informação - anilact.pt · situação do mercado e, muito especialmente, do preço do leite. foi...

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Nos últimos dias têm- se multiplicado as notícias dando conta do rápido agrava- mento das cotações de diversos cereais e de outras matérias- primas agrícolas, o que tem - no sector pecuário - uma conse- quência praticamente imediata: o agravamento dos custos com a alimentação animal, os quais representam, como é sabido, uma lar- ga fatia dos custos de produção numa exploração leiteira. Os produtores reclamam, com absoluta legitimidade, que o preço do leite na origem não lhes permite manter a acti- vidade com níveis mínimos de rentabili- dade e acenam com a possibilidade de falência de um grande número de explorações. Todas as empresas do sector transfor- mador reconhecem este problema e, em especial aquelas que diariamente recolhem o leite em milhares e milhares de explorações, têm perfeita consciên- cia de que o elástico está a ser excessi- vamente esticado e que pode partir, o que terá consequências nefastas para os próprios, mas terá também conse- quências muito negativas para toda a fileira, pois como sempre repetimos, só existe indústria láctea em Portugal, enquanto no nosso país existir leite em volume suficiente que justifique a sua operação de industrialização em esca- la economicamente rentável. E a produ- ção pode vir a quebrar fortemente!... Mas se tal é verdade, é verdade tam- bém que a comercialização do leite, da manteiga, do queijo ou do iogurte produzidos a partir daquela matéria- prima, é hoje realizada com tais dese- quilíbrios que não tem sido possível dis- tribuir valor ao longo da cadeia de produto, penalizando os elos a montan- te (produção e indústria) em benefício dos grandes grupos da distribuição e, também, de algum modo do consumi- dor, que tem hoje nas prateleiras, para várias referências, os preços mais bai- xos de toda a Europa. As exigências que a moderna distribui- ção faz aos seus fornecedores, tantas vezes ilegítimos, quando não mesmo ilegais, retiram toda a rentabilidade à operação industrial e impedem uma justa remuneração dos produtores. A forma como se abastecem nos merca- dos externos, mesmo existindo no nosso país produção suficientemente competi- tiva em qualidade e preço, ou como utilizam os produtos de marca para subsidiar os seus produtos (as ‘marcas de distribuidor’ e, cada vez mais, os produtos ditos de ‘primeiro preço), usando políticas de preços e margens desleais, ‘matam’ qualquer estratégia comercial das empresas do sector. Aos protestos - legítimos - dos produto- res respondem rapidamente as autori- dades e as forças políticas, mostrando solidariedade e dizendo que tudo farão para que recebam preços justos pelas suas produções. Mas, na prática, nada acontece, porque nada fazem para corrigir o principal dos proble- mas: o desequilíbrio negocial existente entre os distribuidores e os seus forne- cedores e o consequente enviezamento da cadeia de valor que está a minar o sector lácteo em Portugal. EQUILIBRAR OS PRATOS DA BALANÇA!... PEDRO PIMENTEL SECRETÁRIO-GERAL Setembro. 2010 Ano 10, Número 9 A ABRIR Nesta edição: Informação Em destaque: ANTÓNIO SERRANO MANTÉM ENCONTRO COM AS DIRECÇÕES DA ANIL E FENALAC TRÊS DIAS COM QUEIJO E REU- NIÃO DA FEPALE NO MÊS DE OUTUBRO MADRP ESTUDA INTERNACIO- NALIZAÇÂO NOS SECTORES AGRO-ALIMENTAR E FLORESTAL PARLAMENTO EUROPEU FAZ RECOMENDAÇÕES SOBRE TRANSPARÊNCIA NA CADEIA ALIMENTAR LEITE E BEBIDAS DE SOJA FREN- TE A FRENTE AMPLO NOTICIÁRIO NACIONAL E INTERNACIONAL SÍNTESE DE LEGISLAÇÃO 2 EM FOCO: ANIL E FENALAC REUNIRAM COM MINISTRO DA AGRICUL- TURA, DR. ANTÓNIO SERRANO 3 AGENDA 4 PONTO DE VISTA: LEITE VS BEBIDAS DE SOJA 5 NUMEROS EM IMAGEM 6 TRÊS DIAS COM QUEIJO 2010 APRESENTAÇÃO DO EVENTO 8 18.ª ASSEMBLEIA GERAL DA FEPALE (LUGO, 26 A 29 DE OUTUBRO) 12 INTERNACIONALIZAÇÃO DO SECTOR AGRO-ALIMENTAR 14 RELATÓRIO BOVÉ SOBRE O FUNCIONAMENTO DA CADEIA ALIMENTAR 20 A FILEIRA EM PORTUGAL... 28 EM ESPANHA... 32 E PARA LÁ DOS PIRINÉUS 35 TAMBÉM FOI NOTÍCIA 39 DISTRIBUIÇÃO 42 SITUAÇÃO DO MERCADO 46 A FECHAR 50 BEBER LEITE FACILITA PERDA DE PESO CTT EMITE SÉRIE DE SELOS COM QUEIJOS PORTUGUESES

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Page 1: Informação - ANILACT.PT · situação do mercado e, muito especialmente, do preço do leite. Foi referido o posicionamento do preço do leite em Portugal no contexto comunitário,

Nos últimos dias têm-se multiplicado as notícias dando conta do rápido agrava-mento das cotações de diversos cereais e de outras matérias-primas agrícolas, o que tem - no sector pecuário - uma conse-quência praticamente imediata: o agravamento dos custos com a alimentação animal, os quais representam, como é sabido, uma lar-ga fatia dos custos de produção numa exploração leiteira. Os produtores reclamam, com absoluta legitimidade, que o preço do leite na origem não lhes permite manter a acti-vidade com níveis mínimos de rentabili-dade e acenam com a possibilidade de falência de um grande número de explorações. Todas as empresas do sector transfor-mador reconhecem este problema e, em especial aquelas que diariamente recolhem o leite em milhares e milhares de explorações, têm perfeita consciên-cia de que o elástico está a ser excessi-vamente esticado e que pode partir, o que terá consequências nefastas para os próprios, mas terá também conse-quências muito negativas para toda a fileira, pois como sempre repetimos, só existe indústria láctea em Portugal, enquanto no nosso país existir leite em volume suficiente que justifique a sua operação de industrialização em esca-la economicamente rentável. E a produ-ção pode vir a quebrar fortemente!... Mas se tal é verdade, é verdade tam-bém que a comercialização do leite,

da manteiga, do queijo ou do iogurte produzidos a partir daquela matéria-prima, é hoje realizada com tais dese-quilíbrios que não tem sido possível dis-tribuir valor ao longo da cadeia de produto, penalizando os elos a montan-te (produção e indústria) em benefício dos grandes grupos da distribuição e, também, de algum modo do consumi-dor, que tem hoje nas prateleiras, para várias referências, os preços mais bai-xos de toda a Europa. As exigências que a moderna distribui-ção faz aos seus fornecedores, tantas vezes ilegítimos, quando não mesmo ilegais, retiram toda a rentabilidade à operação industrial e impedem uma justa remuneração dos produtores. A forma como se abastecem nos merca-dos externos, mesmo existindo no nosso país produção suficientemente competi-tiva em qualidade e preço, ou como utilizam os produtos de marca para subsidiar os seus produtos (as ‘marcas de distribuidor’ e, cada vez mais, os produtos ditos de ‘primeiro preço), usando políticas de preços e margens desleais, ‘matam’ qualquer estratégia comercial das empresas do sector. Aos protestos - legítimos - dos produto-res respondem rapidamente as autori-dades e as forças políticas, mostrando solidariedade e dizendo que tudo farão para que recebam preços justos pelas suas produções. Mas, na prática, nada acontece, porque nada fazem para corrigir o principal dos proble-mas: o desequilíbrio negocial existente entre os distribuidores e os seus forne-cedores e o consequente enviezamento da cadeia de valor que está a minar o sector lácteo em Portugal.

EQUILIBRAR OS PRATOS DA BALANÇA!...

PEDRO PIMENTEL SECRETÁRIO-GERAL

� Setembro. 2010 � Ano 10, Número 9

A ABRIR

Nesta edição:

Informação

Em destaque:

• ANTÓNIO SERRANO MANTÉM ENCONTRO COM AS DIRECÇÕES DA ANIL E FENALAC

• TRÊS DIAS COM QUEIJO E REU-NIÃO DA FEPALE NO MÊS DE OUTUBRO

• MADRP ESTUDA INTERNACIO-NALIZAÇÂO NOS SECTORES AGRO-ALIMENTAR E FLORESTAL

• PARLAMENTO EUROPEU FAZ RECOMENDAÇÕES SOBRE TRANSPARÊNCIA NA CADEIA ALIMENTAR

• LEITE E BEBIDAS DE SOJA FREN-TE A FRENTE

• AMPLO NOTICIÁRIO NACIONAL E INTERNACIONAL

SÍNTESE DE LEGISLAÇÃO 2

EM FOCO:

ANIL E FENALAC REUNIRAM COM MINISTRO DA AGRICUL-TURA, DR. ANTÓNIO SERRANO

3

AGENDA 4

PONTO DE VISTA:

LEITE VS BEBIDAS DE SOJA

5

NUMEROS EM IMAGEM 6

TRÊS DIAS COM QUEIJO 2010 APRESENTAÇÃO DO EVENTO

8

18.ª ASSEMBLEIA GERAL DA FEPALE (LUGO, 26 A 29 DE OUTUBRO)

12

INTERNACIONALIZAÇÃO DO SECTOR AGRO-ALIMENTAR

14

RELATÓRIO BOVÉ SOBRE O FUNCIONAMENTO DA CADEIA ALIMENTAR

20

A FILEIRA EM PORTUGAL... 28

EM ESPANHA... 32

E PARA LÁ DOS PIRINÉUS 35

TAMBÉM FOI NOTÍCIA 39

DISTRIBUIÇÃO 42

SITUAÇÃO DO MERCADO 46

A FECHAR 50

BEBER LEITE FACILITA PERDA DE PESO

CTT EMITE SÉRIE DE SELOS COM QUEIJOS PORTUGUESES

Page 2: Informação - ANILACT.PT · situação do mercado e, muito especialmente, do preço do leite. Foi referido o posicionamento do preço do leite em Portugal no contexto comunitário,

SETEMBRO 2010 2

CO

MUNITÁRI

A

Regulamento n.º 790/2010 2010-09-08, L 237 Altera os anexos VII, X e XI do Regulamento (CE) n.º 1774/2002 que estabelece regras sanitárias relativas aos subprodutos animais não destinados ao consumo humano.

Regulamento n.º 797/2010 2010-09-10, L 239 Não fixa o preço mínimo de venda de manteiga na sequência do sexto concurso especial, no âmbi-to do concurso aberto pelo Regulamento (UE) n.º 446/2010. Regulamento n.º 798/2010 2010-09-10, L 239 Fixa o preço mínimo de venda de leite em pó desnatado na sequência do sexto concurso espe-cial, no âmbito do concurso aberto pelo Regula-mento (UE) n.º 447/2010.

Regulamento n.º 826/2010 2010-09-21, L 247 Derroga do Regulamento (UE) n.º 1272/2009 no que respeita à compra e venda de manteiga e leite em pó desnatado. Regulamento n.º 843/2010 2010-09-24, L 250 Fixa o preço mínimo de venda de leite em pó desnatado na sequência do sétimo concurso espe-cial, no âmbito do concurso aberto pelo Regula-mento (UE) n.º 447/2010.

Regulamento n.º 865/2010 2010-09-30, L 256 Fixa o preço mínimo de venda de manteiga na sequência do sétimo concurso especial, no âmbito do concurso aberto pelo Regulamento (UE) n.º 446/2010.

R.A.A

ÇO

RES

Resolução Cons. Governo n.º 136/2010 2010-09-13, PGR Autoriza um contingente adicional de cereais, em complemento ao contingente com ajuda previsto no Programa para os Açores aprovado por Deci-são da Comissão, de 4 de Abril de 2007.

Portaria n.º 93/2010 2010-09-28, SRAF Altera a Portaria n.º 7/2010. (Estabelece o regi-me de ajudas a conceder à aquisição de produto de categoria fibrosa destinado à alimentação do efectivo pecuário da R.A. Açores.).

LEGISLAÇÃO

NACIO

NAL

Portaria n.º 851/2010 2010-09-06, MTSS/ME Regula o sistema de certificação de entidades formadoras previsto no n.º 2 do artigo 16.º do Decreto-Lei n.º 396/2007.

Portaria n.º 889/2010 2010-09-13, MFAP/MADRP Altera o montante global de crédito destinado às empresas, tanto singulares como colectivas, do sector agrícola e pecuário.

Decreto-Lei n.º 100/2010 2010-09-16, MADRP Transfere para a R. A. Açores algumas atribuições asseguradas a nível central pelo Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas (IFAP), e os recursos afectos ao seu exercício.

Resolução Cons. Ministros n.º 75/2010 2010-09-22, PCM Estabelece as regras de implementação do regi-me de cobrança de taxas de portagem nas auto-estradas sem custos para o utilizador (SCUT).

Decreto-Lei n.º 102/2010 2010-09-23, MAOT Estabelece o regime da avaliação e gestão da qualidade do ar ambiente, transpondo a Dir 2008/50/CE e a Dir 2004/107/CE.

Decreto-Lei n.º 103/2010 2010-09-24, MAOT Estabelece as normas de qualidade ambiental no domínio da política da água e transpõe a Dir 2008/105/CE e parcialmente a Dir 2009/90/CE.

Portaria n.º 993/2010 2010-09-29, MAOT Estabelece a taxa devida à Agência Portuguesa do Ambiente (APA) pelo acesso e utilização do Registo Português de Licenças de Emissão (RPLE). Portaria n.º 994/2010 2010-09-29, MTSS Determina a validade dos certificados de aptidão pedagógica de formador, emitidos ao abrigo do Decreto Regulamentar n.º 66/94.

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EM FOCO

Teve lugar no passado dia 15 de Setembro uma audiência com o Ministro da Agricultura, na qual a ANIL se fez representar pelo Eng.º Rui Leite, pelo Dr. Claudio Cattaneo e por mim próprio. Pela FENALAC estiveram o Srs. Mendonça, Santos Gomes e São José Cardoso, pelo Prof. Honorato e pelo Eng.º Fernando Cardoso. A administração, para além do Dr. António Serrano, esteve representada pelo Secretário de Estado, Dr. Luís Vieira e pelo Eng.º Eduardo Diniz (GPP). Esta reunião, convocada pelo Dr. Luís Vieira, não possuía uma Agenda de Trabalhos, apesar de tal haver sido solicitado expressamente ao Eng.º Miguel Braga, seu Chefe de Gabinete. No entanto, já no decurso da reunião, o Dr. António Serrano indicou que queria basicamente falar sobre a situação do mercado (e do preço do leite à produção) e sobre a evolução da política comunitária para o sector (com o relatório do Grupo de Alto Nível como pano de fundo). Grande parte da reunião foi passada a discutir a situação do mercado e, muito especialmente, do preço do leite. Foi referido o posicionamento do preço do leite em Portugal no contexto comunitário, face à média dos 27, mas também face aos nossos principais competidores, sendo salientado que Por-tugal se tem, nos últimos dez anos, posicionado (com excepção de Jun e Jul.2010) sempre acima da média comunitária e que o diferencial em 2008 e 2009 chegou a ultrapassar os 4 cêntimos face àquele valor médio. Também foi referido que, face aos aumentos já implementados por vários operadores no continente e pela reposição da sazonalidade (adicionada, em alguns casos, por aumentos efectivos de valor) nos Açores, o preço do leite, a partir de Setembro se reposicionaria naquele ranking de países. No entanto, ilustramos a situação dos mercados de consumo e dos preços, volumes e margens respecti-vos demonstrando, penso que de forma cabal, o quanto a compressão (e enviesamento) da cadeia de valor está a prejudicar a indústria fornecedora e, por essa via, os preços que a indústria paga aos seus produtores. A ocasião foi aproveitada para uma ampla troca de impressões sobre o relacionamento do sector com as principais empresas da grande distribuição, a distorção concorrencial que a diferença de poder entre as partes introduz, o impacto negativo sobre o

sector quer da aquisição de quota de mercado por parte das chamadas ‘marcas brancas’ quer da pro-veniência externa de uma parte substancial dessas mesmas marcas ‘brancas’. A título de exemplo foi referenciada a apropriação do aumento do IVA por parte da distribuição, com a sua ‘cobrança’ a montante, junto dos fornecedores. Foi, a partir daí, mencionado que, não obstante se verificar nos pri-meiros seis meses do ano uma quebra da produção nacional de 3% face a 2009 (o que nos coloca a mais de 7% da nossa quota leiteira nacional), não existe – ainda assim – qualquer escassez de leite no mercado de aprovisionamento nacional. Foi também relevado que os aumentos introduzidos nas últimas semanas no preço do leite à produção não corresponderam a um efectivo aumento da pressão da procura sobre a oferta, mas a uma constatação, por parte dos compradores, da exis-tência de um agravamento da estrutura de custos da produção de leite (aumento dos custos dos fac-tores, com destaque para a alimentação animal, energia e combustíveis). Ainda a este propósito, o Dr. António Serrano fez questão de mencionar o diploma recentemente aprovado em Conselho de Ministros, que limita a 30 dias o prazo de pagamento pela distribuição aos produtores agrícolas e agro-alimentares de mais pequena dimensão, tendo sido contestada a relevância do mesmo por não abranger o grande volume de transacções do sector alimentar pois as maiores empresas, que são simultaneamente as que compram maiores volumes de matéria-prima junto da produção nacional, não são abrangidas pelo diploma. O Sr. Ministro da Agricultura manifestou compreen-der a observação, indicando que aquele diploma havia sido o possível e que deveria ser entendido como uma ‘primeira lança em África’, ou seja, como um sinal e, ao mesmo tempo, como um primeiro pas-so de evolução legislativa nessa matéria. Falou-se também do relatório da Autoridade da Concorrência (AdC) sobre as relações entre a Grande Distribuição e os seus Fornecedores. Foi referido o atraso na respectiva publicação e o aparente compromisso do Presidente da AdC, Dr. Manuel Sebastião, de proceder à sua apresentação na Assembleia da República junto das Comissões Parlamentares de Agricultura e de Economia.

(continua na página 19)

ANIL E FENALAC REUNIRAM COM O MINISTRO DA AGRICULTURA

SETEMBRO 2010 3

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AGENDA

FEIR

AS

SIAL 2010 + IPA 2010 Paris (Polónia) 2010.10.17-21 www.sial.fr

35.ª AGROVOUGA - FEIRA NACIONAL DO BOVINO LEITEIRO Parque de Exposições (Aveiro) 2010.10.20-24 www.aveiroexpo.pt

NUCE INTERNATIONAL 2010 - THE HEALTH INGREDIENTS EVENT Milão (Itália) 2010.10.26-28

www.nuce.pro

WORLD FOOD UKRAYNE 2010 Kiev (Ucrânia) 2010.10.26-29 http:\\worldfood.com.ua

DIYAFA 2010: EXIBIÇÃO INTERNACIONAL DE ALIMENTOS E BEBIDAS Doha (Qatar) 2010.11.09-11 www.ifpexpo.com

FEILEITE 2010 São Paulo (Brasil) 2010.11.09-13 www.feileite.com.br

INTERNATIONAL FOOD & DRINK EXPO INDIA IFDE 2010 Nova Deli (Índia) 2010.12.02-04 www.indiafooddrinkexpo.com

AGROTEC 2010: SALÃO INTERNACIONAL DE AGRICULTURA, FLORESTAS, PECUÁRIA E ESPA-ÇOS VERDES FIL (Lisboa) 2011.01.20-23 http://agrotec.fil.pt/

RISK MANAGEMENT FOR EUROPEAN DAIRY PRICING Amesterdão (Holanda) 2010.10.12 www.zenithinternational.com

TRÊS DIAS COM QUEIJO CONCURSO “MELHOR QUEIJO 2010” CONVERSAS COM QUEIJOS Parque de Exposições (Aveiro) 2010.10.20-22 www.tresdiascomqueijo.com

7th INTERNATIONAL SYMPOSIUM: MILK GENOMICS & HUMAN HEALTH Davis (EUA) 2010.10.20-22 www.milkgenomicssymposium.com

18ª ASSEMBLEA GENERALE DE FEPALE Lugo (Espanha) 2010.10.26-29 www.ctlacteo.org/fepale

IDF WORLD DAIRY SUMMIT 2010 DAIRY POLICY & ECONOMICS CONFERENCE Auckland (Nova Zelândia) 2010.11.08-11 www.wds2010.com

CHALLENGES FOR A MORE COMPETITIVE INDUSTRY: CIAA CONGRESS 2010 Bruxelas (Bélgica) 2010.11.18-19 www.ciaa.eu

FICHA TÉCNICA

Responsável: Pedro Pimentel Colaboradores: Maria Cândida Marramaque, Cristina Pinto, Ricardo Oliveira ANIL - Associação Nacional dos Industriais de Lacticínios Rua de Santa Teresa, 2C - 2.º 4050-537 Porto Telef.: (351) 222 001 229 Fax: (351) 222 056 450 E-mail: [email protected] www.anilact.pt

OUTR

OS

SETEMBRO 2010 4

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PONTO DE VISTA

CONTEXTO GERAL O que é leite? Leite é o líquido branco natural produzido pela glândula mamária de mamíferos. É um produto de origem animal. A composição exacta do leite crú varia de espécie para espécie, mas o leite crú con-tém sempre quantidades significativas de nutrientes como as proteínas, gordura, cálcio bem como vita-minas. Existe uma definição legal para leite e está definida a nível Europeu no Reg 1234/2007. O que são bebidas de soja? As bebidas de soja são preparadas por maceração e trituração de grãos de soja com água. O líquido resultante após filtragem é denominado bebida de soja. A maioria das bebidas de soja disponíveis no mercado são aromatizados e fortificadas com cálcio e/ou vitaminas, outros minerais (magnésio, ferro, etc) e sabores (chocolate, baunilha, etc ...). Alguns produtores adicionam ingredientes espessantes (carragenina e rafinose, etc...) aos preparados bebíveis de soja para lhe dar a sensação de boca de leite de vaca. Tradicionalmente, as bebidas de soja tem o gosto a feijão cru e usando técnicas de processamento adi-cional, esse gosto de feijão cru pode ser reduzido ou eliminado. Às vezes, utilizam-se de isolados de proteína de soja, que são misturadas com água, óleos, açúcares e estabilizadores para lhe dar um aspecto leitoso. A soja é também a base para outros produtos de soja que são comercializados como alternativas aos produtos lácteos como o iogurte ou nata. Porque é que as bebidas de soja não são leite? Como acima definido, as bebidas de soja são feitas a partir de grãos de soja, ou seja, são de origem vegetal, enquanto que o leite é de origem animal. A preparação dos grãos de soja implica um alto grau de processamento ao longo do qual muitos ingre-dientes são adicionados ao passo que o leite é um produto não-processado, que pode ser consumido directamente. Por razões de gosto, as bebidas de soja são açúcarados e/ou edulcorados e aromatiza-dos enquanto o leite pode ser consumido directa-mente porque o sabor é perfeitamente adequado para o consumo directo. As bebidas de soja são geralmente enriquecidas com muitos nutrientes, como as vitaminas e os mine-rais, dado o seu baixo valor nutricional natural bási-

co sendo o leite naturalmente rico em nutrien-tes. Algumas bebidas de soja competem com o leite no mesmo mercado, embora as bebidas de soja e leite sejam produtos completamente diferentes.

REGIME JURÍDICO Porque é que não é permitido rotular/referir as bebidas de soja como leite? O Reg 1234/2007 visa proteger o consumidor e criar condições de concorrência equitativa, ao esta-belecer as denominações de leite e produtos lác-teos. O Anexo XII deste Reg define o termo “leite” e fornece os requisitos para a sua utilização: II 1. A designação «leite» fica exclusivamente reser-vada ao produto da secreção mamária normal, proveniente de uma ou mais ordenhas, sem qual-quer adição ou extracção II 2. Para efeitos do presente anexo, entende-se por «produtos lácteos» os produtos derivados exclusivamente de leite, considerando-se que lhe podem ser adicionadas as substâncias necessárias ao fabrico de cada produto, desde que tais subs-tâncias não sejam utilizadas para substituir, total ou parcialmente, qualquer componente do leite. Esta protecção da designação «leite» remonta ao Reg 1898/87, relativo à protecção das denomina-ções utilizadas na comercialização do leite e produ-tos lácteos (agora integrada no Reg 1234/ 2007). A Comissão estabeleceu uma lista de isen-ções para os produtos que são autorizados a utili-zar a designação «leite» no seu nome quando a natureza exacta do produto resulta do uso tradicio-nal (Dec 88/566/CEE). Apenas algumas excepções, como "leite de coco" e "leite de amêndoa" são per-mitidas na UE por razões tradicionais. As bebidas de soja eram bem conhecidos naquela época na Europa e no resto do mundo, especial-mente nos mercados dos EUA e da Ásia. No entan-to, a Comissão decidiu não permitir a utilização da designação "leite" para produtos de soja no merca-do europeu. Esta consideração é válida até hoje. É, portanto, proibido rotular uma bebida de soja como "leite" ou referir "leite". Por conseguinte, não existe um nome legal para as bebidas de soja, embora seja importante para um produto ter uma designação.

(continua na próxima edição)

Maria Cândida Marramaque

Assessora Técnica

SETEMBRO 2010 5

LEITE VERSUS BEBIDAS DE SOJA (1.ª parte)

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3

STOCKS 2010.09.22

(em ton)

MANTEIGA

Intervenção 13.027

Armazenagem Privada

82.692

LEITE EM PÓ

Intervenção 213.022

Page 7: Informação - ANILACT.PT · situação do mercado e, muito especialmente, do preço do leite. Foi referido o posicionamento do preço do leite em Portugal no contexto comunitário,

COTA

ÇÃO DE PRODUTO

S INDUSTRIAIS

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SETEMBRO 2010 7

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Com o objectivo de promover e divulgar os queijos de qualidade elaborados em Portugal, a ASSOCIA-ÇÃO NACIONAL DOS INDUSTRIAIS DE LACTICÍ-NIOS (ANIL) organiza, com a colaboração da AVEI-ROEXPO, EM, integrada na edição de 2010 da Agrovouga - Feira Nacional do Bovino Leiteiro a iniciativa “Tr3s dias com Queijo”, que tem incluída no seu programa o concurso “Melhor Queijo 2010”. Este evento pretende promover o queijo nas suas vertentes fundamentais e envolvendo os seus princi-pais actores. Assim, pretende-se contribuir para a divulgação dos diferentes queijos existentes em Por-tugal, nomeadamente, difundindo conhecimentos nas vertentes sensorial, nutricional e gastronómica, con-tribuir para a difusão da sua imagem, construindo e difundindo uma “cultura do queijo”, bem como incentivar a apresentação de novos produtos. Relativamente ao concurso “Melhor Queijo 2010”, foi designada como coordenadora do concurso a FULLSENSE – Análise Sensorial, tendo como missão garantir o cumprimento do respectivo regulamento (que pode ser encontrado mais à frente), velar pelo perfeito desenvolvimento da preparação e exame organoléptico das amostras, e pela comunicação dos resultados.

PROGRAMA

20 de Outubro CONCURSO DE QUEIJO “MELHOR QUEIJO 2010”

21 de Outubro CONVERSAS COM QUEIJO 10:30 Queijo comVida

Inovar, é dar a perceber de forma desigual o existen-te. Experimentar, criar, oferecer um produto diferente. Por onde começar, o que considerar.

ZULMIRA LOPES 11:30 Críticos, Criticas, Comentários e Opiniões,

Como Evoluir Por onde anda o queijo. O queijo na gastronomia

MANUEL GONÇALVES DA SILVA

PAULINA MATA

12:30 deGOSTAR...Queijo Demonstração culinária

CHEFE RUI PAULA

15:30 Um Prazer Chamado Queijo Nutrição & saúde – de aperitivo a sobremesa, pas-sando pelo lanche, o queijo está cada vez mais pre-sente e passou a ser um “vilão” da alimentação. Queijo como parte de uma alimentação saudável.

NUNO BORGES

16:30 Comprar com os Olhos A apresentação cuidada no ponto de venda. A impor-tância da formação e informação a prestar ao consu-midor. E quando não temos ninguém atrás do balcão?

MADALENA ESCOBAR

17:30 deGOSTAR...Queijo Degustação de Queijo e Vinho

22 de Outubro CONVERSAS COM QUEIJO 10:30 Tendências

Encontrar novas oportunidades para promoção, apre-sentação. Por onde ir mais longe?

CARLOS MARTINS

PEDRO PIMENTEL

11:30 Queijo com Bons Olhos A necessidade de trabalhar a imagem do produto - rótulo. Formas, caracteres e cores. Cativar pela apre-sentação e informação cuidadas.

A. MODESTO NUNES

12:30 deGOSTAR...Queijo Demonstração culinária

CHEFE GUIOMAR CORREIA

15:30 No Mundo do Sentir Cheiros e aromas - experimentar, distinguir, revelar as sensações provocadas nos sentidos é tarefa que implica aprendizagem. Deixe-se conduzir.

ISABEL ARAUJO

MARTA VACAS DE CARVALHO

16:30 Queijo ... em Boa Companhia Harmonização com.... por onde começar, que regras atender, como preparar para melhor saborear.

JOSÉ ESTEVAM MATOS

A DEFINIR

17:30 deGOSTAR...Queijo Degustação de Queijo e Vinho

“MELHOR QUEIJO 2010” Entrega de prémios e encerramento

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EVENTO

TRÊS DIAS COM QUEIJO 2010 APRESENTAÇÃO DO EVENTO (Aveiro, 20, 21 e 22)

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REGULAMENTO DO CONCURSO “MELHOR QUEIJO 2010”

Com o objectivo de promover e divulgar os queijos de qualidade elaborados em Portugal, a ASSOCIA-ÇÃO NACIONAL DOS INDUSTRIAIS DE LACTICÍ-NIOS (ANIL) organiza, com a colaboração da AVEI-ROEXPO, EM, a iniciativa “Tr3s dias com Queijo”, que tem incluída no seu programa o concurso “Melhor Queijo 2010”. A Organização designa como Coordenador do con-curso a FULLSENSE – Análise Sensorial, cuja missão é a de garantir o cumprimento do presente regula-mento, velar pelo perfeito desenvolvimento da pre-paração e exame organoléptico das amostras, e pela comunicação dos resultados.

O concurso rege-se pelas seguintes normas:

1.REGRAS DE ADMISSÃO

A) QUEIJOS ADMITIDOS 1. O concurso está aberto a todos os fabricantes de queijo em Portugal. 2. Podem ser presentes a concurso, os queijos elabo-rados em Portugal, procedentes de estabelecimen-tos devidamente autorizados, de acordo com o estabelecido nos Regulamentos (CE) n.º 852/2004 e 853/2004, do Parlamento Europeu e do Conselho e que correspondam a um lote destinado à comercia-lização. 3. Estão expressamente excluídos os queijos Deno-minação de Origem Protegida (DOP), Indicação Geográfica Protegida (IGP) e as marcas de distri-buidor (MDD).

B) CATEGORIAS DE QUEIJOS São estabelecidas as seguintes categorias de queijo para o presente concurso:

(ver quadro seguinte) É necessário que se apresentem pelo menos cinco queijos diferentes por categoria para que se abra a categoria a concurso.

Nas categorias de queijo “cura prolongada” reser-va-se a organização o direito de criar uma única categoria “Queijo de cura prolongada”, onde serão incluídos todos os queijos de cura prolonga-da, caso não haja número suficiente para abrir as diferentes categorias individuais. Do facto será dada nota aos participantes

C) INSCRIÇÃO E ENVIO DE AMOSTRAS 1. Inscrição a) Os queijos apresentados a concurso deverão ser de elaboração própria da empresa participante. b) Cada fabricante poderá concorrer em quantas categorias deseje, no máximo com duas referências por categoria. c) A participação no concurso obriga ao completo preenchimento e envio da ficha de inscrição até às 12h30m do dia 12 de Outubro de 2010, bem como ao pagamento de uma taxa de inscrição no valor de 50 euros por referência inscrita, por che-que à ordem de ANIL – Ass. Nac. Industriais de Lac-ticínios, ou por transferência bancária para o NIB 003300000000010480955 – MILLENNIUM BCP. d) Deverá ser preenchida uma ficha de inscrição por referência e enviada por fax: 222056450 ou email: [email protected], ao cuidado de Cris-tina Pinto. e) A acompanhar o envio da ficha de inscrição

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deverá ser enviada uma cópia da ficha de especifi-cação do produto e cópia do comprovativo de pagamento relativo à taxa de inscrição. 2. Envio e entrega de amostras a) As amostras de queijo a apresentar a concurso devem constituir-se por queijos inteiros. b) Devem apresentar-se sem qualquer rótulo ou marca comercial, de forma a que a organização possa garantir o anonimato das amostras. c) Para cada amostra devem ser enviadas, no míni-mo, 2 peças inteiras de queijo, num total de 2 kg. Caso o formato de apresentação comercial do quei-jo não perfaça o peso indicado, deverão apresen-tar-se um número de peças que perfaçam 2 kg. Quando o tamanho do queijo exceda, numa peça só, os 3 kg de peso, será suficiente enviar um só queijo inteiro. As peças apresentadas devem ser do mesmo lote. d) Os queijos apresentados tornam-se propriedade da organização do Concurso. e) As amostras a concurso deverão ser entregues nas instalações do Parque de Exposições de Aveiro, ao cuidado da Dr.ª Sandra Carvalho nos dias 18 e 19 de Outubro de 2010, das 9h e as 18h. f) Juntamente com cada artigo a concurso deve ser enviada a respectiva Ficha de Entrega, devidamen-te preenchida e com rótulo comercial do produto colado, acondicionada em bolsa plástica fechada. g) As amostras devem ser enviadas livres de encar-gos financeiros. h) As amostras apresentadas para além das 18h do dia 19.10.2010 perderão direito a participar no concurso, não sendo recebidas pela organização. i) A organização não se responsabiliza pela dete-rioração que a amostra possa sofrer durante o transporte. j) A organização responsabiliza-se por armazenar as amostra em condições óptimas de refrigeração.

D) DESCLASSIFICAÇÃO São factores de desclassificação e eliminação ime-diata da amostra: � o não cumprimento de qualquer das condições exi-gidas em C1 e C2 � a falta de veracidade nos dados submetidos a concurso

2. RECEPÇÃO E CONTROLO DE QUEIJOS � A Coordenação do Concurso adoptará um sistema de controlo, por registo, de todos os queijos recebi-dos, admitidos e não admitidos e respectivos docu-mentos que os acompanhem. � Mediante os documentos entregues, classificará os queijos por categorias e informará todos os mem-

bros do Júri dos diferentes tipos apresentados assim como das suas principais características, possibili-tando a uniformização dos critérios de avaliação. � A cada queijo será atribuído um número de entra-da e colocada a data de recepção. � A organização conservará os queijos recebidos em condições ambientais adequadas, para que estejam em perfeito estado durante as sessões de prova. � A organização poderá fazer as análises laborato-riais pertinentes, em qualquer fase do concurso, para verificar os dados declarados na ficha de ins-crição, eliminando os que não correspondam ao aí declarado. � No dia anterior ao concurso, os queijos serão colo-cados numa sala a 22ºC para unificar a temperatu-ra dos mesmos antes da prova. Neste momento, ser-lhe-á retirado o filme ou envoltório e serão codifi-cados. Excepção considerada para os queijos fres-cos e requeijões que só serão retirados em tempo

necessário para a sua p r e p a r a -ção.

3. JÚRI (PAINEL DE PROVADO-RES) � O Júri será c o m p o s t o por 16 a 24 elemen-tos, con-soante o n ú m e r o a m o s t r a s submetidas a concurso, provenien-tes de dife-r e n t e s m e i o s ,

nomeadamente, representantes do sector, dos orga-nismos de controlo e certificação, de instituições de ensino, da restauração e gastronomia, distribuição e dos meios de comunicação. � Os elementos do Júri são nomeados a título pes-soal, pelo que só a organização do concurso pode-rá proceder à sua substituição. � Após a definição dos elementos que formarão o júri, e tendo por fim esclarecer a sua missão, serão os mesmos convocados para uma ou mais sessões de formação.

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4. CONCURSO Dependendo do número de queijos a concurso, poderá o mesmo ser realizado em um ou mais dias.

Antes do início da prova, a Coordenação do Con-curso: � verificará a organização das sessões de prova,

verificando a ordem por que serão apresentados os queijos ao Júri.

� adoptará os meios de controlo adequados que assegurem o cumprimento dos requisitos necessá-rios para levar a bom termo todas as fases do concurso.

� controlará as condições ambientais da sala de prova para que sejam as correctas. À sala de prova só terão acesso as pessoas directamente relacionadas com o Concurso e as habilitadas para o efeito.

� assegurará que o corte dos queijos seja feita em sala anexa, devidamente preparada para o efeito.

� controlará o tratamento das amostras, evitando a possibilidade de erros, garantindo o segredo dos resultados, até ao momento do seu anúncio, bem como o anonimato dos participantes

Na possibilidade da ocorrência de alguma dúvida, por parte de algum dos elementos do Júri, no decorrer da prova de queijos, o mesmo será resolvi-do pela Organização do Concurso, que empregará os recurso que considere oportunos para o efeito. A sua decisão será inapelável. No final do concurso, a Organização reserva-se o direito de utilizar as peças que sobrem do concurso, para fins de prova no decorrer da iniciativa “Tr3s dias com Queijo”, doar aos colaboradores que a ajudaram graciosamente na sua organização ou a instituições sem fins lucrativos. O concurso será realizado em duas fases distintas: Fase Prévia e Final. Para tal, as amostras recebidas serão divididas, pela organização, em dois lotes de peças similares, sendo um destes lotes utilizado na Fase Prévia e o segundo lote reservado para a Final, para ser utilizado no caso de o queijo passar a esta. Todos os participantes serão informados da classifi-cação obtida pelos queijos que apresentaram a concurso quer na Fase Prévia quer na Final.

FASE PREVIA Na fase prévia o júri será dividido por equipas júri, dependendo do número de amostras a concurso. Os queijos serão distribuídos aleatoriamente por séries de amostras e avaliados por uma das equi-pas de júri.

A avaliação dos queijos inicia-se por uma Fase Visual, seguida da Fase Olfacto-gustativa. Para proceder a avaliação, o Júri disporá de duas fichas diferentes para cada uma das fases. Os três queijos que obtenham as melhores pontua-ções em cada uma das categorias a concurso, serão seleccionados para a final. A classificação final é obtida pelo somatório das pontuações de cada característica avaliada.

FINAL Todos os queijos seleccionados para esta fase serão avaliados por todos os membros do Júri. A metodologia, Fichas de prova e ponderações, seguem as mesmas regras que as estabelecidas para a Fase Prévia. O Queijo Vencedor, de cada categoria será o que obtiver maior pontuação global. Em caso de empa-te entre dois ou mais queijos, o Vencedor será o que obtiver maior pontuação na fase olfato-gustativa. Se ainda assim se mantiver o empate, o vencedor será eleito por deliberação do Júri.

5. ENTREGA DE PREMIOS � Será atribuído um prémio por categoria, àquele

que obtiver maior pontuação. � Os resultados serão divulgados e tornados públi-

cos em sessão própria. � Ao vencedor de cada categoria será atribuído

um diploma e o direito de utilização do respecti-vo logotipo reprodutível nos rótulos comerciais, a usar de acordo com o estipulado no Manual de Utilização próprio.

� Unicamente os premiados poderão fazer menção do prémio nas suas acções de promoção e publi-cidade, indicando sempre a categoria, e o ano em que o mesmo foi outorgado.

� Os demais participantes receberão um diploma de participação.

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EVENTO

A Federación Panamericana de Lechería (FEPALE), reali-zará a sua 18ª Assembleia Geral Anual na cidade de Lugo, em Espanha, entre os dias 27 e 29 de Outubro de 2010. No dia 26 de Outubro celebrar-se-á em paralelo uma reunião do Conselho Directivo da FEPALE, um encontro RedLeche e um Workshop Lácteo promovido pela Rede REAL, e no sábado, dia 30, foi organiza-da uma visita a uma exploração leiteira, uma unida-de de produção de queijo e uma visita turística livre a Santiago de Compostela). Desta forma, a FEPALE – em colaboração com o Cen-tro Tecnolóxico Lácteo de Galicia (que organiza o evento), a Federación Nacional de Indústrias Lácteas (FENIL) espanhola e a ANIL - convoca todos os seus associados e convida a participar todos os integran-tes do sector leiteiro que desejem assistir. Pela primeira vez, a a Assembleia Geral da FEPALE realiza-se fora do continente americano, com o objectivo de que os sócios aprofundem o seu conheci-mento do sector lácteo europeu e sejam possibilita-dos contactos com actores de Espanha e Portugal, dando a conhecer as potencialidades de cada um, favorecendo a busca de sinergias. As Assembleias são abertas e constituem uma oportu-nidade única para se encontrarem com os líderes da indústria láctea e da pecuária leiteira das Américas. Para além de serem abordados os temas relaciona-dos com a organização e actuação da FEPALE, estes encontros são aproveitados para a realização de intercâmbios de informação muito interessantes sobre o sector lácteo dos distintos países. Participam conferencistas de elevado nível e estes eventos transformaram-se em pequenos congressos que congregam cada vez mais o interesse geral atraindo – a cada ano - um maior número de pes-soas de elevado número de países. Para mais informações, inscrições e outras indicações úteis, por favor consultar: http://www.ctlacteo.org/fepale/

FEPALE – A ORGANIZAÇÃO LÁCTEA DAS AMÉRICAS

A Federación Panamericana de Lechería (FEPALE) nasceu em Novembro de 1991, com o fim de promo-ver o desenvolvimento do sector através da identifi-cação de interesses comuns e actuar como fórum de vinculação das instituições da cadeia láctea. FEPALE está integrada por instituições e empresas, públicas e privadas, relacionadas com todo o sector leiteiro das Américas e o mundo. Em 1991, a Federação começou a agrupar associa-dos de um reduzido conjunto de países. Mas com o transcurso do tempo, o conjunto de aderentes à Federação foi-se expandindo. Para além da filiação de quase todos os países do continente americano, são também associados da FEPALE entidades da Austrália, Dinamarca, Espanha e Holanda. A FEPALE trabalha basicamente em 8 grandes áreas: �Integração e articulação �Formação

�Desenvolvimento do sector �Promoção do consumo�Congressos e reuniões �Políticas leiteiras

�Informação �Normalização

18.ª ASSEMBLEIA GERAL ANUAL DA FEPALE APRESENTAÇÃO DO EVENTO

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Carta de Boas Vindas

Temos muitíssimo gosto em convidar todos os interve-nientes do sector lácteo dos vários países americanos e os nossos colegas de Espanha e Portugal a assisti-rem à 18ª Assembleia Geral Anual da FEPALE. Os associados da FEPALE já conhecem a riqueza dos nossos encontros que são uma oportunidade imemo-rável de intercâmbios de informação e que desta vez são enriquecidos com os actores do sector lácteo europeu. É função da FEPALE estabelecer pontes de comunica-ção e desta vez estamos a extendê-las a outro conti-nente tomando em conta que é muito conveniente e benéfico conhecer outras realidades. Para a Federação será um verdadeiro prazer que nos encontremos em Lugo contando como anfitrião com o nosso associado Centro Tecnolóxico Lácteo de Gali-cia (Aula de Productos Lácteos) de Espanha. Esperamos contar com a sua presença. Saudações cordiais, Eduardo Fresco León Vicente Nogueira Netto Secretario General Presidente

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PROGRAMA Terça Feira, 26 de Outubro de 2010 MANHÃ Workshop Formação e I+D no Sector Lácteo 10h00 Entrega de documentação. 10h30 Necessidades formativas em trabalhadores

do sector Lácteo Daniel Fuhrer. Director da fábrica Lactalis-Nestlé

10h50 Formação lácteas na América Latina Ariel Londinsky. Coordenador de formação FEPALE

11h10 Estudos de Ciência e Tecnologia dos Alimentos Manuela Pintado. Esc. Sup. Biotecnologia/UCP

11h30 Milk break 12h00 Teleformação como instrumento facilitador em

actividades internacionais Elena Colmenero. Centro Tecnolóxico Lácteo

12h20 Msc em Economia e Industria Láctea Elvira López Mosquera. Univ Santiago Compostela

12h40 Debate

TARDE (Eventos en paralelo)

Workshop Formação e I+D no Sector Lácteo Mesa de trabalho: Investigação no sector lácteo 16h30 Investigação sobre produção leiteira no Brasil Duarte Vilela. Embrapa Leite

16h50 A investigação do lado da empresa Marco Delgado. Grupo Leche Pascual

17h10 As relações Centros de Investigação-Empresas na América Latina LATU - Laboratorio Tecnológico de Uruguay

17h30 Necessidades e oportunidades de investiga-ção no sector lácteo José Antonio Teixeira. Universidade do Minho

17h50 Investigação orientada para procura Sergio Martínez. Centro Tecnolóxico Lácteo

18h10 – 19h00 Debate

FEPALE: 27ª Reunião do Conselho Directivo Quarta Feira, 27 de Outubro de 2010 MANHÃ 18.ª ASSEMBLEIA GERAL DA FEPALE

Inscrição e Registo

ABERTURA DA ASSEMBLEIA. Vicente Nogueira Netto, Presidente de FEPALE. Pedro Astals, Presidente da FeNIL Rui Leite, Presidente da ANIL José López Orozco, Alcalde de Lugo.

ASSUNTOS INSTITUCIONAIS DA FEPALE (1ª parte) Relatório final do 11º Congresso Panamericano do Leite (Brasil, 2010); Relatório sobre a organização do 12º Congresso Panamericano do Leite (Paraguai, 2012) Relatório anual de actividades da Federação Projecto do Observatório Leiteiro Panamericano Jornada de Leitaria no Trópico (Venezuela)

Intervalo para almoço

TARDE

COMMODITIES VERSUS DIFERENCIAÇÃO Commodities: chave do êxito. Gabriel Valdés, Conaprole (Uruguai)

Marcas brancas/marcas próprias: complementares ou competidoras Jose Luís Antuña, Feiraco (Espanha)

Denominações de Origem: alternativa europeia Benigno Pereira Vogal D.O. Tetilla (Espanha)

NOITE JANTAR DE BOAS VINDAS

Quinta Feira, 28 de Outubro de 2010 MANHÃ ESTRUTURA DO SECTOR LÁCTEO. PERSPECTIVAS

Ordenamento do Sector Lácteo a nível europeu Política agrícola europeia.

Juan Luís Fernández, Comissão Europeia

Os Sectores Lácteos Espanhol e Português Luís Calabozo, Director Geral da FeNIL (Espanha) José A. Tellado, Director Geral da CAPSA (Espanha) Pedro Pimentel, Secretário Geral da ANIL (Portugal) José Passinhas, Administrador Delegado da Lactogal (Portugal)

O Sector Lácteo Latinoamericano. Vicente Nogueira Netto, Presidente da FEPALE (Brasil) Eduardo F. León, Secretário Geral da FEPALE (Uruguai)

Intervalo para almoço

TARDE

Apresentação da situação e perspectivas do sector lácteo dos países participantes

(cada país representado fará a sua apresentação) Paralelamente às conferencias será organizada uma ronda de contactos empresariais

América Latina - Empresas de Espanha e Portugal

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NOTA INTRODUTÓRIA O Programa do XVIII Governo Constitucional e as Grandes Opções do Plano para 2010/13, têm como desígnio estratégico nacional, para os próxi-mos anos, a internacionalização da economia, como alavanca indispensável capaz de estimular o cresci-mento económico, no médio prazo, que se traduz nos seguintes vectores fundamentais: “1) Aumento da actividade das actuais empresas produtoras de bens transaccionáveis; 2) Alargamen-to da base de empresas com capacidade exporta-dora; 3) Aumento das exportações de maior valor acrescentado; 4) Reforço da captação do investi-mento modernizador; 5) Posicionamento da econo-mia nacional em novos mercados; 6) Dinamização de um novo mapa para a diplomacia económica.” Neste instrumentos de orientação estratégica e polí-tica são privilegiadas medidas que contribuam para: “(i) o reforço da cooperação estratégica entre os diferentes agentes envolvidos no processo de internacionalização; (ii) o incentivo ao investi-mento e o emprego no sector dos bens e serviços transaccionáveis; (iii) a atracção de investimento directo estrangeiro modernizador; (iv) a promoção dos produtos portugueses e o turismo nos mercados externos; (v) a formação e capacitação de empre-sas para a internacionalização.” Assim, o crescimento da actividade exportadora deve ser prosseguido através do aumento da activi-dade das actuais empresas exportadoras e do alargamento da base de empresas com capacida-de exportadora, aproveitando a mobilização plena dos sectores modernos e competitivos à escala glo-bal e dos sectores em modernização e expansão. Paralelamente, deve promover-se o aumento das exportações de maior valor acrescentado, assim como o posicionamento da economia nacional em novos mercados, dinamizando um novo mapa da diplomacia económica. Como decorrência desse propósito, a Resolução do Conselho de Ministros n.º 115/2009, estabeleceu as medidas que concretizam a estratégia de interna-cionalização e de aumento das exportações nacio-nais e criou o Conselho para a Promoção da Inter-nacionalização, vindo a subsequente Resolução de Conselho de Ministros n.º 3/2010, a concretizar as competências e composição desta estrutura. O potencial e a especificidade de internacionaliza-

ção do sector agrícola, florestal, pescas e industrias associadas pressupõe a criação de um grupo intra-ministerial que permita aferir as condições de con-tribuição sectoriais para o desenvolvimento susten-tado da economia nacional. Assim, pelo Despacho n.º 4742/2010, foi constituí-do o Grupo de Trabalho para a promoção da Internacionalização (GTI) , com o objectivo de pro-por um conjunto de estratégias e medidas de apoio à internacionalização das empresas agrícolas e agro-industriais, bem como das empresas que ope-ram no âmbito das fileiras florestais e das pescas, tendo em vista o aumento das exportações e a melhoria do posicionamento nos mercados interna-cionais. O relatório, que agora apresentamos, foi precedi-do de uma consulta directa às entidades sectoriais, da qual resultou um conjunto de contributos, que se anexam. Este relatório constitui a última etapa do GTI, encontrando-se estruturado em cinco partes: Uma primeira que inclui a caracterização da inser-ção do sector Agro-alimentar, Florestal, Pescas e do Turismo em Espaço Rural no Comércio Internacional desde 2000. Na segunda parte, procedeu-se a um levantamento dos instrumentos de incentivo e de restrição de cariz sectorial. Na terceira parte, continuou-se o levantamento anterior centrando noutro tipo de limitações, as barreiras alfandegárias e não alfandegárias impostas por países terceiros. Uma quarta parte trata do diagnóstico e das ten-dências de casos de internacionalização que exem-plifiquem situações diversificadas face às capaci-dades e potencialidades de internacionalização. Por último, na quinta parte, apresenta-se um conjun-to de orientações, medidas e acções que concreti-zam o objectivo definido de promoção da interna-cionalização dos sectores agrícola, floresta e pes-cas e garanta a sua continuidade através da cria-ção das condições para a sua operacionalização.

SUMÁRIO EXECUTIVO Os sectores da Agricultura, das Florestas, das Pes-cas e do Turismo Rural estão a dar um importante contributo para a internacionalização da economia portuguesa, que pode ser reforçado. Embora internacionalizar seja mais do que expor-tar, o comércio externo é a face mais visível do

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INTERNACIONALIZAÇÃO

INTERNACIONALIZAÇÃO DOS SECTORES AGRO-ALIMENTAR E FLORESTAL RELATÓRIO DO MINISTÉRIO DA AGRICULTURA - JULHO. 2010 (excerto)

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processo. Os sectores em causa estão claramente expostos à concorrência mundial, apresentando graus de abertura muito elevados. As suas exporta-ções representam 13% do total da economia e a vocação exportadora tem vindo a aumentar de modo acentuado. Contudo, há ainda um grande potencial de crescimento que deve ser aproveitado, de modo a que nos aproximemos dos padrões da maioria dos outros Estados Membros da UE em ter-mos de orientação para os mercados externos. A diversidade de situações é muito ampla e dela se dão exemplos neste relatório: se há áreas para as quais os mercados externos não têm representado uma opção, há igualmente produtos com posição consolidada e com grande tradição, outros com desenvolvimento recente mas com grande dinamis-mo internacional, onde se encontram produtos tradi-cionais, outros que vivem da inovação, do aprovei-tamento de novas tendências do consumo mundial ou nichos de mercado, etc. Se o caminho da internacionalização é fundamental para a economia portuguesa aumentar a competiti-vidade e a produtividade, também é necessário que os agentes do sector lhe reconheçam benefícios. Dos contributos recebidos das associações, desta-cam-se os seguintes: diversificação de clientes, con-ferindo maior poder negocial; acesso a mercados com maior poder de compra e que possam pagar preços mais elevados; possibilidade de escoamento de produções excedentárias face à procura interna. O processo de internacionalização requer apoio institucional e financeiro quando estão em causa falhas de mercado – por exemplo, risco privado excessivo e elevadas externalidades positivas não apropriáveis por quem as gera, como representa frequentemente a opção de desviar a oferta de bens alimentares do mercado interno para o exte-rior – ou a produção de bens públicos – por exem-plo, marcas-chapéu, promoção genérica, prospec-ção de mercados aberta, bases de dados, negocia-ções comerciais internacionais. Do ponto de vista institucional, a AICEP, entidade pública de natureza empresarial vocacionada para a globalização da economia portuguesa, é um par-ceiro fundamental neste processo. No MADRP, os organismos, como o GPP, que têm por missão apoiar a definição das linhas estratégicas e coorde-nar, acompanhar e avaliar a sua aplicação, deve-rão incluir esta temática nas suas actividades e acompanhar, em permanência, o desenvolvimento das políticas e programas, bem como avaliar os seus efeitos, elaborar estudos, divulgar os progra-mas e medidas de política e produzir informação estatística.

Sectorialmente, existem apoios financeiros, mobili-záveis para a internacionalização, diversificados quanto à forma de intervenção (restituições à exportação, investimento material e imaterial, pro-moção, benefícios fiscais, formação, etc.), dispersos por várias fontes de financiamento (FEAGA, FEA-DER, FEDER, FSE, auxílios nacionais) e envolvendo vários instrumentos e instituições (PRODER, PO do QREN, GPP, IFAP, AICEP, etc.). Há igualmente um conjunto de restrições ao apoio directo à internacio-nalização que resultam, nomeadamente, de regras próprias dos fundos comunitários (FEP, por exemplo) e de acordos internacionais (OMC, por exemplo). A dispersão de instrumentos, alguns fora da tutela do MADRP, mas decisivos na promoção da interna-cionalização sectorial, exige uma atenção especial em termos da sua compreensão e coordenação e, em particular, de organização da informação necessária para o exercício das funções de acom-

panhamento e ava-liação de políticas, que não está dispo-nível neste momen-to. O conjunto de regras, restrições e repartições de res-p o n s a b i l i d a d e s (sobretudo entre o PRODER e a Agen-da Factores de Competitividade do QREN) nem sempre é claro, sobretudo para os potenciais promotores. Tal fac-to, dificulta a ope-

racionalização de projectos que não se confinam às fronteiras estabelecidas por cada instrumento (por exemplo, projectos que contêm investimentos em factores materiais e imateriais, produtos DOP e indiferenciados, países UE e países terceiros). Há ainda áreas potencialmente exportadoras com acesso dificultado devido a elegibilidades não explicitadas, como sejam as grandes empresas (só podem aceder ao POFC associadas a PME) ou os investimentos imateriais de promotores agrícolas. Estas dificuldades foram transmitidas pelas associa-ções auscultadas. Para além disso, as associações referem como debilidades para o processo de internacionalização sectorial a falta de organiza-ção/concentração da produção primária, a falta de escala das empresas, a reduzida formação dos empresários, a situação periférica do país e a

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reduzida competitividade dos portos nacionais, as barreiras não alfandegárias impostas por parceiros comerciais e, em certos casos, a existência de uma economia “paralela”. As necessidades transmitidas pelas associações face ao papel da administração pública na promoção da internacionalização são, sobretudo, a dois níveis. Um primeiro nível relaciona-se com a continuidade institucional desta temática no MADRP, a represen-tação institucional do sector e a produção e disponi-bilização de bases de dados e de estudos sobre comércio internacional (estatísticas, barreiras, condi-ções de acesso, etc.). O segundo nível diz respeito a uma maior coordenação e simplificação dos instru-mentos de apoio, a sua adaptação às característi-cas e necessidades sectoriais e uma maior focagem no apoio à internacionalização. Face ao exposto, propõe-se uma actuação em três áreas: organização do MADRP, em colaboração com MEID e instituições públicas, fomentando a internacionalização sectorial de forma continuada; melhor coordenação e adaptação dos instrumentos específicos existentes e focagem de apoios de espectro abrangente na internacionalização secto-rial; apoio a projectos embrionários ou em curso.

1) Modelo de organização da administração pública Criar uma unidade no MADRP para a promoção da internacionalização sectorial com funções de repre-sentar o MADRP nas estruturas ministeriais de inter-nacionalização, colaborar com a AICEP, o Turismo de Portugal e outras entidades públicas, emitir orientações, promover a monitorização das medidas tomadas e de projectos apoiados, definir estudos e bases de dados a realizar, ter sítio na internet, identificar e resolver problemas, providenciar acon-selhamento ao sector privado, coordenar grupos temáticos para a promoção da internacionalização a criar pelo MADRP e identificar os seus participan-tes. Criar grupos consultivos temáticos (Agricultura, Flo-restas, Pescas e Turismo Rural) para a internacionali-zação sectorial, com representantes dos organismos do MADRP, AICEP e outras entidades públicas, asso-ciações sectoriais, para propor áreas de trabalho a desenvolver, apresentar projectos, partilhar expe-riências, identificar problemas e sugerir soluções. Elaborar protocolos de colaboração com entidades públicas, (por ex. AICEP e Turismo de Portugal) e outras entidades nacionais ou internacionais. Explicitar nos diplomas legais dos serviços do MADRP competências nesta área.

2) Acções no âmbito dos apoios financeiros actuais Clarificar e melhorar a articulação entre instrumen-

tos do FEADER e dos fundos estruturais (QREN), bem como melhorar a comunicação com os agentes pri-vados no sentido de explicar as opções e as regras subjacentes às repartições existentes entre instru-mentos de política. Focar alguns instrumentos existentes nos Programas FEADER, FEDER, FSE e FEP de espectro abrangente na promoção da internacionalização dos sectores da agricultura, floresta, pescas e turismo rural. Produzir estatísticas regulares sobre os projectos apresentados ao abrigo dos vários incentivos à internacionalização.

3) Apoio institucional a projectos com relevância sectorial Apoiar estratégias e projectos de internacionaliza-ção sub-sectoriais, inclusive no domínio do turismo rural (marcas-chapéu, design, promoção, “opinion makers”, catálogos internacionais de qualidade, participação em eventos no exterior, diplomacia

eco-

nómica, prospecção de mercados, estudos), por ex., através de associações com o sector privado. [...]

5. PROPOSTAS DE LINHAS ESTRATÉGICAS DE ACTUAÇÃO COM VISTA À PROSSECUÇÃO DO OBJECTIVO DE PROMOÇÃO DA INTERNACIONALI-ZAÇÃO

O programa de actuação deverá passar pela intervenção ao nível de três vectores: 1) Modelo de Governação; 2) Apoios Financeiros; 3) Projectos

1. MODELO DE GOVERNAÇÃO Dimensão política Participação do MADRP nas estrutura interministe-rial para a internacionalização criada pelo n.º 5 da Resolução do Conselho de Ministros n.º 115/2009,

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e no Conselho para a Promoção da Internacionali-zação criado pelo n.º 4 da Resolução do Conselho de Ministros n.º 115/2009 e configurado pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 3/2010.

Dimensão estratégica GPP, DGPA, AFN e DGADR, no âmbito das suas competências de planeamento e avaliação de polí-ticas, deverão produzir, regulamente, documentos sobre estratégias de internacionalização sectorial e respectivos instrumentos de política, bem como pro-mover a sua monitorização e avaliação.

Dimensão operacional Criação de uma unidade institucional no MADRP de apoio à internacionalização sectorial, com compe-tências complementares às da AICEP e às dos orga-nismos de estudos e planeamento, que dê garantias de continuidade aos operadores, numa estratégia que permita obter resultados a curto, médio e longo prazos. Numa fase transitória, por motivos de cele-ridade e dadas as restrições da conjuntura actual, essa unidade poderá assumir a seguinte forma. a) Criação da Comissão para a Internacionalização, com funções executivas e de apresentação de pro-postas ao Ministro da Agricultura. Composição: GPP (coordenação); DGPA, AFN, DGADR, GMADRP, GSFDR e GSEPA, que designa-rão os seus representantes. Sempre que se justifique, serão convidados para as reuniões outros organis-mos, nomeadamente, o IVV, o IVDP, o IFAP, a AGPRODER e a AICEP. Os organismos representa-dos nesta estrutura deverão ainda, no âmbito das suas unidades orgânicas, fazer reflectir as funções que a seguir se mencionam. Funções: apoio/representação nas estruturas inter-ministeriais referidas acima; colaboração com a AICEP, Turismo de Portugal e outras entidades

públicas; arti-culação com o r g a n i s m o s nacionais e internacionais com activida-des no âmbito da internacio-n a l i z a ç ã o ; coordenação de Grupos Permanentes para a Inter-

nacionalização; existência de sítio na internet; dis-ponibilização de informação (por ex., estatísticas da

Produção, do Consumo e do Comércio Internacional por países que são parceiros comer-ciais potenciais; EUROTRADE(CE) , MARKET ACESS DATABASE, BASE DE DADOS SPS; informação especí-fica e legal para exportação nos mercados de desti-no – por ex. vigi-lância activa nos

mercados mais relevantes, parcerias locais, barrei-ras não alfandegárias) produzida ou a produzir por organismos do MADRP ou de outras instituições; comunicação e aconselhamento a promotores; iden-tificação de estudos a realizar, análise e avaliação comparativa de mercados (ver Anexo) e bases de dados, os seus autores/promotores e emitir parecer sobre os respectivos resultados; promoção da moni-torização de instrumentos e medidas. b) Elaboração, no âmbito da Comissão para a Internacionalização, de protocolos de colaboração MADRP-AICEP e MADRP-Turismo de Portugal, com o objectivo de partilhar informação, ligar sítios e arti-cular acções; c) Criação de Grupos Temáticos Permanentes para a Internacionalização com funções consultivas, por área: agricultura, floresta, pescas e turismo rural Composição (a designar pelo Conselho para a Internacionalização, em função da área): organis-mos do MADRP, AICEP, outras entidades públicas (como o Turismo de Portugal e A.G. de Programas) e Associações Sectoriais. Funções: partilha de experiências, problemas, boas práticas e informações, listagem de prioridades para a realização de estudos, avaliações, prospec-ções de mercado e disponibilização de bases de dados e de outras informações. d) Acompanhamento da implementação de apoios pelo GPP, DGPA, AFN e DGADR, em articulação com entidades responsáveis pela atribuição de financiamentos ligados à internacionalização, incluindo a produção regular (trimestral) de infor-mação sobre os projectos no âmbito dos protocolos, detalhando as componentes de internacionalização.

2. ACÇÕES NO ÂMBITO DOS APOIOS ACTUAIS Os apoios financeiros existentes são abrangentes (e deverão ser mobilizados para apoiar a internacio-nalização sectorial. a) Programas FEADER/Programas FEDER

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No âmbito da actualização e acompanhamento do protocolo e no que se refere à área da internacio-nalização: foram identificadas as áreas de frontei-ras com necessidade de clarificação, identificadas as áreas de exclusão e melhorada a comunicação com potenciais promotores

b) Programas FEP/Programas FEDER Está a ser preparado, à semelhança do que existe para o FEADER, um protocolo de articulação. c) Programas FEADER/Programas FSE (elaborar protocolo de articulação) d) Programas FEP/Programas FSE (elaborar proto-colo de articulação) e) Focar os instrumentos existentes nos Programas FEADER, FEDER, FSE e FEP na promoção da interna-cionalização dos sectores da agricultura, floresta e pescas, nomeadamente: PRODER: Priorizar e abrir concursos específicos em medidas do eixo 1 para projectos que visem a internacionalização (mesmo que não se use expres-samente o termo) e introduzir critérios de selecção que valorizem esta temática; PRODER: Priorizar e abrir concursos específicos em medidas do eixo 3 do PRODER tendo em vista responder às seguintes necessidades identificadas no âmbito do Turismo em Espaço Rural (TER). Programas FEDER: Sistema de Incentivos à Qualifi-cação e Internacionalização de PME, Sistema de Incentivos à Inovação, Sistema de Incentivos à Inves-tigação e Desenvolvimento Tecnológico nas Empre-sas, Sistemas de Apoio a Acções Colectivas, Pólos e Outros Clusters: analisar a pertinência de abrir con-cursos específicos para as indústrias da agricultura, floresta e pescas; disponibilizar informação, nomea-damente, os Avisos de Apresentação de Candidatu-ras do QREN que possam vir a beneficiar a interna-cionalização dos sectores agrícola, florestal, das pescas e do Turismo para que passem a ser publici-tados no site institucional do ministério. PROMAR: Divulgar o regime de apoio aos investi-mentos nos domínios do desenvolvimento de novos mercados e campanhas promocionais, sem menção a marcas comerciais ou referência a um país ou zona geográfica específica, nomeadamente, eixo priori-tário 3, medida desenvolvimento de novos mercados e campanhas promocionais. f) Mobilizar o Fundo de Apoio à Internacionalização e Exportação, criado pelo Decreto-Lei n.º 57/2010,

3. PROJECTOS Apoiar estratégias e projectos de internacionaliza-ção subsectoriais, inclusive no domínio do turismo rural (marcas-chapéu, design, promoção, “opinion

makers”, catálogos internacionais de qualidade, participação em eventos no exterior, diplomacia económica, prospecção de mercados, estudos), nomeadamente, em associação com o sector priva-do. a) Ter em conta os Pólos e Clusters já reconhecidos pelo QREN, nomeadamente: Pólos de Competitivi-

dade e Tecnologia (Pólo de Competitividade e Tec-nologia Agro-industrial: alimentos, saúde e sustenta-bilidade – Portugal Foods; Pólo de Competitivida-de e Tecnologia das Indústrias de Base Florestal); Clusters: Cluster Agro-Industrial do Centro; Cluster Agro-Industrial do Ribatejo; Cluster das Empresas de Mobiliário de Portugal; Cluster Vinhos da Região Demarcada do Douro; Cluster do Conheci-mento e da Economia do Mar. b) Ter em conta os Projectos que estão em curso, nomeadamente: criação da marca “vinhos de Portu-gal” e os projectos de promoção contratados que lhe estão associados; utilização da designação “Azeites de Portugal” em acções promocionais no exterior; programa InterCork – Promoção Interna-cional da Cortiça com um orçamento de 21 milhões de euros; projectos de investimento agro-alimentares e florestais em internacionalização apoiados pela Agenda Factores de Competitivida-de; projectos de investimento em internacionaliza-ção na área dos produtos de qualidade certificada apoiados pelo PRODER (mais de uma dezena de projectos envolvendo um investimento ligado à internacionalização de quase um milhão de euros); Constituição e dinamização de uma estrutura para a promoção e internacionalização do sector das frutas, legumes e flores. c) Apoiar projectos em conjunto com o sector priva-do, visando estratégias de internacionalização sub-sectoriais em áreas prioritárias. Está em curso a identificação dos parceiros públicos do MADRP e de outros Ministérios e dos parceiros privados. Áreas para as quais o sector privado tem manifes-tado interesse: Vinho; Cortiça; Frutas e hortícolas; Flores; Azeite.

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(continuação da página 3)

Demos algumas pistas quanto ao que, julgamos, virá a ser o correspondente conteúdo e à aparente ausência de decisões ou posições definitivas sobre matérias críticas para o sector fornecedor. Assim, sugerimos que o MADRP pressionasse no sentido de um maior desenvolvimento daquele trabalho e da sua utilização na construção de propostas seja de legislação seja de regulação que permitam uma maior transparência naquele relacionamento e uma mais equitativa partilha de valor ao longo da cadeia do produto. A título de exemplo foram foca-das as questões provocadas pela presença, quota de mercado e posicionamento das chamadas ‘marcas brancas’ ou as implicações nos fornecimen-tos a outros clientes das cláusulas contratuais esta-belecidas com as mais importantes insígnias. De seguida passou-se a uma análise rápida e excessivamente superficial da evolução da Política Comunitária para o sector e das recomendações que emergiram dos trabalhos do Grupo de Alto Nível, sendo que começamos por dar conta da necessidade de prosseguir uma efectiva regulação do mercado, seja pela via do sistema de quotas, seja pela implementação de um regime alternativo, mas que produza um impacto mais ou menos equi-valente no mercado lácteo comunitário. Realçamos a nossa desconfiança sobre o efectivo impacto, ao nível daquela pretendida regulação, do esforço de contratualização recomendado. Des-tacamos o peso do tecido cooperativo na aquisição de matéria-prima em Portugal e do facto de, num cenário de estabilidade de relacionamento entre produtores e compradores, a formalização de con-

tratos ser muitas vezes encarada como um sinal de desconfiança entre as partes. Apesar disso, foi referenciada a perda de informação que o des-mantelamento do sistema de quotas gerará e a importância que os contratos poderão adquirir na reposição desse manancial de informação. Estas observações mereceram a concordância do Sr. Ministro da Agricultura. Foi também destacado o enfoque excessivo que, em nossa opinião, está a ser dado ao tópico relativo ao reforço do poder negocial dos produtores, por se entender não existir, pelo menos no nosso país, qualquer limitação a esse nível. Finalmente demos o devido destaque ao facto de aquele relatório do Grupo de Alto Nível incidir quase exclusivamente no relacionamento entre pro-dutores e compradores, sendo que pretende regu-lar o sector e restringir a volatilidade dos preços, sem, em simultâneo, dar a relevância necessária às relações a jusante entre a indústria, a distribuição e o consumidor, nem avaliar o respectivo impacto em toda a cadeia de valor. Este aspecto mereceu total acordo da parte do Dr. António Serrano. Finalmente, deixamos nota da necessidade de serem melhor preparadas estas reuniões, com defi-nição de uma agenda de trabalhos objectiva e de alguns destes temas (e de outros não abordados na reunião: Proder, internacionalização, promoção,...) serem alvo de um trabalho técnico conjunto entre ANIL, FENALAC e os serviços do Ministério da Agri-cultura, por forma a ser consensualizado um docu-mento que sirva de base a nova reunião com o Sr. Ministro da Agricultura, a realizar a breve prazo.

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Estas parcerias ou outras formas de associação visam as seguintes acções: criação de marcas-chapéu (à semelhança dos Vinhos de Portugal), incluindo design (áreas para as quais existe ou está a ser constituída marca: Agro-Alimentar; Vinho; Cor-tiça; Azeite; Frutas; Hortícolas; Flores; Bacalhau); concepção de embalagens; acções de promoção (incluindo, contactos com opinion makers estrangei-ros e colocação dos produtos nacionais nos catálo-gos internacionais de qualidade); participação em eventos no exterior, nomeadamente, Fruitlogística, Floriade, Expo Xangai, SIAL, Novisad, entre outras; articulação com diplomacia económica existente (incluindo, articulação com as embaixadas portu-guesas e estruturas AICEP); prospecção de merca-dos (recolha de informação sobre oportunidades de negócio; recolha de informação sobre os Canais de

Distribuição; recolha de infor-mação sobre os Clientes; normas de Comercialização e Certifica-ções; barreiras sociais, económi-cas e culturais; propostas de modos de actuação – e.g. par-cerias locais, transacção em espécie; aproveitamento de canais internacionais já abertos por outros produtos, para inicia-tivas “multiproduto”, criando economias de escala; interligação com promoção turística com vista a promoção e detecção de pro-dutos exportáveis. Este modelo está a ser replicado para outros sub-sectores que revelem potencial de organização para a comercialização e promoção.

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O Parlamento Europeu propôs uma série de medi-das para garantir rendimentos mais justos para os agricultores, preços mais transparentes para os con-sumidores e um melhor funcionamento da cadeia de abastecimento alimentar na Europa. A transparência dos preços, a concorrência, o abuso do poder de compra e de contratação e os atrasos nos pagamentos aos agricultores são alguns dos assuntos analisados no relatório do eurodeputado francês José Bové, aprovado em plenário.

Relações entre os retalhistas e fornecedores Para reequilibrar as relações na cadeia de abaste-cimento alimentar, os eurodeputados querem que a Comissão proponha um "código comum aplicável em toda a UE" e que apresente uma proposta relativa à aplicação de um mecanismo europeu de monitori-zação das relações entre os retalhistas dominantes e os seus fornecedores através de organismos espe-cializados nos Estados-Membros. O PE exorta a Comissão a examinar se e em que medida a utilização abusiva de marcas privadas (produtos de marcas próprias) e as práticas de alianças de compra por cadeias de supermercados dão origem a concorrência desleal e a pressões sobre os agricultores e à redução sistemática de preços ao produtor. E pede que implemente rapida-mente o projecto-piloto sobre a criação de um Ob-servatório Europeu dos Preços e Margens Agrícolas. Os eurodeputados incitam também a Comissão a apresentar propostas legislativas para limitar efi-cazmente o desenvolvimento de posições dominan-tes nos sectores dos factores de produção, da trans-formação alimentar e retalhista e reforçar o poder de negociação dos agricultores. As práticas de mercado abusivas, como as vendas com prejuízo ou as comissões de venda, devem ser "repertoriadas e expressamente proibidas pela UE". O PE propõe a elaboração de uma "lista públi-ca das empresas prevaricadoras" e a instituição de um regime de sanções.

Quotas de mercado sob vigilância O Parlamento quer que a legislação europeia obri-gue os principais comerciantes, transformadores, grossistas e retalhistas europeus a comunicarem anualmente as suas quotas de mercado relativa-mente aos produtos alimentares essenciais, bem como os seus volumes de vendas mensais, de forma a permitir que todos os parceiros de mercado pos-

sam fazer estimativas sobre as tendências a nível da procura, da oferta e da evolução dos preços na cadeia alimentar. O PE constata que, "em alguns países, a indústria de transformação alimentar detém a maior margem na cadeia alimentar" e exorta à monitorização e investigação do sector da transformação alimentar a fim de garantir a transparência dos preços. Até ao final deste ano, a Comissão deverá apre-sentar ao PE um relatório que contenha dados sobre o abuso do poder de compra na UE, os com-portamentos anticoncorrenciais e as práticas contra-tuais desleais em toda a cadeia alimentar, do sec-tor dos factores de produção ao consumidor, e pro-por "respostas adequadas".

Contratos-tipo e prazos de pagamento Os abusos de poder de compra na cadeia alimen-tar assumem frequentemente a forma de atrasos de pagamento aos agricultores ou pequenos transfor-madores ou de subsequentes alterações contratuais. O PE defende que os prazos de pagamento devem ser reduzidos ao longo da cadeia de abastecimen-to alimentar, para um máximo de 30 dias, para todos os produtos alimentares, e para um período mais curto no caso dos produtos agrícolas altamente perecíveis. Os eurodeputados consideram também que os contratos-tipo podem ser instrumentos úteis, propondo que a sua implementação seja tornada obrigatória em alguns sectores.

TEXTO DA RELATÓRIO

O Parlamento Europeu, – Tendo em conta a Comunicação da Comissão inti-

tulada: "Melhor funcionamento da cadeia de abastecimento alimentar na Europa" (COM(2009)0591) e os vários documentos de trabalho anexos à referida Comunicação,

– Tendo em conta as recomendações finais do Gru-po de Alto Nível sobre a Capacidade Concorren-cial da Indústria Agro-Alimentar, de 17 de Março de 2009,

– Tendo em conta a sua Resolução de 26 de Março de 2009 intitulada “Preços dos géneros alimentí-cios na Europa”,

– Tendo em conta a sua Declaração de 19 de Fevereiro de 2008 sobre a necessidade de inves-tigar e corrigir os abusos de poder dos grandes supermercados que operam na União Europeia,

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CADEIA ALIMENTAR

RELATÓRIO BOVÉ, DO PARLAMENTO EURÒPEU, SOBRE FUNCIONAMENTO DA CADEIA DE ABASTECIMENTO ALIMENTAR NA EUROPA (A7-0225/2010)

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– Tendo em conta as conclusões do Conselho, de 29 de Março de 2010, sobre um melhor funcionamen-to da cadeia de abastecimento alimentar na Euro-pa,

– Tendo em conta o relatório intitulado “O sector agro-alimentar e o direito à alimentação” da res-ponsabilidade do Relator Especial das Nações Unidas para o Direito à Alimentação,

– Tendo em conta o artigo 48.º do seu Regimento, – Tendo em conta o relatório da Comissão da Agri-

cultura e do Desenvolvimento Rural e os pareceres da Comissão do Ambiente, da Saúde Pública e da Segurança Alimentar e da Comissão do Mercado Interno e da Protecção dos Consumidores (A7-0225/2010),

A. Considerando que a recente volatilidade dos preços dos alimentos e dos produtos de base susci-taram grandes preocupações quanto ao funciona-mento das cadeias de abastecimento alimentar a nível europeu e mundial, B. Considerando que, desde 1996, os preços dos alimentos tiveram um aumento anual de 3,3%, que os preços que os agricultores recebem apenas regis-taram um aumento de 2,1%, ao passo que as des-pesas de exploração cresceram 3,6%, o que demonstra que a cadeia de abastecimento alimen-tar não está a funcionar de forma adequada, C. Considerando que a Comunicação da Comissão reconhece que “estas mudanças causaram dificulda-des consideráveis para os produtores agrícolas e significam que os consumidores não estão a receber um tratamento correcto”, D. Considerando que os preços no consumidor final se mantiveram, em média, constantes, ou até aumen-taram, apesar da queda acentuada, em 2008, dos preços dos produtos agrícolas de base, E. Considerando que relações comerciais equilibra-das não só melhorariam o funcionamento da cadeia de abastecimento alimentar, mas também beneficia-riam os agricultores, F. Considerando que a actual proliferação de práti-cas comerciais desleais compromete a capacidade de investimento e inovação dos agricultores (especialmente em tecnologias verdes, na mitigação dos efeitos climáticos e nas fontes de energia reno-váveis, ao passo que lhes é exigido o cumprimento de elevadas normas ambientais e que estes requisi-tos serão ainda mais rigorosos na Política Agrícola Comum após 2013), G. Considerando que a parte do valor acrescenta-do agrícola da cadeia de abastecimento alimentar sofreu uma quebra, de 31%, em 1995, para 24%, em 2005, na UE-25, e que os dados preliminares

para os próximos anos mostram uma nova diminui-ção da quota de retorno para os agricultores, por oposição a um aumento constante das margens das empresas de transformação, dos comerciantes gros-sistas e ou retalhistas e dos operadores económicos exteriores à cadeia de abastecimento alimentar, H. Considerando que o rendimento médio dos agri-cultores diminuiu mais de 12% na UE-27, em 2009, o que implica que já podem gerar um rendimento com uma justa quota de retorno para o seu traba-lho, e que, não obstante, os agricultores e o sector agro-alimentar continuam a ter que produzir ali-mentos que cumprem normas de qualidade extre-mamente exigentes, a preços acessíveis para os consumidores, de acordo com os objectivos defini-dos no âmbito da PAC, I. Considerando que a cadeia de abastecimento alimentar envolve os agricultores, as cooperativas “de agricultores” e organizações de produtores, as indústrias de transformação alimentar, os grossistas, os retalhistas, as cadeias de supermercados, os ser-viços de fornecimento de refeições (“catering”), os restaurantes, o abastecimento directo procedente da produção privada de subsistência e os consumi-dores, mas também os operadores económicos exteriores à cadeia de abastecimento alimentar, como as empresas de comunicação e promoção, os fornecedores de transporte e logística, de energia e aplicações, de embalagem, de aditivos, de tecno-logias e, ainda, os fornecedores de serviços de con-sultoria; que esta complexidade e elevada diversi-dade devem ser tidas em conta, a fim de melhorar a sustentabilidade de toda a cadeia,

J. Considerando que a Comunicação da Comissão identifica problemas graves, como o abuso do poder de compra dominante, as práticas contra-tuais abusivas (incluindo os atrasos de pagamento), as modificações contratuais unilaterais, o pagamen-to de adiantamentos para efeitos de acesso às negociações, o acesso restrito ao mercado, a falta

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de informação sobre a formação dos preços, bem como a distribuição das margens de lucro ao longo da cadeia alimentar, problemas estes intimamente relacionados com o aumento da concentração nos sectores produtivo, grossista e retalhista, K. Considerando que, na Comunicação da Comissão de 28.10.2009, se recomenda promover e facilitar a reestruturação e consolidação do sector agrícola, mediante o encorajamento à criação de organiza-ções voluntárias de produtores agrícolas, L. Considerando que a globalização e os processos de concentração, sobretudo a nível retalhista, têm conduzido a uma situação de desequilíbrio entre os vários actores da cadeia alimentar e que a realida-de de hoje se caracteriza por um número muito reduzido de retalhistas omnipotentes, que nego-ceiam directa ou indirectamente com 13,4 milhões de agricultores e 310 000 empresas agro-alimentares em toda a União, M. Considerando que a concentração excessiva con-duz a perdas a nível da diversidade dos produtos, do património cultural, dos “outlets” retalhistas, dos postos de trabalho e dos meios de subsistência, N. Considerando que a Comissão afirma que os desequilíbrios contratuais associados à desigualda-de do poder de negociação têm um impacto negati-vo na competitividade da cadeia de abastecimento alimentar, dado que os agentes de menor dimen-são, mas eficazes, podem ser obrigados a operar com uma rendibilidade reduzida, limitando a sua capacidade e os incentivos para investir na melhoria da qualidade dos produtos e na inovação dos pro-cessos de produção, O. Considerando que os produtos alimentares são comercializados livremente no mercado interno e que o resultado das negociações de preços entre produtores (organizações), transformadores, comer-ciantes e retalhistas é frequentemente determinado pela evolução dos preços no mercado mundial, P. Considerando que a enorme diferença, em núme-ros e poder económico, entre agricultores e os reta-lhistas veicula uma clara indicação do desequilíbrio existente no abastecimento alimentar; que, para equilibrar os números, é necessário promover o desenvolvimento de organizações económicas de agricultores; que as cooperativas desempenham um papel central ao reforçarem a sua influência e poder de negociação, Q. Considerando que a União Europeia está inte-grada no comércio mundial e ao mesmo vinculada pelos Tratados, R. Considerando que a União Europeia é o maior importador e exportador agrícola do mundo e que, em 2008, as importações agrícolas da UE aumenta-

ram cerca de 10%, para 98 600 milhões de euros, e que as exportações agrícolas aumentaram quase 11%, para 75 200 milhões de euros, S. Considerando que a União Europeia já efectua muitas concessões no âmbito da sua política de aju-da ao desenvolvimento e que os acordos bilaterais não podem ser celebrados unilateralmente, em detrimento da agricultura europeia,

1. Acolhe com agrado a Comunicação da Comissão de 28 de Outubro de 2009 intitulada "Melhor fun-cionamento da cadeia de abastecimento alimentar na Europa" COM(2009)0591), porquanto nela se reconhece a existência de acentuados desequilí-brios de poder entre operadores, mas considera insuficientes as medidas avançadas na referida Comunicação para dar resposta aos problemas envolvidos;

2. Exorta a Comissão e os Estados-membro a aco-meterem urgentemente o problema da injusta distri-buição dos lucros ao longo da cadeia alimentar, especialmente no que diz respeito à adequação dos rendimentos dos agricultores; reconhece que, para estimular sistemas sustentáveis e éticos de pro-dução, os agricultores têm de ser compensados pelos investimentos que fazem e pelos compromissos que assumem nestes domínios; destaca que cumpre substituir as relações de força por relações de coo-peração; 3. Observa que foram alcançados todos os objecti-vos relativos à agricultura enunciados nos Tratados de Roma (aumento da produtividade, adequado abastecimento alimentar, preços razoáveis no con-sumidor, estabilização dos mercados), à excepção

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do objectivo de assegurar rendimentos justos na agricultura; insta a Comissão a ter este aspecto em devida conta em todas as propostas orçamentais; 4. Reconhece a necessidade de um sector de produ-ção estável, seguro e lucrativo como factor decisivo na cadeia alimentar; observa, porém, igualmente que a cadeia alimentar é composta por diversas actores - agricultores, transformadores, fabricantes, abastecedores e retalhistas - que, sem excepção, contribuem para a criação de mais-valia e que necessitam igualmente de uma certa margem de segurança;

Transparência dos preços 5. Exorta a Comis-são a melhorar a ferramenta euro-peia de monitori-zação dos preços dos alimentos, com vista a torná-la mais convivial, incluindo, para o efeito, uma interface multilingue que cubra um maior número de produtos alimenta-res e que viabilize uma melhor comparabilidade dos preços em cada nível da cadeia de abasteci-mento alimentar nos Estados-Membros e entre eles, a fim de responder à necessidade dos consumidores e agricultores de maior transparência no tocante à formação dos preços dos produtos alimentares; 6. Lamenta a relutância da Comissão Europeia em efectuar um estudo sobre a distribuição das mar-gens de lucro ao longo das cadeias de abasteci-mento, como decidido no respeitante ao processo orçamental relativo a 2009; 7. Assinala que um desequilíbrio de transparência económica entre as explorações agrícolas e as par-tes interessadas a montante e a jusante da cadeia alimentar pode ter consequências negativas para a posição negocial dos agricultores e agrupamentos de produtores; 8. Exorta a Comissão a levar rapidamente a efeito o projecto-piloto sobre a criação de um Observató-rio Europeu dos Preços e Margens Agrícolas (completado com dados respeitantes aos preços, às margens e aos volumes), para o qual Parlamento Europeu e o Conselho adoptaram uma dotação 1,5 milhões de euros no orçamento de 2010, a instituí-lo no seio da Comissão e a incluir uma comparação dos custos sustentáveis de produção e dos preços à saída da exploração para diferentes produtos con-vencionais e éticos em sectores agrícolas fundamen-tais dos Estados-Membros e em diferentes situações socioeconómicas; 9. Incita a Comissão a manter o Grupo de Alto Nível

da Cadeia de Distribuição Alimentar como fórum permanente de discussão, porquanto este se tem revelado um importante instrumento de identifica-ção de problemas, a elaboração de recomenda-ções e a adopção de estratégias correctivas da actual situação de desequilíbrio; 10. Exorta a Comissão a apresentar uma proposta que obrigue os principais comerciantes, transforma-dores, grossistas e retalhistas europeus a comunica-rem anualmente as suas quotas de mercado (com dados referentes às marcas privadas) relativamen-te aos produtos alimentares essenciais, bem como os seus volumes de vendas mensais, de forma a permi-tir que todos os parceiros de mercado possam fazer estimativas sobre as tendências a nível da procura, oferta e evolução dos preços na cadeia alimentar; 11. Constata que, em alguns países, a indústria de transformação alimentar detém a maior margem na cadeia alimentar, o que também foi confirmado pela Comissão; exorta, por conseguinte, à monitori-zação e investigação do sector da transformação alimentar, em particular, a fim de garantir a trans-parência dos preços; 12. Considera necessário aumentar a transparência do mercado e as informações prestadas aos consu-midores, condição essencial para pôr em evidência a identidade dos produtos e garantir a variedade dos alimentos e dos produtos agrícolas e agro-alimentares, que constituem a expressão da história e das culturas de inúmeros países e regiões e reflectem a natureza 'distinta' da agricultura de cada Estado-Membro; 13. Insta a Comissão a conferir carácter obrigatório à produção de provas claras, no documento de transacção, do valor do produto vendido pelo for-necedor, bem como do valor líquido real da tran-sacção; 14. Exorta a Comissão a levar a efeito um estudo de impacto dos benefícios de um melhor enquadra-mento jurídico, que abranja as marcas privadas de qualidade e as marcas do distribuidor, tendo em vista precaver a sua multiplicação, no intuito de propiciar aos consumidores uma maior transparên-cia, bem como um melhor acesso dos produtores ao mercado; 15. Assinala a necessidade de promover o aumento da mais valia da produção agro-alimentar euro-peia e de lançar campanhas de informação desti-nadas aos consumidores sobre os esforços desenvol-vidos pelos agricultores e pela indústria no que se refere ao ambiente, à segurança alimentar e ao bem-estar dos animais;

Concorrência 16. Exorta as autoridades nacionais e europeias

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responsáveis em matéria de concorrência e demais entidades reguladoras envolvidas na produção e no comércio a darem uma luta sem tréguas à posição dominante e à significativa quota de mercado dos comerciantes, dos sectores dos factores de produção e da transformação, bem como dos retalhistas do sector agro-alimentar que operam na cadeia de abastecimento alimentar; insta estas autoridades a tomarem medidas contra as práticas de compra abusivas de todos os actores, que colocam os agri-cultores numa posição de negociação muito desequi-librada; 17. Insta a Comissão a estabelecer uma nova rela-ção entre as normas da concorrência e a PAC, com o objectivo de dotar os agricultores e as suas orga-nizações interprofissionais de instrumentos que per-mitam melhorar a sua posição negocial; 18. Exorta a Comissão a examinar as consequências de uma penetração significativa de mercado por um único retalhista ou um reduzido número de retalhis-tas num determinado Estado-Membro; insta a Comissão a considerar a possibilidade de introduzir medidas correctivas – em benefício dos produtores e dos consumidores – quando se considere que as práticas ou a quota de mercado de um retalhista têm efeitos anticoncorrenciais; 19. Exorta a Comissão a apresentar um relatório ao Parlamento, até finais de 2010, que contenha dados sobre o abuso do poder de compra na UE, os comportamentos anticoncorrenciais e as práticas contratuais desleais em toda a cadeia alimentar, do sector dos factores de produção ao consumidor, e a propor respostas adequadas; 20. Exorta os Estados-Membros, sempre que apro-priado, a conferirem maior margem de manobra às suas autoridades nacionais competentes em matéria de concorrência, criando, para o efeito, mecanismos simples de recolha de provas em matéria de distor-ção da concorrência em razão de práticas contra-tuais desleais; 21. Considera que é necessário proibir as vendas a preço inferior ao preço de aquisição, a nível comu-nitário; 22. Insta a Comissão a lançar um inquérito sectorial exaustivo na cadeia de abastecimento alimentar, para determinar o nível dos abusos do poder de compra no sector; lembra o êxito do inquérito sobre a concorrência no sector farmacêutico em 2009; 23. Exorta a Comissão a proceder a uma revisão dos critérios actualmente utilizados para avaliar os comportamentos anti-concorrenciais (Índice de Her-findahl); considera que esse índice, sendo útil para avaliar os riscos de monopólio, não é susceptível de fornecer a dimensão real das práticas anticoncor-

renciais de tipo colusão ou oligopólio, como parece ocorrer, pelo menos em parte, na grande distribui-ção organizada;

24. Incita a Comissão a asse-gurar uma aplica-ção mais especifi-camente orienta-da das regras da concorrência na cadeia alimentar e a considerar propostas legisla-tivas ao Parla-mento e ao Con-selho nesta maté-ria, de modo a limitar eficazmen-te o desenvolvi-mento de posições dominantes nos sectores dos fac-tores de produ-ção, da transfor-

mação alimentar e retalhista e de reforçar o poder de negociação dos agricultores, habilitando-os a agir coordenadamente contra os actores dominan-tes, através de organizações de produtores efica-zes, organizações sectoriais e PME; 25. Entende que o Regulamento 1234/2007, relati-vo à Organização Comum de Mercado (OCM), deve ser urgentemente revisto, a fim de reforçar essas organizações, e que o âmbito de aplicação do referido regulamento deve ser alargado, a fim de incluir as práticas de produção sustentáveis como condição para derrogações ao artigo 101.º do TFUE; 26. Considera que será necessário lograr a nível da EU um certo nível de coordenação e harmonização das medidas nacionais de combate às práticas comerciais desleais; 27. Exorta a Comissão a prever uma diversificação legislativa no caso dos produtos com forte base ter-ritorial, que se distinguem dos produtos normaliza-dos pela sua natureza específica, distinta, local ou regional; 28. Convida a Comissão a apresentar medidas des-tinadas a garantir a sobrevivência da diversidade das características nutricionais, ambientais e sanitá-rias, e a assegurar que a essa diversidade corres-pondam preços adequados; considera, no essencial, que a concorrência deve também ser desenvolvida com base nas diferentes características de qualida-de, que devem ser devidamente quantificáveis;

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Abuso do poder de compra e de contratação 29. Exorta a Comissão a garantir que a legislação da UE em matéria de concorrência não seja ultra-passada por abusos de poder de compra (ausência de distorções) na cadeia alimentar, que assume fre-quentemente a forma de atrasos de pagamento aos agricultores ou pequenos transformadores, subse-quentes alterações contratuais, descontos forçados, revenda com prejuízo, exigências de volumes exces-sivamente elevados e taxas de referenciação injusti-ficadas, e a fazer propostas legislativas adequa-das, se necessário; 30. Solicita, em particular, que importa reduzir os prazos de pagamento ao longo da cadeia de abastecimento alimentar, para um máximo de 30 dias, para todos os produtos alimentares, e para um período mais curto no caso dos produtos agrícolas altamente perecíveis, no âmbito da revisão em curso da Directiva 2000/35/CE do Parlamento Europeu e do Conselho que estabelece medidas de luta contra os atrasos de pagamento nas transacções comer-ciais (devem ser consideradas excepções no caso das organizações de produtores e das cooperati-vas); 31. Insta a Comissão a propor o alargamento do actual limitado âmbito de aplicação do direito da concorrência, tornando-o extensivo ao bem-estar do consumidor e às questões que se prendem com a redução dos preços dos produtos alimentares; 32. Insta a Comissão a examinar se os requisitos impostos pelas diferentes cadeias de distribuição, que excedam o âmbito das disposições regulamen-tares relativas às práticas da produção hortofrutíco-las e aos resíduos de pesticidas, são passíveis de impedir o comércio livre e desleal e de reforçar, de forma desleal, a posição dos distribuidores na cadeia de abastecimento alimentar; 33. Exorta a que as práticas de mercado abusivas, como as vendas com prejuízo ou as comissões de venda, sejam repertoriadas e expressamente proi-bidas pela UE; solicita a elaboração de uma lista pública das empresas prevaricadoras e a instituição de um regime de sanções; 34. Exorta a Comissão a examinar se e em que medida a utilização abusiva de marcas privadas (produtos de marcas próprias) e as práticas de alianças de compra por cadeias de supermercados dão origem a concorrência desleal e a pressões sobre os agricultores e à redução sistemática de preços ao produtor; assinala que a utilização abusi-va de marcas privadas tem um impacto adverso na capacidade de inovação dos produtores (em espe-cial dos pequenos produtores); exorta a Comissão a agir a este respeito, para que os agricultores e

agrupamentos de produtores sejam tratados com lealdade no processo de formação dos preços; 35. Considera que as recomendações da Comissão no sentido do reforço da integração vertical da indústria alimentar nem sempre reflectem a necessi-dade de reequilibrar o poder de negociação entre agricultores, distribuidores e indústria alimentar, devendo, por conseguinte, essas estratégias ser acompanhadas de medidas que desencorajem as práticas abusivas; 36. Alerta para o facto de a agricultura sob con-trato imposta pelos compradores, a integração ver-tical e os futuros, que desempenham um papel cada vez mais importante, poderem enfraquecer a con-corrência e as posições de negociação dos agricul-tores; exorta, por conseguinte, a Comissão a exami-nar os efeitos deste tipo de acordos contratuais e, se necessário, agir de forma apropriada;

37. Exorta a Comissão e os Estados-Membros a promoverem a leal contratação entre todos os acto-res da cadeia de abastecimento alimentar, com base nos termos negociados com as organizações de agricultores e produtores, incluindo as organiza-ções sectoriais e inter-sectoriais, de modo a reforçar as práticas agrícolas sustentáveis e a garantir a melhor qualidade dos produtos, reduzir os preços de compra dos factores de produção e garantir preços justos, bem como a facultar um sistema de fácil acesso vocacionado para a protecção contra a violação dos contratos por parte dos compradores; considera que os contratos-tipo podem ser úteis ins-trumentos, cuja implementação deve ser tornada obrigatória em alguns sectores; apoia o intercâm-bio de práticas de excelência em matéria de notifi-cação das práticas contratuais entre Estados-Membros, incluindo a prestação de informações à Comissão; 38. Acolhe favoravelmente e encoraja a instituição de provedores para o sector alimentar retalhista e de outros mecanismos de arbitragem destinados a garantir o cumprimento dos acordos contratuais; exorta a Comissão a examinar as experiências a

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este respeito, tendo em vista a instituição de um provedor para o sector retalhista à escala da UE, a quem incumbiria garantir a aplicação de códigos de conduta, práticas de excelência e contratos no con-texto das transacções entre operadores de diferen-tes Estados-Membros; 39. Insta a Comissão a detectar as práticas desleais relativamente às listas de referenciação e outras taxas de entrada no mercados e a examiná-las na perspectiva do direito da concorrência; exorta a Comissão a propor regras uniformes relativas à uti-lização de listas de referenciação e taxas de entra-da no mercado e, nomeadamente, a tomar medidas de combate às taxas excessivas exigidas pelos dis-tribuidores; 40. Considera que importa que a Comissão promo-va uma vasta campanha de informação, a nível europeu, para sensibilizar os agricultores para os seus direitos, as práticas abusivas de que podem ser alvo e os meios ao seu dispor para denunciarem situações de abuso;

Especulação 41. Convida a União Europeia a exercer pressão no sentido da criação de uma agência reguladora glo-bal e independente, que estabeleça regras sobre os contratos de vendas de mercadorias a termo e a bolsa de opções e que aplique medidas regulamen-tares rigorosas contra a especulação global em tor-no dos produtos alimentares de base; 42. Exorta, atendendo à crescente orientação de mercado, à adopção de medidas de combate à extrema volatilidade dos preços, uma vez que alguns dos actores da cadeia alimentar tiram parti-do desse fenómeno, ao passo que outros são pelo mesmo claramente prejudicados; insta, por conse-guinte, a Comissão a propor legislação relativa a instrumentos de limitação da volatilidade dos pre-ços, no intuito de reduzir a vulnerabilidade dos pro-dutores; 43. Exorta a Comissão a reforçar as competências das autoridades europeias das bolsas de produtos de base, a fim de precaver a especulação em torno dos produtos alimentares, e a laborar no sentido da implementação de medidas adequadas a nível da UE que previnam a especulação relativamente aos produtos de base não-agrícolas com vista a influen-ciar os futuros agrícolas; 44. Solicita à Comissão que melhore a supervisão e a transparência global dos mercados de derivados dos produtos agrícolas de base e que reforce igual-mente a transparência da actividade de balcão no âmbito da próxima revisão da directiva relativa aos mercados de instrumentos financeiros e outra legislação pertinente;

Auto-regulação 45. Insta o Conselho a continuar a encorajar iniciati-vas de auto-regulação e a possibilidade de criar fundos de mutualização para fazer face aos riscos económicos, de modo a reforçar as posições de negociação dos agricultores, especialmente através do apoio às organizações económicas e de produ-tores, às organizações sectoriais e às cooperativas de agricultores; 46. Encoraja os Estados-Membros a elaborarem códigos de boas práticas comerciais para a cadeia alimentar, incluindo mecanismos de apresentação de queixa e sanções aplicáveis às práticas desleais; exorta a Comissão a propor um código comum apli-cável em toda a UE, no intuito de reequilibrar as relações na cadeia de abastecimento alimentar; exorta igualmente a Comissão a apresentar uma proposta relativa à aplicação de um mecanismo UE de monitorização das relações entre os retalhistas dominantes e os seus fornecedores através de orga-nismos especializados nos Estados-Membros; 47. Considera necessário promover uma maior inte-gração dos diferentes elos da cadeia no contexto de organizações interprofissionais e criar contratos-tipo de natureza voluntária, com a possibilidade, em certos casos e em especial quando se trate de produtos perecíveis, de os Estados-Membros exigi-rem que lhes seja conferido carácter vinculativo;

Sistemas alimentares sustentáveis, qualidade alimentar 48. Lamenta que a Comissão não dê mais ênfase, na sua Comunicação, à importância da agricultura na cadeia de valor económico em matéria de abas-tecimento alimentar e indústria alimentar; salienta as correlações entre os baixos preços agrícolas no produtor e a produção de excedentes estruturais e respectivas consequências para a sustentabilidade, a qualidade alimentar, o bem-estar dos animais e a inovação e o emprego agrícolas nas regiões desfa-vorecidas; 49. Convida a Comissão a propor a adopção de instrumentos de apoio e promoção das cadeias de abastecimento alimentar geridas pelos agricultores, de cadeias curtas de abastecimento e de mercados geridos directamente pelos agricultores ("Farmers Market"), a fim de estabelecer uma relação directa com os consumidores e permitir aos agricultores a obtenção de uma parte mais justa do valor do pre-ço de venda final, mediante a redução das transfe-rências e das intermediações; 50. Exorta a Comissão a conceder especial atenção à situação nos países em desenvolvimento e a não comprometer o auto-abastecimento de produtos alimentares nestes países terceiros;

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51. Insta a Comissão a analisar as normas da UE em matéria de higiene relativas à comercialização local ou à distância e ao período de validade dos produ-tos alimentares, a descentralizar e simplificar os sis-temas de certificação e controlo, a promover rela-ções directas entre produtores e consumidores e cadeias curtas de abastecimento alimentar; 52. Considera que importa conferir um tratamento preferencial às organizações de produtores, às coo-perativas de agricultores e às PME, no contexto da adjudicação de contratos públicos na cadeia de abastecimento alimentar; exorta, por conseguinte, a Comissão a propor medidas a este respeito; 53. Afirma a importância e a necessidade de uma sólida regulamentação em matéria de qualidade dos produtos agrícolas; recorda, a este respeito, a resolução do Parlamento Europeu, de 25 de Março de 2010, sobre a política europeia de qualidade dos produtos agrícolas e afirma ser imperativo que todas as normas de qualidade e de fabrico sejam imperativamente respeitadas pelos produtos impor-tados, a fim de evitar uma concorrência desleal com os produtos europeus; 54. Recorda que a estabilidade dos rendimentos dos agricultores determina a sua capacidade de investimento nas tecnologias verdes, na mitigação dos efeitos climáticos e nas fontes de energia reno-váveis, bem como em medidas de protecção ambiental na perspectiva de uma agricultura susten-tável, e que, além disso, se requer dos agricultores que cumpram elevadas normas ambientais, recor-dando, ainda, que estes requisitos serão reforçados na Política Agrícola Comum após 2013; 55. Considera essencial melhorar a organização e promover a racionalização da cadeia de abasteci-mento alimentar, a fim de reduzir o impacto ambiental do transporte de produtos alimentares (distância percorrida por um produto entre a explo-ração agrícola e a mesa) e de promover a comer-cialização de produtos alimentares locais; 56. Salienta que o investimento em instalações de armazenagem e embalagem dos produtos agrícolas pode dar um importante contributo para garantir preços justos para esses produtos; 57. Assinala a necessidade de assegurar o desen-volvimento sustentável da economia rural, encora-jando as actividades de transformação dos produ-tos agrícolas nas explorações, bem como também das actividades não agrícolas, com o objectivo de aumentar o número de postos de trabalho e gerar rendimentos adicionais; 58. Insta a Comissão a apoiar iniciativas locais e regionais de comercialização dos produtos alimen-tares e a evitar sobrecarregá-las com disposições

regulamentares e burocracia excessivas, porquanto prestam um contributo importante à criação de mais-valia pelas empresas agrícolas;

Auto-abastecimento, restauração colectiva e desperdício de alimentos 59. Solicita à Comissão que, no contexto da revisão das normas da UE, preste também atenção aos pro-dutores alimentares a nível local, designadamente os envolvidos na produção de subsistência; 60. Insta a Comissão a avaliar eventuais modifica-ções das regras relativas às práticas de adjudica-ção pública para os serviços de restauração colecti-va, de modo a reforçar a sustentabilidade das prá-ticas agrícolas e o bem-estar dos animais e desen-volver os produtos alimentares locais e sazonais; 61. Considera que os contratos públicos, por exem-plo, no quadro dos programas específicos relativos aos produtos lácteos e às frutas e produtos hortíco-las aplicados nas escolas, devem garantir o acesso dos pequenos produtores locais e dos agrupamen-tos locais de produtores; 62. Considera necessário tomar medidas para encorajar os mercados agrícolas directamente geri-dos pelos agricultores, a criação de espaços de comercialização e escoamento, em que os produto-res possam oferecer os seus produtos directamente aos consumidores, e a introdução de programas de promoção dos produtos nos mercados locais; 63. Exorta a Comissão a analisar, no âmbito de um relatório ao Parlamento Europeu e ao Conselho, o enorme desperdício de alimentos na cadeia alimen-tar, que, na maioria dos Estados-Membros, chega a representar 30% dos alimentos produzidos, e a agir, através de uma campanha de sensibilização, sobre o valor essencial dos produtos alimentares; 64. Afirma a importância do desenvolvimento de programas alimentares para os cidadãos da UE que deles necessitam, nomeadamente os mais des-favorecidos, os idosos e os jovens; 65. Encarrega o seu Presidente de transmitir a pre-sente resolução ao Conselho e à Comissão.

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BEL APOSTA NA INOVAÇÃO PARA GARANTIR SUSTENTABILIDADE

A Bel Portugal, proprietária da marca de leite e queijo Terra Nostra, vai apostar na criação de novos produtos de valor acrescentando para cimen-tar a sua posição de líder na venda de queijo no mercado nacional. Ana Cláudia Sá, directora geral da Bel Portugal, admite que a estratégia da empresa é desenvolver produtos diferenciados para construir mais valor ao queijo Flamengo. “Já introduzimos o queijo Light. Fomos pioneiros no lançamento do queijo em fatias e agora lançamos o queijo Gourmet, um produto Premium, com sabor mais intenso”, indica O lançamento de novos produ-tos aumenta o volume de negócios da empresa e garante a sustentabilidade da Bel no mercado nacional, reforçando o pagamento do leite aos pro-dutores. “Se as indústrias conseguirem criar produtos de valor acrescentado existem mais margens para distribuir na cadeia. Se não existir margem na cadeia de valor, não será possível pagar mais aos produtores”, frisou a administradora da Bel. O recente aumento de 3,25 cêntimos aos produtores de leite é consequência de uma subida no mercado dos subprodutos lácteos, mas Ana Cláudia Sá não garante maiores subidas no leite para o futuro. “É muito difícil apresentar estimativas sobre o que vai acontecer com os produtos lácteos ou preço do leite. O que observamos é que existe uma tendência nos primeiros seis meses de 2010 de uma inflação dos mercados das matérias-primas e subprodutos lác-teos. Penso que esta tendência está a chegar a um ponto de equilíbrio, mas é difícil de apresentar uma projecção, porque sabemos que existe um agrava-mento das ajudas ao consumo e aumento da carga fiscal. A tendência será a redução do consumo que poderá resultar em implicações difíceis de prever”, sublinha a directora geral da Bel. Ana Cláudia Sá desafia, por isso, os produtores de leite nos Açores a aumentarem a proteína no leite e aumentarem as suas produções para reduzirem os custos fixos. “A própria produção de leite deverá valorizar o seu leite. Sabemos que as cotas vão desaparecer em 2015. Sabemos que os grandes produtores europeus serão os grandes concorrentes do leite açoriano. É preciso fazer um esforço em conjunto com os produtores para preparar o futuro. É preciso continuar a melhorar a qualidade e tentar fazer um trabalho conjunto para enriquecimento do leite. É preciso aumentar o teor de proteína”, indica. A responsável da Bel considera que os produtores,

com o apoio das indústrias e governo regional, devem ser mais competitivos e desenvolver sinergias para aumentarem as suas produções. “É preciso diluir os custos fixos, porque o investimento nas explorações precisa de ser diluído por produções de maior quantidade”, acrescenta.

Ana Cláudia Sá considera que a Bel está a “consolidar a sua posição nos Açores”, e não deverá sentir dificul-

dades em recolher leite, apesar do lançamento da nova fábrica da Unileite em 2011. “Tenho dificul-dade em antever que exista dificuldade da Bel em encontrar leite nos Açores. A marca Terra Nostra é a mais importante em Portugal e este ano já iniciá-mos a exportação da marca para a Europa e PALOP”, destaca a administradora. A directora revela que a marca Terra Nostra cres-ceu 11 % em 2009 e prevê crescer 7% em 2010. “O Terra Nostra é líder na venda de queijo e os Açores devem estar orgulhosos disso. O queijo Ter-ra Nostra entra em 44% das casas portugueses e vende 11 milhões de embalagens”, concluiu.

in Açoriano Oriental

ILMA PERDE QUOTA DE MERCADO

A actividade da Indústria de Lacticínios da Madeira (ILMA) registou o ano passado uma fortíssima con-tracção, já que os proveitos da empresa que comercializa os melhores e mais procurados leites e manteigas, bem como iogurtes ou queijos, regista-ram uma quebra de 26,9%, ou seja menos 2,5 milhões de euros. A venda dos produtos da ILMA rendeu 5,1 milhões, enquanto as mercadorias representaram outros 1,5 milhões de euros. Para acompanhar a quebra muito acentuada no seu volume de negócios, a administração da empre-sa procurou conter os seus custos, reduzindo em 2,6% as despesas com o pessoal, bem como em 7,8% o fornecimento de serviços externos, ade-quando a aquisição de matérias primas às necessi-dades da fabricação, tendo a ILMA despendido 2,3 milhões de euros (-35,6%). Também os custos com mercadorias caíram 43,3%, tendo a empresa gasto apenas um milhão de euros. Importa ainda referir que o ano de 2009 fica mar-cado pela reavaliação dos terrenos, edifícios e

A FILEIRA DO LEITE EM PORTUGAL...

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outras construções e equipamento básico de que resultaram reservas de reavaliação, líquidas de impostos diferidos passivos, no montante global de 4,7 milhões de euros. Esta operação permitiu multi-plicar por 13 o valor das reservas anteriormente inscritas, bem como valorizar em 58,3% o imobiliza-do corpóreo, tendo garantido o reforço do capital próprio, que passou de 0,5 milhões - era 46,8% do capital social - para 5,5 milhões de euros. Embora tenha reduzido em 8 por cento a dívida de clientes e terceiros, a verdade é que a empresa tinha 3,6 milhões de euros a receber, com os clientes a deverem 1,4 milhões de euros, dos quais 235 mil euros são dados como de 'cobrança duvidosa'. O passivo da ILMA cresceu 5,8%, representando no final do último ano 6,3 milhões de euros. Contudo a empresa até reduziu o valor do passivo bancário em 438 mil euros. Mais problemático é o montante devido aos fornecedores, que atingia 1,4 milhões de euros. De salientar ainda que o ano fechou com um lucro de 251 mil euros, menos do que tinha sido obtido um ano antes (393.238), com o resultado operacional a ser igualmente inferior. Quebras Acentuadas Tal como se destacou numa reportagem publicada a 25 de Agosto, o exercício da ILMA ficou marcado pela quebra de 16% na comercialização do leite; também a venda de iogurtes caiu 6%. A comerciali-zação de manteiga, um dos produtos de referência, registou uma quebra de 14%, enquanto a procura pelo queijo registou uma quebra de 1%. Entretanto, a comercialização de sumos e bebidas desceu 2%. A empresa madeirense perdeu, assim, parte signifi-cativa da sua quota de mercado, pois os madeiren-ses mantiveram os seus hábitos de consumo dos pro-dutos destacados; ILMA A ILMA é uma sociedade por quotas, cujo capital social (1,1 milhões de euros) é detido pelo grupo de industriais de lacticínios (49%), UCALPLIM (46,5%), Cooperativa Agrícola do Funchal (2,45%) e pela Região (2%).

in DN Madeira

MAIS 7,5 MILHÕES DE LITROS/ANO TRANSFORMADOS EM QUEIJO

Ao longo das últimas quatro campanhas de recolha de leite nos Açores, a produção de derivados de maior valor acrescentado, como o queijo, tem tido um significativo incremento: cerca de 750 toneladas por ano o que significa uma afectação superior a

7,5 milhões de litros de leite transformado em quei-jo. A informação é avançada pelo Governo dos Açores, em resposta a um requerimento de deputa-dos da oposição no Parlamento Açoriano. O esclarecimento do Governo, entregue na Assem-bleia Legislativa Regional, revela que a evolução da tendência para o aumento da produção de queijo e para o lançamento de novos produtos com maior valor acrescentado, como o queijo fatiado e ralado, assim como novos queijos, como são exem-plos as marcas "Moledo", na Ilha do Faial, e "Mistério", na Ilha do Pico, para além do claro aumento da produção de leite UHT, que passou de 17 milhões de litros em 1996 para o registo de 99 milhões de litros na última campanha, são dados positivos para o sector dos lacticínios. Contrariando as afirmações dos deputados regio-nais, que apontam que a "indústria de lacticínios nos

A ç o r e s estão a transformar mais leite em produtos de baixo valor acres-c e n t a d o , como é o caso do lei-te em pó", o G o v e r n o clarifica que o aumento da produ-

ção queijo e leite UHT contrastam de uma forma positiva com a tendência para a estabilização da produção de leite em pó, que em 1996 registava o valor de 16000 toneladas, num universo de 370 milhões de litros de leite recolhidos na produção, para, na última campanha, assentar em 17000 toneladas, o que representa apenas um aumento de 1000 toneladas, mas agora num universo de 540 milhões de litros de leite recolhidos. Queijo prejudicado Quanto ao sector do queijo, era recentemente noti-ciado que o mercado nacional está a adquirir quei-jo de marcas brancas no estrangeiro e os Açores são a região do país mais prejudicada. Os produ-tos chegam a Portugal a um preço mais acessível do que é praticado no país, o que traz prejuízos para os produtores nacionais. Segundo Pedro Pimentel, da ANIL, os Açores são a região em que se regista mais desvantagem com esta situação.

in Diário Insular

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“Queríamos mais. Isso não satisfaz a produção. Este aumento não vem de encontro ao que pretendíamos mas é positivo, pode levantar o ânimo dos lavrado-res”, afirma Jorge Rita, presidente da Associação Agrícola de São Miguel. Confirma-se o que temos dito. Os mercados de leite e lacticínios têm sido favoráveis e é com agrado que vemos esta situa-ção”, prosseguiu Jorge Rita.

in Correio dos Açores

INSULAC TAMBÉM AUMENTA PREÇO

Ainda não se sabe em quanto, mas a "Insulac" vai também aumentar o preço do leite pago aos pro-dutores. A decisão vai ser tomada até meados do próximo mês de Outubro. A Insulac está a garantir o pagamento de 2,5 cêntimos por litro, entregue na fábrica, valor que corresponde à sazonalidade, montante que é também assegurado pela Bel, Uni-leite e Prolacto. A Bel, para além dos 2,5 cêntimos,

aumentou também o valor do leite de maior qualidade. Quanto à Insulac, na

altura em que pagar o próximo cheque aos produ-tores de leite, em meados de Outubro, irá já re-flectir o aumento referente à campanha de Inverno.

in Antena 1 /Açores

UNICOL NÃO AUMENTA LEITE AOS PRODUTORES

A União de Cooperativas de Laticínios Terceirenses (Unicol) não vai compensar os produtores pelo aumento do preço do leite que se verifica nos mer-cados. A Bel, a maior transformadora de laticínios de S. Miguel, decidiu aumentar em 0,75 cêntimos/litro o preço a pagar aos produtores na sequência da subida verificada nos últimos tempos nos merca-dos de Portugal e no resto da União Europeia. Para além desse aumento, os produtores da Bel passam a receber mais 2,5 cêntimos da sazonalida-de, uma vez que em Setembro começa a campanha de inverno. Segundo foi apurado, a Unicol vai pagar durante a campanha de inverno aos seus produtores mais 2 cêntimos da sazonalidade. Diz fonte da Unicol que “para já não está prevista mais nenhuma alteração ao preço do leite”. Para o presidente da Associação Agrícola da Ilha Terceira, Paulo Simões Ferreira, a Unicol tem que compensar os produtores numa altura que os preços dos cereais e de outros factores de produção estão a subir. “Vamos esperar para ver qual será a pos-tura da Unicol pois há o compromisso de que o pre-ço na Terceira não será inferior ao de S.Miguel”.

in Diário Insular

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BEL AUMENTA PREÇO DO LEITE EM 3,25 CÊNTIMOS

A BEL decidiu aumentar o preço do leite aos produ-tores em 3,25 cêntimos. A empresa confirmou que será efectuada uma actualização do preço pago ao produtor nos Açores, beneficiando os produtores que apresentarem o leite com melhor qualidade.

A subida no leite apresen-tada pela Bel conta com 2,5 cêntimos referentes à sazonalidade do leite,

enquanto 0,75 cêntimos são referentes à evolução do mercado do leite em Portugal e na Europa. A subida no leite apresentada pela Bel poderá moti-var a Unileite e Insulac a aumentarem o preço pago aos seus produtores a partir do mês de Setembro.

in Açoriano Oriental

UNILEITE AINDA PAGA MAIS PELO LEITE

O presidente do conselho de administração da Uni-leite, Gil Jorge, disse que, apesar da Bel aumentar o preço do litro do leite à produção em 3,25 cênti-mos (2,5 cêntimos dos quais referentes à sazonali-dade), a fábrica da união de cooperativas de lacti-cínios de São Miguel continua a ser a que paga mais pelo leite ao produtor na ilha. O que a Bel fez, no entender de Gil Jorge, foi aproximar o seu preço do leite à produção ao que é praticado pela Unileite, continuando – ainda assim - a ficar a alguma distância. Com efeito, e tendo por referência o preço base, a Unileite está a pagar o litro de leite à produção a 24,5 euros depois de o aumento da sazonalidade de 2,5 cênti-mos, enquanto o preço da Bel, após o aumento, é de 22,91 cêntimos. Gil Jorge chamou também a atenção do jornalista para o facto de, em Março, a Unileite ter baixado o preço do leite em 2 cêntimos respeitantes à sazo-nalidade enquanto as outras indústrias baixaram em 2,5 cêntimos. O presidente da Unileite sublinhou que, face a este esforço financeiro que têm vindo a desenvolver, não vão seguir de imediato a subida de 0,75 cêntimos decidida pela Bel, aguardando a evolução do mercado. “O nosso preço nunca está fechado”, completou Gil Jorge. Também o presidente da Insulac, Jorge Costa Leite, disse que o preço base do leite da sua indústria tem estado superior ao da Bel e que, só depois de per-ceber os contornos desta subida de preço e de fazer contas, é que irá tomar uma decisão. Apesar de considerarem o aumento de preço deci-dido pela Bel “um sinal positivo”, as associações dos lavradores micaelenses não estão totalmente satis-feitas com a percentagem de aumentos anunciada.

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PREÇO NA TERCEIRA MAIS ALTO QUE EM S.MIGUEL

O preço base do litro de leite pago ao produtor pela União das Cooperativas de Laticínios Tercei-renses (Unicol) durante a campanha de inverno é superior ao que é oferecido pela indústria de São Miguel. O presidente da direção da Unicol, João Couto, disse que apesar do aumento de 0,75 cênti-mos decidido pela Bel, os produtores da Terceira vão continuar a receber mais por cada litro de leite entregue para a transformação. De acordo com uma tabela em vigor na Unicol des-de 1 de Janeiro de 2009, o preço base por litro de leite a pagar aos produtores durante a campanha de inverno (de setembro a fevereiro) é de 0,2675 euros enquanto na última campanha de verão a lavoura recebeu 24,75 cêntimos por litro de leite. Por seu turno, a Bel (a maior transformadora de lac-ticínios de São Miguel) paga aos produtores como valor base 0,2536 euros por litro de leite durante a actual campanha de inverno. Para além dos 2,5 cêntimos referentes ao ajustamento do preço relati-vo à sazonalidade, a Bel decidiu atribuir aos produ-tores mais 0,75 cêntimos na sequência do aumento dos preços nos mercados da União Europeia. A Bel concede ainda aos seus fornecedores uma compensação suplementar conforme as quantidades de leite entregue na fábrica. A Unileite e as fábri-cas da Prolacto e Insulac ainda não revelaram se vão aumentar os preços a pagar os produtores.

in Diário Insular

PRODUTORES QUEREM MANUTENÇÃO DAS QUOTAS

A Associação dos Produtores de Leite de Portugal (APROLEP) defendeu que Portugal deve "bater-se" pela manutenção das quotas leiteiras e salientou a importância de a futura legislação impedir importa-ções "escondidas". Em vésperas da reunião do Conselho Europeu de Agricultura e Pescas, que hoje vai analisar a situa-ção do mercado de lacticínios e as conclusões do Grupo de alto nível sobre o leite, a APROLEP aler-ta, em comunicado, para a situação do sector. "Portugal, sendo um país periférico, com custos de produção acrescidos devido a condições naturais, deve bater-se pela continuação das quotas leitei-ras", defende a associação. Para a APROLEP "nenhuma conclusão ou proposta do grupo de alto nível substitui com vantagem o actual regime de quotas leiteiras na tarefa de ade-quar a oferta à procura e manter a produção de leite em todos os países e regiões da UE". A associação, que reúne produtores de leite de todo o país, diz ser "urgente reforçar o poder nego-

cial do produtor de leite", afirmando que "de nada servirão contratos escritos de compra e venda se o produtor permanecer o elo mais fraco da cadeia, entalado entre o baixo preço recebido da indústria e os altos custos de produção, nomeadamente os cereais para alimentação animal". A APROLEP afirma ainda ser "importante que a futura legislação impeça importações ‘escondidas' que possam quebrar essa confiança" dos consumi-dores portugueses na qualidade do leite produzido em Portugal e pede a Governo e órgãos de sobe-rania que tomem medidas para o sector, afirmando que "o desânimo, o endividamento e o encerramen-to de explorações leiteiras" está a aumentar.

in Agência Lusa

PRODUTORES QUEIXAM-SE DOS CUSTOS

Produtores de leite e carne queixam-se do aumento dos custos de produção, considerando que será quase inevitável reflectir esses custos no consumidor final. Com a subida do preço dos cereais e a insta-bilidade dos mercados, o concentrado de milho e soja para alimentar as vacas aumentou dez por cento no último mês. José Oliveira, presidente da Leicar, diz que os pro-dutores de leite e carne estão a viver uma situação muito difícil, adiantando que se atingiu «o limite máximo de custos» e que a partir daqui vai ser complicado produzir leite com rentabilidade. «Neste momento os custos de produção estão a aumentar, o que reduz a margem de lucro do pro-dutor de leite. Os preços do leite têm-se mantido mais ou menos estáveis, houve um pequeno aumento em Setembro, mas que não vai cobrir estes aumen-tos que se têm verificado ao nível dos factores de produção», explica, referindo ainda que por estes motivos é inevitável um aumento do preço do leite e da carne para o consumidor final. A visão de Fernando Cardoso, secretário-geral da FENALAC, é semelhante, sublinhando que existem dificuldades em fazer frente ao aumento dos custos de produção, com a subida do preço dos cereais nos mercados internacionais. Por exemplo, o trigo aumentou em Agosto cinco por cento, sendo este o último aumento mensal dos últimos anos. Foi também contactada a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição. A APED diz que é pre-maturo dizer se vai haver ou não aumento de pre-ços no consumidor final, dependendo da atitude dos produtores de leite, carne e arroz, mas salienta que tem a preocupação de manter os preços tão baixos quanto possível.

in TSF online

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"SERIA ILEGAL ACORDAR PREÇOS COM OS PRODUTORES"

O sector lácteo, de acordo com Luis Calabozo, director geral da Federação Nacional de Indústrias Lácteas (FeNIL) não está numa crise permanente, mas numa "crise de mudança" a que há que se adaptar. Para isso, defende a estabilidade nas relações ao longo da fileira. Agrocope (AC): Nós andamos há muito tempo a falar de problemas no sector leiteiro, mas qual é a real situação neste momento? Luis Calabozo (LC): A verdade é que é um sector onde por vezes a palavra crise é usada com exces-siva frequência. Não é verdade que estejamos em constante estado de crise, mas trata-se, isso sim, de uma crise no sentido da mudança, porque estamos em plena alteração do quadro regulador e temos que nos adaptar às regras, quando as mesmas possuem certas contradições. O sector lácteo tem, tradicionalmente, sido muito dirigido do lado da produção e mais liberal em relação à comercialização e à distribuição, obvia-mente dentro de um mercado único. Com o tempo, foi-se expondo, mais claramente, por decisão euro-peia, à volatilidade dos mercados internacionais e à liberalização, o que criou conflitos em termos de adaptação que deve ocorrer em cada um dos paí-ses, os quais, para além disso, partiram com dife-rentes estruturas para esse novo quadro regulador. AC: Como é que se encaixam todas essas diferenças no momento de concorrer num mesmo mercado, mas com condições diferentes? LC: Se examinarmos a trajectória, a história que foi marcando os pontos fortes e fracos da cadeia lác-tea espanhola, teremos que centrar-nos sobre como ela funciona. Era um sector que estava fortemente protegido por mecanismos de intervenção, por tari-fas de importação e por subsídios à exportação, que ajudavam a produzir grandes quantidades de leite e produtos lácteos. Isto gerou enormes exce-dentes e, em 1984, foi instituído um regime de quotas, pelo qual se exige a cada país que produ-za uma determinada quantidade, dependendo do que tinha sido, até então, a sua produção de leite. Nestas circunstâncias, Espanha adopta esse regime, mas parte já com uma diferença importante: enquanto na Europa, em geral, produzia cerca de 15 ou 20 por cento de leite acima das suas neces-sidades de consumo interno, em particular, e há países como a Irlanda, que têm uma quota equiva-

lente a quatro vezes o seu mercado doméstico, que convivem com países como a Espanha, cuja quota não cobre as necessidades do país. AC: Em que medida somos competitivos e como pode a futura liberalização das quotas em 2015 afectar as pequenas explorações leiteiras em Espanha e a nossa indústria? LC: Digamos que a condição estratégica é que o sector de transformação industrial em Espanha não tem sentido sem um fornecedor estratégico como é o produtor espanhol. O sector produtor no nosso país fez uma grande reestruturação, mas ainda há espaço para o que poderemos chamar de processo de reestruturação competitiva. O que é certo é que neste modelo de adaptação, especialmente quan-do alguém se tem de adaptar com um volume fixo de produção, os nossos concorrentes vizinhos dis-põem de instrumentos e maiores possibilidades de adaptação e de dotar de maior estabilidade esse processo de transição. AC: Já há muitos anos que existem tensões com os produtores, eles queixam-se que o preço não é sufi-ciente, a indústria diz, por vezes, que é o mercado que exige que os preços não possam atingir determi-nados níveis. É verdade que não existe margem para aumentar o leite aos produtores? LC: Desde 2000, o preço médio do leite pago em Espanha, face ao dos seus concorrentes, França e Alemanha, tem vindo a crescer, ou seja, o diferen-cial tem sido crescente a favor de Espanha. Hoje, no entanto, há uma pressão diferencial que é estru-turalmente descritível: os movimentos internacionais das cotações do leite em pó ou da manteiga, que são os produtos industriais que de uma ou de outra forma marcam a tendência do leite para o produ-tor. Os diferenciais face a essa tendência em cada um dos países prendem-se com a estrutura de pro-dução e com o comportamento das relações comer-ciais, onde se estabelece a que nível a pressão dos preços interfere com cada uma das categorias. AC: Por que não é possível chegar, em Espanha, a um acordo semelhante ao estabelecido em França? LC: Enfrentamos a mesma legislação comunitária que países como a França, que têm uma história de concertação a certo nível, tal como na negociação colectiva ao nível dos salários dos trabalhadores. Digamos dizer que a interpretação feita sobre estes temas em Espanha é muito mais restritiva legalmente do que aquela que é feita em França. Então podemos testemunhar enormes oportunida-des de concertação em França, tanto a nível de

... EM ESPANHA...

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preços como em termos de estratégias até 2015. Ninguém pode impedir, por exemplo, que a Inter-profissão francesa decida, em períodos de exce-dentes, ter preços diferenciados para o leite con-soante o mesmo se destine a produtos colocados no mercado interno ou a produtos destinados a expor-tação. França acaba de anunciar publicamente um acordo, porque começa a sofrer os mesmos problemas que se sentem em Espanha. Ou seja, preços baratos do leite que lhes está a conquistar o mercado. Pode-se sobreviver a uma crise de preços conjuntural, mas uma vez que os percas, recuperá-los é muito difícil. Em Espanha não podemos chegar a esse tipo de acordo, porque se o fizéssemos estaríamos numa situação de ilegalidade. AC: Quais são as duas ou três linhas principais para o futuro para que as empresas de lacticínios espanholas possam encará-lo com um certo optimismo? LC: Precisamos chegar a 2015 em condições de competir com os melhores e isso requer acções e um quadro estável de relações que nos permitam ser eficientes. Isso passa por diferentes acções em dife-rentes domínios: no dos consumidores, adaptando-nos às suas necessidades, na valorização do modelo espanhol de produção e transformação e em cam-panhas para promover a imagem do leite e dos produtos lácteos.

in Agrocope

60% DO LEITE RECOLHIDO VAI PARA MARCAS BRANCAS

“Sessenta por cento do leite que é recolhido é desti-nado a ser embalado como marca branca e essa marca tem que competir com todo o produto que chega de fora de Espanha”. O responsável da Aso-ciación de Industrias Lácteas de Galicia, Pedro Ramos, explica que esse cenário é que comprime a margem para poder incrementar o preço do leite que as indústrias pagam aos seus produtores. Nesse sentido, Jesús Lence, administrador único da Leite Río aponta também que as marcas que a Dis-tribuição utiliza em Espanha têm margens muito pequenas, algo que não ocorre, por exemplo, em França. “O que acontece aqui é que a marca bran-ca é um produto-reclame”, explica. Inclusivamente, o mesmo produto tem em França um preço, que em Espanha desce. O que ocorre, tal como apontam as organizações agrárias como a Xóvenes Agricultores, é que os dis-tribuidores já não utilizam a marca genérica como reclame. Fontes daquela entidade referiram que observaram há dias como uma determinada superfí-

cie comercial oferecia um pack de seis litros de leite da Central Lechera Asturiana por uma compra superior a um certo valor em dinheiro. Apesar disso, a entidade asturiana (CLAS) paga aos seus produtores um dos melhores preços que estão ser praticados nesta altura em Espanha.

in La Voz de Galicia

BOICOTE ÀS PRINCIPAIS EMPRESAS LÁCTEAS

A partir de 8 de Setembro, as organizações de produtores (OPAS) e as cooperativas galegas irão colocar pancartas com mensagens pedindo aos con-sumidores que não comprem produtos de três empresas que representam 40 por cento da recolha na região e dão o exemplo França, onde os com-promissos "se cumprem". A partir de 8 de Setembro e "enquanto for neces-sário" as organizações agrárias Sindicato Labrego Galego (SLG), Unións Agrarias (UU.AA), Xóvenes Agricultores (XX.AA) e as cooperativas galegas vão levar a cabo um boicote às principais empresas de leite, que representam 40% da recolha na Galiza: Celta, Leche Río e a francesa Lactalis. A estratégia, que também será seguido pela Unión de Pequeños Agricultores (UPA), a nível nacional, passa por dirigir-se às fábricas e pontos de distri-buição destas três empresas onde colocarão carta-zes para informar os cidadãos sobre a situação que os agricultores enfrentam e pedir-lhes não comprem produtos das mesmas. Os protestos são o detonante a dois meses de reu-niões com a indústria para tentar atingir um acordo semelhante ao de França, onde "se cumprem os compromissos", e onde ficou acordado um preço de 31 cêntimos por litro de leite. Mas a Espanha não foi alcançado um acordo desse tipo porque "a indústria não quer negociar e optou pelo não sabe, não responde", explicou o responsável da Asocia-ción Galega de Cooperativas Agrarias (AGACA), Hixinio Mougás. Actualmente, os produtores galegos recebem 28 cêntimos por litro, um dos preços mais baixos da UE e inferior ao preço médio de 2009. O que o sector produtor galego procura é que a “indústria reconsi-dere e coloque o leite ao preço de mercado."

in Efeagro

JESUS LENCE CONTESTA POLÍTICA DAS COOPERATIVAS GALEGAS

As organizações agrárias e as cooperativas leitei-ras querem incorporar o conjunto "da sociedade galega" na sua luta por preços mais elevados para o leite, apelando – desde ontem - ao boicote dos

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produtos de algumas das principais empresas reco-lhedoras de leite naquela Comunidade Autonómica. A estratégia destas entidades (ver “Boicote às prin-cipais empresas lácteas”) passa por dirigir-se às fábricas e aos pontos de distribuição para esses três setores, identificar as marcas sob as quais aquelas empresas comercializam os seus produtos e pedir aos consumidores para não as comprarem. Os produtores exigem, para além disso, que o governo galego se comprometa com os problemas do campo. Enquanto os sindicatos apelavam ao boi-cote, Samuel Juarez, o conselheiro de Medio Rural, somava-se às críticas à indústria, a quem acusou de manter um "jogo perverso" por recolher o leite "sem ter comprometido um preço com o produtor. " Por seu lado, o proprietário da Leche Río, Jesús Len-ce, instou as organizações agrárias a movimentarem-se contra as cooperativas que actuam como primei-ros compradores do leite na origem, bem como con-tra as unidades embaladoras, também de base cooperativa, que se encarregam da comercializa-ção desse mesmo leite. Lence entende que são elas que estão “a rebentar” tanto o mercado de aprovi-sionamento como o posterior mercado de venda. "Que as organizações vão contra essa tropa!" pre-conizou. Aquele empresário está convencido de que as orga-nizações se enganam quando actuam contra a indústria e chama a atenção que são as cooperati-vas que compram a maior parte da matéria-prima no campo (22,5 por cento do leite galego), mas que, de seguida, apenas são capazes de processar não mais que 12 por cento nas unidades de Negrei-ra (Feiraco) e de Outeiro de Rei (Alimentos Lácteos). O resto, recorda, têm que o vender em cisternas. “Por causa deles”, proclamou, “estamos onde esta-mos”. "Se é o agricultor que se presta a vender barato, o que é que a indústria pode fazer?", perguntou o empresário que recolhe diariamente 900 mil litros de leite (15 por cento da produção), em compara-ção com 1,3 milhões de litros recolhidos pelas coo-perativas. O anúncio de que as organizações vão boicotar a venda dos produtos das suas empresas foi por si acolhido com "resignação", mas não deixou de criti-car, mesmo sem mencioná-las, a Feiraco e a Alimen-tos Lácteos: “oferecem produtos aos nossos clientes até seis cêntimos mais baratos do que nós e até há um caso em que oferecem leite". Lence foi mais longe e advertiu que o movimento cooperativo galego "tem que copiar e agir" como a asturiana Corporación Alimentaria Peñasanta (CAPSA) que paga aos produtores "melhor do que

qualquer indústria". Se não for assim, diz ele, "vão arruinar tudo." De acordo como empresário, tudo isto sucede numa altura em que "não há falta de leite" e inclusivamente surgiu uma nova "concorrência brutal" com produto importado dos Açores, que está a invadir os mercados de várias regiões espanholas. Alimentos Lácteos defende acordo das indústrias O responsável da empresa de base cooperativa Alimentos Lácteos, Roberto Casas, garantiu que o boicote aos produtos de indústrias de lacticínios anunciado pelas organizações agrárias "não é a melhor forma de fazer as coisas" e defendeu que a própria indústria se coloque de acordo para pagar "mais ao produtor”. Casas insistiu que não pode apoiar o boicote em si mesmo, mas concordou "cada vez se deve pagar melhor ao produtor”. Questionado sobre as afirmações de Jesús Lence, que culpou as cooperativas primeiras compradoras pelos baixos preços, Roberto Casas disse, "este cavalheiro anda há pelo menos 30 anos no sector e nós começamos a trabalhar há três meses, pelo que suponho que a culpa seja mais dele do que nossa”." Depois de expressar o seu desejo de não querer entrar em conflito com outras indústrias sobre o que se paga ao produtor, não deixou de afirmar que os que fornecem a Alimentos Lácteos "não se queixam dos preços que estão a receber."

Xunta não actuará contra Lactalis, Rio e Celta O conselheiro galego de Medio Rural, Samuel Juá-rez, referiu que as indústrias “actuam com a mar-gem que a legislação lhes confere” e que a função da administração “é exigir que cumpra com as nor-mas vigentes” e tratar de “modificá-la se existir alguma injustiça” para que seja “mais favorável aos produtores”. Aquele responsável da Xunta colocou o foco do assunto na perspectiva de que o preço do leite nos países europeus está em alta que as condições per-mitem “que os preços subam mais do que os fixa-dos”, em referência às reclamações dos produtores que estão a iniciar um boicote a produtos de dife-rentes indústrias. “A indústria e a distribuição insis-tem em manter os preços muito baixos”, sublinhou Samuel Juárez, que se mostrou favorável a uma solução que permita aos produtores negociar com as indústrias. A saída seria o aumento do poder de negociação dos produtores, que têm grandes dificuldades em mudar para um segundo comprador pelos prejuízos causados quando conseguem fazê-lo. Juárez pre-tende que os produtores não tenham que entregar o leite, sem saber o que lhes vais ser pago".

in La Voz de Galicia

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UNIÃO EUROPEIA Agir sobre o poder negocial dos produtores

O Comissário Europeu da Agricultura, Dacian Ciolos, vai apresentar até ao final de 2010 um projecto visando dar mais poder aos produtores de leite para negociar os preços junto dos transformadores", afirmou há dias na Bretanha. "Nós estamos sob um regime de quotas leiteiras até ao fim de 2014", mas "o sistema de quotas não resolve por si só todos os problemas", lembrou Dacian Ciolos numa conferência de imprensa após a inauguração de uma feira de produtos biológicos em Mûr-de-Bretagne (Côtes-d'Armor). "Há sempre um problema de transmissão dos preços dos produtores para os consumidores", disse ele. O preço do leite pago aos produtores globalmente baixou nos últimos anos, sem que tal redução tenha afectado os preços pagos pelos consumidores. O Comissário anunciou também que "temos de agir, a longo prazo sobre o poder negocial dos produto-res para que eles possam negociar em grupo, con-juntamente, os contratos com os transformadores”. O Comissário pretende favorecer a criação de agru-pamentos de produtores e "pensar sobre o papel que pode ser dado às organizações profissionais”. "Temos também de ver de que forma o contrato deve ser negociado para dar mais perspectivas aos produtores", disse ele ao afirmar que, no âmbito desses contratos, o produtor não será ligado ao processador e permitirá "uma melhor repartição do valor acrescentado". O Comissário deve apresentar antes do final do ano o seu projecto sobre o leite e uma análise será feita "se necessário antes do final de 2014, que é o fim das quotas, mas também o fim do meu manda-to", prometeu.

in Agrisalon

FRANÇA Recolha sobe na presente campanha

Em Junho de 2010, a recolha do leite de vaca aumentou 3,2 por cento em comparação com Junho de 2009, revelou um memorando do Ministério da Agricultura francês. Mas em termos acumulados, durante os primeiros três meses da nova campanha de 2010/2011 (Abril a Junho de 2010), as entre-gas de leite de vaca aumentaram 1,3 por cento em relação ao mesmo período do ano passado, indica aquele memorando. "Depois de um arranque suave constatado no início

da campanha, a recolha de leite aos poucos recu-perou algum movimento, com um aumento de 2,7 por cento em Maio de 2010, em comparação com o mesmo mês do ano anterior", explica o ministério. Cumulativamente, de Abril a Junho de 2010, o nível de recolha de leite corrigida pela gordura aumen-tou 1,9 por cento em relação ao alcançado no mes-mo período do ano anterior. Com a inclusão da variação de dois por cento – um por cento da pre-sente campanha e o outro que não havia sido distri-buído na campanha precedente - da quota leiteira francesa (fixada em 25 milhões de toneladas para a campanha 2010/2011), a refere o memorando, a subutilização estimada será, no fim do trimestre, de 577 mil toneladas. De acordo com as sondagens mais recentes realiza-das pela FranceAgriMer semanais, a recolha de leite de vaca em Julho de 2010 terá aumentado 1,5 por cento em comparação com Julho de 2009. Noutros grandes países produtores da União Euro-peia, a recolha de leite também começou devagar no campanha actual, sendo referido que "muitos países esperam um aumento dos preços do leite para relançar a produção."

in La France Agrícole

FRANÇA Danone com enfoque nos mercados da Rússia e EUA

A multinacional francesa Danone espera aumentar as suas vendas de produtos lácteos frescos, um seg-mento que representou 57 por cento das vendas da empresa em 2009, e pretende dar prioridade aos mercados da Rússia - Comunidade dos Estados Independentes (CEI) e dos Estados Unidos em 2011. Na Rússia, a Danone está em processo de fusão da divisão de produtos lácteos frescos com a Unimilk. A Danone-Unimilk deverá ser responsável por 21 por cento do mercado total da Rússia e a Danone fica-rá com 57,7 por cento da nova entidade. O máximo responsável da Danone, Franck Riboud, identificou a CEI como uma importante área de crescimento para a sua companhia, à medida que países como a Rússia, a Ucrânia, o Cazaquistão e a Bielorrússia têm muito potencial para mais consumo per capita de produtos lácteos frescos. Além disso, a Unimilk é vista por Riboud como um negócio complementar dado o seu portfólio de pro-dutos tradicionais lácteos e alimentos para bebés. A Danone também vê um acesso significativo ao ‘espaço branco’ à medida que a Unimilk tem uma

... E PARA LÁ DOS PIRINÉUS

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boa presença na região oriental da Rússia, enquan-to a Danone é mais forte na parte ocidental do país. Riboud disse que espera 10 por cento de ven-das adicionais nos próximos três anos na Rússia sur-jam graças às sinergias com a Unimilk. Nos Estados Unidos, a Danone registrou uma taxa composta de crescimento anual de 9 por cento entre 1999 e 2009. Após focar principalmente a sua atenção no iogurte Activia, a empresa tem vindo a remodelar o seu portfólio visando uma maior cresci-mento. Riboud disse que a sua companhia tem dado maior atenção a novas marcas para o mercado dos Estados Unidos, como DanActive, iogurte Greek e várias embalagens, bem como novos produtos para crianças. A Danone também está a planear introdu-zir uma marca táctica privada com a cadeia de dis-tribuição Wal-Mart. Ele descreveu os Estados Unidos como um mercado com espaço para muita expansão em termos de vendas de iogurte porque o consumo per capita nesse país é menor do que noutros mercados, como os da Europa. "Os Estados Unidos são uma nação emergente para nós na medida em que o consumo per capita é ainda baixo", disse Riboud. Dois terços dos consumidores de iogurte dos Estados Unidos compram o produto uma vez por mês ou menos. Além disso, 17 por cento das famílias norte-americanas não são consumidoras de iogurte, disse Riboud, citando dados da pesquisa 2010 IRI House-hold Panel. Ele também estimou que o consumo per capita de iogurte nos Estados Unidos em 2010 será de 5,4 quilos. Ele espera que a Danone tenha um importante papel no crescimento do consumo per capita de produtos lácteos frescos nos Estados Uni-dos no futuro.

in Flexnews/MilkPoint FRANÇA PAI quer vender Yoplait a operador industrial

O fundo privado de investimento francês PAI Part-ners afirmou que o processo de venda da sua parti-cipação de cinquenta por cento na Yoplait será lon-ga e que um operador industrial, mais do eu um outro fundo, será o mais provável comprador. A venda poderia atrair o interesse de grupos ali-mentares como a Nestlé, a General Mills - que dis-tribui os produtos da marca Yoplait nos Estados Uni-dos – os escandinavos da Arla Foods ou grupos ali-mentares asiáticos. "Não há possibilidade de um fundo fazer uma melhor oferta do que um operador industrial", disse Michel Paris, o Chief Investment Officer (CIO) daquele fundo, num fórum de fundos de investimen-to organizado pela Reuters, em Paris. "Vai levar

bastante tempo. É vai ser longo", insistiu. A PAI Partners ainda não contratou um banco para a assistir na venda. A imprensa francesa informou que a Yoplait, fabricante da marca infantil Petits Filous, estará avaliada entre 1 e 1,2 mil milhões de euros. A PAI Partners também está a pensar vender a britânica United Biscuits por mais de 2 mil milhões de libras esterlinas. Michel Paris acrescentou que a feroz competição, entre fundos de investimento, pela aquisição de diversas empresas lhe fez lembrar a ‘bolha especu-lativa’ que antecedeu a crise financeira de 2008. "Voltamos ao reino da táctica. Tentamos ir mais rápido, assegurar a gestão", disse Paris, acrescen-tando, contudo, que os bancos tinham aprendido com as lições da crise e que agora se recusam a conceder "incríveis" volumes de crédito. "Não existe bolha especulativa sobre a dívida", acrescentou.

in Reuters

FRANÇA Luz verde para a aquisição da Entremont

Uma nova etapa na aquisição da Entremont Allian-ce pela Sodiaal foi ultrapassada. A Autoridade da Concorrência francesa deu luz verde a esta opera-ção, num parecer emitido a 2 de Setembro de 2010. Ela considera que "o poder de mercado da nova entidade será limitado no mercado de aprovi-sionamento de leite”, uma vez que os seus fornece-dores também são seus membros, o que "assegura um equilíbrio nas relações entre compradores e vendedores”. Além disso, "a operação não irá afectar a concor-rência nos mercados de venda de queijo", porque as sobreposições de actividade entre a Sodiaal e a Entremont são limitadas. A Autoridade observa que o único segmento em que a nova entidade possuirá uma parcela de mercado significativa será o do queijo raclette de vendido sob marca de distribui-dor”. Porém, "por causa do poder de compra da grande distribuição face aos fabricantes de marcas próprias, esta posição não é susceptível de afectar a concorrência." A Sodiaal ainda precisa de adoptar medidas suplementares antes de concluir definitivamente a aquisição. A cooperativa deve incluir a obtenção da aprovação das autoridades da concorrência da Itália e da Bélgica, devido à sua presença nesses mercados. De seguida, o projecto deverá ser apre-sentado aos representantes dos trabalhadores. Para além desses passos, há ainda a questão deli-cada da responsabilização pela dívida da Entre-mont (350 milhões de euros no final de 2009). Na Entremont, indica-se que o problema não está ain-

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para uma contribuição positiva de 43 milhões de euros este ano, graças às melhores vendas de ingredientes de maior valor acrescentado e maiores preços para produtos padrão. Apesar da recuperação no primeiro semestre, a FrieslandCampina disse que não pode fazer uma declaração definitiva sobre as expectativas para o conjunto do ano. A empresa explicou que a previ-são económica actual é demasiado incerta. "Pequenas flutuações na procura e na oferta a nível mundial podem ter importantes consequências para o desenvolvimento de preços dos produtos lácteos".

in Dairy Reporter/MilkPoint

REINO UNIDO Arla constrói fábrica para mil milhões de litros

Depois de haver anunciado que iria investir mais de 150 milhões de libras na construção da primeira fábrica que produzirá anualmente mil milhões de litros de leite líquido, a Arla Foods confirmou agora que tem garantido um local de 70 hectares em Aston Clinton, Aylesbury, no qual irá construir a que também será a primeira unidade láctea ‘carbono zero’. Durante a busca de locais, Aylesbury emergiu como o principal candidato por dar a melhor solução logística global para atender aos clientes da Arla, quando se considera a recolha do leite cru das explorações e a entrega do produto acabado para os retalhistas. Oferece também o melhor acesso a uma área densamente povoada. Quando foi anunciada a intenção de construir a nova instalação, em Novembro de 2009, Arla refe-riu que ela seria a "ambientalmente mais avançada do mundo" e confirma agora os seus planos para estabelecer a unidade como uma operação de car-bono zero. Ao longo da fase de projecto, o potencial impacto sobre o ambiente de cada elemento da unidade de lacticínios foi avaliada e utilizadas as melhores téc-nicas de construção disponíveis, as tecnologias de processo mais avançadas e de vanguarda e opor-tunidades de energia renovável serão utilizadas.

in FlexNews

REINO UNIDO Sector britânico com cálculo de pegada de carbono

Novas directrizes garantirão que as empresas pro-cessadoras de produtos lácteos do Reino Unido beneficiem de uma abordagem comum para calcu-lar a pegada de carbono em toda a cadeia de fornecimento. As directrizes foram desenvolvidas pelas associações Dairy UK e DairyCo, pela Car-

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da resolvido. Segundo o memorando de entendi-mento assinado no início de Junho entre os dois gru-pos, a Sodiaal deverá também pagar 25 milhões de euros à UNIFEM (principal accionista da empresa queijeira, detida pela holding de Albert Frère). As duas empresas esperam para concluir a transacção até ao final de Setembro.

in La France Agrícole

HOLANDA FrieslandCampina cresce cinco por cento

A cooperativa leiteira holandesa FrieslandCampina reportou um forte crescimento geral nos primeiros seis meses do ano, apesar do mais fraco desempe-nho na Europa. A facturação na primeira metade do ano aumentou 5,5 por cento frente ao mesmo perío-do em 2009, para 4,3 mil milhões de euros, apoia-da pelo forte crescimento no volume de negócios na Ásia e na África. "Particularmente na Ásia conseguimos ganhar com a recuperação económica e repassar os maiores pre-ços da matéria-prima através dos nossos preços de vendas", disse o director executivo da empresa, Cees 't Hart. A receita geral da divisão de Consu-mer Products International, que inclui Ásia, África e Médio Oriente, cresceu 15,9 por cento, para 1,1 mil milhões de euros. Ao mesmo tempo, nos mercados europeus mais tra-dicionais, a FrieslandCampina enfrentou uma forte concorrência e um fraco ambiente económico. As receitas de vendas da Consumer Products Europe caíram 2,3 por cento, para 1,1 mil milhões de euros. "O desenvolvimento das actividades junto dos con-sumidores na Europa, entretanto, é desapontador, onde tanto o crescimento na facturação como nos lucros estão sob pressão", disse Hart. Sobre as outras unidades, a de ingredientes cresceu 11 por cento, para 658 milhões de euros a de quei-jos e manteiga cresceu 2,1 por cento, para quase 1,1 mil milhões de euros. Com excepção da divisão de produtos ao consumi-dor da Europa, todas as divisões contribuíram para melhorar os dados de rentabilidade da Friesland-Campina. O resultado operacional no primeiro semestre duplicou, para 238 milhões de euros, com-parado com o mesmo período do ano anterior. As melhorias a nível operacional traduziram-se em maiores resultados líquidos, que aumentaram de 78 milhões no ano passado para 156 milhões de euros. A empresa disse que a contribuição da divisão de ingredientes foi particularmente positiva. Essa divi-são recuperou do desempenho operacional negati-vo de menos 45 milhões de euros no ano passado

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bon Trust e por importantes empresas lácteas. Essas directrizes aplicam a metodologia do docu-mento político que engloba toda a indústria. O PAS 2050 é o primeiro padrão internacional para empresas para medir a pegada de carbono de bens e serviços. A indústria láctea britânica recebeu um apoio de 500.000 libras esterlinas para ajudar as organiza-ções a reduzir suas emissões de carbono. A Carbon Trust uniu-se à Dairy UK para oferecer às empresas a possibilidade de investir em eficiência no uso de energia e tecnologia e maquinaria para reduzir as emissões de carbono. Os fabricantes de produtos lácteos que adoptam essas tecnologias podem reduzir significativamente o uso de energia e os custos operacionais, aumen-tando, dessa forma, a receita e potencialmente expandindo suas operações. "As empresas lácteas comprometeram-se a melhorar a sua eficiência energética no processamento de leite por muitos anos. Esse projecto representa a oportunidade de explorar novas tecnologias, que têm potencial para melhorar o desempenho da indústria nessa importante área", disse o represen-tante da Dairy UK, Fergus McReynolds. O financiamento faz parte do programa Acelera-dor de Eficiência de Energia Industrial de 15 milhões de libras esterlinas do Carbon Trust, que visa reduzir o uso de energia e as emissões de car-bono nas indústrias britânicas.

in Dairy Reporter/MilkPoint

BRASIL Concentração reforçada no sector lácteo brasileiro

Duas negociações actualmente em curso podem con-centrar ainda mais o sector lácteo brasileiro, num movimento comparável ao que já se verificou na fileira da carne de bovino. Se concretizadas, a fusão entre Leitbom e a Bom Gosto e a união de quatro grandes cooperativas leiteiras nacionais - entre elas a Itambé - levarão à criação de duas empresas com recolha de leite em níveis semelhan-tes aos de Nestlé e Brasil Foods, hoje as líderes nes-se indicador no mercado brasileiro. Serão então, segundo especialistas, quatro grandes empresas com recolha, cada uma, na casa dos dois mil milhões de litros de leite por ano. Isso significa que cada companhia recolherá dez por cento do mercado de leite formal do Brasil. Esse mercado é estimado em cerca de 20 mil milhões de litros por ano pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Bem distantes dessas "gigantes" no ran-king estarão as empresas de lacticínios de dimensão

média, com recolhas entre 300 milhões e 400 milhões de litros de leite por ano. As negociações entre a Bom Gosto e a GP Investi-mentos, controladora da Monticiano (dona da mar-ca Leitbom), começaram no fim do primeiro semes-tre, meses depois de a Monticiano formar consórcio com a Laep Investments, controladora da Parmalat. De acordo com fontes do sector, o BNDES também participa nas conversações entre a Leitbom e a Bom Gosto. O braço de participações do banco de fomento, o BNDESPar, tem hoje 34,6 por cento do capital da Bom Gosto. A empresa do Rio Grande do Sul cresceu nos últi-mos anos graças a aquisições, que tiveram o apoio do BNDES. O movimento agressivo fez o volume de negócios da Bom Gosto crescer, mas também pro-vocou um aumento de 133 por cento no endivida-mento financeiro líquido da empresa em 2009, para 347 milhões de reais. Mais longa tem sido a negociação entre as coope-rativas leiteiras brasileiras para uma fusão que criaria a maior central de lacticínios da América Latina. Há um ano, as mineiras Itambé, Minas Leite e Cemil, a Centroleite, de Goiás, e a Confepar, do Paraná, começaram a nego-ciar uma fusão. Em Agosto, a Cemil, que teria um peso pequeno na cooperativa resultante da fusão, retirou-se do projecto. Alguns obser-vadores mais cépticos consi-deram que a fusão das cen-trais é um objectivo difícil de ser alcançado, mas a maio-ria dos analistas do sector vê uma eventual união como positiva, pois fortalecerá as cooperativas leiteiras. Assim como noutros segmentos do sector agroali-mentar, o lácteo também sofreu os efeitos da crise internacional a partir do fim de 2008, o que preci-pitou um movimento de consolidação. Num sector com alta volatilidade de preços da matéria-prima e margens baixas, os lacticínios buscam com a con-solidação, economias de escala e maior poder de negociação com o retalho e distribuição e com os fornecedores. Analistas e fontes de indústrias acreditam que a consolidação no sector lácteo, observadas há anos noutros países, deve gerar uma maior disputa pelo leite no mercado e um maior equilíbrio nos preços de venda na distribuição, além de ampliar a profis-sionalização das empresas envolvidas.

in Valor Econômico/MilkPoint

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MANTER FUNDOS COMUNITÁRIOS É PRIORIDADE NEGOCIAL

O ministro da Agricultura, António Serrano, definiu como meta para as negociações do próximo quadro comunitário o apoio à pequena agricultura e garantir que Portugal não perde fundos para outros parceiros europeus. "Não vai ser tarefa fácil", admitiu o ministro, realçando que as negociações para os fundos comuni-tários a distribuir depois de 2013, no âmbito da PAC, terão mais países à volta da mesa. António Serrano reconhece que a "pressão é maior" e "o orçamento não vai crescer", pelo que o mesmo bolo negociado por 15 países para o Quadro de Referên-cia Estratégica Nacional (QREN), em vigor, terá agora de ser distribuído por 27. A Comissão Europeia distribuirá em Outubro pelos Estados-membros o documento que servirá de suporte às negociações durante as quais o ministro espera con-seguir convencer Bruxelas a manter a fatia correspon-dente a Portugal. “O que Portugal vai procurar é que, em termos relativos, não haja aqui uma perda e vai utilizar os seus argumentos fazendo valia daquilo que é a nossa diversidade e potencial de todo território, da importância que Portugal tem como contribuinte também no contexto da União Europeia para os valo-res rurais em toda a Europa”, disse. António Serrano, que falava em Mirandela, no distrito de Bragança, defendeu ainda que a pequena agricul-tura como a que é praticada nesta região “tem de continuar a ser muito apoiada". “Temos hoje já, neste quadro comunitário, muitos instrumentos de apoio à pequena agricultura e eu gostaria muito que eles con-tinuassem a ser reforçados”, afirmou. O ministro realçou que “esta agricultura tem de ter futuro, é necessária para o país e ela tem de ser apoiada e é essa batalha que temos de travar no quadro da União Europeia”, declarou. “Precisamos de uma agricultura apoiada e principalmente nestes terri-tórios”, acrescentou, atribuindo aos agricultores um papel determinante na preservação da paisagem. “Sem eles no território nós temos problemas acrescidos de abandono e também naquilo que temos vivido no presente Verão”, afirmou, referindo-se aos incêndios florestais.

in Agência Lusa

AGRICULTURA COM POTENCIAL DE INTERNACIONALIZAÇÃO

O ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas considerou que existem em Portugal muito

agricultores com potencial para se internacionali-zarem, por isso quer criar uma unidade para promover a internacionalização setorial. "O setor da agricultura esteve sempre arredado da inter-nacionalização", disse António Serrano, acrescen-tando que, no entanto, "existem muitos agriculto-res com potencial para se internacionalizarem". Lembrou ainda que o sector agro-florestal e pescas tem um peso de 13 por cento nas expor-tações, "por isso não pode estar à margem da internacionalização". O ministro falou aos jornalistas após uma reunião com a Comissão de Aconselhamento da Agricul-tura e Desenvolvimento Rural (CAADR), com a qual discutiu um relatório sobre a promoção da internacionalização das empresas agrícolas e agro-industrias, florestais e das pescas. Para ajudar a promover a internacionalização do sector agrícola, vai ser criada no Ministério da Agricultura uma unidade que vai colaborar com o Turismo de Portugal e com a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Por-tugal. Segundo o ministro, esta unidade vai aju-dar a promover os produtos que têm potencial como exportadores e vai informar os agriculto-res sobre os instrumentos de financiamento à internacionalização, públicos e comunitários. O relatório discutido sugere um apoio institucio-nal a projectos com relevância sectorial que dinamizem uma estratégia concertada de comu-nicação e imagem nos mercados externos.

in SIC Online

PAGAMENTO DE AJUDAS 2010 ATÉ FINAL DO ANO

O ministro da Agricultura, António Serrano, anun-ciou em Penafiel que as ajudas directas aos ren-dimentos dos agricultores cujas candidaturas foram apresentadas até 31 de Maio vão ser pagar até ao final do ano. "Na campanha de 2010, nas candidaturas apre-sentadas até 31 de Maio, queremos garantir o pagamento integral de todas as situações regu-lares até ao final do ano. É para isso que esta-mos a trabalhar. Ponho a cabeça nesse cepo. É esse o meu objectivo", afirmou o ministro. António Serrano falava em Penafiel onde parti-cipou num debate no âmbito da Agrival. O ministro lembrou que quando chegou ao executi-vo havia nas ajudas directas dois anos de atra-

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so. "Não havia controlos que permitissem cumprir as obrigações que Bruxelas nos impõe para pagarmos a totalidade das ajudas, afirmou, vincando que "quem está no terreno sabe bem aquilo que tínha-mos e o que temos hoje". António Serrano explicou que nos quase dez meses de trabalho procurou "de forma muito tranquila garantir que 2008 e 2009, em termos de controlos, fossem executados no primeiro semestre de 2010". Segundo garantiu, foi possível até hoje "regularizar todas as situações que não oferecem dúvidas e que tecnicamente estão em condições de pagar". Lembrou também que no âmbito dos apoios ao investimento previstos no Proder (Programa de Desenvolvimento Rural) quando chegou ao Governo havia apenas 10,5% de execução e 1,5% na com-ponente de apoio ao investimento. "Hoje temos uma execução a rondar, na totalidade do Proder, os 24 por cento e a meta de 30% está afixada até ao final do ano. É assumida por mim. No Eixo 1, que é importante para as empresas, onde estávamos com 1,5% há nove meses, estamos agora com 13 % e a meta para o final do ano é 20%", prometeu aos agricultores e representantes de organizações do sector que o ouviam. "Há um esforço de recuperação enorme que se deu em nove meses", reafirmou. António Serrano disse também que "a pressão política que é colocada sobre estes dossiês ajuda toda a máquina do Esta-do e reforça a sua acção". "Recebo com muita gra-tidão os apelos para a necessidade de melhorar, porque é para isso que eu trabalho diariamente", observou. O ministro exortou também todo o sector para que concentre energia na melhoria da sua organização. "Isso significa um reforço da profissionalização, aumento de dimensão das entidades no terreno, associativas e empresariais, para se projectarem no mercado internacional", exemplificou.

in Jornal de Notícias

PEQUENO NEGÓCIO DEIXA DE EXIGIR LICENÇA PRÉVIA

As licenças são substituídas por um registo electróni-co e o negócio pode avançar no dia seguinte. Para compensar, as multas por incumprimento agravam-se. A abertura da generalidade dos pequenos negócios vai deixar de estar sujeita a licenciamento prévio e a única formalidade que passará a ter de ser cumprida é o registo num formulário electrónico, com a actividade a poder ter início no dia seguinte. Esta ideia do Governo, com a designação de "Licenciamento Zero", foi aprovada em Conselho de Ministros e segue agora para a Assembleia da

República para a obtenção de uma autorização legislativa. Se tudo correr com celeridade, o sistema deverá começar a funcionar no primeiro semestre do próximo ano.

A medida destina-se à generali-dade do c omé r c i o (a retalho e por gros-so, incluin-do super-mercados e hiper-

mercados até 2000 metros quadrados), restauran-tes, serviços e armazéns, para os quais será obriga-tório, mas também poderá ser utilizado para a abertura de estabelecimentos com um regime espe-cial de instalação, como as livrarias, ou com um regime mais exigente, como os bancos e farmácias, se o seu promotor assim o desejar. Os empresários que queiram iniciar uma destas actividades, ou que queiram proceder à alteração de estabelecimentos existentes, terão apenas de fazer uma comunicação prévia num balcão único electrónico, que estará acessível no Portal da Empresa na Internet, e pagar as taxas respectivas, por via electrónica. Mas não é obrigatório que o façam on-line. Poderão dirigir-se também às Lojas da Empresa existentes em vários distritos, aos bal-cões que existirão em todos os municípios ou a outros balcões públicos ou privados que pretendam funcionar como facilitadores. A informação aí prestada ficará disponível para consulta pelas entidades responsáveis pela fiscali-zação do cumprimento das obrigações legais. A utilização do domínio público das autarquias (por exemplo, toldos, vitrinas, esplanadas) também dei-xa de necessitar de licenciamento e passa a ser registado por este processo, mas continua a ter de respeitar os critérios previamente definidos pelos municípios, que terão de estar disponíveis para con-sulta na Internet onde se faz a comunicação prévia. A ideia do Licenciamento Zero remonta ao Simplex de 2007, onde se previa a aplicação apenas a estabelecimentos de restauração e bebidas. Como a secretária de Estado notou ontem, foi um processo complexo e moroso. Reapareceu no Simplex de 2009, para permitir "o acesso às formalidades necessárias ao exercício de uma actividade de ser-viços, em cumprimento das obrigações decorrentes da Directiva de Serviços".

in Público

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CENTROMARCA COM SEGUNDA VAGA DAS “MARCAS ORIGINAIS”

A Centromarca, Associação Portuguesa de Empresas de Produtos de Marca, iniciou ontem a segunda vaga da campanha das marcas em Portugal. O objectivo desta campanha, que já esteve no ar entre Janeiro e Março, é sensibilizar os consumido-res para a importância das Marcas Originais nas suas vidas, focada na ideia de que “são as Marcas Originais as especialistas nos produtos que desen-volvem” e “são as Marcas Originais que Investem, Investigam e Inovam a pensar no consumidor”. “O trabalho de sensibilização dos consumidores portugueses terá de ser contínuo, porque é o consu-midor quem decide pelos valores das Marcas Origi-nais e os benefícios que trazem: . É com este objecti-vo que retomamos esta Campanha, depois dos excelentes resultados obtidos na primeira vez”, sub-linha Beatriz Imperatori, da Centromarca. A campa-nha “Marcas Originais” vai estar no ar durante na televisão e na imprensa escrita.

in HiperSuper

FRANÇA E ALEMANHA DESEJAM REGULAÇÃO FORTE

A França e a Alemanha pronunciaram-se, esta semana, por uma PAC forte, para além de 2013, com o recurso a instrumentos de regulação dos mer-cados, uma posição comum que deverá servir de base às discussões comunitárias sobre este tema. No momento em que a Comissão Europeia desenvol-ve os documentos sobre o futuro da política agrícola comum (PAC) no pós 2013, Paris e Berlim, os dois primeiros beneficiários dos fundos da PAC, colocam numa posição de defesa dos mecanismos existentes e de advogados de um “quadro de regulação”. Esse quadro deverá compreender, “entre outros, os pagamentos directos às explorações, instrumentos de mercado modernos que funcionem como uma rede de segurança, organizações de produtores”, de acordo com a declaração comum divulgada após o encontro, em Berlim, dos ministros da Agricul-tura dos dois países, Bruno Le Maire e Ilse Aigner. “É necessário dispor de recursos à altura das nossas ambições”, afirmam os dois governantes. O orça-mento da PAC representa 40% do budget comuni-tário, e um certo número de Estados-membro são favoráveis a uma redução daquela percentagem, nomeadamente ao nível das subvenções atribuídas aos agricultores. Mas para a França e a Alemanha, os pagamentos aos produtores “devem continuar a desempenhar um papel central no futuro”. Neste aspecto crucial, os dois países opõem-se à ideia avançada por

diversos Estados-membro do Leste Europeu, de uma taxa de repartição única das ajudas como forma de reformar a actual chave de repartição baseada nos níveis históricos de produção. “Uma taxa única para tnão tem qualquer justificação e não corres-ponde às condições económicas no seio da UE”. No seio dos membros mais recentes da União Euro-peia, alguns, como por exemplo a Polónia, conside-ram-se lesados pelos critérios actuais de repartição e apela a uma maior equidade. Um modelo de taxa única (‘flat rate’) preveria um pagamento for-fatário por hectare cultivado ou por cabeça. Para Paris e Berlim, “a simplificação da PAC deve ser uma prioridade”. A posição comum evoca, nomeadamente, a questão dos controlos que “não devem impor aos agricultores um fardo inútil”. O objectivo de proteger o sector primário pode também ser encontrado nas propostas que visam estabelecer “uma rede de segurança destinada a proteger o sector agrícola dos efeitos de crises maiores na Europa”. O texto propõe, com esse fim, a introdução de uma “cláusula de medidas excep-cionais” para fazer face de um lado aos constran-gimentos do mercado e do outro aos constrangi-mentos de origem sanitária. Incluem-se também na lista de medidas desejadas, um reforço do “poder de negociação” dos produto-res, bem como a introdução de “seguros” ou “fundos mutualizados” destinados a “estabilizar os rendi-mentos dos produtores agrícolas” a nível nacional.

in Agrisalon

SARKOZY PEDE MAIS REGULAÇÃO NOS MERCADOS

A França enviou uma carta à Comissão Europeia a pedir que tome uma iniciativa para melhorar a regulação dos mercados financeiros de matérias primas, umas das prioridades de Paris para a sua presidência do G20, anunciou o governo fran-cês.Numa carta conjunta, os ministros da Economia, Christine Lagarde, da Energia, Louis Borloo, e da Agricultura, Bruno Le Maire, afirmaram que a legis-lação em vigor é «insuficiente». De acordo com os governantes, é «desejável une iniciativa europeia que estabeleça os princípios comuns de regulação de todos os derivados de matérias-primas e similares». A iniciativa surgirá, de acordo com os ministros que escreveram a carta, assim que o comissário europeu do Mercado Interno e destinatário da carta, Michel Barnier, apresentar as suas propostas gerais de regulação dos mercados.

in Agência Lusa

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APROVADA AUDIÇÃO À ADC

A comissão parlamentar de Assuntos Económicos aprovou por unanimidade, por proposta do PS, a audição do presidente da Autoridade da Concor-rência sobre o “agravamento das dificuldades” de negociação entre produtores e as cadeias de super-mercados. “Os produtores nacionais é que pagam quase exclusivamente o aumento dos custos que deveriam ser amortecidos ao longo de toda a cadeia de abastecimento alimentar, sendo necessário aumen-tar a vigilância sobre as relações contratuais entre distribuição e produção”, explicou o deputado socialista Miguel Freitas. Ainda segundo o deputado, importa ouvir a Autori-dade da Concorrência sobre as relações entre as cadeias de supermercado, produtores agrícolas e indústria agro-alimentar, dado que nos últimos meses se tem vindo a verificar um “agravamento das dificuldades de negociação de muitos agentes económicos junto da distribuição”. “O PS quer saber se há praticas de mercado abusi-vas ou posições dominantes por parte das empresas de distribuição em alguns segmentos de mercado e se isso se reflecte em prejuízo dos produtores e da indústria nacional”, acrescentou. Por proposta do PSD, a comissão de Assuntos Econó-micos aprovou também hoje outra audição do presi-dente da AdC, para que Manuel Sebastião vá ao Parlamento explicar “o porquê de haver condições” para a Galp baixar os preços dos combustíveis na sua rede de baixo preço.

in Agência Lusa

DISTRIBUIÇÃO DEVE DAR PRIORIDADE AOS PRODUTOS NACIONAIS

O ministro da Agricultura apelou às cadeias de dis-tribuição para que dêem prioridade à compra de produtos agrícolas portugueses. Na inauguração da Feira Nacional da Cebola, que decorreu em Rio Maior, António Serrano frisou ser necessário “melhorar as relações entre as estruturas de distri-buição e os agricultores”, afirmando ainda que “a distribuição tem que dar prioridade à produção nacional e proteger o nosso agricultor na formação de preços mais justos”. Considerando o sector como “o mais importante do país”, o ministro afirmou que nos últimos anos, “a agricultura portuguesa tem perdido fulgor, fruto de políticas europeias diversas e contraditórias”. “Hoje

não temos os 20 a 30% da população activa na agricultura. Serão cerca de 7%. Mas temos uma agricultura moderna, com gente nova e agricultores inovadores”, sublinhou António Serrano. O ministro da Agricultura disse ainda que “é neces-sário valorizar a actividade do agricultor que tan-tas vezes é socialmente desvalorizada” e apelou aos consumidores portugueses para que “quando forem comprar produtos agrícolas escolham produ-ção nacional. Assim estaremos a ajudar directamen-te a nossa agricultura porque esta tarefa de recu-peração do sector não é apenas uma missão do Governo e de um ministro, é uma tarefa de toda a sociedade”. António Serrano reafirmou “o compro-misso do Governo em ajudar a reforçar a capaci-dade de organização dos agricultores”, frisando que “o sector tem novas exigências” e que “quanto melhor organizados estiverem os agricultores mais capacidade terão para negociar melhores preços”.

in Agência Lusa

AUMENTAM PROCESSOS DE VENDAS COM PREJUÍZO

O número de processos instruídos pela Autoridade da Concorrência (AdC) a operadores da distribui-ção por venderem produtos com prejuízo atingiu em 2009 o valor mais alto dos últimos cinco anos. E, por terem colocado nas prateleiras bens com preços inferiores ao custo, os comerciantes desembolsaram dois milhões de euros em multas entre 2007 e 2009. De acordo com dados fornecidos pela AdC, no ano passado foram instruídos 54 processos que chega-ram às mãos do regulador depois de investigados pela Autoridade de Segurança Alimentar e Econó-mica (ASAE). É o valor mais elevado desde 2005, altura em que se registaram 87 casos. O ano passado houve ainda 27 "decisões condena-tórias", mas o número não corresponde aos proces-sos instruídos neste período. No acumulado, entre 2005 e 2009, registaram-se 221 práticas deste género, consideradas ilícitas por lei. A maioria (198) incidiu sobre produtos agro-alimentares. Pressionadas pela crise e pelo consumidor a garan-tir o preço mais baixo do mercado, as cadeias de distribuição manejam a fixação de preços de forma cada vez mais sofisticada. Se para os hipers e supermercados a estratégia é vital, para os forne-cedores dá azo a "concorrência desleal". A Associação Nacional dos Industriais do Arroz (ANIA) foi uma das entidades que, em Junho de

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DISTRIBUIÇÃO

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2009, fizeram chegar à ASAE uma queixa contra os maiores operadores por venderem com prejuízo. "O ano passado foi dramático. Conseguimos comprovar que o arroz vendido na categoria de primeiro pre-ço [produto de preço inferior ao da marca da dis-tribuição e cuja qualidade obedece aos requisitos mínimos legais] estava a ser vendido por 39 e 40 cêntimos, quando o preço pago ao industrial era de 60 cêntimos", diz Pedro Monteiro, da ANIA. O produto foi comprado pela cadeia de distribui-ção ao fornecedor a um preço mais elevado do que o que depois surge na prateleira. Aparentemente, as consequências são poucas para o produtor, mas associações como a Centromarca ou a ANIL lem-bram que esta prática aumenta ainda mais a pres-são para baixar os preços, esmagando as margens. Tendo em conta a concentração no sector, a prática de venda com prejuízo "reflecte-se em termos de negociação directa nos próximos acordos de forne-cimento", lembra Pedro Pimentel, secretário-geral da ANIL. Os fabricantes vêem-se, assim, obrigados a seguir a redução de preço. Para além disso, diz por seu lado Pedro Monteiro, ao mesmo tempo que diminuem o valor dos produ-tos de primeiro preço, as cadeias de retalho alimen-tar aumentam os da marca de fabricante (Cigala ou Saludães, por exemplo), afastando consumidores. Beatriz Imperatori, secretária-geral da Centromar-ca, é peremptória: "Na prática estamos a subsidiar com preços mais altos as marcas de outros. Não é nem leal, nem legal." Se o preço aumenta, continua, o cliente tende a alterar o padrão de consumo. "A distribuição é cliente e concorrente ao mesmo tempo e altera o preço das marcas dos seus fornecedores e dos seus produtos", sustenta. No caso do arroz, a venda abaixo do preço de custo tem tido como con-sequência o encerramento de empresas, garante Pedro Monteiro. Contudo, a interpretação da Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição (APED) é diferente. O aumento de processos o ano passado dever-se-á mais "à dinâmica da AdC ou a um aumento de eventuais denúncias" do que à crise e à redução de preços, diz António Rousseau, secretário-geral da APED. "Já houve processos instruídos com base na figura de venda a prejuízo onde as empresas estavam a ganhar dinheiro", aponta. Há vários anos que a APED contesta a existência de uma lei específica e defende a liberalização da formação dos preços. "A actual Lei da Concorrência já contempla e previ-ne estas situações", defende.

in Público

CAMPANHA DO CARREFOUR COM POLÉMICA

A mais recente campanha do Carrefour em Espanha está envolta em polémica. Alguns dos principais for-necedores da retalhista sentem-se prejudicados com a nova campanha às marcas próprias do formato seu mais económico – Carrefour Discount. Os queixosos, através da associação Promarca, fizeram queixa da retalhista à Autocontrol (Associação para a Autoregulação da Comunicação Comercial) e solicitaram a retirada do ar de uma série de quatro anúncios, antes de recorrer a uma queixa oficial, refere o site Cotizalia. A reclamação teve luz verde da Autocontrol que instou o anunciante a retirar os anúncios por enten-der que incorrem em infracções do Código de Con-duta. De acordo com a associação, a campanha faz com-parações implícitas que denigrem a imagem e o bom nome de terceiros. Por exemplo, no caso do azeite, os denunciantes entendem que as mensagens põem em cheque marcas como La Española, Carbo-nell, Borges e Buitoni. Além disso, o Carrefour faz referência às diferen-ças de preço sem distinguir produtos em concreto dando a entender que partilham as mesmas carac-terísticas e atributos.

in HiperSuper LECLERC CONDENADO POR PRÁTICAS ABUSIVAS

Uma dos maiores grupos de distribuição franceses, a E. Leclerc – também presente em Portugal – foi condenada, em 23 milhões de euros, pelos tribunais por práticas abusivas em relação aos fornecedores. A E.Leclerc é considerada uma das cadeias mais importantes de hipermercados e supermercados de França, e foi condenada a pagar 23 milhões de euros por práticas abusivas com os seus fornecedo-res. Esse valor já havia sido comunicado publica-mente na sequência da da condenação em Tribunal em Novembro passado e que representa as mar-gens recebidas indevidamente de apenas 28 forne-cedores entre 1999 e 2001. A E.Leclerc já entregou aquele montante ao erério público que terá agora que distribuí-lo entre os 28 fornecedores a ressarcir, na sequência da prévia reclamação por parte de cada um deles. Se um for-necedor não reclamar o dinheiro por não querer enfrentar um grande da distribuição, esse dinheiro não reclamado será devolvido à E.Leclerc. Os 28 fornecedores envolvidos pertencem funda-mentalmente ao sector da alimentação.

in Agrodigital

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FABRICANTES POSICIONAM-SE CONTRA MARCA BRANCA

Os fabricantes com marca própria do sector agro-alimentar depositam as suas últimas esperanças nos Ministérios da Agricultura e da Indústria. A eles recorrem para tentar alcançar uma alteração regu-lamentar que equilibre a ‘luta’ que mantêm com as grandes cadeias de distribuição que possuem mar-cas brancas. Depois do último revés gerado por uma recente sentença da Comisión Nacional de Competencia (CNC), os grandes grupos industriais estão a tratar de fazer chegar ao Governo de Madrid a necessidade de aplicar novos códigos de conduta na cadeia de negócios que eliminem a posição de abuso que os distribuidores actualmente gozam. Uma das frentes está a ser encabeçada pela Pro-Marca [a congénere espanhola da portuguesa Cen-troMarca], associação empresarial que aglutina os principais fabricantes das marcas líderes no sector do grande consumo. Do lado deste lobby, presidido por Ignacio Larra-coechea, uma parte da indústria pretende que se considere os produtos de marca branca como con-correntes e, como tal, que sejam afectados pelas leis da concorrência que se aplicam a empresas do mesmo nível do processo produtivo (abordagem horizontal) e não pelas que se aplicam a empresas que participam a empresas de níveis distintos da cadeia (abordagem vertical), apesar de possuírem a dupla condição de distribuidores e produtores. A este respeito, o novo regulamento sobre restrições verticais aprovado em Bruxelas, e que deveria afectar distribuidores como o Carrefour, Lidl, Eorski, Día ou Mercadona, que possuem uma elevada par-cela de sortido próprio, não supôs nenhuma altera-ção relevante para essas cadeias. Por esse motivo, do lado da ProMarca está a tentar impulsionar-se a criação de um supervisor indepen-dente para o sector da distribuição agro-alimentar, o qual seria dotado de funções de regulação equi-valentes às que em Espanha existem para os secto-res das telecomunicações ou da energia. No fundo, a abordagem política que os fabricantes estão a levar a cabo corresponde à perda de quo-ta de mercado que estão a sofrer face aos produ-tos com marca de distribuidor, situação que se agravou significativamente nos dois últimos anos, quando a marca branca, geralmente mais barata, ocupou a preferência dos consumidores na hora de

completar a sua cesta básica de compras. O argu-mento base esgrimido ante os dois Ministérios – Agricultura e Economia – é que as grandes cadeias de distribuição condicionam o posicionamento nos lineares, fixam preços de venda e, para além disso, competem através dos seus próprios produtos. “Está a ser criada uma tendência que aponta para a constituição de um duopólio”, assinala um dos impulsionadores desta ofensiva. “Finalmente, vai provocar a existência de uma marca líder e de uma marca do distribuidor, deixando fora do circuito as segunda, terceira e restantes marcas”. Como repetem frequentemente, os fabricantes afec-tados pelo poder dos distribuidores, através de qualquer dos seus formatos (Hipers, Supermercados ou Lojas de Desconto) consideram que a exclusão de referências dos lineares condiciona e dirige as opções do consumidor, “que em cerca de 70 por cento das ocasiões, compra aquilo de que precisa, esteja ou não presente a marca que procura”. No entanto, no que à jurisprudência se refere, os fabricantes vão somando decisões negativas em relação às suas pretensões. A mais recente, da CNC [a autoridade da concorrência do país vizinho], refere-se a uma denúncia da organização agrária UPA contra os distribuidores Alcampo, Carrefour, Eroski, Mercadona, Gadisa e Froiz, quer eram acu-sados de abuso de posição dominante ao estabele-cer margens comerciais mais elevadas para as mar-cas de fabricantes do que para as suas próprias marcas. Pelo contrário, o organismo presidido por Luis

Berenguer descarta que exista concertação ou abuso de posi-ção dominante, ao mesmo tem-

po que considera positiva a multiplicação das mar-cas brancas pelo seu impacto ao nível da concor-rência. A esse respeito, a União Europeia aprovou no pas-sado mês de Abril o diploma legal que regula os acordos verticais e a limitação da concorrência, diploma que, do ponto de vista dos fabricantes, é pouco contundente. Entre os aspectos mais destacados, a Comissão con-sidera que para que a uma empresa se possa apli-car aquela dupla condição, deverá a mesma pos-suir uma quota de mercado no sector da distribui-ção superior a 30 por cento, percentagem que em Espanha não é alcançada por nenhuma das empre-sas presentes no mercado, sendo que para além disso é necessário demonstrar que o acordo vertical não beneficia nem o fornecedor nem o distribuidor.

in Cotizalia

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SAÍDA DE 1.700 T DE LEITE EM PÓ DA INTERVENÇÃO O Comité de Gestão da União Europeia - formado por especialistas dos 27 – acordou na sua reunião da pasada semana em deixar sair 1.700 toneladas de leite em pó desnatado dos armazéns da inter-venção, tendo, em simultâneo, rejeitado todas as ofertas apresentadas para a compra de manteiga, informaram fontes comunitárias. Desta forma, o Comité acordou situar o preço míni-mo de venda do leite em pó desnatado em 2.110 euros/tonelada, o que compara com o preço médio na UE para leite em pó destinado à alimentação animal, que se situa nos 2.098 euros/tonelada. As ofertas para a comercialização da manteiga foram rejeitadas, segundo aquelas fontes, porque os preços propostos (entre 3.400 e 3.510 euros por toneladas) se situavam abaixo do preço médio na União Europeia para esse produto, situado em 3.560 euros/tonelada. Para o próximo concurso – a realizar dentro de duas semanas - os volumes disponíveis que restam nos armazéns da intervenção ascendem a 1.545 toneladas de manteiga e 77.854 toneladas de leite em pó desnatado.

in Agência Éfe PREÇOS CONTINUARAM A SUBIR EM JULHO

Continua a tendência de subida dos preços do leite na União Europeia. O preço médio comunitário do leite, em Julho, subiu 0,0155 euros/kg em compara-ção com Junho. Desde Abril, o preço tem vindo a apresentar incrementos todos os meses, sendo a subida acumulada nesse período de 0,0446 euros/kg. Desde o início do ano, as subidas e descidas acumuladas chegaram a 0,0403 euros/kg. O preço do leite na UE em Julho chegou aos 0,3178 euros/kg, que alé de mais elevado que o do mês anterior, é também mais elevado do que o de Julho do ano passado em 0,0307 euros/kg, de acordo com informações fornecidas pela organização holandesa LTO. Estes preços são calculados como uma média dos pagamentos de dezassete das mais importantes empresas lácteas que operam na recolha de leite da União Europeia. O preço refere-se a um leite com os seguintes parâmetros normalizados: 4,2 por cento de gordura, 3,4 por cento de proteína, menos de 25 mil bactérias, menos de 250 mil células e entregas anuais de 500.000 kg. Nos Estados Unidos, pelo contrário, o preço desceu

em Julho, interrompendo a tendência de subida que se verificava desde o início de Abril. A quebra face a Junho foi de 0,009 euros/kg, enquanto a subida acumulada entre Abril e Julho havia atingido os 0,0441 euros/kg. Desde o início do ano, as subidas e descidas acumuladas chegaram a 0,0157 euros/kg. O preço do leite classe III em Julho de 2010 situou-se 0,2697 euros/kg. Em relação ao preço do leite de há um ano atrás, o preço de Julho de 2010 é 0,0274 euros/kg superior ao de Julho de 2009. Também na Nova Zelândia o preço desceu no mês de Julho. Em relação ao mês anterior, baixou em 0,0082 euros/kg (depois da subida de 0,031 euros/kg de Junho), alcançando os 0,2932 euros/kg. Desde o início do ano, o preço aumentou em 0,0671 euros/kg. O preço de Julho deste ano é, para além disso, 0,051 euros/kg superior ao do mês homólogo de 2009.

in Agrodigital JULHO COM PREÇOS DOS MAIS ALTOS DA DÉCADA

O preço médio do leite pago em Julho ascendeu a 0,3178 euros/kg de leite standard, valor 0,0622 euros mais elevada que a de Julho do ano passado (mais 24,3 por cento), momento em que os preços do leite chegaram a limiares mínimos. O preço em Julho foi maior que o de Junho em resultado de ajustamentos sazonais de acordo com a habitual análise desenvolvida pela European Dairy Farmers. O preço médio do leite registado em Julho apenas foi superado pelo de 2001 e de 2008. A holandesa FrieslandCampina desceu em Julho os preços da matéria gorda e da proteína, o que suporia uma quebra no preço de 0,005 euros/kg. No entanto, essa descida foi mais do que compen-sada com o expirar da aplicação da penalização de verão (de 0,023 euros/kg) Em Agosto, com o início da aplicação do bónus de inverno, o preço deverá aumentar para 0,3554 euros/kg. A tam-bém holandesa DOC Kaas não alterou os seus pre-ços em Julho, mas em Agosto deverá incrementá-los em 0,01 euros/kg. Por seu lado, a belga Milcobel não mexeu nos seus preços em Julho. As alemãs Alois Müller, Nordmilch e Humana Milchu-nion aumentaram os seus preços base em Julho. A primeira em 0,5 cêntimos, para os 0,305 euros/kg e as restantes duas em um cêntimo para os 0,30 euros/kg. A sueco-dinamarquesa Arla aumentou o preço em um cêntimo em função de mexidas nos preços da gordura e da proteína, repetindo o

SITUAÇÃO DO MERCADO

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movimento que havia efectuado em Junho. A finlandesa Hämeenlinnan Osuusmeijeri aumentou o preço em Julho. Não obstante, é a única industria do conjunto das que forma analisadas que regista um preço naquele mês inferior ao do mês homólogo de 2009. A justificação pode derivar dos problemas que o sector lácteo finlandês tem encontrado nas suas exportações para o mercado russo e no acres-cer de concorrência provocado pelo crescimento das importações no seu mercado doméstico. Em França, as indústrias aumentaram o preço por ajustamentos sazonais. A interprofissão láctea CNIEL conseguiu um novo acordo de preços em meados do passado mês de Agosto que vai supor um incremen-to do preço em cerca de 10 por cento durante o último trimestre do corrente ano. As irlandesas Glanbia e Kerry não variaram os seus preços em Julho, a exemplo do que já havia sucedi-do em Junho. As britânicas Dairy Crest e First Milk subiram o preço em 0,009 e 0,003 euros/kg. Além disso, o preço do leite sofreu incrementos derivados da sazonalidade. A First Milk incrementará os seus preços em Agosto e Setembro em 0,0078 e 0,003 euros/kg. A italiana Granarolo todavia não fixou o preço do leite para o terceiro trimestre do ano, pelo que o preço em Julho permanece provisoria-mente invariável.

in Agrodigital

MERCADO FIRME REFLECTE-SE NO LEILÃO DA FONTERRA

A firmeza do mercado mundial de lácteos reflectiu-se nos preços no último leilão da Fonterra, realizado na semana passada através da plataforma de ven-das online, globalDairyTrade. O segundo leilão do mês registou uma ligeira subida de 1,9 por cento para todos os produtos comercializados face ao leilão de 1 de Setembro. É o primeiro mês em que se realizam dois leilões e em ambos foram comer-cializadas quantidades expressivas. Segundo o ASB Commodities Weekly (NZ), publica-do no CME's Daily Dairy Report, "o forte consumo da China, aliada a importações crescentes e mais elevados do que o normal da Rússia, significam que a procura global por ingredientes lácteos deve manter pressão sobre os preços - apesar do aumen-to da oferta". O preço médio alcançado para todos os produtos e períodos contratuais para o leite em pó inteiro (WMP) foi de 3.602 dólares por tonelada, posto na Nova Zelândia (antes do embarque). Este valor representou um ligeiro incremento de 1,4 por cento em relação ao leilão anterior. Os preços médios variaram de 3.566 e 3.655 dólares por tonelada.

A média dos valores dos contratos para o primeiro período - Novembro de 2010 - foi de 3.649 dóla-res por tonelada, apresentando-se estável (mais 0,1 por cento) em relação ao último leilão. Para o segundo período - Dezembro de 2010 a Fevereiro de 2011 -, os contratos foram negociados a 3.568 dólares por tonelada, em média, uma subida de 3,3 por cento. Os contratos para o terceiro período - Março a Maio de 2011 - foram fechados a um preço médio de 3.566 dólares por tonelada (1,5 por cento inferior em relação ao leilão de 1 de Setembro). Foram negociadas novamente 18,5 mil toneladas de leite em pó inteiro da Nova Zelândia e 500 toneladas da Austrália (volume apenas para o primeiro período contratual). O preço médio dos contratos de leite em pó desna-tado (SMP) foi de 3.229 dólares por tonelada, apresentando uma ligeira subida de 1 por cento em relação ao leilão anterior. A média dos valores dos contratos para o primeiro período foi de 3.163 dólares por tonelada, praticamente estável (mais 0,7 por cento) em relação ao leilão anterior. Para o segundo período os contratos foram negociados a 3.204 dólares por tonelada, em média, também praticamente estável (menos 0,1 por cento) face ao leilão de 1 de Setembro. Para o terceiro período, os contratos apresentaram uma variação positiva de 5,6 por cento, negociados em média a 3.556 dólares por tonelada. No total, foram negociadas 6.350 toneladas de leite em pó desnatado (apenas volume da Nova Zelândia).

in MilkPoint/globalDairyTrade/CME Group

ARREFECE MERCADO DOS PRODUTOS LÁCTEOS INDUSTRIAIS

O mercado dos produtos lácteos industriais da União Europeia encontra-se na atitude de esperar e ver como os preços evoluirão. A oferta de manteiga permanece ajustada e os preços parecem consoli-dados aos níveis actuais, contudo, as 25.000 tone-ladas que agora estão a chegar ao mercado pro-cedentes da intervenção podem exercer pressão sobre os preços, segundo as estimativas da Euro-pean Dairy Farmers. Os preços da nata mantêm-se em bom nível. Os precios do leite em pó são mais vulneráveis, sendo muito mais dependentes das exportações. Os pre-ços desceram um pouco, se bem que não se tenham verificado saídas de leite em pó desnatado dos armazéns da intervenção. No mercado internacional, os operadores também se encontram numa posição de expectativa à espe-ra de ver se os altos preços actuais se mantêm ou não, pelo que estão a adiar as suas compras. Para

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além disso, o último leilão da Global Dairy Trade da Fonterra, que serve de indicador para a evolu-ção dos preços dos produtos industriais no mercado mundial, aponta para menores preços no último tri-mestre deste ano. o que se refere às entregas de leite na União Euro-peia, os dados acumulados dos cinco primeiros meses de 2010 mostram uma descida – para o con-junto dos Estados-membro - de aproximadamente 0,5 por cento em relação ao ano anterior.

in Agrodigital

BRUXELAS PREVÊ NOVO AUMENTO NO PREÇO DO LEITE

A Comissão Europeia prevê um aumento no preço médio do leite na origem recebido pelos produtores europeus, bem como um aumento das entregas num contexto marcado por uma crescente procura inter-nacional e pela consolidação das exportações da União Europeia.De acordo com dados apresentados pela Comissão na última reunião do Comité de Ges-tão, desde o início de 2010, a União Europeia tem vindo a aumentar as suas exportações totais de lei-te e produtos lácteos reforçando a sua presença nos mercados internacionais, refere uma nota do Minis-terio de Medio Ambiente y Medio Rural y Marino. (MARM) espanhol Assim, a UE mantém uma "liderança incontestável" em queijos e quase duplicou as exportações de leite em pó desnatado, enquanto os Estados Unidos estão a recuperar a sua quota de mercado em queijos, manteiga e leite em pó desnatado. Quanto ao mercado interno, a Comissão analisou a evolução da oferta de leite, e constatou uma recu-peração das entregas nos últimos meses. Tomando como referência os três primeiros meses da campa-nha actualmente em curso (Abril a Junho), as entre-gas cresceram 0,8 por cento em relação ao ano passado, aumentando também a produção de quei-jo e leite fermentado. Da mesma forma, o preço do leite ao produtor finalmente ultrapassou os 0,30 euros/kg no mês de Julho, segundo dados do Eurostat. Trata-se de um novo aumento do preço médio da UE, cerca de 2 por cento acima do preço do mês anterior e mais de 20 por cento superior ao preço do mês de Julho do ano passado.

in Agrodigital

CLASSE MÉDIA PUXARÁ CONSUMO MUNDIAL "O leite continuará a ter um papel central na ali-mentação". A afirmação pertence a Dennis Jönsson, CEO da Tetra Pak, no editorial do Tetra Pak Dairy Índex, relatório bianual que identifica novas oportu-

nidades de crescimento para a indústria láctea. "Embora questões relacionadas com a demografia possam mudar a forma como os consumidores apre-ciam os produtos lácteos líquidos, uma coisa é certa: o leite continuará a ter um papel central na alimen-tação em todo o mundo", revelou Jönsson. De acordo com o CEO da multinacional sueca o consumo de produtos lácteos líquidos aumentou 1,8% de 2008 para 2009, sendo de esperar que este crescimento continue até 2012, a uma taxa bastante significativa de 2,4% ao ano. "Os produtores de leite dos países em desenvolvi-mento estão de olho na classe média mundial, que deverá crescer de uma população de 430 milhões, em 2000, para 1,15 mil milhões, em 2030. Durante os próximos 10 ou 15 anos, países em desenvolvi-mento como a Índia, China ou o Brasil esperam que uma significativa percentagem da sua população faça parte deste grupo - (uma classe) com rendi-mentos suficientes para pagar por produtos de valor agrescentado como o leite aromatizado ou enriquecido", revelou Jönsson.

in Tetra Pak/MilkPoint

SECA NA RÚSSIA INFLUI NOS PREÇOS DOS PRODUTOS LÁCTEOS

A seca na Rússia está por trás do aumento nos pre-ços do leite, à medida que os compradores daque-la importante nação consumidora aumentaram as importações para preencher a lacuna na oferta deixada pela baixa produção doméstica. A Rússia é, mesmo num bom ano para sua produção leiteira, o maior importador de produtos lácteos do mundo, responsável por cerca de um terço do comércio de manteiga e queijos. Entretanto, analistas do Rabobank disseram que o país "parece ter entrado no mercado com vigor renovado nas últimas semanas", estimulando a sur-preendente recuperação de 17 por cento nos pre-ços do leite determinados pela Fonterra. "As condi-ções de seca afectam a produção local e deixam os processadores sem matéria-prima", disse o banco. Os comentários foram feitos após várias questões terem sido levantadas entre os investidores sobre como a indústria pecuária da Rússia, que o país tem impulsionado através de assistência directa e con-tenção das importações, irá resistir à pressão nas ofertas domésticas de alimentos animais causada pela pior seca registada no país. "Ouvimos muito sobre o que aconteceu nas colheitas de cereais da Rússia durante a seca, mas e as pas-tagens?", disse o representante do Linn Group, Roy Huckaby. "Eles terão forragem suficiente para for-necer aos animais durante o inverno?". Os stocks de

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cevada deverão, segundo os analistas, chegar a níveis mínimos, colocando ainda mais pressão nas baixas ofertas de trigo e milho. As compras da Rússia serão cruciais para a conti-nuação dos altos preços dos produtos, disse o Rabo-bank, preterindo o aumento dos outros compradores como um "estímulo temporário" e sinalizando um sal-to na produção, especialmente no hemisfério sul. Na Nova Zelândia, o maior exportador mundial de produtos lácteos, a produção de leite parece ter aumentado em 5% em relação ao ano anterior, impulsionada por uma "boa humidade do solo" e condições climatéricas relativamente boas. Embora a produção em parte do sul da Austrália tenha caído por causa das mais fortes chuvas da última década, prejudicando o acesso a camiões de leite a algumas explorações e dificultando acesso ao pasto para os animais, a quebra foi temporária. A chuva "apoiou melhorou a água de irrigação em anos, preparando os pastos para um crescimento excepcional assim que secarem e o clima começar a aquecer", segundo o relatório do Rabobank.

in Agrimoney/MilkPoint

FUTUROS REDUZEM EXPOSIÇÃO À VOLATILIDADE “A volatilidade nos mercados internacionais dos produtos lácteos é hoje-em-dia tão importante como a do CAC40 [o equivalente francês ao PSI20]”, refere Maxime Jouenne, analista e responsável do mercado de produtos lácteos na Agritel, citada numa nota de imprensa. "Assim, é neste contexto que deverá ser lançado durante os próximos meses um mercado a termo para este sector. A NYSE-LIFFE, de facto, decidiu criar um mercado no qual serão cotados contratos de leite em pó desnatado, de manteiga e de soro em pó”, explica a sociedade de gestão de riscos de preços para as matérias primas agrícolas. "A existência deste ‘mercado papel’ permitirá apor-tar visibilidade relativamente aos preços a todos os intervenientes na fileira, sejam eles os respectivos fabricantes (indústria de primeira transformação), as empresas que consomem estes produtos lácteos (indústria de segunda transformação), sejam os pró-prios produtores de leite”, acrescenta a Agritel. "A maior estabilização das margens dos industriais deverá igualmente ser positiva para os produtores

de leite, que poderão, por esta via, aceder a um preço de leite, ele próprio, mais estável”, refere também Maxime Jouenne. "Se é um facto que os mercados de futuros não reduzirão a volatilidade das cotações nos mercados internacionais, também não a aumentará. No entan-to, o seu funcionamento permitirá uma menor expo-sição aos seus impactos”, conclui a Agritel, que sub-linha a necessidade para os operadores de reali-zar formação específica, a fim de se prepararem para o lançamento dos novos contratos Euronext.

in La France Agrícole

NZX LANÇARÁ CONTRATOS FUTUROS DE LÁCTEOS

A bolsa da Nova Zelândia (New Zealand Exchange - NZX) anunciou que irá lançar o seu contrato glo-bal de Futuros de Leite em Pó Inteiro a 8 de outu-bro de 2010. O NZX Global Whole Milk Powder Futures será uma ferramenta vital para a indústria láctea de todo o mundo pois permitirá gerir riscos de preços no produto lácteo em pó mais comerciali-zado do mundo. "A procura por futuros globais de leite em pó intei-ro da NZX tem sido muito forte, particularmente do exterior, e programamos o seu lançamento para garantir que todos os participantes estejam prontos para apoiar o comércio a partir do primeiro dia", disse o director executivo da NZX, Mark Weldon. "A Nova Zelândia tem mostrado que é forte no sec-tor lácteo. Isso é o que fazemos. O mundo reconhe-ce isso e, agora, estamos a trazer ao mundo uma ferramenta que é feita na Nova Zelândia, global-mente relevante e construída em resposta a uma procura global, de acordo com a crescente deman-da pela commodity física leite em pó integral em si", disse Weldon. O contrato da NZX será liquidado em dinheiro, for-necendo ao mercado uma ferramenta simples e efi-ciente de administração de riscos que não depende de métodos complicados de distribuição física. "O retorno que recebemos da indústria láctea a nível global confirmou que contratos de futuros fisicamen-te distribuídos de commodities lácteas globalmente comercializadas está longe de ser a ferramenta ideal. A preferência esmagadora apontou para uma liquidação em dinheiro", disse a chefe de mer-cados da NZX, Fiona Mackenzie. O NZX Dairy Futures será comercializado na plata-forma electrónica da NZX, GlobalVision, e central-mente aprovado através de uma nova camara de compensação, operada pela New Zealand Clea-ring Limited.

in Flexnews/MilkPoint

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COTAÇÕES FIRMES ATÉ AO FINAL DO ANO

De acordo com um estudo realizado pela Agritel, uma empresa de consultoria especializada em ges-tão de riscos de preços nos sectores agro-alimentar e agro-industrial, os preços mundiais de produtos lácteos devem permanecer sob tensão por causa das disponibilidades relativamente limitadas "apesar do início da campanha no hemisfério sul parecer promissor”, refere aquela empresa em comunicado. Segundo o estudo, a disponibilidade de certos pro-dutos, como as gorduras lácteas, deverá continuara ser bastante limitada. "Apesar do aumento espera-do na produção de leite, níveis muito baixos de stocks na transição de 2009 para 2010 leva a que a nova campanha se mantenha apertada para a gordura, e especialmente se o consumo permanecer robusto, nomeadamente na China", refere a Agritel. A situação é "menos preocupante para o leite em pó desnatado que tem stocks maiores”. O estudo avança, porém, que uma quebra na situação econó-mica a nível global ou uma nova crise como a da melamina em China, poderiam contrariar estas pre-visões. De qualquer forma, concluem, "as cotações dos pro-dutos lácteos devem permanecer firmes até ao final de 2010, o que não é muito surpreendente num mercado onde os preços dos cereais e de outras matérias-primas agrícolas estão actualmente a sofrer uma valorização significativa". Neste contexto, cada vez mais volátil, a indústria de lacticínios vai ter à sua disposição, daqui a poucas semanas, um mercado de futuros, recorda a Agritel.

in La France Agrícole

PREÇOS DE EXPORTAÇÃO SOBEM NA OCEÂNIA E NA UE

Segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), os preços lácteos de exportação, entre 6 e 17 de Setembro, apresenta-ram reajustamentos positivos para a maioria dos produtos na Oceânia e União Europeia frente à quinzena anterior. O mercado mantém-se firme na União Europeia em razão da procura interna, e na Oceânia pela crescente procura chinesa por produ-tos lácteos. Na União Europeia, o preço médio do leite em pó inteiro (3.600 dólares por tonelada) apresentou uma subida de 5,1% em relação à quinzena ante-rior - foi o maior reajustamento entre os produtos exportados pela UE. O preço do leite em pó inteiro na Europa segue com tendência de alta, reflectindo o crescimento na procura pelo produto.

O preço médio do leite em pó desnatado foi de 2.937,5 dólares por tonelada, subida de 4 por cento em relação à quinzena anterior. O valor médio do soro em pó foi de 1012,5 dólares por tonelada, reajustamento positivo de 3,8 por cento, e o da manteiga foi de 4.937,5 dólares por tonela-da, o mesmo valor da quinzena anterior. A produção mantém-se em níveis superiores em relação à campanha anterior, para grande parte dos países da União Europeia. A oferta de leite está 3 por cento maior que no ano anterior na Ale-manha, 6 por cento na França, 8 por cento na Irlan-da e 6 por cento no Reino Unido. A procura russa por produtos lácteos parece ter diminuído um pouco devido as altas importações recentes. A oferta de matéria-prima tem sido em boa parte destinada à produção de queijos, devido ao alto retorno e aumento do consumo deste produto. A produção de leite em pó inteiro, leite em pó desna-tado e manteiga estão baixas. As vendas de pro-dutos lácteos têm ocorrido, principalmente, no mer-cado doméstico, sendo exportadas baixas quanti-dades de produtos lácteos. Na Oceânia, o preço médio do leite em pó inteiro ficou em 3.400 dólares por tonelada, apresentando uma subida de 2,6%o frente à quinzena anterior. O valor médio do leite em pó desnatado ficou em 3.175 dólares por tonelada, mais 2,42% do que na quinzena anterior. O preço médio do queijo ched-dar fechou a 3.975 dólares por tonelada, apresen-tando uma leve subida (mais 1,27%) face à quinze-na anterior. O valor médio da manteiga permane-ceu estável a 4.100 dólares por tonelada. A produção de leite na Austrália está estável e em algumas porções do país, é mesmo maior do que na campanha transacta. Na região Norte do país, o excesso de chuva tem prejudicado as pastagens e, em consequência, a produção individual dos ani-mais. Apesar da situação actual, a previsão de que a campanha 2010/11 supere em 2% a última cam-panha mantém-se. A produção de leite na Nova Zelândia move-se em direcção ao seu pico, normal-mente observado em Outubro, com a campanha actual a situar-se entre 2 a 3% maior que a ante-rior. Houve um pequeno prejuízo devido ao terre-moto com algumas fábricas a serem afectadas. Contudo, o impacto nas explorações foi mínimo. No último leilão da Fonterra, os preços do leite em pó inteiro e leite em pó desnatado apresentaram uma leve subida face ao leilão anterior. Traders e processadores reportaram que a procura chinesa por produtos lácteos tem mantido as exportações sob bons níveis de preço e volume.

in USDA/MilkPoint

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INVESTIGAÇÃO BEBER LEITE FACILITA PERDA DE PESO

Um novo estudo sobre emagrecimento, conduzido pela Universidade Ben-Gurion (BGU) do Negev, em Israel, e publicado na última edição do American Journal of Clinical Nutrition, revela que pessoas que consumiram leite ou produtos lácteos perderam mais peso do que aquelas que tomaram pouco ou nenhum desses alimentos. Independentemente da dieta, os participantes com a maior ingestão diária de cálcio - o equivalente a 580 mg - per-deram cerca de 6 kg ao fim de dois anos. Em compara-ção, os voluntários com a menor ingestão diária - cerca de 150 mg, ou seja, aproximadamente meta-de de um copo - perderam apenas 3,5 kg em média. Além do cálcio, os investigadores descobriram que os níveis de vitamina D no sangue interferiram no sucesso da perda de peso. A presença do composto no organismo era maior entre aqueles que perde-ram mais peso. O estudo confirmou ainda trabalhos anteriores que afirmavam que pessoas com excesso de peso têm níveis mais baixos de vitamina D no sangue. Participaram da avaliação mais de 300 homens e mulheres com excesso de peso, com idades entre 40 e 65 anos, durante 24 meses. O estudo levou em conta as dietas mediterrâneas, de baixo teor de gordura e de poucos hidratos de carbono, e foi con-duzido pelo Dr. Danit Shahar, do Centro de Saúde e Nutrição S. Daniel Abraham, da BGU, e da Facul-dade de Ciências da Saúde.

Segundo Shahar, "sabe-se que pessoas com excesso de peso apresentam meno-res níveis de vitamina D, mas este é o primeiro estu-do que mostra que o índice realmente aumentou entre as pessoas que emagrece-

ram. Esse resultado durou os dois anos em que a investigação foi realizada, independentemente do tipo de dieta que os voluntários seguiram". A vitamina D aumenta a absorção de cálcio no san-gue e pode ser obtida por meio de exposição solar, ingestão de leite fortificado, peixes e ovos. Em geral, os americanos consomem menos que a exi-gência diária recomendada de vitamina D - encon-trada em quatro copos de leite, por exemplo.

in Estado de São Paulo

CTT EMITE SÉRIE DE SELOS COM QUEIJOS PORTUGESES Os CTT fizeram uma emissão de selos come-morativos retratando queijos DOP e IGP por-tugueses. A série é composta por cinco selos, sendo dois de 0,32 euros com os queijos Serra da Estrela e Rabaçal, um de 0,47 euros com o queijo Azei-tão, um de 0,68 euros com queijo Cabra Transmonta-no e um de 0,80 euros com o queijo São Jorge.

A emissão inclui ain-da um bloco come-morativo com um selo de 2,50 euros com o queijo Serra da Estrela, sobres-crito de primeiro dia e brochura alusiva.

Referem os CTT no texto que acompa-nha a divulgação da emissão que” Em homenagem aos pasto-res, às suas mulheres, e a todos os que ainda trabalham nas queijarias e rouparias tradi-cionais de Portugal, os CTT fizeram esta emis-são de selos comemorativos, dividida em duas séries, retratando alguns dos queijos DOP e IGP lusitanos.”

SETEMBRO 2010 50