoração Eletrônica e Revisão: Editorial SAGE | IOB

Telefone: (11) 2188-7900 (São Paulo)0800-724-7900 (Outras Localidades)

Todos os direitos reservados. É expressamente proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio ou processo, sem prévia autorização do autor (Lei no 9.610, de 19.02.1998, DOU de 20.02.1998).

Impresso no BrasilPrinted in Brazil Bo

letim

IOB

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Temática contábil e balanços : Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC).... -- 12. ed. -- São Paulo : IOB SAGE, 2016. -- (Coleção manual de procedimentos)

ISBN 978-85-379-2660-4

1. Balanços contábeis 2. Empresas - Contabilidade I. Série.

16-00429 CDD-658.15

Índices para catálogo sistemático:

1. Administração financeira : Empresas 658.15 2. Análise de balanços : Empresas : Administração financeira 658.15 3. Balanços : Empresas : Administração financeira 658.15

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Manual de ProcedimentosTemática Contábil e Balanços

Boletimj

09-01Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Mar/2016 - Fascículo 09 TC

a Contabilidade Geral

Adiantamentos recebidos de clientes SUMÁRIO 1. Introdução 2. Classificação contábil dos adiantamentos recebidos 3. Contabilização de adiantamentos recebidos de

clientes

1. INTRODUÇÃO

Ocasionalmente, a empresa recebe de seus clientes adiantamentos por conta da produção de bens ou serviços. As importâncias recebidas a esse título constituem uma obrigação da beneficiária (a fornecedora) para com o seu cliente.

Examinaremos, a seguir, o trata-mento contábil adequado a esse tipo de operação sob a ótica da empresa que recebe o adiantamento.

2. CLASSIFICAÇÃO CONTÁBIL DOS ADIANTAMENTOS RECEBIDOS

Como já mencionamos, os adianta-mentos recebidos de clientes, por conta do forne-cimento futuro de bens ou serviços, representam uma obrigação da empresa beneficiária do adiantamento para com seu cliente. Portanto, classificam-se:

a) no Passivo Circulante, quando a obrigação de entregar os bens ou os serviços objeto do adiantamento for exigível até o término do exercício seguinte, ou mais remotamente; e

b) no Passivo Não Circulante, quando a obriga-ção de entregar os bens ou os serviços objeto do adiantamento for exigível após o término do exercício seguinte (Lei nº 6.404/1976, art. 180, com redação dada pela Lei nº 11.941/2009, art. 37).

3. CONTABILIZAÇÃO DE ADIANTAMENTOS RECEBIDOS DE CLIENTES

Admitamos que determinada empresa fabricante de caixas de papelão receba em 1º.04.20X1 um adiantamento de R$ 10.000,00 de seu cliente “WZ” Comercial Ltda. para o fornecimento de 100.000 unidades do referido produto.

Consideremos, ainda, os seguintes dados:

a) valor total da mercadoria - R$ 20.000,00;

b) prazo para entrega da mercadoria (quando, então, será emitida a nota fiscal correspon-dente) - 15 dias contados a partir da data de

assinatura do pedido (1º.04.20X1), ou seja, em 15.04.20X1; e

c) saldo remanescente, que é de R$ 10.000,00,- será pago 15 dias após a data de entre-ga da mercadoria, ou seja, em 30.04.20X1.

3.1 Contabilização do adiantamento recebido

Em 1º.04.20X1, teremos o seguinte registro contá-bil na empresa fornecedora:

D - Bancos Conta Movimento(Ativo Circulante)

C - Adiantamento de Clientes(Passivo Circulante) R$ 10.000,00

3.2 Contabilização da venda da mercadoria

Em 15.04.20X1, a empresa fornecedora, depois de haver concluído a fabricação das caixas, providenciará a emissão da nota fiscal e a entrega da mercadoria, efetivando-se, assim, a venda.

Os adiantamentos

recebidos de clientes, por conta do fornecimento futuro

de bens ou serviços, representam uma obrigação da empresa beneficiária do adiantamento

para com seu cliente

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09-02 TC Manual de Procedimentos - Mar/2016 - Fascículo 09 - Boletim IOB

Manual de Procedimentos

Temática Contábil e Balanços

D - Cliente(Ativo Circulante)

C - Receita de Vendas(Conta de Resultado) R$ 20.000,00

3.3 Ajuste do valor a receber

Ainda em 15.04.20X1 (data da entrega da merca-doria ao cliente), a empresa fornecedora contabilizará a amortização parcial do valor a receber relativo à venda pelo valor recebido em 1º.04.20X1 a título de adiantamento, como segue:

D - Adiantamento de Clientes(Passivo Circulante)

C - Clientes(Ativo Circulante) R$ 10.000,00

Após esses lançamentos, as contas “Clientes” e “Adiantamento de Clientes” apresentarão os seguin-tes saldos:

Conta D C Saldo (D/C)

Clientes R$ 20.000,00 R$ 10.000,00 R$ 10.000,00 (D)Adiantamentos de Clientes

R$ 10.000,00 R$ 10.000,00 - 0 -

3.4 Recebimento do saldo

Em 30.04.20X1, recebido o valor remanescente (R$ 10.000,00), teremos o seguinte lançamento:

D - Bancos Conta Movimento(Ativo Circulante)

C - Clientes(Ativo Circulante) R$ 10.000,00

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a Contabilidade Gerencial

Os gastos com pessoal SUMÁRIO 1. Introdução 2. Fatos concernentes aos gastos com pessoal 3. Administração e controle 4. Conclusão

1. INTRODUÇÃO

Dentre todos os gastos empresariais, aqueles concernentes aos recursos humanos das organiza-ções são os que envolvem maiores complexidade e problemas de monitoração e controle.

Este artigo tem o objetivo de alertar o leitor quanto a esses problemas, comentando, brevemente, algu-mas das providências recomendadas para o mais inteligente gerenciamento dos gastos com pessoal.

Em seu livro sobre “A Gestão Estratégica da Redução de Custos”, Andrew Wileman não hesita em informar os seus leitores que “o custo de empregados que trabalham em tempo integral é o mais difícil de gerenciar”.

Era previsível porque, conforme veremos, são gas-tos que envolvem particularidades e complexidades

que exigem, continuamente, os maiores e melhores esforços e atenções dos gestores das empresas.

Em termos de montantes financeiros, os gastos com pessoal também se destacam.

É verdade que, diferentemente do que sucede nas empresas de serviços (nas quais ocupam, invaria-velmente, o primeiro lugar), os gastos com os empre-gados dos demais setores de atividade econômica, apesar de sempre situados em posição de destaque, não chegam a liderar as listas das categorias de cus-tos e despesas mais vultosas.

No entanto, segundo os melhores dados disponí-veis, cerca de dois terços das economias dos países que já alcançaram um determinado grau de desenvol-vimento são constituídos por empresas de serviços.

Esse fato garante aos gastos com pessoal uma posição destacada entre os gastos empresariais totais das maiores economias do planeta.

Por conseguinte, trata-se de uma categoria de gastos que não pode ser encarada com displicência: não só pelo montante dos recursos financeiros que

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09-03Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Mar/2016 - Fascículo 09 TC

Temática Contábil e Balanços

Manual de Procedimentos

movimenta, como também pelo fato de que, mantidas as características atuais do relacionamento entre empregados e empregadores, o seu contínuo moni-toramento (com a finalidade precípua de assegurar um nível de controle gerencial efetivo) será sempre obrigatório.

Este texto procura destacar os aspectos mais significativos dos gastos de pessoal empresariais, bem como expor considerações acerca de possíveis procedimentos para mantê-los sob controle.

2. FATOS CONCERNENTES AOS GASTOS COM PESSOAL

Já foi dito que os gastos com pessoal são, além de significativos (pela sua magnitude em relação aos demais gastos das empresas), complexos e de gerenciamento difícil.

Vejamos, em seguida, três fatos que pretendem explicar as razões pelas quais ocorrem as citadas complexidade e dificuldade de controle dos gastos de pessoal.

Fato nº 1

Dentre os gastos empresariais mais significativos, os gastos com o pessoal constituem a única categoria cujos valores demonstram uma persistente tendência para um crescimento contínuo real (acima dos índices de inflação), ano a ano.

Isso acontece não só pela elevação da remune-ração “por cabeça”, como também pela tendência de “crescimento automático” do número de empregados, que se constata na maioria das empresas que ainda não aprenderam a levar a sério o criterioso controle do seu headcount.

Fato nº 2

Já que estamos falando de gastos, não devemos esquecer que o custo de um empregado adicional não se limita ao valor que aparece na folha de paga-mentos e no relatório de encargos sociais.

O custo de cada novo funcionário representará (além do seu “custo direto”) o uso de uma fração adicional de equipamentos, instalações, serviços de apoio, de ambulatório, de refeitório, de RH, de material de escritório, de itens de higiene pessoal, de vagas no estacionamento, de viagens, de treinamento e de

mais uma infinidade de itens que variam em função da natureza do serviço que lhe será confiado.

Fato nº 3

As condições do comando, do “tratamento” e da remuneração dos trabalhadores são, na grande maioria dos países, sujeitas a uma rigorosa legis-lação específica que limita a ação gerencial e torna excessivamente onerosas e demoradas (quando não impossíveis) as demissões e demais providências corretivas, eventualmente recomendadas pela boa técnica administrativa.

Andrew Wileman destaca que “no Ocidente, existe um forte amparo legal para os empregados. O corte de pessoal pode ser lento ou impossível e, também, muito caro. Uma vez que as pessoas estão na folha de pagamento, é difícil tirá-las, mesmo que apresentem baixo desempenho”.

3. ADMINISTRAÇÃO E CONTROLE

Em vista do exposto, abordamos as tentativas para alcançar um nível satisfatório de controle sobre os gastos das empresas com os seus empregados.

Isso nos leva - sem qualquer pretensão à exaus-tão das alternativas possíveis - à consideração das seguintes providências.

Providência nº 1

Controle sobre o número de empregados

Todos os níveis de supervisão empresarial ten-dem a buscar aumentos de pessoal por duas razões principais: em primeiro lugar, porque aumentarão a força de trabalho da área sob a sua responsabilidade, facilitando (e/ou aprimorando) o cumprimento das suas atribuições; em segundo, porque quanto maior o número de pessoas sob seu comando, maior tenderá a ser o seu prestígio profissional.

Obviamente, a providência básica a esse respeito, com a finalidade de manter sob vigilância o número de empregados regulares da organização, será a adoção de um instrumento eficiente de controle, como é o caso, por exemplo, de um orçamento anual global detalhado, no qual sejam fixados, inclusive, os limites máximos do headcount da empresa.

Naturalmente, esse limite estará sujeito aos critérios de flexibilidade adotados pela organização

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09-04 TC Manual de Procedimentos - Mar/2016 - Fascículo 09 - Boletim IOB

Manual de Procedimentos

Temática Contábil e Balanços

para o seu orçamento (lembrando que um orçamento engessado em limites absolutamente fixos nunca é instrumento administrativo aceitável), mas não poderá ser excedido senão após uma sólida comprovação da necessidade da área requisitante e o cumprimento integral de um rito burocrático previamente definido.

Os limites e as pressuposições do orçamento servirão, nos casos de solicitações de acréscimo de pessoal, de suporte e orientação à pessoa (ou pes-soas) a quem couber decidir a respeito da proposta de “superação orçamentária” (budget-overrun).

De qualquer forma, a pessoa que decide (geral-mente, um executivo de primeiro escalão) deverá estar imbuída da convicção de que o overrun é um recurso emergencial e excepcional, de modo que a sua atitude e disposição devem ser de absoluto rigor na observância de todas as regras vigentes a fim de assegurar que as reais necessidades da empresa sejam atendidas, sem, entretanto, ocorrer a perda de credibilidade do orçamento.

Nessas situações, as ações alternativas como, por exemplo, a contratação de serviços temporários ou a terceirização deverão ser avaliadas, até porque representam, ordinariamente, gastos menos vultosos e menores compromissos trabalhistas de longo prazo.

Providência nº 2

Controle sobre o valor dos salários em vigor

As pressões por maiores salários são, talvez, ainda mais frequentes e mais persistentes do que as pressões por aumentos no número de trabalhadores.

O leitor deve notar que não tratamos, aqui, de reivindicações salariais justificadas pela política de remuneração iníqua ainda adotada por algumas empresas menos atualizadas.

Esta exposição atém-se ao comentário daquilo que parece uma atitude quase instintiva de um grande número de pessoas, atitude que as leva a um posicionamento obstinado e permanente de nunca se satisfazerem com o que é pago pelo seu trabalho, seja esse pagamento compatível ou não com aquele que é oferecido a qualquer outra pessoa com equivalentes qualificação e experiência.

Nesses casos - no combate a essa atitude de des-contentamento sistemático, de reclamação endêmica (portanto, sem justificativa aceitável) - os profissionais

mais experientes recomendam que as decisões refli-tam uma obstinada resistência às queixas dos recla-mantes, de forma a dificultar, ao máximo possível, a concretização dos seus objetivos.

Naturalmente, haverá casos e circunstâncias nas quais o árbitro das queixas deverá ceder, para defender os interesses da companhia no que respeita à manutenção de um ou outro empregado mais talen-toso e de maior competência.

Esteja, entretanto, o tal árbitro, preparado para enfrentar, em futuro próximo, mais reclamações, mais frequentes e mais generalizadas porque, ao que parece, ceder a esse tipo de reivindicação é sempre interpretado pelo conjunto dos reclamantes como sinal de fraqueza do fator controlador, estimulando-os a novas investidas com renovado entusiasmo.

Uma situação dessa natureza deverá levar o gestor de empresas, infalivelmente, à consideração das alternativas existentes, como é o caso das tercei-rizações.

Providência nº 3

Controle mediante medidas de longo prazo

A consideração das alternativas disponíveis deve incluir, obrigatoriamente, a consideração de medidas de longo-prazo como é, por exemplo, o máximo apro-veitamento dos contínuos avanços tecnológicos e a possibilidade de terceirização de todas as funções não essenciais da empresa.

Com a finalidade de reduzir ao mínimo os valores e os problemas associados à manutenção de funcio-nários regulares, reduzindo, consequentemente, a sua população e a complexidade da sua administração, planos de longo prazo podem ser desenvolvidos e avaliados, prevendo a informatização ou a transferên-cia, para outras empresas, de funções ora realizadas internamente por empregados regulares.

4. CONCLUSÃO

De acordo com o que se pode depreender dos comentários e recomendações deste texto, o pro-blema dos gastos com o pessoal das empresas já atingiu - há muito tempo - um ponto crítico pelo mon-tante financeiro e pela complexidade administrativa.

Segundo tudo indica, chegamos ao ponto em que só existem dois caminhos: ou as coisas se simplificam

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09-05Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Mar/2016 - Fascículo 09 TC

Temática Contábil e Balanços

Manual de Procedimentos

(inclusive com a racionalização da legislação traba-lhista e com o sempre esperado - a despeito de pouco provável - acentuado crescimento da maturidade do trabalhador e do empresário) ou não haverá outra saída que não seja a indefinida redução da participa-ção do empregado regular na atividade econômica, trazendo, em sua esteira, a ameaça de graves proble-mas sociais, detalhados, na literatura especializada, sob a denominação genérica de “horror econômico”.

A “desumanização” da empresa seria a confirma-ção e a concretização do posicionamento estratégico de Andrew Wileman, explicitado em sua recomenda-ção segundo a qual “considerando a dificuldade de gerenciar o custo de pessoal, um princípio estratégico

fundamental é manter o negócio principal da organi-zação com o mínimo absoluto de empregados”.

Apesar do seu viés pessimista e até “desumano”, essa seria a única saída se não sobrevivesse, ainda, malgrado a pecha de ingenuidade que pesa sobre ela, a remota possibilidade de alcançarmos, com a urgência possível, um nível o bastante elevado de maturidade no relacionamento entre empregados e empregadores - maturidade que se traduziria no reconhecimento de que, em qualquer empresa, independentemente de níveis hierárquicos, todos partilham objetivos comuns, sendo, portanto, aliados e não adversários.

N

a Demonstrações Financeiras

Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) - Exemplificação do método direto SUMÁRIO 1. Introdução 2. Caixa e equivalentes de caixa 3. Apresentação de uma DFC 4. Balanço patrimonial levantado em 31.12.20X1 5. Operações ocorridas em 20X2 6. Balanço patrimonial levantado em 31.12.20X2 7. DFC - Método direto

1. INTRODUÇÃO

Nesse procedimento, trazemos um exemplo prá-tico de elaboração da Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) pelo método direto.

Nota

Não seria exagero lembrar que, por força do art. 3º da Lei nº 11.638/2007, as sociedades de grande porte, ainda que não constituídas sob a forma de sociedade anônima, estão obrigadas à elaboração da DFC. Para esse fim, considera-se de grande porte a sociedade ou o conjunto de sociedades sob controle comum que tenha, no exercício social anterior, ativo total superior a R$ 240.000.000,00 ou receita bruta anual superior a R$ 300.000.000,00.

2. CAIXA E EQUIVALENTES DE CAIXA

Os equivalentes de caixa são mantidos com a finalidade de atender a compromissos de caixa de curto prazo, e não para investimento ou outros fins.

Para ser considerada equivalente de caixa, uma aplicação financeira deve ter conversibilidade ime-diata em um montante conhecido de caixa e estar sujeita a um insignificante risco de mudança de valor.

3. APRESENTAÇÃO DE UMA DFC

A DFC deve apresentar os fluxos de caixa do período classificados por atividades operacionais, de investimento e de financiamento.

A entidade deve apresentar seus fluxos de caixa decorrentes das atividades operacionais, de investimento e financiamento da forma que seja mais apropriada a seus negócios.

No entanto, a classificação por atividade pro-porciona informações que permitem aos usuários avaliar o impacto de tais atividades sobre a posição financeira da entidade, o montante de seu caixa e os equivalentes do mesmo. Essas informações podem também ser usadas para avaliar a relação entre essas atividades.

Ressalte-se que uma única transação pode incluir fluxos de caixa classificados em mais de uma ativi-dade. Por exemplo, quando o desembolso de caixa para pagamento de um empréstimo inclui tanto os

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09-06 TC Manual de Procedimentos - Mar/2016 - Fascículo 09 - Boletim IOB

Manual de Procedimentos

Temática Contábil e Balanços

juros quanto o principal, a parte dos juros pode ser classificada como atividade operacional, mas a parte do principal deve ser classificada como atividade de financiamento.

3.1 Atividades operacionais

O montante dos fluxos de caixa, decorrentes das atividades operacionais, é um indicador-chave da extensão na qual as operações da entidade têm gerado suficientes fluxos de caixa para amortizar empréstimos, manter a capacidade operacional da entidade, pagar dividendos e juros sobre o capital próprio e fazer novos investimentos sem recorrer a fontes externas de financiamento.

As informações sobre os componentes específi-cos dos fluxos de caixa operacionais históricos são úteis, em conjunto com outras informações, na proje-ção de futuros fluxos de caixa operacionais.

3.1.1 Origem dos fluxos de caixa decorrentes das atividades operacionais

Os fluxos de caixa decorrentes das atividades operacionais são basicamente derivados das princi-pais atividades geradoras de receita da entidade.

Isso significa dizer que eles resultam das transa-ções e de outros eventos que entram na apuração do lucro líquido ou prejuízo.

São exemplos de fluxos de caixa que decorrem das atividades operacionais:

a) os recebimentos de caixa pela venda de mer-cadorias e pela prestação de serviços;

b) os recebimentos de caixa decorrentes de royal-ties, honorários, comissões e outras receitas;

c) os pagamentos de caixa a fornecedores de mercadorias e serviços;

d) os pagamentos de caixa a empregados ou por conta de empregados;

e) os recebimentos e os pagamentos de caixa por seguradora de prêmios e sinistros, anuida-des e outros benefícios da apólice;

f) os pagamentos ou a restituição de caixa de impostos sobre a renda, a menos que possam ser especificamente identificados com as ativi-dades de financiamento ou de investimento; e

g) os recebimentos e os pagamentos de caixa de contratos mantidos para negociação imediata ou disponíveis para venda futura.

3.2 Atividades de investimento

A divulgação em separado dos fluxos de caixa decorrentes das atividades de investimento é impor-tante, pois tais fluxos de caixa representam a exten-são em que os dispêndios de recursos são feitos pela entidade com a finalidade de gerar resultados e fluxos de caixa no futuro.

Exemplos de fluxos de caixa decorrentes das atividades de investimento são:

a) os pagamentos de caixa para aquisição de imobilizado, intangível e outros ativos de longo prazo. Esses desembolsos incluem os custos de desenvolvimento ativados e ativos imobili-zados de construção própria;

b) os recebimentos de caixa resultantes da ven-da de imobilizado, intangível e outros ativos de longo prazo;

c) os pagamentos para aquisição de ações ou instrumentos de dívida de outras entidades e participações societárias em joint ventures (exceto desembolsos referentes a títulos con-siderados equivalentes de caixa ou mantidos para negociação imediata ou venda futura);

d) os recebimentos de caixa provenientes da venda de ações ou instrumentos de dívida de outras entidades e participações societárias em joint ventures (exceto recebimentos refe-rentes aos títulos considerados equivalentes de caixa e os mantidos para negociação);

e) os adiantamentos de caixa e empréstimos fei-tos a terceiros (exceto adiantamentos e em-préstimos feitos por instituição financeira);

f) os recebimentos de caixa por liquidação de adiantamentos ou amortização de emprésti-mos concedidos a terceiros (exceto adianta-mentos e empréstimos de uma instituição fi-nanceira);

g) os pagamentos de caixa por contratos futuros, a termo, de opção e swap, exceto quando tais contratos forem mantidos para negociação imediata ou venda futura, ou os pagamentos forem classificados como atividades de finan-ciamento; e

h) os recebimentos de caixa por contratos futu-ros, a termo, de opção e swap, exceto quando tais contratos forem mantidos para negociação imediata ou venda futura, ou os recebimentos forem classificados como atividades de finan-ciamento.

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09-07Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Mar/2016 - Fascículo 09 TC

Temática Contábil e Balanços

Manual de Procedimentos

Quando um contrato for contabilizado como pro-teção (hedge) de uma posição identificável, os fluxos de caixa do contrato deverão ser classificados do mesmo modo como foram classificados os fluxos de caixa da posição que estiver sendo protegida.

3.3 Atividades de financiamento

A divulgação separada dos fluxos de caixa decor-rentes das atividades de financiamento é importante por ser útil à previsão das exigências sobre futuros fluxos de caixa pelos fornecedores de capital à enti-dade.

São exemplos de fluxos de caixa decorrentes das atividades de financiamento:

a) o caixa recebido pela emissão de ações ou outros instrumentos patrimoniais;

b) os pagamentos de caixa a investidores para adquirir ou resgatar ações da entidade;

c) o caixa recebido proveniente da emissão de debêntures, empréstimos, títulos e valores, hi-potecas e outros empréstimos de curto e longo prazos;

d) a amortização de empréstimos e financiamen-tos, incluindo debêntures emitidas, hipotecas, mútuos e outros empréstimos de curto e longo prazos; e

e) os pagamentos de caixa por arrendatário, para redução do passivo relativo a arrenda-mento mercantil financeiro.

4. BALANÇO PATRIMONIAL LEVANTADO EM 31.12.20X1

Segue balanço da Cia. Falcão levantado em 31.12.20X1.

Balanço Patrimonial em 20X1

ATIVO R$ PASSIVO R$

Circulante 1.020.000,00 Circulante 600.000,00Caixa 150.000,00 Fornecedores 545.000,00Clientes 670.000,00 Impostos a Pagar 25.000,00Estoques 200.000,00 Dividendos a Pagar 30.000,00Não Circulante 670.000,00 Não Circulante 170.000,00

Empréstimos 70.000,00 Empréstimos (Lon-go Prazo) 150.000,00

I m o b i l i z a d o (Terrenos) 300.000,00 Contas a Pagar 20.000,00

I m o b i l i z a d o (Veículos) 420.000,00 Patrimônio Líquido 920.000,00

Depreciação Acumulada (120.000,00) Capital Social 600.000,00

Lucros Acumulados 320.000,00

Balanço Patrimonial em 20X1

ATIVO R$ PASSIVO R$

Total do Ativo 1.690.000,00 Total do Passivo 1.690.000,00

5. OPERAÇÕES OCORRIDAS EM 20X2

No desenvolvimento do exemplo, consideremos os seguintes eventos ocorridos no ano de 20X2.

Nº do Lançamento Operações

1 Vendas à vista R$ 600.000,00.

2 Vendas a prazo no valor de R$ 75.000,00 a serem recebidas em 20X3.

3 Custo das mercadorias vendidas em 1 e 2 = R$ 190.000,00.

4 Compras de mercadorias à vista = R$ 100.000,00.

5 Compras de mercadorias a serem pagas em 20X3, no valor de R$ 50.000,00.

6 Recebimentos ocorridos em 20X2 relativo a clientes no valor de R$ 700.000,00.

7

Pagamento de fornecedores e outras obrigações em 20X2, no valor total de R$ 620.000,00:- Fornecedores: R$ 565.000,00- Impostos a Pagar: R$ 25.000,00- Dividendos a Pagar: R$ 30.000,00.

8 Aporte, em dinheiro, efetuado pelos acionistas no va-lor de R$ 85.000,00.

9 Despesas operacionais incorridas e pagas em 20X2: R$ 120.000,00.

10Transferência de parte da dívida do Passivo Não Circulante para o Passivo Circulante, no valor de R$ 55.000,00.

11 Obrigações trabalhistas a serem pagas em 20X3: R$ 110.000,00.

12 Recebimento antecipado de parte de empréstimo concedido = R$ 20.000,00.

13Reconhecimento de encargos financeiros:- Passivo Não Circulante: R$ 3.000,00- Passivo Circulante: R$ 1.000,00

14 Depreciação do exercício: R$ 115.000,00.

15Reconhecimento dos encargos financeiros sobre em-préstimo registrado no Realizável a Longo Prazo: R$ 300,00.

16

Venda de um terreno registrado no Ativo Imobilizado recebida à vista:- Valor da venda: R$ 460.000,00;- Valor contábil do bem: R$ 300.000,00;- Lucro obtido: R$ 160.000,00.

17 Obrigações fiscais a serem pagas em 20X3: R$ 60.000,00 (IRPJ/CSL).

18 Parcela do lucro de 20X2 destinada ao pagamento de acionistas: R$ 65.000,00.

5.1 Contabilização (razonetes)

Deixamos de evidenciar os lançamentos propria-mente ditos em virtude de serem desnecessários para a compreensão do exemplo. Contudo, a sua repre-sentação por meio dos razonetes, conforme ilustrado a seguir, se faz necessária.

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Ao encerrarmos o resultado do exercício, teremos a seguinte situação na conta de apuração:

6. BALANÇO PATRIMONIAL LEVANTADO EM 31.12.20X2

Em 31.12.20X2, após o registro contábil dos even-tos referidos em 5.1, o Balanço Patrimonial da Cia. Falcão estaria assim representado:

Balanço Patrimonial em 20X2ATIVO R$ PASSIVO R$

Circulante 1.380.000,00 Circulante 321.000,00Caixa 1.175.000,00 Fornecedores 30.000,00Clientes 45.000,00 Impostos a Pagar 60.000,00Estoques 160.000,00 Dividendos a Pagar 65.000,00Não Circu-lante 235.300,00

Empréstimos (Curto Prazo) 56.000,00

Empréstimos 50.300,00Obrigações Traba-lhistas 110.000,00

Imobil izado (Terrenos) 0,00 Não Circulante 118.000,00Imobil izado (Veículos) 420.000,00

Empréstimos (Longo Prazo) 98.000,00

Depreciação Acumulada (235.000,00) Contas a Pagar 20.000,00

Patrimônio Líquido 1.176.300,00Capital 685.000,00Lucros Acumulados 491.300,00

TOTAL DO ATIVO 1.615.300,00 TOTAL DO PASSIVO 1.615.300,00

6.1 Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)

A DRE será a seguinte:

DREVendas R$ 675.000,00CMV (R$ 190.000,00)Lucro Bruto R$ 485.000,00Despesas Operacionais (R$ 230.000,00)Despesas de Depreciação (R$ 115.000,00)Receitas Financeiras R$ 300,00Despesas Financeiras (R$ 4.000,00)Lucro Operacional R$ 136.300,00Ganho de Capital R$ 160.000,00Lucro antes do IRPJ/CSL R$ 296.300,00IRPJ/CSL (R$ 60.000,00)Lucro Líquido do Exercício R$ 236.300,00

6.2 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL)

A DMPL será a seguinte:

Capital Realizado

Lucros Acumulados Total

Saldo em 31.12.20X1 R$ 600.000,00 R$ 320.000,00 R$ 920.000,00

Aumento de capital R$ 85.000,00 R$ 85.000,00

Lucro líquido do exercício R$ 236.300,00 R$ 36.300,00

Lucros a distri-buir

(R$ 65.000,00) (R$ 65.000,00)

Saldo em 31.12.20X2 R$ 685.000,00 R$ 491.300,00 R$ 1.176.300,00

7. DFC - MÉTODO DIRETO

A DFC pelo método direto evidencia as entradas e saídas de numerários. Portanto, diante das informa-ções anteriores, a DFC pelo método direto do ano de 20X2 da Cia. Falcão seria assim apresentada:

Demonstração do Fluxo de Caixa - Ano de 20X2ATIVIDADES OPERACIONAISRecebimento de clientes (nota 1) R$ 1.300.000,00Pagamento a fornecedores (nota 2) (R$ 665.000,00)Pagamento de despesas (nota 3) (R$ 120.000,00)Pagamento de impostos (nota 4) (R$ 25.000,00)1. Caixa líquido das atividades operacionais R$ 490.000,00 ATIVIDADE DE INVESTIMENTOVenda do imobilizado (nota 5) R$ 460.000,00 2 .Caixa líquido consumido nas atividades de investimento R$ 460.000,00

ATIVIDADE DE FINANCIAMENTOIntegralização do capital pelos sócios R$ 85.000,00Recebimento de empréstimo R$ 20.000,00Distribuição de dividendos (R$ 30.000,00)3. Caixa líquido gerado nas atividades de fi-nanciamento R$ 75.000,00

4. Aumento líquido nas disponibilidades (1 + 2 + 3) R$ 1.025.000,00

5. Saldo de caixa + equivalente de caixa em 20X1 R$ 150.000,00

6. Saldo de caixa + equivalente de caixa em 20X2 (4 +5 ) R$ 1.175.000,00

Notas

(1) O recebimento de vendas no valor de R$ 600.000,00 + o recebimen-to de clientes no valor de R$ 700.000,00.

(2) As compras no valor de R$ 100.000,00 + o pagamento a fornecedo-res no valor de R$ 565.000,00.

(3) Pagamento das despesas operacionais no valor de R$ 120.000,00.

(4) Impostos pagos no valor de R$ 25.000,00.

(5) Venda do terreno no valor de R$ 460.000,00.