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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO AMAZONAS CAMPUS ITACOATIARA NATANAELY LIMA DE SOUZA DIAGNÓSTICO QUANTITATIVO E MORFOMETRIA DA ARBORIZAÇÃO NOS BAIRROS DA ZONA SUL DO MUNICÍPIO DE ITACOATIARA, AMAZONAS Itacoatiara Am 2015

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO

AMAZONAS

CAMPUS ITACOATIARA

NATANAELY LIMA DE SOUZA

DIAGNÓSTICO QUANTITATIVO E MORFOMETRIA DA ARBORIZAÇÃO NOS

BAIRROS DA ZONA SUL DO MUNICÍPIO DE ITACOATIARA, AMAZONAS

Itacoatiara – Am

2015

1

NATANAELY LIMA DE SOUZA

DIAGNÓSTICO QUANTITATIVO E MORFOMETRIA DA ARBORIZAÇÃO NOS

BAIRROS DA ZONA SUL DO MUNICÍPIO DE ITACOATIARA, AMAZONAS

Trabalho de Conclusão de Curso Técnico

apresentado ao Instituto Federal de Educação,

Ciência e Tecnologia do Amazonas como pré-

requisito para a finalização do Curso Técnico em

Meio Ambiente.

Orientadora: Iane Barroncas Gomes, M.Sc.

Itacoatiara – Am

2015

2

AGRADECIMENTOS

A Deus em primeiro lugar por ter me dado força, saúde, sabedoria e concedido que eu

chegasse até aqui.

À minha família, em especial meu marido e filho pela compreensão, pelo apoio e

incentivo.

À minha Professora Orientadora Iane Barroncas, pela motivação, paciência, pelas

orientações e acompanhamento durante esse percurso.

Às minhas colegas Sandra e Mariles que ajudaram na coleta de dados durante o

trabalho.

Ao Instituto Federal do Amazonas e todos os meus professores pelos conhecimentos

transmitidos ao longo do curso.

3

RESUMO

O presente estudo objetivou realizar o diagnóstico quantitativo e a morfometria de todos os

indivíduos presentes na arborização dos bairros da zona sul do município de Itacoatiara-Am.

Foram contabilizados 849 indivíduos, distribuídos em 11 famílias, 21 gêneros e 21 espécies.

Do total de indivíduos inventariados 33,3% eram espécies nativas do Brasil e 66,7% exóticas.

A espécie que mais ocorreu foi Licania tomentosa, sendo responsáveis por 77,7% do total de

árvores inventariadas. Com relação à altura das árvores, a maior frequência foi observada na

classe B (4,5 a 6,7 m) com cerca de 30%. Quanto à altura da primeira bifurcação observou-se

que mais da metade dos indivíduos inventariados, 54,4%, apresentaram a altura da primeira

bifurcação fora do padrão que é de 1,80 m. O DAP médio encontrado considerando todos os

indivíduos foi de 58,2 cm. Os maiores valores de diâmetro médio da copa (DMC) e da área de

projeção da copa (APC) foram 9,72 m e 86,9 m² para Terminalia catappa; 7,71 m e 39,99 m²

para Mangifera indica e 6,79 m e 39,99 m² para Licania tomentosa. O estudo mostrou que,

embora arborização da zona sul de Itacoatiara seja composta por várias espécies, a espécie L.

tomentosa é predominante. As medidas morfométricas revelaram que a arborização dos bairros

é antiga e que há influência dos tipos de poda praticados pelo órgão gestor no porte dos

indivíduos.

Palavras-chave: arborização urbana, inventário, Licania tomentosa, Itacoatiara.

4

ABSTRACT

This study aimed to carry out quantitative diagnosis and morphometry of all individuals present

in the afforestation of neighborhoods in the southern part of the municipality of Itacoatiara-Am.

849 individuals, distributed in 11 families, 21 genera and 21 species were recorded. 33.3% of

the total inventoried individuals were native species of exotic Brazil and 66.7% coming from

various parts of the world. The species that most occurred was Licania tomentosa, accounting

for 77.7% of all inventoried trees. With respect to the height of inventoried individuals, it was

observed more frequently in class B (4.5 to 6.7 M) at about 30%. As to the first split time it was

observed that over half of individuals inventoried 54.4% had the height of the first split off

pattern which is 1.80 m. Regarding the average DAP found considering all sampled individuals

was 58.2 cm. As the average crown diameter (DMC) and the crown projection area (PCA), the

three species that had higher averages Terminalia catappa 9.72 m DMC and 86.9 m² of APC,

Mangifera indica 7.71 m AMC and 39.99 m² of APC and Licania tomentosa 6.79 m AMC and

APC 39.99 m². It was concluded that the southern part of Itacoatiara-Am did not have a good

plan to find that the L. tomentosa species dominates the afforestation of the city, a little diversity

among the species found in the study and the first fork height are out of the recommendations,

It suggests that new plantations are made by analyzing and taking into account the

recommendations to have good planning on planting the municipality.

Keywords: urban forestry, inventory, Licania tomentosa, Itacoatiara.

5

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Imagem de Satélite Itacoatiara/AM.

Figura 2. As dez espécies com maior representatividade na arborização de vias públicas nos

bairros da zona sul de Itacoatiara, AM.

Figura 3. As dez espécies com maior representatividade na arborização de vias públicas no

bairro Centro, Itacoatiara, AM.

Figura 4. As das dez espécies com maior representatividade na arborização de vias públicas no

bairro Jauary I, Itacoatiara, AM.

Figura 5. As oito espécies com maior representatividade na arborização de vias públicas no

bairro Jauary II, Itacoatiara, AM.

Figura 6. As oito espécies com maior representatividade na arborização de vias públicas no

bairro Santa Luzia, Itacoatiara, AM.

Figura 7. As oito espécies com maior representatividade na arborização de vias públicas no

bairro São Jorge, Itacoatiara, AM.

Figura 8. Número de indivíduos distribuídos nas classes de altura encontradas no levantamento

da arborização urbana na zona sul de Itacoatiara, Amazonas.

Figura 9. Classes de altura em metro da primeira bifurcação na arborização de vias públicas

nos bairros Centro, Jauary I, Jauary II, Santa Luzia e São Jorge, Itacoatiara, AM.

Figura 10. Número de indivíduos distribuídos nas classes de altura da primeira bifurcação para

o levantamento da arborização urbana na zona sul, Itacoatiara-Am.

Figura 11. Classes de altura em metro da primeira bifurcação na arborização de vias públicas

nos bairros Centro, Jauary I, Jauary II, Santa Luzia e São Jorge, Itacoatiara, AM.

Figura 12. Número de indivíduos distribuídos nas classes de diâmetro altura do peito (DAP)

para o levantamento da arborização urbana na zona sul de Itacoatiara, Amazonas.

Figura 13. Número de indivíduos distribuídos nas classes de diâmetro altura do peito (DAP)

para o levantamento da arborização urbana nos bairros Centro, Jauary I, Jauary II, Santa Luzia

e São Jorge, Itacoatiara, Amazonas.

6

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Famílias, espécies, nomes comuns, origem e número de indivíduos inventariados nos

bairros da zona sul do município de Itacoatiara, Amazonas.

Tabela 2. Diâmetro médio da copa (DMC) e Área média da copa (AMC) das espécies com

maior número de indivíduos nos bairros da zona sul de Itacoatiara, Amazonas.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 8

1 OBJETIVOS ............................................................................................................................ 9

1.1 Geral ..................................................................................................................................... 9

1.2 Específicos ............................................................................................................................ 9

2 REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................................... 9

2.1 Arborização urbana............................................................................................................... 9

2.1.1 Qualidade de vida e relação com a arborização urbana ................................................... 10

2.2 Inventário da arborização de ruas ....................................................................................... 11

2.3 Diversidade de árvores urbanas .......................................................................................... 11

2.4 Morfometria de árvores urbanas ......................................................................................... 12

3 METODOLOGIA .................................................................................................................. 13

3.1 Caracterização do município .............................................................................................. 13

3.2 Coleta de dados ................................................................................................................. 134

3.2.1 Dados quantitativos ....................................................................................................... 144

3.2.2 Identificação botânica .................................................................................................... 144

3.3 Análise dos dados ............................................................................................................. 145

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ....................................................................................... 155

CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 2829

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 30

APÊNDICES ........................................................................................................................ 3233

8

INTRODUÇÃO

As árvores urbanas e as vegetações associadas têm inúmeros usos e funções no ambiente

das cidades. Desde o ano 2000 mais de 80% da população brasileira mora em zonas urbanas.

As árvores ajudam na melhoria da qualidade de vida das pessoas, contribuem para o lazer,

conforto e bem-estar, além de fazer parte da vida cotidiana (ARAÚJO e ARAÚJO, 2011).

As árvores e florestas urbanas têm a função de diminuir os impactos ambientais da

urbanização, moderando o clima, conservando energia no interior de casas e prédios,

absorvendo o dióxido de carbono, melhorando a qualidade da água, controlando o escoamento

das águas e as enchentes, reduzindo os níveis de barulho, oferecendo abrigo para animais e aves

e melhorando o aspecto visual das cidades, entre os inúmeros benefícios que proporcionam.

A árvore de rua é definida como aquela crescendo na via pública, geralmente na calçada,

entre as propriedades e o meio-fio. São também árvores de rua aquelas árvores que estão

crescendo no canteiro central das avenidas, plantadas em ruas sem calçada ou meio-fio

(MARTINS et al., 2014).

Entre os estudos de arborização urbana o mais utilizado é o inventário, o qual tem como

objetivo conhecer o patrimônio arbustivo e arbóreo de uma localidade. Resultados desses

estudos podem subsidiar o planejamento e o manejo da arborização, fornecendo informações

sobre necessidade de poda, tratamentos fitossanitários e remoção de plantios, bem como, poderá

delinear prioridades de intervenções silviculturais (SILVA et al., 2007).

O modelo de inventário a ser utilizado deve seguir objetivos específicos e ser

fundamentado de acordo com métodos que garantam a máxima precisão dos dados. O

inventário pode ser feito por amostragem ou por censo total, sendo este mais adequado para

locais onde a frequência da arborização é heterogênea, tanto para bairros quanto para vias

públicas ou em cidades de pequeno porte.

No município de Itacoatiara, localizado na região metropolitana de Manaus, os estudos

sobre a arborização urbana são ainda muito escassos, não existe um censo das árvores das vias

públicas de todos os bairros e a Secretaria de Meio Ambiente dispõe de informações apenas das

árvores do canteiro central da principal avenida da cidade. Maciel (2008) avaliou a infestação

por ervas-de-passarinho e de parâmetros dendrométricos das espécies utilizadas na arborização

de dez logradouros públicos selecionados aleatoriamente, e indicou a necessidade de um

levantamento mais abrangente.

Diante do exposto, o presente trabalho propôs-se a realizar um diagnóstico quantitativo

da arborização urbana dos bairros Centro, Jauary I, Jauary II, Santa Luzia e São Jorge, zona sul

9

do município de Itacoatiara, como forma de subsidiar o planejamento e execução de políticas

ambientais urbanas dos agentes públicos e instituições de ensino e pesquisa.

1 OBJETIVOS

1.1 Geral

Realizar o inventário quantitativo das árvores de rua e de logradouros públicos dos

bairros Centro, Jauary I, Jauary II, Santa Luzia e São Jorge, pertencentes à zona sul de

Itacoatiara, Amazonas.

1.2 Específicos

Quantificar os indivíduos e determinar variáveis biométricas (número de árvores, classes de

altura, circunferência à altura do peito – CAP, altura da primeira bifurcação, diâmetro das

copas e área de projeção das copas das árvores de rua dos bairros Centro, Jauary I, Jauary

II, Santa Luzia e São Jorge, pertencentes a zona sul de Itacoatiara/AM;

Identificar os indivíduos inventariados ao menor nível taxonômico possível;

Agrupar as espécies inventariadas quanto à sua origem: nativa ou exótica;

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Arborização urbana

Em sentido físico-territorial, compreende-se por arborização urbana o conjunto de terras

públicas e particulares com cobertura arbórea apresentado por uma cidade (GREY e DENEKE,

1978). Milano (1990) afirma que este conceito, relativamente restrito, é normalmente

considerado de forma mais abrangente, aproximando-se do conceito de área livre, assim, no

contexto da arborização urbana, incluem-se áreas que independentemente do porte da

vegetação, apresentam-se predominantemente naturais e não ocupadas, incluindo áreas

gramadas, lagos, entre outros.

10

Para RODRIGUES et al. (2002), entende-se por arborização urbana toda cobertura

vegetal de porte arbóreo existente nas cidades. Essa vegetação ocupa, basicamente, três espaços

distintos: as áreas livres de uso público e potencialmente coletivas, as áreas livres particulares

e as áreas acompanhando o sistema viário.

2.1.1 Qualidade de vida e relação com a arborização urbana

As áreas livres, as áreas verdes e a arborização das vias assumem um papel importante

na melhoria da qualidade ambiental das cidades. Melhoram a composição atmosférica por

fixarem resíduos em suspensão e por reciclares gases pelo processo de fotossíntese. As árvores

melhoram o clima por promoverem o equilíbrio entre solo-planta-atmosfera, suavizando

temperaturas extremas, conservando a umidade do solo, reduzindo a velocidade do vento,

mantendo a fertilidade e a permeabilidade do solo e influenciando no balanço hídrico (GUZZO,

1999).

Peper et al. (2001) estudaram a contribuição da vegetação para o ambiente,

desenvolvendo modelos de avaliação do sequestro de carbono, da retirada de poluentes do ar,

da interceptação da chuva e das mudanças microclimáticas em função de dados como diâmetro

à altura do peito (DAP), altura, dimensões da copa e área foliar das árvores.

Os benefícios econômicos da arborização urbana podem ser classificados como diretos

e indiretos. Os mais significativos são os indiretos como por exemplo o efeito da sombra das

árvores na redução do consumo de energia por condicionadores de ar ou a contribuição de

espécies deciduais para a redução do consumo de energia por aquecedores de ambiente.

Estudando parques e praças urbanas nas regiões industriais de Santo André e São

Bernardo do Campo, Matarazzo-Neuberger (1995) verificou que uma diversidade maior de

espécies arbóreas de ocorrência regional pode atrair para os centros urbanos uma avifauna mais

significativa, dependendo, também, do tamanho dos maciços encontrados. No entanto, o

objetivo da atração de fauna através da arborização urbana nem sempre tem sentido, conforme

Milano (1996), se avaliadas as condições desfavoráveis do meio urbano, podendo ter

consequências negativas como a infestação por erva-de-passarinho (Struthantus flexicaulis).

Além disso eles podem provocar aumento da população de vetores de doenças.

O valor ambiental e ecológico das árvores deve-se adicionar o valor estético e social.

Tais benefícios podem ser relacionados como melhoria da paisagem como contraponto das

paisagens construídas.

11

2.2 Inventário da arborização de ruas

O inventário de árvores é um sistema de registro detalhado que contém a localização,

características selecionadas e da condição das árvores dentro de uma determinada área

geográfica (BOND, 2006). É uma atividade que visa obter informações qualitativas e

quantitativas dos recursos florestais existentes em uma determinada área.

Sendo assim, os inventários de árvores de rua são um método convencional de estimar

populações de árvores para fins de elaboração de políticas, planejamento e decisão de gestão

(PATTERSON, 2012). Um inventário também oferece oportunidades de identificar as áreas

que podem ser arborizadas, bem como para planejar o cuidado da árvore e a manutenção de

uma forma sistemática e estratégica. Outras finalidades que podem ser relacionadas ao uso de

inventários, seriam gerar informações a respeito da quantidade e do valor de árvores ou

aumentar a eficiência dos serviços e ser utilizado para aumentar a consciência do público e da

gestão pública acerca do valor da arborização (MILLER, 1997).

Por meio do inventário da arborização ainda pode ser obtida a composição, os principais

problemas de cada espécie, de cada rua ou ainda da cidade e fornecer informações para novos

plantios e para adequação das práticas de manejo. A realização dos inventários serve para

quantificar custos; identificar problemas possíveis de redefinição das diretrizes de manejo,

programas de conscientização ou educação ambiental; e para divulgar os resultados obtidos,

mostrando produtividade e buscando apoio da população (PIVETTA e SILVA FILHO, 2002).

De acordo com Lima Neto (2011), os inventários florestais urbanos podem ser

classificados quanto ao tipo, à forma de coleta, também com a abordagem da população no

tempo estabelecendo previsões orçamentárias e quanto ao detalhamento se relaciona à

quantidade de informações necessárias ao manejo das árvores urbanas. Para cada problema a

ser solucionado existe uma definição específica do inventário quanto ao tipo, podendo ser:

inventário de sobrevivência, inventário florestal contínuo, para planos de manejo e outros.

2.3 Diversidade de árvores urbanas

A biodiversidade é importante na arborização urbana desde que antes de efetuar a

introdução de uma nova espécie no meio, seja realizado um histórico da mesma, verificando se

ela já apresentou características de invasora em outros países e se possui potencial para se tornar

uma nova espécie invasora (PIVETTA e SILVA FILHO, 2002).

12

Meneguetti (2003), em estudo realizado com a arborização dos bairros da orla marítima

de Santos – SP, concluiu que o uso de índices de diversidade e similaridade (Shannon-Weaver

e Jaccard) também são úteis para as ações de manejo da arborização de ruas. Bobrowski (2011),

ao estudar a arborização viária de Curitiba – PR, utilizou índices de diversidade, similaridade e

equabilidade que indicaram maior harmonia na mistura e uniformidade de espécies, porém mais

associada a plantios irregulares do que a esforços da municipalidade em diversificar a

composição da arborização. Entretanto, há novos plantios experimentais com espécies nativas

não tradicionais.

Atualmente é crescente a preocupação com a biodiversidade nas áreas urbanas e isto se

reflete na diversificação do número de espécies produzidas em viveiro. Esta preocupação com

a diversificação do número de espécies é problemática, por muitas vezes não há tempo

suficiente para realizar pesquisas sobre as espécies introduzidas e, desta forma, ocorre a

produção e a utilização de espécies indesejáveis para o ambiente e para o homem, tais como as

plantas tóxicas e as plantas exóticas invasoras (LIMA NETO, 2014).

2.4 Morfometria de árvores urbanas

Morfometria de árvores é um tipo de estudo onde se observa a forma, as dimensões e as

relações morfométricas ou interdimensionais das copas das árvores, visando compreender o

espaçamento e o grau de competição entre as plantas. Muitos autores conduziram estudos sobre

a forma das árvores. Atualmente, o diâmetro à altura do peito (DAP), a área basal, a altura

(total, comercial e dominante), a área de projeção da copa e o volume da copa são conceitos

bem conhecidos. Menos conhecidos, entretanto, são o manto de copa, o índice de abrangência,

o formal de copa, o grau de esbeltez, o índice de saliência e o índice de espaço vital (TONINI

et al., 2008).

O ritmo de crescimento de árvores solitárias (como no caso das árvores urbanas) é um

crescimento livre de concorrência e deve ser levado em consideração no manejo destas árvores.

Nesse sentido, interessa não apenas o crescimento volumétrico, expresso pelo incremento em

diâmetro e altura e pela modificação do fator de forma, mas também o crescimento e as

modificações da forma da copa. As formas e dimensões da copa das árvores de crescimento

solitário são balizas para as intervenções silviculturais, em arborização urbana especialmente,

no que diz respeito à interferência nas redes de energia (DURLO et al., 2004).

13

3 METODOLOGIA

3.1 Caracterização do município

O município de Itacoatiara situa-se na região do médio Amazonas e limita-se com os

municípios de Manaus, Rio Preto da Eva, Urucará, Nova Olinda do Norte, Silves, Itapiranga e

São Sebastião do Uatumã. Abrange uma área total de 8,9 mil km². O município faz parte da

região metropolitana de Manaus e dista cerca de 270 km da capital. A população é estimada em

95.714 habitantes, de acordo com o censo 2014 do IBGE. Estes números fazem de Itacoatiara

o terceiro município mais populoso do Estado do Amazonas.

Com relação à estrutura urbana, de acordo com o IBGE (2010), 81,56% dos domicílios

do município eram atendidos pela rede geral de abastecimento de água e 92,8% possuíam coleta

de lixo, no entanto, apenas 42% das residências possuíam escoadouro sanitário.

Figura 1. Imagem de Satélite Itacoatiara/AM. (Fonte: Google Earth)

3.2 Coleta de dados

O levantamento das árvores públicas dos bairros Centro, Jauary I, Jauary II, Santa Luzia

e São Jorge, pertencentes à zona sul do município de Itacoatiara foi realizado por meio de

14

inventário sistemático em todas as ruas. As informações foram coletadas entre os meses de

agosto e outubro de 2015. Foram incluídos no levantamento todos os indivíduos com CAP ≥

10 cm (circunferência à altura do peito) presentes em calçadas, canteiros, praças e órgãos

públicos. Para a localização das vias públicas foi utilizada uma planta planialtimétrica na escala

1:10000. As informações foram registradas em fichas de campo elaboradas especificamente

para este fim (Apêndice 1).

3.2.1 Dados quantitativos

A altura total foi registrada obedecendo às quatro classes propostas por Meneghetti

(2003): A – para alturas até os cabos telefônicos (0-4,5 m); B – para alturas até o fio mais alto

da rede secundária (4,5 a 6,7 m); C – do fio mais alto da rede secundária até a rede primária

(6,7 a 8,2 m) e D – acima da rede primária (acima de 8,2 m). A circunferência à altura do peito

(CAP) foi auferida com uma fita métrica graduada em centímetros e posteriormente os dados

foram transformados em diâmetro à altura do peito (DAP) por meio da equação DAP = CAP/π.

A altura da primeira bifurcação foi medida com uma trena de haste rígida graduada em

centímetros e posteriormente agrupados em classes com amplitude de 20 cm. A área de projeção

da copa foi estimada com o auxílio de uma trena, a partir da medição de quatro raios da copa

da árvore amostrada conforme a orientação norte-sul leste-oeste. De posse destes valores

obteve-se o diâmetro médio de copa (DMC) e a área de projeção da copa (APC) por meio da

aplicação da fórmula APC= (π/4)*dc².

3.2.2 Identificação botânica

Todos os indivíduos inventariados foram identificados em campo com o nome vulgar e

posteriormente foi feita a classificação taxonômica ao menor nível possível por meio de

consulta à literatura especializada, com confirmação da nomenclatura no sistema MOBOT

(www.tropicos.org). De posse da classificação taxonômica, os indivíduos foram agrupados em

duas classes distintas quanto à sua origem: espécie exótica ou espécie nativa.

3.3 Análise dos dados

Para os dados quantitativos foi utilizada a estatística descritiva com construção de tabela

dinâmica e gráficos no Excel 2010.

15

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

O censo das espécies nos bairros onde foi realizado o trabalho, apresentou 849

indivíduos, distribuídos em 11 famílias, 21 gêneros e 21 espécies (Tabela 1). No bairro Centro

foram encontrados 446 indivíduos; no Jauary I foram registradas 190; no Jauary II, foram

registrados 87; no bairro Santa Luzia, 97 indivíduos e no bairro São Jorge, 29.

As famílias botânicas representadas pelo maior número de indivíduos por espécies

foram: Chrysobalanaceae com 660 indivíduos, Moraceae apresentando 66 indivíduos e

Arecaceae com 36 indivíduos, as demais tiveram ocorrências menores, a família Myrtaceae

apresentou 21 indivíduos, Mimosaceae 14 indivíduos, as famílias Anacardiaceae e Fabaceae

apresentaram 13 indivíduos cada, Meliaceae foi composta de 11 indivíduos, Combretaceae 10

indivíduos, Bignoniaceae com 3 indivíduos e Cycadaceae com 2 indivíduos (Figura 1). As

espécies que mais ocorreram foram Licania tomentosa, Ficus benjamina e Roistonea oleraceae,

com 70,7%, 7,6% e 2,6% do total de indivíduos inventariados, respectivamente.

Verificou-se predominância da espécie L. tomentosa, conhecida vulgarmente como

oitizeiro, na arborização dos bairros, que pode ser explicada por sua adaptabilidade e resistência

a pragas, também pela arquitetura da copa que fornece sombra.

Silva (2002) em um trabalho realizado em Jaboticabal-SP constataram que a espécie de

maior ocorrência apresentou 71,25% do total das espécies, esse resultado foi um pouco maior

do que o encontrado na zona sul de Itacoatiara. Porém em Brasília-DF o valor da espécie mais

ocorrida foi menor, foram constatados 48,3% do valor total das espécies encontradas

(RODRIGUES et al. 1994). Assim podemos observar que nos bairros da zona sul de Itacoatiara

a distribuição dos indivíduos por espécie não obedece as orientações técnicas conhecidas

atualmente, que indicam o uso de no máximo 15% do número de indivíduos de uma mesma

espécie por área. A predominância de uma ou poucas espécies pode ocasionar riscos

relacionados à longevidade por meio do declínio populacional e ataque de pragas e doenças

(REDIN et al., 2010). Plantar espécies variadas ajuda a evitar perdas catastróficas, contudo,

diversidade demais pode criar certos problemas como, por exemplo, a disponibilidade limitada

de espécies adaptadas às condições de rua e dificuldades de manutenção (SOUZA 2013).

16

Tabela 1. Famílias, espécies, nomes comuns, origem e número de indivíduos inventariados nos bairros da zona

sul do município de Itacoatiara, Amazonas.

FAMÍLIAS ESPÉCIES NOME COMUM ORIGEM Nº DE

INDIVÍDUOS

Anacardiaceae

Anacardium occidentale Cajueiro Nativa 1

Mangifera indica Mangueira Exótica 11

Spondias lutea Taperebazeiro Exótica 1

Arecaceae

Cocos nucifera Coqueiro Exótica 9

Elaeis guineensis Dendê Exótica 5

Roistonea oleraceae Palmeira-imperial Exótica 22

Bignoniaceae Crescentia cujete Cuieira Nativa 2

Tabebuia chrysotricha Ipê-amarelo Nativa 1

Chrysobalanaceae Licania tomentosa Oitizeiro Nativa 660

Combretaceae Terminalia catappa Castanholeira Exótica 10

Cycadaceae Cycas revoluta Palmeira-cica Exótica 2

Fabaceae

Bauhinia forficata Pata-de-vaca Nativa 3

Caesalpinia ferrea Jucazeiro Nativa 1

Delonix regia Flamboyant Exótica 2

Erythrina indica Brasileirinho Exótica 6

Ormosia paraenses Tento Exótica 1

Meliaceae Azadirachta indica Nim Exótica 11

Mimosaceae Acacia sp. Acácia Nativa 14

Moraceae Artocarpus heterophyllus Jaqueira Exótica 1

Ficus benjamina Benjaminzeiro Exótica 65

Myrtaceae Eugenia malaccensis Jambeiro Exótica 21

Os bairros estudados apresentaram valores similares com relação à frequência de L.

tomentosa, essa espécie passou a fazer parte da cultura da população, conforme histórico da

arborização da cidade foi a primeira espécie a ser implantada na arborização em maior

quantidade (IBGE, 2015). Souza et al. (2008) em um estudo realizado em dois bairros na cidade

de São Simão, GO, verificou que essa espécie foi responsável por 70% dos indivíduos

levantados. O oitizeiro também apresentou a maior porcentagem de ocorrência no levantamento

da arborização da cidade de Manaus e é facilmente encontrada em outros levantamentos em

todas as regiões do Brasil (COSTA e HIGUSHI, 1999; FREITAS et al., 2015).

17

Figura 2. As dez espécies com maior representatividade na arborização de vias públicas nos bairros da zona sul

de Itacoatiara, AM.

No bairro Centro as espécies com maior número de indivíduos foram L. tomentosa com

371 indivíduos (82,3%), seguido por Ficus benjamina, e Roistonea oleraceae com a mesma

quantidade 21 indivíduos cada (4,7%), Eugenia malaccensis com 6 indivíduos representou

1,4% do total amostrado.

No bairro Jauary I, as espécies com maior ocorrência foram L. tomentosa com 151

indivíduos (79,1%), F. benjamina, 17 (8,9%), Acacia sp, Cocos nucifera e Eugenia malaccensis

com 4 indivíduos cada (2,1%) (Figura 3).

Já no bairro Jauary II, encontramos apenas 87 indivíduos distribuídos em 8 espécies, as

mais representadas foram 58 indivíduos de L. tomentosa (66,7%), 12 indivíduos de F.

benjamina, (13,8%), 8 indivíduos de Eugenia malaccensis (9,2%) e 3 indivíduos de Acacia sp.

(3,4%), (Figura 4).

Enquanto no bairro Santa Luzia encontramos apenas 8 espécies e 97 indivíduos, em

destaque estava L. tomentosa com 69 indivíduos (71,1%), 12 indivíduos de F. benjamina

(12,4%), 10 indivíduos de Azadirachta indica (10,3%) e 2 indivíduos de Crescentia cujete

(2,1%), (Figura 5).

No bairro São Jorge, por ser um bairro pequeno e pouco arborizado, foram encontrados

apenas 29 indivíduos distribuído em 8 espécies, a espécie L. tomentosa apresentou 14

indivíduos (48,3%), foi encontrado 4 indivíduos de Mangifera indica (13,8%), as espécies

18

Eugenia malaccensis e Ficus benjamina apresentaram os mesmos valores, 3 indivíduos cada

(1º,3%), (Figura 6).

Figura 3. As dez espécies com maior representatividade na arborização de vias públicas no bairro Centro,

Itacoatiara, AM.

19

Figura 4. As das dez espécies com maior representatividade na arborização de vias públicas no bairro Jauary I,

Itacoatiara, AM.

Figura 5. As oito espécies com maior representatividade na arborização de vias públicas no bairro Jauary II,

Itacoatiara, AM.

Figura 6. As oito espécies com maior representatividade na arborização de vias públicas no bairro Santa Luzia,

Itacoatiara, AM.

20

Figura 7. As oito espécies com maior representatividade na arborização de vias públicas no bairro São Jorge,

Itacoatiara, AM.

Do total de espécies encontradas, 33,3% eram nativas do Brasil e 66,7% exóticas

oriundas de várias partes do mundo. Rezende e Santos (2010) também constataram

predominância de espécies exóticas nas praças do bairro Jaraguá em Uberlândia, MG, onde

63,73% dos indivíduos eram exóticas. Porém Almeida et. al., (2014) analisando a procedência

das árvores inventariadas na Praça dos Três Poderes, no município de Iranduba, Amazonas,

constatou que 100% das árvores eram exóticas. Paiva (2009) ressalta ainda que não é necessário

excluir as espécies exóticas dos projetos de arborização, porém, é importante atentar para o fato

que esses projetos, além de cumprirem um papel estético, também devem cumprir papel

funcional, promovendo serviços ambientais e interações com a fauna nativa, o que muitas vezes

o uso de espécies exóticas coloca em risco. Alguns autores afirmam que espécies de animais

nativos dos arredores urbanos podem beneficiar-se com as fontes de abrigo e alimento (flores

e frutos) geradas pelas árvores urbanas (SANTOS ET. AL., 2011).

Com relação à altura dos indivíduos, a classe B (4,5 a 6,7 m) apresentou maior

ocorrência com 257 indivíduos (30,2%), seguido pela classe A (0 a 4,5 m) com 203 indivíduos

(23,8%). Na classe C (6,7 a 8,2 m) foram encontrados 199 indivíduos (23,4%) e na classe D

(>8,2 m) foram encontrados 191 indivíduos (22,5%) (Figura7). Freitas et al., (2012), em estudo

de quatro praças da Tijuca no Rio de Janeiro, constataram que 41,5% dos indivíduos

21

apresentaram altura de 5 m a 10 m, valor pouco maior do que o encontrado na zona sul de

Itacoatiara, Am.

Figura 8. Número de indivíduos distribuídos nas classes de altura encontradas no levantamento da arborização

urbana na zona sul de Itacoatiara, Amazonas.

Ao verificar individualmente cada bairro, podemos constatar que não há muita diferença

nos valores encontrados entre as classes referentes à altura dos indivíduos. O bairro centro

apresentou 20,6% do total das árvores na classe A, 31,4% na classe B, 23,4% encontravam-se

na classe C e 24,6% na classe D, apesar de ser o bairro mais antigo da cidade e as árvores serem

as pioneiras, o porte se mantém nesse padrão devido à prática da poda de rebaixamento pelos

órgãos competentes que é realizada para não haver interferência na rede elétrica.

No bairro Jauary I 26,2% das árvores foram identificadas na classe A, já 24,1%

encontravam-se na classe B, na classe C estavam inclusos 31,9% e na classe D 17,8%.

Enquanto no bairro Jauary II a classe A ocorreu em 20% dos indivíduos, a classe B foi

encontrada em 32,2% das árvores, já a classe C apresentou 17,2% de indivíduos e a classe D

ocorreu em 29,8% do valor total do bairro.

O bairro Santa Luzia teve em destaque a classe A com 37,7% de indivíduos

inventariados, a classe B teve 35,1% de árvores encontradas, já na classe C encontrava-se 12,4%

do total de indivíduos e na classe D 15,5%.

22

No bairro São Jorge foram encontradas na classe B 31,1% das árvores, enquanto as

classes A e C apresentaram o mesmo número de ocorrência cada uma apresentou 24,1% do

total de indivíduos, na classe B ocorreram 31,1% das árvores e a classe D obteve 20,7% de

ocorrência de indivíduos, (Figura 8).

Figura 9. Classes de altura em metro da primeira bifurcação na arborização de vias públicas nos bairros Centro,

Jauary I, Jauary II, Santa Luzia e São Jorge, Itacoatiara, AM.

Das árvores analisadas, 54,4% apresentaram alturas de até 1,00 m na primeira

bifurcação, enquanto 40,9% apresentaram alturas entre 1,01 a 2,00 m, 4,0% obtiveram alturas

entre 2,01 a 3,00 m de bifurcação e em 0,6% encontravam-se os indivíduos com a altura da

primeira bifurcação maior que 3,00 m (Figura 9). Estes resultados se devem ao fato de a espécie

mais abundante bifurcar antes de 1,0 m. Porém, Azevedo et al., (2012), encontraram resultados

muito superiores, 90,23% dos indivíduos apresentavam a altura da primeira bifurcação abaixo

do recomendado. Já Cunha e Paula (2013) constataram que apenas 30,36% das árvores

inventariadas em uma pesquisa realizada em Jaraguá em Uberlândia-MG apresentaram altura da

primeira bifurcação menor que 1,80 m.

Silva et al., (2007) afirmam que a altura da primeira bifurcação deve ser de no mínimo

1,80 m, no momento em que as mudas forem levadas a campo para o plantio. Estes resultados

indicam deficiências na produção e condução das mudas, bem como ausência de manejo e

planejamento adequado da arborização nos logradouros públicos.

23

Figura 10. Número de indivíduos distribuídos nas classes de altura da primeira bifurcação para o

levantamento da arborização urbana na zona sul, Itacoatiara-Am.

Com relação aos bairros, percebe-se que a predominância de árvores com até 1 metro

da primeira bifurcação também é maior. No bairro Centro na classe A (0,00-1,00 m) o

percentual foi de 46,8%, na classe B (1,01-2,00 m) encontravam-se 48,8% do total de

indivíduos do bairro, enquanto na classe C (2,01-3,00 m) estavam inseridas 3,6% e por fim a

classe D (>3,00 m) foi a menos ocorrida, encontrados apenas 0,7% de indivíduos.

No bairro Jauary I mais da metade dos elementos estudados encontravam-se na classe

A (0,00-1,00 m) 57,9%, foram observados 37,9%, na classe B (1,01-2,00 m), 3,7% do total de

indivíduos na classe C (2,01-3,00 m) e 0,5% das árvores estavam inseridas na classe D (>3,00

m).

O bairro Jauary II apresentou na classe A (0,00-1,00 m) 68,9% de indivíduos, enquanto

a classe B (1,01-2,00 m) demonstrou 26,4%, na classe C (2,01-3,00 m) estavam presentes 3,4%

dos indivíduos e na classe D (>3,00 m) foram verificados 1,2% de indivíduos estudados.

No bairro Santa Luzia a classe A (0,00-1,00 m) obteve 71,1% de ocorrência, na classe

B (1,01-2,00 m) estavam inseridos 23,7% e na classe C (2,01-3,00 m) 5,2%. Esse bairro foi o

que mais ocorreu indivíduos fora do indicado.

24

No bairro São Jorge 48,3% dos indivíduos inventariados pertencia à classe A (0,00-1,00

m), a classe B (1,01-2,00 m) obteve 41,4% das árvores do bairro, a classe C (2,01-3,00 m) foi

ocorrida em 10,3%, (Figura 10).

Figura 11. Classes de altura em metro da primeira bifurcação na arborização de vias públicas nos bairros Centro,

Jauary I, Jauary II, Santa Luzia e São Jorge, Itacoatiara, AM.

O DAP médio encontrado considerando todos os indivíduos amostrados foi de 58,2

cm. Este valor se encontra dentro da classe de 41-60 cm, a qual teve o maior número de

indivíduos. Batistel et al., (2009) em estudo no Bairro Promissão, município de Quirinópolis,

Goiás, encontrou 60% de indivíduos com o (DAP) superiores a 15 cm. Já Silva et al. (2014) em

estudo realizado no município de Araçoiaba da Serra, São Paulo, constataram a predominância

de indivíduos com DAP menores que 35 cm, indicando a ocorrência de indivíduos jovens que

ainda estão se desenvolvendo, a este se atribuiu o fato de que o município de Araçoiaba da Serra

encontrava-se em constante desenvolvimento, sendo abertas novas ruas e acessos recém-

planejados, ocorrendo assim plantios recentes nas novas vias, o que pode explicar o valor do

DAP encontrado nos indivíduos inventariados.

25

Figura 12. Número de indivíduos distribuídos nas classes de diâmetro altura do peito (DAP) para o levantamento

da arborização urbana na zona sul de Itacoatiara, Amazonas.

Diferentemente do valor médio total, no bairro Centro as maiores concentrações de

DAP estavam nas classes de 61-80 cm apresentando 30,5% do valor total de indivíduos, a classe

81-100 cm registrou-se 24,6% de ocorrência, enquanto na classe 41-60 cm registrou-se 21,3%

de concentração de árvores.

O bairro Jauary I apresentou 44,2% do valor total de indivíduos na classe 41-60 cm

seguido das classes 21-40 cm 28,9% e a classe 61-81 cm 18,9%, indivíduos com o DAP entre

81-100 cm encontraram-se apenas 4,7%, enquanto a classe 0-20 cm obteve a menor

representatividade 3,7% de árvores, não foram encontrados indivíduos com o DAP > 101 cm.

Considerando o valor de indivíduos inventariados encontrados na classe 0-20 cm pode-se dizer

que o plantio de indivíduos novos foi rara no bairro Jauary I. Já o bairro Jauary II não foi

encontrado indivíduos com o DAP a partir de 81 cm, os DAPs encontrados foram de 21-40 cm,

esse apresentou 55,2%, do valor total de indivíduos encontrados no bairro, as árvores com DAP

entre 31-60 cm estavam presentes em 27,6% dos indivíduos, já na classe 61-80 cm estavam

10,3% e os indivíduos encontrados para a classe de 0-20 cm encontramos a menor ocorrência

6,9% de indivíduos.

O bairro São Jorge apresentou apenas indivíduos com DAP superior a 20 cm. A classe

em que o DAP tinha diâmetro de 21-40 cm apresentou 48,3% de árvores inventariadas, na classe

41-60 cm foram observados 31% dos indivíduos do bairro, encontravam-se na classe 61-80 cm

26

7,2% e a de menor destaque foi a classe 81-100 cm encontrado apenas 3,4% de indivíduos

(Figura 12).

Figura 13. Número de indivíduos distribuídos nas classes de diâmetro altura do peito (DAP) para o levantamento

da arborização urbana nos bairros Centro, Jauary I, Jauary II, Santa Luzia e São Jorge, Itacoatiara, Amazonas.

Com relação aos resultados obtidos para o diâmetro médio da copa (DMC), as três

espécies com maior representatividade foram Terminalia catappa com a média de maior

representatividade 9,72 m, Mangifera indica apresentou sua média de 7,71 m e Licania

tomentosa com a média de 6,79 m. Já para as três espécies com menor representatividade de

DMC eram as espécies Cocos nucifera com 5,89 m em sua média, Roistonea oleraceae com

média de 5,51 m e Erythrina indica apresentando o valor de 5,10 m (Tabela 2). Com relação à

espécie Roistonea oleraceae sua ocorrência em maiores quantidades de indivíduos foi

observada na orla da cidade, implantada com objetivo estético. As espécies Roistonea

oleraceae, Cocos nucifera e Erythrina indica não são indicadas quando o objetivo da

arborização for fornecer sombreamento, pelo fato de sua copa não ser adequada. Mazioli (2012)

realizou um trabalho em dois bairros da cidade de Cachoeiro do Itapemirim, ES, sobre a

projeção da copa, na avaliação identificou-se 46,08% das árvores avançavam a rua e 10,91%

não avançavam. Árvores com até 1,5 m de projeção de copa na rua são consideradas boas, uma

vez que, quando as árvores apresentam essa característica elas não atrapalham o trânsito de

veículos altos e nem atrapalham a visualização da sinalização das ruas. Por outro lado essa

27

situação pode ser desfavorável em relação ao provimento de sombra. O mesmo autor recomenda

que o plantio de espécies de grande porte é apropriada para avenidas com quarenta metros de

largura ou mais. O diâmetro da copa é uma variável importante quando se discute os benefícios

da arborização urbana, quanto maior e mais densa a copa, maior o seu poder de sombreamento

(MILANO, 1988).

Na avaliação da área média de projeção da copa (APC) a espécie com maior

representatividade foi Terminalia catappa com 86,9 m², o que demonstra que esta espécie

demanda um grande espaço para a expansão de seus ramos. A espécie Mangifera indica

apresentou o segundo maior valor, 48,53 m², apesar do resultado ser considerado bom para fins

de sombreamento, essa espécie tem vários fatores a serem levados em consideração, um deles

é o seu sistema radicular, vários autores apontam essa espécie como causadora de danos em

calçamentos, outro fator é os frutos volumosos podendo causar acidente e gerar desconforto à

população. A espécie L. tomentosa apresentou área média de projeção da copa de 39,99 m²,

esse valor sofreu influência das podas de levantamento e rebaixamento e ao padrão do formato

da poda deixando a copa das árvores na forma geométrica quadrada, interferindo no valor real

da área de projeção da copa e modificando a simetria da copa, além de deixar os indivíduos

mais vulneráveis as questões de fitossanidade.

Tabela 2. Diâmetro médio da copa (DMC) e Área de projeção da copa (APC) das espécies com maior número de

indivíduos nos bairros da zona sul de Itacoatiara, Amazonas

ESPÉCIES NOME COMUM DMC (m) APC (m²)

Licania tomentosa Oitizeiro 6,79 39,99

Ficus benjamina Benjaminzeiro 6,25 34,84

Roistonea oleraceae Palmeira-imperial 5,51 30,06

Eugenia malaccensis Jambeiro 6,62 35,89

Acacia sp. Acácia 6,02 32,82

Azadirachta indica Nim 6,67 36,26

Mangifera indica Mangueira 7,71 48,53

Terminalia catappa Castanholeira 9,72 86,49

Cocos nucifera Coqueiro 5,89 29,29

Erythrina indica Brasileirinho 5,10 22,37

28

CONCLUSÃO

O inventário permitiu a identificação de 21 espécies nos bairros da zona sul do

município de Itacoatiara, no entanto há predominância de uma única espécie: Licania tomentosa

(Chrysobalanaceae). Este fato aliado à média do DAP e outras variáveis biométricas dos

indivíduos analisados permite inferir que não houve plantio de novas árvores nos últimos anos.

Não foram verificadas evidências de planejamento da arborização dos bairros estudados.

A arborização de Itacoatiara não obedece a recomendação de plantio com altura mínima

de bifurcação de 1,80 m de altura.

A maioria das espécies utilizadas na arborização é exótica.

Com base nos valores de diâmetro médio da copa e na área de projeção da copa foi

possível verificar que algumas espécies apresentam porte maior do que o espaço disponível

para seu desenvolvimento.

29

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32

APÊNDICES

FICHA DE COLETA DE DADOS QUANTITATIVOS

Data: __________________________ Localização

CAP (cm)

Altura 1ª Bifurc.

(cm)

APC

Nº da árvore

Nome da Rua Bairro Ref. R1 R2 R3 R4

Nome vulgar:

Qualidade da copa

( ) Vigorosa

( ) Clorótica

( ) Estressada ( ) Prejudicada eventos naturais

( ) Prejudicada vandalismo

Adequabilidade quanto à área

livre de pavimentação junto ao

tronco:

( ) Adequada ( ) Pequena

( ) Ausente

Qualidade do tronco

( ) Íntegro

( ) Injuriado

( ) Oco ( ) Anelado

( ) Prejudicado por vandalismo

Tipo de poda ( )sim ( )não

( ) Levantamento de copa

( ) Levantamento excessivo

( ) Rebaixamento de copa ( ) Outros

Adequabilidade da espécie

escolhida ao local do plantio:

( ) Adequada

( ) Peq. p/o espaço disponível ( ) Parcialmente compatível

( ) Inadequada

( ) Grde p/o espaço disponível

Altura:

( ) A – para alturas até os cabos telefônicos (0 a 4,5

m)

( ) B – para alturas até o fio mais alto da rede

secundária (4,5 a 6,7m)

( ) C – do fio mais alto da rede secundária até a rede

primária (6,7 a 8,2 m)

( ) D – acima da rede primária (acima de 8,2 m)

Adequabilidade quanto à condição da calçada:

( ) Danos severos ao calçamento

( ) Danos leves ( ) Ausência de danos

Fitossanidade

( ) Cupins

( ) Insetos sugadores

( ) Manchas foliares

( ) Ferrugens

( ) Plantas parasitas

( ) Lagartas

( ) outros Observações:

Localização CAP

(cm)

Altura 1ª Bifurc.

(cm)

APC

Nº da árvore

Nome da Rua Bairro Ref. R1 R2 R3 R4

Nome vulgar:

Qualidade da copa

( ) Vigorosa

( ) Clorótica

( ) Estressada ( ) Prejudicada eventos naturais

( ) Prejudicada vandalismo

Adequabilidade quanto à área

livre de pavimentação junto ao

tronco:

( ) Adequada ( ) Pequena

( ) Ausente

Qualidade do tronco

( ) Íntegro

( ) Injuriado

( ) Oco ( ) Anelado

( ) Prejudicado por vandalismo

Tipo de poda ( )sim ( )não

( ) Levantamento de copa

( ) Levantamento excessivo

( ) Rebaixamento de copa ( ) Outros

Adequabilidade da espécie

escolhida ao local do plantio:

( ) Adequada

( ) Peq. p/o espaço disponível ( ) Parcialmente compatível

( ) Inadequada

( ) Grande p/o espaço

disponível

Altura:

( ) A – para alturas até os cabos telefônicos (0 a 4,5

m)

( ) B – para alturas até o fio mais alto da rede

secundária (4,5 a 6,7m)

( ) C – do fio mais alto da rede secundária até a rede

primária (6,7 a 8,2 m)

( ) D – acima da rede primária (acima de 8,2 m)

Adequabilidade quanto à condição da calçada:

( ) Danos severos ao calçamento

( ) Danos leves ( ) Ausência de danos

Fitossanidade

( ) Cupins

( ) Insetos sugadores

( ) Manchas foliares

33

Observações:

( ) Ferrugens

( ) Plantas parasitas

( ) Lagartas

( ) outros