mundo contemporâneo - edição 6

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Número 6 Dezembro de 2009 Mensal Mundo 9 anos depois dos atentados, Nova Iorque recebe o ‘Julgamento do Século’ Literatura na Primeira Pessoa Uma das revelações da literatura portuguesa em entrevista, Isabel Fontes Quando o ‘Muro da Vergonha’ caiu... A 9 de Novembro de 1989, o último bastião do Comunismo caiu. Com ele caiu também todo o poderio que a URSS tinha no mundo. Desporto O ‘grupo da morte’ de Portugal em análise ao pormenor

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Mundo Contemporâneo - Edição 6 Em destaque: Queda do Muro de Berlim, 20 anos depois

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Page 1: Mundo Contemporâneo - Edição 6

Número 6 Dezembro de 2009 Mensal

Mundo

9 anos depois dos atentados, Nova Iorque recebe o ‘Julgamento do Século’

Literatura na Primeira Pessoa

Uma das revelações da literatura portuguesa em entrevista, Isabel Fontes

Quando o ‘Muro da Vergonha’ caiu...

A 9 de Novembro de 1989, o último bastião do Comunismo caiu.Com ele caiu também todo o

poderio que a URSS tinha no mundo.

Desporto

O ‘grupo da morte’ de Portugal em análise ao pormenor

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Quando o povo luta a cada dia para manter o seu lugar no emprego e não pode, de modo algum, ter um mau

momento, sempre com o medo de perder o seu cargo, vemos cenas cada vez mais lamentáveis no nosso Parlamento, pelos nossos deputados, pagos pelos nossos bolsos.

Fomos nós, na condição de eleitores, que colocamos na Assembleia da República todos os 230 deputados a tomar as decisões que afectam a nossa vida. Estaremos nós satisfeitos com aquilo que escolhemos? Creio que não.

Mas, ao contrário do que nós queríamos, no Parlamento não se decidem leis ou se dá «luz verde» para projectos concretos. O nosso Parlamento é, nos nossos dias, uma espécie de «jogo do gato e do rato» entre PS e toda a oposição.

Aquando das últimas eleições legislativas, muitos dos críticos do Governo Socialista rejubilaram - “agora todos terão voz e teremos um país à imagem de todos”. Mas, um mês e meio depois da entrada na nova legislatura, não saem propostas concretas do centro de decisão do país, apenas se assistem a cenas cada vez mais lamentáveis.

O PS apresenta propostas, a oposição recusa-as, quase, sem as estudar. No Parlamento não se liga às ideias no papel, mas sim ao partido de onde elas são provenientes. Como poderá um país andar para a frente quando as decisões não são tomadas, tudo devido à mesquinhez dos líderes políticos que insistem em se comportarem como crianças, em vez de fazerem aquilo para que os elegemos?

Marcelo Rebelo de Sousa já ditou o «funeral» do governo de José Sócrates. «Não há país que aguente», exclamou Marcelo no seu programa da RTP - «As escolhas de Marcelo». Se o Governo tem que remar contra marés e marinheiros, como é possível ter sucesso?

Agora surgiu a moda das comissões de inquérito: para o BPN, para o Magalhães, para o processo «Face Oculta»... Estarão os deputados sem nada para fazer que

EDITORIAL

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até têm que se meter em casos de justiça?E depois há a questão dos comportamentos cada

vez mais indignos no nosso Parlamento, só falta haver confronto físico como sucede em alguns países asiáticos. Enumero dois deles:

A 2 de Julho de 2009, o Ministro Manuel Pinho, num dos derradeiros debates da última legislatura, após uma acalorada discussão com o deputado do PCP Bernardino Soares, simula um gesto de «corninhos», considerado correctamente com um acto insultuoso.

A 9 de Dezembro de 2009, Maria José Nogueira Pinto, no decorrer de uma sessão da comissão parlamentar de saúde, diz o seguinte: “há pouco estava a perguntar de onde saiu este palhaço que é o Senhor (Ricardo Gonçalves) e sabe porquê? Porque eu nunca tinha visto um palhaço permanente numa comissão parlamentar, mas acho que o devem eleito precisamente para nos animar.” Será este o comportamento que se quer, e se espera de alguém que tem o nosso futuro nas mãos? Creio que não.

PS: E ainda há os hábitos que os deputados mantém durante a sua função: acesso ao messenger para conversas privadas, chamadas telefónicas, consulta de sites, conversas paralelas em amena cavaqueira.

Fábio Lima

«Palhaços» e «corninhos»no Parlamento português

Page 3: Mundo Contemporâneo - Edição 6

INDICE

Portugal4 O TGV avança ou não?

MUNDO6 O Julgamento do Século8 Os custos da megalomania - Dubai10 Apostas ilegais no desporto

Literatura NA PRIMEIRA PESSOA12 Isabel Fontes

CULTURA16 O regresso de Norah Jones18 Teatro Solidário em Albufeira20 Literatura - António Lobo Antunes21 Cinema - Twilight «New Moon»

LAZER22 Em Viagem: Chefchaouen24 NCIS: LA25 Call of Duty: Modern Warfare II26 Gadgets

ESPECIAL28 O Muro que dividiu o Mundo

DESPORTO34 Sorteio Mundial 2010

36 Robert Enke: O Adeus a um exemplo38 O Pro Tour mais português

40 MUNDO AO CONTRÁRIO

FICHA TECNICADirectora: Isa Mestre

Sub-Director: Fábio Lima

Redactores Principais: Adriano Narciso

e David Marques

Director de Arte: Fábio Lima

Portugal e Mundo: Adriano Narciso, Isa Mestre, Sofia Trindade e David Marques

Cultura: Adriano Narciso e Grethel Ceballos

Desporto: Fábio Lima e David Marques

INDICE

6 O Julgamento do SéculoApesar de ainda faltar algum tempo para se iniciar o julgamento, as vozes críticas começam a surgir. Nova Iorque será palco da decisão em relação aos responsáveis dos atentados de 11 de Setembro.

12 Entrevista Isabel FontesProfunda, intimista e aberta, Isabel Fontes aceitou o convite da revista Mundo Contemporâneo e partilhou os seus projectos para o futuro

28 O Muro que dividiu o MundoVinte anos depois da Queda do Muro de Berlim, muitas diferenças ainda são notadas entre o lado ocidental e o lado oriental do país.

4 Alta Velocidade em PortugalApesar de ser o comboio de alta velocidade, o TGV em Portugal ou não se mexe, ou anda muito devagar. Urgem as medidas que viabilizem a obra.

8 Os custos da megalomania60 mil milhões de dólares em dívidas fazem do Dubai um país que paga, em plena crise, o preço pela extravagância

Page 4: Mundo Contemporâneo - Edição 6

PORTUGAL

A construção do TGV, em terras lusas, envolve críticas pesadas e a ligação entre Porto-Vigo só

estará terminada após 2015, dois anos depois do previsto. Em cima dos carris está também a hipótese do comboio de alta velocidade transportar mercadorias. É assim, que se chega, a passo de cara-col, à alta velocidade.

«Indecisões graves» é assim que as associações de construção criticam o projecto do TGV, que não sabe se parte primeiro de Lisboa para o Porto ou do Porto para Vigo.

A derrapagem de prazos, que poderá excluir o transporte de mercadorias da linha de alta velocidade, e necessidade de elaborar um novo estudo para o troço entre Vigo e Porrinõ, discutida entre os ministros Portugueses e Espanhois parecem ser as principais falhas deste projecto de transportes que se quer a nova aposta na economia portuguesa.

Se por um lado há quem defenda que

o TGV Porto-Vigo só faz sentido se for uma ligação à rede espanhola de merca-dorias, como o presidente da Associa-ção Comercial do Porto, Rui Moreira, por outro lado defende-se que a criação da linha é um «objectivo estratégico fundamental para o desenvolvimento da euroregião Galiza-Norte de Portu-gal», como sustenta o presidente da As-sociação Empresarial de Portugal, José António Barros. Para quem o objectivo máximo é que as autoridades de Portu-gal e de Espanha tomem uma decisão com base nos interesses dos agentes económicos dos dois países, sobretudo as empresas de vocação exportadora implantadas no Noroeste peninsular.

Mas pede-se, nas palavras do presi-dente da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas do Norte, menos incerteza e mais rapidez, uma vez que há uma quebra de emprego no sector, que perdeu 119 mil trabalha-dores desde 2002 e 50 mil só este ano.

Acrescentando ainda que “verifi-camos que não só há concursos adiados, como obras ameaçadas pelo Tribunal de Contas. Isto tem prejuízos enormes para as empresas”. Enquanto que o presi-dente da Associação das Empresas de Construções e Obras Públicas, Ricardo Gomes, relativiza o impacto deste adia-mento para o sector, «desde que se cum-pra a calendarização para as restantes obras». Sendo o mais preocupante o incontornável atraso que as reservas levantadas pelo Tribunal de Contas às subconcessões rodoviárias vai implicar para o sector da construção ao longo do próximo ano.

Apesar disso, Portugal garante que vai avançar com TGV. E o Governo português garantiu a Espanha que os compromissos relativos ao TGV são para manter. Aliás, foi este o principal tema do primeiro encontro entre o novo ministro das Obras Públicas, António Mendonça, e José Blanco, detentor da

Como se chega, devagar,a alta velocidade

texto_ Sofia Trindade

TGV, o comboio de alta velocidade já chegou a Portugal, pelo menos o conceito.Para quando a construção? Quais os troços a serem construídos? Eis o mistério.

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Como se chega, devagar,a alta velocidade

PORTUGAL MAISPERTO DA EUROPA

Portugal pode ligar-se às mais im-portantes capitais europeias através deste investimento. Neste momento Espanha e França estão prontas para criar uma empresa ferroviária de alta velocidade entre capitais. E ao que tudo indica José Luis Rodríguez Zapatero e François Fillon já deram o seu aval ao projecto.

A viagem entre as duas capitais poderá demorar entre cinco a seis horas e de Paris os passageiros poderão seguir na linha Eurostar para Londres, no Re-ino Unido. Tendo apenas dispensado pouco mais de oito horas para a viagem de Madrid a Londres.

O TGV chega então a Portugal com uma perspectiva europeia.

Medeiros Ferreira, o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros considera que «não faz muito sentido» tratar o

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mesma pasta em Espanha.Depois da polémica desencadeada

durante a campanha eleitoral por Manuela Ferreira Leite, líder do Partido Social-Democrata o TGV arranca, de Lisboa a Madrid e de Porto a Vigo, com inauguração prevista para 2013.

TGV A PREÇO DE SALDO?

O comboio da discórdia pode custar menos um terço dos 13 mil mil-hões de euros que estão projectados para os projectos de alta velocidade e o novo aeroporto de Lisboa. Isto se optar por um maior faseamento dos investi-mentos e por mudar algumas opções, defendeu o membro conselheiro da Or-dem dos Engenheiros, Pompeu Santos.

O engenheiro apresentou um «Pla-no de Acção para os Grandes Projectos de Obras Públicas», como o tratou, na Sociedade Portuguesa de Geografia.

O plano baseia-se em dividir por escalões os investimentos por mais cinco anos, assim sendo, até 2022, com estratégias diferentes. Essas estraté-gias poderiam ser feitas em função dos troços e numa aposta nos chamados in-tercambiadores de vias. Os intercambi-adores permitiriam que um comboio se pudesse adaptar de um momento para o outro, da norma ibérica para a europeia e vice-versa, gastando muito menos.

Avançando mesmo Pompeu Santos que tem «informações de qualidade» de que Espanha não terá tão cedo condições para transportar a alta velocidade mer-cadorias numa linha de medida europe-ia, ao estabelecer ligações com o resto da Europa.

Por outro lado, Pompeu Santos ad-voga que «Portugal não tem actualmente condições para gastar cerca de dois mil milhões de euros por ano durante sete anos, num total superior a 13 mil mil-hões de euros».

TGV apenas a nível ibérico. Isto porque existe um enorme interesse de ambos os países de que as linhas ibéricas tenham conexões com o interior da Europa.

Se Portugal e Espanha acordarem com França as ligações e os calendários de construção do comboio de alta ve-locidade, as resistências internas ao projecto diminuirão, na perspectiva de Medeiros Ferreira.

Está nos carris um pré-acordo para uma ligação de Madrid a Paris até 2012. E a Renfe, companhia responsável pelas linhas de alta velocidade em Espanha, já divulgou o seu interesse em se expandir para Londres. Abrindo, assim, camin-ho de Lisboa até à capital britânica de TGV.

Só resta saber se Portugal sempre embarca nesta viagem.

«Portugal não tem actualmente condições para gastar cerca de dois mil milhões de euros por ano durante sete anos»

Pompeu Santos

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MUNDO

O novo Ferrari F-60

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O JULGAMENTO DO SÉCULO

Em 2010 vai decorrer, em Nova Iorque, o julgamento de Khalid Sheikh Mohammed, indivíduo por detrás dos ataques terroristas de 2001. A decisão, que tem gerado muita

polémica entre partidos políticos e meios de comunicação social, voltou a criar na população americana um clima de receio de novos atentados.

texto_ Adriano Narciso

No dia 20 de Novembro de 1945 decorreu na Alemanha um processo que ficou conhecido

como o julgamento mais importante da história do século XX. Com o fito de condenar os grandes culpados pelo Holocausto e pela situação deplorável em que o mundo se encontrava, o Julgamento de Nuremberga processou 117 acusações contra criminosos, acabando por sentenciar onze condenações à morte, três prisões perpétuas, duas condenações de vinte anos de prisão, uma de quinze e outra de dez anos. Hans Fritzsche, Franz von Papen e Hjalmar Schacht, nomes importantes da máquina nazi foram considerados inocentes.

Mais de meio século depois, na manhã de 11 de Setembro de 2001, os EUA foram vítimas de ataques terroristas perpetrados pela Al-Qaeda, organização fundamentalista islâmica. Os mais comentados tiveram como alvo as torres gémeas do World Trade Center em Manhattan, Nova Iorque. Morreram quase três mil pessoas. As averiguações para se descobrirem os culpados por esta catástrofe começaram desde então.

Khalid Sheikh Mohammed (K.S.M.) [foto à direita], capturado no Paquistão em Março de 2003 e desde então preso na base militar de Guantánamo, confessou em 2007 ser o grande mentor

dos ataques ao símbolo da prosperidade norte-americana. São-lhe também imputados outros crimes. Entre os mais mediáticos estão os ataques bombistas a uma discoteca em Bali (2002) e o assassinato do jornalista do The Wall Street Journal, Daniel Pearl, que foi decapitado em 2006. O vídeo do feito foi distribuído pelos terroristas.

Desde então não se sabia de que forma devia ser julgado K.S.M. até

que Eric Holder, procurador-geral dos EUA (equivalente ao cargo de ministro da Justiça em Portugal), decidiu julgá-lo em Nova Iorque, num tribunal a alguns quarteirões do Ground Zero. O julgamento deve acontecer em 2010. A decisão não poderia ser mais polémica. As famílias estão divididas. Os republicanos, contra. Afirmam que um julgamento deste calibre, no sítio onde decorreram os ataques, vai certamente

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MUNDO

O JULGAMENTO DO SÉCULOcolocar novamente Nova Iorque em perigo de ataque da facção jihadista. Também há quem considere que esta medida pode deturpar a visão dos EUA como os oponentes do terrorismo uma vez que, ao julgar-se K.S.M. como um criminoso comum, está-se a dar mais descrédito ao terrorismo. Por outro lado, a cidade norte-americana parece ser aquela em que o júri é, neste caso, menos imparcial.E ntre as vozes que se opõem ao julgamento está a de Rudy Giuliano, ex Presidente da Câmara de Nova Iorque, que afirmou à comunicação social que, sendo este um julgamento de 50-50, é provável que K.S.M. seja ilibado. A verdade é que a Administração encabeçada por obama nunca deixará que o membro da Al-Qaeda sair livre deste julgamento, atribuindo-lhe o estatuto de prisioneiro de guerra.

Mas ao lado destes argumentos estão outros que reiteram a posição tomada por Holder. É o caso de algumas organizações ligadas aos direitos humanos e intelectuais que lembram que, durante seis anos, a Administração Bush nunca tentou julgar Khalid Sheikh Mohammed. Pelo contrário, submeteu-o a um número enorme de torturas e deu-lhe a oportunidade de enumerar perante o mundo todos os crimes que tinha cometido, num discurso cheio de orgulho. Steve Simon escreveu no New York Times que se o “julgamento do século” vai dar “uma plataforma de propaganda a alguém, será ao nosso lado”. Para o analista politico esta será a oportunidade ideal para a população norte-americana reflectir sobre o 11 de Setembro e as suas consequências nos dias de hoje. Holder não volta atrás na sua decisão, afirmando veemente que não tem medo do que K.S.M. tenha para dizer e “ninguém deveria ter”. Guantánamo, após todos estes anos de interrogatórios, só conseguiu condenar três homens, sendo que dois deles já

estão em liberdade. A escolha de um tribunal civil em

vez de um militar também tem gerado muita polémica. O Presidente Barack Obama, sobre esta questão, respondeu que quem se opõe a esta escolha não considerará “nada ofensivo quando ele for condenado e lhe for aplicada a pena de morte”.

Os tribunais civis parecem ter tanta credibilidade como os militares no que concerne ao julgamento de actos de índole terrorista. Num total de 119 casos com 289 acusados, 195 foram condenados por veredicto ou declarações de culpa. O receio e oposição a esta decisão pelo tribunal civil, segundo David Glazier, resultou do clima vivido durante a presidência de Bush. “Objectivamente, estes detidos não são mais perigosos do que outros já julgados nos EUA. E a Al-Qaeda não tem interesse em lançar ataques para libertar ninguém”.

Em declarações ao diário Público, o professor de Direito da Loyola School of Law considerou que um tribunal federal oferece menos oportunidades para que K.S.M. apele à jihad porque “Os juízes federais têm

muito mais experiência em lidar com acusados politicamente motivados do que os militares. Como a justiça dos tribunais civis não está em causa, como estava a das comissões, os juízes vão sentir-se mais capazes de impedir declarações políticas”.

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Há 60 anos era pouco mais do que aquilo que o rodeia – deserto. As infra-estruturas eram escassas,

sem serviços de telefone e electricidade. Hoje, o Dubai é provavelmente a cidade mais admirada do planeta, ostentando orgulhosamente as suas imponentes estruturas em aço e betão. Em nenhum outro lugar, nem mesmo em Hong Kong, Las Vegas ou Singapura, é possível encontrar um hotel de sete estrelas, ilhas artificiais habitáveis ou um arquipélago concebido com o propósito de representar o mundo.

Contrastando com a economia da maioria dos outros seis emirados que compões os Emirados Árabes Unidos, apenas 6% das receitas da região provêm de petróleo e de gás natural, cabendo ao sector do imobiliário e da construção a grossa fatia do bolo – cerca de um quarto do seu Produto Interno Bruto. Apesar da escassez de recursos naturais, a favorável localização geográfica e os projectos megalómanos de Mohammed Bin Rashid, emir do Dubai, bastaram para que a partir dos anos 90 a cidade se começasse a estabelecer como um dos principais centros de negócios a nível internacional.

Quando a economia internacional, em meados de 2008, começou a dar sérios sinais de debilidade, o Dubai não navegava ao sabor do vento. A crença de que a sustentabilidade da pérola do Golfo Pérsico era inabalável foi suficiente para manter o investimento

compulsivo e as mais de 30 mil gruas (25% do total no mundo) a operar a todo o vapor. Puro engano! A economia do emirado não era menos volátil do que a dos países ocidentais e o acentuado decréscimo do turismo provou-o. Terá sido, então, essa mesma confiança que aumentou as probabilidades do emirado dar lugar a um estaleiro…embargado.

A debilidade das instituições financeiras internacionais inviabilizou o acesso a mais crédito e a dívida externa do Dubai, que ascende aos 60 mil milhões de dólares, tornou-se insustentável a ponto de a Dubai World, empresa responsável pelos investimentos governamentais, ter iniciado a 25 de

Novembro passado uma renegociação com a banca internacional com vista à suspensão da liquidação imediata de um empréstimo obrigacionista na ordem dos 26 mil milhões de dólares (mais de 17 mil milhões de euros). A ameaça da empresa entrar em incumprimento com os seus credores teve os seus reflexos na bolsa e nem mesmo a promessa de apoio financeiro de Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos, evitou que em menos de duas semanas os índices do Dubai Financial Market caíssem mais de 22%, para mínimos de cinco meses.

Os custos da megalomania

ONDE TUDO É POSSÍVELSão três as ilhas em forma de palmeira planeadas para a costa do Dubai.

A primeira, chamada Palm Jumeirah, começou a ser construída em 2001 e tem 5 quilómetros de largura por 5,5 de comprimento. Com mais 50% de área, o segundo projecto – Palm Jebel Ali – ainda se encontra em construção, mas estima-se que em 2020 terá capacidade para albergar mais de 1,7 milhões de pessoas, número superior à população da cidade de Barcelona. Números sur-preendentes, ofuscados, porém, pelo terceiro plano da Nakheel, empresa re-sponsável pelo engolir do mar pela terra: 12,5 quilómetros por 7,5 farão de Palm Deira a mais imponente das três palmeiras artificiais.

Dubailand será o maior complexo de entretenimento do planeta. Quando a quarta e última fase do projecto estiver concluída – estima-se que entre 2015 e 2018 – terá o dobro da área da Disney Word, o maior parque temático do mundo, em Orlando.

Para além do mar, a terra também se tem assenhorado do céu. Longe vão os tempos em que edifícios como a Torre Eiffel deslumbravam só pela sua altura. O mais alto edifício do mundo, o Burj Dubai (ver na página ao lado), estende-se por 818 metros, curtos, no entanto, para fazer frente à nova cartada da Nakheel, cuja construção, que terá início em 2010, prolongar-se-á até 2020… e por 1400 metros – menos mil do que a cidade vertical, um projecto de quatro torres a concluir em 2027. Se o crédito consentir.

texto_ David Marques

São dezenas de quilómetros de estruturas colossais. Tudo tem o seu preço e o Dubaiestá a pagar pela sua ambição excessiva. A 25 de Novembro, o Governo do emirado anunciou o

pedido de uma moratória de seis meses para liquidar parte da sua dívida externaque ascende aos 60 milhões de euros.

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Paixão por outro tipo de jogotexto_ David Marques

A recente investigação levada a cabo pelas autoridades alemãs desvendou uma rede de manip-

ulação de resultados sem precedentes no futebol internacional. São mais de duzentos os encontros que já teriam rendido milhões de euros à quadrilha até agora parcialmente desmantelada. Outros desportos não estão imunes.

CONTROLO ABSOLUTO

Verão de 2007. Tim Donaghy [foto abaixo], árbitro profissional da NBA há mais de doze anos é suspeito de colaborar com uma rede organizada de apostas ile-

gais. Em causa está a alegada manipulação de resultados de jogos da principal liga de basquetebol do planeta nos dois anos ante-riores. As apostas não incidem apenas nas equipas vitoriosas ou perdedoras, mas tam-bém nas diferenças pontuais registadas nos confrontos, o chamado spread.

Dos 131 encontros sob investigação do FBI destacamos três. O primeiro entre De-troit Pistons e Memphis Grizzlies, a 19 de Dezembro de 2005. Dezoito das 29 faltas cometidas pelo conjunto do Tennessee em todo o jogo foram assinaladas a partir do quarto período. A equipa forasteira conseg-ue a proeza de disputar um prolongamento, com o resultado, já traçado, a ser favorável ao conjunto de Detroit, por 106-104.

A época natalícia havia passado há alguns dias, mas Donaghy pre-tende prolongar a sua acção de graças. Estáva-mos no segundo dia do ano de 2006, data em que os New York Knicks rece-beram os Phoenix Suns. A equipa nova-iorquina ben-eficiou de 54 lances-livres contra apenas 16. A esse pormenor junta-se-lhe o facto de todos jogadores excluídos do encontro (4) pertencerem à equipa que, escusado será dizer qual, acabou derrotada.

Campeões em título, os Miami Heat de Sha-quille O’Neal lideram lar-gamente as odes nas casas de apostas, o que significa que uma aposta alta na eq-uipa adversária, os Knicks, daria um grosso retorno em caso de vitória. As 39 idas à linha de lance-livre valeram 30 pontos aos nova-iorquinos. Os ho-mens da Florida lançaram

do mesmo local em apenas oito ocasiões. O resto é história.

Em Agosto de 2007, Tim Donaghy foi condenado a 15 meses de prisão. As avulta-das fianças pagas e o compromisso em co-laborar com a justiça no desmantelamento de organizações de apostas ilegais evitou que incorresse numa pena que poderia chegar até aos 33 anos de prisão. Para trás ficaram mais de 700 encontros dirigidos na NBA em mais de uma década. Sentenciado a cumprir a mesma pena, James Battista, colaborador do mediático árbitro, declarou que «ninguém escolhia vencedores como ele [Donaghy]», De acordo com o aposta-dor profissional (e ilegal), Tim Donaghy foi bem sucedido nas suas apostas em 79% das ocasiões.

RAQUETES INVISÍVEIS

Na véspera da edição de 2008 do Torneio de Wimbledon, o jornal britânico «The Independent» divulgou os resultados de uma investigação so-bre alegados esquemas de corrupção no ténis. Da lista constavam tenistas de na-cionalidade russa, espanhola, argentina e italiana, alguns deles figurando entre os 50 primeiros lugares do ranking. De facto, Nikolay Davydenko, vencedor do Estoril Open em 2003 e actual número 6 da hierarquia mundial, foi um dos atle-tas investigados pelas autoridades de-pois de, em Agosto de 2007 na Polónia, ter sido eliminado pelo argentino Vas-sallo Arguello. Nada de invulgar até aqui. No entanto, foi o elevado dinheiro envolvido nas apostas do duelo, dez vezes superior ao normal num torneio pouco mediático, que levantou algumas incertezas, embora até hoje ainda não tenham passado disso mesmo. O teni-sta russo, que se retirou do encontro devido a dores num dos pés, defendeu-se: «Sou um jogador de elite e ganho

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este dinheiro em prémios monetários e vitórias em torneios», questionando, de seguida, porque razão teria «necessi-dade de aldrabar um jogo por causa de dinheiro?».

Em Setembro de 2007, em declara-ções ao jornal «Sunday Times», o belga Gilles Elseneer confessou ter-se recusa-do a receber uma quantia na ordem dos 90 mil euros para perder propositada-mente com Potito Starace na primeira ronda de Wimbledon em 2005. O ital-iano vê, aliás, o seu nome ser associado a mais um caso. Em Roland Garros, há três anos, o seu adversário brasileiro Flávio Saretta terá alegadamente sido aliciado com cerca de 100 mil dólares para ser eliminado. Saretta venceu o jogo.

UMA ROSA ENVENENADA

Tinha tudo para ser recordado como um dos jogadores mais pres-tigiados da história centenária do desporto mais praticado nos Estados Unidos. Em 1989, três anos depois de se ter retirado do basebol com um vasto legado enquanto jogador, Pete Rose [foto à direita] dirige os Cin-cinnati Reds, equipa pela qual con-quistou a maior parte dos seus títulos. Profissionalmente tudo parece correr na perfeição, até que é descoberto o seu envolvimento em apostas ile-gais. As apostas de Rose, investiga-das desde 1987, não incidiam apenas em jogos de outras equipas. A sua paixão por outro jogo levou-o, inclu-sive, a apostar em encontros da sua própria equipa e, suspeita-se, nem sempre a seu favor. A lei é clara: «Qualquer jogador, árbitro, dirigente ou funcionário de clube ou de liga que aposte qualquer valor em algum jogo de basebol que seja aquele com o qual o apostador tenha algum tipo de obrigação profissional, será declarado permanentemente inelegível».

Foram precisos 15 anos para o 17

vezes All Star admitir culpas no cartório. «Apostei no basebol em 1987 e 1988» confessou há quase seis anos em entre-vista à ABC NEWS. Banido para sem-pre do basebol e proibido de fazer parte do seu Hall of Fame, Pete Rose lamenta que não lhe tenha sido concedida uma segunda oportunidade: «Todas as pes-soas a merecem, tenham elas problemas com drogas ou álcool».

De proporções maiores foi o caso que há 90 anos ficou conhecido como «The Black Sox Scandal». Movido pela vontade de obter dinheiro fácil, Arnold

Gandil, primeiro-base dos Chicago White Sox, persuadiu alguns dos seus companheiros de equipa a aceitarem um negócio proposto por um alegado grupo de apostadores profissionais. Teriam de perder propositadamente a final do campeonato. Cada jogador re-ceberia, como prometido, cerca de 10 mil dólares, montante aliciante para a época. O escândalo foi descoberto e tornado público em 1920, um ano após o sucedido. Oito jogadores dos White Sox, formalmente acusados de estarem directamente envolvidos nas negocia-

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Isabel FontesTexto_ Isa Mestre Fotografia_ Isabel Fontes

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LITERATURA NA PRIMEIRA PESSOA

Em que momento da sua vida percebeu que queria seguir os “trilhos” da escrita?

Desde que aprendi a ler. O meu avô ofereceu-me aos 6 anos o livro a “Mensagem” de Fernando Pessoa, apesar de ainda não perceber o conteúdo, fiquei com o bichinho, e até hoje se mantêm e cada vez mais forte.

Tenho “coisas” escritas dos 6 aos 10 anos, mas nunca as publiquei, nem o irei fazer...São as minhas “primeiras palavras”.

Descreve-se na sua auto-biografia como uma “bombeira de serviço”. Pode explicar-nos o porquê?

Porque penso que sou “pau para toda a obra”, dentro da Escrita sou um camaleão, mudo constantemente, tanto em variedade de escrita como na sua composição. Gosto de Poesia, prosa, conto, romances, tudo o que me vem à cabeça escrevo e logo vejo no que se transforma. Por isso a minha designação “Bombeiro de Serviço”, pois estou sempre em alerta ao que a cabeça deita cá para fora e produz. Também se pode associar a nível profissional, o que me sustenta e paga as contas, aí também me considero multifacetada, tendo já desempenhado várias profissões, o que muito me enriqueceu tanto profissionalmente como em termos pessoais.

Qual o principal motivo que a leva a escrever?

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13Texto_ Isa Mestre Fotografia_ Isabel Fontes

É uma pergunta que faço a mim mesma quando estou em produção literária. Posso afirmar que é o meu ar, é uma necessidade tão forte como respirar. Tudo o que me rodeia, seja físico ou não, faz com que nasçam histórias na minha cabeça, e que depois passo para o papel.

O que me rodeia, as pessoas com quem lido, falo ou me dou no meu dia a dia, sem saberem fazem parte de muitas das minhas produções. Sejam elas alegres ou tristes. Faço de frases contos, de meras palavras prosa, e de vidas romances.

O que são para si as palavras?

Como referi na pergunta anterior, são o ar que respiro, são a minha manutenção diária, o meu ser, a minha forma de estar na vida. Sou muito observadora, ouço tudo o que me dizem, e procuro transforma-las em palavras minhas, tento com elas criar, para mim as palavras são isso, uma forma de criação.

Conte-nos um pouco acerca do seu percurso literário…Como se iniciou no mundo da escrita? Que dificuldades encontrou? O que sentiu quando consegui concretizar o sonho de publicar o primeiro livro?

Quando tinha 14 ou 15 anos, fiz um livro em A4 com todos os meus pensamentos, ao qual chamei “Pensamentos de um Diário”, ofereci um ao meu Pai e um à minha Mãe a

quem dediquei o livro. Mas o meu sonho sempre foi o de publicar as minhas palavras para que fossem lidas.

Uns anos mais tarde, com o acesso ás novas tecnologias, fiz amizade com uma Poetisa que conheci através da Internet e juntas escrevemos o livro “Pensamentos de um Diário” onde a Prosa se ligava com a Poesia. Foi um livro que teve o seu Lançamento em Portugal com a co-autora Malubarni presente As únicas dificuldades que tive foi em arranjar tempo para escrever mais, pois felizmente tive Editoras que gostaram do que escrevi e apostaram em mim. Tirando o 1º livro de Poesia e Prosa que foi um parto difícil, mas que com muita perseverança acabou por sair.

A sensação que obtive com o 1º livro lançado foi estranha, pois estava num estado dormente mas muito contente. Lembro-me que tive bastante ajuda para encontrar um espaço para o lançamento do livro, ajuda essa de pessoas que me apenas me conheciam de vista na rua, mas que quando lhes solicitei ajuda foram de uma extrema simpatia e total disponibilidade. Foi extraordinário. Por isso e muito mais, ainda acredito no Ser Humano.

Entretanto, já estava a escrever outros 2 livros ao mesmo tempo, livros esses que terminei no início deste ano e que irão ser editados em 2010 .Essas obras serão o “Vidas”, um conjunto de 18 contos ilustrados por Catarina Fernandes e o “Memórias na Escuridão” que retrata um amor que muitas pessoas julgam ser impossível de acontecer.

Escrever, diz, é o seu «escape para tudo o que existe de mal na vida e no mundo». Com trinta e quatro anos e muita vontade de vencer, Isabel Fontes diz-se uma “bombeira de serviço”, «sempre alerta ao que a cabeça deita cá para fora e produz».

É o rosto de uma jovem geração de escritores que sonha triunfar no universo literário português. Das letras fala com paixão, e é com carinho que recorda o momento em que se apaixonou por elas. Resoluta, assaz e talentosa, a escritora portuguesa que este ano publicou Memórias na Escuridão abre-nos as portas

do seu mundo e revela alguns dos seus projectos futuros. Contando já com um considerável número de prémios e publicações em terras lusas, Isabel Fontes é figura de proa de

uma geração de jovens escritores que sonha triunfar no universo literário português.

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Conta já com um considerável número de prémios e publicações em terras lusas. Sente que, de alguma forma, os jovens autores acabam por ser esquecidos no panorama literário português?

Em Portugal é muito complicado para um novo autor conseguir ter visibilidade. Ou se escreve logo um Best Seller! Ou então temos de recorrer a pessoas que tenham alguma influência no meio literário. Para mim, o início foi complicado e muito árduo lançar o 1º livro, mas consegui com muito trabalho e persistência. Depois daí comecei a aprender como funcionavam as Editoras e os Editores, conquistei alguns “amigos” que me foram sempre prestáveis quando necessitei, e neste momento não sinto dificuldades, pois fui divulgando o meu nome mesmo sem ter um livro! Fui persistente em colocar o meu nome em sites de jornalistas, de escritores, de revistas, jornais, tudo o que eu achava ser relevante para que quando enviasse um manuscrito meu para uma Editora, eles já tivessem pelo menos ouvido ou lido o meu nome em algum desses lugares onde fiz a minha própria divulgação. Muitos bons Poetas e não só perdem-se devido às adversidades que encontram pelo caminho. É um trabalho árduo, requer muito tempo, energia, mas para mim compensou. Eu

LITERATURA NA PRIMEIRA PESSOA

não quero ser conhecida pelo que sou, quero que leiam o que escrevo!

Escreveu este ano o romance “Memórias na Escuridão”. De que trata esta nova publicação? Que podem os leitores esperar deste mais recente “rebento” da Isabel?

Podem esperar um romance mais light que o“O Silêncio das Almas” mas que irá chamar a atenção e abrir algumas mentes. É a história de dois irmãos que a vida separou, e os levou por caminhos diferentes, e onde um deles é salvo por uma rapariga invisual, rapariga essa que foi amiga de infância dos dois irmãos, mas que nem um nem outro se recorda, nascendo desse encontro o inicio de uma história de amor, mas mais não posso dizer, pois iria desvendar todo o mistério que se encontra neste meu livro, terão mesmo de ler.. .Mas antes deste Romance sair, vai ser editado pela Editora Temas Originais um outro livro que já tenho na gaveta há anos e anos, que é um conjunto de 18 contos, e que conta com a ajuda de uma amiga que também tive o prazer de conhecer no mundo virtual, a Catarina Fernandes, que fez as ilustrações, e que se chama “Vidas”. É uma conjunto de 18 contos que se interligam entre si e que nos dá uma visão de muitas vidas que nem sonhamos existir.

Ao longo da sua carreira literária publicou já várias obras em dueto com outros autores. O que a leva a escrever a “quatro mãos”?

Sinceramente, gosto muito de escrever a “4 mãos”

Com outro autor, em tom de brincadeira, decidimos escrever um Romance onde ele vive em Espanha e eu em Portugal. O livro foi escrito todo através de mails, pelo Mensenger, e em apenas 1 mês acabámos de o escrever, e ao fim de 3 meses uma Editora apostou nele e editou-o, demos-lhe o título de “ O Silêncio das Almas”, foi o meu 1º

,e do co-autor Hugo Girão, Romance. Excedeu as expectativas e a 1ª Edição acabou num ápice.

Depois da Malubarni e do Hugo Girão, decidi que já não queria escrever mais a “quatro mãos”.

Nunca optei por escrever a “4 mãos”, os projectos iam surgindo (ainda vão surgindo) e e eu arriscava e entrava neles. Mas é um processo muito enriquecedor , pois aprendemos as diversas formas de ver uma determinada situação e o facto de não termos todos as mesmas ideias, temos de as trabalhar em conjunto e encontrar o ponto certo do que queremos transmitir.

Tanto gosto de escrever a “4 mãos” que no dia 24 de Outubro acabei cedi, e acbei por lançar mais um livro a “4 mãos”, chamado “Poesia Erótica” com o Zé Albano. Inclusive já estamos a preparar o 2º “Poesia Erótica II”, que será editado como o anterior pela Editora Temas Originais.

Após a publicação das suas primeiras obras decidiu, simultaneamente, aventurar-se num novo ramo: ser Agente Literária. De onde partiu esta decisão? Qual o grande objectivo?

Foi uma ideia que um colega de letras, Joaquim Evónio me disse em tom de brincadeira mas que levei a

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sério, tanto que desde Outubro até há data de hoje já perto de 6 autores foram editados, e entre eles contam-se Brasileiros, Cabo Verdianos e Portugueses. Claro que cobro um feed, mas é diferente de autor para autor. Depende do livro, do que a Editora diz e das capacidades monetárias que cada um tem. O Joaquim Evónio foi o 1º a ser editado, com o “Sercial e Malvasia”, que até já teve o seu lançamento na Ilha da Madeira no passado dia 20 de Novembro. Depois foi o Gleidston César com ”Os sentimentos por detrás das palavras”, João Furtado com ”Pão –Fruta e outros contos”, Jorge Silva com “Esquisito”, Teresa David com ”Histórias com gente”, e novamente o Joaquim Evónio com outro livro “Sombra em Clave de Sol” que terá o seu lançamento no próximo dia 04 de Dezembro. No dia 05 de Dezembro será a vez do Henrique Mendes lançar o “Quotidiano Subtil” mas que não poderá estar presente, pois reside no Brasil mas que terá o seu primo o Advogado Henrique Mendes (coincidência de nomes)em sua representação.

Este trabalho tem sido possível devido à fabulosa colaboração que tenho tido com a Editora Temas Originais e os seus Editores Pedro Baptista e Paulo Afonso Ramos.

O que me faz fazer um esforço maior em tentar que autores desconhecidos vejam o seu sonho realizado, foi arranjar uma forma para que os pudesse ajudar, e aí surgiu a de Agente Literária e Relações Públicas. Porque não utilizar os meus conhecimentos para ajudar os outros se já me ajudaram a mim e continuam a ajudar?

Acredita na ideia de que não é dado aos jovens autores espaço para brilhar? Que soluções

propõe para a integração dos novos talentos no universos literário?

Sem dúvida, os jovens autores não têm ninguém que os ajude. Andam perdidos...O que me deixa triste, por isso agarro alguns e dou-lhes uma direcção. Mas alguns perdem-se e nunca irão ser lidos. A maior parte, faz como fiz, entram em concursos, criam blogues, até que alguém “conhecido” os descubra e lhes dêem um empurrão, ou então vão a uma Editora e suportam os custos de edição.

Acho que deveria de existir uma maior abertura da parte das Editoras para apreciarem melhor os que tentam entrar e brilhar neste mundo da escrita e não apostarem sempre nos mesmos autores ou em autores que escrevem livros que nem sei para quê? Não ensinam, não servem para nada, apenas porque a capa é bonita? Ou porque no país de origem são muito lidos? Somos um País de Poetas, mas ninguém lhes liga nenhuma.

Sente-se completa com o seu trabalho enquanto escritora? Que podemos esperar da Isabel no futuro?

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Quase. Ainda tenho mais 3 livros para lançar para o ano. Já comecei a escrever mais 2 romances como mencionei anteriormente...Gosto de escrever aos pares e se calhar vem aí amis outro, é-me mais fácil pois a ideia que não serviu a um pode servir a outro e vice versa.

Ainda quero lançar a minha Auto-Biografia. Vamos ver se a Editora aposta....É pesada, tem assuntos muito delicados e vai mexer com muitas pessoas da minha família. Mas quero editar!

De mim podem esperara e continuar a ler os meus livros, também a Participar e Organizar Palestras como as que vou começar a Organizar para o ano de 2010 no Palácio das Galveias com a designação de “À Conversa com...”,em que será convidado um Autor por mês para debater um assunto da escolha dele mas que ao mesmo tempo seja polémico, tentarei novamente ajudar na Feira do Livro da Amadora, continuarei o meu trabalho como Agente e RP, e arranjar 8 horas por dia para trabalhar e ter comida na mesa. Se ainda tiver tempo...Dormir!

ISABEL FONTES

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Norah Jones singrou no pan-orama musical internacional com o seu som, que bebia di-

rectamente nas fontes do Jazz.Desde 2007 sem lançar um novo

trabalho, quando «Not Too Late» ven-deu 1,58 milhões de cópias, Norah re-gressa com um novo álbum.

Já disponível no mercado portu-guês «The Fall», pode ser o Outono, pode significar uma queda ou uma mudança de ritmo. A pianista, cantora e compositora assume que «é tudo isso e muito mais». Em entrevista ao Ex-presso afirma que seu novo trabalho é reflexo das vivências pessoais com muita fantasia à mistura.

«Há um tom muito confessional neste álbum, mas não é exactamente um diário. Acho muito importante não nos censurarmos e por isso escrevo o que sei. Às vezes relaciona-se muito facilmente com o que estou a viver, mas às vezes são só tretas (risos). É exagerado. Quer dizer, piratas não conheço nenhum. Não é literal», afir-mou a cantora.

«Chasing Pirates» é o single de apresentação, uma das 13 faixas que cada vez mais se afastam das raízes «jazzistas» da artista.

COM ESTILO MUSICALE VISUAL RENOVADO

As melodias do novo trabalho já

conquistaram os portugueses. «The Fall» é o álbum mais vendi-do da secção jazz e está em quarto lugar do Top de vendas das lojas FNAC.

Os dois anos de silêncio, mas de pesquisa resultaram numa mis-tura de jazz, rock, folk, country, blues e até vaudeville . Uma nova sonoridade que conjuga a melan-colia habitual de Norah e uma porção de renovada sensualidade.

Nos mini concertos de apre-sentação do novo álbum tem sur-gido de cabelo curto, batom ver-melho e vestidos colantes.

Com um visual diferente, Nora agarra-se mais à guitarra e menos às teclas. Tenta assim estar a altura dos nove Grammy que já venceu e dos 36 milhões de discos que já vendeu pelo mundo inteiro em 7 anos de carreira.

NOVO ÁLBUM, NOVA BANDA

Norah fez também algumas mudan-ças na sua banda. Entre os músicos que tocam no novo álbum estão o baterista Joeu Waronker (Beck, R.E.M), James Gadson (Bill Withers), o tecladista James Poyser (Erykah Badu, Al Green), os guitarristas Marc Ribot (Tom Waits, Elvis Costello) e Smokey Hormel (Johnny Cash, Joe Strummer).

«Eu tinha muitas ideias que gostaria de tentar, mas não sabia exactamente

como executar sozinha. Depois de con-versar com King, entramos em sintonia rapidamente, e ele entendeu muito bem o que eu estava querendo», disse Norah ao Metro França.

Jacquire King, produtor do projecto ( e de artistas como Kings Of Leon, Tom Waits, Modest Mouse, entre outros), é apontado como o principal responsável da mudança evidenciada.

Este álbum contou ainda com a con-tribuição de compositores como Ryan Adams, Will Sheff, Okkrvil River, Jesse Harris e outros.

Com a vontade de reinventar-se e de aparecer diferente aos seus últimos trabalhos, Norah Jones volta a sur-preender. Esperasse que a digressão de «The Fall» faça escala em Portugal para o próximo ano.

Texto_ Grethel Ceballos

Norah Jones lançou um novo trabalho. «The fall» é o quarto álbum de originais da cantora e mistura vários estilos musicais. De visual renovado, espera-se que

Norah Jones apresente este novo álbum numa digressão no próximo ano.

NORAH JONES REGRESSACOM NOVO ÁLBUM

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CULTURA

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Porque a arte também tem um compromisso social, a cidade de Albufeira foi palco de uma inici-

ativa que teve como objectivo a angari-ação de alimentos para duas instituições de solidariedade.

A Companhia de Teatro Contem-porâneo (CTC) juntou os Grupos de Teatro Didji, Charlot e Renascente, todos de Albufeira (das áreas de Artes do GAJ e do Clube Avô), que levaram ao palco, nos dias 5 e 6 de Dezembro, no Auditório Municipal de Albufeira, o clássico de Natal, O Quebra-Nozes.

Foram cerca de 50 actores ama-dores em palco, entre os 9 e os 78 anos de idade, com uma equipa técnica de 8 pessoas.

A Mundo Contemporâneo assistiu a estreia da peça onde pontuou o humor e

O Quebra-nozes juntou gerações e contribuiu para o Banco Alimentar

texto_ Grethel Ceballos e Sofia Trindade fotografia_ Vanessa Costa

TEATRO SOLIDÁRIOEM ALBUFEIRA

o fantástico, e que seguiu o texto origi-nal de E.T.A. Hoffmann, numa adapta-ção e encenação de Luísa Monteiro.

«O Quebra-Nozes é uma peça que eu queria desenvolver há algum tempo (...) É um conto que sitia tantos cenários e tantas épocas, épocas reais, épocas imaginárias, que nos permite precisa-mente criar grupos e cada um trabalhar primeiro individualmente no seu ambi-ente, e depois poder juntá-los. O Que-bra-Nozes permitiu-me isso, para além de ser uma peça proeminentemente de Natal.» - Afirmou Luísa Monteiro.

POR UMA ACÇÃO SOLIDÁRIA

O espectáculo foi apoiado pela Câ-mara Municipal de Albufeira e teve a colaboração do Grupo de Teatro Guizos

e da Casa do Povo de Paderne/Associa-ção Amigos de Paderne.

A entrada tinha um preço estipula-do, a generosidade.

Cada pessoa poderia doar géneros alimentares não perecíveis, com vista a contribuir. Foi entre alimentos, brinque-dos e dádiva monetária que arrancou a série de espectáculos que o grupo vai fazer pelo concelho de Albufeira.

De espectáculo em espectáculo os alimentos ou brinquedos recolhidos serão doados à Associação Humanitária Solidariedade Albufeira (A.H.S.A.) e à Conferência de S. Vicente de S. Paulo, corporações que, ao longo do ano, for-necem alimentos a quem deles neces-sita, no concelho.

O objectivo desta peça era não ap-enas promover «o espectáculo pelo

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O Quebra-nozes juntou gerações e contribuiu para o Banco Alimentar

texto_ Grethel Ceballos e Sofia Trindade fotografia_ Vanessa Costa

espectáculo, mas o espectáculo tam-bém com essa consciência de que nós trabalhamos para os outros, (…) Sendo assim, vamos ajudar os outros», disse a encenadora.

Assim se fazem das festas, «Boas Festas» e se une e se consciencializa uma comunidade para a necessidade de ajudar e ser ajudado.

Carolina, a mais nova do elenco, es-treou-se com esta peça. Gostou tanto da experiência que voltaria a repetir. «Gos-tei (…) Aprendi o que era teatro, o que temos que fazer para ser actores.»

Dª. Filó conta com78 anos e orgul-ha-se de ter uma vida activa nas «an-danças artísticas». Não é estreante no teatro, faz parte de um grupo teatral, pertence a um conjunto de cavaquinhos e a um grupo de música tradicional por-tuguesa. No curriculum ainda consta a participação no projecto Banda Rock do Avô. Quando lhe perguntamos onde vai buscar tanta «genica», responde-nos: «É

ela (a encenadora) que nos dá energia e coragem. Sim porque é preciso ter cora-gem para uma pessoa da minha idade se meter nestas coisas, mas eu gosto do que faço.»

Independentemente das diferenças etárias, os bastidores testemunharam a boa disposição do grupo.

Cátia desempenhou o papel de Ma-rie. A actriz protagonista da peça con-firmou a animação durante os ensaios. «É sempre uma festa lá atrás, com os mais velhos, com os mais novos e com os do meio (risos). Nós damo-nos todos muito bem, apoiamo-nos todos uns aos outros e nem notamos a diferença de idades que temos, porque trabalhamos todos para o mesmo fim.»

Mas para alcançar o sucesso houve muito esforço, especialmente pela difi-culdade de coordenar o elevado número de actores.

Luísa Monteiro contou-nos como decorreu o processo.

«Foi um pouco complicado (…) as

pessoas gostam todas umas das outras, conversam muito, também se distraem. Somos muitos, mas há medida que o tempo se foi aproximando e houve a consciência de que o espectáculo es-tava próximo da estreia, começou a haver compenetração, e também eles começaram a tomar uma outra con-sciência de que o público existe e é para o público que se trabalha.»

A história de Marie que na noite de Natal se apaixona por um quebra-nozes encantou o público, particularmente os mais pequeninos. Por entre gargalhadas e exclamações de entusiasmo intera-giam com as personagens. Tais como as bonecas Clara e Gertrudes, a Fada de Açúcar, a Bruxa Mouserinck (Rainha dos ratos), e com a divertida Princesa Pirlipat.

A peça «O Quebra-nozes» poderá ainda ser vista no dia 11 de Dezembro na sede da ASCRATIA em Ferreiras e no dia 12 de Dezembro no Centro Co-munitário de Paderne.

CULTURA

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texto_ Isa Mestre fotografia_ Stéphane Louis

Que Cavalos São Aqueles Que Fazem Sombra no Mar?, é a mais recente obra do espólio de

António Lobo Antunes, galardoado em 2007 com o Prémio Camões.

Com o lançamento deste romance o objectivo de Lobo Antunes era claro: «Dar um trabalhão à crítica», tal como afirmou em Fevereiro em entrevista ao Diário de Notícias. Mais do que isso o escritor português «queria fazer um romance à maneira clássica, que destruísse todos os romances feitos desse modo».

Se era realmente esse o objectivo do autor, as armas parecem ter sido apontadas ao sítio certo pois o romance de António Lobo Antunes tem sido um sucesso de vendas junto do público, sem contudo, gerar grande surpresa, uma vez que as restantes obras do escritor continuam, ano após ano, a destacar-se entre os livros mais vendidos por terras lusas.

Que Cavalos São Aqueles Que Fazem Sombra no Mar?, é um título peculiar que retoma tanto o título de uma crónica escrita pelo autor, a 25 de Janeiro de 2008,para a revista Visão,

como um verso de uma cantiga popular de Natal.

Ao longo deste “novíssimo” mas clássico romance, o português conta a história de uma família ribatejana que cai “a pique” nas malhas da decadência: a história de uma mãe à beira da morte, de um pai viciado no jogo, de uma criada velha e sobretudo a história de cinco irmãos que vão dando “voz” à narrativa – Ana, consumida pelo mundo da droga; Rita, levada prematuramente por um cancro; Beatriz, abandonada pelos homens e amada apenas pelo pai; João, homossexual rejeitado no seio da família e Francisco, arremessado pela raiva e ódio.

Do romance de Lobo Antunes realce para a estrutura do romance que é organizado em capítulos encadeados entre si com o desenrolar de uma corrida de touros, nomeados respectivamente do seguinte modo: “Antes da Corrida”, “Tércio de Capote”, “Tércio de Varas”, “Tércio de Bandarilhas”, “A Faena”, “A Sorte Suprema”, “Depois da Corrida”.

Num romance que Lobo Antunes garante ser diferente de todos os outros, a morte é personagem principal,

atravessando diagonalmente toda a narrativa.

Da narrativa do célebre escritor português retira-se sobretudo um retrato realista de um Portugal decadente, um espelho de infâncias perdidas e vidas cruéis.

Naquele que é já o vigésimo oitavo livro depois de Memória de Elefante, o seu primeiro romance, António Lobo Antunes tem apenas uma certeza: a de que os seus livros não vão morrer.

Nas palavras do autor, depois da morte apenas o testemunho fica: «É quase indigno as criaturas ficarem e desaparecer a pessoa que as criou. Veja como mal conhecemos a cara da maior parte destes autores que aqui estão. Não sabemos como era Horácio, como era Camões, como era Bernardino, como era Dante. E, no entanto, a obra deles continua viva dentro de nós».

É precisamente esse testemunho, essa voz, que Lobo Antunes acredita que o novo romance pode trazer para o mundo cá fora, num universo em que, segundo o autor «a ordem precisa de ser subvertida», isso «se as pessoas quiserem viver melhor».

O Escritor que Faz Sombra no Mar

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CULTURA

O segundo filme da série Twilight mistura mais uma vez muita fantasia e romance.

A Saga Twilight Lua Nova estriou 26 de Novembro e foi um sucesso de bil-heteira, que arrastou às salas de cinema adolescente e não só. A película de 132 minutos e para maiores de 12 anos conta a história de Bella, a jovem que depois de ter sobrevivido a um confronto com um vampiro em Crepúsculo, enfrentará um desafio maior. Sobreviver sem um, o seu amado.Em Lua Nova, Bella atinge a maiori-dade e com isso a sua maior preocupa-ção, ser mais velha do que o seu amado, Edward, que nunca envelhece.Na sua festa de anos corta-se acidental-mente ao abrir um presente e Jasper, o vampiro com maior dificuldade em se conter ao cheiro de sangue tenta atacá-la.Depois deste incidente Edward e a sua família decidem abandonar Forks. Deixando Bella para a proteger. A mes-ma entra em depressão até conhecer e travar amizade com Jacob Black, um

Twilight Lua Nova

lobisomem, que a protege de Vitoria, uma vampira que a quer matar para atingir Edward.Bella vive aventuras e perigos, chegan-do Edward a pensar que a mesma mor-reu. Então o vampiro decide acabar com a sua existência, a trama do filme inicia-se…Apesar do sucesso de bilheteira o filme sofreu algumas críticas em relação ao enredo, que muitos consideraram fraco, e aos actores que muitos viram como in-experientes. Classificando-o como um filme para amantes da saga.Por sua vez, os que se dizem fãs ficaram com a sensação que o filme não de-senvolvia, na totalidade, a essência da

«Senti-me como se estivesse aprisionada num daqueles pesadelos aterra-dores, nos quais temos de correr, correr até os pulmões rebentarem, mas não conseguimos fazer o nosso corpo deslocar-se com rapidez suficiente...

- Bella, não quero que venhas comigo.- Tu..não..me..queres?-Não (…).O céu estava completamente negro. Talvez não houvesse lua – seria eclipse

lunar ou lua nova.Lua nova. E arrepiei-me, embora não sentisse qualquer frio.»

história, que não coube em 130 minu-tos.Para quem quer repetir a experiência e tê-lo em casa resta a esperança de que o DVD seja lançado em Fevereiro de 2010, como foi anunciado e como acon-teceu com Crepúsculo, rapidamente lan-çado depois da sua estreia no cinema.Para os amantes da saga que ainda brincam com bonecas fica a promessa da Mattel que seguiu a tendência de vampiros e anunciou que vai fabricar um boneco Barbie inspirado em Jacob, com abdómenes de plástico, a colocar à venda quando o DVD de Lua Nova for lançado.

texto_ Sofia Trindade fotografia_ www.photobucket.com

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LAZER

texto_ Grethel Ceballos

Esculpida nas montanhas do Rif, Chaouen, Xauen ou Chefchaouen (possíveis denominações) é uma cidade situada no norte de Marrocos a cerca de 100 km de Ceuta ou de Tânger. Caracteriza-se pela cor das suas casas, que abarca toda a gama possível de azuis, desde o pálido, turquesa, violeta ou o intenso anil. Aos seus visitantes proporciona uma viagem sem igual. Embarque connosco, e deixe-se seduzir por Chefchaouen.

CHEFCHAOUEN

A Cidade Azul

HISTÓRIAFundada em 1471 por Moulay Rachid Ben Ali, a cidade serviu de abrigo às tropas e população que combatiam a armada por-tuguesa, em Tânger. Durante os séc. XV e XVII prosperou com a chegada de mouros e judeus sefarditas expulsos de Espanha. Esteve interdita a estrangeiros (os cristãos eram punidos com a morte) até o começo da ocupação espanhola em 1920. Chefcha-ouen resistiu estoicamente às investidas espanholas e integrou plenamente o reino de Marrocos em 1956. No início do séc. XX afluíram os primeiros viajantes como o explorador francês Charles de Foucauld e o jornalista inglês Walter Harris. Hoje em dia dissipou-se qualquer espírito bélico nos seus habitantes. Quando chegar a esta ci-dade será recebido com hospitalidade e com um delicioso chá de menta.

GENTE, CULTURA E TRADIÇÃOCom cerca de 40.000 habitantes, a popula-ção principal de Chaouen pertence a tribo dos Ghomaras. Porém, existem mais nove pequenas tribos. A cidade foi arabizada mas conserva particularidades berberes. A influência andaluza é omnipresente nas ruas, nota-se nos ornamentos de plantas e flores que adornam as casas. Durante todo o ano celebram-se várias romarias religiosas ou de carácter social, como por exemplo a Festa do Profeta. Semanalmente realizam-se diferentes encontros nos zocos distribuí-dos pelo território da província. Nessses mercados terá a oportunidade de descobrir produtos agrícolas ou artesanais tradicio-nais. A cidade está formada por duas partes: a cidade moderna e a Medina.

A MEDINAA Medina (o casco antigo das cidades ára-bes) é pequena e pode ser recorrida facil-mente a pé. É um paraíso de curiosidades, e zona privilegiada para o comércio local. Para descobri-la terá de atravessar uma das sete portas da cidade. A fusão de vozes e sons guiá-lo-ão até praça Uta el-Hammam (miradouro da cidade). Do outro lado en-contra-se a fortaleza Kasbah, construída no séc. XVII, dentro dos seus muros encontrará um jardim e o museu etnológico de Cha-ouen, que contém uma importante colecção de arte popular do norte de Marrocos. Mais adiante avistará a Praça de Makhzen, poderá visitar Bab el-Ansar, a fonte Ras el-Maa, um dos lugares mais bonitos da cidade, a Praça Sebbanin e a mesquita Jemaa Bouzafar.

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[OS PRAZERES MAIS SIMPLES CONDUZEM O QUOTIDIANO,E O TEMPO PASSA LENTAMENTE EM CHEFCHAOUEN]

Na Medina, daquela que é uma das cidades mais encantadoras do Norte de África, vemos passar homens vestidos com albornoz de lã e mulheres com panos à cabeça e cintura, à laia de saia – trajes bem dissemelhantes das djellabas observadas em Tânger. São herança da cultura berbere, bastante evidente em Chefchaouen - uma cidade prodígio de harmonia entre volume e cor.

ARQUITECTURAO azul predomina em todos os pátios da cidade. A situação de Chaouen na encosta da montanha dá um carácter especial às suas ruelas, provocando encruzilhadas de degraus e recantos surpreendentes. O traçado sinuoso da sua arquitectura (de várias influências) contribui para que em cada recanto dos seus estreitos becos se descubra um ângulo impactaste.

ARTESANATOChaouen emerge como um centro de artesanato em Marrocos. A actividade constitui-se uma importante fonte de ingressos para a cidade, onde poderá encontrar produtos a preços razoáveis (evitando a longa viagem para o sul), como produtos de lã, couro e madeira.

GASTRONOMIAÉ um caleidoscópio de iguarias exóticas coloridas e aromatizados com especiarias pungentes. A maioria dos menus inclui cuscuz, tagines (estufados em recipientes de barro), chá de menta, e a pastilla (espécie de tarte folhada de pombo com amêndoa).

ALOJAMENTOA maioria deste tipo de estabelecimentos encontram-se na Medina, perto da praça Uta-el-Hammam. As épocas com maior ocupação turística são a Semana Santa, meses de Julho e Agosto, assim como o Natal.

PARQUE NACIONAL TALASSEMTANEPara os amantes da natureza a província de Chefchaouen é um tesouro por descobrir. Com paisagens magníficas é ideal para a prática de actividades ecoturísticas e despor-tos de aventura como: senderismo, trekking, excursões a cavalo ou mula, biking, canyoning, rafting, piraguismo, pesca, espeleologia, etc.. Para se aventurar basta contactar as agências e guias locais.

Sugerimos visitar:Parque Nacional de Talassemtane• Oued Laou• Praia de Targha• Akchour e a Ponte de Deus•

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LAZER

«NCIS: LA»

De Shane Brennan Com Chris O’Donnell, LL Cool J, Adam Jamal Craig, Linda Hunt e Daniela RuahGénero: InvestigaçãoCriminalSpin-off de NCISCriado por CBS Television StudiosM/12

Investigação com toque lusitanoDepois de Joaquim de Almeida em ‘24’, é a vez de

Daniela Ruah brilhar numa série americana

Em 2003, Joaquim de Almeida foi o vilão da terceira temporada de ‘24’. Em 2009, Daniela Ruah é

uma das boas da fita, no papel de Spe-cial Agent Kensi Blye em NCIS: LA. Os nomes portugueses começam a sur-gir cada vez mais bem referenciados no outro lado do Atlântico e não podíamos deixar de realçar a sua presença.

Sim, é certo que se Daniela Ruah não integrasse o elenco deste spin-off de NCIS, talvez não merecesse o destaque. É um pouco de patriotismo, mas também há que olhar para os dados mais recentes de audiências nos EUA. Dezassete milhões de pessoas acom-panham todas as semanas as aventuras desta equipa de investigação.

O trama é muito simples: ao estilo CSI, uma equipa de oito elementos in-vestiga crimes que sucedem em Los Angeles. É a mesma temática que em CSI, mas em NCIS os crimes que se in-

vestiga são ligados à Marinha, maiori-tariamente altas patentes da Marinha norte-americana. As personagens prin-cipais são os Agentes Especiais G. Cal-len e Sam Hanna, onde podemos retirar umas belas gargalhadas. Daniela Ruah interpreta o papel de uma das agentes da equipa e no segundo episódio con-seguiu cumprir a proeza de pôr uma sé-rie americana a falar em português, se bem que apenas por uns instantes.

Um dos pontos mais hilariantes des-ta série é a chefe da equipa, Henrietta 'Hetty' Lange, que causa bom humor logo pela sua baixa estatura. É sempre alvo de comentários jocosos, mas revela uma inteligência e uma determinação impressionantes.

Uma série que segue a nova onda de investigação criminal, mas que lhe dá um toque diferente do habitual. Pena que em Portugal ainda não haja confir-mação de transmissão, isto apesar de

a SIC publicitar a presença de Daniela Ruah, o que realmente acontece, mas apenas em dois episódios da série origi-nal. Mesmo assim, se tiver possibili-dade, é uma série a acompanhar!

texto_ Fábio Lima fotografia_ AXN

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Ao sexto título, a série Call of Duty mantém a qualidade e re-alismo que tem habituado. Os

números, aqueles que pagam o desen-volvimento do jogo, falam por si: 310 milhões de dólares somente nos EUA, Canadá e Reino Unido no primeiro dia de vendas.

Interactividade, enredo de quali-dade, jogabilidade arrebatadora, detal-hes soberbos, personagens bem lapida-das, diálogos concisos, tudo parece dar a este Call of Duty um título muito pretendido: melhor videojogo do ano.

Quanto a história, ela é sempre interligada de jogo para jogo. Neste sexto título continua-mos a assistir a episó-dio desencadeados pelo terrorista Rus-so Imran Zakaev, quando lança um ataque contra os EUA, inclusive com uma bomba nu-clear tendo sido det-onada em solo Norte-americano, mas acaba apanhado pela equipa do Capitão Price (que chegamos a controlar du-rante o jogo), se bem que na maioria do tempo controlamos o sargento “Soap” McTavish. A rivalidade remanescente da guerra-fria continua em voga, Zakaev é declarado um herói nacional e um novo terrorista emerge, Makarov. Chegamos ao ponto de passar para o outro lado da barricada e protagonizar um ataque a um aero-porto juntamente com Makarov. Pas-

samos por bunkers americanos, prisões russas, desertos afegãos e até mesmo as alardeadas favelas do Rio de Janeiro e ouvimos gritos durante os tiroteios em português. A sensação ao passar de nív-el é sempre a de querer jogar outra vez.

Um dos pontos mais negativos do jogo é a sua curta duração. Cinco, seis horas são suficientes para terminar o jogo e nos deixar desiludidos ao ver os

crédi - tos do jogo. Mas se podemos ter seis horas de tiros e acção que nos envolvem de uma maneira surpreendente, será que não vale a pena? Nós achamos que sim.

Os gráficos estão soberbos, certos pormenores nas cidades por onde passamos deixam-nos boquiabertos, até mesmo quando levamos um tiro se nota que o efeito é bem mais trabalha-

do. Uma das missões leva-nos para a neve

e quando controlamos um jet-ski, ficamos a en-

tender que este jogo não é só um fantástico FPS (first person

shooter), mas sim um jogo fan-tástico no seu todo.

Se quer dar uma prendinha de quali-dade àquele seu sobrinho ou filho que está sempre colado no computador a dar uns tirinhos, gastar 70€ (PS3 e Xbox) ou 60€ (PC) será uma bela compra, de certeza.

10/10Pontuação Geral

25

Investigação com toque lusitano

Call of Duty:Modern Warfare 2

LAZER

texto_ Fábio Lima fotografia_ AXN

texto_ Fábio Lima fotografia_ Activision

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26

LAZERDELLAdamo XPS

UM PORTÁTIL QUE CABE em todo o lado. Fino, leve e fácil de se transportar. É assim que a Dell

pretende atacar o novo ano de 2010. O Adamo XPS, apesar das suas características exteriores, tem tem

especificações decididamente normais: terá proces-sador dual-core da Intel de 1,9GHz, drive rígido de

180GB, placa de vídeo integrada X4500MHD e 4GB de memória RAM DDR3 sob uma tela WXGA de

13,4” com iluminação traseira por LED.

AQUECEDORES DE MÃOS

QUANDO O FRIO APERTA, dá sempre jeito ter uma fonte de calor por perto. Foi nesse sentido que a Sanyo crio uns inovadores aquecedores de mãos, com dois formatos. Quanto a temperatura, o normal é cerca de 38 graus celsius e ainda, para os mais fri-orentos, existe uma opção de TURBO que consegue

fazer um aquecimento que ronda os 42 graus celsius.. Uma compra muito útil para aquelas noites frias.

AMAZON KINDLELEVAR OS LIVROS para onde quiser não será mais um problema com o novo Kindle da Ama-zon. A líder de vendas online, resolveu atacar

um mercado em expansão e o Kindle é uma boa aposta, custando à volta de 230€. A acrescentar ao valor do produto, os livros em versão e-book ficam praticamente ao mesmo preço das lojas,

mas de qualquer das formas não pesa tanto.Como não há bela sem senão, um livro com-

prado para um Kindle não pode ser transmitido para um outro Kindle., devido à velha história

dos direitos de autor.

«UM PREGO PARA O CAIXÃO»R.J. REYNOLDS UKRAINE teve uma ideia bastante original e criou um maço de tabaco em forma de caixão, o típico “mais um prego para o caixão” tornou-se agora físico.Este não é um habitual gadget, não é electrónico, não tem projecto de comercialização, mas a ideia em si é extremamente inovadora.Talvez, se esta ideia fosse avante, muitos fumadores pensassem duas vezes antes de «mandarem o prego para o caixão»...

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GADGETS

27

IPHONE DOURADO

DOIS MILHÕES DE EUROS. Sim é este o valor do iPhone 3GS coberto de ouro de 22 quilates e in-crementado com 190 pequenos diamantes ao seu re-dor.Com a etiqueta de Stuart Hughes, que desenvolve uma versão luxuosa para vários gadgets, este iPhone só está à mão daqueles mais esbanjadores.Para coroar todo este conjunto, o designer decidiu adicionar ainda uma caixa de granito para o transporte e armaze-namento da peça.

WarMouseOpenOfficeMouse

DOIS BOTÕES? Isso é coisa de meninos. Deve ser isto que pensou a WarMouse quando decidiu criar um rato com 18 (!) botões. Este rato é ideal para os aficionados em jogos, mas a empresa disse que ele foi projectado para aplicações do Of-fice, Photoshop e AutoCAD. Chegará ao mercado europeu em breve custando 50 euros

A QUINTA GERA-ÇÃO do leitor da Apple mais fino conta agora com uma câmara de fil-mar, com resolução VGA, porém a sua posição deixa a desejar - canto inferior direito.

O novo Nano agora sintoniza Rádio, tem gravador de voz e altifalante. Quanto a dimensões, 36 gra-

mas de peso e 0,6 centímetros de espessura.A dimensão do ecrã foi aumentada em 0,2

polegadas, o que melhora a visualiza-ção de vídeos. Quanto a preços,

139€ para a versão de 8GB e 169€ para a edição de 16GB.

iPod Nano

ARMA AGENTES SECRETOS, esta camâra câmara de vídeo de bolso, com entrada USB e memória de 8 GB (dá para gravar até duas horas de vídeo em alta definição), é um complemento essencial para umas belas férias em família.Não tem a dimensão nem as funções de outras câmaras, mas o preço e a facilidade de uso compensam. Por ex-emplo, para fazer upload de uma cena memorável para o Youtube basta ligá-la ao pc e carregar num botão.

Simple as that.

Flip Ultra HD

ToshibaQosmio X500

O FERRARI DOSPORTÁTEIS, é assim que este novo Toshiba é apelida-do.Tem um chip i7 da Intel, 8GB de memória RAM, uma placa gráfica GeForce GTS 250M, um monitor full HD de 18 polegadads e um sistema de som Harman Kar-don. Se não percebe nada destas es-pecificações, descanse que por 1999€ ficará bem satisfeito.

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O Muro quedividiu oMundO

texto_ Adriano Narciso e Fábio Lima

Durante quase 30 anos, a Europa esteve dividida por um muro que além de físico tinha dimensões políticas. O lado Ocidental era marcadamente Capitalista e o Oriental ligado ao Comunismo.A 9 de Novembro de 1989, após uma comunicação de Gunter Schabowski, milhares de pessoas começaram a atravessar a fronteira, que estivera 30 anos vedada.Vinte anos depois, as memórias de todo o período, e principalmente, do momento da queda do Muro, continuam vivas e são um momento de viragem em muitas vidas.

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Construída em 1994, a cerca segue a lin-ha do armistício de 1949. É reforçada com arame farpado, torres de vigia e sensores.

ISRAEL - GAZA

ESPECIAL

Quando Adolf Hitler resolveu atacar a Polónia, a 1 de Setem-bro de 1939, estaria longe de

imaginar o que aquele acto poderia pro-vocar. Durante precisamente seis anos e um dia, o Mundo esteve em guerra, ter-minando a Alemanha de Hitler por ser derrotada. Os Estados Unidos foram os grandes vencedores, mas os soviéticos também colheram frutos do seu envol-vimento.

Durante e depois da Guerra, cinco conferências foram feitas com o intuito de decidir o futuro da Alemanha. Em 1943, Casablanca, Cairo e Teerão foram os palcos das primeira conferências en-tre os Aliados. E depois do final da guer-ra, em 1945, foram realizadas as Con-ferências de Ialta e Postdam, ficou então decidido que Alemanha e Berlim seriam divididos em quatro zonas, administra-das por França, Inglaterra, Estados Uni-dos e União Soviética. Porém, as duas primeiras renunciaram à sua posição na Alemanha e o país ficou dividido ap-enas em duas zonas: República Federal Alemã, comandada pelos Estados Uni-dos da América, e República Democrata Alemã, dominada pela União Soviética, esta separação foi apelidada de Besat-zungszeit. Primeiramente, o controlo era apenas militar, mas depois os dois lados da barricada passaram a ser totalmente controlados pelas maiores potências mundiais.

O desnível entre o poder destas duas super-potências e os restantes países do mundo era tão gritante, que rapidamente se constitui um sistema global bipolar, ou seja, centrada em dois grandes pólos. Sob a influência das duas doutrinas, o mundo foi dividido em dois blocos liderados cada um por uma das super-potências: a Europa Ocidental e a América Central e do Sul sob influência cultural, ideológica e económica dos Es-tados Unidos, e a maior parte do Leste Asiático, Ásia central e Leste europeu, sob influência soviética. Desta forma, o mundo estava dividido sob a influência das duas maiores potências económicas e militares da época, mas estava também polarizado em duas ideologias opostas: o Capitalismo e o Socialismo.

Os primeiros tempos de Alemanha dividida foram vividas com a marca das duas ideologias vigentes. Porém, quatro anos após a implementação de

um regime socialista, Estaline morre e em Junho de 1953, dá-se a violenta re-pressão da Revolta de 1953. Cerca de três milhões de habitantes da Alemanha Oriental fugiram para a Alemanha Oci-dental como consequência dos distúr-bios.

A República Democrática da Ale-manha era então tornada soberana e as tropas soviéticas reforçaram o seu con-tingente, muito devido a igual reforço feito no lado ocidental por parte das tropas americanas.

Ainda como consequência da Re-volta de 1953, e em face do número cada vez mais elevado de pessoas que tentavam cruzar a fronteira para o lado ocidental, a URSS decidiu então con-struir um muro, que viria a ser tanto físico como ideológico. Estava de pé a «Cortina de Ferro», como apelidou Winston Churchill.

A CORTINA DE FERRO: UM BASTIÃO IMPORTANTE NA GUERRA FRIA

O muro de Berlim foi uma me-dida tomada por parte da República Democrática da Alemanha (RDA). Wal-ter Ulbricht, líder do Estado (1960-73) foi o primeiro a referir-se à existência de um muro, durante uma entrevista. Dois meses depois, começava a ser al-icerçado aquele que mais tarde se tor-

nou conhecido como o «muro da ver-gonha».

De facto, Ulbricht já tinha contacta-do Nikita Khrushchov, então presidente da URSS, numa conferência entre os países membros do Pacto de Varsóvia, pedindo permissão para bloquear as fronteiras com Berlim Ocidental. Dia 11 de Agosto de 1961, o parlamento da RDA (Volkskammer) confirmou os resultados deste contacto entre os dois chefes de Estado e no dia seguinte as forças armadas começaram a ocupar a fronteira enquanto eram edificados gradeamentos junto à fronteira.

No dia 13 do mesmo mês foram bloqueadas a vias de trânsito que esta-beleciam acessos com Berlim Ociden-tal. Segundo responsáveis soviéticos, o muro era um protector anti-fascista. No seguimento destas acções foram várias as vozes que entoaram contra a

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ISRAEL - GAZA

Numa fronteira de 3000 km, os EUA já cobriram 900 km com uma barreira para evitar a imigração ilegal, mas que o Méx-ico contesta.

EUA - MÉXICO

A zona desmilitarizada foi instituída em 1953. Entretanto, a Coreia do Sulconstruiu uma barreira na fronteira.

COREIAS

O governo britânico construiu, desde os anos 70, cercas a que chamou “linhas de paz”, a dividir a zona católica da protes-tante em Belfast, Derry e outras localidades norte-irlandesas. A construção prosseguiu após os acordos de paz de 1998.

IRLANDA

medida da Alemanha soviética. Kon-rad Adenauer, chanceler da Alemanha Ocidental (RFA) prometeu à popula-ção, numa transmissão radiofónica, que rapidamente se iriam estabelecer medi-das de reacção contra a atitude da RDA. O Presidente de Berlim, Willy Brandt, mostrou-se categoricamente contra uma divisão da cidade em duas, embora ten-ha tido pouco êxito. No dia 16, trezentas mil pessoas juntaram-se na parte oci-dental da cidade para protestar contra a construção do muro.

Depois destas reacções locais seguiram-se oposições por parte dos Aliados que, mal souberam da inicia-tiva, enviaram para o local várias pa-trulhas militares que se encarregaram de registar todo o processo e agir em caso de excessos tomados por parte das forças opostas.

O presidente do EUA, John Fitzger-ald Kennedy, sempre defendeu a ideia de liberdade na capital alemã. Deste modo, enviou mais militares para a fronteira e, no dia 19 de Agosto, o vice-presidente dos EUA, Lyndon B. Johnson protestou contra Ulbricht, que declarara a supremacia das forças poli-ciais da RDA sobre as dos Aliados. O clima de tensão adensou-se de tal for-ma que o comandante soviético desta-cado para monitorizar o processo de construção do muro e do bloqueio das vias e fronteiras, pediu ao governo da Alemanha Oriental alguma moderação. A situação culminou meses mais tarde, no dia 27 de Outubro de 1961, quando, pela primeira vez, tanques dos EUA e da URSS se colocaram em posição de ataque. A confrontação nunca se suce-deu e os comandos optaram pela reti-rada no dia seguinte, com receio de que

a Guerra Fria evoluísse em algo pior: ataques nucleares.

A construção do muro foi, em parte, um dos grandes símbolos da hostilidade entre as duas nações mais prósperas da época. O mundo nunca viu a divisão de Berlim como uma divisão de uma cidade. A «cortina de ferro», tal como o nome indica, visava uma cisão entre duas ideologias antagónicas, um úl-timo recurso para bloquear os contac-tos entre soviéticos e aliados. Kennedy, apesar de ser um acérrimo opositor da divisão, afirmou que, sendo esta uma solução indecente, era melhor que uma guerra, que acabaria por culminar numa sucessão de demonstração de poder por parte das duas super-potências.

RDA , UMA ALEMANHA ÀPARTE

Na Alemanha de Leste, a cidade de Dresden era apelidada de «O Vale dos Ignorantes», porque nela ninguém tinha acesso à televisão ocidental. Mas a ver-dade é que, se alguém fosse descoberto a ver televisão da Alemanha Ocidental seria imediatamente detido. Além da proibição de visualização dos canais da «outra» Alemanha, a RDA também proibia a representação de símbolos capitalistas, como o Rato Mickey ou até mesmo a venda de Coca-Cola, e quem o fizesse corria sérios riscos de ser con-siderado um traidor para a pátria. Esta condição de «traidor» era também es-tendida a todos os que tirassem fotogra-fias que retratassem a realidade vivida pela pessoas de Leste, nas palavras da STASI - polícia política - estas fotogra-fias eram simples actos de espionagem.

A STASI controlava cada movi-mento dos seus cidadãos. Estima-se que

em cada seis pessoas, uma delas fosse informador da polícia política. Porém, estes informadores não tinham qualquer aspecto de passarem informação ao poder, eram simples cidadãos que eram abordados e em que lhes era proposta a cooperação ou a morte.

Eram 85 mil funcionários e mais 170 mil informadores, o que dava uma proporção sem precedentes de espiões por pessoa num país de pouco mais de 17 milhões de habitantes. Num deter-minado momento, cada prédio público da Alemanha Oriental tinha pelo menos um informador. Nos postos de Correio havia sempre alguém para abrir e ler to-das as cartas. A polícia vigiava todos os cidadãos mas tinha os seus alvos pref-erenciais, do quais se destacava o emer-gente grupo de fãs do Punk-Rock que surgia então.

O chefe da secreta, Erich Mielke, era considerado o homem mais temido na Alemanha Oriental. «Temido pe-los colegas, temido pelos membros do Partido, temido pelos trabalhadores e pela população em geral», dizia-se na

época. Mielke não suportava a ideia de poderem haver traidores dentro da STASI, «se eu descobrisse um, no dia seguinte ele estaria morto. Porque sou um humanista é que penso assim.»

A STASI não era só uma polícia secreta, e tudo o que aconteceu, para bem e para mal da URSS e da RDA, deveu-se à sua actividade. Dedicaram-se à venda de pessoas para a Alemanha Ocidental, pessoas que haviam tentado atravessar a fronteira, no total lucraram mais de mil milhões de euros nessas

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1945 até 53 - Harry Truman1953 até 61 - Dwight Eisenhower1961 até 63 - John F. Kennedy1963 até 69 - Lyndon Johnson1969 até 74 - Richard Nixon1974 até 77 - Gerald Ford1977 até 81 - Jimmy Carter1981 até 89 - Ronald Reagan1989 até 92 - George H. W. Bush

1924 até 53 - Josep Estaline1953 até 64 - Nikita Khrushchov1964 até 83 - Leonid Brejnev1983 até 84 - Yuri Andropov1984 até 85 - Konstantin Tchevnenko1985 até 89 - Mikhail Gorbatchov

Presidentes durante a Guerra Fria

É considerado um dos responsáveis pelo fim da URSS e, consequentemente pela Queda do Muro de Berlim.Mikhail Gorbatchov foi o último Presidente da União Soviética. Ao deparar-se com o estado cada vez mais degradado do país, Gorbatchov tentou apli-car mudanças de fundo, mas acabou por tirar todo o poderio à nação, levando ao fim do im-pério soviético.A Glasnost (transparência) e Perestroika (re-estruturação) foram as principais medidas.

vendas. Estima-se que, durante todo o período em que o Muro esteve erguido, sete pessoas tentavam por dia atravessar a fronteira, quase sempre sem sucesso.

O Desporto era outra vertente im-portante para a STASI. A polícia políti-ca criou o programa «Plano 14.25», que visava dar doses de doping aos atletas para permitir a supremacia da URSS face aos EUA, no total mais de 10 mil atletas foram incluídos no programa. A cada atleta era aplicado um plano de dopagem com doses obrigatórias de Oral Turinabol, um esteróide anaboli-zante usado para aumentar a massa e a força musculares. Um dos casos mais famosos, é o de Heidi Krieger, número 54 nesse programa de dopagem. «Nun-ca tive a possibilidade de dizer: ‘não quero tomar hormonas’. Tinha apenas 16 anos e era o meu treinador que me dava os comprimidos azuis. Roubaram-me a minha história», afirma à AFP, Andreas Krieger. Andreas era a Heidi Krieger que em 1986 fora campeã da Europa de lançamento do peso. A dose de doping foi de tal modo elevada, que o corpo da atleta começou a sofrer transformações, fazendo com que esta deixa-se de se parecer com uma mulher. A solução foi uma mudança de sexo e agora a/o campeã(o) de 1986 é propri-etário de uma loja de vestuário militar em Magdebour, um homem robusto de 1,87 metros, com um bigode emergente ao redor de um largo sorriso.

As consequências do «Plano 14.25» foram desde cancros, esterilidade, mas-culinização (voz grave e pêlos abundan-tes) das mulheres até femininização dos homens (aumento dos seios). Se-

É, hoje, a barreira mais controversa e não respeita quaisquer linhas internacio-nalmente acordadas. Israel diz que é para deter bombistas suicidas, mas os pales-tinianos falam de “anexação efectiva”.

ISRAEL - CISJORDÂNIA

gundo um estudo universitário, a taxa de abortos espontâneos entre as antigas atletas é 32 vezes superior à normal. As hipóteses de a criança nascer já morta ou com deficiências é dez vezes superior ao resto da população. Mas nada importava mais à URSS além de vencer.

Na década de 70, cresceu na Ale-manha de Leste uma necessidade de liberdade, expressada de outras formas menos convencionais - nasceu então o culto do nudismo. Esse movimento tornou-se moda e Erich Honecker, en-tão Presidente do Conselho de Estado, começou a ser entusiasta. A STASI viu no negócio do erotismo uma fonte de lucro e apostou nele. Tudo que fosse positivo para o ego e para os cofres da nação era positivo.

A STASI também foi responsável pela propaganda que era divulgada no país, ora a exaltar o comunismo ou a criticar o capitalismo. Era patente em desenhos animados e em cartazes.

O DIA DA QUEDA

O dia 9 de Novembro de 1989 pare-cia ser um dia normal. O céu estava nublado, típico de um dia de Outono na Alemanha. Mas nos bastidores gover-namentais muito haveria de acontecer naquele dia.

Logo pela manhã, o Ministro do In-terior Gehrard Lauter reúne com mem-bros estatais de modo a decidir a criação

Page 33: Mundo Contemporâneo - Edição 6

ESPECIALPresidentes durante a Guerra Fria

de uma lei que permitisse o livre trân-sito entre as duas Alemanhas. No es-boço que lhe fora entregue, elaborado pelo Politburo, era explícito que a saída da Alemanha Oriental seria vista como uma traição e as pessoas perderiam a cidadania. Lauter não concordava e ini-ciou uma discussão acalorada com os restantes, até que chegaram a um con-senso.

Ficou então decidido que «as via-gens a título privado e as partidas per-manentes são imediatamente possíveis, sem ser necessária qualquer autoriza-ção». O documento em que constava esta declaração encontrava-se então embargado até as 4 horas da manhã do dia seguinte. Lauter deu-o ao seu mo-torista, que o levou até ao Edifício do Comité Central.

Exposto ao Politburo, o documento de Lauter não teve oposição. Estava ofi-cialmente aceite.

É então que entra em cena Gunter Schabowski [foto à direita], o respon-sável pela comunicação do Governo da RDA. Schabowski tinha sido uma das mentes que apoiou a saída de Erich Ho-necker do governo, com o intuito de le-var a cabo reformas. Na tarde em que tudo parecia acontecer a um ritmo ver-tiginoso, Schabowski chegou atrasado à reunião do Comité Central, sentando-se ao lado do Presidente Egon Krenz, que lhe passou a pasta com o documento de Lauter. E num murmúrio lhe disse «leve isto consigo para a conferência de imp-rensa».

Às 18 horas, iniciava-se a conferên-cia de imprensa para falar sobre o suce-dido na reunião do Comité Central. Com uma plateia de mais de 200 jornalistas, Schabowski começou por se apresentar. «Sou Gunter Schabowski, membro do Politburo e secretário do Comité Central (…)», e após cinquenta minutos a falar de questões sobre a reunião, o jornalista da ANSA Ricardo Ehrman pergunta-lhe se havia novidades sobre a lei das via-gens da RDA. Schabowski começou a procurar na pilha de documentos e até que achou o papel que continha a lei.

A comunicação é lido e segundo Schabowski esta tinha efeito imedia-to. Ninguém tinha dito que a lei tinha um embargo até às 4 horas da manhã seguinte. Ninguém sabia do embargo, como também ninguém do Governo

sabia do conteúdo da pasta entregue a Schabowski.

Momentos depois da declaração as pessoas começaram a dirigir-se para a fronteira, exigindo a passagem. Quando começaram a sair, os seus passaportes foram carimbados em cima da foto, o que significava perda de cidadania e im-possibilidade de regressar, mas ninguém sabia, e só queriam saber da alegria que lhes percorria o rosto por poderem atravessar uma fronteira que estivera demasiado tempo fechada.

Com a passagem a ser lenta, os guardas tinham que se decidir, e Harald Jagger, chefe do controlo mais impor-tante decide que deviam abrir as portas e deixar as pessoas saírem. O relógio marcava 23h 30m. Meia hora depois, todos os controlos estavam totalmente abertos. À medida que as pessoas eram autorizadas a sair, começou a juntar-se uma enorme multidão junta das Por-tas de Brandenburgo. Jovens do lado Ocidental incitaram a passagem por cima do muro e num ápice ouve-se em uníssono «o muro, o muro, o muro, o muro tem que ir abaixo!». E quando as pessoas começaram a subir o muro e a ultrapassá-lo, nada havia a fazer.

Em 13 de Junho de 1990, o desm-antelamento do muro começou oficial-mente, levado a cabo pelas forças mili-tares do Ocidente. A última pedra caiu em Novembro de 1991. Apenas algumas secções e torres de controlo se mantém em pé, sob forma de memoriais.

O ÍNICIO DO FIM DA URSS

A repressão e falta de liberdade eram gritantes, as condições de habitabilidade subumanas, as pessoas sentiam-se dep-rimidas e a existência do Muro a separar as duas Alemanhas em nada ajudava a motivar as pessoas. Aos poucos todos estes sentimentos conduziram à queda do Muro que fizera de bloqueio entre dois lados do mundo.

Quando em 1983 Leonid Brejnev deixou o poder, dois curtos mandatos foram cumpridos - Yuri Andropov e Konstantin Tchevnenko - cada um com um ano apenas. Seguiu-se então, em 1985, Mikhail Gorbatchov. Gorbatchov defendia a necessidade de reformar a União Soviética, para que ela se ade-quasse à realidade mundial, aproximan-

do-se então do Ocidente. A Glasnost e a Perestroika foram as duas medidas mais famosas.

Sem pretender, Gorbatchov conduz-iu ao rápido desvanecimento do Comu-nismo e à Queda do Muro de Berlim, em 9 de Novembro de 1989.

20 anos depois da queda do muro, uma sondagem na Alemanha de Leste mostrou que as pessoas estão divididas quanto ao sucesso da queda do muro em termos sociais. Num inquérito real-izado por altura das comemorações dos 20 anos da queda do muro, cinquenta por cento das pessoas consideram que o acontecimento em nada os ajudou. Lamentam diferenças reais do nível de vida, lembrando que no Leste o desem-prego é maior, os salários são mais baixos e o PIB é de apenas de um terço do registado no lado ocidental do país.

Doze por cento dos inquiridos re-cordam com saudade os tempos da RDA e outros tantos defendem mesmo que o muro devia ser reconstruído.

Somente um quinto dos alemães de Leste considera que a reunificação vai no bom sentido e muitos outros dizem que os irmãos do ocidente os tratam com arrogância.

20 anos depois, o Muro de Berlim continua a marcar as vidas das pessoas que com ele se cruzaram.

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DESPORTO

texto_ Isa Mestre fotografia_ Reuters

Foi no passado dia 4 de Dezem-bro, pela voz de Charlize Theron e Jerome Valcke que Portugal,

conjuntamente com as trinta e uma out-ras selecções apuradas para o mundial, soube o seu destino rumo a 2010.

O sorteio para o Mundial de 2010, na África do Sul, teve lugar na céle-bre Cidade do Cabo, iniciando-se com momentos musicais típicos do país sul-africano.

Contudo, para Portugal, a noite foi bem mais agitada, sabendo a selecção das “quinas” que, à partida, não sendo cabeça de série as dificuldades seriam acrescidas.

Portugal estava colocado no pote número 4, após um árduo apuramento que apenas no último encontro ditou a presença dos lusos no lote das melhores selecções do mundo.

Foi também nos últimos instantes do sorteio, pela mão do etíope Haile Ge-breselassie, campeão olímpico, que Por-tugal viu atravessar-se-lhe no caminho as selecções do Brasil, Coreia do Norte e Costa do Marfim.

Para os lusos a tarefa de superar as fases iniciais do Mundial de 2010 não se adivinha fácil, sobretudo porque a com-petição será jogada no Inverno, período de muito frio em terras sul-africanas. Os portugueses, no entanto, contam com a benesse de ser a única selecção de entre as presentes que joga quase sempre ao nível do mar.

OS ADVERSÁRIOS

De entre os adversários dos lusos para o Mundial salta à vista uma das selecções mais históricas de sempre: o Brasil.

Ditou o destino, ou o fado, como diz a tradição portuguesa, que no caminho da selecção que equipa de rubro surgis-sem nomes como o de: Kaká, Luís Fa-biano, Luisão ou Ramires.

Com cinco Campeonatos do Mundo conquistados, o escrete é um eterno fa-vorito à conquista do troféu.

Numa selecção que conta com in-úmeros nomes sonantes, destaca-se imediatamente de entre o brilhan-tismo canarinho a magia de Kaká, eleito no ano 2007 como melhor jogador do mundo pela FIFA.

Assim sendo, será logo à terceira jornada que Ronaldo e companhia enfrentarão o futebol adocicado do es-crete.

Porém e porque nem só de grandes potências fute-bolistas se faz o Mun-dial, 2010 contará com o regresso, 44 anos depois, da Coreia do Norte. Uma vez mais a presença dos asiáticos será apadrinhada por Portu-gal, que para

O escrete de Kaká, Luís Fabiano e Luisão promete baralhar as contas da passagemde Portugal às derradeiras fases do Mundial de 2010, na África do Sul

«Canarinhos» no maparumo ao Mundial de 2010

seguir em frente terá que derrotar uma equipa asiática.

Dos coreanos conhece-se, à partida, o principal trunfo: a contenção. Num esquema onde alinham normalmente cinco defesas espera-se sobretudo que os asiáticos sejam capazes de “segurar” empates e vitórias e evitar derrotas.

Ainda no Grupo G, coube à Costa do Marfim, aquela que é para muitos a melhor selecção africana da actuali-dade, fechar as contas do sorteio para o Mundial.

Didier Drogba, jogador do Chel-

sea, é actualmente figura de proa dos

costa-marfinenses, já conhecidos no

mundo do futebol como Les Élé-

phants.

Page 35: Mundo Contemporâneo - Edição 6

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«Canarinhos» no maparumo ao Mundial de 2010

Contudo, para além de Drogba, Por-tugal terá ainda de ver-se a contas, logo no primeiro encontro, com a magia saí-da dos pés de Salomon Kalou, Zokora ou Touré.

OS ENCONTROS

O jogo inaugural para os portu-gueses será a 15 de Junho, em Port Eliz-abeth, um dos maiores portos do país, a aproximadamente 770 km da Cidade do Cabo.

Na segunda partida, a 21 de Junho, a selecção das “quinas” enfrentará a Cor-eia do Norte, na segunda maior cidade do país: a cidade do Cabo.

Por fim, a jornada final da primeira fase do Mundial de 2010 será jogada em Durban, a 25 de Junho, numa partida que poderá ser decisiva para os portu-gueses.

À data do jogo com o Brasil as con-tas lusas no Mundial poderão perfeita-mente já estar equacionadas, dependen-do apenas dos resultados dos primeiros encontros que, normalmente, em iguais circunstâncias se revelam decisivos.

OS SUSPEITOS DO COSTUME

Para além do grupo G, onde Portu-gal naturalmente se integra, o Mundial de 2010 contará ainda com mais oito grupos de onde se destaca o grupo A, grupo do país organizador – a África do Sul, a quem coube em sorte defrontar o México, Uruguai e a polémica França, apurada pela “mão” de Thierry Henry.

No grupo B encontra-se a mítica Argentina, de Maradona e Messi , a Ni-géria, a Coreia do Sul e a vencedora do Euro 2004- a Grécia.

Por sua vez, no grupo C defrontar-se-ão a Inglaterra de Ronney, Estados Unidos, Argélia e Eslovénia.

Já no grupo E, a Holanda terá pela frente a difícil tarefa de suprimir o pode-

rio futebolístico da Dinamarca, Japão e Camarões.

O grupo F contará com a presença dos campeões do mundo em 2006- a Itália, que será acompanhada na luta pelo Paraguai, Nova Zelândia e Es-lováquia.

Por fim, o último e derradeiro grupo H será constituído pelos campeões eu-ropeus em título – a Espanha que terá pela frente a Suiça, as Honduras e o Chile do sportinguista Matías Fernan-déz.

AS REACÇÕES

Logo após o término do sorteio na Cidade do Cabo, as reacções portugue-sas sentiram-se um pouco por toda a parte.

João Moutinho, jogador do Sport-ing e da Selecção Nacional, foi dos primeiros a pronunciar-se sobre o des-tino luso no Mundial, afirmando que «este é um grupo difícil. Temos que es-tar cientes das dificuldades, mas vamos trabalhar a nossa equipa e tentar passar à fase seguinte, porque sabemos que te-mos valor».

Segundo as palavras do jogador le-onino «o Brasil é o maior candidato à conquista do Mundial. Temos de nos concentrar no primeiro jogo, contra uma selecção africana com muito valor e que não vai ser nada fácil. Temos de mostrar o que valemos para conseguir vencer esta partida. Teoricamente, a Coreia do Norte é o adversário mais acessível».

Já Liedson, recém-integrado na eq-uipa das “quinas”, vê com optimismo o futuro de Portugal no Mundial: «Acho que, apesar de tudo, é um grupo aces-sível. Portugal tem todas as oportuni-dades para seguir em frente». Quando questionado face ao confronto com a sua “verdadeira” pátria, o jogador le-onino não esconde o coração canarinho, garantindo: «Sou brasileiro e amo o

meu país, por isso é normal que fique dividido. Mas vou fazer o meu trabalho e defender a minha selecção».

Quem também vai defender a se-lecção e sobretudo as redes lusas é Rui Patrício que garantiu já que todos os por-tugueses sabem que «o Brasil é uma ex-celente selecção, mas temos de mostrar dentro de campo o que valemos. Neste grupo não há equipas mais forte do que outras, o que interessa é ganharmos. Jogar com o Brasil em último? Será bom se Portugal já estiver qualificado, mas o importante é ganhar jogo a jogo e só depois pensar nos outros. O mais importante é o primeiro. Agora temos de continuar a trabalhar como temos vindo a fazer para podermos estar bem no Mundial».

Para fechar, o actual seleccionador português, Carlos Queiroz, tranquilizou as hostes portuguesas, garantindo que «existem três equipas para dois lugares. O alinhamento prova isso. Portugal es-treia-se com a Costa do Marfim e numa prova tão curta não há espaço para o erro. Pode ser o jogo-chave. O Brasil é favorito mas vamos discutir o primeiro lugar. Vamos disputar cada jogo e cada ponto. É especial estar com o Brasil e penso que será um dos grupos que mais tensão gerará neste Mundial».

RUMO ÀS VITÓRIAS

Aos portugueses resta agora espe-rar que a África do Sul apadrinhe o seu regresso à senda do sucesso, repetindo feitos “grandiosos” como aquele que colocou Portugal na final do Euro 2004, em Lisboa.

Apesar de um apuramento “nubla-do”, a verdade é que os portugueses de-positam confiança máxima na selecção nacional que em Junho rumará à Cidade do Cabo para fazer sonhar milhares de portugueses.

DESPORTO

BrasilRanking FIFA: 2ºEquipa-Base: Júlio César; Maicon, Daniel Alves, Juan e Lúcio; Gilberto Silva, Ramires, Elano e Kaká; Robinho e Luís FabianoTreinador: Dunga

Costa do Marfim

Ranking FIFA: 16ºEquipa-Base: B. Barry; Kolo Touré, Tiene, Eboué e Arthur Boka; Yaya Touré, Zokora, Bakary Koné e Sanogo; Didier Drogba e Solomon KalouTreinador: Vahid Halilhodzic

Coreia do NorteRanking FIFA: 84ºEquipa-Base: Myong-Guk; Il Ri, Jong Hyok, Kwang Chon, Chol Jin e Song Chol; Mun In Guk, Yong Hak e Chol Choe; Hong Yong Jo e Jong Tae-SeTreinador: Jong Hun Kim

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«O Futebol não é tudo na Vida»

A frase do Presidente da Federação Alemã de Futebol, Theo Zwanziger, serviu como

um aviso ao universo desportivo em relação a uma realidade que por vezes se tende a esquecer: a de que “o futebol não é tudo na vida”. Quando Robert Enke, com apenas 32 anos disse adeus ao mundo após suicídio, a comunidade futebolística ficou perplexa.

Nascido a 24 de Agosto de 1977, Robert Enke iniciara-se no futebol no clube da sua terra, o Jena Pharm, com apenas oito anos. Logo aos nove mudou-se para o Carl Zeiss Jena, onde permaneceu até 1996. Foi nesse momento que a Bundesliga chamou pelo jovem que brilhava nos relvados germânicos. 3 anos e 32 jogos com a camisola dos Potros serviram para convencer o Benfica a avançar para a sua compra. E nem os oito golos sofridos no jogo em que Toni foi observar o jovem, demoveram o clube encarnado.

Na Luz, Robert Enke encantou. Considerado o melhor guarda-redes desde que Michel Preud’Homme deixou as redes do Benfica, Enke reuniu em Portugal não apenas amigos, mas sobretudo admiradores do seu carácter e do seu talento. Porém, um vôo mais alto o esperava – o Barcelona. Contudo, foi precisamente na cidade catalã, que se iniciou o maior pesadelo do futebolista – uma depressão que lhe viria a tirar a vida. Sem jogar, a ter que se fechar em si próprio, Robert criou um sentimento que não mais o largou.

Mais tarde, aventurou-se na Turquia e no Tenerife, mas sempre sem sucesso. Regressou então à Alemanha, em 2004, para actuar no Hannover. Nos Die Roten, Enke recuperou a alegria de jogar mas estaria longe de imaginar que o destino voltaria a pregar-lhe uma partida.

texto_ Fábio Lima fotografia_ A Bola

Em 2006, após a morte de sua filha biológica Lara, de 2 anos, devido a um problema cardíaco, Enke viu o seu estado psicológico agravar-se. Teresa Enke confirmou que a morte da filha tinha deixado marcas profundas no antigo guarda-redes do Benfica, que manifestava medo de ser internado e de perder a filha adoptiva Leila.

Apesar de passar por um drama impressionante fora dos relvados, Enke sempre foi um profissional exemplar. José Mourinho privou com o jogador no Benfica e não esquece os momentos passados com o guardião germânico. «Recordo dele a serenidade, a simpatia, a educação, o profissionalismo, as suas preocupações de carácter social e não só», frisou.

Quando, a 10 de Novembro, perto das 20 horas surgiu a notícia da morte do, na altura, titular da selecção alemã, muitos recusaram-se a acreditar, doía a todos uma verdade tão cruel. Rejeitavam sobretudo a tese de suicídio. À medida que surgiam as notícias a confirmar o episódio, choviam mensagens de pesar, daqueles que em Robert viam sobretudo um profissional ao mais alto nível.

Na sequência da morte do guardião germânico, a selecção alemã cancelou um amigável que tinha para dias depois e o Benfica decretou um minuto de silêncio antes do jogo com o Vitória de Guimarães, tendo também actuado com «fumos negros» nas camisolas.

Enke era um ídolo de uma geração, personificava a raça e frieza típica dos alemães, e para muitos, ver um acto desta dimensão trouxe outro significado ao futebol, nas palavras do Presidente da Federação Alemã: «o futebol não é tudo na vida, nem deve querer ser tudo na vida». A magnitude da homenagem ao guarda-

redes foi de tal forma enorme que, desde 1967 – funeral do ex-Chanceler Konrad Adenauer – que a Alemanha não assistia a um funeral tão grande como aquele que foi prestado a Robert Enke. Assim, naquele que costuma ser o palco da celebração, de festejo e de alegria que se quer, e deve ser o futebol, o AWD-Arena encheu-se de sofrimento e lágrimas para o último adeus ao guarda-redes alemão.

O Hannover, último clube do guardião, fez já questão de referir que não quer deixar perder a memória de Enke. Segundo fontes próximas, a direcção do clube encarnado pretende renomear o AWD-Arena, para Robert Enke Arena. O que é já uma certeza é que a camisola número 1 não mais será usada no clube da Baixa Saxónia, sendo que um número 1 simbólico será colocado na parte da frente das camisolas do clube até ao final da temporada.

«Tinha um lado humano muito forte, tal como o carácter e a personalidade. Tinha muito sentido de grupo, de solidariedade. Mais do que louvar as qualidades desportivas, que eram muitas, é esta faceta dele que se destaca, da solidariedade, de ajudar os outros», recorda Toni, antigo treinador do Benfica e velha glória do clube.

Humano, inteligente (em apenas 3 meses aprendeu a falar em português), humilde, interessado por ópera, cinema e literatura, Enke era um dos rostos da PETA (Organização Internacional para a Protecção dos Animais) e não virava a cara aos pedidos de ajuda. Um ídolo, um profissional exemplar para quem a vida deixou de fazer sentido. Fica a saudade de um Ser Humano que uniu o mundo do futebol, injusto por vezes.

Porque por vezes e quase sempre: «o futebol não é tudo na vida».

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Robert Enke1977 - 2009

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Pela primeira vez, Portugal conta com sete elementos na elite mundial do ciclismo

texto_ Fábio Lima fotografia_ UCI

Joaquim Agostinho, Marco Chagas, Alves Barbosa e mais recentemente, José Azevedo ou Sérgio Paulinho,

são nomes que marcam claramente o panorama velocipédico nacional. Mas, nunca o ciclismo português esteve tão bem representado na alta-roda interna-cional. E a altura em que surgem estas novidades é ainda mais surpreendente, pois vem na ressaca de uma Volta a Portugal marcada por imensos casos de doping, que até retiraram a vitória a Nuno Ribeiro. Mas apesar de tudo isso, cinco ciclistas de nacionalidade portu-guesa irão representar equipas de topo do ciclismo.

A equipa mais portuguesa do pelotão internacional é claramente a RadioShack, comandada pelo mítico Lance Armstrong. Nas estradas, Portu-gal terá Sérgio Paulinho e Tiago Macha-do; no comando da equipa estará um dos melhores gregários de Lance Arm-strong, José Azevedo; e na parte técnica estará o mecânico Francisco Carvalho.

A figura da equipa é sem dúvida o sete vezes vencedor do Tour de France, Lance Armstrong, que aos 39 anos faz questão de mostrar que a idade não o impede de trepar as montanhas mais difíceis do mundo. Ao lado do texano estarão muitos ciclistas que vieram con-sigo da Astana, entre eles figuram Levi Leipheimer, Andreas Kloden, Yaroslav Popovic ou mesmo Sérgio Paulinho. O português Tiago Machado trocou a Ma-deinox Boavista pelo conjunto ameri-cano. A comandar esta verdadeira con-stelação de estrelas, estará o malogrado Johan Bruyneel, director desportivo du-rante as sete vitórias de Lance no Tour. Esta nova equipa, tem como principal objectivo levar ao mundo a mensa-gem da fundação de Lance Armstrong, LiveStrong.

Ainda a falar português, a Caisse D’Epargne tem nas suas fileiras uma das maiores surpresas da última época – Rui Costa. O ciclista natural da Póvoa de Varzim logrou vencer os 4 Dias de

Dunkerque e ficar no 3º lugar na Volta a Chihuahua. O ciclista nacional terá a companhia de David Arroyo, Luís León Sanchéz e o chefe de fila Alejandro Valverde.

Ainda no Pro Tour, Manuel Cardo-so será o mais provável chefe de fila da Footon-Servetto, antiga Saunier Duval. O estatuto do ex-ciclista da Liberty Se-guros confirma-se pelo seu calendário, tendo o Tour de France como objectivo. Com uma formação composta com jo-vens talentos, na sua maioria ex-ama-dores, a equipa pretende demarcar-se do passado de casos de doping de Iban Mayo, Riccardo Riccó e Leonardo Piepoli.

Olhando para as restantes equi-pas, muitas mudanças ocorreram. Para começar na nomenclatura, um terço das equipas Pro Tour mudaram de nome, outras foram criadas de raiz. É o caso da Team Sky, que até agora confirmou a contratação de Sylvian Calzati (ex-Agritubel), Nicholas Portal (ex-Caisse

O Pro Tour mais português de sempre

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d’Epargne), Mathew Hayman (ex-Ra-bobank) e Kurt Asle Arvesen (ex-Saxo Bank)

Uma das principais novelas do mer-cado do ciclismo terminou com final feliz: Alberto Contador permanecerá na Astana, tendo agora como companheir-os de equipa Óscar Pereiro e Alexandre Vinokourov. A equipa cazaque sofreu uma grande reforma no elenco, com a saída de Haimar Zubeldia, José Luis Rubiera, Andreas Kloden ou mesmo de Sérgio Paulinho. Prevê-se que, para 2010, a aposta seja em talentos prove-nientes do país.

As duas formações francesas da elite – AG2R La Mondiale e a Française de Jeux – arriscam claramente na prata da casa, com a aposta em Stephane Gou-bert no caso da AG2R e em Christophe Le Mevel e Sandy Casar na Française de Jeux.

Bradley Wiggins, uma das surpre-sas do Tour 2009, ainda não tem equipa certa, mas prevê-se que se mantenha na Garmin-Transitions (ex-Garmin-Slip-stream), juntamente com Tyler Farrar. Na mesma situação de Wiggins, Ivan Basso deve ficar na Liquigas-Domio, que conta com a presença de Daniele Benatti, Vincenzo Nibali, Franco Pel-lizotti ou Roman Kreuziger. Kreuziger, com a sua importância de certa forma ameaçada na formação italiana, poderá rumar à Omega Pharma-Lotto, que muito recentemente perdeu Cadel Ev-ans para a BMC.

O inglês voador de 2009 – Mark

Cavendish – ficará na Team Columbia HTC, com a companhia de Tony Mar-tin, mas já sem Kim Kirchen. O alemão optou por rumar à Team Katusha, que esta temporada contará com Filippo Po-zatto, Serguei Ivanov, Vladimir Karpets e o recém adquirido Joaquim Rodríguez (ex-Caisse d’Epargne).

Sempre candidato a uma grande vitória em 2010, o ciclista da Saxobank Andy Schleck mantém-se envolto na mesma estrutura da temporada passada, com a presença do seu irmão Frank, do relógio suíço Fabian Cancellara e com a contratação de Sebastián Haedo. Óscar Freire e Dennis Menchov são as prin-cipais apostas de outra equipa ligada à banca, a Rabobank.

Uma habitué no pelotão internacio-nal, a Euskatel Euskadi continua fiel à sua vocação de sempre – atacar forte a montanha. Igor Sanchéz Galdeano, Samuel Sanchéz, Igor Anton e Romain Sicard (campeonato mundial de sub-23) são as apostas da formação basca. Por sua vez, a equipa Quick-Step conta com Sylvian Chavanel e Tom Boonen e com um trunfo importante: uma liga-ção à Eddie Mercx Cycles que permitirá acesso a material de topo.

Quanto ao segundo escalão do ciclismo mundial – Continen-tal Professional –, destaque para a presença de grandes nomes do ciclismo. Cadel Evans (ex-Omega Pharma-Lotto), George Hincapie (ex-Team-Columbia), Ales-

sandro Ballan (ex-Lampre) ou Marcus Burghart (ex-Team-Columbia) irão ser os grandes nomes da recém criada BMC Racing Team.

Outra equipa de segundo patamar com grandes nomes é a Cervelo Test Team, que conta com o vencedor do Tour 2008 Carlos Sastre, Xavier Tondo (ex-Andalucía-Cajasur), Thor Hushovd e Heinrich Haussler.

Ainda olhando para a lista de 19 equipas admitidas para Continental, de realçar a presença da brasileira Scott – Marcondes César São José dos Campos, que pretende lançar o nome do Brasil na alta-roda do ciclismo. «Temos atletas estrangeiros na equipa, mas a prioridade são os ciclistas do Brasil. Queremos dar a oportunidade para nossos ciclistas, agregando a experiência de corredores estrangeiros e, assim, formar ciclistas brasileiros de alto nível, numa equipa brasileira», refere José Carlos Monteiro, o director-desportivo da formação.

Por fim, e após uma decisão polémi-ca, ficou-se a saber que Nelsón Olivei-ra – vice-campeão mundial de sub-23 – não irá competir ao mais alto nível devido a uma questão burocrática que retirou a licença de Continental à Xa-cobeo Galicia.

No nosso país, a principal expectativa era ver para onde iam os ciclistas que deixaram a agora extinta Liberty Seguros, após os recentes casos de doping na Volta a Portugal. Como já dissemos, Manuel Cardo-so foi para a Footon-Cervetto. Rui Sousa [foto ao lado], um dos nomes mais sonantes dos últimos anos do pelotão nacional, irá defender as cores da Barbot, juntamente com David Bernabéu e Hélder Oliveira. A equipa que mais foi beber à extinta Liberty Seguros foi a LA-Rota dos Móveis, com nada menos que quatro ciclistas: Filipe Cardoso, Hernâni Broco, José Mendes e Edgar Pinto.

Na formação que venceu a Volta a Portugal nas duas últimas edições – Clube de Ciclismo de Tavira – permanecerá David Blanco (3 vezes vencedor da Volta), Alejandro Marque, Henrique Casimiro e Cândido Barbosa, apesar de ainda não estar totalmente acertada a continuidade do «Foguete da Rebordosa», as negociações estão bem encaminhadas.

E em Portugal?

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MUNDO AO CONTRÁRIO

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O FRIO CONVERSA, ENTÃO NÃO VÊM O CASO DO PAI NATAL?

Foi na Polónia que a proeza se voltou a repetir. Uma mulher de 84 anos acordou na morgue, depois de ter sido dada como morta, quando ficou inconsciente em casa.Poucas horas depois, o sue corpo começou a mexer-se dentro do saco onde estava na morgue. Mistério? Hibernou com o frio.

FRUTA OU TABACO?

É provável que seja uma das perguntas que lhe façam da próxima vez que for levar o seu computador a arranjar. Pois, a Apple não arranja computadores de fumadores. Uma norte-americana foi confrontada com o facto dos técnicos de computadores de uma loja da Apple se recusarem a arranjar o seu computador por ser fumadora e por temerem os efeitos nocivos da nicotina. Computadores “infectados” com tabaco, uma substância que consideram “perigosa” para o bem-estar não são arranjados.

PRIMEIRA EDIÇÃO DE “A ORIGEMDAS ESPÉCIES” EM WC

Se gosta de ler na casa de banho, então vai gostar disto! Um livro da primeira edição d’«A Origem das espécies» de Charles Darwin esteve durante anos numa prateleira da casa de banho de uma família de Oxford. Segundo eles, servia para distrair os convidados no WC, não tendo consciência da preciosidade do famoso naturalista.

GATO SOZINHO EM CASA I

A inundação provocada por um gato, que conseguiu abrir a torneira da cozinha de um só manipulo, mobilizou os bombeiros de Gaia durante mais de duas horas. Ah seu malandro!

PROVA DE CRIME SEMPRE FOI DOCINHA

Gostos não se discutem. E se na América é bom, aqui ainda pega moda. Um assaltante de um banco engoliu uma prova do crime que os polícias, descuidadamente colocaram em cima do carro de patrulha, enquanto o detinham e algemavam. O incidente foi captado pela câmara de vigilância do carro.

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HUMOR

AMOR, OU NÃO, À ANTIGA!

Em vez de uma mensagem de telemóvel, um e-mail,..um australiano decidiu acabar com a sua namorada atrás de cartazes, que afixou na rua mais movimentada da cidade onde moravam.Depois de dizer que a amava, nos primeiros cartazes, e de pedi-la em casamento, o ultimo cartaz dizia que estava a brincar, e dava-lhe seis dias para sair de casa.

VAMOS POUPAR ÁGUA,VAMOS FAZER CHICHI NO DUCHE!

A SOS Mata Atlântica, a ONG Brasileira, lançou uma campanha de consciencialização para poupar ao recurso tão precioso que é a água. Para tal aconselham a fazer chichi no banho. Recomendam, por uma questão higiénica, que se faça chichi no inicio do duche, mas garantem que é uma forma de pouparmos muitas descargas de água.

TINTO UNIDO CONTRA A GRIPE A

Um zoo na Sibéria, terra de muito frio, adoptou uma medida de combate à gripe entre os macacos. Qualquer que seja a

estirpe os especialistas do zoo defendem que 50 gramas diárias de vinho tinto são suficientes. Alegando ainda que os animais gostam de beber e que às vezes tentam roubar as garrafas aos veterinários.

UMA AVALANCHE DE ORGASMOS

Há mulheres que nunca tiveram um orgasmo e as que «acreditam» que já o experimentaram. Muitas outras fariam qualquer coisa para atingir o clímax da excitação sexual pelo menos uma vez na vida. Mas esse não é certamente o caso de Michelle Thompson. Segundo o jornal espanhol “El Mundo”, a britânica daria tudo para reduzir os 300 orgasmos que tem por dia.“Todos os homens acabavam cansados de mim” disse recentemente Michelle a um tablóide britânico, ao qual relatou a sua luta, durante anos, para encontrar o companheiro ideal que acompanhasse a sua pedalada. Que é como quem diz, aquilo que é motivo de alegria também pode ser causa de transtorno.

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