informativo unesp · abr/13 dissÍdio 2013 diferenÇa usp 12,98% 5,39% 7,20% unesp 10,70% 5,04% ......

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Informativo Unesp maio/2014 - Número 01 1 Situação orçamentária é grande desafio das universidades públicas paulistas Em abril, comprometimento com a folha de pessoal da Unesp é 94,4% As universidades estaduais paulistas irão enfrentar um grande desafio nos próximos anos. Ciente de sua responsabili- dade administrativa com o futuro da Universidade pública e com uma autonomia orçamentário-financeira arduamente conquistada, o Cruesp decidiu pelo adiamento do dissídio e reafirma o seu compromisso com a revisão desta decisão, tão logo as condições permitam. Por isso, frente à presente situação orçamentária, Unesp, Unicamp, e USP não podem aprovar reajuste salarial para este momento. A situação da Unesp A Unesp, no primeiro quadrimestre deste ano (2014), apresentou um nível de comprometimento da folha de pessoal, com os repasses financeiros da sua cota-parte do ICMS (2,3447%), de 94,4%. Isso significa que, para cada R$ 100 recebidos do Estado, R$ 94 são destinados para pagamento de salários e as respecti- vas vantagens pecuniárias (quinquênios, sexta-partes, p.ex.), e os R$ 6 restantes, para pagamentos de custeio das ativida- des de ensino e pesquisa, despesas com obras, permanência estudantil, contratos com fornecedores de energia elétrica, telefonia e demais despesas correntes. O fato é que, desde dezembro de 2011, a Unesp vem ultrapassando o limite prudencial dos 85% de comprometimento com a folha de pagamento de seus docentes e servidores técnico-administrativos, percentual aprovado pelo Conselho Univer- sitário em todas as reuniões sobre orçamento. A Unesp precisa de no mínimo 15% dos recursos do ICMS para as demais despesas, sem comprometer o desenvolvimento das suas atividades acadêmicas e científicas. O gráfico abaixo mostra que faz algum tempo que isso não vem acontecendo. PERCENTUAL DE COMPROMETIMENTO COM A FOLHA DE PAGAMENTO UNIVERSIDADE ATÉ ABRIL DE 2013 ATÉ ABRIL DE 2014 USP 99,75% 103,20% UNESP 91,19% 94,47% UNICAMP 92,92% 96,52%

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Page 1: Informativo Unesp · ABR/13 DISSÍDIO 2013 DIFERENÇA USP 12,98% 5,39% 7,20% UNESP 10,70% 5,04% ... Pelas razões apresentadas neste informativo, o Cruesp decidiu manter os salários

Informativo Unespmaio/2014 - Número 01

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Situação orçamentária é grande desafi o das universidades públicas paulistasEm abril, comprometimento com a folha de pessoal da Unesp é 94,4%

As universidades estaduais paulistas irão enfrentar um grande desafi o nos próximos anos. Ciente de sua responsabili-dade administrativa com o futuro da Universidade pública e com uma autonomia orçamentário-fi nanceira arduamente conquistada, o Cruesp decidiu pelo adiamento do dissídio e reafi rma o seu compromisso com a revisão desta decisão, tão logo as condições permitam. Por isso, frente à presente situação orçamentária, Unesp, Unicamp, e USP não podem aprovar reajuste salarial para este momento.

A situação da Unesp

A Unesp, no primeiro quadrimestre deste ano (2014), apresentou um nível de comprometimento da folha de pessoal, com os repasses fi nanceiros da sua cota-parte do ICMS (2,3447%), de 94,4%.

Isso signifi ca que, para cada R$ 100 recebidos do Estado, R$ 94 são destinados para pagamento de salários e as respecti-vas vantagens pecuniárias (quinquênios, sexta-partes, p.ex.), e os R$ 6 restantes, para pagamentos de custeio das ativida-des de ensino e pesquisa, despesas com obras, permanência estudantil, contratos com fornecedores de energia elétrica, telefonia e demais despesas correntes.

O fato é que, desde dezembro de 2011, a Unesp vem ultrapassando o limite prudencial dos 85% de comprometimento com a folha de pagamento de seus docentes e servidores técnico-administrativos, percentual aprovado pelo Conselho Univer-sitário em todas as reuniões sobre orçamento.

A Unesp precisa de no mínimo 15% dos recursos do ICMS para as demais despesas, sem comprometer o desenvolvimento das suas atividades acadêmicas e científi cas. O gráfi co abaixo mostra que faz algum tempo que isso não vem acontecendo.

PERCENTUAL DE COMPROMETIMENTO COM A FOLHA DE PAGAMENTO

UNIVERSIDADE ATÉ ABRIL DE2013

ATÉ ABRIL DE2014

USP 99,75% 103,20%UNESP 91,19% 94,47%

UNICAMP 92,92% 96,52%

Page 2: Informativo Unesp · ABR/13 DISSÍDIO 2013 DIFERENÇA USP 12,98% 5,39% 7,20% UNESP 10,70% 5,04% ... Pelas razões apresentadas neste informativo, o Cruesp decidiu manter os salários

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Crescimento da massa salarial foi mais que o dobro do dissídio de maio/2013Desde dezembro de 2011, por conta do crescimento da massa salarial, bem acima das taxas de crescimento real do ICMS, a universidade vem ultrapassando o limite dos 85%. Cabe ressaltar que a massa salarial cresce em decorrência dos seguintes fatores: dissídio, contratações, plano de carreira docente e de funcionários técnico- administrativos, equiparação salarial, quinquênios e sexta-parte.

A massa salarial das três universidades estaduais paulistas, no 1º quadrimestre de 2014, cresceu mais que o dobro do dissídio de maio/2013 (5,39%).

CRESCIMENTO DA MASSA SALARIAL

UNIVERSIDADEJAN a ABR/14 CONTRA JAN a

ABR/13DISSÍDIO 2013 DIFERENÇA

USP 12,98%5,39%

7,20%UNESP 10,70% 5,04%

UNICAMP 11,26% 5,57%

Enquanto o dissídio da Unesp em maio de 2013 foi de 5,39%, a nossa massa salarial cresceu 10,70%. Essa diferença ocorreu em decorrência da promoção por desenvolvimento profissional (ADP) em abril, da progressão na carreira dos docentes, da contratação liquida (contratações, subtraídas demissões e falecimentos) de 194 docentes e 156 técnicos-administrativos, da primeira parte do projeto de equiparação salarial e dos quinquênios e sexta- partes adquiridos.

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Informativo Unespmaio/2014 - Número 01

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Reajustes acima da inflaçãoNos últimos 7 anos, índice tem sido superior à inflação medida pelo IPC-Fipe

Os reajustes acima da inflação são um fator que eleva a folha de salários. Nos últimos sete anos, o índice de reajuste con-cedido tem sido sistematicamente superior ao medido pelo IPC-Fipe, refletindo-se num ganho real acumulado de 8,9%.

ANO INFLAÇÃOIPC-FIPE

REAJUSTESALARIAL CRUESP

PONTOS PERCENTUAISDIFERENÇA

2007 3,37% 4,92% +1,552008 4,51% 6,51% +2,002009 6,05% 6,05% 0,002010 5,07% 6,57% +1,502011 6,40% 8,40% +2,002012 4,14% 6,14% +2,002013 5,39% 5,39% 0,00

(Fonte: Planilhas CRUESP)

Além disso, desde 2011, o PIB não cresce mais do que 2,7%. Em consequência, o ICMS também não consegue superar os 3% de crescimento real (descontado a inflação). Sem uma melhora na produção, os níveis de arrecadação ficam comprometidos e os repasses da cota-parte, também. Por sua vez, a massa salarial não volta para os níveis aceitáveis de comprometimento (85%), agravando nossa dificuldade de financiamento das despesas de custeio e investimentos.

INDICADORES E VARIAÇÕES DE PREÇOS E SALÁRIOS - UNESP 2007/2013

1) VARIAÇÃO ACUMULADA DO IPC - FIPE ............................................ 40,5%

2) VARIAÇÃO ACUMULADA DO REAJUSTE ............................................ 53,1%

3) VARIAÇÃO ACUMULADA DA MASSA SALARIAL.................................. 89,2%

4) VARIAÇÃO REAL DO ICMS (DEFLATOR IPCA) ..................................... 46,3%

5) VARIAÇÃO DO PIB .......................................................................... 28,8%

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Informativo Unespmaio/2014 - Número 01

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Sobre o alegado “débito de R$ 2 bilhões do governo com as universidades”Os informes das associações de docentes e funcionários das universidades mencionam um “débito de R$ 2 bilhões do governo com as universidades”, referente a alíneas (multas e juros de mora, receita da dívida ativa, Nota Fiscal Paulista e Habitação) não contempladas pela LDO, no seu artigo 4º, que estabelece a autonomia fi nanceira e orçamentária.

O próprio Fórum das Seis assume a existência da atual impossibilidade jurídica dessa reivindicação, tendo apresentado texto de emenda parlamentar para a LDO de 2015, solicitando a inclusão na redação do artigo 4º da expressão “do produto da arrecadação do ICMS” e não simplesmente “da arrecadação” do mencionado tributo.

Quanto à Nota Fiscal Paulista (NFP) não há manifestação do Ministério Público Federal ou Estadual a respeito das representações encaminhadas pelo Sindicato dos Agentes Fiscais de Rendas do Estado de São Paulo (SINAFRESP), em 4 de setembro de 2012, sobre os problemas contábeis no âmbito do Programa de Estímulo à Cidadania Fiscal do Estado de São Paulo (Programa Nota fi scal Paulista), de modo que não há defi nição sobre o assunto.

Apesar das iniciativas junto ao Poder Legislativo e Judiciário, as univer-sidades estaduais paulistas têm, até o presente, a sua autonomia fi nanceira e orçamentária garantida no artigo 4º da LDO, que se expressa da seguinte forma:

“Os valores dos orçamentos das Universidades Estaduais serão fi xados na proposta orçamentária do Estado para 2014 devendo as liberações mensais dos recursos do Tesouro respeitar, no mínimo, o percentual global de 9,57% (nove inteiros e cinquenta e sete centésimos por cento) da arrecadação do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação - ICMS - Quota-Parte do Estado, no mês de referência”

As Universidades Estaduais Paulistas estão enfrentando uma situação que pode vir a se agravar nos próximos anos. Elas vêm passando informações do modo mais transpa-rente possível, conscientes de que as decisões tomadas neste momento vão infl uenciar o futuro.

Pelas razões apresentadas neste informativo, o Cruesp decidiu manter os salários de docentes e servidores técnico-administrativos das Universidades Estaduais Paulistas nos valores vigentes atuais.

Consciente da importância de manter o poder aquisitivo dos salários e, ao mesmo tempo, preservar o necessário equilíbrio fi nanceiro das três Universidades, estamos agendando novas reuniões com o Fórum das Seis, em setembro/outubro, para reavaliar a situação orçamentário-fi nanceira à luz de novas informações sobre o comportamento do ICMS.