centrais ameaçam reforma da previdência se não forem...

13
1 Boletim 1069/2016 – Ano VIII – 27/09/2016 Centrais ameaçam reforma da Previdência se não forem ouvidos Por Edna Simão e Andrea Jubé O presidente Michel Temer quer enviar o texto da proposta de emenda constitucional (PEC) da reforma da Previdência até sextafeira ao Congresso Nacional. A equipe técnica corre contra o tempo para realizar o desejo do presidente, mas prefere não se comprometer com este calendário. Hoje Temer quer adiantar pontos da reforma aos ministros e líderes, em jantar no Palácio da Alvorada. Representantes das centrais sindicais advertem, contudo, que se a proposta for enviada antes de apresentada aos trabalhadores, o governo terá problemas no Legislativo. "O prazo ainda não tem definição. Teremos um novo encontro", disse uma fonte palaciana envolvida nas discussões sobre as mudanças das regras de concessão de aposentadorias e pensões. Pelo segundo dia consecutivo, os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Dyogo Oliveira (interino do Planejamento) reúnemse hoje no Palácio do Planalto, com técnicos, para tentar finalizar um texto. Existe a possibilidade de o texto ser apresentado ao presidente ainda hoje. Isso porque, à noite, Temer promove um jantar para ministros e líderes da Câmara e do Senado no Palácio do Alvorada e pretende antecipar alguns pontos da reforma. Em entrevista ao Valor, publicada em 12 de agosto, Temer havia adiantado que enviaria a proposta ao Legislativo antes das eleições. "Não farei estelionato eleitoral", disse o presidente, naquela ocasião. Ontem, Temer reforçou o pedido a Padilha em reunião reservada, fora da agenda, que tiveram no Palácio do Jaburu pela manhã. O problema, no entanto, é que alguns pontos ainda não estão fechados. Esse é o caso das mudanças nas regras de previdência rural e dos servidores públicos, assim como a desvinculação do salário mínimo de alguns benefícios sociais. O governo até gostaria de desvincular a correção de alguns benefícios do salário mínimo. Mas está preocupado com a possibilidade de questionamentos judiciais no futuro. Por isso, está estudando que tipo de benefícios poderiam ser desvinculados, sem que haja uma onda de ações judiciais. Parte de técnicos defendem que a medida fique de fora da

Upload: lynhan

Post on 02-Dec-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

1

Boletim 1069/2016 – Ano VIII – 27/09/2016

Centrais ameaçam reforma da Previdência se não fore m ouvidos Por Edna Simão e Andrea Jubé O presidente Michel Temer quer enviar o texto da proposta de emenda constitucional (PEC) da reforma da Previdência até sextafeira ao Congresso Nacional. A equipe técnica corre contra o tempo para realizar o desejo do presidente, mas prefere não se comprometer com este calendário. Hoje Temer quer adiantar pontos da reforma aos ministros e líderes, em jantar no Palácio da Alvorada. Representantes das centrais sindicais advertem, contudo, que se a proposta for enviada antes de apresentada aos trabalhadores, o governo terá problemas no Legislativo. "O prazo ainda não tem definição. Teremos um novo encontro", disse uma fonte palaciana envolvida nas discussões sobre as mudanças das regras de concessão de aposentadorias e pensões. Pelo segundo dia consecutivo, os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Dyogo Oliveira (interino do Planejamento) reúnemse hoje no Palácio do Planalto, com técnicos, para tentar finalizar um texto. Existe a possibilidade de o texto ser apresentado ao presidente ainda hoje. Isso porque, à noite, Temer promove um jantar para ministros e líderes da Câmara e do Senado no Palácio do Alvorada e pretende antecipar alguns pontos da reforma. Em entrevista ao Valor, publicada em 12 de agosto, Temer havia adiantado que enviaria a proposta ao Legislativo antes das eleições. "Não farei estelionato eleitoral", disse o presidente, naquela ocasião. Ontem, Temer reforçou o pedido a Padilha em reunião reservada, fora da agenda, que tiveram no Palácio do Jaburu pela manhã. O problema, no entanto, é que alguns pontos ainda não estão fechados. Esse é o caso das mudanças nas regras de previdência rural e dos servidores públicos, assim como a desvinculação do salário mínimo de alguns benefícios sociais. O governo até gostaria de desvincular a correção de alguns benefícios do salário mínimo. Mas está preocupado com a possibilidade de questionamentos judiciais no futuro. Por isso, está estudando que tipo de benefícios poderiam ser desvinculados, sem que haja uma onda de ações judiciais. Parte de técnicos defendem que a medida fique de fora da

2

reforma da Previdência para evitar ainda mais embates no Congresso Nacional. Ainda não está definido se os militares ficarão ou não fora da reforma. O residente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (SDSP), ressaltou ao Valor PRO, serviços de informações em tempo real do Valor, que Temer comprometeuse em chamar os representantes das centrais sindicais para apresentar o texto da reforma antes de enviála ao Congresso. "Se enviar sem apresentar [o texto] antes pra gente, terá problemas", afirmou Paulinho da Força. Essa reunião teria de ocorrer até quintafeira, para que o prazo do dia 30 seja cumprido. Segundo interlocutores do Planalto, outros itens da reforma, que já vieram a público, estão confirmados, como o estabelecimento de uma idade mínima de aposentadoria, em 65 anos; a fixação de regras distintas para transição para aposentadoria de mulheres e professores. A tendência é que o período de transição para as mulheres seja de 20 anos. O governo ainda quer que a reforma contenha artigos que impeçam o acúmulo de aposentadoria com outros benefícios, como pensão, e pedidos posteriores de revisão do valor por aposentados que continuam no mercado de trabalho, ou seja, a desaposentação.

Mercado de trabalho ainda vai levar tempo para reag ir A queda do número de vagas de emprego formal fechadas em agosto alimentou a expectativa de recuperação do mercado de trabalho. O saldo líquido entre admissões e desligamentos foi de 33,9 mil vagas perdidas em agosto, cerca de um terço das 94,7 mil vagas extintas em julho. Foi o resultado menos ruim contabilizado pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) em um ano e meio. A melhoria foi patrocinada pela indústria de transformação que vem mostrando reação e, pela primeira vez desde fevereiro de 2015, abriu mais postos do que fechou 6,3 mil vagas , com destaque para a expansão na produção de alimentos, calçados, têxteis e produtos químicos. No comércio houve módica geração de empregos, que não chegou a 1 mil postos. Mas continuaram as perdas de vagas principalmente na construção civil, agricultura e serviços.

3

Com o resultado de agosto, o Caged acumula o corte de 651,3 mil vagas no ano e de 1,656 milhão em 12 meses. Os setores mais afetados são os do comércio, com 41% dos postos fechados, ou 267,3 mil, da construção, com 25%; e serviços, com mais 25%. Em quarto lugar vem a indústria, com 22,4%. Houve geração de emprego na agricultura (82,1 mil) e administração pública (18,6 mil). Apesar da incipiente melhora em alguns setores, não se espera um saldo positivo de vagas no Caged até o fim deste ano. Como disse o economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (IbreFGV), Fernando de Hollanda Barbosa Filho, o mercado de trabalho ainda não está melhorando, mas apenas "despiorando". Dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) mostram que a desaceleração da economia já vinha tendo impacto no mercado de trabalho desde 2014, quando a criação de vagas caiu praticamente pela metade, para 400 mil. Mas a crise chegou mesmo em 2015, que ficará marcado como o ano de maior corte de vagas de trabalho desde 1985, com a perda de 1,51 milhão de postos de trabalho. As estimativas sinalizam que o ano vai contabilizar pouco mais de 1 milhão de postos de trabalho fechados, quase o dobro do acumulado até agora. Pode parecer muito. Sazonalmente, porém, as demissões aumentam em dezembro. Apenas em dezembro de 2015 foram perdidos 596,2 mil postos de trabalho. A recuperação econômica apoiada principalmente na indústria, em especial em segmentos mais ativos no comércio exterior, abre mais espaço para a contratação de trabalhadores qualificados. Em contrapartida, encontrar emprego está mais difícil para os menos qualificados, dado o maior volume de fechamento de vagas na construção, no comércio e nos serviços. Se em 2015 o desemprego cresceu com a notável redução das contratações, neste ano chama a atenção o aumento dos desligamentos. O que ajuda a evitar uma explosão maior do desemprego é o aumento da informalidade e do trabalho por conta própria. Levantamento do Bradesco mostra que 35% da população ocupada vivem do emprego informal e do trabalho por conta própria em comparação com 38,9% do trabalho formal. Trabalham no setor público 12,4%; na atividade doméstica, 6,6%; são empregadores 4,1%; e auxiliam as famílias, 2,9%. Como o rendimento do trabalhado informal é 36,5% menor do que o do formal, há impacto na Previdência e no consumo. Ainda assim, os dados da Pnad Contínua indicam que o desemprego aumentou 0,25 ponto percentual por mês nos últimos 12 meses e chegou a 11,6% da população ativa em julho, o equivalente a cerca de 12 milhões de desempregados.

4

Os sinais de estabilização da atividade econômica, com a melhora da confiança e indicadores positivos em alguns setores, especialmente na indústria, alimentam a expectativa de retomada das contratações de empregados. No entanto, é certo que o mercado de trabalho reage de forma defasada à atividade econômica. Assim como demorou a refletir a queda da produção também vai levar algum tempo para mostrar a recuperação. Embora um mês ou outro possa apresentar números melhores, a previsão continua sendo de que o corte de vagas chegará a 1 milhão neste ano para ficar positivo somente em 2017. A taxa de desemprego deve superar os 12% no fim deste ano e manter esse patamar no próximo. Outra aposta certeira é a continuidade da desaceleração dos ganhos salariais nominais, que afeta negativamente o consumo das famílias, o crédito e a Previdência.

Conselheiros do Carf buscam direitos trabalhistas Por Beatriz Olivon Conselheiros representantes dos contribuintes no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) criaram uma associação para defender os interesses da categoria. Além de mudanças no órgão como o modo de distribuição de processos , buscam direitos trabalhistas, que não são contemplados pelo modelo de gratificação adotado pelo órgão. "Depois que fomos obrigados a nos licenciar da OAB [Ordem dos Advogados do Brasil] ficamos meio à deriva. Estávamos sem ninguém para nos representar", afirma Demetrius Nichele, conselheiro da 1ª Seção e presidente da Associação dos Conselheiros Representantes dos Contribuintes no Carf (Aconcarf). Em maio de 2015, o Conselho Federal da OAB decidiu que os conselheiros não podem advogar em nenhuma área do direito enquanto atuarem no órgão do Ministério da Fazenda. A decisão se baseou na criação de uma gratificação para os conselheiros. A associação foi formalizada na semana passada, por um grupo de cerca de dez conselheiros. Mas um total de quase 40 integrantes já demonstrou interesse em participar da entidade. A primeira bandeira será discutir a produtividade do Carf. A ideia é marcar uma reunião com o presidente do Carf, Carlos Alberto Freitas Barreto, para abrir um canal de comunicação e discutir alguns pontos. A Aconcarf questiona a distribuição de processos. De acordo com seu presidente, os representantes dos

5

contribuintes recebem a mesma quantidade de casos e ganham o equivalente à metade da remuneração dos fiscais que atuam no órgão. Além disso, a entidade quer mudar a forma de pagamento, que é feita por participação em sessão e produtividade. Hoje, exige-se, além da presença, a apresentação mínima de seis processos por mês para julgamento. Para os representantes dos contribuintes, bastaria acompanhar os julgamentos. O pagamento aos conselheiros representantes dos contribuintes é feito com base no Decreto nº 8.841, de 2015. A remuneração mensal pode chegar a R$ 11.238,00, tendo em vista o número de sessões e o valor de cada uma R$ 1.872,50. Os representantes dos contribuintes também buscam direitos trabalhistas, como licença-maternidade e auxíliodoença. De acordo com a entidade, há caso de conselheiro que passou mal em sessão de julgamento e não recebeu por sua participação. A ideia principal do grupo é poder fazer demandas sem expor nenhum dos conselheiros. E com a instituição da associação, os representantes dos contribuintes têm a possibilidade de entrar com uma ação judicial caso verifiquem alguma irregularidade, segundo o presidente da Aconcarf. O Carf informou que não recebeu as reivindicações mencionadas e que observa rigorosamente o previsto na legislação e pareceres jurídicos vigentes, em especial a Lei nº 13.191, de 2015, e o Decreto nº 8.441, do mesmo ano, que disciplinam o pagamento da gratificação de presença devida aos conselheiros representantes dos contribuintes. O conselho ainda tem vagas abertas e já afirmou que aguarda indicações de nomes pelas confederações. Das 39 vagas não preenchidas, 24 são para representantes dos contribuintes e 15 para integrantes da Fazenda Nacional.

Pleno do TST afasta prevalência de acordo sobre CLT Por Beatriz Olivon O Pleno do Tribunal Superior do Trabalho (TST) entendeu ontem que nem todo acordo coletivo deve prevalecer sobre a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). A decisão, por maioria de votos, afastou cláusula sobre pagamento de horas de deslocamento (in itinere). Foi a primeira vez que o colegiado se manifestou sobre o polêmico tema.

6

"Tivemos um julgamento histórico, fixando parâmetros que vão nos balizar no TST", afirmou o presidente do tribunal, ministro Ives Gandra Martins Filho, vencido no julgamento que reuniu 26 magistrados. Na decisão, a maioria dos ministros reconheceu que a autonomia negocial coletiva não é absoluta e que os precedentes do Supremo Tribunal Federal (STF) em sentido contrário não se aplicariam ao caso concreto. Eles entenderam que, no processo analisado, a cláusula deveria ser afastada por não ter apresentado contrapartida para os trabalhadores. O processo julgado envolve a Usina de Açúcar Santa Terezinha. Conforme relatado na sessão, o acordo coletivo limita o número de horas de deslocamento e estabelece natureza indenizatória para o pagamento sem repercussão em férias, FGTS, 13º salário, contribuições previdenciárias ou Imposto de Renda. A empresa ainda poderá recorrer da decisão ao STF. O julgamento dividiu os ministros do Pleno. O relator, ministro Augusto César Leite de Carvalho, votou contra a cláusula negociada. No voto, listou seis razões para negar o pedido da empresa. Para ele, a jornada de trabalho é um direito indisponível por envolver a dignidade da pessoa humana e medicina e segurança do trabalho. Além disso, o relator questionou negociação feita sem cláusula compensatória e defendeu que a autonomia negocial coletiva não dá poder para alteração de natureza de parcela de indenizatória para remuneratória. Apenas quatro ministros defenderam que, no caso concreto, a cláusula seria válida. A divergência foi inaugurada pelo presidente do TST, ministro Ives Gandra da Silva Martins Filho, que defendia o texto, por considerar que havia vantagens aos trabalhadores na negociação. O ministro José Roberto Pimenta chegou a afirmar na sessão que o presidente do TST está "em uma verdadeira cruzada" para revisar a jurisprudência do TST sobre o assunto. O ministro defendeu que o princípio do negociado prevalecer sobre o legislado não pode ser definido pela via judicial. "Cabe aos demais poderes legislarem a respeito e assumirem a responsabilidade histórica por isso", disse. Alguns ministros haviam solicitado que o processo fosse julgado como repetitivo, para fixar uma tese a ser aplicada em casos iguais. Porém, a maioria decidiu julgar o caso de forma regular, como precedente do Pleno. Para o ministro Aloysio Silva Corrêa da Veiga, a tese não estaria bem dimensionada no caso julgado para ser fixado um resultado absoluto. O ministro defendeu que seria

7

necessária uma decisão mais abrangente para regular de uma vez por todas quais os limites da atuação do sindicato na celebração de acordos coletivos. No julgamento, os ministros citaram precedentes do Supremo Tribunal Federal sobre o assunto, um de 2015 e outro deste ano. Eles traçaram algumas diferenças entre os casos concretos, especialmente a recente decisão do ministro Teori Zavascki que também tratava de horas in itinere na qual o acordo coletivo foi aceito. Segundo o ministro Walmir Oliveira da Costa, os precedentes do STF não incidem no caso concreto, pois um trata de plano de desligamento voluntário (PDV) e outro de quantitativo de horas in itinere, e não da natureza das verbas (salarial ou indenizatória), como no caso concreto. Os ministros também destacaram que a decisão de Zavascki demonstrou que havia contrapartida para os trabalhadores. O ministro Mauricio Godinho Delgado afirmou que a interpretação do STF ao julgar PDV em 2015 foi pontual, em uma situação que não é regulada pela norma jurídica, já que não existe lei para planos de desligamento voluntário. "Nesse contexto é possível criar certas regras", afirma. Para o ministro, uma ampliação excessiva da negociação coletiva trabalhista traria o risco de aprofundar o déficit público, pela frustração da possibilidade de arrecadação previdenciária e tributária no país. O advogado que representa o trabalhador no caso, José Eymard Loguercio, do escritório LBS Advogados, afirmou que o TST confirmou sua jurisprudência de que é necessário avaliar cada caso em se tratando de negociações. "Pela leitura do TST, o Supremo não autorizou, genericamente, o negociado sobre o legislado, mas dependendo das contrapartidas e da negociação", afirmou ao final do julgamento. Apesar se não ter sido aceita a tese completa do relator, que estabelecia mais condições para o acordo ser aceito, a decisão foi favorável ao trabalhador. Segundo o advogado Wagner Gusmão, do escritório Tristão Fernandes Advogados, a decisão mantém a jurisprudência do TST e é um pouco mais restritiva do que as decisões do STF. "No julgamento, o TST ponderou que há limites à autonomia coletiva, enquanto o STF entendeu pela autonomia plena", disse. "É bom que seja uma análise de cada caso, pois ela dá ao magistrado a possibilidade de avaliar se a vantagem ofertada no acordo coletivo compensa a flexibilização do direito."

8

Destaques Por Contribuição negocial O Tribunal Superior do Trabalho (TST) determinou que a Cooperativa de Eletrificação e Desenvolvimento Rural da Região de Novo Horizonte (SP) se abstenha de descontar de seus empregados o valor da contribuição sindical compulsória relativa à cotaparte do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Energia Elétrica de Campinas. Ao prover recurso do sindicato, a 6ª Turma entendeu que é possível ao sindicato renunciar à sua parte do antigo imposto sindical, recolhendo, em seu lugar, a chamada contribuição negocial, aprovada em assembleia geral pela categoria. Na ação, o sindicato (que também apresentou pedido semelhante em relação a 70 empresas) informou que desde 1941 representa os eletricitários de uma base territorial que abrange 483 municípios paulistas, entre eles os empregados da cooperativa, e que a categoria instituiu livremente, em assembleia geral, a criação da contribuição negocial, em substituição ao imposto sindical. Assim, afirmou não ter interesse na contribuição compulsória, que, a seu ver, viola o artigo 8º, inciso I, da Constituição Federal, que consagra o princípio da autonomia e da liberdade sindical. Em primeira instância, o pedido foi julgado procedente. Porém, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de Campinas reformou a sentença. PDV da Embraer Embraer informou que encerrou na sextafeira a avaliação das inscrições para o Programa de Demissões Voluntárias (PDV) da companhia. A empresa aceitou no programa 1.463 dos 1.470 empregados inscritos, ou 99,5%. Os desligamentos serão realizados na primeira semana de outubro. A Embraer disse em comunicado que o PDV é uma "das diversas iniciativas adotadas pela empresa visando a redução de custos recorrentes". A companhia afirmou que outras ações com esse objetivo seguem sendo implementadas, mas que os impactos só serão dimensionados ao longo dos próximos meses. A companhia disse, ainda, que os sindicatos que representam os empregados já foram convidados a conversar com a empresa a partir desta segundafeira para buscar outras soluções conjuntamente. (Fonte: Valor Econômico dia 27/09/2016)

9

Embraer vai cortar 1.463 com plano de demissão em o utubro

- A Embraer anunciou nesta segunda-feira (26) a aprovação de 1.463 dos 1.470 funcionários inscritos no Programa de Demissões Voluntárias (PDV) lançado pela companhia. De acordo com a Embraer, a demissão dos funcionários será feita na próxima semana. "O PDV foi uma das diversas iniciativas adotadas pela empresa visando a redução de custos recorrentes. Outras ações com esse objetivo seguem sendo implantadas e seus impactos só serão dimensionados ao longo dos próximos meses", informou a companhia, em nota enviada à imprensa. A Embraer destacou que os sindicatos que representam os trabalhadores já foram convidados para discutir soluções em parceria. A fabricante também divulgou comunicado ontem reforçando que não tem intenção de vender seu negócio na área de defesa e segurança. O comunicado é uma resposta à uma nota divulgada pelo jornal "O Globo" no domingo (25). "A unidade é lucrativa e a Embraer continua expandindo sua atuação no segmento tanto no Brasil quanto no exterior", declarou a Embraer, em esclarecimento. / Da Redação

Greve dos estivadores do Porto de Santos será julga da amanhã

São Paulo - O Tribunal Regional do Trabalho (TRT-SP) vai julgar, amanhã (28), às 15h30, a greve dos estivadores do Porto de Santos, iniciada na semana passada. Parados em três terminais de contêineres - BTP, Santos Brasil e Libra, a categoria pede reposição salarial, de 11,78%, a igualdade na fatia de mão de obra vinculada, que passou de 50% para 66,6% no mês de julho e o aumento no vale-refeição para R$ 30. Os terminais, no entanto, continuam funcionando mesmo que com capacidade reduzida. Estima-se que 3 mil trabalhadores aderiram à greve. Apesar disso, navios foram obrigados a desviar a rota.

Um acórdão estabelecido pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), de 2015, havia decidido que a partir de 1º de julho deste ano, os terminais poderiam aumentar gradualmente a participação de estivadores com carteira assinada, com expectativa para atingir 100% a partir de março de 2019. As empresas, até então, haviam aceitado a proposta de conciliação do TRT-SP, para reajuste de 10% retroativo a março e vale refeição de R$ 30.

Segundo Wilen Manteli, presidente da Associação Brasileira de Terminais Portuários, "as empresas querem ter liberdade de contratação dos trabalhadores, mas há uma resistência por parte dos sindicatos por manter os avulsos". Para ele, com os equipamentos modernos, os terminais precisam mandar os trabalhadores para serem treinados em fábricas, principalmente no exterior. O Sindicato dos Estivadores de Santos e Região (Sindestiva) afirma que, com a greve, os terminais substituíram os estivadores por trabalhadores dos navios, cuja tripulação é estrangeira, desrespeitando a Lei dos Portos. Esta viabiliza que os terminais dentro do porto possam vincular estivadores, desde que sejam da base do órgão gestor de mão de obra (Ogmo).

Redação e Agências

(Fonte: DCI dia 27/09/2016)

10

Ainda é lenta a retomada da confiança empresarial A confiança dos empresários continuou a crescer e é disseminada, embora alguns índices acusem evolução lenta ou ainda se situem no campo negativo Nos últimos meses, segundo pesquisas da Confederação Nacional da Indústria (CNI), da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e de The Conference Board (TCB), a confiança dos empresários continuou a crescer e é disseminada, embora alguns índices acusem evolução lenta ou ainda se situem no campo negativo. O que fica evidente é que não é iminente uma recuperação mais vibrante da economia, pelo menos enquanto persistirem as dificuldades relativas ao emprego e à renda do consumidor. O levantamento mais promissor é o Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei, da CNI), que cresceu ininterruptamente nos últimos cinco meses e atingiu 53,7 pontos em setembro, superando a marca dos 50 pontos que separam os campos positivo e negativo e registrando evolução de 18 pontos em relação a setembro do ano passado. Os três segmentos que formam o Icei (indústrias extrativa, de transformação e construção) tiveram alta e superaram a marca de 50 pontos. A indústria de transformação registrou mais de 50 pontos em 21 dos 27 subsetores analisados. Em setembro de 2015, nenhum subsetor atingira essa marca. A recuperação é liderada pelas grandes empresas. O Indicador Antecedente Composto da Economia (Iace), da FGV/Ibre e do TCB, subiu pela sétima vez consecutiva (0,7% entre julho e agosto). Mais contribuíram para a alta os indicadores do comportamento de ações, as expectativas de serviços e consumidor, o índice de termos de troca e a evolução das taxas de operações de swap (troca) prefixadas. As expectativas favoráveis “são majoritárias”, notou o responsável pelo Iace, Paulo Picchetti, embora a produção física de duráveis e as expectativas da indústria e das exportações ainda sejam insatisfatórias. Outro índice da FGV/Ibre, que mede as condições atuais, mostra que expectativas favoráveis dos últimos meses ainda não se confirmaram. Segundo o Monitor do PIB-FGV, a variação entre os trimestres móveis fevereiro a abril e maio a julho ainda é negativa em 0,49%. O único ponto positivo é que a taxa é a menos negativa em seis trimestres consecutivos. O coordenador do Monitor, economista Claudio Considera, nota que os “resultados apontam melhora da atividade econômica com relação ao ano de 2015”. O comportamento da economia no trimestre em curso parece influenciado pelos níveis ainda baixos de investimento e consumo e pelo pouco dinamismo das exportações.

11

Reforma da Previdência pode ser enviada só após as eleições Governo disse que enviaria projeto ainda esta seman a, mas há resistências mesmo dentro do Planalto Carla Araujo, Murilo Rodrigues Alves, BRASÍLIA - O governo Michel Temer voltou a indicar que deve deixar o envio da proposta da reforma da Previdência para depois do primeiro turno das eleições municipais. O ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, voltou a defender a importância de o texto ser debatido com representantes dos trabalhadores e empregadores antes de mandar o texto para o Congresso. “Acho que tudo o que for feito para facilitar a tramitação é bem-vindo”, disse. Geddel se reuniu com o presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, que saiu dizendo que o ministro vai fazer o “impossível ” para convencer Temer da necessidade de adiar o envio da proposta aos parlamentares para que seja debatida com as centrais sindicais. “O presidente prometeu que faria uma rodada de conversas com as centrais. Espero que cumpra a promessa”, afirmou. O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o do Planejamento, Dyogo Oliveira, se reuniram nesta segunda-feira, 26, com técnicos das duas Pastas e da Fazenda para fechar os detalhes da proposta. Está marcada para terça-feira uma nova rodada de discussões. Presidente da terceira maior central do País, Patah disse que este não é o momento para o governo apresentar o texto ao Congresso. “Normalmente, as mudanças estão sempre recaindo nas costas dos trabalhadores”, criticou. Segundo ele, a promessa de Temer feita a “dez parlamentares” não pode passar por cima de um compromisso com os trabalhadores. Prazo. Por pressão da cúpula do PSDB, Temer acertou no início do mês que proposta seria enviada até o dia 30 deste mês. Sendo enviada perto da eleição, a proposta teria menor influência política na campanha, agradando aos parlamentares da base, e faria com que Temer cumpra a palavra com o PSDB, enviando a proposta ainda neste mês e evitando ser acusado de “estelionato eleitoral”. Patah disse ainda que o ministro Geddel afirmou que o texto da reforma ainda não está pronto, mas com algumas questões já definidas, como a idade mínima de 65 anos, ponto já defendido publicamente por Padilha. Segundo ele, a conversa de ontem serviu para que os sindicalistas mostrassem sua preocupação com o tema. (Fonte: Estado de SP dia 27/09/2016)

12

13