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Página 1 Boletim 602/14 – Ano VI – 09/09/2014 Destaques Cursos on-line O Tribunal Superior do Trabalho (TST) rejeitou agravo de um bancário contra decisão que absolveu o Banco Bradesco de pagar, como horas extras, o tempo de participação em cursos de treinamento e aperfeiçoamento on-line. O pedido do trabalhador foi julgado improcedente pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) do Rio Grande do Sul por entender que ele se beneficiou diretamente dos cursos, e não conseguiu demonstrar que a participação era obrigatória nem que tenha se dado fora do expediente normal. Segundo o bancário, nos dez anos de trabalho, o Bradesco sempre exigiu que participasse dos cursos de qualificação realizados pela internet aos sábados e domingos. Ao todo afirmou ter feito 20 cursos nos fins de semana, em casa, e durante a semana fora do expediente. Por isso requereu o pagamento dessas horas como extras, com repercussão nas demais parcelas. Condenado na primeira instância a pagar oito horas extras, o Bradesco apelou para o TRT, alegando a utilidade dos cursos para o crescimento pessoal do bancário, ao lhe proporcionar conhecimento e capacitação para o mercado de trabalho. Admitiu sua obrigatoriedade, mas não a realização fora do horário de trabalho. O TRT reformou a sentença e absolveu o banco. (Fonte: Valor Econômico dia 09-09-2014).

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Boletim 602/14 – Ano VI – 09/09/2014

Destaques

Cursos on-line

O Tribunal Superior do Trabalho (TST) rejeitou agravo de um bancário contra decisão que

absolveu o Banco Bradesco de pagar, como horas extras, o tempo de participação em

cursos de treinamento e aperfeiçoamento on-line. O pedido do trabalhador foi julgado

improcedente pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) do Rio Grande do Sul por entender

que ele se beneficiou diretamente dos cursos, e não conseguiu demonstrar que a

participação era obrigatória nem que tenha se dado fora do expediente normal. Segundo o

bancário, nos dez anos de trabalho, o Bradesco sempre exigiu que participasse dos cursos

de qualificação realizados pela internet aos sábados e domingos. Ao todo afirmou ter feito

20 cursos nos fins de semana, em casa, e durante a semana fora do expediente. Por isso

requereu o pagamento dessas horas como extras, com repercussão nas demais parcelas.

Condenado na primeira instância a pagar oito horas extras, o Bradesco apelou para o TRT,

alegando a utilidade dos cursos para o crescimento pessoal do bancário, ao lhe

proporcionar conhecimento e capacitação para o mercado de trabalho. Admitiu sua

obrigatoriedade, mas não a realização fora do horário de trabalho. O TRT reformou a

sentença e absolveu o banco.

(Fonte: Valor Econômico dia 09-09-2014).

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Funcionários da USP aceitam proposta, mas greve é m antida Justiça do Trabalho sugeriu acrescentar abono de 28 ,6% ao reajuste oferecido pelos reitores; paralisação já dura 105 dias

LUIZ FERNANDO TOLEDO - O ESTADO DE S. PAULO SÃO PAULO - Professores e funcionários da Universidade de São Paulo (USP) deram o primeiro passo para pôr fim à greve que nesta terça-feira completa 106 dias, uma das mais longas do ensino superior público do Estado. Por ampla maioria, os servidores decidiram, em assembleia, aceitar a proposta do Tribunal Regional do Trabalho da 2.ª Região (TRT-2) de reajuste de 5,2% e abono de 28,6%. A paralisação, no entanto, só será encerrada quando a reitoria também aprovar a sugestão feita pela Justiça. A resposta da USP é esperada para esta terça-feira, quando o reitor Marco Antonio Zago se reúne com os reitores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Somente a USP ajuizou ação contra a greve, mas as três instituições negociam juntas as políticas salariais. Na quarta-feira, haverá nova audiência de conciliação no TRT, na qual grevistas e reitoria apresentam suas deliberações. Apenas na quinta-feira, grevistas votam, em assembleia, o fim da paralisação. Nesta segunda-feira, cerca de mil grevistas participaram da assembleia, segundo os sindicalistas, na frente do prédio da reitoria, no câmpus Butantã, zona oeste da capital. Em seguida, os líderes do movimento se reuniram com representantes da administração central para negociar as condições para encerrar a paralisação, mas nada ficou decidido. O reitor não participou. No documento final levado à reitoria, os grevistas reafirmaram o que foi proposto na semana passada pelo TRT: o reajuste dividido em duas parcelas - a primeira em setembro (a ser paga em outubro) e a segunda em dezembro (a ser paga em janeiro) e o abono a ser depositado após dez dias do acordo. O valor corresponde à defasagem salarial desde maio, quando começaram as negociações. A Associação dos Docentes da USP (Adusp), que também esteve em assembleia própria, aprovou a medida e se propôs a levar aos reitores que o mesmo acordo seja ofertado à Unesp e à Unicamp.

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O diretor do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), Magno Carvalho, considerou que, apesar de a proposta ser menor do que o pedido inicialmente - 9,78% -, houve avanço. “Apesar de ser uma proposta bem abaixo, nós quebramos a intransigência do reitor que passou 105 dias para chegar a uma proposta.” Questionado sobre o fim da greve, Carvalho afirmou que espera algumas garantias da reitoria, como a não demissão de líderes e a certeza de que não precisarão repor todas as horas trabalhadas, mas apenas o serviço acumulado na paralisação. Os grevistas também pedem reposição dos valores suspensos do vale-refeição e correção de descontos previdenciários. Entre outras reivindicações, o documento pede à reitoria que encaminhe ao governo Geraldo Alckmin (PSDB) a demanda pelo aumento das verbas das universidades para 10,5% de todo o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) arrecadado - hoje é de 9,57%. Hospital. Embora não esteja diretamente ligada à pauta de discussões para finalizar a paralisação, a desvinculação do Hospital Universitário da USP (HU) ainda pode ser tema de outro protesto dos grevistas. O assunto começou a ser debatido depois de a reitoria da universidade anunciar a medida com o objetivo de cortar gastos e diminuir a crise financeira. Carvalho disse que podem ocorrer novas paralisações e manifestos. “Vamos fazer um ato no Palácio (dos Bandeirantes, sede do governo paulista) para exigir que o governo não aceite essa mudança no HU.” Na última reunião do Conselho Universitário da instituição, no dia 2 deste mês, ficou acertado que uma comissão técnica avaliaria a transferência de responsabilidades para a Secretaria Estadual da Saúde, com 30 dias para apresentação do estudo. Uma das solicitações formais do documento dos trabalhadores enviado à reitoria nesta segunda para o fim da paralisação prevê um “calendário de negociação dos demais itens da pauta”, em que se inclui a desvinculação do hospital. Eles chegaram a discutir se incluíam o HU nominalmente no texto, mas entenderam que isso poderia atrasar o resultado do acordo.

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Baixo desemprego com pouco emprego José Pastore e José Paulo Chadad

Como explicar uma taxa de desemprego tão baixa (5%) num país que, segundo os dados

do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), gerou menos de 12 mil

empregos no mês de julho deste ano?

Em artigos anteriores, afirmamos que a principal razão desse desencontro está na

demografia. Há 20 ou 30 anos, diante de um rápido processo de urbanização, as mulheres

decidiram ter poucos filhos, e isso teve como resultado a escassez de jovens para trabalhar

nos dias de hoje. No outro extremo, a população brasileira envelheceu rapidamente, o que

reduziu ainda mais a oferta de trabalho, pois a maioria dos idosos é inativa. Ou seja, a

oferta de trabalho está diminuindo com velocidade maior do que a da geração de

empregos. Isso significa que menos pessoas procuram emprego, o que faz reduzir a taxa

de desemprego. Se o Brasil tivesse hoje o número de pessoas procurando emprego que

tinha há oito ou dez anos, o desemprego estaria acima dos 8%.

Estudo recente documenta esses fenômenos com uma metodologia rigorosa (André de

Queiroz Brunelli, Two decades of structural shifts in the Brazilian labor market, Brasília:

Banco Central do Brasil, paper 348, 2014). No âmbito da fertilidade, a taxa caiu

dramaticamente, de 3,9 filhos por mulher, em 1982, para 1,7 filho, em 2012. Ao mesmo

tempo, a expectativa de vida passou de 63,4 anos para 73,9 anos, indicando o referido

envelhecimento da população. Entre 1982 e 2012, o grupo de crianças de 0 a 14 anos

passou de 37,6% da população para 24,6% - uma queda de 13 pontos porcentuais. É isso

o que se reflete nos dias de hoje no número de jovens que deveriam estar procurando

trabalho, e não o estão porque não existem. No outro extremo da pirâmide populacional, os

idosos com mais de 65 anos passaram de 4%, em 1982, para 7,2%, em 2012. Quase

dobraram. Como a maioria não trabalha, tivemos aí uma outra redução da oferta.

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Mas nos dois grupos há um fenômeno adicional que acentuou a redução da oferta de

trabalho. Entre os jovens que têm condições de trabalhar, muitos estão prolongando sua

permanência na escola, adiando a sua entrada no mercado de trabalho. Isso é bom, pois

teoricamente melhora o capital humano. Entre os idosos com 65 anos e mais há o

fenômeno inverso, ou seja, uma aceleração da saída do mercado de trabalho, influenciada

pelos benefícios crescentes da aposentadoria e pelos valores generosos dos programas

sociais do governo. Tais fatores se conjugaram para fazer reduzir a taxa de desemprego,

mesmo com a geração de poucos empregos. De janeiro a julho deste ano, foram criados

cerca de 650 mil empregos e tudo indica que, ao longo do ano, o Brasil venha a gerar cerca

de 1 milhão de empregos - bem menos do que os 2,5 milhões criados em 2010.

O que esperar para os próximos anos? A dinâmica demográfica até aqui registrada tende a

continuar, porque é de natureza estrutural. O número de crianças até 14 anos cairá ainda

mais, chegando a 20,1%, em 2022, e o de idosos subirá, chegando a 10,1% nesse mesmo

ano. Com a persistente redução da oferta de trabalhadores, a taxa de desemprego só

subirá no caso de o País amargar uma recessão prolongada decorrente do estado

catatônico dos investimentos e sofrer um duro golpe na geração de empregos. A situação é

preocupante. Convém lembrar ainda que, para o mesmo crescimento de PIB, a capacidade

de gerar empregos vem diminuindo (José Paulo Chahad e Rafaella Gutierre Pozzo,

Mercado de trabalho no Brasil na primeira década do século XXI: evolução, mudanças e

perspectivas. Revista Ciência e Trópico, 2014). Isso decorre de automação e melhoria da

produtividade em setores específicos, como são os casos da agricultura, agrobusiness,

veículos e bancos.

Com esse quadro em vista, tudo indica que, mais cedo ou mais tarde, a taxa de

desemprego do Brasil subirá, e não haverá força demográfica que seja capaz de revertê-la.

*José Pastore e José Paulo Chadad são professores d a Fea-USP e membros do

Conselho de Emprego e Relações do Trabalho da Fecom ércio-SP

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Brasil tem a maior queda na força de trabalho

País teve a maior redução na populaçãoeconomicament e ativa entre países do G-20

JAMIL CHADE, CORRESPONDENTE / GENEBRA - O ESTADO DE S.PAULO

O Brasil é a economia do G-20 que registrou a maior queda no número de pessoas que de

fato são economicamente ativas no último ano. Dados divulgados pela Organização

Internacional do Trabalho (OIT) revelam que o Brasil tem o quinto menor índice de

desemprego entre os países do G-20. Mas o País é um dos exemplos, ao lado de

Argentina, Espanha e Estados Unidos, de economias que viram essa taxa cair não por

causa de um maior número de vagas no mercado, mas por uma queda na taxa de

participação na população economicamente ativa.

O índice de desemprego representa a parcela da população que está sem trabalho. Mas,

ainda assim, está em busca um emprego. Aqueles que nem trabalham nem buscam uma

vaga não são contabilizados. O informe da OIT foi preparado para a reunião dos ministros

do Trabalho do G-20 nesta semana na Austrália. A constatação da entidade é de que o

mundo perdeu uma década em termos da luta contra o desemprego e a crise será sentida

pelo menos até 2018. Segundo o informe, a taxa de desemprego no Brasil no primeiro

trimestre deste ano foi de apenas 4,9%, a quinta menor entre os países que fazem parte do

G-20. A taxa está muito distante dos 25,3% de desemprego na Espanha e 24% na África

do Sul. Mas o que chama a atenção da OIT é que, em março de 2014, 60,8% da população

participava do mercado de trabalho. Em 12 meses, o índice recuou 1,6%, a maior queda

entre todas as economias avaliadas. Em mercados como o do México, Coreia do Sul e

África do Sul, a taxa de participação aumentou em até 1%.

De fato, a taxa de brasileiros que estavam empregados foi de 57,8%, com uma redução de

1,2% em comparação ao mesmo período de 2013. A queda também é a maior entre todas

as economias do G-20. Para a próxima década, porém, o crescimento populacional no

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Brasil pode ajudar. Entre 2010 e 2020, a previsão é de que o País tenha uma expansão de

sua população de 1,3% ao ano. Mas, entre 2020 e 2030, o aumento seria de apenas 0,6%.

Prolongação. No restante do mundo, a OIT alerta que os indicadores tímidos de

crescimento na economia foram insuficientes para reverter a crise no trabalho. Para a

entidade, a crise que assolou o mundo em 2008 poderá começar a ser superada apenas

em 2018. O número de pessoas empregadas nos países em 2008 - cerca de 450 milhões

de pessoas - somente voltaria a ser registrado em 2018.

Para a OIT, o atual modelo de crescimento não favorece a criação de postos de trabalho.

Para que isso ocorra, a entidade vai apelar aos ministros que adotem políticas para

aumentar a demanda e o consumo interno de suas economias. Mas, por enquanto, o que

se registra são salários estagnados ou até uma redução da renda do trabalhador. A

desigualdade em diversos mercados aumentou e, mesmo onde há um aumento do salário,

ele não acompanha a produtividade.

Entre os emergentes, a alta salarial que não ficava abaixo de 5,6% a cada ano desde 2010

registrou em 2013 perda de força. No ano passado, o aumento de renda foi de 4,9% entre

os emergentes e, na China, a expansão foi nula. Nos países ricos, a elevação foi de mero

0,3%, gerando uma média de 1,9% no G-20, a mais baixa desde 2009. Além do número de

desempregados, a OIT alerta que 447 milhões de trabalhadores nas economias

emergentes do G-20 não ganham nem mesmo para sobreviver. A taxa é metade do

número que se registrava em 1991. Mas, ainda assim, representa um desafio social.

A OIT ainda aponta que metade de todos os trabalhadores do mundo são pobres ou estão

no limite da linha da pobreza, cerca de 837 milhões de pessoas no mundo em

desenvolvimento. (Fonte: Estado SP dia 09-09-2014).

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Caso não haja interesse em continuar recebendo esse boletim, favor enviar e-mail para [email protected] , solicitando exclusão.