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INTERVEÇÕES DE ENFERMAGEM A PACIENTES QUE DESENVOLVEM REAÇÕES TRANSFUSIONAIS AGUDAS: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA. Aline Ferreira de Oliveira dos Santos Lúnior Mendonça Suiane Priscila Camelo Damasceno Makilane Alves Robertino do Nascimento RESUMO Trata-se de uma revisão bibliográfica que procurou identificar as intervenções de enfermagem acerca das reações transfusionais agudas. O Objetivo deste trabalho foi descrever as reações transfusionais agudas e citar as intervenções de enfermagem mais pertinentes. A metodologia compreendeu um levantamento bibliográfico nas bases Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Google Acadêmico. Observamos que as reações transfusionais imediatas apresentam algumas intervenções comuns entre elas. Porém conclui-se que apesar de existirem intervenções gerais, existem intervenções específicas para algumas reações.

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Page 1: Interveções de enfermagem a pacientes que desenvolvem reações transfusionais agudas uma revisão bibliográfica

INTERVEÇÕES DE ENFERMAGEM A PACIENTES QUE DESENVOLVEM

REAÇÕES TRANSFUSIONAIS AGUDAS: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.

Aline Ferreira de Oliveira dos Santos

Lúnior Mendonça

Suiane Priscila Camelo Damasceno

Makilane Alves Robertino do Nascimento

RESUMO

Trata-se de uma revisão bibliográfica que procurou identificar as intervenções de

enfermagem acerca das reações transfusionais agudas. O Objetivo deste trabalho foi

descrever as reações transfusionais agudas e citar as intervenções de enfermagem mais

pertinentes. A metodologia compreendeu um levantamento bibliográfico nas bases

Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Scientific Electronic Library Online (SciELO) e

Google Acadêmico. Observamos que as reações transfusionais imediatas apresentam

algumas intervenções comuns entre elas. Porém conclui-se que apesar de existirem

intervenções gerais, existem intervenções específicas para algumas reações.

Descritores: Serviços de Hemoterapia. Hemocentro. Transfusão de Sangue.

1. INTRODUÇÃO

O sangue e seus componentes são utilizados em pacientes que necessitam desta

terapêutica para sua reabilitação (COSTA et al, 2011).. As transfusões de componentes

do sangue são, normalmente, um meio eficaz de corrigir de modo temporário a

deficiência de hemácias, plaquetas e fatores de coagulação (CALERA apud NETO &

BARBOSA, 2012). SILVA & NOGUEIRA apud PETZITAL (2006) reforçam essa

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ideia dizendo que em quase todas as circunstâncias, a hemoterapia, baseia-se na

reposição de um componente que está presente em quantidade inadequada no sangue de

um paciente.

A hemoterapia está assumindo um papel de extrema importância no tratamento

de diversas patologias (SILVA et al, 2009). Segundo FERREIRA et al (2007), a

transfusão de sangue tem sido muito importante como suporte na realização de muitos

tratamentos, como os transplantes, quimioterapias e diversas cirurgias. Embora em

algumas situações clínicas, a transfusão represente a única maneira de salvar uma vida

ou de melhorar rapidamente uma grave doença, o processo transfusional envolve riscos,

com a ocorrência potencial de incidentes transfusionais, sejam eles imediatos ou tardios;

estes variam de leve a grave e envolvem risco de morte (BIHL F et al apud NETO &

BARBOSA, 2012).

Segundo o LÉLIS & PINHEIRO (2007), transfusão é um procedimento

irreversível que expõe o paciente a riscos e benefícios. Os riscos são denominados

reações transfusionais (Quadro 1), estas se dividem em imunes e não imunes, imediatas

ou tardias. Todos os profissionais envolvidos na prescrição e administração dos

hemocomponentes devem estar capacitados a reconhecer e tratar as reações

transfusionais.

IMUNE NÃO IMUNE

AGUDA

OU

Reação febril não hemolítica Contaminação bacteriana

Reação hemolítica imune Hipotensão por inibidor ECA

Reação alérgica leve moderada e grave

Sobrecarga de volume

Trali Hemólise não imune

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IMEDIATA

Embolia aérea

Hipotermia

Hipocalcemia

TARDIA

Aloimunização eritrocitária Hemosiderose

Aloimunização HLA Doenças infeciosas

Reação enxerto X hospedeiro

Púrpura pós transfusional

Imunoodulação

Quadro 1.

Na transfusão, quando o receptor recebe o sangue ou derivado, a probabilidade

de complicações é grande, em razão disso, as intervenções de enfermagem são muito

oportunas (SILVA & NOGUEIRA, 2006). Este artigo tem como objetivo descrever as

reações transfusionais agudas e citar as intervenções de enfermagem mais pertinentes, já

que de acordo com LÉLIS & PINHEIRO (2007), cabe a equipe de enfermagem

supervisionar o paciente durante a transfusão e visto que as reações agudas ocorrem

durante as primeiras 24 horas, é de grande importância que os enfermeiros saibam como

intervir nestes casos.

2. REAÇÕES TRANSFUSIONAIS AGUDAS

As reações transfusionais agudas são incidentes que ocorrem durante ou em até

24 horas após a transfusão (LÉLIS & PINHEIRO 2007), são elas: reação febril não

hemolítica; reação hemolítica imune; reação alérgica leve, moderada e grave; TRALI;

contaminação bacteriana; hipotensão por inibidor ECA; sobrecarga de volume;

hemólise não imune; embolia aérea; hipotermia; e hipocalcemia.

2.1. REAÇÃO FEBRIL NÃO HEMOLÍTICA

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É caracterizada pelo aumento de mais de 1°C da temperatura corporal, associada

à transfusão de hemocomponentes, na ausência de causa subjacente. Geralmente, é

acompanhada de tremor, que pode ser intenso e, em alguns casos, apresentar-se como

única manifestação (OLIVEIRA & COZAC, 2003).

2.2. REAÇÃO HEMOLÍTICA IMUNE

Ocorre em consequência da transfusão de concentrado de hemácias ABO,

incompatível, na maioria dos casos (OLIVEIRA & COZAC, 2003). Caracteriza-se pela

reação antígeno/anticorpo, envolvendo anticorpos naturais ou secundários, presentes no

paciente, e antígenos presentes na unidade transfundida. Os principais sintomas são:

febre, calafrios, dor torácica, hipotensão, náuseas, dispneia, coagulação intravascular

disseminada (CIVD), sangramento, oligúria/anúria, hemoglobinúria, dor no local da

infusão e dor lombar (LÉLIS & PINHEIRO, 2007).

2.3. REAÇÃO ALÉRGICA

BRASIL (2007) define como reação alérgica o aparecimento de reação de

hipersensibilidade (alergia) em decorrência da transfusão de sangue. Pode ser

identificada como localizada ou sistêmica, nos quadros leve, moderado e severo. São

raros os casos que evoluem para a anafilaxia. Os principais sintomas variam de eritema,

pápulas, prurido e tosse, até diarreia, hipotensão, dor torácica, náuseas/êmese, dor

abdominal, tremores e dificuldade respiratória (LÉLIS & PINHEIRO, 2007).

2.4. LESÃO PULMONAR AGUDA RELACIONADA À TRANSFUSÃO (TRALI

– TRANSFUSION RELATED ACUTE LUNG INJURY)

De acordo com BRASIL (2007):

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Lesão Pulmonar Aguda Relacionada à Transfusão é uma das formas de Lesão

Pulmonar Aguda (LPA). As LPA são hipoxemias agudas, com edema pulmonar

bilateral e ausência de hipertensão atrial esquerda. Dentre os fatores de risco

para LPA destacam-se sepse, pneumonia, aspiração de conteúdo gástrico,

queimaduras, CIVD, fraturas de ossos longos e transfusões maciças. A

definição de TRALI e de uma LPA que se inicia durante, ou em ate 6 horas

apos o termino da transfusão de um hemocomponente.

Refere-se a um edema pulmonar não cardiogênico originado pela transferência

passiva de altos títulos de anticorpos anti-HLA ou antileucócitos dirigidos contra os

leucócitos do receptor. Tem sido associada a espectro de lesões pulmonares agudas que

se manifestam como edema pulmonar (DIAS, 2009).

Os principais sintomas são: hipóxia, dispneia, hipotensão e febre (LÉLIS &

PINHEIRO, 2007).

2.5. CONTAMINAÇÃO BACTERIANA

A reação por contaminação bacteriana e caracterizada pela presença de bactéria

na bolsa do hemocomponente transfundida (BRASIL, 2007). Um dos agentes mais

comumente encontrados é a Pseudomonas fluorescences. Os principais sintomas são:

febre alta, calafrios, hipotensão, choque, náuseas, vômitos, dor abdominal intensa e

diarreia (LÉLIS & PINHEIRO, 2007).

2.6. HIPOTENSÃO POR INIBIDOR ECA

Segundo LÉLIS & PINHEIRO (2007) pode-se verificar a ocorrência de

hipotensão transitória em pacientes submetidos à transfusão que estejam usando

inibidores da enzima conversora da angiotensina (ECA) e em pacientes utilizando filtro

de remoção de leucócitos a beira de leito no momento da infusão de hemocomponente

Page 6: Interveções de enfermagem a pacientes que desenvolvem reações transfusionais agudas uma revisão bibliográfica

(BRASIL, 2007). O principal sintoma é a hipotensão, que se normaliza sem qualquer

intervenção.

2.7. SOBRECARGA DE VOLUME

A sobrecarga volêmica relacionada a transfusão de hemocomponentes difere do

ponto de vista fisiopatológico de outras sobrecargas circulatórias causadas por

incapacidade do paciente em manipular o volume infundido. A infusão rápida de

hemocomponentes, ou transfusões maciças, podem ser os fatores desencadeantes da

sobrecarga (BRASIL, 2007).

Todos os pacientes estão em risco de desenvolver sobrecarga volêmica, sendo,

entretanto, mais suscetíveis as crianças e os adultos com mais de 60 anos de idade. Em

determinados pacientes, mesmo pequenos volumes podem ser responsáveis por

sobrecarga de volume (BRASIL, 2007).

Os principais sintomas são: agitação psicomotora, dispneia, taquicardia,

dificuldade em manter decúbito dorsal e ortopneia (LÉLIS & PINHEIRO, 2007).

2.8. HEMÓLISE NÃO IMUNE

Estando afastada causa imunológica, este evento é denominado reação

transfusional hemolítica não imune. A hemólise causada por danos às células

eritrocitárias do doador antes da transfusão, ocasiona no receptor a presença de

hemoglobinemia e hemoglobinuria, mesmo na ausência de sintomas clínicos

significativos (BRASIL, 2007).

Page 7: Interveções de enfermagem a pacientes que desenvolvem reações transfusionais agudas uma revisão bibliográfica

Os principais sintomas são: febre, calafrios, dor torácica, náuseas, dispneia,

CIVD, dor lombar, hipotensão (choque), sangramento e oligúria/anúria (LÉLIS &

PINHEIRO, 2007).

2.9. EMBOLIA AÉREA

É rara, porém fatal conforme a intensidade do incidente. Pode ser embolia

gasosa (evitada quando se elimina o ar do equipo) ou por microêmbolos (evitada

utilizando equipo com filtro). Principais sintomas são: dor torácica, dispneia, hipóxia e

cianose (LÉLIS & PINHEIRO, 2007).

2.10. HIPOTERMIA

A transfusão de sangue gelado tem um risco teórico de causar hipotermia, mas na

prática este risco só existe em situações especiais: transfusões em recém nascidos

prematuros e em pacientes politraumatizados e transfusões maciços (LÉLIS &

PINHEIRO, 2007).

2.11. HIPOCALCEMIA

A hipocalcemia manifesta-se como hiperexcitabilidade neuromuscular

(parestesias, tetanias), além de poder ocorrer arritmias, prolongamento do intervalo QT

ao eletrocardiograma e depressão da função ventricular esquerda. Estas manifestações

habitualmente são vistas somente em pacientes submetidos a transfusões maciças e com

insuficiência hepática (BRASIL, 2007).

Page 8: Interveções de enfermagem a pacientes que desenvolvem reações transfusionais agudas uma revisão bibliográfica

3. PAPEL DA ENFERMAGEM NA HEMOTERAPIA E NAS REAÇÕES TRANSFUSIONAIS AGUDAS

O serviço de hemoterapia no Brasil é regulamentado pela portaria do MS n.º

13.767/1993, que dispõe sobre as normas técnicas para a coleta, processamento e

transfusão de sangue, seus componentes e derivados (SILVA & NOGUEIRA, 2006).

A Resolução nº 306/2006, do Conselho Federal de Enfermagem, determina, em

seu artigo 1º, como competências e atribuições do enfermeiro em Hemoterapia, assistir

de maneira integral os doadores, receptores e suas famílias, promovendo ações

preventivas, educativas e curativas; triagem clínica; além das ações relacionadas à

supervisão e controle da equipe de enfermagem (ALMEIDA, et al,2011). Além disso,

SILVA et al; BENETTI & LENARDT apud SCHÖNINGER & DURO (2010)

acrescentam a estas atividades a participação do enfermeiro em programas de captação

de doadores, além de pesquisas relacionadas à hemoterapia e à hematologia.

A participação do enfermeiro, em todas as fases do processo, desde a captação

do doador até a transfusão do sangue contribui para a garantia da segurança

transfusional, proporcionando aos doadores e receptores de sangue, produtos com

qualidade, minimizando os riscos à saúde dos mesmos (BARBOSA et al, 2011).

Os profissionais de Enfermagem exercem um papel fundamental na segurança

transfusional. É necessário estar atento a qualquer eventualidade durante o processo.

Quando as reações transfusionais ocorrem, a terapia deve ser interrompida

imediatamente e as intercorrências devem ser registradas (SILVA et al, 2011).

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4. MÉTODOS

O estudo foi desenvolvido mediante uma pesquisa bibliográfica, iniciando-se em

outubro de 2013 prolongando-se até dezembro do mesmo ano, o levantamento dos

artigos foi realizado em três bases de pesquisa: Scientific Electronic Library Online

(SciELO), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS/ENFERMAGEM) e Google Acadêmico.

Para acessa-los foram utilizados na SciELO o descritor serviços de hemoterapia tendo

no total 18 artigos sendo 3 selecionados, na BVS o descritor hemocentro, no qual 29

artigos foram encontrados e destes, 5 foram selecionados, ainda na BVS utilizou-se o

descritor transfusão de sangue, sendo localizados 49 trabalhos e selecionados 4. No

Google Acadêmico, foi utilizado o descritor serviço de hemoterapia e foram

selecionados 5 artigos. Foi utilizado também o Manual de Hemotransfusão da

Universidade Federal do Ceará, Manual Técnico de Hemovigilância da Anvisa e o Guia

para o uso de Hemocomponentes do Ministério da Saúde. A escolha dessas fontes

deveu-se ao fato destas estarem de acordo com o tema preestabelecido para a produção

deste artigo.

Os critérios utilizados para a escolha das amostras foram: artigos completos,

disponíveis eletronicamente, nos idiomas português e espanhol; artigos que abrangem a

temática enfermagem e hemoterapia; pesquisas realizadas no Brasil no período de 2003

a 2013. Como critério de exclusão, artigos anteriores ao ano de 2003 e os que não

possuíam livre acesso.

5. RESULTADOS

A partir das fontes analisadas, foi identificado que os quatro trabalhos defendem

basicamente intervenções que são comuns em todas as reações, intervenções como:

Suspender ou interromper a transfusão;

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Manter acesso permeável com a solução da hidratação de prescrição;

Comunicar o médico responsável;

Verificar e registrar sinais vitais.

A tabela 1 (abaixo) cita as intervenções de enfermagem para cada tipo de reação

transfusional aguda, de acordo com os autores LÉLIS & PINHEIRO (2007), BRASIL

(2008), BRASIL (2007) e FORTES (2011).

Tabela 1: Intervenções de enfermagem a pacientes que desenvolvem reações

transfusionais.

Manual de Hemotransfusão da Universidade Federal do Ceará/ Lélis & Pinheiro (2007)

Guia Para o Uso de Hemocomponentes/ Brasil (2008)

Manual Técnico de Hemovigilância/ Brasil (2007)

Procedimento Operacional Padrão nas Reações Transfusionais/ Fortes (2011).

Reação Febril não Hemolítica

Interromper a transfusão;Manter acesso venoso com solução fisiológica a 0,9%.

Interromper a transfusão;Manter acesso venoso com solução isotônica;Administrar antitérmico conforme prescrição.

Interromper a transfusão;Manter acesso venoso com solução fisiológica a 0,9%;Comunicar o médico responsável;Verificar sinais vitais;Administrar antipiréticos prescritos.

Reação Hemolítica Imune

Interromper a transfusão;Manter acesso venoso com solução fisiológica a 0,9%;Instalar cateter de O₂;Controlar volume e coloração da diurese do paciente.

Hidratação conforme prescrição (Manter hidratação 100ml/h);Cuidados de terapia intensiva.

Hidratação conforme prescrição (Manter hidratação 100ml/h por pelo menos 18 a 24 horas).

Suspender imediatamente a transfusão;Manter acesso venoso com solução fisiológica 0,9%.

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Reação Alérgica

Interromper a transfusão;Manter acesso venoso com solução fisiológica a 0,9%;Instalar cateter de O₂;

Nas reações leves e moderadas a maioria é benigna e pode cessar sem tratamento;Instituir cuidados de terapia intensiva.

Interromper a transfusão;A maioria das reações são consideradas benignas e podem cessar sem o uso de tratamento medicamentosoEm caso de reação persistente administrar medicação conforme prescrição.

Suspender infusão de hemocomponente; Manter acesso venoso com solução fisiológica 0,9%; Comunicar ao médico responsável; Verificar sinais vitais;

TRALI Interromper a transfusão; Manter acesso venoso com solução fisiológica a 0,9%; Elevar decúbito; Instalar cateter de oxigênio; Ventilação mecânica.

Suporte ventilatório.

O tratamento baseia-se no suporte clínico e respiratório eficaz e intensivo, que deve ser definido pelo quadro clínico apresentado pelo paciente.

Suspender imediatamente a transfusão;Manter o acesso venoso com solução fisiológica 0,9%;Suporte respiratório – ventilação assistida;Elevar o decúbito;Instalar cateter de O₂ úmido;Manter pressão arterial com infusão de fluidos;Administrar corticoide mediante prescrição.

Contaminação Bacteriana

Interromper a transfusão;Manter acesso venoso com solução fisiológica a 0,9%; A bolça e amostras de sangue do paciente devem ser enviadas

Instituir cuidados de terapia intensiva;Administrar Antibiótico de amplo espectro seguindo prescrição.

Suspender imediatamente a transfusão; Comunicar o médico responsável; Encaminhar amostras de sangue do paciente e da bolça de

Suspender imediatamente a transfusão; Manter o acesso venoso com solução fisiológica 0,9%;Administrar antibioticoterapia de largo

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para análise laboratorial.

sangue para o laboratório; Iniciar o tratamento medicamentoso prescrito.

espectro prescrita; Instalar cateter de O₂ úmido;Manutenção da Pressão arterial;Assistência respiratória.

Hipotensão por Inibidor ECA

Interromper a transfusão;Manter acesso venoso com solução fisiológica a 0,9%; Elevar decúbito; Instalar cateter de O₂.

Suspender o inibidor; Terapia de suporte se necessário.

Interromper imediatamente a transfusão; Colocar o paciente na posição de trendelenburg; Administrar solução fisiológica.

Suspender imediatamente a transfusão; Manter o acesso venoso com solução fisiológica 0,9%;Elevar o decúbito;Instalar cateter de 0₂ úmido.

Sobrecarga de Volume

Interromper a transfusão;Manter acesso venoso com solução fisiológica a 0,9%; Elevar decúbito; Instalar cateter de O₂.

Suporte de 0₂; Administrar diuréticos segundo prescrição.

Suspender a infusão do hemocomponentes e de outros volumes; Colocar o paciente sentado; Instalar suporte de 0₂; Se necessário usar ventilação mecânica.

Suspender imediatamente a transfusão; Manter acesso venoso com solução fisiológica 0,9%; Elevar o decúbito; instalar cateter de 0₂ úmido.

Hemólise não Imune

Interromper a transfusão;Manter acesso venoso com solução fisiológica a 0,9%; Elevar decúbito; Instalar cateter de O₂.

Terapia de suporte se necessário.

Manter diurese forçada até a melhora no quadro de hemoglobinemia e hemoglobinúria.

-

Embolia Aérea

Interromper a transfusão;Manter acesso venoso com solução fisiológica a 0,9%; Elevar decúbito; Instalar cateter

Deitar paciente em decúbito lateral esquerdo, com as pernas acima do tronco e da cabeça.

- Suspender imediatamente a transfusão; Manter acesso venoso com solução fisiológica 0,9%; Elevar o decúbito;

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de O₂. instalar cateter de 0₂ úmido.

Hipotermia Interromper a transfusão; Manter acesso venoso; Comunicar imediatamente ao médico responsável, agência transfunsional e a comissão de hemovigilância; Aplicar terapêutica de acordo com a prescrição médica.

Diminuir o tempo de infusão;Aquecimento dos glóbulos vermelhos e/ou plasma;Terapia conforme as intercorrências.

Interromper imediatamente a transfusão; Manter na posição de trendelenbrug;Infundir solução fisiológica prescrita.

-

Hipocalcemia

Administrar medicação prescrita (gluconato de cálcio).

Infusão lenta de cálcio com monitorização periódica dos níveis séricos.

- -

6. DISCUSSÃO

Foi observado que mesmo com todo o processo de triagem, que por sua vez

segundo a Resolução nº 306/2006, do Conselho Federal de Enfermagem e PADILHA &

WITT (2010) é de competência da enfermagem, a terapia transfusional pode ocasionar

riscos ao paciente. SILVA et al (2011) afirma que a transfusão de hemocomponentes e

hemoderivados, não está livre de riscos. Complicações relacionadas à transfusão podem

ocorrer, e algumas delas podem trazer sérios prejuízos aos pacientes, inclusive fatais.

Em vários artigos, verificou-se que cabe principalmente a equipe de enfermagem

tanto o processo de administração como o de supervisão da hemotransfusão. Essas

funções são enfatizadas por BENETTI & LENARDT (2006), eles relatam que como

profissional responsável de serviço de hemoterapia, o enfermeiro executa e/ou

supervisiona a administração de hemoderivados e detecta as eventuais reações adversas.

Cabe ainda ressaltar que à enfermagem também compete a atribuição de notificar as

reações transfusionais que ocorrem. Essa atribuição é relatada em um trabalho de DIAS

& VIANA (2009): os enfermeiros têm uma atenção quanto a cuidados específicos com

o sangue e um direcionamento em relação a eventos adversos, no entanto o

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compromisso da notificação é que não é abordado regularmente. Esta responsabilidade

está implícita na racionalidade assistencial do enfermeiro que, na sua prática está

habituado a se posicionar frente às adversidades de maneira a resolvê-las ou, pelo

menos, atenuá-las.

Como já dito anteriormente, foi observado em diversos trabalhos que as

intervenções de enfermagem em sua maioria são comuns umas as outras. Foi visto que

os cuidados específicos são poucos e que as intervenções são muito repetitivas.

Além disso, um estudo de SILVA & SOMAVILLA, ressalta que dentre a equipe de

enfermagem existem duvidas com relação aos cuidados de hemotransfusão. Cuidados

até mesmo referentes à administração desta terapia, isto influência diretamente na

ocorrência de reações transfusionais, visto que, por exemplo, uma das condutas para

evitar a sobrecarga volêmica é a administração da transfusão em um gotejamento mais

lento sem ultrapassar 4 horas de transfusão (LÉLIS & PINHEIRO, 2007).

7. COSIDERAÇÕES FINAIS

Este artigo nos permitiu conhecer as reações transfusionais agudas e as

respectivas intervenções de enfermagem, foi possível observar que para cada reação há

medidas especificas. Porém observamos que a maioria das intervenções são comuns

para o tratamento de todas as reações.

Apesar do tempo para a estruturação do artigo ser de curto prazo, foi de grande

valia para o conhecimento do grupo em relação ao assunto proposto. Vimos que cabe ao

enfermeiro supervisionar os procedimentos de transfusão com o máximo de segurança e

em tempo abio, sendo assim cabe profissional de enfermagem adquirir conhecimento

sobre o assunto para melhor prestar assistência ao paciente que necessita de

hemotransfusão.

Page 15: Interveções de enfermagem a pacientes que desenvolvem reações transfusionais agudas uma revisão bibliográfica

Para um melhor atendimento dos usuários de hemotransfusão sugerimos a

necessidade de treinamentos das equipes de enfermagem com esclarecimentos de

normas que já existem, como um dos manuais usados neste artigo: o Manual Técnico de

Hemovigilância da Anvisa.

8. REFÊRENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, R.G.S.; MAZZO, A.; MENDES, I.A.C.; TREVIZAN, M.A.; GODOY, S.

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BARBOSA, S.M.; TORRES, C.A.; GUBERT, F.A.; PINHEIRO, P.N.C.; VIEIRA,

N.V.C. Enfermagem e a prática hemoterápica no Brasil: revisão integrativa. Acta Paul

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21002011000100020&script=sci_arttext>. Acesso em: 02 de dezembro de 2013.

BENETTI, S.R.D.; LENARDT, M.H. Significado atribuído ao sangue pelos doadores e

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http://www.scielo.br/pdf/tce/v15n1/a05v15n1.pdf> . Acesso em: 02 de dezembro de 2013.

BRASIL. Guia para o uso de hemocomponentes. Ministério da Saúde, Secretaria de

Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Especializada. Brasília: Ministério da

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<http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/hemocomponentes.pdf>. Acesso em: 26

de outubro de 2013.

Page 16: Interveções de enfermagem a pacientes que desenvolvem reações transfusionais agudas uma revisão bibliográfica

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