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- APRESENTAÇÃO - - DESTAQUES - INFORME CADP “O Brasil não é „isso‟. É „isso‟. O Brasil, senhores, sois vós. O Brasil é esta Assembléia. O Brasil é este comício imenso, de almas livres. Não são os comen- sais do erário. Não são as ratazanas do Tesouro. Não são os mercadores do Par- lamento. Não são as san- guessugas da riqueza públi- ca. Não são os falsificado- res de eleições. Não são os compradores de jornais. Não são os corruptores do sistema republicano.” RUI BARBOSA CENTRO DE APOIO OPERACIONAL DE DEFESA DO PATRIMÔNIO PÚBLICO Abril de 2015 n.º 29 NESTA EDIÇÃO: APRESENTAÇÃO 1 DESTAQUES 1 NOTÍCIAS LOCAIS 3 NOTÍCIAS NACIONAIS 4 DECISÕES 5 DICAS PRÁTICAS 11 EQUIPE CADP Dirigente: Dr. Gustavo Senna Miranda Apoio: Flávia Modolo Fardin, Sérgio D. M. Júnior, Claudia Costa Fernandes, Diego Rabelo de Paula, Gislane Lopes de Souza e Tathiane Navarro Vieira. Telefone: (27) 3194-4720 e-mail: [email protected] Endereço: Rua Procurador Antônio Benedicto Amancio Pereira, n.º 121, Complexo Administrativo Annina Lícia de Amorim Rubim Grégio, 5º andar, Santa Helena, Vitória-ES, Cep: 29.055-036. Nesta edição do INFORME CADP apresentamos diversas notícias locais e nacionais a res- peito dos temas tocantes a nossa área de atuação, em especial sobre o ajuizamento de ações civis pela prática de atos de improbidade administrativa pelos órgãos de execução em muni- cípios como Mucurici, Ibatiba e Linhares/Sooretama. Destacamos também a publicação de nova portaria para solicitação de auxílio contábil ao CADP e a realização do 1º CEATE/CADP, com lançamento a obra "Microssistema Proces- sual Colevo e a Tutela do Patrimônio Público" de autoria do Promotor de Jusça Dr. Val- tair Lemos Loureiro, dentre outros destaques. Trazemos, ao final, breve análise e modelo de recomendação sobre a recente regulamentação da Lei Anticorrupção nos municípios. EQUIPE CADP Ministério Público da Bahia encaminha "MEDIDAS DE DEFESA DO PATRIMÔNIO PÚBLICO E DA MORALIDADE ADMINISTRATIVA". O Ministério Público do Estado da Bahia encaminhou proposta acerca de medidas que visam defender o patrimônio público e a moralidade administrativa. Trata-se de iniciativa salutar no enfrentamento dos atos de corrupção, que vem complementar outras iniciativas, como a recentes propostas do MPF. Na oportunidade, aos colegas que tiverem interesse, solicitamos que encaminhem sugestões para o CADP, com o objetivo de inserir o MPES no debate de tema tão importante para a proteção da boa gestão pública e, consequentemente, dos direitos fundamentais. Solicite aqui as propostas. Rotina de gestão de procedimentos cíveis de conformidade com a Resolução nº. 006/2014. Em decorrência das atividades práticas na atuação extrajudicial, o CADP desenvolveu breve roteiro de ―Rotina de gestão de procedimentos cíveis de conformidade com a Resolução nº. 006/2014”. O objetivo da elaboração das breves notas foi apenas traduzir em linguagem mais clara e objetiva possível a rotina a ser seguida pelo Ministério Público nos diversos instrumentos de atuação extrajudicial, com especial enfoque na Resolução nº. 006/2014, sendo o roteiro vol- tado mais para as atividades de estagiários e assessores. Apesar de ter sido elaborado com inspiração na atuação do Dirigente deste Centro de Apoio na promotoria de justiça de meio ambiente e urbanismo de Vila Velha, julgamos que o mate- rial possa ser útil para qualquer área de atuação extrajudicial do Ministério Público, o que nos motivou o encaminhamento aos órgãos de execução. Eventuais sugestões de aperfeiçoamento do referido roteiro podem ser encaminhadas direta-

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Page 1: INFORME CADP - mpes.mp.br · Federal nº 12.846 nos municípios. Na oportunidade, destacamos que também foi publicado hoje o decreto 3726-R, que objeti-va melhorar o atendimento

- APRESENTAÇÃO -

- DESTAQUES -

INFORME CADP

“O Brasil não é „isso‟. É

„isso‟. O Brasil, senhores,

sois vós. O Brasil é esta

Assembléia. O Brasil é este

comício imenso, de almas

livres. Não são os comen-

sais do erário. Não são as

ratazanas do Tesouro. Não

são os mercadores do Par-

lamento. Não são as san-

guessugas da riqueza públi-

ca. Não são os falsificado-

res de eleições. Não são os

compradores de jornais.

Não são os corruptores do

sistema republicano.”

RUI BARBOSA

CENTRO DE APOIO OPERACIONAL DE DEFESA DO

PATRIMÔNIO PÚBLICO Abril de 2015 n.º 29

NESTA EDIÇÃO:

APRESENTAÇÃO 1

DESTAQUES 1

NOTÍCIAS LOCAIS 3

NOTÍCIAS NACIONAIS 4

DECISÕES 5

DICAS PRÁTICAS 11

EQUIPE CADP

Dirigente: Dr. Gustavo Senna Miranda

Apoio:

Flávia Modolo Fardin, Sérgio D. M. Júnior, Claudia Costa Fernandes, Diego Rabelo de Paula, Gislane Lopes de Souza e Tathiane Navarro Vieira.

Telefone: (27) 3194-4720

e-mail: [email protected]

Endereço: Rua Procurador Antônio

Benedicto Amancio Pereira, n.º

121, Complexo Administrativo

Annina Lícia de Amorim Rubim

Grégio, 5º andar, Santa Helena,

Vitória-ES, Cep: 29.055-036.

Nesta edição do INFORME CADP apresentamos diversas notícias locais e nacionais a res-

peito dos temas tocantes a nossa área de atuação, em especial sobre o ajuizamento de ações

civis pela prática de atos de improbidade administrativa pelos órgãos de execução em muni-

cípios como Mucurici, Ibatiba e Linhares/Sooretama.

Destacamos também a publicação de nova portaria para solicitação de auxílio contábil ao

CADP e a realização do 1º CEATE/CADP, com lançamento a obra "Microssistema Proces-sual Coletivo e a Tutela do Patrimônio Público" de autoria do Promotor de Justiça Dr. Val-tair Lemos Loureiro, dentre outros destaques.

Trazemos, ao final, breve análise e modelo de recomendação sobre a recente regulamentação

da Lei Anticorrupção nos municípios.

EQUIPE CADP

Ministério Público da Bahia encaminha "MEDIDAS DE DEFESA DO PATRIMÔNIO

PÚBLICO E DA MORALIDADE ADMINISTRATIVA".

O Ministério Público do Estado da Bahia encaminhou proposta acerca de medidas que visam

defender o patrimônio público e a moralidade administrativa. Trata-se de iniciativa salutar

no enfrentamento dos atos de corrupção, que vem complementar outras iniciativas, como a

recentes propostas do MPF.

Na oportunidade, aos colegas que tiverem interesse, solicitamos que encaminhem sugestões

para o CADP, com o objetivo de inserir o MPES no debate de tema tão importante para a

proteção da boa gestão pública e, consequentemente, dos direitos fundamentais.

Solicite aqui as propostas.

Rotina de gestão de procedimentos cíveis de conformidade com a Resolução nº.

006/2014.

Em decorrência das atividades práticas na atuação extrajudicial, o CADP desenvolveu breve

roteiro de ―Rotina de gestão de procedimentos cíveis de conformidade com a Resolução nº.

006/2014”.

O objetivo da elaboração das breves notas foi apenas traduzir em linguagem mais clara e

objetiva possível a rotina a ser seguida pelo Ministério Público nos diversos instrumentos de

atuação extrajudicial, com especial enfoque na Resolução nº. 006/2014, sendo o roteiro vol-

tado mais para as atividades de estagiários e assessores.

Apesar de ter sido elaborado com inspiração na atuação do Dirigente deste Centro de Apoio

na promotoria de justiça de meio ambiente e urbanismo de Vila Velha, julgamos que o mate-

rial possa ser útil para qualquer área de atuação extrajudicial do Ministério Público, o que

nos motivou o encaminhamento aos órgãos de execução.

Eventuais sugestões de aperfeiçoamento do referido roteiro podem ser encaminhadas direta-

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Página 2 INFORME CADP

mente ao e-mail do CADP ([email protected]).

Destacamos, na oportunidade, que este Centro de Apoio está trabalhando na proposta de

sugestão de alterações visando o aperfeiçoamento da Resolução nº. 006/2014, a ser encami-

nhada ao Procurador-Geral de Justiça. Inclusive, cabe observar que foi realizada uma reuni-

ão no dia 06 de março do corrente ano com colegas com atuação na área da tutela do patri-

mônio público, ocasião em que diversos pontos da resolução foram discutidos, o que será

posteriormente divulgado por meio do Informativo do CADP.

Solicite aqui.

CARTA DE SOROCABA SOBRE O COMBATE À CORRUPÇÃO E SOBRE A NE-

CESSIDADE DE CONSTRUÇÃO DE UM PAÍS ÉTICO

No dia 4.3.2015, no evento ―O que você tem a ver com a corrupção?‖ promovido pela Uni-

versidade de Sorocaba – UNISO – Campus Raposo Tavares, Bloco F, e pela Associação

Renascer da Ética, com o apoio do Conselho Maçônico de Sorocaba e Votorantim, os parti-

cipantes aprovaram a CARTA DE SOROCABA SOBRE O COMBATE À CORRUPÇÃO E

SOBRE A NECESSIDADE DE CONSTRUÇÃO DE UM PAÍS ÉTICO, com as seguintes

propostas de combate à corrupção:

1) O fomento e a criação de Fóruns permanentes de combate à corrupção, com a participa-

ção de representantes da administração pública (direta e indireta) e da sociedade civil, desti-

nados à análise e discussão da origem e prática da corrupção, adotando-se as medidas neces-

sárias para extirpá-la;

2) Acabar com o foro privilegiado para autoridades políticas;

3) Fim do voto secreto nos parlamentos e nas comissões do serviço público;

4) Preenchimento por concurso público dos cargos de Conselheiros e Ministros dos Tribu-

nais de Contas (União, Estados e Município);

5) Drástica redução dos cargos nos Conselhos Administrativos das Estatais, que devem ser

ocupados por pessoas com idoneidade moral e reputação ilibada, com notórios conhecimen-

tos em áreas técnicas/científicas, sejam elas: jurídica, contábeis, econômica, financeira, ad-

ministração pública, entre outras;

6) Os cargos de confiança ou comissionados, em todas as esferas, níveis e poderes, seja da

administração pública direta ou indireta (empresas públicas e sociedades de economia mis-

ta), devem sofrer drástica redução, priorizando-se o princípio do concurso público;

7) Adoção do projeto popular original da “Ficha limpa”;

8) Inserção de conteúdos de filosofia, política, ética e cidadania na grade curricular das esco-

las públicas e particulares, com programas de capacitação dos professores;

9) Término das coligações eleitorais partidárias;

10) Fim do financiamento eleitoral por parte de empresas;

11) Adoção de critérios democráticos e transparentes para a indicação e escolha dos Minis-

tros dos Tribunais Superiores (STF, STJ, TSE, STM);

12) Os atos de corrupção devem ser considerados como crime hediondo;

13) Penas mais severas aos membros do Judiciário e do Ministério Público, bem como aos

integrantes das carreiras da Defensoria Pública e da Auditoria Fiscal (União, Estados e Mu-

nicípios), que estiverem envolvidos em casos de corrupção;

14) Transparência e instrumentos de controle social sobre a execução de penalidades, multas

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e recuperações de valores desviados da administração pública.

Assim, caso você concorde com as propostas acima, assine a presente petição para, no futu-

ro, ser encaminhada ao Congresso Nacional para que sejam transformadas em lei e a corrup-

ção seja banida da nação.

Fonte: Petição Pública

Publicado decreto que regulamenta a Lei Anti-Corrupção no âmbito do

Poder Executivo Estadual.

Foi publicado em 11/12/2014 no Diário Oficial o decreto nº 3727-R, que regulamenta, no

âmbito do Poder Executivo Estadual, a Lei Federal nº 12.846, que dispõe sobre a responsa-

bilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a Administra-

ção Pública, também conhecida como Lei Anti-Corrupção.

Trata-se de regulamentação importante para a prevenção e repressão aos atos de corrupção

cometidos por pessoas jurídicas de direito privado, que merece ser replicada nos municípios

capixabas.

Nessa linha, o CADP está elaborando sugestão de decreto municipal e recomendação, a ser

submetido aos órgãos de execução do Ministério Público, visando a regulamentação da Lei

Federal nº 12.846 nos municípios.

Na oportunidade, destacamos que também foi publicado hoje o decreto 3726-R, que objeti-

va melhorar o atendimento aos cidadãos referente aos pedidos de acesso à Informação.

Nova regulamentação para solicitação de auxílio contábil ao CADP.

Foi publicada a Portaria n.º 2.030, de 24 de março de 2015, que regulamenta a solicitação de

auxílio contábil e apoio jurídico ao Centro de Apoio Operacional de Defesa do Patrimônio

Público, em substituição à Portaria n.º 4.364/2014.

Solicite aqui a portaria.

CADP realiza 1ª Reunião Ordinária do CADP/CEATE.

No dia 6 de março de 2015, às 14 horas, na Sala de Capacitação do CEAF, foi realizada a 1ª

Reunião Ordinária do CADP/CEATE. Na oportunidade, foi lançada a obra "Microssistema

Processual Coletivo e a Tutela do Patrimônio Público" de autoria do Promotor de Justiça Dr.

Valtair Lemos Loureiro. Foram realizadas, também, reflexões acerca das novas regras da

Resolução n.º 006/2014 do Colégio de Procuradores de Justiça, que disciplina a tramitação

dos autos extrajudiciais no âmbito do MPES na área dos interesses difusos, coletivos, indivi-

duais homogêneos e individuais indisponíveis, o compromisso de ajustamento de conduta.

MPES ajuíza ação de improbidade em face da ex-prefeita de Sooretama por promoção

pessoal.

O MPES, através da Promotoria de Justiça de Ibatiba, ajuizou ação de improbidade em race

da ex-prefeita de Sooretama, em função da distribuição de 8.000 exemplares de um informa-

tivo no qual trazia em uma de suas páginas, mensagem pessoal da então prefeita, sua foto-

grafia e assinatura.

Solicite aqui a ação.

Servidor acusado de se apropriar de R$ 6,5 mil é afastado do cargo.

Atendendo a solicitação do Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), por

meio da Promotoria de Justiça de Mucurici, a Justiça afastou do cargo um assessor especial,

que atuava na função de contador judicial do Fórum da cidade. O servidor público foi acusa-

do de se apropriar indevidamente, em 2010, de R$ 6.539,51. O valor foi entregue por deve-

dor de pensão alimentícia para depósito em conta judicial. No entanto, o dinheiro não foi

depositado e ficou em poder do acusado por quatro anos. (leia mais)

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- NOTÍCIAS LOCAIS -

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Confira aqui a denúncia.

Confira aqui a decisão.

MPES ajuíza ação de improbidade em Ibatiba em razão de “funcionário fantasma”.

O MPES, através da Promotoria de Justiça de Ibatiba, ajuizou ação de improbidade em face

do prefeito municipal José Alcure de Oliveira e de Sergio Adriani de Oliveira, em razão

deste ter percebido remuneração pelo cargo de Assessor de Gabinete C-II junto à prefeitura

sem a devida contraprestação laboral.

Solicite aqui a ação.

Regulamentada a Lei que trata da responsabilização administrativa de pessoas jurídi-

cas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira.

Como parte das diversas medidas adotadas recentemente pela Presidência da República, foi

publicado o Decreto n.º 8.420, de 18 de março de 2015, que regulamenta a Lei n.º 12.846, de

1º de agosto de 2013, que dispõe sobre a responsabilização administrativa de pessoas jurídi-

cas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira, e dá outras

providências.

Solicite aqui o decreto.

Assembleia Legislativa não pode julgar governador por crime de responsabilidade.

O Plenário do Supremo Tribunal Federal decidiu nesta quinta-feira (12/2) que as assemblei-

as legislativas não podem julgar governadores por crimes de responsabilidade. Isso porque

os ministros entenderam que só a União tem competência constitucional para legislar em

matéria processual. Entretanto, quando o assunto é crime comum, os legislativos lo-

cais devem autorizar a abertura de processo contra os governadores no Superior Tribunal de

Justiça. Os ministros analisaram três ações diretas de inconstitucionalidade (ADIs 4.791,

4.792 e 4.800) propostas pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil contra

as constituições estaduais do Paraná, Espírito Santo e Rondônia. Ações questionavam dispo-

sitivos semelhantes das constituições dos três estados com o objetivo de definir as compe-

tências para processamento e julgamento do governador nos crimes comuns e nos crimes de

responsabilidade. (leia mais)

Ação Civil Pública pode ser usada para controlar constitucionalidade, decide STJ.

A 2ª Turma do Superior Tribunal de Justiça reafirmou o entendimento de que é cabível a

ação civil pública como instrumento de controle difuso de constitucionalidade quando a ale-

gação de inconstitucionalidade integra a causa de pedir, e não o pedido. A discussão come-

çou com uma Ação Civil Pública proposta pelo Ministério Público Federal para obrigar a

União e o Instituto Nacional do Seguro Social a conceder o benefício assistencial previsto

no artigo 203, V, da Constituição aos estrangeiros residentes no Brasil e aos refugiados em

situação regular. (leia mais)

Confira aqui a decisão.

MP deve ser ouvido antes de acordos de leniência, diz associação.

O Movimento do Ministério Público Democrático (MPD), formado por membros do MP em

todo o país, divulgou nota defendendo uma mudança na Lei Anticorrupção para impedir que

somente controladorias e corregedorias decidam sobre acordos de leniência. A medida é

uma espécie de delação premiada para pessoas jurídicas: empresas suspeitas de irregularida-

des podem conseguir benefícios se colaborarem com investigações. Com a operação ―lava

jato‖, abriu-se a discussão sobre a validade desses acordos. (leia mais)

Membro do Ministério Público não está imune à perda do cargo em caso de improbi-

dade.

A Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) deu provimento a recurso especial

interposto pelo Ministério Público de Minas Gerais para declarar a possibilidade de, em ação

civil pública por ato de improbidade administrativa, ser aplicada a pena de perda do cargo a

membros da instituição. No caso, a ação foi movida contra dois promotores de justiça substi-

tutos que, durante recesso forense, forjaram o plantão em que deveriam ter trabalhado jun-

tos. O juiz de primeiro grau admitiu o processamento da ação por improbidade, mas decisão

interlocutória ressalvou a impossibilidade de aplicação da pena de perda da função pública.

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- NOTÍCIAS NACIONAIS -

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(leia mais)

Procuradores de câmara municipal podem representar contra presidente da Casa.

Procuradores de câmaras municipais podem advogar em ação contra o presidente da Casa

legislativa. Este foi o entendimento do Superior Tribunal de Justiça ao aceitar recurso espe-

cial proposto pelos advogados Abdiel Afonso Figueira dos Santos e Tony Pablo de Castro

Chaves contra decisão do Tribunal de Justiça de Rondônia. (leia mais)

Confira aqui a decisão.

STF

Licença prévia para julgamento de governador em crime de responsabilidade e crime

comum – 1 - Por violar a competência privativa da União, o Estado-membro não pode dis-

por sobre crime de responsabilidade. No entanto, durante a fase inicial de tramitação de pro-

cesso por crime de responsabilidade instaurado contra governador, a Constituição estadual

deve obedecer à sistemática disposta na legislação federal. Assim, é constitucional norma

prevista em Constituição estadual que preveja a necessidade de autorização prévia da As-

sembleia Legislativa para que sejam iniciadas ações por crimes comuns e de responsabilida-

de eventualmente dirigidas contra o governador de Estado. Com base nesse entendimento, o

Plenário, em julgamento conjunto e por maioria, julgou parcialmente procedentes os pedidos

formulados em ações diretas para declarar a inconstitucionalidade das expressões ―processar

e julgar o Governador ... nos crimes de responsabilidade‖ e ―ou perante a própria Assem-

bleia Legislativa, nos crimes de responsabilidade‖ previstas, respectivamente, nos artigos 54

e 89 da Constituição do Estado do Paraná. Declarou também a inconstitucionalidade do inci-

so XVI do art. 29, e da expressão ―ou perante a Assembleia Legislativa, nos crimes de res-

ponsabilidade‖, contida no art. 67, ambos da Constituição do Estado de Rondônia, bem co-

mo a inconstitucionalidade do inciso XXI do art. 56, e da segunda parte do art. 93, ambos da

Constituição do Estado do Espírito Santo. A Corte rememorou que a Constituição Estadual

deveria seguir rigorosamente os termos da legislação federal sobre crimes de responsabilida-

de, por imposição das normas dos artigos 22, I, e 85, da CF, que reservariam a competência

para dispor sobre matéria penal e processual penal à União. Ademais, não seria possível

interpretar literalmente os dispositivos atacados de modo a concluir que o julgamento de

mérito das imputações por crimes de responsabilidade dirigidas contra o governador de Es-

tado teria sido atribuído ao discernimento da Assembleia Legislativa local, e não do Tribu-

nal Especial previsto no art. 78, § 3º, da Lei 1.079/1950. Esse tipo de exegese ofenderia os

artigos 22, I, e 85, da CF.

ADI 4791/PR, rel. Min. Teori Zavascki, 12.2.2015. (ADI-4791)

ADI 4800/RO, rel. Min. Cármen Lúcia, 12.2.2015. (ADI-4800)

ADI 4792/ES, rel. Min. Cármen Lúcia, 12.2.2015. (ADI-4792)

Licença prévia para julgamento de governador em crime de responsabilidade e crime

comum – 2 - Por outro lado, o Colegiado reconheceu a constitucionalidade das normas das

Constituições estaduais que exigiriam a aprovação de dois terços dos membros da Assem-

bleia Legislativa como requisito indispensável — a denominada licença prévia — para se

admitir a acusação nas ações por crimes comuns e de responsabilidade, eventualmente diri-

gidas contra o governador do Estado. Consignou que o condicionamento da abertura de pro-

cesso acusatório ao beneplácito da Assembleia Legislativa, antes de constituir uma regalia

antirrepublicana deferida em favor da pessoa do governador, serviria à preservação da nor-

malidade institucional das funções do Executivo e à salvaguarda da autonomia política do

Estado-membro, que haveria de sancionar, pelo voto de seus representantes, medida de drás-

ticas consequências para a vida pública local. Salientou que a exigência de licença para o

processamento de governador não traria prejuízo para o exercício da jurisdição, porque, en-

quanto não autorizado o prosseguimento da ação punitiva, ficaria suspenso o transcurso do

prazo prescricional contra a autoridade investigada cujo marco interruptivo contaria da data

do despacho que solicitasse a anuência do Poder Legislativo para a instauração do processo,

e não da data da efetiva manifestação. O controle político exercido pelas Assembleias Legis-

lativas sobre a admissibilidade das acusações endereçadas contra governadores não conferi-

ria aos parlamentos locais a autoridade para decidir sobre atos constritivos acessórios à in-

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- DECISÕES -

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vestigação penal, entre eles as prisões cautelares. Todavia, a supressão da exigência de auto-

rização das respectivas Casas parlamentares para a formalização de processos contra deputa-

dos e senadores (CF, art. 51, I), materializada pela EC 35/2001, não alterara o regime de

responsabilização dos governadores de Estado. Isso encontraria justificativa no fato de que

— diferentemente do que ocorreria com o afastamento de um governador de Estado, que

tem valor crucial para a continuidade de programas de governo locais — a suspensão funcio-

nal de um parlamentar seria uma ocorrência absolutamente menos expressiva para o pleno

funcionamento do Poder Legislativo.

ADI 4791/PR, rel. Min. Teori Zavascki, 12.2.2015. (ADI-4791)

ADI 4800/RO, rel. Min. Cármen Lúcia, 12.2.2015. (ADI-4800)

ADI 4792/ES, rel. Min. Cármen Lúcia, 12.2.2015. (ADI-4792)

Licença prévia para julgamento de governador em crime de responsabilidade e crime

comum – 3 - Vencido o Ministro Marco Aurélio, que julgava improcedente o pedido formu-

lado em relação à atribuição da Assembleia quanto aos crimes de responsabilidade, e proce-

dente para afastar a necessidade de licença para fins de persecução criminal contra governa-

dor nos crimes comuns. Pontuava que a Constituição estadual poderia reger a matéria perti-

nente a crime de responsabilidade. Afastava a possibilidade de se cogitar do Tribunal Espe-

cial, previsto no art. 78, § 3º, da Lei 1.079/1950, que seria tribunal de exceção, porque não

fora criado em norma jurídica, mas estaria apenas previsto sem se ter, inclusive, indicação

da composição. Esse Tribunal Especial seria incompatível com o inciso XXXVI do art. 5º da

CF, que vedaria juízo ou tribunal de exceção. No que se refere aos crimes comuns, reputava

que os artigos 51, I, e 86, da CF, deveriam ser interpretados restritivamente, especialmente

porque o texto seria expresso ao tratar do Presidente da República, de modo que não se po-

deria estender a governador e muito menos a prefeito. Destacava que a competência do STJ

para julgar governador de Estado não estaria condicionada a aprovação de licença prévia

como se poderia observar do art. 105 da CF. Sublinhava, ademais, que, mantida essa licença,

haveria transgressão à Constituição Federal e estaria colocado, em segundo plano, o primado

do Judiciário, pois somente haveria persecução criminal por crime comum de governador se

ele não tivesse bancada na Casa Legislativa.

ADI 4791/PR, rel. Min. Teori Zavascki, 12.2.2015. (ADI-4791)

ADI 4800/RO, rel. Min. Cármen Lúcia, 12.2.2015. (ADI-4800)

ADI 4792/ES, rel. Min. Cármen Lúcia, 12.2.2015. (ADI-4792)

Organizações sociais e contrato de gestão – 7 - Em conclusão de julgamento, o Plenário,

por maioria, acolheu, em parte, pedido formulado em ação direta de inconstitucionalidade

para conferir interpretação conforme a Constituição à Lei 9.637/1998 — que dispõe sobre a

qualificação como organizações sociais de pessoas jurídicas de direito privado, a criação do

Programa Nacional de Publicização, a extinção dos órgãos e entidades que menciona, a ab-

sorção de suas atividades por organizações sociais, e dá outras providências — e ao inciso

XXIV do art. 24 da Lei 8.666/1993 — com a redação dada pelo art. 1º da Lei 9.648/1998,

que autoriza a celebração de contratos de prestação de serviços com organizações sociais,

sem licitação —, para explicitar que: a) o procedimento de qualificação das organizações

sociais deveria ser conduzido de forma pública, objetiva e impessoal, com observância dos

princípios do ―caput‖ do art. 37 da CF, e de acordo com parâmetros fixados em abstrato se-

gundo o disposto no art. 20 da Lei 9.637/1998; b) a celebração do contrato de gestão fosse

conduzida de forma pública, objetiva e impessoal, com observância dos princípios do

―caput‖ do art. 37 da CF; c) as hipóteses de dispensa de licitação para contratações (Lei

8.666/1993, art. 24, XXIV) e outorga de permissão de uso de bem público (Lei 9.637/1998,

art. 12, § 3º) deveriam ser conduzidas de forma pública, objetiva e impessoal, com observân-

cia dos princípios do ―caput‖ do art. 37 da CF; d) a seleção de pessoal pelas organizações

sociais seria conduzida de forma pública, objetiva e impessoal, com observância dos princí-

pios do ―caput‖ do art. 37 da CF, e nos termos do regulamento próprio a ser editado por cada

entidade; e e) qualquer interpretação que restringisse o controle, pelo Ministério Público e

pelo Tribunal de Contas da União, da aplicação de verbas públicas deveria ser afastada — v.

Informativos 621 e 627 (medida cautelar noticiada nos Informativos 421, 454 e 474).

ADI 1923/DF, rel. orig. Min. Ayres Britto, red. p/ o acórdão Min. Luiz Fux, 15 e

16.4.2015. (ADI-1923)

Organizações sociais e contrato de gestão – 8 - A Corte admitiu a possibilidade de contra-

tos serem celebrados por organização social com terceiros, com recursos públicos, desde que

fossem conduzidos de forma pública, objetiva e impessoal, com observância dos princípios

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do art. 37, ―caput‖, da CF, e nos termos do regulamento próprio a ser editado por cada enti-

dade. Destacou a necessidade de se averiguar o que é constitucionalmente imposto de forma

invariável e o que é suscetível de escolha pela maioria política no que tange à intervenção do

Estado nos domínios sociais. Aduziu que a Constituição permitiria interpretação, fundada no

pluralismo político, a ensejar a prática de projetos políticos diferentes. Destacou serem os

setores de cultura, desporto, lazer, ciência, tecnologia e meio ambiente atividades-deveres do

Estado e também da sociedade. A Constituição conteria dispositivos em que seria facultada

a livre iniciativa, inclusive pelo setor privado, nos serviços de saúde e educação. Os referi-

dos setores seriam os chamados ―serviços públicos sociais‖, de natureza não exclusiva e não

privativos, em que a titularidade poderia ser compartilhada pelo Poder Público e pela inicia-

tiva privada. Assim, o Plenário optou por dar interpretação conforme a alguns dispositivos

porque, na essência, aduziriam ao que aconteceria com determinadas entidades extintas e seu

patrimônio. Ponderou que, se fossem transformadas todas as organizações sociais em órgãos

da Administração Pública e se fossem assumidos todos os seus empregados e serviços por

elas prestados, o Estado não teria como arcar com essas despesas. Por outro lado, as organi-

zações sociais exerceriam papel relevante, pela sua participação coadjuvante em serviços

que não seriam exclusivos do Estado, e a Constituição admitiria essa coparticipação particu-

lar. Haveria, hoje, uma flexibilização das atividades que não seriam exclusivas do Estado, no

que reconhecido como um novo modelo gerencial da Administração Pública. Dessa forma, o

programa de publicização permitiria ao Estado compartilhar com a comunidade, as empresas

e o terceiro setor a responsabilidade pela prestação de serviços públicos, como os de saúde e

de educação. Reconheceu que a atuação da Corte não poderia traduzir forma de engessamen-

to e de cristalização de um determinado modelo pré-concebido de Estado, a impedir que, nos

limites constitucionalmente assegurados, as maiorias políticas prevalecentes no jogo demo-

crático pluralista pudessem pôr em prática seus projetos de governo, de forma a moldar o

perfil e o instrumental do Poder Público conforme a vontade coletiva. Os setores de saúde,

educação, cultura, desporto e lazer, ciência e tecnologia e meio ambiente (CF, artigos 199,

―caput‖; 209, ―caput‖; 215; 217; 218 e 225, respectivamente) configurariam serviços públi-

cos sociais, em relação aos quais a Constituição, ao mencionar que seriam ―deveres do Esta-

do e da Sociedade‖ e que seriam ―livres à iniciativa privada‖, permitiria a atuação, por direi-

to próprio, dos particulares, sem que para tanto fosse necessária a delegação pelo Poder Pú-

blico, de forma que não incidiria o art. 175, ―caput‖, da CF (―Art. 175. Incumbe ao Poder

Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre

através de licitação, a prestação de serviços públicos‖).

ADI 1923/DF, rel. orig. Min. Ayres Britto, red. p/ o acórdão Min. Luiz Fux, 15 e

16.4.2015. (ADI-1923)

Organizações sociais e contrato de gestão – 9 - O Tribunal apontou que a atuação do Po-

der Público no domínio econômico e social poderia ser viabilizada por intervenção direta ou

indireta, quando disponibilizasse utilidades materiais aos beneficiários, no primeiro caso, ou

quando fizesse uso, no segundo caso, de seu instrumental jurídico para induzir que os parti-

culares executassem atividades de interesses públicos por meio da regulação, com coercitivi-

dade, ou do fomento, pelo uso de incentivos e estímulos a comportamentos voluntários. Em

qualquer das situações, o cumprimento efetivo dos deveres constitucionais de atuação esta-

ria, invariavelmente, submetido ao que a doutrina contemporânea denomina de controle da

Administração Pública sob o ângulo do resultado. O fomento público no domínio dos servi-

ços sociais seria posto em prática pela cessão de recursos, bens e pessoal da Administração

Pública para as entidades privadas, após a celebração de contrato de gestão, o que viabiliza-

ria o direcionamento, pelo Poder Público, da atuação do particular em consonância com o

interesse público, pela inserção de metas e de resultados a serem alcançados, sem que isso

configurasse qualquer forma de renúncia aos deveres constitucionais de atuação. A extinção

das entidades mencionadas nos artigos 18 a 22 da Lei 9.637/1998 não afrontaria a Constitui-

ção, dada a irrelevância do fator tempo na opção pelo modelo de fomento — se simultanea-

mente ou após a edição da lei em comento — porque essas atividades distintas poderiam

optar por serem qualificadas como organizações sociais. O procedimento de qualificação de

entidades, na sistemática da lei em questão, consistiria em etapa inicial e embrionária, pelo

deferimento do título jurídico de ―organização social‖, para que Poder Público e particular

colaborassem na realização de um interesse comum, ausente a contraposição de interesses,

com feição comutativa e com intuito lucrativo, que consistiria no núcleo conceitual da figura

do contrato administrativo, o que tornaria inaplicável o dever constitucional de licitar (CF,

art. 37, XXI). As dispensas de licitação instituídas no art. 24, XXIV, da Lei 8.666/1993 e no

art. 12, § 3º, da Lei 9.637/1998 teriam a finalidade hoje denominada função regulatória da

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licitação, a significar que esse procedimento passaria a ser visto como mecanismo de indu-

ção de determinadas práticas sociais benéficas, a fomentar a atuação de organizações sociais

que já ostentassem, à época da contratação, o título de qualificação, e que por isso fossem

reconhecidamente colaboradoras do Poder Público no desempenho dos deveres constitucio-

nais no campo dos serviços sociais. O afastamento do certame licitatório não eximiria, po-

rém, o administrador público da observância dos princípios constitucionais, de modo que a

contratação direta deveria observar critérios objetivos e impessoais, com publicidade de for-

ma a permitir o acesso a todos os interessados. As organizações sociais, por integrarem o

terceiro setor, não fariam parte do conceito constitucional de Administração Pública, razão

pela qual não se submeteriam, em suas contratações com terceiros, ao dever de licitar. Por

receberem recursos públicos, bens públicos e servidores públicos, porém, seu regime jurídi-

co teria de ser minimamente informado pela incidência do núcleo essencial dos princípios da

Administração Pública (CF, art. 37, ―caput‖), dentre os quais se destacaria o princípio da

impessoalidade, de modo que suas contratações deveriam observar o disposto em regula-

mento próprio (Lei 9.637/1998, art. 4º, VIII), que fixara regras objetivas e impessoais para o

dispêndio de recursos públicos (―Art. 4º Para os fins de atendimento dos requisitos de quali-

ficação, devem ser atribuições privativas do Conselho de Administração, dentre outras: ...

VIII - aprovar por maioria, no mínimo, de dois terços de seus membros, o regulamento pró-

prio contendo os procedimentos que deve adotar para a contratação de obras, serviços, com-

pras e alienações e o plano de cargos, salários e benefícios dos empregados da entidade‖).

ADI 1923/DF, rel. orig. Min. Ayres Britto, red. p/ o acórdão Min. Luiz Fux, 15 e

16.4.2015. (ADI-1923)

Organizações sociais e contrato de gestão – 10 - A Corte frisou que os empregados das

organizações sociais não seriam servidores públicos, mas sim empregados privados, por isso

sua remuneração não deveria ter base em lei (CF, art. 37, X), mas nos contratos de trabalho

firmados consensualmente. Por identidade de razões, também não se aplicaria às organiza-

ções sociais a exigência de concurso público (CF, art. 37, II). A seleção de pessoal, da mes-

ma maneira como a contratação de obras e serviços, deveria ser posta em prática através de

um procedimento objetivo e impessoal. Inexistiria violação aos direitos dos servidores públi-

cos cedidos às organizações sociais, na medida em que preservado o paradigma com o cargo

de origem, desnecessária a previsão em lei para que verbas de natureza privada fossem pa-

gas pelas organizações sociais. Os artigos 4º, ―caput‖, e 10 da Lei 9.637/1998, ao disporem

sobre a estruturação interna da organização social e o dever de representação dos responsá-

veis pela fiscalização, não mitigariam a atuação de ofício dos órgãos constitucionais. De

igual forma, a previsão de percentual de representantes do Poder Público no conselho de

administração das organizações sociais não afrontaria o art. 5º, XVII e XVIII, da CF, uma

vez que dependente, para se concretizar, de adesão voluntária das entidades privadas às re-

gras do marco legal do terceiro setor. Vencidos, em parte, o Ministro Ayres Britto (relator),

que o julgava parcialmente procedente, e os Ministros Marco Aurélio e Rosa Weber, que

julgavam procedente o pedido em maior extensão, para declarar a) a inconstitucionalidade

dos artigos 1º; 2º, II; 4º, V, VII, VIII; 5º; 6º, ―caput‖ e parágrafo único; 7º, II; 11 a 15; 17; 20

e 22 da Lei 9.637/1998; b) a inconstitucionalidade do art. 1º da Lei 9.648/98, na parte em

que inserira o inciso XXIV ao art. 24 da Lei 8.666/1993; c) a inconstitucionalidade, sem

redução de texto, dos artigos 4º, X, 9º e 10, ―caput‖, da Lei 9.637/1998, de modo a afastar

toda e qualquer interpretação no sentido de que os órgãos de controle interno e externo —

em especial, o Ministério Público e o Tribunal de Contas — fossem impedidos de exercer a

fiscalização da entidade de forma independente das instâncias de controle previstas no men-

cionado diploma.

ADI 1923/DF, rel. orig. Min. Ayres Britto, red. p/ o acórdão Min. Luiz Fux, 15 e

16.4.2015. (ADI-1923)

STJ

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. APLICABILIDADE DO ART. 18 DA LACP A

AÇÃO CIVIL PÚBLICA MOVIDA POR SINDICATO. O art. 18 da Lei 7.347/1985

(LACP) – “Nas ações de que trata esta lei, não haverá adiantamento de custas, emolu-

mentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas, nem condenação da associa-

ção autora, salvo comprovada má-fé, em honorários de advogado, custas e despesas

processuais” – é aplicável à ação civil pública movida por sindicato na defesa de direi-

tos individuais homogêneos da categoria que representa. Realmente, o STJ posicionava-

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se no sentido de que o cabimento de ação civil pública em defesa de direitos individuais

homogêneos se restringia àqueles direitos que evolvessem relação de consumo. Esse posici-

onamento, entretanto, encontra-se superado, tendo em vista o entendimento de que o art. 21

da Lei 7.347/1985, com redação dada pela Lei 8.078/1990, ampliou o alcance da ação civil

pública também para a defesa de interesses e direitos individuais homogêneos não relaciona-

dos a consumidores (REsp 1.257.196-RS, Segunda Turma, DJe 24/10/2012; e AgRg nos

EREsp 488.911-RS, Terceira Seção, DJe 6/12/2011). Assim, é cabível o ajuizamento de

ação civil pública em defesa de direitos individuais homogêneos não relacionados a consu-

midores, devendo ser reconhecida a legitimidade do sindicato recorrente para propor a pre-

sente ação em defesa de interesses individuais homogêneos da categoria que representa.

Com o processamento da demanda na forma de ação civil pública, incide plenamente o art.

18 da Lei 7.347/1985. Precedentes citados: AgRg no REsp 1.453.237-RS, Segunda Turma,

DJe 13/6/2014; e AgRg no REsp 1.423.654-RS, Segunda Turma, DJe 18/2/2014.EREsp

1.322.166-PR, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 4/3/2015, DJe

23/3/2015.

TJES

AGRAVO INOMINADO NO AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 0050582-

46.2013.8.08.0035 AGRAVANTE: MUNICÍPIO DE VILA VELHA AGRAVADOS:

MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL E OUTROS RELATOR: DES. SUBST. VIC-

TOR QUEIROZ SCHENEIDER ACÓRDÃO EMENTA PROCESSUAL CIVIL

- AGRAVO INOMINADO NO AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO CIVIL PÚ-

BLICA - OBRIGAÇÃO DE FAZER - MULTA POR DESCUMPRIMENTO - EXE-

CUÇÃO PROVISÓRIA - POSSIBILIDADE. 1. Segundo entendimento do Colendo Supe-

rior Tribunal de Justiça, "é desnecessário o trânsito em julgado da sentença para que seja

executada a multa por descumprimento fixada em antecipação de tutela." 2. Nega-se provi-

mento a agravo interposto com fundamento no art. 557,§ 1º, do Código de Processo Civil,

quando a decisão monocrática hostilizada tiver sido prolatada nos termos do mesmo art. 557,

caput, do Estatuto Processual Civil. VISTOS, relatados e discutidos os presentes autos de

agravo inominado, em que é Agravante MUNICÍPIO DE VILA VELHA e são Agravados

MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL E OUTROS. ACORDA a Colenda Primeira Câma-

ra Cível, na conformidade da ata e notas taquigráficas da sessão, à unanimidade, conhecer e

negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. Vitória, 04 de novembro de

2014. PRESIDENTE RELATOR (TJES, Classe: Agravo AI, 35139005900, Relator: ANNI-

BAL DE REZENDE LIMA - Relator Substituto : VICTOR QUEIROZ SCHNEIDER, Ór-

gão julgador: PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL , Data de Julgamento: 04/11/2014, Data da

Publicação no Diário: 13/11/2014)

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 0050582-46.2013.8.08.0035

AGRAVANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL

AGRAVADOS: MUNICÍPIO DE VILA VELHA E OUTROS

RELATOR: DES. ANNIBAL DE REZENDE LIMA

DECISÃO EMENTA

PROCESSUAL CIVIL - AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO CIVIL PÚBLICA -

OBRIGAÇÃO DE FAZER - MULTA POR DESCUMPRIMENTO - EXECUÇÃO

PROVISÓRIA - POSSIBILIDADE.

Segundo entendimento do Colendo Superior Tribunal de Justiça, "é desnecessário o

trânsito em julgado da sentença para que seja executada a multa por descumprimento

fixada em antecipação de tutela."

Cuidam os presentes autos de agravo de instrumento interposto por MINISTÉRIO PÚBLI-

CO ESTADUAL, insurgindo-se contra decisão proferida pelo MMº. Juiz de Direito da Vara

da Fazenda Pública Municipal de Vila Velha, constante de fls. 749⁄750 (por cópia) que, nos

autos da ¿ação civil pública nº 035.070.250.374", ajuizada em face de MUNICÍPIO DE VI-

LA VELHA E OUTROS, ora Agravados, indeferiu o pedido do Agravante de execução da

multa coercitiva antes do trânsito em julgado.

Intimados, apenas COMPANHIA ESPÍRITO SANTENSE DE SANEAMENTO - CESAN e

CONSTANCE FRIGGI⁄OUTROS apresentaram contrarrazões recursais às fls. 764⁄766 e

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767⁄769, respectivamente.

Conforme certidão de fls. 770, embora devidamente intimado, o MUNICÍPIO DE VILA

VELHA deixou de apresentar contrarrazões recursais.

Eis o breve Relatório.

Passo a decidir.

Os contornos da demanda são singelos, autorizando decisão monocrática pelo Relator, na

forma do art. 557, § 1- A, do Código de Processo Civil.

O MMº. Juiz de Direito a quo, ao indeferir o pedido do Agravante de execução da multa

coercitiva antes do trânsito em julgado, fundamentou sua decisão nos seguintes termos:

"(...)

Em análise aprofundada sobre o tema, ressalto a existência de, ao menos, duas correntes

recentemente aplicadas pelo STJ. A primeira (AgRg no AREsp 50.196⁄SP), contrária à exe-

cução provisória, afirma que a mera ameaça trazida pelas astreintes seria suficiente para

provocar uma ¿pressão psicológica¿, devendo ser paga a quantia apenas ao final da deman-

da, para a parte vencedora.

A segunda (AgRg no AREsp 50.816⁄RJ), favorável, cita a necessidade de se admitir a pronta

execução do valor devido, a fim de pressionar, de forma efetiva, aquele que age, a priori, em

desrespeito às ordens judiciais e, consequentemente, ao Ordenamento, de modo que, em sua

impossibilidade, tem-se desvirtuado o principal objetivo do instrumento, qual seja, o cum-

primento da decisão proferida.

O caso, contudo, traz uma peculiaridade. Trata-se de ação civil pública, cujo regramento se

dá pela Lei Federal n. 7.347, própria, que dispõe, em seu art. 12, §2º, que ¿a multa comina-

da liminarmente só será exigível do réu após o trânsito em julgado da decisão favorável ao

autor, mas será devida desde o dia em que se houver configurado o descumprimento¿.

Consequentemente, não procede o pleito do Ministério Público para que o Município depo-

site a quantia executada, de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais), indicado às fls. 1044,

uma vez que não houve, neste caso, trânsito em julgado, impossibilitando, portanto, o pleno

atendimento às condições estabelecidas pela Lei da ACP.

Por outro lado, procede o pedido referente à comprovação do cumprimento do Termo de

Ajustamento de Conduta firmado (fls. 435-437). Isto porque, ao contrário do que sustenta o

Município (fls. 1071), o ônus da prova cabe, salvo disposição contrária, àqueles que assumi-

ram as obrigações, de modo que, deferindo o segundo pedido, determino aos Requeridos que

demonstrem, no prazo de 10 (dez) dias, a total regularização do Loteamento Jockey Itapari-

ca.

(...)"

Penso merecer reforma a decisão agravada.

Com efeito, por força do art. 12. da Lei Federal nº 7.347 (Lei de Ação Civil Pública), a mul-

ta devida pelo ddescumprimento da decisão liminar só será exigível após o trânsito em jul-

gado da decisão favorável ao autor.

Não obstante, seja em ações individuais, seja no âmbito coletivo, a jurisprudência predomi-

nante do Colendo Superior Tribunal de Justiça entende pela possibilidade de execução pro-

visória da multa cominada liminarmente.

Nesse sentido, infere-se do julgamento do recurso especial nº 1394085 e do agravo regimen-

tal no recurso especial nº 1372950, de que foi Relator o Exmº. Sr. Ministro Humberto Mar-

tins:

"PROCESSUAL CIVIL. OBRIGAÇÃO DE FAZER EXECUÇÃO PROVISÓRIA.

"ASTREINTES" CONSTANTES DE DECISÃO CONCESSIVA DE TUTELA ANTECI-

PADA. EXECUÇÃO. POSSIBILIDADE. INEXISTÊNCIA DE OFENSA AO

ART. 475-N DO CPC. RECURSO ESPECIAL PROVIDO."

.........................................................................................

ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. OBRIGAÇÃO DE FAZER. REATIVA-

ÇÃO DE ESTÁGIO CURRICULAR EM ESTABELECIMENTOS DE SAÚDE MUNICI-

PAIS. LIMINAR CONCEDIDA, EXCEPCIONALMENTE, SEM OITIVA PRÉVIA DA

PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO. PRESENÇA DOS REQUISITOS LEGAIS

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PARA A CONCESSÃO E AUSÊNCIA DE PREJUÍZO AO INTERESSE PÚBLICO. INE-

XISTÊNCIA DE OFENSA AO ART. 2º DA LEI N. 8.437⁄1992. DESCUMPRIMENTO DO

COMANDO DA SENTENÇA. MULTA COMINATÓRIA DIÁRIA. AFASTAMENTO.

PRETENSÃO DE REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 7⁄STJ. FIXAÇÃO DE ASTREIN-

TES EM ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. POSSIBILIDADE. DESNECESSIDADE, PARA

EXECUÇÃO DA MULTA, DE DECISÃO TRANSITADA EM JULGADO. ALEGAÇÃO

DE AFRONTA AO ART. 333, I, DO CPC. ÔNUS DA PROVA. DEFICIÊNCIA ARGU-

MENTATIVA. SÚMULA 284⁄STF. DECISÃO MANTIDA.

1. Excepcionalmente, é possível conceder liminar sem prévia oitiva da pessoa jurídica de

direito público, desde que não ocorra prejuízo a seus bens e interesses ou quando presentes

os requisitos legais para a concessão de medida liminar em ação civil pública. Hipótese que

não configura ofensa ao art. 2º da Lei n. 8.437⁄1992. Precedentes.

2. A Corte de origem decidiu manter a multa cominatória diária por descumprimento da

obrigação de fazer, pois, com base nos elementos de convicção dos autos, entendeu que o

município não comprovou a observância ao comando da sentença, qual seja, a reativação

dos estágios curriculares no âmbito dos estabelecimentos de saúde municipais. Insuscetível

de revisão o referido entendimento, por demandar incursão no conjunto fático-probatório

dos autos, providência vedada em recurso especial, nos termos da Súmula 7⁄STJ.

3. "É desnecessário o trânsito em julgado da sentença para que seja executada a multa por

descumprimento fixada em antecipação de tutela." (AgRg no AREsp 50.816⁄RJ, Rel. Min.

Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 7⁄8⁄2012, DJe 22⁄8⁄2012.)

4. No tocante à alegada afronta ao art. 333, I, do CPC, há evidente deficiência argumentati-

va, porquanto o Tribunal de origem não imputou ao recorrido o ônus de provar que o recor-

rido descumpriu sua obrigação de fazer. Aplicação, por analogia, da Súmula 284⁄STF. Agra-

vo regimental improvido. "

Desse modo, a meu sentir, deve ser acolhido o pedido formulado pelo Agravante através da

petição de fls. 727⁄730 (por cópia) no sentido de "seja executada a multa diária fixada na

decisão de fl. 978, no limite previsto de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais) haja vista o

descumprimento do prazo fixado judicialmente, devendo ser depositado em favor do Fundo

Estadual de Recuperação de Interesses Difusos Lesados, na forma descrita na decisão de fl.

978."

Diante do exposto, conheço do agravo e, nos termos do disposto no art. 557, § 1º - A, do

Código de Processo Civil, dou-lhe provimento para deferir o pedido do Agravante de execu-

ção da multa cominada liminarmente, nos termos do entendimento jurisprudencial anterior-

mente mencionado.

Intime-se desta decisão em seu inteiro teor.

Preclusas as vias recursais, remetam-se os autos ao Juízo de origem.

Publique-se.

Vitória, 19 de Agosto de 2014.

DES. ANNIBAL DE REZENDE LIMA RELATOR

Recomendação acerca da regulamentação da Lei Anticorrupção nos municípios.

Recentemente (03/02/2015) o CADP encaminhou a todos sugestão de recomendação a ser

encaminhada ao executivo municipal, com o objetivo de regulamentar a Lei nº.

12.846/20913, caso ainda não exista.

Em complemento, valendo-se das ponderações do diligente promotor de justiça Genésio

José Bragança, destacamos ser prudente que a recomendação observe o que dispõe o art. 48

da Resolução nº. 006/2014, do Colégio de Procuradores. Dessa forma, a regra é que a even-

tual recomendação seja precedida de inquérito civil ou procedimento preparatório, que pode-

INFORME CADP Página 11

- DICAS PRÁTICAS -

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rá ser instaurado valendo-se dos mesmos fundamentos (considerandos) do modelo de reco-

mendação já encaminhado. Importante observar que o objeto do IC ou do PP será verificar a

existência ou não de regulamentação da Lei Anticorrupção no âmbito municipal, bem como

eventual omissão injustificada do gestor na sua regulamentação, fato que, em tese, pode dar

ensejo a ato de improbidade administrativa (Lei nº. 8.429/1992, art. 11, I), conforme se pode

extrair dos considerandos do modelo de recomendação.

Obviamente que no bojo de um IC ou PP, diante das atuais regras previstas na Resolução nº.

006/2014, o órgão de execução terá instrumentos mais eficientes para colheita de elementos

para subsidiar eventual recomendação. Não obstante, entendemos que mesmo diante da re-

gra contida no art. 48 da Resolução nº. 006/2014, nada impede que o órgão de execução

utilize da recomendação antes da instauração formal do procedimento, pois não há qualquer

vedação explícita no citado artigo em tal sentido. Com efeito, o artigo apenas destaca que o

referido instrumento poderá ser utilizado no bojo do inquérito civil ou do procedimento pre-

paratório. No mesmo sentido, aliás, é o ensinamento de Alexandre Alberto de Azevedo Ma-

galhães Jr. e André Luiz dos Santos (Instrumentos de atuação extrajudicial do Ministério

Público, in Ministério Público. Vinte e cinco anos do novo perfil constitucional, coordena-

dores: Walter Paulo Sabella, Antônio Araldo Ferraz Dal Pozzo e José Emmanuel Burle Fi-

lho, São Paulo: Malheiros, 2013, p. 684).

Sobre o conceito de recomendação, entendemos ser possível se valer do previsto no art. 5º

do Ato CPJ-484/2006, do MPSP. Sendo assim, ela pode ser conceituada como "instrumento

destinado à orientação de órgãos públicos ou privados, para que sejam cumpridas normas

relativas a direitos e deveres assegurados ou decorrentes das Constituição Federal e Esta-

dual e serviços de relevância pública e social".

A respeito de seus efeitos e objetivos, é oportuno lembrar as observações de Alexandre Al-

berto de Azevedo Magalhães Jr. e André Luiz dos Santos (ob. cit., p. 685): "É certo que a

recomendação não vincula juridicamente o destinatário, sendo destituída de coercibilidade.

Configura, porém, verdadeiro instrumento para demarcação temporal de responsabilidade,

pois 'constitui em mora' seu destinatário. Assim, por hipótese, possibilita que o administra-

dor público seja cientificado da necessidade de cumprimento de obrigação de fazer ou não

fazer, bem como advertido quanto a eventual descumprimento dos princípios que regem a

Administração Pública, viabilizando possível responsabilização pela prática de ato de im-

probidade administrativa".

Nessa linha, sugerimos que na parte final do modelo da recomendação encaminhada haja a

devida advertência ao gestor, passando a ter a seguinte redação:

"RECOMENDAR ao Excelentíssimo Prefeito do Município ______________/ES, premoni-

toriamente, buscando-se evitar omissão que possa criar obstáculos para uma boa gestão

pública, em especial na prevenção e repressão aos atos de corrupção, causando prejuízo

aos cofres públicos, que, no uso de suas atribuições constitucionais e de conformidade com

a Lei Orgânica do Municipal, no prazo de ______ meses", sob pena de adoção de ou-

tras medidas extrajudiciais cabíveis:"

Enfim, o importante é que a recomendação seja devidamente fundamentada. Exatamente por

isso que o CADP procurou construir um modelo para auxiliar os órgãos de execução na uti-

lização desse importante instrumento extrajudicial para solução de conflitos com pouco cus-

to, rapidez e eficácia, possibilitando uma atuação resolutiva do Ministério Público. Trata-se

de modelo que logicamente pode ser aperfeiçoado pelos colegas, de acordo com sua realida-

de e entendimento.

No mais, colocamos o CADP à disposição dos colegas, bem como ficamos no aguardo de

eventuais críticas e sugestões.

Solicite aqui o modelo.

INFORME CADP Página 12