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Integração das Políticas Públicas do Mar Meios de Financiamento Nacionais e Europeus e Integração das Políticas de Desenvolvimento

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Integração das Políticas Públicas do Mar

Meios de Financiamento Nacionais e Europeus e Integração das Políticas de Desenvolvimento  

As  águas  de  lastro  incluem-­‐se  nos  procedimentos  operacionais  correntes  no  transporte  marítimo  moderno,  sendo  fundamentais  para  a  segurança  dos  navios.  A  sua  utilização  controlada  permite  gerir  o  calado  e  a  estabilidade  do  navio,  de  forma  a  manter  as  tensões  estruturais  do  casco  dentro  de  limites  seguros.  A  água  de  lastro  é  utilizada  pelos  navios  para  compensar  a  perda  de  peso  decorrente  sobretudo  do  desembarque  de  cargas.  Dessa  forma,  sua  captação  e  descarga  ocorrem  principalmente  em  áreas  portuárias,  permitindo  a  realização  das  operações  de  desembarque  e  embarque  de  cargas  nos  navios.  Os  navios  que  transportam  os  maiores  volumes  de  água  de  lastro  são  os  navios  tanques  e  os  graneleiros.          

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Tratamento  das  águas  de  lastro  

Durante  a  operação  de  recolha  de  águas  de  lastro  no  navio,  junto  com  a  água  também  são  capturados  pequenos  organismos  que  podem  acabar  sendo  transportados  e  introduzidos  em  um  outro  porto  previsto  na  rota  de  navegação.  Teoricamente,  qualquer  organismo  pequeno  o  suficiente  para  passar  através  do  sistema  de  água  de  lastro  pode  ser  transferido  entre  diferentes  áreas  portuárias  no  mundo.  Isso  inclui  bactérias  e  outros  micróbios,  vírus,  pequenos  invertebrados,  algas,  plantas,  cistos,  esporos,  além  de  ovos  e  larvas  de  vários  animais.  Devido  à  grande  intensidade  e  abrangência  do  tráfego  marítimo  internacional,  a  água  de  lastro  é  considerada  como  um  dos  principais  vetores  responsáveis  pela  movimentação  transoceânica  e  interoceânica  de  organismos  costeiros.    

As  operações  com  águas  de  lastro  são  procedimentos  correntes  no  transporte  marítimo  com  consequências  negativas  nos  ecossistemas  do  meio  receptor  advenientes  da  introdução  de  espécies  exóticas  e  nocivas  incluem:      •  desequilíbrio  ecológico  das  áreas  invadidas,  com  a  possível  perda  de  biodiversidade;    •  prejuízos  em  atividades  econômicas  utilizadoras  de  recursos  naturais  afetados  e  consequente  

desestabilização  social  de  comunidades  tradicionais;    •  e  a  disseminação  de  enfermidades  em  populações  costeiras,  causadas  pela  introdução  de  

organismos  patogênicos.    

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Tratamento  das  águas  de  lastro  

Em  1990,  a  Organização  Marítima  Internacional  (IMO)  instituiu,  junto  ao  Comitê  de  Proteção  do  Meio  Ambiente  Marinho  (MEPC),  um  Grupo  de  Trabalho  para  tratar  especificamente  da  água  de  lastro.  Em  1991,  através  da  Resolução  MEPC  50(31),  foram  publicadas  as  primeiras  diretrizes  internacionais  para  o  gerenciamento  da  água  de  lastro  pelos  navios,  cujo  cumprimento  tinha  caráter  voluntário.  Nos  anos  seguintes  a  MEPC  aprimorou  essas  diretrizes  e  adotou  outras  duas  resoluções  sobre  o  assunto,  a  Resolução  A.774(18)  de  1993  e  a  Resolução  A.868  (20)  de  1997.    Em  13  de  fevereiro  de  2004,  a  IMO  adotou  a  Convenção  Internacional  para  Controle  e  Gestão  das  Águas  de  Lastro  e  Sedimentos  de  Navios.  A  Convenção  tem  como  objetivo  prevenir  os  efeitos  potencialmente  devastadores  provocados  pela  dispersão  global  de  organismos  aquáticos  nocivos  através  da  água  de  lastro  dos  navios.      Para  tanto,  os  navios  deverão  possuir  à  bordo  um  Plano  de  Gestão  das  Águas  de  Lastro  e  um  Livro  de  Registo  das  Águas  de  Lastro.  Além  disso,  foram  definidos  padrões  a  serem  utilizados  para  gestão  das  águas  de  lastro,  um  Padrão  de  Troca  de  Água  de  Lastro  e  um  Padrão  de  Desempenho  de  Água  de  Lastro,  que  determina  o  nível  mínimo  de  eficiência  que  os  sistemas  de  tratamento  da  água  de  lastro  deverão  atender  para  serem  aprovados  pela  IMO  e  utilizados  pelos  navios  (tratamentos  físico-­‐químicos  e  biológicos)  

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Tratamento  das  águas  de  lastro  

MINISTÉRIO DO MAR

Instrumentos  das  polí0cas    Prestação  direta        Regulamentação  específica          Regulamentação  flexível      Quotas  e  direitos  transacionáveis  

Exemplos  de  aplicação  nas  zonas  marinhas    Criação  de  parques  marinhos;  Estabelecimento  de  regras  para  o  tratamento  de  efluentes;  Criação  de  novas  linhas  de  navegação    Planeamento  espacial  maríEmo;  Regulamentação  da  pesca  (períodos  de  tempo,  equipamentos,  localização);  Multas  por  descargas  no  mar;  Regras  para  controlo  de  emissões  de  enxofre    Limites  de  qualidade  na  descarga  de  efluentes;  Tratamento  das  águas  de  lastro    Atribuição  de  quotas  de  pesca  transacionáveis;  Licenças  de  emissões  atmosféricas  

Fonte:  Adaptado  de  Sterner  and  Coria  (2012)  

Exemplos de instrumentos na gestão das zonas marinhas

MINISTÉRIO DO MAR

Instrumentos  das  polí0cas    Impostos,  taxas  e  encargos      Subsídios  e  redução  progressiva  dos  subsídios    Sistemas  de  depósito  e  reembolso    Criação  de  direitos  de  propriedade    Recursos  em  propriedade  comum      

Exemplos  de  aplicação  nas  zonas  marinhas    Licenças  de  pesca;  Taxas  de  estacionamento;  Taxas  de  descarga  de  poluentes  industriais    Promoção  de  novas  zonas  de  pesca;  Desenvolvimento  da  aquacultura  offshore    Gestão  de  resíduos  perigosos      Parques  marinhos  privados;  Direitos  de  pesca  exclusivos    Gestão  de  recursos  pelas  comunidades  locais  (exemplo  da  floresta  de  mangue  e  da  aquacultura  de  camarão)      

Exemplos de instrumentos na gestão das zonas marinhas

Fonte:  Adaptado  de  Sterner  and  Coria  (2012)  

MINISTÉRIO DO MAR

Instrumentos  das  polí0cas      Mecanismos  legais  e  de  responsabilidade      Acordos  voluntários        Rotulagem  e  informação  aos  consumidores    Tratados  internacionais  

Exemplos  de  aplicação  nas  zonas  marinhas      Títulos  de  responsabilidade  pela  exploração  e  transporte  de  hidrocarbonetos;  Gestão  de  resíduos  perigosos;  Mineração  submarina    Normas  para  os  operadores  maríEmo  turísEcos;  Regras  de  ecoturismo;  ParElha  transfronteiriça  de  recursos  de  pesca  comuns    CerEficação  da  pesca  sustentável;  Denominação  de  origem  (lagosta  de  Cabo  Verde  e  da  Mauritânia)    Convenção  das  Nações  Unidas  sobre  o  direito  no  mar           Fonte:  Adaptado  de  Sterner  and  Coria  (2012)  

Exemplos de instrumentos na gestão das zonas marinhas

Instrumentos da Política Marítima: Impostos, taxas e encargos

MINISTÉRIO DO MAR

Os  impostos  apresentam  um  carácter  universal  (paga  e  não  idenEfica  o  que  recebe  em  troca),  já  as  taxas  pressupõem  uma  relação  bilateral  (pago  mas  recebo  algo  em  troca).  Sterner  e  Coria  (2012)  sugerem  que  se  devem  aplicar  impostos,  taxas  e  outros  encargos  quando:    •  Se  idenEficam  riscos  de  que  os  custos  económicos  associados  à  falta  de  proteção  

ambiental  podem  disparar  e  ser  excessivos,  comprometendo  os  recursos  e  o  mercado;  

•  For  possível  idenEficar  que  os  bens  ou  serviços  a  taxar  são  a  causa  direta,  ou  estão  de  alguma  forma  relacionados,  com  determinadas  falhas  de  mercado  ou  externalidades;    

•  Existe  o  conhecimento  de  como  é  que  os  diversos  agentes  são  afetados  por  alterações  nos  encargos  e  existe  também  algum  consenso  em  como  é  que  os  recursos  captados  serão  usados  (exemplo  fundo  de  carbono);  

•  Sabe-­‐se  como  é  que  as  alterações  no  valor  dos  encargos  afectam  os  comportamentos  de  forma  a  reduzir  ou  a  eliminar  externalidades;  

•  Quando  o  objeEvo  é  evitar  vantagens  compeEEvas  consideradas  injustas;  

•  Se  pretende  melhorar  o  controlo  de  custos  e  aumentar  as  receitas.    

Na  implementação  das  políEcas  públicas  marinhas,  como  nas  outras,  uElizam-­‐se  diversos  instrumentos  (cenouras,  paus  e  sermões)  que  foram  evoluindo  ao  longo  dos  tempos.  Começaram  por  ser  regulamentos  legais  de  intervenção  dos  governos  na  proibição  direta  de  determinadas  praEcas,  depois  foram-­‐se  sofisEcando  na  tentaEva  de  corrigir  falhas  de  mercado  e  de  limitar  externalidade  e  os  mais  recentes  consEtuem  instrumentos  de  persuasivos  que  tentam  condicionar  o  comportamento  dos  agentes.      

*  Instrumentos  de  regulamentação  

*  Instrumentos  económicos  (instrumentos  com  base  em  preços;  impostos  e  taxas;  quotas  e  instrumentos  baseados  nas  quantidades;  licenças  e  direitos  transacionáveis)  

*  Instrumentos  de  mercado  (subsídios;  concessões;  sistemas  de  depósito  com  reembolso;  direitos  de  propriedade;  apoio  específico  para  fomento  de  novos  mercados)  

*  Instrumentos  informais  (informação;  pesquisa;  participação  pública;  certificação  de  produtos;  medidas  de  incentivo  ao  desempenho)  

*  Instrumentos  voluntários     9

Instrumentos  das  Polí3cas  do  Mar  

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Os  instrumentos  de  persuasivos  tentam  condicionar  o  comportamento  dos  agentes.        

MINISTÉRIO DO MAR

Os Instrumentos das Políticas Públicas do Mar

Regulamentação      �  Cumprimento  

de  regras  obrigatórias  

�  Proibições  �  Licenças  e  

quotas  obrigatórias  

�  Regras  de  gestão  de  áreas  recorrendo  ao  planeamento  espacial  maríEmo  

Instrumentos  de  mercado    �  Responsabilidades  �  Subsídios  

decrescentes  �  Impostos  e  taxas  

ambientais  �  Taxas  de  uElização  �  Sistemas  de  

depósito  com  reembolso  

�  Subsídios  direcionados  

�  Seguros  �  Doações  e  

emprésEmos  

Criação  de  novos  mercados    �  Direitos  de  

propriedade  �  Licenças  e  

direitos  transacionáveis  

�  Esquemas  de  compensação  internacional  

Instrumentos  informais    �  Fornecimento  de  

informação  �  Pesquisa  e  

parEcipação  pública  

�  Transparência  �  CerEficação  de  

produtos  �  Medidas  de  

incenEvo  ao  desempenho  

�  Gestão  parEcipada  

�  Gestão  direta  

Fonte:  adaptado  do  Banco  Mundial  (1997)  

Os participantes nas políticas marinhas

MINISTÉRIO DO MAR

Os  atores  nas  poliEcas  marinhas  são  os  parEcipantes  nas  poliEcas  ou  aqueles  que  podem  vir  a  ser  afectados  pelo  seu  desenvolvimento  e  podem  pertencer  a  um  ou  mais  dos  seguintes  grupos:    •  Cidadãos  ou  público  em  geral:  representam  os  diversos  interesses  ambientais,  

aEvidades  recreaEvas,  interesses  locais  e  outros,  e  podem  incluir  cienEstas  e  invesEgadores,  jornalistas  e  meios  de  comunicação  social  e  ainda  organizações  não  governamentais.  

•  Atores  do  mercado:  representam  os  interesses  dos  produtores  de  bens  ou  de  serviços,  podem  incluir  associações  de  pescadores,  de  aEvidades  turísEcas  ligadas  ao  mar,  associações  de  armadores,  grupos  de  pressão,  esEvadores,  sindicatos  de  trabalhadores  grupos  de  pensadores  sobre  estratégia  entre  outros.  

 •  Atores  do  estado:  representam  os  políEcos  eleitos,  os  quadros  superiores  da  

administração  publica  nomeados  pelo  governo,  agentes  da  administração  com  funções  execuEvas,  judiciais  e  legislaEvas,  e  podem  ainda  incluir  cienEstas  e  invesEgadores  nomeados  pelo  governo,  cuja  função  seja  representar  os  cidadãos  ou  grupos  de  interesse  económico.  

A  análise  das  políEcas  marinhas  tem-­‐se  vindo  a  caracterizar  por  inúmeras  abordagens  independentes  e  desconexas  entre  si  mas  que  se  podem  classificar  em  dois  Epos  fundamentais:    1.   Análise  prospec3va    das  polí3cas  marinhas,  também  denominada  ex  ante,  a  priori  e  pre  hoc,  é  

realizada  antes  ou  durante  o  desenvolvimento  das  poliEcas  como  forma  de  registar  a  sua  evolução,  selecionar  os  diversos  caminhos  alternaEvos  e  fornecer  as  necessárias  recomendações  aos  decisores  políEcos.  Esta  análise,  parEndo  dos  dados  existentes  da  analise  quanEtaEva  e  qualitaEva,  pretende  antever  e  recomentar  potenciais  soluções  e  espera  ser  capaz  de  informar  corretamente  os  decisores  políEcos,  antecipando  os  resultados  previsíveis  das  diversas  opções  e  alternaEvas  das  poliEcas  marinhas.  

2.   Análise  retrospec3va  das  polí3cas  marinhas,  também  chamada  análise  ex  post,  a  posteriori  e  post  hoc  aplica-­‐se  depois  da  políEca  ter  sido  desenhada,  adoptada  e  implementada.  Trata-­‐se  de  uma  avaliação  que  informa  se  as  poliEcas  desenvolvidas  foram  ou  não  capazes  de  aEngir  os  objecEvos  que  os  nortearam.  Esta  abordagem  requer  frequentemente  uma  exausEva  recolha  e  analise  de  dados  e  invesEgação  praEca  para  descrever  e  interpretar  se  os  resultados  das  poliEcas  convergem  para  os  objecEvos  definidos.  Nalguns  casos  a  analise  retrospecEva  avalia  o  estado  atual  da  situação,  por  exemplo  o  estado  de  determinado  recurso  (população  de  sardinha)  e  o  seu  suposto  contexto  histórico,  como  forma  de  avaliar  se  as  opções  poliEcas  escolhidas  foram  de  facto  as  mais  adequadas  e  se  as  poliEcas  desenvolvidas  estão  a  ter  os  resultados  esperados.  

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Abordagens  à  Análise  das  Polí3cas  

Existem  situações  mais  complexas  em  que  as  políEcas  marinhas  se  tornam  didceis  de  analisar.  Nestes  casos  um  conhecimento  mais  profundo  do  funcionamento  dos  sistemas  oceânicos  permite  idenEficar  novas  interações  com  resultados  não  anteriormente  previstos  nos  objecEvos  das  políEcas.    Determinadas  políEcas  específicas  são  frequentemente  influenciadas  por  outras,  tornando  a  relação  causa-­‐efeito  pouco  clara.      Mais  do  que  nos  sistemas  terrestres  o  oceano  não  tem  fronteiras  e  existem  muitos  casos  nas  políEcas  marinhas  em  que  os  resultados  de  umas  aEvidades  humanas,  e  das  políEcas  marinhas  parEculares  que  estas  pretendem  gerir,  influenciam  o  enquadramento,  os  dados  de  base  e  o  ambiente  em  que  se  pretendem  desenvolver  outras  políEcas  especificas.      Nestes  casos  em  que  o  trabalho  experimental  pode  apresentar  grandes  limitações  podemos  justificar  o  uso  dos  modelos  matemáticos  de  simulação  dinâmica  como  alternativa.      

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Abordagens  à  Análise  das  Polí3cas  

Alguns  exemplos  da  vantagem  no  uso  de  modelos  que  evidenciam  como  o  trabalho  experimental  pode  ser  dispendioso,  perigoso,  demorado  e  difícil  de  concretizar:    -­‐  Desaconselha-­‐se  dar  a  formação  ao  pessoal  de  uma  central  nuclear  aos  comandos  da  própria  

instalação.  Existem  para  isso  modelos  da  central  que  permitem  testar,  em  ambiente  controlado  e  sem  riscos,  as  diversas  intervenções.  

   -­‐  Pode  levar  imenso  tempo  conseguir  obter  experimentalmente  a  composição  ótima  de  uma  

mistura,  a  pressão  atmosférica  e  a  temperatura  ideais,  num  processo  químico  complexo,  sem  o  recurso  a  modelos  de  simulação.    

 -­‐  Torna-­‐se  praticamente  impossível,  sem  o  recurso  a  modelos  matemáticos  ou  reduzidos,  testar  o  

efeito  dos  ventos  numa  ponte  ainda  por  construir.    

-­‐  É  muito  dispendioso  em  vez  de  usar  modelos  matemáticos,  lançar  foguetes  para  a  lua  até́  que  um  acerte.  

Também  no  conhecimento  dos  oceanos,  na  previsão  das  marés  e  correntes,  na  dispersão  de  poluentes,  na  dinâmica  dos  ecossistemas  e  na  implementação  das  políEcas  marinhas  o  recurso  a  modelos  de  simulação  dinâmica  é  indispensável.  

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Abordagens  à  Análise  das  Polí3cas  

 Usam-­‐se  dos  modelos  matemáticos  de  simulação  dinâmica  na  gestão  dos  oceanos.      

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Abordagens  à  Análise  das  Polí3cas  

Atualmente  dispomos  de  ferramentas  únicas.  Os  sistemas  globais  de  observação  dos  oceanos  permitem  alimentar  modelos  matemáticos  de  simulação  de  apoio  à  tomada  de  decisão  na  análise  das  políticas  públicas  dedicadas  à  gestão  dos  oceanos.      

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Abordagens  à  Análise  das  Polí3cas  

Não  se  entende  a  avaliação  apenas  como  ferramenta  técnica  de  uElidade  para  o  nível  de  gestão  dos  governos,  mas  sim  como  um  instrumento  de  fortalecimento  estratégico  do  Estado,  sob  os  princípios  de  um  bom  governo  que  tendem  a  tornar  a  ação  pública  cada  vez  mais  transparente  e  responsável  e  que  melhoram  a  eficiência  da  gestão  do  sector  público,  permiEndo  que  os  atores  das  poliEcas  públicas  venham  a  ter  um  papel  progressivamente  mais  aEvo.    Acontece  que  as  questões  relacionadas  com  a  avaliação  das  poliEcas  públicas  e  que  podem  responder  às  exigências  do  um  novo  paradigma  da  governação,  não  têm  vindo  a  ser  incorporadas  no  discurso  políEco  português.  De  resto,  não  se  pode  dizer  que  a  avaliação  tenha  sido  alguma  vez  sistemaEzada  e  considerada  uma  políEca  pública  autónoma  em  Portugal.    A  aEvidade  de  avaliação  vem  ocorrendo  em  Portugal  há  vários  anos,  com  uma  aceleração  e  mudança  qualitaEva  desde  a  segunda  metade  do  século,  mas  ainda  não  reverteu  num  sistema  de  avaliação  consolidado.  Isto  aponta  para  o  ainda  longo  e  complexo  caminho  a  percorrer  no  senEdo  da  insEtucionalização  de  um  sistema  de  avaliação  das  poliEcas  publicas  em  Portugal.      

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Avaliação  das  Polí3cas  Públicas  em  Portugal  

À  medida  que  aumenta  a  pressão  das  populações  sobre  as  regiões  costeiras,  sobre  os  recursos  dos  oceanos  e  sobre  os  ecossistemas  marinhos  aumentam  os  conflitos  e  cresce  a  importância  relaEva  das  políEcas  maríEmas    •  aumento  populacional    •  a  migração  das  populações  do  interior  para  as  regiões  costeiras    •  o  aumento  da  procura  dos  recursos  vivos  e  não  vivos  dos  oceanos  •  degradação  dos  ecossistemas  marinhos  •  perda  de  biodiversidade      Como  grande  parte  destes  problemas  se  devem  sobretudo  a  falhas  das  insEtuições  prevê-­‐se  que  o  futuro  das  políEcas  marinhas  passe  necessariamente  por  uma  reformulação  da  arquitetura  e  modos  de  funcionamento  das  insEtuições  responsáveis  pela  governação  dos  oceanos    As  soluções  vão  passar  pela  clarificação  e  eventualmente  pelo  estabelecimento  de  novos  direitos  de  propriedade  nos  mares  e  pela  melhoria  do  seu  controlo,  recorrendo  eventualmente  a  novas  tecnologias  que  permitam  reduzir  os  seus  elevados  custos  de  monitorização      

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Integração  das  Polí3cas  Marí3mas  

A  escolha  das  poliEcas  que  afectam  a  alocação  dos  recursos  dos  oceanos  levanta  questões  relaEvamente  à  sua  eficiência  e  à  capacidade  das  insEtuições  para  em  cada  momento  definirem  objecEvos  e  reverem  a  ação      Apesar  do  avanço  relaEvo  das  tecnologias  e  das  ciências  marinhas,  atualmente  os  decisores  das  poliEcas  marinhas  ainda  enfrentam  frequentemente  tomadas  de  decisão  com  um  elevado  grau  de  incerteza.  Perante  a  incerteza  a  analise  das  poliEcas  maríEmas  é  frequente  incompreendida  e  até  inconclusiva  e  os  decisores  optam  frequentemente  pela  precaução  ou  até  pela  inação.    Esperam-­‐se  alterações  profundas  no  quadro  de  referencia  insEtucional  que  serve  hoje  de  suporte  às  aEvidades  nas  zonas  costeiras  e  nos  oceanos.  Adivinha-­‐se  uma  passagem  progressiva  de  uma  gestão  sectorial  dos  oceanos  para  uma  cada  vez  maior  integração  das  poliEcas  maríEmas.  

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Integração  das  Polí3cas  Marí3mas  

Para  a  Europa  os  oceanos  são  um  elemento  fundamental.      •   A  economia  marítima  da  UE  emprega  mais  de  3,6  milhões  de  pessoas  e  gera  um  valor  

acrescentado  bruto  de  quase  500  mil  milhões  de  EUR  por  ano,  sendo  o  seu  potencial  de  crescimento  elevado.  A  Europa  está  e  estará́  cada  vez  mais  dependente  dos  oceanos  para  o  abastecimento  em  proteínas  de  peixe,  minerais  e  energia  de  fontes  renováveis.    

•  O  mercado  único  da  UE  é  o  maior  mercado  de  produtos  da  pesca  do  mundo.  É  por  via  marítima  que  se  efetuam  90%  do  comercio  externo  da  UE  e  40%  do  seu  comercio  interno.  Coletivamente,  os  Estados-­‐Membros  da  União  exercem  jurisdição  sobre  a  maior  zona  económica  exclusiva  do  mundo,  cuja  superfície  é  superior  a  20  milhões  de  km2.  

•  Nos  últimos  10  anos,  a  UE  reforçou  internamente  os  seus  processos  de  governação  dos  oceanos  e  elaborou  uma  estratégia  de  crescimento  azul  de  longo  prazo,  para  apoiar  o  crescimento  sustentável  nos  sectores  marinho  e  marítimo.  A  União  Europeia  concilia  crescimento  económico,  e  proteção  e  conservação  da  natureza  através  de  uma  gestão  baseada  nos  ecossistemas,  como  duas  faces  da  mesma  moeda.  

 

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A  Posição  da  União  Europeia  sobre  a  Governação  Internacional  dos  Oceanos  

 A  importância  atribuída  pela  União  à  definição  de  um  novo  quadro  mais  eficaz  de  governação  internacional  dos  oceanos  é  muito  oportuna,  porquanto:      *  Existe  uma  pressão  crescente  sobre  os  oceanos  e  mares,  que  ameaça  o  ambiente  marinho  e  

os  ecossistemas,  mina,  frequentemente,  o  capital  natural  que  constitui  a  base  do  crescimento  sustentável  de  atividades  azuis,  de  que  depende  a  economia  marítima  da  Europa;    

*  A  UE  e  seus  Estados-­‐Membros  têm  acumulado  significativa  experiência  na  elaboração  de  políticas  marítimas  coerentes  e  integradas,  que  resultam  numa  governação  mais  eficaz  dos  oceanos;    

*  A  UE  e  seus  Estados-­‐Membros  intervêm  já́  ativamente  nas  instâncias  internacionais  competentes,  assim  como  nas  negociações  aos  níveis  regional  e  mundial.    

*  As  políticas  da  UE,  designadamente  a  política  de  desenvolvimento,  contribuem  ativamente  para  o  aperfeiçoamento  da  governação  nos  países  em  desenvolvimento,  em  consonância  com  o  princípio  da  coerência  das  políticas  de  desenvolvimento.    

       

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A  Posição  da  União  Europeia  sobre  a  Governação  Internacional  dos  Oceanos  

*   A  Comissão  Europeia  definiu  pela  primeira  vez  a  sua  visão  de  uma  governação  internacional  dos  oceanos  na  comunicação  de  2009  intitulada  «Desenvolver  a  dimensão  internacional  da  política  marítima  integrada  da  União  Europeia»  [COM(2009)  536].  

*  Ao  nível  da  bacia  marítima,  na  comunicação  «Para  uma  política  marítima  integrada  que  garanta  uma  melhor  governação  no  Mediterrâneo»  [COM(2009)  466].    

*  Em  conjunto  com  a  Estratégia  de  Biodiversidade  da  UE  para  2020  e  o  7º  Programa  de  Ação  em  matéria  de  Ambiente,  a  Diretiva-­‐Quadro  «Estratégia  Marinha»  (2008/56/CE)  e  as  Diretivas  «Ordenamento  do  Espaço  Marítimo»  (2014/89/UE)  passaram  a  constituir  um  novo,  abrangente  e  sólido  quadro  jurídico  da  UE,  que  tem  por  finalidade  a  boa  governação  dos  oceanos  e  o  cumprimento  dos  compromissos  internacionais.    

*  A  Comunicação  COM(2012)  662  contém  uma  análise  da  contribuição  da  Diretiva-­‐Quadro  «Estratégia  Marinha»  para  as  atuais  estruturas  de  governação  internacional  dos  oceanos.  

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A  Posição  da  União  Europeia  sobre  a  Governação  Internacional  dos  Oceanos  

*  Pela  sua  carta  de  missão,  emanada  do  presidente  da  Comissão  Europeia,  Jean-­‐Claude  Juncker,  o  comissário  europeu  responsável  pelo  Ambiente,  Assuntos  Marítimos  e  Pescas,  Karmenu  Vella,  foi  mandatado  para  participar  na  configuração  da  governação  internacional  dos  oceanos,  nas  Nações  Unidas  e  noutras  instâncias  multilaterais  e  bilaterais,  com  os  principais  parceiros  a  nível  mundial.  Em  2015  foi  lançada  uma  consulta  para  recolher  os  pontos  de  vista  de  todas  as  partes  interessadas,  públicas  e  privadas,  e  organizações  internacionais  governamentais  e  não  governamentais,  sobre  a  forma  que  deve  assumir  o  contributo  da  UE  para  a  consecução  de  uma  melhor  governação  internacional  dos  oceanos  e  dos  mares,  em  prol  do  crescimento  azul  sustentável.    

       

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A  Posição  da  União  Europeia  sobre  a  Governação  Internacional  dos  Oceanos  

*  Com  base  nos  resultados  e  noutras  fontes  de  dados  e  de  informação,  a  Comissão  Europeia  ponderará  sobre  a  melhor  forma  de  elaborar  uma  política  europeia  de  aperfeiçoamento  do  quadro  de  governação  internacional  dos  oceanos,  que  seja  mais  coerente,  abrangente  e  eficaz.    

       

A  generalidade  dos  participantes  na  consulta  pública  da  UE  sobre  governação  dos  oceanos  concorda  que:  *   O  sistema  atual  não  garante  a  gestão  

sustentável  (poluição,  sobre-­‐exploração  de  recursos,  alterações  climáticas  e  acidificação).  

*  O  sistema  é  fragmentado  e  existe  a  necessidade  de  melhor  implementação  e  maior  coordenação  das  políticas.      

       

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A  Posição  da  União  Europeia  sobre  a  Governação  Internacional  dos  Oceanos  

*  Identificam-­‐se  lacunas  na  gestão  para  além  das  áreas  sob  jurisdição  nacional.  

*  Falta  conhecimento  sobre  o  funcionamento  dos  oceanos  e  sobre  as  consequências  das  atividades  humanas  nos  ecossistemas  marinhos.  

*  Existe  evidente  necessidade  de  reforço  na  partilha  de  informação.  

*  Falta  liderança  e  falta  cooperação.