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Página 1 Boletim 593/14 – Ano VI – 27/08/2014 Setor do agronegócio discute terceirização no Supremo Por Adriana Aguiar | De São Paulo O setor do agronegócio engrossou no Supremo Tribunal Federal (STF) o movimento contra decisões da Justiça do Trabalho que impedem ou restringem a terceirização. Desta vez, porém, a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) resolveu apostar todas as suas fichas nos ministros por meio da chamada Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) que, ao contrário dos recursos em tramitação, tem efeito vinculante - entendimento terá que ser aplicado por todos os juízes. A entidade alega basicamente na ação, apresentada na segunda-feira, que a aplicação da Súmula nº 331 do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que proíbe a terceirização das atividades-fim (principais) das empresas, afronta inúmeros preceitos fundamentais da Constituição. Entre eles, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, além da proteção à liberdade e da legalidade. O relator é o ministro Roberto Barroso. A associação resolveu ingressar com a ADPF depois de os ministros darem repercussão geral ao caso da Cenibra, segundo o diretor executivo da Abag, Luiz Cornacchioni. A empresa, do setor de celulose, foi condenada no TST a pagar indenização de cerca de R$ 2 milhões em uma ação civil pública proposta pelo Ministério Público do Trabalho, em 2006, por terceirização em toda a cadeia produtiva. Contudo, o ministro Luiz Fux, ao analisar o pedido de repercussão geral, considerou, dentre outros pontos, que a proibição genérica de terceirização baseada apenas na interpretação jurisprudencial dos tribunais trabalhistas do que seria atividade-fim pode interferir no direito fundamental de livre iniciativa, capaz de esvaziar a liberdade do empreendedor de organizar sua atividade empresarial de forma lícita e da maneira que entenda ser mais eficiente. Ele foi seguido por outros cinco ministros. Segundo Cornacchioni, diversos setores ligados ao agronegócio têm respondido a ações civis públicas do Ministério Público do Trabalho, que têm resultado em condenações milionárias. "Hoje há uma insegurança jurídica muito grande por não ter

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Boletim 593/14 – Ano VI – 27/08/2014

Setor do agronegócio discute terceirização no Supre mo Por Adriana Aguiar | De São Paulo O setor do agronegócio engrossou no Supremo Tribunal Federal (STF) o movimento contra decisões da Justiça do Trabalho que impedem ou restringem a terceirização.

Desta vez, porém, a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) resolveu apostar todas as suas fichas nos ministros por meio da chamada Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) que, ao contrário dos recursos em tramitação, tem efeito vinculante - entendimento terá que ser aplicado por todos os juízes.

A entidade alega basicamente na ação, apresentada na segunda-feira, que a aplicação da Súmula nº 331 do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que proíbe a terceirização das atividades-fim (principais) das empresas, afronta inúmeros preceitos fundamentais da Constituição.

Entre eles, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, além da proteção à liberdade e da legalidade. O relator é o ministro Roberto Barroso.

A associação resolveu ingressar com a ADPF depois de os ministros darem repercussão geral ao caso da Cenibra, segundo o diretor executivo da Abag, Luiz Cornacchioni.

A empresa, do setor de celulose, foi condenada no TST a pagar indenização de cerca de R$ 2 milhões em uma ação civil pública proposta pelo Ministério Público do Trabalho, em 2006, por terceirização em toda a cadeia produtiva.

Contudo, o ministro Luiz Fux, ao analisar o pedido de repercussão geral, considerou, dentre outros pontos, que a proibição genérica de terceirização baseada apenas na interpretação jurisprudencial dos tribunais trabalhistas do que seria atividade-fim pode interferir no direito fundamental de livre iniciativa, capaz de esvaziar a liberdade do empreendedor de organizar sua atividade empresarial de forma lícita e da maneira que entenda ser mais eficiente. Ele foi seguido por outros cinco ministros.

Segundo Cornacchioni, diversos setores ligados ao agronegócio têm respondido a ações civis públicas do Ministério Público do Trabalho, que têm resultado em condenações milionárias. "Hoje há uma insegurança jurídica muito grande por não ter

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uma regulamentação sobre a terceirização, o que traz impacto para todas as atividades", diz.

A advogada da Abag na ação, Teresa Arruda Alvim Wambier, afirma que alguns órgãos da Justiça do Trabalho têm dado interpretações excessivamente restritivas e, portanto, abusivas com base nos conceitos vagos adotados na Súmula nº 331. E ainda há outras decisões, segundo Teresa, que têm criado outros critérios, sem respaldo nem mesmo na súmula, para considerar abusiva a terceirização.

Para ela, esses critérios são aplicados "a hipóteses nas quais não há o mais leve indício de precarização das relações de trabalho".

O resultado disso, de acordo com a advogada, é que "a sociedade fica atordoada em virtude da disparidade de critérios usados nas diversas decisões que limitam ou acabam mesmo por suprimir inteiramente a terceirização".

Essa nova ação, acrescenta a advogada, permitirá uma discussão, com maior amplitude, do tema. Isso porque poderá avaliar o entendimento adotado em várias decisões proferidas na Justiça do Trabalho - e não apenas em uma delas, como no caso da Cenibra, em repercussão geral. "Além disso, a ADPF permitirá a análise com base em dados concretos da terceirização."

Se a ação for admitida pelos ministros, segundo o advogado Maurício Pessoa, sócio da área trabalhista do Barbosa, Müssnich & Aragão, " deve trazer todas as respostas para as empresas de todos os setores, por ser mais abrangente e abarcar todo o problema da terceirização". Já a ação da Cenibra, afirma Pessoa, apesar de já ter sido aceita no Supremo, pode tratar mais do caso particular da empresa, sem esgotar todo o tema.

O julgamento do STF, independentemente do resultado, deve trazer mais segurança jurídica ao país, de acordo com o advogado trabalhista Daniel Domingues Chiode, do Lazzarini Moretti e Moraes Advogados, que atua para empresas. "O Brasil está perdendo investimentos bilionários por conta da insegurança trazida com a Súmula nº 331", diz.

A estratégia das empresas em levar o tema para se definido no Judiciário, porém, não seria a melhor solução, na opinião do secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre. "Se a terceirização continuar a ser implementada de qualquer maneira, sem uma ampla discussão, teremos uma precarização do trabalho sem precedente na história", afirma.

Para Nobre, a melhor forma de se solucionar esse impasse seria uma negociação com representantes dos trabalhadores, das empresas e do governo. "Aí poderíamos encontrar uma solução de maneira legítima."

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Destaques Horas extras

Um cortador de cana vai receber como hora extra dez minutos de descanso para cada

90 minutos trabalhados que não foram concedidos durante o período em que trabalhou

para a Bioenergia S.A. A 3ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST) aplicou

analogicamente ao caso a pausa prevista na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)

para serviços permanentes de mecanografia (datilografia, escrituração ou cálculo). Na

ação, o trabalhador reclamou o direito com base na Norma Regulamentadora (NR) 31

do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que dispõe sobre a saúde e segurança de

trabalhadores rurais e prevê que, nas atividades realizadas em pé, devem ser

garantidas pausas para descanso. Como a norma não especifica a cadência das

pausas nem o tempo de duração, ele sustentou ser adequada a aplicação analógica

dos intervalos previstos no artigo 72 da CLT. Com o pedido negado na primeira e

segunda instância trabalhista, o trabalhador recorreu ao TST, onde teve o pleito

atendido.

(Fonte: Valor Econômico dia 27-08-2014).

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Trabalhadores da GM aceitam layoff Escrito por Agência O Globo Os funcionários da General Motors de São José dos Campos, interior de São Paulo, aprovaram ontem a proposta da montadora para a suspensão dos contratos de trabalho (layoff) de 930 metalúrgicos. A assembleia reuniu cerca de 2,5 funcionários pela manhã e mais 2 mil à tarde. O layoff foi pedido pela empresa no fim de julho, com a justificativa de adequar o volume de produção ao mercado, que está desaquecido. O sistema funciona como alternativa às demissões e, no período de afastamento, os salários são reduzidos e pagos pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). O sindicato vinha se mostrando contrário à suspensão do contrato de trabalho porque não havia garantia da empresa de estabilidade no emprego. Em agosto de 2012, a GM também colocou em layoff 940 funcionários. Em março de 2013, após o retorno desses trabalhadores, 598 deles foram demitidos. Segundo o sindicato, a GM garantiu em acordo que haverá estabilidade de emprego de até seis meses após o término do layoff, que deve começar no dia 8 de setembro e se estender até o início de fevereiro (cinco meses). A montadora confirmou que garantirá a volta dos trabalhadores após o layoff, com estabilidade por um período adicional. "Estão acontecendo demissões, layoffs e férias coletivas, mas as montadoras não param de enviar seus lucros para as matrizes no exterior. O governo federal tem de assumir um compromisso com os trabalhadores, garantir a estabilidade no emprego e pressionar todas as montadoras para que cumpram o compromisso de não demitir" afirmou o presidente do Sindicato, Antônio Ferreira de Barros. No início do mês de agosto, a presidente mundial da GM, Mary Teresa Barra, se reuniu com a presidente Dilma Rousseff e anunciou que a empresa fará investimentos de R$ 6,5 bilhões nos próximos cinco anos no Brasil.

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Ela não confirmou se a montadora fará um investimento de R$ 2,5 bilhões na fábrica de São José dos Campos, onde seria produzido um novo carro popular. O sindicato diz que o acordo coletivo fechado com a montadora prevê o investimento na unidade de São José dos Campos. Nas assembleias, os trabalhadores da GM também decidiram cobrar da montadora o investimento na unidade. Volks – Em Taubaté, também no interior de São Paulo, a unidade da Volkswagen, iniciou um período de férias coletivas de 10 dias, com início na última segunda. Em nota, a montadora confirmou as férias, mas não informou quantas pessoas foram afetadas. O Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté e Região informou que os 4.500 funcionários da produção foram atingidos. A justificativa para as férias coletivas também é adequar a produção ao menor ritmo de vendas. Depois de um primeiro semestre com queda de 7,65% nas vendas e de mais de 35% nas exportações, as montadoras estão adotando medidas para ajustar o ritmo de produção ao fraco desempenho do mercado doméstico de veículos. Além da GM e da Volks, a Fiat colocou trabalhadores de sua fábrica de Betim, em Minas Gerais, em férias coletivas por 10 dias (entre 11 a 20 de agosto). A Ford também optou por suspender o contrato de trabalho de parte dos trabalhadores de sua unidade de Taubaté, que tem cerca de 1.800 empregados. A Mercedes Benz também suspendeu os contratos de trabalho de 1,2 mil metalúrgicos em São Bernardo do Campo, em julho.

(Fonte: Diário do Comércio dia 27-08-2014).

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Caso não haja interesse em continuar recebendo esse boletim, favor enviar e-mail para [email protected] , solicitando exclusão.