instituto biolÓgicolivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · instituto biológico secretaria da...

73
INSTITUTO BIOLÓGICO PÓS-GRADUAÇÃO BIOECOLOGIA DE FORMIGAS LAVA-PÉS DO GRUPO DE ESPÉCIES Solenopsis saevissima (HYMENOPTERA: FORMICIDAE) FRANCESLI ADRIANA GUSMÃO Dissertação apresentada ao Instituto Biológico, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, para obtenção do título de Mestre em Sanidade, Segurança Alimentar e Ambiental no Agronegócio. Área de Concentração: Sanidade Vegetal, Segurança Alimentar e o Ambiente. Orientadora: Dra. Ana Eugênia de Carvalho Campos São Paulo 2010

Upload: others

Post on 03-Jan-2021

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

INSTITUTO BIOLÓGICO

PÓS-GRADUAÇÃO

BIOECOLOGIA DE FORMIGAS LAVA-PÉS DO GRUPO DE ESPÉCIES Solenopsis saevissima (HYMENOPTERA:

FORMICIDAE)

FRANCESLI ADRIANA GUSMÃO

Dissertação apresentada ao Instituto Biológico, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, para obtenção do título de Mestre em Sanidade, Segurança Alimentar e Ambiental no Agronegócio.

Área de Concentração: Sanidade Vegetal, Segurança Alimentar e o Ambiente.Orientadora: Dra. Ana Eugênia de Carvalho Campos

São Paulo

2010

Page 2: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

Livros Grátis

http://www.livrosgratis.com.br

Milhares de livros grátis para download.

Page 3: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

DADOS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)Núcleo de Informação e Documentação - Biblioteca

Instituto BiológicoSecretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo

Gusmão, Francesli AdrianaBioecologia de formigas lava-pés do grupo de espécies Solenopsis saevissima(HYMENOPTERA: FORMICIDAE) / Francesli Adriana Gusmão. -- São Paulo, 2010.

Dissertação (Mestrado) Instituto Biológico (São Paulo). Programa de Pós-Graduação.Área de concentração: Sanidade Vegetal, Segurança Alimentar e o Ambiente.Linha de pesquisa: Pragas sinantrópicas.Orientador: Ana Eugênia de Carvalho CamposVersão do título para o inglês: Bioecology of fire-ants of Solenopsis saevissimaspecies-group (HYMENOPTERA: FORMICIDAE)

1. Formigas lava-pés, Biologia 2. Formigas lava-pés, Identificação 3. Formigas lava-pés, Poliginia 4. Formigas lava-pés, Polidomia 5. Formigas lava-pés, Desenvolvimento 6. Solenopsis saevissima I. Campos, Ana Eugênia de Carvalho II. Instituto Biológico (São Paulo). Programa de Pós-Graduação III. Título

IB/Bibl. /2010/007

Page 4: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

SECRETARIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTOAG�NCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DOS AGRONEG�CIOS

INSTITUTO BIOLÓGICOPós-Graduação

Av. Cons. Rodrigues Alves 1252CEP 04014-002 - S�o Paulo – SP

[email protected]

FOLHA DE APROVAÇÃO

Nome do candidato: Francesli Adriana Gusmão

Título: BIOECOLOGIA DE FORMIGAS LAVA-PÉS DO GRUPO DE

ESPÉCIES Solenopsis saevissima (HYMENOPTERA: FORMICIDAE)

Orientadora: Dra. Ana Eugênia de Carvalho Campos

Disserta��o apresentada ao Instituto Biol�gico da Ag�ncia Paulista de Tecnologia dos Agroneg�cios para obten��o do t�tulo de Mestre em Sanidade, Seguran�a Alimentar e Ambiental no Agroneg�cio.

�rea de Concentra��o: Sanidade Vegetal, Seguran�a Alimentar e o Ambiente.

Aprovada em:

Banca Examinadora

Assinatura:

Profa. Dra. : Ana Eug�nia de Carvalho Campos (orientadora)

Institui��o: Instituto Biol�gico

Assinatura:

Prof. Dr. : Odair Correa Bueno

Institui��o: Universidade Estadual Paulista J�lio de Mesquita Filho

Assinatura:

Prof. Dr. : Mario Eidi Sato

Institui��o: Instituto Biol�gico

Page 5: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

i

DEDICATÓRIAS

Dedico este trabalho principalmente a meus pais Geraldo e Alice, e ao meu irmão,

Diego, por todo o amor, apoio e incentivo aos estudos. Obrigado por estarem sempre ao

meu lado durante todos esses anos.

Ofereço ao meu noivo André Luiz, por todo carinho, apoio, compreensão e

companheirismo, e que mesmo nos momentos mais difíceis da execução dessa dissertação

sempre esteve ao meu lado.

Especialmente, dedico esse trabalho, a minha orientadora e amiga, Dra. Ana

Eugênia de C. Campos, por todo o ensinamento, paciência e dedicação, me mostrando

sempre o rumo a seguir.

Page 6: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

ii

AGRADECIMENTOS

Muitas pessoas me acompanharam desde minha iniciação científica e a todas elas

agradeço muito.

A Neiva, por sua amizade e companheirismo em todos esses anos. Agradeço por

todo ensinamento em taxonomia.

A minha amiga e companheira de laboratório Maria Fernanda, pelo companheirismo,

apoio e ajuda nas saídas de campo.

Ao pesquisador e amigo João Justi Jr., pela força, auxílio e sugestões.

Agradeço aos técnicos, Edvaldo e José A. Ribeiro, pelo auxílio e disposição nas

saídas de campo.

Ao pesquisador Francisco J. Zorzenon, pelas discussões científicas e ensinamentos.

Aos professores e colegas de turma, meus sinceros agradecimentos.

Aos colegas Márcio, Lilian e Larissa, que foram sempre companheiros em todas as

disciplinas, agradeço por toda amizade, apoio e incentivo.

Ao pesquisador Ricardo Harakava pelo auxílio com as análises moleculares.

Ao Helymar Machado, pelas análises estatísticas, meu muito obrigada.

A Unidade Laboratorial de Referência em Pragas Urbanas, que me acolheu durante

esses anos, fornecendo sua estrutura e laboratórios para a realização dessa dissertação.

Ao Instituto Biológico pela oportunidade desse estudo.

Agradeço ao CNPq pela concessão da bolsa de mestrado.

E a todos que de alguma forma contribuíram para a realização e conclusão desse

trabalho.

Page 7: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

iii

“Durante os poucos segundos

necess�rios para a leitura desta frase

nascer�o na Terra 40 seres humanos

e, sobretudo, 700 milh�es de

formigas”

Bernard Weber

Page 8: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

iv

GUSM�O, F. A. BIOECOLOGIA DE FORMIGAS LAVA-P�S DO GRUPO DE ESP�CIES Solenopsis saevissima (HYMENOPTERA: FORMICIDAE). S�o Paulo. 2010. Disserta��o (mestrado em Sanidade, Seguran�a Alimentar e Ambiental no Agroneg�cio) – Instituto Biol�gico.

RESUMO

As formigas do g�nero Solenopsis tornaram-se um s�rio problema nos Estados

Unidos e em outros locais do planeta, onde suas popula��es atingiram altos n�veis de

densidade, trazendo s�rias conseq��ncias para a fauna nativa e para as pessoas em geral.

Por esse motivo, a biologia e ecologia das formigas lava-p�s t�m sido estudadas

extensivamente naquele pa�s, onde � not�vel na literatura a quantidade de novas

informa��es. No Brasil, entretanto, onde ela � nativa, pouco se sabe sobre esses aspectos

e, diante de infesta��es severas pontuais, os controles e tecnologia preconizados nos

Estados Unidos, nem sempre s�o eficazes. Desta forma, faz-se necess�rio conhecer os

aspectos bioecol�gicos das formigas lava-p�s para que sejam conduzidos projetos de

manejo e controle quando �reas alteradas s�o invadidas. Foram avaliados ninhos dessas

formigas em parques no munic�pio de S�o Paulo, de dezembro de 2008 a agosto de 2009,

para fins de identifica��o das esp�cies, determina��o da ocorr�ncia de poliginia e polidomia,

e manuten��o em laborat�rio para observa��o do desenvolvimento de ovo-adulto. Foram

identificados molecularmente quatro hapl�tipos, dos quais dois foram mais semelhantes �

esp�cie Solenopsis invicta e os outros mais pr�ximos a sequ�ncias de S. saevissima. A

primeira teve uma maior predomin�ncia. Essas esp�cies n�o puderam ser distinguidas pela

an�lise morfol�gica, devido a aus�ncia de caracteres mais adequados. A ocorr�ncia de

ninhos monog�nicos foi mais freq�ente do que de ninhos polig�nicos, tanto em observa��es

de campo (80%) quanto na an�lise molecular (70%). Em nenhuma f�mea alada dissecada

foram encontrados ind�cios de fecunda��o, ou seja, presen�a de espermatoz�ide. No teste

comportamental para determinar a ocorr�ncia de ninhos polid�micos n�o foram observados

comportamentos agressivos entre ninhos pr�ximos, indicando ocorr�ncia de polidomia em

todos os ninhos avaliados. O desenvolvimento ovo-adulto, em laborat�rio, variou de 34 a 61

dias, com uma maior quantidade de cria no per�odo de primavera/ver�o. No per�odo de

outono/inverno n�o houve o desenvolvimento dos ovos em larvas.

Palavras-chave: identifica��o, poliginia, polidomia, desenvolvimento

Page 9: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

v

GUSM�O, F. A. BIOECOLOGY OF FIRE-ANTS OF Solenopsis saevissima SPECIES-GROUP. S�o Paulo. 2010. Thesis (master's degree in Health, Safety and Environmental Agribusiness) – Instituto Biol�gico.

ABSTRACT

The ants of the genus Solenopsis are a serious problem in the United States and elsewhere

on the planet, where their populations reached high density levels, leading to serious

consequences for native wildlife and people in general. For this reason, the biology and

ecology of the fire ants have been studied extensively in that country, where it is noted in the

literature a great amount of new information. In Brazil, however, where it is native, little is

known about these aspects and in face of severe infestations, control and technology used in

the United States are not always effective in our country. Thus, it is necessary to better

understand the bio-ecological aspects of the fire ants for projects that are driven on

management and control when altered areas are invaded. We evaluated Solenopsis nests in

parks in the city of Sao Paulo, from December 2008 to August 2009. Data were analyzed for

species identification, the incidence of polygyny and polydomy and maintenance in the

laboratory for observing the development from egg to adult. Throught molecular analysis four

haplotypes were identified, of which two were more similar to the species Solenopsis invicta

and the other more close to sequences of S. saevissima. The first had a higher prevalence.

These species could not be distinguished through morphological analysis, due to the

absence of characters more suited. The occurrence of monogynous nests were more

frequent than in polygynous nests, both in field observations (80%) and molecular analysis

(70%). In none of the dissected winged female it was found evidence of fertilization, i.e,

presence of sperm. In the behavioral test to determine the occurrence of polydomous nests

aggressive behaviors were not observed between nests nearby, indicating the occurrence of

polydomy in all nests studied. The egg-adult development in the laboratory ranged from 34 to

61 days, with a greater amount of their brood in the spring/summer. During the

autumn/winter there wasn’t the development of eggs into larvae.

Keywords: identification, polygyny, polydomy, development

Page 10: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

vi

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Matriz de similaridade de sequ�ncias do gene COI de Solenopsis spp. dos quatro hapl�tipos encontrados com sequ�ncias depositadas no GenBank. N�vel de similaridade entre as amostras (1,000 = 100%).........................................................................................29

Tabela 2 – Frequ�ncia de hapl�tipos e resultados do teste exato de Fisher para compara��o dos hapl�tipos de formigas do grupo de esp�cies Solenopsis saevissima entre os parques na cidade de S�o Paulo. P<0.001..........................................................................................31

Tabela 3 – Ocorr�ncia de col�nias pol�ginicas por parque de acordo com observa��es de campo, no per�odo de fevereiro a julho de 2009....................................................................34

Tabela 4 – Ocorr�ncia de col�nias pol�ginicas por parque de acordo com as an�lises de sequenciamento do gene Gp-9..............................................................................................37

Page 11: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

vii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Coleta integral de ninho de formiga lava-p�s com aux�lio de uma p�...................22

Figura 2 – Observa��o da terra coletada em busca de rainhas �pteras fisog�stricas e f�meas aladas........................................................................................................................22

Figura 3 – Sistema reprodutor de f�mea alada dissecada.....................................................23

Figura 4 – Eletroforese em gel de agarose 1,5% do produto da amplifica��o do gene Gp-9..............................................................................................................................................24

Figura 5 – Arenas de forrageamento para intera��o de formigas lava-p�s de ninhos pr�ximos frente a uma fonte de alimento...............................................................................25

Figura 6 – Col�nia de formigas do grupo de esp�cies Solenopsis saevissima acondicionada em bandeja pl�stica................................................................................................................26

Figura 7 – Representatividade dos hapl�tipos de esp�cies do grupo Solenopsis saevissimaencontrados na popula��o estudada......................................................................................29

Figura 8 – �rvore filogen�tica apresentando a rela��o dos hapl�tipos do gene COI do grupo de esp�cies de Solenopsis saevissima obtidos no presente estudo (setas) com sequ�ncias depositadas no GenBank.......................................................................................................30

Figura 9 – Distribui��o dos hapl�tipos de formigas do grupo de esp�cies Solenopsis saevissima por parque avaliado na cidade de S�o Paulo.....................................................31

Figura 10 – Distribui��o das duas formas de organiza��o social (poliginia e monoginia) de acordo com o hapl�tipo de formigas do grupo de esp�cies Solenopsis saevissima por meio de observa��es de campo......................................................................................................34

Figura 11 – Distibui��o dos hapl�tipos de formigas do grupo de esp�cies Solenopsis saevissima, nas duas formas de organiza��es sociais (polig�nica e monog�nica) de acordo com observa��es de campo...................................................................................................35

Figura 12 – Eletroferograma de segmento do gene Gp9 mostrando polimorfismo no c�don 139 (GTC = valina, alelo B; ATC = isoleucina, alelo b)..........................................................36

Figura 13 – Distribui��o das duas formas de organiza��o social (poliginia e monoginia) de acordo com o hapl�tipo de formigas do grupo de esp�cies Solenopsis saevissima por meio da an�lise do gene Gp-9........................................................................................................36

Figura 14 – Distibui��o dos hapl�tipos de formigas do grupo de esp�cies Solenopsis saevissima, nas duas formas de organiza��es sociais (polig�nica e monog�nica) de acordo com a an�lise do gene Gp-9...................................................................................................37

Page 12: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

viii

Figura 15 – Porcentagem de ocorr�ncia dos comportamentos observados entre formigas do grupo de esp�cies Solenopsis saevissima de ninhos pr�ximos (A x B) e destes com o controle (A/B x Controle)........................................................................................................39

Figura 16 – Mediana da quantidade de crias de formigas do grupo de esp�cies Solenopsissaevissima nos per�odos de primavera/ver�o (outubro/2008 a mar�o/2009) e de outono/inverno (abril a setembro/ 2009).................................................................................40

Page 13: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

ix

SUMÁRIO

DEDICATÓRIA ....................................................................................................................... i

AGRADECIMENTOS..............................................................................................................ii

EPÍGRAFE ............................................................................................................................iii

RESUMO...............................................................................................................................iv

ABSTRACT ........................................................................................................................... v

LISTA DE TABELAS..............................................................................................................vi

LISTA DEFIGURAS..............................................................................................................vii

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 1

2. OBJETIVOS...................................................................................................................... 4

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.............................................................................................. 5

3.1. Grupo de espécies Solenopsis saevissima ..................................................................... 5

3.1.1.Identificação das espécies do grupo S. saevissima ...................................................... 6

3.1.2.Características morfológicas......................................................................................... 7

3.2. Distribuição geográfica.................................................................................................... 7

3.3. Estrutura dos ninhos ....................................................................................................... 8

3.4. Hábito Alimentar ............................................................................................................. 9

3.5. Aspectos reprodutivos..................................................................................................... 9

3.5. Aspectos reprodutivos..................................................................................................... 9

3.5.1. Aspectos da morfologia interna do aparelho reprodutor feminino............................... 11

3.6. Organização social ....................................................................................................... 11

3.7. Estrutura colonial .......................................................................................................... 13

3.8. Fases de desenvolvimento............................................................................................ 13

3.9. Importância econômica................................................................................................. 14

3.10. Veneno ....................................................................................................................... 15

4. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................ 17

4.1. Área experimental......................................................................................................... 17

4.2. Identificação.................................................................................................................. 17

4.2.1.Extração de DNA........................................................................................................ 18

4.2.2.Reação de polimerização em cadeia (PCR) ............................................................... 18

4.2.3.Purificação do produto amplificado ............................................................................. 19

4.2.4.Sequenciamento......................................................................................................... 20

4.3. Poliginia ........................................................................................................................ 21

4.4. Polidomia ...................................................................................................................... 24

4.5. Desenvolvimento de ovo a adulto ................................................................................. 25

Page 14: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

x

4.6. Análise estatística ......................................................................................................... 27

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................................... 28

5.1. Área experimental......................................................................................................... 28

5.2. Identificação.................................................................................................................. 28

5.3. Poliginia ........................................................................................................................ 33

5.4. Polidomia ...................................................................................................................... 38

5.5. Desenvolvimento de ovo a adulto ................................................................................. 39

6. CONCLUSÕES ............................................................................................................... 42

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 43

ANEXOS.............................................................................................................................. 52

Page 15: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

1

1. INTRODUÇÃO

As formigas são insetos pertencentes à ordem Hymenoptera e estão reunidas dentro

da família Formicidae. São consideradas insetos eussociais por apresentarem sobreposição

de gerações, cuidado com a prole e divisão em castas, com diferentes funções na colônia,

sendo representadas pelos reprodutores (machos e fêmeas) e operárias estéreis

(HÖLLDOBLER; WILSON, 1990; CAMPOS-FARINHA et al., 1997; BUENO; CAMPOS-

FARINHA, 1999; CAETANO et al., 2002).

Devido a sua alta capacidade adaptativa ocorrem, praticamente, em todos os

ambientes terrestres, exceto nos pólos (BUENO; CAMPOS-FARINHA, 1999).

São animais importantes nos aspectos ecológicos, devido à sua enorme diversidade,

mas também podem causar prejuízos econômicos à atividade humana (CAMPOS, 2004).

Como qualquer ambiente natural, os ambientes artificiais podem ser colonizados e

explorados por várias espécies de formigas. Assim, algumas delas são encontradas

associadas ao homem, tais como, em residências, hospitais, estabelecimentos comerciais,

fábricas de alimento, biotérios, zoológicos e muitos outros lugares. Dentro das residências a

presença de formigas é constante, causando incômodo principalmente com seu

aparecimento em cozinhas, banheiros e despensas de alimentos (EICHLER, 1962; 1978).

Estima-se que existam entre 15.000 e 18.000 espécies de formigas em todo o

mundo, das quais, 12.565 já foram descritas (AGOSTI; JOHNSON, 2010). No Brasil,

ocorrem cerca de 2.000 espécies descritas, sendo que destas algumas dezenas são

consideradas pragas (CAMPOS-FARINHA et al., 1997).

Muitas espécies de formigas exóticas e nativas se tornaram pragas quando, de

alguma maneira, escaparam de seus inimigos naturais e interagiram com o homem

(MOONEY; DRAKE, 1986; PORTER; SAVIGNANO, 1990; HUMAN; GORDON, 1996).

Passera (1994) considerou que o comportamento agressivo das formigas,

particularmente com relação às outras espécies, é um importante determinante para o

sucesso na invasão de ambientes. Por exemplo, a grande habilidade de dispersão, onívoria,

eussocialidade e operárias estéreis são componentes importantes ligados ao sucesso na

colonização e estabelecimento das colônias. Hölldobler e Wilson (1977; 1990), Holway e

Suarez (1999) e Human e Gordon (1999) também ressaltaram que não se deve ignorar os

atributos que as espécies invasoras possuem na competição interespecífica para a sua

propagação e consequente estabelecimento.

Várias hipóteses foram formuladas para tentar explicar o avanço e a abundância

desproporcional das formigas invasoras. Primeiro, assim como outras espécies introduzidas,

Page 16: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

2

as formigas invasoras est�o livres dos predadores e de inimigos naturais e, como

consequ�ncia, conseguem um grande crescimento no tamanho da col�nia e um aumento da

densidade populacional (BUREN, 1983; PORTER et al., 1997). Segundo, por serem

unicoloniais (formam supercol�nias com diversos ninhos interligados, onde h� uma aus�ncia

total de agressividade intraespec�fica), elas evitam o custo de competir com indiv�duos da

mesma esp�cie, fazendo com que a energia que seria gasta nesse processo seja investida

em outras fun��es como uma maior efici�ncia na explora��o dos recursos, uma melhor

competi��o com outras esp�cies e produ��o de novas oper�rias (HOLLD�BLER; WILSON,

1977; MACOM; PORTER, 1996; HOLWAY et al., 1998; HOLWAY et al., 2002). A baixa

territorialidade e a forma��o de supercol�nias permitem que essas esp�cies monopolizem

os recursos e desloquem os competidores (MACOM; PORTER, 1996). Terceiro, as formigas

invasoras podem consumir recursos, tais como, plantas e secre��es de insetos sugadores,

que as formigas nativas deixam de explorar ou s�o menos eficientes quando comparadas

com as primeiras (TOBIN, 1994; DAVIDISON, 1997). E esse acesso ao alimento rico em

carboidratos possibilita �s formigas invasoras o combust�vel necess�rio para as oper�rias,

dando a possibilidade de manuten��o de grande din�mica de densidade

(formiga/�rea/tempo), a defesa de territ�rios absolutos e a monopoliza��o de recursos

(DAVIDISON, 1997; 1998).

Dentre as formigas invasoras est�o as que pertencem ao g�nero Solenopsis, que

inclui as formigas lava-p�s ou “fire-ants”, como s�o conhecidas na Am�rica do Norte. Elas

possuem ampla distribui��o no territ�rio brasileiro, inclusive nas �reas urbanas. Tornaram-

se um problema particular no sul dos Estados Unidos, onde foram introduzidas, devido a sua

capacidade em desalojar outras esp�cies e dominar diferentes tipos de habitats,

principalmente aqueles afetados pelo homem (VINSON, 1986).

As popula��es de S. invicta atingiram altos n�veis de densidade no sul dos Estados

Unidos (PORTER et al., 1992), trazendo s�rias consequ�ncias para a fauna nativa

(PORTER et al., 1988; PORTER; SAVIGNANO, 1990) e para a popula��o em geral

(VINSON; GREENBERG, 1986). Atribui-se esse fen�meno � aus�ncia de inimigos naturais,

encontrados em seu local de origem (JOUVENAZ, 1990). No Brasil, a formiga lava-p�s n�o

tem um impacto econ�mico t�o grande, e sua densidade � baixa quando comparada a

outras esp�cies coexistentes (CAMPOS, 1991; FOWLER, 1988; PORTER et al., 1992), pois

parece que a grande riqueza de esp�cies de formigas e outros insetos regula sua popula��o

(PORTER; SAVIGNANO, 1990).

Devido a esse motivo, a bioecologia das formigas lava-p�s t�m sido extensivamente

estudada nos Estados Unidos (LOFGREN et al., 1975, TSCHINKEL, 1982; WOJCIK, 1983),

onde � not�vel na literatura a quantidade de informa��es sobre essas formigas. Entretanto,

Page 17: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

3

pouco se sabe sobre esses aspectos aqui no Brasil e, diante de infestações severas, os

controles e tecnologia preconizados por aquele primeiro país, nem sempre são eficazes.

Desta forma, faz-se necessário ampliar o conhecimento dos aspectos bioecológicos

das formigas lava-pés para que sejam conduzidos projetos de manejo e controle quando

ocorrem invasões por essas formigas.

Page 18: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

4

2. OBJETIVOS

Objetivo Geral

Estudar a bioecologia das formigas do grupo de espécies Solenopsis saevissima que

ocorrem em parques e áreas verdes na cidade de São Paulo.

Objetivos Específicos

Identificar em nível específico as formigas do grupo de espécies Solenopsis saevissima

e sua distribuição nas áreas coletadas durante o trabalho;

Verificar a ocorrência de ninhos poligínicos e polidômicos;

Comparar a frequência de poliginia entre os parques avaliados;

Avaliar o desenvolvimento de ovo a adulto em condições de laboratório.

Page 19: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

5

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. Grupo de espécies Solenopsis saevissima

Existem aproximadamente 185 esp�cies de formigas no g�nero Solenopsis (PITTS

et al., 2005; TSCHINKEL, 2006), sendo que a maioria delas possui oper�rias pequenas e

monom�rficas, que vivem em pequenas col�nias no interior de ninhos de outras esp�cies,

das quais roubam comida e cria (THOMPSON, 1989) e devido a esses h�bitos s�o

chamadas de “thief ants” (formigas ladras). Tr�s esp�cies s�o parasitas sociais de outras

Solenopsis. Suas rainhas vivem ao lado das rainhas hospedeiras, e suas crias

desenvolvem-se apenas em sexuais, n�o apresentando a casta oper�ria (TRAGER, 1991;

PITTS et al., 2005).

Outras esp�cies diferem bastante das anteriores. Elas possuem oper�rias

polim�rficas, formam grandes col�nias e s�o extremamente agressivas, tanto no

forrageamento quanto na defesa do ninho (PITTS et al., 2005). S�o conhecidas por

formigas-de-fogo, lava-p�s ou “fire-ants”, sendo assim chamadas devido ao ardor e bolhas

ocasionados por suas ferroadas. Elas foram coletivamente designadas como grupo de

esp�cies Solenopsis geminata por Trager (1991), juntamente com duas esp�cies pr�ximas:

S. substituta e S. tridens. Ele dividiu o grupo em quatro complexos, refletindo o grau de

similaridade entre as esp�cies: o complexo saevissima (que inclui S. saevissima, S. invicta e

S. richteri), o complexo virulens, o complexo tridens e o complexo geminata (que inclui todas

as lava-p�s nativas da Am�rica do Norte). Dentro de alguns desses complexos, ele ainda

distinguiu subcomplexos. Em 2005, Pitts e colaboradores propuseram uma nova

classifica��o, e os complexos passaram a chamar grupos de esp�cies.

S. saevissima � um grupo que engloba formigas ecol�gica e economicamente

importantes, de ampla distribui��o no Brasil e que possui o maior n�mero de esp�cies: S.

interrupta, S. invicta, S. macdonaghi, S. megergates, S. pythia, S. quinquecuspis, S. richteri,

S. saevissima, S. weyrauchi, S. electra, S. pusillignis, S. daguerrei e S. hostilis (PITTS et al.,

2005). As principais esp�cies consideradas pragas, no Brasil, s�o S. invicta e S. saevissima

(BUENO; CAMPOS-FARINHA, 1999).

Page 20: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

6

3.1.1. Identificação das espécies do grupo S. saevissima

Os caracteres morfológicos utilizados para descrever e identificar as espécies do

grupo S. saevissima são os mesmos comumente usados em taxonomia de formigas.

Algumas características tradicionais, tais como, pilosidade e padrões esculturais superficiais

são de uso limitado em lava-pés devido sua grande homogeneidade nas espécies do grupo

(TRAGER, 1991).

Há muito tempo a classificação das espécies desse gênero tem sido considerada

extremamente difícil. Na América do Sul, onde a diversidade de espécies é grande,

distinguí-las se torna muito complicado devido ao número reduzido de caracteres

diagnósticos e da dificuldade de serem distinguidos. Além disso, as operárias mínimas são

bastante semelhantes, sendo necessária a utilização das operárias máximas na

identificação morfológica, as quais nem sempre estão presentes na colônia (TRAGER, 1991;

TSCHINKEL, 2006). Apesar da revisão feita por Trager (1991), alguns problemas

taxonômicos ainda persistem.

A coloração, segundo Trager (1991), não é uma característica em que se possa

confiar, pois ela pode alterar a aparência superficial de outras características, além de existir

uma variação nas interpretações em termos de cor, embora Ross et al. (2009) tenham

utilizado esse caracter. Uma forma de evitar esse problema seria a realização da análise

morfológica por um método de cor neutra, tal como microscopia eletrônica de varredura.

Pitts et al. (2005) em sua análise filogenética examinaram a anatomia de rainhas,

machos e larvas em busca de caracteres informativos, pois as operárias adultas, apesar de

serem mais coletadas e estudadas, são problemáticas para trabalhos taxonômicos e

filogenéticos, sendo morfológicamente muito similares entre as espécies devido à redução

no tamanho do corpo, perda de órgãos e simplificação de estruturas. Neste trabalho os

autores analisaram 36 caracteres morfológicos, distribuídos entre as três castas e o estágio

larval.

Com o avanço das técnicas moleculares nos últimos anos muitos pesquisadores vêm

utilizando essa alternativa em busca de sanar tais problemas (SHOEMAKER et al., 2006;

ROSS et al., 2009). Para tais propósitos é utilizado um gene mitocondrial codificador da

proteína da citocromo oxidase (COI). Esse gene apresenta algumas características

favoráveis à sua utilização em estudos filogenéticos e de identificação de espécies

intimamente relacionadas, tais como: herança materna, ausência de recombinação e taxas

evolutivas relativamente altas (SHOEMAKER et al., 2006). Essas caracterizações genéticas

das espécies de Solenopsis poderão auxiliar para que as deficiências da taxonomia

baseada estritamente em caracteres morfológicos sejam superadas.

Page 21: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

7

3.1.2. Características morfológicas

O grupo S. saevissima é caracterizado por operárias fortemente polimórficas,

apresentando escapo e primeiro flagelômero longos; operárias e rainhas pouco

esculturadas, com dente clipeal mediano bem desenvolvido, e processo peciolar superficial

ou ausente. As operárias variam de 1,5 a 5 mm. As rainhas são maiores, com 7 mm (PITTS

et al., 2005; PORTER; TSCHINKEL, 1985; CALIFORNIA, 2009). Exibem uma cabeça de

comprimento maior que a largura (TRAGER, 1991).

A coloração do corpo destas formigas varia de acordo com a espécie, podendo ser

amarelada, avermelhada, marrom ou enegrecida. As antenas têm 10 segmentos, sendo os

dois últimos maiores que os anteriores. O corpo não possui espinhos ou tubérculos.

Presença de dois segmentos na cintura e pêlos esparsos (CAMPOS-FARINHA;

ZORZENON, 2006). As mandíbulas apresentam 4 dentículos (HÖLLDOBLER; WILSON,

1990).

3.2. Distribuição geográfica

As formigas do gênero Solenopsis estão presentes em quase todas as partes do

mundo, sendo encontradas nas regiões Neotropical, Neoártica, Oriental e Paleártica, além

da Austrália, Nova Zelândia, Republica Dominicana, Etiópia, Bahamas e Taiwan

(HÖLLDOBLER; WILSON, 1990; MORRISON et al., 2004; DAVIS JUNIOR et al., 2001;

YANG et al., 2008).

Todas as espécies do grupo S. saevissima estão presentes na América do Sul

(TRAGER, 1991).

S. invicta é originária do pantanal mato-grossense e distribuída por todos os Estados

do Sudeste brasileiro (VINSON; GREENBERG, 1986). Ela foi introduzida nos Estados

Unidos entre 1920 e 1930, e atualmente domina todo o sul do país, causando danos à

diversidade local pelo desalojamento de espécies nativas, à agricultura e saúde pública.

Ocupa mais de 128 milhões de hectares em 13 Estados americanos e Porto Rico. Também

está estabelecida em muitas ilhas do Caribe (MORRISON et al., 2004). Ross et al. (2009)

citaram uma distribuição nos Estados do Sul do Brasil, São Paulo, Mato Grosso, Mato

Grosso do Sul, Acre, além do Peru, Bolívia, Paraguai, Argentina e Uruguai.

Page 22: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

8

S. richteri é originária do Rio Grande do Sul, Uruguai e Nordeste da Argentina, locais

onde possui ampla distribuição (PASSERA, 2005; ROSS et al., 2009). Essa espécies foi

introduzida nos Estados Unidos pelo porto de Mobile antes de 1918, tornando-se uma das

principais pragas nesse país, e atualmente está confinada a uma faixa estreita do nordeste

do Mississipi ao noroeste do Alabama (PASSERA, 2005).

S. saevissima, distribui-se ao longo do rio Tapajós, no Estado do Pará, na Amazônia,

nos Estados da Bahia, Goiás e São Paulo (TRAGER, 1991). Ross et al. (2009) citam sua

ocorrência numa vasta área do Brasil, com uma distribuição principal que se estende ao

longo da costa do Oceano Atlântico por centenas de quilômetros, do Estado do Rio Grande

do Sul até a região Amazônica, incluindo o Peru.

Pitts et al. (2005) relataram que a distribuição de S. saevissima, na América do Sul,

aparentemente se sobrepõe a de S. invicta apenas marginalmente em seu limite no extremo

sul, assim como a distribuição de S. invicta em relação a S. richteri.

Na América do Norte ocorrem quatro espécies nativas (S. aurea, S. amblychila, S.

geminata e S. xyloni), duas espécies introduzidas (S. invicta e S. richteri) e duas formas

híbridas (S. xyloni x S. geminata e S. invicta x S. richteri).

Já na América do Sul, estudos indicam a ocorrência de dezessete espécies (S.

bruesi, S. gayi, S. geminata, S. weyrauchi, S. electra, S. interrupta, S. invicta, S.

macdonaghi, S. megergates, S. pusillignis, S. pythia, S. quinquecuspis, S. richteri, S.

saevissima, S. substituta, S. tridens e S. virulens) (TRAGER, 1991).

3.3. Estrutura dos ninhos

Os ninhos de lava-pés são formados por montes de terra solta, chamados de

murundus. Geralmente são encontrados em locais gramados, mas também podem nidificar

em aparelhos eletrônicos, caixas de fiação, etc. Dão preferência em nidificar em locais com

incidência de luz solar (CAMPOS-FARINHA et al., 1997), preferindo áreas inundadas,

perturbadas e abertas, tais como o pantanal, pastagens, terras cultivadas, ao longo das

rodovias, parques e campos de futebol (LOFGREN et al., 1975). Também podem ser

encontradas embaixo de pedras, madeiras, na base de árvores e em telhados (HEDGES,

1998).

S. invicta pode deslocar a colônia inteira num curto espaço de tempo. Foi observado

que a maioria das colônias se desloca pelo menos uma vez a cada seis meses e muitas se

movem a cada dois meses. O deslocamento das colônias geralmente é devido a mudanças,

tais como, clima excessivamente seco ou úmido (HEDGES, 1998).

Page 23: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

9

Uma col�nia m�dia pode ter entre 100.000 a 250.000 oper�rias, e at� v�rias

centenas de indiv�duos alados, n�mero que varia sazonalmente (H�LLDOBLER; WILSON,

1990).

Na Am�rica do Sul, as formigas lava-p�s n�o constroem ninhos t�o grandes quanto

nos Estados Unidos (ALLEN et al., 1974; BUREN et al., 1974). Entretanto, ap�s a chuva ou

em �reas chuvosas, grandes murundus de aproximadamente 20 cm a 60 cm de largura

podem ser encontrados (WOJCIK, 1983).

As crias dessas formigas desenvolvem mais rapidamente em temperaturas quentes

(MARKIN & DILLIER, 1971; MARKIN et al., 1973) e as oper�rias movem a cria no murundu

em resposta � temperatura e a umidade (RHOADES; DAVIS, 1967). No tempo frio, as

formigas e as crias ficam concentradas no lado ensolarado do murundu, que serve como

termorregulador da col�nia, e podem ser facilmente coletadas (BANKS et al., 1981).

Um levantamento realizado no Estado de S�o Paulo por Campos (1991) demonstrou

a ocorr�ncia de 10 murundus por hectare, contrastando com alguns estados americanos,

onde a densidade de formigas lava-p�s � muito grande, podendo-se encontrar de 600 a

1000 murundus por hectare (PORTER; SAVIGNANO, 1990).

3.4. Hábito alimentar

S�o on�voras, ou seja, se alimentam de diferentes tipos de subst�ncias, sendo

altamente atra�das por subst�ncias oleosas e recrutam um grande n�mero de oper�rias ao

encontrar alimento (BUENO; CAMPOS-FARINHA, 1999).

Alimentam-se primariamente de insetos, aranhas, minhocas e outros pequenos

invertebrados, vivos ou mortos (LOFGREN et al., 1975). Tamb�m se alimentam de

sementes e �leos, e cuidam de af�deos atra�das pelo a��car presente no “honeydew”

(VINSON; GREENBERG, 1986)

3.5. Aspectos reprodutivos

A reprodu��o acontece durante o voo nupcial, onde machos e f�meas, ambos

alados, copulam no ar. Os alados, em S. invicta, podem voar a uma altura de 250 m ou

mais, e descer no solo at� um raio de 2 km de dist�ncia do ninho de origem. Essa habilidade

de uma �nica col�nia disseminar rainhas f�rteis em v�rias dire��es, atrav�s de longas

Page 24: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

10

distâncias, é um dos motivos da dificuldade de erradicar a formiga lava-pés (HÖLLDOBLER;

WILSON, 1990). Na América do Norte os voos nupciais são mais comuns na primavera e

outono, normalmente após uma chuva, se a temperatura do ambiente estiver entre 20 e 32

ºC (RHOADES; DAVIS, 1967, MARKIN et al., 1971), e os ventos estiverem abaixo de 24

km/h, preferencialmente abaixo de 8 km/h (MARKIN et al., 1971). Rhoades & Davis (1967)

descobriram que os voos apenas ocorrem quando a umidade relativa está acima de 80% e a

temperatura do solo acima de 18 ºC.

A maioria das fêmeas aladas virgens acaba morrendo algumas horas depois de

deixar o ninho, tanto por causa de predadores, como por afogamento ou desidratação

(HÖLLDOBLER; WILSON, 1990). Dentre centenas ou milhares de jovens aladas apenas

uma ou duas conseguem se tornar progenitoras de novas colônias. Depois de efetuada a

cópula, o macho acaba morrendo, e a fêmea, agora rainha, começa o processo de iniciar

uma nova colônia (CALIFORNIA, 2009). Após pousar na terra as rainhas perdem as asas e

procuram por um local adequado para começar um túnel e iniciar uma colônia, normalmente

embaixo de pedras ou pequenos objetos, podendo também escolher um local aberto. Foi

notado por Lofgren et al. (1975), que o sucesso da fundação pode depender de fatores

físicos do solo, clima, vegetação, disponibilidade de alimento, competição por comida e

espaço, além da presença de predadores, parasitas e patógenos.

O macho, por sua vez, copula uma única vez, onde libera a maior parte ou todo o

esperma que possui, juntamente com secreções glandulares, ficando impossibilitado de

copular novamente. Porém, há casos onde as rainhas são destinadas a produzir um grande

número de prole, não sendo um macho suficiente para suprir suas necessidades. Em S.

invicta, uma rainha chega a receber um abastecimento de aproximadamente 7 milhões de

espermatozóides inicialmente, os quais ela distribui ao longo do seu período de vida

(HÖLLDOBLER; WILSON, 1990).

As primeiras operárias aparecem cerca de um mês depois da primeira oviposição.

São indivíduos extremamente pequenos, chamadas de operárias mínimas. Pesam apenas

0,2 mg, enquanto que as operárias menores atingem em média de 0,5 a 2 mg (PASSERA,

2005). Ao sexagésimo dia existem cerca de 65 operárias, essencialmente mínimas, mas

também as primeiras menores. Aos cinco meses, a colônia já tem cerca de 1.000 operárias

menores e as primeiras máximas. As mínimas, então, desaparecem. Após sete meses, a

colônia possui de 6.500 a 14.000 operárias, das quais 30% são máximas. A demografia das

operárias máximas segue o mesmo crescimento logístico que a população geral, mas é

mais rápido. Sempre que a população é multiplicada por 10, a de operárias máximas é

multiplicada por 21,4. Depois de 5 anos essa proporção aumenta para 35% e se mantém

assim até o desaparecimento da colônia. Quanto ao número total de indivíduos, ele aumenta

rapidamente durante a fase ergonômica: cerca de 11.000 depois de 1 ano, 20.000 a 30.000

Page 25: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

11

depois de 2 anos, 100.000 após 3 anos. O crescimento continua até o número máximo de

indivíduos, cerca de 200.000 a 230.000, sendo atingido quando a colônia tem entre 4 a 6

anos. A fase de crescimento (ergonômica) dura cerca de cinco anos, momento em que a

colônia possui cerca de 200.000 indivíduos, e a partir desse momento o número de

operárias se mantém e a colônia passa a produzir indivíduos sexuados, iniciando a fase

reprodutiva. A colônia pode viver muitos anos, pois a rainha tem uma expectativa de vida de

cerca de oito anos e muitas vezes é substituída após sua morte (TSCHINKEL, 1988).

3.5.1. Aspectos da morfologia interna do aparelho reprodutor feminino

O aparelho reprodutor feminino das formigas é constituído por um par de ovários

situados no gáster, os quais se unem na região proximal por sobre o trato digestório e na

região distal no oviduto comum. Cada ovário é composto por um conjunto de ovaríolos que

desembocam, independentemente, no cálice de ovos, de onde parte o oviduto lateral. O par

de oviduto lateral se une formando o oviduto comum, que desemboca na abertura genital.

Sobre este oviduto encontra-se a espermateca, pequena bolsa onde são armazenados os

espermatozóides recebidos durante o voo nupcial (Anexo 1). Nas rainhas os ovários são

mais desenvolvidos, e as operárias, geralmente, apresentam os ovários atrofiados (número

de ovaríolos reduzidos e, às vezes, um ou outro ovócito em desenvolvimento, porém sem

chegar ao desenvolvimento completo) (CAETANO et al., 2002). O número de ovaríolos, por

ovário, varia consideravelmente entre as espécies. Em S. saevissima, esse número é de

cerca de 80-90. Em cada ovaríolo ocorre apenas 1 ovócito desenvolvido ou em

desenvolvimento ao mesmo tempo, e ambos os ovários funcionam simultaneamente na

produção de ovócitos (HERMANN; BLUM, 1965).

3.6. Organização social

As colônias de S. invicta apresentam duas formas de organização social. Na forma

monogínica a colônia apresenta apenas uma rainha. Colônias monogínicas são agressivas

intraespecificamente, defendendo seu território contra colônias vizinhas e se reproduzem

pela emissão de indivíduos sexuais alados. Após o voo nupcial, a fêmea recém-fecundada

funda uma nova colônia sem a ajuda das operárias de sua colônia natal (MARKIN et al.,

1972; TSCHINKEL; HOWARD, 1983). Já nas colônias poligínicas, várias rainhas estão

Page 26: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

12

presentes, n�o necessariamente apresentando rela��o de parentesco entre elas. Os ninhos

n�o s�o territoriais e as col�nias se reproduzem por fragmenta��o (TSCHINKEL, 2006;

HOLWAY et al., 2002; RIBEIRO; CAMPOS-FARINHA, 2005; FLETCHER, 1983;

GREENBERG et al., 1985; PORTER et al., 1988; H�LLDOBLER; WILSON, 1977).

Oper�rias de col�nias polig�nicas, nos Estados Unidos, s�o menores (GREENBERG

et al., 1985), menos agressivas em rela��o �s companheiras que n�o s�o do mesmo ninho

(MIRENDA; VINSON, 1982), e s�o mais tolerantes � presen�a de muitas rainhas

(FLETCHER; BLUM, 1983). Rainhas de col�nias polig�nicas produzem menos ovos do que

aquelas de col�nias monog�nicas (FLETCHER et al., 1980; GREENBERG et al., 1985;

VARGO; PORTER, 1989) e col�nias polig�nicas produzem poucos sexuais,

presumivelmente por causa dos altos n�veis de ferom�nios inibit�rios da produ��o reunida

de muitas rainhas (VARGO; FLETCHER, 1986; 1987).

A fim de investigar a quantidade de rainhas presentes em cada col�nia se torna

necess�ria a remo��o total desta e observa��o em busca de rainhas �pteras fisog�stricas.

Recentemente alguns pesquisadores descobriram que tal organiza��o social � regulada por

um gene (KRIEGER; ROSS, 2002). O Gp-9 codifica uma prote�na da fam�lia das OBPs

(“odorant-binding proteins”) que pode estar envolvida no reconhecimento da esp�cie,

influenciando na habilidade das oper�rias em identificar e regular o n�mero de rainhas. Nas

col�nias monog�nicas tanto a rainha quanto as oper�rias s�o homozigotas para esse gene

(BB). J� nas col�nias polig�nicas a rainha � heterozigota (Bb) e as oper�rias podem ser BB,

Bb e bb (MESCHER et al., 2003). A presen�a ou aus�ncia do alelo b entre as oper�rias

parece ser o que determina tal organiza��o. Quando uma propor��o significante de

oper�rias da col�nia carrega esse alelo, toda popula��o de oper�rias se torna tolerante as

m�ltiplas rainhas que carregam o alelo b e a col�nia expressa o fen�tipo da poliginia

(KELLER; ROSS, 1998; ROSS; KELLER, 2002).

A propor��o de oper�rias BB em col�nias polig�nicas na popula��o de S. invicta

introduzida nos Estados Unidos � de 0,26-0,64. Esses estudos ainda s�o escassos em

rela��o � popula��o nativa, n�o sendo poss�vel calcular a probabilidade de n�o detec��o de

poliginia quando apenas uma f�mea por ninho � utilizada (MESCHER et al., 2003).

Mescher et al. (2003) investigaram a distribui��o de col�nias polig�nicas na Am�rica

do Sul, constatando uma ocorr�ncia na Regi�o Centro-Sul, e diagnosticaram que trechos

isolados de poliginia ocorrem em v�rios locais diferentes, separados por popula��es

monog�nicas, um padr�o superficialmente similar com aquele que ocorre nos Estados

Unidos. Dessa forma, constataram que os fatores clim�ticos, ecol�gicos ou as

caracter�sticas do habitat, distintas em diferentes regi�es, n�o favorecem a persist�ncia de

uma forma sobre a outra, conclus�o refor�ada pela co-ocorr�ncia de ambas as formas em

todos os locais onde eles detectaram poliginia.

Page 27: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

13

3.7. Estrutura colonial

Existem col�nias de formigas que apresentam seus limites bem definidos, condi��o

conhecida como multicolonialidade. Tais formigas defendem seus territ�rios agressivamente

contra formigas de outras col�nias, o que pode limitar a densidade populacional desses

insetos, porque tal comportamento consome recursos, tempo e energia que poderiam ser

gastos para o crescimento, manuten��o e reprodu��o da col�nia (H�LLDOBLER; WILSON,

1990; 1977).

As esp�cies unicoloniais, entretanto, n�o apresentam agress�o intraespec�fica nem

limites definidos, podendo formar supercol�nias compostas por diversos ninhos

interconectados. Suas popula��es frequentemente atingem altas densidades, favorecendo a

habilidade competitiva, principalmente em esp�cies invasoras (H�LLDOBLER; WILSON,

1990). Tsutsui et al. (2000) e Giraud et al. (2002) observaram em popula��es introduzidas

de Linepithema humile na Europa a ocorr�ncia de supercol�nias, com uma extens�o de

v�rios quil�metros.

3.8. Fases de desenvolvimento

Assim como os demais Hymenoptera, as formigas apresentam metamorfose

completa, passando pelos est�gios de ovo, larva, pupa e adulto. S. invicta apresenta quatro

�nstares larvais (O’NEAL; MARKIN, 1975; PETRALIA; VINSON, 1978; H�LLDOBLER;

WILSON, 1990). As larvas de oper�rias m�nimas, m�ximas e de reprodutores s�o

morfologicamente indistingu�veis, exceto pelo tamanho (PETRALIA; VINSON, 1979).

O tempo m�dio de desenvolvimento (ovo-adulto) para as oper�rias � de

aproximadamente 20 a 45 dias (H�LLDOBLER; WILSON, 1990).

Fletcher et al. (1980) reportaram que rainhas fisog�stricas produzem cerca de 200

ovos por dia. Entretanto, as rainhas de col�nias polig�nicas produzem apenas 20 ou 30. As

larvas usualmente eclodem em cerca de 8 a 10 dias (FINCHER; LUND, 1967, PETRALIA;

VINSON, 1978) e se desenvolvem de 6 a 10 dias quando, enfim, se tornam pupas. Os

adultos emergem de 9 a 15 dias (CALIFORNIA, 2009; HEDGES, 1998) podendo ser

indiv�duos est�reis (oper�rias �pteras), f�meas aladas ou machos alados (TSCHINKEL,

2006).

Page 28: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

14

O tempo m�dio de vida das oper�rias de S. invicta depende de seu tamanho.

Oper�rias menores vivem de 30 a 60 dias, m�dias de 60 a 90 dias, m�ximas de 90 a 180

dias, e rainhas de 2 a 6 anos (HEDGES, 1998).

3.9. Importância econômica

Os danos causados por essas formigas nos Estados Unidos em planta��es de milho,

batata, feij�o, repolho e lim�o s�o relatados desde 1935 (DELLA LUCIA, 2003). Elas s�o

capazes de deformar as plantas, causando danos diretos � agricultura, com perdas de 31,2

a 156,4 milh�es de d�lares, dependendo da porcentagem da �rea total dos plantios ocupada

pelos ninhos (ALMEIDA, 2007). Algumas esp�cies s�o importantes devido � sua associa��o

com pulg�es. Reis Filho et al. (2001) relatam a associa��o dessas formigas com pulg�es do

g�nero Cinara em planta��o de Pinus taeda, no sul do Brasil. Elas podem tanto beneficiar

as plantas, atrav�s da preda��o de insetos sugadores de seiva, como tamb�m podem

prejudic�-las, reduzindo o n�mero de insetos ben�ficos, como os dispersores de sementes

(Global Invasive Species Database – GISD, 2010).

Al�m disso, obter um produto qu�mico eficiente para o controle � muito dif�cil. Willians

(1994) relatou que de 7.100 produtos qu�micos testados por diversos pesquisadores nos

laborat�rios do USDA nos Estados Unidos apenas cinco produtos comercialmente aptos

foram gerados.

Nos Estados Unidos, onde � praga, tem causado bilh�es de d�lares em danos �

agricultura e tem tido um grande impacto sobre a seguran�a p�blica e ambiental

(CALIFORNIA, 2009). Nesse pa�s s�o gastos anualmente cerca de 2,5 bilh�es de d�lares na

tentativa de controle de Solenopsis spp. e cerca de 50% das pessoas que habitam regi�es

infestadas por essas formigas s�o ferroadas pelo menos uma vez por ano, sendo que

muitas delas acabam por necessitar de cuidados m�dicos (DELLA LUCIA, 2003). Apesar de

todos esses gastos no controle dessas formigas, elas continuam a se expandir para novas

�reas. Sua agressividade e ferroadas dolorosas contribuem para a avers�o dos

trabalhadores rurais em efetuar colheita e outras pr�ticas culturais em �reas infestadas. Elas

atacam e matam animais, principalmente aves. Seus ninhos tamb�m podem danificar os

equipamentos agr�colas (HEDGES, 1998).

Ocasionalmente, se alimentam de plantas em jardins residenciais, sendo mais

frequentes durante o tempo quente e seco, podendo se tornar tamb�m um inc�modo aos

jardineiros.

Page 29: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

15

Quando nidificam em materiais el�tricos causam danos a essas estruturas, como

curtos-circuitos e outros problemas mec�nicos (CALIFORNIA, 2009).

Conforme a col�nia da formiga lava-p�s aumenta de tamanho, as popula��es de

formigas nativas s�o reduzidas diretamente pela preda��o ou indiretamente pela

competi��o por alimento e local de nidifica��o (WOJCIK, 1983).

S. invicta reduz a biodiversidade de invertebrados e r�pteis, podendo matar ou ferir

sapos, lagartos e pequenos mam�feros. �reas p�blicas, tais como, parques, podem tornar-

se perigosas para as crian�as devido as ferroadas dessa formiga (GISD, 2010).

Na Am�rica do Sul a formiga lava-p�s n�o tem um impacto econ�mico t�o grande

quanto na Am�rica do Norte, pois parece que a grande riqueza de esp�cies de formigas e

outros insetos regula a popula��o de Solenopsis. Mesmo assim, em 1993, a cidade de

Envira, no Estado do Amazonas, declarou estado de calamidade p�blica, devido ao ataque

da formiga lava-p�s S. saevissima. Al�m de atacar a popula��o do munic�pio, tamb�m

causou danos a produ��o agr�cola, com reflexos negativos para a economia local. Nesse

mesmo ano o governo norte-americano doou ao Estado do Amazonas 3.000 quilos de um

formicida a base de fenoxicarbe, registrado nos Estados Unidos para o controle dessa

formiga (BRASIL, 2010). O mesmo ocorreu na cidade de Eirunep� em 2005, onde S.

saevisssima foi surgindo aos poucos, provavelmente vinda do munic�pio de Envira. Nessa

ocasi�o a popula��o de lava-p�s chegou a ser 20 vezes maior do que o normal. As crian�as

do local acabaram sendo as principais v�timas de seus ataques, e as fam�lias precisavam

colocar pratos com �gua nos p�s da mesa para proteger seus alimentos (FANT�STICO,

2010). O desmatamento nesses locais, a presen�a de restos alimentares e a utiliza��o de

inseticidas em demasia por causa da presen�a de mosquitos na �rea, foram fatores que

favoreceram o aumento populacional dessas formigas nessas cidades (BUENO –

informa��o pessoal).

3.10. Veneno

Normalmente, o conceito que se tem, � que as formigas apresentam apenas uma

pequena parcela de culpa nos acidentes por ferroadas. Por�m, Escher et al. (2001)

realizaram um estudo no Brasil onde identificaram e classificaram a ocorr�ncia de acidentes

por ferroadas de himen�pteros sociais no Estado de S�o Paulo, de acordo com o tipo de

inseto. Os resultados mostraram que de 138 pacientes estudados, 37% foram acidentados

por vespas, 32% por abelhas e 31% por formigas. Estes resultados sugerem uma

Page 30: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

16

distribui��o bastante homog�nea no grupo de insetos provocadores de acidentes, com

participa��o semelhante das formigas nos casos de sa�de p�blica.

As ferroadas das formigas lava-p�s provocam severas rea��es na pele humana,

sendo S. invicta e S. richteri as esp�cies mais importantes (HADDAD JUNIOR et al., 1996).

No Brasil, a maior quantidade de acidentes de import�ncia m�dica com formigas deve-se �

esp�cie S. saevissima (MALASPINA, 2004).

Elas s�o extremamente agressivas e qualquer perturba��o no ninho faz com que

ataquem rapidamente e �s centenas.

Essas formigas possuem um mecanismo de ferroada interessante. Fixam-se � pele

da v�tima com as mand�bulas e introduzem o ferr�o abdominal que � conectado a uma

gl�ndula de veneno. A partir da fixa��o ela pode girar o corpo aplicando de 10 a 12

ferroadas se n�o for retirada, injetando aproximadamente 10 μg de veneno (MALASPINA,

2004), o que origina uma p�pula urticariforme quase imediatamente. Ap�s 24 horas surge

uma p�stula no local, que desaparece de tr�s a oito dias.

A ocorr�ncia de um grande n�mero de ferroadas resulta numa sensa��o de

queimadura no local, por isso o nome comum formiga-de-fogo (TANKERSLEY, 2008). Al�m

disso, pode ocasionar uma infec��o secund�ria, com abscessos e adenopatia, e at� mesmo

necrose de extremidades por infec��o. Outros sintomas s�o angioedema, sensa��o de

opress�o tor�cica, n�useas, v�mitos e choque anafil�tico. E em alguns casos, at� a morte.

Seu veneno � constitu�do por alcal�ides oleosos, componentes respons�veis pela

forma��o de p�stulas, sendo altamente citot�xico, capaz de destruir c�lulas da epiderme.

Uma pequena parte do veneno � prot�ica e in�cua para a maior parte da popula��o, sendo,

por�m, catastr�fica para pessoas que apresentam sensibilidade, provocando alergia em

diversos graus (HADDAD JUNIOR et al., 1996). O veneno cont�m cerca de 95% de

alcal�ides e uma solu��o aquosa contendo prote�nas, que corresponde a cerca de 0,1% do

peso total. Essas prote�nas s�o alerg�nicas e conhecidas como Solenopsina (Sol i 1, com

atividade fosfolipase A e B; Sol i 2, com 2/3 da concentra��o total das prote�nas; Sol i 3,

componente da fam�lia do ant�geno 5 e Sol i 4, que representa de 8 a 10% da concentra��o

da prote�na total do veneno) (HOFFMAN, 1995).

Page 31: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

17

4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1. Área experimental

O experimento foi conduzido entre dezembro de 2008 e agosto de 2009. Foram

selecionados diversos locais, no Munic�pio de S�o Paulo, para a coleta dos ninhos: Parque

Ibirapuera, Parque Villa-Lobos, USP – Cidade Universit�ria, Instituto Biol�gico, Parque da

Aclima��o, Parque da Independ�ncia, Parque da �gua Branca, Parque da Luz, Detran e

Parque Trianon.

A sele��o desses locais foi definida pela presen�a de extensa �rea gramada, sendo

favor�vel a infesta��o por formigas lava-p�s.

A localiza��o de todos os ninhos foi registrada com o aux�lio de um aparelho de GPS

(eTrex� Vista). No momento da coleta, dados referentes � presen�a de oper�rias de

diferentes tamanhos (polimorfismo), sexuais alados, rainhas e crias em cada ninho foram

anotados, bem como temperatura e umidade do local.

4.2. Identificação

Em todos os ninhos avaliados foram coletadas oper�rias, as quais foram

armazenadas em etanol 100% para posterior identifica��o.

Por meio da an�lise do gene mitocondrial da citocromo oxidase I (COI) foi realizada

a identifica��o molecular das esp�cies. Para a amplifica��o de um fragmento de

aproximadamente 460 pb desse gene, foi desenhado o seguinte par de primers: COI-F (5’ –

GATTTTTTGGKCAYCCMGAAG – 3’) e COI-R (5’ – CRAATACRGCTCCTATWGATAAWAC

– 3’), baseados em regi�es conservadas do gene entre diversas esp�cies de artr�podes.

Para tal an�lise foi realizada a extra��o do DNA das oper�rias coletadas, amplifica��o do

gene de interesse atrav�s de PCR, sequenciamento e compara��o com as sequ�ncias

depositadas no GenBank.

Ap�s a an�lise molecular essas oper�rias foram observadas, com o aux�lio de um

estereomicrosc�pio (marca: Carl Zeiss, modelo: 47 50 02) (aumento 40x), em rela��o aos

caracteres morfol�gicos, com base na avalia��o das oper�rias maiores, sendo comparados

com os caracteres utilizados por Pitts et al. (2005). Essa avalia��o foi realizada ap�s a

Page 32: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

18

an�lise molecular a fim de verificar diferen�as morfol�gicas entre as esp�cies (hapl�tipos)

identificadas por meio do sequenciamento do gene COI.

4.2.1. Extração de DNA

Nesse procedimento foi utilizado um esp�cime de cada ninho, que foram colocados

em papel filtro a fim de retirar o excesso de �lcool, e posteriormente dispostos em

microtubos de 1,5 mL, os quais foram colocados numa centr�fuga a v�cuo por 5 minutos

para secagem.

Para a extra��o do DNA utilizou-se o kit DNeasy� Blood & Tissue (marca: QIAGEN�)

e seguiu-se o protocolo do fabricante. Acrescentou-se 180 μL de tamp�o ATL no microtubo

onde se encontrava a formiga, que foi triturada com o aux�lio de um bast�o pl�stico, a fim de

fragmentar o exoesqueleto e triturar os �rg�os internos. Adicionou-se 20 μL de proteinase K

e agitou-se no Vortex. Os microtubos, ent�o, foram colocados para incuba��o a 56�C num

termomixer por um per�odo de 1-3 horas, para completar a lise, e em seguida foram

agitados novamente no Vortex por 15 segundos. Adicionou-se 200 μL de tamp�o AL �

amostra, a qual foi agitada novamente. Em seguida, foram adicionados 200 μL de etanol

(96-100%) e agitou-se a amostra mais uma vez. Toda essa mistura foi em seguida colocada

numa coluna contendo um filtro de s�lica para reten��o do DNA, a qual estava inserida num

tubo de 2 mL. As amostras foram centrifugadas a 8000 rpm por 1 minuto. O filtrado foi

descartado e a coluna foi colocada num novo tubo de 2 mL. Foram acrescentados 500 μL de

tamp�o AW1 e centrifugou-se a amostra por 1 minuto a 8000 rpm novamente. Descartou-se

o filtrado e a coluna foi colocada num novo tubo de 2 mL. Acrescentou-se 500 μL de tamp�o

AW2 e centrifugou-se por 3 minutos a 14000 rpm. O filtrado foi descartado novamente e a

coluna transferida para um microtubo de 1,5 mL. Adicionou-se 200 μL de tamp�o AE para

elui��o e centrifugou-se a 8000 rpm por 1 minuto. A coluna foi descartada e no microtubo

ficou o DNA purificado.

4.2.2. Reação de polimerização em cadeia (PCR)

Foram utilizados microtubos de 0,2 mL para cada amostra. Em cada microtubo foram

acrescentados, com aux�lio de pipeta autom�tica, 4 μL do DNA de cada amostra, 1 μL do

primer F a 10 μM, 1 μL do primer R a 10 μM, 10 μL do tamp�o 5X para PCR, 1 μL de dNTPs

Page 33: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

19

a 10 mM, 0,2 μL de Taq polimerase 5U/μL e 32,8 μL de �gua, totalizando 50 μL por

microtubo. Os primers utilizados foram espec�ficos para cada gene de interesse. Ap�s isso

as amostras foram agitadas no Vortex.

Todas as amostras foram colocadas, ent�o, num termociclador (PTC-100™

Programmable Thermal Controller), onde foi determinado o seguinte programa:

94 �C por 2 minutos – desnatura��o inicial

94 �C por 15 segundos – desnatura��o

58 �C por 30 segundos – anelamento

72 �C por 30 segundos – extens�o

72 �C por 4 minutos – extens�o final

4 �C por tempo indeterminado

As amostras amplificadas foram submetidas a eletroforese para verificar se o gene

de interesse tinha sido amplificado.

Para isso utilizou-se um gel de agarose 1,5%, o qual foi acondicionado no

equipamento Thermo EC-Minicell� Primo™ EC 320. Colocou-se 4 μL de cada amostra no

gel. Esse gel foi retirado do equipamento e colocado numa c�mara com luz ultravioleta

para capta��o da imagem.

4.2.3. Purificação do produto amplificado

Essa t�cnica foi realizada para elimina��o dos dNTPs e primers que n�o foram

incorporados aos produtos.

Em cada amostra amplificada por PCR foram adicionados 1,9 μL de EDTA 0,5M, 34

μL de PEG 50% e 9,6 μL de NaCl 5M. Ap�s isso foram agitadas no Vortex. Ent�o,

centrifugou-se a 12000 g por 10 minutos. O sobrenadante foi descartado e acrescentou-se

125 μL de etanol 70% para lavagem. Novamente as amostras foram centrifugadas a 12000

g por mais 10 minutos. O etanol foi descartado e elas foram colocadas numa centrifuga a

v�cuo para secagem por 10 minutos. Em seguida, 40 μL de �gua foram adicionados.

40 ciclos

Page 34: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

20

4.2.4. Sequenciamento

Utilizou-se para cada amostra 5,67 μL do DNA purificado, 2 μL do tamp�o SM, 2 μL

de Big Dye e 0,33 μL de cada primer F e R (separadamente e espec�fico para cada gene).

As amostras foram acondicionadas numa microplaca de 96 po�os, a qual foi

centrifugada a 1000 rpm por alguns segundos. Em seguida foi colocada no termociclador

com o seguinte programa:

96 �C por 30 segundos

50 �C por 15 segundos

60 �C por 4 minutos

4 �C por tempo indeterminado

Ap�s esse per�odo as amostras foram retiradas do termociclador e acrescentou-se

em cada uma 40 μL de isopropanol 75% para precipitar o DNA e descartar os nucleot�deos

que n�o foram incorporados.

Em seguida as amostras foram centrifugadas por 30 minutos a 4000 rpm. A

suspens�o foi descartada e centrifugou-se novamente, dessa vez com a placa invertida, a

1000 rpm por 1 minuto. Mais uma lavagem foi realizada, dessa vez com 100 μL de

isopropanol 75%, o qual foi descartado em seguida. Centrifugou-se novamente com a placa

invertida a 1000 rpm por 1 minuto.

As amostras foram, ent�o, colocadas numa estufa a 37 �C por 30 minutos para

secar. E ap�s esse per�odo elas foram retomadas em 2 μL de tamp�o de carregamento, e

centrifugadas por mais 1 minuto a 1000 rpm.

Foram colocadas, ent�o, no termociclador por 2 minutos a 95 �C para desnatura��o.

Em seguida aplicou-se 1 μL de cada amostra num gel de poliacrilamida e estas foram

submetidas a uma corrente el�trica para separar os diferentes fragmentos gerados, os quais

foram lidos por um feixe de laser no sequenciador (marca: Applied Biosystems, modelo: ABI

377) durante um per�odo de aproximadamente 7 horas. Os sinais fluorescentes foram

transferidos para um computador que analisou a posi��o e a for�a do sinal produzindo um

cromatograma de picos coloridos, onde cada cor representou uma determinada base (A, T,

C ou G). As sequ�ncias obtidas foram analisadas e editadas manualmente com o uso do

programa BioEdit. Para identifica��o das esp�cies procurou-se por sequ�ncias parecidas no

GenBank atrav�s do programa Blastn (ALTSCHUL et al., 1990).

Uma �rvore filogen�tica foi constru�da para observar o agrupamento entre os

hapl�tipos encontrados nesse trabalho e sequ�ncias depositadas no GenBank. As

25 ciclos

Page 35: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

21

sequências foram alinhadas empregando-se o programa ClustalW (THOMPSON et al.,

1994) e a árvore filogenética foi construída pelo método de Neighbor-Joining (SAITOU; NEI,

1987) utilizando-se o programa MEGA4 (TAMURA et al., 2007).

4.3. Poliginia

Para observar a presença de poliginia foram coletados ninhos isolados (distância

superior a 2 metros de outro ninho). Com o auxílio de uma pá removeu-se integralmente os

murundus (40 cm de profundidade), os quais foram espalhados em bandejas plásticas

brancas (53 cm x 44 cm x 9 cm) com as laterais revestidas por Teflon-30 (Dupont) (Figuras

1 e 2). Toda a terra foi cuidadosamente remexida, com as mãos protegidas por luvas de

látex, e observada à procura de rainhas ápteras fisogástricas, que quando presentes foram

coletadas. Fêmeas aladas também foram coletadas e levadas ao laboratório.

As fêmeas aladas foram dissecadas para observar a ocorrência de inseminação.

Para isto, elas foram colocadas em frascos de vidro e levadas ao congelador por 10

minutos. Após esse período foram dispostas em placas de Petri de vidro, com o fundo

preenchido por parafina preta, contendo uma solução salina a 0,6%. A dissecção foi

realizada com o auxílio de pinças sob observação num estereomicroscópio (marca: Carl

Zeiss, modelo: 47 50 02) (aumento 16x) (Figura 3). Ao localizar o aparelho reprodutivo

anotou-se o grau de desenvolvimento dos ovários, baseado nos trabalhos de Caetano et al.

(2002) e Hermann e Blum (1965). A espermateca foi retirada, colocada numa lâmina onde

foi rompida e, então, observada no microscópio ótico (aumento 400x) para verificar a

presença de espermatozóides.

A presença de mais de uma fêmea inseminada por ninho indicou a ocorrência de

poliginia.

Page 36: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

22

Figura 1. Coleta integral de ninho de formiga lava-pés com auxílio de uma pá.

Figura 2. Observação da terra coletada em busca de rainhas ápteras fisogástricas e fêmeas aladas.

Page 37: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

23

Figura 3. Sistema reprodutor de f�mea alada dissecada.

An�lises moleculares tamb�m foram empregadas no estudo dessa caracter�stica, por

meio do gene Gp-9. Para a amplifica��o de um fragmento de aproximadamente 431 pares

de base desse gene (Figura 4) foram empregados os primers Gp9-F (5’ –

GGAGCTGATTATGATGAAGAGAAAAT – 3’) (ROSS et al., 2003) e Gp9-490-R (5’ –

GTATGCCAGCTGTTTTTAATTGC – 3’) (KRIEGER; ROSS, 2005). Os mesmos

procedimentos empregados na identifica��o foram utilizados nesse teste (extra��o do DNA,

PCR e sequenciamento). Col�nias homozigotas (BB) foram consideradas monog�nicas

enquanto que col�nias heterozigotas (Bb) foram consideradas polig�nicas (KRIEGER;

ROSS, 2002).

7 mm

Page 38: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

24

Figura 4. Eletroforese em gel de agarose 1,5% do produto da amplificação do gene Gp-9.

4.4. Polidomia

A fim de verificar a existência de polidomia foram coletados ninhos com uma

distância máxima de 2 metros um do outro. Retirou-se apenas uma parte do murundu,

contendo operárias e crias, que foram dispostas em potes plásticos. Para o controle foram

utilizados ninhos de outra localidade, um para cada par de ninhos próximos avaliados. No

laboratório cada ninho foi colocado numa bandeja plástica branca (30 cm x 26 cm x 8 cm)

com as laterais revestidas por Teflon-30 (Dupont) e mantido sem alimento (apenas água)

por 48h. Após esse período eles foram dispostos numa arena de forrageamento, elaborada

com três recipientes plásticos (12 cm x 8 cm) conectados por uma mangueira de 15 cm de

comprimento, onde foram estudadas as interações comportamentais frente a uma fonte de

alimento (Figura 5).

No centro da arena foram colocados dois tipos de iscas: uma de sardinha e outra de

mel diluído em água (1:1). Os comportamentos de competição entre as operárias dos

diferentes ninhos foram anotados por um período de quatro horas, sendo duas horas

durante a manhã e duas horas durante a tarde.

A avaliação dos comportamentos foi baseada em Holway et al. (1998) e modificada

por Giraud et al. (2002), sendo registrados os seguintes parâmetros:

0. Ignora: contato físico no qual nenhuma das formigas demonstra interesse;

1. Antenação: toque da antena repetidas vezes no corpo da outra operária;

Page 39: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

25

2. Evitação: uma ou ambas as formigas movem-se rapidamente em direções

opostas após o contato;

3. Flexão dorsal: elevação vertical do gáster (comportamento realizado durante

liberação de compostos de defesa);

4. Agressão: morder ou puxar as extremidades ou a cabeça da oponente, ou

liberar veneno;

5. Luta: agressividade prolongada, geralmente com uma das operárias

prendendo na mandíbula parte do corpo da outra ou carregando-a.

Os níveis de 0-2 foram considerados comportamentos não-agressivos, enquanto que

de 3-5 considerou-se agressão.

Figura 5. Arenas de forrageamento para interação de formigas lava-pés de ninhos próximos frente a uma fonte de alimento.

4.5. Desenvolvimento de ovo a adulto

Para o estudo do desenvolvimento das formigas do grupo de espécies Solenopsis

saevissima em laboratório, foram utilizadas as mesmas rainhas ápteras fisogástricas

coletadas para a avaliação de poliginia. Elas foram dispostas em bandejas plásticas brancas

(30 cm x 26 cm x 8 cm) com as laterais revestidas por Teflon-30 (Dupont) junto com 60

operárias, de diferentes tamanhos, provenientes do mesmo ninho. Dentro de cada bandeja

foi colocada uma placa de Petri de plástico (6 cm x 1,5 cm) com o fundo revestido por gesso

Page 40: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

26

de dentista com uma cavidade na região central, para o estabelecimento da colônia. A

tampa dessas placas foi coberta com papel celofane vermelho para diminuir a intensidade

luminosa e permitir a visualização interna e aberturas laterais foram feitas para entrada e

saída das formigas. Todos os ninhos foram providos com água, mel diluído (1:1) e larvas de

Tenebrio molitor (Figura 6 ).

Após a confirmação da primeira postura, acompanhou-se o desenvolvimento dos

ovos até a emergência dos adultos. Foram anotados, com o auxílio de um contador manual,

o número de operárias, quantidade de cria e fases de desenvolvimento, número de rainhas

e quantidade de formigas mortas. As formigas mortas eram retiradas da bandeja com um

pincel e depositadas em frascos contendo etanol 70%. Dados como temperatura e umidade

também foram anotados. As avaliações foram realizadas três vezes na semana, nos dias de

reposição do alimento.

Duas avaliações foram realizadas, uma no período de primavera/verão (de

outubro/2008 a março/2009), em sala climatizada (temperatura 25±2 °C e umidade 70±10%)

e outra avaliação no período outono/inverno (de abril/2009 a setembro/2009), em BOD

(temperatura 21±1 °C e umidade 55±10%). Ambas com um fotoperíodo de 12 horas. Esses

dados climáticos foram baseados nas médias de temperatura e umidade na cidade de São

Paulo nos últimos cinco anos.

Figura 6. Colônia de formigas do grupo de espécies Solenopsis saevissima acondicionada em bandeja plástica.

Page 41: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

27

4.6. Análise estatística

Para descrever o perfil da amostra segundo as vari�veis em estudo, foram feitas

tabelas de frequ�ncia das vari�veis categ�ricas (comportamento das formigas,

presen�a/aus�ncia de poliginia e tipos de hapl�tipos), com valores de frequ�ncia absoluta

(n) e percentual (%) e estat�sticas descritivas das vari�veis num�ricas (quantidade e �ndice

de cria, temperatura e umidade) com valores de m�dia, desvio padr�o, valores m�nimo e

m�ximo, mediana e quartis.

Na determina��o do desenvolvimento das col�nias, a fim de analisar e comparar a

quantidade de cria entre per�odos e semanas foi utilizada a an�lise de vari�ncia para

medidas repetidas (“Repeated Measures ANOVA”), seguida do teste post-hoc de Tuckey

para compara��es m�ltiplas entre per�odos e do teste de perfil por contrastes (“Profile test”)

para compara��o entre semanas.

A polidomia foi investigada com base nos comportamentos das formigas entre os

ninhos pr�ximos A x B e A/B x Controle sendo estatisticamente analisada por meio do teste

de McNemar para amostras relacionadas.

A compara��o da poliginia entre os hapl�tipos e a polidomia, poliginia e hapl�tipos

entre os parques foi feita por meio do teste exato de Fisher (para valores esperados

menores que 5) (BOX; JENKINS, 1976; CONOVER, 1971; CONOVER; IMAN, 1981;

FLEISS, 1981; MILLIKEN; JOHNSON, 1984; MONTGOMERY, 1991; SIEGEL; CASTELLAN

JR., 2006).

O n�vel de signific�ncia adotado para os testes estat�sticos foi de 5% (p<0,05).

Para a an�lise estat�stica utilizou-se o programa computacional: The SAS System for

Windows (Statistical Analysis System), vers�o 8.02. SAS Institute Inc, 1999-2001, Cary, NC,

USA.

Page 42: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

28

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. Área experimental

Dentre os locais visitados para coleta, tr�s n�o possu�am ninhos de formigas lava-

p�s ou estes ficavam em locais de dif�cil acesso n�o podendo ser coletados. S�o eles:

Parque da Aclima��o, Parque da Independ�ncia e Parque Trianon.

5.2. Identificação

Oper�rias provenientes de sessenta e quatro ninhos foram analisadas

molecularmente, identificando-se a ocorr�ncia de quatro hapl�tipos diferentes. O hapl�tipo 4

foi encontrado na maior parte das coletas, seguido pelos hapl�tipos 2, 3 e 1,

respectivamente (Figura 7).

Os hapl�tipos 1 e 2 apresentaram uma maior similaridade com as sequ�ncias de S.

saevissima depositadas no GenBank, enquanto que os hapl�tipos 3 e 4 foram mais

parecidos com as sequ�ncias de S. invicta (Tabela 1).

Na �rvore filogen�tica os hapl�tipos 1 e 2 se agruparam com sequ�ncias de S.

saevissima provenientes da regi�o de Belo Horizonte, al�m das regi�es de sudoeste ao

norte – nordeste do Brasil (ROSS et al, 2009) (Figura 8). O hapl�tipo 3 encontra-se

indefinido, entre os agrupamentos de S. saevissima e S. invicta. O hapl�tipo 4 agrupou-se

com as sequ�ncias de S. invicta da regi�o do Paran�.

A distribui��o e porcentagem dos hapl�tipos por parque pode ser observada na

figura 9 e a compara��o entre os parques por meio do Teste Exato de Fisher na Tabela 2

(P<0.001). Houve signific�ncia estat�stica para uma maior frequ�ncia do hapl�tipo 4 no

Instituto Biol�gico, na USP, no Parque Villa-Lobos e no Parque da Luz. O Detran foi o local

onde o hapl�tipo 3 teve a maior frequ�ncia. No parque da �gua Branca houve uma maior

freq��ncia dos hapl�tipos 1 e 2, e no Ibirapuera uma maior freq��ncia do hapl�tipo 2

(Tabela 2). O Instituto Biol�gico foi o �nico local onde houve a ocorr�ncia de todos os

hapl�tipos, caracterizando-se desta forma, S. invicta a esp�cie mais comum nos parques

avaliados (Figura 9). Esses dados s�o similares ao de um estudo realizado por Mackay et al.

(1994) no Estado do Mato Grosso do Sul, onde S. invicta foi a esp�cie mais comum e com

distribui��o mais ampla, j� S. saevissima foi encontrada em apenas duas localidades

Page 43: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

29

(N=41). Entretanto, o resultado encontrado difere do levantamento realizado por Campos

(1991), onde foi encontrada uma maior distribuição de S. saevissima em relação a S. invicta

(apenas uma localidade), no Estado de São Paulo. Isso pode ser explicado devido a grande

dificuldade na identificação morfológica dessas formigas, podendo ter acarretado possíveis

identificações erradas dessas espécies, especialmente com relação a S. invicta e S.

saevissima, que são muito difíceis de distinguir entre si.

9.4%

15.6%

10.9%64.1%

Haplótipo 1

Haplótipo 2

Haplótipo 3

Haplótipo 4

Figura 7. Representatividade dos haplótipos de espécies do grupo Solenopsis saevissimaencontrados na população estudada.

Tabela 1. Matriz de similaridade de sequências do gene COI de Solenopsis spp. dos quatrohaplótipos encontrados com sequências depositadas no GenBank. Nível de similaridade entre as amostras (1,000 = 100%).

Hap 1 Hap 2 Hap 3 Hap 4 FJ467540SsaevW51

AY499577SinvB25

AY950752SinvH58

Haplótipo 1 ID 0,997 0,982 0,939 0,989 0,982 0,939

Haplótipo 2 0,997 ID 0,982 0,939 0,989 0,982 0,939

Haplótipo 3 0,982 0,982 ID 0,949 0,984 0,994 0,949

Haplótipo 4 0,939 0,939 0,949 ID 0,941 0,949 1,000

FJ467540 SsaevW51 0,989 0,989 0,984 0,941 ID 0,984 0,941

AY499577SinvB25 0,982 0,982 0,994 0,949 0,984 ID 0,949

AY950752SinvH58 0,939 0,939 0,949 1,000 0,941 0,949 ID

Page 44: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

30

FJ467540-SsaevW -51

FJ467550-SsaevW -73

FJ467547-SsaevW -67

FJ467549-SsaevW -70

AY950765-SinvH89

FJ467513-SsaevO-8

FJ467512-SsaevO-7

Haplotipo-1

Haplotipo-2

AY950770-SmacMac2

FJ467526-SsaevW -16

FJ467523-SsaevW -4

FJ467522-SsaevW -5

FJ467521-SsaevW -3

FJ467520-SsaevW -2

FJ467519-SsaevW -1

AY950769-SmacMac1

AY950771-SmacMac3

Haplotipo-3

AY950749-SinvH54

AY249099-SinvH7

AY499571-SinvPu49

AY499576-SinvB24

AY950762-SinvH84

AY249100-SinvH8

EU352608-SinvMM34

AY499572-SinvPu52

AY499573-SinvB5

AY249105-SinvH13

AY499577-SinvB25

AY249097-SinvH5

AY499594-SquinB16

AY499574-SinvB7

AY249098-SinvH6

AY249104-SinvH12

AY249109-SinvH17

AY249106-SinvH14

AY499575-SinvB11

AY499595-SquinB18

AY249103-SinvH11

AY499596-SquinPu51

AY499579-SinvB49

AY499610-SrichPu12A

AY950727-SinteInt5

AY950763-SinvH85

AY950728-SinteInt6

AY499604-SquinPu99

AY499591-SquinB1

AY499592-SquinB3

AY499614-SrichPu94

AY499599-SquinPu60

AY950751-SinvH56

AY950742-SinvH47

AY950734-SinvH39

AY950733-SinvH38

AY950710-SinvH59

Haplotipo-4

AY950752-SinvH58

AY950738-SinvH43

AY950737-SinvH42

AY950736-SinvH41

AY950735-SinvH40

AY950732-SinvH37

AY280600-Myrmicarubra

0.01

Figura 8. Árvore filogenética apresentando a relação dos haplótipos do gene COI do grupo de espécies de Solenopsis saevissima obtidos no presente estudo (setas) com sequências depositadas no GenBank.

Page 45: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

31

0

20

40

60

80

100

Porc

enta

gem

deni

nhos

Parques

Hap 1

Hap 2

Hap 3

Hap 4

Figura 9. Distribuição dos haplótipos de formigas do grupo de espécies Solenopsis saevissima por parque avaliado na cidade de São Paulo.

Tabela 2. Frequência de haplótipos e resultados do teste exato de Fisher para comparação dos haplótipos de formigas do grupo de espécies Solenopsis saevissima entre os parques na cidade de São Paulo. P<0.001.

HaplótiposParques 1 2 3 4 Total

I. Biológico 210.00

15.00

15.00

1680.00 20

USP 110.00

110.00

00.00

880.00

10

Villa-Lobos 00.00

213.33

213.33

1173.33 15

Ibirapuera 228.57

457.14

114.29

00.00 7

Á. Branca 150.00

150.00

00.00

00.00 2

Luz 00.00

133.33

00.00

266.67 3

Detran 00.00

00.00

375.00

125.00 4

Total 6 10 7 38 61

* Dados em negrito são significativos

Page 46: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

32

Os caracteres morfol�gicos propostos por Pitts et al. (2005) foram utilizados para

comparar morfologicamente as oper�rias. As principais diferen�as observadas por eles entre

S. invicta e S. saevissima, em oper�rias maiores, foi com rela��o a uma faixa mediana na

parte frontal da cabe�a, estrias mandibulares, estrias na face posterior do p�s-pec�olo,

formato do p�s-pec�olo e escultura da face posterior do p�s-pec�olo. As oper�rias de todos

os hapl�tipos foram observadas quanto a essas caracter�sticas. Em aproximadamente 21%

dos ninhos n�o foram observadas oper�rias m�ximas, o que dificultou a an�lise morfol�gica.

Os ninhos coletados variaram em tamanho, desde muito pequenos (jovens) at� grandes

(col�nias maduras) e segundo Tschinkel (1988) col�nias muito jovens n�o apresentam

oper�rias m�ximas.

Em todos os hapl�tipos foi observada a presen�a de uma faixa frontal na cabe�a,

por�m nas oper�rias dos hapl�tipos 3 e 4 essa caracter�stica foi mais evidente. Esse n�o

parece ser um bom atributo para diferenciar entre essas esp�cies, pois em um mesmo ninho

havia oper�rias que possu�am e outras que n�o possu�am essa faixa, podendo ser um

caractere com varia��o intraespec�fica. Os outros caracteres se mostraram muito

semelhantes entre todos os hapl�tipos. Dall’aglio-Holvorcem (2006) prop�s a

presen�a/aus�ncia do dente clipeal mediano como car�ter morfol�gico que permite distinguir

entre S. invicta e S. saevissima. Em um dos ninhos (hapl�tipo 2) a maioria das oper�rias

(90%) n�o apresentou essa caracter�stica, enquanto que uma ou duas apresentaram

(varia��o intraespec�fica). No restante dos ninhos, todas as oper�rias observadas possu�am

esse dente. Esses dados mostram que apenas a utiliza��o dos caracteres das oper�rias

m�ximas n�o � suficiente para diferenciar as esp�cies morfologicamente, corroborando com

Pitts et al. (2005) que sugeriram acrescentar a utiliza��o de caracteres pertencentes a

outras castas (larvas de 4� �nstar, rainhas e machos) menos acess�veis nas revis�es

taxon�micas e filogen�ticas do grupo de esp�cies S. saevissima, o que pode resolver em

parte essa problem�tica.

Essas formigas tamb�m foram comparadas com esp�cimes de S. saevissima

coletados na cidade de Rio Branco, Acre, as quais s�o formigas grandes, de colora��o

uniformemente clara (amarelada), n�o possuem a faixa frontal na cabe�a e o dente clipeal

mediano parece ser ausente (vestigial em algumas oper�rias). As S. saevissima (hapl�tipos

1 e 2) coletadas nesse trabalho s�o mais escuras e possuem a faixa frontal na cabe�a,

mesmo que de forma superficial e suas oper�rias m�ximas n�o s�o t�o grandes, sendo,

portanto, bem distintas das formigas do Acre, as quais apresentam caracter�sticas t�picas

daquelas descritas para essa esp�cie. Esses dados confirmam as observa��es feitas por

Ross et al. (2009), onde uma mesma esp�cie (S.saevissima) apresentou variabilidade

fenot�pica ao longo de sua distribui��o. E a popula��o de S. saevissima da regi�o sul do

Page 47: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

33

Brasil se mostrou mais intimamente relacionada com S. invicta e S. richteri do que as S.

saevissima de outras localidades.

A coloração também não se mostrou um fator que deve ser levado em conta, visto

que operárias de um mesmo ninho variaram em tonalidades, corroborando com Ross et al.

(2009). Eles observaram uma grande variação nos padrões de coloração cuticular das

operárias de S. saevissima, limitando o uso desse caracter para diferenciar as espécies.

Dessa forma, não foi possível distinguir morfologicamente as operárias dos diferentes

haplótipos, confirmando a escassez de caracteres morfológicos diagnósticos confiáveis.

Pode ser que elas sejam espécies crípticas, morfologicamente idênticas. Dados de dois

estudos utilizando marcadores nucleares confirmaram a existência de espécies crípticas de

formigas lava-pés (ROSS; TRAGER, 1990; ROSS; SHOEMAKER, 2005). Estudos de

análises alozimáticas, bem como sequenciais de DNA mitocondrial, de numerosas amostras

sugerem a possibilidade de espécies crípticas dentro de S. invicta, S. richteri e S.

saevissima (SHOEMAKER et al., 2003).

Outra possível explicação para essa similaridade morfológica seria a ocorrência de

hibridização entre essas duas espécies. Ross et al. (2009) observaram uma diferenciação

genética regional em S. saevissima, e sugeriram que ela tem sido influenciada pela

hibridização com outras espécies. Nesse mesmo trabalho eles sugerem a ocorrência de

hibridização entre S. saevissima e S. geminata, e afirmam que um relaxamento na seleção

sexual proporcionou uma uniformidade nos fenótipos e hábitos dos machos nas diferentes

espécies, contribuindo para a hibridização. E as características fenotípicas dos machos,

incluindo a genitália, são notavelmente uniformes nas espécies do grupo S. saevissima.

5.3. Poliginia

Foram observados 36 ninhos em condições de campo. Não foram encontradas

rainhas em vinte e um deles, evento que ocorreu principalmente no período de

outono/inverno, quando a temperatura e umidade relativa do ar foram mais baixas, o que

pode ter determinado que essas rainhas ficassem a maiores profundidades no solo,

dificultando sua coleta. Nos outros quinze ninhos foi observada a presença de rainhas

sendo que 80% possuíam apenas uma rainha (N=12) e em 20% deles (N=3) foram

encontradas duas rainhas, indicando ocorrência de poliginia. De acordo com essas

observações de campo foram identificadas colônias poligínicas em apenas dois locais de

coleta (Tabela 3).

Page 48: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

34

As observações de poliginia em campo foram feitas em ninhos dos haplótipos 1,2 e

4. Ninhos do haplótipo 3 não foram encontrados. A maior parte dos ninhos observados, nos

haplótipos 2 e 4, era monogínica (Figura 10). Dos ninhos poligínicos, a maior parte (66,7%)

foi encontrada no haplótipo 4 (S. invicta) (Figura 11). A comparação da poliginia entre os

haplótipos, pelo teste exato de Fisher, não mostrou diferença siginificativa (P=0,440).

Tabela 3. Ocorrência de colônias poligínicas por parque de acordo com observações de campo, no período de fevereiro a julho de 2009.

ParquesI. Biológico USP Villa-Lobos Ibirapuera Luz

Colônias Monogínicas X X X X

Colônias Poligínicas X X

0102030405060708090

100

1 2 3 4

Porc

enta

gem

deni

nhos

Haplótipo

Poligínicos

Monogínicos

Figura 10. Distribuição das duas formas de organização social (poliginia e monoginia) de acordo com o haplótipo de formigas do grupo de espécies Solenopsis saevissima por meio de observações de campo.

Page 49: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

35

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Poligínicos Monogínicos

Po

rcen

tage

md

en

inh

os

Hap 1

Hap 2

Hap 3

Hap 4

Figura 11. Distibuição dos haplótipos de formigas do grupo de espécies Solenopsis saevissima, nas duas formas de organizações sociais (poligínica e monogínica) de acordo com observações de campo.

Por meio do sequenciamento de fragmento do gene Gp-9 avaliou-se operárias

provenientes de sessenta e quatro ninhos distintos, incluindo-se os 15 avaliados em campo,

onde foram encontradas rainhas. Os demais ninhos foram oriundos das coletas para

identificação de espécies e avaliação de polidomia. Através do sequenciamento direto do

produto amplificado por PCR, foi possível observar polimorfismo nos códons codificadores

dos aminoácidos 95 e 139, que distinguem os alelos B (colônias monogínicas) e b (colônias

poligínicas), do gene Gp-9. No alelo B, o códon 95 é ATG (metionina) e o códon 139 é GTC

(valina). No alelo b, o códon 95 é ATA (valina) e o 139 é ATC (isoleucina) (Figura 12).

Em todos os haplótipos a maior parte dos ninhos era monogínica (Figura 13). Em

30% dos 64 ninhos avaliados (N=19) foi confirmada a ocorrência de poliginia, a maior parte

(79%) em S. invicta (haplótipo 4), e nenhuma no haplótipo 1 (Figura 14). O Teste Exato de

Fisher não mostrou diferença significativa na poliginia entre os haplótipos coletados (P =

0,328). Esses dados diferem dos observados nos Estados Unidos, onde a frequência de

colônias poligínicas é maior. Goodisman & Ross (1997) avaliaram populações de S. invicta

da Geórgia e observaram uma ocorrência de poliginia em 90% dos ninhos. Jouvenaz et al.

(1989) citaram a ocorrência de colônias poligínicas de S. richteri e S. quinquecuspis na

Argentina (primeira ocorrência na América do Sul), porém no Brasil, nos Estados do Mato

Grosso e Mato Grosso do Sul nenhuma colônia poligínica foi encontrada. Eles relataram que

talvez todas as Solenopsis spp. sejam potencialmente poligínicas, mas que essa

característica seja mais prontamente expressa em climas temperados do que em tropicais.

Page 50: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

36

Três localidades não apresentaram colônias poligínicas de acordo com os dados das

análises moleculares (Tabela 4). O teste exato de Fisher demonstrou diferença não

significativa na ocorrência de poliginia nos diferentes parques, através das investigações no

campo (P = 0,359), e nas análises moleculares (P = 0,375).

Figura 12. Eletroferograma de segmento do gene Gp9 mostrando polimorfismo no códon 139 (GTC = valina, alelo B; ATC = isoleucina, alelo b).

0102030405060708090

100

1 2 3 4

Porc

enta

gem

deni

nhos

Haplótipo

Poligínicos

Monogínicos

Figura 13. Distribuição das duas formas de organização social (poliginia e monoginia) de acordo com o haplótipo de formigas do grupo de espécies Solenopsis saevissima por meio da análise do gene Gp-9.

Page 51: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

37

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Poligínicos Monogínicos

Po

rcen

tage

md

en

inh

os

Hap 1

Hap 2

Hap 3

Hap 4

Figura 14. Distibuição dos haplótipos de formigas do grupo de espécies Solenopsis saevissima, nas duas formas de organizações sociais (poligínica e monogínica)de acordo com a análise do gene Gp-9.

Tabela 4. Ocorrência de colônias poligínicas por parque de acordo com as análises de sequenciamento do gene Gp-9.

ParquesI. Biológico USP V. Lobos Ibirapuera Á. Branca Luz Detran

Colônias Monogínicas X X X X X X X

Colônias Poligínicas X X X X

.

Quando os 15 ninhos observados em campo foram submetidos a análise do gene

Gp-9 houve uma divergência nos resultados, comparados aos do campo. Cinco ninhos que

no campo apresentaram organização social monogínica, se mostraram, de acordo com as

análises moleculares, como sendo poligínicos. Pode ser que outras rainhas não tenham sido

encontradas ou talvez seja necessária certa proporção de operárias heterozigotas para que

essa característica se manifeste, mas é preciso avaliar melhor as sequências provenientes

do Estado de São Paulo para que possamos fazer uma melhor correlação com

poliginia/monoginia. Outros três ninhos considerados poligínicos de acordo com

observações de campo apresentaram-se monogínicos nos resultados moleculares. Esses

resultados podem ser explicados pelo fato de que nas colônias poligínicas uma parcela das

operárias pode ser homozigota para o gene determinante dessa característica, e como

apenas uma operária de cada ninho foi submetida à análise, talvez tenha ocorrido uma

Page 52: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

38

subestimativa de col�nias polig�nicas. Desta forma, sugere-se a avalia��o da poliginia

analisando-se um pool de oper�rias, no m�nimo cinco.

Em 9 ninhos foram observadas f�meas aladas, sendo dissecadas cinquenta e seis

para avalia��o de insemina��o. Diferentes graus de desenvolvimento ovariano foram

observados, de acordo com Caetano et al. (2002) (Anexo 2). Sessenta e quatro por cento (N

= 36) delas apresentaram ov�rios de tamanho bastante reduzido, com poucos ov�citos, em

20% (N = 11) esse tamanho foi um pouco maior e 16% (N = 9) apresentaram ov�rios bem

desenvolvidos. Em nenhuma se encontrou presen�a de espermatoz�ides, sugerindo que a

fecunda��o ocorra apenas durante o v�o nupcial e n�o no interior do ninho, como ocorre

com algumas esp�cies de formigas urbanas (BUENO; CAMPOS-FARINHA, 1999).

5.4. Polidomia

Para determinar a ocorr�ncia de polidomia foram avaliados dezesseis ninhos (8

pares de ninhos com menos de dois metros de dist�ncia um do outro, chamados de A e B).

Oito ninhos controle foram utilizados (coletados em localidades distintas dos ninhos

avaliados), um para cada par de ninhos pr�ximos.

Todos os ninhos observados apresentaram apenas comportamentos n�o-agressivos,

(0–ignora; 1–antena��o; 2-evita��o) quando colocados na arena com seu respectivo par.

Entretanto, quando colocados em contato com o controle esses ninhos apresentaram

comportamentos agressivos (3-flex�o dorsal; 4-agress�o; 5-luta) (Figura 15). Verificou-se

diferen�a significativa de acordo com o teste de McNemar entre as intera��es A x B e A/B x

Controle para os seguintes comportamentos: ignora (maior frequ�ncia no A x B) (P = 0,005),

evita��o (maior frequ�ncia no A/B x Controle) (P = 0,046), agress�o (maior freq��ncia no

A/B x Controle) (P = 0,005) e luta (maior freq��ncia no A/B x Controle) (P = 0,046). A falta

de agressividade entre as oper�rias dos ninhos pr�ximos indica a ocorr�ncia de polidomia.

Quando submetidos � identifica��o molecular, quase todos os ninhos apresentaram o

mesmo hapl�tipo para A e B, assim como seus controles, indicando ser da mesma esp�cie,

por�m em alguns ninhos houve uma diverg�ncia quanto a isso. Em uma das avalia��es, A,

B e o Controle diferiram quanto aos hapl�tipos (4, 3 e 4 respectivamente), por�m, como

esses dois hapl�tipos s�o de S. invicta, A e B n�o foram agressivas entre si, apenas com o

controle. Outro teste tamb�m apresentou hapl�tipos diferentes em A, B e Controle (4, 2 e 4

respectivamente). Entre A e B houve a ocorr�ncia de fuga, entretanto comportamentos

agressivos foram observados apenas contra o controle. A fuga pode ser um ind�cio de que

Page 53: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

39

os ninhos poderiam não ser polidômicos, não podendo, desta forma, confirmar polidomia em

pelo menos um par de ninhos nestes dois casos.

0

20

40

60

80

100Po

rcen

tage

mde

ninh

os

A x B

A/B x Controle

Figura 15. Porcentagem de ocorrência dos comportamentos observados entre formigas do grupo de espécies Solenopsis saevissima de ninhos próximos (A x B) e destes com o controle (A/B x Controle).

Essa redução na agressão intraespecífica e concomitante diminuição no

comportamento terrritorialista são típicas de espécies invasoras e contribuem para uma

densidade populacional elevada, responsável pelo sucesso na colonização e

estabelecimento de novas colônias.

Holway et al. (1998) demonstraram ausência de agressividade intraespecífica para a

formiga invasora Linepithema humile no sul da Califórnia. As colônias que não se mostraram

agressivas acabaram se fundindo, apresentando consequentemente uma menor

mortalidade e maior quantidade de indivíduos e crias do que colônias que foram agressivas

entre si, o que pode explicar o sucesso de colonização e dispersão dessa formiga.

5.5. Desenvolvimento de ovo a adulto

Durante os meses de primavera/verão foram avaliados dez ninhos. As rainhas

iniciaram a oviposição após um período de 24-48 horas após a coleta no campo e

incorporação nas bandejas de criação. Os ovos apresentaram uma fase de desenvolvimento

Page 54: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

40

de 12 a 20 dias. A fase larval variou de 11 a 23 dias e o período pupal de 11 a 18 dias.

Desta forma, o período de desenvolvimento ovo-adulto variou de 34 a 61 dias. Todas as

crias desenvolveram-se em operárias mínimas. Esses dados corroboram o trabalho de

Porter (1988), onde se encontrou um período de desenvolvimento de 23 a 55 dias para

operárias menores, variando de acordo com a temperatura. Ele demonstrou que quanto

maior o indivíduo, maior o tempo para o seu desenvolvimento.

Não houve o desenvolvimento de crias de reprodutores durante o experimento.

Houve uma maior quantidade de crias nas semanas iniciais com redução significativa

ao longo do tempo. A mediana da quantidade de crias foi utilizada uma vez que a

quantidade de crias nas colônias observadas apresentou valores extremos, o que

influenciaria os cálculos. O valor da mediana variou de 3,5 a 81 (Figura 16).

As rainhas morreram entre o 30º e o 185º dias e suas colônias, consequentemente,

sucumbiram. As 10 rainhas ovipositaram, em sete colônias larvas eclodiram, em três houve

observação de pupas, sendo que destas, todas se transformaram em operárias adultas.

Durante o período de outono/inverno foram avaliadas 4 colônias. Esse número foi

menor devido ao fato da dificuldade de se encontrar a rainha nas coletas de campo nesse

período. Não foi possível determinar a duração das fases de desenvolvimento nessas

colônias, pois os ovos não se desenvolveram, provavelmente por causa das condições de

temperatura e umidade reduzidas as quais foram submetidas. Isso foi demonstrado por

Porter (1988) e Markin e Dillier (1971), onde colônias que foram submetidas a temperaturas

inferiores a 24°C cessaram seu crescimento.

Não houve redução significativa da quantidade de cria ao longo do tempo, porém

esta foi significativamente menor quando comparada com o período de primavera/verão. A

mediana da quantidade de ovos variou de 4 a 57,5 (Figura 16).

As rainhas morreram entre o 66º e o 180º dia.

Page 55: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

41

0

20

40

60

80

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Qu

anti

dad

ed

ecr

ia(m

edia

na)

Semanas

Primavera/Verão

Outono/Inverno

Figura 16. Mediana da quantidade de crias de formigas do grupo de espécies Solenopsis saevissima nos períodos de primavera/verão (outubro/2008 a março/2009) e de outono/inverno (abril a setembro/ 2009).

Page 56: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

42

6. CONCLUSÕES

A comparação morfológica não identificou espécies do grupo de espécies Solenopsis

saevissima.

A análise molecular revelou a ocorrência de quatro haplótipos, dois deles mais

semelhantes à S. invicta e dois mais parecidos com sequências de S. saevissima.

De acordo com a árvore filogenética construída com esses haplótipos e sequências

depositadas no GenBank, dois se agruparam com sequências de S. saevissima, um com S.

invicta e o último não se agrupou com nenhuma dessas sequências, ficando entre esses

dois grupos.

A diversidade de espécies de Solenopsis spp. não foi semelhante nos parques

avaliados; apenas em um parque foram coletados todas os haplótipos, no Instituto Biológico.

O haplótipo 1 foi coletado no Instituto Biológico, Parque Ibirapuera e Água Branca; o

haplótipo 2 no Instituto Biológico, USP, Parque Ibirapuera, Parque da Água Branca, Parque

Villa Lobos e Parque da Luz; o haplótipo 3 no Instituto Biológico, Parque Villa Lobos, Parque

Ibirapuera e Detran e o haplótipo 4 no Instituto Biológico, USP, Parque Villa Lobos, Parque

da Luz e Detran.

O haplótipo 4 foi o mais comum, seguido pelos haplótipos 2, 3 e 1, respectivamente.

A poliginia foi identificada em 20% dos 15 ninhos avaliados em campo, sendo

encontrados na USP e no Parque Ibirapuera.

As observações de poliginia em campo foram feitas nos haplótipos 1,2 e 4.

Dos 64 ninhos avaliados através do sequenciamento do gene Gp-9, a ocorrência de

poliginia foi confirmada em 30% deles, sendo a maior parte em ninhos do haplótipo 4 (S.

invicta).

A ocorrência de ninhos poligínicos foi observada em quatro dos sete parques

avaliados por meio da análise molecular.

A dissecção de fêmeas aladas revelou que a maioria dos ovários estavam pouco

desenvolvidos e não houve presença de espermatozóides,

Em todos os ninhos próximos avaliados no teste comportamental as operárias não

demonstraram agressividade entre si, sugerindo assim a ocorrência de polidomia.

O período de desenvolvimento ovo-adulto variou de 34 a 61 dias. Essas formigas

tiveram um melhor desenvolvimento em laboratório no período de primavera/verão do que

no outono/inverno.

Page 57: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

43

7. REFER�NCIAS BIBLIOGR�FICAS

ADAMS, S. Fighting the fire ant: Brazilian trip shows persistence of pest now found across the U.S. South - deforestation in Brazil creates optimum environment for fire ants. Agricultural Research, jan. 1994. Disponível em: <http://findarticles.com/p/articles/mi_m3741/is_n1_v42/ai_15020600>. Acesso em: 20 jan. 2009.

AGOSTI, D.; JOHNSON, N. F. Editores. 2005. Antbase. Disponível em: <http://antbase.org>. Acesso em: 5 mar. 2010.

ALLEN, G. E.; BUREN, W. F.; WILLIAMS, R.N.; MENEZES, M. de.; WHITCOMB, W. H. The red imported fire ant, Solenopsis invicta: distribution and habitat in Mato Grosso, Brazil. Annals of the Entomological Society of America. v. 67. p. 43-46. 1974.

ALMEIDA, F.S. Ecologia de Solenopsis invicta Buren (Hymenoptera: Formicidae) em um agroecossistema diversificado sob manejo org�nico. Dissertação de mestrado apresentada ao Instituto de Florestas da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ. 58 p. 2007.

ALTSCHUL, S.F.; GISH, W.; MILLER, W.; MYERS, E.W.; LIPMAN, D.J. Basic local alignment search tool. Journal of Molecular Biology. v. 215. p. 403-410. 1990.

BANKS, W. A.; LOFGREN, C. S.; JOUVENAZ, D. P.; STRINGER, C. E.; BISHOP, P. M.; WILLIAMS, D. F.; WOJCIK, D. P.; GLANCEY, B. M. Techniques for collecting, rearing and handling imported fire ants. U. S. Deptartment of Agriculture. SEA ATT-S-21: 1-9. 1981.

BOX, G. E. P.; JENKINS, G. M. Time Series Analysis: Forecasting and Control. Holden Day, San Francisco. 1976.

BRASIL. Imprensa Nacional. Di�rio Oficial da Uni�o – Se��o 1. 156 ed. p. 57. ago. 1993. Disponível em: <http://www.in.gov.br/imprensa/visualiza/index.jsp?jornal=1&pagina=57&data=17/08/1993>. Acesso em: 5 mar. 2010.

BUENO, O.C.; CAMPOS-FARINHA, A.E.C. As Formigas Domésticas. In: MARICONI, F.A.M. (coord.) Insetos e outros invasores de resid�ncias. Piracicaba: FEALQ. cap. 6. p. 135-180. 1999.

BUREN, W.F. Revisionary studies of the taxonomic of the imported fire ants. Journal of the Georgia Entomological Society. v. 7. p. 1-26. 1972.

BUREN, W. F. Artificial faunal replacement for imported fire ant control. FloridaEntomologist. v. 66. p. 93-100. 1983.

Page 58: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

44

BUREN, W. F.; ALLEN, G. E.; WHITCOMB, W. H.;LENNARTZ, F. E.; WILLIAMS, R.N. Zoogeography of the imported fire ants. Journal of the New York Entomological Society.v. 82. p. 113-124. 1974.

CAETANO, F.H.; JAFF�, K.; ZARA, F.J. Formigas: biologia e anatomia. 42 p. 2002.

CALIFORNIA. Department of Food and Agriculture. Red imported fire ants. Dispon�vel em: <http://www.cdfa.ca.gov/PHPPS/pdep/rifa>. Acesso em: 29 jul. 2009.

CAMPOS, M. C. G. Comportamento de competição entre formigas urbanas frente a uma fonte de alimento. Disserta��o de mestrado apresentada ao Instituto de Bioci�ncias da Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, SP. 101 p. 2004.

CAMPOS, A. E. C. Relação entre fatores bióticos e abióticos, distribuição e densidade de formigas do gênero Solenopsis (complexo saevissima), nos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul. Disserta��o de mestrado apresentada ao Instituto de Bioci�ncias da Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, SP. 108 p. 1991.

CAMPOS-FARINHA, A.E.C.; JUSTI JR., J.; BERGMAN, E.C.; ZORZENON, F.J.; NETTO, S.M.R. Formigas urbanas. Boletim T�cnico do Instituto Biol�gico, S�o Paulo. n.08. 20p.1997.

CAMPOS-FARINHA, A.E.C.; ZORZENON, F.J.; Formigas. In: ZORZENON, F.J. & JUSTI JUNIOR, J. (coord.) Manual Ilustrado de Pragas Urbanas e Outros Animais Sinantrópicos. S�o Paulo: Instituto Biol�gico. p. 39-66. 2006.

CONOVER, W. J. Practical Nonparametric Statistics. John Wiley & Sons, New York. 462 p. 1971.

CONOVER, W. J.; IMAN, R. L. Rank transformations as a bridge between parametric and nonparametric statistics. The American Statistician. v. 35. n. 9. p. 124-129. 1981.

DALL’AGLIO-HOLVORCEM, C.G. Estudos populacionais e taxonômicos de formigas lava-pés, Solenopsis invicta (Hymenoptera: Formicidae), e da fenologia de seus parasitóides do gênero Pseudacteon (Diptera: Phoridae). Tese de doutorado apresentada ao Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP. 130 p. 2006.

DAVIDISON, W. D. The role of resource imbalances in the evolutionary ecology of tropical arboreal ants. Biological Journal of the Linnean Society. v. 61, p. 153-181, 1997.

DAVIDISON, W. D. Resource discovery versus resource domination in ants: a functional mechanism for breaking the trade-off. Ecological Entomology. v. 23. p. 484-490. 1998.

DAVIS, L. R., JR.; VANDER MEER, R. K.; PORTER, S.D. Red imported fire ants expand their range across the West Indies. Florida Entomologist. v. 84. p. 735-736. 2001.

Page 59: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

45

DELLA LUCIA, M.T.C. Hormigas de importancia económica en la región Neotropical. In:FERNANDEZ, F. Introductión a las hormigas de la región Neotropical. Bogotá: Acta Noturna. cap. 24. p. 337-349. 2003.

EICHLER, W. D. Verbreitung und Ausbreitungsterndenzen der Pharaoameise in Mitteleuropa. Der Praktische Schädlingsbekämpfer. v. 14. p. 1-2. 1962.

EICHLER, W. D. Die verbreitung der Pharaoameise in Europa. Memorabilia Zoolgica. v. 29. p. 31-40. 1978.

FINCHER, G. T.; LUND, H. O. Notes on the biology of the imported fire ant Solenopsis saevissima richteri Forel in Georgia. Journal of the Georgia Entomological Society. v. 2.p. 91-94. 1967.

FLEISS, J. L. Statistical Methods for Rates and Proportions. Wiley & Sons, New York, 2ª ed. 321 p. 1981.

FLETCHER, D. J. C. Three newly-discovered polygynous populations of the fire ant, Solenopsis invicta, and their significance. Journal of the Georgia Entomological Society.v. 18. p. 538-543. 1983.

FLETCHER, D. J. C.; BLUM, M. S. Regulation of queen number by workers in colonies of social insects. Science. v. 219. p. 312-314. 1983.

FLETCHER, D. J. C.; BLUM, M. S.; WHITT, T. V.; TEMPLE, N. Monogyny and polygyny in the fire ant, Solenopsis invicta. Annals of the Entomological Society of America. v. 73. p. 658-661. 1980.

FOWLER, H. G. A organização das comunidades de formigas no Estado Mato Grosso, Brasil. An. Mus. Hist. Nat. Valparaiso. v. 19. p. 35-42. 1988.

GIRAUD. T.; PEDERSEN, J. S.; KELLER, L. Evolution of supercolonies: the Argentine ants of southern Europe. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, Washington, DC. v. 99. n. 9. p. 6075-6079. 2002.

GLOBAL INVASIVE SPECIES DATABASE. Solenopsis invicta. Disponível em: <http://www.issg.org/database/species/ecology.asp?si=77&fr=1&sts=tss&lang=EN>. Acesso em: 18 jan. 2010.

GLOBO. com. Fantástico. O ataque das formigas Comamarrari. out. 2005. Disponível em: <http://fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0,,MUL695171-15605,00.html>. Acesso em: 5 mar. 2010.

GOODISMAN, M.A.D.; ROSS, K.G. Relationship of queen number and queen relatedness in multiple-queen colonies of the fire ant Solenopsis invicta. Ecological Entomology. v. 22. p. 150-157. 1997.

Page 60: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

46

GREENBERG, L.; FLETCHER, D. J. C.; VINSON, S. B. Differences in worker size and mound distribution in monogynous and polygynous colonies of the fire ant, Solenopsis invictaBuren. Journal of the Kansas Entomological Society. v. 58. p. 9-18. 1985.

HADDAD JUNIOR, V.; CARDOSO, J.L.C.; FRANÇA, F.O.S.; WEN, F.H. Acidentes por formigas: um problema dermatológico. Anais Brasileiros de Dermatologia. v. 71. n. 6. p. 527-530.1996.

HEDGES, S. A. Field guide for the management of the structure-infesting ants. G.I.E. Inc., 2ª ed. 304 p. 1998.

HOFFAM, D. R. Fire ant venom allergy. Allergy. v. 50. p. 535-544, 1995.

HÖLLDOBLER, B.; WILSON, E. O. The number of queens: an important trait in ant evolution. Naturwissenschaften. v. 64. p. 8-15. 1977.

HÖLLDOBLER, B.; WILSON, E. O. The Ants. Cambridge: Harvard University Press. 732 p.1990.

HOLWAY, D. A.; LACH, L.; SUAREZ, A. V.; TSUTSUI, N. D.; CASE, T. J. The causes and consequences of ant invasions. Annual Review of Ecology, Evolution and Systematics.v. 33. p. 181-233. 2002.

HOLWAY, D. A.; SUAREZ, A. V. Animal behavior: an essential component of invasion biology. Tree. v. 14. n. 8. p. 328-330. 1999.

HOLWAY, D. A.; SUAREZ, A. V.; CASE. T. J. Loss of intraspecific aggression in the success of a widespread invasive social insect. Science. v. 282. p. 949-952. 1998.

HUMAN, K.G.; GORDON, D.M. Exploitation and interference competition between the invasive Argentine ant, Linepithema humile, and native ant species. Oecologia, v. 105, p. 405-412, 1996.

HUMAN, K.G.; GORDON, D.M. Behavioral interactions of the invasive Argentine ant with native ant species. Insectes Sociaux. v. 46. p.159-163. 1999.

JOUVENAZ, D. P. Approaches to biological control of fire ants in United States. In: VANDER MEER, R. K.; JAFFE, K.; CEDENO, A. (eds.). Applied myrmecology, a world perspective. Westview Press, Boulder. 176 p. 1990.

JOUVENAZ, D.P.; WOJCIK, D.P.; VANDER MEER, R.K. First observation of polygyne in fire ant Solenopsis spp., in South America. Psyche. v. 96. p. 161-165. 1989.

KELLER, L.; ROSS, K. G. Selfish genes: a green beard in the red fire ant. Nature. v. 394. p. 573-575. 1998.

KRIEGER, M. J. B; ROSS, K. G. Identification of a major gene regulating complex social behavior. Science. v. 295. p. 328-332. 2002.

Page 61: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

47

KRIEGER, M. J. B; ROSS, K. G. Molecular evolutionary analyses of the odorant-binding protein gene Gp-9 in fire ants and other Solenopsis species. Molecular Biology and Evolution. v. 22. n. 10. p. 2090-2103. 2005.

LOFGREN, C. S.; BANKS, W. A.; GLANCEY, B. M. Biology and control of imported fire ants. Annual Review of Entomology. v. 20. p. 1-30. 1975.

LOFGREN, C. S.; WEIDHAAS, D. E. On the eradication of imported fire ants: A theoretical appraisal. Bulletin of the Entomological Society of America. v.18. p. 17-20. 1972.

MACKAY, W.P.; PORTER, S.; FOWLER, H.G.; VINSON, S.B. A distribuição das formigas lava-pés (Solenopsis spp.) no Estado do Mato Grosso do Sul, Brasil (Hymenoptera: Formicidae). Sociobiology, v. 24, n. 3, p. 307-312, 1994.

MACOM, T. E.; PORTER, S. D. Comparison of polygyne and monogyne red imported fire ant (Hymenoptera: Formicidae) populations densities. Annals of the Entomolocial Society ofAmerica. v. 89. p. 535-543. 1996.

MALASPINA, O. Veneno de formigas: alergia e saúde pública. Anais do XX Congresso Brasileiro de Entomologia. Gramado, RS. CD-ROM. 2004.

MARKIN, G. P.; COLLINS, H. L.; DILLIER, J. H. Colony fouding by queens of the red imported fire ant, Solenopsis invicta. Annals of the Entomological Society of America. v. 65. p. 1053-1058. 1972.

MARKIN, G. P.; DILLIER, J. H. The seasonal life history of the imported fire ant, Solenopsis saevissima richteri, on the gulf coast of Mississippi. Annals of the Entomological Society of America. v. 64. p. 562-565. 1971.

MARKIN, G. P.; DILLIER, J. H.; COLLINS, H. L. Growth and development of colonies of the red imported fire ant, Solenopsis invicta. Annals of the Entomological Society of America.v. 66. p. 803-809. 1973.

MARKIN, G. P.; DILLIER, J. H.; HILL, O. S.; BLUM, M. S.; HERMANN, H. R. Nuptial flight and flight ranges of the red imported fire ant, Solenopsis saevissima richteri. Journal of the Georgia Entomological Society. v. 6. p. 145-156. 1971.

MESCHER, M. C.; ROSS, K. G.; SHOEMAKER, D.; KELLER, L.; KRIEGER, M. J. B. Distribution of the two social forms of the fire ant Solenopsis invicta (Hymenoptera: Formicidae) in the native South America range. Annals of the Entomological Society of America. v. 96. n. 6. p. 810-817. 2003.

MILLIKEN, G. A.; JOHNSON, D. E. Analysis of Messy Data. Volume I: Designed Experiments. Van Nostrand Reinhold Company, New York. 490 p. 1984.

MIRENDA, J. T.; VINSON, S. B. Single and multiple queen colonies of imported fire ants in Texas. Southwestern Entomologist. v. 7. p. 135-141. 1982.

Page 62: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

48

MONTGOMERY, D. C. Design and Analysis of Experiments. John Wiley & Sons, New York. 3 ed. 1991.

MOONEY, H.A.; DRAKE, J.A. Ecology of biological invasions of North America and Hawaii. Springer – Verlag, New York, New York, USA. 1986.

MORRISON, L.W., PORTER, S.D., DANIELS, E., KORZUKHIN, M.D. Potential global range expansion of the invasive fire ant, Solenopsis invicta. Biological Invasions. v. 6. p. 183-191.2004.

O’NEAL, J.; MARKIN, G. P. The larval instars of the imported fire ant, Solenopsis invictaBuren. Journal of the Kansas Entomological Society. v. 48. p. 141-151. 1975.

PASSERA, L. Characteristics of Tramp Species. In: WILLIAMS, D. F. (ed.). Exotic ants: biology, impact, and control of introduced species. Boulder: D. F. Westview Press. p. 23-43. 1994.

PASSERA, L.; ARON, S. Les Fourmis: comportement, organisation sociale et evolution. NRC Research Press. 480 p. 2005.

PETRALIA, R. S.; VINSON. S. B. Feeding in the larvae of the imported fire ant, Solenopsis invicta: Behavior and morphological adaptations. Annals of the Entomological Society of America. v. 71. p. 643-648. 1978.

PITTS, J.P.; MCHUGH, J.V.; ROSS, K.G. Cladistic analysis of the fire ants of the Solenopsis saevissima species-group (Hymenoptera: Formicidae). Zoologica Scripta. v. 34. n. 5. p. 493-505, 2005.

PORTER, S.D. Impact of temperature on colony growth and developmental rates of the ant, Solenopsis invicta. Journal of Insect Physiology. v. 34. n. 12. p. 1127-1133. 1988.

PORTER, S.D.; EIMEREN, B. V.; GILBERT, L. E. Invasion of red imported fire ants (Hymenoptera: Formicidae): microgeography of competitive replacement. Annals of theEntomological Society of America. v. 81. p. 913-918. 1988.

PORTER, S.D.; FOWLER, H. G.; MACKAY, W. P. Fire ant mound densities in the United States and Brazil (Hymenoptera: Formicidae). Journal of Economic Entomology. v. 85. n. 4. p. 1154-1161. 1992.

PORTER, S.D.; SAVIGNANO, D.A. Invasion of polygyne fire ants decimates native ants and disrupts arthropod community. Ecology. v. 71. n. 6. p. 2095-2106. 1990.

PORTER, S. D.; WILLIAMS, D. F.; PATTERSON, R. S.; FOWLER, H. G. Intercontinental differences in the abundance of Solenopsis fire ants (Hymenoptera: Formicidae): escape from natural enemies. Environmental Entomology. v. 26. p. 373-384. 1997.

Page 63: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

49

PORTER, S. D.; TSCHINKEL, W. R. Fire ants polymorphism (Hymenoptera: Formicidae): factors affecting worker size. Annals of the Entomological Society of America. v. 78, p. 381-386, 1985.

REIS FILHO, W.; CAMPOS-FARINHA, A. E. C.; PACHECO, P.; QUEIROZ, E. C. Formigas associadas aos pulgões Cinara spp. (Homoptera: Aphididae) (Wilson, 1919) em plantios de Pinus taeda, no sul do Brasil. Anais do XV Encontro de Mirmecologia, Londrina. p. 215-216. 2001.

RHOADES, W. C.; DAVIS, D. R. Effects of meteorological factors on the biology and control of the imported fire ant. Journal of Economic Entomology. v. 60. p. 554-558. 1967.

RIBEIRO, F. M.; CAMPOS-FARINHA, A. E. C. Invasões biológicas e insetos sociais invasores. Biológico, São Paulo. v. 67, n. 1/2, p. 11-17, 2005. Disponível em: < http://www.biologico.sp.gov.br/docs/bio/v67_1_2/ribeiro.pdf>. Acesso em: 12 jan. 2010.

ROSS, K. G.; GOTZEK, D.; ASCUNCE, M. S.; SHOEMAKER, D. Species delimitation: a case study in a problematic ant taxon. Systematic Biology. v. 59. p. 1-23. 2009.

ROSS, K. G.; KELLER, L. Experimental conversion of colony social organization by manipulation of worker genotype composition in fire ants (Solenopsis invicta). Behavioral Ecology and Sociobiology. v. 51. p. 287-295. 2002.

ROSS, K. G.; KRIEGER, M. J. B.; SHOEMAKER, D. D. Alternative genetic foundations for a key social polymorphism in fire ants. Genetics Society of America. v. 165. p. 1853-1867. 2003.

ROSS, K. G.; SHOEMAKER, D. D. Species delimitation in native South American fire ants. Molecular Ecology. v. 14. p. 3419-3438. 2005.

ROSS, K. G.; TRAGER, J. C. Systematics and population genetics of fire ants (Solenopsis saevissima complex) from Argentina. Evolution. v. 44. p. 2113-2134. 1990.

SAITOU, N.; NEI, M. The neighbor-joining method: A new method for reconstructing phylogenetic trees. Molecular Biology and Evolution. v. 4. p. 406-425. 1987.

SIEGEL, S.; CASTELLAN JR., N. J. Estatística Não-Paramétrica para Ciências do Comportamento. Artmed, Porto Alegre. 2ª ed. 448 p. 2006.

SHOEMAKER, D. D.; AHRENS, M. E.; ROSS, K. G. Molecular phylogeny of fire ants of the Solenopsis saevissima species-group based on mtDNA sequences. Molecular Phylogenetics Evolution. v. 38. p. 200-215. 2006.

SHOEMAKER, D. D.; KELLER, G. ROSS, K. G. Effects of Wolbachia on mtDNA variation in two fire ant species. Molecular Ecology. v. 12. p. 1757-1772. 2003.

Page 64: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

50

TAMURA, K.; DUDLEY, J.; NEI, M.; KUMAR, S. MEGA4: Molecular Evolutionary Genetics Analysis (MEGA) software version 4.0. Molecular Biology and Evolution. v. 24. p. 1596-1599. 2007.

TANKERSLEY, M.S. The sting impact of the imported fire ant. Current Opinion In Allergy and Clinical Immunology. v. 8. p. 354-359. 2008.

THOMPSON, C. R. The thief ants, Solenopsis molesta group, of Florida (Hymenoptera: Formicidae). Florida Entomologist. v. 72. p. 268-283. 1989.

THOMPSON, J.D., HIGGINS, D.G.; GIBSON, T.J. CLUSTAL W: improving the sensitivity of progressive multiple sequence alignment through sequence weighting, positions-specific gap penalties and weight matrix choice. Nucleic Acids Research. v. 22. p. 4673-4680. 1994

TOBIN, J. E. Ants as primary consumers: diet and abundance in the Formicidae. In: HUNT, J. H.; NALEPA, C. A. (eds.). Nourishment and Evolution in Insects Societies. Boulder, C. O.: Westview. p. 279-308. 1994.

TRAGER, J.C. A revision of the fire ants, Solenopsis geminate group (Hymenoptera: Formicidae: Myrmicinae). Journal of the New York Entomological Society. v. 99. n.2, p. 141-198. 1991.

TSCHINKEL, W. R. History and biology of fire ants. In: BATTENFIELD, S. L. (ed.). Proceedings of the Symposium on the Imported Fire Ant. USDA-APHIS, USEPA, Washington, DC. p. 16-35. 1982.

TSCHINKEL, W. R. Colony growth and the ontogeny of work polymorphism in the fire ant, Solenopsis invicta. Behavioral Ecology and Sociobiology. v. 22. p. 103-115. 1988.

TSCHINKEL, W. R. Fire ants. Cambridge: Harvard University Press. 744 p. 2006.

TSCHINKEL, W. R.; HOWARD, D. F. Colony fouding by pleometrosis in the fire ant, Solenopsis invicta. Behavioral Ecology and Sociobiology. v. 12. p. 103-113. 1983.

TSUTSUI, N.D.; SUAREZ, A.V.; HOLWAY, D.A.; CASE, T.J. Reduced genetic variation and the success of an invasive species. Proceedings of the National Academy of Sciences of the USA. v. 97, p. 5948-5953, 2000.

VARGO, E. L.; PORTER, S. D. Colony reproduction by budding in the polygyne form of Solenopsis invicta (Hymenoptera: Formicidae). Annals of the Entomological Society ofAmerica, v. 82. n. 3. p. 307-313. 1989.

VARGO, E. L.; FLETCHER, D. J. C. Evidence of pheromonal queen control over the production of male and female sexuals in the fire ant, Solenopsis invicta. Journal ofComparative Physiology. A, Sensory, Neural and Behavioral Physiology. v. 159. p. 741-749. 1986.

Page 65: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

51

VARGO, E. L.; FLETCHER, D. J. C. Effect of queen number on the production of sexuals in natural populations of the fire ant, Solenopsis invicta. Physiological Entomology. v. 12. p. 109-116. 1987.

VINSON, S. B.; GREENBERG, L. The biology, physiology and ecology if imported fire ants. In: VINSON, S. B. (ed.). Economic Impact and Control of Social Insects. Praeger Publishers. N. Y. p. 193-222. 1986.

WILLIAMS, D. F. Control of the introduced pest Solenopsis invicta in the United States. In: WILLIAMS, D. F. (ed.) Exotic Ants – biology, impact and control of the introduced species. Westview Press. cap. 24. p. 282-292. 1994.

WOJCIK, D. P. Comparison of the ecology of red imported fire ants in North and South America. The Florida Entomologist. v. 66. n. 1. p. 101-111. 1983.

YANG, C.; SHOEMAKER, D.D.; WU, W.; SHIH, C. Population genetic structure of the red imported fire ant, Solenopsis invicta, in Taiwan. Insectes Sociaux, v. 55. p. 54-65. 2008.

Page 66: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

52

ANEXOS

Page 67: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

53

Anexo 1: Esquema de aparelho reprodutor feminino. 1. Filamento terminal; 2. Zona de produção (germário); 3. Zona de crescimento (vitelário); 4. Cálice de ovos; 5. Oviduto lateral; 6. Oviduto comum; 7. Vagina; 8. Espermateca; 9. Ovócito maduro; 10. Ovócito; 11. Câmara de células nutridoras.

CAETANO, F.H.

Page 68: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

54

Anexo 2: Diferentes graus de desenvolvimento ovariano em Atta sexdens. O número de ovaríolos e o grau de desenvolvimento deles decresce de acordo com as figuras, de A a E.

CAETANO, F.H.

Page 69: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

55

Anexo 3: Foto de ninho de formigas lava-pés em gramado.

Anexo 4: Fêmea alada de S. invicta cercada por operárias.

ZORZENON, F.J.

www.alexanderwild.com

Page 70: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

56

Anexo 5: Ferroada de S. invicta. Inicialmente a formiga morde o seu alvo com as mandíbulas, fixando-se no local e, podendo, então, alavancar e inserir o ferrão.

www.alexanderwild.com

Page 71: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana
Page 72: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

Livros Grátis( http://www.livrosgratis.com.br )

Milhares de Livros para Download: Baixar livros de AdministraçãoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciência da ComputaçãoBaixar livros de Ciência da InformaçãoBaixar livros de Ciência PolíticaBaixar livros de Ciências da SaúdeBaixar livros de ComunicaçãoBaixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomésticaBaixar livros de EducaçãoBaixar livros de Educação - TrânsitoBaixar livros de Educação FísicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmáciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FísicaBaixar livros de GeociênciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistóriaBaixar livros de Línguas

Page 73: INSTITUTO BIOLÓGICOlivros01.livrosgratis.com.br/cp132648.pdf · Instituto Biológico Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Gusmão, Francesli Adriana

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemáticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterináriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MúsicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuímicaBaixar livros de Saúde ColetivaBaixar livros de Serviço SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo