introduÇÃo · abertura de mercado ocorrida no brasil; e ainda o consumidor no mundo...
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INTRODUÇÃO
A abordagem deste trabalho acadêmico é a respeito do valor de uma
marca, estratégia utilizada para o fortalecimento, reposicionamento e transição
da sua trajetória.
A pesquisa está estruturada para que seja possível contextualizar o valor
de uma marca e sua importância para o mercado consumidor na globalização,
fundamentar as teorias em relação à construção da marca, o gerenciamento
dos seus valores tangíveis e intangíveis, discutindo a filosofia que as marcas
instituem, e como isso influencia no perfil do novo consumidor, e apresentar
estratégias do sistema de gestão de marcas, em especial a de transição e
reposicionamento de marcas, utilizada pelas empresas com o objetivo de
inovar e rejuvelhecer as imagens das marcas.
Portanto, no Capítulo 1, será discutido a globalização e o papel do novo
consumidor – o consumidor contemporâneo, com o objetivo de entender o
contexto que engloba o “mundo das marcas”. Será abordada a questão da
tecnologia que diminui a diferença entre os produtos, ou seja, quando um
produto é lançado, em pouco tempo a empresa concorrente consegue alinhar-
se e oferecer os mesmos atributos; a globalização da comunicação, o
entendimento sobre o binômio espaço-tempo; o sistema de mídia global; a
abertura de mercado ocorrida no Brasil; e ainda o consumidor no mundo
contemporâneo.
Estes pontos ajudarão na compreensão do valor da marca, que hoje é o
principal diferencial competitivo das empresas.
No capítulo 2 poderá ser entendida a importância da construção de
marcas fortes e o gerenciamento do seu valor junto ao consumidor. Para isso,
serão apontados os diferentes pontos de vistas de autores sobre o conceito de
marca, bem como a definição de brand equity e suas categorias de ativos e
passivos.
Também pesquisaremos neste capítulo o papel do branding e a criação
de valor para o consumidor. A forma de medição de valor da Interbrand e o
resultado da última pesquisa, realizada em 2008 será abordada para
entendermos a forma de cálculo do valor intangível das marcas. Por fim, será
7
estudada a filosofia da marca transferida para o produto e uma tendência de
valorização da marca como conceito, estilo de vida e atitude.
No capítulo 3, escolhemos como estudo o Case da OI Telemar. Serão
trabalhadas as questões das estratégias utilizadas pela empresa em relação à
transição da marca e o seu reposicionamento.
8
Capítulo 1
A globalização e o novo consumidor
Com o objetivo de entender o contexto que engloba o “mundo das
marcas”, parece importante discutir a globalização e o papel do novo
consumidor - o consumidor contemporâneo.
Neste capítulo será abordada a questão da tecnologia que diminui a
diferença entre os produtos, ou seja, quando um produto é lançado, em pouco
tempo a empresa concorrente consegue alinhar-se e oferecer os mesmos
atributos; a globalização da comunicação, o entendimento sobre o binômio
espaço-tempo; o sistema de mídia global; a abertura de mercado ocorrida no
Brasil; e ainda o consumidor no mundo contemporâneo, seu papel e
importância no que o autor Gilles Lipovetsky chama de era do “hiperconsumo”.
Estes pontos ajudarão na compreensão do valor da marca, que hoje é o
principal diferencial competitivo das empresas.
1.1 Tecnologia e globalização
O professor KOTLER (1999:15) em seu livro Marketing para o século
XXI, descreve que “o atual panorama econômico está sendo moldado por duas
forças poderosas – tecnologia e globalização”. 1 O mundo está cheio de novos
produtos, como satélites, filmadoras, câmeras e relógios digitais,
fotocopiadoras, máquinas de fax, correio eletrônico, telefones celulares e
computadores portáteis.
Analisando essa afirmação, KOTLER (1999: 16) explica uma força
tecnológica revolucionária, a digitalização.
“Uma empresa de software não precisa mais gravar seus
programas em uma série de discos flexíveis, colocá-los em
caixas e enviá-los por via rodoviária ou aérea a vários pontos
de venda onde os consumidores possam comprá-los. Todo
1 KOTLER, Philip. Marketing para o século XXI: Como criar, conquistar e dominar mercados. São Paulo: Futura, 1999, p. 15.
9
esse trabalho pode ser poupado disponibilizando-se o software
na internet para download pelos consumidores.” 2
Há diversas interpretações do significado do termo globalização e quase
todas levam a quebra das fronteiras geográficas. Sobre globalização, MC
GREW, citado por HALL (2006:67), descreve:
“Globalização se refere àqueles processos, atuantes em uma
escala global, que atravessam fronteiras nacionais, integrando
e conectando comunidades e organizações em novas
combinações de espaço-tempo, tornando o mundo (...) mais
interconectado.” 3
Quando se fala em globalização da comunicação, refere-se à
compreensão do binômio espaço-tempo, citado por Mc Grew, pois o
desenvolvimento dos aparatos da comunicação – satélites, internet, cabo de
fibra óptica – permitiram o que se chama de real time, comunicação
simultânea. Não existe mais distinção de local e hora para o sujeito pós-
moderno. HALL (2006: 69) comenta: “o mundo é menor e as distâncias mais
curtas”. 4
Para alguns autores, a globalização pontua a passagem da era Moderna
para a Pós-Moderna. Já Stuart Hall diz que a globalização pontua a mudança
de ‘moderno’ para ‘pós-moderno’, mas não uma mudança de era. Para HALL
(2006: 34), vivemos a modernidade tardia desde a segunda metade do século
XX. 5
HALL descreve três possíveis conseqüências da globalização sobre as
identidades culturais. A primeira é a seguinte: “as identidades nacionais estão
se desintegrando, como resultado do crescimento da homogeneização cultural
e do “pós-moderno global””. 6 HALL (2006: 75) cita:
“No interior do discurso do consumismo global as diferenças e
as distinções culturais, que até então definiam a identidade,
2 KOTLER, Philip. Marketing para o século XXI: Como criar, conquistar e dominar mercados. São Paulo: Futura, 1999, p 16. 3 MC GREW, Anthony. apud HALL, Stuart. A Identidade Cultural na Pós Modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2006, p. 67. 4 Idem, Ibidem, p. 69. 5 HALL, Stuart. A Identidade Cultural na Pós Modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2006, p 34. 6 Idem, Ibidem, p. 69.
10
ficam reduzidas a uma espécie de língua franca internacional
ou de moeda global, em termos das quais todas as tradições
específicas e todas as diferentes identidades podem ser
traduzidas. Esse fenômeno é conhecido como
“homogeneização cultural””. 7
A segunda conseqüência, HALL (2006: 69) descreve da seguinte forma:
“as identidades nacionais e outras identidades locais ou particularistas estão
sendo reforçadas pela resistência à globalização”. 8 Ou seja, a globalização
pode levar a um fortalecimento de identidades locais.
A terceira conseqüência da globalização aponta as identidades
nacionais em declínio, mas HALL (2006: 69) afirma: “novas identidades –
híbridas – estão tomando o seu lugar”. 9
Voltando a questão da compreensão espaço-tempo e ligando-a a
questão da identidade, HALL (2006:70) diz que o importante para o argumento
quanto ao impacto da globalização sobre a identidade é que o tempo e o
espaço são também coordenadas básicas de todos os sistemas de
representação. 10
HARVEY citado por HALL (2006:73), comenta que os lugares
permanecem fixos, entretanto, o espaço pode ser cruzado num piscar de olhos.
Harvey chama isso de “destruição do espaço através do tempo”. 11
Em outras palavras, o fato da comunicação ter se globalizado a partir do
desenvolvimento dos aparatos tecnológicos, permitiu a quase inexistência dos
espaços. Assim, o tópico a seguir apresentará a questão do sistema de mídia
comercial global, que acrescenta mais questões a este assunto.
7 HALL, Stuart. A Identidade Cultural na Pós Modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2006, p. 75. 8 Idem, Ibidem, p. 69. 9 Idem, Ibidem, p. 69 10 Idem, Ibidem, p. 70. 11 Idem, Ibidem, p. 73.
11
1.2 A globalização econômica e cultural
Neste tópico, será usado o artigo Mídia global, neoliberalismo e
imperialismo, de Robert Micchesney, citado por MORAES, que faz uma crítica
ao conceito de tecnologia e globalização como “forças poderosas”.
Para MICCHESNEY (2005: 218), “a noção de globalização como
costuma ser usada para descrever alguma força natural e inexorável, como se
fosse o télos do capitalismo é enganosa e ideologicamente carregada”. 12
MICCHESNEY (2005: 218) propõe um termo superior – neoliberalismo,
que “refere-se ao conjunto de políticas nacionais e internacionais que exigem a
dominação empresarial de todas as questões sociais com mínima força de
reação”. 13
Deste modo, a era atual entendida como neoliberalismo em vez de
simplesmente globalização, parece ser menos o resultado de forças naturais
incontroláveis e mais o estágio recente da luta de classes sob o capitalismo, no
entendimento de Micchesney.
Antigamente os sistemas de mídia eram primariamente nacionais, nos
últimos anos surgiu um mercado global de mídia comercial. Cabe aqui entender
a mídia de hoje e buscar compreender o sistema global.
Em curto prazo, o mercado da mídia global passou a ser dominado por
sete multinacionais: Disney, AOL-Time Warner, Sony, News Corporation,
Viacom, Vovendi e Bertelsmann. 14 DIXON citado por MICCHESNEY (2005:
218):
“O que vocês estão vendo “, diz Christopher Dixon, analista de
mídia da empresa de investimentos Paine Webber, “é a criação
de um oligopólio global. Aconteceu com as indústrias
petrolíferas e automobilísticas no início do século XX, agora
está acontecendo com a indústria do entretenimento”. 15
12 MICCHESNEY, Robert W. apud MORAES, Dênis de. (org.). Por uma outra comunicação. Rio de Janeiro, Record, 2005, p. 218. 13 Idem, Ibidem, p. 218. 14 Idem, Ibidem, p. 221. 15 DIXON, Christopher. apud.MORAES, Dênis de. (org.). Por uma outra comunicação. Rio de Janeiro, Record, 2005, p. 218.
12
REDSTONE, CEO da Viacom, citado por MICCHESNEY (2005: 218)
comenta que as empresas estão se concentrando naqueles mercados que
prometem o melhor retorno, o que significa outros países. 16
O discurso das empresas dominantes vai além, elas querem ser vistas
como entidades globais. Micchesney conta que Gerald Levin, quando presidia
a AOL-Time Warner afirmou: “Não queremos ser vistos como uma empresa
norte-americana. Pensamos em termos globais”. 17 A News Corportion tem
como portfolio patrimonial: filmes, da Twentieth Century Fox, rede de TV FOX,
editora HarperCollinsm estações de TV, canais de TV a cabo, revistas, mais de
130 jornais e times esportivos profissionais. 18
Por que isso aconteceu? MICCHESNEY analisa:
“A explicação convencional é a tecnologia: avanços radicais na
tecnologia de comunicação tornam os impérios globais da
mídia factíveis e lucrativos de forma impensável no passado.
Isto se assemelha à explicação tecnológica para o crescimento
da globalização. Mas é, no máximo uma explicação parcial. A
verdadeira força motriz tem sido a busca incessante de lucro
que marca o capitalismo, e que fez pressão em prol de uma
mudança para a desregulamentação neoliberal”. 19
Sobre mídia global, MICCHESNEY diz: “a importância da mídia global
para a formação e a expansão de mercados globais e regionais de bens e
serviços frequentemente vendidos pelas maiores empresas multinacionais”. 20
Seguindo este pensamento, MICCHESNEY propõe:
“Talvez a melhor maneira de entender com que intimidade a
mídia global está vinculada à economia capitalista neoliberal
seja examinar o papel da publicidade. A publicidade é um
investimento em negócios feito pelas maiores empresas da
16 REDSTONE, Sumner apud MORAES, Dênis de. (org.). Por uma outra comunicação. Rio de Janeiro, Record, 2005, p. 218. 17 MICCHESNEY, Robert W. apud MORAES, Dênis de. (org.). Por uma outra comunicação. Rio de Janeiro, Record, 2005, p. 220. 18 Idem, ibidem, p. 222. 19 Idem, ibidem, p. 222. 20 Idem, ibidem, p. 232.
13
economia. O sistema de mídia comercial é a correia de
transmissão indispensável para que as empresas
comercializem seus produtos em todo o mundo; na verdade, a
globalização como a conhecemos não poderia existir sem ele.
Absurdos três quartos da receita global com publicidade
terminam nos bolsos de apenas vinte empresas de mídia”. 21
Para os chefes da torcida capitalista, como Thomas Friedman do New
York Times, tudo isso indica que a raça humana está entrando numa nova
Idade do Ouro. Tudo o que as pessoas precisam fazer é sentar-se, calar-se e
comprar, e deixar que os mercados e a tecnologia realizem suas maravilhas
mágicas. 22
1.3 Abertura de mercado: O mundo mudou e o Brasil também
A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) abriu as portas para as
multinacionais e foi decisiva para a mudança do eixo cultural e de produção da
Europa para o eixo Estados Unidos.
Isolado da Europa, sua tradicional fornecedora de produtos
industrializados, o Brasil teve de suprir-se a si próprio, o que resultou em um
acelerado processo de industrialização e buscar nos Estados Unidos aquilo
que ainda não era possível produzir. A relação de dependência com os
Estados Unidos aumentou após a Guerra Fria, quando o Brasil passou por
crises relacionadas à queda do café e acabou recorrendo a empréstimos.
As instituições internacionais (o Fundo Monetário Internacional, o Banco
Mundial, a Organização Mundial do Comércio), que receberam a missão de
escrever as regras do jogo e gerir a economia mundial, refletem os interesses
dos países industriais avançados – ou, mais em particular, interesses especiais
(como da agricultura e do petróleo) dentro desses países.
No Brasil, a abertura do mercado nacional às importações aconteceu no
governo do presidente Fernando Collor de Mello, com o Plano Collor na década
de 90.
21 MICCHESNEY, Robert W. apud MORAES, Dênis de. (org.). Por uma outra comunicação. Rio de Janeiro, Record, 2005, p. 225. 22 Idem, ibidem, p. 217.
14
Entre as ações do Plano Collor para a estabilização da economia
estavam à substituição da moeda corrente, congelamento temporário dos
salários e preços, congelamento de 80% dos bens privados por 18 meses,
eliminação de alguns incentivos fiscais, plano para redução de mais de 300
milhões em gastos administrativos com a extinção de agências do governo,
estímulo à privatização e abertura da economia para competição do exterior.
Essas ações resultaram em um período de recessão e aumento do
desemprego, pois muitas empresas fecharam. O Plano Collor também é
marcado pelo Programa Nacional de Desestatização, que privatizou mais de 20
estatais brasileiras. O sucessor de Fernando Collor de Mello, após seu
“impeachment” foi o presidente Itamar Franco. Com ele outras ações foram
postas em prática, como a eliminação da discriminação contra investidores
estrangeiros, permitindo sua participação em até 100% do capital votante das
empresas a serem alienadas.
Está fase é importante, porque a abertura do mercado ao comércio
exterior aumentou a entrada das multinacionais no Brasil.
1.4 O consumidor no mundo contemporâneo
No começo deste capítulo, KLEIN, citado por MORAES (2005: 174)
aponta: “o que mudou com a recente evolução da marca não é tanto o produto
que tem a marca, mas sim o consumidor que tem a marca”. 23
No livro Qual a importância da marca contemporânea, a autora Carmen
Carril (2007: 10) levanta questões sobre o consumo contemporâneo e explica
que o controle passou para o consumidor, que agora passa a se relacionar com
a marca não apenas pelo consumo dos produtos, mas também por adotar seus
valores e incorporá-los no seu estilo de vida. 24
Antes de falarmos sobre o consumo contemporâneo, é necessário
conhecermos quem é o consumidor ou cliente. Muitas questões são levantadas
a respeito do consumidor, uma delas é a indagação sobre como conhecê-lo.
SAMARA e MORSCH (2005: 2) afirmam que:
23 KLEIN, Naomi. apud. MORAES, Dênis de. (org.). Por uma outra comunicação. Rio de Janeiro: Record, 2005, p. 174. 24 CARRIL, Carmen. Qual a importância da marca na sociedade contemporânea? São Paulo: 2007, p. 10.
15
“Compreender o consumidor é uma função essencial do
marketing para que ele possa cumprir plenamente seus
objetivos no desenvolvimento, na produção e na colocação no
mercado de bens e serviços apropriados e capazes de
satisfazer as necessidades e os desejos dos consumidores,
contribuindo, assim, efetivamente para o sucesso do seu
negócio”. 25
Quando o profissional de marketing busca satisfazer as necessidades do
consumidor, os desejos e seus hábitos de compra, ele atua diretamente na
vontade de seus clientes em adquirir seu produto ou serviço.
Outro conceito de comportamento do consumidor é partilhado por dois
autores, SCHIFFMAN e KANUK, citados por SAMARA E MORSCH (2005: 3):
“É o estudo de como os indivíduos tomam decisões de gastar
seus recursos disponíveis (tempo, dinheiro, esforço) em itens
relacionados ao consumo. O comportamento do consumidor
engloba o estudo de o que compram, onde compram, com que
freqüência compram e com que freqüência usam o que
compram”. 26
O desafio de conhecer o consumidor deve ser constante na vida de uma
empresa, manter contato com o público minimiza erros e prejuízos em geral,
porque vende-se para um novo tipo de consumidor.
O novo consumidor, na visão de SAMARA E MORSCH (2005: 246):
“Pode ser descrito como um indivíduo que possui múltiplas
facetas (...), formando um perfil distinto do consumidor do
século passado. Ele consome bens e serviços em um mercado
global, é consciente dos seus direitos e exerce plenamente sua
dimensão de cidadão, bem como utiliza a web cotidianamente
para aprender, trabalhar e viver, além de ser mais bem
informado”. 27
25 SAMARA, Beatriz Santos; MORSCH, Marco Aurélio. Comportamento do consumidor: conceitos e casos. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005, p. 2. 26 SCHIFFMAN e KANUK. apud SAMARA, Beatriz Santos; MORSCH, Marco Aurélio. Comportamento do consumidor: conceitos e casos. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005, p. 3. 27 SAMARA, Beatriz Santos; MORSCH, Marco Aurélio. Comportamento do consumidor: conceitos e casos. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005, p. 246.
16
O consumidor contemporâneo tem mais acesso a informação,
independente da qualidade dessa informação. Dessa forma pode comparar os
atributos dos produtos nos sites de seus fabricantes.
O consumidor também pode ir além, pois tem a possibilidade de saber a
opinião de outros consumidores que já compraram o produto que ele deseja
comprar, como por exemplo, no site de relacionamentos – o orkut, que possui
as chamadas comunidades, grupos de ‘internautas’, que tem opiniões em
comuns sobre produtos e/ou marcas. As comunidades funcionam como uma
espécie de fórum. A opinião de um grupo a respeito de um assunto tem o peso
de influenciar na decisão de quem tem acesso a esse tipo de informação.
LEWIS e BRIDGES, citado por SAMARA e MORSCH (2005: 246),
definem os novos consumidores como pessoas que dirigem seu
comportamento de compra com base na autenticidade. 28 E mais, o novo
consumidor possui as seguintes características: individualista, envolvido,
independente e informado. 29
Fig. 1 – As múltiplas facetas do novo consumidor.
Fonte: SAMARA e MORSCH, Marco Aurélio. Comportamento do consumidor: conceitos e
casos. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005, p. 247.
O novo consumidor pode ter mais facilidade em acreditar na publicidade,
se antes dela, tomar conhecimento dos benefícios do produto ou serviço
através do boca a boca. 28 LEWIS, Daniel e BRIDGES, Darren. apud SAMARA, Beatriz Santos; MORSCH, Marco Aurélio. Comportamento do consumidor: conceitos e casos. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005, p. 246. 29 Idem, Ibidem, p. 247.
17
SAMARA E MORSCH (2005: 248) apresentam na figura abaixo a
diferença entre os velhos consumidores e novos consumidores. 30
Fig. 2 – Os novos consumidores são diferentes.
Fonte: SAMARA e MORSCH, Marco Aurélio. Comportamento do consumidor: conceitos e
casos. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005, p. 248.
Há ainda um ponto chave no que diz respeito ao novo consumidor, na
era do marketing, prover confiança é fundamental para conquistar e reter os
consumidores, sobretudo o novo tipo, essa é a avaliação de SAMARA E
MORSCH (2005: 247). Prover confiança seria proporcionar experiências com a
marca. 31
O marketing precisa planejar suas ações, a fim de promover a retenção
dos clientes através do bom relacionamento se quiser conquistá-los e fidelizá-
los. Uma forma de relacionamento é o atendimento, por exemplo, através da
ferramenta de comunicação chamada SAC – Serviço de Atendimento ao
Consumidor. O SAC das empresas pode funcionar de forma estratégica, uma
porta de entrada de informações valiosas sobre o consumidor e não apenas
como um setor de reclamações.
LIPOVETSKY citado por CARRIL (2007: 32), em uma visão crítica ao
comportamento de consumo, afirma que estamos vivendo a era do
hiperconsumo. 32 Para este autor, o consumo tornou-se hoje uma forma de
terapia contra as frustrações cotidianas.
30 SAMARA, Beatriz Santos; MORSCH, Marco Aurélio. Comportamento do consumidor: conceitos e casos. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005, p. 248. 31 Idem, ibidem, p. 247. 32 LIPOVETSKY, Gilles. apud CARRIL, Carmen. Qual a importância da marca na sociedade contemporânea? São Paulo: 2007, p. 32.
18
Na era do hiperconsumo, as marcas se fortalecem de forma
independente dos produtos, pode-se considerar este o ponto principal da
infidelidade aos produtos. Antigamente não existia tanta variedade de produtos.
Hoje o consumidor consome vários produtos concorrentes no mesmo dia e não
se dá conta disso, verifica-se então a importância de conhecer o consumidor e
tentar entender seus hábitos e mais, como as marcas se comportam diante
deste novo cenário.
CARRIL (2007: 33) explica que o produto deixa de ser vendido e dá
lugar a um conceito, um estilo de vida associado à marca, que são
representadas por slogans em marcas de alcance mundial: “Just do it” (Nike)
ou “Think different” (Apple). 33 Podemos assim dizer que as marcas mudaram
sua forma de comunicar porque estão comunicando para novos consumidores,
que não consomem apenas o básico e o necessário para o abastecimento.
Considerando que a mudança na forma de comunicar é de suma
importância para a fidelização do novo consumidor, veremos no próximo
capítulo como se dá a construção de marcas fortes.
33 Idem, ibidem, p. 33.
19
Capítulo 2
Construção de marcas fortes
Este capítulo tem a finalidade de entender a importância de se construir
marcas fortes e de gerenciar o seu valor junto ao consumidor. Para isso, serão
apontados os diferentes pontos de vista de autores sobre o conceito de marca,
bem como a definição de brand equity e suas categorias de ativos e passivos.
Também pesquisaremos neste capítulo o papel da branding e a criação
de valor para o consumidor. A forma de medição de valor da Interbrand e o
resultado da última pesquisa, realizada em 2008 será abordada para
entendermos a forma de cálculo do valor intangível das marcas.
Por fim, este capítulo se dedicará a estudar a filosofia da marca
transferida para o produto e uma tendência de valorização da marca conceito,
estilo de vida e atitude.
2.1 Conceituações de marca
Para entendermos a construção de uma marca, antes se faz necessário
entendermos seu significado e o seu papel.
Antes os produtos eram identificados por selos, símbolos e signos. Com
o passar do tempo foi desenvolvido o termo ‘marca’, que hoje é capaz de
identificar os produtos e serviços das empresas. O papel da marca influencia
de tal modo na vida de uma empresa, que é capaz de levá-la ao topo, quando
são desenhadas estratégias que atendam às necessidades dos consumidores,
ou quando é utilizado o marketing como ferramenta. A seguir veremos
definições de marca.
Marca, do termo germânico marka, tem várias definições: “Impressão,
sinal que serve para reconhecer ou distinguir um objeto: a marca de roupa.
Nome, desenho, etiqueta ou símbolo que indica uma empresa ou produto”.
(LARROUSSE CULTURAL, 1998: 3803) 34
A American Marketing Association (AMA) define marca como: “Um
nome, termo, sinal, símbolo ou dewqign, ou uma combinação de tudo isso,
34 LARROUSSE CULTURAL. Grande Enciclopédia. Rio de Janeiro. Nova Fronteira, 1998, p. 3803.
20
destinado a identificar os produtos ou serviços de um fornecedor ou grupo de
fornecedores para diferenciá-los dos de outros concorrentes”. (KOTLER e
KELLER, 2006: 269) 35
KOTLER e KELLER (2006: 269) complementam ao dizer: “Uma marca é,
portanto um produto ou serviço que agrega dimensões que, de alguma forma, o
diferenciam de outros produtos ou serviços desenvolvidos para satisfazer à
mesma necessidade”. 36
AAKER (1998: 7) explica marca de forma semelhante:
“Uma marca é um nome diferenciado e/ ou símbolo (tal como
um logotipo, marca registrada, ou desenho de embalagem)
destinado a identificar os bens ou serviços de um vendedor ou
de um grupo de vendedores e a diferenciar esses bens e
serviços daqueles dos concorrentes”. 37
Ele explica ainda que a marca sinaliza ao consumidor a origem do
produto oferecem produtos que pareçam idênticos.
Ou seja, o que ambos os autores reforçam em primeiro lugar é que a
marca é um símbolo que pode até ser uma representação gráfica, mas é a
soma de tudo que simboliza uma empresa e seus produtos. Em segundo lugar
marca é aquilo que diferencia uma empresa das demais e por isso sua
importância.
PEREZ (2007: 319) cita a definição de marca, segundo a Lei da
Propriedade Industrial, nº. 9.279, de 14 de maio de 1996: “Todo sinal, capaz de
identificar um produto ou serviço, distinguindo-o de outros de igual natureza”. 38
PEREZ ainda explica que a marca é portadora de sentidos e resumidamente
deve: encarnar a missão da organização; funcionar como efeito espelho; ter
capacidade de atração; informar e ser perene. 39
35 KOTLER, Philip, KELLER, Kevin Lane. Administração de Marketing. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006, p. 269. 36 Idem, Ibidem, p. 269. 37 AAKER, David A. Marcas: Brand Equity gerenciando o valor da marca. São Paulo: Elsevier Editora, 1998, p. 7. 38 PEREZ, Clotilde; BARBOSA, Ivan Sant (orgs.). Hiperpublicidade – Fundamentos e interfaces. Thomson Learning, 2007, p. 319. 39 Idem, Ibidem p. 320.
21
De acordo com D’ ALESSANDRO e OWENS citados por CARRIL (2007:
17): “marca é tudo o que o consumidor pensa quando ouve o nome de uma
empresa”. 40
O pensamento de KING (AAKER, 1998: 1) resume bem o que a marca
representa hoje: “O produto é algo que é feito na fábrica; a marca é algo que é
comprado pelo consumidor: o produto pode ser copiado pelo concorrente; a
marca é única. O produto pode ficar ultrapassado rapidamente; a marca bem-
sucedida é eterna”. 41
Os conceitos acima são similares em seu discurso, no entanto, servem
como suporte para compreendermos melhor, após vários pontos de vistas, o
significado da marca, seu valor e sua importância.
2.1.1 O que é brand equity?
Quando se mede os atributos, as características e a qualidade de uma
marca, nem sempre se consegue mostrar a real potência dela em gerar lucros,
apontando e corrigindo distorções financeiras de projetos, que dificilmente
estão associados à missão de comunicação das marcas em planejamentos de
branding. Por isso, surge a necessidade das empresas acrescentarem
elementos do brand equity aos seus projetos, proporcionando a valorização da
marca como instrumento de medição confiável, tanto para as empresas como
para os consumidores.
KOTLER e KELLER (2006: 270) definem brand equity como:
“É o valor agregado atribuído a produtos e serviços. Esse valor
pode se refletir no modo como os consumidores pensam,
sentem e agem em relação à marca, bem como nos preços, na
participação de mercado e na lucratividade que a marca
proporciona à empresa”. 42
40 CARRIL, Carmen. apud D’ ALESSANDRO, Daniel F & OWENS, Michele. Qual a importância da marca na sociedade contemporânea? São Paulo: 2007, p. 17. 41 AAKER, David A. apud KING, Stephen. Marcas: Brand Equity gerenciando o valor da marca. Tradução André Andrade. São Paulo: Elsevier Editora, 1998, p. 1. 42 KOTLER, Philip, KELLER, Kevin Lane. Administração de Marketing. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006, p. 270.
22
Ou seja, o brand equity está relacionado às experiências que o
consumidor tem com a marca antes, durante e depois da compra de um
produto e da possível recompra dele.
O ativo intangível do brand equity está ligado também ao valor
psicológico que o consumidor deposita na marca.
David Aaker é autor de mais de setenta artigos e de nove livros sobre
marcas, propaganda e estratégia de negócios, sendo hoje, um dos nomes mais
citados no campo do marketing. AAKER (1998: 16) define brand equity de
forma semelhante à Kotler:
“Um conjunto de ativos e passivos ligados a uma marca, seu
nome e seu símbolo, que se somam ou se subtraem do valor
proporcionado por um produto ou serviço para uma empresa
e/ou para os consumidores dela”. 43
Para que o brand equity seja determinado por ativos e passivos, é
necessária a ligação ao nome ou símbolo. Caso haja alguma alteração do ativo
ou passivo, ocasionará a perda dos mesmos, consequentemente parte destes
podem ser mudados para um novo nome e símbolo. Segundo AAKER (1998:
16) pode-se reunir em cinco categorias os ativos e passivos, como veremos
exemplificado na figura 3 (brand equity).
“1. Lealdade à marca. 2. Conhecimento do nome. 3. Qualidade
percebida. 4. Associação à marca em acréscimo à qualidade
percebida. 5. Outros ativos do proprietário da marca –
patentes, trademarks, relações com os canais de distribuição
etc”. 44
Para conhecermos melhor estas cinco categorias, explicaremos cada
uma delas:
1) Lealdade à marca: É difícil conquistar novos clientes, cada vez mais
empresas preferem manter os clientes que já possuem. A lealdade é a
43 AAKER, David A. Marcas: Brand Equity gerenciando o valor da marca. São Paulo: Elsevier Editora, 1998, p. 16. 44 Idem, ibidem, p.16.
23
essência do brand equity porque se os consumidores compram um
determinado produto por causa somente das características dele por exemplo,
isso quer dizer que o trabalho de brand equity não foi bem executado.
AAKER (1998: 40) explica que “se por outro lado, os consumidores
continuam a comprar a marca mesmo existindo concorrentes com
características superiores, preço e conveniência, existe valor na própria marca
e talvez no seu símbolo e slogans “. 45
Isso nos fazer pensar que a lealdade à marca não está vinculada
diretamente a atrativos como promoção e sim, ao bom atendimento, a
qualidade do produto ou serviço e o que a marca o proporciona para o
consumidor.
São cinco os caminhos que verificam a lealdade do consumidor à marca:
medidas de comportamento, custo de mudança, medição da satisfação, gostar
da marca e comprometimento.
As medidas de comportamento podem ser verificadas através de taxas
de recompra, por exemplo, “que percentual de proprietários de Oldsmobile
compra um Oldlsmobile na sua próxima compra de carro?” (AAKER,1998: 45).
Outra medida de comportamento é o percentual de compras “das cinco últimas
compras feitas por um consumidor, que percentual referiu-se a cada marca
comprada”? Duas marcas? Três marcas? (AAKER,1998: 45). A lealdade dos
consumidores varia de acordo com cada segmento de produto. Entretanto, os
dados de comportamentos são limitados. 46
O custo de mudança está adequado ao investimento em um produto ou
sistema, como por exemplo, a decisão de troca de um software, a compra de
um novo e o treinamento dos funcionários que farão o manuseio no dia-a-dia. A
empresa deve avaliar seu custo de mudança, levando em consideração o
tempo de adaptação dos funcionários, se essa troca agilizará o atendimento ao
consumidor etc.
A medição da satisfação do consumidor é indispensável, mas AAKER
(1998: 46) alerta para o fato de que “talvez seja mais importante à medição da
insatisfação”. Toda medição de satisfação de acontecer de forma sensata, para
45 Idem, ibidem, p. 40. 46 AAKER, David A. Marcas: Brand Equity gerenciando o valor da marca. São Paulo: Elsevier Editora, 1998, p. 45.
24
que o usuário do produto não seja questionado sobre questões que não sejam
relevantes. 47
Gostar da marca é o quarto caminho de lealdade. Se os consumidores
demonstram respeito pela empresa e há um sentimento de admiração,
dificilmente os concorrentes atingirão a marca. Respeito e admiração são
conquistados e não impostos. Geralmente as empresas que possuem esses
dois atributos são empresas que estão há muitos anos no mercado.
O preço que o consumidor está disposto a pagar por um produto está
diretamente relacionado com o ‘gostar da marca’. Não há formas ‘satisfatórias’
de explicação da preferência do consumidor. AAKER (1998: 47) levanta uma
questão importante: “quanto o consumidor pagaria para obter a sua marca
preferida?” 48
AAKER (1998: 47) apresenta o quinto caminho - o comprometimento,
que está relacionado às marcas fortes, que possuem um grande número de
consumidores comprometidos. Neste caso, a medição de lealdade se dá pelo
nível de interação que existe com a marca. Uma forma de verificar isto é
observar o quanto o consumidor fala daquela marca, ou seja, o quanto ele a
recomenda para os amigos e familiares, por exemplo, mesmo que sem fazer
isto de forma intencional muitas vezes.
2) Conhecimento do nome: É natural o consumidor olhar uma gôndola e
imediatamente pegar o produto com o nome da marca que já conhece. Isso
acontece porque o produto já conhecido transmite familiaridade e,
consequentemente, está embutido, nele, a idéia de que se é familiar é confiável
e tem qualidade.
3) Qualidade percebida: Segundo AAKER (1998: 20), “a percepção da
qualidade pode assumir diferentes formas para diferentes tipos de empresa,
como por exemplo, (...) para a Hewlett Packard ou para a IBM tem significado
diferente que para a Solomon Brothers, ou para a Side ou para a Heinz”, ou
seja, para cada empresa a qualidade de sua marca é compreendida e
valorizada de forma diferente.
47 Idem, ibidem, p. 46. 48 Idem, ibidem, p. 47.
25
Essa categoria possui uma forte influência na compra, como a lealdade
à marca, principalmente quando não há motivação por parte do consumidor e
nem pesquisa sobre a mesma. É relevante para a marca que a percepção da
qualidade seja destacada para se obter a valorização e o conhecimento, seja
em qualquer segmento desejado. Deve-se avaliar as seguintes questões:
“O que impulsiona a qualidade percebida? O que é importante
para o consumidor? O que sinaliza a qualidade? A qualidade
percebida é valorizada, ou o mercado está se movendo em
direção a um negócio de commodity49? Os preços e as
margens estão se erodindo50? Se for o caso, o movimento
pode ser diminuído ou revertido? Como os concorrentes se
previnem quanto à qualidade percebida? Existem quaisquer
mudanças? Em testes “cegos”, o quanto vale o nosso nome de
marca? Esse valor tem mudado com o tempo?” (AAKER, 1998:
28 e 29). 51
Ainda segundo (AAKER, 1998: 20), a percepção da qualidade pode ser
a base para a extensão da marca. As extensões de marcas estão pautadas no
valor da ‘marca mãe’, ou seja, aquela que originou a extensão, daí a
importância da qualidade.
4) Associação à marca: o valor do nome da marca está ligado a
associações ligadas a ela. AAKER (1998: 20) explica muito bem isso:
“Associações como Ronald McDonald podem criar uma atitude
ou um sentimento positivo ligado a uma marca como
McDonald’s. O elo da Karl Malden com o American Express
proporciona credibilidade, e (para alguns) pode estimular
confiança no serviço”. 52
A associação atrai os consumidores e principalmente dificulta o
confronto com concorrentes. Para isso, a marca precisa ter um bom
posicionamento, capaz de passar a imagem de credibilidade. Essas
49 Commodity - mercadoria 50 Erodindo – erosão. 51 AAKER, David A. Marcas: Brand Equity gerenciando o valor da marca. São Paulo: Elsevier Editora, 1998, p. 28 e 29. 52 Idem, ibidem, p. 20.
26
associações estimulam os consumidores na compra de um determinado
produto, demonstrando seu diferencial. MARTINS (1999: 3) dá alguns
exemplos: “BMW demonstra sofisticação e poder (status); Free significa
inteligência e espontaneidade; Levi’s é o rústico/ autêntico; Nike é o espírito
cosmopolita e rebelde; Omo significa respeito e valorização da dona de casa”. 53 Podemos perceber que em cada aspecto são atribuídas características
conforme a personalidade da marca e de seu consumidor. Contudo, deve-se
analisar as seguintes questões:
“Que imagem mental a marca estimula? Esta imagem é uma
vantagem competitiva? Existe um slogan ou símbolo que seja
um ativo de diferenciação? Como estão posicionadas a marca
e a concorrência? Avalie cada posição com respeito ao seu
valor/ relevância para os consumidores e o quão protegida/
vulnerável está para os concorrentes: que posição é a mais
valiosa e bem protegida?; o que a marca significa?; quais são
as suas associações mais fortes?” (AAKER, 1998: 29) 54
5) Outros ativos do proprietário da marca – patente, trademarks,
relações com os canais de distribuição: São estabelecidos por outros ativos da
empresa, como marcas registradas e o relacionamento com os canais de
distribuição. Na visão de AAKER (1998: 22), “esses ativos da marca serão
muito importantes se (...) impedirem as ações dos concorrentes. E mais: Por
exemplo, uma marca registrada protegerá o brand equity contra os
concorrentes que tentarem confundir os consumidores mediante o uso de um
nome semelhante, símbolo ou embalagem”. 55
O consumidor só decidirá por uma marca se sua identidade for forte.
Quanto ao canal de distribuição é fundamental estabelecer a marca em vez da
empresa.
É necessário examinar as questões abaixo:
53 MARTINS, José. O imaginário da marca. In: Grandes Idéias em Marketing. Rio de Janeiro, 1999, p. 3 – 6. 54 AAKER, op cit, p. 29. 55 AAKER, David A. Marcas: Brand Equity gerenciando o valor da marca. São Paulo: Elsevier Editora, 1998, p. 22.
27
“Existem vantagens competitivas sustentáveis ligadas ao nome
da marca que não estejam refletidas as quatro citadas
dimensões do brand equity? Há uma patente ou marca
registrada que seja importante? Existem históricos de
relacionamentos de canais de distribuidores que propiciem
barreiras aos concorrentes?” (AAKER, 1998: 29). 56
A figura abaixo apresenta de forma objetiva e resumida o conceito de
brand equity. As cinco categorias de ativos são mostradas como sendo sua
base. A figura também mostra que o brand equity cria valor não só para o
consumidor como para a empresa.
Fig. 3 – Brand equity.
Fonte: AAKER, David A. Marcas: Brand Equity gerenciando o valor da marca. São Paulo:
Elsevier Editora, 1998, p. 18
56 Idem, ibidem, p. 29.
28
2.2 Gestão de marcas
A gestão de marcas está sendo destacada como tópico neste capítulo
devido à maneira pela qual são traçadas estratégias para que a marca não
passe despercebida e muito menos confundida, fato que apenas acontece
quando não há um planejamento estratégico eficaz da empresa.
Para que não ocorra tal risco, a marca deve estar fixada na cabeça no
consumidor, através de seu diferencial, ou seja, algo que chame atenção. A
semelhança em alguns tipos de embalagens confunde o consumidor, um
exemplo disso é a embalagem da marca de açúcar Neve e a marca de açúcar
União, essa semelhança pode fazer com que o consumidor leve a marca Neve,
sem na verdade preferi-lá. Essa compra pode ocasionar na troca do produto se
ele não tiver um atributo.
A criação de um órgão competente - Instituto Nacional da Propriedade
Industrial (INPI) foi necessária para que, entre outras coisas, as marcas fossem
registradas por meio de patentes, de acordo com a Lei da Propriedade
Industrial (Lei n.º 9.279/96). Vejamos a missão do INPI: “O INPI existe para
criar um sistema de Propriedade Intelectual que estimule a inovação, promova
a competitividade e favoreça os desenvolvimentos tecnológico, econômico e
social”. 57
Como já foi dito, a gestão de marcas está vinculada à determinação de
estratégias, conhecida também como branding, um dos campos de atuação do
marketing.
KOTLER e KELLER (2006: 268) destacam a importância da gestão de
marcas ao afirmar que “os profissionais de marketing das marcas de sucesso
do século XXI precisam se sobressair no processo de gerenciamento
estratégico da marca”. 58
Os profissionais de marketing precisam se sobressair, pois o
investimento que uma marca precisa para se tornar uma marca forte é imenso.
O papel do branding é diferenciar um produto de um fabricante dos de
outro fabricante e tem como objetivo desenvolver e manter um conjunto de
57 http://www.inpi.gov.br/menu-esquerdo/instituto/planejamento/missao-e-visao Acessado em: 01/04/09. 58 KOTLER, Philip, KELLER, Kevin Lane. Administração de Marketing. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006, p. 268.
29
valores e atributos para construção de uma marca que seja percebida pelo
consumidor. O branding se tornou uma prioridade no marketing.
“O processo de gerenciamento estratégico da marca envolve
quatro etapas principais: identificação e definição do
posicionamento da marca; planejamento e implementação do
marketing da marca; avaliação e interpretação do desempenho
da marca; e crescimento e sustentação do valor da marca”.
(KOTLER e KELLER, 2006: 268) 59
Neste capítulo será abordado, o que talvez possa ser considerado o
ponto chave do gerenciamento de marcas, a sustentação do valor da marca na
mente do consumidor.
O consultor e escritor, José Roberto Martins60, é o criador da Global
Brands – empresa que faz avaliação de marcas, avaliação de ativos intangíveis
e branding. Em seu site ele explica que “branding é o conjunto de ações
ligadas à administração das marcas. Tomadas com conhecimento e
competência, levam as marcas além da sua natureza econômica, passando a
fazer parte da cultura, e influenciar a vida das pessoas”. 61
As marcas vão além de sua natureza econômica e fazem parte da
cultura quando ao invés de venderem produtos passam a vender, por exemplo,
estilos de vida.
A análise de José Roberto Martins evidencia que o trabalho de branding
requer mais do que criar logotipos e embalagens. As empresas devem buscar
otimizar o seu valor para que tenham sua marca uma atuação mundial ou
simplesmente local.
Ao entrarmos no tema valor da marca, será necessário analisar a
medição de valor da marca, pois de nada adianta gerenciar a marca se não
soubermos medir o seu valor.
59 KOTLER, Philip, KELLER, Kevin Lane. Administração de Marketing. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006, p. 268. 60 José Roberto Martins é o autor dos livros: O Império das Marcas (1996), em parceria com o jornalista Nelson Blecher; Grandes Marcas Grandes Negócios (1997); Branding Um Manual para Criar Gerenciar e Avaliar Marcas (2000; 3ª. edição 2006); Presságios O Livro dos Nomes (2002); dezenas de artigos e resenhas em jornais e revistas, no Brasil e exterior. 61 http://www.globalbrands.com.br/branding_h.asp. Acessado em: 01/04/09.
30
A marca precisa gerar riqueza para alimentar a relação com o
consumidor, que é o foco dos esforços de branding.
Fala-se muito sobre o valor das marcas, mas como este valor é medido?
A Interbrand – empresa de avaliação de marcas, há 8 anos, se baseia numa
estimativa do valor dos ganhos de hoje ou no fluxo de caixa que se espera seja
gerado pela marca no futuro. Acompanhe abaixo a fórmula da Interbrand para
calcular a força da marca, entre parênteses seguem os pesos dados a cada
item:
1) Liderança (25 por cento): a capacidade da marca de
influenciar seu mercado e seu mercado e ser uma força
dominante, com uma participação de mercado forte a ponto de
poder definir limites de preços, comandar a distribuição e
resistir a novos concorrentes. Uma marca que lidera seu
mercado ou setor de mercado é uma propriedade mais estável
e valiosa do que outra que esteja mais abaixo na escala de
liderança.
2) Estabilidade (15 por cento): a capacidade da marca de
sobreviver durante um longo período de tempo, com base na
fidelidade do consumidor e em seu histórico. Marcas
estabelecidas por um longo período de tempo, com base na
fidelidade do consumidor e em seu histórico. Marcas
estabelecidas por um longo período e que se tornaram parte da
‘tessitura’ de seus setores são especialmente valiosas.
3) Mercado (10 por cento): o ambiente comercial da marca em
termos de crescimento de clientes potenciais, volatilidade e
barreiras à entrada. Marcas de mercados como alimentos,
bebidas e publicações são intrinsecamente mais valiosas do
que marcas em, por exemplo, áreas de alta tecnologia ou
vestiário, pois esses mercados são mais suscetíveis a
mudanças.
4) Expansão geográfica (25 por cento): a capacidade da marca
de transpor fronteiras geográficas e culturais. Marcas
internacionais são inerentemente mais valiosas do que marcas
nacionais ou regionais, devido em parte a suas economias de
escala.
31
5) Tendência (10 por cento): o progresso constante e a
capacidade da marca de se manter contemporânea e relevante
aos consumidores.
6) Suporte (10 por cento): a quantidade e a consistência das
atividades de marketing e comunicação. Os nomes de marca
que receberam investimento consistente e suporte focado
devem ser mais valorizados. Embora o valor gasto no suporte
a uma marca seja importante, a qualidade por ele oferecida é
igualmente significativa.
7) Proteção (5 por cento): o direto legal de propriedade da
marca. A marca registrada é um monopólio estatutário de um
nome, logo ou uma combinação dos dois. Outra proteção pode
existir na lei consuetudinária, pelo menos em alguns países. A
força e a amplitude da proteção da marca são fundamentais
para a estimativa de seu valor. (KOTLER e KELLER, 2006, p.
285 e 286) 62
Segundo informações do site www.meiosepublicidade.com.br em
matéria publicada em 22/09/08, a Interbrand, consultora especializada em
Branding (ou seja criação e desenvolvimento de marcas), difundiu a edição
2008 da sua classificação anual das marcas mas valiosas no mundo. O rank
das marcas mais valiosas do mundo é publicado pela revista de negócios
norte-americana Business Week e já avaliou mais de cinco mil marcas. Em
todas as edições, a Coca-Cola esteve em primeiro lugar. Na figura abaixo
estão listadas as doze primeiras colocações.
62 KOTLER, Philip, KELLER, Kevin Lane. Administração de Marketing. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006, p. 285 e 286.
32
Fig. 4 – Resultado da pesquisa no google.
Fonte:http://www.meiosepublicidade.pt/2008/09/22/coca-cola-ibm-e-vista-lideram-ranking-
interbrand/. Acessado em: 30/3/09.
Voltando ao processo de gerenciamento estratégico da marca, que
segundo KOTLER e KELLER (2006, p. 268) “envolve quatro etapas principais”,
iremos abordar agora a primeira delas: identificação e definição do
posicionamento da marca.
O posicionamento da marca deve ser bem claro para que o consumidor
não fique confuso sobre o que a marca oferece. O exercício de posicionar é
parte integrante de qualquer estratégia de marketing.
Por posicionamento, KOTLER e KELLER (2006: 305) entendem como:
“é a ação de projetar o produto e a imagem da empresa pra ocupar um lugar
diferenciado na mente do público-alvo”. 63
O posicionamento da marca está diretamente ligado a como ela quer ser
reconhecida pelo consumidor, sua essência está vinculada a seu
posicionamento. Um exemplo de empresa que conseguiu estabelecer
63 KOTLER, Philip, KELLER, Kevin Lane. Administração de Marketing. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006, p. 305.
33
posicionamento duplo é a BMW - luxo e desempenho, devido ao design do
carro e também ao fato de que é visto como luxuoso e potente.
MARTINS entende estratégia de posicionamento da marca como “um
exercício de relatividade”, onde “deve equilibrar os dois aspectos de uma
marca: o emocional (as necessidades e expectativas dos consumidores) e o
racional (os objetivos do negócio)”. 64
MARTINS ainda explica que:
“O posicionamento integra os três fatores que determinam o
futuro de uma empresa: estratégia competitiva; domínio
setorial; atributos da marca. Essa visão compreende as lições
brilhantemente demonstradas por Michael Porter, Peter
Drucker e Philip Kotler”. 65
“Se o posicionamento de uma empresa for brilhante, será fácil traçar o
restante do planejamento e da diferenciação do marketing com base na
estratégia de posicionamento”, como diz KOTLER e KELLER (2006: 305). 66
As empresas devem estar atentas e saber identificar hora correta de
reposicionar uma marca. MARTINS explica que “algumas empresas farão isso
por amor (porque mediram a imagem da marca e perceberam que ela estava
se desgastando), enquanto outras o farão pela dor (as vendas e margens
caíram)”. 67
A segunda etapa do processo de gerenciamento da marca é o
planejamento e implementação do marketing da marca. Para KOTLER e
KELLER (2006: 290), “a estratégia de branding de uma empresa reflete o
número e a natureza dos elementos de marca comuns e característicos que se
aplicam aos diferentes produtos por ela comercializados”, ou seja, os autores
afirmam que “é preciso decidir a natureza dos elementos de marca novos e
64 MARTINS, José Roberto. O que é posicionamento de marca? Posicionar a marca com inteligência. Texto disponível em: http://www.globalbrands.com.br/artigos.asp?id=66. Acessado em: 01/04/09. 65 Idem, ibidem. Acessado em: 01/04/09. 66 KOTLER, Philip, KELLER, Kevin Lane, op cit, p. 305. 67 MARTINS, José Roberto. O que é posicionamento de marca? Posicionar a marca com inteligência. Texto disponível em: http://www.globalbrands.com.br/artigos.asp?id=66. Acessado em: 01/04/09.
34
preexistentes a serem aplicados a produtos novos e preexistentes”. Três
opções sugeridas por estes dois autores:
“1) Desenvolver novos elementos de marca para o novo
produto. 2) Aplicar alguns de seus elementos de marca
preexistentes.
3) Utilizar uma combinação de elementos de marca novos e
preexistentes”. 68
A terceira etapa está relacionada a avaliação e interpretação do
desempenho da marca, ou seja, a avaliação do brand equity. KOTLER e
KELLER (2006: 282) explicam bem esta questão, ao dizerem que “as
empresas precisam realizar auditorias de marca”, por meio de “inventário da
marca e de pesquisa exploratória do valor da marca”. 69
A quarta e última etapa baseia no crescimento e sustentação do valor da
marca.
2.3) A filosofia da marca transferida para o produto
Quando foi estudado o consumo no mundo contemporâneo (tópico 1.4),
apontou-se o fato de que hoje, segundo CARRIL (2007: 33), existe uma
tendência onde “o produto deixa de vendido e dar lugar a um conceito, um
estilo de vida associado à marca”. 70
Ou seja, pode-se dizer que é neste momento que as marcas ganham
força, porque passam a atuar como ‘vendedoras de estilos’.
KLEIN (2006: 27) enfatiza em seu livro Sem logo, a tirania das marcas
em um planeta vendido (uma crítica às Corporações) que “as corporações de
sucesso devem produzir principalmente marcas, e não produtos”, 71 uma idéia
desenvolvida por teóricos da administração em meados da década de 1980.
A força da marca é tão evidente que o produto pode ser terceirizado. A
Nike é uma das empresas que terceiriza sua produção.
68 KOTLER, Philip, KELLER, Kevin Lane. Administração de Marketing. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006, p. 290. 69 Idem, ibidem, p. 282 e 283. 70 CARRIL, Carmen. Qual a importância da marca na sociedade contemporânea? São Paulo: 2007, p. 33. 71 KLEIN, Naomi. Sem logo, a tirania das marcas em um planeta vendido. 5ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2006, p. 27.
35
MARTINS levanta uma questão interessante sobre este tema. Ele
explica que especialistas afirmam que “o nome do fabricante aumenta em no
mínimo 40% o valor de um produto”. Mas, “esse percentual pode atingir 60%”,
como no caso da Nike, da Louis Vuitton e de outras tantas.
Em seu site 72, MARTINS apresenta o caso Nike, segundo ele:
“A cada ano a Nike desembolsa 1,3 bilhão de dólares em
publicidade e contratação de atletas renomados como garotos-
propaganda – isso corresponde a 11% de seu faturamento
anual, que é de 12,2 bilhões de dólares. O golfista Tiger
Woods, por exemplo, ganha 80,3 milhões de dólares por ano, e
o piloto de Fórmula 1 Michael Schumacher fatura quase 60
milhões. Ao associar sua imagem à de estrelas de diferentes
esportes, a empresa quer dizer que todos nós podemos ser
atletas, desenvolver aquele espírito competitivo retratado em
suas campanhas publicitárias e, quem sabe, chegar lá um dia.
E sem grandes esforços. Lembra-se? "Just do it””.
Se fossemos adaptar o slogan da Nike para a língua portuguesa,
poderíamos dizer ao pé da letra “basta fazê-lo” ou “apenas faça”.
A Nike enfrentou duras críticas relativas à exploração da mão-de-obra
nos países asiáticos nos anos 90. KLEIN (2006: 75) faz parte do grupo de autores
que criticam o modelo adotado pela Nike, como podemos ver no trecho abaixo:
“A mitologia corporativa diz que a Nike é uma empresa de
esporte e forma física porque foi formada por um bando de
atletas que adoravam esportes e eram fanaticamente
dedicados ao culto a atletas de elite. Na realidade, o projeto da
Nike foi um pouco mais complicado e pode ser separado em
três princípios norteadores. Primeiro, trasforme um seleto
grupo de atletas em superestrelas ao estilo Hollywood que
estejam associados não apenas com suas equipes ou mesmo,
às vezes, com seu esporte, mas com algumas idéias puras
sobre atletismo como transcendência e perseverança –
72 MARTINS, José Roberto. O que é posicionamento de marca? Posicionar a marca com inteligência. Texto disponível em: http://www.globalbrands.com.br/artigos.asp?id=35. Acessado em: 01/04/09.
36
incorporações do ideal grego-romano da forma masculina
perfeita. Segundo, oponha o “Puro Esporte” da Nike e sua
equipe de atletas superstars ao mundo do esporte estabelecido
e obcecado por regras. Terceiro, e mais importante, faça
branding como um louco.” 73
Naomi Klein dedica um capítulo intitulado A fábrica descartada - a
produção degradada na Era da Supermarca, a explicar o que ela chama de
contexto onde “a posse vale mais que o objeto”. 74
Para KLEIN (2006: 222), “a Nike, que começou como um esquema de
importação/exportação dos calçados “Made in Japan” e não montou nenhuma
de suas fábricas, tornou-se o protótipo de marca liberta do produto”. 75
A estrutura de produção terceirizada é além de tudo, extremamente
barata.
SCHUWEITZER 76 citado por KLEIN (2006: 219) afirma que “a diferença
entre produtos e marcas é fundamental. Um produto é algo feito na fábrica;
uma marca é algo comprado por um consumidor”. 77
O pensamento de KLEIN (2006: 219) complementa o pensamento de
SCHUWEITZER e também a deste tópico ao dizer que “as agências de
publicidade espertas ‘abandonaram’ a idéia de que elas estão empenhadas em
um produto feito por outra pessoa e passaram a pensar em si mesmas como
fábricas de marca, produzindo o que é de valor verdadeiro: o conceito, o estilo
de vida, a atitude”. 78
Como forma de complementar as idéias levantadas neste capítulo, é
oportuno conhecer as características em comum das marcas mais fortes do
mundo citadas por KOTLER e KELLER (2006: 270):
73 KLEIN, Naomi. Sem logo, a tirania das marcas em um planeta vendido. 5ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2006, p. 75. 74 Idem, ibidem, p. 219. 75 Idem, ibidem, p. 222. 76 Peter Schweitzer é presidente da gigante da publicidade J. Walter Thompson. 77 SCHUWEITZER citado por KLEIN, Naomi. Sem logo, a tirania das marcas em um planeta vendido. 5ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2006, p. 219. 78 KLEIN, Naomi. Sem logo, a tirania das marcas em um planeta vendido. 5ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2006, p. 219.
37
“1) A marca se destaca por oferecer os benefícios que os
consumidores realmente desejam. 2) A marca se mantém
relevante. 3) A estratégia de determinação de preços se baseia
nas percepções de valor por parte dos clientes. 4) A marca é
devidamente posicionada. 5) A marca é coerente. 6) O portfólio
e a hierarquia da marca fazem sentido. 7) A marca utiliza e
coordena um repertório completo de atividades de marketing
para construir a brand equity. 8) Os gerentes de marca
compreendem o que a marca significa para os consumidores.
9) A marca recebe apoio adequado e freqüente. 10) A empresa
monitora fontes de brand equity”. 79
79 KOTLER, Philip, KELLER, Kevin Lane. Administração de Marketing. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006, p. 290.
38
Capítulo 3
Estudo de Caso – Case OI
3.1 História
Em 1997, a Telemar assumiu os serviços de telefonia fixa, que eram
antes dominados pela estatal Telemig. Mas foi apenas cerca de cinco anos
depois, em 2002, que ela entrou no mercado da telefonia móvel. Ela enfrentava
alguns desafios, pois entrava em um mercado que já contava com 6
prestadores de serviço de telefonia móvel. Como então conquistar a liderança
em um mercado como esse, em que, além de não haver muita diferenciação, a
marca Telemar carregava o peso de ser uma prestadora de serviços com
diversas queixas junto ao consumidor?
Esta nova marca de telefonia móvel da Telemar queria ser identificada
como uma marca nova, que oferecesse produtos e serviços novos. A solução
foi posicionar a Oi como uma marca que quer fazer as coisas para o
consumidor da forma mais simples e fácil possível. Uma marca com uma
personalidade informal, espirituosa, corajosa, ousada, radicalmente inovadora
e simples. Junto a isso, a comunicação procuraria reposicionar os
concorrentes, envelhecendo suas marcas e buscando reinventar a categoria de
telefonia móvel.
Para isso, investiu em um nome simples, com uma expressão
largamente utilizada quando se quer estabelecer contato – “Oi”. Essa
interjeição, seguida do slogan "simples assim" respondia perfeitamente àquilo
que a marca desejava comunicar.
Interessante destacar que a palavra "celular" jamais é mencionada. Não
é isso que Oi vende. Ela vende Oi – contato, pertencimento, interação em um
mundo globalizado – e pronto. Para complementar o pioneirismo e jovialidade
da marca, desde seu lançamento, buscou apropriar-se da novidade globalizada
da tecnologia GSM. E conseguiu, obtendo o maior lançamento da indústria
mundial de GSM, tendo conquistado 500.000 clientes em menos de 2 meses.
39
Fonte: NBS – Agência de Comunicação da Oi.
O consumidor foi apresentado a essa nova tecnologia com frases como
(Manual da Oi, 2007: 9). "Seu Oi faz parte da rede mundial GSM, com mais de
um bilhão de usuários em todo o mundo" e "Parabéns. Você acabou de entrar
para a geração mais avançada em telefonia móvel do mundo". 80
É importante notar que a tecnologia GSM – introduzida no Brasil pela
Telemar e que permite serviços como acesso à internet via WAP, envio de
mensagens com textos, som e imagem, além de transferência de arquivos
digitais como música no formato MP3 – não é uma exclusividade da Oi, assim
como os modelos de aparelhos telefônicos, que contam com poucas
diferenciações. (Philip Kotler, 2006: 427) "Bens, serviços ou atributos podem
ser facilmente copiados pelos concorrentes” 81.
Mas, ainda assim, a Oi conseguiu se manter diferenciada de seus
concorrentes, atingindo uma rápida liderança: em 2006, com menos de 3 anos
no mercado, tornou-se a nº1 em sua área de atuação.
Ao longo de quase quatro anos de mercado, a base de clientes da Oi
teve uma curva de crescimento invejável, permanente, atingindo cerca de 12
milhões de clientes.
80 Manual da OI. Rio de Janeiro, 2007, p.9. 81 KOTLER, Philip, KELLER, Kevin Lane. Administração de Marketing. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006, p. 427.
40
Em 2007, como consequência do sucesso de markenting da Oi, a
Telemar, então holding da própria Oi, passou a se chamar "Oi Fixo" para
acompanhar a imagem da Oi. Com isso a Telemar passou a usar o nome Oi
em todos os seus produtos (telefonia fixa, internet banda larga e DDD).
Neste mesmo ano a Oi obteve lucro recorde em suas operações de
2,358 bilhões de reais superando em 48,6% o lucro do ano anterior. A empresa
atribuiu o grande lucro, principalmente, a ampliação dos clientes em banda
larga (Oi Velox) e telefonia celular.
3.2 – A Construção da Marca
O modelo de comunicação da Oi é um exemplo de eficiência em elevar a
marca ao conceito de cultura de consumo e de capacidade em criar uma
identidade cultural para si. Vamos tentar analisar quais são as principais
estratégias e associações que a Oi busca para, cada vez mais, se constituir
não só como um logotipo famoso, mas como uma identidade de marca.
Enquanto outras prestadoras de serviços em telefonia móvel pessoal ainda
baseiam suas peças publicitárias na fórmula "maior e melhor cobertura" e se
limitam ao patrocínio de um ou outro esporádico evento cultural, a Telemar
investe em criar uma identidade de marca e isso é o que a diferencia. A Oi não
é apenas mais uma prestadora de serviços em telefonia móvel, trata-se de uma
Fonte: NBS – Agência de Comunicação da Oi.
41
marca. A intenção não é unicamente vender os serviços em tecnologia de
informação e sim, antes, estender a noção da marca para uma estética da
marca. Quem verdadeiramente presta serviços no ramo das telecomunicações
é a empresa que detém a Oi, a Telemar Norte Leste S/A que, como sabemos,
começou preenchendo a lacuna de um serviço público recém privatizado. Mas
se o que a diferencia não são os serviços prestados nem tampouco os
aparelhos, como vimos no capítulo 3.1, o que de fato difere uma prestadora de
outra? Nós arriscarmos a responder, sem medo de errar, que a grande
diferença está na identidade cultural que a empresa proporciona, agregando
valor à sua imagem através de ações de comunicação e marketing integradas,
o que convencionamos chamar de branding.
A visão da marca apresentada em seu posicionamento – já descrito no
capítulo 3.1, mas que vale aqui um reforço: “Oi, uma marca que quer fazer as
coisas para o consumidor da forma mais simples e fácil possível” – está
presente em todos os seus esforços de marketing, passando pelo nome,
ofertas, estratégia publicitária, segmentação e targeting, experiência de marca.
Veja como esses diversos esforços se encontram:
a) Nome – “Oi: exclamação amigável em resposta ao ouvir-se o próprio nome;
alô ao telefone; saudação ao encontrar alguém.”
b) Core Creative Idea – criada pela agência NBS para estar presente nos
temas da campanha, com o objetivo de reinventar a categoria e envelhecer as
demais marcas – “Diga tchau pra telefonia celular que você conhece, diga oi
para o futuro. O seu celular ainda vai fazer você passar vergonha. O seu
celular acaba de ficar velho. Celular é coisa do passado. Pra que ter um celular
se você pode ter um Oi? Não faz o menor sentido você não ter um Oi! Não ter
um Oi ficou completamente ultrapassado.”
c) Ofertas – ousadas, inovadoras, sinérgicas, convergentes – exemplo:
promoção de pré-venda de lançamento, que ofereceu 31 anos de ligações
42
grátis nos fins de semana. Essa promoção teve 4 milhões de inscritos e
conversão de 500 mil clientes em menos de 2 meses.
d) Segmentação e targeting – ofertas segmentadas, ligadas a marcas ou
motivações relevantes para públicos específicos – alguns exemplos:
• OI MTV: oferta co-
branded, estrelada por
VJs e apresentadores
famosos da MTV,
direcionada aos jovens
que curtem música.
Essa parceria com
a MTV se estendeu na construção do que podemos chamar de "identidade Oi".
Nela, os clientes da operadora têm à sua disposição ringtones com as músicas
dos artistas que possuem seus videoclipes veiculados pela MTV, além de
imagens com as características visuais próprias da emissora. Essa é uma
43
estratégia de interpromoção, que confere à Oi capacidade de atingir e
sensibilizar o público jovem, que há anos consome o formato MTV e que agora
passa também a consumir, através de aparelhos Oi MTV, o estilo de vida que a
Oi constrói para si mesma. Isso levando em consideração que a MTV, assim
como a Oi, também adotou um modelo de divulgação de sua imagem que a fez
transcender da categoria de emissora de televisão à de marca, difundindo
essencialmente os valores de uma identidade jovem e da diversidade de
estilos.
• OI Universitário: oferta segmentada, para universitários que estão em busca
de estágio.
• OI Xuxa: oferta co-branded, estrelando a apresentadora mais famosa do
Brasil, voltada às consumidoras tween.
• O Consumidor maduro – mensagem “Quando era jovem, eu surfava e
azarava as menininhas. Mas a idade chega. Hoje eu surfo e azaro as mães das
menininhas.
44
e) Comunicação – integrada, coerente, presente em todos os pontos de contato
e conexão da marca com as pessoas, seja na propaganda ou no ponto de
venda.
45
Em sua comunicação, principalmente nos comerciais de televisão,
vemos um mundo que não é real, apesar de as pessoas serem reais. No
mundo da Oi não há espaço para cores reais. Tudo é azul-esverdeado, lilás e
laranja, não importa se estamos vendo a grama, o céu ou as roupas dos
vendedores – tudo têm essas cores. Além disso, a Oi vem marcando (no
sentido estrito da marca) seu espaço no território urbano com grandes outdoors
sobre as laterais dos prédios nas avenidas e corredores centrais da cidade e
agora começa também a tomar os pedestais dos telefones públicos de modo
que, para onde quer que se olhe, é impossível não perceber a presença da Oi.
f) Embalagem – troca das embalagens de fábrica por embalagens próprias,
apropriando-se do inédito portfólio GSM e fortalecendo o conceito de
transparência.
A marca Oi está presente nos mais diversos setores e compreende uma
vasta gama de associações nas esferas pública e social. Seu branding abrange
desde patrocínio diferenciado a eventos de música, moda e esportes até a
emissora de rádio, publicação de uma revista de moda e comportamento que
leva seu próprio nome, passando pelas formas convencionais de publicidade,
nos meios de comunicação de massa tradicionais como televisão e meios
impressos, além de internet, já que a operadora possui portal de serviços e é
também provedora de internet, atuando, portanto, também em nível virtual,
passando pela ocupação cada vez mais contundente do espaço urbano pela
marca e pelo seu conceito visual.
46
Neste campo do planejamento visual da marca, podemos analisar que
no mundo da Oi não existem cores reais, apenas as cores de Oi. Nenhum azul
remete ao céu, mas ao tom verde-azulado, batizado como "aqua", de seu
projeto gráfico. Esse visual futurístico televisionado nos dá a impressão de
transporte para outra realidade, uma semi-realidade ou “realidade Oi”. Em seu
projeto visual, a Oi também procura se diferenciar e criar uma identidade visual
muito forte. Tudo o que seja relacionado à promoção da marca é feito em uma
das suas quatro alegres e joviais cores: lilás, laranja e "aqua", além do
amarelo, característico da sua logomarca. Uma boa contraposição ao trio
clássico azul/ vermelho/ branco utilizado pelas demais operadoras.
Em busca de associações positivas para a identidade da marca, a
empresa investe nos esportes, como foi o caso do patrocínio de atletas
brasileiros rumo aos jogos Pan-americanos de 2007 e com atletas "radicais" do
skate e dos patins in-line e também com atletas anônimos, que desejam ou um
dia desejaram ocupar um lugar no Olimpo. No primeiro caso, a campanha
evoca nos atletas a imagem do super-herói, com seus super-poderes – será
que foram concedidos por alguma deusa das telecomunicações? Eles integram
o Time Oi. Aqui, a questão vai além do patrocínio como é realizado na maioria
dos casos. Os esportistas são conduzidos à categoria de atletas-Oi. Não se
resume à imagem da logomarca Oi nos jogos Pan-Americanos. Atletas Oi são
“super-heróis” da marca, com “superpoderes” da marca, que se tornam
conhecidos, mesmo antes dos jogos, através do empenho de comunicação da
marca. Fica muito fluido o limite da divisão entre quem está se apropriando de
quem, neste caso.
Nos esportes, a Oi também patrocina equipes locais de menor projeção,
como Oi/Macaé, de vôlei; o Time Telemar, de basquete; e as equipes
masculina e feminina de judô do Oi Sogipa (Sociedade de Ginástica Porto
Alegre - RS).
47
Mas seu branding não é feito somente em patrocínio de esportes. A Oi
também tem investido no ramo da moda, associando sua imagem e seu capital
a grandes eventos de moda pelo Brasil. A empresa é patrocinadora master do
Fashion Rio, maior evento de moda da capital fluminense.
48
Ainda nesta esfera, a empresa desenvolve parcerias com estilistas
brasileiros consagrados e iniciantes que demonstrem ser cool para trabalhar no
projeto de souvenirs assinados para clientes exclusivos. No Fashion Rio 2006,
a operadora associou-se à marca carioca de roupas Sandpiper, um projeto que
foi chamado de Sandpiper Oi Connection 06. De acordo com o catálogo de
produtos e serviços da operadora, pela primeira vez no país, os clientes de
uma operadora de telefonia móvel têm, nos seus aparelhos, acesso direto a um
catálogo de grife, podem consultar endereços de lojas pelo Brasil, baixar
vídeos, imagens e músicas que inspiram à criação de uma coleção de moda
(OI BAZAR, fev. 2006, p. 7).
A Oi também tem feito participações
no cenário musical. Prova disso é o Oi
Noites Cariocas, ciclo de eventos com a
presença de artistas consagrados da
música brasileira, como Gilberto Gil,
Sandra de Sá, Paralamas do sucesso, Djavan, Ed Motta e Zélia Duncan. O
grande diferencial destes eventos patrocinados está no fato de que a marca
chega às vezes a superar a imagem do artista, ao mesmo tempo em que se
utiliza de sua imagem para gerar associações de valores positivos para si.
49
Ainda no terreno musical, a mais ousada iniciativa de imprimir sua
identidade à cultura de consumo se reflete na rádio Oi FM, com abrangência
restrita a 9 cidades brasileiras. Com a rádio Oi FM, a Oi apropria-se de um
meio de comunicação de massa para divulgar sua cultura. A programação é
baseada nas músicas de artistas e gravadoras que, de alguma forma, estão
associadas à imagem da Oi. São aquelas músicas disponibilizadas em
ringtones (toques musicais) pela operadora, os artistas classificados pelo seu
festival virtual; as gravadoras que disponibilizam os trechos em MP3 das
músicas que o ouvinte conheceu através da Oi FM. Ou seja, temos aqui
informação articulada transformando-se em cultura e identidade de marca. Os
artistas, principalmente os iniciantes, buscam visibilidade através da divulgação
por uma grande marca. Já as gravadoras utilizam o potencial cultural destes
artistas, enquanto os ouvintes buscam em seu telefone a música que ouviram
na Oi FM. Dessa forma, quem sai fortalecida é a própria identidade da Oi.
Mas não é somente com uma rádio própria que a Oi faz um passeio
pelos meios de comunicação de massa. A Revista Oi segue o exemplo da
revista Colors, que serve para divulgação da imagem e estilo de vida da marca
italiana Benetton. A revista segue os moldes das publicações jovens e tem
como temas principais comportamento e modas jovens. Fala-se muito pouco
de telefonia celular. O objetivo prioritário é de divulgar sua cultura e fortalecer a
imagem da marca. Com a Revista Oi, a marca Oi deixa de ter um espaço
publicitário impresso para ser o próprio espaço publicitário, levando aos leitores
seus valores, posicionamento, imagem. Serve como parte de sua tarefa de
branding e, com ela, vai, pouco a pouco, ocupando espaço no cenário urbano,
fortalecendo sua identidade com seu público consumidor. Ao diluir a fronteira
entre jornalismo e publicidade, com um veículo impresso próprio, a Oi eleva
sua marca ao status de quase uma verdade absoluta. É a identidade de marca
com respaldo jornalístico.
Além da Revista Oi, a empresa conta com outra revista: Oi Bazar. Por
coincidência ou jogada de marketing, não dá para afirmar aqui, Bazar é o nome
de uma das principais revistas de moda e comportamento espanholas. Mas Oi
Bazar mistura revista e catálogo. Ao contrário da Revista Oi, que é
principalmente jornalística, tudo em Bazar é publicidade: os aparelhos
50
disponibilizados pela Oi dividem espaço com os aparelhos candidatos a ser a
moda do ano.
Recentemente, a empresa enveredou também pelos caminhos da
internet. Mas não estamos falando de seu site de relacionamento com o cliente.
A Oi também é provedora de Internet como a Aol e o Uol, grandes marcas do
ramo de provisão e suporte à internet. O grande diferencial é que ela está
integrada à identidade visual da empresa e a todos os outros produtos que ela
representa.
Em suas ações de mercado para construção de marca, podemos notar
que a Oi tanto influencia quanto é influenciada pelas diferenças de identidades.
Ao levar em conta a integração das classes de menor poder aquisitivo ao
mercado de telefonia celular, ela demonstra que não somente está preocupada
em imprimir sua identidade à sociedade onde atua, mas também absorve
características de seu público consumidor. Se as pesquisas do IBGE
demonstram um achatamento do poder de compra das classes médias e
estudos da Anatel demonstram que mais da metade dos celulares habilitados
no país são pré-pagos, ela busca fragmentar ou segmentar seus produtos e
serviços. É muito amplo o leque de opções de produtos e serviços oferecidos
pela operadora, que são orientados para os mais diversos estratos de poder
aquisitivo. É aqui que entra a diferenciação por poder de consumo.
Conhecendo o mercado em que atua, a Oi oferece planos, aparelhos e
condições para que todos os tipos de pessoas, com os mais variados níveis de
renda e conhecimento tenham um aparelho da operadora, sempre respeitando
suas características e identidades próprias.
Todo esse esforço de branding se reflete no alto recall da marca Oi. No
Prêmio Recall de Marcas de 2008, do Jornal do Commercio, a marca Oi foi
apontada como a mais lembrada, na categoria de telefonia celular, em todos os
gêneros, classes sociais, faixas etárias e municípios pesquisados. A principal
razão para o alto recall da marca Oi, de acordo com a própria empresa, está na
estratégia de convergência adotada pela companhia. A Oi foi a primeira a
oferecer soluções convergentes, combinando as vantagens da telefonia fixa,
móvel e de longa distância, além de acesso à internet em banda larga. Tem um
portfólio de serviços desenhado para atender variados perfis de clientes. Ser a
51
marca mais lembrada prova que sua estratégia de marketing está no caminho
certo.
A mudança da marca Telemar para Oi teve a intenção de traduzir a
convergência de serviços para o consumidor com mais simplicidade e
eficiência. No projeto de adoção da marca única, inovação, ousadia e atitude
são atributos que a empresa busca agregar à marca. Para isso, a Oi tem
procurado se associar eventos e projetos que tenham características
semelhantes às da empresa, com o objetivo de fidelizar e conquistar clientes. A
companhia foi pioneira no desenvolvimento de uma estratégia de marketing
que associa a imagem de uma empresa de telecomunicações a um estilo de
vida.
3.3 – Momento Atual no Mercado
Atualmente, a Oi é a maior companhia de telecomunicações do Brasil
em faturamento e número de telefones fixos em serviço. No fim de setembro de
2008, contabilizava mais de 37,7 milhões de usuários, sendo:
• 21,9 milhões em telefonia móvel;
• 13,9 milhões em telefonia fixa;
• 1,9 milhão em banda larga
• 60 mil em TV por assinatura.
Estes números referem-se aos estados Alagoas, Amapá, Amazonas,
Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Paraíba,
Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Roraima, São Paulo
e Sergipe. Sua linha de produtos engloba telefonia (fixo, móvel, DDD, DDI),
banda larga, internet, rádio e, agora, até TV.
A Oi teve em 2008 o maior crescimento de sua história em número de
clientes de telefonia móvel: 11,5% no trimestre e 52,6% no ano. Foram 8,7
milhões de novos clientes. É importante destacar que cerca de 1 milhão dos
novos clientes móveis vieram com a aquisição da Amazônia Celular e 2
milhões resultam do início de operações em São Paulo. Ainda assim, há um
52
crescimento orgânico da Oi, refletindo expansão de 33,7%, superior à média do
mercado brasileiro, que foi de 24,5%. Juntas, Oi e BrT terminaram 2008 com
cerca de 55,9 milhões de clientes, sendo 22 milhões em telefonia fixa, 30
milhões em telefonia móvel, 3,8 milhões em banda larga e 61 mil em TV por
assinatura.
Primeira operadora GSM do Brasil, a Oi hoje é a maior empresa
brasileira de telecomunicações, atuando em todo o território nacional. Oferece
transmissão de voz local e de longa distância, telefonia móvel, comunicação de
dados, internet e entretenimento. Tem cerca de 36 milhões de usuários, sendo
13,9 milhões em telefonia fixa; 20,3 milhões em telefonia móvel; 1,8 milhão em
banda larga e 59 mil em TV por assinatura. Mais de 10 mil pessoas trabalham
na empresa.
Em 2009, a Oi planeja repetir a estratégia na conquista de mercado e
ampliação de serviços, com investimentos operacionais entre R$ 5 bilhões e
R$ 6 bilhões em 2009. Os recursos serão destinados, principalmente, à
expansão nacional dos serviços de banda larga, mobilidade e TV por
assinatura, além da manutenção e melhoria de qualidade. A expectativa é
conquistar cerca de 9 milhões de clientes ao longo de 2009, principalmente em
telefonia móvel e banda larga.
Mantendo-se fiel ao posicionamento da marca que inclui conceitos de
inovação, ousadia e simplicidade, a Oi está sempre de olho no mercado,
lançando novas ofertas, que surpreendem os consumidores e impactam
diretamente seus concorrentes.
53
CONCLUSÃO
Partindo do contexto atual que envolve a marca, ou seja, a era do
hiperconsumo, onde as marcas se fortalecem independente dos produtos,
fizemos um estudo sobre a Construção da marca, a fim de identificarmos o seu
papel e entendermos como se dão as estratégias de branding.
O branding se tornou uma prioridade para o marketing, porque
antigamente não existia tanta variedade de produtos disponíveis para compra,
mas hoje, o consumidor consome vários produtos concorrentes no mesmo dia
e não se dá conta disso, dessa forma, verifica-se a importância de conhecer o
consumidor e tentar entender os seus hábitos e mais, como as marcas se
comportam diante deste novo cenário.
As marcas fazem parte da vida das pessoas e o fato dos produtos
possuírem características similares, fazem com que as marcas ganhem um
novo papel e imprimam um conceito e um estilo de vida associado a ela.
Para que as marcas cheguem a este ponto, é necessário um trabalho de
construção, como foi abordado no capítulo 2 deste trabalho acadêmico. Um
dos itens mais importantes do trabalho de construção de marcas é a definição
do posicionamento da marca, pois é a partir do posicionamento que o
consumidor enxerga seu diferencial e agrega valor e credibilidade a marca.
Neste contexto, estudamos as estratégias que a empresa OI utilizou para o
fortalecimento da marca e a transição da marca Telemar para a nova OI.
54
FONTES
Livros
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Paulo: Elsevier Editora, 1998.
CARRIL, Carmen. Qual a importância da marca na sociedade contemporânea?
São Paulo: Paulus, 2007.
HALL, Stuart. A Identidade Cultural na Pós Modernidade. Rio de Janeiro:
DP&A, 2006.
KLEIN, Naomi. Sem logo, a tirania das marcas em um planeta vendido. 5ª ed.
Rio de Janeiro: Record, 2006.
KOTLER, Philip, KELLER, Kevin Lane. Administração de Marketing. São Paulo:
Pearson Prentice Hall, 2006.
KOTLER, Philip. Marketing para o século XXI: Como criar, conquistar e
dominar mercados. São Paulo: Futura, 1999.
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Fronteira, 1998.
MORAES, Dênis de. (org.). Por uma outra comunicação. Rio de Janeiro:
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Sites
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55
EVENTOS CULTURAIS
56
CÓPIA EM CD