introduÇÃo qualidades indispesÁveis ao orador … · aquele que exerce qualquer função...
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INTRODUÇÃO 03
O PODER DA PALAVRA 04
CAPÍTULO I. A FORMAÇÃO DO ORADOR 05
1.1. A ORATÓRIA E O COMPORTAMENTO HUMANO 06
1.2. O APERFEIÇAMENTO PESSOAL DO ORADOR 07
1.3.. QUALIDADES INDISPESÁVEIS AO ORADOR 08
1.4 VALORES QUE AGREGAM AO CONTEÚDO DO
DISCURSO 09
CONCLUSÃO 20
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INTRODUÇÃO
Esta obra é uma sinopse da vida profissional do autor,
galgada, sobretudo em suas experiências profissionais, nas áreas
do ensino acadêmico, na gestão de pessoas e da política eleitoral.
A larga experiência, adquirida no árduo labor de intensas
campanhas eleitorais, congressos e seminários em várias regiões
deste País, transforma-a em uma obra prática, com linguagem
direta e objetiva. Assim, vislumbra-se com esse trabalho, levar, de
forma didática, responsável e ética, um pouco do conhecimento, já
sedimentado na prática, àqueles que estão iniciando suas carreiras
nas áreas políticas, do magistério, do direito, da gestão pública ou
privada. Ademais, aos que já militam profissionalmente nesse
mister, com o objetivo precípuo de tornar menos árduo o seu
desígnio, que é o de buscar o apoio de sua equipe, de forma ética
e legal, com o menor ônus possível, e, por via de consequência,
propiciar a sua carreira profissional.
Portanto, o leitor que se deparar com essa obra, terá em
suas mãos, numa linguagem clara e acessível, mecanismos e
técnicas, que já deram certo, as quais certamente encurtarão o seu
caminho rumo ao sucesso na vida profissional.
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O PODER DA PALAVRA
A COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL NA VIDA DO PROFISSIONAL
A todo o momento surge uma oportunidade de falar ao público. Ora
darão a palavra mais ou menos inesperadamente, numa reunião festiva, ou
em uma solenidade. Ora para agradecer em nome do homenageado. Ou até
mesmos pela própria posição, impõe-se a dizer algumas palavras sobre o ato
que estão presente.
Aquele que exerce qualquer função pública, como professor, jornalista,
advogado, representante de entidade e principalmente o político, tem a
obrigação inata de falar em público frequentemente.
Muitas vezes, inesperadamente, uma manifestação de caráter diverso,
ouvido o gestor um discurso se faz necessário responder-lhe, com total
segurança.
Modernamente, como o uso frequente dos meios de comunicação,
rádio, jornal, televisão, internet, teleconferências, dentre outros, mais se
acentuam as oportunidades de falar em público, para um auditório invisível de
milhões de ouvintes.
Direta ou indiretamente, há sempre um líder e gestores a influenciar
nas escolhas e destino.
Os homens são essencialmente iguais, assim quis o criador em sua
infinita justiça. E o liderado num setor, pode transformar-se em líder, e o
medíocre pode ascender (elevar-se), ao excesso, desde que se utilize de suas
faculdades, e se sobreleve no grupo social.
Observe um líder em qualquer setor, e verá que a sua preeminência,
principalmente pelo recurso da fala.
Vejam o poder da autoridade de Napoleão Bonaparte, apenas na frase
memorável:
“ Soldados, do alto daquelas pirâmides, quarenta séculos vos
contemplam”.
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Winston Churchill; primeiro ministro Inglês, ao dirigir-se a toda nação
Britânica em pleno momento de crise social (durante a segunda guerra
mundial). Ele fala especialmente aos pilotos que defendem bravamente os
céus de seu País. Seus soldados bravos pilotos enfrentam a armada aérea
nazista em superioridade dez vezes. A armada nazista ferozmente estava
aterrorizando a Europa, transformando tudo em destroços.
“Bravos pilotos, nunca tantos dependeram de tão poucos”.
Em diversas épocas e circunstâncias, a comunicação interpessoal tem
sido o clamor das ruas, o anseio da liberdade, a convulsão social e política.
Em reuniões no sindicato, na equipe de trabalho, no núcleo político e
cultural, nas conferencias religiosas, etc. impõem-se aquele que sabe exprimir
bem o seu pensamento.
Em inúmeras eventualidades, precisa o cidadão advogar seus próprios
direitos e evidenciar seus méritos. Portanto adquirir certa facilidade de palavra
deveria ser um fator indispensável em todos os planos de educação pessoal.
Pois viver em pleno reino da palavra e será inevitavelmente um
marginal desse reinado, um profissional que não se credenciando nem
mesmo para o mais simples dos afazeres, quem não souber expressar-se
com acerto e conveniência.
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I
A FORMAÇÃO DO ORADOR
Em sendo uma pessoa normal e possuir em ordem o aparelho de
fonação, ter inteligência, vontade, imaginação, sentimentos e afetividade, por
que não poder falar, e falar bem?
Tremedeiras, esquecimentos, timidez, vacilações, silêncios embaraços,
tudo que prejudica ou impossibilita a oratória, é preciso admitir, são apenas
falhas por ignorar princípios de oratória, por desconhecer algumas coisas,
mas nunca, jamais, por falta de recursos físicos ou psíquicos.
Só o conformismo (não é possível, não dá jeito, nasci assim...), a
preguiça (amanhã, depois), ou a ignorância, levar a negar a afirmação de
Horacio (orado grego):
“Poeta nascitur, orator fit”.
“ O poeta, nasce, o orador se faz.”
Não há nenhum exagero nesta revelação. São os próprios
intelectuais que confessam:
Thomas Édson:
“Em todo o gênio há noventa e nove por cento de transpiração e um por
cento de inspiração.”
Alexandre Hamilton:
“Todos me julgam, um gênio; o caso porém, é muito
Simples, porque qualquer assunto que me surja, estudo a fundo. Penso
nele de dia e de noite. Examino-o em todos os aspectos, até que o meu
espírito se apodere dele. O público julga, mais tarde, uma manifestação
de gênio, aquilo que é fruto de trabalho e do pensamento.”
Dom Pedro II:
“Sou dotado de algum talento; mas, o que sei devo-o sobremodo à
minha aplicação, sendo o estudo, a leitura meus principais
divertimentos.”
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Para o dia de glória, quantas noites não dormidas, quantas recreações,
foram calculadamente suprimidas! O indivíduo que se entrega aos prazeres,
numa vida de ociosidade, ao ver os feitos gloriosos de alguém, exclama:
“..Ah se eu possuísse a sua inteligência...”
Aos vitoriosos em qualquer setor da vida, não há milagres. O que existe
é muito sacrifício, trabalho, sem o qual nada se consegue.
“Santo Agostinho” disse: “O que um homem faz, outro pode fazer”.
A formação do orador é fácil e difícil. É difícil para o indolente e é fácil
para os estudiosos, que se dedicam sabiamente aos exercícios por ela
exigidos. Sendo assim, há muito a ser feito, bastante a se corrigir e
aperfeiçoar; Contudo dentro de cada um de existe um grande potencial a ser
exercitado e que finalmente será liberado, com calma e determinação.
1.1 ORATÓRIA E O COMPORTAMENTO HUMANO
O bom comunicador precisa de equilíbrio emocional, naturalidade,
para poder falar bem. Caso ele tenha, o cérebro bem ordenado conservado o
perfeito ajustamento de suas emoções será mais eficiente.
De nada adiantaria aprofundar-se em conhecimentos, saber o
minuciosamente a técnica do discurso se em face do público ou do simples
interlocutor, descontrolar-se e falar mal.
Com facilidade percebe-se o orador embaraçado, nervoso, que treme e
transpira e desenvolve esforços intermináveis tentando dizer o que sente e
sabe.
O auditório para ele é um campo de batalha renhida;
Cada ouvinte é um inimigo;
Cada olhar petrifica-o de medo;
O sorriso amigo torna-se um crítico e zombeteiro;
A tosse acidental é interrupção propositada e malévola;
“Se alguém se levanta, se uma cadeira é arrastada; se a porta bate, são
punhaladas”, sensação de pânico, de pavor, de angústia;
Tem vontade de fugir, e de nunca mais falar em público.
Isto é um estado emocional.
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Devo alertar ao comunicador que à frente, se encontram seres
humanos. Não habitantes de outros planetas, de outras galáxias, com
atributos intelectuais de alta perfeição. Apenas seres humanos, iguais a todos,
com defeitos e virtudes, altos e baixos, gordos e magros, brancos, negros,
morenos, com diplomas e sem diplomas, mas sempre seres humanos,
lamentavelmente imperfeitos em busca de crescimento.
Contudo o orador que ainda não se domina face ao público,
decididamente ainda não trava relações com a lógica. Cria ele um mundo de
fantasia, a sua imaginação descontrolada. Supõem ouvintes pacíficos como
super-homens a ameaçá-los. Antevê o fracasso, considera-se vaiado e tímido.
Isto é auto sugestão.
A auto sugestão é a implantação de uma idéia de si mesmo, por si
mesmo. Sendo que quando disser “tenho medo de falar em público”, esta
fortalecendo e entronizando um pensamento negativo.
Certas expressões como; “eu queria muito”, significa “eu não posso”, e
desta forma nada se consegue, porque perde a luta antes mesmo de
havermos lutado.
O homem é o que pensa.
Trazer à imaginação, as mensagens de inteligência:
Sentirei calma, tranquilidade;
O ser que me intimida é apenas uma pessoa humana;
Tenho algo a dizer, fruto de estudos, de experiência, e direi tudo
com confiança e naturalidade;
Posso dizer!
É claro que se receber da inteligência a mensagem “não fale nada, você
não estudou o assunto”, nesse caso, o medo do fracasso tem suas raízes na
realidade. O remédio é ir à busca dos conhecimentos necessários.
É inteligente ter a consciência das próprias imperfeições, das falhas,
para que seja possível corrigi-las. Mas tudo em suas reais proporções.
1.2 O APERFEIÇOAMENTO PESSOAL DO ORADOR
O homem é um ser que aperfeiçoa. Pela instrução conhece a vida, pela
educação, adapta-se à vida, e pela cultura e o trabalho, eleva-se na vida.
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A oratória exige aperfeiçoamento pessoal. É a leitura, principalmente, o
estudo e interpretação, que oferece ao homem a preciosa oportunidade de se
aprimorar física, intelectual e moralmente.
Nos livros e pesquisas é que se recolhe o material a ser utilizado nas
palestras, nos discursos eventualmente ou frequentemente proferidos.
O homem silencioso, (aquele que não expressa suas concepções), não
é suficiente útil no grupo social. Falar, sim, mas sempre para dizer alguma
coisa útil.
Todas as profissões de todas as categorias necessitam de leituras, quer
para o aprendizado, quer pela constante atualização. Sendo o interesse
concentrado no livro, no assunto, esquece-se do mundo. Se o pensamento
desvia-se esquece do livro. Com o hábito do exercício, aumenta o poder de
concentração, com metodologia bem desenvolvida, não se perde o foco.
Entretanto, ler uma vez é pouco. Por maior atenção que tenha,
escapam-se, preciosos pormenores e sutilezas de estilo. Deve-se fazer
funcionar o velocímetro do bom senso, para acusar o excesso de velocidade.
Ler e reler cuidadosamente para assim se usufruir ao máximo. É importante
que se acrescente: Ler, reler e para reter!
Ao lado ter a caneta ou o computador, para gravar, recortar, colar os
apontamentos, as notas marginais. A melhor memória é a caneta ou o arquivo
no seu computador ou banco de dados.
Participar de cursos de aperfeiçoamento é uma necessidade, e há
muito, muito tempo, deixou de ser uma despesa, mas tornou-se um
investimento.
Disse Rui Barbosa:
“Mas, senhores, os que madrugam no ler, convém madrugarem também
no pensar. Vulgar é o ler, raro o refletir. O saber não está na ciência
alheia, que se absorve, mas, principalmente, nas idéias próprias, que se
geram dos conhecimentos absorvidos, mediante a transmutação, por
que passam, no espírito que os assimila.”
Oração aos Moços, págs. 39 e 40.
Isaque Newton dizia: “O que sei é uma gota d’gua; o que ignoro um
oceano.”
A escola da vida tem uma só disciplina: A observação.
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A observação racional, disciplinada, metódica, é que confere resultados
apreciáveis, propicia a interpretação correta.
1) Ver
Muitos olham, mas não vêem, desprezam pormenores, contentam-se
com as aparências.
2) Escutar
Muitos ouvem, mas não escutam. Apenas percebem os sons do
ambiente, as vibrações que a voz humana produz no ar atmosférico. Bom e
razoável é selecionar os sons, distinguir o que há de certo e errado nas
palavras humanas.
O envaidecido, pretensioso, nem mesmo dá oportunidade que se lhe
fale. Tagarela o tempo todo, como se fora, porta voz da sabedoria universal.
Tão importante quanto falar bem, é escutar bem. Escutando, aprende-
se, e muito. Uma frase bem ouvida, bem assimilada, pode mudar o curso de
vida. Calar para escutar, escutar para aprender. A reflexão constitui-se em
poderosa concentração com intuito determinado. O orador busca na reflexão
os motivos e o roteiro de seus discursos. E é nela que os líderes plasmam.
Quais são as qualidades que um homem ou uma mulher deve possuir
para ser um comunicador eficiente? Acontece que, às vezes, um orador é
fraco em um ponto, contudo compensa em outro.
1.3 QUALIDADES INDIPENSÁVEIS AO BOM ORADOR
1) Deve estar apto para ensinar com eficiência e em ordem.
2) Deve ter bom raciocínio (rapidez de pensamento).
3) Domínio da linguagem.
4) Uma boa voz.
5) Uma boa memória.
6) Deve saber quando parar.
7) Deve saber o que vai dizer.
8) Disposto colocar o corpo, a alma, os bens e a reputação, no que
fala.
9) Deve estudar diligentemente.
10) Suportar o vexame e a crítica de quem quer que seja.
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1.4 VALORES QUE AGREGAM AO CONTEÚDO DO
DISCURSO
a) Caráter
1) Piedade – Sem aridez espiritual, sem demagogia;
2) Vida condizente – como sustentação e tornar efetivo o que fala;
3) Demonstração e exemplificação;
O bom comunicador, não pode dar o que não tem. Jamais poderá o
orador desejar que façam o melhor, se o mesmo não fizer disso exemplo em
suas atitudes.
A impressão que o orador causa sobre a audiência é sumamente
importante. Os ouvintes formam no pensamento, uma imagem do orador.
Cada coisa que os observadores ouvem, colocam em xeque com o que eles
conhecem a respeito do orador. A imagem projetada pelo orador nos ouvintes
vai decidir a aceitação ou não do que ele está dizendo.
O poder do comunicador, principalmente, está em ele ser aquilo que
fala ou professa! Os ouvintes devem ter a certeza de que esse orador é o que
quer que cada um seja.
b) Sinceridade
Sinceridade é um poder persuasivo do bom comunicador. Os seus
ouvintes devem crer que ele crê naquilo que está falando. O orador é um
comunicador. Os seus ouvintes aceitam de maneira extraordinária, suas
convicções políticas, filosóficas, cientificas, dentre outras, passando de
cérebro em cérebro. Porventura ele duvida do que está falando, isto passa
para os ouvintes.
O orador transmitindo uma verdade, a primeira coisa é fazer com que os
ouvintes acreditem que ele é sincero no que está dizendo. É espantoso como
rapidamente os ouvintes captam, quando algumas palavras procedem
somente dos lábios. Quando isto acontece, a mensagem, por mais poderosa
que seja, perde a sua aceitação.
Existem oradores que simulam certos sentimentos ou emoções, que se
tornam atores podem ser bem sucedidos uma vez, mas não sempre.
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O orador precisa ser mais do que suas palavras, porque se não for,
elas voam no ar e ele não passa demais um falsário no mundo da
comunicação.
A concepção meramente legal do que está sendo apresentado é
intolerável. Basta um vislumbre de insinceridade para esterilizar a influência
de um bom orador e muito mais de um profissional.
c) Entusiasmo
Entusiasmo é uma qualidade bem achegada à sinceridade. Sinceridade
de convicção é o fundamento do entusiasmo. Há muitos oradores sinceros
que não tem entusiasmo, necessários para mover seus ouvintes.
Quando um orador sincero transmite as suas convicções com
entusiasmo, não há quem possa resistir. O orador cheio de entusiasmo leva
os seus ouvintes com ele. Se você tem a sinceridade, sabe transmiti-la e é
cheio de entusiasmo, o povo é inoculado e não tem saída, senão aceitar.
Estando toda a mensagem preparada e todas as notas do discurso em
ordem, então, tem esse discurso de sair do papel para a alma do orador.
Assim o fogo deve ser acesso depois o combustível. “o discurso só
mexerá com os outros, se primeiro mexeu com o orador.”
A perfeita formula para os oradores: Falar quando o coração “arder em
fogo”.
d) Inteligência
È necessário, pois que disponha, antes de tudo, de talento oratório. Um
comunicador está diante do auditório como um réu diante do juiz. De fato,
todos vão ouvi-lo para criticar ou elogiar depois.
Cada qual encontra um ponto fraco, um defeito, um nada qualquer que
lhe não agradou, e pelo qual julga poder censurar o orador.
O comunicador deve saber fazer, imediatamente, a idéia justa do
auditório, das opiniões circulantes neste meio, dos obstáculos que encontrar,
empregando os meios adequados para vencê-los, um a um. Nunca esquecer
que o objetivo principal da oratória é convencer e levar à ação.
O orador tem que ser inteligente, quer na disposição dos argumentos,
quer na habilidade oral de se apresentar ao público. Do seu talento vai
depender a sua atitude. Não vai desafiar orgulhosamente, nem bajular com
servilismo o seu auditório. Pelo contrário, procurará captar as simpatias,
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impondo-lhes gradativamente, ora agindo sobre sua inteligência, ora sobre o
coração.
O talento do orador se evidencia na apresentação da sua peça oratória,
dando a cada palavra, a cada frase, o justo valor que merecem. Fazendo
ressaltar aquelas que encerram o ponto principal que quer proferir, sem cair
em excesso de vozes e de gesticulação.
A apresentação do discurso deve ser de tal maneira que os inteligentes
sintam a força convincente do orador, que as vontades se deixam emocionar
pelos seus argumentos.
e) Conhecimento
Ligado à inteligência, o comunicador deve ter um bom conhecimento.
Deve ter olhos para ver, ouvidos para ouvir, “coração” para
compreender; o orador (a) deve ser o homem ou a mulher mais bem
informado. “Ele deve se informar de tudo e interessar-se por tudo”.
f) Memória
A memória é a faculdade do comunicador, que pode elevá-lo à culminância da
glória, também confundi-lo, até à humilhação mais profunda.
Não se pode confiar inteiramente nela, tampouco desprezá-la. É
indispensável que o orador possua boa e fidelíssima memória para as datas,
nomes, textos e circunstâncias principais de um fato.
Para desenvolver todos os pontos do seu discurso de acordo com o
plano traçado de antemão, dando ao auditório a impressão de um trabalho
completo e bem desenvolvido de uma peça inteiriça e perfeito.
A memória é de grande auxílio para o vocabulário e para as frases e
expressões exigidas no momento da elocução. Aqui está, quer-nos parecer, o
maior perigo dos que confiam demasiadamente na memória, tornando-se
escravos dela.
Decoram em casa o discurso, memorizam exatamente como
escreveram, com as mesmas expressões, com as mesmas palavras.
Acontece que no momento de falar, por uma perturbação qualquer se
desmemoriam, não podendo recordar-se da palavra que decoraram ou da
expressão que, a custo, colocaram na cabeça. Engasgam-se, perdendo por
completo, sucedendo que, muitas vezes, não conseguem continuar, ou
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quando o conseguem, já nada mais podem fazer para apagar no público a má
impressão causada.
Os comunicadores escravos da memória tornam-se autômatos, sem
espontaneidade alguma. O receio de que o material não venha a ser
apresentado no momento preciso, impedem que os gestos sejam naturais e
adequados, que o olhar pouse espontaneamente pela assistência, porque o
orador está olhando para dentro de si mesmo, está fitando, constantemente, a
memória, com pavor de que possa traí-lo.
Ter boa memória e desenvolvê-la, sem ficar, no entanto, escravos!
g) Imaginação
A imaginação constitui-se no maior tesouro do comunicador. A
imaginação é quem sugere as mais lindas comparações, as mais formosas e
adequadas figuras para os pensamentos, as transposições elegantes, as
descrições empolgantes.
A imaginação é que dá colorido. O comunicador sem imaginação é o
mesmo que um cantor sem voz, que um pintor cego, ou um músico
completamente surdo. Os seus melhores pensamentos são frios, e inertes,
não terão forças de persuadir e muito menos de comover. As melhores idéias
aparecerão nuas e sem efeito.
O comunicador tem o dever de ser imaginoso, de saber revestir os seus
pensamentos velhos com roupagem nova. Cuidado com as frases soltas,
chavões que fogem ao natural. O auditório percebe logo a falta de
naturalidade.
Não empregar comparações inteiramente desconhecidas no lugar, fora
do alcance cultural da assistência. “Píncaros nevados”. A imaginação deve
fazer os fatos vivos e reais.
h) Originalidade
Como um comunicador pode trazer um assunto que é interessante e
atualizado? Quando o mesmo consegue apresentar o seu discurso de
maneira nova, com aplicações adequadas, despertando os interesses dos
ouvintes, ele é considerado como sendo original.
O que é originalidade? Deve-se distinguir entre originalidade absoluta e
relativa. Originalidade absoluta existe muito pouco. Alguns autores do
assunto, são tentados a dizer que não existe.
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Diz Edinbug Review que: “os antigos roubaram as nossas melhores
idéias.”
Goethe disse:“Poucos de mim resta, sou devedor aos meus
predecessores e meus contemporâneos.”
Confúcio, já dizia, há cinco séculos antes de Cristo, proclamando que
era um simples estudante de antiguidades.
E o “sábio dos sábios” disse que “... nada há, pois novo debaixo do
sol” (Sábio Salomão em o livro de Eclesiastes 1:9).
Contudo, ainda há lugar para alguma coisa nova. Ocasionalmente uma
idéia é expressa, uma teoria é proposta, que são inteiramente novas no
mundo.
Esses relances de originalidade, nem sempre vêm através de
pesquisas, de estudos, de muito trabalho. Se assim não fosse, muitos ficaríam
lunáticos, estúpidos.
Os homens que são dotados dessa originalidade, eles mesmos ficam
surpresos quando a encontrar. É como descobrir a América. Colombo não
estava à procura de descobrir um novo mundo, mas sim, um velho. Descobrir
a América, procurando um caminho para a Índia.
Assim tem sido com muitas invenções e descobertas, que têm
surpreendido os seus próprios autores. Por esse motivo, persista, estude, não
pare!
O que fazer então?
Dormir o sono do cérebro preguiçoso não é possível. O comunicador,
deve ser original em descobrir os conceitos velhos e transformá-las para os
dias atuais. É buscando essas coisas velhas originais, que, quem sabe
encontre coisas novas e será original absoluto.
O orador tem que devotar a sua atenção para uma originalidade
relativa. E esta originalidade relativa não é nova em sim mesma, mas deve ser
nova na sua relação e aplicação.
Os meios básicos da oratória, e o assunto que será transmitida são
mais velhos que a nossa república brasileira. Contudo, a população brasileira
é renovada de geração a geração, com seus costumes, trocando as suas
condições e, assim, o velho assunto é revestido de novos significados, sendo
usado diferentemente. Lembre-se:
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O velho absoluto é insípido; o novo absoluto não apela. O velho no
novo é que chama a atenção. Não gostam os ouvintes de uma preleção
(dissertação), de algum assunto completamente novo, desconhecido, que não
tenham certo conhecimento. Entretanto, precisam uma dissertação que
podem relacionar com o que já conhecem.
A boa apresentação de um comunicador, em qualquer outro lugar ou
circunstância, é o tema antigo, transmitido com novas interpretações, novas
combinações, novas ilustrações e novas aplicações, fazem com que o orador
seja considerado como um orador original.
Quando tomar um assunto velho, e o revestir de uma roupagem nova,
Poderá disser: “isto é meu.”
i) Sensibilidade
A sensibilidade é um dote natural que devemos encontrar no
comunicador, principalmente no formador de opinião.
Consiste na facilidade espontânea de perceber e de reproduzir os
sentimentos, dando-lhes um cunho pessoal, inconfundível.
Para que o comunicador tenha sensibilidade completa, deve dispor de
um grande poder de receptividade. Deve ser como certas flores que se
transformam com o sopro quente de ar. Como aquela planta que com o mais
leve toque, ela se encolhe.
Quem não dispuser desse caráter sensível, nunca poderá ser bom
orador. Se o ambiente, a oportunidade da hora, não consegue impressionar a
sua personalidade, como haverá de, por sua vez, impressionar os ouvintes?
Se o indivíduo é dotado de uma natureza fria, impassível, sobre a qual
nada valem as impressões do público, de júbilo ou de tristeza, a sua palavra
também não vai dispor de nenhuma vibração. Os temperamentos calculados,
que não se emocionam, pode ser que consigam alguma coisa numa palestra
científica; porém nunca serão homens de palavra arrebatadora e eloquente.
Entretanto, necessário se faz, prevenir os perigos do excesso de
sensibilidade. Há oradores que são sensíveis em demasia, que transformam
em grandes catástrofes os acontecimentos comuns da vida. São os nervosos
e impressionáveis ao extremo. São como palha seca; ao primeiro contato com
o fogo, produzem imediatamente as maiores labaredas, extinguindo-se
rapidamente.
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São comunicadores ótimos para brindes, pequenas saudações,
respostas breves, que podem falar brevemente e até agradável por quinze
minutos, esgotando-se logo depois.
Os gestos são sempre denunciadores da sensibilidade humana sendo
por isso necessário vigiá-los. “As mãos não andem a cata-vento,” como
“aspas de moinho doido”, em luta com sombras e fantasmas. O corpo não
entre em contorções desesperadoras. A cabeça se mantenha naturalmente,
não sendo atirada para trás, tampouco se lhe imprimam movimentos
giratórios.
Em todas as circunstâncias, o orador deve mostrar-se equilibrado. Ele
não pode perder sua majestade e imponência, a fim de que o ouçam com
respeito e acatamento.
j) Paciência
O comunicador às vezes fica desencorajado consigo mesmo e com seu
auditório, e, consequentemente, se torna intolerante. Quando ele está nesse
estado de ânimo, facilmente pode chamar seus ouvintes de negligentes, por
alguma coisa não realizada.
Acusar e repreender a todos por causa da indiferença e pequenas
faltas, é um erro imperdoável do orador. Quando está indignado, deve ser
muito cuidadoso no seu falar. Possivelmente tem que chamar a atenção por
alguma falta; há necessidade de reprovação, todavia, deve tudo ser feito com
respeito, cuidado e inteligência.
O orador deve encontrar alguma coisa para louvar nos seus ouvintes,
em vez de acusá-los. Para censurar, necessita-se somente de um cérebro
pequeno, uma língua pesada; mas para louvar, requer uma penetração
sistemática de um coração fraternal.
Ao apresentar uma critica a oposição, por favor; apresente os pontos
negativos, as oportunidades apresentadas e ao mesmo tempo negligenciadas,
depois disso apresente uma solução inteligente. Se não for apresentada uma
solução inteligente; por gentileza, o público entenderá, ou terá a percepção
que você está criticando, apenas por “dor de cotovelo”. Ou até pior “critica,
porque não esta fazendo parte do jogo”, e não por ou em defesa da causa.
k) Satisfação
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O público ou a tribuna deverá ser o lugar de conforto, uma fonte de
encorajamento para os seus ouvintes. O homem público, o gestor deveria ser
para os seus ouvintes, um homem forte, bravo, confidente, cheio de fé,
confiante em si mesmo, absolutamente bem controlado.
O mundo está cheio de pessoas cansadas, solitárias, coração partido,
cheias de ansiedades, em busca de alguém que as possa ajudar. Contudo,
essas pessoas não gostam de exibir as suas próprias fraquezas e dores. Não
querem que os seus amigos sofram simplesmente por simpatia.
É verdade que temos que chorar com os que choram, mas isto não
chorar por fraqueza. O orador deve na medida do possível, confortar, animar,
trazer alegria e alimentar a esperança, nunca iludir. Uma atitude pessimista
nunca deve ser admitida em público.
Ele deve ter uma visão de um futuro melhor, caso contrário nunca
deveria ser um líder, porque você é um profissional, para trazer soluções,
ser o braço dos fracos, a voz do cansados e oprimidos e a esperança
dos desanimados.
Portanto nunca fale em público de suas dúvidas, de suas dores, faça
isso ao cônjuge ou a um profissional de psicanálise, nunca em público!
l) Coragem
Requisito indispensável para um verdadeiro líder, legítimo
representante da sua classe. Um líder tímido é tão ruim quanto um médico
tímido com o bisturi na mão. A coragem é indispensável em qualquer lugar;
mas aqui ela é mais do que necessária. Se você tem medo de pessoas, é
escravo de suas opiniões, é bom que faça outra coisa. Quem sabe é melhor
fazer coisas que possa agradá-los em vez da lidera-los.
Não fique fazendo discurso para agradar aos seus liderados, por medo
ao invés de trazer soluções.
São as soluções, o que as massas precisam e esperam. Candura
(transparência, sinceridade), é uma virtude do orador. Ele não será bem
sucedido sem ela, por que mais cedo ou mais tarde perderá a coerência e
acabará se contradizendo. Contudo ele deve ter a convicção e essa convicção
deve ser o motivo da sua coragem.
m) Saúde
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A saúde física é um importante requisito para o sucesso. Os hábitos
profissionais do comunicador não são como os de outras profissões que
robustecem o físico.
Um orador que está com dor de cabeça, com distúrbios estomacais,
está doente, os seus olhos não têm luminosidade que comunica
favoravelmente. Pelo contrário, ele deixa uma sombra de tédio sobre seus
ouvintes. As suas palavras são emocionalmente enfraquecidas. O semblante
transmite o que está sentindo.
É evidente que a letargia do corpo produz uma letargia do pensamento.
E o orador tem que possuir uma saúde em condições favoráveis para ser bem
sucedido em seu trabalho.
O trabalho do profissional da comunicação, que tem consciência de
suas responsabilidades, é árduo e constante. Por isso ele deve ter boas
condições físicas. Fazer discursos, ouvir pessoas, atender demandas
coletivas, articular, preparar discursos e pronunciamentos, trazem muitos
desgastes.
É preciso arranjar tempo para descontrair, refazer as energias, o que
não significa dormir e dormir.
O homem deve ir ao descansado, com os nervos plenos de vida.
Nestes tempos agitados, em que comunidades estão na contingência de se
comporem de homens e mulheres fatigados e desanimados, há uma razão
especial para o líder estar fisicamente recuperado e sobejamente vitalizado.
Sugestões úteis ao Orador:
1) Ter o seu estudo recarregado de oxigênio;
2) Dormir com a janela aberta, quando for possível;
3) Caminhar pelo menos quatro a seis quilômetros por dia;
4) Pratica esportiva pelo menos uma vez por semana;
5) Ter seis semanas de férias por ano.
Antes do discurso deveria:
1) Evitar um trabalho pesado;
2) Dormir bem preferível às oito horas recomendadas;
3) Comer moderadamente e comida leve antes do discurso;
4) Preferível ficar sem comer;
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5) Não exaurir a sua vitalidade com conversações excitantes;
6) Estar com controle emocional.
CONCLUSÃO
Tendo se esmerado para as suas expectativas, adquiridas ao longo de
mais de uma década de vivência, no cenário político-eleitoral, por meio da
atuação direta em várias eleições, como Coordenador, Consultor Político,
professor Universitário. Desta forma o autor espera ter contribuído para que
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você, profissional que atua entre o povo, doravante, tenha facilidade para
planejar, seu discurso. Todavia, cabe a cada um aceitar ou não as
experiências e os ensinamentos aqui repassados.
Assim, pois, é a democracia, que, felizmente, sempre enseja
possibilidades para discussões, por meio das quais se consegue chegar a um
consenso, buscando-se sempre o melhor para a sociedade e, para o
indivíduo, neste caso específico para o líder e gestor.
Contudo, tem-se plena convicção da importância desta obra, que ao
menos servirá para, senão despertar o pleno interesse e adesão do leitor às
propostas aqui aventadas, pelo menos servirá para criar divergência,
salutares. Sendo por meio das quais o gestor poderá formular as suas
próprias estratégias, em busca de sucesso profissional e pessoal.
Afinal, tem-se plena consciência de que se pode chegar ao mesmo
resultado na equação na vida profissional, utilizando-se de formas variadas.
Entretanto, certo é que aquele que não tiver nenhuma fórmula está, desde
logo, fadado ao mais completo fracasso.
Ademais, não se teve o escopo de apresentar algo pronto e acabado,
pois no dinamismo do contemporâneo mundo global, tem–se a premente
necessidade de se atualizar constantemente, sobe pena de estar fadado ao
insucesso, sendo real a recíproca.