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INÍCIO DE GESTÃO NO CONTROLE INTERNO Iara Maria Sturmer Gauer
TÓPICO 1 – O QUE É O CONTROLE INTERNO
CONTROLE - ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
A Constituição Federal construiu um sistema classicamente denominado de freios e contrapesos: elege a
prestação de contas dos agentes públicos como o princípio mais sensível da administração pública, cuja violação enseja
a intervenção federal ou estadual (letra d do VII do art.34 e II do art.35 da CF).
Aos órgãos instituídos de todas as esferas de governo ficam submetidos aos princípios constitucionais conforme
preceitua o art.37 da CF:
- legalidade
- impessoalidade
- moralidade
- publicidade
- eficiência.
A autotutela administrativa está prescrita conforme a Súmula 473 STF, a qual traz que Administração pode
anular seus próprios atos, quando contiverem vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos; ou
revogá-los, por motivos de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os
casos, a apreciação judicial.
O teor da Súmula cria o fundamento e instrumental que Administração Pública dispõe para proceder ao controle
interno, como a anulação dos atos ilegais e revogação daqueles cuja análise de mérito tenha indicado a conveniência de
suprimi-lo é a explicação para que de fato a autoridade pública deva controlar seus atos.
Nesse sentido a autotutela administrativa cria o fundamento, mas não é em si o controle interno, pois aliado ao
mesmo devemos analisar os princípios e deveres constitucionais da administração pública a serem cumpridos, o
pressupôs inicialmente, e o que foi entendido até muito pouco tempo inclusive pelos próprios Tribunais de Contas que
para os requisitos previstos ao sistema de controle interno previsto no art. 74 da CF não seria necessário a sua
regulamentação porque já estaria imposto para a conduta de toda administração pública. O que mais adiante
vamos demonstrar de modo diverso, que a sua regulamentação é sim necessária e fundamental, principalmente
do ponto de vista do próprio Município e do fortalecimento dos seus objetivos.
Controles Institucionais no Brasil
Administrativo – praticado por todos os órgãos, podendo analisar e avaliar o mérito do ato (fundamento
da auto tutela - oportunidade e conveniência).
Judiciário – apreciação dos motivos e os fins dos atos administrativos como elementos integrantes dos
aspectos da legalidade.
Legislativo:
Controle Político – realizado pelas casas legislativas;
Controle Técnico – fiscalização contábil, financeira e orçamentária exercido com auxílio dos Tribunais
de Contas (ZYMLER, 2013).
O Tribunal de Consta da União representa a institucionalização dos controles correlacionados à administração
pública federal, o qual do mesmo modo pode ser tomado, como exemplo o que ocorre para o controle na esfera
municipal, quem julga de fato a prestação de contas do Município é a Câmara Legislativa (de Vereadores).
Fonte:TCU, 2012
Para o município o Poder Judiciário e Ministério Público (Estadual) e TCE atuam do mesmo modo conforme
ocorre no governo federal. Entretanto, é sempre bom lembrar que em se tratando do recebimento de recursos públicos da
união, o município pode sofrer fiscalizações também do Tribunal de Contas da União, dos entes que concederam
recursos e do Ministério Público Federal.
A divisão de funções entre os poderes (Legislativo, Judiciário e Executivo) não os caracteriza com
independência absoluta, pois há um controle entre os mesmos.
O controle externo é, pois, função do Poder Legislativo, sendo de competência do Congresso Nacional no
âmbito federal, das Assembleias Legislativas nos Estados, da Câmara Legislativa no Distrito Federal e das Câmaras
Municipais nos Municípios com o auxílio dos respectivos Tribunais de Contas. Consiste, assim, na atuação da função
fiscalizadora do povo, através de seus representantes, sobre a administração financeira, orçamentária e resultados. É,
portanto, um controle de natureza política, no Brasil, mas sujeito à prévia apreciação técnico-administrativa do Tribunal
de Contas competente, que, assim, se apresenta como órgão técnico, e suas decisões administrativas (art. 71, I).
Controle é exercido em todos os níveis e em todos os órgãos, e entidades da Administração, inclusive pela
própria estrutura do Legislativo, Judiciário e Ministérios Públicos:
pelo próprio responsável pela tarefa em setores, departamentos, secretarias;
pela chefia, titular do órgão, entidade ou unidade administrativa;
pelos órgãos de planejamento, administrativo, orçamento, financeiro, contabilidade e jurídico;
pelos secretários, diretores, gerentes e responsáveis por programas, projetos e atividades para o
atendimento de objetivos e metas.
Posição do Controle na Administração Interna
Controle hierárquico – posição vertical entre a supervisão, execução e controle da tarefa do agente;
Controle finalístico – desempenho dos resultados.
Então podemos pensar, se todos os controles estão instituídos na estrutura do estado, inclusive o controle
inerente a qualquer desempenho da administração, agregando-se todas as exigências dos princípios legais e
constitucionais impostos ao gestor público, o que vem a ser de fato e o que se espera do Controle Interno, por sua vez
previsto para o Sistema do Controle Interno conforme prescreve a legislação maior a Constituição Federal, e demais
específicas. A diferenciação básica entre Controle Interno e Externo é que, no primeiro o controle é exercido por órgãos
integrantes do mesmo Poder e no Externo ocorre à fiscalização de um Poder sobre os atos administrativos de outro
Poder.
Sistema de Controle Interno
Para melhor elucidar o significado de Controle Interno podemos atribuir que a própria Constituição estabelece
que os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, manterão de forma integrada o controle interno. A integração que
deve ocorrer prevista no texto constitucional entre os três poderes é relativa ao controle administrativo inerente a cada
poder, exercido sobre funcionários encarregados de executar os programas orçamentários, da aplicação do dinheiro
público e do necessário resultado ser levado à população, o qual deve ser desempenhado num conjunto pelos agentes
nos diversos órgãos e níveis da administração pública, não concorrendo e ou duplicando entre si mesmos (CASTRO,
2013, 2016).
Os preceitos da Constituição Federal que consolidam o sistema do controle interno estão basicamente nos
seguintes artigos:
Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo Municipal, mediante controle externo, e
pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei.
Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da
administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia
de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de
cada poder. Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de controle interno com
a finalidade de:
I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de governo e dos
orçamentos da União;
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e
patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem como da aplicação de recursos públicos por entidades
de direito privado;
III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres da União;
IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.
O objetivo do controle interno estruturado, segundo o CGU e TCU é o de:
Observar as normas legais, instruções normativas, estatutos e regimentos;
Assegurar, nas informações contábeis, financeiras, administrativas e operacionais, sua exatidão, confiabilidade,
integridade e oportunidade;
Evitar o cometimento de erros, desperdícios, abusos, práticas antieconômicas e fraudes;
Propiciar informações oportunas e confiáveis, inclusive de caráter administrativo/operacional, sobre os resultados e
efeitos atingidos;
Salvaguardar os ativos financeiros e físicos quanto à boa e regular utilização e assegurar a legitimidade do passivo;
Permitir a implementação de programas, projetos, atividades, sistemas e operações, visando à eficácia, à eficiência e
à economicidade na utilização de recursos;
Assegurar a aderência das atividades às diretrizes, planos e normas e procedimentos da unidade/entidade.
Para melhor visualizar o mandamento do artigo 74 adotamos uma figura disseminada e apresentada em vários
eventos do próprio TCE-PR:
SISTEMASISTEMA
DEDE
CONTROLECONTROLE
INTERNOINTERNO
1 - Avaliar
2 - Comprovar a Legalidade
3 - Avaliar Resultados
4 - Controlar
5 - Apoiar o Controle Externo no exercício de sua missão institucional
Cumprimento das Metas Previstas no Plano Plurianual
Execução
Eficácia
Eficiência
Operações de Crédito
Avais
Garantias
Direitos e Haveres do Município
Gestão Financeira
Patrimonial
Rec. Humanos
Orçamentária
Dos Orçamentos dos Órgãos
Dos Programas de Governo
Órgãos e
Entidades da
Adm. Direta
Adm. Indireta
FONTE: CASTRO, R.P.A., UM NOVO ENFOQUE DO SISTEMA DE CONTROLE INTERNO: ESTRUTURA,
METODOLOGIA E RESPONSABILIZAÇÃO. Ano: 2013/TC-PR Ano:2012. Importante ainda esclarecer que o artigo 74 menciona no texto exclusivamente a União, entretanto na sequencia
o artigo 75 estende a obrigatoriedade de toda a seção respectiva à fiscalização também para os estados e municípios.
Art.75 – As normas relacionadas na Seção que trata do controle na administração devem ter, no que couber, reprodução
obrigatória nos estados, os tribunais de contas estaduais e municipais.
Chamamos atenção que, muito antes da Constituição Federal a lei que estabeleceu os preceitos do Direito
Financeiro Público, a Lei 4320/64, já previa exigências para o cumprimento e realização de aspectos orçamentários
planejados, executados, os quais deveriam ser controlados internamente.
CAPÍTULO II
Do Controle Interno
Art. 76. O Poder Executivo exercerá os três tipos de controle a que se refere o artigo 75, sem prejuízo das
atribuições do Tribunal de Contas ou órgão equivalente.
Art. 77. A verificação da legalidade dos atos de execução orçamentária será prévia, concomitante e
subsequente.
Art. 78. Além da prestação ou tomada de contas anual, quando instituída em lei, ou por fim de gestão, poderá
haver, a qualquer tempo, levantamento, prestação ou tomada de contas de todos os responsáveis por bens ou valores
públicos.
Art. 79. Ao órgão incumbido da elaboração da proposta orçamentária ou a outro indicado na legislação, caberá
o controle estabelecido no inciso III do artigo 75.
Parágrafo único. Esse controle far-se-á, quando for o caso, em termos de unidades de medida, previamente
estabelecidos para cada atividade.
A Lei 8666/93, também traz preceitos, que incumbem missão para o sistema do controle interno:
Art. 102. Quando em autos ou documentos de que conhecerem, os magistrados, os membros dos Tribunais ou
Conselhos de Contas ou os titulares dos órgãos integrantes do sistema de controle interno de qualquer dos Poderes
verificarem a existência dos crimes definidos nesta Lei, remeterão ao Ministério Público as cópias e os documentos
necessários ao oferecimento da denúncia.
Art. 113. O controle das despesas decorrentes dos contratos e demais instrumentos regidos por esta Lei será
feito pelo Tribunal de Contas competente, na forma da legislação pertinente, ficando os órgãos interessados da
Administração responsáveis pela demonstração da legalidade e regularidade da despesa e execução, nos termos da
Constituição e sem prejuízo do sistema de controle interno nela previsto.
A Lei de Responsabilidade Fiscal, por sua vez traz complementarmente que o controle deverá ser atendido
principalmente nos aspectos da fiscalização da gestão fiscal:
[...]
Seção IV
Do Relatório de Gestão Fiscal
Art. 54. Ao final de cada quadrimestre será emitido pelos titulares dos Poderes e órgãos referidos no art. 20
Relatório de Gestão Fiscal, assinado pelo:
I - Chefe do Poder Executivo;
II - Presidente e demais membros da Mesa Diretora ou órgão decisório equivalente, conforme regimentos
internos dos órgãos do Poder Legislativo;
III - Presidente de Tribunal e demais membros de Conselho de Administração ou órgão decisório equivalente,
conforme regimentos internos dos órgãos do Poder Judiciário;
IV - Chefe do Ministério Público, da União e dos Estados.
Parágrafo único. O relatório também será assinado pelas autoridades responsáveis pela administração financeira
e pelo controle interno, bem como por outras definidas por ato próprio de cada Poder ou órgão referido no art. 20.
[...]
Da Fiscalização da Gestão Fiscal
Art. 59. O Poder Legislativo, diretamente ou com o auxílio dos Tribunais de Contas, e o sistema de controle
interno de cada Poder e do Ministério Público, fiscalizarão o cumprimento das normas desta Lei Complementar, com
ênfase no que se refere a:
I - atingimento das metas estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias;
II - limites e condições para realização de operações de crédito e inscrição em Restos a Pagar;
III - medidas adotadas para o retorno da despesa total com pessoal ao respectivo limite, nos termos dos arts. 22
e 23;
IV - providências tomadas, conforme o disposto no art. 31, para recondução dos montantes das dívidas
consolidada e mobiliária aos respectivos limites;
V - destinação de recursos obtidos com a alienação de ativos, tendo em vista as restrições constitucionais e as
desta Lei Complementar;
VI - cumprimento do limite de gastos totais dos legislativos municipais, quando houver.
§ 1o Os Tribunais de Contas alertarão os Poderes ou órgãos referidos no art. 20 quando constatarem:
I - a possibilidade de ocorrência das situações previstas no inciso II do art. 4o e no art. 9o;
II - que o montante da despesa total com pessoal ultrapassou 90% (noventa por cento) do limite;
III - que os montantes das dívidas consolidada e mobiliária, das operações de crédito e da concessão de garantia
se encontram acima de 90% (noventa por cento) dos respectivos limites;
IV - que os gastos com inativos e pensionistas se encontram acima do limite definido em lei;
V - fatos que comprometam os custos ou os resultados dos programas ou indícios de irregularidades na gestão
orçamentária.
§ 2o Compete ainda aos Tribunais de Contas verificar os cálculos dos limites da despesa total com pessoal de
cada Poder e órgão referido no art. 20.
§ 3o O Tribunal de Contas da União acompanhará o cumprimento do disposto nos §§ 2o, 3o e 4o do art. 39.
[...]
Na prática é preciso entender o sistema de controle interno, do ponto de partida de todos os controles
institucionais e demais previsões legais para o seu efetivo emprego, nada mais é do que cumprir um dos princípios
científicos básicos para a boa administração pública.
Princípios científicos da administração pública:
Planejar
Organizar
Executar
Controlar
Conceitualmente o sistema de controle interno (SCI) pode ser definido como:
Conjunto de unidades técnicas articuladas a partir de um órgão central de coordenação, orientadas para o
desempenho e a realização de controle interno indicados na Constituição e normatizados em cada nível de governo.
Prevê a descentralização da atividade de fiscalização e a ordenação desta atividade por um núcleo comum, que se
convencionou chamar de unidade central de controle interno - UCCI (CASTRO, 2008).
No entanto, ainda implica de fato em olhá-lo de modo integrado, coordenado por uma unidade central
profissionalizada em cada poder, sendo que sua atuação deve ser pautada de fato na busca do cumprimento da
legalidade, legitimidade e economicidade.
Prospera expectativa que esse controle administrativo público inerente também seja planejado, organizado e
constantemente controlado, com ampla comunicação e executado em excelência e perene cumprimento em todos os
níveis hierárquicos, os quais ainda constantemente serão verificados, avaliados e consequentemente aperfeiçoados por
uma unidade estruturada e designada para esse fim. Podemos dizer que a unidade central do controle interno (UCCI)
irá coordenar todo o necessário controle da administração municipal (GLOCK, 2013; CASTRO, 2016).
O Controle Interno em si é um conjunto de recursos, métodos, procedimentos e processos adotados pela
entidade do setor público (NBC T nº. 18.6) , com a finalidade de principal de:
Salvaguardar os ativos e assegurar a veracidade dos componentes patrimoniais;
Dar conformidade ao registro contábil em relação ao ato correspondente;
Propiciar a obtenção de informação oportuna e adequada;
Estimular adesão às normas e às diretrizes fixadas;
Contribuir para a promoção da eficiência operacional da entidade;
Auxiliar na prevenção de práticas ineficientes e antieconômicas, erros, fraudes, malversação, abusos, desvios e
outras inadequações.
Segundo PISCITELLI (1999) deve o controle interno enfocar primordialmente os seguintes enfoques:
A revisão, a verificação das operações sob o aspecto eminentemente contábil, formal e legal;
A eficiência, que concerne aos meios empregados, aos recursos utilizados para a consecução dos objetivos;
A eficácia, a verificação do produto, dos programas, dos fins perseguidos; e
A avaliação dos resultados, o julgamento da própria administração.
Sobre atuação fiscalizadora, o controle interno ainda pode tomar como ponto de partida os mesmos propósitos
adotados pelos próprios Tribunais de Contas:
Contábil – se os demonstrativos contábeis refletem as variações econômico-financeiras do patrimônio e se o
resultado financeiro está em conformidade com os princípios da contabilidade pública;
Financeira – entradas (receitas) e saídas (despesas) de recursos públicos;
Orçamentária – controle da execução orçamentária conforme art. 75 da Lei 4.320/64;
Operacional – avaliação do alcance de metas e resultados (desempenho);
Patrimonial - guarda e conservação de bens, assim como acréscimos ou diminuições nos elementos do ativo e
passivo;
Legalidade – em nome do interesse público o agente só pode realizar o que a lei permite;
Legitimidade – não basta que o ato seja legal, deve ser legítimo, moral, visando ao alcance de finalidade
pública prioritária;
Economicidade – envolve o exame da relação de custo-benefício da despesa;
Aplicação das subvenções - conforme Parágrafo 3º. do art. 12 da Lei 4.320/64 considera-se as transferências
destinadas a cobrir despesas de custeio às entidades beneficiadas (Sociais – de caráter assistencial ou cultural
s/fins lucrativos e Econômicas – para empresas públicas ou privadas de caráter industrial, comercial, agrícola
ou pastoril);
Renúncia de receitas – exame das políticas de isenções tributárias e demais estímulos ou incentivos fiscais
concedidos a determinadas empresas à favor do desenvolvimento socioeconômico de específica região.
São os seguintes tipos de Controle Interno:
Controle Prévio: é o processo destinado a assegurar que as ações sejam executadas de acordo com o planejado
visando a atingir objetivos pré-determinados.
Controle Concomitante: é o processo que significa influenciar um comportamento de modo a obter um
resultado desejado.
Controle Posterior: é a fase em que se verifica também a avaliação e a apuração dos resultados da gestão.
O controle interno é importante sobre o ponto de vista e aplicação de vários ramos profissionais, alguns
precursores tomam frente pelas condições na sua evolução histórica, principalmente considerando os aspectos do
cumprimento das leis e aplicação de recursos, então já são amplamente debatidos e estudados pelas áreas jurídicas e a
contabilidade.
O foco principal é a instrumentalização às unidades administrativas que compõe o sistema interno da sua
organização organizados e voltados à exercer um dos princípios básicos da administração, o controle sobre sua conduta,
atuação e procedimentos, sempre com foco em avaliar todos os seus esses aspectos com os principais preceitos
constitucionais no mínimo que cabe cumprimento do gestor público, os de:
Entretanto, se destaca que cada vez mais expandida à conscientização que sua atuação necessita de
conhecimentos e experiências de várias áreas, a sua concretização carece de conhecimentos multidisciplinares pela sua
abrangência sistêmica na organização.
A base dessa concepção é entender que na administração pública, não produz um único produto ou serviço, ou
ainda o emprego de um específico ramo de atividade, mas uma enorme gama de serviços colocados à disposição da
população, em diversas áreas essenciais para a sustentabilidade e o bem estar de toda a sociedade.
Podemos concluir ainda, sobre a evolução do conhecimento relativo ao controle interno deve avançar ainda
mais, na sua contemplação em duas perspectivas, a primeira em prol do próprio princípio da boa e científica
administração pública, àquele controle inerente a organização da atividade pública (controle primário) e outra na
expectativa de ampliar a boa governança pública.
Na dimensão para a governança pública o controle interno possui a função de ir além do âmbito da verificação
financeira e outras formas de objetivos na perenidade meramente operacional e de conformidade da legalidade, possui
objetivos avançados e complementares em evidenciar e registrar elementos e subsídios para a tomada de decisão mais
assertiva em prol do real interesse público.
O controle interno no futuro terá ainda a função primordial em contribuir de modo especializado à uma boa
governança pública a ser realizada nas três esferas de governo, principalmente em prol do alcance efetivo dos seguintes
quesitos que ainda requerem aperfeiçoamentos:
Transparência: informar corretamente para gerar confiança no eleitor/sociedade
Equidade: tratamento justo a todos os grupos, principalmente aos minoritários (colaboradores, fornecedores, eleitores,...)
Prestar contas: responder integralmente sobre os atos empregados (Accountability)
Responsividade/responsabilidade: perenidade na incorporação de ordem social e ambiental nas políticas
públicas conforme as reais necessidades da sociedade (dimensão de sustentabilidade da sociedade)
Integridade – procedimentos e aplicação de recursos de modo correto
Nesse sentido o Controle Interno deve se especializar mais ainda nos próximos anos, em requisitos da
apropriação do custo de agência, na contabilidade de custos que já se enuncia como exigências nas diversas esferas, na
gestão e responsabilidades de riscos, e na ampliação da cultura da administração pública na consolidação da importância
do papel da auditoria interna. São elementos já adotados em metodologias em contextos internacionais, com bons
resultados e que se replicam para o resto do mundo (COSO I, COSOII).
TÓPICO 2 – ESTRUTURA BÁSICA DO CONTROLE INTERNO
As primeiras estruturas do controle interno são originárias em grande parte na evolução histórica em setores
inseridos nos Departamentos de Contabilidade e posteriormente em departamentos integrantes em Secretarias de
Planejamento ou Fazenda ou Finanças. A segunda fase as estruturas passaram a se constituir em nível de secretarias, na
mesma linha hierárquica de funções meio e ou finalística.
Na terceira fase, a que se encontra corretamente já são contempladas seguintes tipos de estruturas:
Concentrada
Fonte: CASTRO, 2017
Desconcentrada
Fonte: CASTRO, 2017
Integram o Sistema de Controle Interno a unidade central e todas as unidades administrativas pertencentes à
estrutura organizacional dos órgãos e entidades dos Poderes Executivo e Legislativo, as quais devem utilizar-se dos
controles internos como ferramenta e importância, aliado ao planejamento, organização e execução.
Como estrutura básica importante atentar que para o organograma da entidade municipal, a estrutura de controle
interno deve estar diretamente vinculada ao dirigente máximo na Prefeitura: o Prefeito; na Câmara dos Vereadores: o
Presidente da Mesa Diretora; nas autarquias, fundações e empresas: os titulares da autoridade maior dessas entidades
sejam Presidentes, Diretores-Presidentes.
Bastante relevante esclarecer que para maior e o melhor desempenho das atividades relacionadas ao Controle
Interno é necessário uma estrutura mínima, formada pelo controlador (representante responsável pela UCCI) e seus
colaboradores. Depende ainda o tamanho do Município, no entanto, aconselha que contemple no mínimo três servidores
para no caso do sistema centralizado, e no sistema desconcentrado também com a previsão de um controlador e seus colaboradores, assim como a nomeação institucional de servidores em cada uma das unidades seccionais.
A composição deve prever o responsável pela UCCI, o controlador e equipe com integrantes de assessores
técnicos e/ou assessores de controle, concursados especificamente para o cargo ou no caso das seccionais designados
por ato administrativo.
A estrutura de pessoal da unidade de controle interno do Município dependerá do tamanho da administração e
do volume de atividades a serem controladas. Em qualquer caso, a complexidade e amplitude das tarefas vão exigir
conhecimento, qualificação técnica adequada, postura independente, responsável e correlacionada com a função.
Outra confusão vinculada à estrutura do sistema de controle interno é a diferenciação da unidade central de
controle interno, a controladoria e a auditoria interna.
Unidade central de controle interno passou-se denominar nas estruturas como a Controladoria Geral. Entretanto,
como representante da unidade central do controle interno deve prever a realização em seu âmbito funções de
controladoria e de auditoria interna separadamente, atendendo o princípio da segregação de funções.
Significando que para o próprio controle interno e para o seu desempenho deve haver a separação das funções
basicamente do seguinte modo:
Importante destacar que, embora a Auditoria possua fama como elemento único para apontar irregularidades
cometidas pelos agentes públicos, as conotações mais modernas e avançadas a colocam em destaque com foco de
prevenir riscos e colaborar no sentido de arrumar o que foi detectado como inconsistências.
Sentido que se torna peça chave dentro das organizações, pois trabalha em vários arranjos possíveis detectando
falhas e conduzindo para melhorias.
Atividade independente que presta serviços de avaliação e consultoria com objetivo de adicionar valor e
melhorar as operações da organização. Auxilia a organização atingir seus objetivos por intermédio de uma abordagem
sistemática e disciplinada avaliando e contribuindo para melhorar a efetividade dos processos, o gerenciamento de
riscos, o controle e a governança (IIA).
Então podemos concluir que estrutura básica para a Unidade Central de Controle Interno (UCCI) ideal deve ser
prevista como o exemplo a seguir:
No organograma da entidade municipal, a estrutura de controle interno deve estar diretamente vinculada ao
dirigente máximo: na Prefeitura, o Prefeito; na Câmara dos Vereadores, o Presidente da Mesa Diretora; nas autarquias,
fundações e empresas; os titulares dessas entidades, Presidentes, ou Diretores-Presidentes.
Incluir a ouvidoria na estrutura da Unidade Central do Controle Interno (UCCI) é um elemento bastante
fundamental e prudente, pois propicia de modo transparente que há o interesse da administração municipal em exercer a
sua função constitucional fiscalizadora, disponibilizando um órgão oficial de reclamações e denúncias. Em alguns
modelos observa-se também a inclusão da corregedoria, no entanto essa atividade em muitas estruturas está inserida na
procuradoria geral órgão incumbido da área jurídica do órgão ou esfera.
A instituição do Sistema do Controle Interno nos Municípios deve ser previsto em Lei e a regulamentação do
seu funcionamento e seus procedimentos básicos e gerais a serem observados deve se constituir por intermédio de
decreto (s).
Outra análise complementar no início de sua implantação é avaliar a estrutura organizacional do órgão
envolvendo o Poder Legislativo, administração direta e indireta. Nesse momento é fundamental que se observe a
inclusão o Sistema de Controle Interno de modo abrangente, estabelecendo requisitos para a estrutura dos órgãos que
compõe a esfera municipal (previsão constitucional).
Deve integrar o Sistema de Controle Interno a unidade central e todas as unidades administrativas pertencentes
à estrutura organizacional dos órgãos e entidades dos Poderes Executivo e Legislativo, as quais devem utilizar-se dos
controles internos como ferramenta de trabalho.
No Apêndice 01 consta alguns modelos principalmente indicando os principais tópicos a serem instituídos em
Projeto de Lei, Decreto de Regulamentação para implantação da estrutura de funcionamento do sistema de Controle
Interno do Município.
O autor Linhares (2016) destaca uma lista bastante extensa de funções e ou atividades principais do Controle
Interno, entretanto considerando a prática e a realidade ainda dos Controle Internos nos municípios importante que se
construa a agenda considerando a relevância dos assuntos a serem tratados, segundo o autor destaca as seguintes como
principais:
Institui os procedimentos de controle por meio de Instruções Normativas (procedimentos e rotinas);
Atesta relatório de gestão e execução fiscal;
Inspeção e auditoria em prestações de contas de qualquer espécie;
Emite relatório sobre prestação de contas anual - PCA;
Elaboração relatórios do controle interno;
Realiza auditorias programadas;
Realiza análises em processos de pagamentos;
Realiza análises dos processos licitatórios;
Guarda toda a documentação destinada a fiscalização externa;
Realiza análises gerenciais e audiência pública;
Consolida as leis municipais e fiscaliza o processo legislativo;
Acompanha os atos de admissão de pessoal e avaliações;
Emite pareceres e solicita a abertura de processos administrativos;
Fiscaliza a utilização de bens públicos e alienações;
Presta esclarecimentos e promove estudos e auditorias para auxiliar a Câmara, MP e o TCE na função
fiscalizadora.
TÓPICO 3 – PROVIDÊNCIAS QUE DEVEM SER ADOTADAS PELO CI NO INÍCIO DE GOVERNO
A Unidade Central de Controle Interno (UCCI) deve levar a conhecimento da nova gestão pontos de controle
identificados no último exercício, principalmente os que refletem providências imprescindíveis na condução do novo e
continuidade, nos assuntos relativos a:
Situação de dívidas do município.
Situação perante o Tribunal de Contas – pendências.
Análise evolutiva dos apontamentos das últimas análises das prestações de contas nos exercícios anteriores
realizadas pelo TCE – déficit orçamentário e financeiro e outros.
Situação da agenda de obrigações junto ao TCE-PR.
Alerta quanto às providências do cadastro dos representantes junto ao TCE-PR.
Relação de convênios com a União e com o Estado, recebimento de subvenções e auxílios.
Contratos com concessionárias e permissionárias de serviços municipais.
Contratos de obras, serviços e fornecedores.
Processos judiciais.
Situação da dívida ativa.
Situação dos servidores/Folha de pagamento.
Situação junto ao INSS, FGTS e PASEP.
Situação previdenciária do Município.
Projetos de leis desencadeados pela gestão no último exercício (BRASIL, 2008).
No início do mandato aconselha Botelho (2016) que a unidade deverá proceder a um diagnóstico geral do
estado econômico, financeiro, funcional e patrimonial da administração municipal.
Por intermédio do órgão central e de unidades integrantes do sistema de controle interno, isto é, a área de
finanças deverá evidenciar as disponibilidades financeiras por fonte de recursos, considerando para efeito de limite de
inscrição de restos a pagar.
Deverá ainda, promover continuamente dentro de cada mês a verificação do montante total das despesas
empenhadas e ainda não liquidadas, bem como a existência de provisionamento de disponibilidade financeira suficiente
para o pagamento de obrigações como 13º e férias.
Controlar e verificar também via as unidades do subsistema do controle interno quanto às transferências
financeiras em contas específicas, ou seja, identificadas com as fontes de recursos, com objetivo de resguardar
orçamentária e financeiramente a cobertura das contas bancárias geridas pelo setor/departamento de tesouraria, com
auxílio do departamento de contabilidade (controle de fontes).
Aconselha-se ainda a realizar diagnóstico junto às diversas unidades responsáveis no subsistema de controle
interno, sobre a situação relativa às condições das contratações do município:
Combustíveis, lubrificantes e lavagem de veículos.
Peças com serviço de reposição na sede do Município.
Material de Expediente (todas as Secretarias).
Locação de Sistemas Integrados para todos os módulos.
Assessorias.
Locação de provedor de Internet e manutenção de sistemas.
Serviço de construção e manutenção de Sites e Portal da Transparência.
Aquisição de Pneus e protetores.
Contratação de Serviços de Manutenção de Iluminação Pública.
Contratação de Transporte Escolar.
Serviços de Manutenção de reparos em instalações públicas, e de veículos e equipamentos.
Locação de veículos para limpeza Pública.
Aquisição de Medicamentos.
Relação de obras e serviços de engenharia em processo de licitação e em execução, evidenciando os
correspondentes valores previstos para o exercício, assim como os subsequentes.
Outros.
Para o Prof. Linhares (2016) o Controle Interno no início da gestão ainda deve providenciar a revisão e ou
instituição das seguintes normas:
Decreto definindo regras de Geração de Despesa e Pagamento de Restos A Pagar;
Decreto Municipal - Nomeia CPL e Pregoeiros;
Decreto Municipal - Dispõe sobre Regras para a Dispensa e Inexigibilidade de Licitação;
Decreto Municipal - Dispõe sobre atuação do Órgão Fiscalizador Controle Interno;
Decreto Municipal - Normatiza a Expedição Instrução Normativa;
Decreto Municipal - Dispõe Sobre Chancela de Documentos Públicos;
Revisar os Decretos que Regulamenta o Pregão, Registro de Preço e ME e EPP;
Decreto Municipal – Regulamentação da Expedição de Atos Administrativos e Redação de Atos Oficiais;
Decreto Municipal - Regulamenta a Lei de Acesso a Informação Pública e Portal da Transparência;
Decreto Municipal – Regulamenta a Central de Atendimento ao Cidadão – CAC;
Decreto Municipal – Regulamentação, Responsabilização e Pagamento das Multas de Trânsito;
Decreto Municipal – Regulamenta o Levantamento e Atualização do Inventário Patrimonial;
Decreto Municipal – Define o Calendário Oficial de Eventos, Feriados e Fiscalização de Festas;
Decreto Municipal - Aprovação do Quadro de Férias;
Decreto Municipal - Regulamentação de Atestados Médicos e Junta Médica;
Decreto Municipal – Atualização e Lançamento do IPTU – Consultar Código Tributário;
Decreto Municipal – Regulamenta a Digitalização de Documentos Públicos e sua Guarda – Arquivo Municipal;
Decreto Municipal – Regulamenta o Credenciamento e Adesão a Ata de Registro de Preço;
Instrução Normativa - Orientação e Procedimentos de Realização de Auditoria Interna;
Instrução Normativa – Criação do Manual de Orçamento;
Instrução Normativa - Dispõe sobre Regulamentação de E-mails Institucionais;
Instrução Normativa - Orienta o Controle de Frota;
Instrução Normativa - Orientando Procedimentos na Área de Recursos Humanos;
Instrução Normativa – Orientando o Pagamento de Servidores e Contribuições Previdenciárias;
Instrução Normativa – Orientando o Fechamento Mensal das Informações Contábeis – apresentando relação de
demonstrativos e prazos;
Instrução Normativa – Orienta à Adoção de Metodologia para Avaliar a Qualidade dos Serviços Públicos;
Instrução Normativa – Orienta a Via Sistema Informatizado - Remessa de Informações ao TCE .
Embora, em todos os exercícios por força das exigências dos próprios tribunais de contas a unidade central de
controle interno apresenta a certificação e avaliação da gestão em cada exercício enviando ao controle externo o
Relatório de Controle Interno, parte da prestação de contas anual. Para Linhares (2016) a unidade de controle interno
deve certificar-se em relação adequação das finanças públicas à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), notificando ao
Tribunal de Contas, caso encontre alguma inconsistência provocada pela Gestão Anterior:
Gastos com o Legislativo;
Gastos com pessoal;
Restos a pagar;
Metas fiscais;
Cronograma de Desembolso;
Desvio de Recursos (FUNDEB, COSIP).
Outros
A unidade central de Controle Interno, isto é, a Controladoria Geral deve estar apta a colaborar na transição de
governo, e após o levantamento de toda a situação do Município entregue pela gestão anterior iniciar os trabalhos
voltados a sua própria gestão de controle interno no ano que se inicia.
TÓPICO 4 – NORMATIZAÇÕES DA CONTROLADORIA – DECRETOS E INSTRUÇÕES NORMATIVAS
Considerando que depois de instituído o sistema de controle interno do Município por lei, o qual irá constituir e
organizar a UCCI, se faz necessário elaborar o decreto que irá regulamentar o sistema. Segundo o autor Glock (2013,
p.48), o mesmo deve conter no mínimo as seguintes abordagens:
elucidar aspectos que não estão claros na lei;
esclarecer que o controle interno será exercido sob enfoque sistêmico;
definir o papel e a responsabilidade da unidade que funcionará como órgão central do Sistema, assim como, das
diversas unidades da estrutura organizacional, no processo do controle;
definir os sistemas administrativos e respectivos órgãos centrais;
estabelecer prazo para identificação dos pontos de controle e elaboração dos respectivos fluxogramas e descrição
de rotinas (instruções normativas) para cada um dos sistemas administrativos;
estabelecer as regras gerais para a atividade de auditoria interna e a obrigação da elaboração do respectivo
Manual e do Plano anual de atividades.
Após a instituição do decreto que irá regulamentar o funcionamento do sistema de controle interno, o
detalhamento dos procedimentos especificamente voltados aos diversos subsistemas do controle interno deverá ser
estabelecido por intermédio da padronização de rotinas, indicação da legislação correlata e o estabelecimento da
matriz de responsabilização, mediante trabalho organizado e claro, os quais serão registrados e disponibilizados
oficialmente por instruções normativas e manuais instituídos no Município pela Unidade Central de Controle
Interno (UCCI).
Os órgãos e entidades da Administração Direta e Indireta dos Municípios deverão instituir o sistema de controle
interno, através de um conjunto de normas e rotinas de procedimentos escritos. Sendo assim, estão obrigados a
estabelecer através de ato normativo todas as rotinas de trabalho de todos os setores (TCE-MT,2007; TRT, 2014).
Para o Prof. Linhares (2016) a elaboração das instruções normativas para cada unidade administrativa de acordo
com a estrutura organizacional deve ocorrer com as seguintes etapas:
discuta com os chefes a viabilidade de sua aplicação;
após aprovada, as instruções normativas deverão ser numeradas e publicadas;
deve assinar as Instruções Normativas o Controlador Geral e a Autoridade Superior;
todas as Instruções Normativas, bem como suas atualizações ou revogações deverão ser enviadas, impressas ou
em meio magnético ou eletrônico, a todas as Secretarias e as demais unidades administrativas que deverão mantê-las
em pasta própria, para consultas periódicas pelos servidores da área;
após trinta dias da implantação retorne a unidade administrativa para elaboração do Relatório, ou solicite
informações por escrito, conforme papel de trabalho.
Salienta-se que um bom ponto de partida para o início das atividades do Sistema de Controle Interno no
município pode ser a realização de uma pesquisa da legislação federal, estadual e municipal de modo correlacionada
(check list). Estabelecer a correspondência dos órgãos/departamentos/setores centrais responsáveis pelos procedimentos
e cumprimento das mesmas (subsistema). Especialmente proceder todo mapeamento correspondente à esfera municipal,
conforme preceitos previstos na Constituição Federal, a Lei 4320/64, Lei 8666/93, Lei de Responsabilidade Fiscal, as
instruções normativas dos Tribunais de Contas e outras afins.
Após o mapeamento da legislação vigente, a correlação com as normas instituídas no seu município, com a
indicação do órgão responsável, como diagnóstico inicial do ponto de vista da avaliação da legalidade. Muito provável
somente este levantamento será tomado de surpresa pela falta ou falha de normas internas não correspondidas ao
cumprimento em alguns quesitos não observados como consta na Constituição Federal, a Lei 4320/64, a Lei 8666/93, a
Lei de Responsabilidade Fiscal e instruções normativas dos Tribunais de Contas. Estas falhas decorrem muitas vezes
pela evolução da interpretação dada nos próprios Tribunais de Contas e nos Judiciários.
O levantamento poderá revelar equívocos de redação, o qual pode fornecer dupla interpretação, preceitos sem a
devida atualização, lapsos e falhas parciais de observância de importantes mandamentos preceituados na legislação
federal e exigências do controle externo. Sendo que através do resultado desse trabalho e a imediata correção das
normas internas, o próximo passo seria o mapeamento de todos os processos administrativos em todas as unidades que
compõe o sistema de controle interno do Município, focando aspectos necessários de controle dos mesmos. O terceiro
passo seria a instituição de normativas e manuais, sua ampla divulgação e o quarto momento promover a fiscalização do
cumprimento das mesmas em todas as instâncias do Município.
A padronização das rotinas para todas as unidades administrativas do sistema de controle interna serão
registradas em instruções normativas editadas pela unidade central de controle interno, devem se apresentar no mínimo
com a seguinte estrutura, conforme disponibiliza e orienta Glock (2013, p.91; 92; 141):
ESTRUTURA PARA INSTRUÇÕES NORMATIVAS – UCCI
Número da Instrução Normativa: SJU - 01
Sistema Administrativo: Sistema Jurídico
Assunto/objetivo: estabelecer os procedimentos a serem adotados na execução fiscal da Dívida Ativa.
Unidade Responsável: Procuradoria ou Assessoria Jurídica
Início do processo: recebimento da Certidão de Dívida Ativa, encaminhada pelo Depto de Tributos (ou equivalente) ou
dos documentos para execução de Dívida Ativa não Tributária.
Fim do processo: levantamento de valores pagos em juízo, com depósito em conta corrente da Prefeitura e
comunicação aos Departamentos Financeiro, de Tributos e de Contabilidade.
Unidades executoras (envolvidas no processo): Departamentos de Tributos, Financeiro e Contabilidade.
Base Legal e Regulamentar: Código Tributário Nacional e Municipal, e outros.
Regras Gerais (quando aplicável):
Processos Mapeados
Documento Assunto Instrumento
Procedimentos de Controle
Ponto de Controle Procedimento de Controle Unidade Responsável
Sistema de aviso
Exame sistemático dos
registros do cadastro de
processos de execução fiscal,
com ênfase no controle de
prazos prescricionais.
Unidade responsável pela
Dívida Ativa
Relatório mensal elaborado
pela área responsável
Controles adicionais sobre os
processos relativos às ações de
execução da Dívida Ativa não
Unidade responsável pela
Dívida Ativa
Tributária.
Exemplo
No Apêndice 02 consta a relação de um roteiro de assuntos para as instruções normativas do Controle Interno.
TÓPICO 5 – GERENCIAMENTO FINANCEIRO – REGRAS DE TESOURARIA
Atendendo as orientações deve ser emita Instrução Normativa pela UCCI, após estudos e levantamentos da
gestão e controle da tesouraria, deve o controle interno se ater principalmente nos seguintes aspectos:
Movimentação financeira do Município em instituição financeira oficial nos termos do § 3º do art. 164 da
Constituição Federal;
Autorização legislativa para movimentação financeira em instituições financeiras particulares, naqueles casos
aceitos pelo Tribunal de Contas do Estado;
O equilíbrio entre a receita arrecadada e a despesa realizada de modo a manter a suficiência de saldos por fontes
de recursos, adotando como instrumento de controle o cronograma de desembolso nos termos do art. 8º da Lei
Complementar nº 101/2000;
Os pagamentos de despesas deverão ser efetuados exclusivamente pela Tesouraria mediante cheques nominativos
ou ordem de pagamentos através de estabelecimentos bancários credenciados;
Efetuar a escrituração diária do livro de tesouraria, elaboração de fluxo de caixa, com exposição ao prefeito;
Observar os estágios da receita: previsão, lançamento, arrecadação e recolhimento;
Observar os estágios das despesas: fixação, programação, licitação, empenho, liquidação, suprimento e
pagamento (cronológico);
Manter controle da sequencia numérica dos cheques emitidos, bem como, dos cheques cancelados;
Emissão de cheques somente após a aprovação dos processos de pagamento por autoridade competente;
Enviar ao responsável cheque com cópia para assinatura acompanhados dos processos de pagamento;
As conciliações bancárias, com programação de pagamento de fornecedores em dias alternados;
Não efetuar pagamento sem a existência do empenho, liquidação e documentos fiscais comprobatórios;
Controlar débitos automáticos, duplicatas ou outras obrigações por data de vencimento;
Não emitir ou receber cheques pré-datados, comparar as guias de recebimentos bancários com as guias de
arrecadação;
Anexar cópia do depósito bancário junto com a documentação da contabilidade;
Manter controle de informações de saldo com os controles contábeis;
Manter depositado em contas bancárias específicas recursos destinados à manutenção do ensino, saúde, fundos,
convênios, programas, auxílios, alienação de bens, enfim os recursos disponíveis devem ser controlados por contas
bancárias segundo suas fontes de recursos, conforme estabelecido no art. 8º. da LRF (ASSUMPÇÃO, 2017).
Principais Pontos de Controle – manutenção constante:
Controle diário da receita e das disponibilidades financeiras vinculadas e não vinculadas.
Adiantamentos financeiros.
Programação financeira em curto prazo e pagamentos.
Controles sobre operações de crédito e concessão de garantias.
(GLOCK, 2013)
RF.
TÓPICO 6 – CONTROLE INTERNO – COMPRAS E LICITAÇÕES
Atendendo as orientações deve ser emita Instrução Normativa, determinando adoção de procedimentos
mínimos que devem ser observados na gestão e controle da unidade responsável pelas Compras e Licitações:
Verificação da existência, manutenção e adequação das normas e procedimentos para aquisição de bens e
serviços, observados os requisitos legais para realização de licitação, inclusive os parâmetros para os casos de
dispensa e inexigibilidade. Modalidades de contratações previstas na Lei 8666/93, RDC, Pregão, Registro de Preços,
Micro e Pequenas Empresas, contratações sustentáveis;
Manutenção de cadastro atualizado de fornecedores e controle de preços sobre os principais produtos e serviços
consumidos e contratados;
Verificação da existência dos processos devidamente formalizados, notadamente os registros e atas pertinentes
aos processos licitatórios;
Acompanhamento da execução dos contratos celebrados pela administração, notadamente o cumprimento das
obrigações dos contratados.
Planejamento, execução e acompanhamento das licitações (prazos contratuais)
Análise das dispensas e inexigibilidades – check list;
Análise de processos licitatórios – termo de conferência no final do processo;
Análise de contratos e convênios – clausulas essenciais;
Outros (LINHARES, 2016; GLOCK, 2013):
Pontos de Controle:
Centralização das compras e contratações mediante requisição.
Compras e contratações vinculadas ao planejamento – dotação orçamentária e recurso financeiro.
Pesquisa mercadológica e tabelas referências de preços, formulação de orçamento em licitações (valores para
aquisição e contratação)
Jogo de planilhas em contratação de obras.
Gerenciamento de contratos de fornecimento.
Controle de estoques.
(GLOCK, 2013)
TÓPICO 7 – GARANTIAS BÁSICAS PARA O PLENO FUNCIONAMENTO DO CONTROLE INTERNO
Segundo o autor Glock (2013, p.47) importante agir com urgência estabelecendo os requisitos para implantação
e o funcionamento do controle interno, conforme enuncia:
Alternativamente, diante da premência do assunto, ou em decorrência dos prazos
estabelecidos pelo controle externo para o efetivo funcionamento do Sistema de Controle
Interno, esta fase de implantação do Sistema pode ser desenvolvida com o apoio de uma
Comissão Especial, a ser designada por portaria do gestor principal.
No entanto, explica o autor que para seu estabelecimento deve se prever um prazo máximo para sua vigência,
com a definição de um programa e cronograma de trabalho.
Então de qualquer modo, deve ser criada legalmente a estrutura, prever e contar com os investimentos e
recursos humanos e materiais necessários, regulamentar seu funcionamento e atividades contemplados de modo oficial.
Para o funcionamento do Controle Interno chamamos atenção para importantes observações enunciadas pelo
próprio TCE-PR quanto :
Os responsáveis pelo controle interno devem ser servidores efetivos (UCCI).
Instituir sistema de mandato entre os servidores ocupantes de cargo efetivo, para que haja continuidade e
alternância.
Acrescentando-se ainda, a possibilidade de cargo em comissão de controlador geral, desde que para chefiar
equipe composta por servidores efetivos.
Nenhum processo, documento ou informação poderá ser sonegado.
Possibilidade de impugnar, mediante representação, atos sem fundamentação legal.
O Controlador Interno não pode ser afastado de suas funções antes do encerramento do mandato ou do período
para o qual foi designado, exceto na hipótese de cometimento de ato irregular que, mediante apuração em processo
administrativo, assim justifique.
A Unidade Central de Controle Interno possuir independência para exercer a sua atuação, assim como acesso
irrestrito à qualquer informação da organização.
Não pode o Controlador Interno (coordenador UCCI):
Estar em estágio probatório;
Realizar atividade político partidária;
Exercer outra atividade profissional;
Ter sofrido penalização administrativa, cível ou penal, por decisão definitiva.
Impossibilidade de acumulação do exercício de cargo efetivo da carreira de controle interno do Poder Executivo
com o de vereador ou contador;
Perfil do Controlador (Código de Ética):
Integridade.
Objetividade.
Confidencialidade.
Competência.
(TCE-PR: ACÓRDÃO Nº 97/08, ACÓRDÃO Nº 265/08, ACÓRDÃO Nº 867/10, ACÓRDÃO Nº 1.604/10).
A estrutura ideal de pessoal da unidade de controle interno do Município dependerá do porte da administração e
do volume de atividades a serem controladas. Em qualquer caso, a complexidade e amplitude das tarefas vão exigir
conhecimento, qualificação técnica adequada, postura e garantia de estrutura independente, responsável e identificada
com a natureza da função.
Importante ressaltar que para maior desempenho das atividades relacionadas ao Controle Interno será necessária
uma estrutura mínima, formada pelo controlador e seus colaboradores; com no mínimo três servidores, isto para o
sistema centralizado; e para o sistema desconcentrado, se faz necessário além da estrutura da controladoria, com o
controlador e seus colaboradores, nomear servidores em cada uma das unidades seccionais.
Assim, além do controlador devem compor a equipe, assessores técnicos e/ou assessores de controle, concursados especificamente para o cargo ou no caso das seccionais designados por ato administrativo.
Recomenda-se que a estrutura mínima para implementação e/ou aperfeiçoamento de um sistema de controle
interno municipal, deve ser previsto com os subsistemas possíveis da estrutura existente e as respectivas ações com
sugestões para os pontos de controle necessários.
Para Linhares (2016) a hierarquização adequada na estrutura organizacional e o funcionamento do Controle
Interno de modo condizente depende:
apoio irrestrito da autoridade competente;
existências de procedimentos e rotinas;
acesso irrestrito as unidades administrativas bem como todas as informações;
conhecimento e capacidade para programar e executar as funções de fiscalização e auditoria;
liberdade para relatar resultados sem restrições ou interferências políticas;
capacidade para julgar imparcialmente as ocorrências e inconsistências;
capacidade para encontrar soluções.
É de se esperar como sugestiona também o autor Glock (2013) que o funcionamento do controle interno, dentro
dos princípios que se propõe, deve ser pautado irrestritamente em subsídios como:
acesso de informações em sistemas;
informações gerenciais e indicadores de desempenho;
controle da execução de programas e de metas físicas e financeiras;
controle de custos;
estrutura adequada, com clara distribuição das atribuições;
equipe de trabalho qualificada, capacitada, treinada e com alto grau de comprometimento;
delegação de poderes e delimitação de responsabilidades;
segregação de funções chaves;
organização da legislação municipal e existência de instruções devidamente formalizadas;
existência de controle sobre aspectos e operações mais relevantes;
aderência a diretrizes e normas legais.
Para o autor Castro (2016, p.236) as condições e garantias básicas para o pleno exercício das atividades de
controle, se complementam em:
posicionamento adequado na organização, que garanta independência funcional e relacional em face das demais
funções exercidas na Administração;
autonomia gerencial e respaldo da alta administração;
livre acesso a informações, documentos e dependências da organização;
liberdade para programar e executar trabalhos;
liberdade para relatar os resultados dos trabalhos sem interferências;
julgamento imparcial e sem tendenciosidade (independência interpretativa e de manifestação em relação ao
controlado).
Em todas as concepções e muitos debates sobre as garantias que os autores estudados nos trazem aliam-se ao final
em três fundamentos imprescindíveis para o necessário funcionamento do Controle Interno:
Vontade e convencimento da autoridade maior para implementá-lo, com todas as garantias para o seu pleno
funcionamento.
A cultura interna dos gestores e servidores ampliada a compreender, aceitar e colaborar com o controle interno;
Sistema de informações adequado no auxílio do desenvolvimento para o grande volume de atividades de controle
interno.
A responsabilidade em dar condições para a manutenção e funcionamento do sistema de controle e as suas
melhorias é da Administração da entidade. A Unidade Central de Controle Interno – UCCI por exercer tarefa técnica,
complexa e trabalhosa, a sua estrutura deve ser formalmente instituída com o objetivo de atuar e responder pela
manutenção e melhorias nos controles internos. A falta de condições de estrutura, trabalho, treinamento, capacitação e
orientação podem esvaziar os propósitos da unidade de controle e, neste caso, a responsabilidade é total da
Administração.
FUNCIONAMENTO DO CONTROLE INTERNO