intervenções pedagógicas em crianças com transtornos de aprendizagem
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INTERVENES PEDAGGICAS EM CRIANAS COM TRANSTORNOS
DE APRENDIZAGEM: UM DESAFIO NO ENSINO FUNDAMENTAL
Silvia Veiga1, Maria Aparecida Cormedi2
1Graduanda em Pedagogia da Faculdade Mtodo de So Paulo.2Doutora em Educao, Mestre em Distrbios do Desenvolvimento e professora da FaculdadeMtodo de So Paulo.
RESUMO
Os frequentes debates acerca da incluso escolar de crianas com transtornos deaprendizagem apontam exemplos de sucesso e, tambm, relatam as dificuldades e osdesafios enfrentados pelos professores da rede regular de ensino. Esta pesquisa foirealizada a fim de identificar prticas usadas pelos professores de alunos com transtornosde aprendizagem em diferentes escolas e apontar alguns desafios enfrentados com alunoscom dislexia, discalculia, transtorno de dficit de ateno com e sem hiperatividade e osaspectos sociais e ambientais que podem interferir na aprendizagem ou que soresponsveis pelo fracasso escolar. Foram pesquisadas trs escolas da rede regular deensino, sendo uma delas pertencente rede privada com metodologia de ensinoMontessoriana. As demais escolas so da rede pblica sendo que apenas uma possuiAtendimento Educacional Especializado e outra sem esse recurso. Com a escolha dessasescolas foi possvel comparar as prticas e intervenes realizadas nas escolas com e semrecursos materiais e humanos. Crianas com problemas de aprendizagem necessitam deadequaes, no no currculo reduzindo o contedo, pois privar essas crianas doconhecimento ao qual elas tm direito, mas na metodologia, mudando a forma como omesmo contedo ensinado.
Palavras-chave: Dislexia. Discalculia. TDAH. Incluso escolar.
Summary
The frequent resources about inclusion education for children with learning disorderindicate examples of success and also describe difficulties and challenges whichteachers have been facing in the regular school. The objective of this research wasto identify the practices used by teachers with students with learning disorder indifferent schools and point out some challenges faced by teachers learningstudents with dyslexia, dyscalculia, deficit of attention, hyperactivity as well as toidentify social and environmental aspects that can interfere in learning or can beresponsible for school failure. This research was done in three regular schools: oneof them was from the private school with Montessory methodology. The others
schools were from the regular public system and only one of them had speciallearning support.By selection of these schools was possible to compare practicesand interventions with or without human and material resources. Children with
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learning difficulties dont need content of curriculum reduced which it will deprivethese children's knowledge and which they have the right, but they needadjustments in the methodology, changing the way the same content is taught need.
Key-word:Dyslexia. Dyscalculia. ADHD. Inclusion Education.
INTRODUO
A escolha do tema e principalmente do contedo de estudo desta pesquisa
teve inicio durante os estgios de observao e participao nas salas de
alfabetizao ao perceber a diversidade de alunos com dificuldades deaprendizagem encontrada nessas salas. Com as classes heterogneas e a
necessidade da incluso escolar, aumenta o desafio dos professores que precisam
focar no aprendizado da turma e lidar com as dificuldades especficas dos alunos
decorrentes no dia a dia da sala de aula. Os seguintes documentos oficiais atuais do
Brasil: Poltica de educao Inclusiva de 2008; Poltica Nacional de Educao
Especial na Perspectiva da Educao Inclusiva de 2008 e LDB (1996) discorrem
sobre a incluso de alunos com deficincias, com transtornos globais dodesenvolvimento e com altas habilidades e superdotao, mas no mencionam
aqueles com problemas de aprendizagem de ordem neurolgica, social e ambiental,
e que necessitam, tambm, de atendimento educacional especializado. Suas
dificuldades surgiram de situaes socioeconmicas, afetivas, motivacionais e de
insuficincia de competncias que culminaram em prejuzos acadmicos e,
consequentemente, no trabalho. Esta pesquisa teve como objetivo 1) identificar
atitudes que facilitem o processo de ensino aprendizagem e incluso de crianascom transtornos de aprendizagem e 2) identificar prticas usadas pelos professores
de alunos com transtornos de aprendizagem em diferentes escolas e apontar alguns
desafios que as escolas enfrentam.
Neste trabalho, ao abordarmos a questo da aprendizagem, foram levantados
os principais desafios e temores apresentados pelos professores da rede regular de
ensino. Ao apresentar as caractersticas dos transtornos de aprendizagem TA ,
discutimos sobre Dislexia, Discalculia e Transtorno de Dficit de Ateno com e sem
Hiperatividade, pois se tratam de problemas reais que trazem grandes prejuzos
para as crianas desde seu desempenho escolar at sua interao com o grupo.
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Os transtornos que afetam a vida escolar
As crianas na idade entre os trs e cinco anos, ainda no demonstram
dificuldades de aprendizagem de forma acentuada e sua interao com o outro est
em processo de desenvolvimento. nos anos que se seguem com o processo de
escolarizao, no ciclo I do Ensino Fundamental, que se observam as dificuldades
de aprendizagem. Durante o perodo de escolarizao, especialmente entre os sete
e os nove anos de idade, so observadas com maior frequncia as dificuldades de
interao social, linguagem e de aprendizagem. Essas dificuldades so
apresentadas por meio do baixo rendimento escolar e algumas vezes podem viracompanhadas da indisciplina e comportamentos exacerbados, como gritar, correr
pela sala, brigar, que so inapropriados dentro do contexto escolar. O fracasso
escolar pode estar presente ainda por meio da inibio excessiva e falta de
proatividade ou de atividade. As crianas que experimentam o fracasso escolar, j
nos primeiros anos do ensino fundamental, tendem a ficar desmotivadas e com
autoestima baixa o que afetar o desempenho nos anos seguintes (PHELAN, 2005).
O professor deve ficar atento quanto frequncia dessas incidncias e aoobservar um comportamento extremamente exacerbado de determinado aluno,
podendo indic-lo para avaliao com profissional do atendimento educacional
especializado, que poder pedir outras medidas de acompanhamento (PHELAN,
2005). Entre os transtornos que mais comumente tem sido observado nas escolas
esto o Transtornos de Aprendizagem (APA, 1994) que inclui Transtorno do Dficit
de Ateno (TDA) Transtorno de Dficit de Ateno e Hiperatividade (TDAH),
Dislexia, Discalculia, Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD) e Transtorno doEspectro do Autismo (TEA). Com menor frequncia nas escolas ouve-se falar de
Altas Habilidades/Superdotao (AH/SD) que aparecem muito ligados indisciplina.
Transtornos de Aprendizagem
Os distrbios de aprendizagem tm sido um desafio interessante para os
professores e pedagogos que esto preocupados com o contedo aprendido por
seus alunos. Trata-se de um ramo amplamente explorado pela neurocincia e pela
psicopedagogia, e pouco explorado no mbito da pedagogia, e os pedagogos so ou
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deveriam ser os principais interessados no tema, pois so os que mais convivem
com essa clientela em sala de aula e precisam buscar mais conhecimentos sobre o
que e quais so os distrbios, transtornos ou problemas que afetam a
aprendizagem, quais as principais caractersticas e como lidar com eles (BOIMARE,
2011).
Pesquisas apontaram como pertencente aos problemas de aprendizagem,
dificuldades como Hiperlexia, Altas Habilidades/Superdotao e a Sndrome de
Asperger, mas neste trabalho sero apresentados apenas alguns dos mais
frequentes citados nas escolas como principais responsveis pelo fracasso escolar.
Os problemas de aprendizagem no se referem a um distrbio especfico,
mas a um conjunto de fatores que levam ao baixo rendimento escolar e raramentepode ser atribudo a um nico fator. Alm disso, os transtornos de aprendizagem
podem ser agrupados por nveis de gravidade, tornando difcil encontrar pontos em
comum entre os estudantes afetados, o que faz com que identificao do distrbio
de aprendizagem seja ainda mais delicada (SMITH; STRICH, 2001).
Para o DSM-IV - manual estatstico de doenas mentais - (APA, 1994), os
transtornos de aprendizagem somente so considerados mediante critrios de
avaliao que descartam os problemas de aprendizagem em indivduos com algumoutro transtorno ou dficit seja cognitivo ou sensorial, podendo ser encontrado como
comorbidade, quando transtornos ou sndromes, acontecem simultaneamente.
Sero compreendidas como problemas de aprendizagem quando no pode ser
explicado por outro transtorno, distrbio ou dficit sensorial associado. Podem
acontecer trs tipos de transtornos especficos: o Transtorno da Leitura, o
Transtorno da Matemtica e o Transtorno da Expresso Escrita, Dislexia, Discalculia
e Disgrafia.(SOUSA, 2014).Os distrbios de aprendizagem so aqueles que afetam crianas com
inteligncia mdia ou acima da mdia. uma desordem neurolgica que afeta o
modo como a pessoa aprende, recebe ou processa a informao recebida e a
pessoa levar pela vida. Distrbios de aprendizagem no podem ser confundidos
com baixa inteligncia.
Outro aspecto dos distrbios de aprendizagem a serem citados como TDAH,
Autismo ou deficincias sensoriais como os que afetam a viso e a audio ou
distrbios emocionais. Embora esses fatores possam estar presentes em casos de
pessoas com problemas de aprendizagem, pode tratar-se uma comorbidade.
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Problemas neurolgicos, anxia, hemorragias cerebrais, leses no crebro
ocorrido na primeira infncia, meningite, desnutrio e exposio s substncias
qumicas, so fatores responsveis por muitos alunos com problemas de
aprendizagem. Complicaes no parto e acidentes que causaram privaes
momentneas de oxignio no crebro so situaes que causam danos
irreversveis, podendo deixar sequelas diversas, entre as quais, os distrbios ou
transtornos de aprendizagem (SMITH; STRCK, 2001).
Os fatores sociais, ambientais e familiares so decisivos no desenvolvimento
dessas crianas e na sua aprendizagem. A influncia do meio sobre o sujeito
grande e os problemas de aprendizagem podem ser reduzidos significativamente
com interveno e apoio em conjunto, de pais e professores (SMITH; STRICK,2001).
Transtorno de Dficit de Ateno e Hiperatividade - TDAH e DDA.
TDAH um transtorno que se apresenta de trs formas, sendo conhecido por
Transtorno de Dficit de Ateno com Hiperatividade, chamado de TDAH. Phelan
(2005) referiu sobre os predominantemente desatentos ou TDA, sem o H, versomais comumente encontrada em meninas que tambm so chamadas de adorveis
lunticas, pois apesar da dificuldade de prestar ateno, normalmente tinham um
comportamento dcil, meigo e poucas evidncias de problemas comportamentais. O
segundo tipo seria predominantemente hiperativo e ou impulsivo, este, com
predominncia masculina, marcada pela agitao e os problemas de comportamento
que um garoto hiperativo pode gerar na escola, em casa e, futuramente, no
ambiente de trabalho. H ainda o tipo combinado, com equivalente em desateno ehiperatividade. O termo originalmente usado era TDA aplicado no DSM-III (Manual
Estatstico das Doenas Mentais, terceira edio) e alterado no DSM-IV para TDAH,
sempre especificando predomnio de desateno ou hiperatividade e impulsividade
ou ainda do tipo combinado.
Para Oliver (2011) o DDA, Desordem de Dficit de Ateno, uma condio
semelhante ao TDAH, com as mesmas caractersticas, mas que pode ser tratado
com interveno pedaggica ou psicopedagogica por meio de jogos que estimulem
a ateno e no poderia ser confundido com o TDAH que trata-se de uma patologia
e necessita de medicao e acompanhamento junto a mdico responsvel. Contudo,
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trata-se de uma forma mais branda do prprio TDAH. A sigla DDA mais
comumente usada no idioma ingls.
Phelan (2005) afirmou que, para ser diagnosticado com TDA, um indivduo,
seja criana ou adulto, com quaisquer dos tipos apresentados, ser necessrio que
as evidncias comportamentais causem problemas srios simultaneamente nos
diversos contextos da vida dessas pessoas com o distrbio. Ou seja, devem
apresentar os mesmo tipos de problemas em ambiente familiar, em casa e na escola
ou em casa e no trabalho quando tratar-se de um adulto, e esse comportamento
deve interferir significativamente na sua capacidade funcional nos diversos
ambientes. A frequncia e a gravidade da desateno, hiperatividade ou
impulsividade devem ter carter extraordinrio quando comparadas a outrascrianas da mesma idade.
Os sintomas do TDA/TDAH devem estar presentes antes dos sete anos
mesmo que no tenha sido diagnosticado e o comportamento observado deve
persistir por mais de 6 meses consecutivos, mesmo que o indivduo no tenha sido
diagnosticado na infncia. O TDA do tipo desatento mais comum em meninas
ainda que possa ser observado tambm em meninos. Estes alunos tendem a ser
extremamente educados e podem passar despercebidos na escola por noapresentar problemas significativos. Geralmente mostram baixo rendimento escolar,
dificuldade para concluir as tarefas pedidas pelo professor, frequentemente perdem
objetos como lpis, borracha, caderno, entre outros itens. Podem apresentar
quociente intelectual (QI) elevado, mas tendem a ter notas baixas na escola devido
desateno.
Oliver (2011) apresenta uma lista de sintomas relatados nos seus
atendimentos que melhor descrevem as crianas com DDA.1 Parece no ouvir ou no entender o que ouve.
2 No consegue terminar uma tarefa, inicia uma tarefa e logo
passa para outra, sem terminar nada do que comea.
3 Tem dificuldades em seguir regras, esperar sua vez no grupo.
No l nem ouve uma pergunta antes de respond-la.
4 No consegue brincar sozinho e, em grupo, pode tornar-se
agressivo.
5 Perde ou esconde materiais e instrumentos importantes para a
realizao das tarefas.
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6 No mantm amizades por muito tempo ou no chega a inici-
las.
7 Tem dificuldades em aceitar a perda (em jogos, brincadeiras
etc.) e no consegue pensar em longo prazo.
8 Durante os primeiros anos escolares, no consegue permanecer
ocupado com sua tarefa por, ao menos, uma hora.
9 Pode passar horas diante de uma tarefa sem conseguir
complet-la.
10 Distrai-se com qualquer acontecimento alheio s suas
atividades.
Para esta autora a criana ou adolescente que apresentar pelo menos oito dascaractersticas citadas podem ter DDA.
Em sala de aula, a criana com DDA pode se dispersar e no conseguir
completar a tarefa. Nesse caso, importante manter esse aluno por perto para
garantir o avano nas atividades enquanto ele no recebe apoio psicolgico que lhe
necessrio para manter-se ativo (PHELAN, 2005).
Para Oliver (2011) e Chamat (2008) As crianas com TDAH/DDA devem receberacompanhamento com psicopedagogo e em casos mais graves h necessidade de
tratamento medicamentoso. Oliver ainda fala da importncia de uma interveno
com auxilio de jogos como xadrez para estimular a ateno.
Dislexia
A dislexia uma desordem neurobiolgica que afeta no crebro a capacidadede reconhecimento de sinais grficos provocando alteraes na aquisio da leitura
e escrita. O indivduo dislxico no identifica sinais grficos, letras ou cdigos.
Segundo Oliver (2011), a dislexia congnita ou inata causada por dano cerebral e
uma pessoa destra com dislexia, apresenta dano no hemisfrio esquerdo do
crebro. A troca de letras ou inverso das mesmas, no so caractersticas
exclusivas da dislexia. Outros distrbios podem ser citados como tendo em sua
caracterstica a troca de letras (disgrafia, disortografia). Quando se percebido a
dificuldade na pronncia, na fala, na expresso oral, em crianas com idade superior
a 5 anos, deve-se procurar um profissional, o fonoaudilogo, para tentar sanar ou
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reduzir o impacto do problema o quanto antes, pois este refletir na alfabetizao da
criana no futuro. mais comum que os pais sejam orientados a levar seus filhos
em especialistas quando j esto no meio do 2 ano e o professor observou a falta
de avano na aprendizagem de leitura e de escrita (CAPOVILLA; CAPOVILLA,
2007).
Muitas crianas com problemas na fala desenvolvem uma dificuldade na
aprendizagem principalmente da leitura e da escrita, mantendo seu cognitivo intacto
e mostrando desempenho em atividades cuja resposta no seja por meio da escrita
(CAPOVILLA; CAPOVILLA, 2007). Por esse motivo, para Oliver (2011. p. 50): "No
h necessidade de que todos tenham cargos que ocupem a escrita e leitura.
possvel esse tipo de dislxico sobressair-se muito bem em artes e esportes, e este o caminho mais acertado".
A fala o primeiro meio de aprendizado da lngua oral e, sem ela, o ensino da
leitura e da escrita fica prejudicado. Se uma criana fala pato ao invs de prato ou
fala tata ao invs de batata ela escrever da mesma forma. O professor deve
tomar conhecimento da fala das crianas antes de tirar suas concluses ou
simplesmente marcar errado na escrita. Em casos severos, nos quais no for
possvel o professor ajudar o aluno a desenvolver a fala correta para promover umaprendizado de leitura e de escrita convencional, ser aconselhvel que alfabetize
essa criana por meio de memorizao, mtodo esse que somente deve ser levado
em considerao depois de o aluno iniciar acompanhamento fonoaudiolgico ou de
recusa dos pais em tratar a dificuldade do filho com profissional autorizado
(CAPOVILLA; CAPOVILLA, 2007).
Quanto s intervenes pedaggicas, para Oliver (2011, p. 50), o ideal seria o
ensino de artes e a aplicao de Arteterapia, pois "[...] o dislxico no apresentanenhuma limitao que justifique adaptar o sistema existente a ele".
A alfabetizao pelo mtodo fontico muito eficiente para auxiliar na
aprendizagem de crianas com dislexia ou com dificuldades na linguagem que
causam atraso no aprendizado escolar da escrita, alm de auxiliar na correo da
fala para crianas que no tm a pronncia correta das palavras, seja por
malformao da estrutura fsica responsvel pela fala, seja por dificuldade cognitiva
ou por atraso no aprendizado causado por convvio com adultos falantes que no
foram alfabetizados adequadamente em nossa lngua. O mtodo fnico ou fontico
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indicado para alfabetizao de crianas dislxicas e tambm de linguagem
provenientes de outras culturas (CAPOVILLA; CAPOVILLA, 2007).
Discalculia
Para a Chamat (2008) a Discalculia uma incapacidade para raciocinar que
pode ser proveniente de causa orgnica, cognitiva ou emocional. Este transtorno
est previsto no DSM-IV(APA, 1994) atualmente como parte do Learning Disorder -
Transtorno de Aprendizagem - juntamente com Dislexia, DDA e TDAH que esto
descritos neste trabalho.
Dentre os transtornos de aprendizagem importante lembrar que aDiscalculia que vem sendo negligenciada, especialmente nas escolas da rede
pblica de ensino onde pouco ou nada tem sido feito para mudar essa viso.
Bernardi e Stobus (2011) apontou que se tem investido fortemente em
alfabetizao e letramento das crianas at oito anos, e ressaltou tambm, que as
polticas pblicas tm investido esforos para que todos sejam alfabetizados na
idade prpria. No entanto, Almeida (2006) em pesquisa sobre o aprendizado de
matemtica apontou um baixo rendimento nesta rea menos de 6% dos alunos.Estes demonstraram compreenso da matemtica, porm mais de 67% dos alunos
demonstraram ndices abaixo do esperado para o nvel de escolaridade nesta
disciplina.
Ainda que por negligncia ou falta de informao por parte dos professores,
apenas 5% dos alunos terminam o ensino fundamental compreendendo o contedo
de matemtica. Como agravamento dessa situao, Bernardi e Stobus (2011, p 48)
afirmaram que "muitos professores trabalham de forma tradicional, no utilizandorecursos e estratgias adequadas aquisio das habilidades de matemtica".
Embora o nmero de alunos com dificuldades de matemtica seja grande,
no se pode atribuir o fracasso na aprendizagem de matemtica exclusivamente
Discalculia, pois "alguns educadores se sentem pouco competentes para
desenvolver uma interveno adequada" (BERNARDI; STOBUS, 2011, p. 48).
Chamat (2008) relatou pequenas diferenciaes entre discalculia e acalculia e
apresenta sugestes de intervenes para o ensino de matemtica ficando sempre
em torno do concreto e da aplicao jogos que estimulem o raciocnio. Esta autora
afirmou que as atividades devem despertar o interesse do aluno e procurar iniciar
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sempre da forma mais bsica um meio para desenvolver o prazer pela atividade,
uma opo trazida pela autora iniciar com um jogo de domin de figuras
geomtricas, avanando para o jogo regular e somente depois de perceber o
aprendizado passar para o jogo em adio. O ensino deve seguir a ordem partindo
do elementar e avanando de forma gradual para subtrao, multiplicao e por
ultimo diviso. Chamat apontou que o reforo positivo a melhor interveno para a
criana com esse tipo de transtorno de aprendizado, tendo em vista que a
autoestima fundamental no desenvolvimento da criana.
Para Maria Montessori (RHRS, 2010) a questo do objeto concreto no
aprendizado da matemtica foi resolvida com a criao do material dourado, blocos
confeccionados em madeira com pequenas reparties que auxiliam naaprendizagem da matemtica.
Problemas de Aprendizagem ou Problemas de Ensinagem
compreensvel que muitos profissionais e principalmente professores
tenham dificuldade de lidar com alunos com as caractersticas citadas, mas no
seriam estes outros exemplos de problemas de ensinagem? correto afirmar quepor tratar-se de um assunto mais complexo, esses alunos representam problemas
para unidades de ensino por motivos variados, talvez mais por problemas de
socializao que de aprendizagem em si.
Sobre os problemas de aprendizagem, Boimare (2011) reforou a questo
sobre os problemas da ensinagem como principal razo do fracasso escolar. Este
autor afirmou que todos os problemas de aprendizagem podem ser superados
desde que se faa uso de boa interveno pedaggica e no descartou osproblemas de ordem fsica, biolgica, neurolgica ou psquica como responsveis
pelo baixo rendimento escolar, mas mostrou que, com as intervenes pensadas no
perfil do aluno, possvel uma aprendizagem mais qualitativa por meio da promoo
da interao entre a turma e participao nas aulas.
Boimare (2011) props as leituras para a sala de aula como forma de romper
as barreiras de reflexo encontradas nos alunos, por meio de discusses e debates
promovidos durante as leituras. Este autor contraps a leitura passiva adotada por
muitos pedagogos, gnero este que sugere uma leitura silenciosa, na qual o
professor l e os alunos apenas ouvem sem poder fazer nenhum comentrio nem
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mesmo ao trmino da mesma. Neste tipo de leitura os professores seguem a aula
passando outras atividades, fazendo com que os alunos abandonem as ideias
surgidas durante o texto. Ainda Boimare (2011) descreveu seus alunos de diversas
circunstncias de aprendizagem, tratando dos problemas de aprendizagem em
alunos com problemas de ordem socioeconmicas, biolgicas e neurolgicas. Para
este autor, o aluno deve ser motivado a continuar aprendendo e para isso as aulas
no podem ser montonas ou repetitivas. As discusses e debates em sala
estimulam o pensamento e a participao nas aulas para um aprendizado mais
reflexivo e efetivo.
Crianas em vulnerabilidade social tambm apresentam baixo rendimento
escolar devido baixa autoestima, e esta acaba sendo o principal fator de falnciaescolar em estudantes da rede pblica de ensino. Os debates abertos em sala
conseguem envolver e atrair para a aula at mesmo aqueles que se consideravam
incapazes, desde que sejam estimulados e instigados pelos professores a participar.
No cabem criticas ou interferncia do professor indicando o certo e o errado, mas
sim o estmulo ao pensamento reflexivo (BOIMARE, 2011).
Crianas que vivem em contextos socioeconmicos muito diferentes e so
atendidos e tratados de forma a enfatizar as diferenas sociais, crianas que socriadas dentro de um ambiente com baixa escolarizao, crianas em situao de
vulnerabilidade social, podem apresentar as mesmas dificuldades de aprendizado ou
muito prxima da encontrada em alunos com deficincia intelectual, pois a forma
como so tratados afeta diretamente seu desenvolvimento e, por consequncia, seu
desempenho escolar (SANTOS, 2012).
Sousa (2014) afirmou que os distrbios de aprendizagens no so causados
por problemas socioeconmicos como a falta de oportunidade educacionaleacrescentou que o contexto familiar pode contribuir significativamente para o
agravamento ou reduo dos seus efeitos.
O fracasso escolar pode estar ligado a problemas pessoais de ordem social.
Os problemas de aprendizagem afetam a vida familiar do sujeito afetando-o em
diversos ambientes. "A criana pode no aprender, assumindo o medo de conhecer
e de saber da famlia, ou respondendo marginalizao scio-educativa"
(FERNNDEZ, 2008, p. 48).
Contudo, no coerente pensar nos problemas da aprendizagem como
sendo unicamente de responsabilidade da famlia ou no haveria espao no
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mercado para os profissionais que estudam a neurocincia, nem seria eficiente
deixar exclusivamente nas mos de psicopedagogos, neurocientistas ignorando os
fatores sociais. Ao tratar dos problemas de aprendizagem devem ser trabalhados em
conjunto profissionais e familiares, mas sem deixar que a criana perca sua
identidade. A valorizao do pensamento do educando to importante quanto a
participao dos familiares e as intervenes pedaggicas (FERNNDEZ, 2008).
Os problemas sociais que so frequentemente citados como responsveis
pelo fracasso escolar, podem ser condio associada, mas no nica nem
definitiva. Os estudantes em situao de carncia econmica podem aprender tanto
quanto qualquer outro. Para isso necessrio que receba a ateno e valorizao
de si, sua cultura e sua criatividade, pois "onde o docente fala a linguagem dacriana, respeita suas aprendizagens [...] a alfabetizaoacontece (FERNNDEZ,
2008, p. 50) ".
Sampaio e Freitas (2014) alertaram para a necessidade de uma interveno
pedaggica precoce e a importncia do professor em seguir as orientaes do
psicopedagogo em caso da criana ser diagnosticada e estar sob acompanhamento
de profissional autorizado. Outro fator observado que os problemas de
aprendizagem no somem quando a criana sai da escola, mas tendem a serignorados pela famlia que no percebem os comportamentos como algo relevante
para o desenvolvimento da criana. Alguns dos problemas relatados foram a
dificuldade para assumir compromissos, atrasos frequentes, esquecimentos ou
perda de objetos (SOUSA, 2014).
Fato importante sobre as crianas com problemas de aprendizagem que
frequentemente so brilhantes, criativas e possuem uma inteligncia mdia ou acima
da mdia, mas essas habilidades so observadas em outras reas do conhecimentoque so menos valorizadas pela sociedade.
H uma importante relao observada entre as crianas com fracasso escolar
e com a autoestima. Esses problemas de autoconceito esto presentes mais
frequentemente em crianas com distrbios de aprendizagem (SOUSA, 2014).
A falta de motivao e estmulos nas reas que apresentam grande
desempenho, afeta sua autoestima causando bloqueios e afetando outras reas da
vida, influenciando seu comportamento e os relacionamentos sociais e familiares
(SMITH; STRICK, 2001).
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Educao Inclusiva
Um dos mais importantes documentos que norteiam a educao inclusiva, a
Declarao de Salamanca, (UNESCO, 1994) trouxe a perspectiva da incluso de
alunos com as mais diversas dificuldades. Este documentoabordousobre a incluso
de crianas com as deficincias desde as mais severas, mas tambm inclui as
crianas em situao de vulnerabilidade social e as que apresentam problemas de
aprendizagem. Foi esclarecido na Declarao de Salamanca que existe uma
importncia muito grande e urgente em valorizar as crianas em todos os aspectos e
proporcionar um aprendizado qualitativo com incluso das crianas.
A incluso escolar no deve ser apenas a presena de uma criana comnecessidade educacional especial em uma sala de aula regular ou com outros de
mesma idade. Se no h interao, no h incluso e, sem a incluso, dificilmente
haver aprendizado (MANTOAN, 1993).
Os debates sobre a incluso e integrao j vm ocorrendo h mais de 40
anos, mas esse tempo no foi o bastante para que mudasse o comportamento da
populao a esse respeito ou que formassem um nmero suficiente de professores
qualificados e preparados para lidar com essa realidade (SANTOS, 2012).Os professores tm recebido orientaes bsicas durante o curso de
graduao para poderem fazer um trabalho de incluso que deveria ir alm de
apenas receber um aluno com necessidades especiais em sala de aula, mas que
no suficiente, precisando buscar mais informaes em cursos extras (DRAGO,
2012).
importante salientar que no h um nmero suficiente de professores que
esteja preparado para promover a incluso ou sequer para receber essa diversidadeencontrada em sala de aula (DRAGO, 2012).
Segundo Mantoan (1993), estar no meio no basta para se considerar
includo nem realizar as mesmas tarefas o mesmo que estar integrado ao grupo,
pois a integrao pressupe fazer parte, ser percebido e ter sua importncia
reconhecida em um grupo. Para a incluso acontecer de forma eficiente, preciso
muito mais que admitir ou reconhecer a existncia de crianas com necessidades
educacionais especiais. Reconhecer sua existncia apenas o primeiro passo para
respeitar suas singularidades, seja ou no esse um aluno com necessidades
educacionais especiais necessrio a incluso.
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Existe uma discusso sria que separa os termos incluso e integrao,
tomando esse ltimo como algo ultrapassado e contraprodutivo e colocando o
primeiro em evidncia. Fala-se, hoje, muito na importncia da incluso para tornar o
sujeito apto a viver em sociedade. Nos discursos atuais, a integrao remete ao ato
de aceitar a presena de uma pessoa com deficincia, possibilitando a
acessibilidade com a implementao de rampas para acesso dos que necessitam de
cadeiras de rodas, mas no o esforo do meio para recepcion-lo e faz-lo se sentir
parte da sociedade em que vive. Na incluso, a exigncia de que o aluno conviva
e participe das atividades (HENRIQUES, 2012).
Drago (2012) nos fala da importncia de um aprendizado pensado desde os
primeiros anos de vida e que venha integrado no cuidar e no educar das crianas dezero a trs anos, devendo esse ser bem estruturado, pois nessa fase se comea a
formar o perfil do cidado, mas essas atitudes so diferentes do que visto nas
escolas. Os exemplos que nos traz so da educao infantil, mas essa realidade
no fica apenas na primeira infncia. Ainda um problema da rede de ensino,
sobretudo de muitos professores que, uma vez ingressados no mercado de trabalho,
no veem motivos para estudar, pesquisar e se preparar para atender s diferenas,
pois se sentem desvalorizados em sua profisso.No se fala aqui de homogeneizar as crianas, pois no so e no devem ser
moldadas forma da instituio de ensino, mas de tornar o ensino integrado no
mbito de que a criana seja parte da turma, participando e no somente por estar
nela. O socializar das crianas tem a ver com torn-las seres sociveis, aprendendo
a lidar com as diferenas e com aqueles que possuem necessidades educacionais
especiais.
O professor generalista ou o pedagogo, deve estar preparado para atender atoda sua turma, incluindo aqueles que apresentam algum tipo de necessidade
educacional especial (NEE), sendo capaz de torn-los membros do grupo no qual
est inserindo por meio de atividades e atitudes que promovam a incluso,
desprendendo maior ateno do professor, a fim de conseguir uma melhor interao
e desenvolvimento das habilidades, e preparando a criana para viver fora da
escola.
Essas crianas devem receber ateno e acompanhamento desdeo incio da
infncia, na pr-escola e, no ensino fundamental, se necessrio, atendimentos
especializados devem ocorrer no horrio oposto aoda escola regular sem prejuzo
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de seu convvio e sua socializao, participando das atividades sempre que possvel
e tendo seu desempenho escolar avaliado assim como os demais estudantes.
Nos documentos brasileiros sobre educao inclusiva, a Poltica Nacional da
Educao Especial na Perspectiva da Educao Inclusiva do MEC/SEESP, em
2008, incorporou a concepo de necessidades educacionais especiais como o
conjunto de necessidades especficas e redirecionouas matrculas nas escolas
regulares de todas as crianas com deficincias, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades e superdotao.
Dessa forma, foi proposta a reorganizao da educao especialpela incluso
destas crianas nas escolas regulares ao propor o atendimento educacional
especializado no contraturno escolar para os alunos com deficincias, transtornosglobais do desenvolvimento e altas habilidades e superdotao para atender s
necessidades especficas do alunado. Essa mesma poltica no mencionou os
alunos com transtornosde aprendizagemcomo alunos da educao especial e,
portanto noesto includos no atendimento educacional especializado e esta parte
do alunado que o objetivo desta pesquisa.
A Pesquisa de Campo
Esta pesquisa teve como objetivos 1) identificar atitudes que facilitem o
processo de ensino aprendizagem e incluso de crianas com transtornos de
aprendizagem e 2) identificar prticas usadas pelos professores de alunos com
transtornos de aprendizagem em diferentes escolas e apontar alguns desafios que
as escolas enfrentam.
A metodologia dessa pesquisa baseada na abordagem qualitativa e comoinstrumentos da pesquisa foram realizadas entrevistas com perguntas previamente
definidas.
A pesquisa foi realizada em trs ambientes de ensino fundamental: uma
escola privada, localizada na Zona Sul, e duas escolas pblicas estaduais, na Zona
Norte, sendo todas localizadas na cidade de So Paulo. A escola da rede privada
adota metodologia de ensino Montessoriana. As demais escolas so da rede
pblica sendo que uma possui Atendimento Educacional Especializado e outra sem
esse recurso. A escolha destas escolas foi para que se pudesse comparar as
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prticas e intervenes realizadas nas escolas com e sem recursos materiais e
humanos.
Como sujeitos da pesquisa foram selecionados e entrevistados os
coordenadores das escolas.
Primeiramente foi realizada uma visita em cada uma das trs escolas para
um contato com o coordenador e solicitao de participao na pesquisa e a reposta
escrita s perguntas. Durante a visita, tambm houve conversas para que as
coordenadoras entrevistadas pudessem esclarecer pontos da entrevista e contribuir
para a pesquisa.
Elegeu-se a escola de modelo Montessoriano para a pesquisa por se ter
informaes iniciais sobre boas prticas com crianas com transtornos deaprendizagem.
As escolas pblicas foram eleitas pela informao de que havia crianas
matriculadas com distrbios de aprendizagem.
Para entendimento da pesquisa segue esclarecimento sobre a escola
Montessoriana.
Escola Montessoriana
Maria Montessori foi pioneira do curso de medicina de sua poca, incio do
sculo XX, com especializao na rea da psiquiatria. Em suas pesquisas,
constatou que a importncia do brincar estava presente independentemente do nvel
de afetamento intelectual que a criana apresentasse. A partir desse estudo foi
estudar pedagogia para poder entender melhor o desenvolvimento infantil.
Montessori passou a trabalhar em uma escola de educao especial para crianascom deficincia intelectual e a dedicar-se educao dessas crianas. Por meio de
suas experincias e observaes, buscou as formas mais eficazes para ensinar as
crianas com intuito de desenvolver independncia, autonomia e autoconfiana.
O Ensino Montessoriano
Montessori abriu a Escola Bambini em 1907, uma instituio de ensino
equipada para atender as necessidades das crianas, onde tudo era adaptado,
desde a moblia, os brinquedos, a arquitetura do lugar, tudo voltado para o
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desenvolvimento da autonomia e da responsabilidade (SILVA, 2011). Dentro deste
contexto ela equilibrava liberdade com disciplina e esta no era imposta, mas um
meio para merecimento de sua liberdade na realizao das tarefas propostas. Nos
anos que se seguiram foi ganhando fora e abrindo novas filiais. Logo seu mtodo
tornou-se modelo para outras instituies mostrando como resolver problemas
pedaggicos (RHRS 2010).
O foco principal do mtodo montessoriano a importncia dada ao
desenvolvimento interno e externo da criana de forma a se complementarem. Para
Montessori, as crianas necessitam de um ambiente adequado para que possam
viver e aprender, o que nos remete na atualidade ao conceito de cuidar e educar,
presentes no Referencial Curricular Nacional para a Educao Infantil (RHRS,2010).
As perguntas foram elaboradas para se atender aos objetivos propostos:
identificar atitudes que fazem a diferena no ensino e incluso de alunoscom
transtornos de aprendizagem; conhecer prticas usadas pelos professores em
diferentes escolas e identificar alguns dos desafios. Dessa forma elaborou-se 6
perguntas.
Primeiramente perguntou-se quais so os problemas de aprendizagem quemais afetam os alunos do ensino fundamental, na experincia dos trs
coordenadores.
Como resposta registrou-se os seguintesproblemas: necessidade de
fonoaudiologia, pois a dificuldade na fala e falhas na pronuncia
dificultamaprendizagem da escrita; a desorganizao familiar, brigas entre pais,
abandonos e morte dos pai; do sistema de escrita, compreenso de texto e
matemtica. Foi ainda, apontado por coordenadora da escola montessoriana,problemas de processamento visual ou auditivo, baixa viso ou baixa audio que
passam despercebidas nos anos iniciais e as questes atencionais e de fundo
neurolgico e as dificuldades emocionais como mais frequentes.
Na segunda pergunta o objetivo foi identificar se h alunos com necessidades
educacionais especiais ou que apresentam algum tipo de dificuldade de
aprendizagem, e se as coordenadoras identificam diferenas entre essas
denominaes. Como resposta obteve-se: na escola montessoriana h alunos com
necessidades educacionais especiais, Sndromes, Transtorno do Espectro do
Autista, Transtornos Globais do Desenvolvimento, com processamento auditivo
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alterado ecom problemas de aprendizagem em diversos nveis de afetamento desde
o mais leve ao mais severo. Nas escolas pblicas identificou-se alunos com Dislexia,
Discalculia, Dislalia, sndrome de Down, Transtorno Global de Desenvolvimento,
autismo leve e deficincia intelectual e casos leves de Transtorno de Dficit de
Ateno.
Na terceira pergunta pesquisou-se sobre a metodologia de ensino para
crianas com transtornos de aprendizagem epara alunos com necessidades
educacionais especiais. Registrou-se que no h metodologia especfica. Os alunos
com transtornos de aprendizagem so encaminhados para a recuperao paralela e
contnua dentro da proposta da Secretaria de Educao pelo projeto do Ler e
Escrever. J na escola montessoriana h ateno s necessidades educacionaisespeciais e possibilitam adequaes curriculares com mais facilidade.
O objetivo da quarta pergunta foi identificar as relaes dos alunos com
dificuldades de aprendizagem e com necessidades educacionais especiais com
todos os alunos. Quando a criana no agressiva com os colegas, a relao
boa, harmoniosa, sem bullying e quando o ambiente fsico e emocional bem
preparado no acontecem discriminaes gratuitas.
Sobre o processo de incluso foi perguntado a seguir e como respostaregistrou-se que a atitude da professora importante e reflete no comportamento
das crianas e que os alunos com necessidades especiais participam de todas as
atividades e rotinas da escola e sala de aula e a escola no pode excluir.
A ltima pergunta teve por objetivo identificar os desafios da escola.
Registrou-se desde a falta de preparo das professoras e de interesse em se
preparar at a escola que conta com sala de recursos. Formar equipe, manter um
equilbrio financeiro e encontrar materiais de qualidade a preo justo so outrosdesafios apontados, bem como o desconhecimento do diagnstico dos alunos.
ANLISE E DISCUSSO DOS RESULTADOS
Nas escolas pesquisadas, entre os principais problemas relatados que mais
afetam a aprendizagem foi mencionado a famlia, em primeiro plano, como fator
primordial no desenvolvimento da criana, tanto de crianas com transtornos de
aprendizagem ou aquelas que apresentam alguma alterao neurobiolgica quanto
as que no apresentam nenhum problemas de ordem fsica ou biolgica..
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Os fatores que afetam a aprendizagem dessas crianas com algum tipo de
distrbio, transtorno ou sndrome, so reconhecidos pelas professoras como
importantes e responsveis por algum prejuzo na aprendizagem, mas so pouco
citados, algumas vezes por no possurem um diagnstico mdico, outras pelo fato
de que a criana que apresenta um laudo necessite de um acompanhamento
profissional especializado que deve auxiliar a professora nas prticas escolares.
Chamat (2008) chamou a ateno para as polticas pblicas e afirmou que a
presena de um professor auxiliar fundamental para a aplicao de intervenes
apropriadas assim como para manter a ateno de que os alunos precisam para
uma incluso mais qualitativa
Com relao ao conhecimento dos professores sobre a diferena entre ascrianas com transtornos de aprendizagem, e com necessidades educacionais
especiais, e quais so essas crianas, foi identificado que, esses professores
entendem a diferena e trabalham de acordo com o que est previsto nas Diretrizes
Curriculares Nacionais da Educao Bsica. Nas escolas foram encontrados
diversos tipos de problemas que afetam a aprendizagem. Em uma escola pblica
que no oferece atendimento especializado menor a incidncia de alunos com
maior comprometimento, nesta foram percebidas a presena de crianas com ostranstornos de aprendizagem: dislalia, discalculia, DDA, TDAH. Em uma escola da
rede pblica equipada com sala de recursos psicopedaggicos, o quadro mudou,
pois com possibilidades de atendimento educacional apropriado crianas com
deficincia intelectual, com Sndrome de Down e com Transtorno do Espectro do
Autista (TEA) com grau de afetamento leve. Nesta escola tambm foram observados
problemas de aprendizagem relacionados com questes familiares e ambientais.
Essas crianas recebem auxlio de reforo escolar ministrado por outros professoresfora do horrio de aula que est matriculado. Situao diferente foi encontrada na
escola montessoriana com grande diversidade de crianas com necessidades
educacionais especiais como as Sndromes de Down, de Tourette, de Sotos, TEA,
TGD, deficincias intelectuais das mais leves s mais severas, cadeirantes, crianas
com problema sensorial de baixa audio e com os transtornos de aprendizagem
como: dislexia, discalculia, TDA, TDAH. Esta escola trabalha com o mtodo baseado
no modelo de Maria Montessori, que faz intervenes pedaggicas um a um para
todos os estudantes. Cada aluno recebe um atendimento individualizado e focado.
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Quanto s metodologias usadas, as escolas pblicas usam o mtodo de
leitura global e scio-construtivismo pelo projeto do Ler e Escrever de acordo com a
Secretaria da Educao Em uma escola pblica que no possui sala de atendimento
especializado no h uma metodologia clara. A professora procura fazer
adequaes nos contedos e as intervenes pedaggicas dentro da proposta do
Ler e Escrever. Na escola que possui sala de recursos oferece atendimento
especializado para as crianas com necessidades educativas especiais para as
crianas com direito ao AEE, e so oferecidas aulas de reforo para auxiliar as
criana com dificuldades de aprendizagem, mas a metodologia no tem variao "A
incluso significa promover o crescimento, enquanto a promoo automtica
significa a excluso do sujeito como aprendiz (CHAMAT, 2008, p. 19)".Embora as salas de recursos estejam presentes, essas crianas no tm
direito ao atendimento educacional especializado, logo os professores, que so os
mesmos das salas regulares preparam o reforo escolar baseados no Programa Ler
e Escrever. Esta proposta de ensino, inspirada no mtodo de leitura global e no
scioconstrutivismo eficiente para crianas que no apresentam nenhum
comprometimento, porm as crianas com problemas de aprendizagem necessitam
de adequaes, no no currculo reduzindo o contedo, pois privar essas crianasdo conhecimento ao qual elas tm direito, mas na metodologia, mudando a forma
como o mesmo contedo ensinado (CAST, 2008).
Nas salas montessorianas, existe flexibilidade no currculo, respeitando a
proposta de ensino, mas o mais importante o preparo do professor e a variedade
de materiais permitindo variaes nas intervenes de acordo com a aprendizagem
apresentada pelo aluno.
Os aspectos da socializao ou problemas de socializao parecem passardespercebidos nas escolas em todos os nveis. Nas escolas pesquisadas, duas das
coordenadoras disseram no notar nenhuma descriminao com relao a essas
crianas nem problemas de autoestima. Essas escolas so as que recebem com
maior frequncia alunos com necessidades educacionais especiais.
Ao ser questionado sobre o processo de incluso, a resposta obtida foi de que
"ocorre normalmente, em geral, com algumas excees, quando a professora no
ajuda". Muitas vezes o perigo dessa discriminao surge a partir do prprio
professor que faz afirmaes negativas com relao a aprendizagem do aluno e,
mesmo que de forma inconsciente, prejudicam a autoestima da criana com
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problemas de aprendizagem, essas afirmaes passam a compor as falas das
demais crianas. Problema esse que no enfrentado pelas crianas que possuem
uma deficincia mais visvel, pois o respeito recebido do professor compartilhado
pelos demais alunos da sala, o que foi observado em outra escola onde os alunos
com necessidades especiais podem at participar de todas as atividades e rotinas
da escola e sala de aula, inclusive a disciplina.
Uma situao percebida nas escolas de que as crianas no praticam
bullying contra outras crianas que apresentam problemas de aprendizagem ou
comportamental, a menos que o comportamento, como agressividade ou os gritos
agudos na sala de aula, prejudique diretamente o grupo. Para evitar esse tipo de
situao imprescindvel que os professores fiquem atentos aos prprios atos. Umaatitude preconceituosa do professor ensina preconceito aos alunos.
O principal desafio da escola promover a formao continuada dentro dessa
proposta inclusiva, a qual dever do coordenador pedaggico para estimular o
professor na busca por conhecimentos de intervenes a fim de adequ-las s
necessidades dos alunos com distrbios de aprendizagem e com necessidades
educacionais especiais.
CONSIDERAES
Praticar incluso com sucesso depende de uma srie de fatores
concomitantes tais como: atitude do educador, da implementao das polticas
pblicas, recursos financeiros, humanos, materiais e pedaggicos, de acessibilidade
e das atitudes das famlias
A atitude do educador fator primordial para o sucesso da incluso de alunoscom transtornos de aprendizagem.
A famlia to importante nesse processo que no depende da posio
socioeconmica, pois mesmo nas casas com pais que tenham um grau de instruo
mais elevado e poder aquisitivo melhor, podem ser encontradas crianas com baixo
rendimento escolar. Neste caso, trata-se da autoestima da criana e de problemas
de ordem emocional, ou seja fatores externos, ambientais, que afetam a criana.
Dentre as habilidades mais prejudicadas a mais afetada a capacidade de
reconhecimento dos cdigos e interpretao do que vem. A incapacidade de
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compreender o sistema de escrita prejudicial para diversas outras disciplinas que
exijam esta habilidade, inclusive na matemtica.
Os alunos podem ser muito bons com clculos, mas se no aprendem a
interpretar o que lem no conseguem realizar as atividades propostas. O
equivalente ao trabalho realizado nas salas de recursos pedaggicos, encontrado
nas escolas pblicas para crianas com necessidades educacionais especiais so
as aulas regulares na escola montessoriana. O resultado disso um ensino de
qualidade para todas as crianas. Com o ensino individualizado e o oferecimento de
contedos pedaggicos so favorecidas as crianas com e sem comprometimento
neurobiolgico.
necessrio que se tenha uma ateno maior s crianas com transtornosou problemas de aprendizagem, pois elas podem no ser notadas pelos
professores, mas frequentemente sofrem uma descriminao silenciosa. Ao
entender que o colega possui uma deficincia, as crianas passam a respeit-lo e
procuram ajud-lo a se integrar ao grupo. Dessa forma, o trabalho de incluso deve
ir alm da implementao de salas de recursos, pois os mesmos devem estar
distribudos por toda a escola facilitando o acesso das crianas ao conhecimento e
tornando a incluso verdadeira.A reduo do nmero de alunos por turma pode favorecer a incluso, pois
permitir que o professor conhea melhor cada aluno e d ateno necessria a
todos alm de permitir que percebam qualquer atitude discriminatria e faam as
intervenes no momento oportuno, quando e onde se fizerem necessrias.
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