preÇo ao produtor É o menor dos Últimos quatro anos · preÇo ao produtor É o menor dos...

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Os preços do leite pago ao produtor tiveram nova queda expressiva em dezembro, de 4,5%, tornando- se os menores valores dos últimos quatro anos para o mês. No comparativo com dezembro de 2013, por exemplo, a queda é de 10%, em termos reais – IPCA de nov/14). A pressão continua vindo do aumento na captação de leite em todos os estados acompanhados pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. Mesmo com os derivados em queda, a demanda não tem sido suficiente para absorver tal oferta. Em dezembro, o preço médio bruto (inclui frete e impostos) pago ao produtor, na “média Brasil” (MG, RS, SP, PR, GO, BA e SC), foi de R$ 0,9810/litro, forte redução de 4,3% em relação a novembro. O preço líquido médio (sem frete e impostos) caiu 4,6%, passando para R$ 0,8968/litro. Essas médias, calculadas pelo Cepea, são ponderadas pelo volume captado em novembro nos estados de GO, MG, PR, RS, SC, SP e BA. Houve queda no preço líquido do leite em todos os estados da pesquisa do Cepea. As maiores baixas foram registradas em Goiás e Paraná, de 6% em cada, e Minas Gerais e Santa Catarina, de 5,4%. Entre os estados que compõem a “Média Brasil”, Santa Catarina teve o menor valor em dezembro, de R$ 0,8337/litro, seguido pelo Rio Grande do Sul, com R$ 0,8657/litro – médias líquidas. Pesquisadores do Cepea explicam que os altos patamares de preços alcançados em 2013 elevaram os investimentos na atividade leiteira, que resultaram em maior produção neste ano e acúmulo de estoques, principalmente no segundo semestre. Com a oferta elevada, as cotações recuaram no último quadrimestre do ano, após três meses de relativa estabilidade. Além disso, nos últimos meses do ano, mesmo com atraso, as chuvas favoreceram a qualidade das pastagens e, consequentemente, a captação de leite, que alcançou a maior alta mensal de 2014. De outubro para novembro, o Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-L/Cepea) teve aumento de 6,43%. O destaque no período foi para Goiás, São Paulo e Minas Gerais, onde os avanços foram de 11,09%, 11,03% e de 7,87%, respectivamente. Segundo indicações de profissionais de laticínios/cooperativas consultados pelo Cepea, para janeiro/15, a expectativa é de nova queda nos preços do leite. A maioria dos entrevistados (75%), que representam 87,75% do leite amostrado, indica que haverá baixa nos valores. Outros 23,53% dos agentes, que representam 12,07% do volume amostrado de leite, acreditam em estabilidade. E apenas 1,47%, que representa 0,17% do volume da amostra, acredita em alta. No mercado de derivados, também houve queda nas cotações, em decorrência principalmente dos ICAP-L/Cepea (Índice de Captação de Leite) - NOVEMBRO/14 (Base 100=Junho/2004) Uma publicação do CEPEA - ESALQ/USP | Ano 21 nº 237 | Janeiro 2015 Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - ESALQ/USP Exportações de leite em pó registram forte alta de 42% em dezembro Leite UHT e queijo muçarela se desvalorizam com força em dezembro MERCADO DE MILHO E FARELO DE SOJA Custos têm ligeira alta no final de 2014 pág. 04 CUSTOS PREÇO AO PRODUTOR É O MENOR DOS ÚLTIMOS QUATRO ANOS estoques elevados. Os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados no atacado do estado de São Paulo em dezembro (até o dia 26) foram de R$ 1,88/litro e R$ 11,24/kg, respectivamente, 5,2% e 2,2% inferiores às médias de novembro. A pesquisa de derivados do Cepea é realizada diariamente com laticínios e atacadistas e tem o apoio financeiro da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e da Confederação Brasileira de Cooperativas de Laticínios (CBCL).

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Page 1: PREÇO AO PRODUTOR É O MENOR DOS ÚLTIMOS QUATRO ANOS · PREÇO AO PRODUTOR É O MENOR DOS ÚLTIMOS QUATRO ANOS estoques elevados. Os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela

Os preços do leite pago ao produtor tiveram nova queda expressiva em dezembro, de 4,5%, tornando-se os menores valores dos últimos quatro anos para o mês. No comparativo com dezembro de 2013, por exemplo, a queda é de 10%, em termos reais – IPCA de nov/14). A pressão continua vindo do aumento na captação de leite em todos os estados acompanhados pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. Mesmo com os derivados em queda, a demanda não tem sido suficiente para absorver tal oferta.

Em dezembro, o preço médio bruto (inclui frete e impostos) pago ao produtor, na “média Brasil” (MG, RS, SP, PR, GO, BA e SC), foi de R$ 0,9810/litro, forte redução de 4,3% em relação a novembro. O preço líquido médio (sem frete e impostos) caiu 4,6%, passando para R$ 0,8968/litro. Essas médias, calculadas pelo Cepea, são ponderadas pelo volume captado em novembro nos estados de GO, MG, PR, RS, SC, SP e BA.

Houve queda no preço líquido do leite em todos os estados da pesquisa do Cepea. As maiores baixas foram registradas em Goiás e Paraná, de 6% em cada, e Minas Gerais e Santa Catarina, de 5,4%. Entre os estados que compõem a “Média Brasil”, Santa Catarina teve o menor valor em dezembro, de R$ 0,8337/litro, seguido pelo Rio Grande do Sul, com R$ 0,8657/litro – médias líquidas.

Pesquisadores do Cepea explicam que os altos patamares de preços alcançados em 2013 elevaram os investimentos na atividade leiteira, que resultaram em maior produção neste ano e acúmulo de estoques, principalmente no segundo semestre. Com a oferta elevada, as cotações recuaram no último quadrimestre do ano, após três meses de relativa estabilidade.

Além disso, nos últimos meses do ano, mesmo com atraso, as chuvas favoreceram a qualidade das pastagens e, consequentemente, a captação de leite, que alcançou a maior alta mensal de 2014. De outubro para novembro, o Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-L/Cepea) teve aumento de 6,43%. O destaque no período foi para Goiás, São Paulo e Minas Gerais, onde os avanços foram de 11,09%, 11,03% e de 7,87%, respectivamente.

Segundo indicações de profiss ionais de laticínios/cooperativas consultados pelo Cepea, para janeiro/15, a expectativa é de nova queda nos

preços do leite. A maioria dos entrevistados (75%), que representam 87,75% do leite amostrado, indica que haverá baixa nos valores. Outros 23,53% dos agentes, que representam 12,07% do volume amostrado de leite, acreditam em estabilidade. E apenas 1,47%, que representa 0,17% do volume da amostra, acredita em alta.

No mercado de derivados, também houve queda nas cotações, em decorrência principalmente dos

ICAP-L/Cepea (Índice de Captação de Leite) - NOVEMBRO/14 (Base 100=Junho/2004)

Uma publicação do CEPEA - ESALQ/USP | Ano 21 nº 237 | Janeiro 2015Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - ESALQ/USP

Exportações de leite em pó registram forte

alta de 42% em dezembro

Leite UHT e queijo muçarela se desvalorizam

com força em dezembro

MERCADO DE MILHO

E FARELO DE SOJA

Custos têm ligeira alta no final

de 2014

pág. 04

CUSTOS

PREÇO AO PRODUTOR É O MENOR DOS ÚLTIMOS QUATRO ANOS

estoques elevados. Os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados no atacado do estado de São Paulo em dezembro (até o dia 26) foram de R$ 1,88/li tro e R$ 11,24/kg, respectivamente, 5,2% e 2,2% inferiores às médias de novembro. A pesquisa de derivados do Cepea é realizada diariamente com laticínios e atacadistas e tem o apoio financeiro da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e da Confederação Brasileira de Cooperativas de Laticínios (CBCL).

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Sul / Sudoeste de Minas

1,0531

1,1054

1,0476

1,0115

0,9993

1,0037

1,0921

0,9884

1,0708

1,0429

1,0352

1,0475

1,1918

1,1717

1,1219

1,1472

0,9426

1,2886

1,3372

0,7902

1,1183

1,0998

1,1140

1,0868

1,0715

1,1789

1,1395

1,0855

1,1885

1,0877

1,1133

0,9200

1,0456

0,9899

1,1200

1,0668

1,2261

0,9522

1,1605

1,0980

0,8151

0,9403

0,9090

0,6689

0,7975

0,7551

0,9986

0,8813

0,9892

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0,9132

1,0482

1,0390

1,0246

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0,9225

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1,1570

0,8740

1,0419

1,0143

1,1254

1,0317

1,0514

0,8165

0,9168

0,8713

1,0198

0,9847

1,1431

0,9006

1,0709

1,0175

0,7604

0,8877

0,8517

0,5710

0,6760

0,6425

0,9012

0,8004

0,8946

0,7721

0,8724

0,8272

0,9883

0,9790

0,9638

0,7520

0,7965

0,7786

0,9624

0,8900

1,0747

0,8618

0,9573

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-0,22%

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0,8337

0,7873

0,8199

0,7611

0,7709

0,7614

1,0094

0,8943

0,6069

0,7989

0,8782

0,8169

1,0457

1,0120

0,8956

0,9134

0,7086

0,9702

0,7594

0,6788

0,8327

0,8821

0,7895

0,8271

0,9760

1,0214

0,9764

0,8422

0,9510

0,9795

0,9461

0,9129

0,9109

0,9064

1,0771

0,9240

0,8826

0,9403

0,9661

0,9253

1,1199

1,1215

1,0256

1,0363

0,8458

1,1702

1,0524

0,7493

0,9932

1,0060

0,9869

0,9800

1,0242

1,1163

1,0822

0,9810

0,9687

0,9987

0,9648

0,9363

0,8867

0,9290

1,0223

0,9125

0,9555

0,9488

0,9499

0,9751

1,1014

1,1045

1,0384

1,0582

0,8678

1,1873

1,2320

0,7221

1,0347

0,9934

0,9975

0,9705

1,0034

1,0950

1,0709

0,9981

0,7542

0,6877

0,7423

0,6916

0,6635

0,6852

0,9414

0,8205

0,5021

0,7103

0,7965

0,7496

0,9585

0,9476

0,8170

0,8407

0,6231

0,8796

0,6671

0,6133

0,7558

0,8067

0,7128

0,7421

0,9145

0,9412

0,9130

0,7636

0,8691

0,8756

0,8657

0,8399

0,8003

0,8337

1,0076

0,8495

0,7716

0,8486

0,8824

0,8557

1,0310

1,0551

0,9449

0,9518

0,7539

1,0723

0,9535

0,6821

0,9094

0,9080

0,8912

0,8779

0,9578

1,0339

1,0153

0,8968

-0,25%

-3,51%

-1,11%

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-1,67%

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-4,85%

-4,96%

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-7,09%

-11,30%

-5,10%

-2,12%

-6,01%

-5,24%

-0,34%

-1,88%

-1,25%

-4,29%

-0,57%

-4,57%

-1,52%

-5,17%

-5,89%

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-1,82%

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-7,11%

-7,85%

-5,95%

-7,07%

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-2,53%

-4,93%

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-5,59%

-1,43%

-7,71%

-11,33%

-5,36%

-2,60%

-6,21%

-6,01%

0,86%

-1,78%

-0,83%

-4,63%

dez/nov dez/nov

DEZEMBRO/14NOVEMBRO/14

Flávia Romanelli - Mtb: 27540

Equipe Leite:Wagner Hiroshi Yanaguizawa - Pesquisador Projeto LeiteIsadora Vieira, Marianne Tufani Batista, Natália Salaro Grigol, Pedro Silvestre de Lima eVitória Guereschi Lucas

Wagner Hiroshi YanaguizawaPesquisador Projeto Leite

Equipe Grãos:Lucilio Alves - Pesquisador Projeto GrãosAna Amélia Zinsly, André Sanches, Bárbara Oliveira, Camila Tolotti, Karen Sarto, Débora Kelen P. da Silva, Deise Soares de Souza e Rafaela Moretti Vieira

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Por Pedro Silvestre de Lima, graduando em Eng. Agronômica pela ESALQ

CUSTOS TÊM LIGEIRA ALTA NO FINAL DE 2014

Em dezembro/14, o Custo Operacional Efetivo (COE), que considera os gastos correntes da propriedade, teve elevação de 0,56%, e o Custo Operacional Total (COT), que é o COE mais os custos de depreciação e do pró-labore, de 0,49%, de acordo com a “média Brasil” (BA, GO, MG, PR, RS, SC e SP) calculada pelo Cepea em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). O aumento frente à novembro esteve atrelado à valorização tanto dos insumos que compõem os grupos relacionados à alimentação, que representam 62,5% da ponderação do COE, como a do grupo “energia e combustível”.

A elevação da demanda por insumos utilizados na

formação e manutenção de pastagens e da produção de silagem impulsionou os valores dos fertilizantes e defensivos agrícolas. Além disso, o grupo “concentrado” foi influenciado pela va lo r ização do mi lho e fa re lo de so ja, principalmente. Os subgrupos que compõem a alimentação, sendo eles “silagem”, “forrageiras anuais”, “manutenção de forrageiras perenes” e “concentrado”, também registraram alta: 0,4%; 1,6%; 0,4% e 0,9%, respectivamente, em dezembro de 2014.

O grupo “concentrado”, que tem a maior representação no COE de 42,3%, apresentou valorização na maioria dos estados acompanhados

pelo Cepea, com exceção de Santa Catarina e da Bahia. Segundo colaboradores, a desvalorização dos concentrados no estado catarinense é explicada pelo ritmo fraco das vendas, mas com expectativa de melhora. Ja o grupo “silagem”, que representa 14,1% do COE, registrou alta em todos os estados analisados.

O grupo “mão de obra”, que representa 15,4% do COE, permaneceu estável em dezembro. Porém, com o início do ano, este grupo deve ter aumentos, devido aos reajustes salariais previstos, como o do Rio Grande do Sul, esperado para fevereiro, e do Paraná, para junho.

(130g de Fósforo)

8,5 litros/frasco 10 ml

8,7 litros/frasco 10 ml

9,1 litros/frasco 10 ml

79,7 litros/sc 25 kg

82,9 litros/sc 25 kg

87,7 litros/sc 25 kg

50,7 litros/litro de herbicida

52,8 litros/litro de herbicida

55,7 litros/litro de herbicida

Out/14

Nov/14

Dez/14

Out/14

Nov/14

Dez/14

Out/14

Nov/14

Dez/14

Out/14

Nov/14

Dez/14

Out/14

Nov/14

Dez/14

Out/14

Nov/14

Dez/14

608,0 litros/tonelada

716,6 litros/tonelada

733,4 litros/tonelada

1597,5 litros/tonelada

1576,0 litros/tonelada

1652,5 litros/tonelada

12,4 litros/frasco 50 ml

12,8 litros/frasco 50 ml

13,8 litros/frasco 50 ml

Fonte

: Cepea/Esa

lq-U

SP e

CN

A (2

014).

*Variação do custo entre novembro e dezembro de 2014.

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EXPORTAÇÕES DE LEITE EM PÓ REGISTRAM FORTE ALTA DE 42% EM DEZEMBRO

Por Natália Salaro Grigol, analista de mercado da equipe Leite Cepea

Os embarques de leite em pó totalizaram em

dezembro cerca de de 37 milhões de litros de leite

em equivalente leite, um salto de 42% frente ao

volume enviado no mês anterior e de 65% na

comparação com dez/13, de acordo com dados da

Secex. A elevação nas vendas do derivado resultou

da alta de 47% na demanda da Venezuela – destino

de praticamente todo o leite em pó exportado.

Em média, o derivado foi vendido a US$ 5,71,

queda de 0,8% em relação a novembro. Contudo, a

cotação do produto brasileiro no mercado

internacional seguiu acima do negociado na

Oceania e Europa em dezembro, assim como no

restante do ano, segundo dados da USDA (tabela 1).

As exportações de leite em pó em dezembro

representaram 82% do total de lácteos vendidos pelo

Brasil. Contudo, as reduções nos embarques de leite

condensado (-6%), queijos (-12%) e leite modificado

(-34%) limitaram a alta das exportações totais de

lácteos, que foi de 27% frente a novembro. No

agregado, foram vendidos mais de 45,1 milhões de

litros de leite em equivalente leite, 46,2% acima do

registrado em dez/13. Os principais compradores

dos lácteos brasileiros em dezembro foram

Venezuela (80%), Angola (3,5%), Arábia Saudita

(3%) e Chile (2,5%).

Seguindo o mesmo movimento, as importações de

lácteos também se elevaram em dezembro. Segundo

a Secex, foram internalizados 85,5 milhões de litros

em equivalente leite, volume 19% superior ao de

novembro e 6% acima do registrado em dez/13. A

alta resultou das maiores aquisições de leite em pó e

queijos, os dois principais produtos da pauta de

importações de derivados.

As compras de leite em pó aumentaram 13% frente a

novembro, chegando a 66 milhões de litros em

equivalente leite - 77,2% do total de lácteos

importados. A Argentina vendeu 54,6% de todo leite

em pó internalizado, enquanto Uruguai e Chile

participaram com 38,8% e 6,5%, respectivamente.

Em média, o preço do produto estrangeiro foi de US$

3,58/kg, alta de 12% em comparação com o mês

anterior. Já as aquisições de queijos, que

representaram 22% do total importado, foram de 19

milhões de litros em equivalente leite, alta de 52%

frente ao mês anterior. Argentina e Uruguai foram os

maiores fornecedores deste lácteo, com 63,9% e

27,8% das compras, na sequência.

Mercado Internacional – Em dezembro, as

negociações de produtos estiveram desaquecidas

em razão do período de férias e de fim de ano. Além

disso, agentes aguardavam indicações de como o

mercado se movimentará em 2015. De acordo com

dados da USDA, os baixos preços pagos ao produtor

na Nova Zelândia, somados ao tempo quente e seco

(que limitou o crescimento das pastagens),

aceleraram a queda na produção de leite em

dezembro, preocupando as indústrias processadoras

daquele país. Já na Europa, a captação de leite

continua superior à de anos anteriores, o que tem

pressionado as cotações.

IPE-L/Cepea – Em dezembro, o Índice de Preços de

Exportação de Lácteos do Cepea (IPE-L) registrou alta

de 5,3% em dólares frente a novembro, com média

de US$ 5,11/kg (em Reais, a média foi de R$

13,50/kg, alta de 9%). Dentre os produtos

considerados pelo IPE-L, os preços dos iogurtes,

queijos, leite condensado e soro de leite subiram

5,6%, 2,7%, 1,1% e 0,2%, respectivamente. Já as

cotações de doce de leite, manteiga, e leite em pó

recuaram 6,1%, 3,6% e 0,8%.

Tabela 3 - Volume importado de lácteos (em equivalente leite)¹

Dez/14 Participação no total imp. em Dez/14

²

85.502

66.031

19.001

122

1.511

19%

13%

52%

-74%

-12%

-

77,2%

22,2%

0,1%

-

6%

41%

-40%

-94%

-33%

Total de janeiro a dezembro/14 frente ao mesmo período de 2013: -32%

Tabela 2 - Volume exportado de lácteos (em equivalente leite)¹

Nov/14-Dez/14 (%) Participação no total exp. em Dez/14 Dez/13-Dez/14 (%)

45.189

36.982

5.137

1.994

426

27%

42%

-6%

-12%

7%

-

82%

11%

4%

22%

46,2%

65%

25%

-41%

1%

Notas: (1) Consideram-se os produtos do Capítulo 4 da NCM mais leite modificado e doce de leite;

(2) O soro de leite é medido em quilos, não sendo convertido em litros.

Dez/14

Total de janeiro a dezembro/14 frente ao mesmo período de 2013: 215%

Notas: (1) Consideram-se os produtos do Capítulo 4 da NCM mais leite modificado e doce de leite;

(2) O soro de leite é medido em quilos, não sendo convertido em litro.

Nov/14-Dez/14 (%) Dez/13-Dez/14 (%)

US$ 2.425

US$ 2.775

US$ 4.975

US$ 5.038

US$ 2.425

US$ 2.775

US$ 4.975

US$ 5.038

-51%

-45%

-49%

-45%

Os dados se referem à média entre 1º e 20 de dezembro de 2014; para 2013, foi considerado período semelhante.

2014 20142013 2013

Tabela 1 -

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LEITE UHT E QUEIJO MUÇARELA SE DESVALORIZAM COM FORÇA EM DEZEMBROPor Vitoria Guereschi Lucas, graduanda em Gestão Ambiental e Isadora Trouva Vieira, graduanda em Ciências Econômicas

Assim como já esperado por agentes, os preços

do leite UHT e muçarela recuaram no atacado do

estado de São Paulo entre novembro e dezembro.

Além da elevada captação de leite, maior

disponibilidade de matéria-prima e aumento dos

estoques, a queda se acentuou devido ao período

de final de ano.

Devido às festividades de Natal e Ano-Novo, a

renda dos consumidores foi transferida para

produtos tipicamente consumidos nesta época,

como vinho e peru. Desse modo, colaboradores

1,66

1,85

14,06

12,66

12,57

15,49

1,69

1,93

16,68

14,83

13,83

13,18

1,64

1,77

12,31

11,07

12,20

13,16

1,65

1,87

14,00

14,25

12,74

12,65

1,80

1,88

15,57

12,33

12,99

13,16

1,69

1,86

14,52

13,03

12,87

13,53

-2,2%

-8,1%

-3,8%

-6,5%

-1,5%

0,6%

1,1%

-4,4%

-0,8%

-6,8%

1,1%

-3,7%

-0,8%

-7,3%

-4,0%

-5,7%

-1,6%

-0,7%

-2,5%

-6,6%

-0,5%

-2,4%

3,8%

0,0%

-1,2%

-6,3%

1,4%

-3,8%

-1,1%

-0,9%

-1,12%

-6,5%

-1,4%

-5,1%

0,1%

-0,9%

Fonte

: Cepea/ES

ALQ

-USP

Preços médios dos derivados praticados em NOVEMBRO e as variações em relação ao mês anterior

em Dez/14 Nov/14 Dez/13

R$ 1,90/litro

R$ 11,23/kg

-5,45%

-3,07%

-10,91%

-14,44%Fonte: Cepea Esalq-USP.

Nota: Variação em termos nominais, ou seja, sem considerar a inflação do período.

Tabela 1. Preços médios do leite UHT e da muçarela em dezembro no atacado paulista

do Cepea relatam que a demanda esteve

enfraquecida no mercado de leite UHT e queijo

muçarela em dezembro, o que pressionou as

cotações.

Em dezembro, o preço médio do leite UHT

negociado no atacado do estado de São Paulo

foi de R$ 1,90/litro (inclui frete e impostos),

baixa de 5,45% frente ao mês anterior, em

termos reais (IPCA de dezembro/14). Já em

relação a dezembro/13, a queda é de 10,91%,

também descontando-se a inflação. O valor do

queijo muçarela negociado no atacado paulista

registrou média de R$ 11,23/kg, queda de

3,07% frente a novembro/14. Em comparação

com dezembro/13, o recuo foi de 14,44% -

também em termos reais.

Esta pesquisa é feita diariamente com o apoio da

OCB (Organização das Coopera t ivas

Brasileiras) e da CBCL (Confederação Brasileira

de Cooperativas de Laticínios).

Figura 1 - Evolução dos preços diários do queijo muçarela e leite UHT no atacado paulista de

jan/2013 a ago/2014 - valores nominais

Fonte

: Cepea/Esa

lq-U

SP e

OC

B/C

BC

L (2014)

Nota: A média nacional dos preços dos derivados lácteos inclui os estados de GO, MG, PR, RS e SP.

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BALANÇA COMERCIAL DE LÁCTEOS DE 2014 TEM RECUO DE QUASE 70% NO DÉFICIT

Por Natália Salaro Grigol, analista de mercado da equipe Leite Cepea

Com a alta na produção nacional de leite e a

maior articulação no fechamento de vendas no

mercado internacional, o Brasil deu um salto

de mais de 200% no volume de lácteos

exportados em 2014. Ao mesmo tempo, as

compras recuaram, de modo que a balança

comercial brasileira de lácteos em 2014

registrou saldo negativo de 283,11 milhões de

litros em equivalente leite. Em comparação

com 2013, quando o saldo foi de -924,86

milhões de litros, houve redução 69,4% no

déficit (diferença de 641,75 milhões de litros).

Em relação aos anos anteriores, também houve

expressiva redução no saldo negativo da

balança comercial de lácteos (gráfico 1).

Segundo dados da Secex, de janeiro a

dezembro de 2014, foram embarcados

440,78 milhões de litros em equivalente leite,

volume 215,25% maior do que o registrado

em 2013 (139,82 milhões). O leite em pó foi o

principal produto negociado (73% do total

exportado), com 321,2 milhões de litros em

equivalente leite, acréscimo de 1282% em

comparação com 2013. As vendas de leite

condensado, segundo produto em volume na

pauta de exportações (14,75% do total), foram

de cerca de 65 milhões/l. De 2013 para

2014, a quantidade embarcada se elevou

16%.

Do total de lácteos exportados pelo Brasil em

2014, 59,5% tiveram como destino a

Venezuela, alta de 646% na comparação com

o volume adquirido pelo país no ano anterior.

O principal produto comprado pelos

venezuelanos foi o leite em pó, cujas vendas

totalizaram 259,3 milhões de litros em

equivalente leite – 77,5% do total embarcado

do produto pelo Brasil em 2014.

Os embarques de lei te em pó foram

expressivos, apesar do preço do derivado

nacional ter sido considerado alto no mercado

externo, na comparação com outros países

produtores. Em 2014, o leite em pó nacional

teve média de US$ 5,44/kg, segundo o Índice

de Preços de Exportação de Lácteos do Cepea

(IPE-L).

Em re l a ção à s impo r t a çõe s , fo ram

internalizados 723,88 milhões de litros em

equivalente leite em 2014, volume 32% menor

que o de 2013 (1,065 bilhão). As compras de

leite em pó, principal produto da pauta de

importações (70% do total), foram de 506

milhões de litros em equivalente leite, queda de

29% frente ao ano anterior.

Do total adquirido de leite em pó, 56% vieram

da Argentina, 38,3%, do Uruguai e 5,6%, do

Chile. De acordo com a Secex, o leite em pó

integral foi importado em média a US$ 4,52/kg

em 2014.

Também merecem destaque as compras de

queijos, cujo volume adquirido registrou queda

de 35% de 2013 para 2014. As importações

deste derivado representaram 29% de todo

volume adquirido no ano de 2014 (tabela 2).

Do total de queijos internalizados, 50,7%

vieram da Argentina, 33% do Uruguai, 6,7% da

Holanda e 3,8% da França.

Gráfico 1. Exportações e importações de lácteos brasileiras (em equivalente leite) anuais de 2010, 2011, 2012, 2013 e 2014.

Fonte

: Secex /

ela

bora

do p

elo

Cepea.

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No correr de 2014, as cotações do milho tiveram movimentos distintos, mas fecharam o ano em alta. Isso porque, mesmo com expectativa de oferta recorde, a seca atrasou o plantio da segunda safra, sustentando os preços. Na média anual das praças acompanhadas pelo Cepea, houve alta de 13,1% no mercado de balcão (ao produtor) e de 8,5% no de lotes (negociação entre empresas). O Indicador ESALQ/BM&FBovespa, referente à região de Campinas (SP) – valores a prazo são descontados pela taxa CDI –, reagiu 8,3%, fechando a R$ 28,75/saca de 60 kg no dia 30. Quanto aos valores a prazo, da mesma amostra, descontados pela taxa NPR, a média do dia 30 de dezembro foi de R$ 28,24, aumento de 8% no ano.

A forte valorização do milho no começo de 2014 logo deu espaço ao prolongado período de queda, que persistiu de março até outubro em várias regiões. Esse movimento baixista foi causado pelo excedente

doméstico recorde e pela forte desvalorização internacional em função da produção norte -americana, também recorde. Porém, com o atraso no plantio da safra de verão nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e em parte do Paraná, em função da seca, esse quadro se reverteu. Assim, nos últimos meses do ano, os preços voltaram a ter recuperações consistentes, mesmo diante das estimativas de que os estoques de passagem da próxima temporada sejam ainda maiores que os de 2013.

Segundo dados da Conab, a oferta nacional das duas safras de milho chegou a 79,9 milhões de toneladas, volume 2% inferior ao da temporada anterior. Assim, a disponibilidade interna de milho - produção do ano, estoques iniciais e importações - seria de 88,7 milhões de toneladas. Com o consumo interno na casa dos 54 milhões de t, o excedente doméstico seria recorde, de 34,9 milhões de t.

MILHO: Mesmo com expectativa de oferta recorde, preço fecha 2014 em alta

FARELO DE SOJA: Cotações disparam em 2014 e atingem recorde

De modo geral, consumidores globais de farelo de soja apresentaram bom apetite em 2014, elevando os preços no mercado externo e doméstico. No Brasil, na média anual das regiões acompanhadas pelo Cepea, as cotações do farelo atingiram o maior valor da série do Cepea para o produto (iniciada em jan/99) em termos nominais.

Segundo a equipe de proteína animal do Cepea, com a menor oferta mundial de animais para abate e carnes em 2014, especialmente de bovinos e suínos, houve interesse dos produtores em aumentar os rebanhos. Além disso, os reajustes dos preços nesses setores estimulou o investimento nas atividades e o reforço na dieta dos animais, puxando as compras de

milho e farelo de soja.

Por outro lado, parte das indústrias nacionais havia deixado para fazer estoques do grão no segundo semestre, à espera de preços menores, o que, de fato, ocorreu. Esses agentes, no entanto, não contavam com a forte retração dos vendedores em comercializar nos patamares mais baixos.

A produção de farelo de soja no Brasil foi de 28,34 milhões de toneladas em 2014, o maior volume desde a safra 2010/11, conforme dados da Conab. Deste total, o País exportou 13,72 milhões de t no ano, segundo a Secex.

Ana Amélia Zinsly Trevizam e Débora Kelen Pereira da Silva

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MERCADO DE MILHO E FARELO DE SOJA

SP

26,83

30,62

32,84

31,18

28,75

26,38

23,66

22,91

22,02

23,62

27,66

27,67

1.123,98

1.108,08

1.091,89

1.044,33

1.037,90

994,63

970,46

995,56

967,76

978,15

1.096,94

1.049,60

Janeiro

Fevereiro

Março

Abril

Maio

Junho

Julho

Agosto

Setembro

Outubro

Novembro

Dezembro

2014

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