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FACULDADE ALFREDO NASSER INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA INTERVENÇÕES PEDAGÓGICAS DA ABORDAGEM SÓCIO-INTERACIONISTA: a mediação docente no desenvolvimento da criança na educação infantil Alline Rodrigues Alves APARECIDA DE GOIÂNIA 2010

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FACULDADE ALFREDO NASSER

INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO

CURSO DE PEDAGOGIA

INTERVENÇÕES PEDAGÓGICAS DA ABORDAGEM

SÓCIO-INTERACIONISTA: a mediação docente no desenvolvimento

da criança na educação infantil

Alline Rodrigues Alves

APARECIDA DE GOIÂNIA

2010

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ALLINE RODRIGUES ALVES

INTERVENÇÕES PEDAGÓGICAS DA ABORDAGEM

SÓCIO-INTERACIONISTA: a mediação docente no desenvolvimento

da criança na educação infantil

Artigo apresentado ao Instituto Superior de Educação da

Faculdade Alfredo Nasser, sob a orientação da Professora

Ms. Cristiene de Paula Alencar, como parte dos requisitos

para conclusão do curso de Pedagogia.

APARECIDA DE GOIÂNIA

2010

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INTERVENÇÕES PEDAGÓGICAS DA ABORDAGEM SÓCIO-

INTERACIONISTA: a mediação docente no desenvolvimento da criança na

Educação Infantil.

Alline Rodrigues Alves1

RESUMO: O presente artigo pretende apresentar a relevância da teoria sócio-

interacionista de Vygotsky abordando o conceito de mediação, relacionando-o com

a atuação pedagógica direcionada a crianças no ensino de educação infantil escolar a

partir dos estudos realizados por pesquisa bibliográfica e autores envolvidos com a

temática. Utilizou-se da contribuição significativa de Vygotsky, Rego, Bock,

Oliveira, Antunes e Gadotti, que colaboraram na articulação de idéias favorecedoras

de uma prática pedagógica de intervenção e mediação do professor na educação

infantil, considerando a importância do professor no processo de desenvolvimento e

aprendizagem da criança em situação escolar, período em que amplia-se as relações

sociais e o movimento de troca de experiências e aprendizagem evolui.

Palavras-chave: Aprendizagem. Intervenção. Mediação. Educação infantil.

INTRODUÇÃO

A aprendizagem e desenvolvimento das crianças têm sido tema de inúmeras

investigações e trabalhos científicos, assim como se pôde perceber que a relação estabelecida

entre a criança e o professor é de suma importância nesse processo.

As teorias de Vygotsky por constituir-se num marco da psicologia social sugere a

influência da mediação na aprendizagem e no desenvolvimento humano. A hipótese que se

levanta é de que os conceitos de mediação atribuídos por Vygotsky fundamentam o trabalho

pedagógico e pode propiciar uma intervenção favorável do professor ao aluno principalmente

na educação infantil, período este em que a ampliação das redes sociais da criança, o

desenvolvimento da linguagem simbólica e a sistematização do conhecimento no ensino

formal se tornam terreno fértil de crescimento do aluno.

Para Gadotti (2004), a teoria da educação brasileira, se posiciona mais para o interior

do pensamento pedagógico – caracterizado pela exposição, interpretação e avaliação de

métodos educacionais – que é chamado por ele de pensamento progressista (marcado pelas

críticas realizadas ao sistema capitalista), em que ele se refere ser uma luta dos professores em

direção à superação dos problemas encontrados na educação brasileira.

O pensamento pedagógico brasileiro vem sendo muito discutido e desenvolvido nas

Conferências Nacionais de Educação, em que os professores realizam debates e críticas acerca

desse assunto com intuito de assumirem para si a responsabilidade de conduzir uma política

1 Graduanda em Pedagogia da Faculdade Alfredo Nasser.

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educacional alternativa à oficial, que considera o educando como o principal foco da

educação, que esta seja produzida pensando nele, e não no modo capitalista dos tempos atuais.

Os conceitos de Vygotsky socializam essa discussão direcionando o olhar pedagógico

para as questões relacionais que convergem aluno e professor num mesmo patamar de

importância e incluem o aprender com o outro mais experiente, ainda que este não seja um

adulto, considerando que o aprender supera o tempo cronológico e condiz com a realidade de

vida e experiência do sujeito.

A relevância deste estudo consiste em apresentar as principais teorias elaboradas por

Vygotsky e seus colaboradores com o objetivo de auxiliar as pessoas envolvidas com o

processo de ensino e aprendizagem a perceberem a necessidade de educarem seus alunos

integralmente para se tornarem cidadãos críticos e conscientes da sua função e importância na

sociedade.

Este estudo está estruturado em três partes, a primeira refere-se à introdução, na qual

será possível encontrar o assunto abordado no artigo levando o leitor, a perceber o que foi

desenvolvido durante todo o trabalho acerca do tema proposto.

A segunda parte trata-se da fundamentação teórica utilizada para a composição do

artigo. Esta foi dividida em três tópicos, sendo que a primeira relata o percurso de vida de

Vygotsky e a teoria sócio-interacionista, apresentando a função de mediação por meio da zona

de desenvolvimento proximal como fator de excelência para o desenvolvimento infantil; o

desenvolvimento da linguagem e do pensamento na criança; a interação entre aprendizado e

desenvolvimento e o conceito de zona de desenvolvimento proximal.

O segundo tópico aponta para a importância do brincar no desenvolvimento da criança

e a construção simbólica pelo símbolo, pelo significado e pela linguagem e o papel da

imitação na aprendizagem e no desenvolvimento infantil.

O terceiro tópico abordará a atuação pedagógica do professor na educação infantil pelo

viés da proposta sócio-interacionista de Vygotsky, contando com a colaboração efetiva de

Gadotti e Antunes, conduzindo e discorrendo o caminho a ser seguido pelo professor para

desenvolver aprendizagens significativas no aluno.

Ainda neste artigo serão apresentadas considerações finais, na qual será possível

encontrar uma resposta ao problema de pesquisa e aos objetivos abordados – se foram ou não

alcançados, relatando rapidamente os resultados obtidos através da descrição sobre o tema.

No intuito de remeter o leitor à reflexão do ato de educar, este trabalho de pesquisa

bibliográfica pretende abrir espaço ao conhecimento da teoria sócio-interacionista e ao

percurso de vida de Vygotsky, a fim de buscar a relação necessária do aprender com o

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contexto sócio-histórico-cultural do qual a própria história de vida do teórico nos submete a

pensar que não se pode isolar o sujeito do contexto em que vive e nem da sua experiência de

vida e que o processo de aprender inicia-se como um ato social antes de ser individual.

VYGOTSKY E A TEORIA SÓCIO-INTERACIONISTA

Vida e obra de Vygotsky

A escolha da teoria sócio-interacionista para fundamentar esta pesquisa baseou-se no

percurso histórico de Vygotsky e na importância desse teórico para sua época e os dias atuais.

Em Vygotsky (1998) é possível encontrar evidências de sua trajetória teórica e sua dedicação

profissional.

Lev Semenovitch Vygotsky nasceu em 5 de novembro de 1896 em Orsha na Bielo-

Rússia e era o segundo de oito irmãos. Consta em Oliveira (1997), que ele recebeu grande

estímulo intelectual por parte de sua família, que era considerada uma das mais intelectuais da

cidade. Seu pai era chefe de departamento de um banco e representante de uma seguradora e

sua mãe, apesar de não exercer a profissão, era professora formada.

Vygotsky graduou-se na Universidade de Moscou e especializou-se em literatura. De

1917 a 1923 lecionou literatura e psicologia numa escola em Gomel. Fundou a revista literária

Verask, a qual publicou sua primeira pesquisa em literatura com o título: “A Psicologia da

arte” e criou um laboratório de psicologia no Instituto de Treinamento de Professores.

De acordo com Oliveira (1997), Vygotsky também trabalhou na área da pedologia, um

campo da ciência que estuda as crianças nos aspectos biológicos, psicológicos e

antropológicos, considerada por ele como a ciência básica do desenvolvimento humano.

Em Vygotsky (1998), dados sobre a vida do autor revelam que no ano de 1924

Vygotsky mudou-se para Moscou, trabalhou inicialmente no Instituto de Psicologia e em

seguida no Instituto de Estudos das Deficiências. Ele dirigiu um departamento de educação de

crianças com deficiências físicas e retardos mentais em Narcompros e ministrou cursos na

Academia Krupskaya de Educação Comunista, na Segunda Universidade Estadual de Moscou

e no Instituto Pedagógico Hertzen, em Leningrado.

Casou-se com Roza Smekhova em 1924 e tiveram duas filhas. Oliveira (1997), afirma

que durante sua breve vida, Vygotsky escreveu cerca de duzentos trabalhos científicos em

diferentes áreas, mas não conseguiu, devido ao pouco tempo, construir uma teoria completa,

articulada e bem estruturada, ele deixou textos densos, cheios de suas idéias e reflexões

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filosóficas contendo dados de pesquisas que exemplificam suas proposições gerais. Essas

idéias foram desenvolvidas e exploradas através de um programa de trabalho e expandiram-se

por meio de obras de seus colaboradores, que procuravam implementar um novo modelo de

psicologia sintetizando o já existente na época, da psicologia como ciência natural – que se

referia ao homem apenas como um corpo, com a psicologia como ciência mental – que

estudava os processos psicológicos superiores do homem, que tanto interessava aos

colaboradores de Vygotsky.

Consta em Vygotsky (1998), que entre 1925 e 1934 o autor reuniu jovens cientistas

das áreas da psicologia e dos estudos das anormalidades físicas e mentais para trabalharem

com ele. Durante esse período cursou medicina no Instituto Médico em Moscou e em

Kharkov e dirigiu o departamento de psicologia no Instituto Soviético de Medicina

Experimental. Vygotsky morreu em 11 de junho de 1934 de tuberculose.

De acordo com Rego (2009), Vygotsky possui três obras editadas no Brasil. Em “A

formação social da mente” a obra é dividida em duas partes, a primeira refere-se a temas da

psicologia cognitiva, que englobam a questão do instrumento e o símbolo no desenvolvimento

infantil, o problema da percepção, atenção e memória e a internalização das funções

psicológicas superiores; a segunda parte traz explicações sobre as implicações educacionais

decorrentes de sua teoria como as relações entre aprendizado e desenvolvimento, a

importância do brinquedo e da aprendizagem da língua escrita.

A obra “Pensamento e linguagem” relata experimentos e as principais teses do autor

sobre a relação entre pensamento e linguagem, que englobam aspectos como: a gênese e

evolução do pensamento e da linguagem e a questão da formação dos conceitos. Esta obra foi

publicada na antiga União Soviética em 1934, meses após sua morte.

Em “Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem” encontra-se uma coletânea de

escritos de Vygotsky, Luria e Leontiev, que foram organizados (para sua publicação) por

professores da Universidade de São Paulo de diferentes áreas do conhecimento. Esses textos

abordam questões sobre as diferenças culturais do pensamento, sobre o desenvolvimento

infantil e temas ligados à psicologia cognitiva.

A vida breve, mas intensa de Vygotsky deixou um legado teórico marcante para a

educação e um exemplo de profissional que viveu plenamente em sua época envolvido com as

necessidades sociais da humanidade. Seus conceitos ainda hoje são fundamentais para a

compreensão da aprendizagem e do desenvolvimento da criança e do entendimento do ser

humano como elemento essencialmente social.

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Principais teorias de Vygotsky

As teorias de Vygotsky tiveram impacto direto na educação e na busca de

conhecimento em relação à aprendizagem humana. Alguns autores dedicaram grande parte de

suas pesquisas a conhecer e esclarecer acerca das idéias e conceitos que Vygotsky apresentou

em sua curta e intensa carreira profissional. Este artigo apresenta a contribuição de Tereza

Cristina Rego e Marta Kohl Oliveira para melhor compreender as teorias de Vygotsky.

Para Rego (2009), a abordagem sócio-interacionista de Vygotsky está baseada em

cinco teses principais, sendo a primeira, o vínculo estabelecido entre o indivíduo e a

sociedade, no qual ele modifica o ambiente em que vive e ao mesmo tempo se modifica.

A segunda corresponde à função psíquica da construção do pensamento humano, que

ocorre de acordo com o desenvolvimento histórico e cultural do indivíduo, ou seja, o

pensamento humano não é nato e sim construído por meio das relações sociais.

A terceira tese diz respeito à função biológica considerando o cérebro humano como o

principal responsável pelo desenvolvimento psicológico de uma pessoa, que se desenvolve e

modifica de acordo com as vivências individuais de cada um.

A quarta tese de Vygotsky se refere à mediação existente em todas as ações do

homem, o que ocorre através dos instrumentos (objetos criados pelo homem para auxiliá-los

em seu desenvolvimento) e dos signos (caracterizados pela linguagem e formas de expressões

humanas).

A quinta tese está relacionada à capacidade que o cérebro tem em preservar as

características básicas das funções mentais, mesmo com o desenvolvimento decorrente da

vida social de uma pessoa.

Função mediadora

A função mediadora que é a base principal dos estudos de Vygotsky está presente na

relação que o homem estabelece com tudo que o cerca, estando ligada tanto aos instrumentos

(que auxilia o homem nas ações concretas), quanto aos signos (responsável pelas ações

mentais das pessoas).

[...] O instrumento é provocador de mudanças externas, pois amplia a possibilidade

de intervenção na natureza [...]. Com o auxílio dos signos, o homem pode controlar

voluntariamente sua atividade psicológica e ampliar sua capacidade de atenção,

memória e acúmulo de informações [...] (REGO, 2009, pp. 51-52).

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Conforme a mesma autora, para Vygotsky o comportamento e o desenvolvimento de

uma criança se iniciam com o agrupamento dos fatores biológicos e as experiências sócio-

culturais que recebe a partir de influências dos adultos com os quais ela interage desde o

nascimento. “[...] Assim, o desenvolvimento do psiquismo humano é sempre mediado pelo

outro (outras pessoas do grupo cultural), que indica, delimita e atribui significados à realidade

[...]” (REGO, 2009, p. 61). Dessa maneira, a criança vai aos poucos realizando sozinha, o que

antes ela conseguia apenas com ajuda de alguém mais experiente.

Para Oliveira (1997), um conceito muito importante para se entender as concepções de

Vygotsky sobre o funcionamento psicológico superior de uma pessoa, reside na mediação

simbólica, que é a intervenção realizada entre uma pessoa, objeto ou elemento, em relação ao

outro. Para ele toda relação do homem com o mundo ocorre por meio da mediação e essa

mediação é a responsável pela construção e desenvolvimento das funções psicológicas

superiores, principal foco de seus estudos. De acordo com esta autora a mediação acontece

por meio de dois elementos, os instrumentos e os signos.

Segundo a mesma autora, as idéias do materialismo histórico e dialético desenvolvidas

por Karl Marx e Friederick Engels relatam o homem como um ser socialmente construído por

meio de suas relações com a natureza, na qual a transforma e é transformado por ela, e com a

sociedade que vive em constante transformação. Estas ideias influenciaram Vygotsky na

compreensão da origem e desenvolvimento da espécie humana, se baseando na ação

transformadora do homem sobre a natureza por meio do trabalho e da construção de

instrumentos, que são os objetos construídos pelo homem para auxiliarem nesse processo.

Esses instrumentos são fabricados especificamente para um determinado objetivo e são

mediadores entre a relação do homem com uma determinada atividade.

Dessa maneira, todo comportamento humano é mediado, seja por uma pessoa, objeto,

situação ou pela linguagem, que faz com que o homem se aproprie das situações vivenciadas,

desenvolvendo seu próprio comportamento. É por meio principalmente da mediação de uma

pessoa mais experiente ou de uma situação de aprendizagem que a criança conseguirá avançar

cada vez mais em seu desenvolvimento e com mais facilidade.

Internalização das funções psicológicas superiores, o símbolo e o uso do instrumento no

desenvolvimento da criança

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O desenvolvimento das funções psicológicas superiores é um processo longo e que

ocorre aos poucos, na medida em que a criança internaliza ações que envolvem o uso tanto de

instrumentos quanto de signos.

Esses processos psicológicos superiores são aqueles que caracterizam o

funcionamento psicológico tipicamente humano: ações conscientemente

controladas, atenção voluntária, memorização ativa, pensamento abstrato,

comportamento intencional (OLIVEIRA, 1997, p. 23).

Para Vygotsky (1998), o uso de instrumentos e signos estão completamente ligados ao

decorrer do desenvolvimento cultural do ser humano, sendo que um é mediado pelo outro

durante a realização de uma ação. O uso dos signos afeta diretamente o comportamento do

indivíduo, ele é um orientador interno que controla a pessoa e os instrumentos é um meio que

conduz externamente a atividade humana no intuito de dominar a natureza por meio da ação.

O uso de instrumentos pela criança abre para as funções psicológicas superiores um

campo repleto de atividades que podem ser desenvolvidas por ela, enquanto o uso dos signos

demonstra que cada atividade realizada, depende inicialmente de signos externos e com o

decorrer do seu desenvolvimento mental, as atividades mediadas começam a se

desenvolverem através de processos internos.

A internalização para Vygotsky (1998) é a reconstrução interna de uma realização

externa, que primeiramente pode ter um significado, criado por uma situação objetiva,

diferente do resultado final e posteriormente ser compreendida por todas as pessoas

envolvidas na ação.

Esse processo de internalização passa por transformações, a ação que é realizada

externamente pela criança, ao ser reconstruída, por meio do processo mental interno é sempre

caracterizada pelo desenvolvimento da inteligência prática, da atenção voluntária e da

memória, assim, todo processo social (interpessoal) pelo qual a criança passa, deve ser

desenvolvido também individualmente (intrapessoal).

A transformação de um processo interpessoal num processo intrapessoal é o

resultado de uma longa série de eventos ocorridos ao longo do desenvolvimento. O

processo, sendo transformado, continua a existir e a mudar como uma forma externa

de atividade por um longo período de tempo, antes de internalizar-se definitivamente

(VYGOTSKY, 1998, p. 75).

Conforme Oliveira (1997), a partir do conhecimento mediado e internalizado pela

pessoa, ela consegue realizar representações simbólicas sobre os objetos e ações sem a

necessidade de estarem presentes a ela. Ela pode imaginar uma situação, sem a necessidade de

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vivenciá-la, pois os objetos externos (instrumentos) já se transformaram em processos

internos através da mediação desses signos. Nesse momento, o cérebro desenvolve sistemas

simbólicos que organizam essas internalizações do indivíduo.

Com o desenvolvimento mental da pessoa e o seu crescimento etário, ela passa a ser

capaz de utilizar apenas signos internos sem a necessidade de objetos reais para que ela

lembre ou realize alguma situação, isso ocorre devido à internalização de signos

representativos de situações exteriores, que fazem com que o homem adulto consiga operar

mentalmente sobre o mundo, ou seja, planejar, lembrar, relacionar, comparar, imaginar, etc.

É por meio do trabalho que surgem as relações do homem com a sociedade, pois esse

trabalho que na maioria das vezes ocorre de forma conjunta, faz com que os sistemas

simbólicos que representam a realidade sejam utilizados e compartilhados socialmente. Esse

processo permite a comunicação e interação social, pois, um mesmo objeto internalizado

individualmente, passa a ser dividido por todos os usuários da língua portuguesa e se torna

uma representação mental conjunta, que irá realizar a compreensão do mundo como um todo.

Esses são os sistemas de representação da realidade, ou seja, é o sistema simbólico de todos

os grupos humanos, e realizam a mediação de cada indivíduo com o mundo por meio de um

único significado.

A linguagem no pensamento e o pensamento na linguagem

A discussão anterior envolta da linguagem e do pensamento direcionava a busca de

entendimento do exato momento em que a linguagem e o pensamento aparecem no ser

humano e se estas se desenvolviam juntas ou separadamente e ainda se uma antecedia a outra.

Os estudos de Vygotsky e seus colaboradores demonstram que a principal relevância do tema

estava na percepção de que, embora cada qual tenha seu desenvolver distinto, elas se cruzam

em determinado momento para favorecer a aprendizagem e que o ser humano depende da

linguagem para desenvolver seu pensamento e do pensamento para desenvolver sua

linguagem.

Oliveira (1997) relata que para Vygotsky, a linguagem possui duas funções básicas,

que é a de intercâmbio social, que possibilita a comunicação entre as pessoas e impulsiona o

desenvolvimento humano e a de pensamento generalizante que surge na medida em que uma

palavra conceitua todas as ocorrências de um mesmo objeto ou situação que pertencem a uma

mesma categoria. É esse pensamento generalizante que faz da linguagem um instrumento do

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pensamento, pois é ela que oferece os conceitos que realizam a mediação entre a pessoa e o

objeto.

Para Vygotsky (2005), o pensamento e a linguagem possuem origens genéticas

distintas, cada um possui seu próprio desenvolvimento, apesar de que em muitas ocasiões da

vida de uma pessoa ambos se cruzam formando um pensamento mais complexo. Mediante

diversos estudos realizados pelo autor acerca desse assunto, evidencia-se as diferenças

existentes entre o pensamento humano e dos animais, que possuem formas de se comunicar e

gesticular que são expressões de desejos subjetivos, não possuem intencionalidades objetivas

como as do homem. Assim, a fala dos animais “[...] não está relacionada com reações

intelectuais, isto é, com o pensamento. Ela se origina da emoção [...] uma parte que exerce

uma função específica, tanto biológica quanto psicologicamente. [...]” (VYGOTSKY, 2005,

p. 50).

Segundo Oliveira (1997), com intuito de compreender a origem do desenvolvimento,

Vygotsky definiu o início do desenvolvimento do pensamento humano como tendo uma fase

pré-verbal – que ocorre com a capacidade de pensar sobre determinadas soluções para

problemas antes de colocá-las em prática – e o início do desenvolvimento da linguagem tendo

uma fase pré-intelectual – que são meios de comunicação sem mediação da linguagem.

Desde muito pequena, a criança mesmo com o pensamento ainda primário, ou num

estágio pré-intelectual, já possui formas de se comunicar socialmente – fase pré-linguística –

acontece através do choro, do riso, ou mesmo quando ela pronuncia algum som com certa

dificuldade. Isso ocorre até que o pensamento e a fala se cruzam pela primeira vez (por volta

dos dois anos de idade), e a criança adquire um comportamento diferente, nesse momento ela

começa a perceber que cada objeto possui seu próprio nome e características distintas e passa

a transmitir de forma racional seus pensamentos.

Esse instante crucial, em que a fala começa a servir ao intelecto, e os pensamentos

começam a ser verbalizados, é indicado por dois sintomas objetivos inconfundíveis:

(1) a curiosidade ativa e repentina da criança pelas palavras, suas perguntas sobre

cada coisa nova (“O que é isto?”); e (2) a consequente ampliação de seu vocabulário,

que ocorre de forma rápida e aos saltos (VYGOTSKY, 2005, p. 53).

Os sons que antes eram imitados pela criança, passam a ter significado e dessa forma,

ela busca cada vez mais, por meio de questionamentos, conhecer novas palavras e desvendar

o mundo maravilhoso que lhe é posto à disposição.

A trajetória da linguagem e do pensamento, a certa altura da vida de uma pessoa, se

unem, formando um novo funcionamento das funções mentais, tornando o pensamento verbal

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– que constitui na possibilidade de falar sobre o que se pensa, mediando essa fala pelos

significados obtidos através da linguagem – e a linguagem torna-se racional – passando a

expressar através do sistema de signos, situações que fazem sentido ao ouvinte. Essa união

ocorre devido à necessidade que o ser humano adquire de se comunicar com o outro ao ser

inserido em um determinado grupo social.

Conforme Oliveira (1997), antes de uma pessoa desenvolver o pensamento verbal, que

é a capacidade de usar a linguagem para transmitir seus pensamentos, ela passa por um

processo gradativo de discurso interior, que é um diálogo consigo mesma, sem o uso da

linguagem, na intenção de resolver sozinha seus conflitos. Normalmente, essa fala consigo

mesma é realizada de forma abreviada contendo apenas significados específicos para alcançar

determinado objetivo e é utilizado pelas pessoas, independente da idade.

Como descrito por Vygotsky (2005), o desenvolvimento da fala é complexo e passa

por estágios. Inicialmente a fala ocorre de maneira natural, quando a criança inicia alguma

forma de comunicação. Posteriormente, a fala começa a se desenvolver de uma forma mais

concreta, utilizando das experiências físicas da criança e dos objetos que a cerca para

formularem uma comunicação mais completa, utilizando palavras e estruturas gramaticais

mais adequadas. O terceiro estágio de desenvolvimento da fala se caracteriza pela fala

egocêntrica da criança, na qual a criança cria maneiras e utiliza objetos para auxiliá-la a

resolver problemas internos, como contar nos dedos para realizar uma conta matemática. O

último estágio é chamado de crescimento interior e é nele que ocorre a interiorização de todo

o conhecimento à sua volta, a criança consegue trabalhar situações externas e internas com

frequência e sem muito esforço. Com o desenvolvimento da linguagem ocorre também o

desenvolvimento do pensamento.

Entre o processo de transição da fala como comunicação social e o discurso interior,

reside a fala egocêntrica analisada por Vygotsky, que é uma comunicação da criança com ela

mesma, agora em voz alta, que a acompanha durante o desenvolvimento de determinada

atividade, essa comunicação possui uma função pessoal planejadora, que transmite seus

pensamentos na intenção de auxiliá-la na solução de seus problemas.

Vygotsky (2005, p. 151) afirma que “o significado das palavras é um fenômeno de

pensamento apenas na medida em que o pensamento ganha corpo por meio da fala, e só é um

fenômeno da fala na medida em que esta é ligada ao pensamento, sendo iluminada por ele.”

Para ele, a relação entre o pensamento e as palavras também podem sofrer alterações

dependendo do contexto em que estão sendo inseridas.

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Quando a criança já domina a fala exterior, a comunicação com outras pessoas se

torna compreensível por ambas as partes, isso significa que ela domina seus próprios

pensamentos e identifica o significado real das palavras ao se comunicar, buscando auxílio em

sua memória, que é parte integrante da fala interior (que constitui na capacidade de pensar

sobre o significado das palavras), a qual a criança já possui desenvolvida.

A fala interior não é o aspecto interior da fala exterior [...] é pensamento ligado por

palavras, enquanto na fala exterior o pensamento é expresso por palavras, na fala

interior as palavras morrem à medida que geram o pensamento. A fala interior é, em

grande parte, um pensamento que expressa significados puros. É algo dinâmico,

instável e inconstante, que flutua entre a palavra e o pensamento, os dois

componentes mais ou menos estáveis, mais ou menos solidamente delineados do

pensamento verbal (VYGOTKSY, 2005, p. 184-185).

Partindo desse pressuposto, nota-se que o pensamento é direcionado pela emoção,

desejo individual ou pela necessidade de expressar algo que instigou o interesse de uma

pessoa. Ele é produzido a partir de um pensamento egocêntrico que se transforma e evolui

podendo ou não ser transmitido a partir da fala exterior.

A interação entre aprendizado e desenvolvimento e o conceito de Zona de

desenvolvimento proximal

Ao se tratar da relação entre aprendizagem e desenvolvimento, os conceitos de

Vygotsky constituem num marco das teorias da aprendizagem de sua época e propõe um novo

olhar sobre a temática, apontando para um lugar entre o sujeito da aprendizagem e o objeto de

conhecimento. Para explicar este lugar que o autor nominou de zona de desenvolvimento

proximal é preciso percorrer a trajetória intelectual de sua época e pontuar passo a passo a

construção deste novo conceito.

Oliveira (1997) relata a importância das reflexões e pesquisas vygotskyanas acerca da

concepção do desenvolvimento e aprendizado do ser humano, um vinculado ao outro.

Segundo a autora é o aprendizado por meio da interação com outras pessoas em determinados

ambientes culturais, que se desenvolvem os processos internos de um indivíduo e fazem com

que ele adquira informações, atitudes, valores e habilidades.

Segundo Vygotsky (1998), as concepções anteriores admitidas da relação entre

desenvolvimento e aprendizado nas crianças, se resumem em três posições teóricas:

A primeira pressupõe que o desenvolvimento da criança ocorre independente do

aprendizado, sendo apenas um pré-requisito para que ela tenha acesso à aprendizagem, que

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deve ser oferecida gradativamente de acordo com sua faixa etária. Para essa corrente teórica o

desenvolvimento sempre se adianta ao aprendizado.

Já a segunda posição teórica se origina no conceito de que aprendizagem é

desenvolvimento, um processo totalmente inseparável em que o desenvolvimento ocorre com

as aprendizagens que a criança adquire no decorrer de sua vida, sendo que os dois processos

ocorrem simultaneamente e coincidem em todos os pontos.

A terceira posição teórica da relação entre aprendizagem e desenvolvimento é uma

combinação das duas anteriores.

Para Vygotsky (1998), e seus colaboradores, ao passo que a criança aprende, ela

avança numa proporção duas vezes maior do que se desenvolvem, eles consideram que o

aprendizado não vai do individual para o social e sim do social para o individual. Nesse

sentido, dão enfoque às relações, priorizando o aprender por intermédio do outro.

Vygotsky (1998) afirma que a criança possui dois níveis de desenvolvimento. O real,

que engloba as aprendizagens que a criança já adquiriu por completo e as ações que ela

consegue realizar sozinha. Nesse nível é possível determinar o desenvolvimento mental da

criança. E, o potencial, que são os conhecimentos a serem alcançados pela criança, esses

conhecimentos serão atingidos por meio da estimulação de pessoas mais capazes, que irão

orientar e direcionar essa criança em busca do que é novo.

O desenvolvimento real pode ser mensurado por meio de testes avaliativos que podem

também determinar a idade mental de uma criança, ou seja, avaliá-la por aquilo que ela

consegue realizar sozinha, sem considerar a possibilidade de determinar essa idade mental por

aquilo que ela consegue concluir, mesmo com ajuda de outra pessoa, o que poderia indicar o

grau de seu desenvolvimento.

O caminho percorrido entre o nível de desenvolvimento real e o nível de

desenvolvimento potencial, Vygotsky chamou de Zona de Desenvolvimento Proximal, que

“[...] define aquelas funções que ainda não amadureceram, mas que estão em processo de

maturação, funções que amadurecerão, mas que estão presentemente em estado embrionário

[...]” (VYGOTSKY, 1998, p.113).

Conforme Oliveira (1997), ao analisar o desenvolvimento de uma criança, faz-se

necessário compreender as capacidades que ela tem de realizar atividades sozinha, sem ajuda

de outras pessoas. As conquistas já efetivadas pela criança, Vygotsky chamou de nível de

desenvolvimento real, já a capacidade de realizar determinadas atividades com ajuda de outras

pessoas mais experientes, ele chamou de nível de desenvolvimento potencial. Essa

intervenção de alguém mais capaz no desenvolvimento de determinada atividade é muito

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importante, pois representa um momento gratificante de aprendizagem no processo de

construção das funções psicológicas de cada um.

A zona de desenvolvimento proximal relatada pela autora, conceitua o caminho

percorrido entre o nível de desenvolvimento real e o nível de desenvolvimento potencial, que

constitui “[...] um domínio psicológico em constante transformação: aquilo que uma criança é

capaz de fazer com a ajuda de alguém hoje, ela conseguirá fazer sozinha amanhã [...]”

(OLIVEIRA, 1997, p. 60).

Vygotsky (1998) conceitua que a zona de desenvolvimento proximal da criança hoje,

será o desenvolvimento real de amanhã, ou seja, a busca de conhecimento da criança deve ser

constante e sempre estimulada pelo professor.

É por meio da zona de desenvolvimento proximal e do nível de desenvolvimento real

que se pode perceber o percurso de desenvolvimento das funções psicológicas superiores de

uma pessoa e as aprendizagens que estão em fase de desenvolvimento, o que é importante

para prever as futuras condições de aprendizagem de uma criança.

Vygotsky (1998) discute o importante papel da imitação nesse processo de

aprendizagem através da zona de desenvolvimento proximal, pois uma pessoa somente é

capaz de imitar aquilo que está ao alcance de seu nível de desenvolvimento. Por meio de uma

imitação supervisionada por outra pessoa, a criança é capaz de realizar muitas coisas além

daquilo que ela conseguiria sem nenhuma orientação. Esse processo faz com que a criança

avance cada vez mais em sua aprendizagem, que é a responsável por criar a zona de

desenvolvimento proximal, através da interação com outras pessoas e do despertar dos

processos internos da criança em busca de mais conhecimento.

Quando essa aprendizagem é alcançada pela criança, seu desenvolvimento mental

também terá avançado, sendo que o desenvolvimento não anda junto com a aprendizagem,

“[...] o processo de desenvolvimento progride de forma mais lenta e atrás do processo de

aprendizado; desta sequênciação resultam, então, as zonas de desenvolvimento proximal [...]”

(VYGOTSKY, 1998, p. 118).

O BRINCAR NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL: A CONSTRUÇÃO

SIMBÓLICA PELO SIGNO, PELO SIGNIFICADO, PELA LINGUAGEM

O desenvolvimento cognitivo proporcionado pela brincadeira e pela imitação,

favorecedor de zonas de desenvolvimento proximal

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A função da brincadeira no desenvolvimento infantil, principalmente o brincar de faz

de conta e o jogo de papéis possuem relevante importância nos estudos de Vygotsky, pois

trabalha a parte cognitiva da criança, criando zonas de desenvolvimento proximal que

direcionam o comportamento infantil durante as situações imaginárias que elas desenvolvem

na brincadeira.

É possível encontrar em Rego (2009), relatos sobre a importância da brincadeira como

criadora de zonas de desenvolvimento proximal na criança. A autora afirma que para

Vygotsky todas as atividades que envolvem o ato de brincar são grandes promotoras de

desenvolvimento, mas especialmente a brincadeira de faz de conta ou jogos de papéis que

utilizam situações imaginárias, este foi o principal foco dos estudos do autor.

Para Vygotsky (1998), a função do brinquedo no desenvolvimento da criança vai

muito além de uma experiência prazerosa, tem sempre um objetivo e uma realização

inconsciente. Para que a criança se interesse em realizar uma atividade, ela deve sentir alguma

necessidade naquela busca, ter uma motivação e isso muitas vezes é saciado durante a

brincadeira, ou seja, é a busca de realizar desejos, principalmente aqueles que a criança não

consegue realizar imediatamente por meio da ação, que a conduz ao ato de brincar.

Uma criança de aproximadamente quatro ou cinco anos ao usar sua imaginação

brincando de dirigir um carro, irá dispor dos objetos que possui em casa (um sofá por

exemplo), que lhe servirá como o objeto que ela precisa para brincar (nesse caso, o sofá será o

carro). Durante sua brincadeira, ela poderá utilizar uma boneca (ou outra criança) para ser sua

passageira, e ambas irão seguir as mesmas regras de comportamento de uma pessoa adulta ao

dirigir, como colocar o cinto de segurança e permanecer sentada, encenando tudo aquilo que

ela observou nesse adulto quando dirigia durante um percurso real. Ao brincar, a criança

poderá satisfazer seus desejos e realizar situações idênticas a alguma vivenciada por ela.

[...] A imaginação representa uma forma especificamente humana de atividade

consciente, não está presente na consciência de crianças muito pequenas e está

totalmente ausente em animais. [...] a imaginação nos adolescentes e nas crianças em

idade pré-escolar, é o brinquedo em ação (VYGOTSKY, 1998, p. 122-123).

Vygotsky (1998) alega que essas situações do brincar utilizando a imaginação não

podem ser generalizadas como uma forma de resolver todos os conflitos inalcançáveis de uma

criança, muitas vezes são necessárias circunstâncias favoráveis para que a brincadeira em si se

torne possível, o que, dependendo do momento e da ação que a criança esteja realizando, pode

não acontecer. Assim, todo brinquedo que envolve situações imaginárias são cercados por

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regras de comportamento criadas pela própria criança e que devem ser seguidos para que a

brincadeira em si faça sentido.

Na visão de Oliveira (1997), durante essas brincadeiras a criança cria um mundo

imaginário no qual o desenvolvimento da situação ocorre através daquilo que ela inventa e

não daquilo que ela dispõe na realidade, esse processo imaginativo auxilia a criança a

identificar e separar objeto e significado, o que será de grande ajuda na construção do

pensamento adulto, quando o indivíduo sentir necessidade de desvincular-se de situações

reais. Além dessa importante conquista, a brincadeira de faz de conta também é composta por

regras que devem ser seguidas e que normalmente são baseadas em situações reais.

Durante o desenvolvimento de uma brincadeira só será permitido à participação

daquela criança que seguir comportamentos de acordo com as regras impostas. Isso faz com

que a criança normalmente se comporte de forma mais avançada do que ela é na realidade,

devido ao fato de estar imitando alguém mais velho. Assim, incentivar e promover com as

crianças brincadeiras que envolvam situações imaginárias tem além de uma função

pedagógica, uma função social.

Segundo Antunes (2005) é brincando que a criança aprende, pois ela atribui

significados ao se apropriar da realidade que vivencia por intermédio da brincadeira. Ao

brincar, ela desenvolve sua cognição, pois se utiliza da imaginação assumindo diferentes

papéis reais que observa durante sua vida.

Uma brincadeira bem orientada e direcionada “[...] estimula a memória, exalta

sensações emocionais, desenvolve a linguagem interior e, às vezes, a exterior, exercita níveis

diferenciados de atenção e explora com extrema criatividade diferentes estados de motivação.

[...]” (ANTUNES, 2005, p. 31). Nesse sentido, o autor ressalta que brincar é essencial para o

desenvolvimento da fala, cognição, emoção e psicomotor de uma criança.

Relacionando o importante papel da imitação no processo de aprendizagem e

considerando zona de desenvolvimento proximal, Vygotsky (1998) relata que uma pessoa

somente é capaz de imitar aquilo que está ao alcance de seu nível de desenvolvimento e por

meio de uma imitação supervisionada por outra pessoa.

Nesse sentido, a criança é capaz de realizar muitas outras coisas além daquilo que ela

conseguiria sem nenhuma orientação. Esse processo faz com que a criança avance cada vez

mais em sua aprendizagem, o que ocorre por meio da interação com outras pessoas criadoras

de zonas de desenvolvimento proximal e do despertar dos processos internos da criança em

busca de mais conhecimento.

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Se a criança deseja, durante a brincadeira, imitar outra pessoa, ela precisa adquirir

naquele momento, regras de comportamento que a façam chegar o mais perto possível das

atitudes comportamentais presenciadas por ela naquela pessoa. Durante o desenrolar da

brincadeira, a criança irá colocar em prática todos os conceitos e conhecimentos que ela

possui e acredita ser condizentes àquela pessoa. Essas regras de comportamento criadas

inicialmente pela criança podem mudar durante a brincadeira, de acordo com a situação

imaginária que ela esteja desenvolvendo.

Vygotsky (1998) descreve o quão significante é o brinquedo no desenvolvimento de

uma criança com mais de três anos (as menores não conseguem envolver-se em situações

imaginárias e têm suas ações totalmente limitadas pela situação que lhe é imposta), pois é

durante essas experimentações que a criança começa a desenvolver sua área cognitiva, não

precisando ser motivadas por objetos externos para realizar uma ação. O desenvolvimento

dessa área cognitiva possibilita a ela desenvolver percepções que irão estimulá-la a realizar

determinadas atividades.

Vygotsky (1998, p. 127) afirma que “a ação numa situação imaginária ensina a criança

a dirigir seu comportamento não somente pela percepção imediata dos objetos ou pela

situação que a afeta de imediato, mas também pelo significado dessa situação [...]”.

Nessa perspectiva, dependendo da idade da criança, não é possível separar o

significado de determinada ação daquilo que a criança vê, caso ambos estejam vinculados

direcionando para o mesmo sentido, como pode ocorrer com uma criança maior, ou seja, uma

criança muito pequena não consegue dizer que uma pessoa está sentada em um banco, se na

realidade ela está vendo essa pessoa em pé, realizando determinada atividade. Ela não irá

dizer algo que visivelmente ela não concorde.

Já com os avanços na aprendizagem e o desenvolvimento da criança, o campo do

significado e da percepção começam a sofrer alterações, pois as ações da criança passam a ser

determinadas por suas idéias e não por aquilo que ela vê. É no desenvolvimento dessa área

cognitiva que o brinquedo tem grande contribuição, pois um simples cabo de vassoura (objeto

visível para a criança) pode, durante uma brincadeira imaginativa, tornar-se um belo cavalo

no qual ela irá montar (pois mentalmente ela vê o animal), idéia desenvolvida e que será

alcançada pela criança.

No decorrer de uma brincadeira, a criança se desvincula dos objetos e das ações a qual

está acostumada a vivenciar e ao mesmo tempo, ela inclui em sua brincadeira ações e objetos

reais com intuito de desenvolver a situação proposta em sua imaginação.

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O brinquedo é responsável por desenvolver o pensamento abstrato da criança. É nele

que ela une aquilo que lhe é agradável às situações difíceis, subordinando-se às regras de

comportamento e abrindo mão, devido a essas regras, de resultados desejados por ela.

Durante essas brincadeiras, a criança poderá percorrer caminhos conflituosos, mas que

irão auxiliá-la a ter um maior autocontrole em situações que ela presenciará em sua vida e

poderá ajudá-la a construir sua moral.

A ATUAÇÃO PEDAGÓGICA DO PROFESSOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UMA

PROPOSTA SÓCIO-INTERACIONISTA

O aprendizado adquirido pelo aluno é responsável por criar zonas de desenvolvimento

proximal e é por meio dessa interação com outras pessoas que a criança inicia seu

desenvolvimento, desenvolvimento este que, sem ajuda de pessoas mais capazes, seria difícil

de ser assimilado, sendo assim, o que a criança faz com ajuda de outros hoje, ela será capaz de

realizar sozinha no futuro.

É por meio dessa interação entre professor e aluno e entre os próprios alunos, que os

conceitos espontâneos, ou seja, aqueles adquiridos antes da criança adentrar na escola evolui

para conceitos científicos – alcançados através do ensino sistematizado em sala de aula.

Ao se referir a relação entre desenvolvimento e aprendizagem, Vygotsky (1998)

acredita que estes devem ser discutidos em dois aspectos. Primeiro, de uma forma mais geral

e depois mais minuciosamente quando a criança passa a frequentar uma escola, pois todo

conhecimento repassado a ela em sala de aula já tem sua história iniciada antes do período

escolar, que lhe foi culturalmente repassado. Assim, tudo que lhe é ensinado desde que ela

nasce num primeiro contato com a família é considerado uma aprendizagem. A diferença

entre essas aprendizagens reside no fato de que na escola, o ensino é sistematizado por

conteúdos e fora dela, o ensino é informal.

Como anteriormente caracterizado por Vygotsky (1998), ao discutir o conceito de

zona de desenvolvimento proximal na criança e o importante papel da imitação, a função do

professor torna-se ainda mais visada, pois a criança enxerga nele alguém muito importante em

seu processo de desenvolvimento.

Nesse sentido, o professor deve propor atividades que envolvam seu aluno, seja de

forma individual ou em grupo, ele deve criar situações confortáveis e prazerosas para que seu

aluno possa expor o que já sabe, considerando essa aprendizagem como ponto de partida para

que eles internalizem o novo conhecimento.

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Segundo Rego (2009), os conceitos espontâneos ou cotidianos são aqueles que a

criança constrói por meio da observação, manipulação e vivência direta com o meio cultural

que a cerca e que, de certa maneira, desafia e estimula a criança a buscar sempre mais

informações sobre aquilo que ela vivencia, e os conceitos científicos estão vinculados aos

conhecimentos sistematizados adquiridos nas interações ocorridas dentro do ambiente escolar.

Esses dois conceitos apesar de serem diferentes, se relacionam e influenciam mutuamente,

assim, a criança busca significar conceitos sistematizados, por meio daqueles que para ela já

são conhecidos.

Rego (2009) baseada nos conceitos de Vygotsky afirma que a aprendizagem é

fundamental para o desenvolvimento das funções psicológicas superiores de um indivíduo, ou

seja, para que uma pessoa possa se desenvolver plenamente, ela necessita ter contato com

aprendizagens específicas de seu grupo cultural, assim, a aprendizagem de uma criança se

inicia bem antes dela ingressar em um espaço escolar, que irá apenas incorporar novos

elementos em seu desenvolvimento. Dessa maneira, observa-se que a aprendizagem e o

desenvolvimento estão inter-relacionados desde o primeiro dia de vida da criança e ocupa

papel de destaque tanto antes do início do processo escolar, quanto depois, o que ele considera

como um processo contínuo.

No cotidiano escolar, a intervenção “nas zonas de desenvolvimento proximal” dos

alunos é de responsabilidade (ainda que não exclusiva) do professor visto como o

parceiro privilegiado, justamente porque tem maior experiência, informações e a

incumbência, entre outras funções, de tornar acessível ao aluno o patrimônio

cultural já formulado pelos homens e, portanto, desafiar através do ensino os

processos de aprendizagem e desenvolvimento infantil. Nessa perspectiva, as

demonstrações, explicações, justificativas, abstrações e questionamentos do

professor são fundamentais no processo educativo. Isto não quer dizer que ele deva

“dar sempre resposta pronta”. Tão importante quanto o fornecimento de

informações e pistas, é a promoção de situações que incentivem a curiosidade das

crianças, que possibilitem a troca de informações entre os alunos, que permitam o

aprendizado das fontes de acesso ao conhecimento [...] (REGO, 2009, p. 115-116).

Nesse sentido, o professor deve propor atividades que envolvam a observação, análise,

pesquisa e apresentação individual ou em grupo, criando situações em que eles possam

expressar aquilo que já saibam, considerando isso como o ponto de partida para auxiliá-los a

internalizarem o novo conhecimento exposto, estimulando processos internos que

possibilitarão novas aprendizagens. As teorias vygotskyanas direcionam para o surgimento de

um modelo de escola em que as pessoas possam dialogar, duvidar, discutir, questionar e

compartilhar saberes, com espaço de aceitação para o erro, para as diferenças, para as

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transformações, para o uso da criatividade e da autonomia, tanto do professor, quanto do

aluno.

Antunes (2001) relata que o professor deve ser orientado por quatro aprendizagens

muito importantes para transpor os desafios impostos pela educação atual. A primeira é

aprender a conhecer, ou seja, conhecer conteúdos que sejam relevantes para a aprendizagem,

saber organizá-los e ter facilidade, habilidade e uma boa didática para transmití-los a seus

alunos. A segunda é aprender a fazer, isto é, estar sempre buscando conhecimento, pois este é

aperfeiçoado o tempo todo. A terceira aprendizagem é aprender a viver juntos, a viver com os

outros, vivenciando na escola um lugar de descobertas, de construção e desenvolvimento da

solidariedade e cooperação mútua em prol de um mesmo objetivo. E, a quarta é aprender a

ser, preparando a criança de forma integral e favorecendo o fortalecimento de sua autonomia,

levando-a a agir em diferentes situações impostas pela vida social.

De acordo com Rego (2009), Vygotsky nomeou sua abordagem de socio-

interacionismo baseando-se nos princípios do materialismo dialético, no qual o homem

transforma e é transformado por meio de suas relações com o meio social e cultural em que

vive, e é isso que difere sua abordagem do sócio-construtivismo de Jean Piaget2. Dessa

maneira, para que haja uma melhor compreensão de como é formado o ser humano, é

necessário entender a dialética das relações entre o homem e a natureza, pois são por meio

dessa interação mútua, que ele cria novas condições para sua existência.

Por intermédio das situações de brincadeira proposta pelo professor, a criança poderá

viver a experiência do outro, quando interpretam papéis pela imitação criam um mundo

imaginário igual ao do adulto. Nesse sentido, de acordo com Vygotsky (1998), a escola deve

propiciar maneiras educativas para que a brincadeira aconteça, favorecendo a interação entre

os alunos, elevando a auto-estima, desenvolvendo a linguagem e as habilidades motoras,

favorecendo nesses momentos, a aquisição de novos saberes e o desenvolvimento emocional

do aluno.

Para Antunes (2004, p. 28) é na zona de desenvolvimento proximal proposta por

Vygotsky que acontece a aprendizagem do aluno, o que ocorre por meio da interação e da

mediação entre o professor e entre os próprios alunos. Assim, o desenvolvimento de uma

criança é favorecido com a relação em que o educador é o agente transformador nesse

2 Jean Piaget (1896-1980) foi biólogo, zoólogo, filósofo, epistemólogo e psicólogo e ficou conhecido por

desenvolver sua teoria baseado na idéia de que o aprendizado é construído pela própria criança através da

interação com o objeto de conhecimento, o que ocorre através de quatro estágios de desenvolvimento de acordo

com a faixa etária da criança: Sensório Motor (0-2 anos), Pré-operatório (2-7 anos), Operatório-concreto (7-11

anos) e Operatório Formal (12 anos em diante). (PIAGET, 2007, pp. 17-65).

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processo. “[...] A aprendizagem depende, portanto, do desenvolvimento prévio e anterior, mas

depende também do desenvolvimento proximal do aprendiz. [...]”.

Segundo o mesmo autor é por intermédio da zona de desenvolvimento proximal que a

criança modifica seu pensamento, abrindo espaço para situações novas, aceitando e

concebendo novos saberes e aprendizagens, com isso, suas funções mentais passam a se

desenvolver e aprender de maneira autônoma.

Baseando-se na noção de crescimento e desenvolvimento cognitivo ao aprender

conceitos, o professor deve, ao criar e intervir na zona de desenvolvimento proximal do aluno,

estimulá-lo com atividades que aproveitem os conhecimentos já adquiridos por ele na busca

de um novo conhecimento, isso o tornará capaz de agir de forma independente e de

estabelecer relações sobre coisas e objetos.

Gadotti (2004) ressalta a importância da educação brasileira formar professores

educadores, ou seja, profissionais que respeitem as características próprias de cada aluno, que

sejam comprometidos com eles e com sua profissão e não simples professores que apenas

trabalham para receber seu salário no final do mês e que podem ser substituídos a qualquer

momento que não farão falta, pois apenas fazem parte do sistema, mas não se comprometem

com ele.

A escola precisa ser e oferecer alegria para seus alunos, tornando-os mais interessados

e comprometidos com seus estudos e o professor educador precisa ser crítico em seus

posicionamentos e ao mesmo tempo, criativo para que o aluno se interesse pelas aulas e pelos

conteúdos aplicados.

Conforme Gadotti (2004), a escola ainda possui uma função disciplinadora, que ensina

a seus alunos a terem comportamentos condicionados, não pensarem por si mesmos, apenas

serem bons trabalhadores, obedientes, eficazes e que gerem lucros para a sociedade capitalista

em que vivem. Essas instituições aterrorizam seus alunos com o fracasso que eles podem se

tornar pelo fato de não se adequarem às suas imposições.

Contudo, não é essa a função correta que a escola e os professores devem assumir, eles

precisam ser afetuosos com seus alunos e estes, precisam sentir prazer em aprender, tornando-

se questionadores e investigadores de seu próprio conhecimento. Que nesse espaço, os

educandos possam se expressar e serem aceitos, conseguindo colocar suas ideias em ordem

com a ajuda de seus educadores. Tanto o professor, quanto o aluno são seres em constante

processo de construção, devido a isso, um necessita do outro. Assim, o professor deve ajudar

seu aluno a descobrir e trilhar os caminhos dessa educação por meio da solidariedade.

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Para Antunes (2010) existem duas classes distintas de educadores em sala de aula, os

professores e os “professauros” – professores comparados aos dinossauros (seres que viveram

na antiguidade, mas ainda hoje são admirados por muitos), ou seja, educadores que têm

dificuldade em aderir ao que é novidade em sala de aula.

A classe de professores deve ser composta por àqueles profissionais que gostam de

ensinar, sentem-se motivados, veem em seus alunos, pessoas em constante construção de

conhecimentos, que ao adentrarem na sala de aula, já percebam em seus educandos diversas

possibilidades de aprendizagens, mediando saberes significativos, por meio de atividades

prazerosas, que levarão seus alunos a serem pessoas criativas, reflexivas, curiosas e

autônomas. Esses professores se sentem desafiados e fazem de seu trabalho uma arte que é

desenvolvida diariamente na sala de aula.

Os “professauros” são aqueles profissionais que iniciam seu trabalho em sala de aula

já desejando que acabe logo, não há perspectiva de um futuro, eles rotulam seus alunos como

pessoas sem capacidade de aprender e que estão ali apenas para passarem o tempo. Esses

profissionais propõem atividades mecanizadas, informações repetidas, são fiscalizadores e

não solicitam de seus alunos uma devolutiva de aprendizagem, por acreditarem que eles estão

ali apenas para receberem informações e que, o que eles sabem ou desejam saber, não

interessa, pois esses profissionais apenas esperam o momento de voltar para casa, encerrando

mais um dia exaustivo de trabalho.

Conforme Antunes (2010), o modelo de ensino existente nas antigas escolas

convencionais – no qual o professor era o centro do processo de aprendizagem, considerado o

detentor do saber e o aluno apenas um receptor de conteúdos, responsável por conquistar sua

aprendizagem, devendo ficar calado e apenas responder sobre aquilo que memorizou e se lhe

fosse perguntado, além das diversas formas de castigo que a eles eram direcionados, – não

pode existir nas escolas contemporâneas (apesar de ainda ser encontrado) grifo do autor.

Nas escolas atuais, o aluno deve ser considerado o eixo principal do processo de

ensino e aprendizagem e o professor, o responsável por mediar o conhecimento contribuindo

para a conquista dessa aprendizagem, ele deve aceitar a autonomia do educando, seus

questionamentos, críticas, sugestões e participação, respeitando a heterogeneidade da sala de

aula e a construção do conhecimento vindo do próprio aluno, o que acontece em momentos

diferentes, pois cada um possui seu respectivo desenvolvimento cognitivo.

Para Antunes (2010, p. 22), uma aula não pode ser considerada uma exposição de

conteúdos ocorridos na sala de uma determinada escola, a “[...] aula é situação de

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aprendizagem, desenvolvida em espaços diferentes e na qual se fazem presentes um ou mais

professores que, dominando fundamentos epistemológicos, ajudam seus alunos a aprender.”

Assim, a função de um educador, é utilizar-se de diferentes didáticas educativas com

a finalidade de que seu aluno aprenda, dispondo-se de diferentes linguagens e percebendo que

o ensino pode ocorrer tanto dentro, quanto fora do ambiente escolar, desde que seja favorável

para a aprendizagem do aluno.

Daí admite-se que adquirir conhecimento é diferente de obter informações, esta última

ao ser mediada pelo professor deve ser transformada em conhecimento pelo aluno.

Informações são acontecimentos ou dados referente a algo ou alguém e quando esse conteúdo

é transmitido pelo professor, o aluno precisa internalizar, construir significado e conseguir

contextualizar para verdadeiramente ter transformado essa informação em conhecimento, que

é a utilização significativa do que ele internalizou em situações do seu cotidiano e para a

aquisição de novos saberes.

Para que o professor consiga transformar informação em conhecimento, ele necessita

dispor de diferentes formas e linguagens para transmitir esse saber, ouvir e respeitar os

discursos do aluno em relação àquele determinado conteúdo, aceitar os conhecimentos

prévios dele, partindo desse ponto para iniciar sua explicação, propondo desafios, ou seja,

colocar o aluno em ação na busca e construção desse conhecimento.

Educar significa “[...] Em síntese: aprender a conhecer, fazer, viver junto e aprender a

ser” (ANTUNES, 2010, p.45). Conforme o autor, esse compromisso assumido pela educação

faz com que o aluno consiga realizar reflexões e ações sobre situações que lhes são expostas,

o auxilia em suas construções e conquistas pessoais e sociais, tornando-o uma pessoa

solidária, que respeita o próximo e formando-o de forma integral para um convívio social

tranquilo e harmonioso.

Ao se referir a uma aula excelente, Antunes (2010, p. 49) afirma que “[...] uma aula é

excelente, no Brasil ou em qualquer país do mundo, quando alcança com facilidade seu

objetivo essencial, no caso, ajudar o aluno a construir sua própria aprendizagem”. Esse

modelo de aula fará com que o aluno admire seu professor e participe ativamente da mesma,

independente do lugar em que ela ocorre, pois com certeza, tudo foi favorável para essa

construção de saberes.

Para que o professor seja um verdadeiro educador, ele precisa ver seu aluno como um

ser em construção e perceber que eles precisam caminhar juntos na conquista desses saberes,

proporcionando aulas eficazes, estimulantes e criativas, sendo responsável e dedicado naquilo

que faz e que exerça com dedicação a profissão por ele escolhida.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os estudos vygotskyanos da abordagem sócio-interacionista apresentados neste artigo

servem de direção para o trabalho pedagógico, que hoje está cada vez mais presente no campo

educacional. As teorias de Vygotsky contribuíram muito para a melhoria da educação

brasileira e um melhor entendimento quanto ao desenvolvimento infantil e suas

aprendizagens, considerando as mudanças de comportamento da criança ao se relacionar com

o outro.

Suas teses afirmam que as aprendizagens e o comportamento humano são socialmente

construídos por meio da mediação realizada com o mundo e que a linguagem humana (a

comunicação) é imprescindível para esse desenvolvimento. Assim, a função da escola e do

professor tem grande contribuição para a aquisição desse desenvolvimento de forma mais

completa, pois nesse ambiente, a criança tem acesso a aprendizagens formais, à interação

social e a mediação de uma pessoa mais capaz – o professor, sem desvalorizar as aquisições já

conseguidas por ela, confirmando as hipóteses levantadas anteriormente.

Este artigo alcançou o objetivo geral de compreender o desenvolvimento docente da

pedagogia sócio-interacionista com as crianças da educação infantil. Procurou-se descobrir

por meio da leitura de vários teóricos, como deve ser a atuação do professor em sala de aula

tendo por base a mediação entre professor e aluno e entre os próprios alunos para a aquisição

de saberes, sendo o aluno o responsável em buscar seu conhecimento e construir conceitos

juntamente com o professor. E, como objetivos específicos registrou e discutiu-se as

principais ideias da abordagem sócio-interacionista de Vygotsky de modo a relacioná-la com

a aprendizagem efetiva da criança em sala de aula e descreve as atribuições do professor

sócio-interacionista considerando o conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP).

Mediante as leituras realizadas e observadas, as posições de diferentes teóricos acerca

do assunto, foi possível perceber que a função do professor na contemporaneidade se

aproxima ao máximo da abordagem sócio-interacionista desenvolvida por Vygotsky, sendo o

educando, o educador e o contexto sócio-histórico-cultural responsáveis pelo processo de

ensino-aprendizagem.

Nesse sentido, os objetivos foram alcançados, pois as ideias propostas por teóricos

seguidores de Vygotsky contribuem para a ação docente, que ocorre com a mediação de

conteúdos de forma clara para que a criança entenda e perceba significativamente que eles são

importantes para sua vida. Foram discutidas no decorrer do trabalho, levando a criança a

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perceber, por meio dessa mediação, que esses novos saberes devem ser contextualizados com

o seu dia-a-dia. Assim, na sala de aula isso deve ocorrer priorizando as metodologias que

valorizem a interação de toda a turma e com as intervenções realizadas pelo professor nas

zonas de desenvolvimento proximal do educando, mediando o novo conhecimento e o

relacionando com os saberes prévios desse aluno.

Por meio das pesquisas teóricas realizadas, percebeu-se que é necessário um grande

comprometimento do professor e da instituição escolar para que a mediação de

conhecimentos direcionados ao aluno tenha significado e seja constante na sala de aula. A

escola é responsável em transmitir conteúdos curriculares pré-estabelecidos e como a sala de

aula é composta pela heterogeneidade, o professor deve perceber e ajudar o aluno em suas

dificuldades, pois cada um possui um tempo diferente para internalizar o que lhe foi proposto.

Para que a criança tenha um crescimento cognitivo significativo, o professor deve

mediar os saberes realizando intervenções nas zonas de desenvolvimento proximal do aluno

com atividades que estimulem o educando a buscar o conhecimento, fortalecendo assim, sua

autonomia e possibilitando a ele a contextualização desses conteúdos em sua vida cotidiana.

As aulas devem ser compostas por situações em que ocorram aprendizagens, nesse sentido,

elas podem ocorrer em espaços diferentes desde que priorizem a interação e a aquisição de

novas informações sempre mediada pelo professor, que deve oportunizar ao aluno que fale

expondo o que ele considera importante.

Formar uma criança integralmente para o bom convívio em sociedade é a principal

função da escola e do professor. Assim, ele deve perceber seu aluno como algo dinâmico que

está em constante desenvolvimento e aproveitar-se disso para oferecer uma boa educação,

visando à formação de seu caráter, explorando ao máximo suas capacidades e o que ele

internalizou de aprendizagens para um crescimento individual e ao mesmo tempo coletivo,

com intuito de manter uma boa convivência em sociedade e favorecer a aprendizagem.

Considera-se, portanto, que o professor sócio-interacionista é imprescindível em sala

de aula para a formação dessa criança, pois para ele, a relação com o aluno é considerada

fundamental no processo de ensino e aprendizagem e a conquista da sua autonomia é a

confirmação de um bom trabalho como educador.

Para estudos posteriores, sugere-se a realização de leituras visualizando uma educação

mais tradicional, comparando-a com a discutida neste artigo com intuito de perceber o quão

significativo é considerar o aluno como construtor de suas capacidades. Dessa forma, será

possível entender de maneira mais clara a necessidade das escolas e dos professores em

adotarem os conceitos interacionistas, mesmo aquelas que ainda persistem numa visão mais

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arcaica de ensino, conduzindo o ensino brasileiro, a um mediador de aprendizagens e

facilitador da autonomia do sujeito.

Ressalta-se ainda, que por meio deste estudo evidenciou-se que na prática docente o

que diferencia um professor de um verdadeiro educador é o ato de responsabilizar-se pelo

desenvolvimento integral do ser humano. Um profissional da educação deve acima de tudo,

respeitar seu aluno, valorizar suas atitudes, suas aprendizagens e sua cultura, para transformá-

las em uma âncora para um desenvolvimento futuro.

“...o verdadeiro curso do desenvolvimento do pensamento não vai do

individual para o socializado, mas do social para o individual.”

(Vygotsky, 1998, p.24)

ABSTRACT: This present article aims to present the relevance of

Vygotsky's theories around social interaction addressing the concept

of mediation, together with the pedagogical actions target children in

primary school throw the biography studies realized based on some

authors who have been studied this theory. Used in a significant way

Vygotsky, Rego, Bock, Oliveira, Antunes and Gadotti, who

collaborated in terms of ideas to the teacher’s pedagogic practice,

intervention and mediation in the childhood education, considering

that the importance of the teacher’s rule in this children developing

and learning process, inside the school, period that extends the social

relationship, changes experiences and the development grows up.

Keywords: Learning; Intervention; Mediation; Primary School.

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